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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA

ADRIANO RIOS DE SOUSA


ANA BEATRIZ XAVIER GARCIA
BRENNO MAIA DE JESUS
CARLOS ANTONIO GOMES NUNES
MARINA VAZ CRISPIM

APLICANDO O BEHAVIORISMO NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS


EDUCACIONAIS: Dificuldades de Integração de Alunos com Necessidades Especiais

GOIÂNIA
2023
1. Introdução
1.1. Sobre o behaviorismo radical e o contexto escolar
A teoria do Behaviorismo radical desenvolvida por Skinner que nega radicalmente a
existência de algo que escapa ao mundo físico, ou seja, que não possua sua existência
identificável no tempo e no espaço. Por meio dessa filosofia o estadunidense resolve a
dicotomia entre o corpo e o mundo mental (apresentando uma visão monista para a
psicologia) e afirma que os fenômenos privados são da mesma natureza que os públicos,
incluindo esses como algo possível a ser estudado por uma ciência do comportamento.
Skinner define em “Uma Ciência do Comportamento Humano” o objetivo da ciência
do comportamento: “Estamos interessados, então, nas causas do comportamento humano [...]
Descobrindo e analisando essas causas poderemos prever o comportamento; poderemos
controlar o comportamento na medida que o possamos manipular” (Skinner, 2003, p.24). Tal
objetivo, o controle/manipulação do comportamento é de grande importância para o nosso
estudo na área escolar, pois ao identificarmos as causas dos comportamentos problemáticos
poderemos manipulá-los para que eles parem de ocorrer.
Em “Tecnologia do Ensino” o autor estadunidense aplica alguns dos conceitos da
ciência do comportamento no contexto escolar. Skinner vai discorrer, principalmente, sobre o
papel do reforço e do controle aversivo, sobre esse último ele diz: “Diante desta confusão de
conseqüências aversivas, chegar à resposta certa é, em si mesmo, um evento insignificante,
cujo efeito ficará perdido no meio das ansiedades, do tédio e das agressões, que são os
inevitáveis subprodutos do controle aversivo.” (Skinner, 1972, p.15) Ou seja, os alunos são
bombardeados com tantas consequências aversivas, que o aprender não é o principal produto
da escola. Dessa forma, Skinner propõe a Máquina de ensinar, instrumento pelo qual o
estudante seria reforçado imediatamente após acertar um exercício, diminuindo os
comportamentos problemáticos e a necessidade de consequências aversivas. Todavia, tal
instrumento não se mostrou útil para a sua finalidade, principalmente, por requerer que os
professores produzissem diversas listas de exercícios que seriam utilizadas no equipamento.
Entretanto, mesmo que a Máquina de ensinar de Skinner não tenha sido eficiente para
solucionar alguns problemas educacionais, a Análise do Comportamento tem muito a
contribuir para o tema, principalmente por meio dos seus conceitos de reforço, modelagem e
controle aversivo. Como veremos posteriormente, tais contribuições não se restringem a
dificuldades acerca da apreensão de conteúdo pelos alunos, mas também sobre questões de
relacionamento e integração entre os estudantes.
1.2. A escola alvo da intervenção
A Escola Municipal Marielle Franco está localizada no Parque Atheneu, bairro
periférico da cidade de Goiânia. A instituição de ensino recebe alunos do primeiro ao quinto
ano do ensino fundamental, existindo 20 turmas, sendo 10 no turno matutino e 10 no turno
vespertino. Cada turma possui, em média, 25 estudantes que é acompanhada por 1 professor
titular e 1 ou 2 estagiários na maior parte do ano letivo. Cerca de 80% do corpo docente é
composto por profissionais concursados que estão na escola há mais de 5 anos.
Os estudantes apresentam grande diversidade de gênero, cor e alguma diferença
socioeconômica - variando de famílias que vivem na extrema pobreza e outras que pertencem
a classe média, mas não possuem condições de pagar escolas particulares. Além disso, todas
as turmas apresentam alunos com alguma deficiência, seja física ou intelectual, ou algum
transtorno do neurodesenvolvimento. Dos cerca de 500 alunos da instituição, 15 possuem
deficiência física, 35 transtorno do espectro autista, 20 Transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH) e outros 10 alunos possuem outros tipos de deficiências/transtornos.
Assim, 16% dos estudantes desta escola necessitam de algum tipo de acompanhamento por
parte dos professores e da direção.
1.3 Os principais comportamentos problemáticos observados
Em uma observação inicial podemos observar alguns dos principais problemas que
levam os estudantes com deficiência a se isolarem ou serem isolados pelos demais estudantes
da escola Marielle Franco.
A maior parte dos professores grupos relatam não saberem lidar com a diversidade em
sala de aula, afirmando que a sua formação universitária não os preparou para lidar com tais
situações, já que, na época de formação de alguns desses docentes, os indivíduos com
deficiência eram enviados para escolas específicas. Assim, os professores acabam utilizando
uma metodologia tradicional de ensino, valorizando as aulas expositivas em detrimento de
atividades dialogadas que geram a integração professor-aluno e aluno-aluno. Essa falta de
aproximação entre os estudantes causa um outro problema observado, a existência de grupos
de alunos nas salas que não interagem entre si, sendo que os alunos com
deficiência/transtornos formam um grupo que é segregado pelos demais. Além disso, não foi
possível observar na instituição atividades extra-classe que aproximam os alunos de diferentes
idades e turmas.
Por fim, a Secretária Municipal de Educação não vem disponibilizando, desde o
último ano, intérpretes de Libras para os alunos surdos, o que dificulta a aprendizagem deles.
Ainda, a estrutura da escola apresenta alguns problemas como a falta de piso tátil em todos os
espaços da instituição. Assim, o objetivo do nosso trabalho é propor ações, na perspectiva da
Análise do Comportamento, que visem solucionar os problemas relatados.
2. Diagnóstico institucional
2.1 Cenário contemporâneo
Alunos desinteressados e desconectados com o conteúdo. Professores passivos e
reprodutores das informações dos livros didáticos. Conteúdos extensos e sem correlação com
a realidade dos estudantes. Ambientes escolares competitivos. Salas de aula sem acolhimento
e integração. Provas difíceis, com status de suposta comprovação da inteligência dos alunos.
Punições sociais, educacionais e familiares, aos estudantes que não se adequarem ao modelo
tradicional de educação. Falta de acessibilidade às pessoas com deficiência.
Essa é a realidade da educação brasileira. É fato que o cenário educacional
contemporâneo encontra-se tomado por estratégias retrógradas de ensino, que a ciência já
comprovou ineficazes. Apesar das novas modalidades do ensinar e das propostas científicas
modernas, a educação, principalmente aquela vinculada aos ensinos fundamental e médio,
está presa aos modelos tradicionais. Nessa realidade, os alunos com deficiência são
negligenciados e não agregam a pauta nos debates escolares. Os professores relatam falta de
preparo para trabalhar com a diversidade em sala de aula e os estudantes com deficiências se
isolam ou são excluídos pelos colegas.
Sabendo que a educação é primordial para o desenvolvimento e crescimento do país, o
retrato do cenário educacional moderno é de grande preocupação social e deve ser colocado
em debate. A educação brasileira deveria ser prioridade nos debates políticos. Contudo, ela
continua sendo negligenciada e deixada de lado. Quais serão as consequências futuras? O que
se pode esperar de uma sociedade que ignora a educação? Quais os efeitos da exclusão de
estudantes com necessidades educacionais especiais no desenvolvimento sociocultural do
país? Qual o tamanho da repercussão da falta de preparo dos professores no progresso social
brasileiro? Até quando o Brasil vai negligenciar a educação e, em destaque, a educação
voltada para pessoas com deficiência?
A acessibilidade e a integração dos alunos com deficiência deve se tornar pauta dos
debates educacionais, pois pode ser o primeiro passo para uma educação de qualidade. Uma
educação inclusiva e que respeite todos os alunos, independentes de suas condições físicas, é
uma educação moderna que preza pelo desenvolvimento social do país. Já é hora do Brasil
colocar em centro a discussão sobre as dificuldades de integração de alunos com necessidades
especiais, a fim de que haja avanço e progresso sociocultural.
2.2 Observação e registro dos comportamentos problemáticos e desejados
Tendo em vista a perspectiva Behaviorista, nota-se alguns comportamentos
problemáticos no contexto atual no que tange às dificuldades de integração de alunos com
deficiências. A princípio, percebe-se que tanto alunos, como professores possuem desafios na
comunicação, socialização e inclusão de alunos com deficiência. O problema não é só
educacional e não se restringe às escolas. A integração de alunos com necessidades especiais
é um problema social que atravessa séculos e sociedades, possuindo enormes desafios para
sua superação. Contudo, nossa pesquisa propõe que, por meio da aplicação dos princípios da
análise do comportamento, a educação tem papel fundamental na superação dessas
dificuldades.
Assim, foi observado que, no cenário escolar, os professores relatam falta de preparo
para trabalhar com a diversidade em sala de aula. Nesse sistema de educação tradicional,
Skinner (1972) salienta que as próprias dificuldades dos professores quanto a um problema
em salas de aula evoca a própria educação por ele apreendida. Desse modo, o ensino dos
professores é falho e precisa ser repensado. Caso a formação dos professores continue
incompleta, é dever do professor procurar estratégias que ensinem modos de inclusão
estudantil. O próprio Behaviorismo possui algumas estratégias de integração, como a sala de
aula reforçadora, aluno ativo e professor como facilitador de ensino.
Ademais, tais problemas comportamentais vistos nos professores também podem ter
fonte no preconceito e na discriminação. A sociedade ensina a temer e julgar tudo aquilo que
é diferente do padrão. Não se cabe aqui discutir os motivos desse preconceito, mas sim
observar os resultados dele e procurar solucioná-los. Professores que carregam preconceitos
frente aos alunos com necessidades especiais integram o cerne dos principais problemas
relacionados às dificuldades de integração desses estudantes. O debate no meio educacional é
urgente.
Além dos professores, os próprios alunos também possuem dificuldades de integrar
pessoas com necessidades especiais. Julgamentos, xingamentos, risadas, exclusão e
ignorância integram os principais comportamentos problemáticos dos alunos que discriminam
pessoas com deficiência. Essas pessoas com deficiência, tomadas por sentimentos de
desamparo e solidão, acabam se isolando ou são excluídas pelos colegas.
A educação tem papel fundamental para a resolução desses comportamentos
estudantis problemáticos, uma vez que ela possui enorme influência nas atitudes dos
estudantes e pode ter consequências imediatas. Promover ações integrativas entre os alunos,
debates sobre pessoas com deficiência, gincanas entre todos os estudantes, brincadeiras
inclusivas e aulas dialogadas sobre o tema são alguns dos comportamentos que desejamos das
unidades escolares. Feito isso, esperamos que os alunos consigam socializar independente das
diferenças e sancionar suas discriminações contra pessoas com deficiência.
2.3 Identificação dos antecedentes e consequências associados aos
comportamentos observados
Nesse cenário contemporâneo, identifica-se antecedentes e resquícios notáveis de uma
educação tradicional, que possui consequências associadas aos comportamentos observados
como problemáticos.
Assim, percebe-se que esse modelo educacional sustenta-se no controle aversivo, que
utiliza o reforço negativo e a punição para manipulação do comportamento. Essa técnica
manipuladora tem rápido efeito, em contrapartida a outras técnicas behavioristas. Contudo, o
uso do controle aversivo pode levar a reações emocionais prejudiciais- como ansiedade, medo
e agressividade- e a respostas de fuga e esquiva. Os esquemas de punição, isto é, processo que
consiste na diminuição da ocorrência de um comportamento pela retirada ou introdução de um
estímulo reforçador (negativo), são muito mais utilizados do que o reforço dentro desse
sistema de ensino. Isso ocorre pois a punição e o reforço negativo promovem o imediatismo
das respostas, apesar de ter consequências irreversíveis sobre o comportamento dos alunos.
Dentro dessa realidade, a educação também encontra-se imersa em uma cultura
competitiva, que atrapalha o vínculo social entre os indivíduos e exclui estudantes com
deficiência, e do hábito, que preza pela tradicionalidade educacional e impede a integração de
alunos com necessidades especiais. Essa cultura competitiva faz parte do repertório
comportamental da sociedade e entende que, para que a humanidade avance e os indivíduos se
destaquem, é necessário que haja competição entre as pessoas. Tal concepção cultural vai de
encontro aos pensamentos meritocráticos, que acreditam na igualdade de oportunidades e na
competição como forma de obtenção de méritos. A meritocracia em si acaba por corroborar a
exclusão e discriminação de alunos com deficiencia, uma vez que, já que concebe a igualdade
de oportunidades, entende que tais estudantes não se destacam porque não possuem
capacidades satisfatórias em comparação a alunos vistos como “normais”. A ideia
meritocrática integra modelos tradicionais de educação e colabora com a discriminação e o
preconceito. Na contemporaneidade, é preciso pensar na equidade, ou seja, dar múltiplos
equipamentos para diferentes pessoas de acordo com cada contexto, a fim de que todos
tenham acesso às mesmas oportunidades. A equidade é primordial para superação das
dificuldades de integração de alunos com deficiência. Além dessa cultura competitiva, tem-se
também a existência da cultura do hábito. No meio educacional tem-se o hábito de certas
metodologias e abordagens em sala de aula que fazem parte do repertório comportamental da
escola. Modelos tradicionais e retrógrados de ensino sustentam-se no hábito para se manter.
Tal cultura impede a ascensão de novos modelos educacionais e não favorece a inclusão dos
alunos com deficiência no processo de aprendizado. Por exemplo, muitas escolas empregam o
modelo tradicional de educação, apresentando aulas expositivas, provas escritas e carga
horária fixa. Essa tradicionalidade faz parte do hábito escolar desde os primórdios da
educação e acaba por impedir a integração dos alunos com deficiência, visto que, aqueles que
não se adequarem às normas são vistos como incapazes e são excluídos do meio educacional.
Vencer essa cultura do hábito é primordial para o avanço social e para a integração dos alunos
com deficiência.
A perspectiva externalista do Behaviorismo também precisa analisar a relação entre os
fatores ambientais com o comportamento dos indivíduos. Como um ambiente excludente
afeta o comportamento de uma pessoa com deficiência? Como a reação discriminatória dos
colegas influencia as cadeias comportamentais das pessoas com necessidades especiais?
Na perspectiva da análise do comportamento, os comportamentos indesejados, como
risadas, piadas, bullying e discriminação, estão sendo reforçados de alguma maneira, seja
pelos outros alunos, seja pela própria sociedade. Pensando de maneira externalista, é preciso
analisar o ambiente em que os alunos se inserem e questionar de que modo esse ambiente
reforça comportamentos preconceituosos. A partir da identificação dessas variáveis pode-se
perceber que tais respostas emocionais geram comportamentos de esquiva no ambiente
escolar, mantendo os alunos com deficiência em situação de exclusão dos demais.
Todos esses antecedentes associados aos comportamentos observados acabam gerando
consequências irreversíveis para toda sociedade, corroborando a discriminação, o preconceito,
o aumento da competição e a prevalência do hábito educacional. É primordial que esses
modelos comportamentais sejam analisados com profundidade e que as intervenções girem
em torno dessas problemáticas.
2.4 Análise dos dados para determinar padrões e tendências
A partir dessas considerações, percebe-se que o cenário educacional contemporâneo
encontra-se imerso: em culturas de competição e de prevalência do hábito, que impedem a
integração e o bem-estar de estudantes com deficiência; em ideais meritocráticos e
excludentes; em estratégias de reforço negativo e punição, que apesar de terem consequências
imediatas, acabam prejudicando o desenvolvimento estudantil; em comportamentos que
discriminam e excluem alunos com necessidades especiais; e em falta de preparo dos
professores de lidar com as diferenças em sala de aula.
Visto essa realidade, é notório alguns padrões e tendências comportamentais que, caso
não sejam repensadas e reformuladas, podem manter o ensino tradicional e corroborar o
aumento das dificuldades de integração de alunos com deficiência. As culturas de competição
e de prevalência do hábito determinam comportamentos padrões no meio estudantil, como a
exclusão de alunos diferentes do considerado “normal”, o distanciamento entre os estudantes-
visto que, dentro de uma competição, o que vale são as aspirações individuais- e o uso do
bullying como estratégia de distanciamento e discriminação. A tendência dessa cultura, caso
não ocorra reflexões, é o aumento da competição, das dificuldades de integração entre os
alunos e dos ideais meritocráticos.
Estratégias de intervenção, portanto, são urgentes. É primordial repensar esses padrões
e tendências comportamentais a fim de que haja a superação das dificuldades de integração de
alunos com necessidades especiais e de comportamentos discriminatórios.
3. Planejamento da Intervenção
3.1. Definição dos comportamentos-alvo
Consideramos os comportamentos inadequados, dos quais pretende-se extinguir,
aqueles que estão sob controle de eventos relacionados a resposta verbal “capacitismo”,
aqueles que difundem o preconceito, a estigmatização e a segregação de pessoas com
deficiência. Tais comportamentos de exclusão, dos professores e alunos, eliciam no sujeito
com deficiência comportamentos de fuga e isolamento, justamente em função do controle
aversivo estabelecido através do reforço que tais comportamentos capacitistas promovem aos
ditos comportamentos de fuga e isolamento. O resultado dessas contingências não é outro
senão a (re)produção de uma cultura que isola, estigmatiza e é objeto de sofrimento às pessoas
com deficiência. Contudo, é preciso dizer do espectro comportamental implícito e explicito
das manifestações fenomênicas dessa respostas verbal “capacitismo”, uma vez considerando a
variável da cultura enquanto produtora do self, reconhecendo-se, assim, a necessidade de uma
intervenção que se articule com a cultura em um trabalho de psicoeducação, de formação
continuada com o grupo institucional, em se tratando da abordagem, manejo, intervenção a
partir da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) em relação à comportamentos
capacitistas.
A análise funcional das contingências de reforçamento que induzem a maior
probabilidade de ocorrência de comportamentos ditos capacitistas demonstrou um
agrupamento de comportamentos emitidos pelos alunos comumente observados na escola que
são reforçados pelos professores ou outros alunos, os mais comuns entre eles são as: ofensas,
“piadas”, xingamentos e exclusão dos alunos com deficiência. Por um lado, esses
comportamentos inadequados são reforçados pelos próprios alunos, que reagem de maneira
reforçadora ao estímulo preconceituoso, com as risadas, com a concordância e o endosso de
tais comportamentos; por outro lado os professores ao procederem com abordagens que se
inscrevem no que corresponde ao tradicional controle aversivo, com sermões, advertências e
punições, ao fazê-lo acabam por vezes produzindo um efeito contrário ao esperado,
reforçando os comportamentos indesejados, ao indevidamente dar demasiada atenção ao
comportamento inadequado, produzindo uma contingência de reforçamento dos
comportamentos inadequados; outro aspecto expoente no que diz respeito ao controle
aversivo, em especial às punições, se refere ao que Skinner (1989) chamou de subprodutos
indesejáveis da punição, que são as de reações emocionais fortes residuais, que por sua vez
produzem um efeito contraproducente com o operante a ser reforçado.
3.2. Estabelecimento de metas comportamentais claras e mensuráveis
A meta comportamental aqui estabelecida tem como cerne a extinção dos
comportamentos inadequados, sejam aqueles emitidos pelos alunos ou professores, tais quais
supramencionados. Para tanto, numa perspectiva de controle, faz-se necessário proceder com
a instrução de todo o corpo docente para o registro de notificações dos comportamentos
capacitistas – ainda que não enquanto um instrumento de punição -, de tal forma que ao final
do mês a equipe gestora possa produzir um relatório das frequências observadas, o que será
um importante instrumento de análise dos impactos da intervenção em curso, uma vez que
fornecerá dados individualizados das frequências de tais comportamentos, ampliando as ações
psicoeducativas às famílias dos alunos em que se observa a maior frequência de tais
comportamentos. Nesse sentido, tomando cuidado devido para que o envolvimento da família
não torne aversivo ao aluno à execução do controle das contingências. Espera-se reduzir-se ao
menos pela metade as frequências dos comportamentos inadequados.
Além disso, a mudança do reportório precisa ser norteada por um reforçamento de
comportamentos adequados em contraste aos inadequados, que devem ser ignorados e
tratados de forma em que a magnitude das ações não atue enquanto reforço, e ao mesmo
tempo ofereça um comportamento substitutivo aquele inadequado. Nesse sentido, a
constituição de um programa voltado à educação inclusiva enquanto disciplina aos alunos,
construído pelos próprios professores em formação continuada, fornecerá dados, enquanto
notas, ao envolvimento dos alunos em atividades que fogem ao modelo tradicional e
expositivo das aulas, ao passo que o acompanhamento dessas disciplinas, por observação,
poderá indicar defasagens que ainda precisam ser trabalhadas em formações continuadas com
o grupo docente.
3.3. Seleção das técnicas de intervenção comportamental adequadas
As vistas de concepções do professor enquanto facilitador do ensino, os princípios da
Análise do Comportamento só podem ser devidamente aplicados por àqueles que em seus
processos formativos tiveram os aportes teóricos necessários para tal. Preterir do professor um
comportamento que não faz parte do seu repertório é – pra dizer o mínimo – um equívoco
conceitual e metodológico de intervenção; portanto, partimos do princípio de que a formação
para professores tradicionalmente não vem se preocupando com a psicologia da educação
enquanto prática docente, ao menos não é isso que se observa no contexto escolar, o qual é
repleto de práticas de controle aversivo que se fundamentam, especialmente, em punições.
Dessa maneira, a primeira ação implementada diz respeito a um curso de formação
oferecido aos professores, que de forma básica abordará os princípios da análise do
comportamento com enfoque em crianças com desenvolvimento atípico, perpassando por
conceitos importantes como os de reforço e punição, e esquemas de reforçamento. Além
disso, o curso inicial terá um enfoque na elaboração e execução de uma disciplina, enquanto
um programa de natureza interventiva, baseada na proposta do Sistema Personalizado de
Ensino (PSI) – adequando-se a realidade institucional da escola pública -, que formará turmas
que englobarão faixas etárias diferentes e, abrindo mão da primazia das aulas expositivas,
procura por meio dessas ampliar a motivação e o engajamentos dos estudantes com a
disciplina, por meio das artes, procurando imergir em temas de interesse dos estudantes na
interface com a educação inclusiva. O acompanhamento mais individualizado e personalizado
acontecerá com as limitações de pessoal circunscritas num contexto de escola pública,
portanto, as prioridades para tais acompanhamentos se darão aos alunos que mais obtiverem
frequência de comportamentos inadequados e, propriamente, aos alunos atípicos. A formação
ofertada, portanto, têm por objetivo fornecer um aporte teórico básico para nortear as ações
dos professores, de tal forma que esses se comprometam a abandonar o tradicional controle
aversivo, em vista de um controle positivo, além de incitá-los à prática formativa na interação
com os próprios alunos por meio da implementação de uma disciplina que trabalhe a
educação inclusiva a partir do Sistema Personalizado de Ensino.
4. Implementação da Intervenção
Diante do problema exposto, cabe discorrer acerca das propostas de intervenção para a
resolução das problemáticas apontadas durante a observação da Escola Municipal Marielle
Franco. Partindo desse viés, tendo em vista o perfil pragmático da Análise do
Comportamento, deve-se, após a identificação das causas do comportamentos indesejáveis,
manipulá-los para diminuir significativamente as ocorrências desses comportamentos. Para
tal, pensou-se em metodologias defendidas pelo próprio Behaviorismo, como o treinamento
dos profissionais na aplicação de técnicas efetivas bem como a sala de aula reforçadora e o
aluno com um papel ativo em seu aprendizado.
Após a mudança comportamental desejada, espera-se promover ações integrativas
entre os alunos, incluir pessoas com deficiência nas atividades escolares, realizar gincanas,
brincadeira e aulas inclusivas e dialogadas entre todos os estudantes a fim de solucionar os
problemas educacionais aqui expostos e contribuir para a socialização dos alunos e para a
redução dos preconceitos contra pessoas com deficiência.
4.1. Treinamento dos envolvidos na aplicação das técnicas
Como observado, e aqui discutido, os professores relatam uma falta de preparo para
trabalhar com a diversidade em sala de aula, utilizam um sistema baseado em um ensino
altamente tradicional, estruturado em em sua grande parte no controle aversivo, que se mostra
ineficiente, ou pelo menos não recomendável, no ensino de pessoas com deficiências, visto
que não incentiva a integração social dos alunos e reforça a meritocracia tornando a escola em
uma ambiente competitivo e opressor para os alunos com deficiências, perpetuando todo um
sistema preconceituoso com aqueles que não encaixam-se no “normal”. Em vista disso, é
dever do professor procurar novas estratégias de ensino que visam meios de inclusão de todos
os estudantes, uma vez que a educação tem papel crucial na resolução dos comportamentos
estudantis problemáticos, tendo em vista sua enorme influência nas atitudes dos estudantes.
Diante disso, resolveu-se aplicar técnicas educacionais inclusivas para a mudança educacional
da escola-alvo que apresenta problemas de inclusão social dos alunos com deficiências, de
professores despreparados para um ensino inclusivo e diversificado, de metodologias e de
infraestrutura.
A Escola Municipal Marielle Franco apresenta um cenário que não se restringe apenas
a ela, mas representa uma grande parcela das unidades de ensino básico no Brasil. Escolas que
marginalizam e segregam indivíduos com deficiência, deixando-os à parte das atividades
escolares e prejudicando-os, e como consequência seu ensino demonstra uma grande
defasagem de aprendizado. Visto o retrato do ensino de pessoas defiecentes, se mostra urgente
a resolução das problemáticas apresentadas, uma vez que a educação desses indivíduos está
demasiadamente empobrecida.
Dessa forma, cabe discutir as propostas de intervenção desenvolvidas pelos estudos
behavioristas, como uma mudança educacional, alterando uma perspectiva metodológica de
ensino baseada no uso do controle aversivo pelo ensino apoiado no uso do reforçamento
positivo, já que a metodologia tradicional (controle aversivo) desencadeia respostas
emocionais de medo, pânico ou ansiedade e reações de fuga e esquiva. Bem como,
implementar uma formação continuada para os professores, que deve ser ofertada pela
Secretaria Municipal de Educação, com o propósito de melhorar o desempenho e o manejo
desses profissionais frente às dificuldades educacionais e o ensino de pessoas com deficiência
para que atuem como facilitadores do ensino, manipulando as contingências em sala de aula
para que o aprendizado de todos os alunos ocorra de maneira adequada. Ademais, a estratégia
de intervenção de formação continuada contribui para a criação de alunos ativos, isto é, um
aluno que se propõem na produção e reprodução do conhecimento construído junto com seus
colegas e professores. Essa metodologia ativa do aluno contribui para a formação de
conhecimento e aquisição de comportamentos de forma mais efetiva e central. O professor
deve procurar materiais extras, fazer aulas dialogadas, propor dinâmicas e buscar ao máximo
a participação do aluno na construção do conhecimento. E por fim, tornar o ambiente escolar
em um ambiente reforçador, mais precisamente, em uma sala de aula reforçadora, através do
uso de diferentes cores, com fins didáticos, para auxiliar os estímulos visuais dos alunos; de
múltiplas figuras para estimular debates particulares de cada sala de aula; diferentes posições
das carteiras, para evitar a invariabilidade e fixação de apenas uma forma de estudar, a fim de
encorajar os alunos a expressar suas opiniões e ideias e se sintam confortáveis e seguros para
isso.
Além disso, verificou-se na escola-alvo problemas de infraestrutura, como por
exemplo, a falta de rampas de acessibilidade e piso tátil por toda a instituição e a ausência de
intérpretes de Libras para os alunos. É imprescindível, antes de tudo, que os alunos tenham
amplo acesso do seu espaço escolar, como também da comunicação direta com seu professor.
Tendo isso em vista, é extremamente fundamental, a implementação de piso tátil, rampas de
acessibilidade, elevadores, intérpretes para que haja a plena utilização desse espaço pelos
alunos com deficiências.
A partir dessas intervenções, espera-se verificar uma maior integração e inclusão de
alunos com deficiências nos mais diversos espaços e atividades escolares, e uma redução de
preconceitos e discriminação contra esses individuos, bem como um maior aproveitamento
das discussões em sala de aula para esses estudantes e maior facilidade de locomção nos
espaços educuacionais.
4.2. Aplicação das técnicas selecionadas
Deseja-se com o uso dessas técnicas utilizadas na educação de indivíduos com
necessidades educacionais especiais uma melhora no ensino, com a formação continuada dos
professores, e uma melhora na aprendizagem dos alunos, com a posição ativa dos alunos
nesse processo. Para tal, deve-se implementar estratégias metodológicas diferentes do ensino
tradicional (controle aversivo), são elas: reforço positivo; reforço negativo, modelagem e
outros métodos apropriados.
4.2.1. Reforço positivo
O reforçamento positivo consiste no aparecimento de um novo elemento no ambiente,
após a ocorrência do comportamento, que leva ao aumento da frequência deste mesmo
comportamento. Diferentemente do uso do controle aversivo, o reforçamento positivo
demanda mais tempo no esquema de planejamento, mas suas respostas são totalmente
eficientes no âmbito escolar, visto que não eliciam nos alunos respostas emocionais de medo
ou ansiedade e reações de fuga e esquiva. No contexto educacional o uso dessa estratégia
metodológica se mostra eficiente pois implica em uma visão mais integrativa da sla,
tornando-a em um ambiente por si só reforçadora. Dessa forma, quando os alunos
comportam-se conforme as expectativas do professor, no intuito de incentivá-los, são usados
reforços favoráveis e motivacionais pelo “bom comportamento”, tais como, elogios, palmas,
presentes.
4.2.2. Reforço negativo
O reforçamento negativo, por outro lado, consiste na eliminação de um elemento
aversivo do ambiente, após a ocorrência do comportamento, que leva ao aumento da
frequência deste mesmo comportamento. Assim como o reforçamento positivo, demanda mais
tempo no esquema de planejamento, mas apresenta importantes resultados no âmbito
educacional, uma vez que não utiliza a lógica da punição e mantém os alunos mais
confortáveis nas escolas, tornando-os ativos no seu próprio processo educativo.
4.2.3. Modelagem
A modelagem é um procedimento de reforçamento diferencial de aproximações
sucessivas de um comportamento-alvo. O resultado final desse processo de reforçamento é
um novo comportamento construído a partir das combinações de respostas produzidas pelo
organismo em cada fase do reforçamento diferencial. A utilização desse tipo de procedimento
comportamental é extremamente recomendável para o âmbito de ensino, uma vesz que a
modelagem é um dos modos pelos quais novos comportamentos podem ser adquiridos pelos
indivíduos é fazer parte de seu repertório comportamental. Nesse sentido, a partir da
modelagem pode-se ensinar os alunos a incluir os alunos com deficiências em suas atividades
na escola, assim como, reduzir os estigmas e preconceitos desses alunos.
4.3 Ajustes conforme necessário com base nos dados coletados
Diante da aplicação das técnicas espera-se reduzir a frequência dos comportamentos
indesejados e aumentar a integração dos alunos com deficiência. No decorrer da utilização
dessas técnicas (reforço positivo, reforço negativo e modelagem) será implementado outros
métodos apropriados para a exigência posta no ambiente escolar, caso não haja tais
exigências, espera-se que estas técnicas sejam suficientes para atingir nosso objetivo.
5. Considerações e Recomendações
5.1. Reflexão sobre o processo de intervenção e seus resultados
Em vista das proposta explicitadas - como a formação continuada do professor e a
alteração do modelo pedagógico tradicionalista, visando abandonar o controle aversivo pelo
reforçamento positivo -, e as bases metodológicas do Behaviorismo Skinneriano (2003) -
sobre as quais o comportamento deve ser estudado para permitir o controle e a previsão em
uma aplicação pragmática -, espera-se desse conjunto prático e teórico uma melhora
significativa, a médio-longo prazo (aproximadamente quatro semestres escolares), para que os
comportamentos indesejados deem lugar aos comportamentos alvos.
Ao iniciar-se na questão do professor, a formação continuada permite que as
intervenções voltadas aos alunos tornem-se mais efetivas em seu resultado, visto a
importância indubitável da figura do docente nesse processo. Desse modo, permitir que o
educador eduque-se sobre as técnicas de reforço positivo, altere sua metodologia de ensino
tradicionalista, torne o aluno uma figura ativa no cenário da sala de aula, estimule a integração
dos diversos discentes e conheça mais sobre a educação inclusiva direcionada aos alunos com
algum tipo de deficiência, permite com que ele seja um guia para as transformações
comportamentais que cada indivíduo será submetido e reforçado posteriormente. É inegável a
dificuldade inerente de educar sem possuir uma formação condizente com o contexto e a
demanda postos, sendo esperado que o curso permita o professor adquirir conhecimentos que
lhe permitirão ter o controle adequado dos comportamentos e o manejo efetivo do processo de
inclusão dos alunos com deficiência. Espera-se que após dois meses de educação continuada
do docente se tenha o resultado esperado no âmbito do corpo institucional da escola.
Além da formação da figura do professor, espera-se que a escola contrate e forme mais
profissionais para atuação em sala de aula, como professores auxiliares e de apoio aos alunos
com deficiência. Tal ação institucional abraçaria a importância do estabelecimento da
equidade do ambiente escolar, e não mais o meritocrático, pois com a presença de uma figura
educadora que auxilie o ensino do discente com dificuldades de aprendizagem - seja por uma
deficiência cognitiva ou física -, oferece a ele recursos de aprender aquele conteúdo de
maneira a respeitar suas capacidades sem ser deixado de lado como um aluno “incapaz de
seguir o ritmo da sala” ou “não inteligente”. Não é difícil apontar para as dificuldades
impostas ao aprendizado das alunos com deficiência no ambiente escolar tradicional, já que,
desde o início de sua alfabetização, o modelo tradicionalista engessou as possibilidades de
ensino que os atendessem e os permitissem construir satisfatoriamente o conhecimento, além
de os colocarem como “atrasados” e “desqualificados” em comparação aos demais alunos da
sala - algo que, inegavelmente, também fomentou a segregação dos integrantes da turma para
com os alunos com alguma deficiência. O professor auxiliar seria mais um passo rumo a
resultados positivos no meio educacional de maneira mais rápida, e efetivaria propostas de
ensino próximas às expostas, como o Sistema Personalizado de Ensino - PSI.
Logo, supondo que a instituição educacional tenha instaurado as mudanças estruturais
da escola (como piso tátil, salas e banheiros acessíveis), vale-se agora tratar dos alunos.
Imersos em um ensino tradicionalista, o controle aversivo e o reforço (não intencional) de
comportamentos indesejados, esses discentes encontram-se repletos de comportamentos e
fuga e esquiva acerca da participação e engajamento escolar e de comportamentos indesejados
acerca dos colegas com deficiência, em que o bullying por exemplo, existe entre suas
relações. Assim, com professores já preparados e uma nova metodologia de ensino, a
aplicação de estratégias de reforço positivo em ampla escala dos relacionamentos e de
aprendizagem será vantajoso e efetivo. Com o sistema de créditos como uma das aplicações
do reforço positivo, o engajamento entre os alunos tornar-se-á gradativamente maior voltado a
usufruir das vantagens dos créditos (o reforço positivo recebido imediatamente após o
comportamento desejado) acumulados durante as semanas. Assim, teremos um novo hábito
sendo implementado no repertório desses alunos, gerando uma nova cultura entre eles.
Ademais, o exercício da empatia com a contação de histórias também gera maior vinculação
entre os alunos com e sem deficiência, trazendo um clima grupal de maior harmonia. Porém,
o reforço positivo, diferente dos controles aversivos, demoram mais para gerarem os
resultados esperados, podendo demorar de um ano ou mais para que os comportamentos
indesejados de bullying, exclusão e discriminação, por exemplo, desapareçam do cenário
escolar.
Assim, espera-se que em cerca de dois anos, os resultados de inclusão dos alunos com
deficiência e de ensino não-tradicionalista seja alcançado dentro das condições adequadas de
engajamento e disponibilidade da instituição escolar e seu corpo institucional.
5.2. Recomendações para futuras intervenções ou ajustes
O reajuste das intervenções não pode retroceder ao estilo tradicional de ensino, a fim
de que as mudanças sejam duradouras e tenham bons resultados no cenário escolar, pois o
contexto tem fundamental importância nos comportamentos que desejamos instaurar, reforçar
e até mesmo substituir. Logo, a metodologia do ensino ativo, do aluno participativo, das
atividades extra-classe, do estímulo às habilidades sociais e de empatia, do olhar atento do
educador de maneira horizontal e do reforçamento positivo é essencial.
Assim, caso sejam necessários novos ajustes comportamentais, exercícios e atividades
educacionais devem ser repensadas de modo a reforçar positivamente os comportamentos
desejados e de ignorar os indesejados, além de modelar comportamentos por aproximações
sucessivas ao comportamento esperado e o reforço positivo. Por exemplo, caso o sistema de
créditos torne-se falho ou insuficiente, deve-se pensar na atividade do “Ganhamos Juntos”,
em que o reforço positivo é atribuído quando não se apresenta os comportamentos indesejados
de maneira geral, e também no “Intervalo “Mágico”, em que os alunos organizam-se em
grupos variados para coordenar atividades extra-classe e agirem para incluir e proteger os
alunos com deficiência vítimas de bullying e segregação, reforçando suas habilidades sociais
(MANZINI, 2018).
Por fim, o ensino continuado permitirá ao corpo docente da instituição avaliar e
repensar os cenários comportamentais e as maneiras efetivas de reforço positivo que podem
ser aplicados rumo ao desejado, sendo indiscutível a necessidade de sempre manterem-se
atualizados em tais recursos.
5.3. Plano de manutenção para sustentar os ganhos comportamentais
A manutenção dependerá, em certa medida, que a escola e o corpo docente
esforcem-se de maneira continuada a serviço da instauração dos novos repertórios,
utilizando-se dos esquemas de reforço contínuo no início da modificação para o controle
efetivo e, posteriormente, o reforço intermitente (com certas pausas não previsíveis),
permitindo que o repertório faça parte do hábito dos membros da Escola Municipal Marielle
Franco.
Além disso, a mudança do clima escolar para não competitivo e meritocrático faz-se
fundamental para que tais mudanças permaneçam vigentes nos comportamentos dos alunos e
dos professores. O tradicionalismo metodológico não favorece que o reforçamento positivo
esteja vigente como método de ensino e aprendizado, de modo que o controle aversivo nesse
modelo sempre retorna.
Logo, as mudanças devem ter caráter permanente em um compromisso, mas em
constante renovação em sua constituição enquanto formação profissional, estratégias de
ensino, estrutura da sala de aula e dinâmicas entre alunos e professores.
7. Referências bibliográficas
SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. Trad. Rodolpho Azzi. São Paulo, SP: Herder, Ed. da
Universidade de São Paulo, 1972.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 11a Ed. São Paulo: Martins Fontes.
2003
MANZINI, R. G. P. Estratégias de prevenção ao Bullying na perspectiva da Análise do
Comportamento. Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento Formação em
Terapia Analítico Comportamental Infantil, Brasília-DF, out. 2018.
Educação inclusiva Pessoa com deficiência
O Decreto n. 5096/04 definiu como pessoa com
Procura eliminar barreiras e restrições no deficiência aquela que possui limitação ou incapacidade
processo educacional, buscando proporcionar para o desempenho de atividade, considerando as
o acesso e a qualidade do ensino para todos os seguintes categorias: a) deficiência física; b) deficiência
estudantes auditiva; c) deficiência visual; d) deficiência mental; e)
deficiência múltipla.

Educação Inclusiva Alunos: Adriano, Ana Beatriz, Brenno, Carlos e Marina

Política educacional inclusiva no Brasil


Os resultados do Censo Escolar da Educação Básica de 2008 Inclusão
apontam um crescimento significativo nas matrículas da educação
especial nas classes comuns do ensino regular. O índice de Ato de incluir ou acrescentar coisas ou pessoas
matriculados passou de 46,8% do total de alunos com deficiência, em em núcleos que não pertenciam anteriormente.
2007, para 54% no ano passado. Estão em classes comuns 375.772 Permite que todos sujeitos integrem dimensões
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e do ambiente
altas habilidades ou superdotação.
Reforço positivo Contingências Controle aversivo
Após o comportamento, ocorre o Relação de dependência entre eventos Controle exercido sobre a probabilidade de
aparecimento de um novo elemento no ambientais e comportamentais, isto é, ocorrência do comportamento por
ambiente que leva ao aumento da uma forma/instrumento de análise de consequências reforçadoras negativas e
frequência comportamental deste. representar como determinados consequências punitivas positivas e negativas.
Relaciona-se a reforços que demandam comportamentos surgiram e se mantém Esse tipo de manipulação comportamental
mais tempo no esquema de planejamento em um determinado contexto. pode gerar respostas emocionais indesejáveis
comportamental para gerar resultados no para os indivíduos
repertório dos indivíduos.

Punição
Conceitos primordiais na Consiste na diminuição da
ocorrência de um
Análises do Comportamento comportamento pela retirada ou
introdução de um estímulo.

Esquemas de reforço Cultura


O conceito de esquema de reforço diz respeito, Conjuntos comportamentais que se repetem em um grupo de
justamente, a quais critérios uma resposta ou conjunto de indivíduos que se encontram em um mesmo contexto social e
respostas deve atingir para que ocorra o reforçamento. É histórico, assemelhando-se a hábitos. Assim, o planejamento
dividido, basicamente, em reforço contínuo e intermitente, cultural seria a manipulação e mudança desse repertório
nesse primeiro toda resposta é seguida da apresentação comportamental, ampliando-o e mantendo os novos
de um estímulo reforçador. Já no esquema intermitente, comportamentos, garantindo a sobrevivência dessa cultura.
nem todas as respostas são reforçadas.
Níveis de análise do comportamento Modelo biopsicossocial da deficiência
O behaviorismo entende o comportamento em níveis: O modelo biopsicossocial reconhece o papel dos fatores
ontogenético, filogenético e cultural. Nesta perspectiva, ambientais na criação da incapacidade, em uma perspectiva
a deficiência como fator biológico deve sim ser biológica, individual e social, considerando as múltiplas
analisada, mas também é preciso considerar muitos perspectivas que se expressam no modelo multidimensional.
outros fatores, sejam eles culturais, sociais, econômicos, Portanto, a partir tanto da perspectiva biopsicossocial quanto da
ou mesmo pedagógicos, tipicamente produzidos pelo comportamental, entende que cabe à sociedade o papel de
contexto de aprendizagem de cada estudante, em cada programar e modificar suas práticas para atenuar a
sala de aula. desigualdade e promover a inclusão.

Questões educacionais pelo


olhar Behaviorista
O despreparo do professor
Consequências do controle aversivo O professor no modelo tradicional encontra-se em uma posição de transmissor de
conteúdo, no qual se utiliza amplamente do controle aversivo e não se amplia os
O controle aversivo utiliza o reforço negativo e a punição para recursos educacionais para além da punição e do reforço negativo. Assim, um
manipulação do comportamento. Essa técnica manipuladora tem despreparo formativo continuado desse profissional o impede de ampliar as
rápido efeito, em contrapartida a outras técnicas bahavioristas. perspectivas educacionais (como o reforço positivo e técnicas de ensino
Contudo, o uso do controle aversivo pode levar a reações diversificadas) e de atender aos alunos com deficiências na sala de aula. O
emocionais prejudiciais- como ansiedade, medo e agressividade- professor, como a figura central no manejo das contingências nas escolas,
e a respostas de fuga e esquiva. encontra-se carente de formação, prática e estrutura para uma manipulação
adequada dos comportamentos e aprendizagem.
A importância da mudança educacional Sala de aula reforçadora
O sistema de ensino contemporâneo baseado em uma perspectiva A sala de aula é um ambiente primordial no processo de
metodológica de controle aversivo exerce efeitos maleficos no processo de aprendizagem, tanto para o professor, quanto para o aluno. A
aprendizagem, tanto em professores quando em alunos, como respostas análise do comportamento salienta que técnicas reformadora no
emocionais de medo ou ansiedade, reações de fuga e esquiva. Essa próprio ambiente educacional é fundamental para o atento da
realidade exerce exigências sobre o aprendizagem do aluno, podendo produtividade dos integrantes. Assim , o ambiente das salas de
precioná-lo a seguir um modelo determinado ou a atender expectativas do aula podem conter: diferentes cores com fins didáticos, que
sistema. Tal perspectiva gera comportamentos de ansiedade e pânico nos auxiliam nos estímulo visual dos alunos; múltiplas figuras que
alunos. Dado a urgência de uma educação inclusiva esse sistema integrem os debates particulares de cada sala de aula; distintas
metodológico deve ser abandonado e substituído pelo método mais posições das cadeiras, a fim de que os alunos se sintam livres para
adequado defendido pelo behaviorismo: o reforço positivo. expressar ideias ou opiniões etc

Técnicas educacionais
inclusivas
Aluno ativo
Papel do professor A análise do comportamento entende o estudante
como um ser ativo na produção e reprodução do
O professor deve atuar como um facilitador do ensino, manipulando as contingências conhecimento. Essa perspectiva salienta que,
em sala de aula para que os comportamentos dos alunos e seu aprendizado ocorra juntamente com o professor, o aluno deve buscar
de maneira eficiente. O controle aversivo deve ser substituído pelo reforço positivo, meios que o coloquem no centro do processo de
para evitar as respostas emocionais e os comportamentos de esquiva e fuga. Assim, aprendizagem, sendo um componente ativo na
o aluno aproxima-se do aprendizado ativo. Para tal, o professor deve formar-se de aquisição de comportamento. Procurar materiais
maneira continuada em teoria, prática e manejo dessas técnicas de reforço positivo. extras, propor mudanças educacionais, fazer críticas e
perguntas etc.
Proposta na intersecção tradicional da Análise do Comportamento com a
Educação Especial na perspectiva inclusiva enquanto uma intervenção
analítico-comportamental educacional abrangente, abrangente pois avalia e
ICIP- Intervenção Comportamental cria planos de ensino individualizados para todas as áreas deficitárias, podendo
Intensiva e Precoce ocorrer em múltiplos contextos e ser implementada por diferentes agentes de
acordo com as necessidades e potencialidades de cada criança. Reconhecida
especialmente - mas não limitada - por sua validação internacional para
crianças com TEA

Propostas educacionais
inclusivas
O Sistema Personalizado de Ensino (PSI) é uma metodologia de ensino alicerçada em princípios e
procedimentos analítico-comportamentais. Sua diferença com o sistema tradicional de ensino se dá por
cinco principais características:
1. Aulas e palestras como veículos de motivação: Aulas expositivas não são a principal estratégia de
ensino, mas possuem um papel motivacional
2. Ênfase na palavra escrita: Todo material do aluno deve estar acessível sempre que ele precisar. No PSI
todas as informações devem ser passadas para o papel Sistema Personalizado
3. Ritmo próprio de aprendizado: Cada aluno avança na disciplina de acordo com suas habilidade e
disponibilidade de tempo de Ensino (PSI)
4. Domínio sequencial de conteúdo: O conteúdo da disciplina é dividida em unidades
5. Papel indispensável do professor: Importante para solucionar dúvidas e dá feedback aos estudantes
A experiência desse tipo de proposta educacional no contexto brasileiro foi realizada em uma realidade
universitária em que os professores estavam motivados, porém na conjuntura de escolas públicas brasileiras
em que professores estão sobrecarregados, o PSI pode não ser útil, já que exige grande dedicação dos
docentes

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