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Ciências Jurídicas

3° Ano
Disciplina de Processos Psicológicos
Teoria de Aprendizagem: Condicionamento Operante

Discentes: Docente:

Edmelcia Alexandrina Delfin Cuamba Basílio Domingos


Elaine.
Lúcia Farisse Chirindja- 530873

Maputo, Dezembro de 2022

FCTUC - Psicologia Educacional II - 05/06. Condicionamento Operante 1


INTRODUÇÃO

Para falarmos da teoria de aprendizagem é necessário saber o que é teoria e o que é


aprendizagem:
Teoria De um modo geral, é uma interpretação sistemática de uma área de conhecimento,
uma maneira particular de ver as coisas, de explicar observações, de resolver problemas.
Aprendizagem é a uma mudança relativamente estável no potencial de comportamento,
atribuível a uma experiência repetida dum organismo.
Logo, teoria de aprendizagem são as tentativas de interpretar sistematicamente, de
reorganizar, de prever, conhecimentos sobre aprendizagem.
Na teoria de Aprendizagem existem dois tipos de teorias: teoria do condicionamento clássico
e a teoria do condicionamento Operante. No presente trabalho, iremos abordar apenas sobre o
tema referente a Teoria do condicionamento Operante.

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1. Condicionamento Operante

HÁ mais de 200 ANOS, filósofos como John Locke e David Hume fizeram eco à conclusão a
que Aristóteles chegara 2.000 anos antes: aprendemos por associação. Nossas mentes
conectam naturalmente eventos que ocorrem em sequência. Suponha que você veja um pão
recém-assado, sinta seu aroma, coma um pedaço e se sinta satisfeito. Na próxima vez em que
vir e sentir o cheiro de um pão fresco, essa experiência irá gerar a expectativa de que comê-lo
será novamente satisfatório. O mesmo ocorre com sons. Se associarmos um som a uma
conseqüência atemorizante, ouvi- lo de forma isolada pode desencadear o medo. Como
exclamou uma criança de 4 anos após ver um personagem ser assaltado na TV: “Se eu tivesse
ouvido aquela música, não teria dobrado a esquina!” (Wells, 1981). Essas associações
aprendidas também influenciam o nosso comportamento habitual. Ao associarmos certas
ações como, ir à cama e dormir ou pegar um isqueiro e fumar,isso traduz-se na aprendizagem
por associação.
A aprendizagem por associação traduz-se no aprendizado de que certos eventos ocorrem
muito próximos,podendo ter dois estímulos (como no condicionamento clássico) ou uma
resposta e suas conseqüências (como no condicionamento operante).
O condicionamento é o processo de aprender associações. No condicionamento clássico,
aprendemos a associar dois estímulos e assim antecipar eventos. Aprendemos que um
relâmpago sina- liza uma trovoada iminente, portanto, ao vermos um relâmpago próximo,
começamos a nos encolher.
No condicionamento operante, aprendemos a associar uma resposta (nosso comportamento) e
sua conseqüência, de modo a repetir atos seguidos de bons resultados e evitar os seguidos de
maus resultados.
Essas associações aprendidas também influenciam o nosso comportamento habitual. Ao
associarmos certas ações como, ir à cama e dormir ou pegar um isqueiro e fumar,isso traduz-
se na aprendizagem por associação.

1.2. Aprendizagem por condicionamento operante


Para falarmos da teoria de aprendizagem por condicionamento operante,é importante saber o
que é uma teoria de aprendizagem por condicionamento operante.
A teoria de aprendizagem por condignamento operante é definida como sendo uma mudança
relativamente estável no potencial do comportamento atribuível a uma experiência repetida
de um organismo. O condicionamento é o processo de aprendizagem e modificação de
comportamento através de mecanismos estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central do
indivíduo.
No condicionamento operante, os organismos associam suas próprias ações às consequências.
As ações seguidas de um reforçador aumentam; já as seguidas de punição diminuem. O

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comportamento que opera sobre o ambiente para produzir estímulos recompensadores ou
punitivos é chamado de comportamento operante.
Diferentemente do condicionamento Pavloviano ou Clássico, o condicionamento operante foi
desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner, o qual estabelece
que todo o comportamento é influenciado por seus resultados, havendo um estímulo
reforçador,podendo ser:
• positivo – quando fortalece o tipo de comportamento (recompensa);
• Negativo - quando tende a inibir certo comportamento.

1.3. O Esquema do Comportamentismo Radical


O modelo skinneriano é conhecido como comportamentismo radical porque se limita a
abordar o comportamento dos organismos com base no reforço, sem postular explicações
baseadas no associacionismo, como então era defendido por outros comportamentistas. O
modelo operante está claramente expresso na conhecida investigação que utiliza um rato a
aprender a carregar numa alavanca numa caixa de Skinner. Esta caixa consiste num cubo oco,
onde uma alavanca faz disparar um mecanismo que permite a entrada uma pequena bola de
comida. Antes de iniciar o condicionamento operante na caixa de Skinner, o rato começa por
ser condicionado de forma respondente de modo a fazer uma associação entre o alimento e o
estalido provocado pelo disparo do mecanismo. Seguidamente, o rato é colocado na caixa
para aprender a carregar na alavanca, o que constitui o condicionamento propriamente dito.

Em seus experimentos, Skinner utilizou a modelagem, um procedimento no qual


reforçadores, como um alimento, guiam gradualmente as ações de um animal em direção a
um comportamento desejado.
Nessa senda, Reforço ou estímulo reforçador é tudo aquilo que aumenta a grandeza, a
probabilidade ou a frequência das respostas.

1.4. Distinção entre Condicionamento Clássico e Condicionamento Operante


Por norma, não se faz uma distinção teórica entre condicionamento instrumental e
condicionamento operante. Alguns autores, nomeadamente, Gordon (1989), estabelecem uma
distinção entre os dois paradigmas segundo os conceitos que se apresentam a seguir.
No paradigma de condicionamento instrumental, há limitações do ambiente de modo que um
organismo apenas pode emitir um dado comportamento em determinado momento (por
exemplo tomar um banho de manhã). Nesta situação, oferecem-se oportunidades limitadas de
resposta e, por isso, o que se estuda é a probabilidade, rapidez ou precisão da resposta. Entre
os paradigmas experimentais do condicionamento instrumental contam-se as pistas de
corridas para ratos, tarefas de aprendizagem de labirintos e, para estudar o efeito do reforço
negativo, os paradigmas de fuga e evitação.

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Em contraste, no paradigma de condicionamento operante, o organismo pode emitir uma
dada resposta sempre que o desejar desde que se encontre na situação adequada. Nesta
situação, oferecem-se oportunidades ilimitadas de resposta. Estuda- se preferencialmente a
taxa ou ritmo da resposta (número de respostas na unidade de tempo). Entre os paradigmas
experimentais do condicionamento operante contam-se as caixas de Skinner com ratos a
pressionar alavancas ou nas câmaras em cujas paredes existem botões que podem ser bicados
por pombas. Entre os paradigmas usados com sujeitos humanos, contam-se a tarefa de
seguimento rotativo (pursuit rotor task), para estudo da aprendizagem de competências
motoras (neste caso, o estudo da coordenação mão–vista), e o estudo de respostas operantes
através do manejamento de teclas que oferecem diferentes esquemas de reforço.

1.5. Modelo de Condicionamento Instrumental de Thorndike


O esquema de condicionamento de Thorndike partia de uma situação (S) ou de um estímulo
(E). Em face deste estímulo, o organismo ensaiava várias respostas (R1, R2, . . ., R) até que o
efeito resultante da resposta R era satisfatório para o organismo e produzia uma associação
entre o estímulo (E) e a resposta (R), segundo a lei do efeito. Este modelo psicológico é
conhecido como aprendizagem por ensaio e erro e ainda como psicologia S-R ou psicologia
E-R. A aprendizagem consistiria na ligação entre um estímulo e uma resposta por ação do
efeito resultante da resposta.

1.6. Modelo de Condicionamento Operante de Skinner


Entre os diversos autores que, a partir dos anos 30, propuseram grandes teorias de
aprendizagem ou condicionamento, Skinner merece um lugar de destaque quer pelas teorias
que desenvolveu quer pela influência que exerceu em variados domínios da psicologia
aplicada, mormente no período que antecedeu a aceitação da psicologia cognitiva em meados
da década de 60.
1.6.1. Notas Biográficas sobre Skinner
Skinner nasceu em Susquehanna, Pensilvânia, EUA, em 1904. Começou por se formar em
inglês na universidade, com o objetivo de se tornar romancista. Concluiu depois que não teria
muitas coisas a dizer em romances e doutorou-se em psicologia experimental na universidade
de Harvard em 1931. Passou, como docente, pelas universidades de Minnesota e Indiana,

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antes de voltar definitivamente a Harvard. Reformou-se em 1974, mas continuou a trabalhar
em Harvard como professor jubilado.
Skinner foi um investigador exemplar. Tornou-se o psicólogo mais conhecido do seu tempo e
recebeu vários prémios científicos. Permaneceu igual a si mesmo como investigador criativo
e brilhante, consistentemente ligado à abordagem comportamentista radical que ele mesmo
teorizou. Ainda na noite antes da sua morte, ocorrida em 18 de Agosto de 1990, trabalhou no
último artigo da sua carreira, combatendo a psicologia cognitiva e negando a possibilidade de
uma ciência da mente. ("In Memoriam", 1990; Skinner, 1990). Lutou incansavelmente em
defesa do comportamentismo contra o movimento cognitivo. O futuro talvez venha a
demonstrar que esta parte da sua luta foi inglória, mas não deixará de sublinhar a elegância e
a parcimónia da sua teorização do comportamento.

2. Principais fenômenos do Condicionamento Operante

Os principais fenômenos do condicionamento operante são: Modelagem, punição e o reforço

- Modelagem, Um determinado comportamento pretendido é recompensado mesmo que não


se aproxime do inicialmente previsto. A medida que este comportamento se vai aproximando
do objectivo, as solicitações de melhoria vão-se tornando mais exigentes, este processo vai-se
desenrolando até que o objectivo seja cumprido.

Exemplos:
"Ensinar uma criança a andar de bicicleta" - Modelagem

- Punição, a uma resposta segue-se um estímulo agressivo, e isto vai fazer com que a
ocorrência desta resposta se torne menos provável. São distinguidos dois tipos de Punição:

Positiva - Ocorre quando a apresentação de um acontecimento consequente, reduz a sua


frequência em situações semelhantes.
Exemplo
*O João come sem controlo uma sandes grande, fica enjoado e não repete" - Punição
Positiva

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Negativa - A punição negativa ocorre quando a eliminação ou o adiamento de um reforçador
que acompanha um operante reduz a frequência do comportamento em situações
semelhantes.
A punição negativa e dividida em dois tipos:

Condicionamento de Fuga - Os operantes são fortalecidos porque "fazem cessar" algum


evento ocorrente que o organismo considera desagradável
Condicionamento de Evitação - Os operantes são fortalecidos porque adiam ou evitam algo
que o organismo antecipa como desagradável.

Exemplos:
"A Joana arruma o quarto, para evitar uma discussão com a mãe" - Punição Negativa
(Condicionamento de Fuga)

"O Jorge evita estacionar num lugar proibido, para evitar uma eventual multa" - Punição
Negativa (Condicionamento de Evitação)

Reforço, aumenta a probabilidade de certos comportamentos ocorrentes no


comportamento operante. Existem dois tipos de reforço, são eles:

( Positivo - Pela Adição de um Estímulo


( Negativo - Pela Remoção de um Estímulo

Exemplos:
"Uma criança é elogiada pelos seus desenhos, é provável que os desenhos sejam mais
frequentes" - Reforço Positivo

"O Manuel bebe para ficar mais desinibido" - Reforço Negativo

3. Contingências de Reforço e sua Organização


Ao conjunto [estímulo-resposta-reforço] chama-se contingências de reforço.

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ESTÍMULO- qualquer acontecimento, externo ou interno a um organismo, susceptível de ser
captado pelos seus receptores e de levar a uma reacção
RESPOSTA- unidade de comportamento sob controlo de um ou mais estímulos
Quando é possível identificar as contingências de reforço, diz-se que o comportamento está
sob controlo de estímulos (que o antecedem e o sucedem).
É possível modificar o comportamento dos indivíduos através da organização das
contingências de reforço, nomeadamente, através da atribuição de reforços (quando se
pretende manter comportamentos) ou da supressão de reforços (quando se pretende eliminar
comportamentos). Em qualquer dos casos, é indispensável uma correcta definição prévia das
contingências de reforço.

3.1. PAUTAS DE REFORÇO


A aplicação de reforços pode ser:
– contínua, quando todas as respostas de um determinado tipo são reforçadas
– intermitente, quando apenas uma parte dessas respostas é reforçada. Neste caso, podem
estabelecer-se pautas de reforço (programas de atribuição de reforços intermitentes).

3.1. Tipos de pautas de reforço


– Segundo o número de respostas
* pautas de proporção constante —> o reforço é aplicado após um número fixo de respostas
originam respostas estáveis e regulares

* pautas de proporção variável —> o reforço é aplicado após um número variável de


respostas originam uma maior frequência da resposta originam respostas mais resistentes à
extinção
– Segundo o intervalo de tempo entre as respostas
* pautas de intervalo fixo —> o reforço é aplicado após um intervalo de tempo fixo há um
decréscimo da frequência da resposta após o reforço

* pautas de intervalo variável —> varia grandemente o intervalo de tempo entre dois reforços
originam respostas estáveis e regulares originam respostas mais resistentes à extinção

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CONCLUSÃO

O ser humano é segundo alguns autores, uma "tabula rasa" ou uma massa de moldar que o
meio e a maturação biológica inerente ao homem vai formar.
Poder-se-à pensar que toda a atividade humana é um comportamento que advêm de
aprendizagens várias. No entanto, toda a aprendizagem está intimamente ligada a processos
biológicos e mentais, tais como, a memória, a percepção e a motivação.
Para que uma aprendizagem se mantenha é necessários que uma série de factores se
interliguem. Na teoria Behaviorista e neo-behaviorista a aprendizagem promove um
comportamento que se vai mantendo, se dele se obtiver uma satisfação, independentemente
de qual seja a satisfação. Pelo reforço sistematizado o comportamento vai-se mantendo. Na
perspectiva comportamentalista todo o comportamento é aprendido, logo também pode ser
desaprendido. A desaprendizagem é a extinção do comportamento aprendido que de alguma
forma é inadequado. Nesta perspectiva a noção de aprendizagem está ligada ao
condicionamento clássico e ao condicionamento operante. Na aprendizagem por
condicionamento clássico aprende-se por associação de um ou mais estímulos obtendo-se
assim a resposta. Forma-se como que um elo entre o estímulo e a resposta.
O condicionamento operante relaciona-se com a gratificação, recompensa obtida a partir de
um comportamento ou uma punição e um reforço negativo que visam eliminar o
comportamento inadequado e consequentemente as recompensas dele obtido.
Outras perspectivas da aprendizagem apontam como factores da aprendizagem as estruturas
cognitivas que devem ser maturadas naturalmente, a influência do meio como causa das
aprendizagens. Neste sentido, deve-se acrescentar ainda, as aprendizagens que a interação
social possibilita. Foi referido, anteriormente que os processos ambientais que se
consubstanciam à aprendizagem, na medida em que parece "impossível" manter qualquer tipo
de aprendizagem se não houver memória.
O que se pretende dizer é que há uma estreita ligação entre a quantidade e a qualidade das
aprendizagens adquiridas e o desenvolvimento dos processos cognitivos. De facto, podemos
aprender mesmo que não estejamos muito motivados, contudo, a qualidade da aprendizagem

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é que está em causa. Da mesmo maneira, que toda a aprendizagem adquirida e depois
esquecida está relacionada com a memória.

BIBLIOGRAFIA

Henry Gleitman e Alan J. Fridlund e Daniel Reisberg, Fundação Calouste Golbenkian,


2007, 7° Edição;
Linda L. Davidoff, Introdução à Psicologia, Pearson Makron Books, 2005;
Monteiro, M. Manuela e Ferreira e T. Pedro, Psicologia B, 12°Ano, Porto Editora;
Monteiro, M. e Santos e R. Mílice - Psicologia, Porto Editora;
Noronha, M e Noronha, F.E.Z., Educação e Comportamento, CPC-Centro de Psicologia
Clínica, 1985;
Norwel A. Sprinthall e Richard C. Sprintall, Psicologia Educacional, Mcgraw Hill, 1993, 5°
Edição;
Robert S. Feldman, Introdução à Psicologia, McGraw Hill, 2007, 6° Edição;

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