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Resumo NP1 – Psi Escolar

História da Psicologia Escolar no Brasil

Psicologia e Educação no Brasil: Uma Visão da História e Possibilidades nessa


Relação. Guzzo, R. S. L., Mezzalira, A. S. C., Moreira, A. P. G., Tizzei, R. P., & Silva
Neto, W. M. de F.. (2010). Psicologia e Educação no Brasil: uma visão da história e
possibilidades nessa relação. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 26(spe), 131–141.
https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500012

Em resumo: a prática do Psicólogo Escolar não mudou praticamente nada em anos e


anos desde que começou. A teoria está bem longe da prática. Os cursos de formação
também não formam profissionais realmente capacitados para atuar no contexto escolar
atual e a produção acadêmica serve apenas para suprir uma necessidade de estudantes
de pós-graduação que acabam por tratar de modo teórico o tema, buscando literaturas
estrangeiras em sua maioria das vezes, ao invés de se voltarem para assuntos de
complexidade e maior riqueza para o contexto brasileiros tais como violência escolar e
a precarização da prática. Não é feito nada para mudar a realidade da prática que ainda
é tratada como algo em segundo plano nas escolas.

A figura do Psicólogo Escolar historicamente está atrelada a qual papel?

Historicamente, a Psicologia Escolar buscou aplicar os conhecimentos de psicologia aos


problemas de aprendizagem e de comportamento dos alunos, realizando um
acompanhamento psicológico e vocacional, além do treinamento de professores

A papel de solucionador de problemas, especialmente os de comportamento e


aprendizagem. Inclusive na segunda metade do século passado, o modelo que vigorou
foi o das tendências psicométricas, em especial a aplicação de testes psicológicos [...]
o contribuíram para a segregação de crianças em salas especiais e classificação de
aptos e não aptos para o desenvolvimento nos espaços educativos. Estava aí a raiz da
política de exclusão da escola

Quando é que a atuação do Psicólogo Escolar começou a mudar no Brasil?


Somente a partir de 1980, com a retomada democrática no país, é que passou a ser
presente em alguns municípios o trabalho dos psicólogos escolares e, com isso, a
construção de um movimento político na área para se repensar a prática profissional
nesse campo de atuação.

Quando é que a Psicologia Escolar foi reconhecida como uma especialidade?

Em 2007, o Conselho Federal de Psicologia reconhece a Psicologia Escolar como uma


especialidade, sem que nenhum passo tenha sido dado para o reconhecimento da
importância do psicólogo dentro das escolas, sobretudo pelos educadores. Através de
um levantamento pelo Conselho Federal de Psicologia, no ano de 2004, apenas 11%
dos psicólogos inscritos exerciam atividades relacionadas à Psicologia Escolar

Existe um esforço para formar academicamente Psicólogos Escolares realmente


capacitados nos cursos de Psicologia atuais?

A oportunidade de formar psicólogos escolares reveste-se de grandes desafios, tendo


em vista as dificuldades presentes nas estruturações curriculares dos cursos na
formação inicial do psicólogo e na crescente despolitização que estudantes e
professores revelam por suas produções e intervenções na realidade. É urgente a
necessidade de se repensar uma formação voltada para atuação profissional
politicamente mais comprometida com a demanda dos contextos

Principais Teorias da Educação

SAVIANI, D. Teorias da educação e o problema da marginalidade. In: Escola e


Democracia. 38a ed. São Paulo, Editores Associados. 2003, p. 03 - 34.

O que é a marginalidade para Saviani?

Marginalidade aqui compreendida como estar à margem do processo educacional,


referindo-se aos indivíduos que de alguma forma estão excluídos de tal processo, por
exemplo: as crianças em idade escolar que não têm acesso à educação, os que
fracassam ou desistem nesse processo, os analfabetos.
Quais são as teorias de Saviani sobre a educação?

Marginalidade

Críticas
Não Críticas
Reprodutivistas

Teoria do
Pedagogia Pedagogia Pedagogia Violência Escola
Aparelho
Tradicional Nova Tecnicista Simbólica Dualista
Ideológico

Teorias não críticas

A marginalidade é um desvio a ser corrigido pela educação

A marginalidade é um fenômeno acidental, individual, um desvio a ser corrigido. A


educação é um instrumento capaz de corrigir tal desvio, de auxiliar na superação da
marginalidade garantindo a construção de uma sociedade igualitária.

Para a pedagogia tradicional o que importa é aprender, para pedagogia nova aprender a
aprender, e para a pedagogia tecnicista aprender a fazer.

Pedagogia tradicional

Essa teoria da educação não conseguiu o seu intento de universalização do saber. Nem
todos os indivíduos tinham acesso à escola, dentre os que tinham acesso à escola nem
todos foram bem sucedidos e dentre os bem sucedidos nem todos se ajustavam à
sociedade que se pretendia construir.

A causa da marginalidade é identificada com a ignorância a qual a escola seria um


antídoto
escola professor conhecimento aluno

• deve • é o centro •deve ser •deve


transmitir do processo selecionado acumular e
informação de ensino. e transmitido armazenar o
pelo que é
professor transmitido
pelo
professor

Pedagogia nova

O tipo de escola proposto implicava em custos mais elevados que a escola


tradicional um dos motivos pelos quais ela não altera positivamente o panorama
educacional na rede pública de ensino, mas aprimora a qualidade de ensino destinado
às elites.

O marginalizado não é, propriamente o ignorante, mas o rejeitado, são criados os testes


de inteligência.

escola professor conhecimento aluno

• contribuir para • um •o processo de •a iniciativa de


uma sociedade estimulador, aprendizagem aprender deve
que aceite as um orientador é o mais ser do aluno
diferenças da importante,
individuais, aprendizagem aprender a
cujos membros aprender.
se respeitem
mutuamente

Pedagogia tecnicista

A escola deve treinar os indivíduos para a execução das tarefas demandadas pelo
social, deve ensinar a fazer. Nesse contexto marginalizado é o incompetente, o
improdutivo. Ao buscar reproduzir o sistema fabril perdeu de vista a especificidade da
educação.
O elemento principal são os meios de ensino, sendo o aluno e professor secundários.
escola professor conhecimento aluno

• deve treinar • objetivo e • deve ensinar •aprender


os indivíduos operacional a fazer para
para a reproduzir as
execução das tarefas
tarefas

Teorias crítico-reprodutivistas:

A marginalidade é compreendida como um fenômeno inerente da própria estrutura


social. Pensa a educação como um instrumento a favor da manutenção da estratificação
social, seu papel é reforçar a dominação dos grupos que detêm o poder, é a reprodução
das desigualdades sociais. Pensando dessa forma o fracasso (do) escolar é na verdade
o êxito da escola. Pois esse é o seu objetivo, manter o status quo.

Sendo assim a função da educação é a reprodução das desigualdades sociais, ou


seja, reforçar a dominação dos grupos que detêm o poder

TEORIA DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA (Bourdieu e Passeron)

Todas as sociedades organizam-se como um sistema de relações de força material


entre grupos e classes. À violência material (dominação econômica) corresponde a
violência simbólica (dominação cultural). A violência simbólica se manifesta pela
imposição ideológica, pela formação de opinião pública, pelos meios de comunicação,
pela pregação religiosa, pela propaganda, moda, educação familiar, etc.

Universal e Estrutural

Dominantes Dominados (marginalizados)

TEORIA DO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (Althusser)

A escola, enquanto aparelho ideológico do Estado reproduz as relações do capitalismo,


busca impor aos alunos a ideologia da burguesia no intuito de manter sua dominação.
Aparelho do Estado

Manter a dominação, reproduz o capitalismo

TEORIA DA ESCOLA DUALISTA (Establet)

A escola é um instrumento de luta da burguesia contra o proletariado. A educação


cumpre duas funções básicas: formação da força de trabalho e imposição da ideologia
burguesa.

Burguesia Proletariado (marginalizados)

Políticas Públicas e a Psicologia Escolar

O que é exclusão escolar e na escola?

No início dos anos 1980, o autor cunhou dois conceitos muito importantes para compreender os
fenômenos escolares: “exclusão da escola”, referindo-se ao conjunto de brasileiros que sequer
tiveram acesso ao sistema escolar e “exclusão na escola”, crianças que, embora matriculadas,
não se beneficiam da escola, pouco aprendendo ou se apropriando dos conteúdos escolares,
presentes nos altos índices de defasagem série-idade

Qual é o grande problema da escola no início dos anos 80?

O grande problema não se centrava nos altos índices de abandono da escola, conforme se
acreditava a partir de dados oficiais, mas sim na repetência que – ao ser contabilizada pelas
estatísticas escolares como matrícula nova

Qual deve ser a atuação do psicólogo a partir da autora Patto?

Patto (1984) a atuação profissional do psicólogo na Educação deve estar a serviço da melhoria
da qualidade da escola e dos benefícios que esta escola deveria propiciar a todos, em especial,
às crianças oriundas das classes populares
Para ela, devemos pensar a escola a partir de seus processos diários de produção de relações,
analisando como as políticas públicas são apropriadas nesses espaços e transformadas em
atividade pedagógica, em prática docente, em práticas institucionais, portanto, em prática
política.

Quais os preconceitos dentro do ambiente escolar que colaboram com o fracasso escolar?

O fato de que há na escola, assim como na sociedade, uma concepção extremamente negativa
em relação às famílias pobres e aos filhos da classe trabalhadora. Se esta constatação foi objeto
de muitas pesquisas, analisando o preconceito na escola

A concepção defendida por tais políticas e presente nos documentos oficiais é a de que cabe à
escola assumir um lugar ou um papel social que a família não mais assume, pois esta não mais
daria conta de sua tarefa de educar seus filhos; ou ainda de que as crianças se apresentam com
tamanhas carências culturais e sociais que a escola só poderá minimizá-las ou contorná-las por
meio de suas políticas De fato, garantem-se apenas o acesso e a permanência, sem, contudo,
garantir-se o acesso ao conhecimento e a uma permanência que de fato restitua ao aluno os
conhecimentos que ele necessita para uma formação integral

Qual é o ponto central do fracasso escolar?

O aprofundamento da alienação do trabalho docente, a desvalorização da crítica, a imposição


de uma pedagogia de “consenso”, de maneira a individualizar o fracasso como algo de
responsabilidade apenas do docente, ou do aluno, ou ainda de sua família.

Como a perspectiva crítica entende o fracasso escolar?

Para a perspectiva crítica as explicações para o fracasso escolar não podem ser
encontradas apenas no indivíduo encaminhado para a avaliação psicológica, portanto,
para compreendermos o fracasso escolar é necessário estar atento ao campo de forças
no qual esse fenômeno se manifesta.

Quais os desafios do Psicólogo Escolar no contexto escolar atual?


Existe uma distância entre o papel atribuído ao psicólogo no campo teórico e as
demandas que se espera sejam atendidas no cotidiano da escola.

Além disso o perfil da educação brasileira durante as duas últimas décadas mantém-se
distante dos patamares de uma sociedade que se pretenda justa e igualitária.

Ainda vivemos com alta taxa de analfabetismo e com crianças que se matriculam nas
escolas, mas não permanecem ou progridem na escolaridade. Além disso, a atuação de
psicólogos não se consolida como uma política que seja importante para alterar essa
realidade.

Qual a crítica de Bock sobre o Fracasso Escolar?

O fracasso escolar será sempre compreendido com sendo problema do aluno, nunca
da didática, da estrutura autoritária da escola, da sua desatualização, do projeto
pedagógico, da política educacional implantada pelo Estado. É a ideia de que devemos
buscar na criança a origem do problema, que o não aprender necessariamente é uma
patologia a ser tratada, também indicam procedimentos compatíveis com o modelo
clínico tradicional para o enfrentamento das questões educacionais.

Há necessidade de que se compreenda o jogo de forças que produz o fenômeno, ou


seja, que se considerem os aspectos sociais, políticos e ideológicos que produzem o
fracasso escolar e não que se continue a procurar exclusivamente no indivíduo que não
aprende, no seu mundo interno, nas suas relações familiares as razões do não aprender.

Pedagogia de Paulo Freire

O que é educação bancária?

A educação bancária pensa: “sou o dono da verdade e o outro nada sabe”. De modo global é a
EDUCAÇÃO TRADICIONAL a qual Saviani se refere.
O que é educação libertadora?

De acordo com a proposta da educação libertadora de Freire (1986), a prática educativa deve ser
problematizadora, realizando a superação entre as contradições existentes nas relações
professor-aluno. Neste caso, a investigação é realizada de forma crítica, possui caráter reflexivo
e realiza um constante desvelamento da realidade. A prática crítica contribui para o diálogo, para
a criatividade e para a desmistificação de estigmas nas relações pedagógicas.

Quais as duas: bancária x libertadora?


https://www.youtube.com/watch?v=U-CxKXt6rHo

Atuação do psicólogo

Em quais espaços o psicólogo escolar pode atuar?

Atua junto aos vários segmentos envolvidos no processo educacional : professores, diretores,
funcionários, pais e alunos.
Com os professores e diretores pode, por exemplo, trabalhar nos programas de formação
continuada, montar grupos de estudo, auxiliar na avaliação e implantação de programas de
ensino. Com os pais pode fazer orientações, estimular a participação na vida escolar, etc.
Desenvolve ações voltadas aos alunos com defasagem escolar, problemas de relacionamento,
orientação profissional, entre outros. Também pode trabalhar com educação especial, assessoria
e consultoria para as escolas. Em linhas gerais o objetivo final de seu trabalho é a garantia do
desenvolvimento das habilidades da criança.

Quais seriam as possíveis ações do psicólogo escolar?

• Pesquisar os bastidores dos encaminhamentos, as versões dos vários profissionais e a


história de vida da criança. Para tanto pode-se pedir ao professor que escreva a queixa,
ler o prontuário dos alunos, verificar a versão e as expectativas dos diversos segmentos
envolvidos no processo, as práticas pedagógicas cotidianas, etc.;
• Realizar encontros com o grupo de crianças e com os pais. Com o intuito de pensar o
processo de produção da queixa e o que poderia se feito para modificá-la, pode-se
verificar a participação dos pais e dos alunos nos processos de decisão na vida escolar,
conhecer as diferentes versões dos fatos, observar as relações de poder, obter o
consentimento dos pais para o trabalho a ser realizado, entre outras ações;
• Conversas com os professores para discussão dos acontecimentos em classe;
• Devolver os aspectos percebidos no processo aos professores, pais e crianças, verificar
as possibilidades, as modificações, problematizar as questões, colher e oferecer
sugestões para que a queixa possa vir a se superada.
• Por fim, cabe ressaltar que avaliar o processo de produção da queixa implica em buscar
o quanto é possível alterar essa produção afetando os fenômenos nos quais ela se
viabiliza.

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