O poema "A Rua Diferente" de Carlos Drummond de Andrade descreve as mudanças sofridas pela rua do eu lírico devido ao progresso, como a substituição de árvores por construções. Embora os vizinhos se incomodem, o eu lírico e sua filha aceitam as mudanças como parte da vida.
O poema "A Rua Diferente" de Carlos Drummond de Andrade descreve as mudanças sofridas pela rua do eu lírico devido ao progresso, como a substituição de árvores por construções. Embora os vizinhos se incomodem, o eu lírico e sua filha aceitam as mudanças como parte da vida.
O poema "A Rua Diferente" de Carlos Drummond de Andrade descreve as mudanças sofridas pela rua do eu lírico devido ao progresso, como a substituição de árvores por construções. Embora os vizinhos se incomodem, o eu lírico e sua filha aceitam as mudanças como parte da vida.
1) A Rua Diferente – Carlos Drummond de Andrade: O poema de Carlos
Drummond de Andrade “A Rua Diferente” tem como temática central a
modernização, mudança, por vezes necessária, sofrida pelo ambiente em que vivemos devido, possivelmente, ao progresso da sociedade. O autor retrata esta mudança do ambiente: onde havia árvores num determinado momento, agora só há as marcas de construção, dos meios de transporte, causados pela busca do conforto e comodidade tão almejados pelo progresso. Toda essa mudança ocorre num curto espaço de tempo (possivelmente uma noite, já que o poeta afirma que a rua “acordou mudada”). Ao longo do poema, Drummond caracteriza, a partir de versos marcados pela sua particular emoção o avanço, o progresso que vivemos e as marcas deixadas por ele. É possível enxergar o conformismo do eu-lírico acerca destas mudanças nos versos “Eles não sabem que a vida/ tem dessas exigências brutas”, onde entende-se que ele, eu-lírico, sabe de tais exigências da vida e já se adequou a elas, já as aceitou, enquanto seus vizinhos, também moradores desta rua, ainda não se conformam. Ainda segundo o autor, somente a sua filha, supostamente graças a sua inocência infantil de não compreender os possíveis impactos de tal modernização, aproveita o acontecimento tal qual a um espetáculo: os objetos de construção, o caos, transtorno gerados por esta construção são, para a criança, cenas, acontecimentos divertidos, admiráveis. É possível enxergar a sensibilidade do eu-lírico ao descrever a rua em que reside, as mudanças sofridas por ela, a reação de seus vizinhos e a sua reação e de sua filha, nota-se uma atenção ao progresso e as marcas deixadas por ele. Assim, pode-se caracterizar esta obra de Carlos Drummond de Andrade, como um poema lírico, uma vez que observa-se a presença de algumas características típicas de tal gênero, tais como, ser um poema curto, com poucas estrofes, onde o autor (eu- lírico) manifesta seus sentimentos ao longo do poema: o eu-lírico descreve a modernização de sua rua, relata os sentimentos, inquietações dos demais moradores e sua suposta aceitação dos fatos, bem como o aproveitamento inocente por parte de sua filha. 2) Antônio Conselheiro – Euclides da Cunha: Tendo o tom como uma dimensão afetiva na realização oral de um poema, é possível diferenciar o poema “A Rua Diferente” de Carlos Drummond de Andrade e o trecho de “Os Sertões” de Euclides da Cunha no que diz respeito justamente a essa dimensão afetiva, uma vez que o poema de Drummond é carregado de uma certa inquietação, observação do que acontece ao seu redor, o trecho da obra de Euclides da Cunha é marcado por uma admiração, exaltação ao heroísmo de um personagem. O tom presente na realização oral do poema de Drummond não pode ser percebido na realização oral do trecho de “Os Sertões” de Euclides da Cunha. No trecho apresentado, percebe- se a predominância de características de um texto narrativo-descritivo, onde o autor relata a experiência, a ação do personagem “Antônio Conselheiro” durante o período da Guerra de Canudos a partir da descrição, caracterização desse personagem e de suas ações, para a partir desse relato e descrição, caracterização construir e direcionar os aspectos inerentes à personagem. Nota-se, no texto de Euclides da Cunha, aspectos de uma obra do gênero literário épico onde, através de uma narrativa, o autor expõe um fato histórico (Guerra de Canudos), e expõe a grandeza, o ato heroico dos homens, neste caso, o personagem Antônio Conselheiro. 3)Primeira Lição – Ana Cristina César: O poema “Primeira Lição” de Ana Cristina César apresenta uma descrição acerca de alguns aspectos da poesia. É possível estabelecer uma relação entre o título do poema e o corpo do texto no que se refere a tal descrição: entende-se como primeira lição acerca do poema, possivelmente, toda a teoria que a autora relata em sua obra caracterizando a poesia. Porém, na segunda estrofe, pode-se perceber uma distinção entre o que foi apresentado anteriormente como “lição”: nota-se, nesse momento, uma abordagem prática do poema, onde a teoria não é a única base para a compreensão deste, os aspectos emotivos presentes no poema, por exemplo, são levados em consideração e analisados. Essa distinção nos faz perceber outras possibilidades de interpretação do poema, como, por exemplo, nos últimos dois versos onde a autora cita “um filete de sangue nas gengivas” é possível imaginar-se uma nova “lição” acerca da poesia onde, além de toda a teoria apresentada, para entender-se o “corpo de um poema”, para entender-se a mensagem de um poema, fosse preciso, além desse conhecimento teórico, uma atenção aos sentimentos expressos no poema, às ideias subentendidas ao longo dos versos. Possivelmente, “a primeira lição”, nesse segundo momento, seria na verdade a complexidade do ato poético, onde não basta um conhecimento teórico para compreender e compor poesia, é preciso um olhar atento, uma sensibilidade. Sensibilidade esta, provavelmente descrita no verso “um filete de sangue nas gengivas” que retrata a complexidade do ato poético, o esforço necessário para executá-lo. No poema de Ana Cristina César percebe-se a predominância das funções metalinguística, referencial e poética. A autora faz uso, especificamente na primeira estrofe da função metalinguística da linguagem para apresentar, caracterizar os gêneros poéticos, ou seja utiliza termos da própria linguagem para discorrer a respeito dela, já na segunda estrofe, principalmente, nota-se o emprego da função poética da linguagem, onde a autora, através de uma obra de arte literária, “cria intencionalmente uma realidade”. Em ambas as estrofes ainda é possível perceber o emprego da função referencial da linguagem, uma vez que ela utiliza da linguagem para referir-se e expressar as coisas do mundo, nesse caso, a poesia.