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BEHAVIORISMO
Grupo nº 6
LUANDA, 2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
BEHAVIORISMO
LUANDA, 2023
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
Conceitos chaves ........................................................................................................... 5
ORIGEM DO BEHAVIORISMO .................................................................................... 6
PRINCIPAIS CONCEITOS DO BEHAVIORISMO ...................................................... 6
Behaviorismo Metodológico ......................................................................................... 6
Behaviorismo Radical ................................................................................................... 7
REALISMO VERSUS PRAGMATISMO ....................................................................... 7
ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO ............................................. 9
Os reflexos e os comportamentos liberados ............................................................... 10
1. Condicionamento Respondente ou Reflexo ........................................................ 11
Aquisição .................................................................................................................... 12
Condicionamento Clássico: “O cão de Pavlov” ...................................................... 12
Condicionamento Clássico: “O pequeno Albert”.................................................... 13
2. Condicionamento Operante ................................................................................. 14
Reforçamento .............................................................................................................. 15
Modelagem ................................................................................................................. 16
CONTROLO DE ESTÍMULOS ..................................................................................... 16
Discriminação ............................................................................................................. 16
Generalização .............................................................................................................. 17
Comportamento Verbal e Linguagem ......................................................................... 17
EVOLUÇÃO E CULTURA ........................................................................................... 18
BEHAVIORISMO E SUA APLICAÇÃO ..................................................................... 19
NEOBEHAVIORISMO ................................................................................................. 21
1. A Teoria Cognitiva Social de Albert Bandura..................................................... 21
2. Aprendizagem Intencional de Edward C. Tolman .............................................. 22
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 24
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 25
INTRODUÇÃO
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Conceitos chaves
Os seguintes conceitos ou definições foram extraídos do Dicionário de
Psicologia, de Mesquita, R., & Duarte, F. (1996), e do livro “Sobre o Behaviorismo” de
B. F. Skinner, traduzido por M. P. Villalobos (2009).
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ORIGEM DO BEHAVIORISMO
Behaviorismo Metodológico
Behaviorismo Radical
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de que as árvores, as rochas, as construções, as estrelas e as pessoas que nós vemos
estão lá realmente – que há um mundo real fora do sujeito que dá origem a nossas
experiências. Se, descreve Baum (2006), o sujeito der costas para uma árvore acredita
que, ao se virar, a verá novamente. O autor deduz que parece ser senso comum que a
árvore, suas percepções, pensamentos e sentimentos estão dentro de si. Essa noção,
aparentemente simples, envolve duas pressuposições: primeiro, esse mundo real parece
estar de algum modo lá fora, em contraste com a nossa experiência, que parece estar de
algum modo aqui dentro, ou seja, dentro de cada um. Segundo, nossas experiências são
experiências do mundo real; elas existem à parte do mundo propriamente dito.
A descrição do parágrafo anterior, descreve o autor, estaria próxima do ponto de
vista que os filósofos chamam de realismo ingénuo, que sustenta que a existência de um
objecto subsiste separadamente da nossa percepção dele. Uma vez que isso é parte da
visão do comportamento que se herda ao crescer na cultura ocidental, muitas vezes
chamada de psicologia popular, poderia chamar-se a isso de realismo popular.
Para Baum (2006), o realismo sustenta que há um mundo real fora de nós e que
esse mundo real externo dá origem a experiências internas em cada um de nós. O
mundo externo é considerado objectivo, enquanto o mundo da experiência interna é
considerado subjectivo.
Pragmatismo
O pragmatismo é uma concepção desenvolvida por diversos filósofos,
particularmente William James (1842-1910), durante a segunda metade do século XIX e
início do século XX. A noção fundamental do pragmatismo é de que a força da
investigação científica reside não tanto na descoberta da verdade sobre a maneira como
o universo objectivo funciona, mas no que ela nos permite fazer. O pragmatismo
concentra-se na tarefa de compreender as nossas experiências. Alguns dos estudos
realizados sobre o pragmatismo, influenciaram naquilo que foi a noção do behaviorismo
radical para B. F. Skinner, refere Baum (2006).
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elaborado a partir da teoria da evolução por selecção natural de Charles Darwin. A
formação e a transformação das diferentes espécies envolvem dois processos básicos: a
produção de variação aleatória dentro de populações e selecção ambiental de algumas
dessas variações.
Skinner adota o modelo selecionista darwiniano e amplia estes princípios para
explicar o comportamento. Para este, os repertórios comportamentais adquiridos na vida
de cada indivíduo e as diferentes práticas culturais existentes também são determinados
por processos de variação e selecção, logo na perspectiva behaviorista radical, o
comportamento humano é determinado por três níveis de variação e selecção – a
filogênese, a ontogênese e a cultura. O primeiro diz respeito ao conjunto de
características anatomofisiológicas do organismo, os padrões fixos de acção, a
sensibilidade a estímulos ambientais, a susceptibilidade a diferentes processos de
aprendizagem, mecanismos motivacionais, entre outros. O segundo refere-se à parte
significativa da aprendizagem pela qual o organismo é modificado e seu repertório
comportamental é construído. O terceiro é responsável pela evolução e manutenção dos
ambientes socioculturais, nos quais um indivíduo aprende com as práticas do grupo
(Leonardi, 2008, p. 2).
Para o próprio Skinner, traduzido por Villalobos (2009), o ambiente deu a sua
primeira grande contribuição durante a evolução das espécies, mas ele exerce um
diferente tipo de efeito – durante a vida do indivíduo, e a combinação dos dois efeitos
(ambiente e indivíduo) é o comportamento que observamos a dada altura. Logo, chega a
conclusão que se a dado momento o indivíduo e o ambiente se podem alterar/modificar,
logo o próprio comportamento pode ser modificado.
Qualquer informação disponível acerca de qualquer
uma das duas contribuições auxilia a previsão e o
controlo do comportamento humano e sua
interpretação na vida diária. Na medida em que um
dos dois possa ser alterado, o comportamento pode
ser modificado (ibid).
Refere Bock et. al (1999) que no início dos anos 30, na Universidade de Harvard
(Estados Unidos), Skinner começou o estudo do comportamento justamente pelo
comportamento respondente, que se tornara a unidade básica de análise, ou seja, o
fundamento para a descrição das intenções indivíduo-ambiente. O desenvolvimento
deste trabalho levou-o a teorizar o que viria a ser nova unidade de análise de sua
ciência: o comportamento operante.
Segundo Leonardi (2008), Skinner dá-nos luzes para que possamos compreender
estes comportamentos (condicionamentos respondente e operante) quando retrata os
reflexos e os comportamentos liberados por eles.
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Traduzindo Skinner, segundo Villalobos (2009), tão logo se cunhou a palavra,
ela foi entendida como referindo-se à anatomia e à fisiologia subjacentes, mas estas são
ainda mal conhecidas. Um reflexo tem apenas força descritiva; não uma explicação.
Dizer que um bebé respira ou mama porque possui reflexos apropriados é simplesmente
dizer que respira ou mama presumivelmente porque evoluiu de maneira a poder fazê-lo.
Para Skinner, respirar e mamar implicam respostas ao ambiente, mas não devem, de
nenhuma forma, ser diferenciados do restante da respiração e da digestão.
Para Skinner o comportamento envolve usualmente o meio de maneira mais
complexa. Como exemplos bem conhecidos são encontrados em espécies inferiores. A
corte, o acasalamento, a construção de ninhos e os cuidados com as crias são coisas que
os organismos fazem e, mais uma vez, presume-se que fazem por causa da maneira por
que evoluíram. Geralmente a esse tipo de comportamento chamamos de instintivo, em
vez de reflexivo, porém, instintivo ou liberado, o comportamento é também mais
flexível do que reflexivo no adaptar-se a características adventícias do ambiente (ibid).
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que se estabeleceram a partir da experiência daquele sujeito, constituindo-se, portanto,
em sua história ontogenética.
Para que um estímulo proceda uma resposta, aponta Davidoff (2001), ocorrem
os seguintes processos:
Estímulo incondicionado (EI) é um estímulo eliciador que produz um
respondente automaticamente. Como exemplo, o alimento dentro da boca é um estímulo
incondicionado para a salivação.
Resposta incondicionada (RI) é o respondente produzido automaticamente
pelo estímulo incondicionado. Como exemplo, o alimento dentro da boca produz
salivação.
Estímulo neutro (EN) é qualquer evento, objecto ou experiência que não elicia
a resposta incondicionada até que o condicionamento seja iniciado. O estímulo neutro
tem de ser emparelhado ao estímulo incondicionado para que ocorra o condicionamento.
Imaginemos que o soar de uma campainha ocorra diariamente ao meio-dia, segundos
antes de você almoçar. O barulho é um estímulo neutro porque não evoca inicialmente a
salivação.
Depois que o estímulo neutro é associado ao estímulo incondicionado
(ocasionalmente uma vez, geralmente muitas vezes), ele desencadeia uma reacção
similar a incondicionada que é chamada de Resposta condicionada (RC). A resposta
condicionada é menos intensa e menos completa do que a resposta incondicionada. Se
todos os dias a campainha precede rigorosamente o almoço, ela própria, ao soar, passará
a estimular uma pequena quantidade de salivação. Assim que o estímulo neutro tiver
começado a produzir a resposta condicionada, seu nome muda para estímulo
condicionado (EC).
Aquisição
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colegas estabeleceram uma versão simplificada da situação que produzira as peculiares
salivações.
Antes de iniciar os estudos, cita Davidoff (2001), Pavlov e seus colegas realizam
uma pequena incisão, geralmente na face do animal, para que o ducto salivar pudesse
ser transplantado para a parte externa. Os animais eram colocados em uma bancada,
presos. Após acostumarem-se à situação, suas reacções salivares a uma mistura de
biscoito com carne na boca (estímulo incondicionado) e a um estímulo neutro
(geralmente um som) eram medidas. Os animais salivavam consideravelmente quando
recebiam alimento e muito pouco quando confrontados com um som.
A partir daí os testes de condicionamento eram iniciados. O som tocava e – em
geral, simultaneamente ou alguns segundos depois – um prato de alimento era dado ao
cão. Foram repetidas várias sessões, refere Davidoff (2001), o que mais tarde levou os
cães a efectivamente, salivarem depois de ouvir o som da campainha.
Segundo Pavlov, refere o mesmo autor, os reflexos inatos são apenas uma
pequena fracção de todo o comportamento. Muitas respostas precisam de ser adquiridas
e este acredita que estivesse a estudar as leis da mente. Assim, embora a reacção a um
incêndio seja inata, Pavlov acredita que as respostas a palavras como “quente” ou
“fogo” precisam ser aprendidas, logo espera explicar todo o conhecimento e acção
humana com base ao modelo de condicionamento clássico.
Condicionamento Clássico: “O pequeno Albert”
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resposta, o medo que sentia e o choro provocado, a um outro estímulo que antes não lhe
causava medo.
2. Condicionamento Operante
Segundo Villalobos (2009) e traduzindo Skinner, o condicionamento operante é
o processo por via do qual uma pessoa chega a haver-se eficazmente com um novo
ambiente. As coisas no mundo exterior como comida e água, contacto sexual e fuga a
danos são crucias para a sobrevivência do indivíduo e da espécie e, por isso, qualquer
comportamento que as produza tem valor de sobrevivência. São descritos
informalmente, segundo Perrone & Tridapali (2021), como “voluntários”, envolvendo
mais a musculatura estriada, processos de linguagem, pensamento, interacção social,
entre outros.
Citam Bock et. al (1999) que, segundo Keller, o comportamento operante inclui
todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum
momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo ao redor. O comportamento
operante opera sobre o mundo, quer directa ou indirectamente. A leitura que se faz de
um livro, escrever uma carta, chamar um táxi com um gesto de mão, tocar um
instrumento, etc, tudo isso é definido como um comportamento operante do indivíduo.
O ser humano e a espécie animal lutam todos os dias para que possam
sobreviver, logo, diante de uma situação externa (ambiente), qualquer comportamento
que estes produzam condiz doravante com uma questão de sobrevivência. Villalobos
(2009) refere que através do processo de condicionamento operante, o comportamento
que apresente este tipo de consequência tem mais probabilidade de ocorrer, pois diz-se
que o comportamento é fortalecido por suas consequências e por tal razão as próprias
consequências são chamadas de “reforços”. Aqui o reforço, fazem menção Perrone &
Tridapali (2021), diz respeito as consequências que gratificam e fortalecem o
comportamento, aumentando a probabilidade de que este ocorra novamente em
contextos semelhantes.
O princípio básico do condicionamento operante, segundo Davidoff (2001), é
simples. Se um comportamento operante é repetidamente seguido de resultados
agradáveis ao aprendiz, o acto tende a ser desempenhado com maior frequência sob
condições similares. Se, entretanto, o comportamento for geralmente seguido de
consequências desagradáveis, tende a ser repetido com menor frequência sob
circunstâncias semelhantes.
O comportamento operante refere-se à interação sujeito-ambiente. Nessa
interação, chama-se de relação fundamental à relação entre a acção do indivíduo
(emissão da resposta) e as consequências. É considerada fundamental porque o
organismo se comporta (emitindo qualquer resposta), sua acção produz uma alternação
ambiental (uma consequência) que, por sua vez, retroage sobre o sujeito, alterando a
probabilidade futura de ocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em
função das consequências criadas pela nossa acção.
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Reforçamento
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A punição é outro procedimento importante que envolve a consequência de uma
resposta quando há apresentação de um estímulo aversivo ou remoção de um reforçador
positivo presente. Os psicólogos a definem como sendo um evento que ocorre quando –
e somente quando – um operante é enfraquecido pela consequência que o sucede
(Davidoff, 2001, p. 118).
Modelagem
Pessoas (e outros animais) aprendem novas respostas operantes por uma
estratégia de reforçamento positivo chamada de modelagem, ou método de
aproximações sucessivas.
Os pais às vezes usam intuitivamente a modelagem para ensinar seus filhos mais
novos. Exemplifica Davidoff (2001) o acto de andar, uma actividade que não precisa ser
treinada, mas que o é frequentemente.
CONTROLO DE ESTÍMULOS
Discriminação
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Generalização
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EVOLUÇÃO E CULTURA
O Eu e os Outros
Em seu trabalho, Dentello (2009) refere que Skinner inicialmente sintetiza
alguns factos principais a respeito do eu. Primeiro, que é comum o eu ser usado como
uma causa hipotética das actividades de um indivíduo, um agente interior que inicia e
determina o comportamento. Em segundo lugar, que o eu é distinto do organismo: este
comporta-se, aquele dirige a forma, intensidade e ocasião dos comportamentos.
Finalmente, que mais de um eu seria necessário para explicar os diferentes
comportamentos de um organismo (ideia de personalidades distintas ou de múltiplos
aspectos de uma subjectividade que interagem na mente e cujo resultado se reflete nas
actividades do indivíduo).
O eu representa algo relacionado ao que um indivíduo faz, e esse algo, deve ser
determinado por condições distintas do organismo. Para Skinner, descreve o mesmo
autor, o eu é um termo que se refere a um modo de acção comum, identificado a
subdivisões topográficas do comportamento. Essas divisões podem mostrar-se
distintamente em diferentes situações, determinadas por estímulos discriminativos,
privações, condições emocionais ou efeitos de drogas. Logo, é comum observar, em um
mesmo indivíduo, “personalidades” muito diferentes quando ele está num culto
religioso ou num estádio de futebol, quando está há algum tempo sem comer, quando
está comovido ou enfurecido, quando está bêbado ou sóbrio. Tal conduta se expressa
porque o ambiente não é o mesmo, então não se pode esperar que o sujeito mantenha a
mesma identidade ao longo do tempo.
Numa análise behaviorista, segundo Villalobos (2009), conhecer outra pessoa é
simplesmente conhecer o que ela faz, fez ou fará, bem como a dotação genética e os
ambientes passados e presentes que explicam por que ela o faz. Cada pessoa é única,
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portanto o conhecimento de outrem é limitado pela acessibilidade, não pela natureza dos
factos. Compreendemos outras pessoas mesmo sem empreender uma acção, e a mera
percepção de outrem deve ser incluída entre nossas respostas a ele. Tudo isso depende
muito do que os outros fazem do que daquilo que sentem ou dizem sentir.
Aprendizagem por observação
Davidoff (2001) descreve que a modificação de comportamento de forma
relativamente permanente, em consequência da observação das acções de um terceiro, é
conhecida como aprendizagem por observação (modelagem, imitação ou aprendizagem
social). Os organismos simples e complexos aprendem pela observação. Até mesmo os
recém-nascidos imitam, sugerindo uma propensão inata.
Albert Bandura, descreve a mesma autora, acredita que qualquer coisa que possa
ser aprendida directamente pode também ser aprendida pela observação de outros. A
aprendizagem por observação vai além da mímica ou da imitação. Em muitos casos, as
pessoas extraem ideias gerais, o que lhes permite ir muito além daquilo que vêem e
ouvem.
A aprendizagem por observação apresenta quatro fases (Davidoff, 2001, p. 131):
1 – Aquisição: o aprendiz observa o modelo e reconhece as características distintivas de
sua conduta.
2 – Retenção: as respostas do modelo são activamente armazenadas na memória.
3 – Desempenho: se o aprendiz aceita o comportamento do modelo como apropriado e
passível de levar a consequência por ele valorizadas, o aprendiz o reproduz.
4 – Consequência: a conduta do aprendiz resulta em consequências que virão fortalecê-
la ou enfraquecê-la. Ou seja, ocorre o condicionamento operante.
Assim como os condicionamentos operante e respondente, a aprendizagem por
observação é usada deliberadamente na modificação do comportamento. Envolve
sempre algum tipo de actividade cognitiva.
Aprendizagem Comportamental
Por aprendizagem comportamental, segundo Davidoff (2001), os psicólogos
entendem uma mudança comportamental relativamente duradoura, ensejada pela
experiência. Em função do que lhes ocorre, os aprendizes adquirem novas associações,
informações, insights, habilidades, hábitos e afins.
Este tipo de aprendizagem é o elemento central de todos os ramos da Psicologia,
aponta a mesma autora. É por isso que todos os animais passam grande parte do tempo
aprendendo. Quanto mais complexo o animal, mais expressivamente a aprendizagem
contribui para sua modelagem. Da mesma forma, quanto mais complicada a resposta,
maior a propensão de a aprendizagem ter influenciado sua natureza.
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Educação
A vida académica exige dos seus gestores e professores atenção constante ao
ambiente e aos comportamentos que nele gostariam de ver com frequência. Na maioria
das vezes, trata-se de uma questão de planeamento elementar e do querer fazer.
Facilitando a análise, Domene (2010), elege um comportamento visível a todos – ler – e
tenta mostrar com um behaviorista lidaria com ele. Em que medida, questiona o referido
autor, a escola facilita e reforça esse comportamento do aluno.
Domene (2010) ressalva que, a biblioteca é um ambiente para o comportamento
de leitura, logo questiona quais seriam as características físicas e sociais desse ambiente
que aumentariam a probabilidade de o aluno ler. Começando pela quantidade de livros
disponíveis para o aluno e observando o que acontece quando este se dirige a biblioteca
e não encontra o desejado, ele entende que se deveria ter em mente que todas as
iniciativas não atendidas são comportamentos não reforçados que tendem à diminuição
da iniciativa desse mesmo aluno voltando à biblioteca para ler.
O livro e a biblioteca são ambientes físicos que afetam o comportamento do
leitor, mas os funcionários da biblioteca também são ambientes para o comportamento
de ler dos alunos – sabendo o que fazem e como o fazem, como tratam os leitores.
Ler é um comportamento social que requer reforçadores sociais constantes.
Depois de bem estabelecidos, é possível um leitor nutrir-se dos reforçadores
automáticos gerados pelo próprio texto. Entretanto, não sabemos o quanto extenso seria
o comportamento humano se absolutamente não pudéssemos compartilhar o que lemos
com o outro. Na escola, notadamente o reforçador para a leitura, aponta Domene
(2010), é a nota, um reforçador arbitrário de alcance restrito. Geralmente, o aluno para
de ler quando não houver mais consequência da nota. Apesar desse reforçador ser
natural, muitas vezes na escola, o aluno aprende a ler e continua a ler para escapar das
ameaças do sistema.
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essenciais para que ocorra a aprendizagem e, isso cabe a quem ensina, pois, ensinar é
facilitar a aprendizagem.
O Behaviorismo e as Organizações
Eventos reforçadores são consequências que tendo sido produzida pelo
comportamento, aumentam a probabilidade e a frequência do mesmo ocorrer
novamente, sob determinadas situações. Para Alencar (2008), em uma organização, o
indivíduo trabalha porque necessita prover a si próprio, e talvez à sua família, água,
alimento, calor, reforçadores primários, secundários, generalizações e afins, ou ainda,
seguir a filosofia da empresa, que no mundo corporativo é conhecido como “cultura
organizacional”, que define o que a empresa valoriza, motivo pelo qual a empresa é
criada.
O mesmo refere que uma organização interessada em motivação de pessoal,
deve manejar intervenções em todos os níveis de determinantes do comportamento
(ontogenético, filogenético e cultural), de modo a promover e manter comportamentos
de seus funcionários, por meio de recompensas e punições. Além do reforço, outro
princípio importante é o da modelagem, que defende que comportamentos desejados
podem ser aprendidos por meio da observação e imitação de modelos.
Para a plataforma Planejamento Estratégico (2023), o Behaviorismo nas
organizações tem diversas aplicações práticas, uma delas é a gestão de desempenho, que
busca alinhar o comportamento dos colaboradores aos objectivos por meio de
feedbacks, metas e recompensas. Outra aplicação é a gestão de mudanças, que busca
entender como as pessoas reagem e se adaptam a mudanças organizacionais e como
esse processo pode ser facilitado e, por último na selecção e treinamento de
colaboradores, buscando identificar e desenvolver as competências comportamentais
necessárias para o sucesso da organização.
Apesar da sua aplicação em contextos organizacionais, a mesma plataforma
salienta que é importante considerar, segundo, suas limitações e críticas, como a visão
reducionista do comportamento humano e a abordagem manipuladora, em busca de
controlar o comportamento dos colaboradores em prol dos interesses da organização,
sem levar em consideração as suas necessidades e aspirações individuais.
NEOBEHAVIORISMO
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autodirecção de pensamentos e acções. Esta aproximação das teorias cognitivas justifica
a inclusão do adjectivo cognitivo na designação da sua teoria, que assim se separa
definitivamente dos paradigmas puramente comportamentais.
A teoria assenta-se nalguns pontos básicos como (a) a explicação dos processos
de agência humana no quadro da reciprocidade triádica, (b) a distinção entre
aprendizagem por forma atuante e por forma vicariante, (c) a teorização da modelação,
(d) a reformulação do conceito de reforço e (e) o papel da percepção de autoeficácia na
motivação do comportamento (ibid):
A Reciprocidade Triádica – postula interacções recíprocas entre os factores
pessoais (dimensões afectivas e cognitivas da personalidade), os comportamentos e as
variáveis ambientais.
A Aprendizagem de Forma Atuante e Vicariante – postula que na
aprendizagem atuante o sujeito aprende fazendo, isto é, aprende experimentando as
consequências das suas acções e recebendo a influência das suas consequências
designadas como reforço. Na aprendizagem vicariante, o sujeito aprende observando o
desempenho de modelos quer por observação directa quer através de leituras ou de
outros instrumentos mediadores.
A Teorização da Modelação – postula que o observador, exposto a um modelo,
pode ter o seu comportamento afectado de três maneiras diferentes tais como: por
aprendizagem observacional de um novo comportamento, por facilitação de um
comportamento anteriormente aprendido (a modelação serve de indução para que o
observador se comporte de determinada maneira) e, por inibição ou desinibição de um
comportamento anteriormente aprendido.
Na Reformulação do Conceito de Reforço, Bandura aceita o conceito
comportamentalista do reforço como determinante parcial do comportamento, mas
confere um significado especial a esta palavra. O reforço é identificado com as
consequências do comportamento, sabendo que as consequências do passado
influenciam o comportamento futuro em virtude dos valores de informação e de
incentivo que veiculam. Ou seja, o reforço mantém eficácia na medida em que as
consequências do comportamento são geradoras de expectativas.
Por outro lado, a Teoria Cognitiva Social defende que a Percepção de
Autoeficácia juntamente com a percepção de autocontrolo têm um papel importante na
motivação e no desempenho. A autoeficácia influencia o dispêndio de esforço, a
persistência e a aprendizagem.
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No entanto, continuou a defender o estudo do comportamento objectivo. Sob
influência do gestaltismo, propõe uma perspectiva globalizante do comportamento. As
representações e organizações perceptivas (mapas cognitivos) vão além dos
condicionamentos, das tentativas e erros e dos reforços.
Relativamente aos reforços, Tolman considera que estes não são indispensáveis:
as recompensas orientam apenas para a utilização das aprendizagens latentes
(previamente obtidas, memorizadas) e têm um valor essencialmente informativo,
sinalizador (ibid).
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CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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