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UNIVERSIDADE LICUNGO

DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

BELMIRA ABDALA GUSSAI

BERNARDO LUÍS CAMINHO

CARLOTA F. F. MACUANDA

CELINA ANTÓNIO FERNANDO

TEORIAS DE APRENDIZAGEM

Beira

2021
BELMIRA ABDALA GUSSAI

BERNARDO LUÍS CAMINHO

CARLOTA F. F. MACUANDA

CELINA ANTÓNIO FERNANDO

TEORIAS DE APRENDIZAGEM

Trabalho a ser apresentado à cadeira de


Psicologia da Aprendizagem, para fins
avaliativos.

Docente: Msc. Gracinda Syawyadya

Beira

2021
ÍNDICE
1. Introdução..................................................................................................................3

1.1. Metodologia............................................................................................................3

2. Teorias de Aprendizagem Behavioristas....................................................................4

2.1. Teoria de Ivan Pavlov – Condicionamento Clássico..............................................5

2.2. John Watson (1878-1958)......................................................................................5

2.3. Burrhus Frederic Skinner (1904-1990)..................................................................6

3. Teoria de Aprendizagem Social de Albert Bandura..................................................7

4. Teorias de Aprendizagem Interaccionistas................................................................8

4.1. Teoria Interaccionista de Piaget.............................................................................9

4.2. Teoria Sócio-Interacionista: Vigotsky....................................................................9

4.3. A teoria de Jerome Bruner....................................................................................10

4.4. A teoria de David Paul Ausubel...........................................................................12

5. Conclusão.................................................................................................................14

6. Bibliografia..............................................................................................................15
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1. Introdução

Representando um vasto campo de saberes, a Psicologia tem como um de seus objectos


de estudo a aprendizagem humana, ou seja, os diversos factores que levam os “seres
racionais” a apresentarem um comportamento que antes não apresentavam. Tomando
por fundamento esse significado tornou-se consenso, do ponto de vista psicológico, que
a aprendizagem é uma característica inerente a todos os seres que raciocinam.

De um tempo para cá, tem-se notado vários estudiosos dedicando-se a


pesquisar e a se aprofundar em uma concepção do desenvolvimento intelectual
humano, olhando para aquilo que são as teorias de aprendizagem existentes, e em até
que medida estas são responsáveis pelo decorrer efectivo do processo de ensino e
aprendizagem. As teorias da aprendizagem surgem nesse contexto como uma nova
abordagem educacional. Por conta destes aspectos, pretende-se com o presente trabalho
apresentar as teorias de aprendizagem existentes, desde as behavioristas, a teoria de
aprendizagem social e as teorias interaccionistas.

O presente estudo tem por objectivo fazer uma exposição sintética e metódica sobre a
estrutura teórica de cada uma das teorias de aprendizagem, destacando o foco de
análise, os precursores, os conceitos básicos.

1.1. Metodologia

Para a realização deste trabalho recorreu-se ao método bibliográfico, que consistiu na


leitura de várias referências bibliográficas, mas referente ao tema em estudo e uso de
internet para recolha de certas informações.
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2. Teorias de Aprendizagem Behavioristas

De um modo geral, teoria é uma interpretação sistemática de uma área de


conhecimento, uma maneira particular de ver as coisas, de explicar observações, de
resolver problemas. A aprendizagem pode ser definida como aquisição de novos
conhecimentos do meio, cujo resultado é a modificação do comportamento (Brandão,
1995).

As teorias comportamentalistas, ou o behaviorismo, são uma corrente que afirma que o


único objecto de estudo da psicologia é o comportamento observável e susceptível de
ser medido. De acordo com esta corrente, o comportamento dos indivíduos é
observável, mensurável e controlável cientificamente, tal como acontece com os factos
estudados pelas ciências naturais e exactas.

Do inglês behaviourism, o termo behaviour/behavior significa conduta, comportamento.


Os behavioristas trabalham com o princípio de que a conduta dos indivíduos é
observável, mensurável.

A abordagem comportamentalista analisa o processo de aprendizagem, desconsiderando


os aspectos internos que ocorrem na mente do agente social, centrando-se no
comportamento observável. Essa abordagem teve como grande precursor o norte-
americano John B. Watson.

John Broadus Watson (1878-1958) foi considerado o pai do behaviorismo ao defender a


Psicologia como um ramo puramente objectivo e experimental das ciências naturais, a
aprendizagem é uma modificação do comportamento provocado por um estímulo
proveniente do meio envolvente.

As teorias behavioristas baseiam-se em três premissas básicas, segundo Catania (1999):

a) O aprendizado é adequadamente explicado quando se refere a repostas ou


comportamentos observáveis;
b) Alguns dos mecanismos de aprendizagem utilizados por animais inferiores são
úteis, também, aos humanos;
c) A natureza da aprendizagem humana complexa é esclarecida por análises com
base nos processos mais elementares; p.ex., estímulo e resposta.
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2.1. Teoria de Ivan Pavlov – Condicionamento Clássico

De acordo com Ostermann e Cavalcanti (2011), “foi no estudo com animais em


laboratório, em especial a digestão de cães, que Pavlov percebeu que alguns estímulos
provocavam a salivação e a secreção estomacal no animal, o que deveria ocorrer apenas
quando o animal ingerisse um alimento. A partir disso, ele percebeu que o
comportamento do cão estava condicionado a esses estímulos, normalmente aplicados
poucos instantes antes do cão se alimentar.”

Nessa experiência, Pavlov treinou cachorros para que eles salivassem mesmo que a
comida não estivesse por perto. Pavlov tocava um sino toda vez que alimentava os
cachorros. Com o passar do tempo, os cachorros começaram a associar o barulho do
sino à comida, e ficavam famintos e salivantes a cada som emitido pelo sino, mesmo
que seus potes de comida estivessem vazios.1

Com isso, concluiu-se que os seres vivos já nascem com certos reflexos, ou seja,
possuem determinada reacção a partir de acções específicas. 

2.2. John Watson (1878-1958)

Watson é o fundador do behaviorismo no mundo ocidental e utilizou o termo


behaviorismo para enfatizar sua preocupação com os aspectos observáveis do
comportamento. Ele foi fortemente influenciado pelo trabalho de Pavlov e enfatizou
suas pesquisas mais nos estímulos do que nas consequências destes, realizando
experimentos com animais e seres humanos (bebês, inclusive). (Ostermann e
Cavalcanti, 2011)

Para ele, a aprendizagem se dava como o condicionamento clássico de Pavlov: o


estímulo neutro, quando emparelhado um número suficiente de vezes como estímulo
incondicionado, passa a eliciar a mesma resposta do último, substituindo-o.

Para Watson, o comportamento compunha-se inteiramente de impulsos fisiológicos.


Devido à influência de Pavlov, focalizou seu estudo muito mais nos estímulos do que
nas consequências e, assim, encarou a aprendizagem na forma do condicionamento
clássico: o estímulo condicionado, depois de ser emparelhado um número suficiente de

1
https://www.vittude.com/blog/behaviorismo/
6

vezes com o estímulo incondicionado, passa a eliciar a mesma resposta e pode substituí-
lo.

Watson explica que o processo de aprendizagem ocorre através do Princípio da


Frequência e do Princípio da Recentidade. O primeiro princípio diz que quanto mais
frequentemente associamos uma dada resposta a um dado estímulo, mais provavelmente
os associaremos outra vez; Já o Princípio da Recentidade coloca que quanto mais
recentemente associarmos uma dada resposta a um dado estímulo, mais provavelmente
os associaremos outra vez.

2.3. Burrhus Frederic Skinner (1904-1990)

Skinner foi o teórico behaviorista que mais influenciou o entendimento do processo


ensino-aprendizagem e a prática escolar. A concepção skinneriana de aprendizagem está
relacionada a uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino depende de
organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia da
situação de aprendizagem diferente de como entrou.

Skinner desenvolveu o que ficou conhecido por Condicionamento Operante, segundo o


qual o comportamento que produz efeitos agradáveis tende a tornar-se mais frequente,
enquanto que o comportamento que produz efeitos adversos tende a tornar-se menos
frequente. Em síntese, se uma resposta for compensada é fortalecida e tende a manter-
se; o que significa que a aprendizagem depende de consequências.

O reforço, que assume uma importância basilar na teoria de Skinner, é uma


consequência de um comportamento que condiciona a repetição ou a extinção desse
comportamento. Skinner identificou 3 tipos de reforços:

a) Reforço positivo - Consequência (feedback) de um comportamento que tem


consequências agradáveis para o indivíduo, pelo que funciona como mecanismo
para manter e fortalecer a resposta.
b) Reforço negativo - O reforço negativo é um estímulo que prevê consequências
não desejadas pelo indivíduo. Este tipo de reforço pretende enfraquecer um
comportamento em proveito de outro, retirando um estímulo agradável. O
estímulo negativo é devolvido após a obtenção da resposta pretendida.
c) Punição/Castigo - A punição visa reduzir a probabilidade que um determinado
comportamento volta a ocorrer. Refere-se, em termos conceptuais, a um
7

estímulo que é dado após um determinado comportamento não desejado, com


vista à extinção deste mesmo comportamento, através de consequências que são
desagradáveis para o indivíduo.

3. Teoria de Aprendizagem Social de Albert Bandura

Teoria da aprendizagem social é descrita frequentemente como uma “ponte” entre a


teoria da aprendizagem tradicional (ou seja, o behaviorismo) e a abordagem cognitiva.
Bandura sempre deu importância aos factores mentais (cognitivos) na aprendizagem,
definindo os “aprendizes” como sujeitos activos na hora de processar a informação e de
valorizar a relação entre seu comportamento e as possíveis consequências.2

A teoria da aprendizagem social explica o comportamento humano em termos de


interacção recíproca contínua entre determinantes cognitivos, comportamentais e
ambientais. No processo de determinismo recíproco, está a oportunidade de as pessoas
influenciarem seu destino e os limites da autodirecção. Essa concepção do
funcionamento humano, então, não lança as pessoas ao papel de objectos imponentes
controlados por forças ambientais, nem ao papel de agentes livres que podem-se tornar
o que quiserem. A pessoa e o seu ambiente são determinantes recíprocos um do outro”
(Bandura, 1978).

Bandura afirma que existem dois principais meios de adquirir novos comportamentos: a
aprendizagem observacional, também chamada de aprendizagem vicariante ou
modelação, e a aprendizagem enativa.

A modelação é a fonte da maior parte da aprendizagem humana. De acordo com o


fundador do modelo, seria extremamente tedioso e até mesmo perigoso adquirir todos
os nossos complexos padrões de comportamento apenas através de tentativa e erro. No
entanto, ao observar as acções dos outros, podemos formar uma ideia de como os
comportamentos são realizados, e então, em outra situação, realizar o mesmo
comportamento a partir das informações obtidas anteriormente.

Bandura lista quatro processos necessários para que a modelação aconteça:

a) Atenção: o observador precisa prestar atenção aos pontos principais do


comportamento. Essa atenção depende de características relativas ao modelo, como

2
https://revistaeducacao.com.br/2021/01/18/aprendizagem-social-al/
8

status e poder; ao comportamento em si, como complexidade e valor atribuído a ele;


e ao observador, como suas capacidades de processar informação, e os elementos
aos quais sua atenção é mais direccionada.
b) Retenção: é necessário que o observador seja capaz de lembrar-se do
comportamento para repeti-lo, através de um processo de simbolização. Existem
duas formas principais de representação: a criação de imagens mentais, como a de
uma fatia de bolo em um prato quando se menciona o comportamento de comer; e a
codificação verbal, como as instruções para preparar uma receita de bolo.
c) Reprodução motora: o observador deve ser capaz de transformar a representação
cognitiva do comportamento em uma execução motora dele. A modelação
geralmente consegue oferecer apenas uma ideia aproximada de como
comportamentos motores complexos são feitos. Os desvios são, então, corrigidos
através de tentativa e erro.
d) Motivação: para que um comportamento aprendido seja executado, é importante que
ele seja valorizado socialmente ou pelo observador, ou que as consequências do
comportamento do modelo sejam consideradas reforçadoras pelo observador.

4. Teorias de Aprendizagem Interaccionistas

Segundo os interaccionistas, o organismo e o meio exercem acções recíprocas, ou


seja, um influencia o outro acarretando mudanças sobre o indivíduo. Eles discordam das
teorias inatistas por desprezarem o papel  do ambiente e das  concepções  ambientalistas
por ignorarem factores  maturacionais.

É na interacção da criança com o mundo social que características deste mundo vão
sendo conhecidas e assim ela poderá, através de sua acção sobre ele, ir construindo
seus conhecimentos.

Segundo Davis (1990) os interaccionistas acreditam numa complexa combinação de


influências que podem favorecer o processo de aprendizagem. O ser humano não é
compreendido como ser passivo, mas, ao contrário, assume um papel activo, utilizando-
se dos objectos e de suas significações para conhecer, aprender e consecutivamente, se
desenvolver. Nesta abordagem, aprendizagem e desenvolvimento se inter-relacionam,
se misturam e se completam, proporcionando ao indivíduo a responsabilidade de sua
aprendizagem.
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4.1. Teoria Interaccionista de Piaget

Piaget concebe a criança como um ser activo, atento e que constantemente cria
hipóteses sobre o seu ambiente. Assim, acredita que, de acordo com o estágio de
desenvolvimento em que a mesma se encontra, elabora os conhecimentos de forma
espontânea.  A criança tem uma visão particular sobre o mundo e à medida que se
desenvolve, em sua interacção com o adulto, aproxima-se de suas concepções tornando-
se socializada. No entanto, o papel da interacção, nesta teoria, fica minimizado em
virtude de que, para Piaget, a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento.

Para Piaget, o desenvolvimento é um processo sucessivo de equilibrações. Embora essas


equilibrações ocorram nas diversas etapas do desenvolvimento, certas estruturas vão
definir um momento deste desenvolvimento.

O alicerce da teoria piagetiana é a noção de equilíbrio. Para Piaget todo o organismo


vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação ao se meio." O processo
dinâmico e constante do organismo buscar um novo e superior estado de equilíbrio é
denominado processo de equilibração majorante". (Davis & Oliveira, 1993).

Para a teoria interaccionista de Piaget, a passagem de uma etapa mental de


desenvolvimento para outra perpassa através de quatro factores essenciais: "... a
maturidade do sistema nervoso; a interacção social; a experiência física com os objectos
e, principalmente a equilibração, ou seja, a necessidade que a estrutura cognitiva tem de
se desenvolver para enfrentar as demandas ambientais - o de menor peso é a interacção
social.

Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de


constantes desequilíbrios e equilibrações. O surgimento de uma nova possibilidade
orgânica no indivíduo ou alguma mudança que ocorra no meio ambiente, por pequena
que seja, provoca a quebra do estado de repouso entre o organismo e o meio, causando
um desequilíbrio.

4.2. Teoria Sócio-Interacionista: Vigotsky

Na teoria sócio-interacionista, que teve em Vygotsky seu maior expoente, uma nova
abordagem fica evidenciada. Seus pressupostos partem da ideia de homem enquanto
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corpo e mente, enquanto ser biológico e social e enquanto participante de um processo


histórico cultural.

"Vygotsky defende a idéia de contínua interação entre as mutáveis condições sociais e


as bases biológicas do comportamento humano. Partindo de estruturas orgânicas
elementares, determinadas basicamente pela maturação, formam-se novas e mais
complexas funções mentais, a depender das experiências sociais a que as crianças se
acham expostas." (Davis & Oliveira, 1993)

Através dos postulados de reconstrução e reelaboração dos significados culturais que


Vygotsky desenvolveu o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), pois,
só é possível a criança realizar acções que estão próximas daquelas que ela já
consolidou.

Para Vygotsky, a ZDP constitui-se em dois níveis: o nível de desenvolvimento real e o


nível de desenvolvimento potencial. A capacidade de realizar tarefa sozinha, constitui-
se no nível de desenvolvimento real, enquanto que o nível de desenvolvimento potencial
é a etapa em que a criança desempenha tarefas com a ajuda do outro.

Para Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento proximal é o espaço entre o nível de


desenvolvimento real – momento onde a criança estava apta a resolver um problema
sozinha – e o nível de desenvolvimento potencial – onde a criança o fazia com a
colaboração de um adulto ou um companheiro.

4.3. A teoria de Jerome Bruner

Na visão de Bruner “é possível ensinar qualquer assunto, de uma maneira honesta, a


qualquer criança em qualquer estágio de desenvolvimento.”

Bruner concebeu o processo de aprendizagem como “captar as relações entre os fatos”,


adquirindo novas informações, transformando-as e transferindo-as para novas situações.
Partindo daí, ele formulou uma teoria de ensino.

Para Bruner, o ensino envolve a organização da matéria de forma eficiente e


significativa para quem aprende. 
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Bruner acredita que haja três níveis de representação cognitiva do mundo: 

a) Representação Enativa:

Nesta etapa, a criança representa o mundo pela acção. Por exemplo, se perguntarmos
para uma criança onde fica a escola dela, provavelmente ela será capaz de nos levar até
lá, porém, dificilmente saberá representar o caminho através de um mapa ou até dar
indicações verbais.

As crianças pequenas comunicam-se melhor com o mundo e entendem melhor as coisas


por meio da acção, portanto, a comunicação do adulto para com a criança neste nível
deverá ser expressa sob a forma de movimentos.

O reforço ou recompensa quanto ao comportamento desejável de uma criança deste


nível, será mais eficaz se acariciarmos sua cabeça ou batermos palmas pelo que fez, do
que dizermos palavras de elogios. 

b) Representação Icónica

Neste nível, a criança possui a representação mental – ícone= imagem, figura – dos


objectos, sem a necessidade de manipulá-los. A imagem existe independente da
acção. As crianças já podem desenhar a figura de um objecto, por exemplo, uma bola,
sem representar o acto de jogar a bola. A criança já aprecia e compreende figuras
e ilustrações de livros de histórias infantis. 

c) Representação Simbólica

Neste nível a criança pode representar o mundo por símbolos, sem a necessidade do uso
da acção ou da imagem e já consegue traduzir experiências através da linguagem e
receber mensagens verbais do adulto.

Segundo Bruner, o desenvolvimento intelectual do ser humano resulta da estimulação


ambiental, uma variedade de estímulos e mudanças no ambiente se faz necessária para
um adequado desenvolvimento cognitivo. 

O ambiente em que a criança vive, é determinante das diferenças em relação à idade em


que passam pelos estágios. Neste sentido, sua teoria coincide com a de Piaget. A
criança, desde cedo, deve ser exposta a estímulos variados. 
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Bruner coloca que crianças que, por qualquer razão, sofreram privação


sensorial, poderão
ter o desenvolvimento cognitivo prejudicado, podendo ser irreversível. 

4.4. A teoria de David Paul Ausubel

Segundo Ausubel (1982) a aprendizagem é uma modificação apenas do conhecimento e


não comportamental (Behaviorismo), e que a mesma, juntamente com o ensino, dá-se
por meio de conhecimentos prévios e mapas conceituais, favorecendo o aluno a
aprender.

Na concepção de Moreira (2009) opondo-se ao behaviorismo, que tem sua atenção


centrada no comportamento humano, o cognitivismo de Ausubel escolhe analisar a
mente, o acto de conhecer; como o homem desenvolve seu conhecimento em relação ao
mundo, avaliando os aspectos que interfere no processo estímulo/resposta.

Segundo Ausubel, a aprendizagem é um processo que envolve a interacção da nova


informação abordada com a estrutura cognitiva do aluno. Dessa forma, sempre deve se
considerar o conhecimento prévio que o indivíduo possui como ponto de partida para
um novo conhecimento.

Para o mesmo autor, a aprendizagem ocorre quando a nova informação se ancora em


conceitos ou proposições relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz, ou
seja, quando este aluno encontra significado no que ouve.

Para Ausubel, a aprendizagem consiste na “ampliação” da estrutura cognitiva, através


da incorporação de novas ideias a ela. Dependendo do tipo de relacionamento que se
tem entre as ideias já existentes nesta estrutura e as novas que se estão internalizando,
pode ocorrer um aprendizado que varia do mecânico ao significativo.

Aprendizagem Mecânica ocorre com a incorporação de um conhecimento novo de


forma arbitrária, ou seja, o aluno precisa aprender sem entender do que se trata ou
compreender o significado do porquê. Essa aprendizagem também acontece de maneira
literal, o aluno aprende exactamente como foi falado ou escrito, sem margem para uma
interpretação própria.

Este tipo de aprendizagem ocorre por norma quando existe pouca ou nenhuma
informação prévia na estrutura cognitiva, com a qual se possa relacionar. Nestes casos a
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nova informação é armazenada de maneira arbitrária sendo assimilada de forma


mecânica, passando a integrar as estruturas cognitivas ou já existentes ou criando novas.
Decorar fórmulas, leis e conceitos são apenas alguns exemplos de aprendizagens
mecânicas.

Na significativa, a aprendizagem ocorre com a incorporação de conhecimento novo na


estrutura cognitiva do estudante, e pode ser associado a um conhecimento prévio,
relacionado e relevante, já existente nessa estrutura cognitiva.

A aprendizagem significativa tem lugar quando as novas ideias vão se relacionando de


forma não-arbitrária e substantiva com as ideias já existentes. Por “não-arbitrariedade
entende-se que existe uma relação lógica e explícita entre a nova ideia e alguma(s)
outra(s) já existente(s) na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, por exemplo,
entender o conceito do termómetro só será de fato significativo para o indivíduo, se de
alguma forma houver uma clara relação entre este e o conceito de temperatura.

Vale ressaltar ainda que é importante agora reconhecer que as aprendizagens, mecânica
e significativa, constituem uma dicotomia e que, na verdade, todo nosso conhecimento
se situa em algum lugar entre os dois extremos: mecânico–e significativo.
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5. Conclusão

Terminado o trabalho, pudemos aferir que as abordagens das Teorias da Aprendizagem


são de fundamental importância para a formação docente, já que, seus pressupostos
exercem influência directa ou indirecta nas discussões e acções pedagógicas que
envolvem o ensino/aprendizagem nas escolas.

Importa ainda salientar que a evolução no âmbito educacional, seja no aprimoramento


das metodologias, na aquisição de novos materiais didácticos, entre outros, vem a
ocorrer nos últimos tempos, no qual inovações educacionais vêm sendo testadas, como
forma de facilitar o processo de ensino-aprendizagem. E para que tais aprimoramentos
sejam efectivados, dependem muito das teorias aqui apresentadas.

Por fim, vale ressaltar que essas discussões sobre as teorias de aprendizagem estão
baseadas no pressuposto de que a qualidade do ensino em sala de aula está intimamente
relacionada ao conhecimento de referenciais teóricos que orientem o planejamento, a
implementação e a avaliação de práticas educacionais.
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6. Bibliografia

BANDURA, A. (1978). The Self System in Reciprocal Determinism. American


Psychologist, 33, 344-358.

BRANDÃO, M. L. Psicofisiologia. Atheneu, São Paulo, 1995.

CATANIA, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. 4ª ed. Artes


Médicas Sul, São Paulo, 1999.

DAVIS, Cláudia.   "O construtivismo de Piaget e o sócio-interacionismo de


Vygotsky".  In: Anais: I Seminário Internacional de Alfabetização & Educação
Científica. Ijuí: UNIJUÍ, 1990.

DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez,
1993.

OSTERMANN, Fernanda. CAVALCANTI, Cláudio José de Holanda. Teorias de


Aprendizagem. 1ª ed. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

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