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Hoje uma boa escola entende que deve trabalhar pelos alunos, encaminhando-
os para o desenvolvimento e trabalhando por uma educação igualitária,
acolhendo a todos em sua realidade concreta. A inovação a respeito da
aplicação de provas e atribuição de notas é a maior expectativa dos educadores
que sentem sua pratica (tradicional) pouco coerente com a realidade dos alunos.
O que a autora pretende nos mostrar é que o sucesso alcançado por alguns
alunos em escolas tradicionais tem a ver a “memorização”, estudar apenas para
passar nos exames, depois a maior parte do aprendizado acaba sendo
esquecido. Essa memorização não agrega significado algum ao longo da vida
do aluno, por isso é descartada.
Essa situação objetiva uma reflexão sobre a indagação: “por que o aluno não
aprende?”, sendo esta uma das questões mais complexas que a pratica
avaliativa propões.
A forma tradicional procura respostas certas, uniformes, objetivas e precisas
para perguntas, as quais podem ter várias respostas possíveis e lógicas,
semelhantes à charada mencionada anteriormente. Essa situação pode ser
comparada ao processo de aprendizagem, no que diz respeito a respostas muito
diferentes dos alunos ou apenas um que acerta todas as questões da prova.
Usam-se métodos convencionais na avaliação, deixando de refletir sobre como
se constrói o conhecimento.
Hoffman nos atenta ao fato de existirem outras razões para o aluno não
aprender, e não exclusivamente a desatenção as explicações do professor. Essa
situação leva muitos professores a pensarem em sua pratica avaliativa em sala
de aula.
O aluno constrói seu conhecimento na interação com o meio em que vive, dessa
forma depende das condições que o meio oferece, da vivencia de objetos e
situações para avançar determinados estágios de desenvolvimento e
estabelecer relações mais complexas e abstratas. A compreensão dos alunos
decorre do seu desenvolvimento próprio em relação às áreas de conhecimento.
Numa sala de aula não lidamos com pessoas iguais, possuímos alunos de
diversos ambientes, desde aqueles que vivem protegidos pelos pais (crianças
que vivem em espaços favoráveis a vivencias variadas), aos que ingressam cedo
no trabalho, para ajudar nas despesas do lar ou cuidar dos irmãos mais novos.
Todos carregam consigo diversas experiências e aprendizagens, portanto não
se pode esperar que eles tenham a mesma compreensão do material de leitura,
de atividades dadas em aula.
Diante do exposto, voltaremos à questão inicial: por que um aluno não aprende?
Considerando que o conhecimento se constrói, portanto não acabado, “não
aprender” é incoerente, pois o aluno está permanentemente em processo de
aprendizagem. Nesse contexto a prática avaliativa deve investigar os
desentendimentos e o professor deve traçar esse caminho negando
metodologias precisas e generalistas, pois cada situação tem suas
especificidades.
O caráter seletivo ainda presente nas avaliações nos níveis escolares negam a
relação dialógica resultantes de momentos de interação entre professores e
alunos, tão fundamentais para uma pratica significativa. Investigar e analisar as
respostas dos alunos, procurarem entender o motivo dessas respostas,
planejarem novas ações educativas e repensar na sua pratica em sala de aula é
fundamental para que o aluno construa seu conhecimento e veja sentido na
aprendizagem.
Hoffman inicia o tópico com uma vivencia que certa aluna teve suas respostas
consideradas erradas numa atividade de interpretação de texto. A professora
justificou que uma das respostas estava errada por não representar uma cópia
fiel do texto e outra porque a aluna escrever de fato o que entendeu. Esse tipo
de postura deixa claro que as expectativas do professor se sobrepõem a reflexão
sobre as possibilidades dos alunos no seu processo de construção do
conhecimento.
De acordo com a teoria construtivista o erro pode ser visto de forma positiva,
mais produtiva e fecunda do que um acerto imediato, pois o aluno vai criando
estratégias de ação para alcançar um resultado. Porém nem todos os erros são
passiveis de descoberta, Cartorina (1988) aponta que há erros sistemáticos que
um aluno consegue e não consegue fazer, erros que aparecem em um processo
de descoberta onde os alunos criam hipóteses, num primeiro momento e
gradativamente vão sendo reformulado por meio de observação dos fenômenos
em suas relações.
É comum, hoje em dia, se dizer que as “respostas erradas” têm valor para a
continuidade da ação educativa, mas três pontos, levantados por professoras
municipais de Porto Alegre, ainda geram duvidas sobre o assunto.
Outra grande questão que aflorou ao longo do trabalho foi: “Como corrigir os
alunos?”. A intervenção do professor sobre as tarefas completas ou não dos
alunos muitas vezes incomodava, pois eles não entendiam o motivo de “corrigir”.
Sobre a “correção”, quando se utiliza métodos não tradicionais, os pais têm medo
dos filhos receberem “instrução” de baixa qualidade, pois tem a impressão de
que a nova metodologia é menos exigente, já que valoriza mais as
manifestações cognitivas da criança do que as notas obtidas em exames.
A maioria dos pais que não entende esquema de avaliação construtivista, que
não classifica por notas os alunos, pede pela volta do tradicional, e os filhos, que
estão entre os “temores dos pais” e a “postura construtivista da escola”, tem no
adulto o modelo de “saber competente” esperado pela educação, e preocupam-
se muito mais em “acertar” do que “construir”.
Ao refazer alguma atividade professor e aluno devem ter em mente que esse
processo esta em busca da compreensão do erro, refazer sem reflexão é
insignificante ao desenvolvimento cognitivo do educando.
Considerar, valorizar, não significa observar e deixar como está, mas sim refletir
teoricamente e planejar situações provocativas ao aluno.
Diferente da censura do modelo tradicional, que faz o aluno apagar, mudar suas
ideias particulares, o construtivismo aponta seus avanços e encaminham
questões que o auxiliam a encontrar as respostas adequadas.
O sistema exige notas, mas não exige que os professores usem avaliações
classificatórias para mensurar o aproveitamento dos alunos. Essa forma de
medir pode comprometer os progressos escolares dos alunos, pois eles
comparam entre si suas notas e classificam uns aos outros de burros ou
inteligentes.
A ação mediadora não pode ser uniforme, já que os erros dos alunos seguem
cursos diversos (não existe um padrão para o erro). É necessária a reflexão
teórica sobre cada resposta do aluno. Não da para desenvolver procedimentos
de intervenção que sirvam de regras gerais (verdades absolutas).
Cada tarefa do aluno é uma etapa de sua evolução cognitiva, e isso não da pra
somar, classificar ou medir por notas. O grande receio da família e da sociedade,
que estão acostumadas com o método tradicional é que o método de registro do
professor sobre as avaliações seja superficial, que não mostre realmente o
desenvolvimento real do aluno.