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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Instituto de Psicologia
Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento
Disciplina: Fundamentos de Desenvolvimento e Aprendizagem
Professora: Bianca Cristine Gomide Costa
Aluna: Wenlla Rhaynara Miranda de Almeida Lima (19/0067357)
Atividade de estudos complementares – Fichamento e Análise Crítica
Data: 15 de novembro de 2019

Título do (s) texto (s), autores, ano: A questão das dificuldades de aprendizagem e o
atendimento psicológico às queixas escolares, Marisa Maria Brito da Justa Neves e
Claisy Maria Marinho-Araújo, 2006
Objetivos do (s) texto (s): Abordar as dificuldades de aprendizagem, esclarecer o
conceito de dificuldade, evidenciar a importância dos aspectos constitutivos e
funcionais da aprendizagem, ilustrar como deve ser realizado o correto atendimento
às queixas escolares decorrentes, principalmente, das dificuldades de aprendizagem.
Tema central e subtemas: Dificuldades de aprendizagem e o atendimento
psicológico às queixas escolares (tema);
Dificuldades de aprendizagem – uma revisão conceitual;
As práticas de atendimento psicológico às queixas escolares;
O psicólogo escolar diante das dificuldades de aprendizagem e das queixas escolares.
Principais argumentos apresentados: É necessário considerar a relação professor-
aluno-família para que se possa ter uma compreensão adequada dos problemas de
aprendizagem, pois o foco direito no aluno não o explica nem o controla, apenas
reforça a cultura do fracasso escolar.
Principais referenciais teóricos dos autores: Fonseca (1995); Althusser
(1970/1980); Bourdieu e Passeron (1970); Snyders (1976); Saviani (1989); Severino
(1986); Almeida e Cols (1995); Almeida (1993); Souza (1997); Freller (1997); Jacob,
Loureiro, Marturano, Linhares e Machado (1999); Marturano, Magna e Murtha
(1993); Marturano (1999); Neves (1994); Araújo (1995); Del Prette (1999); Souza
(2000); Guzzo (2001)
Reflexões pessoais a partir dos textos: Ao culpabilizar apenas o aluno por suas
dificuldades e seu fracasso se esquece de analisar todo o contexto ao qual aquele
aluno faz parte e exime o professor e a escola do processo de ensino e aprendizagem,
além de desconsiderar que tantos fatores biológicos quanto sociais estão presentes no
desenvolvimento do sujeito e possuem igual influência no seu processo de
aprendizagem.
Articulação dos textos com outros conteúdos já estudados, filmes ou experiências
pessoais: Quando as autoras trazem luz a reflexão de que é preciso levar em
consideração não apenas a dificuldade do aluno de aprender, mas também a possível
dificuldade do professor de passar o conteúdo, têm-se muito presente a questão do
desenvolvimento quando este deve ser analisado em uma perspectiva que considere
tanto os aspectos biológicos quanto sociais, visto que por se tratar de um fenômeno
complexo não é possível compreendê-lo isoladamente de ambos os fatores e assim
acontece quando se fala sobre as dificuldades de aprendizagem.
Quais implicações educacionais você identifica: Quando se quebra o paradigma do
“aluno problema” e se passa a considerar o ambiente como um todo, têm-se a
possibilidade de novas formas de ensino, de valorização do potencial individual do
sujeito o que o leva a uma melhora tanto na aprendizagem quanto no seu
desenvolvimento e consequentemente a melhores índices escolares.
Tradicionalmente a escola e o professor assumem um papel de poder perante a
sala de aula e perante os alunos, onde os mesmos devem seguir à risca tudo que é dito e
pedido pelo mestre. A sala de aula era, e ainda é em alguns aspectos, um espaço único e
exclusivamente para repassar conteúdo, aplicar prova e “cumprir” objetivos
educacionais.
O fracasso escolar, geralmente, é relacionado apenas a capacidade que o aluno
tem ou não de compreender o conteúdo, de se sair bem nas provas, de se comportar
adequadamente. Raras as vezes em que se busca analisar o contexto em que o estudante
está inserido, as dificuldades pelas quais tem passado e/ou diversos outros fatores que o
mesmo pode estar enfrentando, até mesmo a dificuldade que o próprio professor pode
estar passando que interfira na maneira com que o mesmo dá aula e/ou se posiciona
perante os alunos. Esta culpabilização do aluno, de classifica-lo como “problema” é
uma questão histórica e enraizada na cultura da sociedade que por vezes deturpa o
significado real da dificuldade e reforça o estigma e a diferença de classes quando se
trata de “qualificação” para aprender.
Essa concepção têm-se refletido também no trabalho dos psicólogos que irão
atender as demandas dessas crianças ditas “problemáticas”, pois na maioria das vezes os
profissionais da área assumem, erroneamente, a ideia de que o problema é único e
exclusivo do aluno podendo vir a levar a possibilidade de diversos diagnóstico que o
expliquem, como por exemplo, hiperatividade, déficit de atenção entre outros, ou seja,
busca-se uma explicação biológica para a dificuldade e não se leva em consideração
todos os outros aspectos e condições que podem vir a interferir. O próprio profissional
reforça o estigma tão fortemente presente na escola e que excluí e marginaliza o
estudante.
Toda criança tem um potencial único que deve ser motivado e desenvolvido de
maneiras adequadas, não devem ser todas postas em um único padrão de aprendizagem
e desenvolvimento. Os estudantes estão em constante mudança, a forma de aprender
está em constante mudança, é necessário que a escola acompanhe as mudanças que
estão acontecendo para que consiga cumprir efetivamente o seu papel de preparar o
aluno para a cidadania, de preparar o aluno para que o mesmo seja capaz de se
desenvolver plenamente e isto depende, dentre outros aspectos, da consciência de que o
aluno e o professor estão em constante interação exercendo um trabalho mútuo de
aprendizagem, um não tem culpa sobre o outro, mas dependem entre si e qualquer
dificuldade que possa vir a acontecer, acontece nessa interação. Interação esta que deve
ser levada também para as demandas do psicólogo, pois este tem o dever de analisar
todo o contexto e não apenas uma das partes.
Referências
Neves, M. M. B. J., & Marinho-Araujo, C. M. (2006). A questão das dificuldades de
aprendizagem e o atendimento psicológico às queixas escolares. Aletheia, 24, p. 61-170.

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