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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADES

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS

ISAC ROQUE

PAULINO RAQUISSONE NOTA

Orações Subordinadas Adverbiais Concessivas

Beira

2021
ISAC ROQUE

PAULINO RAQUISSONE NOTA

Orações Subordinadas Adverbiais Concessivas

Trabalho a ser apresentado à Faculdade de


Letras e Humanidades para avaliação ao
nível da Cadeira de Língua Portuguesa III.

Docente: MA. Amândio Paulito Abacar

Beira

2021
ÍNDICE
1. Introdução..................................................................................................................3
2. Pressupostos teóricos.................................................................................................4
2.1. Orações...................................................................................................................4
2.2. Oração subordinada................................................................................................4
2.3. Oração subordinada adverbial concessiva..............................................................5
2.4. Conjunções e Locuções concessivas......................................................................7
3. Conclusão...................................................................................................................9
4. Referência bibliográfica...........................................................................................10
Anexos.............................................................................................................................11
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1. Introdução

O presente trabalho, da cadeira de Língua Portuguesa III, visa trabalhar as orações


subordinadas adverbiais concessivas, dentro do qual deveremos trazer os conceitos de
pululam em volta desta tipologia de orações, e os respectivos exemplos. Importa ainda
ressaltar que os exemplos que aqui serão apresentados serão retirados de alguns textos
disponíveis em obras de diversos autores.

Olhando para as orações como um dos principais temas quando se trata da


aprendizagem de línguas, o trabalho justifica-se como sendo importante pelo facto de
este favorecer a busca de informação e possível esclarecimento sobre como é que as
orações são concebidas na visão de diversos autores.

Vale ressaltar que para a efectivação do presente trabalho foi-nos instruída à recolha de
informações e diversos conceitos em obras que retractem o assunto e com base nos
mesmos formularmos exemplos que coadunem com tais conceitos, configurando desta
feita um trabalho com a metodologia de pesquisa bibliográfica.
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2. Pressupostos teóricos
2.1. Orações

Costa (2010) apresenta-nos a visão da existência de dois tipos distintos de frases, a


simples e a complexa. A frase simples tem como elemento central um único verbo
principal ou copulativo que atribui uma propriedade a uma entidade ou estabelece uma
relação entre entidades, ao passo que frases complexas são aquelas que se combinam
mais do que um verbo principal ou copulativo, obtendo unidades frásicas complexas.

Para o mesmo autor, cada unidade frásica contida dentro de uma frase complexa
denomina-se oração.

Na visão de Cunha e Cintra (2005:22), oração é a frase ou membro de frase que se


biparte normalmente em sujeito e predicado.

Analisando os conceitos de oração aqui apresentado, remete-nos a grande importância


dos elementos que nela fazem parte, a saber, o sujeito e o respectivo predicado, face a
isso, a oração seria uma frase simples ou complexa que exprime uma determinada
proposição.

2.2. Oração subordinada

“Quando temos uma oração com sentido próprio e independente, mas a outra não,
dizemos que são orações subordinadas”. (Mateus 2005:34). “No período composto por
subordinação, há uma oração principal, que traz presa a si, como dependente, outra ou
outras. Dependentes, porque cada uma tem seu papel como um dos termos da oração
principal”. Cunha e Cintra (2005:22).

Costa (2010) afirma que as orações subordinadas podem assumir diferentes funções
sintácticas na frase que as assemelham a expressões nominais, adjectivas ou adverbiais.
Como tal, constituem-se as seguintes tipologias de orações subordinadas: subordinadas
substantivas, subordinadas adjectivas e subordinadas adverbiais.

Dos pensamentos acima apresentados, resta-nos o pensamento de que a oração


subordinada é aquela que estabelece uma relação de subordinação, ou seja, de
dependência, obviamente se a oração subordinada estabelece uma relação de
subordinação é certo que existe uma que é a oração principal ou subordinante, e, por
conseguinte, a oração que depende desta que é a principal, que por sua vez, denomina-
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se por subordinada. Todavia, há um dado pertinente a acrescentar, que diz respeito à


informação final da classificação da oração subordinada, normalmente a segunda oração
é que leva a classificação final da oração por causa de estar aglutinado a conjunção, o
elemento que liga as duas orações.

2.3. Oração subordinada adverbial concessiva

Costa (2010) advoga ainda que uma oração subordinada adverbial estabelece a sua
relação estrutural de encaixe com a oração subordinante, ocupando uma posição típica
de advérbio. A oração subordinada adverbial pode ocorrer à esquerda, à direita ou no
interior da oração subordinada, desempenhando a função de modificador da frase ou do
grupo verbal.

O termo concessivo designa uma relação semântico-sintáctica de oposição ou contraste


entre frases. São concessivas um tipo de orações/frases subordinadas adverbiais,
introduzidas pelas conjunções ou locuções conjuncionais.1

Sobre a oração subordinada adverbial concessiva, Costa (2010) afirma que esta
“apresenta um contraste ao que se esperaria ou seria previsível perante ao exposto na
oração subordinante. Assim, a oração subordinada concessiva tanto enuncia uma
situação inesperada, como uma expectativa contrariada”.

“Orações Subordinadas Concessivas - exprimem uma ideia de concessão, um facto que


se opõe ao que foi expresso na oração anterior”. Idem. Deste modo, a “oração
concessiva expressa um facto real ou suposto — que poderia opor-se à realização de
outro facto principal, porém não frustrará o cumprimento deste”. Costa (2015:301).

De acordo com o mesmo autor, a oração subordinada adverbial concessiva pode ter um
carácter factual, quando apresenta uma ideia contrastiva, ou condicional, quando a ideia
expressa é simultaneamente contrastiva e condicional, com recurso a formas finitas
(conjuntivo) ou não finitas (infinitivo, gerúndio e particípio), veja-se os seguintes
exemplos:

Embora a Joana esteja cansada, está a ver um filme no cinema. (Finita/carácter factual)

É Verão, ainda que esteja frio. (Finita/carácter factual)

1
Disponível em: https://www.infopedia.pt/$concessivo
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Mesmo que a Joana esteja cansada, ela irá ver um filme ao cinema. (Finita/carácter
condicional)

Mesmo se estiver frio, continuará a ser Verão. (Finita /Carácter condicional)

Em princípio quando falamos da relação de subordinação, remete-nos a ideia de


dependência total do exposto, porém, para o caso da oração subordinada adverbial
concessiva, dá-nos a impressão duma ideia de submissão parcial porque parece em
primeira impressão que não haja uma conexão entre as duas orações, como atesta o
conceito acima apresentado.

Em contrapartida Ataliba (2010):

Apresenta o problema na classificação das orações subordinadas


adverbiais, pois algumas se distinguem sintaticamente em relação a
aquelas consideradas como subordinadas adverbiais. Todas subordinadas
adverbiais deveriam aceitar o teste de focalização, mas as concessivas, as
comparativas, as consecutivas e as conformativas não podem ser
focalizadas, não podendo, portanto, serem consideradas adverbiais.

Em última instancia, a autora acima referenciada, advoga que a tipologia concessiva


assim como as outras que fazem parte desta, não podem possuir o estatuto duma oração
subordinada adverbial pelo facto de estas não aceitarem o teste de focalização, que para
o autor, é um macro fundamentalmente importante para a autenticação das orações
adverbiais. Portanto, posto isto, entramos em dilema com os conceitos apresentados
anteriormente.

Como DESENVOLVIDA, vem começada:

Por uma das conjunções ainda que, ainda quando, apesar de que, conquanto,
embora, mesmo que, se bem que, sem que — sempre com verbo no subjuntivo:
Ex.: “Mas eu estava vazia apenas na aparência. Porque sabia que, apesar de
efémero, o amor de Arcanjo Baleiro gerará fruto.”
Ex: “Ninguém testemunhou o episódio das suas mortes ainda que o filho tenha
sido poupado.”

Como se vê, a oração concessiva pode colocar-se antes ou depois da principal. A


anteposição parece que lhe dá maior relevo, e permite o uso, na oração principal, de
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uma palavra ou expressão que realce o contraste de ideias, tais como: ainda assim,
mesmo assim, contudo, entretanto, sempre, toda e outras:

Ex.: “Eu já esperava aquilo mas, ainda assim, desmoronei, sob o peso da vergonha.”

Ex: “Pode ter havido dezasseis anos de guerra civil, de uma guerra cruel, violentíssima,
pode ter havido tudo isso muito recentemente, mas mesmo assim ninguém retira do
discurso que construímos sobre nós mesmos que os moçambicanos são um povo não
violento.”

Ex: “Necessitamos de ter a certeza de que vale a pena esperar sem receio de que os
abutres devorem, entretanto, o melhor pedaço da nossa alma.”

A conjunção que, empregada como concessiva, oferece, na linguagem moderna, a


particularidade de não iniciar a oração em que figura, a qual começará, então, por um
predicativo, ou complemento: Poderosos que sejam, / não me curvarei à vontade deles.
Mil anos que eu vivesse, / jamais esqueceria aquela mágoa.

2.4. Conjunções e Locuções concessivas

Para Terra e Nicolas (2006), citados por Secco, conjunção é a palavra invariável que
liga duas orações ou dois termos que exercem a mesma função sintáctica dentro de uma
oração. Segundo as conjunções, assim como as locuções conjuntivas, classificam-se em
coordenativas e subordinativas.

As conjunções subordinativas ligam duas orações sintacticamente independente. Dá-se


o nome de duas ou mais palavras com valor de conjunção.

Conjunções e locuções subordinativas servem para introduzir orações subordinadas. As


conjunções subordinativas também relacionam duas orações. Neste caso, uma oração é
a principal e a outra vem subordinada a ela.

Por uma das locuções por mais... que, por muito... que, por pouco... que, etc.; ou
simplesmente por... que-. Por mais forte que ela seja, / não resistirá a dor tamanha! Por
muito depressa que andes, / dificilmente o alcançarás.

Ex.: “Aquele sossego de paraíso deveria sossegar-me, mas não. Porque me apercebo de
que a canoa estancou e, por mais que me esforce, não saio do sítio.”
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Ex: “Aqueles que matámos, por mais estranhos e inimigos que sejam, tornam-se
nossos parentes para sempre.”

Ex: “Por mais apurada que seja a sua pontaria, todo o homem que caça é um falhador.
Para cada vitória, mil derrotas.”

Estas mesmas locuções — sem interposição de adjetivos, ou advérbios — modificam


diretamente o verbo que vem depois:

Apresentando-se sob a forma de REDUZIDA, a concessão enuncia-se: a) Pelo gerúndio:


Não sendo médico, / ele faz, todavia, curas milagrosas. LIMA (2011).
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3. Conclusão

Terminado o trabalho, que teve como objecto de estudo as orações subordinadas


adverbiais concessivas, pudemos verificar que estas são utilizadas quando se pretende
marcar um obstáculo ao facto expresso na oração subordinante, no entanto, não sendo
capaz de impedir que tal facto se consuma. E estas são observadas através do uso das
conjunções e locuções conjuncionais.

Importa ainda ressaltar que no, no que diz respeito à classificação da oração
subordinada, normalmente a segunda oração é que leva a classificação final da oração
por causa de estar aglutinado a conjunção, o elemento que liga as duas orações.

Pudemos ainda trazer aqui alguns exemplos de orações tirados nos escritos de alguns
autores renomados em Moçambique para dar azo aos pressupostos teóricos
apresentados.
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4. Referência bibliográfica

CASTILHO, Ataliba T. (2010). Nova gramática do português brasileiro. São Paulo:


Contexto.

COSTA, João. (2010). Gramática Moderna da Língua Portuguesa. 1ª Edição, Escolar


Editora: Lisboa.

COSTA, João. (2015). Gramática Moderna da Língua Portuguesa. 3ª Edição, Escolar


Editora: Lisboa.

CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. (2005). Gramática contemporânea da Língua


Portuguesa. 45ª Edição: Rio Janeiro.

LIMA, Rocha. (2011). Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 49ª Edição. Rio de
Janeiro: Olympio editora.

MIRA MATEUS, Maria Helena et ali. Gramática da língua portuguesa. 5ª ed. revista e
aumentada. Lisboa: Caminho, 2003/2005
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Anexos
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O planeta das peúgas rotas, In: COUTO, Mia. E se Obama Fosse Africano.

“De imediato, assalta-me a memória do meu pai sulcando o sangue que nãoera apenas
seu, mas de todos os Baleiros. Uma entonação grave ensombra a minha fala. Aqueles
que matámos, por mais estranhos e inimigos que sejam, tornam-se nossos parentes para
sempre. Nunca mais se retiram, permanecem mais presentes que os vivos.”

Excerto do Texto “A Viagem”, In: COUTO, Mia. A Confissão da Leoa.


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Uma Ilegível memória, In: COUTO, Mia. A Confissão da Leoa.


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