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CÓD: OP-003JL-23

7908403538256

UBERLÂNDIA-MG
PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

Agente de Combate às Endemias


EDITAL DO CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2023, DE 20 DE JUNHO DE 2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de textos................................................................................................................................................. 5
2. Tipologia textual e gêneros textuais............................................................................................................................................ 12
3. Ortografia .................................................................................................................................................................................... 15
4. acentuação.................................................................................................................................................................................. 16
5. Funções da linguagem. ............................................................................................................................................................... 16
6. Recursos verbais, não verbais e multissemióticos....................................................................................................................... 18
7. Denotação e conotação. ............................................................................................................................................................. 19
8. Argumentação, opinião e informação.......................................................................................................................................... 20
9. Figuras de linguagem. ................................................................................................................................................................. 27
10. Conhecimentos linguísticos de acordo com a gramática tradicional: formação de palavras e seleção vocabular...................... 30
11. classe de palavras e colocação pronominal; emprego de tempos e modos verbais.................................................................... 31
12. estruturação sintática e semântica dos termos na oração e das orações no período................................................................. 37
13. emprego da regência nominal e verbal....................................................................................................................................... 40
14. emprego da concordância nominal e verbal................................................................................................................................ 41
15. emprego dos sinais de pontuação e seus efeitos de sentido....................................................................................................... 42

Matemática
1. Conjuntos numéricos: naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais. Operações fundamentais, sistema de numeração, di-
visibilidade, fatoração, máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum, operações com frações, representação decimal,
números decimais periódicos e não periódicos........................................................................................................................... 53
2. Unidades de medidas: comprimento, área, volume, ângulo, massa, tempo e velocidade. Conversão de unidade de medidas. 62
3. Matemática comercial: razões, proporções (grandezas diretamente proporcionais e inversamente proporcionais)................. 64
4. Regra de três simples e composta............................................................................................................................................... 65
5. Porcentagem................................................................................................................................................................................ 67
6. Juros e descontos simples e compostos. .................................................................................................................................... 68
7. Cálculo algébrico: operações com expressões algébricas............................................................................................................ 71
8. Identidades algébricas notáveis;.................................................................................................................................................. 72
9. Polinômios e operações;.............................................................................................................................................................. 74
10. Equações e inequações; equações de 1º e 2º graus; desigualdades de 1º grau.......................................................................... 78
11. Sistemas de equações de 1º e 2º graus. ..................................................................................................................................... 82
12. Estatística: conceitos fundamentais de estatística descritiva (população, amostra e amostragem). Organização de dados (ta-
belas e gráficos). Medidas de tendência central (média, moda e mediana)............................................................................... 84
13. Sequências: progressões aritméticas e geométricas................................................................................................................... 88
14. Geometria plana: áreas e perímetros (triângulos, quadriláteros e circunferências). Relações métricas e trigonométricas em
triângulos retângulos................................................................................................................................................................... 92

Conhecimentos Gerais
1. Atualidades e conhecimentos gerais do município de Uberlândia, do estado de Minas Gerais e do Brasil, estabelecendo
conexões com acontecimentos mundiais.................................................................................................................................... 105
2. Conhecimentos relativos a aspectos históricos, geográficos, políticos, econômicos, culturais e sociais do município de
Uberlândia, do estado de Minas Gerais e do Brasil..................................................................................................................... 105
ÍNDICE

Legislação
1. Decreto nº 20.179, de 10 de fevereiro de 2023. Aprova o Código de Ética do servidor público e da alta administração
municipal, e suas alterações posteriores.................................................................................................................................... 111
2. Lei Complementar Municipal nº 40/1992. Dispõe sobre o estatuto dos servidores públicos do Município de Uberlândia,suas
autarquias, fundações públicas e Câmara Municipal, e suas alterações posteriores................................................................. 116

Conhecimentos Específicos
Agente de Combate às Endemias
1. Política Nacional de Atenção Básica............................................................................................................................................. 137
2. Vigilância em saúde..................................................................................................................................................................... 159
3. Mapeamento e territorialização.................................................................................................................................................. 162
4. O papel do agente de combate às endemias............................................................................................................................... 163
5. Doenças infecciosas e parasitárias............................................................................................................................................... 165
6. Visitas domiciliares. .................................................................................................................................................................... 187
7. Ética............................................................................................................................................................................................. 188
8. Educação em saúde..................................................................................................................................................................... 189
9. Saúde pública............................................................................................................................................................................... 199
10. Prevenção e controle de doenças e promoção da saúde............................................................................................................ 201
11. Endemia, epidemia, pandemia.................................................................................................................................................... 214
12. Aspectos epidemiológicos........................................................................................................................................................... 215
13. Doenças emergentes e reemergentes......................................................................................................................................... 216
14. Doenças de interesse para a Saúde Pública: noções básicas, prevenção, sintomas, classificação dos agentes transmissores e
causadores das endemias. Controle vetorial. Controle biológico e manejo ambiental............................................................... 217
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. compreende o universo dos discursos, as relações extratextuais
desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preci-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO so colocá-lo dentro do universo discursivo a que ele pertence e no
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de interior do qual ganha sentido.
qualquer idade, e para qualquer finalidade em compreender o que
se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância Compreensão
em se entender um texto? Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimen-
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, enten- to de mundo”, mas chamaremos essa operação de compreensão.
der o que um texto não é, conforme diz Platão e Fiorin: A palavra compreender vem da união de duas palavras grega:
cum que significa ‘junto’ e prehendere que significa ‘pegar’. Dessa
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma re- forma, a compreensão envolve além da decodificação das estrutu-
ceita; assim também não é superpondo frases que se constrói um ras linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas
texto”.1 uma junção disso com todo o conhecimento de mundo que você já
possui. Ela envolve entender os significados das palavras juntamen-
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um come- te com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do
ço, meio, fim, uma mensagem a transmitir, tem coerência, e cada leitor e do próprio texto. Dessa maneira a compreensão envolve
frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão uma série de etapas:
em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como
é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? 1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em
Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, que o texto foi escrito para decodificar os significados das palavras
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já ali empregadas.
alteramos a interpretação e podemos perder algum dos sentidos ali 2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, fra-
presentes. Veja a diferença: ses e parágrafos dentro do texto, compreendendo as ideias constru-
ídas dentro do texto
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? 3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações obti-
Qual opção abaixo pertence ao grupo? das na leitura do texto com os conhecimentos que ele já possui,
procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, ao que é lido.
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode parecer 4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao ler
exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece o texto. Quais informações são relevantes dentro do texto para o
mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
curto e muitas questões. responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enun- técnicas de leitura como o escaneamento geral das informações
ciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos come- contidas no texto e a localização das informações procuradas.
ter ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos de-
talhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura, E assim teremos:
compreensão e interpretação.
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto
Apreender X Compreensão X Interpretação2
Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O Interpretação
processo completo de interpretação de texto envolve todos esses Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de com-
níveis. preender e relacionar os possíveis sentidos presentes ali, posicio-
na-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma es-
Apreensão pécie de conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica
Captação das relações que cada parte mantém com as outras e questiona a intenção do autor do texto, deduz sentidos e realiza
no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender conclusões, formando opiniões.
o sentido integral.

1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.


2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar
sobre a interpretação de texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos envolvidos na interpretação textual3


Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa uma ideia ou trata de um assunto
determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de
diferentes formas de linguagem (verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas linguagens, as in-
formações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos
de coesão (relação entre as palavras e frases) e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organiza-
ção das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de interação entre autores e leitores de
contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O primeiro refere-se a tudo mais que
possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes aos
tempos e lugares de produção e de recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A considera-
ção desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O segundo se refere às relações esta-
belecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos sua
posição dentro da frase e do parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a sucedem.
Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à interpretação de um texto.

Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/

3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
não vai ou vai à escola ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capa-


cidade de decodificar o código linguístico utilizado; Saber acerca do
funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vo-
cal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textual
utilizado. Para compreender um texto é importante conhecer a es-
trutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, espe-
cialmente a função social em que esse gênero é usualmente em-
pregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produ-
ção e circulação do texto. Muitas vezes, para entender os sentidos
presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos
participantes da interação social (autor, leitor, texto e contexto de
produção).

Diferentes Fases de Leitura8


https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-inter- Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais super-
textualidade/ ficiais, relacionadas à organização das estruturas linguísticas, e as
mais profundas, relacionadas à organização das informações e das
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma ideias contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que
peça de teatro. Ao pronunciar a frase “comer ou não comer”, pela não estão imediatamente acessíveis ao leitor, mas requerem uma
estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
e pelas roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário
frase seria “ser ou não”. Esse é um bom exemplo de intertexto. passar por todas essas camadas. Por esse motivo, dizemos que há
diferentes fases da leitura de um texto.
Conhecimentos necessários à interpretação de texto6
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como
para uma ampla compreensão. São eles: leitura prévia ou de contato. É a primeira fase de leitura de um tex-
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; co- to, na qual você faz um reconhecimento do “território” do texto.
nhecimento prévio que o leitor possui a partir das vivências e lei- Nesse momento identificamos os elementos que compõem o enun-
turas realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos ciado. Observamos o título, subtítulos, ilustrações, gráficos. É nessa
são essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis fase que entramos em contato pela primeira vez com o assunto,
em um texto. com as opiniões e com as informações discutidas no texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informa-
ção guardada em nossa mente e que pode ser acionada quando
for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais
exatos onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são
complexas e as informações podem ser recuperadas ou reconstruí- 8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E
6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO
do Texto. São Paulo: Contexto, 2006. À LEITURA CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE
7 https://bit.ly/2P415JM. LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

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LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar infor- cita, que é o fato de Joana ser irmã de Luzia, só é compreendida a
mações específicas. Geralmente utilizamos essa fase na busca de medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que
alguma informação requerida em alguma questão de prova. A lei- possuem a mesma mãe são irmãs.
tura seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente
contém uma determinada informação procurada. Observemos mais um exemplo:
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor- ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito um longo caminho a trilhar (...).”
utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi-
cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e (Veja São Paulo,1990)
julgamos as informações discutidas no texto.
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofunda- Esse texto diz explicitamente que:
mento nas ideias discutidas no texto. Relacionamos as informações - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
em geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao que - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
foi lido e criam-se opiniões que concordam ou se contrapõem
O texto deixa implícito que:
Os sentidos no texto - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro ques citados;
do texto. Alguns desses sentidos são mais literais enquanto outros - Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão de esportiva;
por parte do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
escondidos e precisam se localizados. peito ao tempo disponível para evoluir.

Sentidos denotativo ou próprio Há dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os


O sentido próprio é aquele sentido usual da palavra, o sentido subentendidos
em estado de dicionário. O sentido geral que ela tem na maioria dos
contextos em que ocorre. No exemplo “A flor é bela”, a palavra flor A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logica-
está em seu sentido denotativo, uma vez que esse é o sentido lite- mente a partir de ideias e palavras presentes no texto. Apesar do
ral dessa palavra (planta). O sentido próprio, na acepção tradicional pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir
não é próprio ao contexto, mas ao termo. da relação com marcas linguísticas e informações explícitas. Obser-
vemos um exemplo:
Sentido conotativo ou figurado Maria está bem melhor hoje
O sentido conotativo é aquele sentido figurado, o qual é muito
presente em metáforas e a interpretação é geralmente subjetiva e Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte
relacionada ao contexto. É o sentido da palavra desviado do usual, informação pressuposta: Maria não estava bem nos dias passados.
isto é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. As- Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
sim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido figura- deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.
do, pois significa delicadeza e beleza.
Marcadores de Pressupostos
Sentidos explícitos e implícitos9 - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
ou podem ser compreendidos por uma inferência (uma dedução) a “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente nasceram depois de Julinha.
a isso, afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e
as implícitas. Ex.: Destruíram a outra igreja do povoado.
As informações explícitas são aquelas que estão verbalizadas “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
dentro de um texto, enquanto as implícitas são aquelas informa- da usada como referência.
ções contidas nas “entrelinhas”, as quais precisam ser interpretadas
a partir de relações com outras informações e conhecimentos pré- - Certos verbos
vios do leitor. Ex.: Renato continua doente.
Observemos o exemplo abaixo O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Maria é mãe de Joana e Luzia. mento anterior ao presente.

Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma Ex.: Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk.
explícita e uma implícita. A explícita refere-se ao fato de Maria ter O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos instanta- desque não existia em português.
neamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implí-
9 http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/
implicitos-e-pressupostos.html

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Certos advérbios Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:


Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas
mãos das multinacionais.
O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indús-
tria automobilística nacional.

Ex.: Você conferiu o resultado da loteria?


Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi-
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da
loteria.

- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade,
só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua,
fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
com a coletividade.

Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só


se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fe- https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-reden-
cham os cruzamentos, etc. tor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
importam com a coletividade. Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não ver-
bal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom entendi-
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti- mento e compreensão da temática.
va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa inter-
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa pretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos ques-
segundo o pressuposto que quiser comunicar. tionamentos como:
- Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “exposto
B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que a riscos”?
não estão marcados linguisticamente no texto. A compreensão do - O que significam as balas que o cercam por todos os lados?
subentendido se dá a partir de relações que você estabelece com - Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de ba-
seus conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos las?
o exemplo a seguir:
A partir de questionamentos como os citados acima é possível
Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que instaura
sua casa. Após sentar em seu sofá, ela diz: críticas e denúncias a determinada realidade.
- Nossa! Esse calor dá uma sede. Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes
ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva.
A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa
ou quer água, o que poderia levá-lo a oferecer água para a visita. Ampliação de Sentido
Essa interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expres- Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a de-
sa, mas pela relação entre a frase e o contexto de produção dela. signar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que
originariamente.
Inferência “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravelmente
no texto. Ela consiste em descobrir os significados que estão nas o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos.
entrelinhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
compreender e interpretar aqueles sentidos que não estão linguis- - embarcou num ter.
ticamente materializados no texto. Toda vez que uma questão de - embarcou no ônibus dás dez.
prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você - embarcou no avião da força aérea.
deverá deduzir os sentidos baseados na relação que essa palavra ou - embarcou num transatlântico.
frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto intralinguís-
tico) e nas relações estabelecidas com os contextos sócio-histórico-
-cultural (contexto extralinguístico).

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que escala pensamento teórico e prático. Entretanto, há um notável consen-
os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por ampliação de so acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugerida, já em
sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do esporte 1940, pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998):
de escalar montanhas. “Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção
concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o
Restrição de Sentido espaço para determinada finalidade e visando a determinada in-
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, tenção. E, nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se,
isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais restrita ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis
de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exem- problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do
plo, das palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
com sentido determinado, dentro de um universo restrito do co- específico, certa margem final de opção entre os limites — máximo
nhecimento. e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica,
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura grama- condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo
tical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, programa, — cabendo então ao sentimento individual do arquiteto,
ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores
porém em Gramática designa apenas um tipo de formação de pala- contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a
vras por composição em que a junção dos elementos acarreta alte- cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.”
ração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa).
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu- COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa
designa uma personagem de desenhos animados, não se formou das Artes, 1995 (fragmento), com adaptações.
por aglutinação, mas por justaposição.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi- Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno
cado das palavras para dar precisão à comunicação. de uma ideia principal. No texto anterior podemos observar que
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de
pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em se conceituar arquitetura. Essa discussão em um texto argumentati-
torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar vo não é desordenada, mas há um padrão de estruturação da ideia
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o central e das ideias secundárias.
movimento do Sol. As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que
constituem o texto. Cada parágrafo se constrói em torno de uma
Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central.
outros implícitos (ou pressupostos). Dentre os vários períodos que compõem o parágrafo, um traz a
Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem- ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as ideias
plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessariamen- principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos pa-
te a existência de ao menos uma além daquela indicada. rágrafos.
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é
lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro. construído em torno de uma ideia núcleo. No primeiro parágrafo
O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primei-
daquele que está sendo autografado. ro período “Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na
atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes técnicas ou
A interpretação e a organização do texto e a ideia central ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa
Em muitas questões de prova, é requerido ao candidato a iden- também é a ideia principal do texto. Dessa forma, concluímos que
tificação da ideia principal do texto e do ponto de vista defendido todo o texto se construirá em torno da definição do conceito de
pelo autor. Isso exige de você a capacidade de localizar, selecionar arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia
e resumir informações dentro do texto. Para isso é necessário um principal, expressa no período “Arquitetura é antes de mais nada
conhecimento acerca da forma como um texto é construído e como construção, mas construção concebida com o propósito primordial
as ideias são organizadas. de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e vi-
Geralmente, esse tipo de questão aborda, predominantemen- sando a determinada intenção”. Todas as informações que apare-
te, o tipo argumentativo. Dessa forma, abordaremos essa organiza- cem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as
ção das informações dentro de um texto argumentativo e as formas respectivas ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la,
de como encontrar as ideias principais bem como as opiniões de- exemplificá-la, entre outros propósitos.
fendidas pelo autor. Para compreender as temáticas bem como as opiniões discuti-
das é importante encontrar cada uma dessas ideias núcleos como
Observemos o seguinte exemplo veremos no exemplo abaixo

O que é arquitetura? “Incalculável é a contribuição do famoso neurologtista aus-


Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualida- tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
de, é como tentar fazê-lo para as demais artes, técnicas ou ciências, humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas
pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão aceleradas, camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e sub-
a dinâmica da vida toma indispensável um constante reexame do consciente. Começou estudando casos clínicos de comportamentos

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LÍNGUA PORTUGUESA

anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colaboração Essa conexão pode ser estabelecida de diversas maneiras,
com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a como por exemplo através de palavras-chave que indicam uma
histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipno- relação de causa e efeito, comparação, contraste, exemplificação,
tismo, inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: entre outras. Também é possível utilizar recursos de coesão textual,
o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas como pronomes e conectivos, para indicar a relação entre as ideias.
pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de des- Além disso, é importante que as ideias apresentadas no texto
cobrir a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de re- estejam organizadas de forma coerente e estruturada. Isso significa
gresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente que as informações devem ser apresentadas de forma clara e em
da linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como uma ordem que faça sentido, de modo que o leitor possa acompa-
compensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília. nhar o raciocínio do autor e compreender a mensagem de maneira
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo efetiva.
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose Vale ressaltar que a relação entre as ideias não se limita apenas
é de origem sexual.” à conexão entre frases e parágrafos, mas também envolve a relação
entre o tema do texto e as informações apresentadas. É fundamen-
(Salvatore D’Onofrio) tal que o autor mantenha o foco no assunto abordado e estabeleça
uma relação clara entre as ideias e o tema central do texto.
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição Portanto, para produzir um texto de qualidade e eficiente, é
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a necessário dominar a habilidade de estabelecer relações entre as
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) ideias apresentadas. Essa habilidade é essencial para garantir que
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique o texto seja coeso, coerente e capaz de transmitir a mensagem de
humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma, forma clara e objetiva ao leitor.
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente Outras dicas para Interpretar um Texto
e subconsciente. - Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia cen-
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clíni- tral do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala.
cos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da - Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais de-
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin talhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi-
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resul- ficar uma possível resposta.
tados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje - Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem
é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens,
sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.” - Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a
A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e
estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por pontuar melhor os assuntos de um texto.
meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou o das “livres - Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens im-
associações de ideias e de sentimentos”. portantes; tente localizar a ideia central de cada parágrafo.
- Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc.,
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às pois fazem diferença na escolha adequada.
origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- - Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explici- pelo autor.
tado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da - Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos
compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica trazem diferentes formas de pensar. Leia textos de bom nível.
dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples,
mas que nos ajudam a ter certeza que estamos prestando atenção
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, na leitura.
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da - Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta,
tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afir- já está no final da página, e nem lembra o que lemos no meio dela.
ma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele pon-
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual. to no qual estávamos mais atentos.
- Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qual-
Relação entre ideias quer informação, mínima que seja, nos ajuda a compreender me-
A relação entre ideias é um dos elementos mais importantes na lhor o assunto do texto.
construção de um texto coeso e coerente. A capacidade de conec-
tar pensamentos e conceitos de forma lógica é fundamental para Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
que o leitor possa compreender a mensagem que o autor deseja lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
transmitir. lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
distração, mas também um aprendizado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- Conclusão


ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de tos levantados pelo autor.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
Erros de Interpretação
Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a Parágrafo
seleção e compreensão das ideias presentes no texto: Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
menor que pareça, deve ser levada em consideração. Às vezes uma conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
falha na interpretação. sintética de acordo com os objetivos do autor.
2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
de relações excessivas com outras ideias e contextos, você pode fa- atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
zer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre dade na discussão.
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
sugeridas ou motivadas pelo texto. tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a al-
guns aspectos e ideias do texto, deixando de lado outras que pa- Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
recem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e con- desenvolvimento e conclusão):
siderável.
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
de argumentação dentro do texto. A fim de defender um ponto de Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
cuidado para não interpretar erroneamente e confundir a opinião trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
defendida pelo autor. estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de dis- caos. ”
cutir as ideias do texto, você deve considerar a opiniões do autor,
materializadas e defendidas no texto. (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

Estrutura e organização do texto e dos parágrafos Elemento relacionador: Nesse contexto.


São três os elementos essenciais para a composição de um tex- Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
cada uma de forma isolada a seguir: consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
Introdução de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.

Desenvolvimento TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS.


Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a Tipologia Textual
conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio- A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- classificações.
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.

São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-


ção do desenvolvimento:
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
dificultando a linha de compreensão do leitor.

10 http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbe-
tes/extrapolacao-na-leitura

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- ou épico. Pode-se afirmar que todo gênero literário é um gênero
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro
específico para se fazer a enunciação. de cada um dos gêneros. Refere-se ao emprego dos verbos, poden-
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi- do ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertati-
cas: vo-argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas
classificações varia de acordo como o texto se apresenta e com a
Apresenta um enredo, com ações e finalidade para o qual foi escrito.
relações entre personagens, que ocorre Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada
um dos gêneros são agrupados segundo a predominância do tipo
TEXTO em determinados espaço e tempo. É
textual.
NARRATIVO contado por um narrador, e se estrutura
da seguinte maneira: apresentação > A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
desenvolvimento > clímax > desfecho cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
Tem o objetivo de defender determina- não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
TEXTO do ponto de vista, persuadindo o leitor podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
DISSERTATIVO a partir do uso de argumentos sólidos. padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução > sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
desenvolvimento > conclusão. Alguns exemplos de gêneros textuais:
Procura expor ideias, sem a necessidade • Artigo
de defender algum ponto de vista. Para • Bilhete
TEXTO isso, usa-se comparações, informações, • Bula
EXPOSITIVO definições, conceitualizações etc. A • Carta
estrutura segue a do texto dissertativo- • Conto
-argumentativo. • Crônica
• E-mail
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
• Lista
de modo que sua finalidade é descrever,
TEXTO • Manual
ou seja, caracterizar algo ou alguém.
DESCRITIVO • Notícia
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
• Poema
em verbos de ligação.
• Propaganda
Oferece instruções, com o objetivo de • Receita culinária
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica • Resenha
são os verbos no modo imperativo. • Seminário

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em


Gêneros textuais determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
Existem diferentes nomenclaturas11 relacionadas à questão dos to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
gêneros, porém nem todas se referem a mesma coisa. É essencial por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo tex- dade e à função social de cada texto analisado.
tual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, porém
é preciso ter atenção, cada uma possui um significado totalmente Gêneros Textuais e Gêneros Literários
diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe-
literário e um tipo textual: rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re-
Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos tex- ferem apenas aos textos literários.
tos de acordo com as diferentes situações de comunicação. Podem Os gêneros literários são divisões feitas segundo características
ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalísti- formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité-
ca, digital, judiciária, entre outras). São exemplos de gêneros textu- rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
ais: romance, conto, receita, notícia, bula de remédio. - Gênero lírico;
Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a constitui- - Gênero épico ou narrativo;
ção da forma, a aplicação do estilo autoral e a organização da lin- - Gênero dramático.
guagem possuem uma preocupação estética. São classificados de

11 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa


nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma
as questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração,
enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não trabalha-
remos com essa diferença.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gênero Lírico Canção (ou Cantiga, Trova)


É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po- Poema oral com acompanhamento musical.
ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo-
ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente Gazal (ou Gazel)
os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
função emotiva da linguagem.
Soneto
Elegia É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor- tos e dois tercetos.
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema Vilancete
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
Shakespeare. nio e de maldizer); satíricas, portanto.

Epitalâmia Gênero Épico ou Narrativo


Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro- Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos,
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de
Ode (ou hino) prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto,
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à a crônica, a fábula.
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom- Épico (ou Epopeia)
panhamento musical. Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de
um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens,
Idílio (ou écloga) gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem-
natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas
e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais Ensaio
a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
diálogos (muito rara). expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Sátira Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun- malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
tos políticos, ou pessoas de relevância social. caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
cke.
Acalanto
Canção de ninar. Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse
Acróstico tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte-
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for- ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
mam uma palavra ou frase. Ex.: papéis das personagens nas cenas.

Amigos são Tragédia


Muitas vezes os É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar
Irmãos que escolhemos. compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re-
Zelosos, eles nos presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em
Ajudam e linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Eterna
Farsa
https://www.todamateria.com.br/acrostico/ A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de
processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca-
Balada ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas engano.
de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se
destinam à dança.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.

Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.

Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
realidade vivida por este povo.

ORTOGRAFIA

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, excla-
POR QUÊ
mação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

ACENTUAÇÃO.

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps, ímã, órfão,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia, paranoico,
ou não do plural
heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento
com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de
saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

FUNÇÕES DA LINGUAGEM.

Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem transmitida,
em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
São seis as funções da linguagem, que se encontram diretamente relacionadas com os elementos da comunicação.

Funções da Linguagem Elementos da Comunicação


Função referencial ou denotativa contexto
Função emotiva ou expressiva emissor
Função apelativa ou conativa receptor
Função poética mensagem
Função fática canal
Função metalinguística código

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LÍNGUA PORTUGUESA

Função Referencial Exemplos: Só amanhã, não perca!


A função referencial tem como objetivo principal informar, re- Vote em mim!
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural, Função Poética
o que enfatiza sua impessoalidade. Esta função é característica das obras literárias que possui
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem. figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
tivo é a mensagem.
Exemplo de uma notícia: A função poética não pertence somente aos textos literários.
O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou
para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedica- nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
da ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o
objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo Exemplo:
exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito seden- “Basta-me um pequeno gesto,
tárias. Em 75% das nações participantes, o nível de atividade física feito de longe e de leve,
praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado para que venhas comigo
para garantir um crescimento saudável e um envelhecimento de e eu para sempre te leve...”
qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esque-
letos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria (Cecília Meireles)
dos países tirou nota “D”.
Função Fática
Função Emotiva A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca-
Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a
É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensa- transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação.
gem não precisa ser clara ou de fácil entendimento. A ênfase dada ao canal comunicativo.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem-
empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in- plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele-
conscientemente. fone, etc.
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili-
zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da- Exemplo:
quele que fala. -- Calor, não é!?
-- Sim! Li na previsão que iria chover.
Exemplo: Nós te amamos! -- Pois é...

Função Conativa Função Metalinguística


A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua- É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua-
gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um
grande foco é no receptor da mensagem. código utilizando o próprio código.
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu- Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des-
blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por taque são as gramáticas e os dicionários.
meio da mensagem transmitida. Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do-
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter- cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema
ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do são alguns exemplos.
vocativo.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com Exemplo:
a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma- Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu
publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen- mestre”
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos 2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada.
certos produtos. “é uma de suas amizades fiéis”
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta-
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
dos, que se deixam conduzir sem questionar.

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RECURSOS VERBAIS, NÃO VERBAIS E MULTISSEMIÓTICOS

Existem muitas linguagens e cada uma delas é composta de diversos elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos
da linguagem escrita; cores e formas são elementos da linguagem visual; timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.
A linguagem expressa, cria, produz ou comunica algo. Há linguagens verbais e não verbais. Cada uma delas é composta por diversos
elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos da linguagem verbal; cores e formas são elementos da linguagem visual;
timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.

Linguagem verbal
A linguagem verbal é caracterizada pela comunicação através do uso de palavras. Essas palavras podem ser faladas ou escritas. O
conjunto das palavras utilizadas em uma língua é chamado de léxico.

Linguagem não verbal


A comunicação não verbal é compreendida como toda a comunicação realizada através de elementos não verbais. Ou seja, que não
usem palavras.

Linguagem verbal Linguagem não verbal


• Imagens
• Gestos
Elementos presentes • Palavras
• Sons
• Expressões corporais e faciais
• Conversas • Língua de sinais
• Discursos • Placas de aviso e de trânsito
Exemplos
• Textos • Obras de arte
• Rádio • Dança

Interpretação de linguagem não verbal (tabelas, fotos, quadrinhos, etc.)


A simbologia é uma forma de comunicação não verbal que consegue, por meio de símbolos gráficos populares, transmitir mensagens
e exprimir ideias e conceitos em uma linguagem figurativa ou abstrata. A capacidade de reconhecimento e interpretação das imagens/
símbolos é determinada pelo conhecimento de cada pessoa.

Exemplos:
Placas Charges

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Tirinhas

Gráficos

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO.

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur-
Polissemia e monossemia sos de linguagem.
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas escolher entre duas ou mais coisas”.
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
Denotação e conotação Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
da cadeira. domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
Hiperonímia e hiponímia sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
ficado entre as palavras. um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que enunciador está propondo.
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
Limão é hipônimo de fruta. missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
Formas variantes crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem mento de premissas e conclusões.
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
farto / gatinhar – engatinhar. A é igual a B.
A é igual a C.
Arcaísmo Então: C é igual a B.
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante que C é igual a A.
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- Outro exemplo:
mácia / franquia <—> sinceridade. Todo ruminante é um mamífero.
A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.
ARGUMENTAÇÃO, OPINIÃO E INFORMAÇÃO.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
ARGUMENTAÇÃO também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
propõe. da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
vista defendidos. outro fundado há dois ou três anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase Argumento do Consenso


impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten- em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
der bem como eles funcionam. verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó- que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não
mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi- as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, carentes de qualquer base científica.
essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo Argumento de Existência
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori- É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
zado numa dada cultura. aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar-
Tipos de Argumento gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- do que dois voando”.
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
mento. (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre-
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante
Argumento de Autoridade a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor do comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a garantia vios, etc., ganhava credibilidade.
do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um amontoa-
do de citações. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. Argumento quase lógico
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
Exemplo: e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe- veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
cimento. Nunca o inverso. tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
Alex José Periscinoto. não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
acreditar que é verdade. indevidas.

Argumento de Quantidade Argumento do Atributo


É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz que é mais grosseiro, etc.
largo uso do argumento de quantidade. Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Uma variante do argumento de atributo é o argumento da A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto o assunto, etc).
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
dizer dá confiabilidade ao que se diz. festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei- (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade- afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali-
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em dades não se prometem, manifestam-se na ação.
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
por bem determinar o internamento do governador pelo período verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al- Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi- ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
tal por três dias. a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um comportamento.
texto tem sempre uma orientação argumentativa. A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
mica e até o choro.
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
outras, etc. Veja: vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca- ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
vam abraços afetuosos.” dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
injustiça, corrupção). seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
o argumento. ver as seguintes habilidades:
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por mente contrária;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ria contra a argumentação proposta;
outros à sua dependência política e econômica”. - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
ta.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques- uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé- deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes- argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões sofisma no seguinte diálogo:
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co- - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Lógico, concordo.
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar - Claro que não!
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Exemplos de sofismas:
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Dedução
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Todo professor tem um diploma (geral, universal)
da verdade: Fulano tem um diploma (particular)
- evidência; Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução;
Indução
- enumeração.
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
cular)
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
– conclusão falsa)
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con- Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
caracteriza a universalidade. tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o ados nos sentimentos não ditados pela razão.
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
o efeito. Exemplo: ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
Fulano é homem (premissa menor = particular) que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
Logo, Fulano é mortal (conclusão) pesquisa.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o ferro (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O calor dilata o bronze (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O calor dilata o cobre (particular) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O ferro, o bronze, o cobre são metais das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) o relógio estaria reconstruído.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, de vista sobre ele.
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
relacionadas: espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco- metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
lha dos elementos que farão parte do texto. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
- o termo a ser definido;
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in- - o gênero ou espécie;
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- - a diferença específica.
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de ma espécie. Exemplo:
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- Elemento especiediferença
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a a ser definidoespecífica
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís- advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
sabiá, torradeira. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. ou instalação”;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou dida;d
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
(Garcia, 1973, p. 302304.) cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- diferenças).
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.

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LÍNGUA PORTUGUESA

As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- que, melhor que, pior que.
vra e seus significados. Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
mentação coerente e adequada. corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, caráter confirmatório que comprobatório.
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos caso, incluem-se
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus mortal, aspira à imortalidade);
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que dos e axiomas);
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe- - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão. za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. parece absurdo).
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- cretos, estatísticos ou documentais.
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
virtude de, em vista de, por motivo de. julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, e só os
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- opinião pessoal só terá validade se fundamentada na evidência dos
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos argumentos,
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, porém, pode ser contestada por meio da contra-argumentação ou re-
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, futação. São vários os processos de contra-argumentação:
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
assim, desse ponto de vista. Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração dadeira;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de- nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- dade da afirmação;
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, ridade que contrariam a afirmação apresentada;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em

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LÍNGUA PORTUGUESA

uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra- Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é ção: é um dos possíveis.
que gera o controle demográfico”. Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis-
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
elaboração de um Plano de Redação. diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela
é inserida.
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolu- O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
ção tecnológica não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
ta, justificar, criando um argumento básico; cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação textos caracterizada por um citar o outro.
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
(rever tipos de argumentação); texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ- de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di-
ência); ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
argumento básico; pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que mencionar um provérbio conhecido.
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu- outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
mento básico; tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às zá-lo ou ao compará-lo com outros.
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
menos a seguinte: grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
Introdução senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
- função social da ciência e da tecnologia; samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
- definições de ciência e tecnologia; formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
Desenvolvimento alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
vimento tecnológico; Tipos de Intertextualidade
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
condições de vida no mundo atual; plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali-
desenvolvidos; dade.
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá-
sado; apontar semelhanças e diferenças; logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
banos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto
mais a sociedade. é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com
Conclusão outras palavras o que já foi dito.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ- A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
ências maléficas; tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
apresentados. um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-

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LÍNGUA PORTUGUESA

so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca PONTO DE VISTA


pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente- sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
demagogia praticada pela classe dominante. da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con- sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re- servador e o narrador-personagem.
lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” Primeira pessoa
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
cultura é o melhor conforto para a velhice”. o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro- leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex- vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro só descobrimos ao decorrer da história.
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o Segunda pessoa
termo “citação” (citare) significa convocar. O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros tex- quase como outro personagem que participa da história.
tos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
Pastiche é uma recorrência a um gênero. vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
a recriação de um texto.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci- tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
produtor e ao receptor de textos. outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am- leitura não fique confuso.
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
FIGURAS DE LINGUAGEM.
daquela citação ou alusão em questão.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
nando-o poético.
A intertextualidade explícita:
– é facilmente identificada pelos leitores; As figuras de linguagem classificam-se em
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; – figuras de palavra;
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; – figuras de pensamento;
– não exige que haja dedução por parte do leitor; – figuras de construção ou sintaxe.
– apenas apela à compreensão do conteúdos.
Figuras de palavra
A intertextualidade implícita: Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven-
– não é facilmente identificada pelos leitores; cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex-
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; pressivo na comunicação.
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par- Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
te dos leitores; nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
a compreensão do conteúdo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné-


...a vida é cigana doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural.
É caravana
É pedra de gelo ao sol. Exemplo
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença) sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
plural)
Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(José Cândido de Carvalho)
(Carlos Drummond de Andrade)
Figuras Sonoras
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, li- Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral-
gados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal mente em posição inicial da palavra.
como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
paração: parecer, assemelhar-se e outros. Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve-
Exemplo ladas.
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando
você entrou em mim como um sol no quintal. (Cruz e Sousa)

(Belchior) Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um


verso ou poesia.
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o
qual não existe uma designação apropriada. Exemplo
Sou Ana, da cama,
Exemplos da cana, fulana, bacana
– folha de papel Sou Ana de Amsterdam.
– braço de poltrona
– céu da boca (Chico Buarque)
– pé da montanha
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen- na prosódia, mas diferentes no sentido.
tidos físicos.
Exemplo
Exemplo Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) [erro
mecânica. quero que você ganhe que
[você me apanhe
(Carlos Drummond de Andrade) sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste-
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- (Caetano Veloso)
ça gelada”.
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, duzido por seres animados e inanimados.
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o.
Exemplo
Exemplos Vai o ouvido apurado
O filósofo de Genebra (= Calvino). na trama do rumor suas nervuras
O águia de Haia (= Rui Barbosa). inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que circular opressivo
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
da noite em branco
Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) (Carlos Drummond de Andrade)
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Tomei um Danone. (iogurte) Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de sintaxe ou de construção Morrerás morte vil na mão de um forte.


Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os
termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões. (Gonçalves Dias)

Podem ser formadas por: Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia-
omissão: assíndeto, elipse e zeugma; na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado.
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage; Exemplos
ruptura: anacoluto; Ouvir com os ouvidos.
concordância ideológica: silepse. Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos.
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período, Hemorragia de sangue.
frase ou verso. Repetir de novo.

Exemplo Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben-


Dentro do tempo o universo tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con-
[na imensidão. junções, preposições e verbos.
Dentro do sol o calor peculiar
[do verão. Exemplos
Dentro da vida uma vida me Compareci ao Congresso. (eu)
[conta uma estória que fala Espero venhas logo. (eu, que, tu)
[de mim. Ele dormiu duas horas. (durante)
Dentro de nós os mistérios No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
[do espaço sem fim!
(Camões)
(Toquinho/Mutinho)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior-
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam mente.
vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
vírgulas. Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
Exemplo
Não nos movemos, as mãos é (Camilo Castelo Branco)
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se, Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)
(Machado de Assis)
Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde- tos na frase.
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical.
Exemplos
Exemplo Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem
tuge, nem muge. (Carlos Drummond de Andrade)

(Rubem Braga) Paciência tenho eu tido...

Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um termo (Antônio Nobre)


já expresso.
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres- frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
são, dando ênfase à mensagem. período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
função sintática definida.
Exemplos
Não os venci. Venceram-me Exemplos
eles a mim. E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.

(Rui Barbosa) (Manuel Bandeira)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo- • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
tassem as mãos. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
azeite
(José Lins do Rego) • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais ra-
dicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase). palavras:

Exemplo Derivação
...em cada olho um grito castanho de ódio. A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
(Dalton Trevisan) • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
...em cada olho castanho um grito de ódio) • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
Silepse • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
ou pronome com a pessoa a que se refere. do (des + governar + ado)
Exemplos • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a palavra
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho... primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
(Rachel de Queiroz) gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
V. Ex.a parece magoado... próprio – sobrenomes).

(Carlos Drummond de Andrade) Composição


A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
o sujeito da oração. • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
Exemplos tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
Os dois ora estais reunidos... aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
(Carlos Drummond de Andrade) tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas. -flor / passatempo.

(Machado de Assis) Abreviação


Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
Silepse de número: Não há concordância do número verbal totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
com o sujeito da oração. (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Exemplo Hibridismo
Corria gente de todos os lados, e gritavam. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
(Mário Barreto) culo (bi – grego + oculus – latim).

Combinação
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS DE ACORDO COM A Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
GRAMÁTICA TRADICIONAL: FORMAÇÃO DE PALAVRAS radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
E SELEÇÃO VOCABULAR recer + adolescente).

Formação de Palavras Intensificação


A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
cos, de modo que as palavras se dividem entre: mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra pa- adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
lavra. Ex: flor; pedra colizar (em vez de protocolar).
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras palavras.
Ex: floricultura; pedrada

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LÍNGUA PORTUGUESA

Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falante em contextos específicos, podendo ser temporárias ou permanentes.
Existem três tipos principais de neologismos:
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma palavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

CLASSE DE PALAVRAS E COLOCAÇÃO PRONOMINAL; EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.

Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conecti-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO vos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Variação de grau


Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado
Tipos de substantivos substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumenta-
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo tivo e diminutivo.
com os conceitos apresentados abaixo: Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
Ex: mulher; gato; cidade... pequeno).
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou di-
especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte... minuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural,
para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mes- Novo Acordo Ortográfico
ma espécie. Ex: matilha; enxame; cardume... De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de sa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; ca- pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes
chorro; praça... geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designan- e festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou
do sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede; abreviaturas.
imaginação... Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana,
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: meses, estações do ano e em pontos cardeais.
livro; água; noite... Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedrei- é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
ro; livraria; noturno... disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em pala-
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radi- vras de categorização.
cal). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais Adjetivo
de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol... Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-
-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
Flexão de gênero flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um o singular (bonito) e o plural (bonitos).
dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino. Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua naciona-
e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente lidade (brasileiro; mineiro).
o final da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjun-
menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / to de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo.
acentuação (Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou pre- São formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
sença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora). • de criança = infantil
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma for- • de mãe = maternal
ma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto • de cabelo = capilar
ao gênero a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o
acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epi- Variação de grau
ceno (refere-se aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfa-
comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo). ses), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e su-
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com perlativo.
alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, • Normal: A Bruna é inteligente.
trazendo alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fru- • Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente
to X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao que o Lucas.
órgão que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é • Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente
o termo popular para um tipo específico de fruto. que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto
Flexão de número a Maria.
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, • Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inte-
usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: ligente da turma.
bola; escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quan- • Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos
tidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último represen- inteligente da turma.
tado, geralmente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra. • Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de • Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do
contexto, pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Conjunções subordinativas


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
preposição em determinadas sentenças). Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, substantivas, definidas pelas palavras que e se.
per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre. • Causais: porque, que, como.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Condicionais: e, caso, desde que.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, • Conformativas: conforme, segundo, consoante.
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. • Comparativas: como, tal como, assim como.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- • Finais: a fim de que, para que.
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Causa: Morreu de câncer. • Temporais: quando, enquanto, agora.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. ESTRUTURAÇÃO SINTÁTICA E SEMÂNTICA DOS
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. TERMOS NA ORAÇÃO E DAS ORAÇÕES NO PERÍODO
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
• Companhia: Ela saiu com a amiga. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Posse: O carro de Maria é novo. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
• Meio: Viajou de trem. dos e suas unidades: frase, oração e período.
Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
Combinações e contrações que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
havendo perda fonética (contração). Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
• Combinação: ao, aos, aonde bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
opcional.
Conjunção Período é uma unidade sintática, de modo que seu enunciado é
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- organizado por uma oração (período simples) ou mais orações (pe-
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante ríodo composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e finaliza-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois dos com a pontuação adequada.
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- Análise sintática
mento de redigir um texto. A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
conjunções subordinativas. • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
Conjunções coordenativas nominais, agentes da passiva)
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma biais, apostos)
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em
cinco grupos: Termos essenciais da oração
• Aditivas: e, nem, bem como. Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
• Adversativas: mas, porém, contudo. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
• Conclusivas: logo, portanto, assim. onde o verbo está presente.
• Explicativas: que, porque, porquanto.
O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
centra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intransi-
tivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apresenta
um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
oração anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel de
substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações subor-
dinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma infor-
O candidato, que é do partido socialista, está sendo
EXPLICATIVAS mação.
atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido. As pessoas que são racistas precisam rever seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocupou com a
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou sub- fome no país.
juntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções
sou locuções conjuntivas.
REDUZIDAS Assisti ao documentário denunciando a corrupção.
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerún-
dio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida que, na
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DA REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum; con-
A trário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente; do-
DE tado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negli-
EM
gente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado de
um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser reti-
rado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DA CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a da aula.
PRÓPRIO que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da formatu-
ra.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
Adicione meia xícara de leite.
dar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser enge-
Quando tem função de advérbio, modificando um adje-
nheira.
tivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensali-
dade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Exceto
caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO E SEUS EFEITOS DE SENTIDO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações ou
Esse é o problema da pandemia: as pes-
: Dois-pontos sequência de palavras para resumir / explicar ideias apre-
soas não respeitam a quarentena.
sentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho, den-
Antes de citação direta
te por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de Excla-
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
mação
Após interjeição Ufa!
Ponto de Interro-
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
gação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda está
sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-


QUESTÕES ção(ões) verdadeira(s).
(A) I, apenas
1. (FMPA – MG) (B) II e III
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- (C) III, apenas
te aplicada: (D) II, apenas
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. (E) I e II
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. 3. (UNIFOR CE – 2006)
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
(E) A cessão de terras compete ao Estado. sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
2. (UEPB – 2010) rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
maiores nomes da educação mundial na atualidade. suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
Carlos Alberto Torres indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que de.
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre- igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.
[…]
p.68)
Rosa Maria Torres
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e o contexto, é
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de (A) ceticismo.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a (B) desdém.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o (C) apatia.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas (D) desinteresse.
indesejadas. (E) negligência.
[…]
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema para os carros e os pedestres.
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- mônimos e parônimos.
mo, em relação à “diversidade”. (A) I e III.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- (B) II e III.
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura (C) II apenas.
no paradigma argumentativo do enunciado. (D) Todas incorretas.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
dade e identidade”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. (UFMS – 2009) 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-


Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de pressa esqueci o Quincas Borba”.
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (A) objeto direto
30/09/08. Em seguida, responda. (B) sujeito
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (C) agente da passiva
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu (D) adjunto adverbial
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em (E) aposto
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
mente do jeito correto. 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (A) Sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (B) Objeto direto
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (C) Predicativo do sujeito
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- (D) Adjunto adverbial
mática na cabeça. (E) Adjunto adnominal
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa manhã de segunda-feira”.
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (A) Predicativo
la, lá vinham as palavras mágicas. (B) Complemento nominal
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (C) Objeto indireto
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. (D) Adjunto adverbial
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. (E) Adjunto adnominal
– Ainda não fomos apresentados – ela disse.
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
terror.
te”. O termo destacado funciona como:
– E ele faz o quê?
(A) Objeto indireto
– Atrapalha a gente na hora de escrever.
(B) Objeto direto
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
(C) Adjunto adnominal
usar trema nem se lembrava da regrinha.
(D) Vocativo
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
(E) Sujeito
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- 11. (UFRJ) Esparadrapo
rão ao menos para determinar minha idade. Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
– Esse aí é do tempo do trema.” paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
Assinale a alternativa correta. que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons- bulo*”.
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu- Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
ída por “nós”. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro impres-
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito so até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa. A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça texto. Sua função resume-se em:
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema. (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no coisa.
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido. (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
te.
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
“E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero to.
na salada – o meu jeito de querer bem.” (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
de: dos.
(A) objeto indireto e aposto
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(D) complemento nominal e aposto
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo

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LÍNGUA PORTUGUESA

12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
É preciso que ela se encante por mim! queria correr nas lajes do pátio (...)”
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. hora (...)”
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. netas, borracha (...)”
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
(D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
a orações subordinadas substantivas, exceto:
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(B) Desejo que ela volte.
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. ____________________.”
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
tem. mente a frase acima. Assinale-a.
(A) desfilando pelas passarelas internacionais.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (B) desista da ação contra aquele salafrário.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
um “se” que é . ________. (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora (E) tentamos aquele emprego novamente.
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
(C) relativa, pronome reflexivo 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora lacunas do texto a seguir:
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- arte.”
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e (C) bastante - por - meias - ao - a - à
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena (D) meias - para - muito - pelo - em - por
dos dois, a mãe ficava furiosa.) (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de
18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis
com a gramática:
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
riam rompidas mais uma vez. III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas (A) em I e II
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- (B) apenas em IV
te. (C) apenas em III
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.) (D) em II, III e IV
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, (E) apenas em II
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com Hoje, só ___ ervas daninhas.
oitenta ainda está ativo e presente. (A) fazem, havia, existe
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- (B) fazem, havia, existe
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” (C) fazem, haviam, existem
(D) faz, havia, existem
LUFT, 2014, p.104-105 (E) faz, havia, existe

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LÍNGUA PORTUGUESA

20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
dância verbal, de acordo com a norma culta: tas nos itens a seguir:
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. migos de hipócritas;
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. desprezo por tudo;
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma A frase reescrita está com a regência correta em:
culta é: (A) I apenas
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (B) II apenas
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (C) III apenas
líderes pefelistas. (D) I e III apenas
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (E) I, II e III
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
íses passou despercebida. 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
social. (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição. 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
as lacunas correspondentes. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
A arma ___ se feriu desapareceu. erroneamente, exceto em:
Estas são as pessoas ___ lhe falei. (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
Aqui está a foto ___ me referi. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. (C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. (D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.
(A) que, de que, à que, cujo, que.
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. classificação.
“____________ o céu é azul?”
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. sito pelo caminho.”
(B) Informei-lhe a nota obtida. “Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos ao nosso encontro.”
sinais de trânsito. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. diais. ____________?”
(E) Muita gordura não implica saúde. (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem (C) Por que – porque – porquê – Por quê
ser seguidos pela mesma preposição: (D) Porquê – porque – por quê – Por que
(A) ávido / bom / inconsequente (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(B) indigno / odioso / perito
(C) leal / limpo / oneroso
(D) orgulhoso / rico / sedento
(E) oposto / pálido / sábio

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LÍNGUA PORTUGUESA

29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô- 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que assinale a afirmação verdadeira.
se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio- como “também” e “porém”.
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada. (B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
Assinale-a. mesma razão.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. (C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
(B) O infrator foi preso em flagrante. mesma razão que a palavra “país”.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas. (D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. rem monossílabos tônicos fechados.
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
que todas as paroxítonas são acentuadas.
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
grafadas corretamente. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar vra é acentuada graficamente:
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza (A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação (C) saudade, onix, grau, orquídea
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz (D) voo, legua, assim, tênis
(E) flores, açucar, album, virus
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras 36. (IFAL - 2011)
de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
seguia se recompôr e viver tranquilo. infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
Remígio resolveu pedí-la em casamento. tantos outros indicadores terríveis.”
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora,
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. (Gazeta de Alagoas, seção Opinião, 12.10.2010)

32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontu-
tuadas devido à mesma regra: ado na alternativa:
(A) saí – dói (A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(B) relógio – própria importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(C) só – sóis sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(D) dá – custará frimento da infância mais pobre.”
(E) até – pé (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sofrimento da infância mais pobre.”
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- (C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. sofrimento da infância mais pobre.”
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
L. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – sofrimento, da infância mais pobre.”
eu. (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
sofrimento da infância mais pobre.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca

Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?


Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áre- 44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se-
as, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara: guintes palavras:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas (A) vendavais, naufrágios, polêmicas
relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a (B) descompõem, desempregados, desejava
natureza física e fisiológica das distinções observadas. (C) estendendo, escritório, espírito
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvi- (D) quietação, sabonete, nadador
do registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empre- (E) religião, irmão, solidão
gado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores 45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras
da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes não é formada por prefixação:
da língua portuguesa. (A) readquirir, predestinado, propor
(B) irregular, amoral, demover
Quais estão INCORRETAS? (C) remeter, conter, antegozar
(A) Apenas I. (D) irrestrito, antípoda, prever
(B) Apenas II. (E) dever, deter, antever
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
(E) Apenas II e III.
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo Uma organização não governamental holandesa está propondo
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
(A) tatuar sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(B) quando grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
(C) doutor O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
(D) ainda cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
(E) além o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- um contador na rede social.
ras? Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
(A) rosa, deve, navegador; dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(B) barcos, grande, colado; Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
(C) luta, após, triste; em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
(D) ringue, tão, pinga; a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
(E) que, ser, tão. ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)


to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
Verifique a que nível se referem as características do português rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). usuários longe da rede social.”
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
formas com gerúndio, como estou fazendo. (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
palavras como académico e antónimo, ticamente.
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
como em contacto e facto. possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- raria o sentido do texto.
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
de ir até lá. informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
informação nova.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
cima para baixo, é: e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(B) 2 – 1 – 2 – 1. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(C) 1 – 2 – 1 – 2.
(D) 1 – 1 – 2 – 2. 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
(E) 1 – 2 – 2 – 1. dem a um adjetivo, exceto em:
(A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.


15 A
(D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
sem fim. 16 C
(E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça. 17 A
48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas 18 C
só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são, 19 D
respectivamente:
20 C
(A) adjetivo, adjetivo
(B) advérbio, advérbio 21 E
(C) advérbio, adjetivo 22 C
(D) numeral, adjetivo
(E) numeral, advérbio 23 A
24 D
49. (ITA-SP)
Beber é mal, mas é muito bom. 25 E
26 A
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
27 B
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é: 28 C
(A) adjetivo 29 B
(B) substantivo
(C) pronome 30 A
(D) advérbio 31 E
(E) preposição
32 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! 33 E
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o 34 B
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
pela ordem, a: 35 B
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome 36 E
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio 37 A
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 38 A
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
39 B
40 A
GABARITO
41 D
42 D
1 C
43 B
2 B
44 D
3 D
45 E
4 C
46 D
5 C
47 B
6 A
48 B
7 D
49 B
8 C
50 E
9 B
10 E
11 C ANOTAÇÕES
12 B
______________________________________________________
13 E
14 B ______________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA

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MATEMÁTICA

CONJUNTOS NUMÉRICOS: NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS, IRRACIONAIS E REAIS. OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS,


SISTEMA DE NUMERAÇÃO, DIVISIBILIDADE, FATORAÇÃO, MÁXIMO DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM,
OPERAÇÕES COM FRAÇÕES, REPRESENTAÇÃO DECIMAL, NÚMEROS DECIMAIS PERIÓDICOS E NÃO PERIÓDICOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

53
MATEMÁTICA

Operações Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos tante a REGRA DE SINAIS:
a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.
Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dis-
pensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
ser dispensado. negativo.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- Exemplo:


tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
será do maior número. (A) 10
(B) 15
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., (C) 18
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- (D) 20
do, ou seja, é dado o seu oposto. (E) 22
Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para Resolução:
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma temos:
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Resposta: D
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes
anotadas, o total de pontos atribuídos foi • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
(A) 50. como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
(B) 45. base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
(C) 42. plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
(D) 36. – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(E) 32. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo.
Resolução: – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
50-20=30 atitudes negativas mero inteiro negativo.
20.4=80
30.(-1)=-30 Propriedades da Potenciação
80-30=50 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
Resposta: A e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- (+a)1 = +a
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
pelo módulo do divisor. a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

54
MATEMÁTICA

Conjunto dos números racionais – Q m


Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:
1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

55
MATEMÁTICA

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.


a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.
b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

Resolução:

Resposta: B

56
MATEMÁTICA

Caraterísticas dos números racionais Resolução:


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in- Somando português e matemática:
teiros.
Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número
(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

O que resta gosta de ciências:

Resposta: B
Representação geométrica
• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou
pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.
• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
Operações operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração ÷ q = p × q-1
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d

Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
p – q = p + (–q) Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
(C) 220
(D) 260
(E) 120
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.

Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

57
MATEMÁTICA

Resolução: Procedimentos
1) Operações:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem;
- Depois as multiplicações e/ou divisões;
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que aparecem.

2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
Resposta: A com os seus sinais originais.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
meros racionais. com os seus sinais invertidos.

A) Toda potência com expoente negativo de um número ra- Exemplo:


cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
expoente anterior. A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

O valor, aproximado, da soma entre A e B é


(A) 2
(B) 3
(C) 1
(D) 2,5
B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da (E) 1,5
base.
Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de Resposta: E
associação, que podem aparecer em uma única expressão.

58
MATEMÁTICA

Múltiplos Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por


Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei- 7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub-
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig- de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida-
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.
existir algum número natural n tal que:
x = y·n Outros critérios
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
podemos escrever: x = n/y Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
Observações:
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo. Fatoração numérica
2) Todo número natural é múltiplo de 1. Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos. compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural. mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares, e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha- obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k presenta o número fatorado. Exemplo:
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibili-
dade/ - reeditado)

59
MATEMÁTICA

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decomposição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
22 . 30=4

O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}


A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28

Máximo divisor comum (MDC)


É o maior número que é divisor comum de todos os números dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores pri-
mos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FATORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR EX-
POENTE.

Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.

60
MATEMÁTICA

É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar: (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5.
(D) 1 / 2.
Exemplos: (E) 2 / 3.
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA –
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros Resolução:
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa- Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros. , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros. Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:
7.Q = 2. (360 – Q)
Resolução: 7.Q = 720 – 2.Q
Escrevendo em forma de equações, temos: 7.Q + 2.Q = 720
C = M + 0,05 ( I ) 9.Q = 720
C = A – 0,10 ( II ) Q = 720 / 9
A = D + 0,03 ( III ) Q = 80 (queimadas)
D não é mais baixa que C Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Se D = 1,70 , então: Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m Resposta: B
Resposta: B
Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca- ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?
(A) R$ 498,00
(B) R$ 450,00
(C) R$ 402,00
(D) R$ 334,00 O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
(E) R$ 324,00 dividida a unidade.
O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
Resolução: dade.
Primeiro mês = x Lê-se: um quarto.
Segundo mês = x + 126
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 Atenção:
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
3.x = 1176 – 204 tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
x = 972 / 3 • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
x = R$ 324,00 (1º mês) tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00 mos etc.
Resposta: B • Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da
palavra “avos”.

61
MATEMÁTICA

Tipos de frações – Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da


– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador. segunda fração. Ex.:
Ex.: 7/15
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
nador. Ex.: 6/7
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
Ex.: 6/3
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos) fração resultante de forma a torna-la irredutível.
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2 Exemplo:
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi- (EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ; DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
pessoas. Cada uma recebeu
Operações com frações
(A)
• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
ma-se ou subtrai-se os numeradores. (B)

(C)

Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes- (D)


mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
mos tanto na adição quanto na subtração.
(E)

Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
dados. Ex.:
Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

UNIDADES DE MEDIDAS: COMPRIMENTO, ÁREA, VO-


LUME, ÂNGULO, MASSA, TEMPO E VELOCIDADE. CON-
VERSÃO DE UNIDADE DE MEDIDAS

O sistema métrico decimal é parte integrante do Sistema de


Medidas. É adotado no Brasil tendo como unidade fundamental de
medida o metro.
O Sistema de Medidas é um conjunto de medidas usado em
quase todo o mundo, visando padronizar as formas de medição.

62
MATEMÁTICA

Medidas de comprimento
Os múltiplos do metro são usados para realizar medição em grandes distâncias, enquanto os submúltiplos para realizar medição em
pequenas distâncias.

MÚLTIPLOS UNIDADE FUNDAMENTAL SUBMÚLTIPLOS


Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
km hm Dam m dm cm mm
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Para transformar basta seguir a tabela seguinte (esta transformação vale para todas as medidas):

Medidas de superfície e área


As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro quadrado, o me-
tro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos comprimentos.
Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102. A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.

Vejamos as relações entre algumas essas unidades que não fazem parte do sistema métrico e as do sistema métrico decimal (valores
aproximados):
1 polegada = 25 milímetros
1 milha = 1 609 metros
1 légua = 5 555 metros
1 pé = 30 centímetros

Medidas de Volume e Capacidade


Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o centímetro cúbico(cm3).
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, o sistema
continua sendo decimal. Acrescentamos a nomenclatura cúbico.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.

Medidas de Massa
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g). Assim as denominamos:
Kg – Quilograma; hg – hectograma; dag – decagrama; g – grama; dg – decigrama; cg – centigrama; mg – miligrama
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). Medidas Especiais:
1 Tonelada(t) = 1000 Kg
1 Arroba = 15 Kg
1 Quilate = 0,2 g

Em resumo temos:

63
MATEMÁTICA

Relações importantes
MATEMÁTICA COMERCIAL: RAZÕES, PROPORÇÕES
(GRANDEZAS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS E IN-
VERSAMENTE PROPORCIONAIS)

Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:

1 kg = 1l = 1 dm3
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2 Exemplo:
1 m3 = 1000 l (SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
Exemplos: parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou
(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Uma que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma
peça de um determinado tecido tem 30 metros, e para se confec- mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi-
cionar uma camisa desse tecido são necessários 15 decímetros. cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava
Com duas peças desse tecido é possível serem confeccionadas: apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por várias
(A) 10 camisas “outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo
(B) 20 camisas o produto apreendido, o traficante usou
(C) 40 camisas (A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas.
(D) 80 camisas (B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas.
Resolução: (D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas.
Como eu quero 2 peças desse tecido e 1 peça possui 30 metros (E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas.
logo:
30 . 2 = 60 m. Temos que trabalhar com todas na mesma unida- Resolução:
de: 1 m é 10dm assim temos 60m . 10 = 600 dm, como cada camisa O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
gasta um total de 15 dm, temos então: da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
600/15 = 40 camisas. forma de razão , logo :
Resposta: C

(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Um


veículo tem capacidade para transportar duas toneladas de carga.
Se a carga a ser transportada é de caixas que pesam 4 quilogramas
cada uma, o veículo tem capacidade de transportar no máximo:
(A) 50 caixas
(B) 100 caixas
(C) 500 caixas Resposta: C
(D) 1000 caixas
Razões Especiais
Resolução: São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu-
Uma tonelada(ton) é 1000 kg, logo 2 ton. 1000kg= 2000 kg mas:
Cada caixa pesa 4kg Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas-
2000 kg/ 4kg = 500 caixas. to para percorrê-la.
Resposta: C

64
MATEMÁTICA

Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu- comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni-
me ocupado por esse corpo. mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi
igual a
(A) 588.
(B) 350.
(C) 454.
(D) 476.
Proporção (E) 382.
É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.
Resolução:

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:


Lemos: a esta para b, assim como c está para d.
Ainda temos:

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
L = 21 ladrilhos
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588
Resposta: A

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.

• Propriedades da Proporção Regra de três simples


– Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou
produto dos extremos: inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um
a.d=b.c processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES.
• Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando
– A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri- ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di-
meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença minui.
dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). • Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan-
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.

Exemplos:
(PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio
de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.

– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-


rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.

Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do

65
MATEMÁTICA

De acordo com essas informações, o número de casos regis- Regra de três composta
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007, envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
aproximadamente, de proporcionais.
(A) 70%.
(B) 65%. Exemplos:
(C) 60%. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
(D) 55%. – FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
(E) 50%. um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500
Resolução: m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
Utilizaremos uma regra de três simples: (A) 8 horas e 15 minutos.
(B) 9 horas.
ano % (C) 7 horas e 45 minutos.
(D) 7 horas e 30 minutos.
11442 100 (E) 5 horas e 30 minutos.
17136 x
Resolução:
11442.x = 17136 . 100 Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.
x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
149,8% – 100% = 49,8% M² ↑ varredores ↓ horas ↑
Aproximando o valor, teremos 50%
Resposta: E 6000 18 5
7500 15 x
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa
transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais)
toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras-
sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra- Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro-
balho? porcionais)
(A) 3 h 12 min
(B) 5 h
(C) 5 h 30 min
(D) 6 h
(E) 6 h 15 min

Resolução:
Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto
menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar
a carga:
Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-
ras e 30 minutos.
Resposta: D

cami- ho- (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons-


nhões ras tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
4 equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas
15
(15 – 3) x por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:
(A) 4500 m²
12.x = 4 . 15 (B) 5000 m²
x = 60 / 12 (C) 5200 m²
x=5h (D) 6000 m²
Resposta: B (E) 6200 m²

66
MATEMÁTICA

Resolução: Lucro e Prejuízo em porcentagem


É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
Operários a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
horas ↑ dias ↑ área ↑ temos PREJUÍZO (P).

20 8 60 4800 Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).
15 10 80 x

Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo:

Resposta: D

PORCENTAGEM Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
ao de compra?
“por cento”).
(A) 67%.
(B) 61%.
(C) 65%.
(D) 63%.
(E) 69%.
Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
Resolução:
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O
Preço de venda: V
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio-
Preço de compra: C
nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
V – 0,16V = 1,4C
Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em
0,84V = 1,4C
relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra-
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.
(E) 3/5.
Resposta: A
Resolução:
Aumento e Desconto em porcentagem
– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Resposta: B

67
MATEMÁTICA

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fato-
res de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual o
preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ 5.200,00

JUROS E DESCONTOS SIMPLES E COMPOSTOS.

Juros simples (ou capitalização simples)


Os juros são determinados tomando como base de cálculo o capital da operação, e o total do juro é devido ao credor (aquele que
empresta) no final da operação. Devemos ter em mente:
– Os juros são representados pela letra J*.
– O dinheiro que se deposita ou se empresta chamamos de capital e é representado pela letra C (capital) ou P(principal) ou VP ou PV
(valor presente) *.
– O tempo de depósito ou de empréstimo é representado pela letra t ou n.*
– A taxa de juros é a razão centesimal que incide sobre um capital durante certo tempo. É representado pela letra i e utilizada para
calcular juros.
*Varia de acordo com a bibliografia estudada.

ATENÇÃO: Devemos sempre relacionar a taxa e o tempo na mesma unidade para efetuarmos os cálculos.

68
MATEMÁTICA

Usamos a seguinte fórmula: Usamos a seguinte fórmula:

Em juros simples: O (1+i)t ou (1+i)n é chamado de fator de acumulação de capital.


– O capital cresce linearmente com o tempo;
– O capital cresce a uma progressão aritmética de razão: J=C.i ATENÇÃO: as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e
– A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma unidade. do período (t), tem de ser necessariamente iguais.
– Devemos expressar a taxa i na forma decimal.
– Montante (M) ou FV (valor futuro) é a soma do capital com
os juros, ou seja:
M=C+J
M = C.(1+i.t)

Exemplo:
(PRODAM/AM – Assistente – FUNCAB) Qual é o capital que,
investido no sistema de juros simples e à taxa mensal de 2,5 %, pro-
duzirá um montante de R$ 3.900,00 em oito meses?
(A) R$ 1.650,00
(B) R$ 2.225,00
(C) R$ 3.250,00
(D) R$ 3.460,00
(E) R$ 3.500,00

Resolução:
Montante = Capital + juros, ou seja: j = M – C , que fica: j = O crescimento do principal (capital) em:
3900 – C ( I ) – juros simples é LINEAR, CONSTANTE;
Agora, é só substituir ( I ) na fórmula do juros simples: – juros compostos é EXPONENCIAL, GEOMÉTRICO e, portanto
tem um crescimento muito mais “rápido”;

Observe no gráfico que:


– O montante após 1º tempo é igual tanto para o regime de
juros simples como para juros compostos;
– Antes do 1º tempo o montante seria maior no regime de
juros simples;
– Depois do 1º tempo o montante seria maior no regime de
juros compostos.
390000 – 100.C = 2,5 . 8 . C
– 100.C – 20.C = – 390000 . (– 1) Exemplo:
120.C = 390000 (PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA
C = 390000 / 120 – CAIPIMES) Um capital foi aplicado por um período de 3 anos, com
C = R$ 3250,00 taxa de juros compostos de 10% ao ano. É correto afirmar que essa
Resposta: C aplicação rendeu juros que corresponderam a, exatamente:
(A) 30% do capital aplicado.
Juros compostos (capitalização composta) (B) 31,20% do capital aplicado.
A taxa de juros incide sobre o capital de cada período. Também (C) 32% do capital aplicado.
conhecido como “juros sobre juros”. (D) 33,10% do capital aplicado.

69
MATEMÁTICA

Resolução:

Como, M = C + j , ou seja , j = M – C , temos:


j = 1,331.C – C = 0,331 . C
0,331 = 33,10 / 100 = 33,10%
Resposta: D

Juros Compostos utilizando Logaritmos


Algumas questões que envolvem juros compostos, precisam de conceitos de logaritmos, principalmente aquelas as quais precisamos
achar o tempo/prazo. Normalmente as questões informam os valores do logaritmo, então não é necessário decorar os valores da tabela.

Exemplo:
(FGV-SP) Uma aplicação financeira rende juros de 10% ao ano, compostos anualmente. Utilizando para cálculos a aproximação de ,
pode-se estimar que uma aplicação de R$ 1.000,00 seria resgatada no montante de R$ 1.000.000,00 após:
(A) Mais de um século.
(B) 1 século
(C) 4/5 de século
(D) 2/3 de século
(E) ¾ de século

Resolução:
A fórmula de juros compostos é M = C(1 + i)t e do enunciado temos que M = 1.000.000, C = 1.000, i = 10% = 0,1:
1.000.000 = 1.000(1 + 0,1)t

(agora para calcular t temos que usar logaritmo nos dois lados da equação para pode utilizar a propriedade
, o expoente m passa multiplicando)

t.0,04 = 3

Resposta: E

70
MATEMÁTICA

Fatoração de expressões algébricas


CÁLCULO ALGÉBRICO: OPERAÇÕES COM EXPRESSÕES Fatorar significa escrever uma expressão como produto de ter-
ALGÉBRICAS mos. Para fatorar uma expressão algébrica podemos usar os seguin-
tes casos:
Expressões algébricas são expressões matemáticas que apre- • Fator comum em evidência: ax + bx = x . (a + b)
sentam números, letras e operações. As expressões desse tipo são • Agrupamento: ax + bx + ay + by = x . (a + b) + y . (a + b) = (x +
usadas com frequência em fórmulas e equações. y) . (a + b)
As letras que aparecem em uma expressão algébrica são cha- • Trinômio Quadrado Perfeito (Adição): a2 + 2ab + b2 = (a + b)2
madas de variáveis e representam um valor desconhecido. • Trinômio Quadrado Perfeito (Diferença): a2 – 2ab + b2 = (a –
Os números escritos na frente das letras são chamados de coefi- b)2
cientes e deverão ser multiplicados pelos valores atribuídos as letras. • Diferença de dois quadrados: (a + b) . (a – b) = a2 – b2
• Cubo Perfeito (Soma): a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 = (a + b)3
Exemplo: • Cubo Perfeito (Diferença): a3 - 3a2b + 3ab2 - b3 = (a - b)3
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE DE
ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos testou Exemplo:
um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o número (PREF. MOGEIRO/PB - PROFESSOR – MATEMÁTICA – EXAMES)
de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era 2 / 7. Sa- Simplificando a expressão,
bendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebraram e que
lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser vendidas, então
a razão entre o número de lâmpadas que não podem ser vendidas
e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5. Obtemos:
(D) 1 / 2. (A) a + b.
(E) 2 / 3. (B) a² + b².
(C) ab.
Resolução: (D) a² + ab + b².
Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú- (E) b – a.
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I ) Resolução:

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


7.Q = 2. (360 – Q)
7.Q = 720 – 2.Q
7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270

Resposta: B
Resposta: D
Simplificação de expressões algébricas
Podemos escrever as expressões algébricas de forma mais Monômios
simples somando seus termos semelhantes (mesma parte literal). Quando uma expressão algébrica apresenta apenas multiplica-
Basta somar ou subtrair os coeficientes dos termos semelhantes e ções entre o coeficiente e as letras (parte literal), ela é chamada de
repetir a parte literal. Exemplos: monômio. Exemplos: 3ab ; 15xyz3
a) 3xy + 7xy4 - 6x3y + 2xy - 10xy4 = (3xy + 2xy) + (7xy4 - 10xy4)
- 6x3y = 5xy - 3xy4 - 6x3y
b) ab - 3cd + 2ab - ab + 3cd + 5ab = (ab + 2ab - ab + 5ab) + (- 3cd
+ 3cd) = 7ab

71
MATEMÁTICA

Propriedades importantes x2 – 5x + 4 = 0
– Toda equação algébrica de grau n possui exatamente n raízes. x = 1 ou x = 4
– Se b for raiz de P(x) = 0 , então P(x) é divisível por (x – b) . S = {1, 2, 4}
Esta propriedade é muito importante para abaixar o grau de uma Resposta: C
equação, o que se consegue dividindo P(x) por x - b, aplicando Brio-
t-Ruffini. Teorema das Raízes Racionais
– Se o número complexo (a + bi) for raiz de P(x) = 0 , então o É um recurso para a determinação de raízes de equações algé-
conjugado (a – bi) também será raiz . bricas. Segundo o teorema, se o número racional, com e primos en-
– Se a equação P(x) = 0 possuir k raízes iguais a m então dize- tre si (ou seja, é uma fração irredutível), é uma raiz da equação po-
mos que m é uma raiz de grau de multiplicidade k. linomial com coeficientes inteiros então é divisor de e é divisor de.
– Se a soma dos coeficientes de uma equação algébrica P(x) = 0 Exemplo:
for nula, então a unidade é raiz da Verifique se a equação x3 – x2 + x – 6 = 0 possui raízes racionais.
– Toda equação de termo independente nulo, admite um nú-
mero de raízes nulas igual ao menor expoente da variável. Resolução:
p deve ser divisor de 6, portanto: ±6, ±3, ±2, ±1; q deve ser
Relações de Girard divisor de 1, portanto: ±1; Portanto, os possíveis valores da fração
São as relações existentes entre os coeficientes e as raízes de são p/q: ±6, ±3, ±2 e ±1. Substituindo-se esses valores na equação,
uma equação algébrica. descobrimos que 2 é uma de suas raízes. Como esse polinômio é de
Sendo V= {r1, r2, r3,...,rn-1,rn} o conjunto verdade da equação P(x) grau 3 (x3 ) é necessário descobrir apenas uma raiz para determinar
= a0xn + a1xn-1 +a2xn-2+ ... + an-1x+an=0, com a0≠ 0, valem as seguintes as demais. Se fosse de grau 4 (x4 ) precisaríamos descobrir duas
relações entre os coeficientes e as raízes: raízes. As demais raízes podem facilmente ser encontradas utilizan-
do-se o dispositivo prático de Briot-Ruffini e a fórmula de Bhaskara.

IDENTIDADES ALGÉBRICAS NOTÁVEIS;

Teorema das Raízes Racionais


É um recurso para a determinação de raízes de equações algé-
bricas. Segundo o teorema, se o número racional, com e primos en-
tre si (ou seja, é uma fração irredutível), é uma raiz da equação po-
linomial com coeficientes inteiros então é divisor de e é divisor de.

Exemplo: Verifique se a equação x3 – x2 + x – 6 = 0 possui raízes


racionais.

Atenção Resolução:
As relações de Girard só são úteis na resolução de equações p deve ser divisor de 6, portanto: ±6, ±3, ±2, ±1; q deve ser
quando temos alguma informação sobre as raízes. Sozinhas, elas divisor de 1, portanto: ±1; Portanto, os possíveis valores da fração
não são suficientes para resolver as equações. são p/q: ±6, ±3, ±2 e ±1. Substituindo-se esses valores na equação,
descobrimos que 2 é uma de suas raízes. Como esse polinômio é de
Exemplo: grau 3 (x3 ) é necessário descobrir apenas uma raiz para determinar
(UFSCAR-SP) Sabendo-se que a soma de duas das raízes da as demais. Se fosse de grau 4 (x4 ) precisaríamos descobrir duas
equação x3 – 7x2 + 14x – 8 = 0 é igual a 5, pode-se afirmar a respeito raízes. As demais raízes podem facilmente ser encontradas utilizan-
das raízes que: do-se o dispositivo prático de Briot-Ruffini e a fórmula de Bhaskara.
(A) são todas iguais e não nulas.
(B) somente uma raiz é nula. Fatoração
(C) as raízes constituem uma progressão geométrica. Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma
(D) as raízes constituem uma progressão aritmética. de um produto de expressões mais simples.
(E) nenhuma raiz é real.
Casos de fatoração
Resolução: • Fator Comum:
x3 – 7x2 + 14x – 8 = 0 Ex.: ax + bx + cx = x (a + b + c)
Raízes: x1, x2 e x3
Informação: x1 + x2 = 5 O fator comum é x.
Girard: x1 + x2 + x3 = 7 ➱ 5 + x3 = 7 ➱ x3 = 2 Ex.: 12x³ - 6x²+ 3x = 3x (4x² - 2x + 1)
Como 2 é raiz, por Briot-Ruffini, temos
O fator comum é 3x
• Agrupamento:
Ex.: ax + ay + bx + by

72
MATEMÁTICA

Agrupar os termos de modo que em cada grupo haja um fator comum.


(ax + ay) + (bx + by)
Colocar em evidência o fator comum de cada grupo
a(x + y) + b(x + y)
Colocar o fator comum (x + y) em evidência (x + y) (a + b) Este produto é a forma fatorada da expressão dada
• Diferença de Dois Quadrados: a² − b² = (a + b) (a − b)
• Trinômio Quadrado Perfeito: a²± 2ab + b² = (a ± b)²
• Trinômio do 2º Grau:
Supondo x1 e x2 raízes reais do trinômio, temos: ax² + bx + c = a (x - x1) (x - x2), a≠0

Produtos Notáveis

1.    O quadrado da soma de dois termos.


Verifiquem a representação e utilização da propriedade da potenciação em seu desenvolvimento.
(a + b)2 = (a + b) . (a + b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.
Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos

2.    O quadrado da diferença de dois termos.


Seguindo o critério do item anterior, temos:
(a - b)2 = (a - b) . (a - b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.
Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos:

3. O produto da soma pela diferença de dois termos.


Se tivermos o produto da soma pela diferença de dois termos, poderemos transformá-lo numa diferença de quadrados.

73
MATEMÁTICA

Exemplos
• (4c + 3d).(4c – 3d) = (4c)2 – (3d)2 = 16c2 – 9d2
• (x/2 + y).(x/2 – y) = (x/2)2 – y2 = x2/4 – y2
• (m + n).(m – n) = m2 – n2

4. O cubo da soma de dois termos.

Consideremos o caso a seguir:


(a + b)3 = (a + b).(a + b)2 → potência de mesma base.
(a + b).(a2 + 2ab + b2) → (a + b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3
Exemplos:
• (2x + 2y)3 = (2x)3 + 3.(2x)2.(2y) + 3.(2x).(2y)2 + (2y)3 = 8x3 + 24x2y + 24xy2 + 8y3
• (w + 3z)3 = w3 + 3.(w2).(3z) + 3.w.(3z)2 + (3z)3 = w3 + 9w2z + 27wz2 + 27z3
• (m + n)3 = m3 + 3m2n + 3mn2 + n3

5. O cubo da diferença de dois termos


Acompanhem o caso seguinte:
(a – b)3 = (a - b).(a – b)2 → potência de mesma base.
(a – b).(a2 – 2ab + b2) → (a - b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3

Exemplos
• (2 – y)3 = 23 – 3.(22).y + 3.2.y2 – y3 = 8 – 12y + 6y2 – y3 ou y3– 6y2  + 12y – 8
• (2w – z)3 = (2w)3 – 3.(2w)2.z + 3.(2w).z2 – z3 = 8w3 – 12w2z + 6wz2 – z3
• (c – d)3 = c3 – 3c2d + 3cd2 – d3

POLINÔMIOS E OPERAÇÕES;

POLINÔMIOS
Polinômio é uma expressão algébrica com todos os termos semelhantes reduzidos.
Como os monômios, os polinômios também possuem grau e é assim que eles são separados. Para identificar o seu grau, basta obser-
var o grau do maior monômio, esse será o grau do polinômio.

Função polinomial
Chamamos de função polinomial ou polinômio a toda função P: R⇒R, definida por uma equação do tipo:

Princípio de identidade de polinômios


Dois polinômios são iguais quando seus coeficientes são iguais, ou seja, os polinômios

serão iguais se, e somente se:

74
MATEMÁTICA

Polinômio identicamente nulo


Dizemos que um polinômio é identicamente nulo, quando todos os seus coeficientes são iguais a zero, e indicamos por P(x) ≡ 0.

Operações com Polinômios


- Adição: somar dois ou mais polinômios é obter um polinômio onde os coeficientes são dados pela adição dos coeficientes dos ter-
mos semelhantes. Reduzindo os termos semelhantes numa só linha

- Subtração: a diferença de dois polinômios A(x) e B(x) é o polinômio obtido pela soma de A(x) com o oposto de B(x).

Exemplo: (UF/AL) Seja o polinômio do 3° grau p = ax³ + bx² + cx + d cujos coeficientes são todos positivos. O n° real k é solução da
equação p(x) = p(- x) se, e somente se, k é igual a:
(A) 0
(B) 0 ou 1
(C) - 1 ou 1
(D) ± √c/a
(E) 0 ou ± √-c/a

Resolução:
p(x) = p(- x)
ax³ + bx² + cx + d = - ax³ + bx² - cx + d
2ax³ + 2cx = 0
2(ax³ + cx) = 0
ax³+cx=0

Como k é solução da equação ax³ + cx = 0, teremos


p(k) = ak³ + ck = 0
ak³ + ck = 0
k(ak² + c) = 0
k = 0 ou
ak² + c = 0
k² = - c/a
k=±

Resposta: E.

- Multiplicação: obter o produto de dois polinômios A(x) e B(x) é aplicar a propriedade distributiva do polinômio A(x) em B(x).
Fique Atento!!!
As multiplicações serão efetuadas utilizando as seguintes propriedades:
- Propriedade da base igual e expoente diferente: an . am = a n + m
- Monômio multiplicado por monômio é o mesmo que multiplicar parte literal com parte literal e coeficiente com coeficiente.

Exemplos:

- Divisão: sejam dois polinômios A(x) e B(x), onde A(x) é o dividendo e B(x) é o divisor, com B(x) ≠ 0. Dizemos que existe um único par
de polinômios Q(x) e R(x) em que Q(x) é o quociente e R(x) é o resto, tal que:
A(x) = B(x). Q(x) + R(x) ⇒ gr (R) < gr (B) ou R(x) ≡ 0
E se R(x) ≡ 0, dizemos que a divisão é exata ou então que A(x) é divisível por B(x).

75
MATEMÁTICA

Esquematicamente, temos: Resolução:

Veja que:
O termo constante do divisor h(x) igual a –2, ele com sinal tro-
cado será 2;
Os coeficientes de x do dividendo p(x) são 3, -5 e 1;
Exemplo: (Guarda Civil SP) O resto da divisão do polinômio x³ O termo constante do dividendo p(x) = -2.
+ 3x² – 5x + 1 por x – 2 é:
Para resolvermos este problema, vamos seguir o passo a passo
(A)1 abaixo:
(B)2 1) Vamos achar a raiz do divisor: x – 2 = 0 ⇒ x = 2;
(C)10 2) Colocamos a raiz do divisor e os coeficientes do dividendo
(D)11 ordenadamente na parte de cima da reta, como mostra a figura aci-
(E) 12 ma;
3) O primeiro coeficiente do dividendo é repetido abaixo;
Resolução: 4) Multiplicamos a raiz do divisor por esse coeficiente repetido
abaixo e somamos o produto com o 2º coeficiente do dividendo,
colocando o resultado abaixo deste;
5) Multiplicamos a raiz do divisor pelo número colocado abaixo
do 2º coeficiente e somamos o produto com o 3º coeficiente, colo-
cando o resultado abaixo deste, e assim sucessivamente;
6) Separamos o último número formado, que é igual ao resto
da divisão, e os números que ficam à esquerda deste serão os coe-
ficientes do quociente.

Resposta: D.

Dispositivo de Briot-Ruffini  
Utiliza-se para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um
binômio da forma (ax + b).

Observe que o grau de Q(x) é uma unidade inferior ao de P(x),


pois o divisor é de grau 1.
Resposta: Q(x) = 3x2 + x + 3 e R(x) = 4.

Máximo divisor comum de um polinômio


Um máximo divisor comum de um grupo de dois ou mais poli-
nômios não nulos, de coeficientes racionais, P1(x), P2(x), ... , Pm(x)
é um polinômio de maior grau M(x) que divide todos os polinômios
Exemplo: Determinar o quociente e o resto da divisão do poli- P1(x), P2(x), ... , Pm(x) .
nômio P(x) = 3x3 – 5x2 + x – 2 por (x – 2).
M(x) também deve só conter coeficientes racionais.

Um polinômio D(x) divide um polinômio A(x) - não nulo - se


existe um polinômio Q(x) tal que
A(x) ≡ Q(x)D(x)

76
MATEMÁTICA

Cardica
O MDC entre polinômios não é único, mas se P é um mdc entre os polinômios considerados, todo mdc entre eles pode ser escrito
como a·P (a é uma constante não nula).
Não se esqueça que para ser mdc é OBRIGATÓRIO que ele seja o produto de TODOS os divisores dos polinômios dados (desconside-
rando as constantes multiplicativas). O grau do mdc é único.

EQUAÇÕES POLINOMIAIS
Denominamos equações polinomiais, ou algébricas, às equações da forma: P(x) = 0, onde P(x) é um polinômio de grau n > 0.
Resolver uma equação algébrica é obter o seu conjunto-verdade, que é o conjunto de todas as suas raízes, isto é, os valores de x que
tornam verdadeira a igualdade:

Teorema fundamental da álgebra


Toda equação algébrica P(x) = 0, de grau n > 0, admite pelo menos uma raiz real ou complexa.

Teorema da decomposição
Todo polinômio P(x) = anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ... + a2x2 + ax + a0 de grau n > 0, pode ser decomposto em um produto de n fatores do
tipo (x - α), onde α é raiz de P(x):

Logo:
Todo polinômio de grau n tem exatamente n raízes reais e complexas.

Multiplicidade de uma raiz


Uma equação algébrica pode apresentar todas as suas raízes distintas ou não. Quando uma raiz ocorre mais de uma vez na forma fa-
torada de P(x), denominamos esta raiz de raiz múltipla de P(x). Assim, se uma equação algébrica tiver duas raízes iguais, diremos que essa
raiz terá multiplicidade 2 (raiz dupla), se houver três raízes iguais, a multiplicidade será 3 (raiz tripla), e assim por diante. Caso contrário, a
raiz será denominada simples.

Teorema das raízes complexas


Se uma equação P(x) = 0, de coeficientes reais, apresentar uma raiz complexa (a + bi), então o complexo deste número também será
raiz de P(x), ambos com a mesma multiplicidade. Em um polinômio P(x) com coeficientes reais e grau ímpar há, no mínimo, uma raiz real.

Exemplo: Uma equação algébrica com coeficientes reais admite como raízes os números complexos 2 + i, 1 – i e 0. Podemos afirmar
que o grau dessa equação é, necessariamente:
(A) par.
(B) ímpar.
(C) igual a três.
(D) menor ou igual a seis.
(E) maior ou igual a cinco.

Resolução:
Como a equação tem coeficientes reais, além das raízes 2 + i, 1 – i e zero, ela admite também 2 – i e 1 + i como raízes. Logo, o menor
grau possível para essa equação é 5.
Resposta: E.

Relações de Girard
São as relações estabelecidas entre as raízes e os coeficientes de uma equação algébrica, P(x) = 0. Se a equação for do 2º grau, ax2 +
bx + c = 0, com raízes x1 e x2, então:

77
MATEMÁTICA

Se a equação for do 3º grau, ax3 + bx2 + cx + d = 0, com raízes x1,x2 e x3, teremos as seguintes relações:

Exemplo: (Fuvest-SP) Sabe-se que o produto de duas raízes da equação algébrica 2x3 – x2 + kx + 4 = 0 é igual a 1. Então, o valor de k é:
(A) – 8
(B) – 4
(C) 0
(D) 4
(E) 8

Resolução:

Resposta: A.

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES; EQUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS; DESIGUALDADES DE 1º GRAU

Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).

Equação do 1º grau
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser representadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes reais,
com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descritas a seguir.
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
a igualdade se mantém.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equação por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.

• Membros de uma equação


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita da
igualdade, de 2º membro da equação.

• Resolução de uma equação


Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam variável, e no segundo membro os termos que não apresentam variável.
Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados.
5x – 8 = 12 + x
5x – x = 12 + 8
4x = 20
X = 20/4
X=5

78
MATEMÁTICA

Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos o seguinte:


5x – 8 = 12 + x
5.5 – 8 = 12 + 5
25 – 8 = 17
17 = 17 ( V)

Quando se passa de um membro para o outro se usa a operação inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e o que está
dividindo passa multiplicando. O que está adicionando passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando.

Exemplo:
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um grupo formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas famí-
lias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar. Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou R$ 57,00
a mais.
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
(B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00
(D) R$ 1.480,00
(E) R$ 1.520,00

Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570
6.x = 570
x = 570 / 6
x = 95
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E

Equação do 2º grau
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser representadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são constantes
reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7, c = 11).

2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se diz incompleta.


Exs.:
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0).
x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0).
2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).

• Resolução da equação
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta)
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência
x . (x – 16) = 0,
x=0
x – 16 = 0
x = 16
Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

79
MATEMÁTICA

2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)


x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferença de dois quadrados.
(x + 7) . (x – 7) = 0,
x+7=0 x–7=0
x=–7 x=7

ou
x2 – 49 = 0
x2 = 49
x2 = 49
x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
Logo, S = {–7, 7}.

3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)


Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.

Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilidades quanto á natureza da equação dada.

Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.

• Relações entre raízes e coeficientes

Exemplo:
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
(A) x²-3x+4=0
(B) -3x²-5x+1=0
(C) 3x²+5x+2=0
(D) 2x²-5x+3=0

80
MATEMÁTICA

Resolução: Pegando o exemplo anterior temos:


Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação: -2x + 7 > 0
x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas -2x + 7 = 0
raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes x = 7/2
multiplicadas resultam no valor de c.

Exemplo:
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de
que satisfazem a seguinte inequação:

Resposta: D

Inequação do 1º grau
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão (A) x > 2
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas: (B) x - 5
ax + b > 0 (C) x > - 5
ax + b < 0 (D) x < 2
ax + b ≥ 0 (E) x 2
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0 Resolução:

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto-
do é bem parecido com o das equações. Ex.:
Resolva a inequação -2x + 7 > 0.
Solução:
-2x > -7
Multiplicando por (-1)
2x < 7
x < 7/2
Portanto a solução da inequação é x < 7/2.
Resposta: B
Atenção:
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por Inequação do 2º grau
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen- Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
tido invertido. presentada da seguinte forma:
ax2 + bx + c > 0
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do ax2 + bx + c < 0
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- ax2 + bx + c ≥ 0
dimento: ax2 + bx + c ≤ 0
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero; Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
2. Localiza-se a raiz no eixo x;
3. Estuda-se o sinal conforme o caso. Resolução da inequação
Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
> , ≥ , < , ≤.
Ex.: x2 -3x + 2 > 0

81
MATEMÁTICA

Resolução:
x2 -3x + 2 > 0 SISTEMAS DE EQUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS.
x ‘ =1, x ‘’ = 2
Como desejamos os valores para os quais a função é maior que Sistema do 1º grau
zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores Um sistema de equação de 1º grau com duas incógnitas é for-
de x isso ocorre. mado por: duas equações de 1º grau com duas incógnitas diferen-
tes em cada equação. Veja um exemplo:

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2} • Resolução de sistemas
Existem dois métodos de resolução dos sistemas. Vejamos:
Exemplo:
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no • Método da substituição
universo dos números reais é: Consiste em escolher uma das duas equações, isolar uma das
(A) ∅ incógnitas e substituir na outra equação, veja como:
(B) R

(C) Dado o sis- , enumeramos as equa-


tema ções.

(D)

(E)

Resolução:
Resolvendo por Bháskara: Escolhemos a equação 1 (pelo valor da incógnita de x ser 1) e
isolamos x. Teremos: x = 20 – y e substituímos na equação 2.
3 (20 – y) + 4y = 72, com isso teremos apenas 1 incógnita. Re-
solvendo:
60 – 3y + 4y = 72 → -3y + 4y = 72 -60 → y = 12
Para descobrir o valor de x basta substituir 12 na equação x =
20 – y. Logo:
x = 20 – y → x = 20 – 12 →x = 8
Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)

• Método da adição
Esse método consiste em adicionar as duas equações de tal
Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima: forma que a soma de uma das incógnitas seja zero. Para que isso
aconteça será preciso que multipliquemos algumas vezes as duas
equações ou apenas uma equação por números inteiros para que a
soma de uma das incógnitas seja zero.

Dado o sis-
tema :

Resposta: C

82
MATEMÁTICA

Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma das in- Substituindo a II e a III equação na I:
cógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira equação por
– 3.

Substituindo na equação II
x = 320 + 50 = 370
Teremos: z=320+30=350
A equipe que mais arrecadou foi a amarela com 370kg

Resposta: E

(SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILIDADE – FCC) Em


um campeonato de futebol, as equipes recebem, em cada jogo, três
pontos por vitória, um ponto em caso de empate e nenhum ponto
Adicionando as duas equações: se forem derrotadas. Após disputar 30 partidas, uma das equipes
desse campeonato havia perdido apenas dois jogos e acumulado 58
pontos. O número de vitórias que essa equipe conquistou, nessas
30 partidas, é igual a
(A) 12
(B) 14
(C) 16
Para descobrirmos o valor de x basta escolher uma das duas (D) 13
equações e substituir o valor de y encontrado: (E) 15
x + y = 20 → x + 12 = 20 → x = 20 – 12 → x = 8
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12). Resolução:
Vitórias: x
Exemplos: Empate: y
(SABESP – APRENDIZ – FCC) Em uma gincana entre as três equi- Derrotas: 2
pes de uma escola (amarela, vermelha e branca), foram arrecada- Pelo método da adição temos:
dos 1 040 quilogramas de alimentos. A equipe amarela arrecadou
50 quilogramas a mais que a equipe vermelha e esta arrecadou 30
quilogramas a menos que a equipe branca. A quantidade de alimen-
tos arrecadada pela equipe vencedora foi, em quilogramas, igual a
(A) 310
(B) 320
(C) 330
(D) 350
(E) 370

Resolução: Resposta: E
Amarela: x
Vermelha: y Sistema do 2º grau
Branca: z Utilizamos o mesmo princípio da resolução dos sistemas de
x = y + 50 1º grau, por adição, substituições, etc. A diferença é que teremos
y = z - 30 como solução um sistema de pares ordenados.
z = y + 30
Sequência prática
- Estabelecer o sistema de equações que traduzam o problema
para a linguagem matemática;
- Resolver o sistema de equações;
- Interpretar as raízes encontradas, verificando se são compatí-
veis com os dados do problema.

83
MATEMÁTICA

Exemplos:
(CPTM - MÉDICO DO TRABALHO – MAKIYAMA) Sabe-se que o ESTATÍSTICA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ESTATÍS-
produto da idade de Miguel pela idade de Lucas é 500. Miguel é TICA DESCRITIVA (POPULAÇÃO, AMOSTRA E AMOS-
5 anos mais velho que Lucas. Qual a soma das idades de Miguel e TRAGEM). ORGANIZAÇÃO DE DADOS (TABELAS E GRÁ-
Lucas? FICOS). MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL (MÉDIA,
(A) 40. MODA E MEDIANA)
(B) 55.
(C) 65. Tabelas
(D) 50. A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações,
(E) 45. das quais o dado numérico se destaca como informação central.
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples
Resolução: e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num
Sendo Miguel M e Lucas L: mínimo de espaço.
M.L = 500 (I)
M = L + 5 (II) Elementos da tabela
substituindo II em I, temos: Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e
(L + 5).L = 500 elementos complementares. Os elementos essenciais são:
L2 + 5L – 500 = 0, a = 1, b = 5 e c = - 500 − Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig-
∆ = b² - 4.a.c nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado.
∆ = 5² - 4.1.(-500) − Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos
∆ = 25 + 2000 os dados.
∆ = 2025 − Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú-
x = (-b ± √∆)/2a do das colunas.
x’ = (-5 + 45) / 2.1 → x’ = 40/2 → x’ = 20 − Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo
x’’ = (-5 - 45) / 2.1 → x’’ = -50/2 → x’’ = -25 (não serve) das linhas.

Então L = 20 Os elementos complementares são:


M.20 = 500 − Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
m = 500 : 20 = 25 − Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
M + L = 25 + 20 = 45 cer o conteúdo das tabelas.
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
Resposta: E ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
(TJ- FAURGS) Se a soma de dois números é igual a 10 e o seu esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
produto é igual a 20, a soma de seus quadrados é igual a: complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
(A) 30 ordem em que foram descritos.
(B) 40
(C) 50
(D) 60
(E) 80

Resolução:

Eu quero saber a soma de seus quadrados x2 + y2


Vamos elevar o x + y ao quadrado:
(x + y)2 = (10)2
x2 + 2xy + y2 = 100 , como x . y=20 substituímos o valor :
x2 + 2.20 + y2 = 100
x2 + 40 + y2 = 100 Gráficos
x2 + y2 = 100 – 40 Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
x2 + y2 = 60 ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
Resposta: D -se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais

84
MATEMÁTICA

indicado para situações que visem proporcionar uma impressão • Cartogramas: são representações em cartas geográficas (mapas).
mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
do fenômeno em estudo.
Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
exclui a outra.
Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
ser observadas:
Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
eixos.
− Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
4 cm.
− O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
do texto. • Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente
− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra- ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi-
do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti-
interpretação. lizados em situações que exijam maior precisão.

Tipos de Gráficos
• Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-
sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.

• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de


fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores.
a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são comparadas
através de retângulos de mesma largura, dispostos verticalmente e com al-
turas proporcionais às grandezas. A distância entre os retângulos deve ser,
no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da largura da base dos mesmos.

85
MATEMÁTICA

b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico Exemplo:


de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos (PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es-
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo- tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar
rem maiores que a base dos mesmos. dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).

Observe os gráficos e analise as informações.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis-


postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li-
gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas
e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo,
como instrumento de comparação.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que


se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total.
A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°,
subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa- A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afir-
ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com mar que:
o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor- (A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza
respondentes a cada divisão. e Florianópolis.
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi
maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianó-
polis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.

Resolução:
A única alternativa que contém a informação correta com os
gráficos é a C.
Resposta: C

86
MATEMÁTICA

Média Aritmética Exemplo:


Ela se divide em: (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
número de elementos n. so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
Para o cálculo: na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri- Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: e 9,0 na terceira?
(A) 7,0
(B) 8,0
(C) 7,8
(D) 8,4
(E) 7,2

Exemplo: Resolução:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS- Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos:
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das
idades deles e a idade de João valia
(A) 1,5. Resposta: B
(B) 2,0.
(C) 2,5. Média geométrica
(D) 3,0. É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
(E) 3,5. duto de n elementos de um conjunto de dados.

Resolução:
Foi dado que: J = 2.M

(I)
• Aplicações
Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter-
Foi pedido: pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de
um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a
definição de média geométrica.
Na equação ( I ), temos que:
Exemplo:
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por:
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013

Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi-
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser
calculada:

Resposta: E
• Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
Para o cálculo

ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou


ponderada), deve ser entendida como média aritmética.

87
MATEMÁTICA

Exemplo: Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mes-


Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir- mo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os substituir na expressão acima AD = AB:
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:

Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.


Resposta: B

SEQUÊNCIAS: PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉ-


(A) a média aritmética entre AB e CD. TRICAS
(B) a média geométrica entre AB e CD.
(C) a média harmônica entre AB e CD. Progressão aritmética (P.A.)
(D) o inverso da média aritmética entre AB e CD. É toda sequência numérica em que cada um de seus termos,
(E) o inverso da média harmônica entre AB e CD. a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma constante
r, denominada razão da progressão aritmética. Como em qualquer
Resolução: sequência os termos são chamados de a1, a2, a3, a4,.......,an,....
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a
AB, esta será perpendicular a CD também.
Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e
outra perpendicular a AB passando por D:

• Cálculo da razão
A razão de uma P.A. é dada pela diferença de um termo qual-
quer pelo termo imediatamente anterior a ele.
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Exemplos:
Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo cen- - (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 4
tro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é - (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a1 = 2 e razão r = 7
ponto médio de CD. - (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a1 = 23 e razão r = - 2.
Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o compri-
mento AF vale AB-CD/2. • Classificação
Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF: Uma P.A. é classificada de acordo com a razão.

Se r > 0 ⇒ Se r < 0 ⇒ Se r = 0 ⇒
CRESCENTE. DECRESCENTE. CONSTANTE.
(1)
• Fórmula do Termo Geral
Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão,
Aplicamos agora no triângulo ECB:
então temos:
1° termo: a1
(2)
2° termo: a2 = a1 + r
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r
Agora diminuímos a equação (1) da equação (2):
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .

88
MATEMÁTICA

n° termo é:

Exemplo:
(PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO) Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
(A) 339
(B) 337
(C) 333
(D) 331

Resolução:

Resposta: A

Propriedades
1) Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos.
2) Numa P.A. com número ímpar de termos, o termo médio é igual à média aritmética entre os extremos.

Exemplo:

3) A sequência (a, b, c) é P.A. se, e somente se, o termo médio é igual à média aritmética entre a e c, isto é:

89
MATEMÁTICA

Soma dos n primeiros termos

Progressão geométrica (P.G.)


É uma sequência onde cada termo é obtido multiplicando o anterior por uma constante. Essa constante é chamada de razão da P.G.
e simbolizada pela letra q.

Cálculo da razão
A razão da P.G. é obtida dividindo um termo por seu antecessor. Assim: (a1, a2, a3, ..., an - 1, an, ...) é P.G. ⇔ an = (an - 1) q, n ≥ 2

Exemplos:

Classificação
Uma P.G. é classificada de acordo com o primeiro termo e a razão.

CRESCENTE DECRESCENTE ALTERNANTE CONSTANTE SINGULAR


a1 > 0 e q > 1 a1 > 0 e 0 < q < 1 Cada termo apresenta sinal contrário q = 1. a1 = 0
ou quando ou quando ao do anterior. Isto ocorre quando. (também é chamada de Esta- ou
a1 < 0 e 0 < q < 1. a1 < 0 e q > 1. q<0 cionária) q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
. . . . .
. . . . .
. . . . .

90
MATEMÁTICA

n° termo é:

Exemplo:
(TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO - INFORMÁTICA – FCC) Um tabuleiro de xadrez possui 64 casas. Se fosse possível colocar 1 grão de
arroz na primeira casa, 4 grãos na segunda, 16 grãos na terceira, 64 grãos na quarta, 256 na quinta, e assim sucessivamente, o total de
grãos de arroz que deveria ser colocado na 64ª casa desse tabuleiro seria igual a
(A) 264.
(B) 2126.
(C) 266.
(D) 2128.
(E) 2256.

Resolução:
Pelos valores apresentados, é uma PG de razão 4
a64 = ?
a1 = 1
q=4
n = 64

Resposta: B

Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

91
MATEMÁTICA

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

Produto dos n termos

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo.

Soma dos infinitos termos


A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q < 1, é dada por:

Exemplo:
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é
(A) 3,1
(B) 3,9
(C) 3,99
(D) 3, 999
(E) 4

Resolução:
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim:
S = 3 + S1
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG infinita para obter S1:
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
Resposta: E

GEOMETRIA PLANA: ÁREAS E PERÍMETROS (TRIÂNGULOS, QUADRILÁTEROS E CIRCUNFERÊNCIAS). RELAÇÕES MÉ-


TRICAS E TRIGONOMÉTRICAS EM TRIÂNGULOS RETÂNGULOS.

Geometria plana
Aqui nos deteremos a conceitos mais cobrados como perímetro e área das principais figuras planas. O que caracteriza a geometria
plana é o estudo em duas dimensões.

92
MATEMÁTICA

Perímetro
É a soma dos lados de uma figura plana e pode ser representado por P ou 2p, inclusive existem umas fórmulas de geometria que
aparece p que é o semiperímetro (metade do perímetro). Basta observamos a imagem:

Observe que a planta baixa tem a forma de um retângulo.

Exemplo:
(CPTM - Médico do trabalho – MAKIYAMA) Um terreno retangular de perímetro 200m está à venda em uma imobiliária. Sabe-se que
sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento. Se o metro quadrado cobrado nesta região é de R$ 50,00, qual será o valor pago
por este terreno?
(A) R$ 10.000,00.
(B) R$ 100.000,00.
(C) R$ 125.000,00.
(D) R$ 115.200,00.
(E) R$ 100.500,00.

Resolução:
O perímetro do retângulo é dado por = 2(b+h);
Pelo enunciado temos que: sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento, logo 2 (x + (x-28)) = 2 (2x -28) = 4x – 56. Como ele
já dá o perímetro que é 200, então
200 = 4x -56  4x = 200+56  4x = 256  x = 64
Comprimento = 64, largura = 64 – 28 = 36
Área do retângulo = b.h = 64.36 = 2304 m2
Logo o valor da área é: 2304.50 = 115200
Resposta: D

• Área
É a medida de uma superfície. Usualmente a unidade básica de área é o m2 (metro quadrado). Que equivale à área de um quadrado
de 1 m de lado.

93
MATEMÁTICA

Quando calculamos que a área de uma determinada figura é, por exemplo, 12 m2; isso quer dizer que na superfície desta figura cabem
12 quadrados iguais ao que está acima.

Planta baixa de uma casa com a área total

Para efetuar o cálculo de áreas é necessário sabermos qual a figura plana e sua respectiva fórmula. Vejamos:

(Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/57/97/5797a651dfb37-areas-de-figuras-planas.jpg)

Geometria espacial
Aqui trataremos tanto das figuras tridimensionais e dos sólidos geométricos. O importante é termos em mente todas as figuras planas,
pois a construção espacial se dá através da junção dessas figuras. Vejamos:

94
MATEMÁTICA

Diedros Poliedros Regulares


Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) π e π’, o Um poliedro e dito regular quando:
espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro é - suas faces são polígonos regulares congruentes;
feita em graus, dependendo do ângulo formado entre os planos. - seus ângulos poliédricos são congruentes;

Poliedros Por essas condições e observações podemos afirmar que todos


São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais for- os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.
madas por três elementos básicos: faces, arestas e vértices. Cha-
mamos de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos Exemplo:
planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois so- (PUC/RS) Um poliedro convexo tem cinco faces triangulares e
mente uma aresta em comum. Veja alguns exemplos: três pentagonais. O número de arestas e o número de vértices des-
te poliedro são, respectivamente:
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24
(C) 30 e 8
(D) 15 e 25
(E) 15 e 9

Resolução:
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais, logo,
tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem 3 lados e
o pentágono 5 lados. Temos:
Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos
polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a ne-
nhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. Ele não
possuí “reentrâncias”. E caso contrário é dito não convexo.

Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A o Resposta: E
número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes rela-
ções de Euler: Não Poliedros
Poliedro Fechado: V – A + F = 2
Poliedro Aberto: V – A + F = 1

Para calcular o número de arestas de um poliedro temos que


multiplicar o número de faces F pelo número de lados de cada face
n e dividir por dois. Quando temos mais de um tipo de face, basta
somar os resultados.
A = n.F/2

Poliedros de Platão
Eles satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas; Os sólidos acima são. São considerados não planos pois pos-
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de ares- suem suas superfícies curvas.
tas; Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais definidas por
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2). curvas fechadas em superfície lateral curva.
Cone: tem uma só base definida por uma linha curva fechada e
uma superfície lateral curva.
Esfera: é formada por uma única superfície curva.

95
MATEMÁTICA

Planificações de alguns Sólidos Geométricos Área e Volume dos sólidos geométricos


PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases iguais
e paralelas.

Exemplo:
(PREF. JUCÁS/CE – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – INSTITUTO
NEO EXITUS) O número de faces de um prisma, em que a base é um
polígono de n lados é:
(A) n + 1.
(B) n + 2.
(C) n.
(D) n – 1.
(E) 2n + 1.

Resolução:
Se a base tem n lados, significa que de cada lado sairá uma face.
Assim, teremos n faces, mais a base inferior, e mais a base superior.
Portanto, n + 2
Resposta: B

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-WWDbQ-Gh5zU/Wb7iCjR42BI/AAA- PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base e um


AAAAAIR0/kfRXIcIYLu4Iqf7ueIYKl39DU-9Zw24lgCLcBGAs/s1600/revis%- vértice superior.
25C3%25A3o%2Bfiguras%2Bgeom%25C3%25A9tricas-page-001.jpg

Sólidos geométricos
O cálculo do volume de figuras geométricas, podemos pedir
que visualizem a seguinte figura:

a) A figura representa a planificação de um prisma reto;


b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da
base pela altura do sólido, isto é:
V = Ab. a
Onde a é igual a h (altura do sólido)
c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;
d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma
forma que o volume de um prisma reto.

96
MATEMÁTICA

Exemplo: CONE: é um sólido geométrico que tem uma base circular e


Uma pirâmide triangular regular tem aresta da base igual a 8 vértice superior.
cm e altura 15 cm. O volume dessa pirâmide, em cm3, é igual a:
(A) 60
(B) 60
(C) 80
(D) 80
(E) 90

Resolução:
Do enunciado a base é um triângulo equilátero. E a fórmula
da área do triângulo equilátero é . A aresta da base é a = 8 cm e h
= 15 cm.
Cálculo da área da base:

Cálculo do volume:

Exemplo:
Um cone equilátero tem raio igual a 8 cm. A altura desse cone,
em cm, é:

(A)

(B)

(C)

(D)
Resposta: D
CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases iguais, (E) 8
paralelas e circulares.
Resolução:
Em um cone equilátero temos que g = 2r. Do enunciado o raio
é 8 cm, então a geratriz é g = 2.8 = 16 cm.
g2 = h2 + r2
162 = h2 + 82
256 = h2 + 64
256 – 64 = h2
h2 = 192

Resposta: D

97
MATEMÁTICA

ESFERA: superfície curva, possui formato de uma bola.

TRONCOS: são cortes feitos nas superfícies de alguns dos sólidos geométricos. São eles:

Exemplo:
(ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LOGÍSTICA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO) O volume de um
tronco de pirâmide de 4 dm de altura e cujas áreas das bases são iguais a 36 dm² e 144 dm² vale:
(A) 330 cm³
(B) 720 dm³
(C) 330 m³
(D) 360 dm³
(E) 336 dm³

Resolução:

AB=144 dm²
Ab=36 dm²

Resposta: E

98
MATEMÁTICA

Geometria analítica Ponto médio de um segmento


Um dos objetivos da Geometria Analítica é determinar a reta
que representa uma certa equação ou obter a equação de uma reta
dada, estabelecendo uma relação entre a geometria e a álgebra.

Sistema cartesiano ortogonal (PONTO)


Para representar graficamente um par ordenado de números
reais, fixamos um referencial cartesiano ortogonal no plano. A reta x
é o eixo das abscissas e a reta y é o eixo das ordenadas. Como se pode
verificar na imagem é o Sistema cartesiano e suas propriedades.

Baricentro
O baricentro (G) de um triângulo é o ponto de intersecção das
medianas do triângulo. O baricentro divide as medianas na razão
Para determinarmos as coordenadas de um ponto P, traçamos de 2:1.
linhas perpendiculares aos eixos x e y.
• xp é a abscissa do ponto P;
• yp é a ordenada do ponto P;
• xp e yp constituem as coordenadas do ponto P.

Mediante a esse conhecimento podemos destacar as formulas Condição de alinhamento de três pontos
que serão uteis ao cálculo. Consideremos três pontos de uma mesma reta (colineares),
A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3).
Distância entre dois pontos de um plano
Por meio das coordenadas de dois pontos A e B, podemos lo-
calizar esses pontos em um sistema cartesiano ortogonal e, com
isso, determinar a distância d(A, B) entre eles. O triângulo formado
é retângulo, então aplicamos o Teorema de Pitágoras.

99
MATEMÁTICA

Estes pontos estarão alinhados se, e somente se: Reta

Equação da reta
A equação da reta é determinada pela relação entre as abscis-
sas e as ordenadas. Todos os pontos desta reta obedecem a uma
mesma lei. Temos duas maneiras de determinar esta equação:

1) Um ponto e o coeficiente angular


Exemplo:
Por outro lado, se D ≠ 0, então os pontos A, B e C serão vértices Consideremos um ponto P(1, 3) e o coeficiente angular m = 2.
de um triângulo cuja área é: Dados P(x1, y1) e Q(x, y), com P ∈ r, Q ∈ r e m a declividade da
reta r, a equação da reta r será:

onde o valor do determinante é sempre dado em módulo, pois


a área não pode ser um número negativo.

Inclinação de uma reta e Coeficiente angular de uma reta (ou


declividade)
À medida do ângulo α, onde α é o menor ângulo que uma reta
forma com o eixo x, tomado no sentido anti-horário, chamamos de
inclinação da reta r do plano cartesiano.

2) Dois pontos: A(x1, y1) e B(x2, y2)


Consideremos os pontos A(1, 4) e B(2, 1). Com essas informa-
ções, podemos determinar o coeficiente angular da reta:

Já a declividade é dada por: m = tgα

Cálculo do coeficiente angular


Se a inclinação α nos for desconhecida, podemos calcular o
coeficiente angular m por meio das coordenadas de dois pontos da Com o coeficiente angular, podemos utilizar qualquer um dos
reta, como podemos verificar na imagem. dois pontos para determinamos a equação da reta. Temos A(1, 4),
m = -3 e Q(x, y)
y - y1 = m.(x - x1) ⇒ y - 4 = -3. (x - 1) ⇒ y - 4 = -3x + 3 ⇒ 3x +
y - 4 - 3 = 0 ⇒ 3x + y - 7 = 0

100
MATEMÁTICA

Equação reduzida da reta Posições relativas de duas retas


A equação reduzida é obtida quando isolamos y na equação da Em relação a sua posição elas podem ser:
reta y - b = mx A) Retas concorrentes: Se r1 e r2 são concorrentes, então seus
ângulos formados com o eixo x são diferentes e, como consequên-
cia, seus coeficientes angulares são diferentes.

– Equação segmentária da reta


É a equação da reta determinada pelos pontos da reta que in-
terceptam os eixos x e y nos pontos A (a, 0) e B (0,b).

B) Retas paralelas: Se r1 e r2 são paralelas, seus ângulos com o


eixo x são iguais e, em consequência, seus coeficientes angulares
são iguais (m1 = m2). Entretanto, para que sejam paralelas, é neces-
sário que seus coeficientes lineares n1 e n2 sejam diferentes

Equação geral da reta


Toda equação de uma reta pode ser escrita na forma:
ax + by + c = 0

onde a, b e c são números reais constantes com a e b não si-


multaneamente nulos.

101
MATEMÁTICA

C) Retas coincidentes: Se r1 e r2 são coincidentes, as retas cor- Distância entre um ponto e uma reta
tam o eixo y no mesmo ponto; portanto, além de terem seus coe- A distância de um ponto a uma reta é a medida do segmento
ficientes angulares iguais, seus coeficientes lineares também serão perpendicular que liga o ponto à reta. Utilizamos a fórmula a seguir
iguais. para obtermos esta distância.

onde d(P, r) é a distância entre o ponto P(xP, yP) e a reta r .

Exemplo:
(UEPA) O comandante de um barco resolveu acompanhar a
procissão fluvial do Círio-2002, fazendo o percurso em linha reta.
Para tanto, fez uso do sistema de eixos cartesianos para melhor
orientação. O barco seguiu a direção que forma 45° com o sentido
positivo do eixo x, passando pelo ponto de coordenadas (3, 5). Este
Intersecção de retas trajeto ficou bem definido através da equação:
Duas retas concorrentes, apresentam um ponto de intersecção (A) y = 2x – 1
P(a, b), em que as coordenadas (a, b) devem satisfazer as equações (B) y = - 3x + 14
de ambas as retas. Para determinarmos as coordenadas de P, basta (C) y = x + 2
resolvermos o sistema constituído pelas equações dessas retas. (D) y = - x + 8
(E) y = 3x – 4
Condição de perpendicularismo
Se duas retas, r1 e r2, são perpendiculares entre si, a seguinte Resolução:
relação deverá ser verdadeira. xo = 3, yo = 5 e = 1. As alternativas estão na forma de equação
reduzida, então:
y – yo = m(x – xo)
y – 5 = 1.(x – 3)
y–5=x–3
y=x–3+5
y=x+2
Resposta: C
onde m1 e m2 são os coeficientes angulares das retas r1 e r2,
respectivamente. Circunferência
É o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto
fixo O, denominado centro da circunferência.
A medida da distância de qualquer ponto da circunferência ao
centro O é sempre constante e é denominada raio.

102
MATEMÁTICA

Equação reduzida da circunferência Elipse


Dados um ponto P(x, y) qualquer, pertencente a uma circunfe- É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias
rência de centro O(a,b) e raio r, sabemos que: d(O,P) = r. a dois pontos fixos do plano é constante. Onde F1 e F2 são focos:

Equação Geral da circunferência


A equação geral de uma circunferência é obtida através do de- Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para
senvolvimento da equação reduzida. o eixo y, a relação de Pitágoras (a2 =b2 + c2) continua sendo válida.

Exemplo:
(VUNESP) A equação da circunferência, com centro no ponto
C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
(A) x2 + (y – 3)2 = 0
(B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4
(C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8 Equações da elipse
(D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16 a) Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.
(E) x2 + (y – 3)2 = 8

Resolução:
Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado no
enunciado.
(x – a)2 + (y – b)2 = r2
(x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo ponto P,
basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio.
(0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2
(- 2)2 + 22 = r2
4 + 4 = r2 b) Centrada na origem e com o eixo maior na vertical.
r2 = 8
(x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
Resposta: C

103
MATEMÁTICA

TEOREMA DE PITÁGORAS
Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de hipo-
ANOTAÇÕES
tenusa e os outros dois lados são os catetos. Deste triângulo tira-
mos a seguinte relação: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
“Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual
______________________________________________________
à soma dos quadrados dos catetos”.
a2 = b2 + c2 ______________________________________________________
Exemplo: ______________________________________________________
Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas para o
oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o sul chegando ______________________________________________________
a um ponto C, depois 13 milhas para o leste chagando a um ponto D
e finalmente 9 milhas para o norte chegando a um ponto E. Onde o ______________________________________________________
barco parou relativamente ao ponto de partida?
(A) 3 milhas a sudoeste. ______________________________________________________
(B) 3 milhas a sudeste.
______________________________________________________
(C) 4 milhas ao sul.
(D) 5 milhas ao norte. ______________________________________________________
(E) 5 milhas a nordeste.
______________________________________________________
Resolução:
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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x 2 = 32 + 42 _____________________________________________________
x2 = 9 + 16
x2 = 25 ______________________________________________________
Resposta: E
______________________________________________________

______________________________________________________

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______________________________________________________

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104
CONHECIMENTOS GERAIS

O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnoló-


ATUALIDADES E CONHECIMENTOS GERAIS DO gico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, DO ESTADO DE MINAS em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara
GERAIS E DO BRASIL, ESTABELECENDO CONEXÕES mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos
COM ACONTECIMENTOS MUNDIAIS. do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente,
jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
A importância do estudo de atualidades Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula pre-
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu- parado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com
dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor- o material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os
nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação vir-
língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen- tuais, tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e
te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos a veracidade das informações um caminho certeiro.
parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a
hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos CONHECIMENTOS RELATIVOS A ASPECTOS
de escola. HISTÓRICOS, GEOGRÁFICOS, POLÍTICOS,
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo ECONÔMICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DO MUNICÍPIO
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos DE UBERLÂNDIA, DO ESTADO DE MINAS GERAIS E DO
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de BRASIL.
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur-
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo. História de Uberlândia
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con-
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas São Pedro de Uberabinha: Entre Memórias e Histórias
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po- A Fazenda São Francisco foi sede da Sesmaria de João Perei-
lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, ra da Rocha, o primeiro morador a fixar residência nesta região no
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões início do século XIX, por volta de 1818. A cidade de Uberlândia se
de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se- formou em terras desmembradas desta família.
lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico. Por volta de 1835, chegaram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons- e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira da Rocha as
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são terras para formar as respectivas propriedades: Olhos D’Água, Lage,
sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê Marimbondo e Tenda. Ainda hoje elas permanecem na zona rural
na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se do município.
informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio- Felisberto Alves Carrejo construiu em sua fazenda uma tenda
nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex- de ferreiro para abrigar as suas atividades profissionais, por isso,
trema recorrência na mídia. sua propriedade ficou conhecida por “Tenda”. Apesar das benfei-
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. torias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é alqueires de terra de cultura, nas imediações do Córrego Das “Gali-
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por nhas” (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de Dona Francisca Alves
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) Rabelo, viúva de João Pereira da Rocha. Nesta ocasião, esta porção
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem de terra, atualmente Bairro Tabajaras, já era habitada por um pe-
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, queno número de pessoas.
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al- Uberlândia é uma cidade que, como muitas, nasceu no entor-
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in- no de uma capela. Como símbolo de uma comunidade que se pre-
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de tendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo. permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados à Nossa Senhora do Carmo. Desta forma, construída em adobe e
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto barro nas suas formas mais simples em termos arquitetônicos, ela
de informações veiculados impede que saibamos de fato como es- foi idealizada em 1846.
tudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam Para viabilizar a sua construção, os procuradores da obra en-
rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma traram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela ad-
disciplina que se renova a cada instante. quiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de
terras de cultura e campo, entre os Córregos Das Galinhas e São

105
CONHECIMENTOS GERAIS

Pedro. Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, Com relação a alguns números da sáude, no ano de 2005, o
atualmente, corresponde à parte central da cidade de Uberlândia. município possuia 198 estabelecimentos de saúde, sendo 64 deles
O Arraial recebeu então o nome de Nossa Senhora do Carmo e São privados e 134 públicos entre hospitais, pronto-socorros, postos de
Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha. Nas proximidades saúde e serviços odontológicos. Ao total a cidade conta com 944
do lugar escolhido para a construção da capela, havia um caminho leitos para internação, destes 420 são privados e 524 privados.
denominado de “Estrada Salineira”, foi às margens deste caminho
que se formou o primitivo núcleo urbano. Educação
Quando o Arraial passou à sede do Distrito, a estrada recebeu o No âmbito da educação, a cidade de Uberlândia se destaca por
nome de Rua Sertãozinho, posteriormente Rua Tupinambás e, atu- sua taxa de escolarização das crianças de 6 a 14 anos. No ano de
almente, denomina-se Rua José Ayube. Como o cotidiano das pes- 2010, de acordo com o IBGE, essa taxa foi de 94%. No que se refere
soas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava à sua volta à educação básica, as escolas da cidade receberam, no ano de 2010,
uma faixa de terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”, nota 6 e nota 4 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila. (IDEB), nos anos iniciais e nos anos finais do ensino fundamental,
As raízes da cidade estão em um bairro conhecido hoje por respectivamente.
Fundinho. As pequenas e tortuosas ruas que entrecortavam o ar- Em 2015, de acordo com o IBGE, foram realizadas 14.539 matrí-
raial se formaram ladeadas pela sequência de casas, quintais e anti- culas no ensino pré-escolar, 78.05 no ensino fundamental e 23.384
gos muros que emprestaram à geografia urbana o seu sentido. no ensino médio. Ainda neste ano, foram contabilizados 181 esta-
Por volta de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a ca- belecimentos que ofertam ensino fundamental e 49 instituições
pelinha foi ampliada e transformou-se na Matriz de Nossa Senhora que ofertam ensino médio.
do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da Na escala de 0 a 1 do Índice de Desenvolvimento Municipal
cidade. Em 1943, após a inauguração da imponente Matriz de Santa (IDHM), a área da educação recebeu a nota 0,716 no ano de 2010.
Terezinha na Praça Tubal Vilela, ela foi demolida e, em seu lugar, foi Em 1991, por exemplo, esse índice foi de 0,366, o que demonstra
construído um prédio para abrigar a Estação Rodoviária. uma maior ascendência da taxa de escolaridade da população uber-
landense no que diz respeito ao ensino fundamental e ao ensino
Dados demográficos médio.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografica e
Estatísticas (IBGE), no ano de 2017 a população estimada de Uber- Renda
lândia era de seiscentos e setenta e seis mil e seiscentos e treze Com relação ao trabalho e rendimento da cidade de Uberlân-
(676.613) habitantes. Segundo o último censo, realizado no ano de dia, dados do IBGE do ano de 2015 apontam que a renda mensal
2010 pelo IBGE, haviam seiscentos e quatro mil e treze (604.013) dos trabalhadores formais foi de 2,7 salários mínimos. Segundo da-
cidadãos em Uberlândia. O município expande-se por uma área dos do IBGE, do ano de 2010, a renda per capita do município era
4.115,206 Km² e possui uma densidade demográfica de de 146,78 de R$ 1.126,57, desse modo, a cidade ocupava a 160º entre os mu-
(hab/km²), segundo dados do IBGE (2010). nicípios do Brasil. Quanto à ocupação da população, em 2010, du-
Com relação a distribuição da população por sexo, dados do zentos e quarenta e seis mil quatrocentos e onze (246.411) pessoas
censo de 2010 revelaram que 51,17% da população eram mulheres estavam ocupadas. Esse número representa 37,2% da população de
e 48,83% eram homens. A faixa etária com maior percentual de ci- Uberlândia.
dadãos foi a de 20 a 24 anos, com 9,9% da população.
Religião
Dados sociais De acordo com o IBGE, a cidade, em 2010, registrou 330.564
Em 2010 o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de fiéis da religião Católica Apostólica Romana, o que representa a por-
Uberlândia foi de 0,789, número considerado ‘alto’ pela Organiza- centagem de 54,7% da população uberlandense. A religião Evangé-
ção das Nações Unidas. Com esse índice, Uberlândia é o terceiro lica somou, na época, 154.411 fiéis, ou seja, 25,2% dos cidadãos de
município com mehor IDH no estado de Minas Gerais e o 71º do Uberlândia. Foram registradas 50.640 pessoas sem religião (8,4%),
Brasil. O IDH da cidade está acima tanto da média estadual quanto 44.817 espíritas (7,4%), 7.136 testemunhas de Jeová (1,2%). As de-
nacional, que nesse ano de 2010 foram calculadas em 0,731 e 0,699 mais religiões praticadas na cidade, juntas, somaram 18.443 pesso-
respectivamente. as, o que representa 3,1% da população de Uberlândia.

Saúde Política
Uberlândia é considerada referência em saúde para a região do De acordo com a Constituição de 1988, Uberlândia está locali-
Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e Sul Goiano, zada em uma república federativa presidencialista. Foi inspirada no
ao dispor de mais de uma dezena de hospitais, tanto privados como modelo estadunidense, no entanto, o sistema legal brasileiro segue
públicos. A exemplo de unidades públicas temos o Hospital de Clí- a tradição romano-germânica do Direito positivo. A administração
nicas (SUS/UFU), as Unidades de Atendimento Integrado (UAI’s), o municipal se dá pelo poder executivo e pelo poder legislativo.
Hospital do Câncer e o Hospital e Maternidade Municipal, que pos- Antes de 1930 os municípios eram dirigidos pelos presidentes
sui 258 leitos para assistência de média complexidade, pediatria e das câmaras municipais, também chamados de agentes executivos
maternidade. ou intendentes. Somente após a Revolução de 1930 é que foram
separados os poderes municipais em executivo e legislativo. O pri-
meiro intendente do município foi Antônio Alves dos Santos e o
primeiro líder do poder executivo e prefeito do município foi Lúcio
Libânio. Em vinte e nove mandatos, 25 prefeitos passaram pela pre-

106
CONHECIMENTOS GERAIS

feitura de Uberlândia, além dos dez agentes executivos. Em 2016, 888 pessoal ocupado total e 156 034 ocupado assalariado. Salários
o prefeito eleito nas eleições municipais no Brasil foi Odelmo Leão, juntamente com outras remunerações somavam 2.358.463 reais e
do Partido Progressista (PP), sendo eleito com 72,05% dos votos o salário médio mensal de todo município era de 2,9 salários-míni-
válidos. mos.
O Poder legislativo é constituído pela câmara, composta por 21 Uberlândia conta com alguns dos maiores shopping centers da
vereadores eleitos para mandatos de quatro anos (em observância região do Triângulo Mineiro, como o Center Shopping e o Pátio Sa-
ao disposto no artigo 29 da Constituição) e está composta da seguin- biá, na Zona Leste; o Uberlândia Shopping, Pátio Vinhedos, Village
te forma: quatro cadeiras do Partido Progressista (PP); três cadeiras Altamira e o Griff Shopping, na Zona Sul; e o Pratic Shopping, na
do Partido dos Trabalhadores (PT); três cadeiras do Partido da Social região central[68]. Assim como no resto do país, o maior período de
Democracia Brasileira (PSDB); duas cadeiras do Partido Democráti- vendas em Uberlândia, é o Natal.
co Trabalhista (PDT); duas cadeiras do Partido Social Cristão (PSC);
uma cadeira do Partido Socialista Brasileiro (PSB); uma do Partido Espaços culturais
da República (PR); uma do Partido Social Democrata Cristão (PSDC); A cidade conta com um rico patrimônio cultural. Possui 19
uma do Partido Social Liberal (PSL); uma do Partido do Movimento bens tombados, sendo alguns deles a Praça Tubal Vilela, tombada
Democrático Brasileiro (PMDB); uma do Democratas (DEM); e uma como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 9.676, de 22
do Partido Popular Socialista (PPS). Cabe à casa elaborar e votar de novembro de 2004, sendo parte dos projetos urbanísticos ela-
leis fundamentais à administração e ao Executivo, especialmente borados no final do século XIX objetivando a construção de uma
o orçamento participativo (Lei de Diretrizes Orçamentárias). O mu- cidade moderna; a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, tombada
nicípio de Uberlândia se rege por leis orgânicas. A cidade é ainda pela Lei nº 4.263 de 9 de dezembro de 1985, conhecida por ser o
a sede de uma Comarca.[53] De acordo com o TRE-MG (Tribunal prédio religioso mais antigo no espaço urbano de Uberlândia, tendo
Regional Eleitoral de Minas Gerais), o município possuía em 2006 suas obras iniciadas em 1893; Igreja do Espírito Santo do Cerrado,
373 744 eleitores. registrada pela Lei Municipal nº 5.207, de 27 de fevereiro de 1991,
foi projetada em 1975 pela arquiteta Lina Bo Bardi a pedido do Frei
Economia Egydio Parisi e o Frei Fúlvio; dentre outros.
O produto interno bruto (PIB) de Uberlândia é o 27º maior do O Museu Municipal de Uberlândia fica localizado no Centro da
Brasil, destacando-se na área de prestação de serviços. De acordo cidade, na Praça Clarimundo Carneiro. O mesmo foi sede da Prefei-
com os dados do IBGE de 2008, o município possuía 14 270 392,490 tura da cidade e também abrigou a Câmara Municipal. Totalmente
mil reais no seu Produto Interno Bruto. Desse total, 2 003 554 mil reformado, hoje é palco de importantes trabalhos e é onde são rea-
são de impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O PIB per lizados diversos projetos culturais.
capita é de 22 926,50 reais.
A agricultura é o setor menos relevante da economia de Uber- Eventos
lândia. De todo o PIB da cidade, 271 271 mil reais é o valor adicio- A cidade também organiza diversas festas e eventos, realizados
nado bruto da agropecuária. Segundo o IBGE, em 2008 o município muitas vezes em locais públicos. São os mais tradicionais o carnaval,
possuía um rebanho de 205 709 bovinos, 619 464 suínos, 6 169 que primitivamente era onde se cantava de tudo: valsas, marzurcas,
equinos, 762 caprinos, 78 bufalinos, 319 asinos, 541 muares, 4 633 xotes, porém a grande atração era a catira. Hoje, além de bailes de
ovinos, 378 coelhos e 5 798 617 aves, dentre estas 2 480 000 ga- clubes, o município conta ainda com a participação de quatro esco-
linhas e 3 318 617 galos, frangos e pintinhos. Em 2008, a cidade las de samba - Tabajara, Acadêmicos do Samba, Garotos do Samba,
produziu 48 900 mil litros de leite de 31 623 vacas. Foram produzi- Unidos do Chatão e os blocos “Axé” e “Unidos de São Gabriel”, que
dos 50 068 mil dúzias de ovos de galinha e 1 400 quilos de mel de realizam o Carnaval de rua em Uberlândia; e as Festas Juninas, que
abelha. Na lavoura temporária, são produzidos, principalmente, o São muito comemoradas durante o mês de Junho. São festas em
milho (140 400 toneladas), a soja (138 330 toneladas) e a cana-de- louvor a três santos - Santo Antônio, dia 13; São João Batista, dia
-açúcar (28 500 toneladas). 24; e São Pedro, dia 29. Na cidade, as Festas Juninas, a cada ano, se
A indústria, atualmente, é o segundo setor mais relevante para estendem mais e mais pelo mês de julho. São as chamadas Festas
a economia uberlandense. 2 729 956 mil reais do PIB municipal são Julinas. São consumidos alimentos churrascados, como a batata-do-
do valor adicionado bruto da indústria (setor secundário). Uma im- ce e castanha de caju, além das comidas típicas juninas, derivadas
portante parcela de participação do setor secundário municipal é principalmente do milho, amendoim e mandioca. Ainda no campo
oriunda do Distrito Industrial Guiomar de Freitas Costa, localizado das tradições, no município se destaca o “Congado de Uberlândia”,
na zona norte da cidade. Nele, estão as principais indústrias da cida- que, ainda no tempo da escravatura, um grupo de negros escravos
de, inclusive instalações de algumas das maiores empresas do Brasil se reunia no mato e cantavam e dançavam em louvor a sua santa
e ainda multinacionais, como Cargill Agrícola, Casas Bahia, Algar protetora, Nossa Senhora do Rosário. Por volta de 1874 começou
Telecom (antiga CTBC), Monsanto, Petrobras, Sadia, Souza Cruz e o movimento do Congado em Uberlândia. Com o passar dos anos,
Coca-Cola. eles sentiram a necessidade de realizar a Festa do Congado na cida-
Uberlândia conta também com a AmBev, que tem um centro de. Os negros vinham em carros de bois e se agrupavam de baixo
de distribuição na zona oeste e uma fábrica, planejada para ser a de uma grande árvore, onde hoje se encontra a Praça Tubal Vilela.
maior do mundo, localizada na zona rural do extremo sudeste da Depois eles seguiam por uma trilha até a Capela de Nossa Senhora
cidade. do Rosário, construída de pau-a-pique e buritis, onde é hoje a Praça
7 479 038 mil reais do PIB municipal são de prestações de servi- Doutor Duarte, e ali realizavam a Festa. Esta Capela foi construída
ços (terciário). O setor terciário atualmente é a maior fonte gerado- por volta de 1880.
ra do PIB uberlandense. De acordo com o IBGE, a cidade possuía, no
ano de 2008, 21 492 empresas e 339 922 trabalhadores, sendo 183

107
CONHECIMENTOS GERAIS

O carnaval que, além de bailes de clubes, conta ainda com a município. Na zona urbana o Rio Uberabinha tem afluentes meno-
participação de quatro escolas de samba e blocos que realizam um res, como os córregos Cajubá, Tabocas, São Pedro (totalmente ca-
carnaval de rua na cidade. Outro fato importante a ser destacado nalizados), Vinhedo, Lagoinha, Liso, do Salto, Guaribas, Bons Olhos,
na cultura é o recente recorde mundial de violeiros alcançado pelo do Óleo, Cavalo, dentre outros.
município em 28 de outubro de 2017 na Arena Sabiazinho, com a
presença de 674 violeiros tocando ao mesmo tempo, reafirmando Clima
uma tradição na música sertaneja herdada por grandes nomes. O O clima de Uberlândia é caracterizado como tropical, com di-
município possui destaque também no turismo de negócio em es- minuição de chuvas no inverno e temperatura média compensada
cala nacional. anual em torno de 22 °C. Outono e primavera são estações de tran-
sição. O índice pluviométrico é pouco superior a 1 600 milímetros
Culinária (mm), concentrando-se nos meses de verão. As precipitações caem
O perfil de Uberlândia na área da culinária segue os padrões sob a forma de chuva, podendo em algumas ocasiões ocorrer gra-
típicos da região do cerrado. Se destacam receitas como Arroz com nizo. Por outro lado, na estação seca é comum o município registrar
suã, galinhada, molho de pequi, de mamão verde, guariroba, cam- índices de umidade relativa do ar críticos, algumas vezes abaixo de
buquira, frango ao molho pardo, angu de milho verde, temperados 20%, sendo que abaixo de 30% já é considerado estado de atenção.
com açafrão, colorau ou pimenta. São muitas vezes feitos com pro- Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (IN-
dutos naturais encontrados na própria região. São típicos da região MET), referentes ao período de 1980 a 1984 e a partir de 1986, a
também os doces do pau de mamão, cajuzinho do campo, ambró- menor temperatura registrada em Uberlândia foi de 1 °C em 21 de
sia, ameixinha de queijo, geléia de mocotó e outros acompanhados julho de 1981 e a maior atingiu 38,5 °C em 7 de outubro de 2020. O
de queijo fresco e requeijão caipira. maior acumulado de precipitação em 24 horas chegou a 157,8 mm
em 12 de dezembro de 1986. Outros grandes acumulados iguais ou
Geografia superiores a 100 mm foram: 129,8 mm em 9 de novembro de 1999,
A área do município é de 4.115,82 km², representando 0,7017 126,8 mm em 19 de janeiro de 1983, 116,8 mm em 20 de dezembro
% do estado, 0,4452 % da Região Sudeste e 0,0484 % de todo o de 2007, 106,2 mm em 15 de janeiro de 2002 e 105,8 mm em 1° de
território brasileiro. Desse total 135,3492 km² estão em perímetro dezembro de 1980.
urbano.
Uberlândia tem a altitude média de 887 m. O ponto culminan- Fontes:
te do município está localizado na cabeceira do Córrego Cachoeiri-
nha, que mede 930 m. A altitude mínima se encontra na foz do Rio Prefeitura de Uberlândia:
Uberabinha, com 622 m. A sede municipal se encontra em altitude http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/7407.pdf
de 863,18 m. O município de Uberlândia está situado no domínio http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/1550.pdf
dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná, estando
inserido na sub-unidade do Planalto Meridional da Bacia do Para- Perfil do Município de Uberlândia
ná. Possui relevo típico de chapada (suavemente ondulado sobre http://www.nesp.unb.br/saudelgbt/images/arquivos/Perfil_Uberlan-
formações sedimentares, apresentando vales espaçados e raros). dia.pdf
Nesse conjunto a vegetação característica é o cerrado e suas variá-
veis. Os solos são ácidos e pouco férteis. Cerca de 70% do território Wikipedia
uberlandense é de terras onduladas e nos 30% restantes o terreno https://pt.wikipedia.org/wiki/Uberl%C3%A2ndia
é planificado.
IBGE
Hidrografia https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/uberlandia/panorama
Uberlândia está localizada junto à bacia do rio Paranaíba, tendo
em seu território várias sub-bacias de pequenos e médios córregos
QUESTÕES
com papéis importantes em sua configuração. É drenado pela bacia
hidrográfica do Rio Tejuco (o segundo maior afluente do rio Parana-
íba), com sua bacia a sul e sudoeste do município, que possui como 1. Qual é a capital do estado de Minas Gerais?
principais afluentes os Ribeirões Babilônia, Douradinho e Estiva, (A) Uberlândia
o Rio Cabaçal, estes localizados na zona rural, e o Rio Araguari. A (B) Belo Horizonte
bacia do Araguari abrange a porção leste do município. Seu princi- (C) Rio de Janeiro
pal afluente, na área do município, é o rio Uberabinha, que passa (D) São Paulo
dentro do perímetro urbano. Há exploração do potencial hidrelétri-
co desse rio, a qual vêm ocorrendo através do funcionamento das 2. Uberlândia é conhecida por ser um importante centro de:
usinas hidroelétricas de Nova Ponte, de Miranda e Amador Aguiar (A) Tecnologia da Informação
I e II. (B) Agricultura
O Rio Uberabinha, integrante da bacia do Rio Araguari, possui (C) Ambos
grande relevância para a cidade, constituindo-se em conjunto com (D) Nenhum dos acima
seus afluentes, no manancial usado para o abastecimento de água
para a população. Os principais afluentes do Araguari estão na zona
rural, que são os Ribeirões Beija-Flor, Rio das Pedras e o Ribeirão
Bom Jardim, outro importante manancial para o abastecimento do

108
CONHECIMENTOS GERAIS

3. Qual é o nome do maior parque de Uberlândia?


(A) Parque do Sabiá GABARITO
(B) Parque Municipal
(C) Parque Ipanema
(D) Parque das Mangabeiras 1 B
2 C
4. Qual é a maior cidade em população do estado de Minas
3 A
Gerais?
(A) Uberlândia 4 B
(B) Belo Horizonte 5 C
(C) Juiz de Fora
(D) Contagem 6 D
7 A
5. Qual é a maior economia do Brasil em termos de PIB?
8 C
(A) Agricultura
(B) Mineração 9 D
(C) Serviços 10 B
(D) Indústria

6. Qual é o nome do prato típico da culinária de Minas Gerais


que é feito com carne de porco e feijão?
ANOTAÇÕES
(A) Acarajé
(B) Feijoada ______________________________________________________
(C) Vatapá
(D) Tutu à mineira ______________________________________________________

7. Qual é o nome do movimento artístico importante que sur- ______________________________________________________


giu em Minas Gerais na década de 1920?
(A) Modernismo ______________________________________________________
(B) Barroco
______________________________________________________
(C) Rococó
(D) Renascimento ______________________________________________________
8. Qual é o nome do importante festival de música que aconte- ______________________________________________________
ce anualmente em Uberlândia?
(A) Rock in Rio ______________________________________________________
(B) Lollapalooza
(C) Uberlândia Music Festival ______________________________________________________
(D) Tomorrowland Brasil
______________________________________________________
9. Qual é o nome da região do Brasil onde Minas Gerais está
______________________________________________________
localizada?
(A) Região Norte ______________________________________________________
(B) Região Nordeste
(C) Região Centro-Oeste ______________________________________________________
(D) Região Sudeste
______________________________________________________
10. Qual é o nome do importante líder político brasileiro nas-
cido em Minas Gerais que se tornou presidente do Brasil em 1956? ______________________________________________________
(A) Getúlio Vargas
______________________________________________________
(B) Juscelino Kubitschek
(C) Luiz Inácio Lula da Silva ______________________________________________________
(D) Fernando Henrique Cardoso
______________________________________________________

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109
CONHECIMENTOS GERAIS

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LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos des-


DECRETO Nº 20.179, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2023. te Código de Ética, todo aquele abrangido pela definição constante
APROVA O CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO do parágrafo único do artigo 11 do Decreto nº 18.391, de 9 de de-
E DA ALTA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, E SUAS zembro de 2019.
ALTERAÇÕES POSTERIORES. Art. 3º Consideram-se, para os efeitos deste Código de Ética,
integrantes da Alta Administração as autoridades públicas descritas
DECRETO Nº 20.179, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2023. no § 2º do artigo 4º do Decreto nº 18.391, de 2019.
Parágrafo único. Para fins do presente Código de Ética, as ex-
APROVA O CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO E DA ALTA pressões “integrante da Alta Administração”, “administrador públi-
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. co” e “autoridade pública” se equivalem.
Art. 4º No exercício de suas funções, os agentes públicos muni-
O PREFEITO DE UBERLÂNDIA, no exercício de suas atribuições, cipais deverão pautar-se pelos padrões da ética, sobretudo no que
em especial a que confere o inciso VII do artigo 45 da Lei Orgânica diz respeito à integridade, à transparência, à clareza de posições e
do Município, com fundamento no inciso II do caput do artigo 4º ao decoro, com vistas a motivar o respeito e a confiança do público
e no parágrafo único do artigo 26 do Decreto nº 18.391, de 9 de em geral.
dezembro de 2019, e; Parágrafo único. Os padrões éticos de que trata este artigo são
exigidos do agente público na relação entre suas atividades públicas
Considerando a proposta de Código de Ética do Servidor Pú- e privadas, de modo a prevenir eventuais conflitos de interesses.
blico e da Alta Administração Municipal apresentada pela Comis-
são de Ética Pública Municipal - CEPM, designada pelo Decreto nº SEÇÃO II
20.090, de 19 de dezembro de 2022, DECRETA: DOS OBJETIVOS E VALORES ÉTICOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética do Servidor Público e da Art. 5º São objetivos deste Código de Ética:
Alta Administração Municipal, constante do Anexo deste Decreto. I - definir valores como referência para o aprimoramento de
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. comportamentos do agente público;
II - incentivar o aperfeiçoamento dos padrões de conduta,
Uberlândia, 10 de fevereiro de 2023. orientados em elevada matriz de conduta ético-profissional, que
resultem em benefícios à sociedade;
ANEXO III - tornar explícitas as normas de comportamento que regem
CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO E DA ALTA a conduta dos agentes públicos municipais e a ação institucional,
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL fornecendo parâmetros para que a sociedade possa aferir a inte-
gridade, a transparência e a lisura dos atos e processos do Poder
CAPÍTULO I Executivo Municipal;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES IV - reduzir a subjetividade das interpretações pessoais sobre
as normas de comportamento, facilitando a compatibilização dos
SEÇÃO I valores e condutas individuais de cada agente público municipal
DAS LINHAS GERAIS, ABRANGÊNCIA E PADRÕES ÉTICOS com as diretrizes e referências deontológicas do Poder Executivo
Municipal;
Art. 1º Este Código de Ética destina-se a nortear as relações V - promover o esforço conjunto em prol do fortalecimento da
humanas, preponderando o respeito mútuo, os deveres de colabo- estrutura orgânico-institucional do Poder Executivo Municipal, a
ração, lealdade, informação e solidariedade e a preservação e pro- fim de que esteja alinhada às expectativas legítimas da sociedade,
moção da dignidade da pessoa humana, e a estabelecer valores e de modo a gerar confiança interna e externa na condução da ativi-
normas de comportamento a serem observados no desempenho dade administrativa;
das atividades institucionais no âmbito do Poder Executivo Muni- VI - assegurar transparência à atividade administrativa, com
cipal. processos previsíveis e fundamento nos princípios da segurança ju-
§ 1º O presente Código de Ética não afasta a devida observân- rídica e da confiança legítima;
cia de outras normas vigentes e cabíveis. VII - orientar a tomada de decisões dos agentes públicos muni-
§ 2º As expressões “Código de Ética”, “Código” e “Código de cipais, a fim de que se pautem sempre pelo interesse público, com
Ética do Servidor Público e da Alta Administração Municipal” se razoabilidade e proporcionalidade, sem qualquer favorecimento
equivalem. para si ou para outrem;
Art. 2º As disposições deste Código de Ética são aplicáveis a VIII - assegurar o adequado tratamento dispensado à popula-
todos os agentes públicos municipais, salvo pontos específicos. ção;

111
LEGISLAÇÃO

IX - assegurar ao agente público municipal a preservação de sua CAPÍTULO II


imagem e de sua reputação, quando sua conduta estiver de acordo DAS NORMAS DE COMPORTAMENTO
com os valores e as normas de comportamento estabelecidos neste
Código de Ética; SEÇÃO I
X - estabelecer regras básicas sobre conflito de interesses e res- DAS DIRETRIZES DEONTOLÓGICAS
trições às atividades profissionais posteriores ao exercício do cargo,
emprego ou função; Art. 7º São diretrizes deontolóagicas:
XI - minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse pri- I - a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
vado e o dever funcional dos agentes públicos municipais; valores éticos fundamentais como primados maiores que devem
XII - oferecer, por meio da Comissão de Ética Pública Municipal nortear o servidor público, seja no exercício do cargo, emprego ou
- CEPM e das Comissões de Ética setoriais, criadas com o objetivo de função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do pró-
implementar e gerir o presente Código de Ética, instâncias de con- prio poder estatal;
sulta e deliberação, visando a esclarecer dúvidas acerca da confor- II - o agente público municipal não poderá jamais desprezar o
midade da conduta do agente público municipal com as normas de elemento ético de sua conduta;
comportamento nele tratadas, aplicando, sempre que necessário, III - a moralidade do Poder Executivo Municipal não se limita
as penalidades cabíveis; e à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia
XIII - disponibilizar meios para que qualquer cidadão apresente de que o fim é sempre o bem comum, por meio da realização dos
denúncias contra agentes públicos municipais relativas à prática de serviços aos cidadãos;
atos em desacordo com as normas de comportamento constantes IV - a remuneração do agente público municipal é custeada pe-
deste Código. los tributos pagos, direta ou indiretamente, por todos, até por ele
Art. 6º Para o propósito do presente Código, são valores éticos próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que o comporta-
fundamentais: mento ético se integre no Direito, como elemento indissociável de
I - atendimento ao interesse público, fundamentado nos deve- sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência,
res constitucionais e legais e objetivos da atuação do Poder Executi- em fator de juridicidade;
vo Municipal e nos direitos humanos e fundamentais; V - o trabalho desenvolvido pelo agente público municipal pe-
II - boa e regular utilização dos recursos públicos, com a obten- rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu
ção dos resultados esperados da execução das políticas públicas; próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade,
III - promoção da confiança como fundamento das relações de o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patri-
trabalho entre os servidores e os demais cidadãos; mônio;
IV - integridade, a partir da atuação honesta, confiável e confor- VI - as funções públicas devem ser tidas como exercício profis-
me a boa-fé e o sistema jurídico; sional e, portanto, se integram na vida particular de cada agente
V - cordialidade sob o tripé da urbanidade, solicitude e profis- público municipal;
sionalismo; VII - salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
VI - transparência, confidencialidade e prestação de contas, ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
com o adequado equilíbrio normativo afeto aos dados e às infor- a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
mações públicas; nos termos da lei, sem prejuízo das normas atinentes à proteção de
VII - competência, mediante a obtenção e a manutenção de dados pessoais, a publicidade de qualquer ato ou processo adminis-
conhecimentos e habilidades adequados às funções públicas exer- trativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua
cidas e a promoção de aprendizagem aberta e mútua; omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável
VIII - independência e objetividade, com o afastamento de cir- a quem a negar;
cunstâncias ou influências ilegítimas que afetem ou possam ser vis- VIII - toda pessoa tem direito à verdade, sendo defeso ao agen-
tas como capazes de afetar o desempenho das atividades públicas e te público municipal omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos
a possibilitar o exercício sem a qualidade da imparcialidade; interesses da própria pessoa interessada ou do Poder Executivo
IX - responsabilidade e comprometimento; Municipal;
X - liderança pelo exemplo; IX - a cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados
XI - vedação ao assédio, à violência e à discriminação, em qual- ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina;
quer de suas formas; X - deixar o agente público municipal qualquer pessoa à espe-
XII - qualidade, eficiência e equidade dos serviços públicos; ra de solução que compete ao setor em que exerça suas funções,
XIII - intercâmbio de ideias e opiniões e direito à liberdade de permitindo a formação de longas filas ou qualquer outra espécie
expressão dentro das normas de civilidade e sem quaisquer formas de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude
de desrespeito à imagem da instituição, aos demais agentes públi- contra a ética ou ato de desumanidade, mas, principalmente, grave
cos municipais e aos cidadãos; dano aos usuários dos serviços públicos;
XIV - colaboração, dinamismo e empatia, com a busca da pro- XI - o agente público municipal deve prestar toda a sua atenção
atividade na resolução de questões e proposição de soluções, coo- às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu
peração mútua e compreensão das dificuldades dos colaboradores cumprimento, e, assim, evitando a conduta desidiosa e indiscipli-
e usuários; e nar;
XV - lealdade às instituições. XII - toda ausência injustificada do agente público municipal de
seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público,
o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas; e

112
LEGISLAÇÃO

XIII - o agente público municipal que trabalha em harmonia XIV - comprometer-se com o bem-estar e a prestação de servi-
com a estrutura organizacional, respeitando os demais colaborado- ços com qualidade à sociedade;
res e cada usuário dos serviços públicos, coopera e de todos pode XV - servir com excelência;
receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande opor- XVI - apresentar-se ao trabalho de modo adequado, inclusive
tunidade para o crescimento e o engrandecimento do Município. com assiduidade e pontualidade;
XVII - zelar pelo patrimônio público, de natureza material ou
SEÇÃO II imaterial;
DOS DEVERES ÉTICOS GERAIS XVIII - colaborar com o aperfeiçoamento da gestão pública,
manter e preservar o funcionamento das estruturas do Poder Exe-
Art. 8º São deveres éticos gerais dos agentes públicos munici- cutivo Municipal e tutelar a confiança, o nome e a imagem da ins-
pais: tituição;
I - resguardar, em sua conduta pessoal, a integridade, a honra XIX - prestar contas, independentemente de provocação, quan-
e a dignidade de sua função pública, agindo em harmonia com os do da utilização de recursos públicos;
compromissos éticos constantes deste Código e os valores e deside- XX - exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
ratos institucionais; que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
II - proceder com honestidade, probidade, lealdade e tempesti- aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
vidade, escolhendo sempre, quando estiver diante de mais de uma dicionados administrativos; e
opção legítima, a que melhor se coadunar com a ética e com a satis- XXI - divulgar e informar a todos os integrantes do setor a que
fação do interesse público; se vincule sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o
III - representar imediatamente à chefia competente todo e seu integral cumprimento.
qualquer fato que seja contrário ao interesse público, prejudicial à Parágrafo único. O agente público municipal que fizer denúncia
Administração Pública ou à sua missão institucional, de que tenha com o objetivo de prejudicar deliberadamente a reputação do de-
tomado conhecimento em razão do cargo, emprego ou função; nunciado, por meio de acusações inverídicas ou descabidas, estará
IV - tratar os colaboradores e usuários com quem se relacionar sujeito às sanções deste Código.
em função do trabalho, com urbanidade, cortesia, respeito, educa-
ção e consideração, inclusive quanto às possíveis limitações pesso- SEÇÃO III
ais; DOS DEVERES ÉTICOS DE ABSTENÇÃO GERAIS
V - ser cortês, ter atenção e disponibilidade, orientar de ma-
neira adequada e prestar bom atendimento e serviço, respeitando Art. 9º São deveres éticos de abstenção gerais dos agentes pú-
a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários, sem blicos municipais:
qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, orien- I - praticar qualquer ato que atente contra a honra e a dignida-
tação sexual, nacionalidade, cor, etnia, idade, religião, tendência de de sua função pública, os compromissos éticos constantes deste
política, posição social e quaisquer outras formas de discriminação; Código de Ética e os valores e desideratos institucionais;
VI - priorizar o atendimento ao cidadão, sem desvios inoportu- II - ceder a pressões de superiores hierárquicos, de contratan-
nos, exercendo suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- tes, interessados e outros que visem a obter quaisquer favores, be-
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações nesses ou vantagens indevidas em decorrência de condutas ilegíti-
procrastinatórias, além de aperfeiçoar o processo de comunicação mas, antijurídicas ou antiéticas, e não denunciá-las;
e contato com o público; III - exercer seu cargo, emprego ou função com finalidade estra-
VII - empenhar-se em seu desenvolvimento profissional, man- nha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades e
tendo-se capacitado quanto a novos métodos, técnicas e normas de não cometendo qualquer violação expressa à norma;
trabalho aplicáveis à respectiva área de atuação; IV - praticar ou compactuar, direta ou indiretamente, com con-
VIII - manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser- duta contrária à ética, mesmo que observando as formalidades e
viço e a legislação pertinentes ao setor onde exerce suas funções; não cometendo qualquer violação expressa à norma;
IX - disseminar no ambiente de trabalho informações e conhe- V - valer-se de sua posição funcional, facilidades, amizades, in-
cimentos obtidos em razão de treinamentos ou de exercício profis- fluências ou de informação privilegiada ou usar do cargo, emprego
sional que possam contribuir para a eficiência dos trabalhos realiza- ou função para obter qualquer favorecimento, para si ou para ou-
dos pelos demais agentes públicos municipais; trem, e para patrocinar interesses estranhos às atividades institu-
X - evitar quaisquer ações ou relações conflitantes, ou poten- cionais;
cialmente conflitantes, com suas responsabilidades profissionais; VI - fazer uso de mandato representativo de categoria para au-
XI - manter neutralidade no exercício profissional, conservando ferir benefícios próprios ou para exercer atos que prejudiquem os
sua independência em relação às influências ilegítimas, de modo a interesses do Município;
evitar que estas venham a afetar a sua capacidade de desempenhar VII - divulgar informações de maneira sensacionalista ou inve-
com imparcialidade suas responsabilidades funcionais; rídica;
XII - facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços por VIII - reproduzir fatos cuja veracidade e procedência não te-
quem de direito, prestando toda colaboração ao seu alcance; nham sido confirmadas ou identificadas;
XIII - cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instru- IX - manifestar-se de forma prejudicial publicamente sobre ou-
ções superiores, as tarefas de seu cargo, emprego ou função, tanto tro colaborador, mediante juízo valorativo, aproveitando-se da au-
quanto possível, com critério, qualidade, segurança e rapidez, man- sência do mesmo naquele ato;
tendo tudo sempre em boa ordem;

113
LEGISLAÇÃO

X - promover manifestações no âmbito interno e externo de de- XXVI - usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-
sapreço em relação a outro colaborador com intuito de gerar perda cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano
de credibilidade e espalhar a maledicência; moral ou material;
XI - discriminar colegas de trabalho, superiores, subordinados e XXVII - deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu
demais pessoas com quem se relacionar no âmbito do trabalho, em alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
razão de preconceito ou distinção de raça, sexo, orientação sexual, XXVIII - exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome
nacionalidade, cor, etnia, idade, religião, tendência política, posição a empreendimentos de cunho duvidoso;
social ou quaisquer outras formas de discriminação; XXIX - utilizar, para fins privados, agentes públicos, bens ou ser-
XII - adotar qualquer conduta que interfira no desempenho do viços exclusivos do Poder Executivo Municipal;
trabalho ou que crie ambiente hostil, ofensivo ou com intimidação, XXX - demonstrar falta de compromisso com o cargo, emprego
especialmente o assédio sexual de qualquer natureza e o assédio ou função;
moral, no sentido de desqualificar outros, por meio de palavras ou XXXI - encerrar atendimento ao cidadão sem o devido esclare-
condutas que ofendam a autoestima, a segurança, o profissionalis- cimento ou resolução;
mo, a honra ou a imagem; XXXII - realizar, durante o expediente, atividades estranhas ao
XIII - permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri- cargo, emprego ou função;
chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato XXXIII - acomodar-se em razão da estabilidade funcional; e
com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com cole- XXXIV - utilizar os bens públicos com ausência de cuidado.
gas hierarquicamente iguais, superiores ou inferiores; Parágrafo único. Não se considera presente para os fins do inci-
XIV - alterar ou deturpar o teor de documentos que deva enca- so XIX do caput deste artigo o objeto:
minhar para providências; I - que não tenha valor comercial;
XV - iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do II - distribuído por pessoa física ou jurídica a título de propa-
atendimento em serviços públicos; ganda e divulgação habitual ou por ocasião de eventos especiais ou
XVI - atribuir a outrem erro próprio; datas comemorativas; ou
XVII - apresentar como de sua autoria ideias ou trabalhos de III - que não tenha valor superior a R$ 100,00 (cem reais), des-
outrem; de que não se destine exclusivamente a um determinado agente
XVIII - ocupar postos ou funções, mesmo não remunerados, em público municipal e não tenha sido distribuído ao mesmo agente
organizações sociais, organizações da sociedade civil ou entidades público municipal pela mesma pessoa em intervalo menor do que
classistas ou políticas que possam gerar situações de conflitos de doze meses.
interesses em relação aos objetivos, responsabilidades e ao papel
exigido para o exercício do cargo, emprego ou função; SEÇÃO IV
XIX - pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer DOS DEVERES ÉTICOS ESPECÍFICOS DOS AGENTES
tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, presente, comissão, PÚBLICOS MUNICIPAIS EM SITUAÇÃO DE DIREÇÃO OU
doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou CHEFIA
qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão, para influen-
ciar outro agente público para o mesmo fim ou de pessoa física ou Art. 10º São deveres éticos específicos dos agentes públicos
jurídica que tenha interesse em quaisquer atos de mero expediente municipais em situação de direção ou chefia:
de sua responsabilidade, de decisão de jurisdição do órgão ou enti- I - zelar para que os subordinados atuem dentro dos valores e
dade de seu vínculo funcional ou de informações institucionais de normas de comportamento previstos neste Código;
caráter sigiloso a que tenha acesso; II - valorizar e contribuir para o crescimento intelectual e profis-
XX - fazer ou extrair cópias de relatórios ou de quaisquer outros sional dos subordinados, inclusive com a garantia da igualdade de
trabalhos ou documentos ainda não publicados, pertencentes ao acesso e oportunidades;
Município, para utilização em fins estranhos aos seus objetivos ou III - conduzir, com alto padrão de profissionalismo, as ativida-
à execução dos trabalhos a seu encargo, sem prévia autorização da des do respectivo órgão, entidade ou setor;
autoridade competente; IV - reforçar a prioridade da ética por meio de comunicação
XXI - divulgar ou facilitar a divulgação, por qualquer meio, de in- contínua, clara e consistente;
formações sigilosas obtidas por qualquer forma em razão do cargo, V - propiciar um ambiente no qual os colaboradores experi-
emprego ou função; mentem um tratamento imparcial e favorável para bons relaciona-
XXII - apresentar-se embriagado ou sob efeito de quaisquer mentos interpessoais;
drogas ilegais no ambiente de trabalho, ou fora dele, em situações VI - reconhecer o comportamento ético e tomar as devidas pro-
que comprometam a imagem institucional; vidências para as condutas com desvios;
XXIII - utilizar sistemas e canais de comunicação do Poder Exe- VII - responder aos desafios decorrentes de mudanças no am-
cutivo Municipal para a propagação e divulgação de trotes, boatos, biente do setor público; e
pornografia ou propaganda comercial, religiosa ou político-partidá- VIII - combater práticas que possam suscitar qualquer forma de
ria; abuso de poder.
XXIV - manifestar-se em nome do Poder Executivo Municipal
quando não autorizado e habilitado para tal, nos termos da política
interna de comunicação social;
XXV - ser conivente com erro ou infração a este Código de Ética
ou ao Código de Ética de sua profissão;

114
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO V § 1º Compete à CEPM a regulamentação da forma de encami-


DOS DEVERES ÉTICOS DE ABSTENÇÃO ESPECÍFICOS nhamento das informações, os critérios de atualização, a documen-
DOS AGENTES PÚBLICOS MUNICIPAIS EM SITUAÇÃO DE tação a ser anexada, das medidas em razão do descumprimento do
DIREÇÃO OU CHEFIA envio e demais questões pertinentes ao cumprimento do disposto
neste artigo.
Art. 11. São deveres éticos de abstenção específicos dos agen- § 2º A autoridade pública que já esteja em efetivo exercício no
tes públicos municipais em situação de direção ou chefia: cargo, emprego ou função apresentará as informações em dez dias
I - destratar, desqualificar, desrespeitar ou assediar subordina- úteis, contados da publicação da regulamentação de que trata o §
dos; 1º deste artigo.
II - estabelecer circunstâncias desagradáveis ou desencadear § 3º Em caso de dúvida, a CEPM poderá solicitar informações
ou permitir qualquer tipo de perseguição ou atentado à dignidade adicionais e esclarecimentos sobre os dados encaminhados pela au-
da pessoa humana; toridade pública ou que, por qualquer outro meio, cheguem ao seu
III - favorecer ou permitir o uso das instalações e demais re- conhecimento.
cursos do órgão, entidade ou setor sob sua direção ou chefia, com § 4º A autoridade pública poderá consultar previamente a
fins não adequados com os objetivos do Poder Executivo Municipal; CEPM a respeito de ato específico de gestão de bens que pretenda
IV - constranger subordinados a desobedecer ou contrariar os realizar ou como tratar situação patrimonial específica.
valores e as normas estabelecidas neste Código; e § 5º A fim de preservar o caráter sigiloso das informações per-
V - exigir o exercício de atividades alheias ao cargo, emprego tinentes à situação patrimonial da autoridade pública, as comu-
ou função. nicações e consultas, após serem conferidas e respondidas, serão
protegidas adequadamente pelo sigilo, o qual somente poderá ser
CAPÍTULO III levantado por determinação da CEPM.
DA ALTA ADMINISTRAÇÃO Art. 17. A autoridade pública não poderá receber salário ou
qualquer outra remuneração de fonte privada, nem receber trans-
Art. 12. Aplicam-se à Alta Administração todas as disposições porte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares em desa-
deste Código de Ética e, em especial, as constantes deste Capítulo, cordo com os valores e normas de comportamento expressos neste
as quais visam aos seguintes objetivos: Código.
I - possibilitar à sociedade aferir a lisura do processo decisório Art. 18. Após deixar o cargo, a autoridade pública não poderá:
governamental; I - atuar em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica,
II - contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões éticos do inclusive sindicato ou associação de classe, em processo ou negócio
Poder Executivo Municipal, a partir do exemplo dado pelas autori- do qual tenha participado, em razão do cargo, emprego ou função;
dades públicas; e
III - preservar a imagem e a reputação do administrador público II - prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclusive
cuja conduta esteja de acordo com os valores e normas de compor- sindicato ou associação de classe, valendo-se de informações não
tamento estabelecidos neste Código; divulgadas publicamente a respeito de programas ou políticas do
IV - favorecer o alcance dos resultados institucionais dos órgãos órgão ou da entidade do Poder Executivo Municipal a que esteve
e entidades do Poder Executivo Municipal; e vinculado.
V - aprimorar a confiança depositada pela sociedade ao Poder Art. 19. Na ausência de lei que estabeleça outro prazo, será de
Executivo Municipal. quatro meses, contados da saída do Poder Executivo Municipal, o
Art. 13. No relacionamento com outros órgãos, entidades e período de interdição para atividade incompatível com cargo, em-
agentes públicos do Poder Executivo Municipal, a autoridade públi- prego ou função anteriormente exercido, sendo vedado à autori-
ca deverá esclarecer a existência de eventual conflito de interesses, dade pública, salvo quando expressamente autorizado pela CEPM,
bem como comunicar qualquer circunstância ou fato impeditivo de quando verificada a inexistência de conflito de interesses ou sua
sua participação em decisão coletiva ou em órgão colegiado. irrelevância:
Art. 14. As divergências entre autoridades públicas serão resol- I - aceitar cargo de administrador ou conselheiro ou prestar,
vidas internamente, mediante coordenação administrativa. direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço a pessoa física
Art. 15. É vedado à autoridade pública opinar publicamente a ou jurídica com quem tenha estabelecido relacionamento direto e
respeito: relevante nos seis meses anteriores à da saída do Poder Executivo
I - da honorabilidade e do desempenho funcional de outra au- Municipal;
toridade pública municipal; II - celebrar com órgãos ou entidades do Poder Executivo Mu-
II - do mérito de questão que lhe será submetida, para decisão nicipal contratos de serviço, consultoria, assessoramento ou ativi-
individual ou em órgão colegiado; e dades similares, vinculados, ainda que indiretamente, ao órgão ou
III - de matérias não afetas à respectiva área de competência. entidade em que tenha exercido a atividade pública; e
Art. 16. Além da declaração de bens e rendas na forma estipu- III - intervir, direta ou indiretamente, em favor de interesse pri-
lada pela legislação vigente, a autoridade pública, no prazo de dez vado perante órgão ou entidade em que haja exercido a atividade
dias contados de sua posse, enviará à CEPM informações sobre sua pública ou com o qual tenha estabelecido relacionamento direto e
situação patrimonial e de trabalhos exercidos anteriormente que, relevante nos seis meses anteriores à da saída do Poder Executivo
a seu juízo, real ou potencialmente, possam suscitar conflito com o Municipal.
interesse público.

115
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO IV Art. 2º Cargo Público é o conjunto de atribuições e responsabi-


DAS SANÇÕES ÉTICAS E QUESTÕES PROCESSUAIS lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-
ESPECÍFICAS tidas a um servidor.
Parágrafo Único - Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra-
Art. 20. A violação do disposto neste Código acarretará, con- sileiros são criados por lei com denominação própria número certo
forme sua gravidade, as seguintes sanções éticas, sem prejuízo da e vencimentos pagos pelos cofres públicos.
apuração do fato em outras instâncias: Art. 3º Os cargos de provimento efetivo da Administração Pú-
I - advertência; e blica Municipal direta, das autarquias e das fundações públicas se-
II - censura. rão organizados em carreiras.
Art. 21. A apuração de fato com indícios de violação a este Có- Art. 4º As carreiras serão organizadas em classes de cargos, ob-
digo de Ética será instaurada em razão de denúncia fundamentada servadas a escolaridade e a qualificação profissional exigidas, bem
ou de ofício pela Comissão de Ética competente. como a natureza e a complexidade das atribuições a serem exerci-
§ 1º A apuração de que trata o caput deste artigo ocorrerá me- das por seus ocupantes, na forma prevista na legislação específica.
diante processo ético, após juízo de admissibilidade. Parágrafo Único - Respeitado o Plano de Carreira ou o Regula-
§ 2º Poderá ser celebrado Acordo de Conduta Pessoal e Profis- mento, as atribuições inerentes a um cargo podem ser cometidas
sional no âmbito do processo ético. indistintamente aos servidores de suas diferentes classes.
Art. 5º Classe é o agrupamento de cargos de atribuições da
CAPÍTULO V mesma natureza, de denominação idêntica, do mesmo nível de
DA DISPOSIÇÃO FINAL vencimento e graus de dificuldade e de responsabilidade das atri-
buições.
Art. 22. A CEPM elaborará, no prazo de cento e vinte dias, a Art. 6º Grupo ocupacional é o conjunto de carreiras e classes
contar da publicação deste Código de Ética, o seu regimento inter- isoladas, reunidas segundo a correlação e a afinidade entre as ati-
no. vidades de cada uma, a natureza do trabalho, ou grau de conheci-
mento necessários ao exercício das respectivas atribuições.
CONCLUSÃO PLENÁRIA Art. 7º Quadro é o conjunto de carreiras e série de classes de
A Comissão de Ética Pública Municipal - CEPM aprova o presen- natureza efetiva, cargos em comissão, ou os isolados e as funções
te Código de Ética e o submete à elevada apreciação do Excelentíssi- gratificadas.
mo Senhor Prefeito, observando integralmente o disposto no inciso
II do caput do artigo 4º do Decreto nº 18.391, de 9 de dezembro CAPÍTULO II
de 2019. DO PROVIMENTO

Uberlândia, 6 de fevereiro de 2023. SEÇÃO I


DISPOSIÇÕES GERAIS
LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL Nº 40/1992. DISPÕE
Art. 8º São requisitos básicos para ingresso no serviço público:
SOBRE O ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO
I - A nacionalidade brasileira;
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA,SUAS AUTARQUIAS,
II - O gozo dos direitos políticos;
FUNDAÇÕES PÚBLICAS E CÂMARA MUNICIPAL, E SUAS
III - A quitação com as obrigações militares e eleitorais;
ALTERAÇÕES POSTERIORES.
IV - A idade mínima de dezoito anos.
Parágrafo Único - As atribuições do cargo podem justificar a exi-
LEI COMPLEMENTAR Nº 40/1992 gência de outros requisitos estabelecidos em Lei.
Art. 9º As pessoas portadoras de deficiência é assegurado o di-
DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO reito de se inscrever em concurso público para provimento de car-
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, SUAS AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES PÚ- go, cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que
BLICAS E CÂMARA MUNICIPAL. são portadoras, e para as quais serão reservados dez por cento das
vagas oferecidas no concurso público.
O povo do Município de Uberlândia, por seus representantes, Parágrafo Único - Lei específica definirá os critérios de admis-
aprovou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei Complemen- são para as pessoas de que trata este artigo.
tar: Art. 10 - O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante
ato da autoridade competente de cada Poder, do dirigente superior
TÍTULO I de autarquia ou fundação pública.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 11 - A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
Art. 12 - São formas de provimento em cargo público:
CAPÍTULO I I - Nomeação;
DO ESTATUTO II - Promoção;
III - Transposição;
Art. 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, servidor é a IV - Readaptação;
pessoa legalmente investida em cargo público, de provimento efeti- V - Reversão;
vo ou em comissão, que presta serviços aos Poderes do Município, VI - Aproveitamento;
inclusive suas Autarquias e Fundações Públicas. VII - Reintegração;

116
LEGISLAÇÃO

VIII - Recondução; § 3º - Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por


IX - (Revogado pela Lei Complementar nº 327/2003) nomeação e transposição.
X - (Revogado pela Lei Complementar nº 373/2004) § 4º - No ato da posse, o servidor apresentará, obrigatoriamen-
te, declaração dos bens e valores que constituem seu patrimônio e
SEÇÃO II declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou
DA NOMEAÇÃO função pública.
§ 5º - Será tornado sem efeito o ato de nomeação se a posse
Art. 13 - A nomeação far-se-á: não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.
I - Em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado ou de § 6º - Será permitida a posse, mediante procuração específica.
carreira; § 7º - São competentes para dar posse:
II - Em comissão, para cargos de confiança, de livre exoneração. I - O Prefeito, aos Secretários Municipais e autoridades a este
Art. 14 - A nomeação para cargo isolado ou de carreira depen- equiparadas;
de de prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- II - O responsável pelo órgão de pessoal, nos demais casos.
vas e títulos, obedecidos à ordem de classificação e o prazo de sua § 8º - A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena
validade. de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições legais para a
Parágrafo Único - Os demais requisitos para o ingresso e o de- investidura no cargo.
senvolvimento do servidor na carreira, serão estabelecidos pela Lei Art. 20 - A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-
que fixará diretrizes do sistema de carreira na Administração Públi- ção médica oficial.
ca Municipal e seus regulamentos. Parágrafo Único - Só poderá ser empossado aquele que for jul-
Art. 15 - Os cargos em comissão serão providos mediante livre gado apto física e mentalmente par ao exercício do cargo, cabendo
escolha do Prefeito, preferencialmente entre os servidores ocupan- recurso ao órgão ou autoridade imediatamente superiores a quem
tes de cargos de carreira técnica ou profissional, nos casos e nas decidiu sobre a inaptidão para a posse.
condições previstos em Lei. Art. 21 - Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
cargo.
SEÇÃO III § 1º - O exercício do cargo terá início dentro do prazo de trinta
DO CONCURSO PÚBLICO dias, contados:
(Vide regulamentação dada pelo Decreto nº 11.453/2008) I - Da data da posse;
II - Da data da publicação do ato em qualquer outro caso.
Art. 16 - A investidura em cargo de provimento efetivo será § 2º - O prazo referido no parágrafo anterior poderá ser pror-
feita mediante concurso público de provas ou de provas e títulos, rogado, por igual período, ajuízo da autoridade competente para
podendo ser utilizadas, também provas práticas ou prático-orais. dar posse.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 84/1994) § 3º - A autoridade competente do órgão ou entidade para
Art. 17 - O concurso público terá validade de até dois anos, po- onde for designado o servidor, compete dar-lhe exercício.
dendo esta ser prorrogada uma única vez, por igual período. § 4º - Será exonerado o servidor empossado que não entrar em
§ 1º - O prazo de validade do concurso e as condições de sua re- exercício nos prazos previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo.
alização serão fixados em edital, que será publicado no órgão oficial Art. 22 - O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
e em jornal diário de grande circulação no Município. exercício serão registrados no assentamento individual do servidor.
§ 2º - Não será convocado candidato aprovado em novo con- Parágrafo Único - Ao entrar em exercício, o servidor apresenta-
curso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior, rá ao órgão competente os elementos necessários ao assentamento
com prazo de validade ainda não expirado. individual.
Art. 18 - O edital do concurso estabelecerá os requisitos a se- Art. 23 - A promoção ou a transposição não interrompem o
rem satisfeitos pelos candidatos. tempo de exercício, que é contado no novo posicionamento na
carreira a partir da data da publicação do ato que as conceder ao
SEÇÃO IV servidor.
DA POSSE E DO EXERCÍCIO Art. 24 - O servidor que deva ter exercício em outra localida-
de terá trinta dias para fazê-lo, incluindo-se neste prazo, o tempo
Art. 19 - A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, necessário ao deslocamento para a nova sede, desde que implique
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- mudança de seu domicílio.
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão Parágrafo Único - Na hipótese de o servidor encontrar-se afas-
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a
os atos de ofício previstos em Lei. partir do término do afastamento.
§ 1º - A posse ocorrerá dentro do prazo de trinta dias contados Art. 25 - O ocupante de cargo de provimento efetivo fica sujeito
da publicação do ato de provimento, prorrogável por mais trinta a quarenta horas semanais de trabalho, salvo quando for estabele-
dias, a requerimento do interessado, cujo deferimento ficará ao ex- cido duração diversa.
clusivo critério de administração. (Redação dada pela Lei Comple- Parágrafo Único - O exercício de cargo em comissão exigirá de
mentar nº 84/1994) seu ocupante integral dedicação ao serviço, podendo ser convoca-
§ 2º - Em se tratando de servidor em licença, ou afastado por do sempre que houver interesse da Administração.
qualquer outro motivo legal, o prazo será contado do término do
impedimento.

117
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO V que percebia anteriormente à aposentadoria e será reposicionado


DA ESTABILIDADE na carreira na mesma situação em que se encontrava ao aposen-
tar-se.
Art. 26 O servidor habilitado em concurso público e empossado § 2º São assegurados ao servidor que reverter à atividade os
em cargo de provimento efetivo, adquirirá estabilidade no serviço mesmos direitos, garantias, vantagens e deveres aplicáveis aos ser-
público ao completar três anos de efetivo exercício. (Redação dada vidores em atividade.
pela Lei Complementar nº 426/2006) § 3º A reversão fica sujeita à existência de dotação orçamentá-
Art. 27 - O servidor estável só perderá o cargo em virtude de ria e financeira, devendo ser observado o disposto na Lei Comple-
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- mentar Federal nº 101, de 4 de maio de 2000.
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. § 4º O servidor de que trata o inciso II do caput deste artigo
somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais
SEÇÃO VI se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
DA PROMOÇÃO § 5º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 715/2020)
Art. 28 - Promoção é a elevação do servidor para classe imedia- Art. 32 - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
tamente superior aquela a que pertence na mesma carreira, segun- tante de sua transformação.
do critério estabelecido em Lei específica, respeitadas as disposi- § 1º Encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas
ções da Lei 5089, de 18 de maio de 1990. atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. (Redação
dada pela Lei Complementar nº 715/2020)
SEÇÃO VII § 2º O disposto no § 1º deste artigo não se aplica à hipótese
DA TRANSPOSIÇÃO de que trata o inciso II do caput do artigo 31 desta Lei. (Redação
acrescida pela Lei Complementar nº 715/2020)
Art. 29 - Transposição é a passagem do servidor de um para Art. 33. Não poderá reverter o aposentado que já tiver com-
outro cargo de provimento efetivo, de carreira diversa, mediante pletado 75 (setenta e cinco) anos de idade. (Redação dada pela Lei
aprovação em concurso. Complementar nº 715/2020)

SEÇÃO VIII SEÇÃO X


DA READAPTAÇÃO DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
(Vide regulamentação dada pelo Decreto nº 8228/2000)
Art. 30. Readaptação é o aproveitamento do servidor para
exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam com- Art. 34- (Revogado pela Lei Complementar nº 426/2006)
patíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física Art. 35 -(Revogado pela Lei Complementar nº 426/2006)
ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que pos- Art. 36 -(Revogado pela Lei Complementar nº 426/2006)
sua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de
destino, mantida a remuneração do cargo de origem. SEÇÃO IX
Parágrafo único. Se constatada a incapacidade permanente do DA REINTEGRAÇÃO
servidor, este será aposentado nos termos da legislação específica.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 746/2023) Art. 37 - Reintegração é a reinvestidura do servidor no cargo
anteriormente ocupado ou no cargo resultante de sua transforma-
SEÇÃO IX ção, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa
DA REVERSÃO ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1º - Na hipótese do cargo ter sido extinto, o servidor ficará em
Art. 31. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta- disponibilidade, observado o disposto nos arts. 51 e 54.
do: (Regulamentado pelo Decreto nº 19.633/2022) § 2º - Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
I - por invalidez, ex officio ou a pedido, quando junta médica será reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria, no pra- ou aproveitado em outro cargo, ou ainda, posto em disponibilidade
zo de cinco anos contados da ciência da cessação da incapacidade; remunerada.
ou
II - no interesse da administração, desde que: SEÇÃO XIII
a) mediante requerimento; DA RECONDUÇÃO
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade; Art. 38 - Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à anteriormente ocupado e decorrerá de:
solicitação; e I - Inabilitação comprovada no período de estágio probatório
e) que haja cargo vago para o qual não exista candidato classi- relativo ao novo cargo, conforme o previsto no art. 36. (Redação
ficado em concurso vigente. (Redação dada pela Lei Complementar dada pela Lei Complementar nº 84/1994)
nº 746/2023) II - Reintegração do anterior ocupante.
§ 1º O servidor que reverter à atividade perceberá, em subs- Parágrafo Único - Encontrando-se ocupado o cargo de origem,
tituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art.
que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal 52.

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LEGISLAÇÃO

SEÇÃO XIII III - Desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici-


DA REDISTRIBUIÇÃO pal ou no Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 327/2003) IV - Júri e outros serviços obrigatórios por Lei;
V - Licença:
Art. 39 Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimen- a) A gestante, a adotante e a paternidade;
to efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, b) Para tratamento da própria saúde;
para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apre- c) Para o desempenho de mandato classista, exceto para efeito
ciação da Secretaria Municipal de Administração, observados os de promoção por merecimento;
seguintes preceitos: d) Por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
I - interesse da Administração; e) Para tratamento de saúde de pessoa da família do servidor,
II - equivalência de vencimentos; com remuneração;
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; f) Prêmio, por assiduidade;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi- g) Por convocação para o serviço militar.
dade das atividades; VI - Participação em competição desportiva nacional ou convo-
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação cação para integrar representação desportiva nacional, no país ou
profissional; no exterior, conforme o disposto em Lei específica;
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida- VII - Afastamento por processo disciplinar, se o servidor for de-
des institucionais do órgão ou entidade. clarado inocente, ou se a punição se limitar a pena de advertência;
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de VIII - Prisão, se, a final, for reconhecida a ilegalidade daquela,
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- ou a improcedência da imputação que a ocasionou.
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou Art. 46 - Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e dis-
entidade. ponibilidade:
§ 2º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou enti- I - O tempo de serviço público prestado a União, Estados, Mu-
dade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou nicípios, suas respectivas autarquias e fundações, bem como as em-
entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado presas públicas e sociedades de economia mista;
em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma que dispõe a II - A licença para atividade política, no caso do art. 122.
Constituição Federal. III - O tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
§ 3º O servidor que não for redistribuído ou colocado em dis- tivo municipal, estadual ou federal, anterior ao ingresso no serviço
ponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do setor de público municipal;
pessoal de seu órgão ou entidade de origem, e ter exercício provisó- IV - O tempo de serviço em atividade privada, vinculada a Pre-
rio, em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamen- vidência Social;
to. (Redação dada pela Lei Complementar nº 327/2003) V - O tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VI - Exercício de cargo em comissão ou equivalente em órgão
SEÇÃO XIV ou entidade federal, estadual, municipal ou Distrito Federal.
DA READMISSÃO § 1º - O tempo em que o servidor esteve aposentado será con-
tado apenas para nova aposentadoria.
Art. 40 -(Revogado pela Lei Complementar nº 373/2004) § 2º Será contado em dobro, para efeito de aposentadoria,
Art. 41 - Vetado. respeitadas as disposições da Emenda Constitucional nº 20, de 15
Parágrafo Único - Vetado. de dezembro de 1998: (Redação dada pela Lei Complementar nº
Art. 42 -(Revogado pela Lei Complementar nº 373/2004) 746/2023)
a) O tempo de serviço prestado às Forças Armadas em opera-
CAPÍTULO III ções de guerra;
DO TEMPO DE SERVIÇO b) O tempo de licença-prêmio não gozada e nem convertida
em pecúnia.
Art. 43 - É contado para todos os efeitos o tempo de serviço § 3º - É vetada a soma de tempo de serviço simultaneamente
público municipal local. (Artigo promulgado em 06/11/1992) prestado, seja exclusivamente na administração pública, ou nesta e
Art. 44 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias, na atividade privada.
que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
tos e sessenta e cinco dias. CAPÍTULO IV
Parágrafo Único-. (Revogado pela Lei Complementar nº DA VACÂNCIA
746/2023)
Art. 45 - Além das ausências ao serviço previstas no art. 143, Art. 47 - A vacância do cargo público decorrerá de:
são considerados como de efetivo exercícios os afastamentos em I - Exoneração;
virtude de: II - Demissão;
I - Férias; III - Promoção;
II - Participação em programas de treinamento regularmente IV - Transposição;
instituídos e em cursos de aperfeiçoamento, reciclagem, congres- V - Aposentadoria;
sos, seminários e outros eventos de interesse da atividade do servi- VI - Posse em outro cargo de acumulação proibida;
dor, desde que autorizado pela autoridade competente; VII - Falecimento;
VIII - Transferência;

119
LEGISLAÇÃO

IX - Readaptação. § 3º - No caso de substituição remunerada, o substituto perce-


X - recondução. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº berá a remuneração do cargo em que se der a substituição, salvo se
84/1994) optar pelos vencimentos do seu cargo efetivo.
Art. 48 - A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
servidor ou de ofício. CAPÍTULO VII
Parágrafo Único - A exoneração de ofício dar-se-á: DA REMOÇÃO
I - Quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
II - Quando tendo tomado posse, não entrar no exercício. Art. 56 - Remoção é o ato mediante o qual o servidor passa a
Art. 49 - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á: exercer suas funções em outro órgão, ou unidade administrativa da
I - A juízo da autoridade competente; Administração Direta, Autarquias ou Fundações, sem que se modi-
II - A pedido do próprio servidor. fique a sua situação funcional.
Art. 50 - A vaga ocorrerá na data: Parágrafo Único - A remoção ser concedida a requerimento do
I - Do falecimento; interessado e dependerá da conveniência do serviço. A remoção
II - Imediata aquela em que o servidor completar setenta anos será determinada no caso de interesse de administração, após o
de idade; cumprimento do estágio probatório pelo servidor. (Redação dada
III - Da vigência da Lei que criar novo cargo e conceder dotação pela Lei Complementar nº 84/1994)
para o seu provimento ou da que determinar esta última medida, se
o cargo já estiver criado, ou ainda do ato que aposentar, exonerar, TÍTULO II
demitir, conceder promoção ou transposição; DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS
IV - Da posse em outro cargo de acumulação proibida.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO V DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
Art. 57 - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
Art. 51 - Extinto o cargo ou declarado a sua desnecessidade, de cargo público, com valor fixado em Lei, nunca inferior a um salá-
o servidor estável ficará em disponibilidade com remuneração in- rio mínimo, reajustado de modo a preservar-lhe o poder aquisitivo,
tegral. sendo vedada a sua vinculação, ressalvado o disposto no inciso XIII
Art. 52 - O retorno à atividade de servidor em disponibilida- do art. 37 da Constituição Federal.
de far-se-á mediante aproveitamento obrigatório no prazo máximo Parágrafo Único - A revisão geral da remuneração dos servido-
de doze meses em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis res far-se-á sempre na mesma data, devendo ocorrer em maio de
com o anteriormente ocupado. cada ano.
Parágrafo Único - O órgão de pessoal determinará o imediato Art. 58 - Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das
aproveitamento do servidor em disponibilidade em vaga que vier vantagens pecuniárias, permanentes ou temporárias, estabelecidas
a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Mu- em Lei.
nicipal. § 1º - O vencimento dos cargos públicos é irredutível, porém a
Art. 53 - O aproveitamento do servidor que se encontre em dis- remuneração observará o disposto na Constituição Federal.
ponibilidade dependerá de prévia comprovação de sua capacidade § 2º - É assegurada a isonomia de vencimento para cargos de
física e mental por junta médica oficial. atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre ser-
§ 1º - Se julgado apto, o servidor assumirá o exercício do cargo vidores dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vanta-
imediatamente após, a publicação do ato de aproveitamento. gens de caráter individual e as relativas a natureza ou ao local de
§ 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor em dispo- trabalho.
nibilidade será aposentado. § 3º - É proibido o exercício gratuito de cargos públicos, salvo
Art. 54 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e extinta a nos casos previstos em Lei.
disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo de Art. 59 - Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
trinta dias, salvo em caso de doença comprovada por junta médica título de remuneração, importância superior à soma dos valores
oficial. percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, pelo
§ 1º - A hipótese prevista neste artigo configurará abandono Prefeito Municipal.
de cargo apurado mediante processo disciplinar na forma desta Lei. Parágrafo Único - A vedação do caput deste artigo não se aplica
§ 2º - Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os servido- aos servidores que exercem acumulação constitucionalmente per-
res estáveis que não puderem ser redistribuídos, na forma deste ar- mitida nos termos do art. 37, XVI, da Constituição Federal.
tigo, serão colocados em disponibilidade, até seu aproveitamento. Art. 60 - O servidor perderá:
I - A remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
CAPÍTULO VI justifi cado; (Redação dada pela Lei Complementar nº 634/2017)
DA SUBSTITUIÇÃO II - a parcela da remuneração diária, proporcional aos atrasos
e saídas antecipadas iguais ou superiores à soma de 90 (noventa)
Art. 55 - Haverá substituição no impedimento do titular de car- minutos, durante o mês. (Redação dada pela Lei Complementar nº
go ou função de direção ou chefia. (Vide Decreto nº 8863/2002) 634/2017)
§ 1º - A substituição dependerá de ato da Administração. III - (Revogado pela Lei Complementar nº 634/2017)
§ 2º - A substituição será gratuita, quando, porém, exceder a
dez dias, será remunerada e por todo o período.

120
LEGISLAÇÃO

Parágrafo Único - A situações mencionadas nos incisos deste Parágrafo Único - Não haverá obrigação de restituir a ajuda de
artigo poderão ser toleradas ou compensadas, com justifi cativa custo nos casos de exoneração de ofício, ou de retorno por motivo
aceita pelo superior imediato, sendo assim consideradas efetivo de doença comprovada.
exercício. (Redação dada pela Lei Complementar nº 634/2017) Art. 73 - O servidor que, a serviço, se afastar do Município em
Art. 61. Salvo por imposição legal ou mandado judicial, nenhum caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território na-
desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. cional, fará jus a passagens e diárias, para cobrir as despesas de
§ 1º Mediante autorização do servidor poderá ser efetuado pousadas, alimentação e locomoção.
desconto em sua remuneração a favor de qualquer pessoa física ou § 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
jurídica, por intermédio de regulamento. devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
§ 2º O desconto na remuneração do servidor a favor de qual- fora do Município.
quer pessoa jurídica fica condicionado à prévia celebração de con- § 2º - Nos casos em que o deslocamento para fora do Município
vênio entre as entidades consignatárias e o Município de Uberlândia constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus
e/ou a Câmara Municipal. (Redação dada pela Lei Complementar nº às diárias.
531/2011) Art. 74 - O servidor que receber diárias e não se afastar do Mu-
Art. 62 - As reposições e indenizações ao Erário serão desconta- nicípio, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integral-
das em parcelas mensais não excedentes a décima parte da remu- mente, no prazo de cinco dias.
neração ou provento, em valores atualizados. Parágrafo Único - Na hipótese de o servidor retornar ao Mu-
Parágrafo Único - Independentemente do parcelamento pre- nicípio em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento,
visto neste artigo, o recebimento de quantias indevidas poderá im- deverá restituir as diárias recebidas em excesso, em igual prazo.
plicar processo disciplinar para apuração das responsabilidades e Art. 75 - A concessão de ajuda de custo impede a concessão de
aplicação das penalidades cabíveis. diárias e vice-versa.
Art. 63 - O servidor em débito com o Erário, que for demitido, Art. 76 - Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
exonerado ou que tiver a sua aposentadoria ou disponibilidade cas- que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo-
sada, terá o prazo de sessenta dias para quita-lo. ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições
Parágrafo Único - A não quitação do débito no prazo previsto próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. (Vide De-
implicará sua inscrição em dívida ativa. creto nº 6479/1994)
Art. 64 - O vencimento, a remuneração e o provento não serão Art. 77 - Os valores das indenizações serão fixados por decreto
objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres- do Poder Executivo.
tação de alimentos resultante de decisão judicial.
Parágrafo Único - O servidor que for exonerado do serviço pú- CAPÍTULO III
blico municipal terá direito à percepção do saldo do proporcional DOS BENEFÍCIOS
aos dias trabalhados no mês, até o dia de seu desligamento.
Art. 65 - Vetado. SEÇÃO ÚNICA
DA APOSENTADORIA
SEÇÃO ÚNICA
DA INCORPORAÇÃO DOS QUINTOS Art. 78 -(Revogado pela Lei Complementar nº 746/2023)

Art. 66 - (Revogado pela Lei Complementar nº 259/2001) CAPÍTULO IV


Art. 67 - (Revogado pela Lei Complementar nº 259/2001) DAS VANTAGENS

CAPÍTULO II SEÇÃO I
DAS INDENIZAÇÕES DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 68 - Constituem indenizações ao servidor: Art. 79 - Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
I - Ajuda de custo; seguintes vantagens:
II - Diárias; I - Gratificações e adicionais;
III - Transporte. II - (Revogado pela Lei Complementar nº 746/2023)
Art. 69 - A ajuda de custo destina-se à compensação das des- III - Indenizações.
pesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passa IV - Salário Família; (Redação acrescida pela Lei Complementar
a ter exercício nos distritos, com mudança de domicílio em caráter nº 746/2023)
permanente. V - Auxílio Reclusão. (Redação acrescida pela Lei Complemen-
Art. 70 - A ajuda de custo é calculada sobre o vencimento do tar nº 746/2023)
servidor, não podendo exceder a importância correspondente a Parágrafo Único - As gratificações e os adicionais somente se in-
três meses do respectivo vencimento. corporarão ao vencimento ou provento nos casos indicados na Lei.
Art. 71 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se Art. 80 - Os servidores que ocupam apenas cargos em comis-
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. são, não farão jus a qualquer vantagem que tenha por pressuposto
Art. 72 - O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo o caráter de permanência no serviço público.
quando, injustificadamente, não se apresentar na sede.

121
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II b) a segunda parcela correspondente a 50% (cinquenta por


DAS GRATIFICAÇÕES E DOS ADICIONAIS cento) da gratificação natalina, com o pagamento no decorrer do
mês de dezembro, no máximo até o dia 20 (vinte);
Art. 81 - Além dos vencimentos e das vantagens previstas nesta II - integral, com os devidos descontos, no decorrer do mês de
Lei Complementar, serão deferidos aos servidores os seguintes adi- dezembro, no máximo até o dia 20 (vinte), desde que haja manifes-
cionais e gratificações: tação formal que deve ser dirigida à Diretoria de Desenvolvimento
I - Gratificação de função; Humano da Secretaria Municipal de Administração, obedecendo
II - Gratificação natalina; aos prazos a seguir:
III - Adicional por tempo de serviço; a) antes do fechamento da folha de pagamento do mês de ani-
IV - Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas versário, no caso do servidor que o fizer no primeiro semestre;
ou penosas; b) antes do fechamento da folha de pagamento do mês de ju-
V - Adicional pela prestação de serviço extraordinário; lho, para o servidor com a data de aniversário no segundo semes-
VI - Adicional noturno; tre. (Redação dada pela Lei Complementar nº 568/2013)
VII - outros relativos à natureza ou ao local de trabalho; e (Re- § 5º - Ao servidor inativo e ao pensionista, será paga a primeira
dação dada pela Lei Complementar nº 699/2019) (Vide Lei Comple- parcela até o mês de junho de cada ano.
mentar nº 753/2023) § 6º - O pagamento de cada parcela far-se-á tomando-se por
VIII - (Declarado inconstitucional nos termos da ADI nº base a remuneração do mês em que o mesmo ocorrer.
1.0000.20.553400-1/000) § 7º - A segunda parcela será calculada com base na remune-
ração em vigor no mês de dezembro, deduzida a importância da
SUBSEÇÃO I primeira parcela, pelo valor pago.
DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO § 8º - O servidor exonerado antes de completado o interstício
correspondente ao valor da primeira parcela já recebida, ressarcirá
Art. 82 - Ao servidor investido em função de chefia, direção ou ao Município a diferença havida, por ocasião de seu desligamento.
assessoramento é devida uma gratificação pelo seu exercício. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 204/1998)
§ 9º O pagamento da primeira parcela da gratificação natalina
Art. 83 - A Lei Municipal estabelecerá o valor da remuneração de que trata o § 4º, I, “a” deste artigo poderá ser de 70% (seten-
dos cargos em comissão e das gratificações previstas no artigo an- ta por cento), desde que regulamentado por decreto do Chefe do
terior. Executivo. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 568/2013)
Parágrafo único. A remuneração pelo exercício de cargo em co- Art. 85 - O servidor efetivo ou comissionado, que se aposentar
missão ou função gratificada não será incorporada ao vencimento ou for exonerado da função gratificada ou cargo em comissão, per-
ou à remuneração do servidor, ressalvado o disposto no artigo 96-A ceberá gratificação natalina proporcional ao número de meses de
e seguintes desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei Com- exercício no ano, com base na média simples dos últimos 12 meses
plementar nº 699/2019) em que ocorrer a exoneração, a aposentadoria e a destituição da
função gratificada e do cargo comissionado. (Redação dada pela Lei
SUBSEÇÃO II Complementar nº 273/2002)
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA Art. 86 - O servidor exonerado de cargo em comissão ou dis-
pensado de função gratificada terá assegurado o pagamento da
Art. 84 - A gratificação natalina será paga, anualmente, a todo gratificação natalina correspondente ao tempo de efetivo exercício
servidor municipal, independentemente da remuneração a que fi- no cargo em comissão ou função gratificada, calculado sobre as res-
zer jus. pectivas remunerações.
§ 1º - A gratificação natalina corresponderá a um doze avos, por
mês de efetivo exercício, da remuneração devida, do cargo de que SUBSEÇÃO III
seja titular, em dezembro do ano correspondente. DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
§ 2º - A fração igual ou superior a quinze dias de exercício será
tomada como mês integral, para efeito do parágrafo anterior. Art. 87 - Por anuênio de efetivo exercício contínuo ou não, no
§ 3º - A gratificação natalina será estendida aos inativos e pen- serviço público municipal local, será concedido ao servidor um adi-
sionistas, com base nos proventos que perceberem na data do pa- cional correspondente a um por cento do vencimento de seu cargo
gamento daquela. efetivo, ao qual se incorpora para todos os efeitos legais, até o limi-
§ 4º O pagamento da gratificação natalina será efetuado da se- te de trinta e cinco anuênios.
guinte forma: § 1º - O adicional é devido a partir do dia imediato aquele em
I - em 02 (duas) parcelas: que o servidor completar o tempo de serviço exigido.
a) a primeira parcela com os devidos descontos previstos em § 2º - O servidor que exercer, cumulativamente, mais de um
lei, correspondente a 50% (cinquenta por cento) da gratificação na- cargo, terá direito ao adicional de tempo de serviço calculado sobre
talina para: (Regulamentada pelo Decreto nº 14.235/2013) o vencimento de cada um deles.
1. o servidor que fizer aniversário entre os meses de janeiro a Art. 88 - Os ocupantes, unicamente, de cargo em comissão, não
junho, com o pagamento no mês de aniversário; farão jus ao adicional previsto nesta Subseção.
2. o servidor que fizer aniversário entre os meses de julho a Art. 89 - Os anuênios percebidos pelo servidor não serão com-
dezembro, com o pagamento no mês de julho; putados nem acumulados, para fins de concessão de anuênios ul-
teriores.

122
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO IV SUBSEÇÃO VI
DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE DO ADICIONAL NOTURNO
OU PENOSIDADE
Art. 96 - O serviço noturno, prestado em horário compreendido
Art. 90 - Os servidores que trabalhem com habitualidade em entre vinte e duas horas de um dia, cinco horas do dia seguinte, terá
locais insalubres, perigosos, penosos ou em contato permanente o valor/hora acrescido de mais vinte e cinco por cento, computan-
com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus do-se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. Parágrafo único. (Parágrafo único declarado inconstitucional
§ 1º - O valor do adicional de insalubridade, conforme graus pela ADIN nº 10.376-2, de 22 de dezembro de 1993)
mínimo, médio e máximo, corresponderão a dez por cento, vinte
por cento e quarenta por cento, respectivamente, calculado sobre o SUBSEÇÃO VII
menor padrão de vencimento pago pelos cofres municipais. (revogada Pela Lei nº 8049/2002)
§ 2º - O valor do adicional de periculosidade será de trinta por
cento, calculado sobre o vencimento padrão do servidor. Subseção VIII
§ 3º - O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e Do Adicional de Estabilidade Financeira Por Exercício de Cargo
periculosidade deverá optar por um deles não sendo acumuláveis em Comissão ou Função de Confiança (Redação acrescida pela Lei
estas vantagens. Complementar nº 699/2019)
§ 4º - O direito ao adicional de insalubridade ou periculosida- Art. 96-A. (Declarado inconstitucional nos termos da ADI nº
de cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram 1.0000.20.553400-1/000)
causa a sua concessão.
Art. 91 - O adicional de penosidade será devido aos servidores SUBSEÇÃO IX
em exercício em localidades cujas condições de vida o justifiquem, DO SALÁRIO FAMÍLIA
os termos, condições e limites fixados em regulamento. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 746/2023)
Art. 92 - Haverá permanente controle da atividade de servidor
em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou peri- Art. 96-B O salário-família, benefício não previdenciário, será
gosos. concedido, mensalmente, nos termos da legislação federal que rege
Parágrafo Único - A servidora gestante ou lactante, enquanto a matéria, ao servidor público ativo por filho menor de 14 (quator-
durarem a gestação e a lactação, será afastada das operações e lo- ze) anos, inválido ou mentalmente incapaz. (Redação acrescida pela
cais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salu- Lei Complementar nº 746/2023)
bre e em serviço não perigoso.
Art. 93 - na concessão dos adicionais de penosidade, insalubri- SUBSEÇÃO X
dade e periculosidade serão observadas as situações constantes da DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
legislação específica. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 746/2023)
§ 1º - Os locais de trabalho e os servidores que operem com
raio X ou substâncias radioativas devem ser mantidos sob controle Art. 96-C O auxílio-reclusão, benefício não previdenciário, é
permanente, de modo que as doses de radiação ionizantes não ul- devido aos dependentes do servidor ativo estável nos valores e
trapassem o nível máximo previsto na legislação própria. condições estabelecidos na legislação federal pertinente. (Redação
§ 2º - Os servidores que fizerem jus aos adicionais referidos no acrescida pela Lei Complementar nº 746/2023)
caput deste artigo, serão submetidos a exames médicos a cada seis Art. 97 -(Revogado pela Lei nº 8049/2002)
meses. Art. 98 -(Revogado pela Lei nº 8049/2002)
Art. 99 -(Revogado pela Lei nº 8049/2002)
SUBSEÇÃO V Art. 100 -(Revogado pela Lei nº 8049/2002)
DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO Art. 101 -(Revogado pela Lei nº 8049/2002)

Art. 94 - O serviço extraordinário será remunerado com acrés- CAPÍTULO V


cimo de cinquenta por cento em relação à hora normal de trabalho. DAS LICENÇAS
Art. 95 - Somente será permitido serviço extraordinário para
atender a situação excepcionais e temporárias, respeitado o limite SEÇÃO I
máximo de duas horas diárias, podendo ser prorrogado por igual DISPOSIÇÕES GERAIS
período, se o interesse público o exigir, conforme dispuser decreto
do prefeito Municipal. (Vide Decreto nº 8773/2002) Art. 102 - Conceder-se-á ao servidor licença:
§ 1º - O serviço extraordinário previsto neste artigo será prece- I - Para tratamento de saúde; (Vide Decreto nº 10.420/2006)
dido de autorização da chefia imediata, que justificará o fato. II - A gestante, a adotante e a paternidade;
§ 2º - Ao serviço extraordinário realizado no horário previsto no III - Por acidente em servidor;
art. 96 será acrescido o percentual relativo ao serviço noturno, em IV - Por motivo de doença em pessoa da família;
função de cada hora extra. V - Para o serviço militar;
§ 3º - (§ 3º declarado inconstitucional pela ADIN nº 10.376-2, VI - Para a atividade política;
de 22 de dezembro de 1993) VII - Para tratar de interesses particulares;
VIII - Para desempenho de mandato classista;
IX - Prêmio;

123
LEGISLAÇÃO

X - Por afastamento do cônjuge ou companheiro. Art. 106 - (Revogado pela Lei Complementar nº 746/2023)
XI - por motivo de manutenção, substituição ou reparos de pró- Art. 106-A O servidor em gozo de Licença para Tratamento da
tese e órtese dos servidores portadores de necessidades especiais. Saúde ou em Readaptação, está obrigado a submeter-se:
(Redação acrescida pela Lei Complementar nº 428/2006) I - ao exame médico-pericial através de profissional ou junta
§ 1º - A licença prevista no inciso IV será precedida de atestado médica designados pelo Município;
ou exame médico e comprovação do parentesco. II - aos programas de promoção à saúde instituídos pelo Mu-
§ 2º - O servidor poderá permanecer em licença da mesma es- nicípio;
pécie por período superior a vinte e quatro meses, nos casos dos III - ao acompanhamento de equipe multiprofissional, inclusive
incisos V, VIII e X, deste artigo. por meio de visitas domiciliares. (Redação acrescida pela Lei Com-
§ 3º - É vedado o exercício de atividade remunerada, durante plementar nº 746/2023)
o período da licença prevista nos incisos I, II, III e IV deste artigo. Art. 107 - O atestado e o laudo da junta médica referir-se-ão
§ 4º - Será de responsabilidade do órgão previdenciário muni- apenas ao CID (Código Internacional de Doenças), salvo quando se
cipal, o pagamento da remuneração a que fizer jus o servidor, du- tratar de lesões produzidas por acidentes em serviço ou doença
rante o período da licença referida no inciso I deste artigo, a partir profissional.
do décimo sexto dia. Art. 108 - O servidor que apresente indícios de lesões orgânicas
Art. 103 - A licença concedida dentro de sessenta dias do térmi- ou funcionais será submetido à inspeção médica.
no de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação. Art. 109 - (Revogado pela Lei Complementar nº 746/2023)
Art. 110 - No curso da licença poderá o servidor requerer ins-
SEÇÃO II peção médica, caso se julgue em condições de reassumir o exercício
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE ou com direito a aposentadoria.

Art. 104 - Será concedida ao servidor licença para tratamento SEÇÃO III
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem DA LICENÇA A GESTANTE, A ADOTANTE E DA LICENÇA
prejuízo da remuneração a que fizer jus, observados os termos da PATERNIDADE
legislação específica.
§ 1º A licença de que trata este artigo será devida ao servidor Art. 111 - Será concedida licença a servidora gestante, por cen-
com incapacidade laboral temporária para o exercício de seu cargo, to e vinte dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
após o deferimento pela perícia médica oficial, em face ao atesta- § 1º - A licença terá início no primeiro dia do nono mês de ges-
do médico ou odontológico apresentado pelo servidor. (Redação tação, podendo ser retardada por opção da servidora, com auto-
acrescida pela Lei Complementar nº 746/2023) rização médica, não podendo, entretanto, ser concedida antes do
§ 2º O indeferimento do pedido de que trata o caput deste ar- início do sétimo mês.
tigo deverá ser devidamente motivado. (Redação acrescida pela Lei § 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
Complementar nº 746/2023) partir do parto.
§ 3º O servidor deverá retornar ao trabalho no primeiro dia § 3º - No caso de natimorto, decorridos trinta dias do evento, a
imediatamente posterior ao indeferimento, sob pena de incorrer servidora será submetida a exame médico e, se julgada apta, reas-
em falta injustificada ao trabalho. (Redação acrescida pela Lei Com- sumirá o exercício.
plementar nº 746/2023) § 4º - No caso de aborto, atestado por médico oficial, a servido-
§ 4º É facultado ao médico perito, a qualquer tempo, exigir ra terá direito a trinta dias de repouso remunerado.
nova inspeção médica. (Redação acrescida pela Lei Complementar Art. 111-A Será concedida prorrogação da licença-maternida-
nº 746/2023) de à servidora gestante, por 60 (sessenta) dias consecutivos, sem
§ 5º O servidor não poderá se recusar à convocação para a ins- prejuízo de sua remuneração, mediante requerimento formal, apre-
peção médica, sob pena de inobservância de dever funcional, sujei- sentado até 30 (trinta) dias antes do encerramento da licença pre-
to à penalidade de suspensão de até 15 (quinze) dias e, no período vista no art. 111 desta Lei Complementar.
constante de seu atestado, sua ausência ao exercício do cargo será § 1º O direito à prorrogação da licença-maternidade estende-
caracterizada como falta injustificada para todos os fins. (Redação -se à servidora adotante ou detentora de guarda judicial para fins
acrescida pela Lei Complementar nº 746/2023) de adoção de criança, na seguinte proporção:
§ 6º Sempre que necessária, a inspeção médica será realizada I - 60 (sessenta) dias, no caso de criança de até um ano de ida-
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde de;
se encontrar internado. (Redação acrescida pela Lei Complementar II - 30 (trinta) dias, no caso de criança de mais de um e menos
nº 746/2023) de quatro anos de idade;
Art. 105 -(Revogado pela Lei Complementar nº 746/2023) III - 15 (quinze) dias, no caso de criança de quatro a oito anos
Art. 105-A O servidor, ocupante exclusivamente de cargo em de idade.
comissão, de emprego público, função pública ou contratado tem- § 2º A prorrogação prevista neste artigo iniciar-se-á no dia sub-
porariamente nos termos de legislação específica, quando a licença sequente ao término da vigência da referida licença.
exceder a 15 (quinze) dias, deverá requerer a concessão de Auxílio § 3º No período da prorrogação da licença-maternidade, a ser-
- doença perante o Regime Geral de Previdência Social. vidora pública licenciada não poderá exercer qualquer atividade
Parágrafo único. É proibido o exercício de atividades profissio- remunerada e a criança não poderá ser mantida em creche ou or-
nais, remuneradas ou não, durante o gozo de Licença para Trata- ganização similar, sob pena da perda do direito à prorrogação, sem
mento de Saúde, sob pena de infração disciplinar. (Redação acresci-
da pela Lei Complementar nº 746/2023)

124
LEGISLAÇÃO

prejuízo do devido ressarcimento ao erário, visto que a essência da SEÇÃO V


concessão do benefício justifica-se nos interesses da criança recém DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOAS DA
nascida. FAMÍLIA
§ 4º No requerimento formal previsto no caput deste artigo
constará termo de compromisso estipulando as condições estabe- Art. 119 - Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
lecidas no § 3º deste artigo, e sua inobservância sujeitará a servido- de doença do cônjuge ou companheira, padrasto ou madrasta, as-
ra licenciada, além do ressarcimento previsto, a responsabilização cendente e descendente, enteado ou tutelado, mediante compro-
administrativa, penal e civil, em razão das despesas relativas à con- vação médica.
tratação para sua substituição no período de afastamento. § 1º - A licença somente será deferida se a assistência direta
§ 5º No caso de óbito da criança cessará imediatamente o direi- do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea-
to à prorrogação previsto nesta lei complementar, respeitando-se a mente com o exercício do cargo, o que deverá ser apurado, através
licença prevista no art. 143, inciso III da Lei Complementar nº 40, de acompanhamento social.
de 1992. § 2º - A licença será concedida sem prejuízo da remuneração do
§ 6º A prorrogação da licença de que trata este artigo será cus- cargo efetivo, até sessenta dias, podendo ser prorrogada por igual
teada com recursos do Tesouro Municipal. (Redação acrescida pela período, mediante parecer de junta médica, e, excedendo estes
Lei Complementar nº 516/2010) prazos, com os seguintes descontos:
Art. 112 - Pelo nascimento de filho, o servidor terá direito a I - De um terço, no quinto e sexto mês;
licença-paternidade de cinco dias úteis, contados a partir da data II - De dois terços, no sétimo e oitavo mês;
do parto. III - Sem vencimento ou remuneração, do nono ao vigésimo
Art. 113 - Para amamentar o próprio filho, até a data de seis quarto mês.
meses, a servidora terá direito, durante a jornada de trabalho, a
duas horas, que poderão ser parceladas em dois períodos de uma SEÇÃO VI
hora. (Regulamentado pelo Decreto nº 10.071/2005) DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR
Parágrafo Único - Não terão direito ao afastamento para ama-
mentação, as servidoras que cumpram jornada de trabalho igual ou Art. 120 - Ao servidor convocado para o serviço militar será
inferior a quatro horas diárias. concedida licença a vista de documento oficial.
Art. 114. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial para § 1º - Do vencimento do servidor será descontado a importân-
fins de adoção de criança serão concedidos, a título de licença re- cia percebida na qualidade de incorporado salvo se tiver havido op-
munerada: ção pelas vantagens do serviço militar.
I - cento e vinte dias, se a criança tiver até um ano de idade; § 2º - Ao servidor desincorporado será concedido prazo não
II - sessenta dias, se a criança tiver entre um e quatro anos de excedente a trinta dias para reassumir o exercício sem perda do
idade; e vencimento ou remuneração.
III - trinta dias, se a criança tiver de quatro a oito anos de idade. Art. 121 - Ao servidor oficial da reserva das Forças Armadas
(Redação dada pela Lei Complementar nº 370/2004) será concedida licença com remuneração integral, durante os está-
gios não remunerados previstos pelos regulamentos militares.
SEÇÃO IV Parágrafo Único - No caso de estágio remuneração, assegurar-
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO -se-lhe-á direito de opção de remuneração.

Art. 115 - Será licenciado, com remuneração integral, o servi- SEÇÃO VII
dor acidentado em serviço. DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
Art. 116 - Configura acidente em serviço o dano físico ou men-
tal sofrido pelo servidor e que se relacione mediata ou imediata- Art. 122 - O servidor terá direito a licença, sem remuneração.
mente com as atribuições do cargo exercido. Durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
Parágrafo Único - Equipara-se ao acidente em serviço o dano: partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
I - Decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi- de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
dor no exercício do cargo; Parágrafo Único - A partir do registro da candidatura e até o
II - Sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice- décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus a licença se
-versa. prejuízo de sua remuneração, mediante comunicação, por escrito,
Art. 117 - O servidor acidentado em serviço, que necessite de do afastamento.
tratamento especializado, poderá ser tratado em instituição priva-
da, à conta de recursos públicos. SEÇÃO VIII
Parágrafo Único - O tratamento recomendado por junta médica DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES
oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quan-
do inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública. Art. 123 - A critério da Administração poderá ser concedida ao
Art. 118 - A prova do acidente será feita no prazo de dois dias, servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo
prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. prazo de até dois anos consecutivos, sem remuneração.
§ 1º - O requerente aguardará, em exercício, a concessão da
licença, sob pena de demissão por abandono de cargo.
§ 2º - A licença poderá ser interrompida a qualquer tempo, a
pedido do servidor ou no interesse do serviço.

125
LEGISLAÇÃO

§ 3º - Não se concederá nova licença antes de decorridos dois SEÇÃO XI


anos do término da anterior. DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE
Art. 124 - Ao servidor ocupante de cargo em c omissão não se OU COMPANHEIRO
concederá a licença de que trata o artigo anterior.
Art. 131 - Poderá ser concedida licença ao servidor efetivo para
SEÇÃO IX acompanhar cônjuge ou companheiro servidor público, de qual-
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO quer esfera, que for deslocado para outro ponto do Estado, do Ter-
CLASSISTA ritório Nacional ou para o exterior.
§ 1º - A licença será concedida mediante pedido devidamente
Art. 125 É garantida a liberação do servidor público municipal instruído.
para o exercício de mandato eletivo em diretoria de entidade sin- § 2º - A licença será por prazo indeterminado e sem remunera-
dical, sem prejuízo da remuneração, e dos demais direitos e vanta- ção, devendo ser comprovada a sua necessidade a cada dois anos.
gens de seu cargo. (Artigo promulgado em 06/11/1992) Art. 132 - Não sendo mais justificado o afastamento do cônju-
ge, o servidor deverá reassumir o exercício no prazo de trinta dias,
SEÇÃO X a partir dos quais a sua ausência será computada como falta ao tra-
DA LICENÇA PRÊMIO balho.
(Vide regulamentação dada pelo Decreto nº 13.809/2012) Art. 133 - Independentemente do regresso do cônjuge, o servi-
dor poderá reassumir o exercício a qualquer tempo, não podendo,
Art. 126 - Após cada cinco anos de efetivo exercício no serviço neste caso, renovar o pedido de licença se não depois de dois anos
público municipal local, o servidor efetivo fará jus a três meses de da data da reassunção, salvo se o cônjuge for transferido novamen-
licença-prêmio, consecutivo ou não, com a remuneração do cargo te para outro lugar.
que ocupa.
Parágrafo Único - As faltas injustificadas ao serviço retardarão SEÇÃO XII
a concessão da licença prevista neste artigo, na proporção de dez DA LICENÇA POR MOTIVO DE MANUTENÇÃO,
dias para cada falta. SUBSTITUIÇÃO OU REPAROS DE PRÓTESE E ÓRTESE DOS
Art. 127 - Não se concederá licença prêmio ao servidor que, no SERVIDORES PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS
período aquisitivo: (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 428/2006)
I - Sofrer penalidade disciplinar de suspensão;
II - Afastar-se do cargo em virtude de: Art. 133-A O servidor portador de necessidades especiais, que
a) Licença por motivo de doença em pessoa da família, sem faz uso de órtese ou prótese, deverá apresentar ao seu superior
remuneração; imediato documento comprobatório de que o aparelho esteja em
b) Licença para tratar de interesses particulares; manutenção ou necessite de substituição ou reparos, além de indi-
c) Condenação a pena privativa de liberdade por sentença de- car por quanto tempo esta situação o impedirá de comparecer ao
finitiva; trabalho, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contadas a par-
d) Afastamento para acompanhar cônjuge ou companheiro. tit do início do referido procedimento. (Redação acrescida pela Lei
Art. 128 - O número de servidores em gozo simultâneo de licen- Complementar nº 428/2006)
ça-prêmio não poderá ser superior a um terço da lotação da respec- Art. 133-B Quando do primeiro afastamento, o documento de
tiva unidade administrativa do órgão ou entidade. que trata o art. 133 A deverá ser encaminhado ao Núcleo de Assun-
Art. 129 - O pedido de concessão de licença-prêmio deverá ser tos Sociais da Diretoria de Desenvolvimento Humano, que solicitará
instruído com a certidão de contagem de tempo fornecida pela re- a avaliação de médico perito, o qual decidirá sobre a necessidade
partição competente. ou não do afastamento do servidor em relação às suas atribuições,
Art. 130 - O servidor poderá optar entre gozar a licença-prêmio, face à ausência da prótese ou órtese. (Redação acrescida pela Lei
podendo acumulá-la, converter em dinheiro ou contar em dobro Complementar nº 428/2006)
para efeito de aposentadoria; neste último caso, o período simples Art. 133-C Os afastamentos posteriores, pelo mesmo motivo,
será computado para efeito de concessão do adicional por tempo levarão em conta a apreciação do médico perito realizada da pri-
de serviço. meira vez. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 428/2006)
§ 1º Ao servidor exonerado ou demitido, será assegurado o pa- Art. 133-D Quando o pedido de afastamento for superior a três
gamento da importância equivalente à licença-prêmio não fruída, dias, o Núcleo de Assuntos Sociais da Diretoria de Desenvolvimento
cujo período aquisitivo já tenha se completado. (Redação dada pela Humano tomará as providências cabíveis para verificar a pertinên-
Lei Complementar nº 746/2023) cia do prazo solicitado. (Redação acrescida pela Lei Complementar
§ 2º O período de fruição de licença-prêmio não poderá ser in- nº 428/2006)
ferior a 15 (quinze) dias, exceto na hipótese de saldo remanescente
do período aquisitivo. (Redação acrescida pela Lei Complementar CAPÍTULO VI
nº 746/2023) DAS FÉRIAS

Art. 134 O servidor terá direito ao gozo de 30 (trinta) dias de


férias a cada 12 (doze) meses de efetivo exercício, de acordo com
escala organizada pelo titular do órgão de lotação. (Redação dada
pela Lei Complementar nº 634/2017)

126
LEGISLAÇÃO

§ 1º As férias poderão ser usufruídas em até 3 (três) períodos Art. 141 - É proibida a acumulação de férias, salvo em caso de
não inferiores a 10 (dez) dias, desde que requeridas pelo servidor absoluta necessidade do serviço e pelo prazo máximo de dois anos,
e no interesse da administração, neste caso, o servidor receberá com justificação comprovada pela chefia imediata e ratificada pelo
o adicional de 1/3 (um terço) no momento da fruição do primeiro titular do órgão de lotação.
período (Redação dada pela Lei Complementar nº 634/2017) Parágrafo Único - Em caso de acumulação de férias, poderá o
§ 2º Não poderá ser autorizado o gozo de novo período fruiti- servidor gozá-las ininterruptamente.
vo de férias enquanto houver saldo remanescente. (Redação dada Art. 142 Em caso de exoneração, demissão, aposentadoria e
pela Lei Complementar nº 634/2017) falecimento, é assegurado o direito ao pagamento de indenização
§ 3º O servidor efetivo ou comissionado, que for dispensado da relativa ao período aquisitivo de férias não gozadas, ao incompleto,
função gratifi cada ou exonerado do cargo em comissão, terá direito na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício,
a perceber a título de férias, conforme a média simples das remune- ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias. (Redação dada pela
rações que percebeu nos últimos 12 (doze) meses. (Redação dada Lei Complementar nº 634/2017)
pela Lei Complementar nº 634/2017)
§ 4º A Concessão de férias coletivas é ato discricionário da au- CAPÍTULO VII
toridade competente, e observar-se-á, quando necessário, a fruição DAS CONCESSÕES
e o pagamento proporcional de acordo com o período aquisitivo.
(Redação acrescida pela Lei Complementar nº 634/2017) Art. 143 - Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
§ 5º O gozo de férias do servidor sempre se inicia em um dia do serviço:
útil. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 634/2017) I - Por um dia, para doação de sangue;
Art. 135 - O pagamento da remuneração das férias será efetua- II - Por dois dias, para se alistar como eleitor;
do até dois dias antes do início do respectivo período, observando- III - Por oito dias consecutivos em razão de:
-se o disposto no § 1º deste artigo. a) Casamento;
§ 1º É facultado ao servidor converter um terço das férias em b) Falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
abono pecuniário, desde que cumulativamente: padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela, irmãos,
I - seja protocolado requerimento na Diretoria de Desenvolvi- avós e netos.
mento Humano com ao menos 60 (sessenta) dias de antecedência; Art. 144 - Será concedido horário especial ao servidor estudan-
II - tenha disponibilidade orçamentária declarada por meio de te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar
Decreto para o respectivo exercício. (Redação dada pela Lei Com- e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
plementar nº 576/2013) Parágrafo Único - Para efeito do disposto neste artigo será exi-
§ 2º - No cálculo do abono pecuniário será considerado o valor gida a compensação de horário na repartição, respeitada a duração
do acréscimo da remuneração de férias previsto no art. 137. semanal do trabalho.
§ 3º O servidor poderá optar pela não antecipação do paga- Art. 145 - O servidor legalmente responsável por pessoa porta-
mento da remuneração de férias, mediante requerimento próprio, dora de deficiência, que esteja em tratamento especializado, com
com pelo menos 60 (sessenta) dias de antecedência. (Redação necessidade comprovada por junta médica oficial, terá sua jornada
acrescida pela Lei Complementar nº 634/2017) diária de trabalho reduzida a seis horas corridas, conforme laudo
Art. 136 - O servidor que opera direta e permanentemente com médico expedido pela mesma.
raios X ou substâncias radioativas gozará vinte dias consecutivos de Art. 146 O servidor efetivo, sem cargo de provimento em co-
férias, por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer missão, poderá ser cedido mediante requisição para ter exercício
hipótese, a acumulação. em outros órgãos ou entidades públicas dos poderes da União, do
Parágrafo Único - O servidor referido neste artigo não fará jus Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como em entida-
ao abono pecuniário de que trata o artigo anterior. des privadas, sem fins lucrativos, nas seguintes hipóteses:
Art. 137 - Por ocasião das férias será pago ao servidor um terço I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
a mais de sua remuneração, calculada com base na média simples, II - em casos previstos em lei específica;
conforme previsto no § 3º do art. 134. III - mediante convênio. (Redação dada pela Lei Complementar
Parágrafo Único - No caso do servidor ter exercido função gra- nº 312/2003)
tificada ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será § 1º Na hipótese do inciso I deste artigo, o ônus da remunera-
considerada na remuneração apurada nos termos do § 3º do art. ção será do órgão ou entidade requisitante. (Redação dada pela Lei
134, inclusive no cálculo do adicional de que trata este artigo. (Re- Complementar nº 312/2003) (Parágrafo único transformado em §
dação dada pela Lei Complementar nº 273/2002) 1º pela Lei Complementar nº 605/2015)
Art. 138 - O servidor promovido, transferido ou removido, § 2º Na hipótese do inc. III, a cessão poderá se dar com ônus
quando em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se antes para o órgão ou entidade requisitante ou para o órgão cedente, des-
de terminá-las. de que devidamente justificado. (Redação acrescida pela Lei Com-
Art. 139 - (Revogado pela Lei Complementar nº 634/2017) plementar nº 605/2015)
Art. 140 - As férias somente poderão ser interrompidas por § 3º Quando a cessão se der nos termos do parágrafo anterior
motivos de calamidade pública, comoção interna, convocação para com ônus para o órgão requisitante e o servidor cedido permanecer
júri, serviço militar ou eleitoral ou por motivo de superior interesse na folha de pagamento do órgão cedente, caberá ao órgão requisi-
público. tante promover o reembolso. (Redação acrescida pela Lei Comple-
mentar nº 605/2015)

127
LEGISLAÇÃO

§ 4º Para fins desta Lei Complementar considera-se reembolso, Parágrafo Único - O requerimento e o pedido de reconsidera-
a restituição ao cedente das parcelas da remuneração ou salário, já ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados
incorporadas à remuneração ou salário do servidor cedido, de na- no prazo de cinco dias e decididos dentro de trinta dias.
tureza permanente, inclusive encargos sociais. (Redação acrescida Art. 154 - Caberá recursos:
pela Lei Complementar nº 605/2015) I - Do indeferimento do pedido de reconsideração;
§ 5º O reembolso, quando devido, deverá ser realizado até o 5º II - Das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
dia útil do mês subsequente ao serviço prestado, devendo o cessio- § 1º - O recurso será dirigido a autoridade imediatamente su-
nário apresentar o comprovante de pagamento no primeiro dia útil perior a que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessi-
subsequente ao efetuado. (Redação acrescida pela Lei Complemen- vamente, em escala ascendente, ás demais autoridades.
tar nº 605/2015) § 2º - O recurso será encaminhado por intermédio da autorida-
§ 6º O valor do reembolso, quando devido, será apresentado de a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
ao cessionário pelo cedente, sempre que houver alteração do valor Art. 155 - O prazo para interposição de pedido de reconside-
da remuneração ou salário, discriminando a parcela remuneratória ração ou de recurso é de trinta dias, a contar da publicação ou da
e o servidor objeto da cessão. (Redação acrescida pela Lei Comple- ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.
mentar nº 605/2015) Art. 156 - O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
Art. 147 - O servidor estável poderá ausentar-se do Município a juízo da autoridade competente.
para estudo, sem remuneração, desde que autorizado pelo Prefeito Parágrafo Único - Em caso de provimento do pedido de recon-
Municipal. sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão a data do
§ 1º - Poderá ser autorizada a ausência, com percepção integral ato impugnado.
de sua remuneração, se o estudo for afim com a atividade pública Art. 157 - O direito de requerer prescreve:
exercida pelo servidor, mediante autorização motivada do Prefeito I - Em cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação
Municipal. de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afete interesse patri-
§ 2º - A ausência de que trata este artigo não excederá de qua- monial e créditos resultantes das relações de trabalho;
tro anos, e, findo o período, somente decorrido outro igual, será II - Em cento e vinte dias, nos demais casos, salvo quando outro
permitida nova ausência para estudo, ou concedida licença para prazo for fixado em Lei.
tratar de interesse particular. Parágrafo Único - O prazo de prescrição será contado da data
da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interes-
CAPÍTULO VIII sado, quando o ato não for publicado.
DO EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO Art. 158 - O pedido de reconsideração e o recurso, quando ca-
bíveis, interrompem a prescrição.
Art. 148 - Ao servidor municipal investido em mandato eletivo, Art. 159 - A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
aplicam-se as disposições previstas na Constituição Federal. relevada pela Administração, sem expressa autorização legislativa.
Parágrafo Único - O servidor investido em mandato eletivo Mu- Art. 160 - Para o exercício do direito de petição, é assegura-
nicipal é inamovível de ofício pelo tempo de duração do seu man- da vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou
dato. a procurador por ele constituído, podendo ser extraídas cópias de
atas e documentos do processo por procurador habilitado.
CAPÍTULO IX Art. 161 - A Administração deverá rever seus atos, a qualquer
DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE E SEGURIDADE SOCIAL tempo, quando eivados de ilegalidade.
Art. 162 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
Art. 149 - A assistência a saúde do servidor ativo ou inativo e de neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
sua família compreende assistência médica, hospitalar, odontológi-
ca, psicológica e farmacêutica prestada na forma da Lei Municipal. TÍTULO III
Art. 150 - O Município manterá Plano de Seguridade Social para DO REGIME DISCIPLINAR
o servidor e sua família, através de seu órgão Previdenciário.
Parágrafo Único - O Plano de Seguridade Social visa dar cober- CAPÍTULO I
tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família e com- DOS DEVERES
preende um conjunto de benefícios estabelecidos em legislação
específica. Art. 163 - São deveres do servidor:
I - Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
CAPÍTULO X II - Ser leal às instituições a que servir;
DO DIREITO DE PETIÇÃO III - Observar as normas legais e regulamentares;
IV - Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
Art. 151 - É assegurado ao servidor o direito de requerer aos mente ilegais;
Poderes Municipais, em defesa de direito ou interesse legítimo. V - Atender com presteza:
Art. 152 - O requerimento será dirigido à autoridade compe- a) Ao público, em geral, prestando as informações requeridas,
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que ressalvadas as protegidas por sigilo;
estiver imediatamente subordinado o requerente. b) À expedição de certidões requeridas para defesa de direito
Art. 153 - Cabe pedido da reconsideração à autoridade que ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden- c) Às requisições para a defesa do Município, com preferência
do ser renovado. sobre qualquer outro serviço.

128
LEGISLAÇÃO

VI - Levar ao conhecimento da autoridade superior as irregula- XIII - Receber propina, comissão, presente ou vantagem de
ridades de que tiver ciência em razão do cargo; qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
VII - Zelar pela economia do material e pela conservação do XIV - Praticar usura sob qualquer de suas formas;
que for confiado à sua guarda ou utilização; XV - Proceder de forma desidiosa;
VIII - Guardar sigilo sobre assuntos da repartição; XVI - Utilizar pessoal ou recurso materiais da repartição em ser-
IX - Manter conduta compatível com a moralidade administra- viços ou atividades particulares;
tiva; XVII - Cometer a outro servidor atribuições estranhas às do car-
X - Ser assíduo e pontual ao serviço, inclusive na convocação go que ocupa, exceto em situações transitórias de emergência;
para serviços extraordinários; XVIII - Exercer quaisquer atividades, inclusive conversas e leitu-
XI - Tratar com urbanidade as pessoas; ras, que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
XII - Representar contra a ilegalidade, omissão ou abuso de po- com o horário de trabalho.
der;
XIII - Sugerir providências tendentes à melhoria dos serviços; CAPÍTULO III
XIV - Frequentar cursos de treinamento ou especialização, DA ACUMULAÇÃO
quando designado.
XV - manter sempre atualizados seus dados cadastrais, espe- Art. 165 - A acumulação remunerada de cargos públicos somen-
cialmente, endereço residencial e domiciliar, e relação de depen- te será permitida nos casos previstos na Constituição da República.
dentes. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 528/2011) Parágrafo Único - A proibição de acumular estende-se a empre-
Parágrafo Único - A representação de que trata o inciso XII, des- gos e funções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades
te artigo, será encaminhada pela via hierárquica e obrigatoriamente de economia mista e fundações mantidas pelo Poder Público.
apreciada pela autoridade superior aquela contra a qual é formula- Art. 166 - O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
da, assegurando-se ao representante o direito de defesa. comissão, nem ser remunerado pela participação em órgão de de-
liberação coletiva.
CAPÍTULO II Art. 167 - O servidor, vinculado ao regime desta Lei, que acu-
DAS PROIBIÇÕES mular licitamente dois cargos de carreira, quando investido em car-
go de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos
Art. 164 - Ao servidor é proibido: efetivos.
I - Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- § 1º - O servidor que se afastar dos dois cargos que ocupa po-
torização do chefe imediato; derá optar pela remuneração destes mais a gratificação do cargo
II - Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, em comissão ou, unicamente,por aquela do cargo em comissão.
qualquer documento ou objeto da repartição; § 2º - O afastamento previsto neste artigo ocorrerá apenas em
III - Recusar fé a documentos públicos; relação a um dos cargos, se houver compatibilidade de horários.
IV - Opor resistência injustificada a tramitação de documento e § 3º - O servidor que se afastar de um dos cargos que ocupa,
processo ou execução de serviço; poderá optar pela remuneração deste, mais a gratificação do cargo
V - Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto em comissão ou pela remuneração correspondente ao cargo em
da repartição; comissão.
VI - Referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso às auto-
ridades públicas ou aos atos do Poder Público, mediante manifesta- CAPÍTULO IV
ção escrita ou oral, podendo, porém, criticar ato do Poder Público, DAS RESPONSABILIDADES
do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço, em tra-
balho assinado; Art. 168 - O servidor responde civil, penal e administrativamen-
VII - Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos te, pelo exercício irregular de suas atribuições.
previstos em Lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res- Art. 169 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
ponsabilidade ou de seu subordinado; comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao Erário ou
VIII - Coagir ou aliciar outro servidor no sentido de filiação à a terceiros.
associação profissional, sindical ou partido político; § 1º - A indenização de prejuízo dolosamente causado ao Erário
IX - Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de somente será liquidada na forma prevista no art. 62, na falta de
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
civil; § 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
X - Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, servidor perante a Fazenda Pública em ação regressiva.
em detrimento da dignidade da função pública; § 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso-
XI - Participar de gerência ou de administração de empresa pri- res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
vada, de sociedade civil, ou exercer comércio e, nessa qualidade, recebida.
transacionar com o Município, exceto se a transação for precedida Art. 170 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
de licitação; venções imputados ao servidor, nessa qualidade.
XII - Atuar, como procurador ou intermediário, junto a repar- Art. 171 - A responsabilidade administrativa resulta de ato
tições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciá- omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun-
rios ou assistenciais de parentes até segundo grau, e de cônjuge ou ção.
companheiro; Art. 172 - As sanções civis, penais e administrativas poderão
cumular-se, sendo independentes entre si.

129
LEGISLAÇÃO

Art. 173 - A responsabilidade civil ou administrativa do servidor § 1º - Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há
será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente.
do fato ou sua autoria. § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos,
Art. 174 - É dever das chefias fazer cumprir as determinações empregos ou função exercido em outro órgão ou entidade, a demis-
expedidas pelas autoridades competentes, através dos atos norma- são lhe será comunicada.
tivos, sob pena, inclusive, de destituição de função. Art. 182 - A destituição de cargo em comissão exercido por não
ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujei-
CAPÍTULO V tas às penalidades de suspensão e de demissão.
DAS PENALIDADES Art. 183 - A demissão ou a destituição de cargo em comissão
nos casos dos incisos IV, VIII e X do art. 180, implica a indisponibi-
Art. 175 - São penalidades disciplinares: lidade dos bens e o ressarcimento ao Erário, sem prejuízo de ação
I - Advertência; penal cabível.
II - Suspensão; Art. 184 - A demissão ou a destituição de cargo em comissão
III - Demissão; por infrigênica do art. 164, incisos X e XIII, incompatibiliza o ex-ser-
IV - Cassação de aposentadoria ou disponibilidade; vidor para nova investidura em cargo público pelo prazo mínimo
V - Destituição de cargo em comissão; de cinco anos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 154/1996)
VI - Destituição de função gratificada. Parágrafo Único - Não poderá retornar ao serviço público muni-
Art. 176 - Na aplicação das penalidades serão consideradas a cipal, o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comis-
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela são por infrigência do art. 180, incisos I, IV, VIII, X e XI.
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou Art. 185 - A destituição de função gratificada será aplicada nos
atenuantes e os antecedentes funcionais. casos de infração, sujeita a penalidade de suspensão.
Art. 177 - A advertência será aplicada por escrito, nos casos de Art. 186 - Configura abandono de cargo a ausência intencional
violação de proibição constantes do art. 164, incisos I a IX, e de ino- do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos. (Regu-
bservância de dever funcional previsto em Lei, regulamento ou nor- lamentado pelo Decreto nº 16.466/2016)
ma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. Art. 187 - Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
Art. 178 - A suspensão será aplicada em caso de reincidência viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
das faltas punidas com a advertência e de violação das demais proi- durante o período de doze meses.
bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis- Art. 188 - O ato da imposição da penalidade mencionará sem-
são, não podendo exceder de noventa dias. pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
Parágrafo Único - Será punido com suspensão de até quinze Art. 189 - As penalidades disciplinares serão aplicadas:
dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido I - Pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara Municipal e pelo
à inspeção médica determinada pela autoridade competente, cas- dirigente superior de autarquia e fundação, quando se tratar de de-
sando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. missão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor
Art. 179 - As penalidades de advertência e de suspensão terão vinculado ao respectivo Poder, órgão ou entidade;
seus registros cancelados, após o decurso de três e cinco anos de II - Pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse mente inferior aquelas mencionadas no inciso I deste artigo, quan-
período, praticado nova infração disciplinar. do se tratar de suspensão superior a trinta dias;
Parágrafo Único - O cancelamento da penalidade não surtirá III - Pelo chefe da repartição ou outra autoridade, na forma dos
efeitos retroativos. respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
Art. 180 - A demissão será aplicada nos seguintes casos: ou de suspensão de até trinta dias;
I - Crime contra a Administração Pública; IV - Pela autoridade que houver feito à nomeação ou s desig-
II - Abandono de cargo; nação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão de
III - Inassiduidade habitual; não ocupante de cargo efetivo ou destituição de função gratificada.
IV - Improbidade administrativa; Art. 190 - A ação disciplinar prescreverá:
V - Incontinência pública e conduta escandalosa, no local de I - Em cinco anos, quanto às infrações puníveis com demissão,
trabalho; cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo
VI - Insubordinação grave em serviço; em comissão;
VII - Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo II - Em dois anos, quanto à suspensão e destituição de função
em legítima defesa ou defesa de outrem; gratificada;
VIII - Aplicação irregular de dinheiros públicos; III - Em cento e oitenta dias, quanto à advertência.
IX - Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do § 1º - O prazo de prescrição começa a fluir da data em que o
cargo; fato se tornou conhecido.
X - Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio mu- § 2º - Os prazos de prescrição previstos na Lei penal aplicam-se
nicipal; às infrações disciplinares capituladas também como crime.
XI - Corrupção; § 3º - A abertura de sindicância ou a instauração de processo
XII - Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- disciplinar interrompem a prescrição, até a decisão final proferida
cas; por autoridade competente.
XIII - Transgressão do art. 164, incisos X a XVII. § 4º - Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
Art. 181 - Verificada, em processo disciplinar, acumulação proi- fluir a partir do dia em que cessar a interrupção.
bida e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos.

130
LEGISLAÇÃO

TÍTULO IV CAPÍTULO III


DOS PROCEDIMENTOS DE NATUREZA DISCIPLINAR DO PROCESSO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I Art. 199 - O processo disciplinar é o instrumento destinado a


DISPOSIÇÕES GERAIS apurar a responsabilidade do servidor por infração praticada no
exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
Art. 191 - O servidor que tiver ciência de irregularidade no ser- ções do cargo em que se encontre investido.
viço público é obrigado a dar ciência à autoridade e esta a tomar Art. 200 - O processo disciplinar será conduzido por Comissão
providências, objetivando a apuração dos fatos e responsabilida- Processante, permanente ou especial, composta de três servidores,
des, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar. entre os quais um advogado, designados pela autoridade compe-
§ 1º - As providências de apuração terão início logo em seguida tente que indicará, dentre eles, o seu Presidente. (Vide Decreto nº
ao conhecimento dos fatos e serão tomadas na Secretaria, onde es- 13.878/2013)
tes ocorreram, devendo consistir, no mínimo, em relatório circuns- § 1º - A Comissão terá como secretário um servidor designado
tanciado sobre o que se verificou. pelo seu presidente, podendo a designação recair em um dos seus
§ 2º - A averiguação preliminar de que trata o parágrafo an- membros.
terior poderá ser cometida pelo Secretário da área a servidor ou § 2º - Não poderá participar de Comissão Processante, cônjuge,
comissão de servidores. companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em
Art. 192 - O processo administrativo disciplinar procederá sem- linha reta ou colateral, até o terceiro grau, seu amigo íntimo ou ini-
pre a aplicação das penas de suspensão, por mais de trinta dias, migo.
destituição de função gratificada ou de cargo em comissão, demis- Art. 201 - A Comissão Processante exercerá suas atividades
são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade, sendo assegu- com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessá-
rada ao acusado ampla defesa. rio à elucidação do fato, ou exigido pelo interesse da Administração,
Art. 193 - Quando o fato narrado não configurar evidente infra- bem assim, ampla garantia no exercício de suas atribuições.
ção disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta Parágrafo Único - Incorrerá em falta grave, passível de demis-
de objeto. são, o servidor que, por qualquer meio, obstar dolosamente o an-
Art. 194 - Como medida cautelar e a fim de que o servidor não damento dos trabalhos da Comissão, incorrer em atitude de ofensa
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau- ou desrespeito em relação aos seus membros ou tentar persuadi-
radora do processo disciplinar poderá ordenar o seu afastamento -los em sua decisão.
do exercício do cargo, pelo prazo de até sessenta dias, sem prejuízo Art. 202 - O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
da remuneração. fases:
Parágrafo Único - O afastamento poderá ser prorrogado por I - Instauração com a publicação do ato que constituir a Comis-
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não são;
concluído o processo. II - Instrução, que compreende interrogatório, produção de
provas, defesa e relatórios;
CAPÍTULO II III - Julgamento.
DA SINDICÂNCIA Parágrafo Único - A instauração do processo disciplinar compe-
te as autoridades de que trata o inciso I do art. 189 desta Lei Com-
Art. 195 - A sindicância é peça preliminar informativa do pro- plementar, admitindo-se a delegação pelo Prefeito Municipal, pelo
cesso administrativo disciplinar, devendo ser promovida quando os Presidente Municipal, pelo Presidente da Câmara Municipal e pelo
fatos não estiverem definidos ou faltarem elementos indicativos da dirigente superior de autarquia e fundação. (Redação dada pela Lei
autoria. Complementar nº 476/2008)
§ 1º - O relatório da sindicância conterá a descrição articulada Art. 203 - O processo disciplinar será iniciado no prazo de cinco
dos fatos e proposta objetiva ante o que se apurou. dias, contados do recebimento dos autos pela Comissão e concluí-
§ 2º - Quando recomendar a instauração de processo adminis- do no prazo de sessenta dias, contados do seu início, admitida a sua
trativo, o relatório deverá apontar os dispositivos legais infringidos prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem, e
e a autoria apurada. mediante justificação fundamentada.
Art. 196 - A sindicância não comporta o contraditório e tem § 1º - Sempre que necessário, a Comissão dedicará tempo in-
caráter sigiloso, devendo ser ouvidos, no entanto, os envolvidos nos tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
fatos. ponto, até a entrega do relatório final.
Art. 197 - A sindicância deverá estar concluída no prazo de § 2º - As reuniões da Comissão serão registradas em atas que
trinta dias, que só poderá prorrogado, mediante justificação fun- deverão detalhar as deliberações adotadas.
damentada. Art. 204 - O processo disciplinar será contraditória, assegurada
Art. 198 - Da sindicância poderá resultar: ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
I - Arquivamento do processo; admitidos em direito.
II - Aplicação de penalidades de advertência ou suspensão de Art. 205 - Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
até trinta dias; nar, como peça informativa da instrução.
III - Instauração de processo administrativo disciplinar.

131
LEGISLAÇÃO

Art. 206 - No processo disciplinar, a comissão promoverá a to- Art. 214 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabi-
mada de depoimento, acareações, investigações e diligências cabí- do, será citado por edital, publicado no órgão oficial do Município
veis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, e em jornal de grande circulação na localidade, para apresentar de-
a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fesa.
fatos. Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
Art. 207 - É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o será de quinze dias a partir da última publicação do edital.
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e Art. 215 - Considerar-ser-á revel o indiciado que, regularmente
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular citado, não apresentar defesa no prazo legal.
quesitos, quando se tratar de prova pericial. § 1º - A revelia será declarada por termo nos autos do processo
§ 1º - O presidente da Comissão poderá denegar pedidos con- e devolverá o prazo para a defesa.
siderados impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum § 2º - Para defender o indiciado revel, a autoridade instaurado-
interesse para o esclarecimento dos fatos. ra do processo designará um dos advogados do Ente Empregador
§ 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- como defensor dativo.
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. Art. 215-A O Município de Uberlândia poderá formalizar parce-
Art. 208 - As testemunhas serão intimadas a depor mediante ria com a Ordem dos Advogados do Brasil para nomeação de advo-
mandato expedido pelo Presidente da Comissão, devendo a segun- gado, para atuação remunerada, como defensor dativo, em todas as
da via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos. fases dos processos administrativos disciplinares da Administração
Parágrafo Único - Se a testemunha for servidor público, a ex- Direta e Indireta, mediante autorização legislativa, nas hipóteses do
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da não comparecimento do servidor quando do seu interrogatório, da
repartição onde serve, com indicação do dia e da hora marcados revelia do indiciado e quando no início do processo seja verificada a
para a inquirição. hipossuficiência econômica. (Redação dada pela Lei Complementar
Art. 209 O depoimento será prestado oralmente e reduzido a nº 492/2008)
termo, não sendo lícito á testemunha trazê-lo por escrito. Art. 216 - Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio-
§ 2º - Na hipótese de depoimento contraditórios ou que se in- nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
firmem, proceder-se-á a acareação entre os depoentes. § 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto á inocência ou
Art. 210 - A comissão promoverá o interrogatório do acusado, e a responsabilidade do servidor.
em seguida, inquirirá as testemunhas, observados os procedimen- § 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comis-
tos previstos nos artigos 208 e 209. (Redação dada pela Lei Comple- são indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
mentar nº 154/1996) como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
§ 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi- Art. 217 - O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
do separamente, e, sempre que divergirem em suas declarações so- será remetido a autoridade que o instaurou, para que profira o jul-
bre os fatos ou circunstâncias, será promovida acareação entre eles. gamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 476/2008)
§ 2º - O procurador do acusado poderá assistir ao interroga-
tório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado SEÇÃO I
interferir nas perguntas e respostas facultando-se-lhe, porém, rein- DO JULGAMENTO
quiri-las, por intermédio do presidente da comissão.
Art. 211 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do Art. 218 - No prazo de sessenta dias, contados do recebimento
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo Art. 219 - O julgamento se baseará no relatório da comissão,
menos um médico psiquiatra. salvo quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo Único - O incidente de sanidade mental será proces- Parágrafo Único - Quando o relatório da comissão contrariar as
sado em auto apartado e penso ao processo principal, após a expe- provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
dição do laudo pericial. agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
Art. 212 - Tipificada a infração disciplinar, será formulada a in- responsabilidade.
dicação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados Art. 220 - Verificada a existência de vício insanável, a autori-
e das respectivas provas. dade julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo
§ 1º - O indiciado será citado por mandato expedido pelo presi- e ordenará a constituição de outra comissão para instauração de
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de dez novo processo.
dias, assegurando-se-lhe vista do processo. § 1º - O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
§ 2º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e processo.
de vinte dias. § 2º - A autoridade julgadora que der causa a prescrição de que
§ 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, trata o art. 190, § 1º, será responsabilizada na forma desta Lei.
para diligências reputadas indispensáveis. Art. 221 - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
§ 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em duais do funcionário.
termo próprio pelo membro da comissão que fez a citação, com a Art. 222 - Quando a infração estiver capitulada como crime, a
assinatura de duas testemunhas. autoridade julgadora determinará a remessa dos autos do processo
Art. 213. O indiciado que mudar de residência, fica obrigado a disciplinar policial, ficando um traslado na repartição.
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.

132
LEGISLAÇÃO

Art. 223 - O servidor que responder a processo disciplinar só TÍTULO V


poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, CAPÍTULO ÚNICO DAS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade aca-
so aplicada. Art. 234 - As contratações para atender necessidades tempo-
Parágrafo Único - Ocorrida a exoneração de que trata o art. 48, rárias de excepcional interesse público, especificadas em Lei, serão
parágrafo único, inciso I, o ato será convertido em demissão, se for feitas mediante contrato de locação de serviços.
o caso. Art. 234 - (Lei Complementar nº 361/2004 declarada Inconsti-
Art. 224 - Serão assegurados transporte e diárias: tucional nos termos da ADI 1.0000.04.413.442-7-000)
I - Ao servidor convocado para prestar depoimento fora da Parágrafo Único - É vedado o desvio de função de pessoa con-
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciando tratada na forma deste artigo, bem como sua recontratação, sob
ou indiciado. pena de nulidade do contrato e responsabilidade administrativa e
II - Aos membros da comissão e ao secretário, quando obri- civil da autoridade contratante.
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
missão essencial para esclarecimento dos fatos. TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
SEÇÃO II
DA REVISÃO DO PROCESSO Art. 235 - Os instrumentos de procuração utilizados para rece-
bimento de direitos ou vantagens de servidores municipais terão
Art. 225 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer validade por doze meses, devendo ser renovados após findo este
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem a inocência do prazo.
punido ou a inadequação da penalidade aplicada. Art. 236 - Para todos os efeitos previstos nesta Lei Complemen-
§ 1º - Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento tar e em leis do Município de Uberlândia, os exames de sanidade
do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão física e mental serão obrigatoriamente realizados por médico da
do processo. prefeitura ou, na sua falta, por médico credenciado pelo Município.
§ 2º - Em caso de incapacidade mental do servidor, a revisão § 1º - Em casos especiais, atendendo a natureza da enfermida-
será requerida pelo respectivo curador. de, a autoridade municipal poderá designar junta médica para pro-
Art. 226 - No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- ceder ao exame, dela fazendo parte, obrigatoriamente, o médico
querente. do Município ou o médico credenciado pela autoridade municipal.
Art. 227 - A simples alegação de injustiça da penalidade não § 2º - Os atestados médicos concedidos aos servidores munici-
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos, pais, quando em tratamento fora do Município, terão sua validade
ainda não apreciados no processo originário. condicionada à verificação posterior pelo médico do Município.
Art. 228 - O requerimento de revisão de processo será enca- Art. 237 - Salvo disposição expressa em contrário, à contagem
minhado ao dirigente do órgão ou entidades onde se originou o de tempo e de prazos previstos neste Estatuto, será feita em dias
processo disciplinar. corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se do seu tér-
Parágrafo Único - Deferida a petição, o dirigente do órgão ou mino.
entidade providenciará a constituição de comissão, na forma pre- Parágrafo Único - Considera-se prorrogado o prazo até o pri-
vista no art. 200 desta Lei. meiro dia útil, se o término cair em sábado, domingo, feriado ou
Art. 229 - A revisão correrá em apenso ao processo originário. em dia que:
Parágrafo Único - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e I - Não houver expediente;
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que II - O expediente for encerrado antes da hora normal.
arrolar. Art. 238 - É vedado exigir atestado de ideologia como condição
Art. 230 - A comissão revisora terá até sessenta dias para a de posse ou exercício em cargo público.
conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por igual prazo, quando as Art. 239 - São isentos de taxas, emolumentos ou custas os re-
circunstâncias o exigirem. querimentos, certidões e outros papéis que, na esfera administrati-
Art. 231 - Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no va, interessarem ao servidor municipal, ativo ou inativo, no que se
que couber, as normas e os procedimentos próprios da comissão referir a sua situação funcional.
do processo disciplinar. Art. 240 - O dia vinte e oito de outubro será consagrado ao ser-
Art. 232 - O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe- vidor público municipal, sendo fixada a última sexta-feira daquele
nalidade. mês para sua comemoração.
Parágrafo Único - O prazo para julgamento será de até sessenta Art. 241 - A jornada de trabalho nas repartições municipais será
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a au- fixada por decreto do Prefeito Municipal, respeitada a duração do
toridade julgadora poderá determinar diligência. trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta sema-
Art. 233 - Julgada procedente a revisão, será declarada sem nais e facultadas à compensação de horários e a redução da jorna-
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos da. (Vide Decreto nº 8773/2002)
do servidor. Parágrafo Único - Fica o Poder Executivo Municipal autorizado
Parágrafo Único - Da revisão do processo não poderá resultar a instituir jornadas especiais de 12x36 horas, bem como escalas de
agravamento de penalidade. serviço, mediante decreto, respeitada a duração máxima da jornada
de 40 horas semanais, conforme a necessidade de serviço. (Reda-
ção acrescida pela Lei Complementar nº 473/2008)

133
LEGISLAÇÃO

Art. 242 - O Prefeito Municipal baixará, por Decreto, os regu- Art. 255 - Lei Municipal estabelecerá critérios para a compati-
lamentos necessários a execução da presente Lei Complementar. bilização de seus quadros de pessoal ao disposto nesta Lei comple-
Art. 243 - A presente Lei Complementar aplicar-se-á aos servi- mentar e a reforma administrativa dela decorrente.
dores da Câmara Municipal, cabendo ao Presidente desta as atri- Art. 256 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84/1994)
buições reservadas ao Prefeito Municipal, quando for o caso. Art. 257 - Lei Municipal fixará as diretrizes dos planos de carrei-
Art. 244 - Ficam submetidos ao regime previsto nesta Lei Com- ra para a Administração direta, as autarquias e as fundações muni-
plementar os servidores estatutários da Prefeitura, da Câmara Mu- cipais, de acordo com suas peculiaridades.
nicipal, das autarquias e das fundações públicas municipais. Art. 258 - Para efeito de concessão do adicional sobre anuê-
Art. 245 - O Departamento de Recursos Humanos tomará, no nio de serviço de que trata esta Lei, fica assegurado aos servidores
âmbito de suas atribuições, as medidas necessárias para facilitar os abrangidos pelo art. 2º da Lei Complementar nº 3, de 11 de janeiro
procedimentos decorrentes do disposto nesta Lei Complementar. de 1991, o cômputo do tempo de serviço municipal local não consi-
Art. 247 - Fica assegurado aos servidores de que trata o art. 2º derado para percepção do benefício concedido pelas N.P. 11 e N.P.
da Lei Complementar nº 19 de 27 de dezembro de 1991, o aprovei- 12 do Decreto nº 3870, de 13 de abril de 1988, já revogado.
tamento do tempo excedente ao do último quinquênio para per- Art. 259 - As férias-prêmio de que trata a lei nº 157, de 2 de
cepção do adicional sobre o anuênio, à razão de dois por cento por março de 1951, ficam transformadas em licença-prêmio, nos ter-
ano completo de efetivo exercício até a vigência desta Lei. mos dos arts. 126 a 130.
Parágrafo Único - O período não integralizado será computado Art. 260 - Ao servidor público municipal não estável que teve
da seguinte forma: seu contrato de trabalho transformado em função pública, pela Lei
a) As frações iguais ou maiores a cento e oitenta dias integrali- Complementar nº 03, de 11 de janeiro de 1991, fica assegurado, em
zarão o anuênio subsequente no percentual de dois por cento; caso de sua exoneração, em virtude de não aprovação em concurso
b) As frações menores a cento e oitenta dias integralizarão o público, todos os direitos anteriormente a ele garantidos pelas leis
anuênio subsequente à razão de um por cento. trabalhistas. (Artigo promulgado em 06/11/1992)
Art. 248 É permitida a participação de servidor ocupante do Art. 261 - Aos casos omissos serão aplicadas, subsidiariamente,
cargo de provimento efetivo de Advogado ou de Procurador Muni- as normas do pessoal civil do Estado de Minas Gerais e da União.
cipal, na comissão de que trata o art. 200, desta Lei Complementar. Art. 262 - Revoga-se a seguinte Legislação Municipal: Leis nº
(Redação dada pela Lei Complementar nº 411/2005) s: 70, de 10 de junho de 1949, exceto os arts. 47 a 63; 149, de 27
Art. 249 - Os atuais servidores públicos estatutários integram de setembro de 1950; 224, de 27 de dezembro de 1951; 157, de
o Quadro de servidores Públicos do Município, mantidas as suas 2 de março de 1951; 502, de 15 de dezembro de 1954; 520, de 1º
atuais lotações nos respectivos órgãos. de março de 1955; 716, de 8 de dezembro de 1985; 995, de 26 de
Art. 250 - Esta Lei se aplica aos servidores que exercem função dezembro de 1961; 1004, de 20 de março de 1962; 1006, de 11 de
pública, nos termos da Lei Complementar nº 3, de 11 de janeiro de julho de 1962; 1372, de 19 de novembro de 1965; 3041, de 3 de
1991. outubro de 1979; e de mais disposições em contrário, em especial
Art. 251 - O Chefe do Poder Executivo remeterá à Câmara Mu- os arts. 34 a 38 da Lei nº 4407, de 16 de setembro de 1986 e os arts.
nicipal, no prazo de cento e oitenta dias a contar da data da vigên- 44 a 48 do Decreto nº 3406, de 22 de dezembro de 1986.
cia desta Lei Complementar, projeto de Lei que estabeleça o limite Art. 263 - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
máximo e a relação de valores entre a maior e a menor remunera- publicação.
ção dos servidores públicos, observados, como limites máximos, os
valores percebidos como remuneração, em espécie, pelo Prefeito. Prefeitura Municipal de Uberlândia, 5 de outubro de 1992.
Art. 252 - Em caso de falecimento do servidor na ativa fica as-
segurada ao cônjuge sobrevivente ou herdeiros legalmente institu- LEI COMPLEMENTAR Nº 40, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992. -
ídos, a percepção da remuneração do saldo de dias trabalhados no (PROMULGADA PELA CÂMARA MUNICIPAL)
mês do evento, bem como da quantia correspondente a férias e
gratificação de natal, integral ou proporcionalmente, e de licença- DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO
-prêmio cujo direito já tenha sido adquirido até o dia do falecimen- MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, SUAS AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES PÚ-
to. BLICAS E CÂMARA MUNICIPAL.
Art. 253 - As despesas de funeral e sepultamento de servidor
morto em decorrência do comprovado acidente do trabalho corre- O Presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, no uso de
rão á conta de erário público municipal, respeitados os limites míni- suas atribuições, nos termos do § 7º do artigo 27 da Lei Orgânica
mos de preços de mercado. do Município, PROMULGA os seguintes artigos e parágrafos da Lei
§ 1º - Nesta hipótese não será devida a concessão do auxílio Complementar nº 40/1992.
funeral previsto no artigo 47, da Lei nº 4407, de 16 de setembro
de 1986. Art. 1º “Art. 43 É contado para todos os efeitos o tempo de
§ 2º - Será concedido transporte á família do servidor, quando serviço público municipal local”.
este falecer fora do Município, em território nacional, no desempe- Art. 2º “Art. 95 - ...
nho de cargo ou função. (Redação dada pela Lei Complementar nº § 1º - ...
116/1995) § 2º - ...
Art. 254 - Em caso de falecimento do servidor a serviço fora do § 3º - O serviço extraordinário prestado por um período ininter-
Município, inclusive no exterior, as despesas de translado do corpo rupto de dois anos, assegurará ao servidor direito de incorporar ao
correrão a conta de recursos municipais. seu vencimento o valor correspondente à média dos últimos doze
meses, em caso de diminuição ou suspensão”.

134
LEGISLAÇÃO

Art. 3º “Art. 96 ... 3. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2020 - DMAE - MG - Quími-


Parágrafo único. Ao servidor público municipal que prestar ser- co- Segundo o Art. 12 da Lei Complementar municipal nº 40/1992,
viço noturno por um período ininterrupto de dois anos, fica assegu- que dispõe sobre o estatuto dos servidores públicos do município
rado o direito a incorporar ao seu vencimento, o valor correspon- de Uberlândia, suas autarquias, fundações públicas e câmara muni-
dente à média dos últimos doze meses, em caso de sua suspensão”. cipal, são formas de provimento em cargo público, exceto:
Art. 4º “Art. 125 É garantida a liberação do servidor público mu- (A) Nomeação.
nicipal para o exercício de mandato eletivo em diretoria de entida- (B) Transposição.
de sindical, sem prejuízo da remuneração, e dos demais direitos e (C) Readaptação.
vantagens de seu cargo”. (D) Redesignação.
Art. 5º “Art. 246 O tempo de serviço público municipal local
prestado sob o regime celetista será computado para todos os efei- 4. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2020 - DMAE - MG - Técnico
tos, inclusive para fins de férias, gratificações natalina, licença-prê- em Segurança do Trabalho- De acordo com o Art. 26 da Lei Com-
mio, anuênio, aposentadoria, disponibilidade e o disposto no artigo plementar municipal nº 40/1992, que dispõe sobre o estatuto dos
66 desta lei”. servidores públicos do município de Uberlândia, suas autarquias,
Art. 6º “Art. 260 Ao servidor público municipal não estável que fundações públicas e câmara municipal, o servidor habilitado em
teve seu contrato de trabalho transformado em função pública, concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo ad-
pela Lei Complementar nº 03, de 11 de janeiro de 1991, fica assegu- quirirá estabilidade no serviço público ao completar quantos anos
rado, em caso de sua exoneração, em virtude de não aprovação em de efetivo exercício?
concurso público, todos os direitos anteriormente a ele garantidos (A) Dois.
pelas leis trabalhistas”. (B) Três.
Art. 7º Esses artigos e parágrafos entram em vigor na data de (C) Quatro.
sua publicação. (D) Cinco.

Uberlândia, 06 de novembro de 1992. GABARITO

QUESTÕES
1 C
1. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Uber- 2 C
lândia - MG - Inspetor Escolar- De acordo com a Lei Complementar 3 D
nº 40, de 6 de novembro de 1992, que dispõe sobre o Estatuto dos
4 B
Servidores Públicos do Município de Uberlândia, suas Autarquias,
Fundações Públicas e Câmara Municipal, são deveres do servidor,
exceto:
(A) Tratar com urbanidade as pessoas. ANOTAÇÕES
(B) Sugerir providências tendentes à melhoria dos serviços.
(C) Cumprir as ordens superiores, independentemente de sua ______________________________________________________
legalidade.
(D) Levar ao conhecimento da autoridade superior as irregula- ______________________________________________________
ridades de que tiver ciência em razão do cargo.
______________________________________________________
2. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Uber-
lândia - MG - Professor - Educação Infantil- De acordo com a Lei ______________________________________________________
Complementar nº 40, de 6 de novembro de 1992, que dispõe so-
bre o Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Uberlândia, ______________________________________________________
suas Autarquias, Fundações Públicas e Câmara Municipal, são deve-
______________________________________________________
res do servidor, exceto:
(A) Tratar com urbanidade as pessoas. ______________________________________________________
(B) Sugerir providências tendentes à melhoria dos serviços.
(C) Cumprir as ordens superiores, independentemente de sua ______________________________________________________
legalidade.
(D) Levar ao conhecimento da autoridade superior as irregula- ______________________________________________________
ridades de que tiver ciência em razão do cargo.
______________________________________________________

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135
LEGISLAÇÃO

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136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Combate às Endemias

Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergesto-


POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA res Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:
Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Bási-
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 ca - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação
e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a - SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo-
revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âm- nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS.
bito do Sistema Único de Saúde (SUS). Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi-
dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde -
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma
lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons- a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do-
tituição, e cumento.
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dis- Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi-
põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção,
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon- proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
dentes, e dá outras providências, considerando: cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com
Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú- equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini-
de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es- do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária.
taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga- §1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro
nização e funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora
de 28 de dezembro de 1990; das ações e serviços disponibilizados na rede.
Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006, § 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui-
que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple- tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e
mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde; demandas do território, considerando os determinantes e condicio-
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro nantes de saúde.
de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição; § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero,
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida-
de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari-
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no dade, limitação física, intelectual, funcional e outras.
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); § 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal; estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer
Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto-
dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981; nomia e na situação de saúde.
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope-
regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor racionalizados na Atenção Básica:
sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planeja- I - Princípios:
mento da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfede- a) Universalidade;
rativa; b) Equidade; e
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de c) Integralidade.
2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recur- II - Diretrizes:
sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos a) Regionalização e Hierarquização:
de financiamento, com respectivo monitoramento e controle; b) Territorialização;
Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que c) População Adscrita;
aprova a Política de Promoção da Saúde; d) Cuidado centrado na pessoa;
Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, e) Resolutividade;
que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à f) Longitudinalidade do cuidado;
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); g) Coordenação do cuidado;
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017 h) Ordenação da rede; e
Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de i) Participação da comunidade.
Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá- X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro-
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne-
previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser cessidade do território e planejamento de saúde;
estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá- Básica nos territórios;
sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu-
às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja-
considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers- mento e programação;
pectiva da intra e intersetorialidade. XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com dados para o planejamento das ações;
esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS. XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores
Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti-
de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos
voltados à Atenção Básica;
CAPÍTULO I XV - estimular a participação popular e o controle social;
DAS RESPONSABILIDADES XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for-
mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go- em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida-
verno: des Básicas de Saúde;
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por- uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces-
taria; so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME,
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es-
- ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali- pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito
ficação da Atenção Básica; federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra-
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições lidade do cuidado;
para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de
equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência, ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis
de acordo com as normas vigentes; com as necessidades de saúde de cada localidade;
IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci- XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para
mento da Atenção Básica; as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá-
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde- ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e
nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui- XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa-
ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores; ção Permanente e gestão da rede assistencial.
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de
Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi- Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da
zação da Atenção Básica; União:
VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza- I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co-
cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio-
à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e nal de Atenção Básica;
continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ- II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia-
denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras mento da Atenção Básica;
que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri-
dos serviços ofertados às pessoas; partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático,
VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio- prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus-
nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas teio e investimento das ações e serviços;
de cuidado e o vínculo; IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri-
IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In- to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso-
formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que lidação da Atenção Básica;
assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor- V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto
do com suas responsabilidades; às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona-
lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica;

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis- I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten-
ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
e profissionais da Atenção Básica; II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós- em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e nal vigente;
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
para formação e garantia de educação permanente e continuada configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís-
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado.
necessidades locais. IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res-
Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo
Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten- com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação
ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com e coordenação do cuidado;
as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa- V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro-
bilidades dos Estados e do Distrito Federal: fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e
I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia- outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas Saúde vigente, conforme regulamentação específica;
para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten- VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica
ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal; atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS;
II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre- para a participação da comunidade no exercício do controle social;
vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen-
investimento das ações e serviços; to tripartite da Atenção Básica;
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten- IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta-
ção Básica nos municípios; ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur-
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis- sos da Atenção Básica transferidos aos município;
temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re- X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi-
sultados obtidos; ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis- XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo
temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási-
prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor- ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
mações aos gestores municipais; XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da
VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da Atenção Básica;
Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces-
acesso à informação; so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma-
VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes
implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e que atuam na Atenção Básica implantadas;
de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici- compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con-
pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação formidade com a legislação vigente;
da Atenção Básica; XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi-
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda- cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução
gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma- do conjunto de ações propostas;
nente dos membros das equipes de gestão e de atenção; XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces-
X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com sário ao cuidado resolutivo da população;
as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência
educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem
atuam na Atenção Básica; e enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento
XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di-
como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica. reito fundamental de acesso à informação;
Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde- XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re-
nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção
seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori- Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e
dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do
Distrito Federal:

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi-
Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis- ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga-
tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e nização nos municípios, conforme descritos a seguir:
a modalidade de atenção. 1.1 - Princípios
Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá- - Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a
sica está detalhada no Anexo a esta Portaria. serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou- a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
tubro de 2011. acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi-
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci-
RICARDO BARROS mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço
ANEXO de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas
BÁSICA OPERACIONALIZAÇÃO que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas
CAPÍTULO I para suas demandas e necessidades.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE - Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças
nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife-
experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his- renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida
toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona-
Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra- lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de
balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria, saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física,
conforme normatização vigente no SUS, que define a organização intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam
em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida- minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos-
do integral e direcionado às necessidades de saúde da população, sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que
destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta impacte na autonomia e na situação de saúde.
de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equi-
contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon- pe de saúde que atendam às necessidades da população adscrita
tos de atenção à saúde. nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí- prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução
lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten- de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela
ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reco-
da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios nhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas
progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da
regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de ampliação da autonomia das pessoas e coletividade.
populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de 1.2 - Diretrizes
responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da
consonância com a política de promoção da equidade em saúde. RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es-
inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor- tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes
porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar-
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina- quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS
ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa entre si, com fluxos e referências estabelecidos.
o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro- - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o planeja-
teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, mento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de
agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi-
Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas, co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes
nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es-
e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria,
que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que considerasse Território a unidade geográfica única, de construção
a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas- descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina-
sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da
na Atenção Básica. saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú-
de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten-
cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define
populações específicas. a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e
III - População Adscrita: população que está presente no terri- direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons-
tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga- de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as-
rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri-
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal
de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as pesso- porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar
as a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e
confiança necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território.
sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas neces- a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde-
sidades e potencialidades na busca de uma vida independente e nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada
plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”.
elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinan- Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco-
tes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado. nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi-
- Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à
resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida- saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde
do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane-
construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente jamento ascendente.
efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre-
de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui-
resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população, dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção,
coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan- servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação
do necessário. da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e
da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili- incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas
zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros
permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven- pontos da RAS.
ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evi- Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular
tando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase
que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re-
falta de coordenação do cuidado. ferências de seu território.
Recomenda-se a articulação e implementação de processos
VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam
o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais
como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten- como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des-
ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu-
destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte- nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados,
grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten- com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/
ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de ou a distância, entre outros.
saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas
da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi- de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re-
dades desta população em relação aos outros pontos de atenção gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento
à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida-
como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida- do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes
des de saúde das pessoas. quanto se constituem como referência que modula a avaliação das
IX - Participação da comunidade: estimular a participação das solicitações pelos médicos reguladores.
pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí-
Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição
sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além
e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra- recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz
vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi- maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera.
zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
centradas nas pessoas e no exercício do controle social.

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A gestão municipal deve articular e criar condições para que a 3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde
referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza- São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm-
dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon- bito da Atenção Básica:
sabilidade: a) Unidade Básica de Saúde
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção Recomenda-se os seguintes ambientes:
da RAS; Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
atenção; e farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
pessoas do território. rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
ATENÇÃO BÁSICA equipo odontológico completo;
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul-
adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad-
UBS às necessidades de saúde da população de cada território ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre
3.1 Infraestrutura e ambiência outros ambientes conforme a necessidade.
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti- b) Unidade Básica de Saúde Fluvial
tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos Recomenda-se os seguintes ambientes:
processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá- a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para
rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi- assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce-
deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal,
de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a será necessário consultório odontológico com equipo odontológico
serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos completo;
e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha- b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para
dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser- os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente
viço e para a educação permanente na UBS. para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi-
As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá- dade.
rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen- c) Unidade Odontológica Móvel
tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida-
Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema de de atenção à saúde bucal, equipado com:
de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem;
acordo com as normas em vigor para tal. aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais;
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor
populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi-
pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló-
instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla-
pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa- ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador.
nitária.
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô- 3.3 - Funcionamento
nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter- Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu
pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma- funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais,
na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi-
dos profissionais de saúde. bilitando acesso facilitado à população.
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen- Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados
tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re- através das instâncias de participação social, desde que atendam
comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar expressamente a necessidade da população, observando, sempre
ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes- que possível, a carga horária mínima descrita acima.
soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais, Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando
horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi- o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási-
co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência ca, recomenda-se :
em conformidade com as normativas vigentes. i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de
Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas, Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro
para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces- do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção
sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos Básica.
capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos
prestada nos municípios e Distrito Federal. de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu-
nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi-
pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de
Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em
o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo-
território, assegurando-se a qualidade do cuidado. corregionais.
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo. processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de atenção da RAS.
Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere-
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000. assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas,
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan- mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo
(eAB) seja responsável por toda população; com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser-
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula- viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui-
cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida- dado estabelecidas.
des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res- Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS:
peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir - Identificação e horário de atendimento;
um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos
qualidade da Atenção Básica. componentes de cada equipe da UBS;
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin- - Relação de serviços disponíveis; e
gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do - Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.
cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que
permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem 3.4 - Tipos de Equipes:
ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi- 1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária
dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país,
da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia
Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por
cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po-
de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde
programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re-
territórios e das pessoas, em parceria com o controle social. lação custo-efetividade.
As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe-
essenciais e ampliados: cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen-
Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona- cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de
dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten- enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer
ção Básica; e parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro-
- Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es- fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es-
tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais, O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo
indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde. com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o socioeconômicos, de acordo com definição local.
controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan- Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne-
ciamento regulamentado em normativa específica. rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do com número máximo de 750 pessoas por ACS.
território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti- Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga
va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali- horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio-
dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS. nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis- ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da
ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização, Família, no SCNES vigente.
conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras. 2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten-
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan- der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici-
tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com
e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão características e necessidades do município. Como modelo priori-
Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior-
populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, mente se organizar tal qual o modelo prioritário.
bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga- As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos
rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de preferencialmente da especialidade medicina de família e comu-
atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da
ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi-
saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação,
saúde e agentes de combate à endemias. de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um.
A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis- Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro-
sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três) blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos
profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/ sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos
semanais. profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o
dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do
devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces- cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão
so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor- de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.
denação e longitudinalidade do cuidado. Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços
A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa- com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre
bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi- acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne-
demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de- cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten-
vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB). ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba-
Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve- lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de
rá contar também com profissionais de nível médio como técnico Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros
ou auxiliar de enfermagem. equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá-
3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor rias.
as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur- Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de
gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB):
bucal. a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas;
Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi-
se organizar nas seguintes modalidades: liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so-
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos
(ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; quanto sanitários; e
Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB. c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar-
Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú- tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti-
de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde
equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida-
o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde,
pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no
da Família ou Atenção Básica a qual integra. território.
Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro
profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei- de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis-
ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada, tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti-
modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra;
equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas- Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé-
se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico
completo). Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário,
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e
4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na
(Nasf-AB) área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com- graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse- vigente.
quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu- A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges-
pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do
maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) territórios.
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten-
ção Básica (eAB). 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS):
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá-
Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza-
de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais, ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da
garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os
diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção
Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia:

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC- persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co-
NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma
agentes comunitários de saúde; UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma
b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló- A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente. por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema- de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor; enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
no SCNES vigente, vinculados à equipe; bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta- saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon- Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po-
sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas; dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá-
f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen- rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas;
to do processo de trabalho a partir das necessidades do território, até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/
com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2
e de risco epidemiológico; (dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com-
g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida- posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas
de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os equipes de Nasf-AB.
dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de
Básica vigente. enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri-
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e
3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPE- deverão residir na área de atuação.
CÍFICAS As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo,
Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito)
Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que horas diárias.
apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên- Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR
cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to-
à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias,
possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi- para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne-
nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que
intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes
objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral de Saúde da Família vinculadas.
à saúde. Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri-
Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá
saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo, incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis-
ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an- tência das seguintes estruturas:
teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri- gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam a atenção de forma descentralizada; e
na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
específicas, de modo que se faça uma transição para um momento para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin-
em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF. Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem
São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci-
Específicas: mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas.
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que
3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu- (UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per-
lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial.
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
do país: especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
que desempenham parte significativa de suas funções em UBS da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis- saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/ I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca-
ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni- dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e
ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre- II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção
ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico Básica vigente, conforme norma específica.
ou Auxiliar em Saúde Bucal. Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua,
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen-
da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica,
ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à
Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó-
referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o rio onde estas pessoas estão concentradas.
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de cada
60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção município, serão tomados como base os dados dos censos popula-
Básica. cionais relacionados à população em situação de rua realizados por
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei- órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde.
rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial As regras estão publicadas em portarias específicas que disci-
não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire-
de custeio para logística, que considera a existência das seguintes trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das
estruturas: equipes de consultório na rua entre outras disposições.
a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e 1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi-
a atenção de forma descentralizada; e lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas privadas de liberdade.
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li-
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto
1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva-
composição variável, responsável por articular e prestar atenção in- das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de
tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede
análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po- de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção
dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or-
portaria específica. denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati-
São itens necessários para o funcionamento das equipes de vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde
Consultório na Rua (eCR): a que estiver vinculada, conforme portaria específica.
a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e 4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó- As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na
rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério
em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto-
do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas
Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins- técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal
tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre ou do Distrito Federal.
outras instituições públicas e da sociedade civil; 4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém atuam na Atenção Básica:
seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas - Participar do processo de territorialização e mapeamento da
das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur- área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví-
no e/ou noturno em todos os dias da semana; e duos expostos a riscos e vulnerabilidades;
c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais - Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros
especificadas em portaria específica. dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor-
Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste-
máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as
de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide-
agregar agentes comunitários de saúde. miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa-
O agente social, quando houver, será considerado equivalente nhadas no planejamento local;
ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro- - Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita,
fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção, prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando
a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so- necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas,
cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e associações, entre outros), com atenção especial às populações que
cultura das pessoas em situação de rua. apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me-
Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).
requisitos:

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio
saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori- às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma-
dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB; seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida-
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan- des e prioridades estabelecidas;
do a integralidade por meio da realização de ações de promoção, XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos saúde controlados/compensados com algum grau de dependência
e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza- para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a
ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e Unidade Básica de Saúde;
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte-
Integrativas e Complementares; grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até
VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de
atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi- vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba-
ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili- lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar-
zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci- tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção
mento do vínculo; de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras
VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da
adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações população);
de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos, XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar
permitindo a longitudinalidade do cuidado; e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das
VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas, ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan-
famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam do a readequação constante do processo de trabalho;
influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades XXII. Articular e participar das atividades de educação perma-
e da própria comunidade; nente e educação continuada;
IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co- XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads-
ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou- trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens
tros pontos de atenção do sistema de saúde; adequadas às necessidades deste público;
X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários
para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão, para o adequado funcionamento da UBS;
planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade,
dos serviços de saúde;; estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais,
XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na
da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais gestão da Unidade Básica de Saúde;
na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos-
e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos; sam potencializar ações intersetoriais;
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da
encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu- Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa
lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con-
processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon- dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e
gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as
básica; prioridades locais, definidas pelo gestor local.
XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de 4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes
diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser- que atuam na Atenção Básica:
viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra- 4.2.1 - Enfermeiro:
lidade do cuidado; I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas
XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi- às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos; demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras),
XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades em todos os ciclos de vida;
nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati- II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar
va vigente; exames complementares, prescrever medicações conforme proto-
XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no- colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc-
tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos, nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor- Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão;
tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua-
de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter- lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe-
ritório; lecidos;
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur- IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi- to aos demais membros da equipe;
nalidade pelas equipes que atuam na AB;

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces- II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
rede local; no território;
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
outros membros da equipe; rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
e ACS; dentárias (elementar, total e parcial removível);
VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro-
fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e moção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional, V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes
e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem: saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro- VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS liar em saúde bucal (ASB);
e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
espaços comunitários (escolas, associações, entre outros); ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe;
II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos, VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida-
administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território,
exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou- junto aos demais membros da equipe; e
tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
de atuação e regulamentação; e na sua área de atuação.
III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
na sua área de atuação. I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das
4.2.1 - Médico: famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo
I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res- na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
ponsabilidade; demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros),
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi- segundo programação e de acordo com suas competências técnicas
cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, e legais;
no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso- II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen-
ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes tos odontológicos;
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es- III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
Federal), observadas as disposições legais da profissão; mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- venção e promoção da saúde bucal;
to aos demais membros da equipe; V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa- saúde;
bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito; VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, saúde e na prevenção das doenças bucais;
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos miológicos, exceto na categoria de examinador;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade bucal;
na sua área de atuação. IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc-
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: nica definida pelo cirurgião-dentista;
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi-
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha- vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou- XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven-
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor rurgião Dentista;
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
disposições legais da profissão; esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
do ambiente de trabalho;

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
antes e após atos cirúrgicos; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; saúde, junto aos demais profissionais;
XVII - Processar filme radiográfico; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XVIII - Selecionar moldeiras; das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
XIX - Preparar modelos em gesso; implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XX - Manipular materiais de uso odontológico. como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
na sua área de atuação. envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local relacionados à segurança;
e protocolos de atenção à saúde; V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es- de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio-
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para
ambiente de trabalho; análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob-
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções tidos;
clínicas, VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde trabalho em equipe;
bucal; VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida-
saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica, do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis- recursos;
ciplinar; VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma-
VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto- bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento;
lógicos; IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins-
VII - Processar filme radiográfico; tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do
VIII - Selecionar moldeiras; território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde
IX - Preparar modelos em gesso; realizada na UBS;
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu- X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos
tenção e conservação dos equipamentos; profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência
miológicos, exceto na categoria de examinador; e e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes
XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá-
na sua área de atuação. veis;
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter-
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia-
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o da para as vulnerabilidades existentes no território;
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro- XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi- processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a própria UBS, ou com parceiros;
necessidade do território e cobertura de AB. XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre- ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane- XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação e
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, petências.
e dentre suas atribuições estão: 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire- bate a Endemias (ACE)
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta- Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
de trabalho na UBS;

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
integradas. outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
a) Atribuições comuns do ACS e ACE rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, duos e grupos sociais ou coletividades;
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de e exames agendados;
atuação da equipe; VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares exames solicitados;
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
tros profissionais da equipe quando necessário; Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi- pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; paciente para a unidade de saúde de referência.
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti-
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí-
transmissão de doenças infecciosas e agravos; lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co- atuam na Atenção Básica;
letiva; III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami- IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me- V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
no ambiente para o controle de vetores; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
saúde disponíveis; na sua área de atuação.
IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi- 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
cas voltadas para a área da saúde; I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu- todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
b) Atribuições do ACS: bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man- disposições legais da profissão;
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac- no território;
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio- III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa- saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
nhadas no planejamento local; rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; dentárias (elementar, total e parcial removível);
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro-
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais;

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; e protocolos de atenção à saúde;
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
liar em saúde bucal (ASB); terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ambiente de trabalho;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- clínicas,
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
junto aos demais membros da equipe; e bucal;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
na sua área de atuação. saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das ciplinar;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), lógicos;
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas VII - Processar filme radiográfico;
e legais; VIII - Selecionar moldeiras;
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- IX - Preparar modelos em gesso;
tos odontológicos; X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à tenção e conservação dos equipamentos;
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi- XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; miológicos, exceto na categoria de examinador; e
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
venção e promoção da saúde bucal; na sua área de atuação.
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
saúde; Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
saúde e na prevenção das doenças bucais; cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
miológicos, exceto na categoria de examinador; pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
bucal; necessidade do território e cobertura de AB.
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
nica definida pelo cirurgião-dentista; ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- e dentre suas atribuições estão:
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
rurgião Dentista; dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e de trabalho na UBS;
do ambiente de trabalho; II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
antes e após atos cirúrgicos; do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, saúde, junto aos demais profissionais;
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XVII - Processar filme radiográfico; das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
XVIII - Selecionar moldeiras; implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XIX - Preparar modelos em gesso; como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
XX - Manipular materiais de uso odontológico.
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
na sua área de atuação.
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven-
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco- território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
relacionados à segurança; domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou-
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- tros profissionais da equipe quando necessário;
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
tidos; da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
trabalho em equipe; condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
recursos; transmissão de doenças infecciosas e agravos;
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; letiva;
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
realizada na UBS; VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em no ambiente para o controle de vetores;
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- saúde disponíveis;
veis; IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- cas voltadas para a área da saúde;
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
da para as vulnerabilidades existentes no território; potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
própria UBS, ou com parceiros; gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa- b)Atribuições do ACS:
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; -tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
e Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com- terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
petências. lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com- nhadas no planejamento local;
bate a Endemias (ACE) II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter- das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
integradas. pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: duos e grupos sociais ou coletividades;
a) Atribuições comuns do ACS e ACE V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, e exames agendados;
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin-
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
atuação da equipe;

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção 5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do
exames solicitados; SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas.
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra-
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu- tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis- que possam comprometer sua autonomia.
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi- Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos Atenção Básica se caracteriza por:
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de-
paciente para a unidade de saúde de referência. finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co-
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife-
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo-
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc.
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que
atuam na Atenção Básica; necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador)
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando
V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis- na percepção dos problemas de saúde da população por parte da
tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade. equipe e no planejamento das estratégias de intervenção.
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter-
procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de- ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte-
tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal. gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve
c) Atribuições do ACE: ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território
I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala- único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En-
cológica ou coleta de reservatórios de doenças; demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde
II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi-
para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter- cação das necessidades de saúde da população e no planejamento
venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea- das intervenções clínicas e sanitárias.
mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do
indicado; território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi-
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me- pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu-
didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência.
ações de manejo integrado de vetores; II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco- assumir em seu território de referência (adstrição), considerando
nhecimento geográfico de seu território; e questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo,
V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de
novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de
doenças; e intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu-
VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. mesmo trabalhadores da área adstrita.
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun-
(eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena- damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta
dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento
compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de
localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces-
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e
vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento
(EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi- para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces-
gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia-
realizada por profissional com comprovada capacidade técnica, do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran-
podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da do a continuidade do cuidado.
família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local.

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan-
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das
território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao consultas ou atividades agendadas.
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em
famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re- equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças
ferência para o seu cuidado). no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi-
do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia- dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita-
ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás
em responder às necessidades de saúde da população (residente e o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a
itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de- partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto
vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades
e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga- de saúde da população e território. Para isso é importante que a
nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen- equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega;
ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para
de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para
outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda- o cuidado; etc.
-se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du- Destacam-se como importantes ações no processo de avalia-
rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros, ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento
impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b).
horários alternativos de funcionamento que atendam expressa- a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e
mente a necessidade da população podem ser pactuados através comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú-
das instâncias de participação social e gestão local. de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de
Importante ressaltar também que para garantia do acesso é expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita
necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter- priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e
ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par-
escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri-
maximizar ofertas. zes e protocolos assistenciais definidos no SUS.
VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de
cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários, modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori-
nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro- dade no atendimento, independentemente do número de consul-
blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia- tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade-
ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos
que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá em outros pontos de atenção da RAS.
ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para As informações obtidas no acolhimento com classificação de
as condições crônicas. risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou
Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos preferencialmente eletrônico).
longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati- Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode-
vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato;
saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente 1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo
e com qualidade. dia;
Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du- 2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura,
rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos para usuário do território;
fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações 3. procedimento para resolução de demanda simples prevista
de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi-
(individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames
individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. para o seguimento de linha de cuidado bem definida;
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá- 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median-
sica pode se constituir como: te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi-
deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no
sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais, município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de
ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. risco não exija atendimento no momento da procura do serviço.
Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri-
a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ- térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base
ações con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo. em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a
b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di-
relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta, ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir
na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral.
de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si-

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A estratificação de risco da população adscrita a determinada Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor
UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí-
que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne- lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e
rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi-
usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos ciliar nos casos de maior complexidade.
serviços de saúde. X - Programação e implementação das atividades de atenção à
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di- saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com
versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá- a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas
sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e
formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas, resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda
assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário, de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen-
incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú- da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas
de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção. dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane-
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e
riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários).
a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio
resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân-
AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside-
escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar rando a determinação social dos processos saúde-doença para o
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan- planejamento das intervenções da equipe, contribui também para
do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es- a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do
pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de
de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi- andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den-
pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im- e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain-
portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação
o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de
ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu-
da resolutividade e abrangência da AB. des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida
Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto mais saudáveis e sustentáveis.
de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú-
uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do
clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade
singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi- de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na
toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização população brasileira, que devem ser considerados na abordagem
dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes- da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável;
soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se- práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta-
gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde; baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura
a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos;
forma humanizada. promoção do desenvolvimento sustentável.
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu- XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e
lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra- agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se-
vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional, cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per-
interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais,
buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri- alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados
bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in-
saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida-
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen- doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções
to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de
transdisciplinar, e a ação intersetorial. medicamentos.
Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten-
saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi- ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e
cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da-
praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada. dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento
IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu- e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção
ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e
e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma doenças, bem como para a promoção da saúde.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads-
processos de trabalho voltados para: crito.
a. vigilância da situação de saúde da população, com análises As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve-
que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública; na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS.
b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in-
resposta de saúde pública; formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges-
c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis; tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma
e digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente;
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis- XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB,
síveis e acidentes. estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte- segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida-
gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do
territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica-
deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos.
dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local
eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde
normas vigentes. de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro- participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos
cessos de trabalho de acordo com a realidade local. conselhos locais e municipal; e
A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte
Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica.
equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre- Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza-
ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co- gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando-
definição de papéis e responsabilidades. -se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su- as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor-
perior das equipes que atuam na Atenção Básica. tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu-
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi- cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões,
pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos- fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na
sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de- carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to-
senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores.
qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários. Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio-
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam
escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi- os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los,
pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa-
comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados ção, Formação em Saúde.
para o desenvolvimento de uma atenção integral; Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio-
de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces- nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação
sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi-
dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui- zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do
dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi- cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar
ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que
identificação das necessidades sociais e organização do serviço em ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba-
função delas, entre outras; lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias.
XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre
do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên-
e município; visando à readequação do processo de trabalho e do cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB
planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos- e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis-
sibilidades analisadas. centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen-
elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu- to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços
nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele-
reconhecimento das realidades presentes no território que influen- bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e
ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen-
de acordo com a necessidade/demanda da população, com base tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri- A população de cada município e do Distrito Federal será a po-
buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo
ensino-serviço- comunidade. Ministério da Saúde.
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi- II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté-
pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for- gias e programas da Atenção Básica
mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões, 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos
conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas, financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão
através dos processos de Educação Continuada, igualmente como prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o
estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de- número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema
vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com-
a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio- petência financeira.
nais. O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica
6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA 2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas
detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan- serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi-
tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional, pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na-
Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon- cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de respectiva competência financeira.
Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten- O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica
ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves- (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo-
timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento.
das ações de Atenção Básica. 1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan-
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção
em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal,
normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali-
Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB)
pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos
do Distrito Federal. de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi-
O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve- nanceira.
rá ser composto por: 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de
I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos Saúde Bucal será publicado em portaria específica.
sociodemográficos e epidemiológicos; 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra- 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos
tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe- incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri-
cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re-
Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior
Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), ao da respectiva competência financeira.
dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF) O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca- pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por-
demia da Saúde; taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades
e serviços; ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades.
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos
Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na- incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais
cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade; (eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base
V - Recursos de investimento; o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
conforme a regulamentação de transferência de recursos federais pectiva competência financeira.
para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm- O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni-
bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí-
na LC 141/2012. fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades
I - Recurso per capita: preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de
O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma Saúde Fluviais.
regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu-
nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli-
cado pela população do Município.

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR) Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro-
Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con- jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica
sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês, deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção
tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas Básica do Ministério da Saúde.
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res- III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso-
pectiva competência financeira. lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes,
Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e
na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica. IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no-
5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS- vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá
F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB, cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta-
dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a
portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena
NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja
base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente. cumprido.
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por-
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci-
(EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen-
o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente,
sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec- comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades.
tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no
último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no 1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá-
número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas- sica
tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da
vigente. Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando:
A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e
no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação,
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja como:
responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele-
estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe- cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên-
rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES. normatização vigente; e
III - Do credenciamento b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos,
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito conforme normativas específicas.
Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios: - identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici-
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos.
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item
Federal; II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em
orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran- que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su-
do as diretrizes da Atenção Básica; pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle
atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo competentes, qualquer uma das seguintes situações:
Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe- I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
deral; e trabalho das equipes e/ou;
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in- II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer
centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
saúde e programação anual. com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais
II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia- esteja impedida por legislação específica, e/ou;
mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os
a ser publicado em portaria específica, deverão realizar: profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente.
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde, equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu-
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida- cal.
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten-
ção básica.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de profissional
conforme previsto acima, poderão manter os incentivos financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de implantação.
Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação das irregularidades identificadas.
6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados, Dis-
trito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efetuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso variável. A
solicitação de retroativo será válida para análise desde que a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de suspensão.
Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o Distrito Federal deverão:
- preencher o formulário de solicitação, conforme será disponibilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias nos
sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o pleito de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, pleiteando
o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido no item I e documentação necessária a depender do motivo da suspensão.
Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual específico
a ser publicado.
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a documentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Departamento
de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação de crédito
dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante de crédito
retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser encaminhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas, verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas de
informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinência da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação.

VIGILÂNCIA EM SAÚDE

O termo Vigilância Epidemiológica é utilizado em referência ao controle de doenças transmissíveis e surgiu a partir do surto de malá-
ria que aconteceu em meados do século passado. Até então, o enfoque do tratamento e controle de doenças transmissíveis no Brasil era
centrado na vigilância de pessoas, utilizando medidas de isolamento e quarentena, aplicadas de forma individual e não com enfoque no
coletivo.
Alguns anos depois, no surto da varíola por volta de 1960, foi utilizada a busca ativa de casos, afim de promover a identificação preco-
ce de surtos da doença e, assim, bloquear o ciclo de transmissão antes que ele se firmasse e saísse do controle. A Campanha de Irradicação
da Varíola ficou conhecida como um marco epidemiológico na saúde brasileira, o que fomentou a organização de unidades de vigilância
epidemiológica, graças ao sucesso das inciativas por ela aplicadas.
A 5ª Conferência Nacional de Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio da legislação especí-
fica descrita na Lei n°6.259/75 e no Decreto 78.231/76, onde se tornou obrigatório a notificação de doenças transmissíveis selecionadas.

Observação: Recomenda-se a leitura na íntegra da Lei nº6.259 da CF e do Decreto 78.231/76

O SUS incorporou o SNVE legalmente no texto da lei n°8.080/90, definindo a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações
que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”, extravasan-
do os princípios do SUS para a vigilância epidemiológica, como a descentralização, universalidade, equidade e integralidade.
Com a alteração do perfil epidemiológico da população brasileira e graças a diminuição drástica do número de afetados e mortos por
doenças infectocontagiosas e, simultaneamente, com o aumento expressivo doentes crônico-degenerativos, foi ampliado o escopo de
doenças e agravos não transmissíveis na vigilância epidemiológica.
A vigilância epidemiológica também atua na educação permanente de profissionais da área de saúde, promovendo a atualização
de informações no controle de doenças e agravos. Além disso, também desempenha papel importante no planejamento, organização
e operacionalização dos serviços de saúde, sendo à ela atribuídas as funções de coleta de dados, processamento dos dados coletados,
análise e interpretação, recomendação de medidas de controle, promoção de ações para controle, avaliação da eficácia e divulgação de
informações.

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A notificação compulsória, dentro da vigilância em saúde, é a comunicação obrigatória da incidência de casos, suspeitas, confirmações
ou eventos de saúde descrita pelo Ministério da Saúde, deve ser realizada por médicos ou profissionais responsáveis por serviços de saú-
de. A lista de agravos de notificações compulsórias foi atualizada por meio da portaria GM/MS n°420, de 2 de março de 2022.

Nº DOENÇA OU AGRAVO (Ordem alfabética) Periodicidade de notificação


Imediata (até 24 horas) para* Semanal
MS SES SMS
a. Acidente de trabalho com exposição a material biológico X
1
b. Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes X
2 Acidente por animal peçonhento X
3 Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva X
4 Botulismo X X X
5 Cólera X X X
6 Coqueluche X X
a. Dengue – Casos X
7
b. Dengue – Óbitos X X X
8 Difteria X X
a. Doença de Chagas Aguda X X
9
b. Doença de Chagas Crônica X
10 Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) X
a. Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza” X X
11
b. Doença Meningocócica e outras meningites X X
Doenças com suspeita de disseminação intencional:a. Antraz pneumônicob.
12 X X X
Tularemiac. Varíola
Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes: a. Arenavírusb. Ebolac.
13 X X X
Marburgd. Lassae. Febre purpúrica brasileira
a. Doença aguda pelo vírus Zika X
b. Doença aguda pelo vírus Zika em gestante X X
14
c. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika X X X
d. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika X
15 Esquistossomose X
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública (ver
16 X X X
definição no art. 2º desta portaria)
17 Eventos adversos graves ou óbitos pós vacinação X X X
18 Febre Amarela X X X
a. Febre de Chikungunya X
19 b. Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão X X X
c. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya X X X
20 Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde pública X X X
21 Febre Maculosa e outras Riquetisioses X X X
22 Febre Tifoide X X
23 Hanseníase X
24 Hantavirose X X X
25 Hepatites virais X

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

HIV/AIDS - Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana ou Síndrome da


26 X
Imunodeficiência Adquirida
Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao
27 X
risco de transmissão vertical do HIV
28 Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) X
29 Influenza humana produzida por novo subtipo viral X X X
Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases
30 X
tóxicos e metais pesados)
31 Leishmaniose Tegumentar Americana X
32 Leishmaniose Visceral X
33 Leptospirose X
a. Malária na região amazônica X
34
b. Malária na região extra-Amazônica X X X
35 Óbito: a. Infantil b. Materno X
36 Poliomielite por poliovírus selvagem X X X
37 Peste X X X
38 Raiva humana X X X
39 Síndrome da Rubéola Congênita X X X
40 Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola X X X
41 Sífilis: a. Adquirida b. Congênita c. Em gestante X
42 Síndrome da Paralisia Flácida Aguda X X X
Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus a. SARS-CoV b.
43 X X X
MERS- CoV
44 Tétano: a. Acidental b. Neonatal X
45 Toxoplasmose gestacional e congênita X
46 Tuberculose X
47 Varicela - caso grave internado ou óbito X X
a. Violência doméstica e/ou outras violências X
48
b. Violência sexual e tentativa de suicídio X

Legenda: MS = Ministério da Saúde; SES = Secretaria Estadual de Saúde; SMS = Secretaria Municipal de Saúde

FONTE: Portaria GM/MS n°420, de 2 de março de 2022, disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2-de-


marco-de-2022-38357827

A notificação é realizada através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), é alimentado pelas instituições de
saúde. O SINAN apresenta a lista de doenças e agravos do Ministério da Saúde, entretanto, é facultado a municípios e estados incluir a
notificação de outras doenças se o achar necessário.
A utilização do SINAN facilita a vigilância epidemiológica nacional a realização do diagnóstico dinâmico, podendo observar a incidência
dentro de um determinado espaço geográfico e, assim, analisando sua realidade epidemiológica.
Outra funcionalidade do SINAN é permitir que todos os profissionais de saúde tenham acesso a informação. Dessa forma, favorece o
planejamento de saúde, auxilia da definição de prioridades e na avaliação do impacto das intervenções adotadas.

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Território-distrito
MAPEAMENTO E TERRITORIALIZAÇÃO A regionalização e a municipalização do SUS fez surgir a neces-
sidade de estruturar distritos sanitários, que devem funcionar como
O que é Territorialização? unidade operacional básica mínima; cada distrito sanitário deve ter
 É o processo de apropriação do território pela equipe da uma base territorial, delimitada geograficamente, de acordo com o
ESF; permite conhecer as condições em que os indivíduos moram, perfil epidemiológico e demográfico da população; o distrito sani-
vivem, trabalham, adoecem e amam a depender do segmento so- tário deve ser minimamente resolutivo, atendendo as necessidades
cial em que se situam. em saúde da população de seu território, tanto no que se refere aos
 Esse conhecer implica assumir o compromisso de responsa- cuidados individuais quanto coletivos, promovendo a prevenção,
bilizar-se pelos indivíduos e pelos espaços onde esses indivíduos se atendendo em nível ambulatorial e em internações.
relacionam.
 A adscrição da clientela à unidade de saúde não é uma mera Território-área
regionalização formal do atendimento, mas um processo necessá- É a área de abrangência de uma unidade básica de saúde, que
rio para definir relações de compromisso. deve corresponder à corresponsabilidade entre da população e do
Poder Público, por meio dos prestadores de serviços à saúde. A área
CONCEITO DE TERRITÓRIO: é o espaço de atuação da Unidade Básica de saúde (UBS), que é
Segundo Mendes (1993), há, pelo menos, duas concepções de formada por microáreas contendo algo em torno de 2400 a 4000
território aplicadas aos sistemas de serviços de saúde: pessoas.
 Território solo: definido por critérios geográficos; é estático,
portanto, não acompanha as mudanças continuas do território; Território-microárea
 Território processo: definido por critérios geográficos, polí- É a subdivisão do Território -área, cuja característica é concen-
ticos, econômicos, sociais e culturais; é dinâmico, pois acompanha trar condições socioeconômicas, ambientais, epidemiológicas etc.
as mudanças permanentes do território. mais homogêneas, para facilitar a implantação de programas e
desenvolver a vigilância em saúde; cada microárea deve contar no
DIVISÕES DOS TERRITÓRIOS: máximo 750 habitantes, que será a unidade operacional do Agente
Território distrito: Obedece à lógica político administrativa, de Saúde.
sendo adequado para municípios de grande porte, para possibilitar
a aproximação entre a administração pública e a população. Território-moradia
Objetivo: Delimitação de um território administrativo assisten- No início do cadastramento das famílias no PSF considerava-se
cial, contendo um conjunto de pontos de atenção à saúde e uma a família como o conjunto de pessoas que dividiam o mesmo espa-
população adstrita, com vistas ao planejamento urbano e ações in- ço de habitação, o espaço de existência de uma unidade familiar.
tersetoriais.
Território área: é um território processo, de responsabilidade Territorialização e serviços de saúde: desafios operacionais
de uma Unidade de APS, com enfoque na vigilância à saúde e cor- O ponto de partida para a organização dos serviços e das práti-
responde à área de atuação de uma, no máximo, três equipes de cas de vigilância em saúde é a territorialização do sistema local de
saúde. saúde, isto é, o reconhecimento e o esquadrinhamento do territó-
Objetivo: Planejar as ações, organizar os serviços e viabilizar rio segundo a lógica das relações entre condições de vida, ambiente
os recursos para o atendimento das necessidades de saúde dos ci- e acesso às ações e serviços de saúde (Teixeira et al, 1998).
dadãos/famílias residentes no território, com vistas à melhoria dos O processo de territorialização é um dos elementos do tri-
indicadores e condições de saúde da comunidade. pé operacional da vigilância em saúde junto com as práticas e os
Território microárea: é uma subdivisão do território área de problemas sanitários se constituindo como uma das ferramentas
responsabilidade da equipe de saúde. Corresponde à área de atu- básica para o planejamento estratégico situacional. O enfoque, es-
ação do ACS. tratégico-situacional foi proposto originalmente por Carlos Matus
Objetivo: É a delimitação de espaços onde se concentram gru- (Matus, 1989; Rivera, 1989) como possibilidade de subsidiar uma
pos populacionais homogêneos de risco ou não risco, com vistas prática concreta em qualquer dimensão da realidade social e his-
à identificação das necessidades de saúde das famílias residentes, tórica, contemplando simultaneamente a formulação de políticas,
programação e acompanhamento das ações destinadas à melhoria o planejamento e a programação dentro de um esquema teórico-
das suas condições de saúde -metodológico de planificação situacional para o desenvolvimento
dos Sistemas Locais de Saúde. Tem como base a teoria da produção
O que é área de abrangência geográfica? social, onde a realidade é indivisível, e entende, que tudo que existe
É a área em que a operadora de plano de saúde se compromete em sociedade é produzido pelo homem (Matus, 1993).
a garantir todas as coberturas de assistência à saúde contratadas O Planejamento Estratégico Situacional deve ser pensado de
pelo beneficiário. forma contínua e ascendente como forma de ordenamento de um
território definido.
Unidades Territoriais A partir desse espaço delimitado o planejamento é processado
É a menor unidade de planejamento regionalizado, com com- e materializado por meio de informações territorializadas acerca da
plexidade assistencial superior ao módulo assistencial, podendo situação de saúde e das condições de vida da população. A territo-
corresponder a uma microrregião ou a uma região de saúde. rialização permite espacializar e analisar os principais elementos e
relações existentes em uma população, os quais determinam em
maior ou menor escala seu gradiente de qualidade de vida.

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A análise territorial implica em uma coleta sistemática de da- A polícia sanitária brasileira, que atuava no controle do vetor da
dos que vão informar sobre situações-problemas e necessidades febre amarela no Rio de Janeiro, era constituída por um grupo de
em saúde de uma dada população de um território específico, in- agentes sanitários chamado de brigada de “mata-mosquitos”, for-
dicando suas inter-relações espaciais. Possibilita ainda, identificar mado por jovens recrutados para exterminar os possíveis focos de
vulnerabilidades, populações expostas e a seleção de problemas reprodução do Aedes aegypti nos imóveis. O trabalho consistia na
prioritários para as intervenções. O uso da epidemiologia como visita domiciliar para a limpeza de calhas, depósitos e caixas d’água,
ferramenta poderosa para o planejamento através da microloca- muitas vezes, sem consentimento dos próprios moradores (BEZER-
lização dos problemas de saúde permite a escolha de ações mais RA, 2017). Assim, os serviços e as competências desses agentes fo-
adequadas, apontando estratégias e atores que foram identificados ram se fortalecendo e se institucionalizando.
no processo de diagnóstico, para melhor as operacionalizarem e Em 1970, foi criada a Superintendência de Campanhas de
viabilizarem no território. Saúde Pública (Sucam), que incorporou os recursos humanos e as
Para a constituição de uma base organizativa dos processos de técnicas de controle das endemias em sua estrutura organizacional
trabalho nos sistemas locais de saúde em direção a essa nova prá- e operativa, e herdou uma forma de trabalho que se baseava em
tica é importante o reconhecimento dos territórios e seus contex- normas técnicas específicas das campanhas, a exemplo da malária
tos de uso, pois estes materializam diferentemente as interações e febre amarela.
humanas, os problemas de saúde e as ações sustentadas na inter- Conforme os Decretos Federais nº 57.474/65 e nº 56.759/65,
setorialidade. O território utilizado pela população pode ser assim que estabeleceram normas para o controle da malária e da febre
operacionalizado, devido a concretude produzida pelas práticas hu- amarela, respectivamente, observa-se uma série de procedimentos
manas tanto as planejadas e inerentes às políticas governamentais que estão diretamente relacionados com o trabalho de campo e a
de intervenção setorial, como as práticas circunscritas à vida social identificação do território de atuação, a exemplo do reconhecimen-
cotidiana. to geográfico, que se baseia no cadastro das casas, na contagem
O processo de elaboração de diagnósticos territoriais de con- do número de imóveis e habitantes e na construção de croquis das
dições de vida e situação de saúde deve estar relacionado tecnica- localidades, vias de acesso e acidentes geográficos. Além disso, des-
mente ao trinômio estratégico informação-decisão-ação (Teixeira et tacam-se atividades de vigilância sobre os focos e sua erradicação,
al., 1998). A fase de informação faz parte do processo de obtenção com a sensibilização da população por meio da educação sanitária
de dados primários e de sua sistematização, com objetivo princi- e o uso de inseticidas (BEZERRA, 2017).
palmente descritivo. As variáveis contidas em seus instrumentos de Na década de 1990, foi criada a Fundação Nacional de Saúde
pesquisa devem ser construídas visando à interpretação dos dados, (FNS), que mais tarde, em 1999, passou a ser representada pela
conforme o arcabouço teóricometodológico. As categorias esco- sigla Funasa e incorporou as funções da Sucam e da Fundação Ser-
lhidas para análises descritivas e analíticas, devem explicitar com viços de Saúde Pública (FSESP). Conforme Varga (2007), a institui-
maior fidedignidade a problemática identificada, para conduzir e ção herdou da FSESP o que se chamou de “sanitarismo integralis-
facilitar o processo de tomada de decisão. ta” (serviços de saúde, saneamento e abastecimento de água), e
Na fase onde a prática vislumbra a ação, as operações iden- da Sucam, as experiências do campanhismo popularizado de base
tificadas e planejadas são subsidiadas pelas fases anteriores, atra- territorial, com foco no trabalho de campo com as comunidades.
vés da apreensão interativa por parte do profissional de saúde da Absorveu, também, as atividades da extinta Secretaria Nacional de
própria realidade territorial. Essa é uma prática transformadora e Ações Básicas de Saúde (SNABS) e da Secretaria Nacional de Progra-
comporta o significado do território para os agentes deste processo, mas Especiais de Saúde (SNPES), bem como as ações de informática
tanto os profissionais de saúde como os de outros setores de ação do SUS, até então desenvolvidas pela Empresa de Processamento
governamental, como também para a própria população. de Dados da Previdência Social (Dataprev).
A Funasa foi criada em meio a um cenário de transformações
Muitas vezes nos diagnósticos de condições de vida e de situ- sociais, econômicas e políticas em âmbito nacional, assumindo to-
ação de saúde, os elementos constitutivos da reprodução da vida das as ações de controle das endemias e de saneamento público
social nos diversos lugares, são listados e tratados como conteúdos domiciliar do país. Durante os primeiros anos, desenvolveu suas
desarticulados do território analisado. Tradicionalmente algumas atividades de forma centralizada e pouco sistêmica. Esse período
análises de situação são realizadas descrevendo o conteúdo do ter- caracterizou-se pelo desenvolvimento de ações pontuais, setoriais
ritório, tratado como mero receptáculo que contém determinadas e desarticuladas. Essa realidade, aliada às diferenças culturais das
características e aspectos. organizações que a originaram, dificultava sua integração ao Siste-
ma Único de Saúde (BRAGA; VALLE, 2007).
Com a implantação do SUS e o processo de descentralização,
O PAPEL DO AGENTE DE COMBATE ÀS ENDEMIAS ações que eram de responsabilidade da União foram consignadas
aos estados, municípios e Distrito Federal. Nesse contexto, muitos
O agente de combate às endemias: breve história da evolução ACE que atuaram diretamente no controle de vetores, realizando vi-
da categoria profissional sitas domiciliares, inspeções e eliminação de depósitos aptos à pro-
O surgimento dos agentes de combate às endemias foi funda- liferação do mosquito transmissor da dengue (ações voltadas espe-
mentado no histórico das ações de enfrentamento da malária, fe- cificamente ao controle do Aedes aegypti) e que estavam regidos
bre amarela e outras endemias rurais, como a doença de Chagas e por contratos temporários, foram demitidos em meio ao processo
a esquistossomose. O recorte mais significativo desse histórico teve de descentralização e reordenamento organizacional institucional
início quando Oswaldo Cruz, após assumir o cargo de Diretor-Geral (BEZERRA, 2017).
de Saúde Pública em 1903, adotou um modelo de controle baseado
na forma de organização militar (BRASIL, 2004).

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em 2003, com a aprovação da Medida Provisória nº 86, os • Realizar ações de prevenção e controle de doenças e agravos
5.792 ACE demitidos foram reintegrados. Em 2006, a Medida Pro- à saúde, em interação com os ACS e as equipes de Atenção Básica;
visória nº 297 estabeleceu que esses trabalhadores reintegrados • Identificar casos suspeitos de doenças e agravos à saúde e
fossem regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), con- encaminhá-los, quando indicado, à unidade de saúde de referência,
forme a Lei Federal nº 9.962, de 22 de fevereiro de 2000, como assim como comunicar o fato à autoridade sanitária responsável;
empregados públicos (GUIDA et al., 2012). No mesmo ano, com a • Divulgar, entre a comunidade, informações sobre sinais, sin-
publicação da Lei Federal nº 11.350, de 5 de outubro de 2006, o tra- tomas, riscos e agentes transmissores de doenças e sobre medidas
balho dos agentes passou a ocorrer exclusivamente no âmbito do de prevenção coletivas e individuais;
SUS, mediante contratação por meio de seleção pública, não sendo • Realizar ações de campo para pesquisa entomológica e mala-
permitida a contratação temporária ou terceirizada, salvo em situa- cológica e coleta de reservatórios de doenças;
ções de epidemias (BRASIL, 2006a). • Cadastrar e atualizar a base de imóveis para planejamento e
Em 2018, foi publicada a Lei Federal nº 13.595, de 5 de janeiro definição de estratégias de prevenção e controle de doenças;
de 2018, que alterou a Lei Federal nº 11.350, de 5 de outubro de • Executar ações de prevenção e controle de doenças, com a
2006, e que dispõe sobre a reformulação das atribuições, a jorna- utilização de medidas de controle químico e biológico, manejo am-
da e as condições de trabalho, o grau de formação profissional, os biental e outras ações de controle integrado de vetores;
cursos de formação técnica e continuada e a indenização de trans- • Executar ações de campo em projetos que visem a avaliar
porte dos profissionais agentes comunitários de saúde (ACS) e ACE novas metodologias de intervenção para a prevenção e controle de
(BRASIL, 2018a). doenças;
No que se refere às atividades desses profissionais, a legisla- • Registrar informações referentes às atividades executadas, de
ção mais recente outorgou novos direitos às duas categorias, como acordo com as normas do SUS;
a contagem entre regimes de previdência para fins de concessão • Identificar e cadastrar situações que interfiram no curso das
de benefícios, o adicional de insalubridade, a definição de horário doenças ou que tenham importância epidemiológica, relacionada
de trabalho considerando as condições climáticas locais, o forneci- principalmente aos fatores ambientais;
mento ou garantia de custeio do transporte para que exerçam suas • Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples
atividades e, no caso específico dos ACE, a obrigatoriedade de sua de manejo ambiental e outras formas de intervenção no ambiente
presença na estrutura da vigilância epidemiológica e ambiental. para o controle de vetores.
Importante destacar que, a depender do código de saúde do
estado ou município, o ACE pode adquirir outras denominações A Lei Federal nº 13.595, de 5 de janeiro de 2018 (BRASIL,
como agente de vigilância ambiental, agente de saúde ambiental, 2018a), também define algumas ações a serem desenvolvidas de
agente de controle de endemias, entre outros, sem que isso interfi- forma integrada com os ACS (art. 4º-A), em especial no âmbito das
ra nas suas atribuições e direitos garantidos legalmente. atividades de mobilização social por meio da educação popular,
Neste Manual, optou-se por utilizar o termo agente de comba- dentro das respectivas áreas geográficas de atuação, a saber:
te às endemias por ser esta a denominação constante nas normas • Orientação da comunidade quanto à adoção de medidas sim-
vigentes, adotada, também, pela Classificação Brasileira de Ocupa- ples de manejo ambiental para o controle de vetores, de medidas
ções (CBO). de proteção individual e coletiva e de outras ações de promoção à
saúde para a prevenção de doenças infecciosas, zoonoses, doenças
Atribuições dos agentes de combate às endemias e ações com- de transmissão vetorial e agravos causados por animais peçonhen-
plementares dos agentes comunitários de saúde tos;
Conforme preconizado pela Política Nacional de Vigilância em • Planejamento, programação e desenvolvimento de ativida-
Saúde1 e pela Política Nacional de Atenção Básica2, a integração des de vigilância em saúde, de forma articulada com as Equipes de
entre as ações de Vigilância em Saúde e de Atenção Básica é fa- Saúde da Família;
tor essencial para o atendimento das reais necessidades de saúde • Identificação e comunicação, à unidade de saúde de referên-
da população. Nesse sentido, o trabalho conjunto e complementar cia, de situações que, relacionadas a fatores ambientais, interfiram
entre os Agentes de Combate às Endemias (ACE) e os Agentes Co- no curso de doenças ou tenham importância epidemiológica;
munitários de Saúde (ACS), em uma base territorial comum, é es- • Realização de campanhas ou de mutirões para o combate à
tratégico e desejável para identificar e intervir oportunamente nos transmissão de doenças infecciosas e outros agravos.
problemas de saúde-doença da comunidade, facilitar o acesso da
população às ações e serviços de saúde e prevenir doenças. Ainda de acordo com a Lei Federal nº 13.595/2018 (BRASIL,
Integrar implica discutir ações a partir da realidade local, 2018a), os ACE devem desenvolver outras atividades, expressas na
aprender a olhar o território e identificar prioridades, assumindo o lei, assistidas por profissionais de nível superior e condicionadas à
compromisso efetivo com a saúde da população, desde o planeja- estrutura da Vigilância em Saúde e da Atenção Básica.
mento e definição de prioridades, competências e atribuições até o Dessa forma, cabe ressaltar que as atividades dos ACE são di-
cuidado efetivo das pessoas, sob a ótica da qualidade de vida (BRA- versas e não se restringem apenas às ações de controle das arbo-
SIL, 2008). viroses abordadas neste Manual. Outros documentos importantes,
tais como a Política Nacional de Vigilância em Saúde, a Política Na-
De acordo com o art. 3º da Lei Federal nº 13.595, de 5 de janei- cional de Atenção Básica e a Política Nacional de Promoção da Saú-
ro de 2018 (BRASIL, 2018a), as atribuições dos ACE consistem em: de3, também trazem diretrizes gerais para a atividade dos agentes
• Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni- que atuam no controle de doenças, incluindo os ACE, na lógica da
dade relativas à prevenção e ao controle de doenças e agravos à territorialização e da integralidade do cuidado à saúde da popula-
saúde; ção.

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Importante salientar que, nas situações em que os ACS desen- d) na investigação diagnóstica laboratorial de zoonoses de re-
volverem ações de controle vetorial, as medidas recomendadas levância para a saúde pública; e) na realização do planejamento,
neste Manual também devem ser direcionadas a esse grupo de tra- desenvolvimento e execução de ações de controle da população de
balhadores. animais, com vistas ao combate à propagação de zoonoses de rele-
vância para a saúde pública, em caráter excepcional, e sob supervi-
Nas atividades típica sem sua área geográfica de atuação: são da coordenação da área de vigilância em saúde.
a) desenvolvimento de ações educativas e de mobilização da
comunidade relativas à prevenção e ao controle de doenças e agra- Do Treinamento e Segurança:
vos à saúde; a) deverá participar, mediante treinamento adequado, da exe-
b) realização de ações de prevenção e controle de doenças e cução, da coordenação ou da supervisão das ações de vigilância
agravos à saúde, em interação com o Agente Comunitário de Saúde epidemiológica e ambiental, em periodicidade estabelecida pela
e a equipe de atenção básica; Administração Pública;
c) identificação de casos suspeitos de doenças e agravos à saú- b) deverá participar de treinamento para as ações de segurança
de e encaminhamento, quando indicado, para a unidade de saúde e de saúde do trabalhador, notadamente o uso de equipamentos de
de referência, assim como comunicação do fato à autoridade sani- proteção individual e a realização dos exames de saúde ocupacio-
tária responsável; nal, entre outros;
d) divulgação de informações para a comunidade sobre sinais, c) participar de curso de formação inicial no ato de sua seleção.
sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e sobre medi-
das de prevenção individuais e coletivas;
e) realização de ações de campo para pesquisa entomológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
malacológica e coleta de reservatórios de doenças;
f) cadastramento e atualização da base de imóveis para pla- As doenças infecciosas ou transmissíveis são aquelas causadas
nejamento e definição de estratégias de prevenção e controle de por agentes capazes de causar doenças, como vírus, bactérias,
doenças; fungos, protozoários e vermes.
g) execução de ações de prevenção e controle de doenças, com Geralmente, essas doenças são transmitidas de um indivíduo
a utilização de medidas de controle químico e biológico, manejo para o outro de diversas formas, dentre as quais podemos citar o
ambiental e outras ações de manejo integrado de vetores; contato direto com secreções infectadas (saliva, sangue, esperma,
h) execução de ações de campo em projetos que visem a ava- secreção nasal etc.), assim como a ingestão de água ou alimentos
liar novas metodologias de intervenção para prevenção e controle contaminados.
de doenças; A seguir, serão apresentadas algumas características das
i) registro das informações referentes às atividades executadas, principais doenças infecciosas de interesse para a saúde da
de acordo com as normas do SUS; população brasileira.
j) identificação e cadastramento de situações que interfiram no
curso das doenças ou que tenham importância epidemiológica re- — 3.1 Doenças virais
lacionada principalmente aos fatores ambientais; As doenças virais ou viroses são infecções causadas por vírus.
k) mobilização da comunidade para desenvolver medidas sim- Os vírus são seres muito pequenos e simples, formados apenas por
ples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no am- uma cápsula proteica (cápsula composta por proteínas) e material
biente para o controle de vetores; genético (DNA ou RNA ou os dois juntos).
l) participar de todas as atividades e parâmetros estabelecidos
pelo Ministério da Saúde.

Nas atividades assistidas por profissional de nível superior e


condicionada à estrutura de vigilância epidemiológica e ambiental
e de atenção básica a participação:
a) no planejamento, execução e avaliação das ações de vaci-
nação animal contra zoonoses de relevância para a saúde pública
normatizadas pelo Ministério da Saúde, bem como na notificação
e na investigação de eventos adversos temporalmente associados
a essas vacinações;
b) na coleta de animais e no recebimento, no acondiciona- Estrutura básica de um vírus.
mento, na conservação e no transporte de espécimes ou amostras
biológicas de animais, para seu encaminhamento aos laboratórios Ao infectar organismos vivos (como os seres humanos e outros
responsáveis pela identificação ou diagnóstico de zoonoses de rele- animais), os vírus causam doenças como AIDS, dengue, febre
vância para a saúde pública no Município; amarela, hepatite, herpes, sarampo e muitas outras, conforme será
c) na necropsia de animais com diagnóstico suspeito de zoo- apresentado com mais detalhes a seguir.
noses de relevância para a saúde pública, auxiliando na coleta e no
encaminhamento de amostras laboratoriais, ou por meio de outros 3.1.1 AIDS
procedimentos pertinentes; Considerada ainda hoje um dos maiores problemas de saúde
em todo o mundo, a AIDS, também conhecida como Sida (Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida), é uma doença grave.

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quem causa a doença: a AIDS é causada pelo vírus da Também podem aparecer neoplasias como sarcoma de Kaposi,
imunodeficiência humana, conhecido popularmente como HIV. linfomas não Hodgkin e câncer de colo de útero.
Após entrar no organismo, o HIV ataca os linfócitos (células de
defesa do organismo), comprometendo de forma significativa a Como é o tratamento da doença: os tratamentos empregados
capacidade do corpo de combater as doenças. para a AIDS visam prolongar e melhorar a qualidade de vida do
Quem transmite a doença: quem armazena e transmite o vírus paciente não só com a redução da carga viral no sangue, mas
é o homem. também, com a reconstituição do seu sistema imunológico.
Como a doença é transmitida: o vírus HIV é transmitido pelo No Brasil, o tratamento da doença é garantido e integralmente
contato direto com secreções contaminadas como esperma, oferecido e pelo SUS.
secreção vaginal, sangue e leite materno. A transmissão do vírus Como a doença pode ser prevenida: a AIDS pode ser
ainda pode ser favorecida pela presença de outras DSTs (doenças facilmente evitada com a adoção de estratégias simples como usar
sexualmente transmissíveis) como: sífilis, herpes genital, cancro preservativos masculinos e femininos, realizar a triagem e testagem
mole, gonorreia, candidíase entre outras. Outros fatores de risco dos doadores de sangue, esperma e órgãos, seguir corretamente
associados a transmissão da doença são: a recepção de órgão ou as recomendações específicas para procedimentos que utilizam
sangue contaminado, a reutilização e/ou compartilhamento de materiais perfurocortantes, usar EPIs (equipamentos de proteção
seringas e agulhas, acidentes com materiais perfurocortantes individual) limpos e esterilizados ou descartáveis quando possível.
contaminados e a gestação (quando a mãe é HIV positivo).
Em quanto tempo aparecem os sintomas: o período entre a
contaminação e o surgimento dos primeiros sintomas da doença
ATENÇÃO
é denominado período de incubação. No caso da AIDS, os sinais
e sintomas da fase aguda da doença aparecem no período de 5
No caso de gestantes HIV positivas, é fundamental iniciar a
a 30 dias. Após a fase aguda, o indivíduo com AIDS desenvolve a
profilaxia da transmissão a partir da 14ª semana de gravidez.
imunodeficiência (comprometimento do sistema imunológico) em
um espaço de tempo de 5 a 10 anos.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo
contaminado pelo vírus HIV pode transmiti-lo a partir do momento 3.1.2 Dengue
em que é infectado, mesmo que ainda não apresente sinais e A dengue é uma doença viral que se manifesta principalmente
sintomas da doença. por febre alta, dores musculares, dor de cabeça, dor atrás dos
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da AIDS olhos, náuseas, vômito, diarreia e outros.
pode ser feito por meio de exames laboratoriais e observação
de manifestações clínicas. No caso dos testes laboratoriais, é Alguns sinais podem indicar dengue hemorrágica ou choque.
extremamente importante levar em conta a janela imunológica A – Sinais de dengue hemorrágica: dor abdominal, vômito
(tempo entre a contaminação pelo vírus até a possível detecção persistente, hemorragia, sonolência, queda da temperatura
de marcadores virais e antivirais) e o período de soroconversão corporal, diminuição de plaquetas, entre outros.
(espaço de tempo em que ocorre o desenvolvimento de anticorpos B – sinais de choque: hipotensão arterial (pressão arterial
para o agente patológico). Em relação as manifestações clínicas, os baixa), extremidades frias (mãos e pés), pulso rápido etc.
sinais e sintomas irão variar conforme a fase da infecção:
A – Fase aguda da infecção: normalmente, nessa fase, o paciente Quem causa a doença: a doença é causada pelo Arbovírus do
pode apresentar sintomas de infecção viral como febre, faringite, gênero Flavivirusa.
adenopatia, faringite, mialgia, rash cutâneo, ulcerações (na mucosa Quem transmite a doença: quem transmite o vírus da dengue é
oral, no esôfago e na genitália), dor de cabeça, sensibilidade à luz, o mosquito Aedes aegypti, ou seja, o mosquito é o vetor da doença.
náuseas, vômito e perda de peso. Alguns indivíduos ainda podem Como a doença é transmitida: a transmissão da dengue se
desenvolver candidíase oral e síndrome de Guillain-Barré. Esses dá pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Ao picar um
sinais e sintomas persistem, em média, por até 14 dias. indivíduo doente, o mosquito contrai o vírus, podendo transmiti-lo
B – Fase assintomática da infecção: pode durar de meses até para outra pessoa em uma nova picada.
alguns anos com poucas ou nenhuma manifestação clínica. Nos Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas da
testes laboratoriais, a contagem de linfócitos pode se mostrar dengue aparecem em 3 a 15 dias.
estável ou em redução. A partir de quando a doença pode ser transmitida: o mosquito
C – Fase sintomática inicial da infecção: nessa fase, o paciente contrai o vírus de um homem doente durante o período de viremia
pode apresentar sintomas inespecíficos e de intensidade variável, (vai de um dia antes da febre até o sexto dia da doença).
além de agravos oportunistas como candidíase oral, diarreia, febre, Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
sudorese noturna e perda de peso. a partir dos sintomas em conjunto com a prova do laço e a
confirmação laboratorial.
Com a imunidade bastante comprometida, o paciente pode
desenvolver uma série de doenças oportunistas, muitas vezes É importante realizar a prova do laço em todos os casos de
causadas por: suspeita de dengue. Para isso, basta:
A – Outros vírus (herpes, citomegalovirose); A – Desenhar um quadro de 2,5 x 2,5 no antebraço do indivíduo;
B – Bactérias (tuberculose, pneumonia, salmonelose); B – Verificar a pressão arterial (PA) com o indivíduo deitado ou
C – Fungos (candidíase, pneumocistose, criptococose); sentado;
D – Protozoários (toxoplasmose, isosporíase).

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

C – Calcular o valor médio da PA com o seguinte cálculo Como é o tratamento da doença: o tratamento se baseia
(pressão arterial sistólica + pressão arterial diastólica / 2); em amenizar os sintomas da doença, uma vez que não existe
D – Insuflar novamente o manguito até atingir o valor médio medicamento específico para a febre amarela.
obtido com o cálculo e manter por 5 minutos (adultos) ou 3 minutos Como a doença pode ser prevenida: a principal medida para a
(crianças) até o aparecimento de petéquias (pequenos pontos prevenção da febre amarela é a vacinação.
vermelhos ou roxos);
E – Contar o número de petéquias no interior do quadrado. A 3.1.4 Hantaviroses
prova do laço será positiva para dengue se o número de petéquias A Hantaviroses são infecções virais que podem ser manifestar
for igual ou maior que 20 em adultos ou 10 em crianças. sob as seguintes formas, com diferentes sinais e sintomas:
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com A – Febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR): forma
base nos sintomas apresentados pelo doente. Normalmente são grave, típica da Europa e da Ásia.
usados analgésicos e antitérmicos, além da indicação de hidratação. B – Síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH): forma
Como a doença pode ser prevenida: as medidas de prevenção detectada apenas nas Américas, com sintomas como febre, dor
se concentram no combate do mosquito Aedes aegypti. Para isso, é muscular, dor abdominal, dor de cabeça intensa, náusea, vômito
preciso evitar o acúmulo de água parada em vasos, garrafas, pneus e diarreia.
e latas de lixo, impedindo o desenvolvimento do mosquito. Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus
pertencente ao gênero Hantavirus.
3.1.3 Febre amarela Quem transmite a doença: o vírus causador da doença é
A febre amarela é uma doença viral de curta duração e transmitido por roedores silvestres nos quais, aparentemente, a
gravidade variável. É caracterizada principalmente por febre alta, infecção por hantavírus não é letal.
calafrios, prostração, dor de cabeça, náuseas e vômito. Poucos dias Como a doença é transmitida: a transmissão da doença
após a infecção, a doença pode tanto evoluir para a cura quanto geralmente se dá pela inalação de aerossóis formados a partir de
para a sua forma grave com sintomas como insuficiência hepática e fezes e urina de roedores. A infecção também pode ocorrer pela
renal, além de manifestações hemorrágicas. ingestão de alimentos e água contaminados pelo vírus e por meio
Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus amarílico de escoriações ou mordidas provocadas por roedores.
(arbovírus do gênero Flavivírus). Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas podem
Quem transmite a doença: o transmissor varia conforme a aparecer de 4 a 60 dias após a contaminação.
forma da doença. A partir de quando a doença pode ser transmitida: o período
A – Febre amarela silvestre (FAS): normalmente, no Brasil a FAS de transmissibilidade é desconhecido.
é transmitida apenas para macacos e quem faz essa transmissão é o Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da
mosquito Haemagogus janthinomys. doença é feito com base na suspeita clínica, nas características
B – Febre amarela urbana (FAU): no caso da FAU, a doença é epidemiológicas da doença e nos resultados de exames laboratoriais.
transmitida para os seres humanos e quem faz a transmissão é o Como é o tratamento da doença: o tratamento normalmente é
mosquito Aedes aegypti. feito em unidades de terapia intensiva, visando manter as funções
vitais do paciente.
Como a doença é transmitida: a transmissão também depende Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser
da forma de febre amarela. prevenida com medidas como controle da população de
A – Febre amarela silvestre: o ciclo de transmissão na FAS ocorre roedores, educação em saúde e descontaminação de ambientes
do macaco doente para o mosquito Haemagogus janthinomys e do potencialmente contaminados.
mosquito para o macaco sadio.
B – Febre amarela urbana: já na FAU, o ciclo acontece do 3.1.5 Hepatite A
homem doente para o mosquito Aedes aegypti e do mosquito para A hepatite A é uma infecção viral com sinais e sintomas
o homem sadio. variados. Durante a evolução da doença é possível identificar os
seguintes períodos:
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas da febre A – Prodrômico ou pré-ictérico: tem duração de
amarela aparecem em 3 a 6 dias após a picada do mosquito infectado. aproximadamente 7 dias e é caracterizado por sintomas como
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o homem febre, mal estar, dor de cabeça, cansaço, fraqueza muscular,
doente pode se tornar fonte de infecção para o mosquito no vômito, aversão a alguns alimentos e fumaça etc.
período de 24 a 48 horas antes do surgimento dos sintomas até 3 a B – Ictérico: dura de 4 a 6 semanas e normalmente, é precedido
5 dias após o aparecimento dos mesmos. por um período de 2 a 3 dias de colúria (eliminação de urina
Como é feito o diagnóstico da doença: as formas leves e escura). Pode haver sintomas como febre, dor de cabeça, aumento
moderadas da doença podem ser confundidas com outras doenças do fígado e eliminação de fezes esbranquiçadas (hipocolia fecal).
virais. Dessa maneira, o diagnóstico da febre amarela deve levar C – Convalescença: nesse período o paciente tem a sensação
em conta não só os sinais clínicos apresentados pelo paciente, de retorno do bem estar. Além disso, as fezes e a urina voltam a ter
mas também, as características epidemiológicas da doença e a coloração normal.
os resultados de exames laboratoriais, quando estes indicam a
presença do vírus em amostra de sangue ou de tecido hepático Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus da Hepa-
(tecido obtido do fígado) do indivíduo doente. tite A (HAV).
Quem transmite a doença: a doença pode ser transmitida pelo
homem e alguns primatas como saguis e chimpanzés.

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como a doença é transmitida: a transmissão da doença pode 3.1.7 Hepatite C


acontecer de várias formas, as principais são pela ingestão de água A hepatite C é uma doença viral que pode se desenvolver
ou alimentos contaminados ou pelo contato com o doente ou com de forma assintomática (sem sintomas) ou sintomáticas (com
objetos infectados. sintomas).
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas podem Dentre os sintomas da doença estão febre, mal estar, dor
aparecer de 15 a 45 dias após a contaminação pelo vírus. de cabeça, cansaço, fraqueza muscular, vômito, aversão a alguns
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente alimentos e fumaça. Também pode haver a eliminação de urina
pode transmitir a hepatite A no período da segunda semana antes escura e fezes esbranquiçadas, assim como o aumento do fígado
do aparecimento dos sintomas até o final da segunda semana da e do baço.
doença. Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus da
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença Hepatite C (HCV).
não pode ser feito baseado apenas em sinais clínicos. Assim, é im- Quem transmite a doença: a doença é transmitida por homens
portante realizar exames sorológicos e laboratoriais, como a dosa- e chimpanzés.
gem das enzimas hepáticas, por exemplo. Como a doença é transmitida: a hepatite C pode ser
Como é o tratamento da doença: não existe tratamento espe- transmitida pelo contato sexual, por transfusões de sangue e
cífico para a hepatite A. Dessa forma, são utilizados medicamentos pelo compartilhamento de agulhas e seringas. Além disso, pode
apenas para tratar os sintomas. Além disso, é indicado que o pa- acontecer a transmissão de mãe para filho durante o parto.
ciente evite o consumo de álcool por um período de 6 a 12 meses. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas
Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser pre- aparecem em 15 a 150 dias.
venida com vacina. Outras medidas são manter o doente afastado
temporariamente de suas atividades e garantir a higienização ade- A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente
quada das mãos e dos alimentos, assim como a descontaminação pode transmitir a hepatite C no período de 1 semana antes do
dos objetos infectados. aparecimento dos primeiros sintomas, continuando enquanto o
vírus causador da doença for detectado em seu sangue.
3.1.6 Hepatite B Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
A hepatite B é uma infecção viral que pode se desenvolver de não pode ser feito baseado apenas em sinais clínicos. Assim, é
forma assintomática (sem sintomas) ou sintomáticas (com sinto- importante realizar exames sorológicos e laboratoriais, como a
mas). dosagem das enzimas hepáticas, por exemplo.
Dentre os sintomas da doença estão febre, mal estar, dor de Como é o tratamento da doença: não existe tratamento
cabeça, cansaço, fraqueza muscular, vômito, aversão a alguns ali- específico para a hepatite C. É indicado que o paciente mantenha
mentos e fumaça. Também pode haver a eliminação de urina escura repouso até a normalização das enzimas hepáticas.
e fezes esbranquiçadas, assim como o aumento do fígado e do baço. Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da hepatite
Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus da Hepa- C envolve ações como o uso de preservativos, a testagem de
tite B (HBV). doadores de sangue e o não compartilhamento como seringas e
Quem transmite a doença: a doença pode ser transmitida por agulhas.
homens, chimpanzés e algumas espécies de pato e esquilo.
Como a doença é transmitida: a hepatite B pode ser transmi- 3.1.8 Hepatite D
tida pelo contato sexual, por transfusões de sangue, por procedi- A hepatite D é uma infecção viral que pode se desenvolver de
mentos de hemodiálise e pelo compartilhamento de escovas de forma crônica, apresentando ou não sinais e sintomas.
dente, aparelhos de barbear e seringas. Além disso, pode acontecer Geralmente, a doença crônica se manifesta por períodos de
a transmissão de mãe para filho durante a gestação. febre, icterícia (aumento da bilirrubina no sangue resultando na cor
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas apare- amarelada da pele, fraqueza muscular e principalmente, aumento
cem de 30 a 180 dias. do fígado.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus da
pode transmitir a hepatite B no período de 2 a 3 semanas antes Hepatite D ou Delta (HDV). O vírus da hepatite D pode ser
do aparecimento dos primeiros sintomas, continuando por todo o transmitido juntamente com o vírus da hepatite B, gerando sinais e
tempo de evolução da doença que pode durar anos. sintomas semelhantes ao da hepatite A.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença Quem transmite a doença: a doença é transmitida pelo homem
não pode ser feito baseado apenas em sinais clínicos. Assim, é im- doente.
portante realizar exames sorológicos e laboratoriais, como a dosa- Como a doença é transmitida: a hepatite D pode ser transmitida
gem das enzimas hepáticas, por exemplo. da mesma forma que a hepatite B, ou seja, pelo contato sexual,
Como é o tratamento da doença: não existe tratamento espe- por transfusões de sangue e pelo compartilhamento de agulhas,
cífico para a hepatite B. Dessa forma, são utilizados medicamentos seringas, escovas de dente etc.
apenas para tratar os sintomas. Além disso, é indicado que o pacien- Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
te mantenha repouso até a normalização das enzimas hepáticas. em 30 a 180 dias após a contaminação pelo vírus.
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da hepatite B A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente
envolve ações como o uso de preservativos, a testagem de doado- pode transmitir a hepatite D no período de 1 semana antes do
res de sangue e o não compartilhamento de objetos como seringas, aparecimento dos primeiros sintomas, continuando enquanto o
aparelhos de barbear etc. vírus causador da doença for detectado em seu sangue.

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença 3.1.10 Herpes simples


não pode ser feito baseado apenas em sinais clínicos. Assim, é A herpes simples é uma infecção viral caracterizada pelo
importante realizar exames sorológicos e laboratoriais, como a aparecimento de lesões vesiculares acompanhadas de dor,
dosagem das enzimas hepáticas, por exemplo. ardência e coceira, em peles e mucosas da boca (herpes orolabial)
Como é o tratamento da doença: não existe tratamento ou genitália (herpes anogenital).
específico para a hepatite D. É indicado que o paciente mantenha Quem causa a doença: a doença é causada pelo Herpes Simplex
repouso até a normalização das enzimas hepáticas. Virus (HSV), dos tipos 1(causa infecções na face e no tronco) e 2
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da hepatite D (causa infecções na genitália).
envolve ações como o uso de preservativos, a testagem de doadores Quem transmite a doença: a doença é transmitida pelo homem.
de sangue e o não compartilhamento como seringas, aparelhos de Como a doença é transmitida: a transmissão do vírus se dá pelo
barbear, agulhas, entre outros. A vacina contra a hepatite B pode contato íntimo e direto com as lesões infectantes do doente.
reduzir o número de casos de hepatite D. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas
aparecem no período de 1 a 26 dias.
3.1.9 Hepatite E A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente
A hepatite E é uma infecção viral que pode se desenvolver de pode transmitir a herpes de 4 a 12 dias após aparecerem os
assintomática (sem sintomas) ou sintomática, com sintomas muitos primeiros sinais.
semelhantes aos da hepatite A, permitindo identificar os seguintes Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
períodos: é feito com base nos sinais clínicos apresentados pelo paciente.
A – Prodrômico ou pré-ictérico: tem duração de 3 a 4 dias e é Também podem ser realizados testes citológicos.
caracterizado por sintomas como febre, mal estar, dor de cabeça, Como é o tratamento da doença: o tratamento da herpes
cansaço, fraqueza muscular, vômito e desconforto abdominal. consiste na utilização de medicamentos.
B – Ictérico: caracterizado não só pela icterícia (coloração Como a doença pode ser prevenida: a infecção é de difícil
amarelada da pele), mas também pela eliminação de urina escura e controle. O uso de preservativos masculinos e femininos pode
fezes esbranquiçadas, além do aumento do fígado. evitar a transmissão do vírus apenas nas áreas protegidas por eles.

C – Convalescença: nesse período o paciente tem a sensação 3.1.11 Infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV)
de retorno do bem estar. Além disso, as fezes e a urina voltam a ter O HPV também conhecido como verruga venérea ou crista de
a coloração normal. galo, é uma doença viral que se manifesta frequentemente nos ge-
nitais de homens e mulheres por meio do surgimentos de lesões
Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus da únicas ou múltiplas, localizadas ou difusas de tamanho variável.
Hepatite E (HEV). Quem causa a doença: a doença é causada pelo Papiloma Vírus
Quem transmite a doença: normalmente, a doença é Humano (HPV), que tem ganhado destaque por estar possivelmen-
transmitida pelo homem. No entanto, existem relatos da presença te relacionado ao desenvolvimento do câncer.
do vírus em suínos, bovinos, cães, galinhas, roedores e primatas. Quem transmite a doença: a doença é transmitida pelo homem
Como a doença é transmitida: a forma mais comum de doente.
transmissão da hepatite E é pela ingestão de água e alimentos Como a doença é transmitida: a transmissão do vírus se dá pelo
contaminados pelo vírus. contato direto com as lesões infectantes ou com objetos contami-
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas nados.
costumam aparecer no período de 14 a 60 dias após a contaminação. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente período de 1 a 20 meses.
pode transmitir a hepatite E no período da segunda semana antes A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente
do aparecimento dos sintomas até o final da segunda semana da pode transmitir o HPV enquanto tiver lesões viáveis.
doença. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença é feito com base nos sinais clínicos associados a exames sorológicos
não pode ser feito baseado apenas em sinais clínicos. Assim, é para a detecção do vírus ou biópsias do tecido lesionado.
importante realizar exames sorológicos e laboratoriais, como a Como é o tratamento da doença: o vírus HPV não pode ser
dosagem das enzimas hepáticas, por exemplo. eliminado. Dessa forma, o tratamento se baseia na remoção das
Como é o tratamento da doença: não existe tratamento lesões com o uso de medicamentos ou com a aplicação de técnicas
específico para a hepatite E. É indicado que o paciente mantenha de cauterização.
repouso até a normalização das enzimas hepáticas. Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser con-
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da hepatite trola com o uso de preservativos masculinos e femininos e com a
E envolve ações como manter o doente afastado temporariamente abstinência sexual durante o tratamento do doente, interrompendo
de suas atividades e garantir a higienização adequada das mãos a cadeia de transmissão do vírus.
e dos alimentos, assim como a descontaminação dos objetos
infectados. 3.1.12 Influenza
A influenza, mais conhecida como gripe, é uma doença
viral altamente contagiosa que acomete o sistema respiratório
de homens e mulheres, causando sintomas como febre, dores
musculares e tosse seca, além de dor de cabeça, calafrios, espirros
e coriza.

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Trata-se de uma infecção de grande importância, uma vez que Em quanto tempo aparecem os sintomas: varia conforme o ví-
constitui uma das principais causas de hospitalização de idosos e rus causador.
pacientes portadores de doenças crônicas. A partir de quando a doença pode ser transmitida: varia con-
Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus Influenza forme o vírus causador.
dos tipos A, B e C. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico das me-
Quem transmite a doença: o transmissor da doença varia ningites é confirmado por exames laboratoriais realizados com a
conforme o tipo do vírus. amostra de líquor (líquido cefalorraquidiano) do doente.
A – Influenza A: é encontrado em humanos, suínos, cavalos, Como é o tratamento da doença: o tratamento inclui a avalia-
aves e mamíferos marinhos. ção e o monitoramento clínicos, em alguns casos, acompanhado
B – Influenza B: é encontrado exclusivamente em humanos. pelo uso de drogas antivirais específicas.
C – Influenza C: pode ser encontrado em humanos e suínos. Como a doença pode ser prevenida: a prevenção das menin-
gites virais envolve medidas gerais de higiene, assim como o trata-
Como a doença é transmitida: a forma mais comum de mento precoce dos casos diagnosticados.
transmissão da gripe se dá pelo contato de gotículas de saliva ou
secreções do doente com as mucosas oral (mucosa da boca), nasal 3.1.14 Mononucleose infecciosa
(mucosa do nariz) ou ocular (mucosa dos olhos). Normalmente, A mononucleose infecciosa também chamada doença do beijo,
isso acontece quando levamos a mão contaminada com o vírus até é uma doença viral que atinge principalmente, pessoas com idade
essas regiões. Embora a transmissão de humano para humano seja entre 15 e 25 anos.
mais comum, também existem registros de transmissão do vírus de A doença pode se manifestar de forma assintomática (sem sin-
aves e suínos para o homem (gripe suína ou H1N1 e gripe aviária. tomas) ou por meio do surgimento de sinais como tosse, febre alta,
Em quanto tempo aparecem os sintomas: geralmente, os dor ao engolir, dor nas articulações, aumento dos linfonodos na re-
sintomas aparecem em 1 a 4 dias. gião do pescoço, aumento discreto do fígado e do baço e erupções
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo cutâneas.
doente pode transmitir a doença no período de 2 dias antes do Em geral, o paciente pode se reestabelecer em poucas sema-
aparecimentos dos sintomas até 5 dias depois. nas, mas em alguns casos, são necessários alguns meses até a re-
Como é feito o diagnóstico da doença: como a gripe possui cuperação total.
sintomas semelhantes a de outras enfermidades causadas por vírus
respiratórios, o diagnóstico da doença só é possível com a realização Quem causa a doença: a doença é provocada pelo vírus Eps-
de exames laboratoriais das secreções do indivíduo doente. tein-Barr (VEB).
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença inclui Quem transmite a doença: o vírus é transmitido pelo homem.
medidas como repouso e hidratação, além do uso de antitérmicos e Como a doença é transmitida: a transmissão se dá pelo contato
de medicamentos específicos para tratar a Influenza. com a saliva do indivíduo doente. Transmissões por contato sexual
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de são raras.
prevenção contra a doença é a vacinação. Outra ação bastante Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
eficaz, é a higienização adequada das mãos antes de tocar a boca, no período de 30 a 45 dias após a contaminação pelo vírus.
o nariz e os olhos. A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo
doente pode permanecer transmitindo a doença por um período
3.1.13 Meningites virais igual ou maior que 12 meses.
As meningites virais são infecções causadas por uma grande Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é realizado
variedade de vírus, caracterizadas por sintomas como dor de com base nos sinais clínicos associados aos resultados do exame
cabeça, sensibilidade a luz, rigidez de nuca, náuseas, vômitos e sorológicos.
febre.
Normalmente, a evolução dessas doenças é bem rápida e não Como é o tratamento da doença: o tratamento dos casos sin-
costuma causar complicação, a não ser no caso de indivíduos com a tomáticos (com sintomas) é feito com a administração de medica-
imunidade comprometida. mentos.
Quem causa a doença: as meningites virais podem ser causadas Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de pre-
pelos seguintes vírus: venção contra a doença é evitar o contato com a saliva do indivíduo
a) enterovírus (Echovirus e Coxsackievirus); doente ou portador do vírus.
b) arbovírus (destacando o vírus da febre do Nilo Ocidental);
c) vírus do Sarampo; 3.1.15 Parotidite infecciosa
d) vírus da caxumba; A parotidite infecciosa, mais conhecida como caxumba ou pa-
e) vírus da coriomeningite linfocítica; peira, é uma doença viral caracterizada pela presença de febre e,
f) vírus da AIDS (HIV-1); principalmente, pelo aumento de uma ou mais glândulas salivares
g) adenovírus; (geralmente a parótida).
h) vírus do grupo herpes (Herpes Simples tipos 1 e 2, Varicela Além desses sinais, em alguns casos também pode ocorrer or-
zoster, Epstein-Barr e citomegalovírus). quiepididimite (processo inflamatório que envolve os testículos)
nos homens e ooforite (inflamação de um ou dos dois ovários) nas
Quem transmite a doença: varia conforme o vírus causador. mulheres.
Como a doença é transmitida: varia conforme o vírus causador. Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus do gênero
Paramyxovirus.

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quem transmite a doença: o homem doente. Além da encefalite, a infecção também produz sintomas como
Como a doença é transmitida: a transmissão acontece pelo mal estar, aumento de temperatura corporal, anorexia, dor de
contato com gotículas de saliva da pessoa doente. cabeça, náuseas, irritabilidade e sensação de angústia. Com sua
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas apare- evolução, também ocorrem manifestações como delírios, espasmos
cem de 12 a 25 dias após a contaminação pelo vírus. musculares involuntários (contrações musculares involuntárias)
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo e convulsões. Os espasmos musculares progridem para paralisia,
infectado pode transmitir a doença no período de 6 a 7 dias antes causando retenção urinária, prisão de ventre e alterações
da manifestação dos sintomas até 9 dias após o aparecimento dos cardiorrespiratórias, evoluindo para a morte em poucos dias.
mesmos. Na urina, o vírus pode ser encontrado até 14 dias depois A doença representa um grande problema de saúde,
o início da infecção. principalmente porque pode ser transmitida por animais
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a domésticos como cães e gatos.
partir dos sintomas apresentados pelo paciente e de resultados de Quem causa a doença: a doença é causada pelo Vírus da Raiva
exames laboratoriais. Humana, pertencente ao gênero Lyssavirus.
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença en- Quem transmite a doença: o transmissor varia conforme a área
volve repouso e o uso de medicamentos para febre e dor. do ciclo da doença.
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de pre- a) Área urbana: nas cidades, as principais fontes de infeção são
venção contra a doença é se vacinar antes da exposição ao vírus. os cães e os gatos (reservatórios).
b) Área rural: nas zonas rurais, o vírus é transmitido por
3.1.16 Poliomielite bovinos, equinos e outros.
A poliomielite ou paralisia infantil é uma doença viral contagio- c) Área silvestre: no ambiente silvestre, o vírus pode ser
sa, caracterizada pelo início súbito de paralisia que se manifesta na transmitido por morcegos, raposas, coiotes, gatos do mato,
forma de infecções assintomáticas (sem sintomas) ou com a pre- jaritatacas, guaxinins, macacos e outros.
sença de sintomas inespecíficos como febre, dor de cabeça, tosse
e coriza. Como a doença é transmitida: a doença é transmitida por meio
Quem causa a doença: a doença é causada pelo polivírus do de mordidas e arranhões produzidos por animais com a presença
gênero Enterovirus. do vírus na saliva, ou seja, infectados. Na literatura existem relatos
Quem transmite a doença: o homem. de transmissão de pessoa para pessoa por meio de transplante de
Como a doença é transmitida: a doença é transmitida de pes- órgãos.
soa para pessoa por meio do contato com água, alimentos e objetos Em quanto tempo aparecem os sintomas: o período de
contaminados por fezes ou secreções do doente. incubação da doença é variável, podendo ser de dias até anos. Por
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas da doen- exemplo, no homem os sintomas surgem em aproximadamente 45
ça aparecem de 2 a 30 dias após a contaminação. dias. Já no cão, os sintomas costumam a aparecer por volta de 10
A partir de quando a doença pode ser transmitida: acredita-se dias a 2 meses após a infecção.
que a doença possa ser transmitida antes mesmo do surgimento A partir de quando a doença pode ser transmitida: o período
dos sintomas. de transmissibilidade também varia de espécie para espécie. Sabe-
Como é feito o diagnóstico da doença: geralmente, o diagnósti- se que no caso dos cães e gatos, a presença do vírus na saliva pode
co se baseia na realização de exames laboratoriais em amostras de ser percebida entre 2 a 5 dias após o surgimento dos primeiros
fezes do doente. sintomas.
Como é o tratamento da doença: não existe tratamento especí- Como é feito o diagnóstico da doença: a doença é facilmente
fico para a poliomielite. No entanto, é indicado que todos os casos diagnosticada quando os sinais e sintomas se manifestam após
sejam internados para tratamento de suporte. o contato do paciente com um animal doente. A confirmação do
Como a doença pode ser prevenida: a medida mais eficaz para diagnóstico geralmente é feita por meio de exames sorológicos.
a prevenção da doença é a vacinação. Como é o tratamento da doença: casos suspeitos e confirmados
da doença são tratados por meio da utilização do protocolo
de tratamento de raiva humana, elaborado pela Secretaria de
ATENÇÃO Vigilância em Saúde. Esse protocolo envolve a indução ao coma,
o uso de antivirais, a reposição de enzimas e a manutenção das
Em virtude da política de prevenção, vigilância e controle funções vitais do paciente.
desenvolvida pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a poliomielite
encontra-se erradicada no Brasil desde o início dos anos 90. Como a doença pode ser prevenida: a principal medida para
prevenção da doença é a vacinação.

3.1.18 Rubéola
3.1.17 Raiva A rubéola é uma infecção viral que causa febre baixa e
Conhecida desde a antiguidade, a raiva é uma doença exantema maculopapular (tipo de erupção cutânea) inicialmente,
viral altamente letal. Trata-se de uma zoonose (doença que na face, no couro cabeludo e no pescoço, espalhando-se mais tarde
normalmente acomete animais, mas pode ser transmitida para os para o tronco e membros. Também podem ocorrer conjuntivite,
seres humanos) caracterizada pela ocorrência de encefalite aguda tosse e coriza.
(inflamação aguda do cérebro).

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A importância epidemiológica da doença está relacionada 3.1.20 Varicela


ao risco de Síndrome da Rubéola Congênita que pode acontecer A varicela, também chamada de catapora, é doença viral
quando a mulher grávida adquire a infecção durante os cinco altamente contagiosa, caracterizada principalmente pelo
primeiros meses de gestação. Em geral, essa síndrome causa aparecimento de lesões cutâneas acompanhadas de coceira.
abortos e malformações congênitas como surdez, catarata e Inicialmente, as lesões presentes na pele possuem a aparência
doenças cardíacas. de vesículas que mais tarde, adquirem a forma de pústulas (lesões
Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus com pus) e posteriormente, criam crostas.
pertencente ao gênero Rubivirus. Durante o desenvolvimento da doença, além das lesões na
Quem transmite a doença: o homem. pele, também é possível observar a presença de febre moderada.
Como a doença é transmitida: a doença é transmitida Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus Varicella
pelo contato direto com secreções nasofaríngeas (secreções zoster.
provenientes do nariz e garganta) eliminadas pelo doente. Quem transmite a doença: o homem.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas Como a doença é transmitida: a doença é transmitida pelo
aparecem em 12 a 23 dias. contato direto com o doente ou com as secreções respiratórias
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo eliminadas.
doente pode transmitir a infecção no período de 5 a 7 dias antes Em quanto tempo aparecem os sintomas: surgem em 10 a 20
do surgimento de exantema maculopapular até 5 a 7 dias depois. dias após a infecção.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é realizado A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo
com base nos sinais clínicos apresentados pelo paciente e nos doente pode transmitir a doença no período de 1 a 2 dias antes
resultados de exames laboratoriais. do aparecimento das lesões até 5 dias depois do surgimento das
Como é o tratamento da doença: não existe tratamento primeiras vesículas.
específico para a rubéola. Geralmente, são utilizados medicamentos Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
apenas para aliviar os sintomas da doença. com base nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente.
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida para Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença
prevenção da doença é a vacinação. é feito com o uso de antivirais e medicamentos para aliviar os
sintomas.
3.1.19 Sarampo Como a doença pode ser prevenida: as medidas para a
O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa que se prevenção da doença envolvem a vacinação e a desinfecção dos
desenvolve em três períodos bastante definidos: objetos contaminados por secreções do doente.
a) Período prodrômico ou catarral: dura cerca de 6 dias com
febre, tosse, corrimento nasal, conjuntivite e sensibilidade a luz. Ao — 3.2 Doenças bacterianas
final do período, é comum surgirem pequenas manchas brancas na As doenças bacterianas são causadas por bactérias. As
mucosa da boca (sinal de Koplik). bactérias são microrganismos procariontes, formados por uma
b) Período exantemático: durante essa fase acontece os sinais única célula composta basicamente por quatro componentes:
do período prodrômico se tornam mais evidentes. Além disso, membrana plasmática, hialoplasma, ribossomos e cromatina
aparece o exantema característico da doença (erupções cutâneas (material genético da bactéria).
de cor avermelhada que acometem a face, o tronco e os membros).
c) Período de convalescença ou de descamação furfurácea:
nesse período, as erupções se tornam mais escuras e começam a
descamar.

Quem causa a doença: a doença é causada pelo vírus do gênero


Morbillivirus.
Quem transmite a doença: o homem.
Como a doença é transmitida: a doença é transmitida pelo
contato com as secreções eliminadas pelo doente ao tossir, falar
e espirrar.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas se
manifestam em 7 a 18 dias.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo
doente pode transmitir a infecção no período de 4 a 6 dias antes do
surgimento de exantema até 4 dias depois. Estrutura básica de uma bactéria.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
é realizado com base nos sinais clínicos apresentados pelo paciente Vivendo de forma isolada ou agrupada (formando colônias), as
e nos resultados de exames laboratoriais. bactérias são capazes de causar uma grande variedade de doenças
Como é o tratamento da doença: geralmente, o tratamento como cólera, tétano, difteria, sífilis, entre outras que serão citadas
envolve o uso de antitérmicos e a manutenção da hidratação do com maiores detalhes a seguir.
paciente.
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida para
prevenção da doença é a vacinação.

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.2.1 Brucelose Como a doença pode ser prevenida: as principais medidas para
A brucelose, também chamada de febre ondulante, febre de prevenção da doença são a educação em saúde com aconselha-
Malta ou febre do mediterrâneo é uma doença causada por bac- mento sobre as situações de risco e a importância do tratamento,
térias. assim como o uso de preservativos, estratégia altamente eficaz con-
Quem causa a doença: a doença é causada pelas bactérias Bru- tra as DSTs.
cella melitensis, Brucella suis, Brucella abortus, e Brucella canis.
Quem transmite a doença: animais como gado bovino, suíno, 3.2.3 Cólera
ovino, caprino cães e outros podem transmitir as bactérias causa- A cólera é uma infecção intestinal que pode se manifestar de
doras da doença. forma leve (diarreia leve) ou grave (diarreia, vômito, dor abdominal,
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença ocorre câimbras, desidratação e insuficiência renal).
pelo contato com tecidos, sangue, urina, secreções vaginais, fetos Quem causa a doença: a doença é causada pelo bacilo Vibrio
abortados e placenta de animais infectados. A ingestão de leite cru cholerae.
e derivados contaminados também pode provocar a doença. Quem transmite a doença: o homem.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas apare- Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se dá
cem em 1 a 3 semanas. pela ingestão de agua e alimentos contaminados por fezes ou vômi-
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença to de doentes.
não é transmitida de pessoa para pessoa. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas podem
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito aparecer depois horas ou até dias da infecção.
baseado na suspeita clínica aliada ao histórico de ingestão de pro- A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmis-
dutos de origem animal crus, não pasteurizados ou esterilizados. são acontece até poucos dias (cerca de 20 dias) após a cura, período
A confirmação do diagnóstico é feito com testes laboratoriais que em que ainda é possível encontrar o bacilo nas fezes.
utilizam sangue, tecidos ou secreções do paciente. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
Como é o tratamento da doença: o tratamento da brucelose é a partir dos sintomas da doença e da identificação do bacilo em
feito com o uso de antibióticos. amostras de fezes.
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da doença Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
pode ser realizada por meio da adoção de medidas como educação o uso de antibióticos e muita hidratação.
em saúde, controle sanitário dos animais, inspeção sanitária dos Como a doença pode ser prevenida: a cólera pode ser evitada
produtos de origem animal e manejo dos portadores da brucelose. com medidas de saneamento básico. Outras maneiras de prevenir a
doença é higienizar adequadamente as mãos e os alimentos, além
3.2.2 Cancro mole de realizar a desinfecção de roupas de cama e vestuário dos doen-
O cancro mole ou cancro venéreo simples é uma doença sexu- tes.
almente transmissível caracterizada pela presença de lesões dolo-
rosas na genitália masculina e feminina. 3.2.4 Coqueluche
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria Hae- A coqueluche é uma doença infecciosa que acomete o sistema
mophilus ducrey. respiratório (traqueia e brônquios), causando febre, mal estar, co-
Quem transmite a doença: o homem. riza e tosse seca.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença ocorre Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria Bor-
pelo contato sexual sem proteção adequada. detella pertussis.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem Quem transmite a doença: o reservatório natural da bactéria
de 3 a 14 dias após a infecção. é o homem.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmis- Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acon-
são ocorre enquanto o indivíduo doente apresentar lesões. tece pelo contato direto com secreções contaminadas, eliminadas
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito quando o doente tosse, espirra ou fala.
baseado na suspeita clínica aliada a testes laboratoriais de identi- Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
ficação da bactéria. Portadores da doença apresentam lesões dolo- em dias ou até semanas após a contaminação pela bactéria.
rosas do tipo úlcera com borda irregular, cobertas por um líquido de A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmis-
coloração amarela e odor fétido. são pode acontecer no período de 5 dias depois do contato com
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é o doente até 3 semanas após o início dos acessos de tosse (fase
feito com o uso de antibióticos. paroxística).
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a
O paciente deve ser acompanhado pelo médico responsável partir dos sintomas da doença e da identificação da bactéria em
até o completo desaparecimento das lesões. Durante o período de amostras de secreção do doente.
tratamento, é indicada a abstinência sexual. Além disso, é funda- Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
mental que os parceiros sexuais do portador da doença também o uso de antibióticos.
sejam tratados, uma vez que alguns indivíduos podem apresentar a Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de pre-
doença sem sintomas. venção é a vacinação contra a doença.

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.2.5 Difteria As formas mais graves da doença pode apresentar sintomas


A difteria ou crupe é uma doença infecciosa que atinge o nariz, como inchaço dos membros inferiores, aumento do fígado e insufi-
a laringe, a faringe (garganta) e as amigdalas, causando o apareci- ciência renal, além de manifestações pulmonares, gastrointestinais,
mentos de placas brancas e dor na garganta. Em casos mais graves neurológicas e hemorrágicas.
da doença, pode haver o aumento do pescoço (pescoço taurino). Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria Ri-
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria ckettsia rickettsii.
Corynebacterium diphtheriae. Quem transmite a doença: no Brasil, o principal transmissor
Quem transmite a doença: o homem doente. da bactéria causadora da doença são os carrapatos do gênero Am-
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acon- blyomma.
tece pelo contato direto com secreções contaminadas, eliminadas Como a doença é transmitida: a transmissão da doença aconte-
quando o doente tosse, espirra ou fala. ce por meio da picada do carrapato infectado. Para contrair a doen-
ça, o homem precisa permanecer com o carrapato aderido ao seu
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas apare- corpo por um período de 4 a 6 horas.
cem em 1 a 6 dias.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmis- Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
são pode acontecer até duas semanas após o início dos sintomas. em 2 a 14 dias.
Após o início do tratamento, a bactéria é erradicada em até 48 ho- A partir de quando a doença pode ser transmitida: informação
ras. Indivíduos não tratados podem transmitir a doença por até 6 desconhecida.
meses. Como é feito o diagnóstico da doença: a febre maculosa é de
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a difícil diagnóstico, inclusive para profissionais experiente. Assim,
partir dos sintomas da doença e da identificação da bactéria em seu diagnóstico levar envolver não só os sinais clínicos apresenta-
amostras de secreção do doente. dos pelo paciente, mas também, as características epidemiológicas
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com da doença e os resultados de exames laboratoriais e sorológicos.
o uso do soro antidiftérico (SAD) e antibióticos associado a medidas Como é o tratamento da doença: o tratamento se baseia no uso
como repouso. de antibióticos.
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de pre- Como a doença pode ser prevenida: as principais medidas para
venção é a vacinação contra a doença. a prevenção da febre maculosa brasileira é controlar a população
dos carrapatos hospedeiros e tratar imediatamente os casos de sus-
3.2.6 Doença meningocócica peita da doença, mesmo antes da confirmação por exames labora-
A doença meningocócica é uma infecção bacteriana que nor- toriais e sorológicos.
malmente se manifesta com febre, mal estar, calafrios, dor de cabe-
ça, náuseas, vômito, rigidez na nuca etc. 3.2.8 Febre purpúrica brasileira
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria Neis- A febre purpúrica brasileira, também conhecida como
seria meningitidis. conjuntivite bacteriana ou olho roxo, é uma doença infecciosa que
Quem transmite a doença: o homem doente. acomete crianças (de 2 meses a 14 anos de idade).
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acon- Geralmente, a doença tem início logo após um episódio de
tece pelo contato direto com secreções contaminadas, eliminadas conjuntivite com febre alta, taquicardia (aumento da frequência
pelo doente. cardíaca) e erupções cutâneas tipo petéquias (pequenos pontos
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem roxos ou vermelhos) e púrpuras (manchas vermelhas). Também
de 2 a 10 dias após a infecção. pode haver alterações digestivas como náuseas, vômito, diarreia e
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmis- dor abdominal, além de hemorragia intestinal e insuficiência renal.
são acontece enquanto houver a bactéria nas secreções do doente. A evolução da doença costuma ser rápida (de 1 a 3 dias),
Após o início do tratamento, a bactéria destruída em 24 horas. causando a morte de 40 a 90% dos indivíduos acometidos pela
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a enfermidade.
partir dos sintomas da doença e da identificação da bactéria em Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
amostras de sangue e líquor. Haemophilus influenzae.
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com Quem transmite a doença: o homem doente.
o uso de antibióticos. Como a doença é transmitida: a transmissão da doença, ou
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de pre- seja, da bactéria se dá pelo contato direto com o indivíduo com
venção é a vacinação contra a doença. Além disso, recomenda-se o conjuntivite ou pelo contato indireto por meio de toalhas, mãos e
isolamento do doente durante as primeiras 24 horas de tratamento insetos contaminados.
e a desinfecção de objetos contaminado pelas secreções. Em quanto tempo aparecem os sintomas: normalmente, os sintomas
da doença surgem em 7 a 16 dias, podendo chegar até a 60 dias.
3.2.7 Febre maculosa brasileira A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmissão
A febre maculosa brasileira ou febre chitada é um doença de da doença ocorre enquanto houver a conjuntivite.
início abrupto e sintomas que incluem febre, dor de cabeça, mal Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a
estar, náusea e vômito. Normalmente, após alguns dias da infecção, partir dos sintomas da doença e da realização de exames laboratoriais
aparece o exantema maculopapular (erupções cutâneas com áreas a partir de amostras de sangue, conjuntiva, líquor e pele.
avermelhadas) principalmente nas palmas das mãos e plantas dos Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
pés. o uso de antibióticos.

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser a) gonorreia no homem: o homem com gonorreia apresenta
prevenida com o tratamento adequado das crianças doentes e com sintomas como coceira em toda a uretra, ardência ao urinar e
a adoção de medidas de higiene. corrimento purulento.
b) gonorreia na mulher: a mulher doente pode apresentar
3.2.9 Febre tifoide inflamação do colo do útero, corrimento vaginal e ardência ao
A febre tifoide é uma infecção bacteriana de distribuição urinar, causando sequelas como dor pélvica, esterilidade e gravidez
mundial. Geralmente está associada a regiões mais pobres e com ectópica.
condições de saneamento precárias.
Dentre os principais sintomas da doença estão febre alta, Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
dor de cabeça, mal estar, aumento do baço, diarreia, tosse seca e Neisseria gonorrhoeae.
surgimento de manchas rosadas no tronco (roséola tífica). Quem transmite a doença: o homem doente.
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se dá
Salmonella typhi. pelo contato sexual sem proteção.
Quem transmite a doença: o homem doente. Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 1 a 5 dias após a
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença contaminação.
pode acontecer pelo contato direto com as mãos do doente ou A partir de quando a doença pode ser transmitida: sem o
indiretamente pela ingestão de água e alimentos contaminados por tratamento adequado, a doença é transmitida por meses ou até
urina e fezes com a bactéria. anos.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
em 1 a 3 semanas após a contaminação pela bactéria. baseado nos sintomas apresentados pelo doente e nos resultados
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmissão de exames laboratoriais.
da doença ocorre a partir da primeira semana de infecção e dura Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
enquanto o doente estiver eliminando urina e fezes com a bactéria. o uso de medicamentos.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser
partir dos sintomas apresentados pelo paciente, das características prevenida com o uso de preservativos masculinos e femininos
epidemiológicas da doença e dos resultados de exames laboratoriais e com a orientação dos pacientes quanto a importância do seu
realizados com amostras de sangue, medula, urina e fezes. tratamento.
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
o uso de antibióticos. 3.2.11 Hanseníase
Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser A hanseníase, lepra ou Mal de Hansen é uma doença bacteriana
prevenida com a vacinação (a vacina confere imunidade de curta crônica.
duração). Outras medidas importantes são a existência de boas Quem causa a doença: a doença é causada pelo bacilo
condições de saneamento, o afastamento dos doentes dos serviços Mycobacterium leprae, uma micobactéria capaz de infectar um
de manipulação de alimentos e a adoção de medidas de higiene, grande número de indivíduos.
principalmente com relação as mãos. Quem transmite a doença: o homem doente.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se
Já deu para perceber que a higienização das mãos é uma dá pelo contato com as secreções contaminadas eliminadas pelo
excelente estratégia para evitar uma grande variedade de doenças, doente.
né? Para limpar as mãos de forma adequada, basta seguir os Em quanto tempo aparecem os sintomas: normalmente, os
seguintes passos: sintomas surgem em 2 a 7 anos, podendo tanto ser mais curto (7
a) Umedecer as mãos com água. meses) quanto mais longo (10 anos).
b) Aplicar e espalhar sabão em quantidade suficiente em toda A partir de quando a doença pode ser transmitida: o doente
a superfície das mãos. pode transmitir a hanseníase enquanto não iniciar o tratamento da
c) Esfregar as palmas das mãos. doença.
d) Esfregar o dorso da mão esquerda com a palma da mão Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
direita, entrelaçando os dedos e em seguida repetir o movimento é realizado com base nos sinais clínicos, visando identificar áreas
com a outra mão. ou lesões na pele com alterações de sensibilidade. Também podem
e) Esfregar palma com palma, entrelaçando os dedos. ser feitos exames laboratoriais para confirmar a presença da
f) Esfregar o dorso dos dedos com a palma da mão oposta. micobactéria.
g) Esfregar os polegares com movimentos de rotação. Como é o tratamento da doença: o tratamento é feito em
h) Esfregar as pontas dos dedos. regime ambulatorial com a associação de vários medicamentos,
i) Enxaguar as mãos em água corrente. selecionados conforme a classificação do doente, paucibacilar
j) Enxugar as mãos com o auxílio de uma tolha de papel (apresenta poucos bacilos) ou multibacilar (apresenta muitos
descartável. bacilos).
k) Fechar a torneira com a ajuda do papel toalha. Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser
l) Verificar se as mãos estão completamente limpas. prevenida com medidas como a vacinação BCG (bacilo de Calmette-
Guërin) e a identificação e tratamento precoce dos doentes.
3.2.10 Gonorreia
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível que se
manifesta de diferentes formas em homens e mulheres.

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.2.12 Leptospirose Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acon-


A leptospirose é uma infecção de início abrupto que pode tece por meio do contato sexual, favorecendo a penetração da bac-
tanto se manifestar de forma assintomática (sem sintomas) quanto téria através da pele ou mucosa.
de forma grave. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas se mani-
A evolução da doença envolve duas diferentes fases: festam de 1 a 3 semanas após o contato sexual.
a) Fase precoce: fase caracterizada pela presença de febre A partir de quando a doença pode ser transmitida: o indivíduo
acompanhada por dor de cabeça, dor muscular, anorexia, náuseas doente pode transmitir a infecção por semanas a anos.
e vômito. Também pode apresentar diarreia, hemorragia, dor nos Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a
olhos e tosse. Normalmente essa fase regride em até 7 dias sem partir dos sinais clínicos e confirmado por exames laboratoriais.
deixar sequelas. Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é re-
b) Fase tardia: a fase tardia tem início logo após a primeira alizado com o uso de medicamentos. O gânglio linfático inflamado
semana da doença, apresentando a síndrome de Weil (síndrome (bulbão) pode ser drenado.
caracterizado por icterícia, insuficiência renal e hemorragia). Pode Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser preve-
resultar na morte de aproximadamente 50% do casos. nida com o uso de preservativos masculinos e femininos e com a
orientação dos pacientes quanto a importância do seu tratamento.
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
Leptospira.
Quem transmite a doença: o principal transmissor da bactéria ATENÇÃO
são os roedores (ratazana, rato de telhado e camundongo). Outros
transmissores importantes são os suínos, equinos, ovinos, caprinos, O uso correto de preservativos masculinos e femininos é uma
bovinos e caninos. O homem atua apenas como hospedeiro ótima medida para prevenir não só a gravidez indesejada, mas
acidental da bactéria. também, uma série de doenças sexualmente transmissíveis.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença
acontece pelo contato direto ou indireto com a urina de animais
infectados. Nesse caso, a bactéria penetra na pele do homem
através da pele íntegra ou com lesões. 3.2.14 Meningite bacteriana
A meningite bacteriana é uma infecção aguda que acomete
Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 1 a 30 dias após as meninges (conjunto de membranas que protegem o sistema
a contaminação. nervoso central).
A partir de quando a doença pode ser transmitida: os animais
doentes podem continuar eliminando a bactérias por toda a vida. De início súbito, a doença geralmente se manifesta por
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a sintomas como febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômito e
partir da confirmação laboratorial de casos suspeitos da doença. rigidez de nuca. Também é possível observar outros sinais, como
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença agitação e o grito meníngeo (a criança grita principalmente no
é realizado com o uso de medicamentos e com a aplicação de momento da troca de fraldas, quando as pernas são flexionadas).
medidas de suporte como transfusão sanguínea e assistência Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
cardiorrespiratória. Haemophilus influenzae, que pode ser dos tipos A, B, C, D e F,
Como a doença pode ser prevenida: as medidas de prevenção sendo o tipo B, o principal responsável pela meningite.
incluem o controle da população de roedores e o uso de Quem transmite a doença: o transmissor da bactéria é o
equipamentos de proteção individual (luvas e botas) sempre que homem doente, principalmente os com idade inferior a 5 anos.
houver a necessidade de exposição a situações de risco como Como a doença é transmitida: a transmissão da doença ocorre
enchentes. pelo contato direto com o indivíduo doente, pelas vias respiratórias.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 2 a 4 dias após a
3.2.13 Linfogranuloma venéreo contaminação.
O Linfogranuloma venéreo é uma doença bacteriana A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença
sexualmente transmissível que acomete os vasos linfáticos e se pode ser transmitida a partir do momento em que houver a presença
desenvolve em três fases: da bactéria nas vias respiratórias. Geralmente, o microrganismo
a) Fase primária: nessa primeira fase, aparecem lesões desaparece de 24 a 48 horas após o início do tratamento.
indolores no local de entrada da bactéria. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
b) Fase secundária: na segunda fase, surgem a inflamação é confirmado por exames laboratoriais realizados com a amostra
dos gânglios linfáticos da virilha (bulbão). Normalmente essa de líquor (líquido cefalorraquidiano) do doente.
inflamação é unilateral (somente um dos lados) e pouco dolorosa. Como é o tratamento da doença: assim como acontece com
Pode ser acompanhada de febre e mal estar. outras infecções bacterianas, a meningite é tratada com o uso de
c) fase terciária: na última fase, ocorre a eliminação de uma antibióticos.
secreção purulenta, com ou sem sangue) por vários orifícios do Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de
bulbão. prevenção contra a doença é a vacinação.

Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria


Chlamydia tracomatis.
Quem transmite a doença: o homem.

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.2.15 Meningite tuberculosa Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
A meningite tuberculosa constitui uma das complicações mais Yersinia pestis.
graves da tuberculose. De evolução lenta, as doença pode ser Quem transmite a doença: os roedores.
dividida em três estágios: Como a doença é transmitida: a bactéria é transmitida por
a) Estágio I: dura de 1 a 2 semanas com febre, sonolência, meio da picada da pulga infectada. A pulga se comporta como vetor
anorexia, vômito, dor abdominal, mudanças de humor e dores da doença, ou seja, ela adquire a bactéria ao picar os roedores e
musculares. transmite a doença para o homem ao se alimentar do sangue dele.
b) Estágio II: período caracterizado pelo surgimento de Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 1 a 6 dias após
danos cerebrais que causam sinais como ptose palpebral (queda a infecção.
da pálpebra), paresias (paralisia incompleta e diminuição A partir de quando a doença pode ser transmitida: as pulgas
dos movimentos de alguma parte do corpo) e estrabismo podem permanecer infectadas com a bactéria durante dias ou
(desalinhamento dos olhos). Também pode haver tremores e meses. A forma bubônica não é transmitida de pessoa para
distúrbios da fala. pessoa, no entanto, se houver o contato direto com a secreção do
c) Estágio III: período terminal da doença, caracterizado por bulbão pestoso, a infecção pode ocorrer. Já a forma pneumônica é
rigidez de nuca e alterações do ritmo cardíaco e respiratório. altamente contagiosa e seu período de transmissibilidade tem início
assim que o doente passa a eliminar secreções com a bactéria.
Quem causa a doença: a doença é provocada pela bactéria Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a
Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose. partir dos sintomas apresentados pelo paciente, das características
Quem transmite a doença: o principal transmissor da bactéria epidemiológicas da doença e de resultados de exames laboratoriais.
é o homem doente. Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é
Como a doença é transmitida: a tuberculose é transmitida de realizado com a administração imediata de medicamentos, antes
pessoa para pessoa através do ar contaminado por gotículas de mesmo de saírem os resultados dos exames laboratoriais.
saliva e secreção eliminadas pelo doente ao falar, espirrar ou tossir. Como a doença pode ser prevenida: as principais medidas
Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 4 a 12 semanas de prevenção são evitar as áreas com foco de peste, tratar
após a contaminação. precocemente os doentes e manter as áreas de habitação livres de
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a meningite pulgas e roedores.
tuberculosa não é transmissível, a não ser que esteja relacionada
com a tuberculose. 3.2.17 Psitacose
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico das A Psitacose também denominada ornitose, é uma doença
meningites é confirmado por exames laboratoriais realizados com bacteriana aguda que apresenta como sintomas: febre, cansaço,
a amostra de líquor (líquido cefalorraquidiano) do doente. desânimo, dor de cabeça, tosse e calafrios.
Como é o tratamento da doença: o tratamento é feito com a Normalmente, também pode ocorrer o comprometimento das
administração de medicamentos. vias aéreas, sangramento nasal e aumento do baço, assim como
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de distensão abdominal, diarreia, delírios e lesões na pele.
prevenção contra a doença é a identificação e o tratamento precoce Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
dos casos de tuberculose. Chlamydia psittaci.
Quem transmite a doença: os principais transmissores da
3.2.16 Peste bactéria são os pássaros psitacídeos como papagaio, periquito e
A peste é uma doença bacteriana que pode se manifestar sob arara. Pombos, perus, gansos, caprinos e ovinos também pode ser
três formas clínicas principais: infectados pela bactéria.
a) Bubônica: a forma bubônica pode apresentar desde sinais Como a doença é transmitida: a doença é transmitida por
leves até sintomas mais graves como febre alta, calafrios, dor de meio da aspiração de poeira contaminada por fezes de animais
cabeça intensa, náusea, vômito, confusão mental, taquicardia portadores da bactéria.
(aumento da frequência cardíaca), hipotensão arterial e mal estar. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
Em poucos dias, também pode haver a inflamação dolorosa de em 1 a 4 semanas.
alguns gânglios linfáticos (bulbão pestoso). A partir de quando a doença pode ser transmitida: a partir do
b) Septicêmica: a forma septicêmica é caracterizada pela momento em que houver a presença da bactéria, podendo durar
presença da bactéria no sangue com sintomas como febre alta, de semanas até meses.
hipotensão arterial, fraqueza e falta de ar. Também pode haver Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
hemorragias na pele e nos órgãos internos, evoluindo em poucos com base nos sinais clínicos apresentados pelo paciente e no
dias para o coma ou morte caso não haja tratamento. resultado de exames laboratoriais.
c) Pneumônica: é a forma mais grave e perigosa da doença por Como é o tratamento da doença: o tratamento é feito com o
ser altamente contagiosa. Tem início com sintomas como febre uso de medicamentos.
alta, calafrios, arritmia cardíaca, hipotensão, náuseas, vômito e Como a doença pode ser prevenida: as medidas para prevenção
perturbação da consciência. Em seguida, aparecem a dor no tórax, da doença envolvem a vigilância de aviários e granjas e a desinfeção
alterações na respiração, eliminação de secreções com sangue e das secreções eliminadas.
bactérias, delírio, coma e morte.

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.2.18 Shigelose A sífilis congênita pode ser transmitida em qualquer momento


O Shigelose é uma doença bacteriana que pode se manifestar da gestação. O quadro clínico da doença irá depender de fatores
tanto de forma assintomática (sem sintomas) quanto com sinais como o tempo de exposição do feto ao agente patológico, mas
como febre, diarreia aquosa e dor abdominal. geralmente, a sífilis congênita pode causar desde aborto até
Normalmente, de 1 a 3 dias após a infecção, o paciente passa a malformações como surdez e cegueira.
eliminar fezes com sangue e muco várias vezes ao dia. Além disso, Em quanto tempo aparecem os sintomas: de 10 a 90 dias após
começa a apresentar náuseas, vômito, dor de cabeça, calafrios, a infecção.
convulsões e outros. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria do é realizado com base nos sinais clínicos apresentados pelo paciente
gênero Shigella. e nos resultados de exames laboratoriais.
Quem transmite a doença: o homem, além de água e alimentos Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença se
contaminados. na baseia no uso de antibióticos.
Como a doença é transmitida: a doença é transmitida pela Como a doença pode ser prevenida: a principal medida para
ingestão de água e alimentos contaminados pela bactéria. prevenção da doença é a educação em saúde com aconselhamento
Em quanto tempo aparecem os sintomas: surgem em 12 a 48 sobre as situações de risco e a importância do tratamento correto.
horas após a infecção.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença é 3.2.19 Tétano
transmitida enquanto houver a presença da bactéria na água e nos O tétano é uma infecção bacteriana grave, causada por uma
alimentos ingeridos. toxina liberada pela bactéria Clostridium tetani.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da doença Clinicamente, a doença se manifesta com febre, hipertonia
é realizado com base nos sinais clínicos apresentados pelo paciente, muscular (rigidez muscular), hiperreflexia (reflexos muito rápidos) e
nas características epidemiológicas da doença e nos resultados de crises de contrações musculares involuntárias. Esses efeitos causam
exames parasitológicos. dificuldade para engolir e podem levar a insuficiência respiratória.
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença se Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria Clos-
na baseia na manutenção da hidratação dos pacientes (ingestão de tridium tetani.
água). Quem transmite a doença: o homem, os animais e objetos con-
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da doença taminados. A bactéria pode ser encontrada no intestino do homem
envolve a melhoria da qualidade da água, a destinação adequada e dos animais, no solo, na pele e em objetos perfurocortantes sujos
das fezes e o uso de boas práticas de higiene. de poeira ou terra.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acon-
3.2.19 Sífilis tece pela introdução de esporos das bactérias através da pele ou de
A sífilis é infecção bacteriana caracterizada por manifestações mucosas com ferimento.
cutâneas temporárias. A doença se desenvolve em fases distintas: Em quanto tempo aparecem os sintomas: o período de incu-
a) Sífilis primária: nessa primeira fase surge, no local de bação varia de 3 a 21 dias. Quanto menor o tempo de incubação,
entrada da bactéria, uma lesão indolor denominada cancro duro, maior a gravidade da doença.
que desaparece em 4 semanas sem deixar marcas. A partir de quando a doença pode ser transmitida: o tétano
b) Sífilis secundária: essa fase ocorre de 4 a 8 semanas após não é transmitido de pessoa para pessoa.
o aparecimento com cancro duro. Nela, a bactérias causadora da Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
doença é disseminada pela corrente sanguínea promovendo o com base nos sinais apresentados pelo paciente. Geralmente, não
aparecimento de lesões pelo corpo, além do inchaço de linfonodos. precisa de confirmação laboratorial.
Ainda nessa fase podem ocorrer sintomas como febre, perda de Como é o tratamento da doença: o tratamento do tétano inclui
apetite, mal estar, náuseas, cansaço, dor de cabeça, distúrbios a internação do paciente com posterior sedação e neutralização da
visuais etc. toxina bacteriana.
c) Período latente: nessa fase, geralmente o paciente não Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de pre-
apresenta sinais e sintomas, apenas a presença de anticorpos para venção é a vacinação. Outra ação importante é sempre limpar feri-
sífilis. Em períodos de recaída, as lesões podem voltar a aparecer. mentos suspeitos com o auxílio de água e sabão ou soro fisiológico.
d) Sífilis terciária ou tardia: cerca de um terço dos paciente não
tratados podem evoluir para essa fase com manifestações ósseas
(ossos), cardiovasculares (coração e vasos) e nervosas (sistema ATENÇÃO
nervoso).
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria A falta de cuidados durante a manipulação do cordão umbilical
Treponema pallidum. (uso de instrumentos contaminados) pode causar o tétano
Quem transmite a doença: o homem. neonatal, também conhecido como “Mal de sete dias”.
Como a doença é transmitida: em relação ao modo de
transmissão, a sífilis pode ser adquirida (transmitida pelo contato
sexual ou transfusão sanguínea) ou congênita (transmitida da mãe
doente para o feto durante a gestação). 3.2.20 Tracoma
Tracoma ou conjuntivite granulomatosa é uma doença
bacteriana inflamatória que acomete os olhos, podendo
permanecer por anos quando não tratada.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No início da doença, o paciente pode ter sensibilidade a luz, — 3.3 Doenças causadas por protozoários
lacrimejamento e a sensação de areia nos olhos com ou sem a Os protozoários são seres vivos microscópicos formados por
presença de secreção. uma única célula do tipo eucarionte. Sua principal característica é a
Com a evolução da enfermidade, podem surgir deformações presença de diversas organelas (pequenas estruturas funcionais das
nas pálpebras e cílios com posterior redução progressiva da visão células), além de um núcleo celular envolvido por uma membrana.
até a cegueira total.
Quem causa a doença: a doença é causada pela bactéria
Chlamydia trachomatis.
Quem transmite a doença: o homem doente.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se dá
pelo contato com o indivíduo doente ou com objetos contaminados
(toalhas, lenços etc.)
Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 5 a 12 dias após
a contaminação.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença
pode ser transmitida a partir do momento em que houver a
conjuntivite.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
por meio de exame ocular e confirmado por exames laboratoriais. Estrutura básica de um protozoário.
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é
feito com o uso de medicamentos. Assim como as bactérias, os protozoários podem viver
Como a doença pode ser prevenida: a medida mais eficaz para isolados ou na forma de colônias, causando inúmeras doenças
a prevenção da doença é a identificação e o tratamento adequado como toxoplasmose, malária, doença de Chagas e leishmaniose,
dos doentes, impedindo a transmissão do tracoma. conforme será mostrado a seguir.

3.2.21 Tuberculose 3.3.1 Amebíase


A tuberculose é uma doença que acomete o pulmão e atinge A amebíase é uma infecção comum de regiões pobres e áreas
pessoas de todas as idades, principalmente os indivíduos do sexo com saneamento básico precário. Quando não diagnosticada e
masculino. tratada a tempo, pode até levar a morte do indivíduo contaminado.
Com episódios de febre, sudorese e emagrecimento, a doença Quem causa a doença: a amebíase é causada pela Entamoeba
causa o comprometimento do estado geral do paciente. histolytica, também conhecida como ameba. Esse protozoário
Quando atinge os pulmões, o paciente pode apresentar dor pode ser encontrado na forma de cisto ou trofozoito.
no tórax e tosse acompanhada ou nada por escarro com sangue. A Quem transmite a doença: o homem. Ao ingerir água ou
tuberculose pulmonar é forma mais frequente da doença. alimentos contaminados por cistos, estes liberam trofozoítos que
A forma mais grave da doença é a tuberculose miliar, produzem novos cistos. Esses cistos são eliminados juntamente
caracterizada pelo alto risco de desenvolvimento de meningite. com as fezes do homem, podendo contaminar água e alimentos.
Quem causa a doença: a doença é causada pela Mycobacterium Como a doença é transmitida: a principal forma de transmissão
tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch (BK). da amebíase se dá pela ingestão de água e alimentos contaminados
Quem transmite a doença: o homem doente. Em algumas por fezes contendo cistos do protozoário. Embora seja rara, a
regiões o gado bovino, as aves, os primatas e outros mamíferos transmissão sexual também pode ocorrer por meio do contato
também podem agir como reservatórios do agente patológico. oral-anal.
Como a doença é transmitida: a tuberculose é transmitida de
pessoa para pessoa através do ar contaminado por gotículas de Muitos portadores da amebíase não possuem sintomas
saliva e secreção eliminadas pelo doente ao falar, espirrar ou tossir. (portadores assintomáticos). Isso, em conjunto com a falta de
Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 4 a 12 semanas higiene durante a preparação de alimentos, aumenta de forma
depois da contaminação. considerável o risco de transmissão da doença.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a partir do Em quanto tempo aparecem os sintomas: geralmente, os
momento em que o homem começar a eliminar a bactéria em suas sintomas da amebíase surgem em 2 a 4 semanas, mas em alguns
secreções, permanecendo assim enquanto não iniciar o tratamento casos, pode variar de dias, meses até anos.
da doença. A partir de quando a doença pode ser transmitida: a partir do
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é realizado momento em que houve a eliminação do protozoário pelas fezes.
a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e do Caso o indivíduo portador da amebíase não seja tratado, o período
resultado de exames laboratoriais. de transmissibilidade pode durar por anos. Nesse caso, a falta
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é de tratamento pode gerar complicações como o surgimento de
feito com o uso de medicamentos em regime ambulatorial. granulomas (amebomas) na parede intestinal, abcessos hepático,
Como a doença pode ser prevenida: a medida mais eficaz pulmonar ou cerebral (acúmulo de pus em tecidos do fígado,
para a prevenção da doença é a vacinação. Identificar e tratar os pulmão ou cérebro), pericardite e colite.
indivíduos doentes também contribui para a redução do número Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da
de casos da doença. amebíase é feito com base na observação de cistos ou trofozoítos
de ameba em amostras de fezes, tecidos ou raspados de abcessos.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O diagnóstico de abcessos amebianos também pode ser feito por e) acidental: acontece pelo contato da pele lesionada com
meio da dosagem de anticorpos e de exames como ultrassonografia secreções contaminadas (sangue e fezes).
e tomografia computadorizada.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: dependendo da
Como é o tratamento da doença: o tratamento da amebíase forma de transmissão da doença, os sintomas podem surgir de 3 a
é feito com o uso de medicamentos (metronidazol, secnidazol, 40 dias após a contaminação.
tinidazol, teclozam). O tipo de medicamento, assim como a dosagem A partir de quando a doença pode ser transmitida: a
e o tempo de tratamento irão depender da forma apresentada pela transmissão pode acontecer a partir do momento em que o
doença (forma intestinal, forma grave ou forma extra intestinal). indivíduo é contaminado pelo protozoário.
No caso dos abcessos, além do uso de medicamentos, é preciso Como é feito o diagnóstico da doença: na fase aguda, o
realizar a aspiração ou drenagem cirúrgica do mesmo. diagnóstico é feito a partir dos sintomas da doença e da identificação
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da amebíase do protozoário em amostras de sangue do doente. Já na fase
envolve medidas de controle gerais (saneamento básico, educação crônica, a doença é diagnosticada pela presença de anticorpos
em saúde e outras estratégias que evitem a contaminação de água contra o parasita.
e alimentos por fezes) e específicas (lavar corretamente as mãos Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado
após usar o banheiro, higienizar e desinfetar adequadamente com o uso de medicamentos específicos para tratar os sintomas
os vegetais com água potável e hipoclorito de sódio, tratar os manifestados na doença.
portadores da doença e fiscalizar os prestadores de serviços na Como a doença pode ser prevenida: as principais medidas de
área de alimentos). prevenção são o uso de inseticidas contra o barbeiro, a realização de
triagem sorológica de doadores de sangue e órgãos, a identificação
3.3.2 Doença de chagas e tratamento precoce de gestantes doentes, os cuidados com a
A doença de chagas ou tripanossomíase americana é uma higiene na preparação de alimentos e o uso de equipamentos de
infecção parasitárias que se manifesta em duas diferentes fases: proteção individual.
aguda e crônica.
A fase aguda é caracterizada por problemas cardíacos, dor de 3.3.3 Giardíase
cabeça, febre, inchaço da face e membros, aumento do fígado e do A giardíase ou enterite por giárdia é uma infecção que acomete
baço, ascite (acúmulo de água no interior do abdômen), vômito, principalmente o intestino delgado de adultos e crianças, podendo
diarreia, anemia e outros. causar sintomas como diarreia, dor abdominal, flatulência,
Já a fase crônica pode se apresentar sob as seguintes formas: anorexia, perda de peso e anemia, além da eliminação de fezes
a) forma indeterminada: o indivíduo doente apresenta exame amolecidas com aspecto gorduroso.
sorológico positivo para a doença, porém sem nenhum sintoma. Quem causa a doença: a doença é causada pelo protozoário
Pode durar para o resto da vida ou evoluir para outras formas. Giardia lamblia, encontrado sob as formas de cisto (forma infectante
b) forma cardíaca: caracterizada por alterações cardíacas, encontrada no ambiente) e trofozoíto.
causando sintomas como tosse, tontura, desmaios e falta de ar. Quem transmite a doença: o homem, assim como alguns
c) forma digestiva: caracterizada por alterações animais domésticos e selvagens (cães, gatos e castores).
gastrointestinais, podendo haver dificuldade para engolir e Como a doença é transmitida: a transmissão da doença pode
distensão abdominal. acontecer de forma direta (contaminação das mãos com seguinte
d) forma associado: acontece quando o indivíduo doente ingestão dos cistos) ou indireta (ingestão de cistos presentes em
possui duas formas crônicas da doença, cardíaca e digestiva água e alimentos.
(cardiodigestiva). Em quanto tempo aparecem os sintomas: em 1 a 4 semanas
e) forma congênita: ocorre quando nascem crianças de mães após a contaminação.
com a doença. Pode gerar prematuridade, baixo peso, aumento do A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença é
fígado e até a morte da criança. transmitida a partir do momento em que houver a eliminação de
cistos do protozoário pelo doente.
Quem causa a doença: a doença é causada pelo protozoário Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito por
Trypanosoma cruzi. exames parasitológicos com a pesquisa de cistos e trofozoítos em
Quem transmite a doença: o inseto conhecido como barbeiro amostras de fezes ou fluido duodenal do paciente.
ou chupão transmite o protozoário para o homem e outros Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
mamíferos (cães, gatos, porcos e ratos). o uso de medicamentos.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença de
chagas pode acontecer de várias maneiras: FIQUE ATENTO!
a) vetorial: o barbeiro pica o homem e ao mesmo tempo, Durante os 4 primeiros dias após o tratamento da giardíase,
elimina fezes com o protozoário que contamina a ferida formada é fundamental que o paciente não faça uso de álcool para evitar o
no ato da picada. efeito antabuse (reação do organismo com vômito, dor de cabeça,
b) oral: a transmissão ocorre pela ingestão de alimentos queda de pressão arterial, dificuldade respiratória e palpitações).
contaminados com o protozoário. Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser
c) por transplante de órgãos: a transmissão se dá pelo prevenida com medidas lavar bem as mãos após o uso do banheiro,
recebimento de um órgão contaminado. filtrar a água potável e higienizar bem os alimentos. Além disso, é
d) vertical: ocorre a passagem dos protozoários diretamente importante isolar e tratar os doentes até a confirmação de cura.
da mãe para o bebê durante a gestação.

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.3.4 Leishmaniose tegumentar americana Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se


A leishmaniose tegumentar americana ou úlcera de Bauru é dá pela picada da fêmea de insetos flebotomíneos das espécies
uma doença não contagiosa que se manifesta pelo aparecimento de Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. Não acontece a
de lesões na pele ou pela destruição dos tecidos da cavidade nasal, transmissão direta de homem para homem.
podendo gerar a perfuração de estruturas como septo nasal e/ou Em quanto tempo aparecem os sintomas: no homem, os
céu da boca (palato). sintomas da doença podem aparecer de 10 dias a 24 meses após a
Quem causa a doença: a doença é causada por protozoários do contaminação e no cão, de 3 meses a vários anos.
gênero Leishmania (leishmanias). A partir de quando a doença pode ser transmitida: o mosquito
Quem transmite a doença: quem armazena e pode transmitir pode adquirir o protozoário enquanto houver a presença do mesmo
o protozoários são os marsupiais, roedores, preguiça e tamanduá. em homens e cães.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se dá Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a
pela picada da fêmea de insetos flebotomíneos pertencentes ao partir dos sintomas apresentados pelo paciente, das características
gênero Lutzomyia, como mosquito palha, tatuquira e birigui. epidemiológicas da doença e dos resultados de exames sorológicos
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas podem e parasitológicos.
aparecer de 2 a 3 meses após a contaminação. Esse período pode Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é
ser estender por até 2 anos. realizado exclusivamente com o uso de medicamentos.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: o período
de transmissibilidade é desconhecido. Sabe-se que a transmissão Os medicamentos utilizados para o tratamento da leishmaniose
não ocorre de homem para homem. Para que ela aconteça, é visceral não devem ser usados em pacientes com doença de
necessário que mosquito adquira o protozoário ao picar um dos Chagas ou enfermidades cardíacas, renais ou hepáticas. Caso seja
seus reservatórios (marsupiais, preguiça etc.) e em seguida, o necessário, o tratamento precisa ser rigorosamente monitorado.
transfira para o homem por meio da picada. Como a doença pode ser prevenida: as medidas de prevenção
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a contra a doença envolvem ações como o uso de repelentes e
partir dos sintomas apresentados pelo paciente, das características o controle da população de mosquitos vetores (mosquitos que
epidemiológicas da doença e dos resultados de exames laboratoriais. transmite a doença). Além disso, identificar e tratar precocemente
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é os doentes (homens e cães) contribui com a redução do número de
realizado exclusivamente com o uso de medicamentos. casos da infecção.
Como a doença pode ser prevenida: as medidas de prevenção
contra a doença envolvem ações como o uso de repelentes e 3.3.6 Malária
o controle da população de mosquitos vetores (mosquitos que A malária, também chamada febre intermitente ou febre terçã,
transmite a doença). Além disso, identificar e tratar precocemente é uma doença infecciosa caracterizada principalmente por episódios
os doentes contribui com a redução do número de casos de sucessivos de febre alta (pode atingir até 41ºC) intercalados com
leishmaniose tegumentar americana. períodos de melhora.
Normalmente, a febre é acompanhada por calafrios, sudorese
3.3.5 Leishmaniose visceral intensa, dor de cabeça, náuseas, mal estar, dor muscular e vômito.
A leishmaniose visceral também chamada calazar, febre Quem causa a doença: a doença é causada por três espécies
dundun ou doença do cachorro, é uma infecção que atinge tanto de protozoário, Plasmodium malariae, Plasmodium vivax e
áreas rurais quanto áreas urbanas. Plasmodium falciparum. Outra importante espécie, denominada
A doença pode se manifestar de forma discreta ou grave com Plasmodium ovale, só ocorre no continente africano.
sintomas como febre de longa duração, perda de peso, fraqueza e Quem transmite a doença: o homem doente.
anemia. Como a doença é transmitida: a transmissão da doença
Sua evolução se divide em três diferentes períodos: acontece após a picada da fêmea do mosquito Anopheles (anófeles),
a) Período inicial: fase aguda da doença, marcada pelo início contaminada por uma das espécies de Plasmodium.
de sintomas como febre, palidez e aumento do fígado e baço Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
(hepatoesplenomegalia). de 8 a 30 dias após a picada do mosquito infectado. Esse período
b) Período de estado: período caracterizado pela presença de pode variar de acordo com a espécie de Plasmodium presente no
febre irregular, palidez da pele e mucosas, emagrecimento e piora mosquito.
do quadro de hepatoesplenomegalia. A partir de quando a doença pode ser transmitida: o mosquito
c) Período final: caso o doente não seja diagnosticado e tratado, pode adquirir o protozoário enquanto houver a presença do mesmo
a doença evolui para a fase final com febre contínua, desnutrição, no sangue do homem.
inchaço dos membros inferiores, hemorragias e ascite (acúmulo de Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da malária
água no interior do abdômen). só pode ser confirmado por meio de exames parasitológicos que
demonstrem a presença do protozoário ou por exames sorológicos
Quem causa a doença: a doença é causada por protozoários que revelem a formação de anticorpos relacionado a doença.
Leishmania chagasi. Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é
Quem transmite a doença: os transmissores do protozoário realizado com o uso de medicamentos.
variam conforme a área. Em áreas urbanas, a doença é transmitida Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser
pelo cachorro. Já nas áreas rurais, as raposas e os marsupiais prevenida por meio do uso de mosquiteiros, telas em portas e
representam as principais fontes da infecção. janela, repelentes e roupas que protejam os braços e as pernas.
Outra medida importante é o controle do mosquito anófeles.

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.3.7 Toxoplasmose
A toxoplasmose ou doença do gato é uma infecção causada por protozoário. Pode tanto se manifestar sem sintomas quanto com
sinais graves variados, que se relacionam com diferentes formas da doença:
a) Toxoplasmose febril aguda: pode ser assintomática ou apresentar exantema (erupções cutâneas), além de sinais de comprometimento
pulmonar, hepático, cardiovascular e cerebral.
b) Linfadenite toxoplásmica: forma caracterizada pela alteração de gânglios linfáticos do pescoço, se assemelhando a mononucleose
infecciosa.
c) Toxoplasmose ocular: nessa forma ocorre a inflamação de estruturas do olho, podendo levar a cegueira.
d) Toxoplasmose neonatal: nessa forma da doença, ocorre a infecção do feto durante a gestação, podendo causar vários problemas
de saúde e até a morte do bebe.
e) Toxoplasmose no paciente imunodeprimido: os cistos do protozoário podem permanecer no organismo por períodos indefinidos,
causando a doença no momento em que a imunidade do paciente estiver debilitada.
Quem causa a doença: a doença é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
Quem transmite a doença: gatos e outros felídeos.
Como a doença é transmitida: a forma mais comum de transmissão da doença acontece pela ingestão de oocistos do protozoário
presentes no solo, na areia etc.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem em 5 a 20 dias após a contaminação.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: com a exceção da transmissão entre mãe e feto durante a gestação, a toxoplasmose
não é passada de pessoa para pessoa.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito com base nos sinais apresentados pelo paciente e confirmado por exames
laboratoriais.
Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença é feito com o uso de medicamentos.
Como a doença pode ser prevenida: a toxoplasmose pode ser prevenida com a eliminação adequada das fezes de gato. Mulheres
grávidas devem evitar o contato com esses animais.

— 3.4 Doenças causadas por fungos e ácaros


Conhecidos popularmente por mofos, bolores, cogumelos, levedos e trufas, os fungos são seres importantes responsáveis por boa
parte da degradação da matéria orgânica, como os alimentos.
Embora sejam amplamente utilizados nos processos de fabricação de bebidas, pães e queijos, muitos fungos podem causar doenças
no homem (comumente conhecidas como micoses).

Pão com a presença de bolores (fungos).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Outro ser capaz de causar doenças importantes é o ácaro, um aracnídeo minúscula que pertence à mesma família do carrapato.

Ácaros.

A seguir, serão apresentadas as principais doenças causadas por fungos e ácaros.

3.4.1 Candidíase
A candidíase também conhecida como sapinho ou candidemia é uma micose que atinge homens e mulheres, causando candidíase oral
(boca), candidíase vaginal (vagina), intertrigo (áreas com dobras como virilha e axila), paroníquia (área ao redor da unha) e onicomicose
(unha).
Quem causa a doença: a doença é causada pelo fungo Candida albicans, mas também pode ser provocada por outras espécies de
cândida, como a Candida tropicalis.
Quem transmite a doença: o homem.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença ocorre pelo contato com a mucosa ou secreções infectadas.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: o período de incubação da candidíase não é conhecido.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmissão acontece a partir do momento em que houverem lesões. Comumente,
a candidíase se manifesta com o surgimento de lesões semelhantes a placas brancas na boca (aftas) ou placas vermelhas.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito com base na observação de lesões características da candidíase e pela
identificação laboratorial do microrganismo em tecidos contaminados.
Como é o tratamento da doença: o tratamento da candidíase é medicamentoso. A escolha do medicamento é feita conforme a forma
de apresentação da doença.
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção se baseia no tratamento precoce dos indivíduos doentes e na desinfecção de
secreções e objetos contaminados.

3.4.2 Criptococose
A criptococose é uma infecção causado por fungo que acomete tanto o homem quanto animais como gatos, cavalos e vacas, causando
sintomas como o aparecimento de lesões, febre, dor de cabeça, vômito, fraqueza, rigidez de nuca, sudorese noturna e outros.
Quem causa a doença: a doença é causada pelo fungo Cryptococcus neoformans.
Quem transmite a doença: o fungo saprófita encontrado no solo, em árvores, frutas secas e cereais. Também pode estar presente
em fezes de pombos.
Como a doença é transmitida: a principal forma de transmissão da doença é o contato com as fezes de pombos.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: o período de incubação da doença é desconhecido.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença pode ser transmitida a partir do momento em que houver o contato com
o fungo.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a partir dos sintomas da doença e da identificação do fungo em amostras
de secreção do doente.
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com o uso de medicamentos.
Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de prevenção é reduzir a população de pombos.

3.4.3 Escabiose
A escabiose ou sarna é uma infecção causada por um ácaro. Sua principal característica é a presença de lesões e de coceira intensa.
Quem causa a doença: a doença é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei.
Quem transmite a doença: o homem doente.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acontece pelo contato direto com o doente e com objetos contaminados
(roupa de cama, vestuário, toalha etc.).
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem de 1 a 6 semanas.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmissão chegarem no intestino delgado, as larvas atingem sua maturidade e
acontece durante todo o tempo em que o indivíduo estiver doente. passam a produzir milhares de ovos que são eliminados juntamente
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a com as fezes do homem doente.
partir dos sintomas da doença e da observação do ácaro na análise Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas podem
(biópsia) das lesões presentes na pele. surgir de dias a meses após a penetração das larvas no corpo do
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado homem.
com o uso de antibióticos e medicamentos específicos para aliviar A partir de quando a doença pode ser transmitida: a partir do
a coceira. momento em que o homem começa a eliminar ovos do verme junto
Como a doença pode ser prevenida: as principais medidas com as fezes. Na falta de tratamento e do destino adequado das
de prevenção são tratar os doentes, desinfetar os objetos fezes, o indivíduo doente pode contaminar o solo por anos, dando
contaminados com água quente e manter o doente afastado da origem a larvas que podem sobreviver por semanas.
escola ou trabalho por até 24 horas após o fim do tratamento. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito por
meio da observação de sinais e sintomas como prurido, anemia,
— 3.5 Doenças causadas por vermes hipoproteinemia (baixo nível de proteína), hemorragia e pneumo-
As verminoses são doenças causadas pelos vermes, um conjunto nite. Também é possível fazer o diagnóstico laboratorial por meio
de seres de corpo mole e alongado que se alojam principalmente de exames parasitológicos das fezes (realizado com o propósito de
no intestino do homem e de outros animais, causando uma série de pesquisar a presença de ovos nas fezes).
prejuízos à saúde. Confira a seguir, algumas das verminoses mais Como é o tratamento da doença: o tratamento realizado com o
importantes que acometem o homem. uso de medicamentos com posterior confirmação da cura mediante
a exames parasitológicos das fezes.
Como a doença pode ser prevenida: são algumas das medidas
para prevenção da doença lavar as mãos antes das refeições, usar
calçados, instalar sistemas sanitários para eliminação adequada das
fezes e tratar as pessoas doentes.

3.5.2 Ascaridíase
A ascaridíase é uma doença parasitária que atinge o homem
podendo até causar obstrução intestinal quando a carga de parasi-
tas é muito elevada.
Quem causa a doença: a doença é causada pelo Ascaris lumbri-
coides, helminto popularmente conhecido como lombriga.
Quem transmite a doença: o homem doente.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença se dá
pela ingestão de água e alimentos contaminados por fezes humanas
com ovos do parasita.
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas surgem
de semanas a meses após a ingestão de ovos do verme.
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a partir do
momento em que ocorre a eliminação de ovos junto das fezes, po-
dendo contaminar água e alimentos. Sem o tratamento, o indivíduo
doente pode eliminar fezes com ovos do parasita por anos.
Como é feito o diagnóstico da doença: portadores da doença
podem apresentar sinais e sintomas como abcesso hepático, perfu-
ração intestinal, pancreatite aguda e obstrução do intestino. A con-
Corpo humano infestado por vermes. firmação do diagnóstico é feito por meio da observação de ovos em
exames parasitológicos das fezes.
3.5.1 Ancilostomíase Como é o tratamento da doença: geralmente, o tratamento da
A ancilostomíase, também chamada de amarelão ou doença verminose e de suas complicações é feito com a utilização de me-
do Jeca Tatu, é uma infecção intestinal que pode provocar anemia e dicamentos.
atraso do desenvolvimento físico e mental. Como a doença pode ser prevenida: são medidas para preven-
Quem causa a doença: os vermes Ancylostoma duodenale e ção da doença lavar as mãos antes das refeições, higienizar adequa-
Necator americanos. damente e desinfetar verduras cruas, instalar sistemas sanitários
Quem transmite a doença: o homem doente. para eliminação adequada das fezes e tratar as pessoas doentes.
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença acon-
tece quando fezes com ovos de vermes são depositadas no solo. 3.5.3 Enterobíase
Em condições favoráveis de temperatura e umidade, esses ovos dão A enterobíase é uma verminose que se caracteriza
origem a larvas que normalmente penetram na pele dos pés do ho- principalmente pela coceira na região anal, geralmente durante a
mem. Já no organismo do homem, essas larvas atingem os vasos noite, causando desconforto e irritação.
linfáticos, caem na corrente sanguínea e seguem para os pulmões Quem causa a doença: a doença é causada pelo verme
de onde migram para a traqueia e faringe onde são deglutidas. Ao Enterobius vermicularis, conhecido popularmente como oxiúro.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quem transmite a doença: o homem doente. Quem causa a doença: a doença é causada pelo verme
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença pode Schistosoma mansoni.
acontecer das seguintes maneiras:
a) autoinfecção externa ou direta: acontece por meio da Quem transmite a doença: dependendo da fase em que o ciclo
colocação de dedos sujos na boca. Muito comum em crianças. de vida do verme se encontra, a doença pode tanto ser transmitida
b) autoinfecção indireta: os ovos eliminados pelo doente pelo homem quanto pelo caramujo gênero Biomphalaria.
contaminam alimentos que acabam sendo ingeridos pelo próprio a) Caramujo: atua como hospedeiro intermediário do verme.
indivíduo. b) Homem: é o principal hospedeiro definitivo do verme
c) heteroinfecção: um indivíduo ingere alimentos contaminados é o homem. Nele, o parasita atinge a forma adulta, se reproduz
por ovos eliminados por outra pessoa. sexuadamente (tipo de reprodução que envolve um macho e uma
d) retroinfecção: ocorre a migração de larvas do verme da fêmea) e produz ovos que são eliminados junto das fezes.
região anal para o intestino grosso, onde se tornam adultas.
e) autoinfecção interna: forma de transmissão rara, onde os Como a doença é transmitida: a transmissão começa com
ovos eclodem dentro do intestino e se tornam vermes adultos. a eliminação de fezes contaminadas com ovos do verme. Caso
essa fezes atinjam a água, os ovos eclodem e liberam uma larva
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas das ciliada conhecida como miracídio. O miracídio infecta o caramujo
doença surgem alguns meses após a contaminação (o ciclo de vida e após um período de 4 a 6 semana, o abandona na forma de uma
do verme é de 2 a 6 semanas). outra larva chamada cercaria. Caso entre em contato com a água
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmissão contaminada por cercarias, o homem adquire a doença, reiniciando
acontece a partir do momento em que houver a eliminação de ovos o ciclo.
do verme com as fezes. Fora do hospedeiro, esses ovos podem Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas se
durar até 2 semanas. manifestam de 1 a 2 meses após a contaminação do homem.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito A partir de quando a doença pode ser transmitida: 5 semanas
a partir do sintoma característico da doença e da identificação de após adquirir a infecção, o homem já passa a eliminar fezes com
larvas e ovos em exames parasitológicos. ovos do verme. De 4 a 6 semanas após ser infectado pelo miracídio,
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com o caramujo passa a liberar cercarias.
medicamentos próprios. Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito
Como a doença pode ser prevenida: para evitar a doença é a partir dos sintomas da doença e da realização dos exames
indicado manter a unhas limpas e aparadas, lavar sempre as mãos parasitológico das fezes e ultrassonografia do fígado.
e evitar coçar a região anal. Durante o tratamento é fundamental Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com
garantir que o vestuário, as roupas de cama e as instalações medicamentos próprios.
sanitárias estejam sempre limpas para impedir uma nova Como a doença pode ser prevenida: as principais medidas de
contaminação. prevenção são garantir o saneamento básico, identificar e tratar
os doentes, manter a educação em saúde e fazer o controle dos
3.5.4 Esquistossomose mansônica hospedeiros intermediários (caramujos).
A esquistossomose mansônica é uma doença causada pelo
verme Schistosoma mansoni. A doença ocorre em duas fases 3.5.5 Estrongiloidíase
distintas com diferentes sintomas: fase aguda e fase crônica. A estrongiloidíase é uma doença intestinal que geralmente
A fase aguda pode apresentar sintomas ou não. Normalmente não apresenta sintomas. Alguns casos se manifestam com lesões
é caracterizada por dermatite cercariana (regiões avermelhadas na pele, tosse seca, falta de ar, diarreia, dor abdominal, flatulência
com intensa coceira), febre, anorexia, dor abdominal e dor de acompanhados ou não de náuseas e vômitos.
cabeça. Também pode haver diarreia, náuseas, vômitos, tosse seca Quem causa a doença: a doença é causada pelo verme
e aumento do fígado. Strongyloides stercolaris.
Após seis meses de infecção, a doença pode evoluir para a fase Quem transmite a doença: o homem doente. No entanto, o
crônica, cujas formas são: parasita também pode contaminar cães, gatos e primatas.
a) hepatointestinal: apresenta diarreias e dor de estômago. Como a doença é transmitida: no ambiente externo, larvas
Com a palpação do fígado, é possível sentir nodulações (áreas de conhecidas como filarioides, penetram através da pele do homem
fibrose). e atingem o pulmão, a traqueia e a epiglote, alcançando por fim,
b) hepática: o fígado se apresenta endurecido e com área de o sistema disgestivo onde se tornam vermes adultos. A fêmea
fibrose. adulta põe ovos que eclodem no intestino, liberando larvas não
c) hepatoesplênica compensada: caracterizada pelo aumento infectantes (larvas rabditoides) que são eliminadas juntamente
do baço (esplenomegalia) e o aparecimento de varizes no esôfago. com as fezes o indivíduo doente. No meio externo, essas larvas
Também pode haver dores abdominais, alterações intestinais e evoluem para a forma infectante (filarioide), reiniciando o ciclo. As
hemorragia digestiva. larvas filarioides ainda podem evoluir para a forma adulta de vida
d) hepatoesplênica descompensada: forma grave em que livre (fora do corpo do hospedeiro).
ocorre diminuição significativa do funcionamento do fígado, Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas
causando surtos de hemorragia digestiva e falta de fornecimento aparecem de 2 a 4 semanas após a penetração das larvas no
de sangue para o fígado. organismo.

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A partir de quando a doença pode ser transmitida: a transmissão Nos casos de infecções intensas, é possível verificar a presença
da doença ocorre a partir do momento em que o homem começa a das microfilárias em secreções como urina, escarro, lágrima e
eliminar larvas não infectantes com as fezes. sangue.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito Quem causa a doença: a doença é causada pelo verme do
a partir dos sintomas da doença e da realização de exames gênero Onchocerca.
radiológicos do intestino, sorológicos (apenas para casos graves) Quem transmite a doença: o homem doente.
ou parasitológico de amostras de fezes, escarro ou lavado gástrico. Como a doença é transmitida: a transmissão acontece pela
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com picada do “borrachudo”, inseto que se prolifera em rios e córregos.
o uso de medicamentos. Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas podem
Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser levar de 7 meses a mais de 2 anos para se manifestarem.
prevenida por meio de ações como o tratamento adequado das A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença
fezes, o uso de calçados e o tratamento dos homens e animais pode ser transmitida a partir do momento em que o mosquito
infectados. tiver contato com o sangue do homem doente. Quando não há o
tratamento, o pode permanecer como fonte de infecção por 10 a
3.5.6 Filaríase por Wuchereria bancrofti 15 anos.
A filaríase, filariose ou elefantíase é uma parasitose que pode Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito a
ou não apresentar sintomas como febre recorrente, fraqueza e dor partir dos sintomas apresentados pelo paciente, das características
muscular, sensibilidade à luz e dor de cabeça. epidemiológicas da doença e dos resultados de exames
Quem causa a doença: a doença é causada pelo verme parasitológicos e sorológicos.
Wuchereria bancrofti, que vive nos vasos linfáticos do indivíduo Como é o tratamento da doença: o tratamento da doença
infectado. envolve o uso de medicamentos e a retirada cirúrgica dos nódulos.
Quem transmite a doença: o homem doente. Como a doença pode ser prevenida: a principal medida de
Como a doença é transmitida: a transmissão da doença ocorre prevenção contra a doença é evitar o contato com o vetor da
pela picada do mosquito Culex, contaminado por larvas infectantes. doença (borrachudo).
Em quanto tempo aparecem os sintomas: os sintomas
da doença costumam aparecer no período de 1 mês após a 3.5.8 Teníase e cisticercose
contaminação. Geralmente, após 6 a 12 meses da infecção, já é A teníase e a cisticercose são duas doenças diferentes causadas
possível observar a presença de microfilárias (larvas do verme) no pelo mesmo parasita em distintas fases do seu ciclo de vida:
sangue do doente. a) Teníase: a teníase também chamada solitária, é causada
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a doença pela presença do verme adulto (Taenia solium ou Taenia saginata)
não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa. Para que no intestino do homem. Apresenta sintomas como dor abdominal,
ocorra a infecção, é necessário que o mosquito pique um homem perda de peso, diarreia, flatulência e náuseas. Normalmente, a
doente, contraia a infecção e em seguida, pique um homem sadio, infecção pode ser percebida pela eliminação de partes do verme
transmitindo a doença. nas fezes.
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico é feito pela b) Cisticercose: a cisticercose é causada pela presença de
pesquisa de microfilárias no sangue do homem. Ultrassonografias cisticercos (larvas do verme) nos tecidos do homem. Os sintomas
(da bolsa escrotal nos homens e da mama ou região axilar nas irão depender da localização e da quantidade de larvas existentes
mulheres) e exames sorológicos também podem ajudar a confirmar em cada tecido do hospedeiro. Na forma mais grave da doença, a
o diagnóstico. larva está localizada no sistema nervoso, causando distúrbios de
Como é o tratamento da doença: o tratamento é realizado com comportamento e convulsões.
o uso de medicamentos.
Como a doença pode ser prevenida: a doença pode ser Quem causa a doença: a teníase é causada pelos vermes
prevenida com medidas como tratamento coletivo das populações Taenia solium e Taenia saginata, já a cisticercose é causada pelos
que vivem em áreas de risco, controle do mosquito Culex e cisticercos da Taenia solium.
manutenção da educação em saúde, informando a população sobre Quem transmite a doença: o homem doente possui os vermes
as características da doença e os cuidados necessários para evitá-la. adultos e porco (apresentam cisticerco da Taenia solium) ou boi
(apresentam cisticerco da Taenia solium) possuem os cisticercos.
3.5.7 Oncocercose Dessa forma, a teníase é transmitida pela carne crua ou mal cozida
A Oncocercose é uma doença parasitária, caracterizada pelo do porco ou boi e a cisticercose é transmitida pelos ovos do verme.
surgimento de pequenos nódulos indolores em regiões como Como a doença é transmitida: a teníase é adquirida quando
ombros, membros inferiores, pelve e cabeça. o homem ingere carne crua o mal cozida de porco ou vaca
Os nódulos armazenam o verme adulto que permanece contaminadas por cisticercos de Taenia solium ou Taenia saginata.
eliminando microfilárias (pequenas larvas), cuja a desintegração Já a cisticercose é adquirida quando o homem ingere ovos de
na pele provoca manifestações como coceira intensa, secura e Taenia solium.
despigmentação.
Ao migrar pelo organismo, as microfilárias podem atingir #FicaDica
os olhos, causando alterações como conjuntivite e inchaço, que A cisticercose pela ingestão de ovos da Taenia saginata é muito
podem levar a cegueira. rara no homem.

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em quanto tempo aparecem os sintomas: o período para bre situações encontradas no território. Esses locais, denominados
aparecimento dos sintomas é de 3 meses após a ingestão do pontos de apoio (PA), encontram-se dentro da área de abrangência
cisticerco, tempo suficiente para a larva se tornar verme adulto dos ACE e podem funcionar em diversos estabelecimentos, como
no intestino do homem. Já a cisticercose pode levar de 15 dias até unidades de saúde, centros comunitários, escolas, entre outros.
anos para se manifestar. Os materiais incluem as bolsas para armazenar os instrumen-
A partir de quando a doença pode ser transmitida: a teníase tos de trabalho, como lápis, pranchetas, formulários, pesca-larvas
pode ser transmitida a partir do momento em que as carnes de boi e tubos para depósito das formas imaturas do vetor, bem como
e porco estão contaminadas por cisticercos. Já a cisticercose pode inseticidas, equipamentos de proteção individual (EPI) e outros, a
ser transmitida assim que o homem doente começa a eliminar ovos depender da organização local e das atividades.
do verme com as fezes. A partir dos PA, os ACE se dirigem à área de trabalho e iniciam
Como é feito o diagnóstico da doença: o diagnóstico da teníase o processo de vistoria aos imóveis – domicílio e peridomicílio – para
normalmente é feito a partir de exames parasitológicos com a a identificação de potenciais criadouros do mosquito transmissor
observação de partes do verme adulto (proglotes) nas fezes do da dengue e a adoção de medidas de controle, com a participação
paciente. Já a cisticercose é diagnosticada por exames sorológicos, dos moradores/proprietários. A visitação é também realizada em
tomografia computadorizada, ressonância magnética e biópsia dos imóveis comerciais e terrenos baldios.
tecidos afetados. Caso sejam identificados criadouros, os ACE orientam ao mora-
Como é o tratamento da doença: tanto a teníase quanto a dor a realização do controle mecânico ou procedem eles mesmos à
cisticercose são tratadas com o uso de medicamentos. Em alguns remoção, destruição ou vedação, e em último caso, ao tratamento
casos de cisticercose, o uso de anticonvulsivantes também é químico ou biológico, com a utilização de larvicidas nos depósitos
necessário. que não são passíveis de eliminação mecânica ou cobertura. Duran-
te as atividades de levantamento de infestação, os ACE realizam a
Como a doença pode ser prevenida: a prevenção da doença coleta de larvas para envio ao laboratório de entomologia.
envolve o consumo de carnes de boa procedência, sempre bem Em alguns imóveis, são detectados pontos de difícil acesso,
cozidas. Além disso, é fundamental identificar e tratar os doentes com grande potencial de proliferação, como caixas d’água desco-
para interromper o ciclo da doença. bertas, calhas e lajes com problemas de limpeza e escoamento, cis-
ternas e outros locais de armazenamento de água. Para a inspeção
desses pontos, é necessário um esforço adicional, com utilização de
VISITAS DOMICILIARES. escadas, cordas e outros mecanismos. Essa atividade é classificada
como trabalho em altura.
A visita domiciliar é uma das principais ações desenvolvidas Considera-se trabalho em altura toda atividade executada aci-
pelos ACE. Tem um marcado caráter educativo e pressupõe a parti- ma de 2,00m (dois metros) do nível inferior, em que haja risco de
cipação da população na adoção de cuidados para a eliminação dos queda. Para inspecionar depósitos de difícil acesso encontrados em
criadouros, bem como para a identificação de casos suspeitos das locais abrangidos pela definição de trabalho em altura, é importan-
arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti, além do aconselha- te que sejam estruturadas equipes especializadas, conforme a NR-
mento ao morador com suspeita de doença para busca oportuna de 35 (BRASIL, 2016).
atendimento junto à Rede de Atenção à Saúde. Importante destacar que, normalmente, os ACE locomovem-se
A presença regular dos ACE nas residências em áreas priori- a pé ou de bicicleta e percorrem extensas áreas, estando em grande
tárias é uma importante medida para a promoção de informações parte do tempo expostos à radiação solar e outras intempéries. Ao
que possam favorecer a mudança de comportamento. final do dia, os ACE retornam ao PA para devolver os materiais de
As visitas domiciliares são precedidas de ações de planeja- trabalho, os quais não devem ser levados às suas residências.
mento, preparação e organização das atividades, e têm por base Para inspecionar depósitos de difícil acesso encontrados em lo-
o território de atuação. Tais ações envolvem os diferentes atores cais abrangidos pela definição de trabalho em altura, é importante
que atuam nos programas de controle, como os gestores da área de que sejam estruturadas equipes especializadas e observadas as dis-
manejo vetorial, os supervisores de campo e os ACE. Nessas ações, posições legais da NR-35 (BRASIL, 2016), que estabelece os requi-
são estabelecidos os locais de atuação de cada equipe, bem como o sitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura,
número de imóveis a serem inspecionados. envolvendo o respectivo planejamento, organização e execução, de
É importante considerar que o número de visitas domiciliares e forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvi-
as metas de rendimento médio devem ser programados de acordo dos direta ou indiretamente com essa atividade.
com a realidade do município, levando em conta o tamanho dos A equipe especializada deverá passar por avaliação médica que
imóveis, as condições climáticas, o absenteísmo, a carga horária di- a habilite trabalhar em altura, além de contar com treinamento e
ária, entre outros. Esses parâmetros podem ser utilizados para a equipamentos de segurança para executar esse tipo de tarefa.
adoção de estratégias diferenciadas, como o Levantamento Rápido No decorrer da execução de seu trabalho de rotina, os ACE po-
de Índices (LIRAa), que permite ações direcionadas para áreas com dem passar por supervisão direta ou indireta, realizada pelos su-
maior risco. pervisores de campo, que acompanham a execução das ações a fim
O número de visitas domiciliares e as metas de rendimento mé- de verificar a qualidade do trabalho e orientar medidas de melhoria
dio devem ser observados de acordo com a realidade do município. das atividades.
De forma geral, os materiais de trabalho utilizados pelos ACE
são armazenados nos locais onde os integrantes das equipes se
encontram antes de iniciar as atividades diárias, a fim de se munir
dos equipamentos, registrar frequência e trocar informações so-

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Manter o sigilo do paciente


ÉTICA Manter o sigilo é um princípio ético indispensável — mesmo
que qualquer conversa ou revelação tenha a melhor das intenções,
O QUE É A ÉTICA NA SAÚDE? como, por exemplo, citar casos que estimulem outros pacientes.
Por mais lógico que possa parecer, compreender o que é a ética Por isso, é muito importante tomar cuidado para não divulgar
aplicada à saúde é muito importante para qualquer profissional que quaisquer informes que tenham origem nas consultas.
atue nesse segmento. De uma maneira mais abrangente, esse tema Da mesma maneira, devem-se manter em segredo todas as
diz respeito aos princípios que motivam e orientam o comporta- informações clínicas ou que sejam provenientes de estudos com-
mento humano a respeito de normas e valores de uma realidade partilhados e debatidos pela equipe multidisciplinar. A regra vale
social. mesmo que os dados tenham sido obtidos em discussões, prontuá-
Na saúde, ela pode ser compreendida como o conjunto de re- rios, relatos e outros.
gras e preceitos morais de um indivíduo. E isso deve ser aplicado à
avaliação de méritos, riscos e preocupações sociais das atividades Ter cuidado na relação com o paciente
de promoção do bem-estar dos pacientes enquanto leva em consi- Ter extremo cuidado na relação com o paciente é essencial e
deração a moral vigente em um determinado tempo e local. todos os profissionais devem ser cautelosos ao fazer aproximações
emocionais com o público. É preciso, por exemplo, estabelecer uma
QUAL É A NECESSIDADE DA ÉTICA NA SAÚDE? separação clara entre o que é profissional e o que é um sentimento
Nos tempos atuais, conhecer e aplicar a ética na saúde é fun- de amizade ou coleguismo.
damental, uma vez que a humanização nos mais variados campos Deve-se utilizar uma sinalização de distinção e se valer, por
é amplamente debatida e estimulada na sociedade. Enquanto o exemplo, de instrumentos como o tratamento pela titulação pro-
paciente de outrora aceitava as orientações sem contestação, o de fissional, do uso constante de jaleco ou uniforme e até do próprio
hoje exige mais do profissional. comportamento. Todos esses aspectos são bastante úteis nesse ce-
É fundamental, portanto, respeitar as necessidades individuais nário.
e conquistar a confiança de forma natural e gradual. Isso fica mais
fácil quando se esclarecem os procedimentos, se debatem as dú- Respeitar as normas internas e externas
vidas e se transmite segurança com um linguajar compreensível e Todas as profissões da área de saúde têm associações de classe
adequado para quem não é especialista na área. específicas que procuram regular a prática, normatizar a atuação e
defender os direitos dos profissionais. E, entre outras coisas, essas
QUAIS SÃO OS DESAFIOS PARA APLICAR A ÉTICA NA SAÚDE? instituições estabelecem códigos de ética para nortear e estimular
Embora já tenha havido evolução nesse aspecto, existem ain- uma atuação positiva dentro da moral vigente na época e no local.
da diversos obstáculos que devem ser superados. Só assim pode-se Por isso, é muito importante respeitar essas normas, bem como
garantir uma ética eficiente e aplicada pelos profissionais de saúde, as regras internas de hospitais, clínicas e postos de saúde. Também
inclusive para uma atuação mais efetiva em uma equipe multidis- é indispensável observar as titulações, condutas e legislações, bem
ciplinar. como facilitar a troca de informações entre as especialidades e as
O desafio começa na formação acadêmica, que mostra a im- disciplinas da área.
portância de uma abordagem com caráter humanizado. Os cargos
de chefia em hospitais, clínicas e postos de saúde precisam esti- Saber usar as mídias sociais
mular essa prática, de forma a incentivar a atuação holística dos A tecnologia e o ciberespaço tornaram todas as relações mais
profissionais. dinâmicas e, nos dias de hoje, quem não aproveitar o poder das
mídias sociais e dos aplicativos de comunicação abre espaço para
DICAS PARA UMA CONDUTA MAIS ÉTICA NA SAÚDE a concorrência. Sites como o Facebook e o Instagram podem ser
Conheça, a seguir, algumas dicas para adotar uma conduta excelentes para divulgar conhecimento e informações.
mais ética na saúde, no relacionamento com o paciente e até mes- No entanto, isso também traz algumas implicações quanto à
mo na interação com a equipe em que está inserido. Veja, ainda, ética na saúde e à maneira como os profissionais da área podem se
como colocar isso tudo em prática. relacionar com os pacientes e com os outros integrantes da equipe
multidisciplinar. É vedado, por exemplo, fazer publicidade que pro-
Respeite a equipe multidisciplinar meta resultados.
Uma dica importante para manter a ética na saúde é prezar por Por outro lado, é possível publicar informações e usar o What-
um bom relacionamento com os demais participantes da equipe sApp para debater com outros profissionais e discutir casos ou ter
multidisciplinar. Embora isso pareça simples em um primeiro mo- uma segunda opinião, mais ou menos da mesma forma como isso é
mento, os desafios do dia a dia e a própria rotina podem tornar essa feito no mundo físico. Marcar consultas também é permitido, assim
tarefa mais árdua. como se faz por telefone.
É fundamental nunca desacreditar dos integrantes do grupo e Vale lembrar que é proibido fazer marketing ou prestar aten-
valorizar sempre que possível o trabalho de todos. Quando houver dimento via telefone (mesmo que alguns pacientes insistam bas-
algum equívoco, é essencial que ele seja debatido e discutido antes tante). Também é essencial tomar cuidado e certificar-se de que
de trazer algum engano moral perante os pacientes. se está realmente em contato com o paciente, pois é possível que
outra pessoa se passe por ele e, com isso, você forneça informações
sigilosas sem querer.

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por meio da adoção dessas condutas simples, você está prepa- No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimen-
rado para ser um profissional muito mais ético e em consonância tos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das
com a postura que uma área tão complexa e importante demanda suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também co-
dos seus especialistas. nhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perce-
ber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando
sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de tra-
balho de todos os membros da equipe.
Trabalhando educação em saúde na comunidade Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-
Como trabalhar educação em saúde na comunidade. -se:
As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como - Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar
objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com
população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares
abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo;
não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas. - Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos par-
ticipantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial;
Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar. - Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposição
Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transfe- das necessidades e expectativas de todos.
rir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada
ou a sua construção. às necessidades do momento;
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na - Estimular a participação de todos;
qualidade da atenção prestada em saúde. - Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo,
bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão
Educar é um processo de construção permanente. sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções
As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas po- culturais, religiosas ou pessoais;
dem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de - Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado,
saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O que contribuirão para uma melhor qualidade de vida;
trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos. - Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo
grupo;
A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe. - Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturali-
Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos. dade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a con-
Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às fiança e a satisfação das pessoas;
suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo - Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventual-
e de espaço, assim como as características e as necessidades do mente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo
grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles que só compa-
e precisa. recem às reuniões para discutir seus problemas pessoais;
“Atividades educativas são momentos de encontro e nesses - Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recursos
encontros não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há audiovisuais, bonecos, balões etc.;
homens que, em comunhão, buscam saber mais.” Paulo Freire. - Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos dis-
É importante considerar o conhecimento e experiência dos cutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimen-
participantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa to de dúvidas.
a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus
interesses. Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve bus-
car desenvolver, estão:
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cui- - Ter boa capacidade de comunicação;
dado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e tam- - Usar linguagem acessível, simples e precisa;
bém os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o - Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde. - Acolher o saber e o sentir de todos;
- Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores
Recomendações gerais para atividades educativas que não sejam os seus próprios;
Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o - Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser debati-
seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião do;
definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomodação - Ter conhecimentos técnicos;
e a presença de todos. É importante garantir as condições de aces- - Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber
sibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na comu- responder a alguma pergunta.
nidade e pensar estratégias que facilitem a comunicação no caso
de deficiente visual ou auditivo. Não se esquecer de providenciar Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser ofereci-
o material que será utilizado durante a atividade e, se necessário, dos, se possível, materiais impressos e explicar a importância do
convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto acompanhamento contínuo na UBS, assim como o funcionamento
específico de interesse da comunidade. dos serviços disponíveis.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sempre que possível envolver os participantes do grupo no Cabe a nós propiciar condições para que o processo educativo
planejamento, execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso aconteça e, para isso, devemos ter muito claro o que entendemos
estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em por educação.
que se sentem capazes, envolvidos e responsáveis pelo sucesso do Uma maneira de perceber se uma atividade educativa está de
trabalho. acordo com uma proposta de educação transformadora é descobrir
qual a sua utilidade. Analisando as atividades de Educação em Saú-
Nas atividades em grupo, é possível que: de desenvolvidas nos serviços de saúde, na escola, na comunidade.
- As pessoas que compõem o grupo se conheçam, troquem ex-
periências e informações; “A partir de Algumas das características do processo de edu-
- As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente, cação, partimos da admissão de que existe dois saberes: o saber
expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre te- técnico e o saber popular, distintos, mas não essencialmente opos-
mas que geralmente são comuns a todos; tos, e que a educação, como processo social, exigirá o confronto e a
- O coordenador do grupo trabalhe as informações, ajudando superação desses dois saberes”.
cada um dos participantes a expor suas ideias, estimulando o res- “Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber popular
peito entre os participantes; que chega a ser considerável. Embora a este saber falte uma siste-
- As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na re- matização coletiva, nem por isso é destituído de validez e importân-
solução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio. cia. Não pode, pois, ser confundido com ignorância e desprezado
como mera superstição. Ele é o ponto de partida e sua transforma-
Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde ção, mediante o apoio do saber técnico-científico, pode constituir-
-se num processo educativo sobre o qual se assentará uma organi-
Objetivos zação eficaz da população, para a defesa dos seus interesses.”
- Relacionar a teoria da educação com a prática vivenciada;
- Relacionar os conceitos de comunicação e participação à prá- “O saber técnico, ao se confrontar com o saber popular, não
tica educativa; pode dominá-lo, impor-se a ele. A relação entre estes dois sabe-
- Refletir sobre onde estamos e o que esperamos da ação edu- res não poderá ser a transmissão unidirecional, vertical, autoritária,
cativa; mas deverá ser uma relação de diálogo, relação horizontal, bidire-
- Decidir qual é a educação que pretendemos praticar. cional, democrática. Diálogo entendido não como um simples falar
sobre a realidade, mas como um transformar-se conjunto dos dois
Repensando a Prática saberes, na medida em que a própria transformação da realidade
Existem várias maneiras de entender e fazer educação. Muitas é buscada.”
vezes, na prática, a educação tem sido considerada apenas como
divulgação, transmissão de conhecimentos e informações, de for- “O conteúdo educativo deste processo de encontro e confron-
ma fragmentada e, muitas vezes, distante da realidade de vida da to não será, portanto, predeterminado pelo pólo técnico. O con-
população ou indivíduo. fronto dar-se-á num processo de produção em que o conteúdo é
“É sempre bom lembrar que a atividade educativa não é um o próprio saber popular que se transforma com a ajuda do saber
processo de condicionamento para que as pessoas aceitem, sem técnico, enquanto instrumento do próprio processo.”
perguntar, as orientações que lhes são passadas. A simples infor- “A ação educativa não implica somente na transformação do
mação ou divulgação ou transmissão de conhecimento, de como ter saber, mas também na transformação dos sujeitos do processo,
saúde ou evitar uma doença, por si só, não vai contribuir para que tanto dos técnicos quanto da população. O saber de transformação
uma população seja mais sadia e nem é fator que possa contribuir só pode produzir-se quando ambos os pólos da relação dialógica
para mudanças desejáveis para melhoria da qualidade de vida da também se transformam no processo.”
população”. Cumpre, finalmente, lembrar que um processo educativo como
“As mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por saúde o que se esboça acima supõe, também, por parte dos técnicos que
ocorre quando o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saú- dele participam competência técnica, no mais amplo sentido da pa-
de participam. A discussão, a reflexão crítica, a partir de um dado lavra, o que significa conhecimento não apenas dos aspectos mera-
conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e consequências, mente tecnológicos, mas também conhecimento das estruturas e
permitem que se chegue a uma concepção mais elaborada acerca processos econômicos e políticos da sociedade na qual se insere a
do que determina a existência de uma doença e como resolver os sua prática social. “Portanto, boa vontade só não basta.”
problemas para modificar aquela realidade”.
Comunicação
Os Problemas e Desafios O mundo globalizado de hoje, exige profissionais cada vez mais
Muitos daqueles que trabalham na área da Educação encon- capacitados, principalmente, do ponto de vista tecnológico, exigin-
tram dificuldades no seu dia-a-dia, como: do atributos e conhecimentos dos trabalhadores para responder às
- Recomendação de práticas diferentes por instituições diferen- demandas impostas pelas mudanças sociais e econômicas. Nesse
tes e relacionadas a uma mesma ação que se espera da população. contexto as interações pessoais acabam por assumir uma condição
- Recomendação de práticas com barreiras socioeconômicas ou inferior. Estamos vivendo num mundo de poucas palavras, onde a
culturais que dificultam e/ou restringem a sua execução. imagem predomina, em uma cultura onde a razão se sobrepõe à
- Despreocupação com o universo conceitual da população, emoção. A cada dia, visualizamos a valorização do ter e a deificação
achando que tudo depende da transmissão do conhecimento téc- do ser.
nico.

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Englobado por essas reformulações econômicas, sociais e polí- cliente e família. Algumas teorias afirmam que o processo comuni-
ticas, o setor saúde sofre os impactos dos ajustes macroestruturais cativo é a forma de estabelecer uma relação de ajuda ao indivíduo
de busca da produtividade, tecnologia e qualidade dos serviços, e à família.
exigindo novos atributos de qualificação dos profissionais de saú- Tratando-se do relacionamento enfermeiro-cliente, o processo
de. É a partir dessa premissa, e diante da nossa realidade enquan- de comunicação precisa ser eficiente para viabilizar uma assistência
to atores do cenário do cuidado físico e mental, que reforçamos a humanística e personalizada de acordo com suas necessidades. Por-
importância de que seja discutido, entre os diversos profissionais tanto, o processo de interação com o cliente se caracteriza não só
de saúde ligados diretamente à assistência ao cliente, e aqui desta- por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados
camos o enfermeiro, o cuidado emocional, resultando na busca do do enfermeiro, mas, também por atitudes de sensibilidade, aceita-
bem estar e qualidade de vida do cliente. ção e empatia entre ambos.
Nessa realidade o enfermeiro deve buscar conhecimentos e O objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. Cuidado
processo instrucional para encontrar uma maneira de ação que tor- esse que deve ser prestado de forma humana e holística, e sob a luz
ne o cuidado de enfermagem mais humano. Pois, como agente de de uma abordagem integrada, não poderíamos excluir o cuidado
mudança, o enfermeiro de amanhã será diferente do de hoje, e o de emocional aos nossos clientes, quando vislumbramos uma assis-
hoje é diferente do de anos passados. Os novos horizontes da enfer- tência de qualidade. Ao cuidarmos de alguém, utilizamos todos os
magem exigem do profissional responsabilidade de elaboração de nossos sentidos para desenvolvermos uma visão global do processo
um cuidado holístico, devendo estar motivado para acompanhar os observando sistematicamente o ambiente e os clientes com o intui-
conhecimentos e para aplicá-los. to de promover a melhor e mais segura assistência. No entanto, ao
Uma das principais e mais comuns situações vivenciadas por nos depararmos com as rotinas e procedimentos técnicos deixamos
enfermeiros é o cuidado prestado ao cliente submetido à interna- de perceber importantes necessidades dos clientes (sentimentos,
ção hospitalar. Embora possa ser o cotidiano de milhares de enfer- anseios, dúvidas) e prestar um cuidado mais abrangente e persona-
meiros, a experiência da internação hospitalar cria situações únicas lizado que inclua o cuidado emocional.
de estresse não só para os clientes, mas também para suas famílias. Skilbeck & Payne conduziram uma revisão de literatura objeti-
Vários pesquisadores têm documentado a repercussão dos níveis vando compreender a definição de cuidado emocional e como en-
de estresse, ansiedade e angústia na evolução e prognóstico de um fermeiros e clientes podem interagir para produzir relacionamentos
cliente, bem como no âmbito familiar. Na perspectiva do cliente que de suporte emocional. As autoras relatam a ausência de uma defi-
necessita de internação hospitalar esse processo é permeado pelo nição clara do que venha a ser o cuidado emocional existindo va-
medo do desconhecido, como a utilização de recursos tecnológi- riações na literatura quanto ao uso dessa terminologia ao referir-se
cos, muitas vezes invasivos, linguagem técnica e rebuscada, pela como “cuidado emocional e apoio”, “cuidado psicológico” e “cui-
apreensão de estar em um ambiente estranho, e ainda pela pre- dado psicossocial”. Ao realizarem uma análise mais detalhada as
ocupação com sua integridade física, em decorrência do processo autoras perceberam ainda que o cuidado emocional pode ter vários
patológico, motivo de sua internação hospitalar. significados quando visto sob o prisma de diferente marcos teórico
Assim, ao considerarmos o enfermeiro o profissional que per- e contextos sociais, e, portanto a ausência de uma definição e sig-
manece mais tempo ao lado do cliente, este deve ser o facilitador nificados próprios repercute na prática assistencial do enfermeiro.
na promoção do bem-estar bio-psico-sócio-espiritual e emocional Contudo, para a condução de nossa reflexão assumimos que
do cliente, conduzindo-o às melhores formas de enfrentamento do o cuidado emocional é a habilidade de perceber o imperceptível,
processo de hospitalização. Consideramos relevante realizar uma exigindo alto nível de sensibilidade para as manifestações verbais e
reflexão sobre as interfaces do cuidado emocional ao cliente hos- não verbais do cliente que possam indicar ao enfermeiro suas ne-
pitalizado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da cessidades individuais.
assistência de enfermagem, sob o prisma do processo de comuni- Portanto, consideramos que a promoção de um cuidado holís-
cação. tico que envolva as necessidades bio-psico-sócio-espiritual e emo-
cional perpassa por um processo comunicativo eficaz entre enfer-
A comunicação e o cuidado emocional meiro-cliente. Todavia entendemos que o processo de comunicação
O termo comunicar provém do latim communicare que signifi- se constrói de diferentes formas, e que para haver comunicação a
ca colocar em comum. A partir da etimologia da palavra entende- expressão verbal (através do uso das palavras) ou não verbal (a pos-
mos que comunicação é o intercâmbio compreensivo de significa- tura, as expressões faciais, gestos, aparência e contato corporal) de
ção por meio de símbolos, havendo reciprocidade na interpretação um dos sujeitos, tem que ser percebida dentro do universo de sig-
da mensagem verbal ou não verbal. Freire afirma que “o mundo nificação comum ao outro.
social e humano, não existiria como tal, se não fosse um mundo de Caso isso não aconteça, não haverá a compreensão de sinais
comunicabilidade, fora do qual é impossível dar-se o conhecimento entre os sujeitos, inviabilizando o processo comunicativo e conse-
humano. A intersubjetividade ou a intercomunicação é a caracterís- quentemente comprometendo o cuidado. Waldow deixa claro que
tica primordial deste mundo cultural e histórico”. o cuidar se inicia de duas formas: como um modo de sobreviver e
Partimos da premissa de que a comunicação é um dos mais im- como uma expansão de interesse e carinho. Assim, o primeiro faz-
portantes aspectos do cuidado de enfermagem que vislumbra uma -se notar em todas as espécies animais e sexos, e o segundo ocorre
melhor assistência ao cliente e à sua família que estão vivenciando exclusivamente entre os humanos, considerando sua capacidade de
ansiedade e estresse decorrentes do processo de hospitalização, es- usar a linguagem, entre outras formas, para se comunicar com os
pecialmente em caso de longos períodos de internação ou quando outros.
se trata de quadros de doença terminal. Portanto, a comunicação é Para aperfeiçoar uma assistência mais holística a equipe de
algo essencial para se estabelecer uma relação entre profissional, enfermagem pode estabelecer estratégias de cuidados para atingir
seus objetivos. Contudo, ratificamos uma vez mais que a comunica-

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção é o elemento chave para a construção de qualquer estratégia A partir dessas evidências ratificamos a importância do cuidado
que almeje o cuidado emocional. Alguns autores têm identifica- emocional para a recuperação e sobrevida do cliente hospitalizado,
do que problemas de comunicação ou comunicação insatisfatória todavia, não devemos nos esquecer em momento algum o cuida-
entre enfermeiro e cliente, especialmente quando relacionados a do técnico-científico. Na realidade, essas diferentes dimensões do
clientes terminais, devido ao medo da morte, ansiedade do enfer- cuidado devem caminhar juntas, se complementando harmonica-
meiro sobre a habilidade do cliente de enfrentar a doença, falta de mente.
tempo, falta de treinamento de como interagir com estes clientes, Para prestarmos o cuidado emocional é necessário sermos
e ansiedade sobre as consequências negativas para os clientes têm bons ouvintes, expressando um olhar atencioso, tocando e confor-
repercutido no estabelecimento de uma melhor interação enfer- tando os nossos clientes, e recuperando sua autoestima.
meiro-cliente. Quanto aos efeitos comportamentais do tocar, olhar e do ouvir,
Portanto, se faz relevante que o enfermeiro possa submeter-se estes apresentam contribuição essencial à segurança, proteção e
a treinamentos relacionados à habilidade de comunicação. autoestima de uma pessoa. Segundo Montagu, o tocar desenvolve
Heaven & Maguire realizaram uma sondagem pré-teste, conce- ostensivas vantagens em termos de saúde física e mental. Tocar al-
deram treinamento sobre habilidades comunicativas aos enfermei- guém com a intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si só
ros e realizaram um pós-teste. Ao final do estudo os autores identi- já é terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável e faz
ficaram que a habilidade de comunicação do enfermeiro melhorou parte do cuidado emocional.
de forma significativa após o treinamento. Wilkinson et al e Kruijver Consideramos que o cuidado emocional ao cliente hospitaliza-
et al encontraram que após um treinamento dessa natureza as en- do se faz de suma importância para a melhoria da qualidade de
fermeiras melhoraram a avaliação dos problemas do cliente e do vida, não só do cliente, mas de sua família. Enfatizamos a impor-
conteúdo emocional revelados pelo mesmo. tância da visita de enfermagem com uma abordagem sistematizada
Além de uma educação continuada relacionada à comunicação visando um atendimento holístico como uma oportunidade de pro-
sugerimos a visita diária de enfermagem como um importante ar- mover o cuidado emocional. Essa sistematização do cuidado deve
tifício para identificar o nível de necessidade de segurança, amor, estar registrada, de forma a proporcionar uma comunicação efetiva
autoestima, espiritualidade e biofisiológico do cliente. É a partir da entre os membros da equipe de saúde e a avaliação da eficácia do
visita de enfermagem que o enfermeiro estabelece um processo de cuidado prestado ao cliente, contribuindo para um melhor nível as-
comunicação com o cliente possibilitando o esclarecimento de dú- sistencial.
vidas quanto à evolução e prognóstico do cliente, aos procedimen- Devemos enxergar o cliente hospitalizado como um ser com-
tos a serem realizados, normas e rotinas da instituição ou unidade plexo que possui necessidades no âmbito bio-psico-sócio-espiritual
de internação e estrutura física hospitalar, desempenhando um im- e emocional o qual se encontra fragilizado pela doença. Porém, essa
portante papel na redução dos quadros de tensão e ansiedade que pessoa ainda mantém a sua individualidade, e na maioria das vezes
repercutem no quadro clínico do cliente. é capaz de decidir e/ou opinar sobre o cuidado a ser prestado. E
Do contrário uma inviabilização do processo comunicativo na os enfermeiros devem estar sensibilizados para perceber essa in-
relação profissional-cliente, pode desencadear situações de estres- dividualidade e as necessidades de cada um, facilitando assim seu
se. Santos refere que os diálogos ocorridos junto à cama do cliente, processo de recuperação, diminuindo o tempo da internação e con-
repletos de termos técnicos, geralmente inacessíveis, são interpre- sequentemente os índices de infecção hospitalar.
tados pelo cliente conforme seu conhecimento, e o impacto emo- Nessa perspectiva esperamos que esta reflexão seja mais um
cional da postura silenciosa de enfermeiros e médicos, podem agra- passo para a realização de muitas outras, além de estudos mais de-
var ainda mais o estado de ansiedade e tensão. Portanto, atitudes talhados que contemplem o cuidado emocional em enfermagem
como estas devem ser evitadas durante toda a internação, na ten- aos diferentes tipos de clientes, contribuindo assim para a melhoria
tativa de minimizar seu impacto na qualidade assistencial do cliente da qualidade da assistência de enfermagem.
no momento em que este se encontra mais fragilizado.
Destarte para uma melhor qualidade dos serviços de saúde é A Educação em Saúde: Planejando nossa Ação
vital conhecer não só a visão do cliente, mas também da família de
forma a estarmos sensíveis para oferecer um cuidado que atenda Objetivos
às expectativas do cliente e da família diminuindo a repercussão do - Discutir e analisar o conceito de planejamento, com ênfase no
estresse e ansiedade no processo de hospitalização. planejamento participativo.
Segundo Wright & Leahey “a enfermagem tem um compro- - Identificar a relação existente entre o processo educativo, a
misso e obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. A participação e o planejamento participativo.
evidência teórica, prática e investigacional do significado que a fa- - Identificar as principais etapas do planejamento.
mília dá para o bem-estar e a saúde de seus membros bem como - Identificar as fases do diagnóstico para a operacionalização
a influência sobre a doença, obriga os enfermeiros a considerar o das ações educativas.
cuidado centrado na família como parte integrante da prática de - Refletir e decidir qual o papel da equipe e de cada profissional
enfermagem”. no desempenho de sua função educativa.
A promoção do cuidado emocional tem alcançado resultados
positivos na sobrevida do cliente. McCorkle et al realizaram um Planejamento
estudo correlacionando os sintomas de estresse e as intervenções Fazer planos é uma atividade conhecida do homem desde que
de cuidado do emocional. Os autores encontraram uma relação ele se descobriu com capacidade de pensar antes de agir. Mas foi
estatisticamente significante entre os sintomas e as intervenções com o desenvolvimento comercial e industrial, ocorrido com o ca-
revelando que os clientes que morreram mais precocemente foram pitalismo, que surgiu a preocupação de planejar as ações antes que
aqueles que receberam menos intervenções de cuidado emocional. elas ocorressem. Hoje, em todos os setores da atividade humana,

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fala-se muito em planejamento, com maior ênfase na área gover- - Plano de Ação, incluindo a determinação de objetivos, popu-
namental. Atualmente ele é uma necessidade em todas as áreas lação-alvo, metodologia, recursos e cronograma de atividades.
de atuação. Quanto maior a complexidade dos problemas, maior - Execução, implicando na operacionalização do plano de ação.
é a necessidade de planejar as ações para garantir melhores resul- - Avaliação, incluindo a verificação de que os objetivos propos-
tados. tos foram ou não alcançados.
Planejar, definindo de forma simples e comum, é não improvi-
sar. É compatibilizar um conjunto diversificado de ações, de manei- Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilida-
ra que sua operacionalização possibilite o alcance de um objetivo de, que permite a reformulação das ações planejadas durante sua
comum. É o processo de decidir o que fazer. É a escolha organizada execução. A avaliação, nesta perspectiva, deve iniciar-se na etapa
dos melhores meios e maneiras de se alcançar os objetivos propos- de diagnóstico e acompanhar todas as fases do planejamento. A
tos. Planejar é preparar e organizar bem uma ação, decidir o que fa- avaliação realizada após a execução, além de identificar os resulta-
zer e acompanhar a sua execução, reformular as decisões tomadas, dos alcançados, também fornece subsídios para a reprogramação
redirecionar a sua execução, se necessário, e avaliar os resultados das ações, bem como indica a necessidade de novas ações de diag-
ao seu término. Acompanhar a execução das ações é importante nóstico.
para verificar se os objetivos pretendidos estão sendo alcançados
ou não. O que entendemos por diagnóstico
O processo de planejamento contempla pelo menos três mo- É uma leitura da realidade, que se aproxima o mais possível
mentos em permanente interação: preparação, acompanhamento da “verdadeira realidade”, permitindo a compreensão e a sistema-
e revisão crítica dos resultados, buscando-se sempre caminhos que tização dos problemas e necessidades de saúde de uma população,
facilitem a realização do que foi previsto. Se em todos os setores da bem como o conhecimento de suas características socioeconômi-
atividade humana o planejamento se reveste da maior importância cas e culturais. Deve permitir também o conhecimento das causas
para prever melhor as ações e seus efeitos, a área da Educação em (variáveis) e consequências de seus agravos de saúde, e como estes
Saúde não pode fugir a esta premissa. influenciam e são influenciados por fatores econômicos, políticos e
de organização dos serviços de saúde e da sociedade.
A Educação para a participação e o Planejamento Participa- Ao pensar em uma ação educativa problematizadora, partici-
tivo pativa e dialógica, com o propósito de intervenção para mudanças,
Existem várias formas de fazer planejamento. “Quando apenas pressupõe-se o desencadeamento de ações para o diagnóstico da
as equipes de saúde pensam e decidem o que deve ser feito, isto é situação.
um planejamento centralizado. Ele é mais rápido e permite o con- “Como agir sobre uma realidade, para transformá-la, sem co-
trole pelo gestor de saúde, e atende às necessidades de natureza nhecê-la? E como conhecê-la sem estudá-la? A ação participativa,
epidemiológica, mas, frequentemente não reflete as necessidades portanto, se inicia e se fundamenta na investigação da realidade
mais sentidas da população, e nem sempre permite a participação feita pelos sujeitos dessa realidade. É, pois, uma atividade coletiva,
social no controle e fiscalização das ações.” feita não pelos técnicos sobre a população, mas pelos técnicos e a
Outra forma é a do planejamento participativo, onde a popu- população sobre a realidade compartilhada.”
lação, junto com a equipe de saúde, discute seus problemas e en- O diagnóstico é o momento da identificação dos problemas,
contra as soluções para as suas reais necessidades. Esta forma de suas causas e consequências, e principais características. É o mo-
planejar aproxima-se mais da proposta da educação para a partici- mento em que também se buscam explicações para os problemas
pação nas ações de saúde. identificados.
Uma ação educativa problematizadora e participativa, numa
perspectiva mudança, pressupõe que a população compartilhe de Fases do Diagnóstico
forma real de todos os passos da ação: planejamento, execução e Coleta de Dados: A coleta de dados deve propiciar a leitu-
avaliação. A população deverá participar “tomando parte” nas de- ra da realidade concreta, a sua compreensão, a identificação dos
cisões, assumindo as responsabilidades que lhe cabem, compreen- problemas e necessidades de saúde de determinados grupos e/
dendo as ações de caráter técnicas realizadas ou indicadas. ou população. Deve também obter dados para o conhecimento de
Neste processo, as respostas aos problemas não são prepara- suas características socioeconômicas, culturais e epidemiológicas,
das e decididas pelos técnicos, mas são buscadas, a partir da análise entre outras. Direta ou indiretamente, fornece subsídios sobre as
e reflexão, entre técnicos e população sobre a realidade concreta, principais causas dos agravos de saúde e sua inter-relação com os
seus problemas, suas necessidades e interesses na área da saúde. fatores relacionados à organização de serviços de saúde e outros,
Esta ação conjunta pressupõe um processo dialógico, bidirecional e mostrando, também, como todos os envolvidos agem e reagem
democrático, que favorecerá não só a transformação da realidade, frente aos problemas identificados. As fontes de dados podem ser
mas também dos próprios técnicos e da população. boletins epidemiológicos, relatórios, planilhas, fichas, prontuários,
artigos científicos, livros de atas, e outros à disposição. Neste caso,
Etapas do Planejamento podemos utilizá-los selecionando os dados que sejam úteis para o
O planejamento, sendo um processo ordenado, pressupõe cer- diagnóstico pretendido. A este tipo de dados damos o nome de “se-
tos passos, momentos ou etapas básicas, estabelecidos em uma cundários”.
ordem lógica. Para o planejamento do componente educativo das Os dados chamados “primários” são aqueles que necessitam
ações de saúde, regra geral, seguem-se as seguintes etapas: ser coletados, no momento do diagnóstico, junto ao grupo ou po-
- Diagnóstico, compreendendo a coleta de dados, a discussão, pulação. Podem ser recolhidos por meio de diferentes instrumentos
a análise e interpretação dos dados, e o estabelecimento de prio- e/ou técnicas (questionário, formulário, ficha de observação, entre-
ridades.

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vista, observação participante, dramatização e outros). A sua ade- As ações educativas previstas são partes do processo de Ação
quação deverá ser constantemente avaliada, permitindo que os da- - Análise - Reflexão - Decisão - Ação. Esta forma de interpretação
dos colhidos se aproximem o mais possível da realidade concreta. define: múltiplas causas - de diferentes naturezas e com diferentes
É comum, num diagnóstico, utilizarmos dados primários e se- pesos, e vários efeitos - interdependentes.
cundários para o conhecimento mais global da problemática da saú-
de/doença de uma determinada população-alvo. Existem formas Estabelecimento de Prioridades: É a última fase do diagnósti-
diferentes de se colher dados para o diagnóstico de uma situação. co. Neste momento, equipe de saúde, grupos e população interes-
sada definem, entre os problemas identificados, aqueles que são
Discussão, Análise e Interpretação dos Dados: Vários fatores passíveis de intervenção, no nível da organização de serviços, de
influenciam a definição da forma de coletar dados, assim como os socialização do conhecimento científico atual, da participação da
instrumentos e técnicas a serem utilizados. Esta definição também população, em nível individual e/ou coletivo, que contribuirão para
influi na análise e interpretação de dados ou fatos, nas relações de a melhoria da saúde da comunidade. A partir dessa decisão, o pró-
ximo passo é a elaboração do Plano de Ação, detalhando as ativi-
causa-e-efeito, assim como nas propostas de intervenção.
dades que deverão ser desenvolvidas, definindo: objetivos, popu-
Entre outros, temos:
lação-alvo, recursos humanos, materiais e financeiros necessários,
- a postura e visão daqueles que são os responsáveis pelo de-
estratégias de execução e critérios de avaliação.
sencadeamento das ações de diagnóstico de uma dada situação
problema; O acesso à informação em saúde
- o tipo de dados a serem coletados; É fundamental para reduzir iniquidades e promover transfor-
- a situação-problema ser ou não emergencial; mações sociais necessárias para a qualidade de vida e o bem-estar
- a postura e visão da população a ser envolvida; mais democrático das populações. O conceito ampliado de “saúde”,
- o compromisso com a participação real. tão discutido nos debates que deram origem ao Sistema Único de
Saúde (SUS), está intimamente relacionado à ideia de cidadania. E
Esses fatores direcionam para um diagnóstico descritivo/analí- uma das bases essenciais ao exercício pleno da cidadania e do direi-
tico e/ou participativo. Quando definimos qual será nossa prática a to à saúde é o direito à comunicação e à informação.
partir de um modelo de pensamento uni casual, além de podermos Uma reportagem da Revista Radis, de fevereiro de 2006, dizia:
incorrer no equívoco de colocar em execução um plano de ação “Se comunicação é troca de informações e sentidos, o estabele-
baseado em prioridades e objetivos que dificilmente terão como cimento de vínculos entre sujeitos diversos, comunicar em saúde
produto final a resolução do problema, ainda corremos o risco de não é apenas montar e oferecer bancos de dados. Também não é
dirigir recursos, profissionais e ações para áreas que extrapolam o somente veicular peças publicitárias ou apelar à mídia para que di-
nosso poder de decisão. vulgue o que há de bom no sistema (...).” Relacionar comunicação,
Essa forma de diagnóstico pode também levar o profissional de informação e saúde no Brasil passa, por exemplo,pelo debate sobre
saúde a uma falsa percepção de suas possibilidades de ação. Pode o papel que a mídia tem ocupado na observação do SUS, havendo
também, ingenuamente, achar que somente com ações educativas uma crítica por parte de profissionais de saúde quanto à recorrência
irá resolver os problemas relacionados à saúde coletiva. de matérias voltadas para destacar as falhas do SUS, em detrimento
Uma nova forma de interpretação e análise dos dados: “Nes- da dimensão e importância do sistema como um todo para o país.
te modelo, o pressuposto é de um conjunto de variáveis, que se O campo da Comunicação, Informação e Saúde aponta para
relacionam e determinam entre si, produzindo um efeito. Há variá- uma interface entre essas três dimensões, não se reduzindo a uma
veis que têm um peso maior na produção do efeito, assim como há visão instrumental, ou seja, da comunicação e informação como um
outras que atuam mais ou menos diretamente sobre ele.” Procura conjunto de ferramentas de transmissão de conteúdos a serviço da
saúde, mas também como processos sociais de produção de senti-
saber “o quê influi em quê”, e descobre que as prioridades para
dos, em espaços de lutas e negociações. A comunicação e a infor-
a solução do problema envolvem ações educativas, de reorganiza-
mação devem ser pensadas visando aperfeiçoar o sistema público
ção do Posto de Saúde, de treinamento dos profissionais de saúde,
de saúde e assegurar a participação dos cidadãos na construção das
além da dificuldade econômica da família, das condições de traba- políticas públicas da área. Para isso, é fundamental pensá-las com
lho, da falta de creche, pré-escola e outras. Este modelo ou forma base nos princípios e diretrizes do SUS (Araújo; Cardoso, 2007).
de análise e interpretação dos dados coletados define: Múltiplas Os termos Informação, Educação e Comunicação em Saúde se
causas - de diferentes naturezas, mas com pesos iguais, e um efeito articulam e permeiam as políticas de saúde. Inicialmente, precisa-
- ida ao Pronto-Socorro. É a interpretação “Multicausal”. mos conhecer cada uma dessas áreas para em seguida entender-
A partir dessa análise e interpretação, a equipe e demais envol- mos como elas se aplicam no SUS.
vidos podem estabelecer prioridades, no seu nível de resolutivida-
de, para atenuar o problema da família e de outras com problemas Informação
semelhantes e, assim, contribuir para uma melhoria nas condições Ferreira (2008) define informação como “fatos conhecidos ou
de saúde. Neste caso, o grupo responsável pela intervenção conse- dados comunicados acerca de alguém ou algo; tudo aquilo que, por
gue identificar o ponto-chave do problema, encontrar estratégias ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendido, assimi-
de ação que viabilizam intervenções sucessivas e complementares, lado ou armazenado pela percepção e pela mente humanas”.
ao mesmo tempo em que permite um trabalho interinstitucional, Considerando que a Constituição Federal estabeleceu em seu
com a participação dos profissionais de saúde, usuários e grupos art. 5º - Inciso XIV que, “é assegurado a todos o acesso à informação
interessados. Neste caso, pode haver confronto, conflito, pessimis- e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro-
mo, otimismo, consenso, mas não imobilismo. fissional”; é direito da população receber informações e é responsa-
bilidade do Estado e do Governo estabelecer um fluxo informativo e
comunicativo com seus cidadãos BRASIL, 1988).

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Educação Importante!
Segundo Freire (2013) a educação não deve ser uma mera Assim como o SUS é um sistema em permanente mudança e
transmissão de conhecimento, mas criar uma possibilidade do edu- constante pactuação entre os diversos setores que o compõem, o
cando construir o seu próprio conhecimento baseado no conheci- debate e as ações para a melhoria da qualidade da comunicação
mento que ele traz de seu dia-a-dia. e da informação em saúde e sobre o próprio SUS no país também
devem seguir essa dinâmica de mudança e pactuação (FERREIRA;
Comunicação SARAIVA, 2008, p. 33).
Para Ferreira (2008), a comunicação é o processo de emissão,
transmissão e recepção de mensagens por meio de métodos e/ou Na 11ª Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2001) começou
sistemas convencionados; a mensagem recebida por esses meios; a ser discutida a Política de Informação, Educação e Comunicação
a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, (IEC): as políticas de IEC devem compreender o fortalecimento da
com vista ao bom entendimento entre pessoas. cidadania e do controle social visando a melhoria da qualidade e
A Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização humanização dos serviços e ações de saúde; devem contribuir para
das Nações Unidas assegura que “a informação é unanimemente o acesso das populações socialmente discriminadas aos insumos
reconhecida como direito universal inviolável e inalienável do ho- e serviços de diferentes níveis de complexidade; devem garantir a
mem moderno correspondente a uma profunda necessidade de apropriação por parte dos usuários e população de todas as infor-
sua natureza racional”, ou seja, este direito deve ser respeitado es- mações necessárias para a caracterização da situação demográfica,
pecialmente pelos governos. Neste sentido, Torquato (2010, p. 128) e sócio-econômica; estar voltada para a promoção da saúde, que
defende que a comunicação deve ser vista pelos governos como abrange a prevenção de doenças, a educação para a saúde, a prote-
fundamental na construção da cidadania. ção da vida, a assistência curativa e a reabilitação, sob responsabili-
dade das três esferas de governo, utilizando pedagogia crítica, que
Então como é entendida a comunicação? leve o usuário a ter conhecimento também de seus direitos; dar
A comunicação deve ser entendida como um dever da admi- visibilidade à oferta de serviços e ações de saúde do SUS; motivar
nistração pública e um direito dos usuários e consumidores dos ser- os cidadãos a exercer os seus direitos e cobrar as responsabilidades
viços. Sonegar tal dever e negar esse direito é um grave erro das dos gestores públicos e dos prestadores de serviços de saúde.
entidades públicas. Os comunicadores precisam internalizar esse Os usuários devem ser bem informados, devem participar de
conceito, na crença de que a base da cidadania se assenta também forma ativa de seus cuidados de saúde. Segundo Müller (2009) os
no direito à informação (TORQUATO, 2010, p. 128). profissionais de saúde não podem ser colocados como os principais
É importante compreender que a educação em saúde consti- responsáveis pela má qualidade desta comunicação, pois muitas
tui um conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção vezes os usuários estão numa situação de desespero, ansiosos por
de doenças e promoção da saúde (COSTA; LÓPEZ, 1996). Portanto, informações ou exposição de suas dúvidas e expectativas. Além dis-
trata-se de um recurso por meio do qual o conhecimento cientifi- so, eles podem compreender de forma imprópria as informações
camente produzido no campo da saúde, intermediado pelos pro- fornecidas pelos profissionais, daí a importância de se utilizar uma
fissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, uma vez linguagem clara e acessível para o usuário.
que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença Ao discorrerem sobre a Política de Informação, Educação e Co-
oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de municação (IEC), Vasconcellos, Moraes e Cavalcante (2005) defen-
saúde (ALVES, 2005). dem que:
Segundo Fonseca (2011), a educação sanitária é uma pratica O acesso à informação amplia a capacidade de argumentação
educativa que induz um determinado público a adquirir hábitos dos atores sociais nos processos de pactuação e, participar da defi-
que promovam a saúde e evite a doença e tem de ser um processo nição sobre qual informação a sociedade quer é ampliar ainda mais
contínuo, permanente e construído na medida em que o indivíduo as possibilidades de intervir sobre a realidade.
aprofunda seu conhecimento. O foco da educação sanitária deve [...] qualquer modelo de comunicação é uma simplificação da
estar voltado para profissionais e população em relações de inte- realidade, mas esse deixa de fora, ou dá muito pouca importância a
ração, comunicação, cooperação e responsabilidade conjunta em aspectos que são fundamentais em qualquer prática comunicativa:
solucionar problemas. os contextos, as situações concretas em que a comunicação aconte-
Ainda segundo o autor, a comunicação e a educação podem ga- ce, as pessoas reais que dela participam, com suas histórias de vida,
nhar expressão concreta nas ações de mobilização dos profissionais ideias, interesses, preocupações, disposições, indisposições.
de saúde, da comunidade e dos movimentos sociais, para que esses Já Cardoso (2006, p. 50), quando trata da comunicação e saúde
atores reconstruam suas práticas. e os desafios que trazem para fortalecer o SUS, afirma que:
Cardoso (2006, p. 47-49) descreve as principais propostas so-
Políticas de Informação, Educação e Comunicação no SUS bre comunicação em saúde da 8ª à 12ª Conferência Nacional de
As políticas de informação, educação e comunicação em saúde Saúde, sempre em estreita relação com o tema controle social, com
começaram a ganhar importância durante as Conferências Nacio- destaque para a comunicação nos conselhos de saúde e nos servi-
nais de Saúde. Na 8ª Conferência Nacional de Saúde já foi indicado ços, ações e equipes de saúde:
que essas áreas devem estar em sintonia com as necessidades do 01 - Democratização da comunicação com a sociedade, que ga-
Sistema Único de Saúde. Ferreira e Saraiva (2008, p. 33) destacam ranta maior visibilidade ao direito à saúde, aos princípios do SUS, às
que: políticas e aos orçamentos da saúde, visando ampliar a participação
e o controle social.

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

02 - Respeito à diversidade e características regionais, culturais, papel da informação em saúde tem sido entendido como subsídio
étnicas, tecnológicas (possibilidades de acesso), buscando a univer- a essa intervenção; no entanto ela deve contribuir para o entendi-
salidade, pluralidade de expressão e a imparcialidade da comuni- mento de que a “realidade de saúde que traduz, deve influenciar
cação. decisões e modificar percepções”.
03 - Divulgação permanente de informações sobre as ações Até 1987, .no âmbito do MS, os setores que trabalhavam com
de promoção, sobre os serviços de prevenção e assistência do SUS, informação em saúde eram o Serviço de Planejamento de Informa-
assim como das informações epidemiológicas de interesse para a ções, da Secretaria Geral , e o Serviço de Estudos Epidemiológicos,
população. da Divisão Nacional de Epidemiologia da Secretaria Nacional de
04 - Democratizar as informações científicas e epidemiológicas, Ações Básicas de Saúde - SNABS7 .
garantindo ampla divulgação dos conhecimentos, programas e pro- Em agosto de 1987, através de Portaria 413 de 21 de agosto
jetos da comunidade científica para a saúde individual e coletiva, de 1987 (D.O. 24.08.87) o MS aprova novo Regimento Interno da
estimulando a discussão crítica e pública da ciência, tecnologia e Secretaria Geral que cria o Centro de Informações de Saúde (CIS),
saúde. como unidade autônoma (art. 2º - 9). No art. 34, define entre outras
05 - Garantia de acesso às informações e espaços de discussão competências do CIS, a de propor a formulação da Política de Infor-
nos serviços e ações de saúde. mações e Informática do setor saúde. Na Portaria nº 415 de 24 de
06 - Utilização de todos os meios de comunicação: a grande im- agosto de 1987 (D.O. 25.08.87) de aprovação do Regimento Interno
prensa, Internet, as rádios AM e FM, rádios comunitárias, televisão da Secretaria Nacional de Ações Básicas, o Serviço de
aberta, TVs comunitárias, boletins, jornais de bairro, veículos pró- Desenvolvimento de Sistemas de Informação fica sob a respon-
prios dos governos, das entidades, movimentos sociais e de todos sabilidade da Divisão Nacional de Estudos Epidemiológicos.
os segmentos envolvidos com o controle social. Após a reforma administrativa no setor saúde realizada em
07- Considerar as necessidades dos portadores de deficiências, 1990, que transferiu do Ministério da Previdência e Assistência So-
desenvolvendo estratégias de comunicação específicas. cial - MPAS para o Ministério da Saúde a tutoria das questões re-
08 - Os planos e ações de comunicação devem ser aprovados lativas à assistência médica, hospitalar e ambulatorial, e extinguiu
nas instâncias do SUS, com objetivos, orçamentos e formas de ava- a FSESP e a SUCAM, criando como entidade sucessora a Fundação
liação claramente definidos. Nacional de Saúde - FNS, houve um redimensionamento da área de
09 - Garantir permanente comunicação entre os conselhos e informação em saúde.
conselheiros das esferas municipal, estadual e nacional, o que inclui Foram instituídos, como consequência, o Departamento de In-
infraestrutura (espaço físico e equipamentos), pessoal e veículos formática do SUS - DATASUS, com a missão de informatizar o SUS,
próprios de comunicação. coletar e disseminar informações visando apoiar a gestão da saúde
10 - Divulgar com antecedência as datas de reunião dos Con- no país; e o Centro Nacional de Epidemiologia - CENEPI, com o obje-
selhos, esclarecer as suas atribuições e estimular a participação da tivo de coletar e disseminar dados sobre mortalidade infantil, nasci-
população. dos vivos, notificações e agravos de doenças. O DATASUS e o CENEPI
11 - Divulgar amplamente as deliberações dos Conselhos, das fazem parte da FNS/MS, que congrega bancos de dados também
conferências, fóruns e plenárias. ligados às Divisões de Saneamento e de Planejamento desta mesma
12 - Informar a população sobre o papel do Ministério Público, entidade.
PROCON e dos órgãos e conselhos fiscalizadores das profissões. As ações de documentação foram conduzidas pelo Centro de
13 - Todas as unidades de saúde, inclusive as contratadas, de- Documentação do MS (Cf. Portaria nº 48 já citada) que incluía Bi-
vem afixar placas com o logotipo do SUS, em lugar visível e acessí- blioteca e Serviço de Intercâmbio Científico até a publicação da Por-
vel, informando sobre os serviços prestados, as normas e horários taria de nº 413 de 21 de agosto de 1987, já citada, quando, o Centro
de trabalho dos profissionais, nome do gestor responsável e formas de Documentação - CD passou a conter as Divisões de Biblioteca
de contato. - DIBIB; de Intercâmbio Científico - DINCI e de Editoração Técnica e
14 - Desenvolver estratégias de comunicação, integrando pro- Científica - DEDIC.
fissionais, serviços e usuários, visando a melhoria da qualidade e o Quanto à educação em saúde, conforme consta nos documen-
compartilhamento de informações; implementar caixas de coleta tos disponíveis no Ministério, verifica-se que suas ações eram de-
de sugestões, críticas e opiniões que devem ser analisadas e res- senvolvidas em nível nacional pela Divisão Nacional de Educação
pondidas pelo gestor e pelo conselho. em – DNES e nos estados pelas Secretarias Estaduais de Saúde Em
1989, ás Diretrizes de Ação Educativa em Saúde foram elaboradas
Informação, Educação e Comunicação em Saúde: Um Breve com o objetivo de assegurar uma concepção metodológica de ação
Histórico participativa em conformidade com os princípios do SUS.
A Informação, a Educação e a Comunicação, enquanto campos Contudo, como resultado da reforma administrativa, ocorrida
separados de ação em saúde têm, cada qual, sua história peculiar. no MS em 1990, a DNES foi extinta, o que ocasionou uma ruptura
De acordo com Ilara Hammerli, com relação aos sistemas de in- das ações empreendidas nos estados, provocando uma desestru-
formação em saúde no país, verificam-se diferentes enfoques e, por turação da área. A Coordenação de Educação em Saúde - COESA,
conseguinte, diferentes interesses, a serem instrumentalizados em vinculada à SAS, então Secretaria Nacional de Assistência à Saúde
momentos específicos. A estruturação dos sistemas traduz o modo - SNAS, passou a ser o órgão de referência para as questões de edu-
como o Estado apreende a realidade, a registra e a traduz, na busca cação em saúde no MS. Como estratégia para resgate das experi-
de respostas a determinados interesses e práticas institucionais. ências existentes e avaliação das iniciativas na área, foi realizado o
A informação no contexto da saúde tem estado associada à or- Seminário Internacional de Educação para a Saúde, em Brasília-DF,
ganização de sistemas de dados com o objetivo de apoiar a toma- que reuniu consultores do Brasil, Colômbia, Argentina, México e Es-
da de decisões, para intervenção em uma dada realidade. Assim, o tados Unidos.

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Coordenação de Educação em Saúde - COESA, na ocasião, guiram, em função dos resultados positivos. Esta decisão de realizar
elaborou um documento - Plano Estratégico de Educação para a grandes campanhas, como forma de mobilização popular, provocou
Saúde - com as diretrizes gerais de uma concepção de educação em uma reação por parte daqueles que defendiam as ações de rotina,
saúde, baseada nas práticas educativas do setor, e que apontava os cujo objetivo era fazer com que as pessoas utilizassem sistematica-
seguintes entraves: mente o serviço de saúde. Para eles, ações pontuais deseducariam
- verticalidade das ações; a população, pois representavam uma contraposição às ações de
- descontinuidade dos programas; rotina.
- predominância do enfoque biologista e mecanicista; Ao lado das atividades de assessoria de imprensa e da elabo-
- desarticulação dos saberes (técnico e popular); ração e produção (texto, imagem, vídeo e som) destas campanhas,
- redução da ação educativa à veiculação de campanhas pu- a Coordenação de Comunicação Social desenvolvia ações conjuntas
blicitárias e massificação de informações sem criar mecanismos de com setores do MS: a extinta Superintendência de Campanhas de
retorno; Saúde Pública - SUCAM, a Secretaria Nacional de Ações Básicas de
- projetos e programas de saúde organizados à margem da po- Saúde - SNABS, e a também extinta Fundação de Serviços de Saúde
pulação e sem a sua participação; Pública - FSESP.
- ausência de uma unidade conceitual, configurando “equívo- Em 1985, após a reforma administrativa feita no MS, a Coorde-
cos em torno dos conceitos de informação, promoção, comunica- nação de Comunicação Social passou a ser vinculada à Secretaria
ção, divulgação, os quais são geralmente assimilados como educa- Geral, que hoje equivale hierarquicamente à Secretaria-Executiva.
ção” Algum tempo depois, o setor passou a ser denominado Assessoria
de Comunicação Social - ASCOM, vinculada ao Gabinete do Minis-
Este diagnóstico forneceu subsídios para uma proposta peda- tro, a quem o IEC foi integrado administrativamente, a partir de ja-
gógica de Educação para Participação em Saúde, tendo como ins- neiro de 1995. Nesta mesma época, iniciou-se uma reestruturação
trumento metodológico a Didática de Apropriação do Conhecimen- da Assessoria que, ao lado dos já existentes núcleos de Jornalismo e
to10 que concebe a educação como processo, privilegia a relação Publicidade, incorporou o núcleo de Editoração como resultado de
dialógica entre os saberes popular e científico, fundamenta-se na uma reorganização dos setores gráficos do Ministério.
ação-reflexão-ação, possibilita a participação e a organização das Hoje, a ASCOM através de um processo de articulação de se-
comunidades, e oportuniza o compromisso dos indivíduos com o tores afins do MS elegeu como diretrizes o planejamento com-
desenvolvimento. partilhado, a regionalização das ações e a integração das áreas de
A operacionalização deste modelo pedagógico, iniciada pela comunicação e educação, na perspectiva de elaborar uma política
COESA nos anos de 1991 e 1992, por meio da realização de oficinas nacional. Com a criação do Conselho Editorial do MS, o setor vem
de trabalho para a formação de multiplicadores na DACO, teve o também concentrando esforços para a adoção de uma política edi-
objetivo de compor um núcleo difusor da concepção da Educação torial e a normatização de procedimentos nesta área, através da
para a Participação em Saúde. participação de técnicos dos diversos setores do Ministério, incluin-
do os da administração indireta.
Com a extinção da COESA, em 1992, verificou-se uma nova rup-
tura nas ações de educação em saúde no MS, que passou a não IEC: Uma Visão Integrada
mais dispor, na sua estrutura administrativo-organizacional, de um As ações de IEC e o conhecimento sobre elas, construído até
espaço para a continuidade deste trabalho e, sobretudo, de técni- hoje, representam muito pouco diante da demanda do SUS. Isto
cos e recursos específicos para estas atividades. As dificuldades que porque, para fazer frente às tendências conservadoras que blo-
se seguiram resultaram da ausência de um setor de referência e queiam a participação popular no SUS, é necessário ir mais além,
contra-referência técnico-científico, bem como de uma politica na- tocar nas resistências culturais e desencadear mudanças nas pró-
cional na área, que garantisse suporte às demandas do SUS. Apesar prias relações sociais. Não só nas relações hierárquicas para des-
disto, alguns setores e autarquias vinculadas ao MS continuaram centralização do poder dentro do sistema, como nas relações do
desenvolvendo ações de educação em saúde, a exemplo da Funda- SUS com a sociedade, nas relações dos usuários com o SUS, que se
ção Nacional de Saúde, que dispõe de um setor próprio, a Coorde- pautam até hoje pelo padrão tradicional da passividade paciente/
nação de Comunicação, Educação e Documentação - COMED. médico, e nas relações dos indivíduos consigo mesmos, com seu
No que se refere à comunicação, registra-se uma associação corpo e com o ambiente que os cerca.
da educação sanitária com as técnicas de propaganda, que era uti- Por esse motivo, a relação entre os níveis nacional e estaduais
lizada como instrumento de apoio às ações de combate aos vetores do IEC caracteriza-se pelo respeito às especificidades locais de cada
de endemias, na “técnica rotineira de ação, ao contrário do crité- estado e pela troca de conhecimento entre os profissionais das res-
rio puramente fiscal e policial até então utilizado”.11 Tal registro pectivas equipes. Essa postura, ao mesmo tempo que estimula os
remonta desde a época de criação do Departamento Nacional de técnicos à busca constante de aperfeiçoamento, permite que dife-
Saúde Pública, em 1920, embrião da estrutura que viria a constituir rentes iniciativas sejam apropriadas por todo o grupo e se multipli-
o Ministério da Saúde, em 1953. quem em vários pontos do Nordeste como, por exemplo, as feiras
Os documentos disponíveis sobre atividades de comunicação de saúde e o teatro popular. Uma das marcas do IEC é a procura por
social no MS referem-se ao início da década de 80. Naquela épo- uma linguagem que incorpore os símbolos e valores culturais regio-
ca, a Coordenação de Comunicação Social era uma unidade gestora nais, permitindo uma identificação que passe pelo afetivo e pelo
sem verbas próprias, ligada diretamente ao Ministro da Saúde. Face racional, resultando na participação consciente e no entendimento
aos índices alarmantes de poliomielite, o setor foi incumbido de da saúde como direito.
fazer a mobilização nacional para vacinação maciça da população,
atividade que veio a tomar-se prática comum nos anos que se se-

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em sua prática, o IEC vem articulando os conceitos de informa- b) Comunicação - o significado básico do termo comunicação
ção, educação e comunicação que, separados, já não respondem é “tornar comum, partilhar”. Além de um processo natural, comu-
à necessidade do modelo atual. A mesma mudança de paradigma nicação é também uma arte, uma tecnologia, um sistema e uma
que, no SUS, rompe com a segmentação entre as especialidades ciência social. Enquanto ciência social, que utiliza teorias e pesqui-
médicas em direção a uma concepção de integralidade, rompe, sas de outras ciências, sua evolução registrou diversas mudanças
também, com a segmentação das disciplinas e dos campos profis- de orientação em decorrência dos interesses e necessidades das
sionais, exigindo deles uma articulação profunda na busca da com- respectivas épocas históricas.
preensão global da realidade. É necessário superar os significados O papel da comunicação na transformação social começou a
ultrapassados de comunicação como mero instrumento, de educa- ser analisado a partir dos anos 70. O objetivo era associar “o estudo
ção como transferência de conhecimentos ou imposição de valores, da comunicação em seu contexto de realidade com o processo de
de informação como divulgação de dados e, até mesmo o de parti- ação comunitária para a libertação”.16
cipação, como mobilização utilitária da comunidade. Paulo Freire, ao abordar tal relação, destacou a necessidade de
Ao articular esses três conceitos na sua prática, contudo, a ati- uma pedagogia da comunicação, capaz de fomentar o diálogo, cuja
vidade IEC não pretende se apropriar dos três campos. Na verdade, mensagem seria o conteúdo programático da educação para a par-
o campo predominante de IEC é a educação, uma educação que ticipação. Para ele, “este modelo de educação pressupõe tentativa
não acontece separadamente dos processos de informação e de constante de mudança de atitude como consequência da substitui-
comunicação. Assim como a atividade de Documentação, que se ção de antigos e culturológicos hábitos de passividade, por novos
situa prioritariamente no campo da informação, não pode dispen- hábitos de participação”.17
sar os processos educativos e de comunicação para se efetivar de Desta forma, para que a participação popular seja uma reali-
acordo com as exigências do modelo atual. Assim como a atividade dade na ordem social, é necessário que suas propostas observem a
de Assessoria de Imprensa, claramente situada no campo da Comu- relação sistêmica entre informação, educação e comunicação. Ga-
nicação, para ser efetiva e coerente com os princípios do SUS, não rante-se, assim, não só a cogestão dos recursos destinados à saúde,
pode deixar de incorporar na prática o processo de informação e mas sobretudo, a percepção de cada indivíduo como sujeito, na ma-
de educação. nutenção de seu bem-estar físico, e como cidadão, na defesa de seu
O livre acesso aos serviços de saúde e à informação como direi- direito à qualidade de vida.
to de cidadania, conquistas asseguradas pela Constituição de 1988, c) Educação - na história da educação em saúde, no Brasil, sem-
por si só não são capazes de garantir a legitimação do modelo de pre houve esta preocupação com a participação popular ainda que
atenção proposto no SUS. Para que se consolide, este processo de atrelada, por vezes, às ações de mobilização comunitária. Embora
busca por um modelo de atenção à saúde para a qualidade de vida sendo uma etapa fundamental, a mobilização comunitária, nos ter-
necessita de interfaces com os diversos setores da sociedade. mos em que era praticada, constituía-se num fim em si mesmo e se
Sob a perspectiva de IEC, é essa a realidade em tomo da qual limitava a ações pontuais como sendo capazes de explicar e resolver
se articulam a informação, a educação e a comunicação , assim en- problemas, diluindo ou reduzindo as discussões sobre o contexto,
tendidos: restringindo o envolvimento da população e desconhecendo o po-
a) Informação - para falarmos sobre informação em saúde, de- tencial e seu conhecimento como fontes para se galgar níveis mais
vemos nos reportar ao conceito genérico do termo, que se refere elevados de participação popular. Assim concebida, esta prática não
ao “conteúdo de tudo aquilo que trocamos com o mundo exterior, oportunizava a compreensão da situação de saúde local e desqua-
e que faz com que nos ajustemos a ele de forma perceptível”14 , lificava a atuação de todos na resolução dos problemas e agravos
constituindo-se, pois, em um insumo ao processo da comunicação existentes.
humana. A esta noção, acrescentaram-se outras, a partir dos anos Na perspectiva desta proposta, o conceito de participação
50, em consequência do surgimento da teoria da informação e dos popular e a reflexão sobre o seu significado fazem-se necessários
interesses e objetivos inerentes ao desenvolvimento da chamada para que se possa transpor os limites do instrumental, centrado na
“sociedade da informação”. mobilização comunitária. É necessário superar esta noção simplista
Desta forma, verificou-se uma utilização ampla e imprecisa do e buscar entender a participação como parte fundamental de um
termo, gerando um esvaziamento de seu significado. Embora haja processo mais amplo, capaz de permitir a atuação do indivíduo na
um consenso acerca de sua importância, observa-se uma correla- recuperação histórica e na construção do conhecimento.
ção entre informação e dados estatísticos, que sequer permite re- Atualmente, o que se pretende é entender a participação po-
lacioná-la a tomada de decisão. Isto porque a teoria da informação, pular dentro de uma proposta pedagógica, na qual ela é “ “um pro-
da qual derivaram os diversos modelos de comunicação, está cen- cesso educativo, pois desenvolve e fortalece a consciência da cida-
trada no canal por onde a informação é transmitida e não no seu dania da população para que assuma efetivamente o seu papel de
conteúdo. sujeito da transformação da cidade.
A informação, na forma que queremos enfatizar, é parte consti- Para isso é essencial que a população, organizada ou não, com-
tuinte de todo o processo de modificação de uma situação em saú- preenda minimamente o funcionamento da administração, a elabo-
de que, segundo Mota, inclui decisão, intervenção, avaliação e difu- ração do orçamento (esse mistério insondável!) e as leis que regem
são, permitindo entender o “processo saúde-doença, interagir com a administração pública e limitam a ação transformadora”
as forças sociais participantes, possibilitar a análise dos resultados Para tanto, é necessário formar indivíduos criativos, inovado-
e tomar-se essencial ao processo de difusão desses resultados.”15 res, polivalentes, com capacidade de trabalhar em equipe, resolver
Na ótica de IEC, esta necessidade de ampliação do conceito de problemas e aprender permanentemente, a partir de alguns prin-
informação aplica-se igualmente ao de comunicação e de educa- cípios como:
ção, como veremos a seguir. • a construção e apropriação do conhecimento;

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, que parâmetros de propagação de doenças (para controle de riscos sa-
permita a compreensão e a explicação da realidade; nitários), a realização das ações referentes à educação sanitária e
• a condução a uma aprendizagem permanente, na qual se a fiscalização da produção e a distribuição de bens e serviços de
aprende a fazer, aprende-se a ser e aprende-se a aprender; interesse da saúde na concepção de redução dos riscos, conforme
• a produção de um conhecimento divergente, que possibilite a biomedicina. Além disso, o agente de saúde pública desempenha
a identificação de várias soluções para o enfrentamento de proble- atividades de planejamento normativo, que estabelecem os obje-
mas; tivos e as metas independentemente dos as demais perspectivas
• a preparação para a criatividade e a inovação; do Estado e da distribuição dos poderes sociais e da administração
• o reconhecimento do indivíduo como um talento e sujeito de sanitária.
sua própria história.
Saúde coletiva
Nesta concepção, educação em saúde é um processo trans- • Objeto de trabalho: a saúde coletiva se concentra nas neces-
formador que ocorre fundamentalmente, com a troca de saberes/ sidades de saúde, isto é, no total de premissas que visam além da
conhecimentos, com a açãoreflexão-ação, e tem como base a con- prevenção das doenças e o prolongamento da vida, estendendo-se
ceituação, pilar da DACO. para as melhorias da qualidade de vida, bem como, na permissão
do exercício da liberdade do ser humano no alcance da felicidade.
SAÚDE PÚBLICA. • Instrumentos de trabalho: os meios de trabalho da saúde co-
letiva são, basicamente, a epidemiologia social ou crítica. A partir
da associação com as ciências sociais, esse instrumento privilegia o
No âmbito político-administrativo, saúde pública pode ser defi- planejamento comunicativo e estratégico, a gestão democrática e a
nida como o grupo de ações realizadas pelo Estado para assegurar exploração da definição exata das condições sociais e das desigual-
o bem-estar da população, seja físico, social ou mental. No contex- dades em saúde. Outros desses meios consistem na contribuição
to científico, saúde pública é a especialidade aplicada à prevenção de saberes tanto populares como científicos, o que estimula a cons-
e ao tratamento de doenças por meio do estudo dos indicadores cientização sanitária e as intervenções intersetoriais sobre os fatos
de saúde e sua utilização na biologia, na epidemiologia e nas áreas que determinam as estruturas da saúde. Dessa forma, os meios que
afins. Já a saúde coletiva é uma ramificação da saúde pública, uma formam as estratégias da saúde coletiva são as políticas públicas
área interdisciplinar, que se fundamenta nas ciências sociais e na saudáveis e a promoção da saúde, cidades saudáveis, etc.
biomedicina. • Principais atividades: com função mais estratégica e abran-
gente, o agente da Saúde Coletiva é responsável pelo gerencia-
Mudanças: na saúde pública, as mudanças são localizadas e mento do processo coletivo de trabalho, seja no que se refere às
gradativas, ocorrendo de acordo com as expectativas do governo. perspectivas social e epidemiológica de apreensão e entendimento
Na saúde coletiva, as mudanças são extremas, influenciadas pelas das necessidades de saúde, seja na perspectiva administrativa e
as demandas da comunidade e decorrentes de um confronto en- organizacional de seleção e funcionamento de tecnologias para a
tre sociedade e Estado. assistências de tais necessidades. Em outras palavras, o exercício
da saúde coletiva exige do agente uma abordagem que ultrapasse
Outras diferenciações: o foco da saúde pública está no diagnós- a observação, o diagnóstico e a prescrição de tratamento ao pa-
tico e no tratamento das doenças, além da busca pela garantia de ciente (este como indivíduo singular) Para os especialistas, ouvir o
que o indivíduo usufrua, dentro das sua comunidade, de um padrão paciente é muito mais efetivo do que somente realizar a prescrição
de vida que lhe assegure a preservação de sua saúde. Quanto à saú- de tratamentos e medicações. Assim, é função do agente da saúde
de coletiva, é um conceito surgido para denominar as novas temá- coletiva examinar o processo saúde-doença de uma coletividade
ticas e projeções da disciplina resultante do movimento sanitarista específica, levando em conta toda a conjuntura social determinada
na América Latina e da reforma sanitária brasileira. pela história em que ela se instaura. Tal análise proporciona ao pro-
fissional possibilidades de intervenção na realidade, ocasionando
— Conceitos e importância de Saúde Pública e Saúde Coletiva melhorias e mudanças diversas naquela comunidade..

Saúde pública — A Saúde no contexto do desenvolvimento Econômico Social


• Objeto de trabalho: a saúde pública se dedica aos problemas A saúde é um aspecto inerente ao desenvolvimento econômico
de saúde, que são relacionados à doenças, mortes, riscos e agra- e social, consistindo, simultaneamente, um agente, um indicador
vamentos, bem como sua sucessão no âmbito coletivo. Assim, seu e um resultado do progresso. De forma geral, as políticas públicas
objetivo fundamental é a ausência de doenças. de financiamento da saúde pública e da saúde coletiva contribuem
• Instrumentos de trabalho: são meios e trabalho caracterís- para o avanço econômico e para a redução das desigualdades em
ticos da saúde pública as ações isoladas das Vigilâncias Sanitária e saúde. O maior desafio dos sistemas de saúde pública e coletiva é
Epidemiológica ou de programas como Saúde Materno-Infantil ou assegurar o provimento distributivo da assistência, e, portanto, a
Programa Nacional de Imunização. Nessas abordagens biologistas, saúde dos indivíduos. Tais situações, no entanto, não são geradas,
a Saúde Pública associa o planejamento normativo, a epidemiolo- por diversas vezes, pelos sistemas de saúde, sendo fruto de políti-
gia tradicional, além da administração baseada na teoria de Taylor cas públicas, como educação, meio ambiente, transporte, agricul-
(1856-1915). tura e demais políticas sociais e econômicas, o que significa que
• Principais atividades: é função do agente de Saúde Pública a saúde. Em outras palavras, o desenvolvimento econômico-social
as tarefas relacionadas às Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica deve levar em consideração a seguridade das necessidades sociais
(práticas tradicionais na área da saúde) fazendo sua aplicação aos

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fundamentais associada à garantia de bem-estar social, vinculando, ASIS


assim, o desenvolvimento econômico sustentável com justiça social Também existe o processo denominado Análise da Situação de
e igualdade. Saúde, um método analítico-sintético que possibilita a caracteriza-
Para os especialistas na área, a melhoria na saúde pode leva ção, a medição e a elucidação do panorama saúde-doença de uma
ao progresso na economia econômico, pois a saúde da população é população, abrangendo irregularidades ou problemas de saúde,
determinante de sua produtividade econômica. Essa relação é certi- como também os fatores que os determinam, promovendo com
ficada por meio de estudos de períodos da história econômica, que mais facilidade o reconhecimento das prioridades e demandas em
evidenciam que muitos dos booms econômicos estiveram estrita- saúde, a identificação de programas adequados, de intervenções e
mente vinculados ao controle e combate de doenças e à melhoria a avaliação de seus efeitos.
na qualidade alimentar da população. Assim sendo, as saúdes públi-
ca e coletiva constituem commodities macroeconômicas, e a base Saúde Pública X Saúde Suplementar
organizacional do sistema de saúde de países subdesenvolvidos é Nos dias atuais, saúde no Brasil é segmentada em pública e
uma condição prévia para o estimulo do desenvolvimento econômi- suplementar, estando a primeira incorporada ao Sistema Único de
co, do mesmo modo que a boa saúde populacional tem importân- Saúde (SUS), enquanto a segunda consiste na saúde privada (planos
cia essencial para a diminuição da pobreza e para o crescimento da de saúde). A maioria, cerca de 75% da população brasileira, depen-
economia de curto e longo prazos.   de de forma exclusiva da denominada saúde pública. O cidadão que
pode optar pela saúde suplementar não está impedido de acessar
Fatores que relacionam diretamente a produtividade econô- o SUS, pois este segue o princípio constitucional da universalidade,
mica à saúde da população que determina a saúde pública como direito de todos os brasileiros.
– a falta de saúde tem impactos futuros, pois doenças durante Existe uma enorme discrepância de valores investidos nessas duas
a gestação ou na primeira infância, produzem efeitos negativos nas categorias. Enquanto os investimentos totalizem em torno de 103
habilidades psicológica e cognitiva, podendo limitar a assimilação bilhões de reais ao ano, para assistir a maioria da população (75%),
da instrução. Ademais, as doenças predominantes em uma gera- a saúde suplementar investe cerca de 90,5 bilhões de reais para
ção impactam de forma direta as gerações futuras, pois é inviável assistir uma parcela bem menor de pessoas (25%). Ou seja, as des-
que pais doentes sejam capazes de proporcionar o apoio necessário pesas por paciente na saúde suplementar são, em média, três vezes
para a instrução e educação dos filhos maiores do que na saúde pública.
– doenças diminuem o bem-estar econômico das pessoas, em
função da renda familiar reduzida, das despesas com cuidados de Demografia Médica
saúde, das perdas de rendas futuras, da diminuição de expectativa De acordo com informação do Conselho Federal de Medicina,
de vida e diminuição da produtividade, em razão das condições físi- o Brasil dispõe, atualmente, de 453.726 médicos. Os principais fato-
cas e psicológicas dos indivíduos res que corroboraram com esse número são, além da ampliação de
– taxas elevadas de mortalidade infantil e de fertilidade levam escolas de medicina na década de 1970, o envelhecimento da popu-
famílias ter um número maior de filhos, como forma de compensar lação e a criação do SUS - consequência do crescimento da deman-
a alta taxa de mortalidade, o que ocasiona na renda cada vez mais da por assistência médica. Apesar disso, diversas pesquisas indicam
reduzida para ser gasta por cada filho que muitas regiões do país sofrem com a escassez ou mesmo au-
– a falta de saúde em um local determinado impacta negativa- sência total de médicos. Isso ocorre principalmente em localidades
mente a sociedade como um todo, devido à redução de atividades distantes das capitais, onde as estruturas para se atender à popula-
de turismo e de investimentos externos, afetando a força de traba- ção são, em geral, insuficientes. Em contrapartida, verifica-se uma
lho e mobilizando os escassos recursos, fazendo com que outros grande concentração de médicos nos grandes centros urbanos,
âmbitos da sociedade percam sua cobertura. locais com maiores oportunidades de trabalho e mais serviços de
saúde. De acordo com o padrão de assistência em saúde estabele-
— Análise da situação de Saúde no Brasil cido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), deve haver 1 (um)
médico para cada mil habitantes. No Brasil, essa proporção é exce-
Relatórios da Comissão Nacional de Bem-Estar Social dida, pois, para esse número de habitantes, existem 2,11 médicos.
No Brasil, a análise sobre a contribuição da saúde para o pro- No entanto, em razão da concentração, há imensa desigualdade na
gresso pode ser feita por meio dos pareceres da Comissão Nacional distribuição por todo território.
de Bem-Estar Social (1951-1954). Nos relatórios dessa comissão, a
saúde é abordada como uma variável dependente do desenvolvi- Principais problemas de saúde no Brasil
mento econômico, e há uma profunda ponderação a respeito da A diabetes e a hipertensão são, atualmente, as maiores epi-
construção de estruturas médicas em conformidade com a capa- demias entre os brasileiros, tanto que, para os portadores dessas
cidade de país. A ação das políticas públicas efetuadas pelo Minis- doenças o SUS oferece assistência especializada. A obesidade é ou-
tério da Saúde enfatiza os riscos de distribuição de recursos, ações tro problema que, cada vez mais, tem exigido atenção, em razão do
múltiplas e ausência de organização na formação de profissionais, seu crescimento entre a população. É a obesidade, aliás, a causa
corroborando com as ações de saúde como consumo. principal de várias complicações de saúde, inclusive da diabetes e
da hipertensão.
• Diabetes: essa doença crônica que incapacita o corpo de
produzir a insulina (hormônio responsável pelo controle dos níveis
de glicose presentes no sangue) — ou não conseguir empregá-la
adequadamente —, é considerada uma epidemia mundial. A ali-
mentação inadequada, o sedentarismo e a obesidade constituem

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

as causas principais da diabetes. Trata-se de uma doença de alto peso e 15% para aqueles com obesidade. Sendo a obesidade fator
risco, pois é silenciosa, o que quer dizer que, até que atinja seus de risco para diversas outras doenças, é incontestável que se trata
níveis mais elevados, a diabetes não apresenta sintomas, e, sem um problema de saúde pública, devendo, assim, ser bastante estu-
exames de rotina, o portador pode ficar sem saber de sua condição dada para que as autoridades posam formular políticas públicas.
clínica. De danos aos rins até acidente vascular e cardiovasculares, Em 2011, um estudo realizado pela Universidade de Brasília verifi-
a diabetes pode provocar sérias consequências. Com 6,9% de sua cou que as despesas para a saúde pública com doenças associadas
população adulta (em torno de 12 milhões) portadora de diabe- ao excesso de peso totalizaram R$ 488 milhões, sendo, portanto,
tes, o Brasil ocupa a 4a posição no ranking global da doença. Para maiores que os custos com tabagismo, doença evitável que mais
atender a essa grande demanda, foi criada, a Lei no1 1.347/2006, causa óbitos no mundo. Além dos tratamentos das doenças conse-
que garantiu gratuidade nos medicamentos e suprimentos funda- quentes dessa condição clínica, o SUS tem investido sua atenção na
mentais para aplicação, manutenção e monitoramento da glicemia. promoção de hábitos alimentares saudáveis e na prática de exercí-
Assim como ocorre com a hipertensão, a diabetes pode ser contro- cios físicos, seja na prevenção, seja no tratamento de pacientes com
lada mediante diagnóstico e medicação apropriados. Os preços dos sobrepeso. No Brasil, diversos municípios disponibilizam tratamen-
medicamentos para tais doenças são baixos, por estarem há muitos to com nutricionistas, profissionais de educação física e de saúde
anos no mercado, e, além do mais, o Brasil conta com grande poder mental, com a assistência da equipe de Saúde da Família.
de barganha para adquirir esses remédios por um custo ainda mais
reduzido, devido à enorme quantidade demandada. Prevenção e
tratamento reduzem os potenciais agravamentos que requerem PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS E PROMOÇÃO
internações e procedimentos mais complexos, prevenindo gastos DA SAÚDE
ainda maiores ao sistema de saúde pública do Brasil.
• Hipertensão: a popular pressão alta é uma condição crônica Promoção da saúde: conceitos e estratégias;
em que pressão sanguínea, em razão da contração dos vasos san-
guíneos, atinge ou ultrapassa 140x90 mmHg. Essa contração dificul- A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado - en-
ta a circulação do sangue, podendo entupir ou mesmo romper as frenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou médicos,
vias por onde o sangue é transportado. Essa condição pode ocorrer mensalidades altas, falta de cobertura para diversas doenças e exa-
em três órgãos do corpo: mes. Um levantamento realizado pelo UOL aponta os 10 principais
1) no coração, provocando infarto; problemas enfrentados pelo setor no país.
2) no cérebro, levando ao acidente vascular cerebral (AVC);
3) nos rins, podendo paralisar os órgãos. 1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas
do SUS, segundo destacou o presidente do TCU, ministro Raimundo
Essa doença de alto risco é muito frequente entre os brasileiros Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde),
— afeta 25% da população. A despeito dessa proporção, a maioria há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que na
dos acometidos permanece estável, além de ter havido a signifi- Europa, cuja taxa é de 33,3.
cativa minimização de 33% no número de internações provocadas
por esses casos. As ações de saúde, a distribuição de medicamentos 2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos con-
e a conscientização e as medidas, que levaram à redução do con- sultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil apresen-
sumo de sódio e ao aumento da prática de exercícios físicos entre tou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o
as pessoas contribuíram para o controle da doença. Além do que, 27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países mais
assim como ocorre com os remédios para diabetes, a medicação bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8).
para hipertensão é oferecida pelo SUS nas Farmácias Populares, de
forma gratuita. O alto consumo de sódio é a principal causa da hi- 3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de
pertensão, e o brasileiro consome uma média diária de 12g desse leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no Re-
condimento, enquanto o recomendado pela OMS é de apenas 2g, clame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados
o que equivale a 5 gramas de sal. Em 2011, foi fechado um acordo indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do
entre a Associação Brasileira das Indústrias Alimentícias e o Minis- recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI
tério da Saúde, que visou à retirada de mais de 14 mil toneladas de neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade
sódio dos alimentos. Essa meta tem previsão de ser dobrada futu- Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9
ramente. leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela
• Obesidade: essa doença que, em si, se caracteriza pelo acú- entidade. No SUS, a taxa é de 1,5.
mulo de gordura no organismo, constitui também fator de risco 4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi
para patologias como as doenças cardiovasculares, a diabetes e o o tema considerado de «pior qualidade» em uma pesquisa da CNI
câncer. Considerada pela OMS como uma pandemia, a obesidade é (Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços.
consequência do consumo de alimentos industrializados, do estres- Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema
se e do sedentarismo, hábitos de vida e alimentares que têm con- recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de saú-
tribuído para o aumento da obesidade entre a população mundial de) e 31,4% (urgência ou emergência).
— países desenvolvidos e também os subdesenvolvidos registram
grande incidência dessa doença. Em 2015, a OMS divulgou que 1,6
bilhões das pessoas em todo o planeta (20%) encontravam-se acima
do peso. Desse número, 400 milhões já eram considerados obesas.
No Brasil, esse número corresponde a 48%, para pessoas acima do

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mundial é
de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa (13,2). Na
Suíça, essa proporção é de 22%.

6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de In-
dicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase 40% dos
recém-formados não passam em seu exame.

7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das mensalidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8% das quei-
xas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência Nacional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está «mensalidades e
reajustes».

8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos planos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS, foram
15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No estudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço.

9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde, esse é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do setor
privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de reclamação no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo a instituição,
foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três meses do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações.

10) Discriminação no atendimento: 10,6% da população brasileira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas na
rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que aponta a Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%) disse ter sido mal-
tratada por “falta de dinheiro” e 52,5% em razão da “classe social”. Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito racial, 8,1% por reli-
gião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto, o percentual poderia ser maior se parte da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deixasse de buscar auxílio médico por medo de discriminação, revela uma pesquisa da UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina).

Introdução
As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que ocorreram no mundo desde o século XIX e que se intensificaram no século
passado, produziram alterações significativas para a vida em sociedade.

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez Cartas de Promoção da Saúde, os modos de viver não se referem
mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o apenas ao exercício da vontade e/ ou liberdade individual e comuni-
aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver. tária. Ao contrário, os modos como sujeitos e coletividades elegem
A saúde, sendo uma esfera da vida de homens e mulheres em determinadas opções de viver como desejáveis, organizam suas es-
toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do de- colhas e criam novas possibilidades para satisfazer suas necessida-
senrolar das mudanças da sociedade nesse período. O processo de des, desejos e interesses pertencentes à ordem coletiva, uma vez
transformação da sociedade é também o processo de trans- forma- que seu processo de construção se dá no contexto da própria vida.
ção da saúde e dos problemas sanitários. Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem seu
Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar escopo, tomando como objeto os problemas e as necessidades
da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as de saúde e seus determinantes e condicionantes, de modo que a
chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento organização da atenção e do cuidado envolva, ao mesmo tempo,
crônico e de morte prematura de indivíduos e população. as ações e os serviços que operem sobre os efeitos do adoecer e
Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento eviden- aqueles que visem ao espaço para além dos muros das unidades
ciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produ- de saúde e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de
ção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico vida e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos
e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes sujeitos e das coletividades no território onde vivem e trabalham.
nem determinantes mais amplos desse processo, operando um mo- Nesta direção, a promoção da saúde estreita sua relação com
delo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela a vigilância em saúde, numa articulação que reforça a exigência de
centralidade dos sintomas. um movimento integrador na construção de consensos e sinergias,
No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da po- e na execução das agendas governamentais a fim de que as políticas
pulação significou pensar a redemocratização do País e a constitui- públicas sejam cada vez mais favoráveis à saúde e à vida, e estimu-
ção de um sistema de saúde inclusivo. lem e fortaleçam o protagonismo dos cidadãos em sua elaboração
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como e implementação, ratificando os preceitos constitucionais de parti-
tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela cipação social.
descentralização do sistema de saúde e pela implantação de po- O exercício da cidadania, assim, vai além dos modos institucio-
líticas sociais que defendessem e cuidassem da vida (Conferência nalizados de controle social, implicando, por meio da criatividade
Nacional de Saúde, 1986). Era um momento chave do movimento e do espírito inovador, a criação de mecanismos de mobilização e
da Reforma Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade participação como os vários movimentos e grupos sociais, organi-
entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a garan- zando-se em rede.
tia dos demais direitos humanos e de ci dadania. O relatório final da O trabalho em rede, com a sociedade civil organizada,exige que
8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990a). o planejamento das ações em saúde esteja mais vinculado às ne-
Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o con- cessidades percebidas e vivenciadas pela população nos diferentes
ceito ampliado de saúde, a necessidade de criar políticas públicas territórios e, concomitantemente, garante a sustentabilidade dos
para promovê-la, o imperativo da participação social na construção processos de intervenção nos determinantes e condicionantes de
do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor saúde.
sanitário responder sozinho à transformação dos determinantes e A saúde, como produção social de determinação múltipla e
condicionantes para garantir opções saudáveis para a população. complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos
Nesse sentido, o SUS, como política do estado brasileiro pela me- em sua produção – usuários, movimentos sociais, trabalhadores da
lhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à Saúde, gestores do setor sanitário e de ou- tros setores –, na análise
saúde, dialoga com as reflexões e os movimentos no âmbito da pro- e na formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de
moção da saúde. vida. O paradigma promocional vem colocar a necessidade de que
A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção o processo de produção do conhecimento e das práticas no campo
de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articula- da Saúde e, mais ainda, no campo das políticas públicas faça-se por
do às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de meio da construção e da gestão compartilhadas.
saúde brasileiro, contribui na construção de ações que possibilitam Desta forma, o agir sanitário envolve fundamentalmente o es-
responder às necessidades sociais em saúde. tabelecimento de uma rede de compromissos e corresponsabilida-
No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como des em favor da vida e da criação das estratégias necessárias para
uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o pro- que ela exista. A um só tempo, comprometer-se e corresponsabili-
cesso saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo: zar- se pelo viver e por suas condições são marcas e ações próprias
violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico, da clínica, da saúde coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se
habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à edu- a indissociabilidade entre esses planos de atuação.
cação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estra-
ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de tégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos
intervir em saúde. fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças
Tradicionalmente, os modos de viver têm sido abordados numa entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País,
perspectiva individualizante e fragmentária, e colocam os sujei- tos visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vul-
e as comunidades como os responsáveis únicos pelas várias mudan- nerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a
ças/arranjos ocorridos no processo saúde-adoecimento ao longo da participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas.
vida. Contudo, na perspectiva ampliada de saúde, como definida no
âmbito do movimento da Reforma Sanitária brasileira, do SUS e das

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na Constituição Federal de 1988, o estado brasileiro assume aconteceu, em grande parte, vinculado às iniciativas ligadas ao
como seus objetivos precípuos a redução das desigualdades sociais comportamento e aos hábitos dos sujeitos. Nesta linha de interven-
e regionais, a promoção do bem de todos e a construção de uma ção já é possível encontrar um acúmulo de evidências convincentes,
sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação. Tais que são aquelas baseadas em estudos epidemiológicos demonstra-
objetivos marcam o modo de conceber os direitos de cidadania e tivos de associações convincentes entre exposição e doença a par-
os deveres do estado no País, entre os quais a saúde (BRASIL, 1988). tir de pesquisas observacionais prospectivas e, quando necessário,
Neste contexto, a garantia da saúde implica assegurar o aces- ensaios clínicos randomizados com tamanho, duração e qualidade
so universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde, como suficientes (BRASIL, 2004a).
também à formulação de políticas sociais e econômicas que ope- Entretanto, persiste o desafio de organizar estudos e pesqui-
rem na redução dos riscos de adoecer. sas para identificação, análise e avaliação de ações de promoção da
No texto constitucional tem-se ainda que o sistema sanitário saúde que operem nas estratégias mais amplas que foram definidas
brasileiro encontra-se comprometido com a integralidade da aten- em Ottawa (BRASIL, 1996) e que estejam mais associa- das às dire-
ção à saúde, quando suas ações e serviços são instados a trabalhar trizes propostas pelo Ministério da Saúde na Política Nacional de
pela promoção, proteção e recuperação da saúde, com a descentra- Promoção da Saúde, a saber: integralidade, equidade, responsabili-
lização e com a participação social. dade sanitária, mobilização e participação social, intersetorialidade,
No entanto, ao longo dos anos, o entendimento da integrali- informação, educação e comunicação, e sustentabilidade.
dade passou a abranger outras dimensões, aumentando a respon- A partir das definições constitucionais, da legislação que re-
sabilidade do sistema de saúde com a qualidade da atenção e do gulamenta o SUS, das deliberações das conferências nacionais de
cuidado. A integralidade implica, além da articulação e sintonia en- saúde e do Plano Nacional de Saúde (2004-2007) (BRASIL, 2004b),
tre as estratégias de produção da saúde, na ampliação da escuta o Ministério da Saúde propõe a Política Nacional de Promoção da
dos trabalhadores e serviços de saúde na relação com os usuários, Saúde num esforço para o enfrentamento dos desafios de produção
quer individual e/ou coletivamente, de modo a deslocar a atenção da saúde num cenário sócio-histórico cada vez mais complexo e que
da perspectiva estrita do seu adoecimento e dos seus sintomas para exige a reflexão e qualificação contínua das práticas sanitárias e do
o acolhimento de sua história, de suas condições de vida e de suas sistema de saúde.
necessidades em saúde, respeitando e considerando suas especi- Entende-se que a promoção da saúde apresenta-se como um
ficidades e suas potencialidades na construção dos projetos e da mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política trans-
organização do trabalho sanitário. versal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas
A ampliação do comprometimento e da corresponsabilidade do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e
entre trabalhadores da Saúde, usuários e território em que se lo- não- governamental, e a sociedade, compondo redes de compro-
calizam altera os modos de atenção e de gestão dos serviços de misso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da popu-
saúde, uma vez que a produção de saúde torna-se indissociável da lação em que todos sejam partícipes na proteção e no cuidado com
produção de subjetividades mais ativas, críticas, envolvidas e solidá- a vida.
rias e, simultaneamente, exige a mobilização de recursos políticos, Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na arti-
humanos e financeiros que extrapolam o âmbito da saúde. Assim, culação sujeito/coletivo, público/privado, estado/sociedade, clíni-
coloca-se ao setor Saúde o desafio de construir a intersetorialidade. ca/ política, setor sanitário/outros setores, visando romper com a
Compreende-se a intersetorialidade como uma articulação das excessiva fragmentação na abordagem do processo saúde- adoeci-
possibilidades dos distintos setores de pensar a questão complexa mento e reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se
da saúde, de corresponsabilizar-se pela garantia da saúde como di- produzem.
reito humano e de cidadania, e de mobilizar-se na formulação de No esforço por garantir os princípios do SUS e a constante me-
intervenções que a propiciem. lhoria dos serviços por ele prestados, e por melhorar a qualidade de
O processo de construção de ações intersetoriais implica na vida de sujeitos e coletividades, entende-se que é urgente superar
troca e na construção coletiva de saberes, linguagens e práticas en- a cultura administrativa fragmentada e desfocada dos interesses e
tre os diversos setores envolvidos na tentativa de equacionar deter- das necessidades da sociedade, evitando o desperdício de recursos
minada questão sanitária, de modo que nele torna-se possível pro- públicos, reduzindo a superposição de ações e, consequentemen-
duzir soluções inovadoras quanto à melhoria da qualidade de vida. te, aumentando a eficiência e a efetividade das políticas públicas
Tal processo propicia a cada setor a ampliação de sua capacidade de existentes.
analisar e de transformar seu modo de operar a partir do convívio Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção
com a perspectiva dos outros setores, abrindo caminho para que os da Saúde é oportuna, posto que seu processo de construção e de
esforços de todos sejam mais efetivos e eficazes. implantação/implementação – nas várias esferas de gestão do SUS
O compromisso do setor Saúde na articulação intersetorial é e na interação entre o setor sanitário e os demais setores das po-
tornar cada vez mais visível que o processo saúde-adoecimento é líticas públicas e da sociedade – provoca a mudança no modo de
efeito de múltiplos aspectos, sendo pertinente a todos os setores organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o trabalho em saúde.
da sociedade e devendo compor suas agendas.
Dessa maneira, é tarefa do setor Saúde nas várias esferas de Objetivo geral
decisão convocar os outros setores a considerar a avaliação e os Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos
parâmetros sanitários quanto à melhoria da qualidade de vida da à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes
população quando forem construir suas políticas específicas. I – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambien-
Ao se retomar as estratégias de ação propostas pela Carta de te, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais.
Ottawa (BRASIL, 1996) e analisar a literatura na área, observa-se
que, até o momento, o desenvolvimento de estudos e evidências

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Objetivos específicos I – Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da


I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saú-
com ênfase na atenção básica; de sensíveis à realidade do Brasil;
II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e II – Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em
coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas
e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer or- às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e
dem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção prevenção, e controle ao tabagismo;
sexual, entre outras); III – Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações
III – Promover o entendimento da concepção ampliada de saú- de promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no Sis-
de, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio, tema Único de Saúde;
como os da atividades-fim; IV – Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação
IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, de profissionais para atuação na área de informação, comunicação
garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na
promoção da saúde; Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários
V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ de Saúde:
contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; A) estímulo à inclusão nas capacitações do SUS de temas liga-
VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convi- dos à promoção da saúde; e
vência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações B) apoio técnico a estados e municípios para inclusão nas capa-
de promoção da saúde; citações do Sistema Único de Saúde de temas ligados à promoção
VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção da saúde.
de ambientes mais seguros e saudáveis; I – Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações volta-
VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas das para a implementação da Estratégia Global, vigilância e preven-
públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no ção de doenças e agravos não transmissíveis;
planejamento de espaços urbanos e rurais; II – Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais re-
IX – Ampliar os processos de integração baseados na coopera- ferentes à Promoção da Saúde;
ção, solidariedade e gestão democrática; III – Estímulo à criação de Rede Nacional de Experiências Exi-
X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de do- tosas na adesão e no desenvolvimento da estratégia de municípios
enças e agravos à saúde; saudáveis:
XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o a) identificação e apoio a iniciativas referentes às Escolas Pro-
desenvolvimento de uma cultura de paz no País; e motoras da Saúde com foco em ações de alimentação saudável;
XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com ou- práticas corporais/atividades físicas e ambiente livre de tabaco;
tras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de b) identificação e desenvolvimento de parceria com estados e
políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de inicia- tivas municípios para a divulgação das experiências exitosas relativas a
que signifiquem redução das situações de desigualdade. instituições saudáveis e ambientes saudáveis;
c) favorecimento da articulação entre os setores da saúde,
Diretrizes meio ambiente, saneamento e planejamento urbano a fim de pre-
I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental venir e/ou reduzir os danos provocados à saúde e ao meio ambien-
da busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde; te, por meio do manejo adequado de mananciais hídricos e resídu-
II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que os sólidos, uso racional das fontes de energia, produção de fontes
propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da de energia alternativas e menos poluentes;
saúde; d) desenvolvimento de iniciativas de modificação arqui- tetôni-
III – Fortalecer a participação social como fundamental na con- cas e no mobiliário urbano que objetivem a garantia de acesso às
secução de resultados de promoção da saúde, em especial a equi- pessoas portadoras de deficiência e idosas; e
dade e o empoderamento individual e comunitário; e) divulgação de informações e definição de mecanismos de in-
IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas centivo para a promoção de ambientes de trabalho saudáveis com
à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de ênfase na redução dos riscos de acidentes de trabalho.
redes de cooperação intersetoriais; I – Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para
V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando Promoção da Saúde;
eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas; e II – Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda de
VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promo- atividades da comunicação social do SUS:
ção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do a) apoio e fortalecimento de ações de promoção da saúde ino-
SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular vadoras utilizando diferentes linguagens culturais, tais como jogral,
e tradicional. hip hop, teatro, canções, literatura de cordel e outras formas de
manifestação;
Estratégias de implementação I – Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e
De acordo com as responsabilidades de cada esfera de gestão condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do
do SUS – Ministério da Saúde, estados e municípios, destacamos as planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21
estratégias preconizadas para implementação da Política Nacional locais, entre outros);
de Promoção da Saúde.

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – Estímulo à articulação entre municípios, estados e Governo Gestor estadual


Federal valorizando e potencializando o saber e as práticas existen- I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde;
tes no âmbito da promoção da saúde: II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde
a) apoio às iniciativas das secretarias estaduais e municipais no em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as
sentido da construção de parcerias que estimulem e viabilizem po- realidades loco-regionais;
líticas públicas saudáveis; III –Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para
I – Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impac- a implementação da Política, considerando a composição bipartite;
to na situação de saúde considerando ações de promoção da saúde: IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis
a) apoio à construção de indicadores relativos as ações priori- pelo planejamento, articulação e monitoramento e avaliação das
zadas para a Escola Promotora de Saúde: ali- mentação saudável; ações de promoção da saúde nas secretarias estaduais de saúde;
práticas corporais/atividade física e ambiente livre de tabaco; e V – Manter articulação com municípios para apoio à implanta-
I – Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando ção e supervisão das ações de promoção da saúde;
ao conhecimento e à troca de informações decorrentes das experi- VI – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avalia-
ências no campo da atenção à saúde, formação, educa- ção perma- ção das ações de promoção da saúde para instrumentalização de
nente e pesquisa com unidades federativas e países onde as ações processos de gestão;
de promoção da saúde estejam integradas ao serviço público de VII – Adotar o processo de avaliação como parte do planeja-
saúde: mento e implementação das iniciativas de promoção da saúde, ga-
a) criação da Rede Virtual de Promoção da Saúde. rantindo tecnologias adequadas;
Responsabilidades das esferas de gestão VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompa-
nha- mento e a avaliação do impacto da implantação/implementa-
Gestor federal ção desta Política;
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação per-
II – Promover a articulação com os estados para apoio à im- ma- nente em consonância com as realidades loco-regionais;
plantação e supervisão das ações referentes às ações de promoção X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde
da saúde; dentro da política de educação permanente, bem como propor ins-
III –Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para trumento de avaliação de desempenho, no âmbito estadual;
a implementação desta Política, considerando a composição tripar- XI – Promover articulação intersetorial para a efetivação da Po-
tite; lítica de Promoção da Saúde;
IV – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avalia- XII – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais
ção das ações de promoção da saúde para instrumentalização de para potencializar a implementação das ações de promoção da saú-
processos de gestão; de no âmbito do SUS;
V – Definir e apoiar as diretrizes capacitação e educação per- XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu-
ma- nente em consonância com as realidades locorregionais; cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de
VI – Viabilizar linhas de financiamento para a promoção da saú- promoção da saúde;
de dentro da política de educação permanente, bem como propor XIV – Elaboração de materiais de divulgação visando à socializa-
instrumentos de avaliação de desempenho; ção da informação e à divulgação das ações de promoção da saúde;
VII – Adotar o processo de avaliação como parte do planeja- XV – Promoção de cooperação referente às experiências de
mento e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, promoção da saúde nos campos da atenção, da educação perma-
garantindo tecnologias adequadas; nente e da pesquisa em saúde; e
VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompa- XVI – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia-
nha- mento e avaliação do impacto da implantação/implementação tivo das ações de promoção da saúde.
da Política de Promoção da Saúde;
IX – Articular com os sistemas de informação existentes a in- Gestor municipal
serção de ações voltadas a promoção da saúde no âmbito do SUS; I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde;
X – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde
para potencializar a implementação das ações de promoção da saú- em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as
de no âmbito do SUS; realidades locais;
XI – Definir ações de promoção da saúde intersetoriais e pluri- III–Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a
-institucionais de abrangência nacional que possam impactar posi- implementação da Política de Promoção da Saúde;
tivamente nos indicadores de saúde da população; IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis
XII – Elaboração de materiais de divulgação visando à socializa- pelo planejamento, implementação, articulação e monitoramento,
ção da informação e à divulgação das ações de promoção da saúde; e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias de mu-
XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu- nicipais de saúde;
cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de V –Adotar o processo de avaliação como parte do planejamen-
promoção da saúde; to e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, ga-
XIV – Promoção de cooperação nacional e internacional refe- rantindo tecnologias adequadas;
rentes às experiências de promoção da saúde nos campos da aten- VI – Participação efetiva nas iniciativas dos gestores federal e
ção, da educação permanente e da pesquisa em saúde; e estadual no que diz respeito à execução das ações locais de promo-
XV – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia- ção da saúde e à produção de dados e informações fidedignas que
tivo das ações de promoção da saúde. qualifiquem a pesquisas nessa área;

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII – Estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o II – Promover articulação intra e intersetorial visando à imple-
acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/ imple- mentação da Política Nacional de Promoção da Saúde por meio do
mentação da Política; reforço à implementação das diretrizes da Política Nacional de Ali-
VIII – Implantar estruturas adequadas para monitoramento e mentação e Nutrição e da Estratégia Global:
ava- liação das iniciativas de promoção da saúde; a) com a formulação, implementação e avaliação de políticas
IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação per- públicas que garantam o acesso à alimentação saudável, conside-
ma- nente em consonância com as realidades locais; rando as especificidades culturais, regionais e locais;
X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde b) mobilização de instituições públicas, privadas e de setores
dentro da política de educação permanente, bem como propor ins- da sociedade civil organizada visando ratificar a implementação de
trumento de avaliação de desempenho, no âmbito municipal; ações de combate à fome e de aumento do acesso ao alimento sau-
XI – Estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissio- dável pelas comunidades e pelos grupos populacionais mais pobres;
nais do sistema local de saúde para desenvolver as ações de promo- c) articulação intersetorial no âmbito dos conselhos de segu-
ção da saúde; rança alimentar, para que o crédito e o financiamento da agricultura
XII – Realização de oficinas de capacitação, envolvendo equi- familiar incorpore ações de fomento à produção de frutas, legumes
pes multiprofissionais, prioritariamente as que atuam na atenção e verduras visando ao aumento da oferta e ao conseqüente aumen-
básica; to do consumo destes alimentos no país, de forma segura e susten-
XIII– Promover articulação intersetorial para a efetivação da tável, associado às ações de geração de renda;
Política de Promoção da Saúde; d) firmar agenda/pacto/compromisso social com diferentes se-
XIV – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais tores (Poder Legislativo, setor produtivo, órgãos governamentais e
para potencializar a implementação das ações de promoção da saú- não-governamentais, organismos internacionais, setor de comuni-
de no âmbito do SUS; cação e outros), definindo os compromissos e as responsabilidades
XV – Ênfase ao planejamento participativo envolvendo todos os sociais de cada setor, com o objetivo de favorecer/garantir hábitos
setores do governo municipal e representantes da sociedade civil, alimentares mais saudáveis na população, possibilitando a redução
no qual os determinantes e condicionantes da saúde sejam instru- e o controle das taxas das DCNT no Brasil;
mentos para formulação das ações de intervenção; e) articulação e mobilização dos setores público e privado para
XVI – Reforço da ação comunitária, por meio do respeito às di- a adoção de ambientes que favoreçam a alimentação saudável, o
versas identidades culturais nos canais efetivos de participação no que inclui: espaços propícios à amamentação pelas nutrizes traba-
processo decisório; lhadoras, oferta de refeições saudáveis nos locais de trabalho, nas
XVII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu- escolas e para as populações institucionalizadas; e
cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de f) articulação e mobilização intersetorial para a proposição e
promoção da saúde; elaboração de medidas regulatórias que visem promover a alimen-
XVIII – Elaboração de materiais de divulgação visando à socia- tação saudável e reduzir o risco do DCNT, com especial ênfase para
lização da informação e à divulgação das ações de promoção da a regulamentação da propaganda e publicidade de alimentos.
saúde; e I – Disseminar a cultura da alimentação saudável em consonân-
XIX – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia- cia com os atributos e princípios do Guia Alimentar da População
tivo das ações de promoção da saúde. Brasileira:
a) divulgação ampla do Guia Alimentar da População Brasileira
Ações específicas para todos os setores da sociedade;
Para o biênio 2006-2007, foram priorizadas as ações voltadas a: b) produção e distribuição de material educativo (Guia Alimen-
tar da População Brasileira, 10 Passos para uma Alimentação Sau-
Divulgação e implementação da Política Nacional de Promo- dável para Diabéticos e Hiper- tensos, Cadernos de Atenção Básica
ção da Saúde sobre Prevenção e Tratamento da Obesidade e Orientações para a
I – Promover seminários internos no Ministério da Saúde desti- Alimentação Saudável dos Idosos);
nados à divulgação da PNPS, com adoção de seu caráter transversal; c) desenvolvimento de campanhas na grande mídia para orien-
II – Convocar uma mobilização nacional de sensibilização para tar e sensibilizar a população sobre os benefícios de uma alimenta-
o desenvolvimento das ações de promoção da saúde, com estímulo ção saudável;
à adesão de estados e municípios; d) estimular ações que promovam escolhas alimentares sau-
III –Discutir nos espaços de formação e educação permanente dáveis por parte dos beneficiários dos programas de transferência
de profissionais de saúde a proposta da PNPS e estimular a inclusão de renda;
do tema nas grades curriculares; e e) estimular ações de empoderamento do consumidor para o
IV– Avaliar o processo de implantação da PNPS em fóruns de entendimento e uso prático da rotulagem geral e nutricional dos
composição tripartite. alimentos;
f) produção e distribuição de material educativo e desenvolvi-
Alimentação saudável mento de campanhas na grande mídia para orientar e sensibilizar a
I – Promover ações relativas à alimentação saudável visando à população sobre os benefícios da amamentação;
promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional, contri- g) sensibilização dos trabalhadores em saúde quanto à impor-
buindo com as ações e metas de redução da pobreza, a inclusão so- tância e aos benefícios da amamentação;
cial e o cumprimento do direito humano à alimentação adequada; h) incentivo para a implantação de bancos de leite hu- mano
nos serviços de saúde; e

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

i) sensibilização e educação permanente dos trabalha- dores c) reforço da implantação do Sisvan como instrumento de ava-
de saúde no sentido de orientar as gestantes HIV positivo quanto às liação e de subsídio para o planejamento de ações que promovam a
especificidades da amamentação (utilização de banco de leite hu- segurança alimentar e nutricional em nível local.
mano e de fórmula infantil).
I – Desenvolver ações para a promoção da alimentação saudá- Prática corporal/atividade física
vel no ambiente escolar: I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade:
a) fortalecimento das parcerias com a SGTES, Anvisa/MS, Mi- a) mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade fí-
nistério da Educação e FNDE/MEC para promover a alimentação sica existentes nos serviços de atenção básica e na Estratégia de
saudável nas escolas; Saúde da Família, e inserir naqueles em que não há ações;
b) divulgação de iniciativas que favoreçam o acesso à alimenta- b) ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas,
ção saudável nas escolas públicas e privadas; prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na
c) implementação de ações de promoção da alimentação sau- rede básica de saúde, volta- das tanto para a comunidade como um
dável no ambiente escolar; todo quanto para grupos vulneráveis;
d) produção e distribuição do material sobre alimentação sau- c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdos de pro-
dável para inserção de forma transversal no con- teúdo programá- moção à saúde e práticas corporais/atividade física na lógica da
tico das escolas em parceria com as secretarias estaduais e munici- educação permanente, incluindo a avaliação como parte do pro-
pais de saúde e educação; cesso;
e) lançamento do guia “10 Passos da Alimentação Saudável na d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em proje-
Escola”; tos de práticas corporais atividades físicas;
f) sensibilização e mobilização dos gestores estaduais e munici- e) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
pais de saúde e de educação, e as respectivas instâncias de controle níveis de gestão a importância de ações voltadas para melhorias
social para a implementação das ações de promoção da alimenta- ambientais com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de
ção saudável no ambiente escolar, com a adoção dos dez passos; e atividade física;
g) produção e distribuição de vídeos e materiais instrucionais f) constituir mecanismos de sustentabilidade e continuidade
sobre a promoção da alimentação saudável nas escolas. das ações do “Pratique Saúde no SUS” (área física adequada e equi-
I – Implementar as ações de vigilância alimentar e nutricional pamentos, equipe capacitada, articulação com a rede de atenção);
para a prevenção e controle dos agravos e doenças decorrentes da e
má alimentação: g) incentivar articulações intersetoriais para a melhoria das
a)implementação do Sisvan como sistema nacional obrigatório condições dos espaços públicos para a realização de práticas corpo-
vinculado às transferências de recursos do PAB; rais/atividades físicas (urbanização dos espaços públicos; criação de
b) envio de informações referentes ao Sisvan para o Relatório ciclovias e pistas de caminhadas; segurança, outros).
de Análise de Doenças Não Transmissíveis e Violências; I – Ações de aconselhamento/divulgação:
c) realização de inquéritos populacionais para o monitoramen- a) organizar os serviços de saúde de forma a desenvolver ações
to do consumo alimentar e do estado nutricional da população de aconselhamento junto à população, sobre os benefícios de esti-
brasileira, a cada cinco anos, de acordo com a Política Nacional de los de vida saudáveis; e
Alimentação e Nutrição; b) desenvolver campanhas de divulgação, estimulando modos
d) prevenção das carências nutricionais por deficiência de mi- de viver saudáveis e objetivando reduzir fato- res de risco para do-
cronutrientes (suplementação universal de ferro medicamentoso enças não transmissíveis.
para gestantes e crianças e administração de megadoses de vitami- I – Ações de intersetorialidade e mobilização de parceiros:
na A para puerperais e crianças em áreas endêmicas); a) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
e) realização de inquéritos de fatores de risco para as DCNT da níveis de gestão a importância de desenvolver ações voltadas para
população em geral a cada cinco anos e para escolares a cada dois estilos de vida saudáveis, mobilizando recursos existentes;
anos, conforme previsto na Agenda Nacional de Vigilância de Doen- b) estimular a formação de redes horizontais de troca de expe-
ças e Agravos Não Transmissíveis, do Ministério da Saúde; riências entre municípios;
f) monitoramento do teor de sódio dos produtos pro- cessados, c) estimular a inserção e o fortalecimento de ações já existen-
em parceria com a Anvisa e os órgãos da vigilância sanitária em es- tes no campo das práticas corporais em saúde na comunidade;
tados e municípios; e d) resgatar as práticas corporais/atividades físicas de forma re-
g) fortalecimento dos mecanismos de regulamentação, contro- gular nas escolas, universidades e demais espaços públicos; e
le e redução do uso de substâncias agrotóxicas e de outros modos e) articular parcerias estimulando práticas corporais/ atividade
de contaminação dos alimentos. física no ambiente de trabalho.
I – Reorientação dos serviços de saúde com ênfase na atenção I – Ações de monitoramento e avaliação:
básica: a) desenvolver estudos e formular metodologias capazes de
a) mobilização e capacitação dos profissionais de saúde da produzir evidências e comprovar a efetividade de estratégias de
atenção básica para a promoção da alimentação saudável nas vi- práticas corporais/atividades físicas no controle e na prevenção das
sitas domiciliares, atividades de grupo e nos atendimentos indivi- doenças crônicas não transmissíveis;
duais; b) estimular a articulação com instituições de ensino e pesquisa
b) incorporação do componente alimentar no Sistema de Vigi- para monitoramento e avaliação das ações no campo das práticas
lância Alimentar e Nutricional de forma a permitir o diagnóstico e corporais/atividade física; e
o desenvolvimento de ações para a promoção da alimentação sau-
dável; e

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) consolidar a Pesquisa de Saúde dos Escolares (SVS/MS) como III – Promover campanhas municipais em interação com as
forma de monitoramento de práticas corporais/ atividade física de agências de trânsito no alerta quanto às consequências da “direção
adolescentes. alcoolizada”;
IV – Desenvolvimento de iniciativas de redução de danos pelo
Prevenção e controle do tabagismo consumo de álcool e outras drogas que envolvam a co- responsabi-
I – Sistematizar ações educativas e mobilizar ações legislativa se lização e autonomia da população;
econômicas, de forma a criar um contexto que: V – Investimento no aumento de informações veiculadas pela
a) reduza a aceitação social do tabagismo; mídia quanto aos riscos e danos envolvidos na associação entre o
b) reduza os estímulos para que os jovens comecem afumar e uso abusivo de álcool e outras drogas e acidentes/violências; e
os que dificultam os fumantes a deixarem de fumar; VI – Apoio à restrição de acesso a bebidas alcoólicas de acordo
c) proteja a população dos riscos da exposição à poluição taba- com o perfil epidemiológico de dado território, protegendo seg-
gística ambiental; mentos vulneráveis e priorizando situações de violência e danos
d) reduza o acesso aos derivados do tabaco; sociais.
e) aumente o acesso dos fumantes ao apoio para cessação de
fumar; Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito
f) controle e monitore todos os aspectos relacionados aos pro- I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem
dutos de tabaco comercializados, desde seus conteúdos e emissões ações educativas à grade curricular de todos os níveis de formação;
até as estratégias de comercialização e de divulgação de suas carac- II – Articulação de agendas e instrumentos de planejamento,
terísticas para o consumidor. programação e avaliação, dos setores diretamente relacionados ao
I - Realizar ações educativas de sensibilização da população problema; e
para a promoção de “comunidades livres de tabaco”, divulgando III – Apoio às campanhas de divulgação em massados dados re-
ações relacionadas ao tabagismo e seus diferentes aspectos: ferentes às mortes e sequelas provocadas por acidentes de trânsito.
a) Dia a Mundial sem Tabaco (31 de maio); e
b) Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto); Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz
I – Fazer articulações com a mídia para divulgação de ações ede I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de Prevenção
fatos que contribuam para o controle do tabagismo em todo o ter- da Violência e Promoção da Saúde;
ritório nacional; II – Investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e
II – Mobilizar e incentivar as ações contínuas por meio de ca- profissionais de saúde na identificação e encaminhamento adequa-
nais comunitários (unidades de saúde, escolas e ambientes de tra- do de situações de violência intrafamiliar e sexual;
balho) capazes de manter um fluxo contínuo de informações sobre III – Estímulo à articulação intersetorial que envolva a redução
o tabagismo, seus riscos para quem fuma e os riscos da poluição e o controle de situações de abuso, exploração e turismo sexual;
tabagística ambiental para todos que convivem com ela; IV – Implementação da ficha de notificação de violência inter-
I – Investir na promoção de ambientes de trabalho livres de pessoal;
tabaco: V – Incentivo ao desenvolvimento de Planos Estaduais e Muni-
a) realizando ações educativas, normativas e organizacionais cipais de Prevenção da Violência;
que visem estimular mudanças na cultura organizacional que levem VI – Monitoramento e avaliação do desenvolvimento dos Pla-
à redução do tabagismo entre trabalhadores; e nos Estaduais e Municipais de Prevenção da Violência mediante a
b) atuando junto a profissionais da área de saúde ocupacional realização de coleta, sistematização, análise e disseminação de in-
e outros atores-chave das organizações/instituições para a dissemi- formações; e
nação contínua de informações sobre os riscos do tabagismo e do VII – Implantação de Serviços Sentinela, que serão responsá-
tabagismo passivo, a implementação de normas para restringir o veis pela notificação dos casos de violências.
fumo nas dependências dos ambientes de trabalho, a sinalização
relativa às restrições ao consumo nas mesmas e a capacitação de Promoção do desenvolvimento sustentável
profissionais de saúde ocupacional para apoiar a cessação de fumar I – Apoio aos diversos centros colaboradores existentes no País
de funcionários. que desenvolvem iniciativas promotoras do desenvolvimento sus-
I – Articular com o MEC/secretarias estaduais e municipais de tentável
educação o estímulo à iniciativa de promoção da saúde no ambien- II – Apoio à elaboração de planos de ação estaduais e locais,
te escolar; e incorporados aos Planos Diretores das Cidades;
II – Aumentar o acesso do fumante aos métodos eficazes para III – Fortalecimento de instâncias decisórias intersetoriais com
cessação de fumar, e assim atender a uma crescente demanda de o objetivo de formular políticas públicas integradas voltadas ao de-
fumantes que buscam algum tipo de apoio para esse fim. senvolvimento sustentável;
IV – Apoio ao envolvimento da esfera não-governamental (em-
Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusi- presas, escolas, igrejas e associações várias) no desenvolvimento
vo de álcool e outras drogas de políticas públicas de promoção da saúde, em especial no que se
I – Investimento em ações educativas e sensibilizadoras para refere ao movimento por ambientes saudáveis;
crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas con- V – Reorientação das práticas de saúde de modo a permitir a
sequências; interação saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável;
II – Produzir e distribuir material educativo para orientar e sen- VI – Estímulo à produção de conhecimento e desenvolvimento
sibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo do álcool. de capacidades em desenvolvimento sustentável; e

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII – Promoção do uso de metodologias de reconhecimento do V –um representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e In-
território, em todas as suas dimensões – demográfica, epidemio- sumos Estratégicos – SCTIE;
lógica, administrativa, política, tecnológica, social e cultural, como VI – um representante da Secretária-Executiva – SE;
instrumento de organização dos serviços de saúde. VII – um representante da Fundação Nacional de Saúde – FU-
NASA;
ANEXO A VIII – um representante da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ;
IX – um representante da Agência Nacional de Vigilância Sani-
Portaria nº 1.409, de 13 de junho de 2007 tária – ANVISA;
X – um representante da Agência Nacional de Saúde Suplemen-
Institui Comitê Gestor da Política Nacional de Promoção da tar – ANS;
Saúde. XI – um representante do Instituto Nacional de Câncer INCA;
XII –um representante do Conselho Nacional de Secretários de
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribui- Saúde – CONASS; e
ções, e XIII – um representante do Conselho Nacional de Secretários
Considerando a necessidade de desenvolver, fortalecer e im- Municipais de Saúde - CONASEMS.
plementar políticas e planos de ação em âmbito nacional, estadual § 1º Para cada membro titular do Comitê Gestor da Política
e municipal que consolidem o componente da promoção da saúde Nacional de Promoção da Saúde será indicado um represen- tante
no SUS; suplente.
Considerando a promoção da saúde como uma estratégia de § 2º Os membros titular e suplente do CGPNPS serão nomea-
articulação transversal capaz de criar mecanismos que reduzam as dos por portaria do Secretário de Vigilância em Saúde.
situ- ações de vulnerabilidade e os riscos à saúde da população, de- § 3º Os membros deverão declarar a inexistência de conflito de
fendam a equidade e incorporem a participação e o controle social interesses com suas atividades no debate dos temas perti- nentes
na gestão das políticas públicas; ao Comitê, sendo que, na eventualidade de existência de conflito
Considerando o objetivo específico da Política Nacional de Pro- de interesses, os membros deverão abster-se de participar da dis-
moção da Saúde quanto à incorporação e implementação de ações cussão e deliberação sobre o tema.
de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; e Art. 3ºO CGPNPS contará com uma Secretaria-Executiva, vincu-
Considerando as diretrizes da Política Nacional de Promoção lada à Secretaria de Vigilância em Saúde, que o coordenará. Art.4º
da Saúde, embasadas na integralidade, equidade, responsabilida- Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde a adoção das medidas
de sanitária, mobilização e participação social, intersetorialidade, e procedimentos necessários para o pleno funciona- mento e efeti-
informação, educação e comunicação e sustentabilidade, resolve: vidade do disposto nesta Portaria.
Art. 1º Instituir Comitê Gestor da Política Nacional de Promo- Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
ção da Saúde - CGPNPS tem as seguintes atribuições: Art. 6º Fica revogada a Portaria nº 1.190/GM, de 14 de julho de
I – consolidar a implementação da Política Nacional de Promo- 2005, publicada no Diário Oficial da União nº 135, de 15 de julho de
ção da Saúde; 2005, seção 1, página 108.
II – consolidar a Agenda Nacional de Promoção da Saúde em
consonância com as políticas, as prioridades e os recursos de cada JOSÉ GOMES TEMPORÃO
uma das secretarias do Ministério da Saúde e com o Plano Nacional
de Saúde; ANEXO B
III –articular e integrar as ações de promoção da saúde no âm-
bito do SUS, no contexto do Pacto pela Saúde; Portaria Interministerial n° 1.010, de 8 de maio de 2006 / Ga-
IV –coordenar a implantação da Política Nacional de Pro- mo- binete do Ministro
ção da Saúde no SUS e em sua articulação com os demais setores
governamentais e não-governamentais; Institui as diretrizes para a promoção da ali- mentação saudá-
V – incentivar a inclusão da Promoção da Saúde e a elabora- vel nas escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das
ção, por parte dos Estados do Distrito Federal dos Municípios, de redes públicas e privadas, em âmbito nacional.
Planos Municipais, Estaduais e termos de compromisso do Pacto
de Gestão; e O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, E O MINISTRO
VI – monitorar e avaliar as estratégias de implantação/ imple- DE ESTADO DA EDUCAÇãO, no uso de suas atribuições, e
mentação da Política Nacional de Promoção da Saúde e seu impac- Considerando a dupla carga de doenças a que estão submeti-
to na melhoria da qualidade de vida de sujeitos e coletividades. dos os países onde a desigualdade social continua a gerar desnutri-
ção entre crianças e adultos, agravando assim o quadro de preva-
Art. 2º O CGPNPS terá a seguinte composição: lência de doenças infecciosas;
I – três representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde/ Considerando a mudança no perfil epidemiológico da popula-
SVS; ção brasileira com o aumento das doenças crônicas não transmissí-
II – três representantes da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS; veis, com ênfase no excesso de peso e obesidade, assumindo pro-
III –um representante da Secretaria de Gestão Estratégica e porções alarmantes, especialmente entre crianças e adolescentes;
Participativa – SGEP; Considerando que as doenças crônicas não transmissíveis são
IV –um representante da Secretaria de Gestão do Trabalho e da passíveis de serem prevenidas, a partir de mudanças nos padrões
Educação na Saúde – SGTES; de alimentação, tabagismo e atividade física;

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Considerando que no padrão alimentar do brasileiro encontra- víduos, de acordo com as fases do curso da vida e com base em
-se a predominância de uma alimentação densamente calórica, rica práticas alimentares que assumam os significados sócio-culturais
em açúcar e gordura animal e reduzida em carboidratos complexos dos alimentos.
e fibras; Art. 3º Definir a promoção da alimentação saudável nas escolas
Considerando as recomendações da Estratégia Global para Ali- com base nos seguintes eixos prioritários:
mentação Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mun- I – ações de educação alimentar e nutricional, considerando os
dial da Saúde (OMS) quanto à necessidade de fomentar mudanças hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais re-
sócio-ambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas sau- gionais e nacionais;
dáveis no nível individual; II – estímulo à produção de hortas escolares para a realização
Considerando que as ações de Promoção da Saúde estrutura- de atividades com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos
das no âmbito do Ministério da Saúde ratificam o compromisso bra- na alimentação ofertada na escola;
sileiro com as diretrizes da Estratégia Global; III – estímulo à implantação de boas práticas de manipulação
Considerando que a Política Nacional de Alimentação e Nutri- de alimentos nos locais de produção e fornecimento de serviços de
ção (PNAN) insere-se na perspectiva do Direito Humano à Alimenta- alimentação do ambiente escolar;
ção adequada e que entre suas diretrizes destacam-se a promoção IV – restrição ao comércio e à promoção comercial no ambien-
da ali- mentação saudável, no contexto de modos de vida saudáveis te escolar de alimentos e preparações com altos teores de gordura
e o monitoramento da situação alimentar e nutricional da popula- saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e incentivo ao consumo
ção brasileira; de frutas, legumes e verduras; e
Considerando a recomendação da Estratégia Global para a Se- V – monitoramento da situação nutricional dos escolares. Art.
gurança dos Alimentos da OMS, para que a inocuidade de alimen- 4º Definir que os locais de produção e fornecimento de alimentos,
tos seja inserida como uma prioridade na agenda da saúde pública, de que trata esta Portaria, incluam refeitórios, restaurantes, can-
destacando as crianças e jovens como os grupos de maior risco; tinas e lanchonetes que devem estar adequados às boas práticas
Considerando os objetivos e dimensões do Programa Nacional para os serviços de alimentação, conforme definido nos regula-
de Alimentação Escolar ao priorizar o respeito aos hábitos alimenta- mentos vigentes sobre boas práticas para serviços de alimentação,
res regionais e à vocação agrícola do município, por meio do fomen- como forma de garantir a segurança sanitária dos alimentos e das
to ao desenvolvimento da economia local; refeições.
Considerando que os Parâmetros Curriculares Nacionais orien- Parágrafo único. Esses locais devem redimensionar as ações
tam sobre a necessidade de que as concepções sobre saúde ou so- desenvolvidas no cotidiano escolar, valorizando a alimentação
bre o que é saudável, valorização de hábitos e estilos de vida, ati- como estratégia de promoção da saúde.
tudes perante as diferentes questões relativas à saúde perpassem Art. 5º Para alcançar uma alimentação saudável no ambiente
todas as áreas de estudo, possam processar-se regularmente e de escolar, devem-se implementar as seguintes ações:
modo contextualizado no cotidiano da experiência escolar; I – definir estratégias, em conjunto com a comunidade escolar,
Considerando o grande desafio de incorporar o tema da ali- para favorecer escolhas saudáveis;
mentação e nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimen- II – sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com ali-
tação saudável e na promoção da saúde, reconhecendo a escola mentação na escola para produzir e oferecer alimentos mais sau-
como um espaço propício à formação de hábitos saudáveis e à dáveis;
construção da cidadania; III – desenvolver estratégias de informação às famílias, enfati-
Considerando o caráter intersetorial da promoção da saúde e zando sua corresponsabilidade e a importância de sua participação
a importância assumida pelo setor Educação com os esforços de neste processo;
mudanças das condições educacionais e sociais que podem afetar o IV – conhecer, fomentar e criar condições para a adequação
risco à saúde de crianças e jovens; dos locais de produção e fornecimento de refeições às boas práticas
Considerando, ainda, que a responsabilidade compartilhada para serviços de alimentação, considerando a importância do uso
entre sociedade, setor produtivo e setor público é o caminho para a da água potável para consumo;
construção de modos de vida que tenham como objetivo central a V – restringir a oferta e a venda de alimentos com alto teor de
promoção da saúde e a prevenção das doenças; gordura, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e desen-
Considerando que a alimentação não se reduz à questão pura- volver opções de alimentos e refeições saudáveis na escola;
mente nutricional, mas é um ato social, inserido em um contexto VI – aumentar a oferta e promover o consumo de frutas, legu-
cultural; e mes e verduras;
Considerando que a alimentação no ambiente escolar pode e VII– estimular e auxiliar os serviços de alimentação da escola
deve ter função pedagógica, devendo estar inserida no contexto na divulgação de opções saudáveis e no desenvolvi- mento de es-
curricular, resolvem: tratégias que possibilitem essas escolhas;
Art. 1º Instituir as diretrizes para a Promoção da Alimentação VIII – divulgar a experiência da alimentação saudável para ou-
Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível mé- tras escolas, trocando informações e vivências;
dio das redes pública e privada, em âmbito nacional, favorecendo o IX – desenvolver um programa contínuo de promoção de hábi-
desenvolvimento de ações que promovam e garantam a adoção de tos alimentares saudáveis, considerando o monitoramento do es-
práticas alimentares mais saudáveis no ambiente escolar. tado nutricional das crianças, com ênfase no desenvolvimento de
Art. 2º Reconhecer que a alimentação saudável deve ser enten- ações de prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e educa-
dida como direito humano, compreendendo um padrão alimentar ção nutricional; e
adequado às necessidades biológicas, sociais e culturais dos indi-

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

X – incorporar o tema alimentação saudável no projeto político V – Maria Cristina Boaretto – Dape/SAS/MS
pedagógico da escola, perpassando todas as áreas de estudo e pro- Suplente: José Luis Telles – Dape/SAS/MS
piciando experiências no cotidiano das atividades escolares. VI – Ana Cecília Silveira Lins Sucupira – Dape/SAS/MS
Art. 6º Determinar que as responsabilidades inerentes ao pro- Suplente: Sueza Abadia de Souza – Dape/SVS/MS
cesso de implementação de alimentação saudável nas escolas se- VII – Ena Araújo Galvão – SGTES/MS
jam com- partilhadas entre o Ministério da Saúde/Agência Nacional Suplente: Cláudia Maria da Silva Marques – SGTES/MS
de Vigilância Sanitária e o Ministério da Educação/Fundo Nacional VIII – José Luiz Riani Costa – SGP/MS
de Desenvolvimento da Educação. Suplente: Mª Natividade Gomes da Silva Teixeira Santana –
Art. 7º Estabelecer que as competências das Secretarias Esta- SGP/MS
duais e Municipais de Saúde e de Educação, dos Conselhos Muni- IX – Pubenza Castellanos – SCTIE/MS
cipais e Estaduais de Saúde, Educação e Alimentação Escolar sejam Suplente: Antonia Ângulo Tuesta – SCTIE/MS
pactuadas em fóruns locais de acordo com as especificidades iden- X – Roberta Soares Nascimento – Funasa/MS
tificadas. Suplente: Irânia Maria da Silva Ferreira Marques – Funasa/MS
Art. 8º Definir que os Centros Colaboradores em Alimentação XI – Antonio Ivo de Carvalho – Fiocruz/MS
e Nutrição, Instituições e Entidades de Ensino e Pesquisa possam Suplente: Lenira Fracasso Zancan–Fiocruz/MS
prestar apoio técnico e operacional aos estados e municípios na XII – Gulnar Azevedo e Silva Mendonça – Inca/MS
implementação da alimentação saudável nas escolas, incluindo a Suplente: Cláudio Pompeiano Noronha – Inca/MS
capacitação de profissionais de saúde e de educação, merendeiras, XIII – Afonso Teixeira dos Reis – ANS/MS
cantineiros, conselheiros de alimentação escolar e outros profissio- Suplente: Martha Regina de Oliveira – ANS/MS
nais interessados. Parágrafo único. Os membros do CGPNPS terão com mandato
Parágrafo único. Para fins deste artigo, os órgãos envolvidos de dois anos, podendo ser reconduzidos por determinação do Se-
poderão celebrar convênio com as referidas instituições de ensino cretário de Vigilância em Saúde.
e pesquisa. Art. 3º O CGPNPS será coordenado pelo Diretor do Departa-
Art. 9º Definir que a avaliação de impacto da alimentação sau- mento de Análise de Situação de Saúde – Dasis/SVS/MS e/ou seu
dável no ambiente escolar deva contemplar a análise de seus efei- suplente, que terá as seguintes competências:
tos a curto, médio e longo prazos e deverá observar os indicadores I – Convocar e coordenar as reuniões do comitê assessor; II –
pactuados no pacto de gestão da saúde. Indicar um técnico do Dasis/SVS/MS para desenvolver atividades
Art. 10º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. necessárias ao funcionamento do comitê; e
III – Encaminhar atas, relatórios e recomendações para aprecia-
JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA ção e aprovação do Secretário de Vigilância em Saúde.
Ministro de Estado da Saúde Interino Art. 4° Os membros do CGPNPS terão as seguintes competên-
FERNANDO HADDAD cias:
Ministro Estado da Educação I –Participar das reuniões ordinárias e extraordináriasdo
CGPNPS;
ANEXO C II – Apresentar temas, bem como discutir e deliberar as maté-
rias submetidas a CGPNPS; e
Portaria nº 23, de 18 de maio de 2006 III – Compor grupos técnicos para analisar temas especí- ficos
no âmbito da Política Nacional de Promoção da Saúde, quando indi-
O SECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, no uso das atribui- cados pela plenária ou quando solicitado pelo coordenador.
ções que lhe confere o Art. 37, do Decreto nº 5.678, de 18 de janei- Art. 5° A CGPNPS reunir-se-á ordinariamente ou extraordina-
ro de 2006 e considerando, riamente quando convocado pelo seu Coordenador, sendo que as
O disposto no § 2º, Art. 2º da Portaria/GM nº 1.190, de 14 de mesmas serão realizadas somente com a presença de, no mínimo,
julho de 2005, que institui o Comitê Gestor da Política Nacional de cinquenta por cento mais um dos seus membros.
Promoção da Saúde; Art. 6º As reuniões ordinárias e extraordinárias serão realizadas
A Portaria/GM nº 687, de 30 de março de 2006, que institui a em Brasília ou em local a ser de.nido por decisão do Secretário de
Política Nacional de Promoção da Saúde, resolve: Vigilância em Saúde.
Art. 1ºConstituir o Comitê Gestor da Política Nacional de Pro- Art. 7º A participação no CGPNPS será considerada serviço pú-
moção da Saúde – CGPNPS, de que trata a Portaria/GM nº 1.190, de blico relevante, não ensejando qualquer remuneração.
14 de julho de 2005. Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 2º Estabelecer que o Comitê Gestor da Política Nacional de JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR Anexo D
Promoção da Saúde será composto pelos seguintes membros titu-
lares e suplentes: Portaria Interministerial Nº 675, de 4 de Junho de 2008 (*) /
I – Otaliba Libânio Morais – Dasis/SVS/MS Gabinete do Ministro
Suplente: Deborah CarvalhoMalta–CGDANT/Dasis/SVS/MS
II – Adriana Miranda de Castro – CGDANT/Dasis/SVS/MS Institui a Comissão Intersetorial de Educação e Saúde na Es-
Suplente: Cristiane Scollari Gosch – CGDANT/Dasis/SVS/MS cola.
III –AnamariaTestaTambellini–CGVAM/SVS/MS OS MINISTROS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE, no uso
Suplente:MartaHelenaPaivaDantas–CGVAM/SVS/MS de suas atribuições que lhe confere os incisos I e II do parágrafo
IV – Carmen de Simoni – DAB/SAS/MS único do art. 87, da Constituição, e considerando a necessidade de
Suplente: Antonio Dercy Silveira Filho – DAB/SAS/MS promover a articulação institucional entre o Ministério da Educa-

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção e o Ministério da Saúde para a execução de ações de atenção, Art. 7º Ficam revogadas as Portarias Interministeriais Nº 1.820,
prevenção e promoção à saúde nas es- colas, bem como o caráter de 1º de agosto de 2006, e Nº 16, de 24 de abril de 2007.
transversal da atenção à saúde e a necessidade de envolver a comu- Art. 8º Esta Portaria Interministerial entra em vigor na data de
nidade nas estratégias de educação para a saúde na rede pública de sua publicação.
educação básica, resolvem:
Art. 1º Instituir a Comissão Intersetorial de Educação e Saúde FERNANDO HADDAD
na Escola – CIESE, com a finalidade de estabelecer diretrizes da polí- Ministro de Estado da Educação
tica de educação e saúde na escola, em conformidade com as políti- JOSÉ GOMES TEMPORÃO
cas nacionais de educação e com os objetivos, princípios e diretrizes Ministro de Estado da Saúde
do Sistema Único de Saúde – SUS. (*) Republicada no DOU Nº 165, de 27-08-2008, seção1, pág.
Art. 2º Compete à Comissão: 14 por ter saído no DOU Nº 106, de 5-7-2008, seção1, págs. 19 e 20,
I – propor diretrizes para a política nacional de saúde na escola; com incorreção do original.
II – apresentar referenciais conceituais de saúde necessários
para a formação inicial e continuada dos profissionais de educação ANEXO E
na esfera da educação básica;
III – apresentar referenciais conceituais de educação necessá- Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007
rios para a formação inicial e continuada dos profissionais da saúde;
IV – propor estratégias de integração e articulação entre as áre- Institui o Programa Saúde na Escola – PSE, e dá outras provi-
as de saúde e de educação nas três esferas do governo; e dências.
V – acompanhar a execução do Programa Saúde na Escola –
PSE, especialmente na apreciação do material pedagógico elabora- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
do no âmbito do Programa. confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, DECRETA:
Art. 3º A Comissão compõe-se de um representante de cada Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos Ministérios da Educação
uma das seguintes unidades de órgãos públicos e de entidades vin- e da Saúde, o Programa Saúde na Escola – PSE, com finalidade de
cu- ladas e do setor privado: contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública
I – Ministério da Educação: de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e
a) Secretaria-Executiva – SE; atenção à saúde.
b) Secretaria de Educação Básica – SEB; Art. 2º São objetivos do PSE:
c) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi- I – promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a preven-
dade - SECAD; ção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as
d) Secretaria de Educação Especial – SEESP; redes públicas de saúde e de educação;
e) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE; II – articular as ações do Sistema Único de Saúde – SUS às ações
II – Ministério da Saúde: das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance
a) Secretaria-Executiva – SE; e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias,
b) Secretaria de Atenção à Saúde – SAS; otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos dis-
c) Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS poníveis;
d) Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde III – contribuir para a constituição de condições para a forma-
– SGTES; ção integral de educandos;
e) Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP; IV – contribuir para a construção de sistema de atenção social,
III – Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS; com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos;
IV – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde – V – fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no cam-
CONASEMS; po da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento
V – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação – escolar;
CONSED; e VI – promover a comunicação entre escolas e unidades de saú-
VI – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa- ção – de, assegurando a troca de informações sobre as condições de saú-
UNDIME. de dos estudantes; e
§ 1º Os membros e respectivos suplentes, indicados pelas ins- VII – fortalecer a participação comunitária nas políticas de edu-
tituições identificadas neste artigo, e o coordenador da comissão cação básica e saúde, nos três níveis de governo.
serão designados em ato conjunto dos Ministros da Educação e da Art. 3º O PSE constitui estratégia para a integração e a articula-
Saúde. ção permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde,
§ 2º A Comissão poderá convidar representantes de órgãos, en- com a participação da comunidade escolar, envolvendo as equipes
tidades ou pessoas do setor público e privado para exame de assun- de saúde da família e da educação básica.
tos específicos, sempre que entenda necessária a sua colaboração § 1º São diretrizes para a implementação do PSE:
para o pleno alcance dos seus objetivos. I – descentralização e respeito à autonomia federativa;
Art. 4º A Comissão será coordenada pelo Ministério da Saúde. II – integração e articulação das redes públicas de ensino e de
Art. 5º O apoio administrativo e os meios necessários à execu- saúde;
ção dos trabalhos da Comissão serão providos pelos Ministérios da III – territorialidade;
Educação e da Saúde. IV –interdisciplinaridade e intersetorialidade;
Art. 6º A participação na Comissão é de relevante interesse pú- V – integralidade;
blico e não será remunerada. VI – cuidado ao longo do tempo;

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII – controle social; e § 2º Os Secretários Estaduais e Municipais de Educação e de


VIII – monitoramento e avaliação permanentes. Saúde definirão conjuntamente as escolas a serem atendidas no
§ 2º O PSE será implementado mediante adesão dos Estados, âmbito do PSE, observadas as prioridades e metas de atendimento
do Distrito Federal e dos Municípios aos objetivos e diretrizes do do Programa.
programa, formalizada por meio de termo de compromisso. Art. 6º O monitoramento e avaliação do PSE serão realizados
§ 3º O planejamento das ações do PSE deverá considerar: por comissão interministerial constituída em ato conjunto dos Mi-
I – o contexto escolar e social; nistros de Estado da Saúde e da Educação.
II – o diagnóstico local em saúde do escolar; e Art. 7º Correrão à conta das dotações orçamentárias destina-
III – a capacidade operativa em saúde do escolar. das à sua cobertura, consignadas distintamente aos Ministérios da
Art. 4ºAs ações em saúde previstas no âmbito do PSE conside- Saúde e da Educação, as despesas de cada qual para a execução dos
rarão a atenção, promoção, prevenção e assistência, e serão desen- respectivos encargos no PSE.
volvidas articuladamente com a rede de educação pública básica e Art. 8º Os Ministérios da Saúde e da Educação coordenarão a
em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS, podendo pactuação com Estados, Distrito Federal e Municípios das ações a
compreender as seguintes ações, entre outras: que se refere o art. 4º, que deverá ocorrer no prazo de até noventa
I – avaliação clínica; dias.
II – avaliação nutricional; Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
III – promoção da alimentação saudável;
IV – avaliação oftalmológica;
V – avaliação da saúde e higiene bucal; ENDEMIA, EPIDEMIA, PANDEMIA.
VI – avaliação auditiva;
VII– avaliação psicossocial; Endemia
VIII – atualização e controle do calendário vacinal; Endemia é o nome dado a um fator que interfere negativa-
IX – redução da morbimortalidade por acidentes e violências; mente na saúde de uma população, como uma doença que pode
X – prevenção e redução do consumo do álcool; ser ou não contagiosa ou até mesmo violências que já se torna-
XI – prevenção do uso de drogas; ram comuns em determinadas regiões. Dentro da área da saúde,
XII – promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva; esse termo não leva em consideração a quantidade de pessoas que
XIII – controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer; possuem certa doença, mas sim a frequência com que ela ocorre
XIV –educação permanente em saúde; naquele local específico. A doença não precisa estar presente ao
XV– atividade física e saúde; longo de todo o ano, podendo aparecer de tempos em tempos em
XVI –promoção da cultura da prevenção no âmbito escolar; e determinada região, sendo considerada sazonal. A dengue também
XVII–inclusão das temáticas de educação em saúde no projeto é considerada endêmica no Brasil.
político pedagógico das escolas.
Parágrafo único. As equipes de saúde da família realizarão visi- Epidemia
tas periódicas e permanentes às escolas participantes do PSE para Quando uma doença atinge uma grande área geográfica, a clas-
avaliar as condições de saúde dos educandos, bem como para pro- sificação passa a ser epidemia. O mesmo termo é utilizado quando
porcionar o atendimento à saúde ao longo do ano letivo, de acordo há contaminação em pontos geográficos diferentes, mas que se en-
com as necessidades locais de saúde identificadas. contram dentro de um mesmo território. Como exemplo, podemos
Art. 5º Para a execução do PSE, compete aos Ministérios da citar determinada doença presente em uma cidade, acometendo
Saúde e Educação, em conjunto: diversos bairros que não são vizinhos uns dos outros, caracterizan-
I – promover, respeitadas as competências próprias de cada do, assim, uma epidemia municipal. Esse mesmo conceito também
Ministério, a articulação entre as Secretarias Estaduais e Municipais se estende às esferas estadual e federal. Outras doenças de saúde
de Educação e o SUS; não infectantes, como os transtornos mentais ou a violência urba-
II – subsidiar o planejamento integrado das ações do PSE nos na, também podem tomar características de uma epidemia.
Municípios entre o SUS e o sistema de ensino público, no nível da
educação básica; Pandemia
III – subsidiar a formulação das propostas deformação dos pro- Já uma pandemia é decretada quando o surto ou a epidemia
fissionais de saúde e da educação básica para implementação das passa a ser encontrado em mais de um continente e com trans-
ações do PSE; missão comunitária, não sendo mais possível o rastreamento das
IV – apoiar os gestores estaduais e municipais na articulação, pessoas infectadas. O mundo já registrou várias pandemias:
planejamento e implementação das ações do PSE; Peste do Egito ou Peste de Atenas (430 a.C.): causada por uma
V – estabelecer, em parceria com as entidades e associações intensa epidemia de febre tifoide, infectou as famosas tropas ate-
representativas dos Secretários Estaduais e nienses.
Municipais de Saúde e de Educação os indicadores de avaliação Peste Antonina (165 – 180): provavelmente causada pela varí-
do PSE; e ola, matou cerca de cinco milhões de pessoas, principalmente na
I – definir as prioridades e metas de atendimento do PSE. região leste do império romano, com taxa de mortalidade de um
§ 1º Caberá ao Ministério da Educação fornecer material para quarto dos enfermos.
implementação das ações do PSE, em quantidade previamente fi- Peste de Cipriano (250 – 271): tendo como causa provável a
xada com o Ministério da Saúde, observadas as disponibilidades varíola ou o sarampo, matou cerca de cinco mil pessoas por dia em
orçamentárias. Roma durante sua fase mais crítica.

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Peste de Justiniano (541 – desconhecido): causada pela bacté- O ciclo de vida dos vetores, assim como dos reservatórios e
ria Yersinia pestis, a peste chegou a matar cerca de dez mil pessoas hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de doenças,
por dia no Egito e em Constantinopla. está fortemente relacionado à dinâmica ambiental dos ecossiste-
Peste Negra ou Peste Bubônica (1300): teve início na Ásia e se mas onde vivem, sendo limitado por variáveis ambientais como
alastrou pela Europa, matando em torno de um quarto da popula- temperatura, precipitação, umidade, padrões de uso e cobertura
ção mundial total da época, com cerca de vinte milhões de óbitos do solo. As evidências sugerem que a variabilidade climática tem
em seis anos. apresentado influência direta sobre a biologia e a ecologia de veto-
AIDS (1981 - presente): doença transmitida principalmente res e, consequentemente, sobre o risco de transmissão das doenças
pelas relações sexuais sem proteção, afeta o sistema imunológico, veiculadas por eles.
deixando o corpo suscetível à infecção por outras doenças. Causa
a morte de cerca de 1 milhão de pessoas no mundo anualmente.
Gripe Espanhola (1918 – 1920): o vírus influenza que a causou ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
infectou um quarto da população mundial e causou entre dezessete
e cem milhões de óbitos. A epidemiologia é uma ciência que estuda a distribuição e os determi-
Gripe Suína (2009 – 2010): teve início no México, chegando a nantes de doenças em populações humanas. Essa área de conhecimento
187 países e resultando em cerca de trezentos mil óbitos. é fundamental para entender as causas das doenças e para desenvolver
Covid-19 (2019 – presente): teve início na China, se alastrou estratégias efetivas de prevenção e controle de epidemias.
para Europa, chegando posteriormente a todos os continentes. Um dos aspectos mais importantes da epidemiologia é a análi-
se da distribuição das doenças em diferentes grupos populacionais,
Hospedeiro e Reservatórios levando em consideração fatores como idade, sexo, raça e classe
Chama-se hospedeiro primário aquele onde se desenvolve a social. A partir dessa análise, é possível identificar diferenças na in-
maior parte da sua existência e, sobretudo, o seu crescimento. Por cidência de doenças entre os grupos e traçar estratégias específicas
outro lado, é chamado de hospedeiro secundário ao que abriga o para cada um deles.
parasita apenas numa fase inicial do seu crescimento. Outro aspecto importante da epidemiologia é a investigação
dos determinantes das doenças, que incluem fatores genéticos,
Existem quatro tipos de hospedeiros: ambientais, comportamentais e sociais. A partir da identificação
O definitivo, um ser vivo que é imprescindível para o parasita já desses determinantes, é possível desenvolver ações preventivas e
que aí desenvolverá, principalmente, sua fase adulta. intervenções que visem reduzir a incidência de doenças.
O hospedeiro intermediário, igualmente imprescindível no ci- A epidemiologia também é essencial para a identificação de
clo vital do parasita, onde este desenvolve alguma ou todas as fases epidemias e surtos de doenças. A partir da análise dos dados de
larvais ou juvenis. notificação e investigação de casos, é possível identificar padrões
O hospedeiro paraténico (ou de transporte), é o ser vivo que de ocorrência de doenças e desenvolver medidas de controle para
serve de refúgio temporário e de veículo para aceder ao hospedeiro evitar sua disseminação.
definitivo. O parasita não evolui neste hospedeiro, e portanto, não é Além disso, a epidemiologia é fundamental para o monitora-
imprescindível para completar o ciclo vital mento de doenças transmissíveis, como a COVID-19, por exemplo.
O hospedeiro reservatório é o que abriga, tanto quanto o hos- A partir da análise da evolução dos casos, é possível identificar
pedeiro primário, a um agente infeccioso ou parasita que pode in- tendências e desenvolver estratégias de prevenção e controle da
vadir ocasionalmente também o organismo humano doença.
Outro aspecto importante da epidemiologia é a avaliação dos
Vetor de Doença impactos das intervenções e políticas públicas de saúde. A partir da
Quando falamos que uma doença é transmitida por um vetor, análise dos dados epidemiológicos, é possível avaliar a efetividade
estamos dizendo que, para que a patologia seja passada de um ser de ações preventivas e terapêuticas, bem como as políticas de saú-
para outro, é necessário um veículo de transmissão. Os mosquitos de pública adotadas.
são importantes vetores, como é o caso do Aedes aegypti, que leva Os agentes etiológicos, por sua vez, são micro-organismos res-
o vírus causador da dengue, Zika, febre amarela e chikungunya. ponsáveis pela causa de doenças infecciosas em humanos e ani-
De acordo com a Sociedade Brasileira de Parasitologia, existem mais. Eles podem ser classificados em diferentes grupos de acordo
dois tipos de vetores: com suas características e propriedades. Abaixo, discutiremos bre-
- Vetor biológico: é aquele em que o agente etiológico multi- vemente cada um desses grupos:
plica-se. – Bactérias: as bactérias são organismos unicelulares que po-
- Vetor mecânico: é aquele que funciona apenas como trans- dem causar diversas doenças, como pneumonia, meningite, infec-
porte, não havendo multiplicação do agente etiológico. ções urinárias, entre outras. Algumas bactérias são inofensivas e
até mesmo benéficas, como as que vivem em nosso trato intestinal
e ajudam na digestão.
– Vírus: os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou
seja, eles precisam invadir uma célula hospedeira para se reproduzi-
rem. Eles são responsáveis por doenças como gripe, AIDS, hepatite,
herpes, entre outras.
– Fungos: os fungos são organismos que podem causar infec-
ções fúngicas, como a candidíase, micose, entre outras. Eles podem
afetar a pele, unhas, cabelos, mucosas, entre outros.

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– Protozoários: os protozoários são organismos unicelulares – Transmissão por via fecal-oral: ocorre quando há ingestão de
que podem causar doenças como malária, doença de Chagas, ame- alimentos ou água contaminados por fezes de pessoas infectadas,
bíase, entre outras. Eles podem ser transmitidos por meio de pica- como no caso da hepatite A e da cólera;
das de insetos, contato com água contaminada ou alimentos mal – Transmissão por vetores: ocorre quando vetores, como mos-
lavados. quitos e carrapatos, transmitem o agente infeccioso de um hospe-
– Helmintos: os helmintos são vermes parasitas que podem deiro para outro, como no caso da malária e da febre amarela.
causar doenças como esquistossomose, ancilostomose, teníase,
entre outras. Eles podem ser transmitidos por meio do contato com Já o período de transmissão se refere ao tempo em que a pes-
água ou solo contaminado. soa infectada é capaz de transmitir o agente infeccioso para outras
– Príons: os príons são proteínas anormais que podem causar pessoas. Esse período varia de acordo com a doença e pode ocorrer
doenças cerebrais degenerativas, como a doença de Creutzfeldt- antes mesmo dos sintomas se manifestarem. Por exemplo, no caso
-Jakob. da gripe, a transmissão pode ocorrer cerca de um dia antes dos sin-
tomas surgirem e até uma semana após o início dos sintomas.
O estudo dos agentes etiológicos é fundamental para o desen- Por fim, o período de incubação é o tempo que leva para que
volvimento de tratamentos específicos e estratégias de prevenção e os sintomas da doença se manifestem após a pessoa ter sido infec-
controle de doenças infecciosas. Com o conhecimento dos diferen- tada. Esse período também varia de acordo com a doença e pode
tes tipos de agentes etiológicos, é possível desenvolver abordagens ser influenciado por diversos fatores, como idade, imunidade da
mais eficazes para o tratamento e prevenção de doenças, promo- pessoa infectada, entre outros. Por exemplo, o período de incuba-
vendo a saúde e o bem-estar da população. ção da dengue pode variar de 3 a 14 dias, enquanto o período de
Os vetores e reservatórios são importantes na transmissão de incubação da hepatite C pode variar de 2 a 26 semanas.
doenças infecciosas e, por isso, é fundamental compreender seu Ao conhecermos os modos de transmissão, período de trans-
papel na epidemiologia dessas doenças. missão e de incubação das doenças infecciosas, podemos identi-
O vetor é um organismo que transmite a doença de um hospe- ficar e implementar medidas preventivas eficazes, como a adoção
deiro infectado para um hospedeiro saudável. Isso pode ocorrer por de medidas de higiene pessoal e coletiva, uso de equipamentos de
meio de picadas de insetos, como mosquitos, carrapatos, pulgas, proteção individual, isolamento de pessoas infectadas, entre ou-
entre outros. O vetor pode ser infectado pelo agente etiológico du- tras. Além disso, a identificação dos vetores e reservatórios das do-
rante a alimentação em um hospedeiro infectado e, posteriormen- enças é fundamental para a implementação de medidas de controle
te, transmitir a doença a outros hospedeiros. Exemplos de doenças e prevenção, como o controle de vetores por meio de inseticidas e
transmitidas por vetores incluem a malária, a dengue, a febre ama- o saneamento básico.
rela, entre outras. Vale ressaltar que muitas doenças infecciosas podem ser pre-
Já o reservatório é um organismo que abriga o agente etioló- venidas por meio de vacinação, que é uma medida altamente eficaz
gico de uma doença e pode transmiti-lo a outros hospedeiros, sem para proteger a população contra doenças como sarampo, rubéola,
necessariamente manifestar a doença. O reservatório pode ser um poliomielite, entre outras. Além disso, é importante destacar a im-
animal, um inseto, ou mesmo um ser humano. Em algumas doen- portância da notificação de casos suspeitos e confirmados de doen-
ças, o reservatório é o próprio hospedeiro humano infectado, como ças infecciosas aos órgãos de saúde, para que sejam tomadas me-
na hepatite B e C, por exemplo. Em outras doenças, como a leptos- didas de prevenção e controle e se evite a disseminação da doença.
pirose, o reservatório pode ser animais como ratos e cães. Os modos de transmissão, período de transmissão e de incuba-
A compreensão dos vetores e reservatórios é fundamental ção são importantes aspectos a serem considerados na prevenção
para o controle e prevenção de doenças infecciosas. É necessário e controle das doenças infecciosas. É fundamental adotar medidas
identificar quais são os vetores e reservatórios envolvidos na trans- preventivas, como a higiene pessoal, vacinação e controle de ve-
missão de cada doença, para que se possa desenvolver medidas de tores, para reduzir o risco de transmissão de doenças infecciosas.
prevenção e controle adequadas. Por exemplo, no caso da dengue, Além disso, é importante buscar atendimento médico o mais rápido
é importante eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes ae- possível em caso de sintomas, para que sejam feitos o diagnóstico
gypti, o vetor da doença. Já no caso da leptospirose, é importante correto e o tratamento adequado.
controlar a população de ratos, que são um dos principais reserva-
tórios da doença.
Os modos de transmissão, período de transmissão e de incuba- DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES
ção são importantes aspectos a serem considerados na epidemiolo-
gia das doenças infecciosas. Eles se referem às formas pelas quais as As endemias1 tem causado grandes problemas as populações
doenças são transmitidas de uma pessoa para outra. Existem vários ao longo da história, com grandes perdas sociais, principalmente
modos de transmissão, como por exemplo: nas populações menos favorecidas, devido à condições precárias de
– Transmissão por contato direto: ocorre quando há contato vida, como a falta de saneamento básico e de moradias mais dignas.
físico entre pessoas infectadas e não infectadas, como no caso de As doenças endêmicas preocupam a saúde pública há mais de
herpes, sarna e impetigo; um século, graças ao avanço das investigações científicas e da medi-
– Transmissão por gotículas respiratórias: ocorre quando as cina, muitas dessas endemias puderam ser controladas.
pessoas infectadas espirram, tussam ou falam e as gotículas conten- Dentre as principais endemias que desafiam a saúde pública
do o agente infeccioso são inaladas pelas pessoas próximas, como brasileira hoje são: a malária; leishmaniose; esquistossomose; febre
no caso da gripe e da tuberculose; amarela; dengue, tracoma; doença de chagas; hanseníase, tubercu-
lose; cólera e gripe A.
10 https://sites.google.com/site/laflorania/to-dos/doencas-emergente-e-reemergentes

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por definição, Endemia é uma enfermidade, geralmente infec- Difteria: reemergiu na Federação Russa e algumas outras repú-
ciosa que reina constantemente um certo país ou região por influ- blicas da antiga União Soviética em 1994 e culminou em 1995 com
ência de causa local2. mais de 50.000 casos relatados. A reemergência está associada a
No final do século XIX e início do século XX, a saúde pública, vi- um declínio dramático nos programas de imunização seguidos de
sando encontrar soluções para o controle dessas endemias, utilizou uma “falência” nos serviços de saúde que se iniciou com o fim da
o conceito dessas doenças infecciosas o que resultou em uma nova URSS.
disciplina científica, a microbiologia, que descobriu uma significa-
tiva quantidade de vetores que causavam as doenças endêmicas. Febre Rift Valley (RVF): doença caracterizada por febre e mial-
Nessa época a saúde pública brasileira costumava tomar medi- gia, mas em alguns casos progride para retinite, encefalite ou he-
das quanto ao meio ambiente em que as pessoas viviam, preocu- morragia. Seguindo uma anormal temporada chuvosa no Kenya e
pavam-se muito com a localização dos cemitérios e hospitais, com na Somália no fim de 1997 e início de 1998, RVF ocorreu em vastas
a drenagem de terrenos e até com pessoas que apresentassem dis- áreas, causando febre hemorrágica e morte pela população huma-
túrbios mentais ou leprosos. na. O severo grau desta doença se deve a muitos fatores, incluindo
A partir do início do século XX ocorreram vários estudos sobre condições climáticas, mal nutrição e possivelmente, outras infec-
as doenças endêmicas, nesse período foi descoberto pelo cientista ções.
brasileiro Carlos Chagas o vetor Trypanossoma cruzi causador da
doença de chagas. Nesse período também houve o controle do ve- Febre Amarela: exemplo de doença para a qual há várias va-
tor Aedes aegypti, o que diminuiu os casos de febre amarela. Na cinas mas, devido ao uso não generalizado para todas as áreas de
década de 30, a erradicação do vetor Aedes aegypti aliada com a risco, epidemias continuam a ocorrer. A ameaça da febre amarela
vacina fez com que a febre amarela desaparecesse, voltando nova- está presente em 33 países africanos e 8 sul americanos. É comum
mente na década de 80. em florestas tropicais onde o vírus sobrevive em macacos. As pes-
A peste bubônica chegou ao Brasil no ano de 1899 e foi mais soas levam vírus para os vilarejos e a simples presença de um vetor
preocupante do que a febre amarela, o que fez com que encontras- espalha rapidamente a doença, que mata facilmente pessoas imu-
sem rapidamente formas de controlar a doença. O vetor da peste nossuprimidas.
bubônica é uma espécie de pulga chamada Xenopsylla cheopis, gra-
ças ao empenho de investigação científica foi possível controlar a Tuberculose: a tuberculose se comporta como uma doença re-
doença. emergente devido ao aumento gradativo de casos no passar dos
Em 1950 e 1960 a fundação Rockefeller teve uma grande par- últimos anos. Isto se dá devido ao processo de seleção responsável
ticipação na formação do pensamento sanitário brasileiro. Os três pela existência de cepas altamente resistentes a antibióticos. Além
primeiros médicos a receberem bolsa de estudos foram: Carlos disso, o HIV contribui largamente para a manifestação da doença.
Chagas, Geraldo H de Paula Souza e Francisco Borges Vieira.
As doenças endêmicas são assim chamadas quando atingem
uma determinada área geográfica e apresenta um padrão de ocor- DOENÇAS DE INTERESSE PARA A SAÚDE PÚBLICA:
rência relativamente estável com elevada incidência ou prevalência. NOÇÕES BÁSICAS, PREVENÇÃO, SINTOMAS,
As grandes endemias constituem hoje um dos maiores desa- CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TRANSMISSORES E
fios à saúde pública, uma vez que atingem principalmente pessoas CAUSADORES DAS ENDEMIAS. CONTROLE VETORIAL.
menos favorecidas, entre as doenças endêmicas citadas a maioria CONTROLE BIOLÓGICO E MANEJO AMBIENTAL
delas são oriundas da pobreza, isto é, de condições precárias de
vida, a falta de saneamento básico é um dos principais fatores que Diarreia3
contribuem para o aparecimento de algumas doenças, tais como: a Nos finais e inícios dos anos, em todos os meses de verão é
malária, a cólera, a hanseníase, etc. frequente o aumento de casos de diarreia aguda, com ou sem ocor-
rência de surtos, principalmente em cidades com intenso afluxo de
Doenças Reemergentes pessoas tais como cidades litorâneas e turísticas.
Doenças reemergentes são aquelas devidas ao reaparecimento
ou, aumento do número de infecções por uma doença já conhecida, Nesses locais, devido ao aumento populacional que triplica ou
mas que, por ter vindo causando tão poucas infecções, já não esta- quadruplica a população, são inúmeros os fatores de risco que con-
va sendo considerada um problema de saúde pública. correm para a ocorrência de casos de doença diarreica aguda tais
como:
Cólera: a cólera reapareceu em países onde ela já havia previa- 1) Ingestão de alimentos preparados sem higiene, e/ou man-
mente desaparecido a medida em que as condições de saneamento tidos sem refrigeração, comercializados, na maioria das vezes, sem
e alimentação se deterioraram. Em 1991, na América do Sul, mais licença da vigilância sanitária;
de 390 mil casos foram notificados, sendo que por um século não se 2) Consumo de ostras e outros frutos do mar crus ou de proce-
registravam casos de cólera. dência desconhecida;

Dengue: a dengue se espalhou por vários países do sudeste asi-


ático desde a década de 50 e reemergiu na América na década de 30 Texto extraído da Nota Técnica do Centro de Vigilância Epidemiológica Dr.
90, como consequência da deterioração do controle ao mosquito e Alexandre Vranjac. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – SES/SP. Coor-
a disseminação do vetor em áreas urbanas. denadoria de Controle de Doenças ‐ CCD. Centro de Vigilância Epidemiológica
– CVE/CCD. Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar – DDTHA/
20 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p.06). CVE

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3) Consumo de gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos, água mi- Este vírus é relativamente estável no meio ambiente e sobrevi-
neral, de procedência desconhecida e clandestina, produtos que ve ao congelamento, bem como ao aquecimento até 60º C. Resiste
podem ter sido preparados com água contaminada, de bica ou de à cloração até 10 ppm, o que significa que os limites permitidos em
poços, ou sem a higiene necessária; legislação e seguros à saúde humana, referentes à adição de cloro
4) Hábito de levar alimentos prontos para praia ou acampa- na água de abastecimento não são suficientes para inativar o vírus.
mentos sem a conservação térmica adequada (resfriamento ou A água sanitária caseira mostra‐se efetiva para limpeza de su-
reaquecimento adequados), deixando esses alimentos em tempe- perfícies. Desinfecção com calor (acima de 60º C) pode ser feita em
ratura ambiente, o que favorece a multiplicação de microrganismos locais ou em materiais que não possam ser submetidos à água sa-
e toxinas, danosos para a saúde; nitária.
5) Banho em praias impróprias, ou em rios/córregos poluídos, Nos locais onde existe suspeita de que a água de abastecimen-
não liberados para lazer. Em temporada de chuvas, e de enchentes, to possa ser a causa, ferver a água para consumo humano é uma
esse fator de risco se agrava, pois se espalham para as coleções hí- medida cautelar importante para interromper a transmissão da vi-
dricas, lixo, restos de alimentos, esgoto, etc., aumentando as áreas rose até a solução definitiva dos problemas que possam ter causado
com poluição; a contaminação.
6) Interrupção no fornecimento de água de abastecimento pú- O principal tratamento consiste de hidratação e reposição de
blico, problemas no tratamento da água ou acidentes na rede de eletrólitos, por meio de sais orais ou soro caseiro, e hidratação en-
distribuição, que podem favorecer a entrada de microrganismos e dovenosa nos casos mais graves.
sua contaminação. A hospitalização, em geral é muito rara, porém, alguns pacien-
tes, especialmente crianças, podem necessitar de internação para
Na presença de múltiplos fatores de exposição, o aumento da reidratação endovenosa, devido à intensa perda de líquidos cau-
ocorrência de casos ou de grupos de surtos, em geral, deve‐se a sada pela diarreia e pelos vômitos. Não há vacina para prevenir o
inúmeros patógenos, destacando‐se entre os vírus, o Norovírus, en- norovírus, assim como não há um medicamento específico desen-
tre as bactérias as Escherichia coli, Salmonella e Shigella, e entre os volvido para este vírus.
parasitas, o Cryptosporidium, Cyclospora e Giárdia. Evacuações muito frequentes e líquidas, dificuldades na hidra-
As noroviroses representam um grupo de doenças de origem tação com vômitos que não cedem, pele e boca secas, dificuldade
viral conhecidas como gastrenterites virais ou não bacterianas agu- em urinar, são indicações de que se deve procurar o serviço de saú-
das, causadas pelo vírus Norovírus, e estão relacionadas à transmis- de.
são por água e alimentos e a aglomerações humanas, propagando‐ Não são indicados medicamentos para diminuir as contrações
se principalmente pelo contato pessoa‐a‐pessoa. intestinais ou “segurar” a diarreia, antibióticos, etc., pois podem
O norovírus, apesar de altamente contagioso, causa doença piorar ou prolongar o quadro. Nenhum medicamento deve ser to-
clinicamente considerada banal, autolimitada, leve ou moderada, mado sem conhecimento e indicação médica.
sendo raros os casos que necessitam de internação. Todos os dias milhões de pessoas no mundo adoecem devido
Com duração, em geral, de 1 a 3 dias, caracteriza‐se por cau- às doenças transmitidas por água e alimentos. Seguir orientações
sar náusea, vômito, diarreia, dores epigástrica e abdominal. Podem básicas e cuidados de higiene pessoal é fundamental para prevenir
ocorrer também dores musculares, sensação de fadiga, cefaleia e a diarreia: lavar com frequência e sempre as mãos antes de manu-
febre baixa. Um alto percentual de casos pode apresentar apenas sear e consumir alimentos, cozinhar bem os alimentos, desinfetar
vômitos, frequentemente intensos. Estudos mostram que em 30% bem frutas e verduras, não consumir alimentos de procedência des-
das infecções os casos podem ser assintomáticos. conhecida e de locais sem higiene, se desconfiar da água, fervê-la
para eliminar todos os microrganismos.
Há registro de surtos em todo mundo, incluindo a água de
abastecimento de cidades, lagos, piscinas, restaurantes, refeições Doença diarreica aguda (DDA) na criança
de avião, navios‐cruzeiros, escolas, hospitais, assim como grupos É uma doença que pode ser causada por bactérias, vírus e pa-
de pessoas em férias, em locais como praias, estâncias turísticas, rasitos, caracterizada principalmente pelo aumento do número de
parques aquáticos e outros com grandes aglomerações humanas. evacuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pouca consistência.
Frutos do mar, ostras e outros moluscos, ingeridos crus ou mal- Em alguns casos, há presença de muco e sangue. A criança tam-
cozidos, e ingredientes de salada são frequentemente alimentos bém pode ter náusea, vômito, febre e dor abdominal. Tem duração
implicados em surtos por norovírus. Outros alimentos geralmente entre 2 e 14 dias. É importante sua atuação imediata para evitar
são contaminados por manipuladores de alimentos doentes. que ocorra a desidratação.
A aerolização de vômitos formando gotas que podem conta- A DDA é uma das importantes causas de adoecimento e morte
minar as superfícies ou alcançar a mucosa oral e serem engolidas no Brasil e está diretamente relacionada às precárias condições de
parece explicar a rápida disseminação em locais como escolas, hos- vida e saúde dos indivíduos, em consequência da falta de sanea-
pitais e entre familiares. mento básico, desnutrição crônica, entre outros fatores.
Este vírus é de distribuição mundial e comum, ocorrendo na A transmissão pode ocorrer em virtude da ingestão de água e
maioria das vezes em surtos, e afetando grupos de todas as idades. alimentos contaminados e por contato com objetos contaminados
Estima‐se que cerca de 23 milhões de casos de gastrenterites agu- (ex.: utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
das são causados pelo norovírus nos EEUU, anualmente, e que pelo hospitalares) ou de pessoa para pessoa (ex.: mãos contaminadas) e
menos 50% dos surtos de origem alimentar seriam noroviroses. de animais para as pessoas.

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As moscas, formigas e baratas podem contaminar, principalmente, os alimentos e utensílios. Locais de uso coletivo, como escolas,
creches, hospitais e penitenciárias, apresentam maior risco de transmissão.

Se durante uma visita domiciliar (VD) for constatado ou informado que há uma criança com diarreia, deve-se buscar saber:
- A idade;
- Há quantos dias está com diarreia e o número de vezes ao dia de evacuação;
- Se há presença de sangue nas fezes;
- Se também está com febre, vômito e há quantos dias;
- Analisar o entorno do domicílio, se a família utiliza água tratada, se tem acesso a esgotamento sanitário;
- Se há outros casos;
- Um dos tratamentos para DDA é a hidratação, que tem o objetivo de reidratar ou evitar a desidratação. Pode ser feita por via oral ou
por meio de soro na veia.

Ao constatar os sinais relatados acima, deve-se orientar o aumento do consumo de líquidos disponíveis no domicílio - preferencial-
mente leite materno (em menores de dois anos) e soro de reidratação oral (SRO); na falta desses, soro caseiro, chás, cozimento de farinha
de arroz e água de coco. Esses líquidos devem ser usados após cada evacuação ou vômito. Se o vômito dificultar a aceitação, deve-se
oferecer a solução em colheres, a cada um ou dois minutos, aumentando o volume de líquido gradualmente.
A alimentação habitual deve ser mantida, evitando alimentos muito gordurosos.
No caso de a criança estar com os olhos fundos, ausência de lágrima, bebendo líquidos rapidamente ou com dificuldade de beber,
apresentar sangue nas fezes ou febre alta, ela deverá ser orientada a procurar imediatamente a UBS.
É importante ressaltar que os refrigerantes não devem ser utilizados, pois, além de não fazer efeito como hidratantes, podem agravar
a diarreia.

Medidas de prevenção e controle


Orientar/desenvolver:
- Melhoria da qualidade da água (quadro a seguir);
- Destino adequado de lixo e dejetos;
- Ações de controle de moscas, formigas e baratas;
- Medidas de higiene e de manipulação de água e alimentos;
- Ações de educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência de diarreia, são fundamentais;
- Participar da articulação com escolas, creches, hospitais, penitenciárias para o desenvolvimento de orientações e campanhas espe-
cíficas.
- Dosagem e tempo de contato do hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) segundo o volume de água para consumo humano a
ser tratado no domicílio.

Melhoria da água domiciliar por meio de medidas simples:

VOLUME DE HIPOCLORITO DE SÓDIO A 2,5% TEMPO DE


ÁGUA Dosagem Medida prática CONTATO
Dois copinhos descartáveis
1.000 litros 100ml
de café
200 litros 15 ml Uma colher de sopa
30 minutos
20 litros 2 ml Uma colher de sopa
1 litro 0,08 ml Duas gotas
Manual integrado de vigilância epidemiológica da cólera, Brasília 2008

Preparo do soro caseiro e da solução de reidratação oral para controle da DDA


Como preparar o soro caseiro com a colher-medida:
- Encher bem um copo grande com água limpa, fervida e em temperatura ambiente;
- Colocar a medida pequena e rasa de sal;
- Colocar duas medidas e rasas de açúcar;
- Mexer bem e oferecer à criança após cada evacuação.

Como preparar a solução de reidratação oral


- Dissolver o conteúdo de um pacote de sal reidratante em um litro de água limpa e fervida, em temperatura ambiente;
- Depois de pronto, o soro pode ser usado por um período de 24 horas. Após esse período jogar fora e preparar outro soro;
- O soro só pode ser misturado em água, não acrescentar açúcar ou outra substância para melhorar o seu gosto.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atuação do ACS no controle das doenças diarreicas agudas Para reduzir-se o risco de transmissão, faz-se importante ado-
- Identificar os casos e encaminhá-los à UBS para diagnóstico tar medidas de higiene pessoal, alimentar e ambiental. No caso de
e tratamento; surtos da doença, as medidas de prevenção e controle devem ser
- Identificar sinais e/ou situações de risco em casos de diarreias intensificadas, procurando-se identificar as fontes de contaminação
e orientar sobre o tratamento da água para consumo humano, o e implementar tratamento adequado.
destino dos dejetos e o lixo residencial;
- Acompanhar os pacientes e orientá-los quanto à necessidade Dengue
na continuidade do tratamento; A Dengue foi reintroduzida no Brasil em 1982. O mosquito
- Vigiar constantemente e de forma responsável; transmissor da doença, o Aedes aegypti, erradicado em vários paí-
- Antecipar os movimentos da criança; ses do continente americano nas décadas de 50 e 60, retornou na
- Manter a criança sempre sob suas vistas; década de 70, por fragilidades na vigilância entomológica, além de
- Evitar deixar sob o cuidado de outras crianças; mudanças sociais e ambientais propiciadas pela urbanização ace-
- Desenvolver ações educativas, levando informações e orien- lerada.
tações às famílias e aos indivíduos, identificando as medidas de pre- As dificuldades para eliminar um mosquito domiciliado que
venção e controle das doenças diarreicas; se multiplica nos vários recipientes que podem armazenar água,
- Orientar a população informando-a sobre a doença, seus si- particularmente naqueles encontrados nos lixos das cidades, como
nais e sintomas, riscos e formas de transmissão; garrafas, latas e pneus, ou no interior dos domicílios, como descan-
- Atuar como agente mobilizador da comunidade em parceria sadores dos vasos de plantas, têm exigido um substancial esforço
com as lideranças comunitárias chamando atenção das pessoas do setor saúde cujos resultados não têm sido efetivos.
para a importância da participação de todos em campanhas e muti- Entretanto, esse trabalho necessita ser articulado com outras
rões no combate às doenças diarreicas agudas. políticas públicas, como limpeza urbana, além de uma maior cons-
cientização e mobilização social sobre a necessidade das comuni-
Cólera dades manterem seus ambientes livres do mosquito. Esse último
No Brasil, a introdução da cólera iniciou-se na região Norte, se- elemento, a mudança de hábitos, tem sido apontado, mais recen-
guindo o curso do Rio Solimões/Amazonas e seus afluentes, já que temente, como um dos mais efetivos na prevenção da infestação
o transporte local é feito principalmente por barcos. Em seguida, a do mosquito.
doença surgiu nas regiões Nordeste e Sudeste, como decorrência Entre outros fatores que pressionam a incidência da Dengue,
do deslocamento das pessoas. destaca-se a introdução de um novo sorotipo, o DENV 3, que foi
A cólera é causada por uma bactéria, o vibrião colérico (Vibrio identificada, pela primeira vez, em dezembro de 2000, no estado
cholerae), transportada pela água e por alimentos contaminados, do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado de Roraima, em no-
principalmente quando consumidos crus ou mal cozidos. vembro de 2001. Em 2002, foi observada maior incidência da doen-
Com a ingestão do alimento contaminado, a bactéria penetra ça, quando foram confirmados cerca de 697.000 casos, refletindo a
no organismo e a doença pode manifestar-se em algumas horas ou introdução deste sorotipo.
em até cinco dias. Basicamente, a bactéria adere à mucosa intesti- Ocorreu uma rápida dispersão do DENV3 para outros estados,
nal produzindo uma enterotoxina que bloqueia a absorção de água sendo que, em 2004, 23 dos 27 estados do país já apresentavam a
e de outros eletrólitos importantes para o funcionamento do orga- circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da Dengue. No
nismo. Brasil, os adultos jovens foram os mais atingidos pela doença desde
Além disso, aumenta a excreção intestinal, fazendo com que o a introdução do vírus.
indivíduo contaminado tenha diarreia do tipo “água de arroz”, vô- No entanto, a partir de 2006, alguns estados apresentaram pre-
mitos, dor abdominal e, nas formas graves, cãibras (devido à perda domínio da circulação do DENV2, após alguns anos de predomínio
de potássio), choque hipovolêmico e desidratação, em consequên- do DENV3.
cia da grande quantidade de líquido eliminado pelos vômitos e diar- Esse cenário levou a um aumento no número de casos, de for-
reia, podendo ainda haver comprometimento dos rins. mas graves e de hospitalizações em crianças, principalmente no
Enquanto perdurar a eliminação da bactéria pelas fezes - o que Nordeste do país. Em 2008, novas epidemias causadas pelo DENV2
pode ocorrer por cerca de 20 dias - a doença continuará a ser trans- ocorreram em diversos estados do país, marcando o pior cenário da
mitida. doença no Brasil em relação ao total de internações e de óbitos ca-
As medidas de controle da cólera consistem na ingestão de racterizado por um padrão de gravidade em crianças, que represen-
água de boa qualidade, destino adequado aos dejetos e lixo, desen- taram mais de 50% dos casos internados nos municípios de maior
volvimento de ações de educação em saúde e controle da higiene contingente populacional.
dos alimentos e da entrada de possíveis indivíduos portadores pe- Mesmo em municípios com menor população, mais de 25%
los portos, aeroportos e fronteiras. dos pacientes internados por Dengue eram crianças, o que eviden-
As fezes dos doentes hospitalizados devem ser tratadas com cia que todo o país vem sofrendo, de maneira semelhante, essas
hipoclorito de sódio a 1% (por 10 minutos), antes de serem lança- alterações no perfil da doença.
das ao esgoto. A dengue, atualmente, é considerada sério problema de saúde
O diagnóstico é feito com base nos critérios clínicos e realiza- pública, principalmente nos países tropicais, pois as condições do
ção de coleta de material do intestino grosso para identificação da meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do
bactéria nas fezes. vetor.

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Seu agente infeccioso é o vírus da dengue, que pode ser dos Os sintomas iniciais variam de acordo com a fase da doença,
tipos 1, 2, 3 ou 4, e seu vetor é o mosquito Aedes aegypti. Após a que pode ser aguda ou crônica. A forma aguda costuma manifestar-
penetração do vírus, a doença pode manifestar-se de 3 a 15 dias, -se cerca de 5 a 40 dias após a infecção, sendo diagnosticada pelo
em média, de 5 a 6 dias. exame da gota espessa, que identifica a presença do parasita na
A presença do vírus no organismo estimula a produção de an- corrente sanguínea periférica. Caracteriza-se por febre pouco ele-
ticorpos e o deslocamento de células de defesa. Ao ser capturado vada, mal-estar geral, cefaleia, fraqueza, edema no local da inocula-
pelos monócitos, o vírus neles se multiplica e os destrói, produzindo ção, aumento de gânglios cervicais.
alterações nos vasos sanguíneos e promovendo a destruição peri- Pode haver miocardite aparente, detectada apenas durante a
férica de plaquetas, células fundamentais para o processo de coa- realização de eletrocardiograma. Às vezes, é possível perceber o lo-
gulação. cal de entrada do parasita por dois sinais: o sinal de Romanã, que é
O diagnóstico da dengue pode ser feito clínica ou laboratorial- ocular, com edema palpebral bilateral e conjuntiva avermelhada, ou
mente, por meio de exames de sangue que detectam o vírus ou os o chagoma de inoculação, que é cutâneo, parecido com um furún-
anticorpos produzidos no processo de defesa do organismo. culo sem pus.
A doença de evolução crônica pode demorar anos para se ma-
A doença pode apresentar-se sob as formas de dengue clássi- nifestar e apresentar-se sob as formas indeterminada, cardíaca e
ca ou hemorrágica digestiva, sendo esta última a mais frequente e grave.
- Dengue Clássica: tem duração de cinco a sete dias, provocan- - Forma Indeterminada: segue-se à fase aguda, podendo con-
do febre de 39°C a 40°C, cefaleia, dor muscular (mialgia), prostra- sistir simplesmente em uma infecção assintomática que persiste
ção, dor nas articulações (artralgia) e na região retroorbitária (atrás por toda a vida ou retornar apenas décadas mais tarde, instalando-
dos olhos), náuseas e vômitos. Podem ocorrer pequenas manifesta- -se de forma crônica;
ções hemorrágicas, como petéquias, epistaxe e gengivorragia; - Forma Cardíaca: é a principal causa de limitação e morte entre
- Dengue Hemorrágica: os sintomas iniciais assemelham-se aos os doentes chagásicos. Pode apresentar-se de modo assintomático,
da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifesta- com alterações perceptíveis apenas durante a realização de eletro-
ções hemorrágicas mais intensas, como sangramento gastrintesti- cardiograma, ou mesmo como insuficiência cardíaca progressiva.
nal (melena, hematêmese e enterorragia), além de hepatomegalia Seus sinais e sintomas podem ser palpitação, falta de ar, dor precor-
e insuficiência circulatória. dial, tontura, desmaios, dentre outros.

O tratamento para a dengue consiste na administração de anti- Quando um doente, nessa fase, realiza exames de raios X de
térmicos e analgésicos, exceto os derivados do ácido acetilsalicílico tórax, geralmente o coração se revela aumentado como um todo, o
(AAS), pois oferecem o risco de causar sangramento. A hidratação que é chamado de cardiomegalia chagásica; - forma digestiva - ca-
oral e/ou venosa deve ser administrada de acordo com cada caso. racteriza-se por alterações na motilidade e forma do trato digestivo.
Para a detecção precoce de sinais de hemorragia, alguns sinais As manifestações mais frequentes são o aumento do esôfago (me-
de alerta devem ser observados, tais como dor abdominal, vômitos, gaesôfago) e do cólon (megacólon).
hepatomegalia, hipotensão arterial, oligúria e letargia (sonolência). Os sinais e sintomas do megaesôfago são: dificuldade para en-
Uma vez instalado esse quadro, é fundamental a adoção de me- golir, regurgitação, dor epigástrica, dor torácica, soluço, excesso de
didas urgentes de hidratação venosa, o que requer hospitalização. salivação e emagrecimento; os sinais e sintomas do megacólon in-
Todo caso suspeito deve ser notificado ao serviço de vigilância cluem constipação intestinal, distensão abdominal, meteorismo e
mais próximo. As ações do auxiliar de enfermagem consistem em fecaloma.
orientar a comunidade quanto à importância do saneamento bási- O diagnóstico da doença de Chagas é feito com base em cri-
co e das medidas de prevenção e controle, que consistem em não térios clínicos, sendo indispensável a realização de exames com-
deixar água parada em garrafas, pneus ou vasos de plantas, por se plementares que permitam identificar a presença do parasita na
tratarem de locais de proliferação do vetor. corrente sanguínea ou de anticorpos produzidos pela defesa do
organismo. As formas crônicas são diagnosticadas com o auxílio de
Doença de Chagas exames mais específicos, como radiografias e eletrocardiogramas.
A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma Na fase aguda, o tratamento da doença de Chagas consiste na
cruzi, transmitido por insetos do gênero dos triatomíneos, especi- administração de antiparasitários, como o benzonidazol, utilizados
ficamente o Triatoma infestans ou Triatoma brasiliensis, popular- para reduzir a quantidade de parasitas na corrente sanguínea. Na
mente conhecidos como barbeiros ou chupões, que constroem fase crônica, é importante garantir o acompanhamento clínico das
suas tocas nas paredes das casas feitas de pau-a-pique. Uma vez manifestações das formas da doença de Chagas nos pacientes, di-
infectado, o barbeiro transmitirá o T. cruzi por toda a sua existência. minuindo, assim, o risco de desenvolverem complicações.
No Brasil, há extensa área territorial com grande incidência de Na presença de um portador da doença de Chagas, cabe à equi-
casos, abrangendo desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul, des- pe de enfermagem monitorar as queixas do mesmo, buscando re-
tacando-se os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, lacioná-las às formas de apresentação da doença. Quanto antes se
Sergipe e Bahia como os de maior prevalência. fizer a detecção, melhor será o prognóstico.
A transmissão também pode ocorrer pelo sangue de pessoas Todos os casos agudos suspeitos devem ser imediatamente no-
infectadas, por meio de injeção, transfusão de sangue ou uso com- tificados aos órgãos responsáveis, para orientação quanto às pro-
partilhado de seringas e agulhas - no caso de usuário de drogas inje- vidências a serem tomadas, de acordo com o sistema de vigilância
táveis. É possível, ainda, ocorrer transmissão pela placenta ou leite epidemiológica. Segundo norma do Ministério da Saúde, os casos
materno. suspeitos ou confirmados de doença de Chagas em fase crônica não
precisam ser obrigatoriamente notificados.

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É importante tentar controlar a população de insetos vetores, Assim como em outras doenças cuja cronicidade pode refle-
tanto os triatomíneos como os de outros gêneros e espécies cuja tir-se em complicação do estado geral do cliente, a equipe de en-
existência tem sido ultimamente relacionada à transmissão do fermagem deve estar atenta a sinais de comprometimento como
Trypanosoma cruzi ao homem. melena, pulso fraco, palidez, que indicam hemorragia.
Caso sejam observados, o doente deve ser encaminhado para
Esquistossomose Mansônica acompanhamento especializado e intervenções mais invasivas,
A esquistossomose mansônica é causada pelo parasita Schis- como cura cirúrgica de varizes esofagianas.
tosoma mansoni, cujo vetor é o caramujo do gênero Biomphalaria, O controle da esquistossomose exige o quanto antes investiga-
encontrado em todo o Brasil e presente em águas de rios, lagos e ção e diagnóstico dos casos suspeitos. As condições de saneamento
outras fontes de água doce. das regiões endêmicas devem ser sempre melhoradas, procurando-
O ciclo compreende duas fases - uma dentro do caramujo; ou- -se diminuir a exposição do homem ao vetor através do controle da
tra, dentro do homem -, que podem ser assim resumidas: os ovos população de caramujos pelo tratamento das águas com produtos
do esquistossoma são eliminados pelas fezes do homem infectado químicos.
na água ou próximo às fontes de água doce. É importante a participação da população no debate de modos
Na água, eles eclodem, momento em que são liberadas as lar- de vida que diminuam a possibilidade de transmissão do parasita,
vas, chamadas de miracídios, que infectam o caramujo. Este, após tais como a construção de fossas e sanitários longe de fontes de
quatro a seis semanas, torna a eliminar o parasita sob a forma de água doce consumível.
cercária, que infectará as pessoas que tomarem banho nas fontes
de água ou que andarem descalças nas margens dessas fontes. Escorpionismo
Após a infecção, o indivíduo demora cerca de duas a seis sema- Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o envenenamento
nas para manifestar os primeiros sintomas - e continuará a eliminar provocado quando um escorpião injeta veneno através de ferrão
os ovos de esquistossoma pelas fezes desde a quinta semana até (télson). Os escorpiões são representantes da classe dos aracní-
anos após ter sido infectado. deos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo,
com maior incidência nos meses em que ocorre aumento de tem-
As manifestações podem nunca ocorrer, como acontece com peratura e umidade.
a maioria dos indivíduos infectados pelo Schistosoma mansoni, ou
podem apresentar-se basicamente sob três formas: No Brasil, os Escorpiões de Importância em Saúde Pública são
- Dermatite Cercariana: acontece no período e local de introdu- as Seguintes Espécies do Gênero Tityus
ção da cercária no organismo. Devido à reação alérgica, apresentará
edema, vermelhidão, erupções, prurido, podendo durar até 5 dias Escorpião-amarelo (T. serrulatus): com ampla distribuição em
após a infecção; todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior
- Esquistossomose Aguda ou Febre de Katayama: ocorre de três preocupação em função do maior potencial de gravidade do enve-
a sete semanas após a entrada do agente infeccioso. Caracteriza-se nenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país,
por febre, perda de apetite, dor abdominal e cefaleia, podendo ha- facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao
ver ainda diarreia, náuseas, vômitos e tosse seca; meio urbano;
- Esquistossomose Crônica: manifesta-se, geralmente, em tor- Escorpião-marrom (T. bahiensis): encontrado na Bahia e re-
no de seis meses após a infecção É caracterizada por comprometi- giões Centro-Oeste, sudeste e Sul do Brasil;
mentos, mais ou menos severos, das funções intestinais, de acor- Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus): espécie mais
do com a quantidade de parasitas presentes no organismo. Varia comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de
desde a queixa de diarreia com muco e sangue até o rompimento São Paulo, Paraná e Santa Catarina;
de varizes do esôfago e hipertensão dos vasos do fígado, levando à Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus): encontrado na re-
ascite. Em estágios mais avançados, pode haver com prometimento gião Norte e Mato Grosso.
pulmonar, cardíaco e até mesmo cerebral, afetando progressiva-
mente as capacidades do indivíduo. Atualmente, há 19 famílias de escorpiões distribuídas em todo
o mundo. Os gêneros que causam os mais graves acidentes são:
O diagnóstico da esquistossomose é feito com base em crité- Androctonus e Leiurus (África setentrional), Centruroides (México e
rios clínicos e epidemiológicos, sendo complementado com a rea- Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Ilha de Trinidad).
lização de exames, como a pesquisa de parasitas nas fezes, pelo Os grupos mais vulneráveis são os trabalhadores da construção
método de Kato-Katz. civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro
A presença de eosinofilia no hemograma realizado na fase agu- de casa ou nos arredores, como quintais (intra ou peridomicílio).
da também sugere infecção por esquistossomose. Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os trabalhadores de ma-
O tratamento da esquistossomose é importante, pois reduz a deireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros,
carga de parasitas nos indivíduos infectados e previne as complica- por manusear objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar
ções da doença. alojados.
Por isso, quanto mais cedo for iniciado, melhor. Para tanto,
utiliza-se antiparasitários, preferencialmente o oxamniquine. Os
cuidados de enfermagem são voltados para o alívio dos sintomas,
principalmente a febre e as manifestações digestivas, por meio de
repouso, hidratação, observação da aceitação da dieta e manuten-
ção de ambiente tranquilo.

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sintomas O que NÃO Fazer em Caso de Acidente Escorpiônico


A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem - Não amarrar ou fazer torniquete;
início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam dor ime- - Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da pi-
diata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloe- cada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer cura-
reção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento tivos que fechem o local, pois isso pode favorecer a ocorrência de
é sintomático. Movimentos súbitos, involuntários de um músculo infecções;
ou grupamentos musculares (mioclonias) e contração muscular pe- - Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada;
quena e local (fasciculações) são descritos em alguns acidentes por - Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos
Escorpião-preto-da-Amazônia. como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o
Já crianças abaixo de 7 anos apresentam maior risco de alte- veneno e podem agravar o quadro.
rações sistêmicas nas picadas por escorpião-amarelo, que podem
levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo Febre Tifoide
adequado. A incidência de febre tifoide está muito associada às condições
de saneamento e hábitos individuais. Está praticamente erradicada
Como Prevenir Acidentes em países que superaram problemas relacionados à higiene pessoal
- Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entu- e ambiental. No Brasil, persiste de forma endêmica, principalmente
lhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas pro- nas regiões Norte e Nordeste, onde as condições de vida são pre-
ximidades das casas; cárias.
- Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, Transmite-se pela água e alimentos, especialmente leite e deri-
arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. vados contaminados com fezes e urina de paciente ou portador que
Manter a grama aparada; contenham a bactéria Salmonella typhi.
- Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo me- A contaminação ocorre pela manipulação do alimento por por-
nos, numa faixa de um a dois metros junto às casas; tadores ou indivíduos com diagnóstico ainda não confirmado. A
- Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e exposição do alimento a temperaturas frias não destrói a bactéria.
escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimi- Dessa forma, sorvetes e outros alimentos guardados em geladeiras
dos contra o corpo; também podem ser veículos de transmissão.
- Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. Após a ingestão de alimentos contaminados, a S. typhi invade
É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea; a mucosa digestiva, atingindo os linfonodos regionais e a corrente
- Usar calçados e luvas de raspas de couro; sanguínea. Como proliferam em grande quantidade, muitas bacté-
- Como muitos destes animais apresentam hábitos noturnos, rias continuam a ser eliminadas pelas fezes. Os sintomas surgem,
a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras das em média, em duas semanas. O indivíduo apresenta aumento do
portas e janelas quando começar a escurecer; baço (esplenomegalia), falta de apetite (inapetência/anorexia), bra-
- Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; dicardia, manchas rosadas no tronco, obstrução intestinal ou diar-
- Combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimen- reia, tosse seca e febre alta.
to dos escorpiões que deles se alimentam; A doença pode ser transmitida enquanto houver bactérias sen-
- Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o do eliminadas pelas fezes ou urina, o que pode acontecer desde a
forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos primeira semana da manifestação da doença até a convalescença.
de areia nas portas, colocar telas nas janelas; Cerca de 10% dos pacientes continuam eliminando a bactéria du-
- Afastar as camas e berços das paredes; rante três meses após o início da doença. Aproximadamente, 5%
- Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. dos doentes tornam-se portadores após a cura, podendo continuar
Não pendurar roupas nas paredes; examinar roupas, principalmen- a transmitir a S. typhi por muito tempo.
te camisas, blusas e calças antes de vestir; O tratamento da febre tifoide é realizado com o uso de antibió-
- Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros re- ticos e sulfas, após o diagnóstico, que pode ser feito por hemocultu-
cipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, ra, coprocultura ou urinocultura. Tais exames procuram identificar o
moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões; crescimento de colônias de bactérias existentes no sangue, fezes ou
- Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves urina em ambiente especialmente preparado.
de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos. A equipe de enfermagem que assiste ao indivíduo acometido
pela febre tifoide deve orientá-lo quanto à importância do aumento
O que Fazer em Caso de Acidente Escorpiônico da ingestão de líquidos, para prevenir a desidratação, e quanto aos
- Limpar o local com água e sabão; sinais de complicações intestinais - como a hemorragia intestinal,
- Aplicar compressa morna no local; que pode levar ao choque hipovolêmico. Ressalte-se que a pior
- Procurar orientação imediata e mais próxima do local da ocor- complicação é a hemorragia intestinal ocasionada por perfuração
rência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência); intestinal.
- Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saú- Para evitar a propagação da febre tifoide, deve-se, após a lim-
de para saber quais os pontos de tratamento com o soro específico peza com água e sabão, realizar a desinfecção dos objetos nos quais
em sua região; se depositaram excreções (vasos sanitários, urinol, comadre/com-
- Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saú- padre, patinho), sendo também fundamental o tratamento adequa-
de. do dos dejetos.
Os portadores, uma vez identificados pelos exames, devem ser
tratados e afastados da manipulação de alimentos.

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A transmissão pela água pode ser evitada mediante regular A transmissão ocorre pela introdução dos esporos do agente
análise bacteriológica nos reservatórios de distribuição, de modo patogênico em um ferimento, sobretudo do tipo perfurante, conta-
a garantir água de boa qualidade à população; a transmissão por minado com terra, poeira e fezes de animais, podendo também ser
alimentos pode ser prevenida pela atenção à sua preparação, distri- causado por queimaduras e ferimentos necrosados.
buição e armazenamento. O tecido lesado, com pouco oxigênio devido ao próprio trauma
Como ações de educação em saúde, os hábitos de higiene pes- ou à infecção, fornece as condições ideais para que os esporos do
soal precisam ser destacados, principalmente a lavagem correta das C. tetani transformem-se em formas vegetativas, reproduzindo-se
mãos, que deve ser especialmente incentivada entre os manipula- e formando a toxina tetânica que é absorvida pelos nervos e trans-
dores de alimentos e pessoas que trabalham diretamente com pa- portada até a medula espinhal, onde causam estímulos nervosos.
cientes e crianças. A partir desse momento, os nervos tornam-se muito sensíveis e
A vacina contra a febre tifoide não é eficaz, pois não possui alto qualquer estímulo externo pode desencadear contraturas dos mús-
poder de estímulo sobre as defesas do organismo, tendo imunidade culos, inicialmente da face, pescoço e, depois, do tronco, podendo
de curta duração. se estender para todo o corpo, desencadeando espasmos e con-
Pode, porém, ser indicada para trabalhadores que lidam com vulsões que podem causar asfixia e morte. A contratura generaliza-
esgotos e indivíduos que vivem em áreas onde há alta incidência da faz com que o doente adote uma posição corporal denominada
da doença. opistótono. Considerando tal quadro, uma importante medida de
profilaxia do tétano pós-ferimento é a limpeza da lesão com bastan-
Meningite te água e sabão e, se necessário, realizar desbridamento.
A meningite pode ser causada por diversos microrganismos Uma vez instalada a doença, o tratamento consiste em inter-
como vírus, fungos e bactérias, mas para a saúde coletiva as de nação hospitalar em quarto silencioso, com pouca luminosidade,
maior destaque são as meningites bacterianas por Haemophilus in- pois os estímulos visuais e sonoros podem provocar respostas em
fluenzae do tipo b, tuberculosa e a meningocócica. forma de contratura muscular. Recomenda-se a administração de
A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de gotícu- sedativos, soro antitetânico (SAT) e antibioticoterapia.
las e secreções da nasofaringe. Os sintomas, subitamente iniciados, Os cuidados de enfermagem ao doente hospitalizado incluem
são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, rigidez de nuca o mínimo de manipulação possível, para que não surja o estímulo
e, algumas vezes, petéquias. O diagnóstico é feito com base em exa- de contratura, a monitorização das vias aéreas, para garantir que
mes laboratoriais e clínicos. estejam pérvias (sem obstrução), e a observação de sinais de reten-
Após a notificação do caso suspeito, faz-se necessário adotar ção urinária - caso haja contração da musculatura do trato urinário.
as medidas de controle de acordo com o sistema de vigilância. A A susceptibilidade é geral, todos estão predispostos à conta-
quimioprofilaxia é indicada apenas para os contatos de casos confir- minação pelo tétano, indiscriminadamente, porém os indivíduos
mados, em consonância com os critérios definidos pela autoridade maiores de 45 anos estão mais expostos por estarem muitas vezes
sanitária. com a vacinação incompleta ou por nunca terem sido vacinados.
O tratamento para a meningite consiste na administração de Por isso, o auxiliar de enfermagem deve estar atento ao estado va-
antibióticos e exige hospitalização do doente e precaução respira- cinal de indivíduos adultos e idosos, além das mulheres em idade
tória. fértil e das crianças.
A imunidade é conferida pela aplicação de vacina contendo o
Como medida de prevenção, recomenda-se seguir a rotina do toxoide tetânico em suas diversas formas de apresentação: tríplice
calendário de vacinação: bacteriana (DTP), dupla adulto (dT), dupla infantil (DT) ou toxoide
- Vacina BCG: previne a ocorrência da tuberculose e de sua for- tetânico (TT).
ma mais grave, a meningite tuberculosa;
- Vacina anti-Hib: previne a infecção pelo Haemophilus influen- Tétano Neonatal
zae do tipo b; Também conhecido como “mal de sete dias”, sua ocorrência
- Vacina meningocócica: utilizada excepcionalmente em situa- é maior em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, so-
ções de surto, previne a infecção por alguns tipos de meningococos, bretudo pela precariedade ou ausência de acompanhamento pré-
especialmente os tipos A, B e C. -natal, impossibilitando o controle vacinal da gestante, incluindo a
vacina contra o tétano. Uma gestante não vacinada não possui an-
É importante ressaltar que após a implantação das vacinas BCG ticorpos maternos para transferir ao filho, tornando-o susceptível à
e anti-Hib no calendário vacinal das crianças a incidência das me- doença após o nascimento.
ningites causadas pelo bacilo da tuberculose e pelo Haemophilus A infecção ocorre pela contaminação do coto umbilical com o
influenzae foi bastante reduzida no Brasil. bacilo tetânico, quando de sua manipulação são utilizados instru-
mentos ou substâncias impróprias como teia de aranha, moeda ou
Tétano cinteiros.
O tétano é uma doença infecciosa aguda, não contagiosa, re-
lativamente comum em países subdesenvolvidos - nos quais a co- Em média, o período de incubação dura sete dias.
bertura vacinal é baixa. Seu agente etiológico é o Clostridium te- O recém-nascido infectado abandona o aleitamento materno
tani, um bacilo anaeróbio cujo reservatório é o trato intestinal do pela dificuldade de movimentar a musculatura da face, tronco e ab-
homem e de animais, o solo ou qualquer objeto perfuro cortante dome, devido à rigidez. A paralisia da musculatura da respiração
contendo os esporos. pode levar a criança à óbito.
O período de incubação varia de acordo com a extensão, natu-
reza e localização da ferida, levando em média de 2 a 21 dias.

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Após a notificação de um caso de tétano neonatal, a mãe do Quando uma pessoa inala as gotículas contendo os bacilos de
recém-nascido deve ser encaminhada para receber vacinação. Há Koch, muitas delas ficam no trato respiratório superior (garganta e
necessidade de se cadastrar as parteiras locais e orientá-las quanto nariz), onde a infecção é improvável de acontecer. Contudo, quando
aos cuidados com o coto umbilical. Os óbitos ocorridos em recém- os bacilos atingem os alvéolos a infecção pode se iniciar.
-nascidos menores de 28 dias devem ser investigados. Em primeiro lugar, os bacilos multiplicam-se nos alvéolos e um
Para o adequado controle da doença é importante que as mu- pequeno número entra na circulação sanguínea disseminando-se
lheres em idade fértil estejam com a imunização contra o tétano por todo o corpo.
atualizada e que o atendimento pré-natal seja garantido a todas as Dentro de 2 a 10 semanas, no entanto, o sistema imune usual-
gestantes. mente intervém, impedindo que os bacilos continuem a se multipli-
car, prevenindo disseminação posterior.
Sarampo A infecção tuberculosa, sem doença, significa que os bacilos
O sarampo é causado por um vírus - o vírus do sarampo - cuja estão no corpo da pessoa, mas o sistema imune os está mantendo
transmissão ocorre de pessoa a pessoa, através de secreções naso- sob controle. O sistema imune faz isto produzindo células chama-
faríngeas expelidas pela tosse, fala, respiração e espirro. É extrema- das macrófagos que fagocitam os bacilos e formam uma barreira,
mente contagioso e transmissível, e seu período de incubação varia o granuloma, que mantém os bacilos sob controle. A infecção tu-
de 7 a 18 dias, sendo em média de 10 dias. berculosa é detectada apenas pela prova tuberculínica. As pessoas
Após o período de incubação, o sarampo caracteriza-se por infectadas e que não estão doentes não transmite o bacilo.
febre, tosse seca, coriza, lacrimejamento e fotofobia. Nesta fase, Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose
observa-se também o aparecimento de hiperemia da mucosa oral doença em qualquer fase da vida.
e manchas de Koplik. Em torno do quarto dia da doença, surge o Isto acontece quando o sistema imune não pode mais manter
exantema e a tosse passa a ser produtiva. os bacilos sob controle e eles se multiplicam rapidamente.
O diagnóstico é feito principalmente através de exame clínico. Todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuber-
O tratamento é sintomático, não havendo nada específico a ser culose, porém, ocorre mais frequentemente nos pulmões, gânglios,
prescrito. pleura, rins, cérebro e ossos.
Após a notificação de um caso suspeito, deve-se tomar medi-
das de acordo as orientações do sistema de vigilância. Apenas em torno de 10% das pessoas infectadas adoecem,
metade delas durante os dois primeiros anos após a infecção e a
Tuberculose4 outra metade ao longo de sua vida. Esta estimativa está correta se
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada não existirem outras infecções ou doenças que debilitem o sistema
por um microrganismo denominado Mycobacterium tuberculosis, imunológico da pessoa, como, por exemplo:
também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga atra- - Diabetes Mellitus (DM);
vés do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por - Infecção pelo HIV;
um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao tossir, espirrar ou - Tratamento prolongado com corticosteroides;
falar em voz alta. Quando estas gotículas são inaladas por pessoas - Terapia imunossupressora;
sadias, provocam a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a - Doenças renais crônicas, entre outras;
doença. - Desnutrição calórico proteica.
A propagação da tuberculose está intimamente ligada às condi-
ções de vida da população. Prolifera, como todas as doenças infec- Nestes casos, o risco de progressão da infecção para a doença
ciosas, em áreas de grande concentração humana, com precários aumenta.
serviços de infraestrutura urbana, como saneamento e habitação, Denomina-se “caso de tuberculose” todo indivíduo com diag-
onde coexistem a fome e a miséria. Por isto, a sua incidência é nóstico confirmado por baciloscopia ou cultura e aquele em que o
maior nas periferias das grandes cidades, podendo, porém, acome- médico, com base nos dados clínico-epidemiológicos e no resulta-
ter qualquer pessoa mesmo em áreas rurais. do de exames complementares, firma o diagnóstico de tuberculose.
“Caso novo” é o doente com tuberculose que nunca se submeteu
A infecção pelo bacilo da tuberculose pode ocorrer em qual- à quimioterapia antituberculosa, fez uso de tuberculostáticos por
quer idade, mas no Brasil geralmente acontece na infância. Nem menos de 30 dias, ou submeteu-se ao tratamento para tuberculose
todas as pessoas expostas ao bacilo da tuberculose se tornam infec- há cinco anos ou mais.
tadas. A probabilidade que a TB seja transmitida depende de alguns
fatores: As ações para a procura de casos devem estar voltadas para os
- Da contagiosidade do caso índice (doente bacilífero fonte da grupos com maior probabilidade de apresentar tuberculose. Deve-
infecção); -se realizar a busca ativa de casos entre:
- Do tipo de ambiente em que a exposição ocorreu; - Os sintomáticos respiratórios: a equipe de saúde deve estar
- Da duração da exposição. preparada para realizar a busca sistemática de sintomáticos respi-
ratórios, ou seja, das pessoas maiores de 15 anos que procuram os
serviços de saúde por qualquer motivo e apresentam queixas de
tosse e expectoração por três semanas ou mais. Entre esses, deve-
40 Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de -se procurar o doente com tuberculose pulmonar bacilífera, fonte
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual técnico para o controle da de infecção” para outros indivíduos;
tuberculose: cadernos de atenção básica. 6. ed. rev. e ampl. Brasília: Ministério da - Contatos de casos de tuberculose: toda pessoa, parente ou
Saúde, 2002. não, que coabita com um doente de tuberculose;

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atenção especial deve ser dada às populações de maior risco É importante que a população seja esclarecida em relação à
de adoecimento como os residentes em comunidades fechadas doença, e que nesta orientação reforça-se a necessidade do uso de
como presídios, manicômios, abrigos e asilos e os indivíduos eti- preservativos durante a relação sexual e os riscos inerentes ao uso
listas, usuários de drogas, mendigos, imunodeprimidos por uso de de seringas compartilhadas - especificamente para os usuários de
medicamentos ou por doenças imunossupressoras (aids, diabetes) drogas injetáveis.
e ainda os trabalhadores em situações especiais que mantêm con- Considerando-se a dimensão dos problemas sociais e de saúde
tato próximo com doente com TB pulmonar bacilífera. que envolvem o dependente químico e seus familiares, vários mu-
A procura de casos deve ser feita ainda entre os suspeitos ra- nicípios possuem serviços ou equipes especializadas para o atendi-
diológicos (pacientes com imagens suspeitas de TB que chegam ao mento dessas pessoas.
serviço de saúde). De acordo com as recomendações do Programa Nacional de
As equipes do PSF, os agentes comunitários de saúde e os pro- Imunizações (PNI), a vacina para prevenir a hepatite B deve ser ad-
fissionais de saúde responsáveis pela vigilância epidemiológica no ministrada nos menores de um ano de idade a partir do nascimen-
município devem mobilizar a comunidade para identificar os tossi- to, de preferência nas primeiras 12 horas após o parto, para evitar
dores crônicos, nas famílias, clubes, igrejas, e comunidades fecha- a transmissão vertical.
das referidas acima, com o objetivo de encaminhá-los para fazer É indicada também para menores de 20 anos de idade, doado-
exame de escarro. res regulares de sangue - para mantê-los em tal condição - e grupos
Essas unidades devem contar com o apoio de uma unidade de de risco como, dentre outros, usuários de hemodiálise, hemofílicos
referência, de média complexidade. Porém do ponto de vista de sua e profissionais de saúde.
atuação no Programa de Controle da Tuberculose, as UBS devem Na fase aguda, os indivíduos com hepatite devem receber
manter a sua autonomia na descoberta e no tratamento de casos acompanhamento especializado, sendo indicado repouso, admi-
de tuberculose. nistração mínima de medicamentos, abstenção do consumo de be-
bidas alcoólicas e tabagismo e dieta pobre em gorduras, devido à
Hepatite B fragilidade hepática presente nesta fase. Para os doentes crônicos,
No Brasil, são consideradas áreas de alta endemicidade para estes cuidados são redobrados e os mesmos devem ser orientados
a hepatite B o estado do Espírito Santo, a região oeste do estado para não fazerem uso de bebidas alcoólicas e/ou fumo, bem como
de Santa Catarina e os estados integrantes da Amazônia Legal. O esclarecidos sobre a possibilidade de hospitalização em caso de
agente infeccioso da doença é o vírus HBV, que infecta o homem, agravamento do quadro clínico.
seu reservatório natural. Pelo risco de se adquirir a hepatite B por exposição ocupacional
A transmissão ocorre por meio de solução de continuidade a sangue e materiais potencialmente infectantes, faz-se necessário
da pele e/ou mucosas, em contato com o sangue e outros fluidos que os profissionais de saúde sejam vacinados, além de orientados
corpóreos (como sêmen, secreção vaginal e saliva) de doente ou para que utilizem as precauções padrão quando da execução dos
portador. procedimentos.
Diversas situações possibilitam a transmissão do vírus, tais
como relação sexual, uso de seringas e agulhas compartilhadas - no Hepatite A
caso de usuários de drogas - transfusão de sangue e seus derivados A hepatite A é um dos tipos de hepatite cuja incidência vem
- quando fora da recomendação técnica -, procedimentos odonto- aumentando progressivamente, em virtude das precárias condições
lógicos, cirúrgicos e de hemodiálise - quando não respeitadas as de higiene e saneamento básico existentes em muitas cidades bra-
normas de biossegurança. sileiras. Sua ocorrência é também observada em instituições fecha-
A transmissão vertical se verifica, sobretudo, no período peri- das, como quartéis, creches e escolas - cuja fonte de água é comum
natal, durante o parto. -, bem como na preparação dos alimentos.
O período de incubação é de 30 a 180 dias, sendo em média de Nos países em desenvolvimento, as crianças e jovens são a fai-
60 a 90 dias. O indivíduo transmite a doença duas a três semanas xa etária mais acometida por essa doença.
antes de apresentar os primeiros sintomas e a continua transmi- A transmissão ocorre pelo contágio fecal-oral, isto é, pela inges-
tindo durante a fase aguda da hepatite B e no estado de portador tão de água e alimentos contaminados pelas fezes de doentes. Após
crônico. a entrada do vírus causador da hepatite A (HAV) no organismo, a
A infecção pelo HBV pode apresentar formas assintomáticas, doença pode manifestar-se entre 15 e 45 dias, em média, 30 dias.
sintomáticas ou graves, das quais a primeira é a mais frequente. A forma com que o vírus da hepatite A afeta as funções do fí-
Os sinais e sintomas característicos são mal-estar, cefaleia, fe- gado é semelhante à descrita para a hepatite B. As manifestações
bre, náuseas e vômitos, ocorrendo também dor abdominal, icterí- clínicas caracterizam-se por grande variabilidade, podendo ser
cia, fezes esbranquiçadas (acolia), aumento do fígado (hepatomega- inespecífica como um quadro gripal ou se apresentar com sinais e
lia), urina escurecida (colúria) e aumento do baço (esplenomegalia). sintomas de mal-estar, cefaleia, febre, artralgias (dores articulares),
A confirmação diagnóstica é feita laboratorialmente, através de náuseas, vômitos e inapetência - podendo também ocorrer dor ab-
exame de sangue com a identificação dos marcadores sorológicos dominal, icterícia, fezes acólicas e colúria.
virais da hepatite. O fígado e o baço podem estar aumentados (hepatomegalia e
Após a notificação de um caso suspeito ou confirmado, imedia- esplenomegalia, respectivamente). Na fase de convalescença, há
tamente devem ser tomadas providências de acordo com o sistema melhora gradual do quadro clínico e os sintomas tendem a desa-
de vigilância epidemiológica. parecer.

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O diagnóstico da hepatite é feito com base no exame clínico, na Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável,
avaliação das provas sanguíneas de função hepática e na identifica- e quanto mais precocemente diagnostica e tratada mais rapida-
ção dos marcadores sorológicos para hepatite, exame que permite mente se cura o paciente.
identificar o tipo e estágio da hepatite apresentada pelo indivíduo. A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo
O tratamento da hepatite A é sintomático, prescrevendo-se re- de Hansen, que é um parasita intracelular obrigatório, com afinida-
pouso relativo e dieta pobre em gorduras até a melhora do quadro, de por células cutâneas e por células dos nervos periféricos, que se
e a reversão das alterações nas provas de função hepática. instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar.
Após a notificação de um caso, deve-se preencher a ficha de O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar, em mé-
investigação epidemiológica para a coleta de dados. As vigilâncias dia, de 11 a 16 dias.
epidemiológica e sanitária devem trabalhar conjuntamente na ten- O M. leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto
tativa de identificar a possível fonte de infecção relacionada com o é, infecta muitas pessoas, no entanto só poucas adoecem.
ambiente e os alimentos, principalmente quando ocorrem em fre- O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reser-
quência aumentada, ocasionando um surto. vatório), embora tenham sido identificados animais naturalmente
Os doentes devem receber orientação de como evitar a disse- infectados.
minação do vírus, aprendendo a lavar as mãos após o uso do vaso O homem é considerado a única fonte de infecção da hansenía-
sanitário e a higienizar adequadamente as instalações sanitárias se. O contágio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do
com desinfetante à base de hipoclorito de sódio a 1% (água sani- bacilo de Hansen, não tratada, que o elimina para o meio exterior,
tária). contagiando pessoas susceptíveis.
Diante de um surto ou epidemia, deve-se proceder a investiga- A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente
ção epidemiológica e tomar medidas de acordo com o sistema de de hanseníase, e a mais provável porta de entrada no organismo
vigilância epidemiológica. passível de ser infectado são as vias aéreas superiores, o trato res-
piratório. No entanto, para que a transmissão do bacilo ocorra, é
Hanseníase5 necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada.
Conforme traz a Portaria Conjunta nº 125, de 26 de março de O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e
2009 que define ações de controle da hanseníase, o Programa Na- suas diferentes manifestações clínicas, dependem dentre outros fa-
cional de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde desenvol- tores, da relação parasita/hospedeiro e pode ocorrer após um lon-
ve um conjunto de ações que visam orientar a prática em serviço go período de incubação, de 2 a 7 anos.
em todas as instâncias e diferentes complexidades, de acordo com A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de am-
os princípios do SUS, fortalecendo as ações de vigilância epidemio- bos os sexos, no entanto, raramente ocorre em crianças. Observa-
lógica da hanseníase, promoção da saúde com base na educação -se que crianças, menores de quinze anos, adoecem mais quando
permanente e assistência integral aos portadores deste agravo. há uma maior endemicidade da doença. Há uma incidência maior
A atenção à pessoa com hanseníase, suas complicações e se- da doença nos homens do que nas mulheres, na maioria das re-
quelas, deve ser oferecida em toda a rede do Sistema Único de Saú- giões do mundo.
de, de acordo com a necessidade de cada caso. Além das condições individuais, outros fatores relacionados
aos níveis de endemia e às condições socioeconômicas desfavorá-
Considera-se um caso de hanseníase, a pessoa que apresenta veis, assim como condições precárias de vida e de saúde e o elevado
um ou mais dos seguintes sinais cardinais e que necessita de trata- número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, influem
mento poliquimioterápico: no risco de adoecer.
a) Lesão (ões) e/ou área(s) da pele com diminuição ou altera- Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resis-
ção de sensibilidade; tência ao bacilo, constituindo os casos Paucibacilares (PB), que
b) Acometimento de nervo (s) periférico(s) com ou sem espes- abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente
samento associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou au- para infectar outras pessoas. Os casos Paucibacilares, portanto, não
tonômicas; são considerados importantes fontes de transmissão da doença de-
c) Baciloscopia positiva de esfregaço intradérmico. vido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até curar-se
O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico espontaneamente.
e epidemiológico, realizado por meio da análise da história e con- Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao
dições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico para bacilo, que se multiplica no seu organismo passando a ser elimi-
identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade nado para o meio exterior, podendo infectar outras pessoas. Estas
e/ou comprometimento de nervos periféricos (sensitivo, motor e/ pessoas constituem os casos Multibacilares (MB), que são a fonte
ou autonômico). de infecção e manutenção da cadeia epidemiológica da doença.
O comprometimento dos nervos periféricos é a característica Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem le-
principal da doença, dando-lhe um grande potencial para provocar são cutânea, (suspeita de hanseníase neural pura) e aqueles que
incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformida- apresentam área (s) com alteração sensitiva e/ou autonômica du-
des. Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns vidosa e sem lesão cutânea evidente, deverão ser encaminhados
problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho, limita- para unidades de saúde de maior complexidade para confirmação
ção da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, tam- diagnóstica.
bém, pelo estigma e preconceito contra a doença.
50 Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase.
Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Recomenda-se que nessas unidades os mesmos sejam submetidos novamente ao exame dermatoneurológico criterioso, à coleta de
material (baciloscopia ou histopatologia cutânea ou de nervo periférico sensitivo), a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos
para identificar comprometimento cutâneo ou neural discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias periféricas.
Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige exame criterioso, diante da dificuldade de aplicação e interpretação dos testes de
sensibilidade.
O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis, se vier a causar impacto psicoló-
gico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pessoas de sua rede social, esta situação requererá uma abordagem apropriada pela
equipe de saúde que permita a aceitação do problema, superação das dificuldades e maior adesão aos tratamentos. Esta atenção deve ser
oferecida no momento do diagnóstico, bem como no decorrer do tratamento da doença e se necessário após a alta.

A classificação operacional do caso de hanseníase, visando o tratamento com poliquimioterapia é baseada no número de lesões cutâ-
neas de acordo com os seguintes critérios:

PAUCIBACILAR (PB) - Casos Com Até Cinco Lesões de Pele


Formas Clínicas:
- Indeterminada (HI): áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas hipocrômicas e/ou eritemohipocrômicas, com ou sem diminui-
ção da sudorese e rarefação de pelos.
- Tuberculóide (HT): placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, até 5 lesões de pele bem delimitadas, hipo ou anestésicas, podendo
ocorrer comprometimento de nervos.

MULTIBACILAR (MB) - Casos com mais de Cinco Lesões de Pele


Formas Clínicas:
- Dimorfa (HD): lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o centro claro). Lesões foveolares (eritemato pigmentares de tonali-
dade ferruginosa ou pardacenta), apresentando alterações de sensibilidade.
- Virchowiana (HV): eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de pele, infiltradas e de bordas mal definidas, tubérculos e nó-
dulos, madarose, lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade.

A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico), quando disponível, deve ser utilizada como exame complementar para a classificação
dos casos em PB ou MB.
A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do número de lesões.

Atenção: o resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase.

Tratamento da Hanseníase

Apresentação: Duração: 12 meses

FAIXA CARTELA PB CARTELA MB


Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg (2) Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg (2)
Adulto Dapsona (DDS): comprimido de 100mg (28) Dapsona (DDS): comprimido de 100mg (28)
- Clofazimina (CFZ): cápsula de 100mg (3) e cápsula de 50mg (27)
Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg (1) e cápsula de
Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg (1) e cápsula de 300mg (1)
300mg (1)
Criança
Dapsona (DDS): comprimido de 50mg (28) Dapsona (DDS): comprimido de 50mg (28)
Clofazimina (CFZ): cápsula de 50mg (16)
Nota: A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT.

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esquemas Terapêuticos
Os esquemas terapêuticos deverão ser utilizados de acordo com a classificação operacional:

I - PAUCIBACILAR: 6 cartelas

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração supervisionada.
ADULTO
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e dose diária de 100mg auto administrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300mg) com administração supervisionada.
CRIANÇA
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e dose diária de 50mg auto administrada.
Duração: 6 doses. Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada. Critério de alta: o tratamento estará con-
cluído com seis (6) doses supervisionadas em até 9 meses. Na 6ª dose, os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico,
avaliação neurológica simplificada e do grau de incapacidade física e receber alta por cura.

II - MULTIBACILAR: 12 cartelas

Duração: 24 doses.

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária de 100mg auto administrada.
ADULTO
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg) com administração supervisionada e uma dose diária de
50mg auto administrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300 mg) com administração supervisionada.
CRIAN- Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e uma dose diária de 50mg auto administrada.
ÇA Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (3 cápsulas de 50mg) com administração supervisionada e uma dose de 50mg auto
administrada em dias alternados.
Duração: 12 doses. Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada. Critério de alta: o tratamento esta-
rá concluído com doze (12) doses supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª dose, os pacientes deverão ser submetidos ao exame
dermatológico, avaliação neurológica simplificada e do grau de incapacidade física e receber alta por cura. Os pacientes MB que não
apresentarem melhora clínica ao final do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas) deverão ser encaminhados para avaliação nas
unidades de maior complexidade para verificar a necessidade de um segundo ciclo de tratamento com 12 doses.

A principal forma de prevenir a instalação de deficiências e incapacidades físicas é o diagnóstico precoce. A prevenção de deficiências
(temporárias) e incapacidades (permanentes) não deve ser dissociada do tratamento PQT. As ações de prevenção de incapacidades e de-
ficiências fazem parte da rotina dos serviços de saúde e recomendadas para todos os pacientes.
A prevenção das incapacidades físicas é realizada através de técnicas simples e de orientação ao paciente para a prática regular de
autocuidado. Técnicas simples são procedimentos a serem aplicados e ensinados ao(à) paciente nas unidades básicas de saúde durante
o acompanhamento do caso e após a alta, com o propósito de prevenir incapacidades e deformidades físicas decorrentes da hanseníase.
Autocuidados são procedimentos que o(a) próprio paciente, devidamente orientado(a), deverá realizar regularmente no seu domicí-
lio.
A descoberta de caso é feita por meio da detecção ativa (investigação epidemiológica de contatos, e exame de coletividade como
inquéritos e campanhas) e passiva (demanda espontânea e encaminhamento).
Caso novo de hanseníase é aquele que nunca recebeu qualquer tratamento específico.
A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo território nacional e de investigação obrigatória. Cada caso diagnos-
ticado deve ser notificado na semana epidemiológica de ocorrência do diagnóstico, utilizando-se a ficha de notificação e investigação do
Sistema de Informação de Notificação de Agravos (SINAN).
A notificação deve ser enviada em meio físico, magnético ou virtual ao órgão de vigilância epidemiológica hierarquicamente superior,
permanecendo uma cópia no prontuário. As fichas de notificação dos casos devem ser preenchidas por profissionais das unidades de saú-
de onde o(a) paciente foi diagnosticado(a).
A notificação de casos de recidiva deverá ser realizada pelo serviço de referência que procedeu a confirmação diagnóstica. Após ava-
liação, os casos confirmados e sem complicação, deverão ser contra referenciados para tratamento e acompanhamento na unidade básica.
A investigação epidemiológica de contato consiste no exame dermatoneurológico de todos os contatos intradomiciliares dos casos
novos detectados e repasse de orientações sobre período de incubação, transmissão e sinais e sintomas precoces da hanseníase.
A investigação epidemiológica tem por finalidade a descoberta de casos entre aqueles que convivem ou conviveram com o doente e
suas possíveis fontes de infecção. Para fins operacionais considera-se contato intradomiciliar toda e qualquer pessoa que resida ou tenha
residido com o doente de hanseníase nos últimos 5 (cinco) anos.
Atenção: todo contato de hanseníase deve receber orientação de que a BCG não é uma vacina específica para este agravo e neste
grupo, é destinada, prioritariamente, aos contatos intradomiciliares.

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É de responsabilidade da unidade básica de saúde dispor do Importante: Quando a pessoa doente inicia o tratamento qui-
tratamento completo para cada caso, conforme faixa etária e clas- mioterápico, ela deixa de ser transmissora da doença, pois as pri-
sificação operacional, na forma de esquema de Poliquimioterapia meiras doses da medicação matam os bacilos, torna-os incapazes
(PQT/OMS). A programação deverá ser de acordo o número de ca- de infectar outras pessoas.
sos PB e MB. O armazenamento da medicação deve ser feito em
local arejado, sem umidade, calor ou luminosidade excessiva. Difteria
É de responsabilidade dos Centros de Referência Municipais, Desde 1977, o número de casos de difteria notificados no Brasil
Regionais, Estaduais e/ou Nacionais dispor do tratamento completo vem diminuindo em vista do aumento da cobertura vacinal.
para cada caso que necessitar dos esquemas alternativos, definidos A difteria ocorre durante todo o ano, havendo um aumento de
anteriormente. incidência nas estações em que a temperatura é mais baixa (outono
O estoque regulador de tratamento PQT/OMS para a assistên- e inverno), devido à aglomeração de pessoas em ambientes fecha-
cia nos três níveis de complexidade e dos medicamentos dos es- dos. Também conhecida como crupe, tem como agente causador a
quemas alternativos e anti-reacionais para os Centros de Referência bactéria Corynebacterium diphtheriae.
Municipais, Regionais, Estaduais e/ou Nacionais é estimado a partir A transmissão ocorre por contato direto com doentes ou por-
da detecção de novos casos do ano anterior, conforme matriz pro- tadores da bactéria, por meio de secreções da nasofaringe, que pe-
gramática específica. netram no organismo através das vias aéreas superiores. Uma vez
O Ministério da Saúde é responsável pela programação, aquisi- na faringe, local mais frequentemente afetado, a bactéria diftérica
ção e distribuição nacional dos medicamentos, com a participação se fixa, estimulando a ocorrência de uma inflamação purulenta e
das Secretarias Estaduais de Saúde. Cabe às Secretarias Estaduais e produzindo uma toxina que causa necrose do tecido da faringe.
Municipais de Saúde a gestão da distribuição às unidades de saúde Embora com menor frequência, outra forma de transmissão
aonde são dispensados, zelando para que não haja descontinuida- pode ocorrer através de objetos contaminados por secreções.
de na oferta desse insumo. O período de incubação dura em torno de um a seis dias, po-
A comunicação e educação em saúde é um dos componentes dendo ser mais longo. A manifestação clínica mais frequente é a
estruturantes do Programa Nacional de Controle da Hanseníase presença da pseudomembrana branco-acinzentada que pode surgir
compreende três eixos: ações de comunicação em saúde; educação nas amígdalas e invadir as estruturas vizinhas.
permanente e mobilização social. Estas ações devem ser conduzi- Pode ainda estender-se às fossas nasais, traqueia, brônquios
das sempre em consonância com as políticas vigentes. Nesse pro- e mais raramente na pele, conjuntiva ocular e mucosa vaginal. Nos
cesso deve-se promover a participação de diferentes atores sociais casos mais graves, há intenso edema no pescoço, com aumento dos
no planejamento, execução e avaliação, favorecendo a democrati- gânglios linfáticos presentes nessa região.
zação e a descentralização dessas ações. Para se diagnosticar a doença, realiza-se o exame das lesões
As ações de comunicação são fundamentais à divulgação das existentes na orofaringe e nasofaringe. A coleta com swab deve ser
informações sobre hanseníase dirigidas à população em geral, e em efetuada antes de iniciado o tratamento com antibióticos.
particular, aos profissionais de saúde e pessoas atingidas pela doen- As complicações mais comuns são miocardite e comprometi-
ça e de sua convivência. Essas ações devem ser realizadas de forma mento dos nervos periféricos. Os doentes devem ser hospitalizados
integrada à mobilização social. para receber tratamento, que consiste na administração de soro an-
As práticas de educação em saúde para controle da hanseníase tidiftérico e terapia com base em antibióticos.
devem basear-se na política de educação permanente e na política É muito importante que a equipe de enfermagem oriente os
nacional de promoção da saúde. Essas atividades devem compreen- doentes ou os seus responsáveis a relatar sinais de dificuldade res-
der, pelo menos, atenção integral, estímulo à investigação e ao au- piratória, sintoma que indica a necessidade de um acompanhamen-
toexame dos contatos intradomiciliares, autocuidado, prevenção e to mais frequente.
tratamento de incapacidades físicas e suporte psicológico durante Para controlar a transmissão da doença, é indispensável admi-
e após o tratamento. nistrar o toxoide diftérico em toda a população exposta ao risco, nas
A educação permanente em saúde, ao proporcionar a forma- pessoas não vacinadas e nas inadequadamente vacinadas ou com
ção dos profissionais de saúde, gestores e usuários, é uma estra- estado vacinal desconhecido.
tégia essencial à atenção integral humanizada e de qualidade, ao Para todos os comunicantes de doentes (escolares e familiares)
fortalecimento do SUS e à garantia de direitos e da cidadania. Para deve ser indicado o exame clínico, mantendo-se a vigilância sobre
tanto, faz-se necessário estabelecer ações intersetoriais envolven- os mesmos durante uma semana, pelo menos. Devem ser adotadas
do a educação e a saúde, de acordo com as diretrizes para imple- medidas de precaução respiratória para os doentes e seus comuni-
mentação da política nacional de educação permanente em saúde. cantes, até que duas culturas de secreção de nasofaringe e orofarin-
Recomenda-se que a educação permanente em saúde con- ge não revelem a presença da bactéria diftérica.
temple - na hanseníase - a reorientação das práticas de formação,
atenção, gestão, formulação de políticas e controle social e seja Diabetes6
realizada de forma intersetorial com outras áreas governamentais, O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas
sociedades científicas, conselhos reguladores e órgãos formadores por hiperglicemia (aumento da glicose no sangue) e associadas a
de profissionais da saúde e entidades não governamentais. complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especial-
De acordo com as recomendações do Pacto pela Saúde cabe- mente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos.
rá às três esferas de governo trabalhar em parceria com as demais
instituições e entidades da sociedade civil para a divulgação de 60 Texto extraído de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
informações atualizadas sobre a hanseníase e atenção integral ao Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da
portador de hanseníase ou de suas sequelas. Saúde, 2006.

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina Em geral, mostram evidências de resistência à ação da insulina
envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, des- e o defeito na secreção de insulina manifesta-se pela incapacidade
truição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resis- de compensar essa resistência. Em alguns indivíduos, no entanto, a
tência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre ação da insulina é normal, e o defeito secretor mais intenso.
outros.
Há duas formas atuais para classificar o diabetes, a classificação Diabetes Gestacional
em tipos de diabetes (etiológica), definidos de acordo com defeitos É a hiperglicemia diagnosticada na gravidez, de intensidade va-
ou processos específicos, e a classificação em estágios de desen- riada, geralmente se resolvendo no período pós-parto, mas retor-
volvimento, incluindo estágios pré-clínicos e clínicos, este último nando anos depois em grande parte dos casos.
incluindo estágios avançados em que a insulina é necessária para Seu diagnóstico é controverso. A OMS recomenda detectá-lo
controle ou sobrevivência. com os mesmos procedimentos diagnósticos empregados fora da
Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, gravidez, considerando como diabetes gestacional valores referidos
anteriormente conhecido como diabetes juvenil, que compreende fora da gravidez como indicativos de diabetes ou de tolerância à
cerca de 10% do total de casos, e o diabetes tipo 2, anteriormente glicose diminuída.
conhecido como diabetes do adulto, que compreende cerca de 90% Cerca de 80% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser atendi-
do total de casos. dos predominantemente na atenção básica, enquanto que os casos
Outro tipo de diabetes encontrado com maior frequência e de diabetes tipo 1 requerem maior colaboração com especialistas
cuja etiologia ainda não está esclarecida é o diabetes gestacional, em função da complexidade de seu acompanhamento. Em ambos
que, em geral, é um estágio pré-clínico de diabetes, detectado no os casos, a coordenação do cuidado dentro e fora do sistema de
rastreamento pré-natal. saúde é responsabilidade da equipe de atenção básica.
Outros tipos específicos de diabetes menos frequentes podem
resultar de defeitos genéticos da função das células beta, defeitos Cerca de 50% da população com diabetes não sabe que são
genéticos da ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endo- portadores da doença, algumas vezes permanecendo não diagnos-
crinopatias, efeito colateral de medicamentos, infecções e outras ticados até que se manifestem sinais de complicações. Por isso,
síndromes genéticas associadas ao diabetes. testes de rastreamento são indicados em indivíduos assintomáticos
que apresentem maior risco da doença, apesar de não haver en-
Diabetes tipo 1 saios clínicos que documentem o benefício resultante e a relação
O termo tipo 1 indica destruição da célula beta que eventual- custo-efetividade ser questionável.
mente leva ao estágio de deficiência absoluta de insulina, quando
a administração de insulina é necessária para prevenir cetoacidose, Fatores indicativos de maior risco são listados a seguir:
coma e morte. - Idade >45 anos;
A destruição das células beta é geralmente causada por pro- - Sobrepeso (Índice de Massa Corporal IMC >25);
cesso autoimune, que pode ser detectado por auto anticorpos cir- - Obesidade central (cintura abdominal >102 cm para homens e
culantes como anti-descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), >88 cm para mulheres, medida na altura das cristas ilíacas);
anti-ilhotas e anti-insulina, e, algumas vezes, está associado a ou- - Antecedente familiar (mãe ou pai) de diabetes;
tras doenças autoimunes como a tireoidite de Hashimoto, a doença - Hipertensão arterial (> 140/90 mmHg);
de Addison e a miastenia gravis. Em menor proporção, a causa da - Colesterol HDL d”35 mg/dL e/ou triglicerídeos e”150 mg/dL;
destruição das células beta é desconhecida (tipo 1 idiopático). - História de macrossomia ou diabetes gestacional;
O desenvolvimento do diabetes tipo 1 pode ocorrer de forma - Diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos;
rapidamente progressiva, principalmente, em crianças e adolescen- - Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica
tes (pico de incidência entre 10 e 14 anos), ou de forma lentamen- definida.
te progressiva, geralmente em adultos, (LADA, latent autoimmune
diabetes in adults; doença autoimune latente em adultos). Indivíduos de alto risco requerem investigação diagnóstica la-
Esse último tipo de diabetes, embora assemelhando-se clinica- boratorial com glicemia de jejum e/ou teste de tolerância à glicose,
mente ao diabetes tipo 1 autoimune, muitas vezes é erroneamente como discutido na próxima seção. Alguns casos serão confirmados
classificado como tipo 2 pelo seu aparecimento tardio. Estima-se como portadores de diabetes, outros apresentarão alteração na
que 5-10% dos pacientes inicialmente considerados como tendo regulação glicêmica (tolerância à glicose diminuída ou glicemia de
diabetes tipo 2 podem, de fato, ter LADA. jejum alterada), o que confere maior risco de desenvolver diabetes.
Está bem demonstrado hoje que indivíduos em alto risco (com
Diabetes tipo 2 tolerância à glicose diminuída), podem prevenir, ou ao menos retar-
O termo tipo 2 é usado para designar uma deficiência relativa dar, o aparecimento do diabetes tipo 2.
de insulina. A administração de insulina nesses casos, quando efe- Por exemplo, mudanças de estilo de vida reduziram 58% da in-
tuada, não visa evitar cetoacidose, mas alcançar controle do quadro cidência de diabetes em 3 anos. Essas mudanças visavam discreta
hiperglicêmico. A cetoacidose é rara e, quando presente, é acompa- redução de peso (5-10% do peso), manutenção do peso perdido,
nhada de infecção ou estresse muito grave. aumento da ingestão de fibras, restrição energética moderada, res-
A maioria dos casos apresenta excesso de peso ou deposição trição de gorduras, especialmente as saturadas, e aumento de ati-
central de gordura. vidade física regular.

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Intervenções farmacológicas, p.ex., alguns medicamentos uti- Os mecanismos do aparecimento destas complicações ainda
lizados no tratamento do diabetes, como a metformina, também não estão completamente esclarecidos, mas a duração do diabetes
foram eficazes, reduzindo em 31% a incidência de diabetes em 3 e seu controle interagem com outros fatores de risco, como hiper-
anos. Esse efeito foi mais acentuado em pacientes com IMC > 35 tensão arterial, fumo e dislipidemia determinando o curso da micro
kg/m2. e macroangiopatia.
Casos com alto risco de desenvolver diabetes, incluindo mu- O controle intensivo desses fatores através de medidas não-
lheres que tiveram diabetes gestacional, devem fazer investigação -farmacológicas e farmacológicas pode reduzir quase todas as com-
laboratorial periódica para avaliar sua regulação glicêmica. A carac- plicações em pelo menos metade. Parte expressiva do acompanha-
terização do risco é feita de modo semelhante àquela feita para sus- mento do indivíduo com diabetes deve ser dedicada à prevenção,
peita de diabetes assintomático discutida acima. identificação e manejo destas complicações.
Os sintomas clássicos de diabetes são: poliúria, polidipsia, poli- O manejo requer uma equipe de atenção básica treinada com
fagia e perda involuntária de peso (os “4 Ps”). Outros sintomas que tarefas específicas, incluindo a coordenação do plano terapêutico
levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido e das referências e contra referências dentro do sistema de saúde.
cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição.
Algumas vezes o diagnóstico é feito a partir de complicações Hipertensão Arterial7
crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema grave de
aterosclerótica. saúde pública no Brasil e no mundo.
Entretanto, como já mencionado, o diabetes é assintomático Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvol-
em proporção significativa dos casos, a suspeita clínica ocorrendo vimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais,
então a partir de fatores de risco para o diabetes. sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente
As causas modificáveis do diabetes tipo 2 são alimentação ina- vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial corona-
dequada (qualidade e quantidade) e inatividade física. Portanto, riana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insufi-
não é de surpreender que mudanças positivas no estilo de vida, ciência renal terminal.
quando realizadas, sejam tão efetivas na prevenção e controle do Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA
diabetes tipo 2. A seguir são descritos os aspectos principais das 140/90 mmHg), a prevalência na população urbana adulta brasileira
orientações a serem dadas aos pacientes sobre alimentação e ati- varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi
vidade física. conduzido.
Como o diabetes é uma doença evolutiva, com o decorrer dos
anos, quase todos os pacientes requerem tratamento farmacoló- A principal relevância da identificação e controle da HAS reside
gico, muitos deles com insulina, uma vez que as células beta do na redução das suas complicações, tais como:
pâncreas tendem a progredir para um estado de falência parcial ou - Doença cerebrovascular;
total ao longo dos anos. - Doença arterial coronariana;
Entretanto, mudanças positivas no estilo de vida - alimentares - Insuficiência cardíaca;
e de atividade física - são de fundamental importância no alcance - Doença renal crônica;
dos objetivos do tratamento quais sejam o alívio dos sintomas e a - Doença arterial periférica.
prevenção de complicações agudas e crônicas.
A metformina é o medicamento de escolha para a maioria dos Os profissionais de saúde da rede básica têm importância pri-
pacientes com diabetes tipo 2. mordial nas estratégias de controle da hipertensão arterial, quer na
O controle glicêmico estável - satisfatório - pressupõe variações definição do diagnóstico clínico e da conduta terapêutica, quer nos
ao longo do dia na faixa de 80 a 160 mg/dL. Pequenos desvios po- esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso
dem ocorrer para mais ou para menos, sendo facilmente controla- como de fazê-lo seguir o tratamento.
dos com ajustes de dieta, atividade física, ou medicações. É preciso ter em mente que a manutenção da motivação do
Em algumas situações, no entanto, esses desvios são mais paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma das batalhas
acentuados, caracterizando a descompensação hiperglicêmica agu- mais árduas que profissionais de saúde enfrentam em relação ao
da e a hipoglicemia, respectivamente. As duas situações requerem paciente hipertenso.
ação efetiva do paciente - família ou amigos - e do serviço de saúde. Para complicar ainda mais a situação, é importante lembrar que
O auto monitoramento do controle glicêmico e a disponibilida- um grande contingente de pacientes hipertensos também apresen-
de de um serviço de pronto atendimento - telefônico ou no serviço ta outras comorbidades, como diabete, dislipidemia e obesidade, o
- são fundamentais para auxiliar o paciente a impedir que pequenos que traz implicações importantes em termos de gerenciamento das
desvios evoluam para complicações mais graves. ações terapêuticas necessárias para o controle de um aglomerado
A história natural do diabetes é marcada pelo aparecimento de condições crônicas, cujo tratamento exige perseverança, motiva-
de complicações crônicas, geralmente classificadas como microvas- ção e educação continuada.
culares - retinopatia, nefropatia e neuropatia - e macrovasculares
- doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e vascular
periférica. 70 Texto extraído de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Todas são responsáveis por expressiva morbimortalidade, com Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sis-
taxas de mortalidade cardiovascular e renal, cegueira, amputação tema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. E de SÃO PAULO.
de membros e perda de função e qualidade de vida muito superior Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Manual de Orientação Clínica:
a indivíduos sem diabetes. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS). Linhas de Cuidado. São Paulo,
2010.

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por anos a definição de Hipertensão Arterial ficou definida Quando associada a outros fatores de risco, como diabetes
como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma mellitus, obesidade, sedentarismo e tabagismo, os níveis pressóri-
pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos cos podem ser ainda mais elevados e as consequentes lesões de
que não faziam uso de medicação anti-hipertensiva. órgãos-alvo ainda mais graves.
Devem-se considerar no diagnóstico da HAS, além dos níveis A hipertensão arterial é considerada, atualmente, um dos mais
tensionais, o risco cardiovascular global estimado pela presença dos importantes fatores de risco para doença cardiovascular. Primeiro,
fatores de risco, a presença de lesões nos órgãos-alvo e as comor- por apresentar alta prevalência. Segundo, por ter forte relação de
bidades associadas. É preciso ter cautela antes de rotular alguém risco com eventos cardiovasculares fatais e não fatais, sendo essa
como hipertenso, tanto pelo risco de um diagnóstico falso-positivo, relação contínua, positiva e independente de outros fatores. Cerca
como pela repercussão na própria saúde do indivíduo e o custo so- de 30% da população adulta apresenta níveis de pressão arterial
cial resultante. acima de 140/90mmHg, porém riscos cardiovasculares começam a
Em indivíduos sem diagnóstico prévio e níveis de PA elevada existir em níveis ainda menores.
em uma aferição, recomenda-se repetir a aferição de pressão ar- Os benefícios de se reduzir a pressão arterial foram inicial-
terial em diferentes períodos, antes de caracterizar a presença de mente demonstrados após tratamento da hipertensão maligna por
HAS. Este diagnóstico requer que se conheça a pressão usual do curtos períodos e, posteriormente, em todos os níveis de pressão
indivíduo, não sendo suficiente uma ou poucas aferições casuais. arterial.
A aferição repetida da pressão arterial em dias diversos em Estudos envolvendo pacientes com hipertensão em estágios
consultório é requerida para chegar a pressão usual e reduzir a iniciais mostram que reduções de pressão arterial de 5 a 6mmHg re-
ocorrência da “hipertensão do avental branco”, que consiste na ele- duzem o risco de acidente vascular cerebral (AVC) em 40%, doença
vação da pressão arterial ante a simples presença do profissional de arterial coronariana (DAC) em 16% e morte por evento cardiovascu-
saúde no momento da medida da PA. lar em 20%.5,6 Por tratar-se de uma patologia oligossintomática e
às vezes assintomática, acaba sendo de difícil diagnóstico, que mui-
Linhas gerais de recomendação dietética para hipertensos: tas vezes ocorre de forma tardia.
- Manter o peso corporal adequado; Estudo brasileiro mostrou que, no Rio Grande do Sul, apenas
- Reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos e retirar 50,8% dos hipertensos são conscientes de sua condição; 40,5% de-
o saleiro da mesa; les estão sendo tratados e apenas 10,4% estão controlados.
- Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos, No Brasil, em 2003, 27,4% dos óbitos foram decorrentes de
sopas, embutidos como salsicha, linguiça, salame e mortadela, con- doenças cardiovasculares, atingido 37% quando são excluídos os
servas, enlatados, defumados e salgados de pacote, fast food; óbitos por causas mal definidas e violentas.
- Limitar ou abolir o uso de bebidas alcoólicas; A hipertensão arterial é responsável por 40% das mortes por
- Dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, acidente vascular cerebral e 25% das mortes por doença coronaria-
cebola, salsa e cebolinha, ao invés de similares industrializados; na, sendo que essa porcentagem aumenta proporcionalmente aos
- Substituir bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas do- valores pressóricos.
ces e outras guloseimas por frutas in natura; Estudos epidemiológicos realizados em algumas cidades
- Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes e verdu- brasileiras mostram prevalência de pressão arterial acima de
ras no plano alimentar diário, procurando variar os tipos e cores 140/90mmHg entre 22,3 a 44 % da população, sendo este último
consumidos durante a semana; valor observado em Cotia/SP.
- Optar por alimentos com reduzido teor de gordura e, prefe-
rencialmente, do tipo mono ou poliinsaturada, presentes nas fontes Fatores de Risco
de origem vegetal, exceto dendê e coco;
- Manter ingestão adequada de cálcio pelo uso de vegetais de - Idade
folhas verde-escuras e produtos lácteos, de preferência, desnata- O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e,
dos; aqui no Brasil, vem ocorrendo de forma bastante acelerada. Com
- Identificar formas saudáveis e prazerosas de preparo dos ali- o evoluir da idade, aumenta a incidência de doenças crônicas, e,
mentos: assados, crus, grelhados, etc.; dentre elas, a mais prevalente é a hipertensão arterial sistêmica,
- Estabelecer plano alimentar capaz de atender às exigências de que afeta mais de 60% dos indivíduos nessa faixa etária, aumen-
uma alimentação saudável, do controle do peso corporal, das pre- tando progressivamente com o passar dos anos e atingindo mais
ferências pessoais e do poder aquisitivo do indivíduo e sua família. mulheres e negros.
Estudo derivado do The Framingham Heart Study demonstrou
Atualmente, considera-se que Hipertensão arterial é uma que indivíduos normotensos com idade entre 55 e 65 anos tiveram
doença definida pela persistência de pressão arterial sistólica acima 90% de risco de se tornarem hipertensos a longo prazo. Na cida-
de 135mmHg e diastólica acima de 85mmHg, sendo hoje considera- de de São Paulo a prevalência de hipertensos foi de 60% entre os
da um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares idosos e, destes, mais de 60% apresentavam hipertensão sistólica
e cerebrovasculares. isolada (HSI). É, também, o principal fator de risco modificável na
É fator de risco para insuficiência cardíaca, infarto agudo do população pediátrica.
miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência renal crônica,
aneurisma de aorta e retinopatia hipertensiva.

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Sexo e etnia
Dados da literatura indicam que o sexo não representa fator de risco para hipertensão, mostrando que a prevalência global entre ho-
mens (26,6%; IC 95%;26,0-27,2%) e mulheres (26,1%; IC 95% 25,5-26,6%) é bastante próxima. A incidência é maior em homens até 50 anos
e em mulheres a partir da sexta década. Os afrodescendentes apresentam prevalência consideravelmente maior que indivíduos brancos.

- Fatores socioeconômicos
Estudos mostram que há uma maior prevalência de hipertensão arterial entre indivíduos de nível socioeconômico mais baixo e este
fato pode estar associado aos hábitos dietéticos dessa população (maior consumo de sal e álcool); índice de massa corpórea aumentado;
maior estresse psicossocial; menor acesso aos cuidados de saúde e menor nível de escolaridade.

- Ingestão de sal
Sabe-se que aproximadamente 50% dos hipertensos são sensíveis ao sal e o uso exagerado desse nutriente está associado ao maior
risco de hipertensão. Povos que consomem dieta com menor quantidade de sal têm menor prevalência de hipertensão e a pressão arterial
não se eleva com a idade. A restrição de sal a 6g/dia produz uma queda média da pressão sistólica de a 2 a 8mmHg. Ingestão aumentada
de sódio tem sido observada em populações com baixo nível socioeconômico.

- Obesidade
Existem vários estudos mostrando a associação entre obesidade e a presença de hipertensão arterial, mas essa relação ainda não está
completamente explicada. O Nurses Health Study mostra que o excesso de peso, mesmo que discreto, aumenta substancialmente o risco
de hipertensão. Para cada 1 Kg/m2 de aumento do índice de massa corpórea (IMC), o aumento no risco relativo para hipertensão foi de
12%.
Os estudos INTERSALT e o National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) demonstraram a correlação entre IMC e
pressão arterial. Talvez essa relação possa ser explicada pela hiperinsulinemia, resistência à insulina, aumento da absorção renal de sódio,
ativação do sistema nervoso simpático e aumento da resistência vascular periférica.
Calcula-se que 20 a 30% dos casos de hipertensão estejam diretamente associados ao excesso de peso, e que 75 % dos homens e 65
% das mulheres apresentem hipertensão diretamente atribuível ao sobrepeso ou obesidade.

- Álcool
O consumo de álcool tem um efeito bifásico na pressão arterial. Pequenas quantidades diminuem seus valores, provavelmente devido
ao efeito vasodilatador; no entanto, o uso contínuo e crônico provoca o aumento dos níveis de pressão, bem como diminui a eficácia dos
anti-hipertensivos.
Os potenciais mecanismos envolvidos no aumento da pressão arterial, associado ao consumo excessivo de álcool são: estimulação do
sistema nervoso simpático, da endotelina, do sistema renina-angiotensina-aldosterona, da insulina (ou resistência à insulina) e do corti-
sol; inibição de substâncias vasodilatadoras, da depleção de cálcio e magnésio, aumento do cálcio intracelular no músculo liso vascular e
aumento do acetaldeído.
Portanto, recomenda-se limitar o consumo de bebidas alcoólicas a 20 a 30g de etanol por dia para homens e 10 a 20g para mulheres.
Aos indivíduos que não conseguem se enquadrar nesses limites de consumo, sugere-se o abandono definitivo.

- Sedentarismo
O sedentarismo é um problema fundamental de saúde pública no mundo e contribui com a epidemia crescente de obesidade e au-
mento da prevalência de doenças como hipertensão.
Os mecanismos envolvidos no efeito anti-hipertensivo da atividade física de carga moderada são vários e incluem mecanismos diretos
(redução da atividade simpática; incrementação da atividade vagal e melhora da função endotelial), e mecanismos indiretos (redução da
obesidade e melhora do perfil metabólico).
O sedentarismo aumenta o risco de hipertensão em 30% quando comparado com indivíduos ativos, e a atividade aeróbica tem efeito
hipotensor mais acentuado em indivíduos hipertensos do que em normotensos.

Quadro 1: Classificação da pressão arterial em adultos - Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual de consultório
(>18 anos)

Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica (mmHg)


Ótima <120 <80
Normal <130 <85
Limítrofe 130-139 85-89
Hipertensão Estágio 1 140-159 90-99
Hipertensão Estágio 2 160-179 100-109
Hipertensão Estágio 3 >180 >110
Hipertensão Sistólica Isolada >140 <90

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estudos populacionais mostram uma relação direta entre pres- Nos locais onde é comum as pessoas conviverem em grandes
são arterial elevada e aumento de morte e eventos mórbidos rela- áreas verdes, as equipes de saúde devem orientá-las quanto ao ris-
cionados ao aparelho cardiovascular. Os limites de pressão arterial co de serem agredidas por micos e macacos.
considerados normais são arbitrários, e devemos levar em conside-
ração, durante avaliação clínica do paciente, fatores de risco cardio- Como a raiva é transmitida?
vascular associados e presença de lesões de órgão-alvo. A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infec-
É de extrema importância conscientizar o paciente da necessi- tados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser trans-
dade de uma mudança de estilo de vida, uma vez que tais medidas mitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.
podem representar uma redução relevante nos níveis de pressão O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias
arterial. até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser
mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à
Raiva Humana localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura,
A raiva humana8 é uma doença extremamente preocupante lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da
para os serviços de saúde, pois é 100% letal. A Índia é a região que proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervo-
apresenta mais casos, seguida pela África, América e Europa. sos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.
É causada por vírus e transmitida ao homem por intermédio Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a
da saliva, por ocasião de mordidas, arranhões ou lambeduras de 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante
ferimentos ou mucosas por animais infectados, doentes ou não, toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte
dentre os quais se incluem cães, gatos, macacos e outros primatas, do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresenta-
morcegos e bovinos. ção dos sintomas.
Após a inoculação pela saliva, o vírus multiplica-se na área da Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do
agressão, invadindo as terminações nervosas locais e difundindo-se vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros
pelos neurônios até o sistema nervoso central. (morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sinto-
Ao chegar ao cérebro, produz uma reação inflamatória causan- matologia aparente.
do meningoencefalite, reproduzindo-se e levando ao agravamento
do quadro. Do cérebro, o vírus volta a circular, atingindo as glându- Como prevenir a raiva?
las salivares, reiniciando a possibilidade de transmissão. No caso de agressão por parte de algum animal, a assistência
O período de incubação é muito variável e imprevisível, os sin- médica deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto ao feri-
tomas podem aparecer em menos de uma semana até 1 ano ou mento, deve-se lavar abundantemente com água e sabão e aplicar
mais (em média, 45 dias) no homem; e em 10 dias a dois meses, no produto antisséptico.
cão. O doente relata diminuição da sensibilidade no local da lesão e O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito
queixa-se de mal-estar geral, dor, cefaleia e febre. pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando a apli-
Com o agravamento do quadro, ocorrem crises convulsivas, cação de vacina e/ou soro. Nos casos de agressão por cães e gatos,
excitabilidade diante de estímulos luminosos ou sonoros, dilatação quando possível, observar o animal por 10 dias para ver se ele ma-
das pupilas e sudorese. A sialorreia está presente e a deglutição é nifesta doença ou morre.
prejudicada por espasmos da musculatura da faringe e do esôfago.
Na evolução do quadro, segue-se a paralisia progressiva dos Vacinação antirrábica canina e felina
músculos, podendo levar ao coma e óbito. O diagnóstico é feito por O Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), criado em
meio do isolamento do vírus na saliva ou no esfregaço da córnea. 1973, implantou entre outras ações, a vacinação antirrábica canina
Todos os casos suspeitos de raiva devem ser investigados e no- e felina em todo o território nacional. Essa atividade resultou num
tificados e todo caso de agressão por animal transmissor da doença decréscimo significativo nos casos de raiva naqueles animais, e com
deve ser acompanhado adotando-se as medidas de acordo com as isso permitiu um controle da raiva urbana no país. Na série histórica
normas e orientações do sistema de vigilância. de 1999 a 2017, o Brasil saiu de 1.200 cães positivos para raiva em
A melhor forma de prevenir a ocorrência de agravo tão sério é 1999 (incluindo em sua maioria as variante 1 e 2, típicas desses ani-
a imunoprofilaxia, realizada nos animais e nos humanos. mais), para 09 casos de raiva canina em 2018, todos identificados
Todos os profissionais que manipulam animais transmissores como variantes de animais silvestres.
da raiva durante a execução de suas atividades, e, portanto, correm Em 2010 o Ministério da Saúde alterou definitivamente as va-
riscos de mordedura, devem ser vacinados, como veterinários, bio- cinas usadas na rotina e nas campanhas de vacina antirrábica cani-
teristas, funcionários de jardins zoológicos, integrantes da Defesa na e felina pela vacinas de cultivo celular, por apresentarem maior
Civil, carteiros, garis e visitadores domiciliares de todas as espécies. segurança e apresentar maior eficácia na conversão de títulos pro-
Dependendo do tipo de agressão, pode ser prescrito o soro tetores nesses animais. Essa vacina é enviada aos estados e estão
antirrábico. Ressalte-se que a prescrição de vacina antirrábica e de disponíveis de forma gratuita no SUS para a vacinação de cães e
soro antirrábico segue critérios estabelecidos pelo Ministério da gatos em campanhas massivas e para demandas da rotina.
Saúde.
O controle da doença envolve ações para restringir o número Raiva Animal
de animais vadios, que devem ser recolhidos para abrigos adequa- A vigilância da raiva animal no Brasil, englobam ações desen-
dos. No meio rural, estimula-se a identificação de criadouros de volvidas pelo Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecu-
morcegos (churrasqueiras e casas abandonadas, carvoarias e ola- ária e Abastecimento, que compartilham informações referentes a
rias desativadas), para que possam ser destruídos. casos de raiva em animais de interesse para a saúde pública como
80 http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/raiva

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cães, gatos e animais silvestres, incluindo os casos de raiva em mor- Hospedeiros e reservatórios - Marsupiais, roedores, preguiça,
cegos, hematófagos ou não e entre animais de produção como bo- tamanduá, dentre outros
vinos, equinos e outros. A interação reservatório-parasito é considerada um sistema
Essas informações auxiliam na organização das ações de con- complexo, na medida em que é multifatorial, imprevisível e dinâmi-
trole e mitigação frente aos casos de raiva em animais, buscando ca, formando uma unidade biológica que pode estar em constante
a prevenção de casos humanos e o bloqueio vacinal, se necessário, mudança, em função das alterações do meio ambiente. São consi-
para impedir a disseminação do vírus entres as diferentes espécies. derados reservatórios da LTA as espécies de animais que garantam
a circulação de leishmânias na natureza, dentro de um recorte de
Quais são os sintomas da raiva? tempo e espaço.
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clíni- Infecções por leishmanias que causam a LTA foram descritas
cos inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram em média de 2 a em várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésti-
10 dias. Nesse período, o paciente apresenta: cos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esse último, seu
- Mal-estar geral; papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi
- Pequeno aumento de temperatura; definitivamente esclarecido.
- Anorexia;
- Cefaleia; Modo de transmissão
- Náuseas; Pela picada da fêmea de insetos flebotomíneos das diferentes
- Dor de garganta; espécies de importância médico-sanitária do gênero Lutzomyia. São
- Entorpecimento; conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira, birigui,
- Irritabilidade; entre outros.
- Inquietude;
- Sensação de angústia. Período de incubação
Em média, de 2 a 3 meses, podendo apresentar períodos mais
Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no curtos (2 semanas) e mais longos (2 anos).
trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e
alterações de comportamento. Período de transmissibilidade - Desconhecido
Não há transmissão homem a homem. A transmissão se dá
Leishmaniose9 pelo vetor que adquire o parasito ao picar reservatórios, transmi-
tindo-o ao homem.
Leishmaniose Tegumentar Americana
Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoários Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é universal
do gênero Leishmania, de transmissão vetorial, que acomete pele e A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente.
mucosas. É primariamente uma infecção zoonótica que afeta outros
animais que não o homem, o qual pode ser envolvido secundaria- Complicações
mente. Na forma mucosa grave, pode apresentar disfagia, disfonia, in-
A doença cutânea apresenta-se classicamente por pápulas, que suficiência respiratória por edema de glote, pneumonia por aspira-
evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em ção e morte.
moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, mas indolores. Tam-
bém pode manifestar-se como placas verrucosas, papulosas, nodu- Diagnóstico
lares, localizadas ou difusas. Suspeita clínico-epidemiológica associada à intradermorreação
A forma mucosa, secundária ou não à cutânea, caracteriza-se de Montenegro (IDRM) positiva e/ou demonstração do parasito no
por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade na- exame parasitológico direto em esfregaço de raspado da borda da
sal, faringe ou laringe. Quando a destruição dos tecidos é importan- lesão, ou no inprint feito com o fragmento da biópsia; em histopa-
te, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato. tologia ou isolamento em cultura.
A imunofluorescência não deve ser utilizada como critério
Sinonímia isolado para diagnóstico de LTA. Entretanto, pode ser considerada
Úlcera de Bauru, nariz de tapir, botão do Oriente. como critério adicional no diagnóstico diferencial com outras doen-
ças, especialmente nos casos sem demonstração de qualquer agen-
Agente etiológico te etiológico.
Há várias espécies de leishmanias envolvidas na transmissão. A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial visa não
Nas Américas, são atualmente reconhecidas 11 espécies dermotró- somente à confirmação dos achados clínicos, mas pode fornecer
picas de Leishmania causadoras de doença humana e 8 espécies importantes informações epidemiológicas, pela identificação da es-
descritas, somente em animais. No Brasil, já foram identificadas 7 pécie circulante, orientando quanto às medidas a serem adotadas
espécies, sendo 6 do subgênero Viannia e 1 do subgênero Leishma- para o controle do agravo.
nia. As mais importantes são Leishmania (Viannia) braziliensis, L. O diagnóstico de certeza de um processo infeccioso é feito pelo
(L.) amazonensis e L. (V.) guyanensis. encontro do parasito, ou de seus produtos, nos tecidos ou fluidos
90 Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em biológicos dos hospedeiros. Portanto, recomenda-se a confirmação
Saúde. Departamento de do diagnóstico por método parasitológico, antes do início do trata-
Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. mento, especialmente naqueles casos com evolução clínica fora do
8. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. habitual e/ ou má resposta a tratamento anterior.

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Diagnóstico Diferencial com comprometimento do estado geral. Os exames complementa-


- Úlceras traumáticas, úlceras vasculares, úlcera tropical, para- res estão alterados e, no exame sorológico, os títulos de anticorpos
coccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâ- específicos anti Leishmania são elevados.
neas, sífilis e tuberculose cutânea. - Período final: caso não seja feito o diagnóstico e tratamento,
- Hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, sífilis terciá- a doença evolui progressivamente para o período final, com febre
ria, neoplasias. contínua e comprometimento intenso do estado geral. Instala-se a
desnutrição, (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca) e
Tratamento - a droga de primeira escolha é o antimonial penta- edema dos membros inferiores, que pode evoluir para anasarca.
valente. Visando padronizar o esquema terapêutico, a Organização Outras manifestações importantes incluem hemorragias (epistaxe,
Mundial da Saúde recomenda que a dose desse antimonial seja cal- gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite. Nesses pacientes, o
culada em mg/Sb+5/kg/dia (Sb+5 significando antimônio pentava- óbito geralmente é determinado por infecções bacterianas e/ou
lente). Há dois tipos de antimoniais pentavalentes que podem ser sangramentos. Os exames complementares estão alterados e, no
utilizados: o antimoniato de N-metil glucamina e o estibogluconato exame sorológico, os títulos de anticorpos específicos anti Leishma-
de sódio (esse último não comercializado no Brasil). nia são elevados.

Leishmaniose Visceral Sinonímia


Protozoose cujo espectro clínico pode variar desde manifesta- Calazar, esplenomegalia tropical, febre dundun, doença do ca-
ções clínicas discretas até as graves, que, se não tratadas, podem chorro, dentre outras denominações menos conhecidas.
levar a óbito. A Leishmaniose Visceral (LV), primariamente, era uma
zoonose caracterizada como doença de caráter eminentemente ru- Agente etiológico
ral. Protozoário tripanosomatídeos do gênero Leishmania, espécie
Mais recentemente, vem se expandindo para áreas urbanas de Leishmania chagasi, parasita intracelular obriga- tório sob forma
médio e grande porte e se tornou crescente problema de saúde aflagelada ou amastigota das células do sistema fagocítico mono-
pública no país e em outras áreas do continente americano, sendo nuclear. Dentro do tubo digestivo do vetor, as formas amastigotas
uma endemia em franca expansão geográfica. se diferenciam em promastigotas (flageladas). Nas Américas, a
É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de Leishmania (Leishmania) chagasi é a espécie comumente envolvida
longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, dentre na transmissão da LV.
outras manifestações. Quando não tratada, pode evoluir para óbito
em mais de 90% dos casos. Reservatórios
Muitos infectados apresentam a forma inaparente ou assinto- Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de
mática da doença. Suas manifestações clínicas refletem o desequi- infecção. A enzootia canina tem precedido a ocorrência de casos
líbrio entre a multiplicação dos parasitos nas células do sistema fa- humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente que no
gocítico mononuclear (SFM), a resposta imunitária do indivíduo e o homem. No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas (Du-
processo inflamatório subjacente. Considerando a evolução clínica sicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os marsupiais (Didelphis albi-
desta endemia, optou-se por sua divisão em períodos: ventris). Questiona-se a possibilidade do homem também ser fonte
- Período Inicial: esta fase da doença, também chamada de de infecção.
“aguda” por alguns autores, caracteriza o início da sintomatologia,
que pode variar para cada paciente, mas, na maioria dos casos, in- Modo de transmissão
clui febre com duração inferior a 4 semanas, palidez cutaneomuco- No Brasil, a forma de transmissão é através da fêmea de inse-
sa e hepatoesplenomegalia. Em área endêmica, uma pequena pro- tos flebotomíneos das espécies de Lutzomyia longipalpis e L. cruzi,
porção de indivíduos, geralmente crianças, pode apresentar quadro infectados. A transmissão ocorre enquanto houver o parasitismo na
clínico discreto, de curta duração, aproximadamente 15 dias, que pele ou no sangue periférico do hospedeiro.
frequentemente evolui para cura espontânea (forma oligossinto- Alguns autores admitem a hipótese da transmissão entre a
mática). Os exames sorológicos são invariavelmente reativos. O população canina através da ingestão de carrapatos infectados e,
aspirado de medula óssea mostra presença de forma amastigota mesmo, através de mordeduras, cópula e ingestão de vísceras con-
do parasito. Nos exames complementares, o hemograma revela taminadas, porém não existem evidências sobre a importância epi-
anemia, geralmente pouco expressiva, com hemoglobina acima de demiológica desses mecanismos de transmissão para humanos ou
9g/dl. A combinação de manifestações clínicas e alterações labora- na manutenção da enzootia. Não ocorre transmissão direta da LV
toriais, que melhor parece caracterizar a forma oligossintomática, é de pessoa a pessoa.
febre, hepatomegalia, hiperglobulinemia e velocidade de hemosse-
dimentação alta. Na forma oligossintomática, os exames laborato- Período de incubação
riais não se alteram, com exceção da hiperglobulinemia e aumento É bastante variável tanto para o homem, como para o cão. No
na velocidade de hemossedimentação. O aspirado de medula pode homem varia de 10 dias a 24 meses; em média, de 2 a 6 meses, e,
ou não mostrar a presença de Leishmania. no cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses.
- Período de estado: caracteriza-se por febre irregular, associa-
da ao emagrecimento progressivo, palidez cutaneomucosa e au- Período de transmissibilidade
mento da hepatoesplenomegalia. Apresenta quadro clínico arrasta- O vetor poderá se infectar enquanto persistir o parasitismo na
do, geralmente com mais de 2 meses de evolução e, muitas vezes, pele ou no sangue circulante dos animais reservatórios.

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Complicações o país recebeu, da Organização Mundial da Saúde, o “Certificado de


As mais frequentes são de natureza infecciosa bacteriana. Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem nas
Dentre elas, destacam-se: otite média aguda, otites, piodermites e Américas”.
afecções pleuropulmonares, geralmente precedidas de bronquites, A partir daí, o Brasil assumiu o compromisso de manter altas
traqueobronquites agudas, infecção urinária, complicações intesti- coberturas vacinais para evitar a reintrodução do vírus, bem como
nais; hemorragias e anemia aguda. Caso essas infecções não sejam adotar medidas de controle que consistem em ações de vigilância
tratadas com antimicrobianos, o paciente poderá desenvolver um epidemiológica sobre os casos de paralisia aguda flácida, sugestivos
quadro séptico com evolução fatal. As hemorragias são geralmente de poliomielite.
secundárias à plaquetopenia, sendo a epistaxe e a gengivorragia as A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, pode ser
mais comumente encontradas. A hemorragia digestiva e a icterícia, causada por três tipos de poliovírus: I, II e III. A transmissão acon-
quando presentes, indicam gravidade do caso. tece, principalmente, por contato direto de pessoa a pessoa, sendo
a boca a principal porta de entrada dos vírus. A transmissão oral
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico e laboratorial ocorre através das gotículas de muco da orofaringe expelidas pela
Esse último, na rede básica de saúde, baseia-se principalmente tosse, fala ou espirro.
em exames imunológicos e parasitológicos. Entretanto, a água e os alimentos contaminados com fezes de
doentes ou portadores (assim considerados aqueles indivíduos cujo
Diagnóstico diferencial intervalo de tempo após a infecção situa-se entre uma a sete sema-
Muitas doenças podem ser confundidas com a LV, destacan- nas) também são formas de transmissão do polivírus.
do-se a enterobacteriose de curso prolongado (associação de es- O período de incubação é de 2 a 30 dias, mas em geral varia de
quistossomose com salmonela ou outra enterobactéria), cujas 7 a 12 dias.
manifestações clínicas se superpõem, perfeitamente, ao quadro da O doente apresenta, subitamente, deficiência motora, além de
Leishmaniose Visceral. febre e flacidez muscular assimétrica, sendo afetados, sobretudo,
Em muitas situações, esse diagnóstico diferencial só pode ser os membros inferiores. No entanto, a doença pode apresentar-se
concluído por meio de provas laboratoriais, já que as áreas endêmi- assintomática ou não-aparente em cerca de 90% a 95% dos casos,
cas se superpõem em grandes faixas do território brasileiro. Soma- podendo ser confundida com outros distúrbios que afetam o siste-
-se a essa doença outras patologias, tais como malária, brucelose, ma nervoso.
febre tifoide, esquistossomose hepatoesplênica, forma aguda da Não há tratamento específico após a instalação do quadro de
doença de Chagas, linfoma, mieloma múltiplo, anemia falciforme, poliomielite. Nestes casos, é importante detectar a doença preco-
etc. cemente, pois além da implementação de medidas de vigilância
epidemiológica torna-se imprescindível uma rápida intervenção
Tratamento para que o doente tenha o suporte necessário para evitar maiores
No Brasil, os medicamentos utilizados para o tratamento da LV danos.
são o Antimonial Pentavalente e a Anfotericina B. O Ministério da De maneira geral, os acometidos pela paralisia infantil e seus
Saúde recomenda o antimoniato de N-metil Glucamina como fár- familiares necessitam de acompanhamento rotineiro da equipe de
maco de primeira escolha para o tratamento da LV; no entanto, a saúde, com atuação de profissionais de várias áreas (enfermagem,
escolha de cada um deles deverá considerar a faixa etária, presença fisioterapia, médica, psicologia, terapia ocupacional e nutrição),
de gravidez e comorbidades. possibilitando um atendimento integral e de acordo com suas reais
necessidades.
Prevenção:
- Estimular as medidas de proteção individual, tais como o uso Febre Amarela
de repelentes e de mosquiteiros de malha fina, bem como evitar se A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, causada pelo
expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite). vírus amarílico, encontrado principalmente em regiões de mata.
- Elimine diariamente fezes acumuladas dos animais; Pode apresentar-se sob duas formas:
- Recolha toda matéria orgânica em decomposição no solo; - Febre amarela silvestre (FAS), cujos vetores são os mosquitos
- Pode árvores frutíferas de grandes copas, para evitar que a do gênero Haemagogus e Sabethes, sendo os primatas os principais
sombra favoreça a umidade do solo, o que facilita a decomposição hospedeiros e o homem, hospedeiro acidental;
de matéria orgânica; - Febre amarela urbana (FAU), que tem como vetor o mosquito
- Coloque telas nas janelas e embale sempre os lixos; Aedes aegypti e o homem como hospedeiro principal.

Cuide da saúde dos cães, que podem se transformar em reser- A febre amarela urbana foi erradicada no Brasil em 1942, quan-
vatório doméstico do parasita. do foi notificada pela última vez no município de Serra Madureira,
no Acre.
Poliomielite
Até 1980, o Brasil apresentava alto índice desta doença. Consi- Em 2000 e 2001, a ocorrência de surtos de febre amarela silves-
derando-se sua gravidade, deu-se então início à estratégia dos dias tre em áreas onde a doença não ocorria há praticamente 50 anos
nacionais de vacinação, com imunização em grande escala, que as- levou as autoridades sanitárias a redefinir os limites das áreas de
sociados às ações de vigilância epidemiológica possibilitaram a gra- risco para sua transmissão (área endêmica e de transição), que pas-
dativa diminuição do número de casos - motivo pelo qual, em 1994, saram a ser:
- Áreas endêmicas: estados do AM, PA, AP, AC, RR, RO, MA, TO,
GO, MT, MS e DF;

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Áreas de transição: parte dos estados do PI, MG, BA, SP, PR, - Convalescência - os episódios de tosse desaparecem e dão
SC e RS. lugar à tosse comum (dura de uma a três semanas).

A transmissão ocorre pela picada do mosquito infectado pelo O diagnóstico pode ser realizado pela sorologia, para identifi-
vírus da febre amarela e após três ou seis dias o indivíduo pode cação dos anticorpos na corrente sanguínea, e pela cultura de ma-
começar infectante para o mosquito cerca de 24 a 48 horas antes terial coletado da orofaringe. O tratamento é feito com base no uso
do aparecimento dos sintomas e de três a cinco dias após o início de medicamentos sintomáticos, utilizando-se também antibióticos.
da doença. A hospitalização está indicada para crianças que apresentam com-
A doença manifesta-se subitamente, com febre, calafrios, cefa- plicações.
leia, dor muscular, náuseas e vômitos. Na forma grave, o indivíduo Os cuidados adotados com os doentes incluem repouso e hi-
apresenta icterícia, hematêmese, melena e manifestações hemor- dratação. Faz-se necessário que a família seja esclarecida para man-
rágicas que podem estar ligadas a sinais de insuficiência das fun- ter precauções respiratórias especialmente na fase catarral.
ções hepáticas e renais. Outras orientações relacionam-se ao controle dos fatores que
A adoção de condutas de vigilância é importante, pois essa favorecem os acessos de tosse, como poeira, fumaça de cigarros,
doença pode ser confundida com malária, hepatite ou leptospirose. atividade e excitação; no caso das crianças, grande maioria afeta-
Após a notificação do caso suspeito, deve ser realizada a inves- da pela doença, é importante que os pais tentem mantê-las mais
tigação epidemiológica para confirmação diagnóstica, bem como o calmas, ocupadas com atividades que não provoquem muita exci-
preenchimento da ficha de investigação epidemiológica. tação, o que pode ajudar a diminuição do número de episódios de
Além disso, faz-se necessário desencadear a busca ativa de tosse paroxística.
novos casos suspeitos no local provável de infecção e providenciar Visando o controle da doença, a vacinação deve ser realizada
a vacinação de bloqueio, na área de ocorrência do caso, para os em todos os indivíduos susceptíveis, conforme a rotina da rede bá-
moradores não vacinados ou que não puderem comprovar a vaci- sica de saúde. Crianças expostas ao risco de adoecimento, princi-
nação. palmente as que estão com o esquema vacinal incompleto, devem
Indica-se também a investigação entomológica, buscando cap- ser observadas durante 14 dias, na busca de sintomas respiratórios.
turar vetores silvestres, para isolamento do vírus.
Para o controle do vetor urbano (Aedes aegypti) é importan- Rubéola
te a destruição de criadouros favoráveis à sua proliferação e/ou o Durante muitos anos, a rubéola foi considerada “doença de
uso de larvicidas e inseticidas em recipientes com água parada. Em criança”, de pouca importância. No entanto, esse conceito vem
áreas infestadas por Aedes, deve-se evitar o acesso do mesmo ao mudando em vista da incidência de complicações por ela causadas,
paciente mediante a colocação de telas nas janelas e utilização de principalmente a síndrome da rubéola congênita (SRC), que afeta
mosquiteiros. recém-nascidos e cujo risco está associado ao acometimento da
Como medida de prevenção, a vacina contra a febre amarela gestante durante a gestação.
deve ser aplicada em toda a população residente na área endêmica O aumento do número de casos ocorre na primavera, com
e na área de transição, além de ser também indicada para os viajan- maior frequência na faixa etária de zero a nove anos de idade. Após
tes que se deslocam para essas áreas de risco. a introdução da administração de vacinas contra a rubéola em crian-
ças, observou-se o seu surgimento entre adultos e adolescentes.
Coqueluche A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, pelo contato direto
A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, cujo com as secreções nasofaríngeas de indivíduos infectados. O período
único reservatório é o homem, não existindo portadores crônicos de incubação varia de 14 a 21 dias ou de 12 a 23 dias.
assintomáticos. A rubéola manifesta-se pelo aparecimento de um exantema
Sua transmissão ocorre pelo contato direto pessoa a pessoa, maculopapular, ou seja, de manchas avermelhadas na pele, com
através de secreções da nasofaringe, eliminadas pela tosse, espirro elevação eruptiva que termina em descamação. Inicialmente, essas
ou fala. manchas surgem na face, pescoço e couro cabeludo, distribuindo-
Após a entrada da B. pertussis pelas vias aéreas superiores, a -se em seguida para o restante do corpo. Há febre baixa e presen-
bactéria se adere à mucosa do trato respiratório, multiplicando-se ça de aumento ganglionar nas regiões retro auriculares, occipital e
e produzindo uma toxina que causa lesão no tecido colonizado e cervical posterior.
provoca manifestações sistêmicas por sua liberação e distribuição Não há tratamento específico para a rubéola, pois na maior
por todo o organismo. parte dos casos regride espontaneamente. O tratamento prescrito
O período de incubação varia entre 7 e 14 dias, e a doença é é sintomático, ou seja, as medicações, quando necessárias, visam
muitas vezes confundida com outras infecções respiratórias agudas, aliviar os sintomas.
como a bronquite, por exemplo. Como medidas preventivas existem a vacina específica antir-
rubéola monovalente e a vacina tríplice viral, também conhecida
A coqueluche evolui em três fases: como MMR.
- Catarral - inicia-se com febre, mal-estar, coriza, tosse e expec- As medidas de vigilância relativas à rubéola incluem: investiga-
toração de muco claro e viscoso; ção epidemiológica do caso; tentativa de identificação do contato;
- Paroxística - apresenta tosse seca “comprida”, de acordo com solicitação de exames complementares; notificação compulsória às
a posição do doente, finalizada por inspiração forçada, acompanha- autoridades sanitárias competentes; fornecimento de atestado de
da de um ruído característico (“guincho”) e seguida não raramente impedimento sanitário para o indivíduo com sintomas, garantindo
de vômitos (dura cerca de dois meses); seu afastamento das atividades que desempenha, renovável se os
sintomas persistirem, visando reduzir a circulação do caso suspeito;

239
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vacinação de bloqueio para os comunicantes domiciliares, sexuais, Comumente, o diagnóstico da doença é feito com base nos
escolares e de trabalho, com a vacina tríplice viral, dupla viral ou sintomas e sinais apresentados pelo doente, sem a necessidade de
contra rubéola monovalente; e aplicação de vacina seletiva nas mu- pesquisa específica do vírus na corrente sanguínea. O tratamento
lheres em idade fértil, excluindo-se as gestantes. é sintomático, enfatizando-se as medidas de alívio do prurido, hi-
giene corpórea e restringindo-se a circulação do doente para evitar
Caxumba novos casos.
A caxumba é uma doença viral aguda, caracterizada pela infla- Além dessas ações, a vigilância deve tentar identificar os con-
mação das glândulas salivares e sua transmissão ocorre através do tatos.
contato direto com secreções nasofaríngeas da pessoa infectada. O Nos casos de surtos institucionais não mais se recomenda esva-
período de incubação é de 12 a 25 dias, sendo em média de 18 dias. ziar enfermarias ou suspender aulas nas escolas.
Basicamente, o diagnóstico é feito a partir dos sintomas apre-
sentados, que incluem febre baixa, mal-estar geral, cefaleia, dor na Leptospirose
garganta e anorexia. A estes, segue-se o aumento do volume das Doença grave, que exige severas medidas de controle, pois
parótidas, tornando o rosto arredondado devido à eliminação do causa sérios prejuízos à saúde dos indivíduos e à economia, haja
ângulo da mandíbula. vista originar elevados custos sociais e hospitalares e exigir longo
É importante orientar o doente para que faça repouso no leito, tempo de afastamento pessoas que moram em comunidades com
bem como alimentar-se com dieta líquida ou semipastosa e realizar saneamento precário têm suas casas invadidas pelas águas de rios
a higiene oral adequadamente, para que não haja obstrução das ou valas contaminadas com a bactéria.
glândulas e infecção. O restante do tratamento é basicamente sin- A Leptospira interrogans, bactéria causadora da leptospirose,
tomático, com indicação de uso de antitérmicos e analgésicos, caso encontra-se normalmente nos rins do rato, seu reservatório natu-
necessários. ral, que a elimina viva por meio da urina no meio ambiente — água
A caxumba pode apresentar complicações, atingindo o pân- das chuvas ou alimentos. Outra forma de contágio é o contato dire-
creas, testículos, epidídimos, ovários e até as meninges. to com embalagens de produtos comercializados em lugares onde
A caxumba não é doença de notificação compulsória, mas ao possa haver ratos.
ser diagnosticada é importante manter vigilância sobre o caso,
bem como tentar determinar os contatos e vigiar os comunicantes. A transmissão raramente ocorre de pessoa a pessoa.
Atualmente, a caxumba é rotineiramente prevenida através da ad- A bactéria penetra no organismo pelas lesões da pele, mucosas
ministração, aos 15 meses, da vacina tríplice viral, em dose única. (da boca, nariz e olhos) ou pela pele íntegra se o período de imersão
na água for demorado. A partir daí, a L. interrogans chega à corren-
Varicela te sanguínea e pode atingir o líquido cefalorraquidiano, sem causar
A varicela ou catapora é uma doença infectocontagiosa cau- reação inflamatória. As manifestações clínicas importantes surgem
sada por vírus. É altamente contagiosa, com maior incidência em após o aumento da quantidade de bactérias circulantes.
crianças de 2 a 10 anos. O vírus varicela zoster é transmitido por A doença pode manifestar-se no prazo de 1 a 20 dias. Seus sin-
contato direto, por inalação de gotículas de secreção respiratória ou tomas são febre, mal-estar geral e cefaleia, podendo aparecer ou
de aerossóis nos quais se encontram os vírus liberados das lesões não icterícia. A forma anictérica (sem icterícia) afeta 60% a 70% dos
cutâneas. casos e dura de um até vários dias.
O período de incubação varia de 10 a 21 dias após o contágio. O doente apresenta febre, dor de cabeça, dor muscular (prin-
A transmissão da doença para outros indivíduos susceptíveis ocorre cipalmente nas panturrilhas), falta de apetite, náuseas e vômitos.
de 1 a 2 dias antes do aparecimento das vesículas e até 6 dias após, A forma ictérica evolui para uma doença renal grave, problemas
enquanto houver sinais de lesões úmidas. hemorrágicos, alterações vasculares, cardíacas e pulmonares, cau-
Os sintomas da varicela incluem febre e erupções de pele que sadas por glicolipoproteínas e toxinas, produtos degradados da
começam como máculas, evoluindo para vesículas e, posteriormen- Leptospira. A icterícia tem início entre o terceiro e o sétimo dia da
te, crostas. As lesões predominam na cabeça, face e tronco e são doença.
acompanhadas de mal-estar, inapetência e prurido. O diagnóstico pode ser feito com base em análise clínica, com
A varicela é uma doença autolimitada, ou seja, normalmente confirmação laboratorial por meio de exame de sangue. Recomen-
evolui sem complicações para o doente, que se recupera em cerca da-se que a pesquisa laboratorial da L. interrogans seja realizada
de duas semanas. Ainda assim, oferece alguns riscos que não po- pelo menos em duas ocasiões: no início e após a quarta semana da
dem deixar de ser considerados. doença.
Durante o episódio de varicela, os indivíduos chegam a apre- Todos os casos suspeitos devem ser comunicados aos serviços
sentar 250 a 500 vesículas, favorecendo a contaminação por bacté- de saúde.
rias, principalmente quando as lesões são coçadas com unhas sujas O controle da leptospirose exige a adoção de medidas como
ou cobertas por talcos, pasta d’água e outras substâncias. utilização de água de boa qualidade, controle da população de roe-
Assim, os doentes devem ser orientados para não coçar as fe- dores, proteção aos trabalhadores expostos à urina de rato durante
ridas, a manter as unhas bem cortadas e a tomar banhos frios para a execução de suas atividades (garis, agricultores, bombeiros) e ar-
aliviar o mal-estar provocado pelo prurido, promovendo sua higie- mazenamento correto de alimentos, em locais livres de roedores.
ne. Os dejetos dos doentes hospitalizados devem ser tratados com
A infecção primária causa a doença e posteriormente o agente ácido bórico, antes de lançados ao esgoto.
infeccioso pode permanecer latente nos gânglios nervosos próxi-
mos à medula espinhal que, se reativado, causa o herpes zoster.

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Malária Os sintomas podem ser leves, moderados, graves ou, até mes-
A malária é causada por um protozoário do gênero Plasmódio, mo, de urgência. Dependem da duração da febre, dos sintomas ge-
transmitido pelo mosquito do gênero Anopheles, que após conta- rais, do nível de parasitas no sangue e da intensidade da anemia.
minado permanece infectante por toda a sua existência. No Brasil, Considerando-se a possibilidade de comprometimento das
é uma das mais importantes doenças parasitárias. funções hemodinâmicas dos indivíduos acometidos pela malária, é
Também chamada de maleita, impaludismo, paludismo, febra importante monitorar os sinais de agravamento do quadro de ane-
palustre e febre terçã ou quartã. mia - dores articulares, dificuldade para respirar, fraqueza e tontu-
A maior parte dos casos atinge extensa área da Amazônia Le- ras - e instituir oxigenoterapia para evitar anóxia dos tecidos.
gal, considerada área endêmica da doença em virtude de o mosqui- O auxiliar de enfermagem também deve observar e relatar si-
to vetor procriar em água e o fato de a região Amazônica possuir a nais de sangramento, pois a malária pode interferir no processo de
maior bacia hidrográfica do mundo, alimentada por chuvas torren- coagulação. Deve-se oferecer ao paciente líquidos em grande quan-
ciais. tidade, visando prevenir a desidratação, e administrar medidas de
Além disso, nessa área há grande desigualdade social e muitas alívio da febre - além de supervisionar a administração dos antitér-
pessoas vivem em condições de extrema pobreza, o que influencia micos e do medicamento específico para a malária.
a distribuição da doença. Na busca por melhores condições de vida O diagnóstico clínico pode ser feito com base na ocorrência de
e de saúde, essa população realiza intensos movimentos migrató- febre intermitente, anemia e esplenomegalia, além da observação
rios, possibilitando a contaminação por focos de Anopheles em ou- da procedência ou local de residência do infectado em área endê-
tras regiões da Amazônia e do país. mica. O tratamento consiste na administração do medicamento clo-
As fêmeas do mosquito são hematófagas, ou seja, alimentam- roquina, que destrói os plasmódios.
-se de sangue humano ou animal, que podem conter plasmódios. Nas regiões não-endêmicas todo caso suspeito ou confirmado
A maioria delas alimenta- se ao anoitecer ou nas primeiras ho- deve ser investigado, com vistas à aplicação rápida de tratamento e
ras da noite. Ao picar a pele de uma pessoa, injetam a saliva com prevenção de surtos, se constatada a presença de vetores na área.
efeito anticoagulante, atingindo os pequenos vasos capilares. Jun- As medidas de controle mais importantes a serem tomadas
tamente com a saliva, é inoculado o parasito que, pelo sangue, che- são: estabelecimento de diagnóstico rápido; controle do vetor; de-
ga ao fígado, penetrando nas células hepáticas (hepatócitos) - onde tecção rápida de epidemias, a fim de prontamente combatê-las;
os plasmódios se multiplicam durante alguns dias sem causar danos reavaliação constante da situação da malária na área onde há ocor-
ou produzir sintomatologia. rência de casos.
Do fígado, milhares de larvas em forma de anel retornam à cir-
culação sanguínea invadindo as hemácias; dentro delas, crescem Escabiose
e se multiplicam, desencadeando o processo que irá provocar as A escabiose, também conhecida como sarna, é uma doença
manifestações clínicas. muito comum em ambientes onde as pessoas convivem aglomera-
A malária também pode ser transmitida pelo sangue de pes- das, nos quais é difícil controlar as condições de higiene.
soas infectadas por meio de injeção, transfusão de sangue ou uso É causada por um microrganismo chamado Sarcoptes scabiei,
compartilhado de seringas e agulhas - no caso de usuário de drogas que, ao colonizar a pele do indivíduo afetado, se multiplica princi-
injetáveis. palmente nas regiões de dobras de pele, como cotovelos, virilhas,
Uma vez infectado, o indivíduo apresenta febre, cefaleia, náu- entre os dedos, axilas, causando intenso prurido e descamação.
seas, vômitos, astenia, fadiga. Os sintomas iniciam-se com uma sen- Muitas vezes, a coceira leva o indivíduo a produzir lesões ainda
sação súbita de frio, que dura de 15 a 60 minutos, fazendo com que maiores, que podem até ser infectadas por outros microrganismos,
os lábios fiquem cianosados (arroxeados). tamanha sua intensidade.
Podem ocorrer crises convulsivas, especialmente em crianças. O diagnóstico considera principalmente os sintomas apresen-
Em seguida, há uma sensação de calor que pode durar de duas a tados e o tratamento consiste em aplicação tópica de soluções de
seis horas. O paciente começa a sentir-se quente, sua face fica rubo- benzoato de benzila.
rizada, seu pulso, forte, sua pele, seca e quente. A cefaleia é intensa. Ao acompanhar um cliente com escabiose, a equipe de enfer-
A temperatura do corpo pode alcançar 40o C ou mais. Alguns enfer- magem deve orientá-lo sobre o uso correto do medicamento, aten-
mos podem apresentar delírios. Quando a febre cede, o doente tem tando para a diluição prescrita, porque a substância, quando não
a sensação de alívio e tranquilidade. Com a multiplicação dos plas- diluída, pode piorar as lesões e causar queimaduras químicas. As
módios nas hemácias, estas se rompem, causando anemia intensa. roupas de uso do cliente, bem como as roupas de cama e toalhas,
O início dos sintomas varia de acordo com a espécie do plas- devem ser trocadas e lavadas todos os dias, manipuladas separada-
módio: se P. vivax, surgem em torno de 14 dias; se P. falciparum, em mente e fervidas - essas orientações permitem que a recuperação
cerca de 12 dias e se P. malariae, 30 dias. do cliente ocorra, em média, dentro de 7 dias.
A febre da malária ocorre em episódios intermitentes e varia de
acordo com o plasmódio causador da doença. Assim, nos casos de Pediculose
malária decorrente de infecção pelos plasmódios vivax, ovale e fal- A pediculose, assim como a escabiose, é um problema que
ciparum, a febre acontece em intervalos de um dia. Já em infecções acomete várias pessoas, geralmente quando convivem em aglome-
pelo P. malariae, o intervalo para o aparecimento de novo episódio rados e em condições de higiene inadequadas. É causada por um
de febre é de dois dias. ectoparasita, o piolho comum, que habita o couro cabeludo e, pren-
Ao se manifestar, a febre pode durar de 2 a 6 horas, desapare- dendo-se aos cabelos, suga o sangue periférico do próprio couro
cendo por 2 a 3 horas, reduzindo-se os episódios até seu desapa- cabeludo para sobreviver.
recimento.

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Permanecermos, mesmo que por breve período, próximo a 3. A prática de prevenção de doenças agravos, com o compro-
alguém com piolhos pode expor-nos ao contágio. Para prevenir a misso do poder público e da sociedade na proteção e defesa de
infestação, devemos manter os cabelos sempre limpos e, no caso qualidade de vida, é denominada:
de serem longos, prendê-los, principalmente quando estivermos (A) Vigilância em saúde;
prestando assistência a outras pessoas. (B) Vigilância epidemiológica;
Ao detectarmos um cliente com coceira frequente na cabeça, é (C) Vigilância sanitária;
importante verificar a presença do piolho, particularmente ao lidar- (D) Vigilância epidemiológica social.
mos com crianças hospitalizadas ou em creches.
O piolho pode ser exterminado mediante o uso de soluções 4. As ações de Vigilância em Saúde envolvem práticas e proces-
de permetrina para aplicação única, disponíveis nas farmácias, ou sos de trabalho voltados para a:
utilizando-se benzoato de benzila em soluções predeterminadas. É (A) Detecção oportuna de emergências de saúde pública, visan-
importante orientar os clientes ou seus responsáveis para jamais do sempre a adoção de medidas punitivas aos responsáveis/
utilizar inseticidas comuns no combate aos piolhos, pois tal prática população.
oferece risco potencial de envenenamento, podendo causar sérias (B) Vigilância, prevenção e controle exclusivamente das doen-
lesões, afetando desde a pele até o sistema nervoso central. ças transmissíveis.
As soluções medicamentosas devem ser reaplicadas em sete (C) Vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e do
dias e a equipe de enfermagem deve orientar como fazer a higiene
uso de produtos de interesse à saúde, com exceção dos servi-
correta do couro cabeludo, visando prevenir a reinfestação.
ços e tecnologias.
(D) Vigilância exclusiva de populações expostas à vulnerabili-
QUESTÕES dade social.
(E) Vigilância da saúde do trabalhador.
1. Nos termos da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
vigente, estão regulamentadas as competências típicas e específi- 5. A ampliação do conceito de Saúde e a necessidade de inte-
cas para as equipes componentes dos Núcleos Ampliados de Saúde gração das ações tiveram implicações à formação, composição e à
da Família e Atenção Básica (Nasf-AB). Assinale a alternativa que organização dos Recursos Humanos no SUS. Na perspectiva de um
contém uma competência específica em DESACORDO com tal re- trabalho em equipe, as equipes integradas caracterizam-se por
gulamentação. (A) possuir um processo assistencial comum.
(A) Realizar o processo de regulação assistencial dos referen- (B) manter a divisão do trabalho previamente estabelecida.
ciamentos provenientes das equipes que atuam diretamente (C) romper as diferenças técnicas entre os trabalhos especia-
na Atenção Básica. lizados.
(B) Realizar Educação Permanente das equipes que atuam dire- (D) manter a desigualdade na valoração dos distintos trabalhos.
tamente na Atenção Básica. (E) apresentar independência das diversas áreas profissionais.
(C) Participar do planejamento conjunto com as equipes que
atuam diretamente na Atenção Básica. 6. Os sistemas de saúde devem se organizar sobre uma base
(D) Realizar discussões de casos e interconsultas com a constru- territorial. Sobre o território, assinale a alternativa correta.
ção de projetos terapêuticos conjuntamente com equipes que (A) O território em saúde é um espaço delimitado geografica-
atuam diretamente na Atenção Básica. mente onde é mostrado apenas o endereço domiciliar de cada
(E) Realizar discussões sobre os processos de trabalho das equi- indivíduo.
pes que atuam diretamente na Atenção Básica. (B) A territorialização é a base do trabalho das Equipes de Saú-
de da Família (ESF) para a prática da Vigilância em Saúde.
2. Foi aprovada em 2017 a Política Nacional de Atenção Básica (C) O propósito da territorialização é permitir eleger priorida-
(PNAB - 2017), com vistas à revisão da regulamentação de implan- des para o enfrentamento dos problemas identificados nos ter-
tação e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de ritórios de atuação, já que não há planejamento local.
Saúde (SUS), estabelecendo-se as diretrizes para a organização do (D) É prudente o reconhecimento do território sem a necessi-
componente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde (RAS). dade de mapeamento.
Leia a seguir alguns trechos da lei: (E) O mapeamento do território é realizado uma vez a cada 3
Artigo 3º: São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem anos e implica em um processo de coleta e sistematização de
operacionalizados na Atenção Básica. I - Princípios: dados demográficos, sem a necessidade de atualização.
A) Universalidade;
B) Equidade; e 7. São atribuições do Agente de Combate a endemias, exceto:
C) _____. (A) O exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle
de doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em conformi-
Artigo 4º: A PNAB tem na Saúde do(a) _____ sua estratégia
dade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de
prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica.
cada ente federado.
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente
(B) Na prevenção e no controle de doenças endêmicas, como
as lacunas.
dengue, zika vírus, febre chikungunya, malária, leptospirose,
(A) Descentralização / Família
leishmaniose, esquistossomose, chagas, raiva humana, entre
(B) Integralidade / Trabalhador
(C) Descentralização / Trabalhador outras doenças que estão relacionadas com fatores ambientais
(D) Integralidade / Família de risco.

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(C) O registro, para fins exclusivos de controle e planejamento 11. (FERSB - Agente Comunitário de Saúde - INSTITUTO
das ações de saúde, de nascimentos, óbitos, doenças e outros AOCP/2018) A doença diarreica aguda pode ser causada por bacté-
agravos à saúde. rias, vírus e parasitos, é caracterizada principalmente pelo aumento
(D) Executa atividades de grande complexidade que envolve do número de evacuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pou-
planejamento, supervisão, coordenação e execução de traba- ca consistência. É importante a rápida atuação do agente comunitá-
lhos relacionados com os processos do Sistema Nacional de rio de saúde, ao identificar esses casos em crianças da comunidade,
Vigilância em Saúde - SNVS - de acordo com as necessidades principalmente para evitar
do gestor municipal e do perfil epidemiológico de cada terri- (A) náusea.
torialidade.
(B) hiperglicemia.
(E) N.D.A.
(C) constipação.
8. Um Agente de Combate às Endemias durante uma visita do- (D) desidratação.
miciliar encontrou a seguinte situação: - Uma família com-posta de (E) desnutrição.
três crianças pequenas e da mãe. Vivem na casa os quatro, sem a
presença do pai. As crianças estão brincando no chão de terra bati- 12. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde
da, ao lado de uma valeta rasa de esgoto a céu aberto. Diante dessa - CONPASS) Ainda em relação à hanseníase, assinale a alternativa
situação é atribuição do Agente de Combate às Endemias: que se refere a um medicamento que faz parte tanto do tratamento
(A) Cadastrar a família, realizar orientações sobre os ris-cos multibacilar, quanto do paucibacilar, adulto e infantil:
ambientais e sanitários os quais a família está exposta e discu- A) Clofazimina
tir o caso em Equipe. B) Oxacilina
(B) Considerar que essa situação é um problema cultural e so- C) Cefalexina
cial, portanto não cabe, neste caso, uma orienta-ção educativa D) Rifampicina
em saúde. E) Amoxicilina
(C) Discutir o caso com a sua Equipe já que se trata de uma
família inadequada e por isto, considerada de alto risco. 13. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde -
(D) Retirar as crianças da terra imediatamente, repreen-der a CONPASS) Doença infecto-contagiosa provocada pelo Morbili vírus
mãe e advertir que se as crianças voltarem a brincar na terra o e transmitida por secreções das vias respiratórias, o período de in-
Conselho Tutelar será acionado.
cubação é de cerca de 12 dias e a transmissão pode ocorrer antes
(E) Deixar como está, pois a situação está presente em várias
comunidades, sendo o ACE não está apto para resolver o pro- do aparecimento dos sintomas e estende-se até o quarto dia depois
blema. que surgiram placas avermelhadas na pele. Além do exantema ma-
culopapular eritematoso, que começam no rosto e progridem em
9. A visita domiciliar é um importante instrumento para a re- direção aos pés, pode haver febre, tosse, mal-estar, conjuntivite,
alização de atividades educativas e assistenciais mais humanizadas coriza, perda do apetite e exantema de Koplik. Trata-se da seguinte
e adequadas à realidade do indivíduo e da família. Considerando a doença:
visita domiciliar como tecnologia de cuidado do enfermeiro para a A) Rubéola
atenção à família no âmbito da atenção básica, é correto afirmar B) Varicela
que: C) Sarampo
(A) toda ida ao domicílio do usuário pode ser considerada visita D) Vitiligo
domiciliar. E) Hantavirose
(B) dentro da visita domiciliar, o profissional de saúde poderá
realizar a avaliação da família por meio de ferramentas como o 14. (Pref. São João do Triunfo/PR - Agente Comunitário de Saú-
genograma e o ecomapa. de - UNIUV) Ao fazer um exame sanguíneo, um indivíduo constata,
(C) durante a visita domiciliar, o enfermeiro deverá focar a em seu resultado, que sua taxa de glicose está acima do nível consi-
entrevista ao usuário, não cabendo ao profissional observar derado normal. Seu médico suspeitará de que este indivíduo pode
aspectos intradomiciliar e peridomiciliar que influenciem na
estar com a seguinte alteração metabólica:
situação de saúde da família.
(A) Anemia;
(D) durante a etapa de planejamento da visita domiciliar, deve
haver a priorização do horário preferencial definido pela equi- (B) Diabetes;
pe de saúde em detrimento do da família, cabendo ao agente (C) Obesidade;
comunitário de saúde (ACS) avisar as famílias para estas ajus- (D) Hipoglicemia;
tarem-se ao horário da visita. (E) Leucemia.

10. Sobre a Visita Domiciliar, é correto afirmar que


(A) deve ser realizada apenas aos pacientes acamados.
(B) é importante para realização de ações de promoção e edu-
cação à saúde.
(C) é uma atribuição exclusiva dos Agentes Comunitários de
Saúde.
(D) deve ser realizada para conhecer o quadro clínico do usuá-
rio, ignorando aspectos sociais e familiares.
(E) desfavorece o vínculo entre o profissional de saúde e o usu-
ário.

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

15. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Médico Clínico Geral - Prefei- ______________________________________________________


tura de Fortaleza/2018) Apesar da baixa prevalência, a Raiva é uma
zoonose viral de grande importância epidemiológica no Brasil. A ______________________________________________________
respeito da Raiva, é correto afirmar.
(A) Clinicamente, no início, apresenta mal-estar geral, pequeno ______________________________________________________
aumento da temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de
______________________________________________________
garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensa-
ção de angústia, além de progredir com ansiedade, febre, delí- ______________________________________________________
rios, espasmos musculares e convulsões.
(B) O modo de transmissão se dá pela penetração do vírus con- ______________________________________________________
tido na saliva do animal infectado, principalmente pela mor-
dedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de ______________________________________________________
mucosas, não tendo outra forma de transmissão do vírus.
(C) O vírus rábico causa uma encefalite progressiva aguda e le- ______________________________________________________
tal em 100% dos casos, sendo todos os mamíferos suscetíveis
______________________________________________________
à infecção
(D) A notificação é individual, compulsória, imediata aos níveis ______________________________________________________
municipal, estadual e federal; apenas nos casos confirmados
da doença. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 A ______________________________________________________
2 D
______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 E
5 A ______________________________________________________
6 B ______________________________________________________
7 C
______________________________________________________
8 A
9 B ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________
11 D
______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 C
14 B ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

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