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Aprendizagem

Aprender é o resultado da interacção entre


estruturas mentais e o meio ambiente.
Aprendizagem consiste numa modificação
relativamente permanente na capacidade do
homem, ocorrida como resultado da sua
actividade e que não pode ser simplesmente
atribuída ao processo de crescimento e
manutenção. Ou seja, aprendizagem é o processo
de aquisição de conhecimentos, habilidades,
valores e atitudes, possibilitando através do
estudo, do ensino ou da experiencia, formação,
raciocínio e observação.
Segundo Campos, a aprendizagem é um processo
permanente e contínuo, que se reflecte em todas as
nossas acções. Explicar o mecanismo da
aprendizagem é esclarecer a maneira pela qual o ser
humano se desenvolve, toma conhecimento do
mundo em que vive, organiza a sua conduta e se
ajusta no meio físico e social.
 O processo de ensino e aprendizagem é o conjunto
de acções em que se articulam as actividades de
ajuda ou auxílio interpessoal, na qual os mais
experientes e que se dispõem de mais
conhecimentos (formadores), influenciam outras
pessoas (aprendentes), em quem se regista uma
mudança sistemática no comportamento em
consequência dessa influência.
A aprendizagem compreende três tipos
de domínios:
 Domínio psicomotor;
 Domínio cognitivo;
 Domínio afectivo.
1.5. O aprendizado compreende cinco
etapas que são:
 Compreender;
 Reter;
 Praticar;
 Disseminar;
 Criar.
Condicionamento clássico de Ivan Pavlov
O condicionamento clássico é um tipo de aprendizagem
que teve uma grande influência na psicologia
comportamental, um enfoque sistemático da psicologia
que surgiu no século XX e que assume que muitos
comportamentos são produtos de uma associação,
reflexos produzidos por uma resposta condicionada a
certos estímulos.
O filósofo russo Ivan Pavlov, junto a John B. Watson, é o
maior exponente do condicionamento clássico, um dos
processos-chave da psicologia comportamental e do
behaviorismo junto com o condicionamento operante e
o industrial. Os estudos de Pavlov ajudam a
compreender a aprendizagem associativa através do
condicionamento clássico.
O behaviorismo só se baseia em uma suposição
e que toda a aprendizagem ocorre através das
interacções com o ambiente, que, por sua vez,
molda o comportamento ensina-o.
O condicionamento clássico é um processo que
descreve a génese e a modificação de alguns
comportamentos com base nos efeitos do
binómio estímulo-resposta sobre o sistema
nervoso central dos seres vivos. Ou seja, é um
processo de aprendizagem que ocorre através
de associação entre um estímulo ambiental e um
estímulo natural, essa associação, além disso, é
uma consequência da história dessa pessoa.
Deste modo, Ivan Pavlov em seus estudos sobre a
actividade nervosa superior, fez o uso do método
do reflexo condicionado. Um reflexo
condicionado trata-se de um reflexo aprendido,
uma resposta a um estímulo que antes não
causava nenhuma reacção. Este reflexo aprendido
é fruto da associação repetida entre esse estímulo
que anteriormente não causava nenhuma
resposta com outro que é capaz de causá-la. Este
aprendizado por associações é chamado
condicionamento clássico.
Segundo Pavlov, o condicionamento clássico ou
aprendizagem associativa, consiste em gerar uma
conexão entre um estímulo neutro que antes da criação
desta associação é incapaz de gerar uma resposta
concreta, e uma resposta reflexa automática.
Mediante essa associação, o estímulo que antes era
incapaz de originar a resposta reflexa pode chegar a
provocá-la.
Ex.: o cheiro de uma comida que provoca no organismo
uma resposta incondicionada regular imensurável, (por
exemplo a salivação), com um evento neutro (um som
qualquer) que não provoca a resposta (salivação) antes
do condicionamento.
Depois de várias apresentações
consecutivas de carácter espaço
temporal, o evento neutro adquirirá
as funções do estímulo inicial,
provocando a mesma resposta que
aquele. Desse modo, um barulho
poderia terminar provocando a
salivação.
3. Aprendizagem por condicionamento operante
O condicionamento operante é um mecanismo de
aprendizagem de novo comportamento, dessa forma,
segundo Skinner a aprendizagem concentra-se na
aquisição de novos comportamentos.
O condicionamento operante é um método de
aprendizagem que utiliza o reforço ou punição para
aumentar ou diminuir a probabilidade de que um
comportamento volte a ocorrer no futuro. Segundo
Skinner, a aprendizagem concentra-se na capacidade de
estimular ou reprimir comportamentos desejáveis ou
indesejáveis.
A aprendizagem ocorre através de estímulos e
reforços, de modo que se torna mecanizada. De
acordo com a teoria de Skinner, os alunos
recebem passivamente o comportamento do
professor.
Reconhecendo que a grande maioria do
comportamento humano é operante, Skinner
dedicou-se ao seu estudo, procurando provar que
a emissão de operantes podia ser controlada e
procurando determinar quais as variáveis que
determinavam a frequência da emissão.
Seus conhecidos estudos com animais
(preferencialmente ratos e pombos) se realizam
numa caixa apropriada, chamada “caixa de
Skinner”. Nestas caixas, à prova de som, há uma
alavanca numa das paredes, e abaixo, um
recipiente onde caem bolinhas de alimentos, se a
alavanca for pressionada, o pombo faminto é
colocado na caixa e começa a dar voltas, bicando o
chão, as paredes e, ocasionalmente, a alavanca.
Isto provoca o imediato aparecimento do grão de
alimento, que será rapidamente comido pelo
pombo.
A observação do comportamento posterior do
pombo nesta experiência e noutras
subsequentes constatará um aumento na
frequência do comportamento de bicar a
alavanca (isto é, o pombo aprendeu a pressionar
a alavanca para ganhar alimento).
Skinner adoptou o termo “reforço” para designar
qualquer evento que aumente a frequência de
um comportamento. No experimento relatado, o
aparecimento do grão de alimento é o reforço
para o comportamento de bicar a alavanca.
No ser humano, o “muito bem” do professor para
uma resposta certa do aluno será um reforçador,
se isto fizer com que notas corretas surjam. O
olhar de aprovação ou o assobio que uma jovem
recebe, ao vestir determinada roupa, pode se
constituir num reforçador para que vista mais
vezes a mesma roupa ou o mesmo tipo de roupa.
O dinheiro é um reforçador eficiente para muitos
comportamentos humanos. O que caracteriza o
condicionamento operante é, pois, que o reforço
não ocorre simultaneamente ou precedendo a
resposta (como no condicionamento clássico),
mas sim aparece depois dela.
A resposta deve ser dada para que depois surja o
reforço que, por sua vez, torna mais provável
nova ocorrência do comportamento. A resposta
foi instrumental para que o reforço surgisse (eis a
razão do nome “instrumental”).
A aprendizagem não se constitui numa
substituição de estímulo (como no
condicionamento clássico), mas sim numa
modificação da frequência da resposta. A
importância deste tipo de aprendizagem não
recai sobre os estímulos que causaram a resposta
(estes devem ter existido, mas são
desconhecidos), mas sim sobre os agentes
Na linguagem popular, reforço é uma
recompensa. Esta acepção, entretanto,
pode trazer confusão quando se procura
entender a teoria de Skinner. Para ele,
reforço é qualquer estímulo cuja
apresentação ou afastamento aumenta a
probabilidade de uma resposta. Existem,
assim, dois tipos de reforço: o reforço
positivo e o reforço negativo.
Reforço positivo
Um reforço positivo é aquele estímulo cuja
apresentação fortalece o comportamento
(alimento, elogio, dinheiro).
Reforço Negativo
Um reforço negativo é aquele estímulo
cuja retirada fortalece a resposta (som
desagradável, censura, choque eléctrico).
A criança que, ao levantar-se, escova os dentes,
terá uma sensação de frescor na boca (reforço
positivo) que aumentará a probabilidade de
ocorrência do comportamento de escovar os
dentes.
Da mesma maneira, a criança que não escovar os
dentes pela manhã, poderá sentir um gosto ruim
na boca (reforço negativo), cuja retirada também
lhe proporcionará prazer e aumentará a
frequência da resposta de escovar os dentes.
Uma vez que reforços são estímulos eversivos, o
comportamento que os elimina é reforçado pela
sua ausência.
Um reforçador pode ser aprendido (reforço
condicionado) ou inato, (não condicionado). O alimento é
reforçador não-condicionado para qualquer animal
faminto enquanto que o dinheiro só é reforçador para
quem já aprendeu o seu valor.
Os reforços (positivos ou negativos, condicionados ou
não) podem ser administrados segundo programas
diversos. Chama-se esquemas de reforço a estes
programas ou maneiras de organizar o reforçamento.
Quando se administra reforço sempre que a resposta
desejada é emitida, o esquema é de reforçamento
contínuo. É o que acontece quando o rato, na caixa de
Skinner, recebe alimento sempre que pressiona a
alavanca.
Distinção entre aprendizagem do
condicionamento clássico e do
condicionamento operante
Condicionamento clássico destaca que o
estímulo neutro pode ser transformado em
um estímulo condicionado, produzindo uma
resposta condicionada, enquanto que o
condicionamento operante envolve
condicionamento do comportamento
voluntário, controlável através de suas
consequências, reforços e punições.
4. Características da aprendizagem Segundo
Campos
 Processo dinâmico: Nesse processo a
aprendizagem só se faz através da actividade
do aprendiz, envolvendo a participação total e
global do indivíduo. Ou seja, na escola, o aluno
aprende pela participação em actividades. Tais
como: leitura de textos, ouvindo as
explicações do professor, pesquisando e
interagindo. Assim, a aprendizagem escolar
depende não só do conteúdo dos livros, nem
só do que o professor ensina, mas muito mais
da reacção dos alunos.
 Processo contínuo: A aprendizagem está
sempre presente, desde o início da vida.
Por exemplo, ao sugar o seio materno, a
criança enfrenta o primeiro problema de
aprendizagem: terá que coordenar
movimentos de sucção, deglutição e
respiração. É um processo de
aprendizagem desde a idade escolar, na
adolescência, na idade adulta e até em
idade mais avançada, na terceira idade.
 Processo global ou compósito: o
comportamento humano é considerado
como global ou compósito, pois inclui sempre
aspectos motores, emocionais e ideativos ou
mentais. Portanto, a aprendizagem, envolve
uma mudança de comportamento, terá que
exigir a participação total e global do
indivíduo, para que todos os aspectos
constitutivos de sua personalidade entrem
em actividade no acto de aprender, a fim de
que seja restabelecido o equilíbrio vital,
rompido pelo aparecimento de uma situação
problemática.
 Processo pessoal: a aprendizagem é
considerada intransferível de um indivíduo
para outro: ninguém pode aprender por
outrem. Portanto, a maneira de aprender e o
próprio ritmo da aprendizagem variam de
indivíduo para indivíduo, face ao carácter
pessoal da aprendizagem.
 Processo gradativo: cada aprendizagem se
realiza através de operações crescentemente
complexas, ou seja, em cada nova situação,
envolve maior número de elementos. Então,
cada nova aprendizagem acresce novos
elementos à experiência anterior.
 Processo cumulativo: ao analisar
o ato de aprender, verifica-se que,
além da maturação, a
aprendizagem resulta de actividade
anterior, ou seja, da experiência
individual, onde ninguém aprende
senão por si e em si mesmo, pela
auto-modificação.
5. Estilos de Aprendizagem
O modelo VAC (visual, auditivo e cenestésico) é
baseado nos sentidos e compreende três
estilos. Segundo Fernald e Keller e Orton-
Gilingham.
 Estilo Visual: o indivíduo tem inclinação ao
aprendizado utilizando extintos visuais,
estabelece relações entre ideias e conceitos a
partir de imagens. O uso de fotos, vídeos,
demonstrações e outros recursos visuais são
indicados. A observação e a leitura podem ser
métodos de estudo interessantes para estes
estudantes.
 Estilo Auditivo: o indivíduo tem inclinação ao
aprendizado utilizando estímulos auditivos,
estabelece relações entre ideias e conceitos a partir
de sons, especialmente da linguagem falada. O
estudo deve priorizar o ouvir e o falar. O aluno pode
ler em voz alta, utilizar recursos audiovisuais. Em
sala de aula a explicação do professor é de grande
importância.
 Estilo Cenestésico: o individuo tem inclinação ao
aprendizado por meio dos movimentos corporais. O
uso de experiencias que envolvem tocar, sentir e
explorar é de grande relevância. Indica-se o uso de
actividades práticas, pois o tocar e o fazer são
importantes para estes alunos.
É comum haver um estímulo de
aprendizagem dominante. Cabe, no
entanto, salientar que todos os canais
sensoriais são importantes para a
aquisição do conhecimento e do
aprendizado. Além disso, em uma sala
de aula, a diversidade entre os alunos
exige o uso de uma abordagem
multissensorial.
6. Principais Distúrbios de Aprendizagem:
Segundo Fonseca (1995), o distúrbio de aprendizagem
está ligado a um grupo de dificuldades pontuais e
particulares, caracterizadas pela presença de uma
disfunção do sistema nervoso central, resultando em
prejuízos na aquisição e processamento da informação.
Ciasca e Rossini (2000) acrescentam que o distúrbio é
uma perturbação no acto de aprender caracterizado
por alterações nos padrões de aquisição, assimilação,
utilização e armazenamento da informação, resultantes
de uma disfunção neurológica.
 Disgrafia: é a dificuldade de aprender e
desenvolver habilidades de linguagem escrita,
este transtorno muitas vezes acompanha a
dislexia. Geralmente a criança possui
dificuldade na coordenação motora como em
copiar conteúdos do quadro ou livros.
 Dislexia: é um distúrbio com origem
neurobiológica caracterizada por dificuldades
de reconhecimento de palavras, de
soletração, decodificação, inversão de letras e
números, lentidão na leitura e na escrita,
consciência fonológica e problemas de
memorização.
 Discalculia: é a dificuldade de aprender
tudo que está relacionado, directa ou
indirectamente, com questões
numéricas, como operações, conceitos
e aplicação da matemática.
 Défice de Atenção: é caracterizado
pela falta de atenção, em carácter
involuntário. A criança não consegue
manter o foco em uma acção. Mesmo
que esteja quieta, a sua atenção não
esta focada naquele momento.
 Hiperactividade: é
caracterizada pela falta de
atenção, quer realizar muitas
actividades ao mesmo tempo e
mantem a atenção ou conclui o
que faz. A criança não consegue
ficar parada e tende a ser muito
agitada.
7. Importância da aprendizagem
Segundo Alessandra Bertoldo, a aprendizagem já vem
sendo estudada a tempos remotos, e certamente será
sempre palco de diálogos. A forma que se dá, as
transformações causadas por ela na vida dos seres
humanos, animais e do planeta. O ser humano nasce
potencialmente inclinado a aprender, necessitando de
estímulos externos e internos (motivação e necessidade)
para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser
considerados natos, como o acto de aprender a fala, a
andar, necessitando que ele passe pelo processo de
maturação física, psicológica e social. Na maioria dos
casos, a aprendizagem se dá no meio social e temporal
em que o indivíduo convive, sua conduta muda,
normalmente, e por predisposições genéticas.
Neste sentido importa salientar que
aprendizagem é importante para todas as
pessoas porque tem a função de nos
redimensionar, corrigir, dar a conhecer, clarificar
muitos pontos do saber que com a ausência da
educação seja difícil estruturar. A aprendizagem
também é importante para ajudar os indivíduos a
ter uma formação, bons hábitos, um dos
aspectos mais importantes, é que a
aprendizagem através da educação forma
pessoas de tal forma que saibam lidar com
outras pessoas, ou seja, para saberem viver em
sociedade e em comunidade.

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