Você está na página 1de 2

O behaviorismo baseou-se no determinismo filosófico de James, no funcionalismo de Dewey e no

método experimental da Psicologia de Yerkes, além do condicionamento de Pavlov. Watson, seu


percursor, integrou essas contribuições e chegou à afirmação de que o comportamento é somente
um fenômeno provocado por estímulos. Para ele, a Psicologia trata do comportamento observável
do organismo.

O behaviorismo propõe-se a utilizar o processo de condicionamento para planejar e formar seres


humanos. Segundo os behavioristas, a sociedade poderia atingir, na tecnologia do comportamento,
um grau de sofisticação em que o planejamento da pessoa humana se tornaria possível.

Podemos distinguir duas classes de comportamento: o respondente (reflexo) e o operante


(voluntário). O comportamento respondente é a resposta que o organismo dá a um estimulo, por
exemplo, a salivação diante do cheiro ou gosto de comida. O comportamento operante é o que
ocorre em reação ao meio externo, sem que se possa identificar estímulos específicos que o teriam
provocao, por exemplo, os movimentos de braço de uma criança.

O processo de condicionamento respondente, que é uma forma simples de aprendizagem, é um dos


processos adotados pelos behavioristas na explicação da formação dos comportamentos. Nesse tipo
de condicionamento, o processo é organizado de forma a ocorrer: 1. um estimulo neutro; 2. um
estimulo incondicionado, ou seja, um estimulo que em circunstâncias normais provocaria uma
resposta específica; 3. a resposta especifica. A repetição constante do processo condiciona o
estimulo neutro, isto é, faz com que o estimulo neutro passe a ser um estimulo condicionado, que
provoca resposta semelhante àquela que o estimulo incondicionado já provocava. Exemplo deste
processo é a experiência de Pavlov que, fazendo uma campainha soar sistematicamente antes de
apresentar comida a um cão, condicionou esse estimulo neutro (o som da campainha), que passou a
provocar a salivação do cão, resposta antes provocada só pela própria apresentação da comida. Para
que o condicionamento ocorra com rapidez é preciso obedecer à ordem dos estímulos (primeiro, o
neutro; depois, o incondicionado). E preciso também que seja bem curto o período de tempo entre a
ocorrência dos dois.

No condicionamento operante, a aprendizagem ocorre por um processo de maturação natural (a


criança, por exemplo, aprende a falar naturalmente). No entanto, é possível aplicar reforços ao
processo de aprendizagem (por exempio, gratificando a criança quando pronuncia uma nova
palavra). Este reforço deve ser dado imediatamente após a resposta. Os reforços podem ser
positivos e negativos. Os reforços positivos fortalecem os comportamentos que os precedem, os
reforços negativos fortalecem a resposta através da remoção do próprio estimulo. Diversos
dispositivos experimentais são usados para investigar o condicionamento instrumental ou operante
e seus efeitos. Entre eles estão a caixa de Skinner (Figura 5.2.) e os labirintos.

Tanto no condicionamento respondente (também chamado clássico) quanto no operante


(instrumental), deixar de apresentar o reforço positivo leva à extinção (enfraquecimento ou
redução) das respostas. A extinção não significa a perda total da aprendizagem adquirida pelo
condicionamento. Prova disso é

a recuperação espontânea, fenômeno pelo qual a resposta condiciona da reaparece sem novo
processo de treinamento, após um período de descanso.
Segundo os behavioristas, os mecanismos usados para identificar as conseqüências das mudanças de
comportamento são o feed-back de informação e o feed-back afetivo. Pelo primeiro, o individuo
toma conhecimento do tipo de efeito que sua resposta ocasionou no ambiente. Pelo segundo, ele
distingue quando a situação modificada lhe trará prazer ou desprazer.

O reforçamento ensina ao individuo como agir, a punição não. Neste último caso, a falta de
indicação do comportamento desejado pode levar a um desajustamento do individuo, além de não
conduzi-lo ao comportamento desejado.

A natureza do reforço é uma questão problemática para o behaviorismo. Os reforços primários


(alimentos etc.) parecem não explicar todo o fenômeno.Fatores como o intervalo entre os estímulos,
a sua freqüência etc. modificam os resultados do condicionamento. No caso particular do reforço
condicionado, o mesmo reforço (por exemplo, dinheiro) pode ser associado a diferentes estímulos
(alimento, diversão) e condicionar diferentes respostas. Além disso, a saciação e a privação têm, sem
dúvida, um importante papel na eficácia do reforço. E ainda existe a considerar o significado de cada
reforço para cada indivíduo particularmente.

A generalização é o fenômeno pelo qual um indivíduo, condicionado a dar determinada resposta em


face de um estimulo especifico, passa a dar a mesma resposta a outros estímulos, geralmente
semelhantes. A discriminação, ao contrário, consiste no aprendizado pelo qual o indivíduo vem a dar
respostas diferentes a estímulos diferentes, embora semelhantes.

Outra questão problemática para o behaviorismo é a das motivações. Por sua própria natureza
eminentemente psicológica, as motivações não são suscetíveis de tratamento pela metodologia
adotada pelo behaviorismo. Por isso, muitos behavioristas excluem as motivações de seus estudos.

Skinner considera as emoções como predisposição dos organismos para agir de certo modo. No
entanto, as emoções são consideradas não como um estimulo, mas como um tipo especifico de
força capaz de intensificar ou enfraquecer as respostas do indivíduo.

Para o behaviorismo, a percepção é uma função dos nervos sensoriais, que registram os estímulos e
os transmitem ao cérebro. O behaviorismo considera a personalidade como a totalidade dos
padrões de comportamento do indivíduo, formado por condicionamentos. O individuo toma
decisões em função dos estímulos ambientais.

O behaviorismo é amplamente aplicado ao estudo do comportamento humano na organização. Mas


não é possível transpor as conclusões de uma situação experimental para o contexto da organização.
Apesar disso, as organizações normalmente adotam reforços, negativos ou positivos, para
condicionar os individuos a se comportarem dentro dos padrões organizacionais. Os grupos
organizacionais, basicamente os grupos de trabalho, têm sido usa dos como instrumentos de
controle de comportamento na organização. Os controles são exercidos pelo próprio grupo, que
condiciona o comportamento de seus membros, usando reforçadores positivos e negativos, assim
como a punição.

O behaviorismo, reduzindo assim o comportamento humano ao mecanismo estimulo-resposta,


limita a liberdade, a criatividade humana, nega a autodeterminação do ser humano e a sua
liberação. Em conseqüência, limita, e muitas vezes impede, a sua participação e integração no
desenvolvimento socioeconômico.

Você também pode gostar