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SUMÁRIO

1 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA TERAPIA COGNITIVO


COMPORTAMENTAL ................................................................................................. 4

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DAS


TERAPIAS COMPORTAMENTAIS ............................................................................. 9

3 Principais conceitos que fundamentam a prática psicoterápica nas


abordagens comportamentais: .................................................................................. 14

3.1 Condicionamento Respondente ......................................................... 14

3.2 Resposta não condicionada ............................................................... 15

3.3 Estimulo condicionado........................................................................ 15

3.4 Condicionamento Operante................................................................ 16

4 Aprendizagem Social ................................................................................ 16

4.1 Análise Funcional do Comportamento................................................ 17

5 Reforçamento ........................................................................................... 20

6 Punição ..................................................................................................... 21

6.1 Punição Positiva (+): .......................................................................... 21

6.2 Punição Negativa (-): .......................................................................... 21

7 Extinção .................................................................................................... 22

8 Esquiva ..................................................................................................... 23

9 Generalização de Estímulos ..................................................................... 24

10 Discriminação de Estímulos .................................................................. 24

11 Modelagem ............................................................................................ 25

12 Indicações e Contraindicações das Terapias Comportamentais (TC) ... 25

13 Contraindicações: .................................................................................. 25

14 Postulados Formais da Teoria Cognitiva ............................................... 26

15 Princípios da Psicoterapia Cognitiva ..................................................... 28

16 PRINCIPAIS CONCEITOS DAS TCC ................................................... 29


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17 Cognição e Consciência ........................................................................ 30

18 Esquemas .............................................................................................. 30

19 Crenças Centrais e Intermediárias ........................................................ 31

20 Pensamentos Automáticos .................................................................... 32

21 Distorções Cognitivas ............................................................................ 34

22 Falácia da mudança .............................................................................. 38

23 Foco no julgamento ............................................................................... 38

24 Depois eu faço: Procrastinação: ............................................................ 38

25 Tríade Cognitiva .................................................................................... 38

26 TERAPIA RACIONAL EMOTIVA COMPORTAMENTAL DE ALBERT


ELLIS 39

27 TEORIA SÓCIO- COGNITIVA ............................................................... 43

28 A auto-eficácia ....................................................................................... 48

29 Agressão ............................................................................................... 49

30 Terapia .................................................................................................. 51

31 Terapia do Auto-Controle ...................................................................... 51

32 Terapia de modelagem .......................................................................... 52

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 53

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1 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMEN-
TAL

Na década de 50, nos Estados Unidos, devido à emergência das ciências cog-
nitivas, o contexto já sinalizava uma transição generalizada para a perspectiva cogni-
tiva de processamento de informação, com clínicos defendendo uma abordagem mais
cognitiva aos transtornos emocionais. Nessa época, observou-se uma convergência
entre psicanalistas e behavioristas com respeito à sua insatisfação com os próprios
modelos de depressão, respectivamente, o modelo psicanalítico da raiva retroflexa e
o modelo behaviorista do condicionamento operante. Clínicos apontavam para a vali-
dade questionável desses modelos como modelos de depressão clínica.
Nas décadas de 60 e 70, observou-se o afastamento da psicanálise e do beha-
viorismo radical por vários de seus adeptos. Em 1962, Ellis, propôs a RationalEmoti-
veTherapy, a primeira psicoterapia contemporânea com clara ênfase cognitiva. Beha-
vioristas como Bandura (Princípios de Modificação do Comportamento, 1969; Teoria
da Aprendizagem Social, 1971), Mahoney (CognitionandBehaviorModification, 1974)
e Meichenbaum (CognitiveBehaviorModification, 1977) publicaram importantes obras,
em que apontaram os processos cognitivos como cruciais na aquisição e regulação
do comportamento, bem como estratégias cognitivas e comportamentais para inter-
venção sobre variáveis cognitivas. Martin Seligman, na mesma época, propôs a Teoria
do Desamparo Aprendido, uma teoria essencialmente cognitiva, e suas revisões, que
resultaram na Teoria dos Estilos de Atribuição, como relevantes para processos psi-
cológicos na depressão.
Fundamentalmente, a influência mais importante, e a que deu origem à Terapia
Cognitiva, foram os experimentos e observações clínicas do próprio Beck.
Na área de seus experimentos, Beck inicialmente explorou o modelo psicana-
lítico da depressão como agressão retroflexa, através de estudos de exploração do
conteúdo dos sonhos e de manipulação de humor e desempenho com depressivos.
Contrariando o modelo psicanalítico, Beck reuniu dados que apontaram para a de-
pressão como refletindo simplesmente padrões negativos de processamento de infor-
mação.
Na área de suas observações clínicas, Beck observou que, durante a livre-
associação, pacientes não relatavam um fluxo de pensamentos automáticos, pré-

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conscientes, rápidos e específicos. Investigando, notou que tais fluxos de pensamen-
tos funcionavam como uma variável mediacional entre a ideação do paciente e sua
resposta emocional e comportamental. Em contraposição ao modelo psicanalítico mo-
tivacional da depressão, esses pensamentos expressavam uma negatividade, ou pes-
simismo, geral do indivíduo contra si, o ambiente e o futuro.
Com base em suas observações clínicas e experimentais, Beck propôs a teoria
cognitiva da depressão. A negatividade geral expressa pelos pacientes, segundo ele,
não era um sintoma, mas desempenhava uma função central na instalação e manu-
tenção da depressão. Depressivos sistematicamente distorciam a realidade, apli-
cando um viés negativo em seu processamento de informação. Beck aponta a cogni-
ção, e não a emoção, como o fator essencial na depressão, conceituando-a, portanto,
como um transtorno de pensamento e não um transtorno emocional. E propõe a hipó-
tese de vulnerabilidade cognitiva, como a pedra fundamental do novo modelo de de-
pressão, e a noção de esquemas cognitivos.
Na primeira metade do século XX, a psicanálise, em suas várias orientações,
dominava o campo da psicoterapia. No entanto, ao redor dos anos 50, cientistas co-
meçaram a questionar os fundamentos teóricos e a eficácia da psicanálise, enquanto
que, ao mesmo tempo, a teoria da aprendizagem e dos processos de condiciona-
mento, e a abordagem comportamental derivada delas, começaram a influenciar a
pesquisa e a clínica psicológicas.
Pavlov, o cientista que primeiro descreveu e analisou os processos de condici-
onamento, expressou seu interesse em suas possíveis aplicações clínicas. Nos anos
pós-guerra, a teoria da aprendizagem, proposta por Clark Hull, mostrou-se a orienta-
ção dominante na maioria dos departamentos de Psicologia, especialmente nos Es-
tados Unidos. Em seguida, porém, encontrando obstáculos teóricos que resultaram
em seu enfraquecimento e descrédito, cedeu lugar às propostas de B.F.Skinner.
Os primeiros teóricos-clínicos, nesse estágio precoce, acreditavam firmemente
que a terapia comportamental deveria continuar intimamente associada ao behavio-
rismo dos anos 50 e 60. Os princípios fundamentais do behaviorismo, que desafiaram
a psicanálise ortodoxa, podiam ser assim resumidos: a mente não representava um
objeto legítimo de estudo científico; o problema do paciente se limitava ao seu com-
portamento observável, contra a necessidade de se invocar processos não-observá-

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veis, e não-testáveis, como os processos inconscientes; o foco da avaliação e trata-
mento deveria ser dirigido ao que poderia ser observado, operacionalizado e medido;
na modificação do comportamento, os fatores importantes eram os que concorriam
para a manutenção do problema do paciente, ao invés de sua suposta origem; e, fi-
nalmente, o método científico provia um enquadre legítimo para o desenvolvimento
de uma teoria e uma prática clínica, em que a compreensão e a aplicação de princípios
teóricos e terapêuticos avançaria melhor através da observação empírica sistemática.
Entretanto, o desenvolvimento da terapia comportamental na Inglaterra e nos
Estados Unidos seguiu trajetos paralelos e distintos, até que, com o tempo, essas
distinções se atenuaram.
Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) é um termo genérico que abrange
diversas abordagens, dentro do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental, que
tem comprovado sua eficácia no tratamento de diversos transtornos neuropsiquiátri-
cos em diversas etapas do desenvolvimento humano.
A terapia comportamental mostrou-se promissora, especialmente no trata-
mento de fobias e transtornos obsessivo-compulsivos. Entretanto, muito cedo suas
limitações teóricas e aplicadas se tornaram claras, especialmente com relação à limi-
tada gama de transtornos para os quais se mostrava eficaz.
Nos anos 60, as teorias dominantes em Psicologia mudaram seu foco do poder
do ambiente sobre o indivíduo para os processos racionais, como fonte de direção
das ações humanas, refletidos nas expectativas, decisões, escolhas e controle do in-
divíduo, prenunciando os efeitos da revolução cognitiva sobre a clínica, através da
emergência das orientações cognitivas.

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Fonte: slideplayer.com.br

Em vista do reduzido sucesso no tratamento da depressão por terapeutas com-


portamentais, e a despeito da resistência da terapia comportamental a conceitos e
técnicas cognitivos, quando Beck (1970) declarou que: "embora auto relatos de expe-
riências privadas não sejam verificáveis por outros observadores, esses dados intros-
pectivos provêm uma riqueza de hipóteses testáveis", ele encontrou uma audiência
interessada. Além disso, havia ainda o fato de que ele estava articulando preocupa-
ções de um número crescente de clínicos, que advogavam a atenção dos behavioris-
tas para uma fonte valiosa de dados e compreensão clínica: a cognição. Reassegura-
dos por características do modelo cognitivo proposto por Beck, que incluía tarefas
comportamentais, sessões estruturadas, prazo limitado de tratamento, comprovação
científica, e registro diário de experiências mal adaptativas, etc., os escritos de Beck
encontraram surpreendente interesse por parte dos comportamentais. Superando
suas resistências, os comportamentais passaram a incluir técnicas cognitivas em seus
programas de tratamento, ao mesmo tempo em que reconhecidos behavioristas pas-
saram a tomar a cognição como um construto mediacional entre o ambiente e o com-
portamento.
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No entanto, outra fonte de desconfiança para os behavioristas, incluindo o pró-
prio Eysenck, referia-se especialmente ao fato de que a terapia cognitiva desenvolveu-
-se independente da, ou em paralelo à Psicologia Cognitiva como ciência básica, vio-
lando a máxima behaviorista de que a ciência psicológica deveria fundamentar a Psi-
cologia Clínica. Mas o sucesso da Terapia Cognitiva no tratamento da depressão con-
correu para neutralizar essas resistências.

Fonte: semiotica-en-la-psicologia.webnode

Curiosamente, à medida que conceitos cognitivos eram incorporados à prática


comportamental, dando dessa forma origem às terapias cognitivo-comportamentais,
notou-se que além da superioridade em eficácia no tratamento da depressão, as téc-
nicas cognitivas demonstraram eventualmente também sua superioridade no trata-
mento dos transtornos de ansiedade, o campo onde a terapia comportamental havia
alcançado sucesso incontestável.
A introdução de conceitos e técnicas cognitivos na terapia comportamental
coincidiu com a queda da teoria da aprendizagem de Hull, que provia a fundação teó-
rica da terapia comportamental. Por outro lado, a absorção de conceitos cognitivos
possibilitava, entre outras vantagens, maior valor explanatório, maior abrangência na
aplicação da terapia comportamental, especificidade mais acurada, e a possibilidade

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de ênfase ao conteúdo psicológico, por exemplo, ao especificar o conteúdo cognitivo
dos transtornos de pânico.
Essas vantagens acabaram por garantir a incorporação de técnicas e concei-
tos cognitivos à terapia comportamental, resultando na consagração da nova orienta-
ção, a terapia cognitivo-comportamental, entre os comportamentalistas.

Fonte: ethospsi.com

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DAS TERA-


PIAS COMPORTAMENTAIS

Os terapeutas comportamentais empregam técnicas baseadas na moderna te-


oria da aprendizagem;
Os terapeutas comportamentais empregam técnicas derivadas de pesquisa ci-
entífica e prática clínica;
O terapeuta comportamental enfatiza:
 A mudança manifesta como principal critério para avaliar o tratamento;
 Os determinantes atuais do comportamento em vez de determinantes históri-
cos;
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 A especificação do tratamento em termos objetivos.
Pontos ressaltados na avaliação comportamental:
A identificação de comportamentos específicos, frequentemente chamados de
comportamentos- alvo ou respostas-alvo;
A identificação de fatores ambientais específicos que possam ser manipulados
para alterar o comportamento.
A Terapia Cognitiva utiliza o conceito da estrutura “biopsicossocial” na determi-
nação e compreensão dos fenômenos relativos a psicologia humana, no entanto
constitui-se como uma abordagem que focaliza o trabalho sobre os fatores cognitivos
da psicopatologia. Vem demonstrando eficácia em pesquisas científicas rigorosas
além de ser uma das primeiras a reconhecer a influência do pensamento sobre o
afeto, o comportamento, a biologia e o ambiente (Shinohara,1997; Shaw & Segal,
1999).
De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a acon-
tecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base nisso
comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o fu-
turo e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a uma
situação específica podendo chegar a conclusões também variadas. Em alguns mo-
mentos a resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro
de determinada cultura, em outros momentos estas respostas podem ser idiossincrá-
ticas derivadas de experiências particulares e peculiares a um indivíduo. Em qualquer
situação estas respostas seriam manifestações de organizações cognitivas ou estru-
turas.
Uma estrutura cognitiva é um componente da organização cognitiva em contraste
com os processos cognitivos que são passageiros (Beck, 1963; 1964). Assim, a teoria
cognitiva tem como objeto de estudo principal a natureza e a função dos aspectos cogni-
tivos, ou seja, o processamento de informação que é o ato de atribuir significado a algo.

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Fonte :www.psiconlinews

O objetivo da Teoria Cognitiva é descrever a natureza de conceitos (resultados


de processos cognitivos) envolvidos em determinada psicopatologia de maneira que
quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se como mal
adaptativos ou disfuncionais.
O objetivo da terapia cognitiva seria, ainda, o de fornecer estratégias capazes
de corrigir estes conceitos idiossincrásicos (Bahls, 1999; Biggs & Rush, 1999; Beck &
Alford,2000). No processo de psicoterapia cognitiva ocorre algo muito semelhante a
testagem empírica das teorias científicas: os sistemas de crenças pessoais são testa-
dos com relação à suas consequências e funcionalidade para a vida do paciente den-
tro de contextos específicos (Lima & Wielenska, 1993).
Este processo de testagem empírica ocorre a partir da aplicação de técnicas e
conceitos desenvolvidos na teoria cognitiva e por esta razão é imprescindível, para a
realização de uma terapia com bases verdadeiramente científicas, que o terapeuta
tenha um embasamento teórico sólido bem como um domínio das técnicas e uma boa
interação com a pessoa que buscou o tratamento, já que deve haver uma parceria
terapeuta-paciente nesta investigação cognitiva (Rangé, 1998a; Beck & Alford, 2000).
Aaron Beck realizou um trabalho de pesquisa com o intuito de verificar os pres-
supostos psicanalíticos acerca da depressão.

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Fonte: sites.google.com

Os estudos de Beck o levaram a deparar-se com resultados de outra natureza:


alguns pacientes apresentaram melhoras em resposta a algumas experiências bem-
sucedidas e não resistiram a estas mudanças, contrariando o esperado (Beck & Al-
ford,2000). Isto fez com que Beck e demais pesquisadores iniciassem uma sequência
de novos e diversos estudos sobre a depressão que passou a ser vista como um
transtorno cuja principal característica seria uma tendência negativa onde a pessoa
deprimida apresenta, muito frequentemente, expectativas negativas com relação ao
resultado de seus comportamentos e uma visão também negativa de si mesma, do
contexto em que está inserida e de seus objetivos (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979).
A partir disso os demais estudos desenvolveram-se de forma a testar estratégias de
modificação de tais tendências negativas existentes na depressão bem como a exten-
são da testagem deste novo modelo a outros transtornos. Beck e Alford (2000) defi-
nem cognição como a “função que envolve deduções sobre nossas experiências e
sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros” ou ainda “... o processo de identi-
ficar e prever relações complexas entre eventos, de modo a facilitar a adaptação a
ambientes passíveis de mudança”.
A teoria cognitiva possui dez axiomas formais que servem de ponto de apoio
para as demais proposições teóricas. O termo axioma refere-se a afirmações que não
podem ser deduzidas sendo independentes das demais afirmações existentes em
uma teoria científica.
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O funcionamento psicológico bem como a adaptação psicológica a determinado
contexto estão na dependência de “estruturas de cognição com significado” ou sim-
plesmente “esquemas”. O termo “significado” é, por sua vez, designado como o resul-
tado da ação de interpretar uma realidade determinada e a forma de relação desta
realidade com o self. A função da atribuição de significado é a adaptação a um con-
texto específico.

Fonte: www.keyword-suggestions.com

As estratégias adaptativas são ativadas a partir da atribuição de significado já


que este tem a função de “controle dos vários sistemas psicológicos” tais como o com-
portamental, o emocional, os sistemas de atenção e da memória.
Ocorrem influências entre os “sistemas cognitivos” e os demais sistemas psi-
cológicos de forma a interagirem. Uma “categoria de significado” apresenta implica-
ções que são padrões específicos de emoção, atenção, memória e comportamento.
Este fato denomina-se “especificidade do conteúdo cognitivo”. Os significados
são construídos pelo indivíduo, ou seja, não são componentes preexistentes da reali-
dade.
No entanto tais significados podem constituir-se como corretos ou incorretos
em relação a um contexto ou objetivo específicos. Os significados ditos incorretos são

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denominados como “disfuncionais” ou “mal adaptativos” no que se refere a ativação
dos sistemas.
Os erros (“distorções cognitivas” e “preconcepções”) podem acontecer tanto
em relação ao conteúdo cognitivo propriamente dito (significado) como em relação ao
processo de elaboração de significado (processamento cognitivo)

3 PRINCIPAIS CONCEITOS QUE FUNDAMENTAM A PRÁTICA PSICOTERÁ-


PICA NAS ABORDAGENS COMPORTAMENTAIS:

3.1 Condicionamento Respondente

Fonte :behavioristaemacao.

O condicionamento respondente é aquele que ocorre ao ser eliciado direta-


mente por um estimulo, sendo uma reação fisiológica do organismo como fechar o
olho diante de algo que se aproxima dele, retirar o braço diante de uma agulhada, etc.
O comportamento respondente se relaciona ao sistema nervoso autônomo e se ca-

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racteriza por respostas desencadeadas por um estimulo eliciador- eventos que prece-
dem imediatamente. Qualquer reflexo pode ser condicionado a responder a um esti-
mulo que era anteriormente neutro.
Todos os comportamentos respondentes apresentam as seguintes caracterís-
ticas:

1. Não são aprendidos, são universais;


2. Surgem involuntariamente;
3. São controlados pelos estímulos eliciadores, ou seja, pelos eventos que os pre-
cedem.
Os reflexos podem ser não condicionados ou condicionados (Skinner,2003).

3.2 Resposta não condicionada

É aquela que ocorre de forma automática e imediatamente após o estimulo não


condicionado. Estas respostas não requerem aprendizagem, pois são aparentemente
comuns em todas as espécies. A relação entre estímulo e resposta não condicionados
é conhecida como reflexo não condicionado.

3.3 Estimulo condicionado

É inicialmente um estímulo neutro que não desencadeia resposta. Contudo,


quando um estimulo neutro é pareado com um estimulo não condicionado ocorre a
aprendizagem.
O estimulo neutro, agora chamado de estimulo condicionado, realiza a mesma
ação da resposta não condicionada, nesse contexto nomeado de resposta condicio-
nada sem ser pareada com o estimulo não condicionado. A relação entre resposta e
estímulo condicionados é conhecida como reflexo condicionado (ou condicionamento
reflexo).

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3.4 Condicionamento Operante

O condicionamento operante é compreendido como o procedimento no qual


uma resposta é modelada no organismo através de reforço diferencial e aproximações
sucessivas. Neste tipo de condicionamento, a resposta gera uma consequência que
afeta a probabilidade de que ocorra novamente.
Quando a consequência é reforçada, a probabilidade de que o comportamento
ocorra aumenta, se for punitiva, além de diminuir a probabilidade de sua ocorrência
futura, gera outros efeitos colaterais.

Fonte: veritatissplendoriff.blogspot.com.br

4 APRENDIZAGEM SOCIAL

Capacidade de reproduzir um comportamento observado. Este tipo de apren-


dizagem distingue-se de outros tipos de aprendizagem por estar pautada na imitação
e, portanto, no fato de quem sem ela tais comportamentos dificilmente seriam apre-
endidos. Neste paradigma, considera-se que a aprendizagem seria muito mais de-
morada e deficiente se dependesse exclusivamente dos resultados do comporta-
mento.
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Em situações sociais, a aprendizagem ocorre principalmente através da obser-
vação de modelos sociais, por meio da imitação e reprodução do comportamento
dos outros. O paradigma da aprendizagem social comporta três pressupostos:

1. A aprendizagem ocorre por observação de um modelo, o que implica a ocor-


rência de quatro fases:
 Modelagem (observação em si);
 Reprodução ou prática do comportamento observado;
 Monitorização (feedback que se recebe após a execução do comportamento);
 Fase do aperfeiçoamento e reforço.

2. As pessoas, comportamentos e ambientes interagem reciprocamente.


3. A auto eficácia estabelece que, tanto as aprendizagens que se verifiquem dire-
tamente através da pratica, quanto as que se verifiquem indiretamente através
da observação ou persuasão, são sempre orientadas cognitivamente através
da construção de teorias de auto eficácia que regulam o comportamento dos
indivíduos, estabelecendo as tarefas que escolhem, bem como o esforço e a
persistência na realização das mesmas.

4.1 Análise Funcional do Comportamento

Fonte :www.scielo.br

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O objetivo da análise funcional é identificar o comportamento-alvo da interven-
ção- aquele que está inadequado- e os elementos do ambiente que estão ocasio-
nando e mantendo esse comportamento.

Devem ser analisados:


 O produto do comportamento
 Seu contexto de ocorrência
 As operações motivadoras subjacentes a esse comportamento;
 A história de vida do sujeito.

Etapas da análise funcional:


 Observação do comportamento
 Identificação do comportamento- problema
 Identificação do produto do comportamento
 Identificação do contexto de ocorrência do comportamento
 Identificação das operações que motivam esse comportamento
 Ampliação da análise funcional do comportamento.
Avaliação A-B-C (antecedente- comportamento-consequente)

Fonte: pt.slideshare.net

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Conhecida também como tríplice contingência- é a relação de interdependência
entre estímulos e respostas.
A análise do comportamento utiliza a representação gráfica sobre como deter-
minados comportamentos estão relacionados, para estudar e entender como estes
comportamentos se relacionam com os estímulos que a eles se seguem.
Nesta relação, o estímulo consequente a uma classe de respostas altera a pro-
babilidade de emissão desta mesma classe de respostas no futuro, em uma situação
semelhante.
As contingências de reforçamento descrevem a probabilidade de ocorrência do
estabelecimento do controle de estímulos anteriores à resposta, em função da res-
posta e dos eventos produzidos por ela. Todos os elementos da contingencia influen-
ciam-se mutuamente, por isso a necessidade de descrever todas as possíveis rela-
ções entre eles.

Fonte: slideplayer.com.br

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5 REFORÇAMENTO

Por reforçamento pode-se entender qualquer operação que altere a chance de


uma resposta ocorrer no futuro. As operações como reforçamento positivo, reforça-
mento negativo, extinção, punição positiva e punição negativa fazem parte de um
único e amplo conceito chamado reforçamento.

A palavra reforço pode ter três significados distintos:


 Um reforçador, ou seja, um estímulo que quando produzido por uma resposta,
aumenta sua probabilidade de ocorrência;
 Um reforçamento, ou seja, uma operação em que reforçadores são apresenta-
dos;
 Um reforçamento enquanto procedimento, ou seja, uma situação em que al-
guém intencionalmente fornece consequências, especialmente para instalar,
manter ou manejar o responder de um organismo.

O termo reforçamento refere-se ao processo de aprendizagem que guia os


comportamentos que serão selecionados ao longo da vida de um indivíduo.
Constata-se que um comportamento foi reforçado a partir do momento em que
se podem observar suas consequências no ambiente, com base na frequência com
que o mesmo ato será emitido novamente.
Grande parte da manutenção dos comportamentos decorre da história de vida,
ou seja, daquilo que, ao longo da história individual, foi sendo aprendido e foi adquirido
valor reforçador.
Assim, o comportamento é conservado por suas consequências, e se estas
aumentarem a probabilidade do comportamento ocorrer novamente, sendo possível
afirmar que o comportamento foi selecionado, aprendido e, então, reforçado.

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Fonte: scienceblogs.com

6 PUNIÇÃO

Punição se refere à operação de se apresentar um estímulo aversivo- aquele


que aumenta a probabilidade de uma resposta que o remova- ou de se retirar um
estímulo reforçador positivo, de modo contingente a uma dada resposta, ocasionando
a diminuição temporária da frequência dessa mesma resposta.

6.1 Punição Positiva (+):

Promove a diminuição da frequência do comportamento, através da apresen-


tação de uma consequência desagradável, após a realização de um comportamento
não desejado.

6.2 Punição Negativa (-):

Promove a diminuição da frequência do comportamento, através da remoção


de um evento agradável, após a realização de um comportamento não desejado.

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Fonte: www.doglink.pt

A punição diminui a probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer, po-


rém não faz o organismo desaprender aquela relação com o seu ambiente (compor-
tamento), pois apenas diminui temporariamente as chances do comportamento ocor-
rer, apenas enquanto esse comportamento puder ser punido.
A punição não altera a motivação, apenas suprime temporariamente a res-
posta. As punições fazem com que os indivíduos apenas tornem-se especialistas em
fuga e esquiva.
O comportamento continua como potência, estando apenas impedido de ser
realizado. O que skinner propõe é que apenas os estímulos positivos são capazes de
eliciar uma mudança mais efetiva no comportamento.

7 EXTINÇÃO

A extinção é o processo que consiste em diminuir a frequência de ocorrência


de uma resposta, por supressão do reforço que a mantinha. A extinção é considerada
um modo efetivo para se eliminar uma resposta do repertório comportamental de um
indivíduo.
Na extinção, o comportamento tende a diminuir de frequência, em função da
retirada de reforços contingentes à resposta (aqueles que são responsáveis pela sua
manutenção), o que pode diminuir ou eliminar sua emissão.

22
8 ESQUIVA

Fonte: slideplayer.com

A esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e in-


condicionados estão separados por um intervalo de tempo, permitindo que o indiví-
duo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a intensidade
do segundo.
As ocorrências passadas de reforçadores negativos condicionados são respon-
sáveis pela esquiva. Quando os estímulos ocorrem nessa ordem, o primeiro torna-
se um reforçador negativo condicionado (aprendido) e a ação que o reduz é refor-
çada pelo condicionamento operante.

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9 GENERALIZAÇÃO DE ESTÍMULOS

Fonte: slideplayer.com.

Consiste na execução de respostas que são condicionadas perante estímulos


semelhantes, porém não iguais.
Assim a generalização é a capacidade de responder de forma similar a estímu-
los que têm uma propriedade comum entre si, ou seja, responder da mesma maneira
a todos os estímulos de uma mesma classe.

10 DISCRIMINAÇÃO DE ESTÍMULOS

Consiste na capacidade de discernir estímulos semelhantes, produzindo a res-


posta apenas no estímulo correto. A discriminação é uma resposta às diferenças entre
os estímulos. O procedimento de discriminação ocorre condicionando-se uma res-
posta na presença de um estímulo e extinguindo-a na presença de outro.

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11 MODELAGEM

O instrumento fundamental de modelagem é o reforço. Através de reforçamento


diferencial de respostas sucessivas, instalam-se novas respostas, ainda não existen-
tes no repertório comportamental de um organismo, facilitando a aprendizagem destas
respostas. Este processo é conhecido também como método das aproximações su-
cessivas.
Através do reforçamento positivo, são instaladas novas respostas por meio de
um processo gradativo de aprendizagem, em face de um dado comportamento.
Portanto, a modelagem consiste no processo de reforçar gradualmente as res-
postas mais adequadas, com o intuito de obter o comportamento desejado.

12 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DAS TERAPIAS COMPORTAMEN-


TAIS (TC)

 Indicações:
 Fobias;
 Transtornos de Ansiedade;
 Transtorno obsessivo-compulsivo;
 Disfunções Sexuais;
 Dificuldades de relacionamentos interpessoais;
 Reabilitação de doentes crônicos;
 Depressão;
 Transtornos alimentares;
 Problemas de comportamento na infância e adolescência;
 Abuso e dependência de álcool e drogas;
 Autoconhecimento.

13 CONTRAINDICAÇÕES:

 Níveis de ansiedade muito elevados ou incapacidade de tolerar aumento dos


níveis de ansiedade (transtorno de ansiedade borderline,histriônica);

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 Depressão grave;
 Transtornos de personalidade grave, incapacidade de estabelecer um vínculo
com o terapeuta (personalidade esquizoide ou esquizotípica);
 Incapacidade de estabelecer um relacionamento honesto com o terapeuta
(personalidade antissocial);
 Ausência de motivação.

A terapia comportamental (TC) baseia-se nas teorias e nos princípios da apren-


dizagem para explicar o surgimento, a manutenção e a eliminação dos sintomas.
A preocupação inicial da TC está em realizar uma avaliação detalhada dos pro-
blemas do paciente: quais os sintomas, as condições que determinam o seu apare-
cimento, seus antecedentes e suas consequências, bem como eventuais desenca-
deantes e as situações nas quais se manifestam os fatores que auxiliam a mantê-
los, os pensamentos relacionados e os mecanismos utilizados pelo paciente para
reduzir a ansiedade.

Fonte: www.estresse.com.br

14 POSTULADOS FORMAIS DA TEORIA COGNITIVA

Segundo Beck & Alford (2000) a teoria cognitiva pode ser sumarizada em 10
axiomas ou postulados formais:

26
1. O principal caminho do funcionamento ou da adaptação psicológica consiste
em estruturas de cognição com significado, denominadas esquemas. “Signifi-
cado” refere-se à interpretação da pessoa sobre um determinado contexto e da
relação daquele contexto com o self.

2. A função da atribuição de significado (tanto a nível automático como delibera-


tivo) é controlar os vários sistemas psicológicos (Ex: comportamental, emocio-
nal, atenção e memória). Portanto o significado ativo estratégias para adapta-
ção.

3. As influências entre sistemas cognitivos e outros sistemas são interativas.

4. Cada categoria de significado tem implicações que são traduzidas em padrões


específicos de emoção, atenção, memória e comportamento. Isto é denomi-
nado especificidade do conteúdo cognitivo.

5. Embora os significados sejam construídos pela pessoa, em vez de serem com-


ponentes preexistentes da realidade, eles são corretos ou incorretos em rela-
ção a um determinado contexto ou objetivo. Quando ocorre distorção cognitiva
ou preconcepção, os significados são disfuncionais ou mal adaptativos (em ter-
mos de ativação de sistemas). As distorções cognitivas incluem erros no con-
teúdo cognitivo (significado) no processamento cognitivo (elaboração de signi-
ficado), ou ambos.

6. Os indivíduos são predispostos a fazer construções cognitivas, falhas específi-


cas (distorções cognitivas). Estas predisposições a distorções específicas são
denominadas vulnerabilidades cognitivas.
7. As vulnerabilidades cognitivas específicas predispõem as pessoas a síndromes
específicas; especificidade cognitiva e vulnerabilidade cognitiva estão inter-re-
lacionadas.
8. A psicopatologia resulta de significados mal adaptativos, construídos em rela-
ção ao self, ao contexto ambiental (experiência) e ao futuro (objetivos), que
juntos são denominados de tríade cognitiva.

27
9. Cada síndrome clínica tem significados mal adaptativos característicos, asso-
ciados com os componentes da tríade cognitiva. Todos os três componentes
são interpretados negativamente na depressão.
10. Na ansiedade, o self é visto como inadequado (devido a recursos deficientes),
o contexto é considerado perigoso, e o futuro parece incerto.
11. Na raiva e nos transtornos paranoides, o Self é visto como sendo maltratado
ou abusado pelos outros, e o mundo é visto como injusto e em oposição aos
interesses das pessoas. A especificidade do conteúdo cognitivo está relacio-
nada desta maneira à tríade cognitiva:
12. Há dois níveis de significado:
13. O significado público ou objetivo de um evento, que pode ter poucas implica-
ções significativas para um indivíduo;
14. O significado pessoal ou privado. O significado, ao contrário do significado pú-
blico, inclui implicações, significação ou generalizações extraídas da ocorrência
do evento.
15. O nível de significado pessoal corresponde ao conceito de “domínio pessoal”.
16. Há três níveis de cognição:
17. O pré-consciente, o não intencional, o automático (pensamentos automáticos);
18. O nível consciente;
19. O nível meta-cognitivo, que inclui respostas “realísticas” ou “racionais” (adapa-
tivas).
20. Os esquemas evoluem para facilitar a adaptação da pessoa ao ambiente, e são
neste sentido estruturas telenômicas. Portanto, um determinado estado psico-
lógico (constituído pela ativação de sistemas) não é nem adaptativo nem mal
adaptativo em si, depende do ambiente social e físico mais amplo no qual a
pessoa está inserida.

15 PRINCÍPIOS DA PSICOTERAPIA COGNITIVA

Aaron Beck propôs os princípios da teoria cognitiva, enquanto sua filha Judith Beck
enumerou os princípios da Psicoterapia Cognitiva(Beck,1997):
 O paciente tem desenvolvimento contínuo, tanto antes quanto depois do trata-
mento. Delimita-se o problema a ser tratado, formulando-se a sua hipótese;
28
 É preciso que o paciente se sinto acolhido, que haja uma aliança terapêutica
segura. Ao final das sessões, mas não em todas, o terapeuta deve indagar ao
paciente como ele se sentiu na sessão.
 O cliente vai estar ativo, participando de sua melhora. No início, conforme o
caso, o terapeuta assume o direcionamento e, de acordo com a melhora. O
cliente vai participando mais ativamente;
 É orientada em meta e focaliza problemas;
 Enfatiza o presente, mas em três casos recorre ao passado:
1) Quando o paciente fala muito do passado;
2) Quando o trabalho atual não está dando resultado, fez-se tudo para mudar
as crenças, mas não foi possível, então volta-se ao passado;
3) Quando o terapeuta julga que é importante entender como e quando ideias
disfuncionais se originaram e como elas afetam o hoje;
 A terapia cognitiva é educativa. Ao sair da terapia, o cliente poderá fazer auto-
terapia;
 Visa ter um tempo limitado, não tem intenção de deixar ninguém pelo resto da
vida em terapia;
 As sessões são estruturadas. O terapeuta verifica o humor do cliente naquele
dia e prepara a agenda da sessão, obtém feedback da sessão anterior, revisa
a tarefa de casa, resume a sessão e busca feedback final;
 Ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e
crenças disfuncionais;
 Utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e compor-
tamento do cliente.

16 PRINCIPAIS CONCEITOS DAS TCC

A seguir apresentaremos os principais conceitos que fundamentam a prática


terapêutica nas abordagens cognitivo-comportamentais:

29
17 COGNIÇÃO E CONSCIÊNCIA

O termo cognição é aplicado para designar o conjunto de atividades e proces-


sos pelos quais um organismo adquire informação e desenvolve conhecimentos. São
mecanismos mentais que agem sobre as informações sensoriais, buscando sua inter-
pretação, classificação e organização.
Beck e colaboradores identificaram três níveis básicos de processamento cog-
nitivo: consciência, esquemas e pensamentos automáticos (Beck,1997; Clark et
al.,1999).
O nível mais alto da cognição é a consciência, um estado de atenção no qual
decisões podem ser tomadas racionalmente. A atenção consciente nos permite:
 1-Monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente;
 2- Ligar memórias passadas às exigências presentes;
 3-Controlar e planejar ações futuras (Sternberg,2008)

Na TCC, os terapeutas incentivam o desenvolvimento e a aplicação de proces-


sos conscientes adaptativos de pensamento, como pensamento racional e a solução
de problemas.

18 ESQUEMAS

São estruturas cognitivas que permitem a formação de significados, ou seja,


matrizes ou regras fundamentais para o processamento de informações, os quais co-
meçam a ser desenvolvidos desde cedo e que nos auxiliam a interpretar e explicar o
mundo (Clark et al.,1999; Wrigth et al.;2003).
Esses esquemas permitem ao ser humano selecionar, filtrar, codificar e atribuir
significado às informações vindas do meio ambiente (Wrigth et al.;2003).
As estruturas cognitivas são formadas a partir das primeiras relações com o
ambiente e as figuras cuidadoras, desde então a criança vai formando um sentido de
si e do mundo que a cerca.
Os esquemas são os núcleos iniciais e servem como modelo de processamento
das experiências posteriores, conduzindo o modo como a realidade é percebida e for-
mando a identidade.
30
As informações dissonantes com os esquemas tendem a ser descartadas ou
modificadas pelo indivíduo, a fim de manter-se adequado a estas matrizes; então a
tendência é que estas estruturas se perpetuem e sejam muito resistentes à mudança.
Clark,Beck e Alford (1999) propõe a existência de três grupos principais de es-
quemas:
 Esquemas simples: são regras sobre a natureza física do ambiente, gerencia-
mento prático das atividades cotidianas ou leis da natureza que podem ter
pouco ou nenhum efeito sobre a psicopatologia.
 Crenças e pressupostos intermediários- são regras condicionais como afirma-
ções do tipo se então..., que influenciam a autoestima e a regulação emocional.
 Crenças nucleares sobre si mesmo- são regras globais e absolutas para inter-
pretar as informações ambientais relativas à autoestima.
 Todas as pessoas tem uma mistura de esquemas adaptativos (saudáveis) e
crenças nucleares desadaptativas.

O objetivo da TCC é identificar e desenvolver esquemas adaptativos e, ao


mesmo tempo, tentar modificar ou reduzir a influência dos esquemas desadaptati-
vos.

19 CRENÇAS CENTRAIS E INTERMEDIÁRIAS

Alguns autores utilizam o termo crenças centrais como similar a esquema, con-
tudo, Beck enfatiza a diferença entre a estrutura cognitiva- esquema- e o conteúdo da
estrutura- crença central.
Assim, enquanto os esquemas são as estruturas cognitivas que organizam e
processam a entrada de informação e representam os padrões de pensamento adqui-
ridos ao longo do desenvolvimento da pessoa, as crenças dizem respeito ao próprio
conteúdo das cognições.
As crenças surgem a partir da interação social do indivíduo com o meio. Esse
processo começa nos primeiros estágios de desenvolvimento e fornece ao indivíduo
um “teoria” coerente sobre o mundo para que ele possa se adaptar à realidade.

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Crenças centrais são estruturas cognitivas constituídas pelas convicções bási-
cas que cada indivíduo tem sobre si mesmo, sobre o outro e sobre o mundo
(Beck,1997;Beck et al.,1997;Falcone,2001).
As crenças centrais são o nível mais fundamental de crença, sendo globais,
rígidas e supergeneralizadas. Por terem sua origem nos primeiros estágios de desen-
volvimento, estas crenças são tão antigas e enraizadas que o indivíduo as tem como
verdades absolutas, e nem lhe ocorre a possibilidade de questioná-las.
As crenças intermediárias são o nível existente entre as crenças centrais e os
pensamentos automáticos e compõe –se por regras e suposições, que em geral as-
sumem o contorno de um dever.
Este tipo de crença constitui uma forma de reduzir o sofrimento provocado pe-
las crenças centrais, correspondendo basicamente a regras e suposições tais como
“eu devo”,“eu tenho que”,“ se... então”.
Quando as crenças não são funcionais, acarretam em distorção da realidade e
transtornos mentais. As crenças são aprendidas e, portanto, podem ser revisadas,
desaprendidas e ensinadas outras.
Assim como a pessoa aprendeu crenças que hoje geram dificuldades e são
insatisfatórias, ela também pode desaprendê-las e aprender outras mais satisfatórias
e mais reais.

20 PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

Fonte :www.masci.com.br

32
São cognições que passam rapidamente por nossas mentes, quando estamos
em meio a situações ou relembrando acontecimentos.
Embora os indivíduos possam estar conscientes da presença de pensamentos
automáticos em um nível subliminar, normalmente não se costuma efetuar a análise
racional e cuidadosa dessas cognições.
Este tipo de pensamentos se desenvolver a partir das crenças centrais e são
interpretações imediatas, rápidas, espontâneas e involuntárias das experiências.
Elas são pré-conscientes e, na maior parte do tempo, permanecem despercebidos,
coexistindo com os fluxos de pensamentos mais manifestos.
Os pensamentos automáticos revelam a maneira como as situações são signi-
ficadas pelo indivíduo, e que distorções ele faz da realidade.
Pensamentos automáticos parecem surgir espontaneamente e, em geral, a
pessoa está mais ciente da emoção sentida em decorrência deles do que do próprio
pensamento. Inclusive, um dos indícios mais importantes de que os pensamentos
automáticos podem estar ocorrendo é a presença de emoções fortes. Quando trei-
nado, é possível ao indivíduo reconhecer estes pensamentos e identificar as crenças
centrais vinculadas a eles, e a partir daí realizar a análise racional sobre seu funcio-
namento.

Fonte: www.psicologosp.com

33
21 DISTORÇÕES COGNITIVAS

As distorções cognitivas são simplesmente maneiras que a nossa mente ar-


ranja, convencendo-nos de algo que não é realmente verdade. Estes pensamentos
imprecisos são normalmente utilizados para reforçar o pensamento e/ou emoções ne-
gativas, dizendo-nos coisas (nosso diálogo interno) que parecem racionais e precisas,
mas na verdade só servem para fazer-nos sentir mal acerca de nós mesmos.
Por exemplo, uma pessoa pode dizer a si mesmo: “Eu falho sempre que tento
fazer algo novo, eu, por conseguinte, fracasso em tudo que tento”. Este é um exemplo
do pensamento absolutista do tipo: “preto ou branco” (ou polarizado). A pessoa só vê
as coisas em termos absolutos. A pessoa acha que, se falhar numa determinada
coisa, faz com que no futuro fracasse em todas as coisas. O que pode levar à cons-
trução da crença: “Devo ser um perdedor e um fracassado”, o que também seria um
exemplo de generalização. A pessoa falha numa tarefa específica e generaliza para
a sua própria identidade. Ao aprender a identificar corretamente esse tipo de “pensa-
mento desajustado “, a pessoa pode agir de forma construtiva sobre o pensamento
negativo e, refutá-lo. Ao refutar o pensamento negativo uma e outra vez, aos poucos
este perderá a sua força e será automaticamente substituído por um pensamento mais
racional e equilibrado.

Aaron Beck, foi o psicólogo que popularizou as distorções cognitivas. Os erros


de cognição mais comuns são:
 Leitura mental: Você imagina que sabe o que as pessoas pensam sem ter
evidências suficientes. A pessoa acha que sabe o que os outros estão pen-
sando e não considera outras possibilidades mais prováveis. Por exemplo: “Ele
acha que sou um fracasso”. “Ele está pensando que eu não sei nada sobre
esse projeto”. “Ele pensa que sou uma idiota”. É possível perceber essa dis-
torção cognitiva quando apresenta-se um trabalho acadêmico em público, pois
normalmente a pessoa estará fazendo a seguinte leitura mental: “Ele está me
olhando assim pois deve estar pensando que estou falando abobrinhas.
 Advinhação do futuro: Você prevê o futuro – que as coisas vão piorar ou que
há perigos pela frente. Você acredita que o que aconteceu ou vai acontecer é
tão terrível e insustentável que não será capaz de suportar. A pessoa prevê o
34
futuro negativamente sem considerar outros resultados mais prováveis. Por
exemplo: “Seria horrível se eu fracassasse”. “Vou ser reprovado no exame” ou
“Não conseguirei o emprego”.
 Catastrofização: É quando nós aumentamos a gravidade das coisas, transfor-
mando uma dificuldade em uma impossibilidade, e uma situação difícil em uma
catástrofe. Meu filho ainda não chegou, deve ter acontecido algo ruim. Espe-
rarei mais um pouco, pois não conseguirei dormir mesmo”, ou “Meu namorado
não atende o celular, deve estar com outra. Tudo está bem entre nós, mas sei
que logo começará a me desapontar, pois não chegou ainda”.
 Rotulação: Você atribui traços negativos a si mesmo e aos outros. Quando a
pessoa habitua-se a colocar um rótulo global e fixo sobre si mesmo ou sobre
os outros sem considerar as ocorrências. Por exemplo: “Sou indesejável” ou
“Ele é uma pessoa imprestável” ou “Eu sou idiota mesmo!” ou “Quão burra eu
sou! ou” “Ele é um simplório!” ou “Os homens são todos iguais!” Esses rótulos
são simplesmente abstrações que levam à raiva, ansiedade, frustração e baixo
amor próprio.
 Desqualificação dos aspectos positivos: Você afirma que as realizações po-
sitivas, suas ou alheias, são triviais.”. A pessoa diz para si mesmo que experi-
ências, atos ou qualidades positivas não contam. Por exemplo: “É isso que se
espera das esposas de modo que não conta quando ela é legal comigo” ou
“Esses sucessos são fáceis, de modo que não importam” “Eu fiz bem aquele
projeto, mas isso não significa que eu seja competente; eu apenas tive sorte.”
A pessoa rejeita experiências positivas insistindo que elas não contam. Des-
qualificar o positivo tira a alegria da vida e faz a pessoa se sentir inadequada e
não recompensada. Este é o preço que a pessoa paga por não qualificar as
coisas que acontecem em seu cotidiano.
 Filtro negativo: Você foca quase exclusivamente os aspectos negativos e ra-
ramente nota os positivos. Por exemplo: “Veja todas as pessoas que não gos-
tam de mim”.
 Supergeneralização: Você percebe um padrão global de aspectos negativos
com base em um único incidente. A pessoa tira uma conclusão negativa radical
que vai muito além da situação atual. Exemplo: “Nessa escola não tenho ami-
gos, assim como era no colégio anterior.” A pessoa vê um episódio negativo

35
como uma rejeição amorosa e estabelece um padrão de pensamento para si-
tuações similares. Outros exemplos comuns: “Todos os meus namorados irão
me trair.”, “Isso geralmente me acontece. Parece que eu fracasso em muitas
coisas”.
 Pensamento dicotômico: Pensamento preto-e-branco, polarizado e tudo ou
nada, é 8 ou 80: A pessoa vê uma situação em apenas duas categorias em vez
de em várias alternativas. Exemplo: “Se eu não for um sucesso total, eu serei
um fracasso.” A pessoa perfeccionista normalmente faz uso constante desse
erro de pensamento e isso faz com que se sinta inadequado e desvalorizado
quando o sucesso esperado não vem. Pensamentos dicotômicos tendem a
contribuir para episódios depressivos e separações conjugais. Por exemplo:
“Sou rejeitado por todos” ou “Tudo isso foi perda de tempo”.
 Afirmações do tipo “deveria”: Você interpreta os eventos em termos de como
as coisas devem ser, em vez de simplesmente concentrar-se no que elas são.
Ditadura dos deverias: É muito comum em personalidades do tipo Obsessivo-
Compulsiva, pois emprega constantemente os termos: “eu deveria”, “eu tenho
que”. Pessoas com características perfeccionistas utilizam esse erro de pensa-
mento diariamente gerando ansiedade constante. A pessoa também cria ex-
pectativas exageradas em relação ao comportamento dos outros, gerando afe-
tos negativos quando estas não são preenchidas, bem como, adoecimento psi-
cológico do tipo: estresse, ansiedade generalizada, depressão. E, também,
acontecimentos indesejáveis como separação conjugal são pertinentes a esse
tipo de distorção cognitiva. Bem como, conflitos entre pais e filhos, educadores
e educandos, gerências e subordinados, entre outras relações interpessoais.
Por exemplo: “Eu deveria me sair bem. Caso contrário, serei um fracasso”.
 Personalização: Você atribui a si mesmo culpa desproporcional por eventos
negativos e não consegue ver que certos eventos também são provocados pe-
los outros, quando a pessoa guarda para si mesmo a inteira responsabilidade
sobre um evento que não está sob seu controle. Por exemplo: “Eu não cuidei
bem do meu filho, por isso ele está internado no hospital”. “Meu namorado me
traiu porque eu estava estressada.” “Meu casamento terminou porque falhei”.

36
 Atribuição de culpa/ Síndrome da Vítima: Você se concentra na outra pessoa
como fonte de sentimentos negativos e se recusa a assumir a responsabilidade
da mudança. Por exemplo: “Estou me sentindo assim agora por culpa dela” ou
“Meus pais são a causa de todos os meus problemas”.
 Comparações injustas: Você interpreta os eventos em termos de padrões ir-
realistas, comparando-se com pessoas que se saem melhor do que você e
concluindo, então, que é inferior a elas. Por exemplo: “Ela é mais bem-sucedida
do que eu” ou “Os outros se saíram melhor do que eu no teste”.
 Orientação para o remorso: Você fica preso à ideia de que poderia ter se
saído melhor no passado, em vez de pensar no que pode fazer melhor agora.
Por exemplo: “Eu poderia ter conseguido um emprego melhor se tivesse ten-
tado” ou “Eu não deveria ter dito isso”.
 E se…? Você faz uma série de perguntas do tipo “e se” alguma coisa aconte-
cer, e nunca fica satisfeito com as respostas. Por exemplo: “Sim, mas e se eu
não conseguir respirar? “E se eu perder o emprego?”. Essa distorção gera
muita ansiedade.
 Raciocínio emocional: Você deixa os sentimentos guiarem sua interpretação
da realidade. A pessoa pensa que algo deve ser verdade porque “sente” (em
realidade, acredita) isso da maneira tão convincente que acaba por ignorar ou
desconsiderar fatos e evidências. Exemplo: “Eu sei que eu faço muitas coisas
certas no trabalho, mas eu ainda me sinto como se eu fosse um fracasso”. Por
exemplo: “Sinto-me deprimida; consequentemente, meu casamento não está
dando certo”.
 Incapacidade refutar: Você rejeita qualquer evidência ou argumento que
possa contradizer os pensamentos negativos. Por exemplo, quando você
pensa “Não sou digna de amor”, rejeita como irrelevante qualquer evidência de
que as pessoas gostem de você. Consequentemente, o pensamento não é re-
futado. Outro exemplo: “Esse não é o problema real. Há problemas mais pro-
fundos, existem outros fatores.
 Buscar lógica em tudo (onde não há lógica). Exemplo: “Querer entender o
porquê de acontecimentos que ocorrem ao acaso encontrar o motivo ou o cul-
pado para tudo.

37
22 FALÁCIA DA MUDANÇA

Esperamos que as outras pessoas mudem para se adequarem a nós se fizer-


mos pressão ou as convencermos o suficiente. Precisamos de mudar as pessoas,
porque as nossas esperanças de felicidade parecem depender inteiramente delas.

23 FOCO NO JULGAMENTO

Você avalia a si próprio, os outros e os eventos em termos de preto-e-branco


(bom-mau ou superior-inferior), em vez de simplesmente descrever, aceitar ou com-
preender. Está continuamente se avaliando e avaliando os outros segundo padrões
arbitrários e concluindo que você e os outros deixam a desejar. Você se concentra
nos julgamentos dos outros e de si mesmo. Por exemplo: “Não tive um bom desem-
penho na faculdade” ou “Se eu for aprender tênis, vou me sair mal” ou “Veja como ela
faz sucesso. Eu não consigo”.

24 DEPOIS EU FAÇO: PROCRASTINAÇÃO:

A pessoa tende a deixar tudo para depois e vai adiando tarefas e acumulando
várias atividades, geralmente a procrastinação é desencadeada pela insegurança.
Essa distorção promove muita culpa. Ex: Na próxima semana começarei meu regime.

25 TRÍADE COGNITIVA

Este conceito diz respeito à forma como o indivíduo vê a si mesmo, o mundo e


o seu futuro. A tríade cognitiva surge a partir de esquemas e crenças ou conceitos
inflexíveis (um conjunto de elementos cognitivos disfuncionais), modelados em expe-
riências anteriores. Estes padrões geram pensamentos, pressuposições premissas e
desadaptativos.

38
26 TERAPIA RACIONAL EMOTIVA COMPORTAMENTAL DE ALBERT ELLIS

A Moderna Psicologia, desde seus primórdios, interessada em estudar o Com-


portamento e Funções Mentais, trava árdua luta para buscar seu reconhecimento
como disciplina independente. Para tal, submeteu-se, inicialmente, aos métodos de
estudo oriundos do modelo aplicado nas Ciências vigentes, principalmente os méto-
dos advindos da Física, da Fisiologia, das Ciências Biológica, com forte influência da
Teoria Evolucionista.
As Principais influências de base das Psicoterapias Comportamentais, foram o
Comportamentalismo (Método de Pesquisa, observação de eficácia e efetividade), a
Psicanálise (Representações Mentais), a Psicologia do Ego (insight – pensar a res-
peito do próprio pensamento e dar-se conta de suas disfunções para modificá-las) e,
o Humanismo rogeriano (Espírito Colaborativo).
A partir dos anos 60’, a Psicoterapia Cognitiva, teve como base as Escolas de
Modificação do Comportamento Cognitivo (Joseph Wolpe: Dessenssibilização Siste-
mática; Beck: Terapia Cognitivo-comportamental e Ellis: Terapia Racional Emotiva
Comportamental).
A Psicoterapia Cognitiva-comportamental, conforme Beck, 1964, “pauta-se por
ser um Psicoterapia Breve, estruturada e orientada ao presente, direcionada a resol-
ver problemas atuais e modificar os pensamentos e os comportamentos disfuncio-
nais”.
O Objetivo das TCC’s, segundo Beck, 1997, é produzir a mudança cognitiva,
no pensamento e no sistema de crenças, visando promover mudança emocional e
comportamental duradoura, através de estratégias cognitivas e comportamentais.
Como característica, a TCC, valoriza a tríade ambiente/indivíduo e comporta-
mento, sendo o pensamento a chave da abordagem, onde através do Empirismo Co-
laborativo, onde paciente e terapeuta trabalham juntos.

39
Fonte:pt.slideshare.net

A Terapia Racional Emotiva Comportamental, fundada por Albert Ellis em


1955, foi precursora ao evidenciar a influência de processos cognitivos sobre senti-
mentos e comportamentos. Ellis, inicia experimentando estilos de terapias diferentes,
como a terapia analítica eclética, influenciado pela filosofia grega e romana estóica.
Utiliza-se dos conceitos advindos do Comportamentalismo, da Aprendizagem Social,
da Metacognição e do Modelo Dialético.

O princípio fundamental está sustentado no pressuposto de que as circunstân-


cias não perturbam as pessoas, mas as pessoas perturbam-se pela sua visão das
circunstâncias. Assume, em decorrência deste princípio, que pensamento, emoção e
comportamento são inter-relacionados, numa relação sistêmica e, devem ser traba-
lhados juntos, através do Sistema ABCDE, onde: A (acontecimento ativador), B (cren-
ças irracionais), C (consequências emocionais e comportamentais), D (debate), E
(nova filosofia).

Com o objetivo de mudar a baixa tolerância à frustração e promover a mudança


emocional e comportamental profunda, adota métodos cognitivos, comportamentais e
emocionais. Utiliza-se de técnicas tais como a inundação, a dessensibilização, a ex-
posição ao vivo, treino de habilidades sociais acompanhado de mudanças básicas em
crenças irracionais.

40
Ellis trabalha com a categorização de regras para minimizar a vulnerabilidade
biológica – base biológica da “irracionalidade humana”, sede das “perturbações emo-
cionais”, tais como a “procrastinação” e a “falta de disciplina”.

Através de uma atitude enérgica, realiza o “questionamento ativo das filosofias


perturbadoras e auto derrotistas”, para desenvolver um sistema de “crenças mais ra-
cionais, adaptativas e saudáveis”, para minimizar as perturbações do “ego “e do “des-
conforto”, ampliando a flexibilidade cognitiva, fundamental para o equilíbrio emocional.

Almeja uma mudança dessas “filosofias perturbadoras”, do sistema de Crenças


Absolutistas”, baseado em obrigações e imperativos, base dos “Pensamentos Disfun-
cionais”, Centra-se, assim, nos sistema de valores dos pacientes, questionando o “ab-
solutismo das afirmações”, tais como: “Devo, absolutamente”; “Devo, ser tratado por,
absolutamente”; “As condições sob as quais vivo, devem ser absolutamente confortá-
veis, prazerosas e valiosas”.

Para finalizar, conforme as metas consoantes com a TREC, e para atingir um


grau de “felicidade razoável” devemos priorizar algumas crenças racionais que todo
ser humano deve ter desenvolvidas, tais como, o “auto interesse”, “interesse social”,
“auto direção”, “tolerância”, “flexibilidade”, “aceitação da incerteza”, “comprometi-
mento”, “pensamento científico”, “auto aceitação”, “correr riscos” e “expectativas rea-
listas”.

A TREC toma como valores a “sobrevivência “e a “felicidade”, minimizando o


desconforto emocional e as ocorrências de comportamentos “auto derrotistas”.

41
Fonte: slideplayer.com.br

Trata-se de um modelo para identificar a relação entre as adversidades “A”, os


pensamentos e crenças “B” e as emoções e comportamentos “C”. Ele nos habilita a
detectar os pensamento e avaliações feitas diante das situações, e também a perce-
ber o impacto dos mesmos em nossas emoções e comportamentos.
A crença ou avaliação podem ser entendidas como nosso diálogo interno, o
que cada um fala consigo mesmo internamente no pensamento, diante de qualquer
situação. Cada um tem suas características pessoais de dialogar internamente, o im-
portante é estarmos o mais consciente possível de nossas falar internas.
Se conseguirmos fazer avaliações positivas que nos fortaleçam, podemos ge-
rar bons resultados e um menor nível de estresse.
O benefício da psicoterapia é que ao mudarmos nossa maneira de pensar po-
demos nos sentir melhor mesmo que a situação não possa ser mudada.
Existem alguns padrões comuns de distorções no pensamento, que se relacio-
nam diretamente perturbações emocionais e comportamentais.
O trabalho psicoterapêutico é identificar e mudar estes padrões de pensa-
mento. Ao reformular nossa forma de pensar, melhoramos a habilidade de lidar com
o estresse e a ansiedade, e podemos nos sentir melhor com as adaptações nas situ-
ações diversas.
42
27 TEORIA SÓCIO- COGNITIVA

A teoria da aprendizagem social explica o comportamento humano em termos


da interação recíproca e contínua entre determinantes cognitivos, ambientais e com-
portamentais.
Apesar da teoria cognitiva social de Bandura ser uma forma de comportamen-
talismo menos extrema do que a de Skinner, a abordagem permanece ainda compor-
tamentalista. Bandura procura concentrar-se na observação do comportamento dos
indivíduos em interação. E ressalta o papel do reforço na aquisição e modificação dos
comportamentos. Para Bandura, as respostas comportamentais não são automatica-
mente "produzidas" por estímulos externos como a de um robô ou uma máquina, mas
sim, as reações a estímulos são auto ativadas. Quando um reforço exterior altera o
comportamento, ele o faz porque o indivíduo tem percepção consciente do que está
sendo reforçado e antecipa o mesmo reforço por comportar-se da mesma maneira.
Mesmo concordando com Skinner que o comportamento humano pode modifi-
car-se ao reforço, Bandura acredita, porém, que a imitação é um princípio de apren-
dizagem em si próprio e que a aprendizagem pode-se fazer por reforçamento, seja ao
próprio indivíduo, seja a um modelo. Essa capacidade para aprender pelo exemplo
supõe a aptidão de antecipar e avaliar consequências apenas observadas em outras
pessoas e ainda não vivenciadas. Portanto não há uma ligação entre um estímulo e
uma resposta, ou entre comportamento e reforço, como havia no caso do sistema de
Skinner.
Entretanto, há um mecanismo mediador, interposto entre os dois; esse meca-
nismo são os processos cognitivos da pessoa. E, a modelagem ou a aprendizagem
observacional envolve, em grande parte esses processos cognitivos.
Uma das principais contribuições de Bandura foi a explicação de como o com-
portamento foi adquirido na ausência de reforçamento. Este processo foi denominado
como aprendizagem observacional e pode ser encontrado também com os nomes
aprendizagem vicariante ou modelação.
De acordo, com Bandura, observar os modelos e o comportamento desses mo-
delos não é apenas questão de uma simples imitação; a aprendizagem observacional
também compreende processos cognitivos ativos.

43
Bandura considera que muitos aspectos do funcionamento da personalidade
envolvem a interação do indivíduo com outros.

Fonte: psicoativo.com

Ele afirma que o ser humano é capaz de pensamento e de autorregulação que


lhe permitem controlar seu ambiente tanto quanto ser moldado por ele.
As representações simbólicas de acontecimentos passados e da situação atual
norteiam o comportamento, e os processos autorreguladores possibilitam que as pes-
soas exerçam controle sobre o próprio comportamento (Hall,Lindzey e Camp-
bell,2000).
De acordo com Kazdin (1978), a partir da década de 60, a maior experiência
dos terapeutas comportamentais com o contexto clínico levou-os a se preocupar com
temas comuns às psicoterapias tradicionais, tais como: a relação terapeuta-cliente, a
queixa relatada pelo cliente (ao invés da abordagem direta e restrita aos problemas
comportamentais identificados pelo terapeuta), aceitação de evidências clínicas (não
experimentais) e a valorização dos eventos privados. Com essas mudanças, diminuí-
ram as diferenças entre uma terapia comportamental e não-comportamental, o que
levou muitos terapeutas a postularem o título de “comportamental” para técnicas que
não estavam subordinadas à teoria da aprendizagem, além de algumas tentativas de
combinar procedimentos comportamentais e não comportamentais em uma única
abordagem clínica (cf. Meichenbaum, 1986).

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Foi nesse contexto de mudanças e indefinições que Bandura (1977a) passou a
criticar a terapia comportamental por um suposto determinismo ambiental excessivo,
embora estivesse fazendo referência principalmente ao modelo respondente de aná-
lise do comportamento. Para Bandura (1986), os processos de aprendizagem por con-
dicionamento não eram suficientes para explicar a aquisição de comportamentos com-
plexos. Nesse sentido, o autor tomou a teoria da aprendizagem social como base teó-
rica para desenvolver o conceito de aprendizagem vicariante ou por observação, que
se caracteriza como um processo de aprendizagem, no qual o indivíduo aprende uma
resposta, a partir da observação de sua emissão por outra pessoa. Tal aprendizagem
dependeria da intermediação de processos cognitivos, por meio dos quais seriam ela-
boradas concepções sobre como as respostas observadas ocorrem e, posteriormente,
essa "construção simbólica" serviria como base para ações futuras.

O indivíduo também teria a capacidade de representar futuras consequências,


ampliando o papel da cognição não só para a aquisição, mas também para a manu-
tenção de certos comportamentos (Bandura, 1977b).

A valorização dos aspectos cognitivos para a alteração comportamental tam-


bém se refletiu nas propostas de Bandura para um modelo de intervenção terapêutica,
favorecendo ainda mais a aproximação entre a terapia comportamental e as psicote-
rapias que partem do pressuposto de que a mudança das cognições do cliente sobre
ele próprio e sobre o mundo é condição sine qua non para a alteração do seu com-
portamento (cf. Bandura, 1977b).

Em resumo, a teoria da aprendizagem social (Bandura, 1977; Rotter, 1982)


parte do pressuposto de que o ambiente, as características temperamentais e o com-
portamento situacional de uma pessoa determinam-se reciprocamente e que o com-
portamento é um fenômeno dinâmico, em evolução. Os contextos influenciam com-
portamento, e este, por sua vez, molda os contextos ” (p. 14).

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Fonte: pt.slideshare

Bandura usa o termo modelagem, enquanto que Miller usou o termo imitação e
Freud, identificação. Ele distingue estes termos ao esclarecer que imitação significa a
duplicação exata do que o modelo faz, e a identificação geralmente envolve-se numa
incorporação indiscriminada dos modelos de comportamento. Utiliza o termo modela-
gem porque os efeitos psicológicos da exposição aos modelos são muito mais amplos
do que o simples mimetismo da resposta, contido no termo imitação; e as caracterís-
ticas definidoras da identificação são empiricamente questionáveis.
Uma das grandes contribuições de Bandura ao ponto de vista do behaviorismo
consiste na ênfase da aprendizagem por modelos. Não é essencial executar-se a res-
posta e esta ser reforçada para que ocorra aprendizagem. Muitos padrões de com-
portamento são aprendidos através da observação de modelos, mesmo se não é iden-
tificado nem mesmo uma atuação de reforçamento vicário (reforço ao modelo, tendo
um efeito sobre o comportamento do observador).

Há três efeitos que os modelos podem produzir:


1.Aquisição de novos comportamentos.
2.Aumento ou diminuição de inibições do comportamento observado

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3.Facilitação social, ou seja, aparecimento de comportamentos que não são
novos no repertório do observador, mas que não podem ser atribuídos a fatores de
inibição ou desinibição por se tratar de comportamentos socialmente aceitos.

Num estudo que se tornou famoso, Bandura observou o resultado ao submeter


crianças a uma determinada situação, utilizando o adulto como modelo. Ele separou
um grupo de crianças - Os Alunos do "João Bobo". Escolheu uma mulher para ser
filmada batendo num grande boneco de plástico inflável, tipo "João Bobo". A moça o
socou, gritando "boboca", o chutou, o golpeou com um martelinho e gritou muitas fra-
ses agressivas. Bandura mostrou este filme às crianças do jardim da infância que,
como ele esperava, adoraram. Quando foram brincar, muitos observadores as espe-
ravam com o lápis, prancheta na mão e, para as crianças, um "João Bobo" novo e
alguns martelinhos. Os observadores registraram que muitas delas fizeram exata-
mente o que viram a moça do filme fazer.

O que surpreende é o fato de que as crianças mudaram seu comportamento


sem que tivessem sido recompensadas por suas aproximações ao novo comporta-
mento, e isto não se encaixa ao padrão de aprendizagem do behaviorismo. Bandura
chamou o fenômeno de Aprendizagem por Observação ou Modelagem, e sua teoria
é comumente chamada Teoria da Aprendizagem Social. Quando o estudo foi criticado
sob a alegação de que o boneco "João Bobo" foi criado mesmo para apanhar, Bandura
filmou a moça acertando uma pessoa vestida de palhaço. Depois de assistirem ao
filme, as crianças foram até a sala do palhaço vivo e não tiveram dúvidas: bateram
nele! Dessas variações, Bandura pôde observar alguns passos envolvidos no pro-
cesso de modelagem:

1. Atenção: para prender qualquer coisa é preciso prestar atenção. Do mesmo


modo, quando a atenção é tirada não se obtém uma boa aprendizagem, mesmo a
aprendizagem por observação. Estar sonolento, embriagado, drogado, nervoso, tam-
bém atrapalha a aprendizagem. As características do modelo também determinam o
grau de atenção. Quanto mais colorido, dramático, mais ele será atrativo, e se o mo-
delo for semelhante ao observador, mais ele lhe prestará atenção. Estas conclusões
levaram Bandura a uma análise dos efeitos da televisão sobre as crianças.

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2. Retenção: é preciso absorver o que se aprendeu prestando atenção. É aí
que entram a imagem e a linguagem: é possível armazenar mentalmente o formato
ou descrição verbal do modelo e depois relembra-lo e reproduzi-lo sobre seu próprio
comportamento.
3. Reprodução: para incorporar o modelo observado em seu comportamento é
preciso ter condições de repeti-lo. Observar uma ginasta profissional não basta para
que uma pessoa comum saia imitando-a, mas se a pessoa tem um certo treinamento,
ao observar o atleta olímpico pode levá-la a se aperfeiçoar. Nossa habilidade para
imitar aprimoramentos por meio da prática do comportamento envolvido também é
importante, assim como conseguir imaginar como será nossa performance e buscar
por ela. Muitos atletas fazem isso.
4. Motivação: deve se ter uma razão para imitar o comportamento. Bandura
enumerou algumas motivações:
a. Reforço anterior: behaviorismo tradicional.
b. Reforço prometido: (incentivos) que podemos imaginar.
c. Reforço vicarial: vendo e recordando o modelo sendo reforçado. Estes itens
são tradicionalmente considerados causas de aprendizagem. Bandura diz que eles
não só proporcionam aprendizagem, como também demonstram o que é aprendido.
Por isso, caracteriza estes itens como motivos. Há também, as motivações negativas
que levam a pessoa a não imitar um comportamento:
d. Castigo anterior
e. Castigo prometido (ameaça)
f. Castigo vicarial:Como grande behaviorista tradicional, Bandura afirma que o
castigo, em qualquer forma, não funciona tão bem quanto uma recompensa, e ainda
corre-se o risco de ser alvo de uma vingança.

28 A AUTO-EFICÁCIA

A auto-eficácia é descrita como um julgamento sobre a própria capacidade de


conseguir um determinado desempenho ou resultado, uma sensação de adequação
e eficiência em tratar dos problemas da vida. Através de suas obras, Bandura mostrou
que pessoas de auto-eficácia elevada acreditam que são capazes de lidar com todas
as situações de sua vida. Como elas esperam superar obstáculos, buscam desafios e

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mantêm um alto nível de confiança em sua capacidade para ter êxito. Entretanto, as
pessoas de baixa auto eficácia sentem-se incapazes de realizar algo. Muitas vezes
desistem de tentar resolver os problemas quando seus esforços iniciais fracassam.
Quanto ao desenvolvimento da auto eficácia, Bandura considera que ambientes que
proporcionam oportunidades para experiência, facilitam a aquisição do senso de auto
eficácia; a família como fonte de aprendizagem de auto eficácia; a escola como ambi-
ente básico para a manutenção e validação social desta; e tanto na adolescência
como na vida adulta, há nossos desafios à percepção de auto eficácia e na meia idade
há as redefinições de metas e projetos e de readaptação do senso desta. Para as
pessoas que possuem auto eficácia baixa, Bandura recomenda três passos:
 Trabalhando a auto-observação - conhecer-se e ter certeza de ter uma
visão exata de seu comportamento.
 Trabalhando os padrões - certificar-se de que os padrões que a pessoa
estabeleceu não sejam inatingíveis. Não se destinar ao fracasso. Pa-
drões muitos baixos também não têm sentido.
 Trabalhando a auto-resposta – não se castigar. Celebrar as vitórias e
não se perder sobre os fracassos. Portanto, quanto maior a auto-eficácia
maior o esforço e a persistência. E nas situações de escolha, a auto-
eficácia influi na decisão de fazer ou não alguma coisa. Quanto a produ-
ção do comportamento, afeta a motivação, mas não cria novas habilida-
des.

29 AGRESSÃO

Primeiramente, Bandura começou estudando a agressão em crianças. Junta-


mente com Dick Walters, fizeram um estudo de campo sobre antecedentes familiares
na agressão, e descobriram que os melhores precursores eram o estilo de vida que
as famílias exemplificavam e reforçavam. O comportamento que os pais mostravam e
as atitudes que eles exibiam quanto a expressão da agressão, tanto em casa como
fora dela, emergiram como determinantes de importância. Começou, então, a desen-
volver estudos de laboratório e também paradigmas de modelagem, para examinar
sistematicamente os efeitos da exposição a modelos agressivos sobre o comporta-
mento das crianças. Os estudos experimentais em que foram utilizadas metodologias
49
rigorosas, demonstraram que, a curto prazo, a exposição a modelos agressivos na
televisão conduz a comportamentos agressivos nas crianças expectadoras, o que
confirma a posição teórica de Bandura a respeito do fator modelo na aquisição e ma-
nutenção de comportamentos. Ou seja, o comportamento agressivo se adquiri através
do exemplo, através da experiência direta e também da interação com fatores estru-
turais. As pessoas são instigadas à agressão por influências modeladoras, vendo ou-
tros agredirem. E através de experiências adversativas – insultos pessoais, ataques
físicos, oposição ao comportamento dirigido a uma meta, reduções adversas na qua-
lidade da vida.

Fonte: www.cnsr-ce.com.

A agressão é mantida por vários fatores. É mantida por consequências externas


recompensas materiais, recompensas sociais e status. Ela é também reforçada
quando as pessoas aliviam o tratamento primitivo através de recursos defensivos. O
desempenho da agressão é afetado pelas recompensas ou punições observadas re-
forço substitutivo. Uma das melhores maneiras de reduzir a agressão é através do
fortalecimento de outras respostas que tenham valor funcional. Por exemplo, verifica-
se que pessoas que recorrem à agressão física para resolver seus conflitos interpes-
soais geralmente têm baixa habilidade verbal (daí uma ocorrência maior de agressão

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física na classe social baixa). Se aprenderem a resolver verbalmente este tipo de con-
flito, o comportamento de agressão decresce. Outra maneira de modificar o compor-
tamento agressivo é através da apresentação de modelos que exibam respostas so-
cialmente aceitas (por exemplo, cooperação). No livro sobre agressão, Bandura des-
taca quatro formas diferentes para tentar reduzir a modelagem comercial da violência
na televisão. Uma delas refere-se ao controle pelo Congresso. É através da proibição
daquilo que não tem valor que as mudanças de comportamento são bem estabeleci-
das. A segunda abordagem é o autocontrole da produção. Como o gênero ação-aven-
tura é econômico, os programas violentos tornaram-se predominantes na televisão.
Outra abordagem é o desenvolvimento de um sistema para monitorar o nível de vio-
lência e por último, o desenvolvimento de uma programação alternativa, fora dos
meios comerciais, através da qual influenciaria a televisão comercial.

30 TERAPIA

A forma de terapia comportamental de Bandura é famosa e tem sido utilizada


em diversos estudos experimentais. Ela tem se mostrado eficaz na eliminação de fo-
bias com relação a cobras, espaços fechados, espaços abertos e lugares altos, e no
seu tratamento de distúrbios obsessivo-compulsivos, disfunções sexuais e algumas
formas de ansiedade. Também se mostrou útil no aumento da auto-eficácia, sendo
aplicada amplamente em situações da sala de aula e na indústria.

31 TERAPIA DO AUTO-CONTROLE

Os fundamentos da Auto eficácia são incorporados às técnicas de terapia cha-


mada Terapia do Autocontrole. Ela tem apresentado sucesso na solução de proble-
mas de hábitos como fumar, comer muito ou problemas com estudo.

 A Auto-Observação requer que a pessoa controle de perto seu compor-


tamento, tanto antes quanto depois de iniciar as mudanças. Isto pode
envolver coisas tão simples como contar quantos cigarros a pessoa
fuma por dia, e até comportamentos mais complexos. Com essas obser-
vações diárias, tem se uma idéia da dimensão do hábito e conhecerá o

51
que está relacionado ao hábito: fuma-se mais após as refeições, com
café, com certos amigos, em certos lugares?
 Começa-se a alterar o meio em que a pessoa vive: livrar-se dos cinzei-
ros, trocar o café pelo chá, afastar-se do companheiro fumante. Analisa-
se qual movimento e lugar é apropriado para incentivar um bom com-
portamento: quando e onde a pessoa acha que estuda melhor, por
exemplo.
 A pessoa deve recompensar-se quando seguir seu plano, e arranjar um
possível castigo caso não consiga desenvolve-lo. Estes contratos devem
ser redigidos e testemunhados (terapeuta, por exemplo), e os detalhes
devem ser bem especificados.

32 TERAPIA DE MODELAGEM

A terapia de modelagem é utilizada na modificação do comportamento, levando


os sujeitos a observarem um modelo numa situação que consideram assustadora ou
causadora de ansiedade. Por exemplo, crianças que temem cão, observam outra cri-
ança de sua idade aproximando-se progressivamente de um cachorro; em seguida,
afagando-o através das barras de um cercado e depois entrando neste para brincar
com o cão. Como resultado desta aprendizagem observacional, o medo da criança se
reduz pronunciadamente. Também são utilizados outros objetivos temidos como uma
cobra.

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