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CÓD: OP-009JN-23

7908403531950

SES-DF
SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL

Agente Comunitário de Saúde (ACS)


EDITAL DE ABERTURA Nº 01/2022
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e intelecção de textos. Tipologia textual ............................................................................................................. 7
2. Ortografia .................................................................................................................................................................................. 15
3. Acentuação gráfica ..................................................................................................................................................................... 16
4. Emprego do sinal indicativo de crase ......................................................................................................................................... 17
5. Formação, classe e emprego de palavras ................................................................................................................................... 17
6. Pontuação.................................................................................................................................................................................. 24
7. Concordância nominal e verbal ................................................................................................................................................. 25
8. Colocação pronominal ............................................................................................................................................................... 27
9. Regência nominal e verbal ......................................................................................................................................................... 27
10. Equivalência e transformação de estruturas .............................................................................................................................. 28
11. Sintaxe da oração e do período. Paralelismo sintático ............................................................................................................... 28
12. Relações de sinonímia e antonímia ........................................................................................................................................... 30

Legislação Aplicada aos Servidores do Distrito Federal


1. Conhecimentos sobre a realidade étnica, social, histórica, geográfica, cultural, política e econômica do Distrito Federal e
da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno – RIDE ....................................................................... 39
2. Lei Orgânica do Distrito Federal e alterações posteriores ............................................................................................................ 43
3. Lei Complementar nº 840/2011.................................................................................................................................................... 96

Sistema Único de Saúde(SUS)


1. Evolução histórica da organização do sistema de saúde no brasil e a construção do sistema único de saúde (sus) – princípios,
diretrizes e arcabouço legal .......................................................................................................................................................... 131
2. Controle social no sus .................................................................................................................................................................. 138
3. Resolução nº 453/2012 do conselho nacional da saúde .............................................................................................................. 140
4. Política nacional de gestão estratégica e participativa do ministério da saúde ............................................................................ 142
5. Constituição federal 1988, título vIII - artigos de 194 a 200 .......................................................................................................... 143
6. Lei orgânica da saúde – lei nº 8.080/1990 .................................................................................................................................... 145
7. Lei nº 8.142/1990......................................................................................................................................................................... 153
8. Decreto presidencial nº 7.508/2011 ............................................................................................................................................ 155
9. Determinantes sociais da saúde ................................................................................................................................................... 159
10. Sistemas de informação em saúde ............................................................................................................................................... 159

Raciocínio Lógico e Matemático


1. Operações, propriedades e aplicações (soma, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação). Conjuntos numé-
ricos (números naturais, inteiros, racionais e reais) e operações com conjuntos........................................................................ 167
2. Princípios de contagem e probabilidade. Arranjos e permutações. Combinações............................................................ 176

Plano Distrital de Política para Mulheres


1. Decreto nº 42.590 de 07 de outubro de 2021................................................................................................................... 185
ÍNDICE

Noções Básicas de Informática


1. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados ao uso de
informática no ambiente de escritório ..................................................................................................................................... 191
2. Aplicativos e uso de ferramentas na internet e(ou) intranet ..................................................................................................... 191
3. Softwares do pacote Microsoft Office (Word e Excel) e suas funcionalidades ............................................................................ 199
4. Sistema operacional Windows.................................................................................................................................................... 204
5. Rotinas de backup e prevenção de vírus ................................................................................................................................... 210
6. Rotinas de segurança da informação e recuperação de arquivos ............................................................................................ 211

Conhecimentos Específicos
Agente Comunitário de Saúde (ACS)
1. Política Nacional de Atenção Básica ....................................................................................................................................... 217
2. Regulamentação da profissão de Agente Comunitário de Saúde: Decreto nº 3.189/1999, Lei nº 10.507/2002 e Lei nº
11.350/2006 .......................................................................................................................................................................... 248
3. Territorialização e diagnóstico em saúde. Conceito de territorialização, área e micro-área de abrangência ............................ 254
4. Cadastramento familiar e territorial: finalidade e instrumentos ............................................................................................ 255
5. Interpretação demográfica .................................................................................................................................................... 265
6. Conhecimentos geográficos das Regiões Administrativas do Distrito Federal ........................................................................ 266
7. Visita domiciliar ..................................................................................................................................................................... 269
8. Técnicas de levantamento das condições de vida e de saúde/doença da população ............................................................. 272
9. Estratégia de avaliação em saúde (conceitos, tipos, instrumentos e técnicas) .......................................................................... 280
10. Sistema de Informação de Atenção Básica. Conceito. Procedimentos básicos. Utilização e preenchimento dos instrumentos. 282
11. Indicadores epidemiológicos, socioeconômicos e culturais ................................................................................................... 295
12. Problemas clínicos prevalentes na Atenção Primária à Saúde. Noções de Tuberculose ......................................................... 296
13. Hanseníase ............................................................................................................................................................................. 299
14. Dengue................................................................................................................................................................................... 307
15. Hipertensão Arterial ............................................................................................................................................................... 310
16. Diabetes Mellitus ................................................................................................................................................................... 311
17. Diarreia .................................................................................................................................................................................. 312
18. Desidratação .......................................................................................................................................................................... 314
19. Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica .................................................................................... 315
20. Políticas Nacionais de Saúde. Saúde da Criança ..................................................................................................................... 316
21. Saúde Integral de Adolescentes e Jovens ............................................................................................................................... 329
22. Saúde da Mulher .................................................................................................................................................................... 332
23. Saúde do Homem ................................................................................................................................................................... 338
24. Saúde da Pessoa Idosa ........................................................................................................................................................... 342
25. Saúde Mental ......................................................................................................................................................................... 349
26. Saúde Ambiental .................................................................................................................................................................... 360
27. Programa Nacional de Imunização: cadernetas e esquema vacinal ....................................................................................... 364
28. Política Nacional de Promoção da Saúde: conceitos e estratégias ......................................................................................... 374
29. Programa Bolsa Família: conceito .......................................................................................................................................... 379
30. Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Formas de aprender e ensinar. Cultura popular e sua relação com os
processos educativos ............................................................................................................................................................. 380
ÍNDICE

31. Educação em saúde e acolhimento na Estratégia Saúde da Família ....................................................................................... 393


32. Competências e habilidades do Agente Comunitário de Saúde ............................................................................................. 405
33. Noções de ética e cidadania ................................................................................................................................................... 415
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTELECÇÃO DE TEXTOS. TIPOLOGIA A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
TEXTUAL dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o cas:
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
completo. Apresenta um enredo, com ações e
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e relações entre personagens, que ocorre
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- em determinados espaço e tempo. É
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
interpretação. da seguinte maneira: apresentação >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do desenvolvimento > clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender determinado
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
tório do leitor. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão.
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido Procura expor ideias, sem a necessidade
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar de defender algum ponto de vista. Para
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
Dicas práticas estrutura segue a do texto dissertativo-
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- argumentativo.
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
de modo que sua finalidade é descrever,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
em verbos de ligação.
cidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Oferece instruções, com o objetivo de
te de referências e datas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de são os verbos no modo imperativo.
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais:
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Artigo
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bilhete
classificações. • Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Notícia Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Poema que C é igual a A.
• Propaganda Outro exemplo:
• Receita culinária Todo ruminante é um mamífero.
• Resenha A vaca é um ruminante.
• Seminário Logo, a vaca é um mamífero.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, também será verdadeira.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
dade e à função social de cada texto analisado. a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
ARGUMENTAÇÃO plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
texto diz e faça o que ele propõe. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de entender bem como eles funcionam.
vista defendidos. Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
de linguagem. com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
escolher entre duas ou mais coisas”. valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos Tipos de Argumento
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. argumento. Exemplo:
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua Argumento de Autoridade
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
enunciador está propondo. texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende verdadeira. Exemplo:
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. conhecimento. Nunca o inverso.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: Alex José Periscinoto.
A é igual a B. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a C.
Então: C é igual a B.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais Argumento do Atributo
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
Argumento de Quantidade celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento da celebridade.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
Argumento do Consenso socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de médico:
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as por bem determinar o internamento do governador pelo período
frases carentes de qualquer base científica. de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
Argumento de Existência alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar hospital por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o Como dissemos antes, todo texto tem uma função
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
mão do que dois voando”. para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
navios, etc., ganhava credibilidade. episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
não outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa trocavam abraços afetuosos.”
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
provável. amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais meio ambiente, injustiça, corrupção).
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
indevidas. um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por totalmente contrária;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir contra a argumentação proposta;
outros à sua dependência política e econômica”. - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
oposta.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
assunto, etc). válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, sociedade.
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é dedução.
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
pensamento e seu comportamento. regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia da verdade:
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo - evidência;
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não - divisão ou análise;
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, - ordem ou dedução;
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - enumeração.
inflexão de voz, a mímica e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos A forma de argumentação mais empregada na redação
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade alguns não caracteriza a universalidade.
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
vista. é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e para o efeito. Exemplo:
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício Fulano é homem (premissa menor = particular)
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em Logo, Fulano é mortal (conclusão)
desenvolver as seguintes habilidades:

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LÍNGUA PORTUGUESA
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
O calor dilata o ferro (particular) seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o
O calor dilata o bronze (particular) relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
O ferro, o bronze, o cobre são metais por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos ser assim relacionadas:
fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um dos elementos que farão parte do texto.
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
- Lógico, concordo. é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
- Claro que não! em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
fenômeno.
Exemplos de sofismas: A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Dedução partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Todo professor tem um diploma (geral, universal) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Fulano tem um diploma (particular) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Indução classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
(particular) são empregados de modo mais ou menos convencional. A
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
– conclusão falsa) variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
artificial.
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores; Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A sabiá, torradeira.
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
sentimentos não ditados pela razão. Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, Os elementos desta lista foram classificados por ordem
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
sistematizar a pesquisa. do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto

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LÍNGUA PORTUGUESA
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as palavra e seus significados.
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
os pontos de vista sobre ele. e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento fundamentação coerente e adequada.
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
- o termo a ser definido; se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
- o gênero ou espécie; se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
- a diferença específica. adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por
O que distingue o termo definido de outros elementos da indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
mesma espécie. Exemplo: o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
a conclusão.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
Elemento especiediferença nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
a ser definidoespecífica maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
ou instalação”; entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito assim, desse ponto de vista.
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente,
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
expandida;d interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
diferenças). uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
menos que, melhor que, pior que.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a para a elaboração de um Plano de Redação.
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos tecnológica
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
tem mais caráter confirmatório que comprobatório. resposta, justificar, criando um argumento básico;
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
Nesse caso, incluem-se (rever tipos de argumentação);
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
mortal, aspira à imortalidade); que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e
postulados e axiomas); consequência);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria argumento básico;
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se
que parece absurdo). em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do
argumento básico;
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
concretos, estatísticos ou documentais. às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação menos a seguinte:
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. Introdução
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - função social da ciência e da tecnologia;
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões - definições de ciência e tecnologia;
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na Desenvolvimento
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - apresentação de aspectos positivos e negativos do
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- desenvolvimento tecnológico;
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
argumentação: condições de vida no mundo atual;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos
contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o países subdesenvolvidos;
cordeiro”; - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga passado; apontar semelhanças e diferenças;
verdadeira; - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento urbanos;
à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
universalidade da afirmação; mais a sociedade.
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de Conclusão
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em consequências maléficas;
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou apresentados.
inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois redação: é um dos possíveis.
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já

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LÍNGUA PORTUGUESA
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
que ela é inserida. consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
textos caracterizada por um citar o outro. A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos termo “citação” (citare) significa convocar.
diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
opinião pode mencionar um provérbio conhecido. termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com Pastiche é uma recorrência a um gênero.
outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. a recriação de um texto.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos comum ao produtor e ao receptor de textos.
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido daquela citação ou alusão em questão.
ou lido.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
Tipos de Intertextualidade A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
A intertextualidade acontece quando há uma referência implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a A intertextualidade explícita:
intertextualidade. – é facilmente identificada pelos leitores;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando – não exige que haja dedução por parte do leitor;
as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. – apenas apela à compreensão do conteúdos.

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do A intertextualidade implícita:


texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, – não é facilmente identificada pelos leitores;
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
com outras palavras o que já foi dito. – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros parte dos leitores;
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. a compreensão do conteúdo.
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma PONTO DE VISTA
reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
narrador-observador e o narrador-personagem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Primeira pessoa - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto sintética de acordo com os objetivos do autor.
de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma dade na discussão.
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
só descobrimos ao decorrer da história.
Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
Segunda pessoa desenvolvimento e conclusão):
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
sinta quase como outro personagem que participa da história. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
Terceira pessoa trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa caos. ”
em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse. Elemento relacionador: Nesse contexto.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
acompanhando a leitura não fique confuso. de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁ-
GRAFOS
ORTOGRAFIA
São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
cada uma de forma isolada a seguir: à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
Introdução rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A também faz aumentar o vocabulário do leitor.
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial. Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
Desenvolvimento que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O atento!
desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio- Alfabeto
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão. consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
São três principais erros que podem ser cometidos na elabora- reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
ção do desenvolvimento: que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial. nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, Uso do “X”
dificultando a linha de compreensão do leitor. Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o
X no lugar do CH:
Conclusão • Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen- gar)
volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen- • Depois de ditongos (ex: caixa)
tos levantados pelo autor. • Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”. Uso do “S” ou “Z”
Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob-
Parágrafo servadas:
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem • Depois de ditongos (ex: coisa)
esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
conter introdução, desenvolvimento e conclusão. (ex: casa > casinha)

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final
POR QUÊ
(interrogação, exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não saída, faísca, baú, país
de “S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe

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LÍNGUA PORTUGUESA

Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus têm, obtêm, contêm,
compostos vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos deixando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima à esquerda.

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a crase:


• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor termos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te atender daqui a pouco.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha fica a 50 metros da esquina.

Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo


• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei minha avó até à feira.
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
Ana da faculdade.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no masculino.
Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos à escola / Amanhã iremos ao colégio.

FORMAÇÃO, CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos
Roupa azul-marinho...
ADJETIVO seres
Brincadeira de criança...
Sofre variação em número, gênero e grau
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no
Varia em gênero e número ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO conectivos) Eu vou para a praia ou para a cachoei-
Não sofre variação ra?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-


Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu tra-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME balho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de A cidade é muito bonita quando vista
ligação do alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Novo Acordo Ortográfico
De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
primeiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
nunca mais; de modo algum; de jeito ne-
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem
nhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que Verbos
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito
• Superlativo analítico: muito cedo (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro
• Superlativo sintético: cedíssimo possuem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
Curiosidades (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o • Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
uso de alguns prefixos (supercedo). feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; presente, futuro do pretérito.
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente). perfeito, futuro.
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí). • Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
Pronomes rito.
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, • Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no pretérito mais-que-perfeito, futuro.
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...). fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
nossos...) pio) ou advérbio (gerúndio).
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) Tipos de verbos
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) Desse modo, os verbos se dividem em:
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) vender, abrir...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
Colocação pronominal (falir, banir, colorir, adequar...)
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: acontecer...)
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
gerúndio antecedidos por “em”. átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
Nada me faria mais feliz. pentear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
Orgulhar-me-ei de meus alunos. Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- podendo ser três tipos diferentes:
ções, nem após ponto-e-vírgula. • Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
do lago)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- Formação de Palavras
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, cos, de modo que as palavras se dividem entre:
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
palavra. Ex: flor; pedra
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: vras. Ex: floricultura; pedrada
• Causa: Morreu de câncer. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. azeite
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
• Lugar: O vírus veio de Portugal. Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
• Companhia: Ela saiu com a amiga. palavras:
• Posse: O carro de Maria é novo.
• Meio: Viajou de trem. Derivação
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
Combinações e contrações palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
havendo perda fonética (contração). • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
• Combinação: ao, aos, aonde radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
Conjunção do (des + governar + ado)
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
mento de redigir um texto. próprio – sobrenomes).
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
conjunções subordinativas. Composição
A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
Conjunções coordenativas se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
cinco grupos: aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Aditivas: e, nem, bem como. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Adversativas: mas, porém, contudo. tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
• Conclusivas: logo, portanto, assim. -flor / passatempo.
• Explicativas: que, porque, porquanto.
Abreviação
Conjunções subordinativas Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. Hibridismo
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
substantivas, definidas pelas palavras que e se. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Causais: porque, que, como.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. Combinação
• Condicionais: e, caso, desde que. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
• Comparativas: como, tal como, assim como. recer + adolescente).
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que. Intensificação
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
• Temporais: quando, enquanto, agora. mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
colizar (em vez de protocolar).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falante em contextos específicos, podendo ser temporárias ou permanentes.
Existem três tipos principais de neologismos:
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma palavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem - Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações Esse é o problema da pandemia:
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias as pessoas não respeitam a
apresentadas anteriormente quarentena.
Antes de citação direta Como diz o ditado: “olho por olho,
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 —
ainda está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

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LÍNGUA PORTUGUESA
No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


Deve concordar com o substantivo quando
É PROIBIDO
há presença de um artigo. Se não houver essa É proibida a entrada.
É PERMITIDO
determinação, deve permanecer no singular e no É proibido entrada.
É NECESSÁRIO
masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a
respeito da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” Havia menos mulheres que homens na
MENOS
não existe na língua portuguesa. fila para a festa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

As crianças mesmas limparam a sala


MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício;
comum; contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior;
A
leal; necessário; nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil;
visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência;
SOBRE
triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda - Tempos verbais: concordância de sentido proferida pelos ver-
à senhora. bos e seus respectivos tempos.

EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO. PARALELISMO


SINTÁTICO
A equivalência e transformação de estruturas consiste em sa-
ber mudar uma sentença ou parte dela de modo a que fique grama- A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
ticalmente correta. Poderíamos explicitar as regras morfológicas e belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
sintáticas em linguagem natural. Um exemplo disso seria a seguinte dos e suas unidades: frase, oração e período.
definição de período: O período é composto por uma frase e opcio- Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
nalmente pela sua concatenação com outras frases em número in- que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
definido relacionadas duas a duas por sintagma conectivo. A defini- e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
ção de regras sintáticas em linguagem natural tem suas vantagens. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
A Ordem dos Termos na Frase bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Há diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente uma opcional.
frase. Tudo depende da necessidade ou da vontade do redator Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
em manter o sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
algum dos seus termos.Significa dizer que, ao escrever, podemos (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
fazer uma série de inversões e intercalações em nossas frases, con- lizados com a pontuação adequada.
forme a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira como
queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo. Análise sintática
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as boas do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
“sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a não “em- • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
bolar” o sentido quando produzimos frases complexas. Com isto, • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
“entregamos” frases bem organizadas aos nossos leitores. nominais, agentes da passiva)
O básico para a organização sintática das frases é a ordem di- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
reta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam tal ordem da biais, apostos)
seguinte maneira:
Termos essenciais da oração
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIRCUNSTÂN- Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
CIAS O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas con- onde o verbo está presente.
têm todos estes elementos
O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
Paralelismo vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
Os paralelismos sintático e semântico se caracterizam pelas re- centra no verbo impessoal):
lações de semelhança existente entre palavras e expressões que se Lúcio dormiu cedo.
efetivam tanto de ordem morfológica (quando pertencem à mesma Aluga-se casa para réveillon.
classe gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases ou Choveu bastante em janeiro.
orações) e semântica (quando há correspondência de sentido entre
os termos). Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indi- sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
cando que houve a quebra destes recursos, tornando-se impercep- inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
tíveis aos olhos de quem a produz, interferindo de forma negativa da oração:
na textualidade como um todo. Ampliando a noção sobre a correta Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
utilização destes recursos, analisemos alguns casos em que eles se Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
aplicam: Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
- não só... mas (como) também: tal construção confere-nos a
ideia de adição. Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
- Quanto mais... (tanto) mais: noção de progressão, podemos predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
identificar a construção paralelística. transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
- Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora: ideia de alternância. um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
- Tanto... Quanto: ideia de adição, acrescida àquela de equiva- nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
lência, constata-se a estrutura paralelística. uma qualidade sua)
- Não... E não/nem: recurso empregado quando se quer atri- As crianças brincaram no salão de festas.
buir uma sequência negativa. Mariana é inteligente.
- Por um lado... Por outro: referência a aspectos negativos e Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.
positivos relacionados a um determinado fato.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


e, nem, também, bem como, não só, tan-
ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior
to...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresenta-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
da na oração anterior
logo, pois, portanto, assim, por isso, com
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior
isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


Esse era meu receio: que ela não discursasse outra
APOSITIVA aposto
vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.


PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma
O candidato, que é do partido socialista,
EXPLICATIVAS informação.
está sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e
locuções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, corrupção.
gerúndio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


Ideia de causa, motivo, razão de
CAUSAIS porque, visto que, já que, como...
efeito
como, tanto quanto, (mais / menos) que, do
COMPARATIVAS Ideia de comparação
que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
caso, se, desde que, contanto que, a menos
CONDICIONAIS Ideia de condição
que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à me-
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
dida que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

RELAÇÕES DE SINONÍMIA E ANTONÍMIA

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Polissemia e monossemia sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder,
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). […]
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). Rosa Maria Torres
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
Denotação e conotação 16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po-
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
da cadeira. tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
indesejadas.
Hiperonímia e hiponímia […]
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
ficado entre as palavras. lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
Limão é hipônimo de fruta. semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
mo, em relação à “diversidade”.
Formas variantes II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- no paradigma argumentativo do enunciado.
farto / gatinhar – engatinhar. III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
Arcaísmo dade e identidade”.
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante ção(ões) verdadeira(s).
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- (A) I, apenas
mácia / franquia <—> sinceridade. (B) II e III
(C) III, apenas
QUESTÕES (D) II, apenas
(E) I e II

1. (FMPA – MG) 3. (UNIFOR CE – 2006)


Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
te aplicada: sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
(E) A cessão de terras compete ao Estado. guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
2. (UEPB – 2010) de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
maiores nomes da educação mundial na atualidade. de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
de.
Carlos Alberto Torres Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.
se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de p.68)
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre-

31
LÍNGUA PORTUGUESA
Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo- ída por “nós”.
cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se (C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito
o contexto, é correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
(A) ceticismo. acordo com a norma culta da língua portuguesa.
(B) desdém. (D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
(C) apatia. e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
(D) desinteresse. (E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no
(E) negligência. texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.

4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. 6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. na salada – o meu jeito de querer bem.”
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
para os carros e os pedestres. de:
(A) objeto indireto e aposto
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- (B) objeto indireto e predicativo do sujeito
mônimos e parônimos. (C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(A) I e III. (D) complemento nominal e aposto
(B) II e III. (E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
(C) II apenas.
(D) Todas incorretas. 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
pressa esqueci o Quincas Borba”.
5. (UFMS – 2009) (A) objeto direto
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de (B) sujeito
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (C) agente da passiva
30/09/08. Em seguida, responda. (D) adjunto adverbial
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (E) aposto
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima- tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
mente do jeito correto. (A) Sujeito
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, (B) Objeto direto
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (C) Predicativo do sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (D) Adjunto adverbial
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (E) Adjunto adnominal
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
mática na cabeça. 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré- manhã de segunda-feira”.
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me (A) Predicativo
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa (B) Complemento nominal
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (C) Objeto indireto
la, lá vinham as palavras mágicas. (D) Adjunto adverbial
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (E) Adjunto adnominal
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. 10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
– Ainda não fomos apresentados – ela disse. te”. O termo destacado funciona como:
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de (A) Objeto indireto
terror. (B) Objeto direto
– E ele faz o quê? (C) Adjunto adnominal
– Atrapalha a gente na hora de escrever. (D) Vocativo
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia (E) Sujeito
usar trema nem se lembrava da regrinha.
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no 11. (UFRJ) Esparadrapo
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
rão ao menos para determinar minha idade. que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
– Esse aí é do tempo do trema.” bulo*”.
QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
Assinale a alternativa correta. Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons- *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro impres-
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si. so até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu-

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LÍNGUA PORTUGUESA
A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do (E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
texto. Sua função resume-se em: O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
coisa. Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen- me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com
te. oitenta ainda está ativo e presente.
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun- Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí-
to. cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.”
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa. LUFT, 2014, p.104-105
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
dos. Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: queria correr nas lajes do pátio (...)”

É preciso que ela se encante por mim! Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
(A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- hora (...)”
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal netas, borracha (...)”
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. (C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”

13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
a orações subordinadas substantivas, exceto: ____________________.”
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais. Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(B) Desejo que ela volte. mente a frase acima. Assinale-a.
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. (B) desista da ação contra aquele salafrário.
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
tem. (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(E) tentamos aquele emprego novamente.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.”
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
um “se” que é . ________. lacunas do texto a seguir:
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
(C) relativa, pronome reflexivo críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
arte.”
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos (C) bastante - por - meias - ao - a - à
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- (D) meias - para - muito - pelo - em - por
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena com a gramática:
dos dois, a mãe ficava furiosa.) I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- (A) em I e II
riam rompidas mais uma vez. (B) apenas em IV
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- (C) apenas em III
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, (D) em II, III e IV
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem (E) apenas em II
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan-
te.

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LÍNGUA PORTUGUESA
19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
Hoje, só ___ ervas daninhas. tas nos itens a seguir:
(A) fazem, havia, existe I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(B) fazem, havia, existe migos de hipócritas;
(C) fazem, haviam, existem II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(D) faz, havia, existem desprezo por tudo;
(E) faz, havia, existe III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor-
dância verbal, de acordo com a norma culta: A frase reescrita está com a regência correta em:
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. (A) I apenas
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. (B) II apenas
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (C) III apenas
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (D) I e III apenas
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (E) I, II e III

21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
culta é: (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
líderes pefelistas. (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
íses passou despercebida. 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
social. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um erroneamente, exceto em:
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- (B) É um privilégio estar aqui hoje.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, (C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
a aventura à repetição. (D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas correspondentes. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
A arma ___ se feriu desapareceu. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
Estas são as pessoas ___ lhe falei. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
Aqui está a foto ___ me referi. classificação.
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. “____________ o céu é azul?”
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
sito pelo caminho.”
(A) que, de que, à que, cujo, que. “Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. ao nosso encontro.”
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. diais. ____________?”
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: (C) Por que – porque – porquê – Por quê
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. (D) Porquê – porque – por quê – Por que
(B) Informei-lhe a nota obtida. (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
sinais de trânsito. 29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
(E) Muita gordura não implica saúde. se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
ser seguidos pela mesma preposição: Assinale-a.
(A) ávido / bom / inconsequente (A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
(B) indigno / odioso / perito (B) O infrator foi preso em flagrante.
(C) leal / limpo / oneroso (C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) orgulhoso / rico / sedento (D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
(E) oposto / pálido / sábio (E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão 36. (IFAL - 2011)
grafadas corretamente.
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
de acentuação da língua padrão. nião, 12.10.2010)
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. do na alternativa:
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la (A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
seguia se recompôr e viver tranquilo. frimento da infância mais pobre.”
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
Remígio resolveu pedí-la em casamento. importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
tuadas devido à mesma regra: sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) saí – dói sofrimento da infância mais pobre.”
(B) relógio – própria (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(C) só – sóis importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(D) dá – custará sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(E) até – pé sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sofrimento da infância mais pobre.”
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi-
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se 37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. tuação:
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
L. se atrasaram.
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. (B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – atrasaram, porém.
eu. (C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. (D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
assinale a afirmação verdadeira. 38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, pontuação.
como “também” e “porém”. (A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirma-
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela ram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas
mesma razão. articulações.”.
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela (B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por
mesma razão que a palavra “país”. parte dos pacientes são baixas.
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí- (C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diag-
rem monossílabos tônicos fechados. nosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- (D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção
que todas as paroxítonas são acentuadas. do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o do-
ente confie em seu médico).
35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala- (E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local
vra é acentuada graficamente: da inflamação é bastante intensa!
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu 39. (ENEM – 2018)
(C) saudade, onix, grau, orquídea
(D) voo, legua, assim, tênis Física com a boca
(E) flores, açucar, album, virus Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?

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LÍNGUA PORTUGUESA
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa:
(A) tatuar
(B) quando
(C) doutor
(D) ainda
(E) além

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LÍNGUA PORTUGUESA
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
ras? em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
(A) rosa, deve, navegador; a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
(B) barcos, grande, colado; ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(C) luta, após, triste; (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
(D) ringue, tão, pinga;
(E) que, ser, tão. Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- usuários longe da rede social.”
se de uma língua: o fonético e o gramatical. A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
Verifique a que nível se referem as características do português (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). ticamente.
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
formas com gerúndio, como estou fazendo. possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em raria o sentido do texto.
palavras como académico e antónimo, (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
como em contacto e facto. informação nova.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
de ir até lá. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
qual são introduzidas de forma mais generalizada
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é: 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
(A) 2 – 1 – 1 – 2. dem a um adjetivo, exceto em:
(B) 2 – 1 – 2 – 1. (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(D) 1 – 1 – 2 – 2. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(E) 1 – 2 – 2 – 1. (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
sem fim.
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
guintes palavras:
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(B) descompõem, desempregados, desejava só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(C) estendendo, escritório, espírito respectivamente:
(D) quietação, sabonete, nadador (A) adjetivo, adjetivo
(E) religião, irmão, solidão (B) advérbio, advérbio
(C) advérbio, adjetivo
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras (D) numeral, adjetivo
não é formada por prefixação: (E) numeral, advérbio
(A) readquirir, predestinado, propor
(B) irregular, amoral, demover 49. (ITA-SP)
(C) remeter, conter, antegozar Beber é mal, mas é muito bom.
(D) irrestrito, antípoda, prever (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
(E) dever, deter, antever
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (A) adjetivo
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (B) substantivo
Uma organização não governamental holandesa está propondo (C) pronome
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias (D) advérbio
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o (E) preposição
grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- 50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar pela ordem, a:
um contador na rede social. (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome

37
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 43 B
44 D
1 C 45 E
2 B 46 D
3 D 47 B
4 C 48 B
5 C 49 B
6 A 50 E
7 D
8 C ANOTAÇÕES
9 B
10 E ______________________________________________________
11 C ______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 E
14 B ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 A
18 C ______________________________________________________

19 D ______________________________________________________
20 C ______________________________________________________
21 E
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________
24 D ______________________________________________________
25 E
______________________________________________________
26 A
______________________________________________________
27 B
28 C ______________________________________________________
29 B ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________
31 E
32 B ______________________________________________________

33 E ______________________________________________________
34 B
______________________________________________________
35 B
______________________________________________________
36 E
37 A ______________________________________________________
38 A ______________________________________________________
39 B
_____________________________________________________
40 A
41 D _____________________________________________________

42 D ______________________________________________________

38
LEGISLAÇÃO APLICADA AOS
SERVIDORES DO DISTRITO FEDERAL

CONHECIMENTOS SOBRE A REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E


ECONÔMICA DO DISTRITO FEDERAL E DA REGIÃO INTEGRADA DE DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO FEDERAL E
ENTORNO – RIDE

Visão histórica
A capital do Brasil foi primeiramente Salvador, depois se tornou o Rio de Janeiro e atualmente é Brasília no planalto central. A ideia
de levar a capital para o planalto central, porém ocorreu bem antes da fundação de Brasília. Abaixo relatamos um quadro histórico sobre
os fatos relevantes.

Marques de Pombal menciona levar a capital para interior do país usando como justificativa a segurança nacio-
1761
nal, visto ficar interiorizada longe da costa marítima.
1789 Na inconfidência mineira manifestou-se o desejo de interiorizar a capital levando-a para a cidade de Ouro Preto.
Foi criado o congresso nacional. O deputado José de Bonifácio defendia veementemente a interiorização da
1823 capital.
Neste mesmo ano José Bonifácio propõe o nome de “Brasília” para a nova capital.
Foi promulgada a 1ª constituição republicana.
1891 Esta constituição determinou a transferência, a demarcação e reserva de uma área de 14.400 Km2 no planalto
central para a fixação da capital do Brasil, oficializando assim a construção de Brasília.
Foi encaminhada para o Planalto Central a Missão Crul que era uma missão exploradora do planalto central do
1882 Brasil com o objetivo de fazer um estudo técnico. A missão Crul estudou e demarcou a área para a futura construção
da capital.
1922 Pedra Fundamental (Simplesmente um símbolo para anunciar que será construída a capital).
Foi encaminhada outra missão exploradora denominada Missão Poli Coelho para atualizar os dados, visto que
1946
1ª missão foi no século passado.
1956 - 1960 No governo do presidente JK a capital é transferida após sua construção parcial.

Fatos relevantes sobre JK referentes a construção da capital


1954 — Morte de Getúlio Vargas
1955 — Eleição de Juscelino Kubitschek (JK)

Após ser eleito JK aplicou o seu plano político que continha dois pilares, conforme a imagem abaixo:

PLANO POLÍTICO DE JUSCELINO KUBITSCHEK (JK)


PILAR POLÍTICO PILAR ECONÔMICO
DEFENDER A CONSTITUIÇÃO LEMA PARA DESENVOLVIMENTO: 50 ANOS EM 5
DEFENDER A DEMOCRACIA PLANO DE 30 METAS PARA O DESENVOLVIMENTO
LANÇAMENTO DA META SÍNTESE (CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA)

Dentro deste contexto foi lançada então a Meta Síntese que tratava da construção e transferência da capital para a Brasília.

Construção e interiorização da capital


Na construção da capital no interior do Brasil ocorreram migrações internas principalmente de nordestinos e isto resultou num cres-
cimento desordenado na região.
Os seguintes fatores estavam envolvidos:
1 — Segurança nacional
2 — Interiorização do povoamento
3 — Integração nacional
4 — Interiorizaçao do desenvolvimento (pecuária e agricultura)

39
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
A região do Distrito Federal e os arredores foram protagonistas dos fatos citados acima causando um grande impacto social e econô-
mico.
Neste cenário JK colocou o seu plano de desenvolvimento e metas estabelecidas por meio da construção de rodovias, abertura para
entrada de indústrias automobilísticas, etc. Esse foi um período marcado pelo grande desenvolvimento do Brasil em todos os aspectos.

Outros Fatos relevantes sobre a construção de Brasília


• Os trabalhadores na construção de Brasília eram conhecidos como “Candangos”;
• Participação da empresa pública NOVACAP na construção de Brasília;
• Os nomes chaves responsáveis pela construção de Brasília foram: Juscelino Kubitschek (Presidente do Brasil), Oscar Niemeyer (Pro-
jeto arquitetônico), Lúcio Costa (Projeto Urbanístico) e Israel Pinheiro (político e empresário).

Realocação populacional
Como foi relatado, Brasília foi construída por trabalhadores (candangos) vindos de outras regiões do Brasil (principalmente nordeste).
Estes trabalhadores fixaram residência na região, portanto era necessário realoca-los, liberando assim á área construída do DF para a fun-
ção política-administrativa.
Dentro deste contexto esta população foi alocada na periferia, nascendo então as Cidades Satélites, que inicialmente eram cinco nú-
cleos habitacionais: Planaltina, Brazilândia, Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Candangolândia.
Todos esses acontecimentos se deram antes da inauguração de Brasília, mas até hoje o governo do Distrito Federal adota uma política
habitacional e urbana. Esta postura tem como objetivo preservar o plano piloto original da construção de Brasília com sua função políti-
ca-administrativa.
Dentro deste cenário migratório, os municípios do entorno de Goiás e Minas Gerais também foram alvos da migração de contingentes
populacionais, desta forma o DF e estes munícipios ficaram com relações estabelecidas e dependentes um do outro.

Criação da RIDE-DF (Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno)


Ride na verdade é uma legislação que visa regulamentar aspectos jurídicos e administrativos desta realidade concreta de dependência
social, espacial, econômica, cultural e política entre as partes, neste caso do DF e os municípios do entorno.
Vamos ver a imagem abaixo para solidificar o conceito de RIDE.

R I D E
REGIÃO INTEGRADA (CONJUNTA) DESENVOLVIMENTO

Fatos relevantes sobre RIDE


• A RIDE-DF é a Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno;
• A RIDE-DF é formada pelo DF + alguns municípios de Goiás e outros de Minas Gerais;
• As áreas de atuação da RIDE são: Transporte, saneamento básico, infraestrutura, saúde, segurança educação;
• Os municípios que pertencem a RIDE possuem prioridades na captação de recursos da UNIÃO;
• A legislação da RIDE foi criada em 1998 pela lei complementar No 94;
• A legislação da RIDE foi alterada em junho 2018 pela lei complementar 163 sancionada pelo presidente Michel Temer;
• Em 1998 a RIDE era formada pelo DF + 19 municípios de Goiás 2 de Minas Gerais;
• Após a alteração da lei em 2018 temos o DF + 29 municípios de Goiás 4 de Minas Gerais;
• Os 4 municípios de MG que fazem parte da RIDE são: Cabeceira Grande, Arinos, Buritis e Unaí, sendo que Cabeceira Grande e Arinos
são inclusões recentes na RIDE;
• Existem outras RIDE pelo Brasil regulamentadas pela legislação;
• Há 3 RIDEs no BRASIL (1º-DF e Entrono, 2º Teresina e Timom, 3º Juazeiro e Petrolina;
• A RIDE objeto do nosso estudo é a RIDE-DF e entorno;
• RIDE é diferente de Região Metropolitana.

Diferença entre RIDE e Região Metropolitana

RIDE REGIÃO METROPOLITANA


LEI FEDERAL LEI ESTADUAL
2 OU MAIS UNIDADES FEDERATIVAS TODOS OS MUNICÍPIOS DO ESTADO

Geografia e política regional


O Distrito Federal possui a área de 5.801,9 km² e está localizado na região Centro-Oeste. As regiões limítrofes do DF são Planaltina de
Goiás (Norte), Formosa (Nordeste e Leste), Minas gerais (Leste), Cristalina e Luziânia (Sul), Santo Antônio do Descoberto (Oeste e Sudoes-
te), Corumbá de Goiás (Oeste) e Padre Bernardo (Noroeste).

40
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Abaixo relatamos um quadro de resumo geográfico e político-regional

RELEVO Planalto
VEGETAÇÃO Cerrado
CLIMA Tropical
HORÁRIO 3 horas em relação a Greenwich (Inglaterra)
RIOS PRINCIPAIS Preto, Paranoá, São Bartolomeu e Santo Antônio do Descoberto
GOVERNO DO DF Governador e câmara legislativa com 24 deputados

O Distrito Federal é dividido em 33 Regiões Administrativas, segundo a figura abaixo:

RA CIDADE RA CIDADE RA CIDADE


I Plano Piloto XII Samambaia XXIII Varjão
II Gama XIII Santa Maria XXIV Park Way
III Taguatinga XIV São Sebastião XXV Estrutural / Scia
IV Brazlândia XV Recanto das Emas XXVI Sobradinho II
V Sobradinho XVI Lago Sul XXVII Jardim Botânico
VI Planaltina XVII Riacho Fundo XXVIII Itapoã
VII Paranoá XVIII Lago Norte XXIX SIA
VIII Núcleo Bandeirante XIX Candangolândia XXX Vicente Pires
IX Ceilândia XX Águas Claras XXXI Fercal
X Guará XXI Riacho Fundo 2 XXXII Sol Nascente / Pôr do Sol
XI Cruzeiro XXII Sudoeste / Octagonal XXXIII Arniqueira

A região do plano piloto do DF é composta de órgãos diversos do governo federal, embaixadas, residências oficiais e prédios públicos
federais e estão localizados na asa norte e sul e lago sul, em sua grande maioria.
Também existe uma divisão em áreas segundo o segmento de atuação das empresas, tais como: Setor Comercial, Setor Bancário, Setor
Hospitalar, Setor de Diversões, Setor de Autarquias, Setor de Embaixadas, Setor de Clubes, áreas comerciais, residenciais, etc.

O fluxo urbano da região administrativa principal possui as vias principais


• Via Eixo Monumental: Esta avenida divide as áreas da região da Asa Norte e Asa Sul. Nestas áreas estão o congresso nacional, os
ministérios e outros órgãos;
• Via Eixo Rodoviário: É uma longa avenida que liga a cidade de norte a sul, de um lado a outro.
• W-3: Avenida comercial com muitas lojas, etc. Esta avenida também atravessa a cidade da asa norte a asa sul.
• L-2: Avenida onde encontramos escolas, hospitais, igrejas, etc. Esta avenida também atravessa a asa sul e norte.
• A Região administrativa principal possui o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.

41
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Quando falamos em “Asa Norte” e “Asa Sul’, nos referimos a Plano Piloto (Planejamento da área administrativa do governo federal),
de acordo com a figura abaixo:

População de Brasília
A população de Brasília foi formada por sucessivas migrações de várias regiões em busca de melhores condições de vida, melhor re-
muneração e atraídas pelo desenvolvimento. Eles se concentravam no Núcleo Bandeirante e Vila Planalto, suas construções eram simples
e muitas são conservadas e preservadas como patrimônio histórico.
Dentro deste contexto pré-estabelecido a cidade é um Mix de costumes devidos às diferenças culturais refletindo assim no folclore,
expressões, costumes, etc.

Economia
Para fins de entendimento vamos dividir a economia e setores conforme abaixo:

SETOR DA
PARTICIPAÇÃO SETORES ECONÔMICOS
ECONOMIA
Comunicações: Cia Brasil Telecom., estações publicas e privadas de televisão e suas regio-
nais, TV Câmara, TV Senado e Justiça.
TERCIÁRIO 94,3% Finanças: Em Brasília ficas as sedes de vários bancos tais como: Banco Central, Banco do
Brasil, Banco de Brasília, Caixa Econômica Federal, etc.
Entretenimento, tecnologia de informática e serviços legais.
SECUNDÁRIO 5,4% Construção e processamento de alimentos
Produtos agrícolas: café, hortaliças e grãos, milho, morango, etc.
PRIMÁRIO 0,3%
Pecuária e artesanato.

Clima
No DF é predominante o clima tropical, com sua temperatura média de 22º C e variações que vão de 13º a 28º C.
Durante o dia a temperatura tende a se elevar. Sendo que após a primavera acontecem períodos chuvosos com fortes chuvas de curta
duração e a umidade do ar relativa do ar chega a 70%
Durante os meses de maio e setembro as temperaturas ficam mais altas com a baixa umidade relativa do ar. O território de Brasília
é muito seco, os períodos de seca tendem a durar até cinco meses. O DF é marcado pela baixa umidade relativa do ar, acentuando o des-
conforto e alerta de autoridades.

Cultura
Brasília foi reconhecida como patrimônio histórico da humanidade pela UNESCO, preservando assim o plano piloto original do projeto.
Dentro deste cenário foi reconhecido o projeto urbanístico de Lucio Costa e o projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.
Museus Históricos:
• Catetinho: Primeira Residência oficial de Juscelino Kubitschek
• Museu vivo da história candanga.

42
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
• Museu Nacional da República III - isenções e incentivos fiscais, em caráter temporário, de fo-
• Centro cultural três poderes mento a atividades produtivas em programas de geração de empre-
gos e fixação de mão-de-obra.
Todos reúnem fotos, peças e objetos de JK, objetos da história Art. 5º Os programas e projetos prioritários para a região, com
dos construtores de Brasília (candangos) e da república. especial ênfase para os relativos à infra-estrutura básica e geração
• Casa do Cantador: Espaço dedicado aos repentistas e litera- de empregos, serão financiados com recursos:
tura de Cordel I - de natureza orçamentária, que lhe forem destinados pela
• Feira da Torre de TV: Mostra a diversidade do povo de Brasí- União, na forma da lei;
lia, através da culinária, objetos em geral. II - de natureza orçamentária que lhe forem destinados pelo
Distrito Federal, pelos Estados de Goiás e de Minas Gerais, e pelos
LEI COMPLEMENTAR Nº 94, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 Municípios abrangidos pela Região Integrada de que trata esta Lei
Complementar;
Autoriza o Poder Executivo a criar a Região Integrada de De- III - de operações de crédito externas e internas.
senvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE e instituir o Art. 6º A União poderá firmar convênios com o Distrito Federal,
Programa Especial de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Fe- os Estados de Goiás e de Minas Gerais, e os Municípios referidos
deral, e dá outras providências. no § 1º do art. 1º, com a finalidade de atender o disposto nesta Lei
Complementar.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- Art. 7º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: publicação.
Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 1º É o Poder Executivo autorizado a criar, para efeitos de
articulação da ação administrativa da União, dos Estados de Goiás
LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL E ALTERAÇÕES
e Minas Gerais e do Distrito Federal, conforme previsto nos arts.
POSTERIORES
21, inciso IX, 43 e 48, inciso IV, da Constituição Federal, a Região
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE.
§ 1º A Região Administrativa de que trata este artigo é constitu- LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL
ída pelo Distrito Federal, pelos Municípios de Abadiânia, Água Fria
de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso de Goiás, PREÂMBULO
Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Cavalcante, Cidade Oci- Sob a proteção de Deus, nós, Deputados Distritais, legítimos
dental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Flores representantes do povo do Distrito Federal, investidos de Poder
de Goiás, Formosa, Goianésia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Nique- Constituinte, respeitando os preceitos da Constituição da Repúbli-
lândia, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo ca Federativa do Brasil, promulgamos a presente Lei Orgânica, que
Antônio do Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaíso constitui a Lei Fundamental do Distrito Federal, com o objetivo de
de Goiás, Vila Boa e Vila Propício, no Estado de Goiás, e de Arinos, organizar o exercício do poder, fortalecer as instituições democrá-
Buritis, Cabeceira Grande e Unaí, no Estado de Minas Gerais. (Reda- ticas e os direitos da pessoa humana.
ção dada pela Lei Complementar nº 163, de 2018)
§ 2º Os Municípios que vierem a ser constituídos a partir de TÍTULO I
desmembramento de território de Município citado no § 1º deste DOS FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DO
artigo passarão a compor, automaticamente, a Região Integrada de DISTRITO FEDERAL
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno.
Art. 2º É o Poder Executivo autorizado a criar um Conselho Ad- Art. 1° O Distrito Federal, no pleno exercício de sua autono-
ministrativo para coordenar as atividades a serem desenvolvidas na mia política, administrativa e financeira, observados os princípios
Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. constitucionais, reger-se-á por esta Lei Orgânica.
Parágrafo único. As atribuições e a composição do Conselho de Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
que trata este artigo serão definidas em regulamento, dele parti- por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
cipando representantes dos Estados e Municípios abrangidos pela da Constituição Federal e desta Lei Orgânica.
RIDE. Art. 2° O Distrito Federal integra a união indissolúvel da Repú-
Art. 3º Consideram-se de interesse da RIDE os serviços públicos blica Federativa do Brasil e tem como valores fundamentais:
comuns ao Distrito Federal e aos Municípios que a integram, es- I - a preservação de sua autonomia como unidade federativa;
pecialmente aqueles relacionados às áreas de infra-estrutura e de II - a plena cidadania;
geração de empregos. III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 4º É o Poder Executivo autorizado a instituir o Programa IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Especial de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal. V - o pluralismo político.
Parágrafo único. O Programa Especial de Desenvolvimento do Parágrafo único. Ninguém será discriminado ou prejudicado
Entorno do Distrito Federal, ouvidos os órgãos competentes, esta- em razão de nascimento, idade, etnia, raça, cor, sexo, caracterís-
belecerá, mediante convênio, normas e critérios para unificação de ticas genéticas, estado civil, trabalho rural ou urbano, religião,
procedimentos relativos aos serviços públicos, abrangidos tanto convicções políticas ou filosóficas, orientação sexual, deficiência
os federais e aqueles de responsabilidade de entes federais, como física, imunológica, sensorial ou mental, por ter cumprido pena,
aqueles de responsabilidade dos entes federados referidos no art. nem por qualquer particularidade ou condição, observada a Cons-
1º, especialmente em relação a: tituição Federal. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
I - tarifas, fretes e seguros, ouvido o Ministério da Fazenda; nica 65 de 30/08/2013)
II - linhas de crédito especiais para atividades prioritárias; Art. 3° São objetivos prioritários do Distrito Federal:

43
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
I - garantir e promover os direitos humanos assegurados na Art. 7° São símbolos do Distrito Federal a bandeira, o hino e
Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Hu- o brasão.
manos; Parágrafo único. A lei poderá estabelecer outros símbolos e
II - assegurar ao cidadão o exercício dos direitos de iniciativa dispor sobre seu uso no território do Distrito Federal.
que lhe couberem, relativos ao controle da legalidade e legitimi- Art. 8° O território do Distrito Federal compreende o espaço
dade dos atos do Poder Público e da eficácia dos serviços públicos; físico-geográfico que se encontra sob seu domínio e jurisdição.
III - preservar os interesses gerais e coletivos; Art. 9° O Distrito Federal, na execução de seu programa de
IV - promover o bem de todos; desenvolvimento econômico-social, buscará a integração com a
V - proporcionar aos seus habitantes condições de vida com- região do entorno do Distrito Federal.
patíveis com a dignidade humana, a justiça social e o bem comum;
VI - dar prioridade ao atendimento das demandas da socieda- CAPÍTULO II
de nas áreas de educação, saúde, trabalho, transporte, segurança DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO DISTRITO FEDERAL
pública, moradia, saneamento básico, lazer e assistência social;
VII - garantir a prestação de assistência jurídica integral e gra- Art. 10. O Distrito Federal organiza-se em Regiões Adminis-
tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; trativas, com vistas à descentralização administrativa, à utilização
VIII - preservar sua identidade, adequando as exigências do racional de recursos para o desenvolvimento sócio-econômico e à
desenvolvimento à preservação de sua memória, tradição e pe- melhoria da qualidade de vida.
culiaridades; § 1° A lei disporá sobre a participação popular no processo de
IX - valorizar e desenvolver a cultura local, de modo a contri- escolha do Administrador Regional. (Parágrafo regulamentado(a)
buir para a cultura brasileira. pelo(a) Lei 1799 de 16/10/1997)
X - assegurar, por parte do poder público, a proteção indivi- § 2° A remuneração dos Administradores Regionais não pode-
dualizada à vida e à integridade física e psicológica das vítimas rá ser superior à fixada para os Secretários de Estado do Distrito
e das testemunhas de infrações penais e de seus respectivos fa- Federal. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44
miliares. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 6 de de 29/11/2005)
14/10/1996) § 3° A proibição de que trata o art. 19, § 8°, aplica-se à nome-
XI - zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob ação de administrador regional. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
a inscrição n° 532 do Livro do Tombo Histórico, respeitadas as de- Emenda à Lei Orgânica 60 de 20/12/2011)
finições e critérios constantes do Decreto n° 10.829, de 2 de ou- Art. 11. As Administrações Regionais integram a estrutura ad-
tubro de 1987, e da Portaria n° 314, de 8 de outubro de 1992, do ministrativa do Distrito Federal.
então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Insti- Art. 12. Cada Região Administrativa do Distrito Federal terá
tuto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. (Inciso um Conselho de Representantes Comunitários, com funções con-
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 12 de 12/12/1996) sultivas e fiscalizadoras, na forma da lei.
XII – promover, proteger e defender os direitos da criança, do Art. 13. A criação ou extinção de Regiões Administrativas
adolescente e do jovem. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei ocorrerá mediante lei aprovada pela-maioria absoluta dos Depu-
Orgânica 73 de 23/04/2014) tados Distritais.
XIII - valorizar a vida e adotar políticas públicas de saúde, de Parágrafo único. Com a criação de nova região administrativa,
assistência e de educação preventivas do suicídio. (Inciso acresci- fica criado, automaticamente, conselho tutelar para a respectiva
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 103 de 06/12/2017) região. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 83
XIV - promover a inclusão digital, o direito de acesso à Inter- de 20/08/2014)
net, o exercício da cidadania em meios digitais e a prestação de
serviços públicos por múltiplos canais de acesso. (Inciso acresci- CAPÍTULO III
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 115 de 08/10/2019) DA COMPETÊNCIA DO DISTRITO FEDERAL
Art. 4° É assegurado o exercício do direito de petição ou re-
presentação, independentemente de pagamento de taxas ou Art. 14. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências le-
emolumentos, ou de garantia de instância. gislativas reservadas aos Estados e Municípios, cabendo-lhe exer-
Art. 5° A soberania popular será exercida pelo sufrágio uni- cer, em seu território, todas as competências que não lhe sejam
versal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, vedadas pela Constituição Federal.
nos termos da lei, mediante: (Artigo regulamentado(a) pelo(a) Lei
5608 de 07/01/2016) SEÇÃO I
I - plebiscito; (Inciso regulamentado(a) pelo(a) Lei 1642 de DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA
17/09/1997)
II - referendo; (Inciso regulamentado(a) pelo(a) Lei 1642 de Art. 15. Compete privativamente ao Distrito Federal:
17/09/1997) I - organizar seu Governo e Administração;
III - iniciativa popular. II - criar, organizar ou extinguir Regiões Administrativas de
acordo com a legislação vigente;
TÍTULO II III - instituir e arrecadar tributos, observada a competência
DA ORGANIZAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL cumulativa do Distrito Federal;
IV - fixar, fiscalizar e cobrar tarifas e preços públicos de sua
CAPÍTULO I competência;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS V - dispor sobre a administração, utilização, aquisição e alie-
nação dos bens públicos;
Art. 6° Brasília, Capital da República Federativa do Brasil, é a VI - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de con-
sede do governo do Distrito Federal. cessão ou permissão, os serviços de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial;

44
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
VII - manter, com a cooperação técnica e financeira da União, SEÇÃO II
programas de educação, prioritariamente de ensino fundamental DA COMPETÊNCIA COMUM
e pré-escolar;
VIII - celebrar e firmar ajustes, consórcios, convênios, acor- Art. 16. É competência do Distrito Federal, em comum com
dos e decisões administrativas com a União, Estados e Municípios, a União:
para execução de suas leis e serviços; I - zelar pela guarda dê Constituição Federal, desta Lei Orgâni-
IX - elaborar e executar o plano plurianual, as diretrizes orça- ca, das leis e das instituições democráticas;
mentárias e o orçamento anual; II - conservar o patrimônio público;
X - elaborar e executar o Plano Diretor de Ordenamento Ter- III - proteger documentes e outros bens de valor histórico e
ritorial, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e Planos de Desenvolvi- cultural, monumentos, paisagens naturais notáveis e sítios arque-
mento Local, para promover adequado ordenamento territorial, ológicos, bem como impedir sua evasão, destruição e descarac-
integrado aos valores ambientais, mediante planejamento e con- terização;
trole do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano; (Inciso IV - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) qualquer de suas formas;
XI - autorizar, conceder ou permitir, bem como regular, licen- V - preservar a fauna, a flora e o cerrado;
ciar e fiscalizar os serviços de veículos de aluguéis; VI - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e
XII - dispor sobre criação, transformação e extinção de cargos, à ciência;
empregos e funções públicas; VII - prestar serviços de assistência à saúde da população e
XIII - dispor sobre a organização do quadro de seus servido- de proteção e garantia a pessoas portadoras de deficiência com a
res; instituição de planos de carreira, na administração direta, au- cooperação técnica e financeira da União;
tarquias e fundações-públicas do Distrito Federal; remuneração e VIII - combater as causas da pobreza, a subnutrição e os fato-
regime jurídico único dos servidores; res de marginalização, promovendo a integração social dos seg-
XIV - exercer o poder de polícia administrativa; mentos desfavorecidos;
XV - licenciar estabelecimento industrial, comercial, presta- IX - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
dor de serviços e similar ou cassar o alvará de licença dos que se cimento alimentar;
tornarem danosos ao meio ambiente, à saúde, ao bem-estar da X - promover programas de construção de moradias e a me-
população ou que infringirem dispositivos legais; lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
XVI - regulamentar e fiscalizar o comércio ambulante, inclusi- XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi-
ve o de papéis e de outros resíduos recicláveis; tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em
XVII - dispor sobre a limpeza de logradouros públicos, remo- seu território;
ção e destino do lixo domiciliar e de outros resíduos; XII - estabelecer e implantar política de educação para a se-
XVIII - dispor sobre serviços funerários e administração dos gurança do trânsito.
cemitérios; Parágrafo único. Lei complementar deve fixar norma para a
XIX - dispor sobre apreensão, depósito e destino de animais cooperação entre a União e o Distrito Federal, tendo em vista o
e mercadorias apreendidas em decorrência de transgressão da le- equilíbrio do desenvolvimento e o bem-estar no âmbito do terri-
gislação local; tório do Distrito Federal. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda
XX - disciplinar e fiscalizar, no âmbito de sua competência, à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
competições esportivas, espetáculos, diversões públicas e eventos
de natureza semelhante, realizados em locais de acesso público; SEÇÃO III
XXI - dispor sobre a utilização de vias e logradouros públicos; DA COMPETÊNCIA CONCORRENTE
XXII - disciplinar o trânsito local, sinalizando as vias urbanas e
estradas do Distrito Federal; Art. 17. Compete ao Distrito Federal, concorrentemente com
XXIII - exercer inspeção e fiscalização sanitária, de postura a União, legislar sobre:
ambiental, tributária, de segurança pública e do trabalho, relati- I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
vamente ao funcionamento de estabelecimento comercial, indus- urbanístico;
trial, prestador de serviços e similar, no âmbito de sua competên- II - orçamento;
cia, respeitada a legislação federal; III - junta comercial;
XXIV - adquirir bens, inclusive por meio de desapropriação, IV - custas de serviços forenses;
por necessidade, utilidade pública ou interesse social, nos termos V - produção e consumo;
da legislação em vigor; VI - cerrado, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
XXV - licenciar a construção de qualquer obra; fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente
XXVI - interditar edificações em ruína, em condições de in- e controle da poluição;
salubridade e as que apresentem as irregularidades previstas na VII - proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, pai-
legislação específica, bem como faiei demolir construções que sagístico e turístico;
ameacem a segurança individual ou coletiva; VIII - responsabilidade por danos ao meio ambiente, ao con-
XXVII - dispor sobre publicidade externa, em especial sobre sumidor e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
exibição de cartazes, anúncios e quaisquer outros meios de pu- espeleológico, turístico e paisagístico;
blicidade ou propaganda, em logradouros públicos, em locais de IX - educação, cultura, ensino e desporto;
acesso público ou destes visíveis. X - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XI – defensoria pública e assistência jurídica nos termos da
legislação em vigor; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
nica 80 de 31/07/2014)

45
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
XII – proteção e integração social das pessoas com defici- VII - a lei reservará percentual de cargos e empregos públicos
ência; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de para portadores de deficiência, garantindo as adaptações neces-
31/07/2014) sárias a sua participação em concursos públicos, bem como defi-
XIII - proteção à infância e à juventude; nirá critérios de sua admissão;
XIV - manutenção da ordem e segurança internas; VIII - a lei estabelecerá os casos de contratação de pessoal por
XV - procedimentos em matéria processual; tempo determinado para atender a necessidade temporária de
XVI - organização, garantias, direitos e deveres da polícia ci- excepcional interesse público;
vil. (Inciso regulamentado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 90 de IX – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de
16/09/2015) que trata o art. 33, § 5º, somente podem ser fixados ou alterados
§ 1° O Distrito Federal, no exercício de sua competência su- por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
plementar, observará as normas gerais estabelecidas pela União. assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem dis-
§ 2° Inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Distrito Fe- tinção de índices; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâni-
deral exercerá competência legislativa plena, para atender suas ca 80 de 31/07/2014)
peculiaridades. X – para fins do disposto no art. 37, XI, da Constituição da Re-
§ 3° A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus- pública Federativa do Brasil, fica estabelecido que a remuneração
pende a eficácia de lei local, no que lhe for contrário. e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públi-
cos, dos membros de qualquer dos Poderes e dos demais agentes
CAPÍTULO IV políticos do Distrito Federal, bem como os proventos de aposen-
DAS VEDAÇÕES tadorias e pensões, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito
Art. 18 É vedado ao Distrito Federal: Federal e Territórios, na forma da lei, não se aplicando o disposto
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, neste inciso aos subsídios dos Deputados Distritais; (Inciso altera-
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re- do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 46 de 11/07/2006)
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na XI - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não pode-
forma da lei, a colaboração de interesse público; rão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
II - recusar fé aos documentos públicos; XII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
III - subvencionar ou auxiliar, de qualquer modo, com recur- pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
sos públicos, quer pela imprensa, rádio, televisão, serviço de al- do serviço público; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
to-falante ou qualquer outro meio de comunicação, propaganda nica 80 de 31/07/2014)
político-partidária ou com fins estranhos à administração pública; XIII – os acréscimos pecuniários percebidos por servidor pú-
IV - doar bens imóveis de seu patrimônio ou constituir sobre blico não são computados nem acumulados para fins de conces-
eles ónus real, bem como conceder isenções fiscais ou remissões são de acréscimos ulteriores; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à
de dívidas, sem expressa autorização da Câmara Legislativa, sob Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
pena de nulidade do ato. XIV – o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto: (Inciso
CAPÍTULO V alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA a) nos incisos X e XIII deste artigo e no art. 125, V; (Alínea
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
SEÇÃO I b) nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Consti-
DISPOSIÇÕES GERAIS tuição Federal; (Alínea acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
80 de 31/07/2014)
Art. 19. A Administração Pública direta e indireta de qualquer XV – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
dos poderes do Distrito Federal obedece aos princípios de lega- exceto quando houver compatibilidade de horários e observado,
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, em qualquer caso, o disposto no inciso X: (Inciso alterado(a) pe-
motivação, participação popular, transparência, eficiência e inte- lo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
resse público, e também ao seguinte: (Artigo alterado(a) pelo(a) a) a de dois cargos de professor;
Emenda à Lei Orgânica 106 de 13/12/2017) b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
I – os cargos, os empregos e as funções públicas são acessíveis c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, de saúde, com profissões regulamentadas; (Alínea alterado(a) pe-
assim como aos estrangeiros, na forma da legislação; (Inciso alte- lo(a) Emenda à Lei Orgânica 78 de 29/04/2014)
rado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) XVI – a proibição de acumular estende-se a empregos e
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público; (Inciso
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
para cargo em comissão declarado, em lei, de livre nomeação e XVII - a administração fazendária e seus agentes fiscais, aos
exoneração; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 quais compete exercer privativamente a fiscalização de tributos
de 31/07/2014) do Distrito Federal, terão, em suas áreas de competência e juris-
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
anos, prorrogável uma vez, por igual período; forma da lei;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de con- XVIII – somente por lei específica pode ser: (Inciso alterado(a)
vocação, o aprovado em concurso público de provas ou de provas pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
dos, para assumir cargo ou emprego na carreira;

46
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
a) criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pú- § 7º Para a privatização ou extinção de empresa pública ou
blica, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo a sociedade de economia mista a que se refere o inciso XVIII deste
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atu- artigo, a lei específica dependerá de aprovação por dois terços dos
ação; (Alínea acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de membros da Câmara Legislativa. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
31/07/2014) Emenda à Lei Orgânica 59 de 24/12/2010)
b) transformada, fundida, cindida, incorporada, privatizada I (Inciso declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 30649-3 de
ou extinta entidade de que trata a alínea a; (Alínea acrescido(a) 13/11/2015)
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) II (Inciso declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 30649-3 de
XIX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- 13/11/2015)
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, § 8º É proibida a designação para função de confiança ou a
assim como a participação de qualquer delas em empresa priva- nomeação para emprego ou cargo em comissão, incluídos os de
da; natureza especial, de pessoa condenada, em decisão transitada
XX - ressalvada a legislação federal aplicável, ao servidor pú- em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a con-
blico do Distrito Federal é proibido substituir, sob qualquer pre- denação até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento
texto, trabalhadores de empresas privadas em greve; da pena, salvo se sobrevier decisão judicial pela absolvição do réu
XXI - todo agente público, qualquer que seja sua categoria ou ou pela extinção da punibilidade, por: (Parágrafo alterado(a) pe-
a natureza do cargo, emprego, função, é obrigado a declarar seus lo(a) Emenda à Lei Orgânica 113 de 17/07/2019)
bens na posse, exoneração ou aposentaria; I - ato tipificado como causa de inelegibilidade prevista na le-
XXII - lei disporá sobre cargos que exijam exame psicotécni- gislação eleitoral; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
co para ingresso e acompanhamento psicológico para progressão nica 113 de 17/07/2019)
funcional. II - prática de crimes previstos na Lei federal nº 8.069, de 13
XXIII - aos integrantes da carreira Fiscalização e Inspeção é de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente; (Inciso
garantida a independência funcional no exercício de suas atri- acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 113 de 17/07/2019)
buições, exigido nível superior de escolaridade para ingresso na III - prática de crimes previstos na Lei federal nº 10.741, de
carreira (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 21 de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso; (Inciso acrescido(a)
18/12/1997) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 113 de 17/07/2019)
§ 1° É direito do agente público, entre outros, o acesso à pro- IV - prática de crimes previstos na Lei nº 11.340, de 7 de
fissionalização e ao treinamento como estímulo à produtividade agosto de 2006 - Lei Maria da Penha. (Inciso acrescido(a) pelo(a)
e à eficiência. Emenda à Lei Orgânica 113 de 17/07/2019)
§ 2° A lei estabelecerá a punição do servidor público que des- § 9º Fica vedada a nomeação de cônjuge, companheiro ou
cumprir os preceitos estabelecidos neste artigo. parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
§ 3° - São obrigados a fazer declaração pública anual de seus grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
bens, sem prejuízo do disposto no art. 97, os seguintes agentes pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assesso-
públicos: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 4 ramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
de 15/03/1996) ou, ainda, de função gratificada, na administração pública dire-
I - Governador; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- ta e indireta em qualquer dos Poderes do Distrito Federal, com-
gânica 4 de 15/03/1996) preendido na vedação o ajuste mediante designações recípro-
II - Vice-Governador; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à cas. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 67 de
Lei Orgânica 4 de 15/03/1996) 30/10/2013)
III - Secretários de Estado do Distrito Federal; (alterado(a) pe- § 10. A vedação de que trata o § 9º não se aplica aos ocupan-
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005) tes de cargo efetivo da carreira em cuja estrutura esteja o cargo
IV – diretores de empresas públicas, sociedades de economia em comissão ou a função gratificada ocupada. (Parágrafo acresci-
mista, autarquias e fundações; (alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 67 de 30/10/2013)
Orgânica 80 de 31/07/2014) § 11. (Parágrafo declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI
V - Administradores Regionais; (Inciso acrescido(a) pelo(a) 23917-7 de 25/09/2014)
Emenda à Lei Orgânica 4 de 15/03/1996) § 12. A lei deve dispor sobre os requisitos e as restrições ao
VI - Procurador Geral do Distrito Federal; (Inciso acrescido(a) ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indire-
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 4 de 15/03/1996) ta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. (Parágrafo
VII - Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Fede- acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
ral; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 4 de § 13. A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
15/03/1996) órgãos e entidades da administração pública pode ser ampliada
VIII - Deputados Distritais. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emen- mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o
da à Lei Orgânica 4 de 15/03/1996) Poder Público, que tenha por objeto a fixação de metas de de-
IX – Defensor Público-Geral do Distrito Federal. (Inciso acres- sempenho para o órgão ou a entidade, cabendo à lei dispor so-
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) bre: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de
§ 4º Para efeito do limite remuneratório de que trata o inci- 31/07/2014)
so XI, não serão computadas as parcelas de caráter indenizatório I – prazo de duração do contrato; (Inciso acrescido(a) pelo(a)
previstas em lei. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
gânica 46 de 11/07/2006) II – controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
§ 6º Do percentual definido no inciso V deste artigo excluem- tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; (Inciso acresci-
-se os cargos em comissão dos gabinetes parlamentares e lideran- do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
ças partidárias da Câmara Legislativa do Distrito Federal. (Parágra- III – remuneração do pessoal. (Inciso acrescido(a) pelo(a)
fo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 50 de 17/10/2007) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 14. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- me dispuser a lei. (Parágrafo regulamentado(a) pelo(a) Lei 1068
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 da Consti- de 07/05/1996) (Parágrafo regulamentado(a) pelo(a) Lei 3184 de
tuição Federal com a remuneração ou subsídio de cargo, emprego 29/08/2003)
ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma § 3º Os Poderes do Distrito Federal mandarão publicar, men-
desta Lei Orgânica, os cargos eletivos e os cargos em comissão salmente, nos respectivos sítios oficiais na internet, demonstrati-
declarados, em lei, de livre nomeação e exoneração. (Parágrafo vo de todas as despesas realizadas por todos os seus órgãos, de
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) forma clara e compreensível ao cidadão, inclusive os da adminis-
Art. 20. As pessoas jurídicas de direito público e as de direi- tração indireta, empresas públicas, sociedades de economia mista
to privado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos e fundações mantidas pelo Poder Público, com a discriminação
danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, do beneficiário, do valor e da finalidade, conforme dispuser a
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos lei. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 68 de
de dolo ou culpa. 30/10/2013)
Art. 21. É vedado discriminar ou prejudicar qualquer pessoa § 4º A lei deve disciplinar as formas de participação do usuá-
pelo fato de haver litigado ou estar litigando contra os órgãos pú- rio na administração pública direta e indireta, regulando especial-
blicos do Distrito Federal, nas esferas administrativa ou judicial. mente: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80
Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídicas que se considera- de 31/07/2014)
rem prejudicadas poderão requerer revisão dos atos que derem I – as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
causa a eventuais prejuízos. em geral, assegurada a manutenção de serviços de atendimento
Art. 22. Os atos da administração pública de qualquer dos Po- ao usuário e a avaliação periódica externa e interna da qualidade
deres do Distrito Federal, além de obedecer aos princípios cons- dos serviços; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
titucionais aplicados à administração pública, devem observar 80 de 31/07/2014)
também o seguinte: II – o acesso dos usuários a registros administrativos e infor-
I - os atos administrativos são públicos, salvo quando a lei, no mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º,
interesse da administração, impuser sigilo; (Inciso regulamenta- X e XXXIII, da Constituição Federal; (Inciso acrescido(a) pelo(a)
do(a) pelo(a) Lei 3276 de 31/12/2003) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
II - a administração é obrigada a fornecer certidão ou cópia III – a representação contra o exercício negligente ou abusi-
autenticada de atos, contratos e convênios administrativos a qual- vo de cargo, emprego ou função na administração pública. (Inciso
quer interessado, no prazo máximo de trinta dias, sob pena de acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
responsabilidade de autoridade competente ou servidor que ne- Art. 23. A administração pública é obrigada a:
gar ou retardar a expedição; (Inciso regulamentado(a) pelo(a) Lei I - atender a requisições judiciais nos prazos fixados pela au-
3276 de 31/12/2003) toridade judiciária;
III - é garantida a gratuidade da expedição da primeira via da II - fornecer a qualquer cidadão, no prazo máximo de dez dias
cédula de identidade pessoal; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda úteis, independentemente de pagamento de taxas ou emolumen-
à Lei Orgânica 19 de 04/09/1997) tos, certidão de atos, contratos, decisões ou pareceres, para de-
IV - no processo administrativo, qualquer que seja o objeto fesa de seus direitos e esclarecimento de situações de interesse
ou procedimento, observar-se-ão, entre outros requisitos de va- pessoal ou coletivo.
lidade, o contraditório, a ampla defesa e o despacho ou decisão Parágrafo único. A autoridade ou servidor que negar ou retar-
motivados; dar o disposto neste artigo incorrerá em pena de responsabilida-
V - a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e as de, excetuados os casos de comprovada impossibilidade.
campanhas dos órgãos e entidades da administração pública,
ainda que não custeada diretamente pelo erário, obedecerá ao SEÇÃO II
seguinte: DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
a) ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar símbolos, expressões, nomes ou ima- Art. 25. Os serviços públicos constituem dever do Distrito Fe-
gens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou ser- deral e serão prestados, sem distinção de qualquer natureza, em
vidores públicos; conformidade com o estabelecido na Constituição Federal, nesta
b) ser suspensa noventa dias antes das eleições, ressalvadas Lei Orgânica e nas leis e regulamentos que organizem sua presta-
aquelas essenciais ao interesse público. ção.
VI – a todos são assegurados a razoável duração do processo Art. 26. Observada a legislação federal, as obras, compras,
administrativo e os meios que garantam a celeridade de sua tra- alienações e serviços da administração serão contratados median-
mitação. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de te processo de licitação pública, nos termos da lei.
31/07/2014) Art. 27. Os atos de improbidade administrativa importarão
§ 1° Os Poderes do Distrito Federal, com base no plano anu- suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indis-
al de publicidade, ficam obrigados a publicar, nos seus órgãos ponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, na forma e gra-
oficiais, quadros demonstrativos de despesas realizadas com dação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
publicidade e propaganda, conforme dispuser a lei. (Parágrafo Art. 28. É vedada a contratação de obras e serviços públicos
regulamentado(a) pelo(a) Lei 1068 de 07/05/1996) (Parágrafo re- sem prévia aprovação do respectivo projeto, sob pena de nulida-
gulamentado(a) pelo(a) Lei 3184 de 29/08/2003) de do ato de contratação.
§ 2° Os Poderes do Distrito Federal mandarão publicar, tri- Art. 30. Lei disporá sobre participação popular na fiscalização
mestralmente, no Diário Oficial demonstrativo das despesas re- da prestação dos serviços públicos do Distrito Federal.
alizadas com propaganda e publicidade de todos os seus órgãos,
inclusive os da administração indireta, empresas públicas, socie-
dades de economia mista e fundações mantidas pelo Poder Públi-
co, com a discriminação de beneficiário, valor e finalidade, confor-

48
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SEÇÃO III § 5º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Secretários de Estado, os administradores regionais e os demais
casos previstos na Constituição Federal são remunerados exclusi-
Art. 31. A administração tributária do Distrito Federal é com- vamente por subsídio, fixado em parcela única, vedado o acrésci-
posta servidores das carreiras Auditoria Tributária e Gestão Fazen- mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
dária. representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
§ 1º As funções de lançamento, fiscalização e arrecadação e qualquer caso, o disposto no art. 19, IX e X. (Parágrafo acresci-
o julgamento dos processos administrativos fiscais são exercidas do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
privativamente por integrantes da carreira Auditoria Tributária. § 6º A remuneração dos servidores públicos organizados em
§ 2º O julgamento de processos fiscais em segunda instância carreira pode ser fixada nos termos do § 5º. (Parágrafo acresci-
é de competência de órgão colegiado, integrado por servidores da do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
carreira Auditoria Tributária e representantes dos contribuintes. § 7º Lei complementar pode estabelecer a relação entre a
§ 3º Excetuam-se da competência privativa prevista no § 1º o maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedeci-
lançamento, a fiscalização e a arrecadação de taxas que tenham do, em qualquer caso, o disposto no art. 19, X. (Parágrafo acresci-
como fato gerador o exercício do poder de polícia, bem como o do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
julgamento de processos administrativos decorrentes dessas fun- § 8º Os Poderes Executivo e Legislativo devem publicar, até 31
ções, na forma da lei. de janeiro de cada ano, os valores do subsídio e da remuneração
FICA ACRESCENTADO O § 4° AO ART. 31 PELA EMENDA À LEI dos cargos e empregos públicos. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
ORGÂNICA N° 128, DE 13/12/2022 - DODF DE 15/12/2022. Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
§ 4º A administração tributária, atividade essencial ao fun- § 9º A lei deve disciplinar a aplicação de recursos orçamentá-
cionamento do Distrito Federal, tem recursos prioritários para re- rios provenientes da economia com despesas correntes em cada
alização de suas atividades e atua de forma integrada com as ad- órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento
ministrações tributárias da União, estados e municípios, inclusive de programas de qualidade e produtividade, treinamento e de-
com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, senvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização
na forma da lei ou de convênio. do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio
FICA ACRESCENTADO O § 5° AO ART. 31 PELA EMENDA À LEI de produtividade. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
ORGÂNICA N° 128, DE 13/12/2022 - DODF DE 15/12/2022. Orgânica 80 de 31/07/2014)
§ 5º As atividades complementares de caráter administrativo Art. 34. A lei assegurará aos servidores da administração dire-
ao exercício da administração tributária são exercidas por servido- ta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
res da carreira Gestão Fazendária. assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes
Art. 32. Lei específica disciplinará a organização e funciona- Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter indivi-
mento da administração tributária, bem como tratará da organi- dual e as relativas a natureza ou local de trabalho.
zação e estruturação da carreira específica de auditoria tributária. Art. 35. São direitos dos servidores públicos, sujeitos ao re-
gime jurídico único, além dos assegurados no § 2° do art. 39 da
CAPÍTULO VI Constituição Federal, os seguintes:
DOS SERVIDORES PÚBLICOS I - gratificação do titular quando em substituição ou designa-
do para responder peto expediente;
Art. 33. O Distrito Federal instituirá regime jurídico único e II - duração do trabalho normal não superior a oito horas
planos de carreira para os servidores da administração pública di- diárias e quarenta horas semanais, facultado ao Poder Público
reta, autarquias e fundações públicas, nos termos do art. 39 da conceder a compensação de horários e a redução da jornada, nos
Constituição Federal. termos da lei;
§ 1° No exercício da competência estabelecida no caput, se- III - proteção especial à servidora gestante ou lactante, in-
rão ouvidas as entidades representativas dos servidores públicos clusive mediante a adequação ou mudança temporária de suas
por ela abrangidos. funções, quando for recomendável a sua saúde ou á do nascituro,
§ 2° As entidades integrantes da administração pública indi- sem prejuízo de seus vencimentos e demais vantagens;
reta não mencionadas no caput instituirão planos de carreira para IV - atendimento em creche e pré-escola a seus dependentes,
os seus servidores, observado o disposto no parágrafo anterior. nos termos da lei, bem como amamentação durante o horário do
§ 3º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- expediente, nos 12 primeiros meses de vida da criança; (Inciso al-
ponentes do sistema remuneratório deve observar: (Parágrafo terado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 108 de 10/08/2018)
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) V - vedação do desvio de função, ressalvada, sem prejuízo de
I – a natureza, o grau de responsabilidade, as peculiaridades e seus vencimentos, salários e demais vantagens do cargo, emprego
a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; (Inciso ou função:
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) a) a mudança de função concedida a servidora gestante, sob
II – os requisitos para a investidura. (Inciso acrescido(a) pe- recomendação medica;
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) b) a transferência concedida a servidor que tiver sua capaci-
§ 4º O Distrito Federal deve manter escola de governo para dade de trabalho reduzida em decorrência de acidente ou doença
formação e aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituin- de trabalho, para locais ou atividades compatíveis com sua situa-
do-se a participação nos cursos um dos requisitos para promo- ção.
ção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios VI - recebimento de vale-transporte, nos casos previstos em
ou contratos com os demais entes federados ou suas entidades. lei;
(Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de VII - participação na elaboração e alteração dos planos de car-
31/07/2014) reira;
VIII - promoções por merecimento ou antiguidade, no serviço
público, nos termos da lei;

49
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
IX - quitação da folha de pagamento do servidor ativo e ina- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
tivo da administração direta, indireta e fundacional do Distrito servidor estável deve ficar em disponibilidade, com remuneração
Federal até o quinto dia útil do mês subsequente, sob pena de proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
incidência de atualização monetária, obedecido o disposto em lei. mento em outro cargo. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à
X – remoção da servidora pública vítima de violência domés- Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
tica e familiar, pela administração direta e indireta e pelas autar- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri-
quias, independentemente do interesse da administração. (Acres- gatória a avaliação especial de desempenho por comissão institu-
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 122 de 24/08/2021) ída para essa finalidade. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à
§ 1° Para a atualização a que se refere o inciso IX utilizar-se-ão Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
os índices oficiais, e a importância apurada será paga juntamente Art. 41. Ao servidor público efetivo, nos termos da Cons-
com a remuneração do mês subsequente. tituição Federal, é assegurado regime próprio de previdência
§ 2° É computado como exercício efetivo, para efeito de pro- social. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de
gressão funcional ou concessão de licença-prêmio e aposentado- 31/07/2014)
ria nas carreiras específicas do serviço público, o tempo de serviço § 1º O regime próprio de previdência social, observados os
prestado por servidor requisitado a qualquer dos Poderes do Dis- critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, é insti-
trito Federal. tuído por lei complementar. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emen-
§ 3º Para efeitos do disposto no inciso X do caput, considera- da à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
-se violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação § 2° A lei disporá sobre aposentadoria em cargos ou empre-
ou omissão baseada no gênero que lhe cause ameaça de mor- gos temporários. (Parágrafo revigorado(a) pelo(a) ADI 23917-7 de
te, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral 25/09/2014)
ou patrimonial, conforme o que dispõe o art. 5º da Lei federal nº § 2º (Parágrafo declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI
11.340, de 7 de agosto de 2006. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à 23917-7 de 25/09/2014)
Lei Orgânica 122 de 24/08/2021) § 3° O tempo de serviço público federal, estadual, municipal
Art. 36. É garantido ao servidor público o direito à livre asso- ou do Distrito Federal será computado integralmente para os efei-
ciação sindical, observado o disposto no art. 8º da Constituição tos de aposentadoria e disponibilidade.
Federal. § 4° Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma
Parágrafo único. A lei disporá sobre licença sindical para os di- proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remu-
rigentes de federações e sindicatos de servidores públicos, duran- neração dos servidores em atividade, sendo também estendidos
te o exercício do mandato, resguardados os direitos e vantagens aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
inerentes à carreira de cada um. concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decor-
Art. 37. Às entidades representativas dos servidores públicos rentes de reenquadramento, transformação ou reclassificação do
do Distrito Federal cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- cargo ou função em que se deu a aposentadoria, na forma da lei.
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou § 5° O benefício de pensão por morte corresponderá à tota-
administrativas, observado o disposto no art. 8º da Constituição lidade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido, qual-
Federal. quer que seja a causa mortis, até o limite estabelecido em lei, ob-
Art. 38. Às entidades de caráter sindical que preencham os servado o disposto no parágrafo anterior.
requisitos estabelecidos em lei, é assegurado o desconto em folha § 6° É assegurada a contagem em dobro dos períodos de li-
de pagamento das contribuições dos associados, aprovadas em cença-prêmio não gozados, para efeito de aposentadoria.
assembleia geral. § 7° Aos servidores com carga horária variável, são assegu-
Art. 39. O direito de greve é exercido nos termos e nos limites rados os proventos de acordo com a jornada predominante dos
definidos em lei complementar. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emen- últimos três anos anteriores à aposentadoria.
da à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) § 8° O tempo de serviço prestado sob o regime de aposen-
Art. 40. São estáveis após três anos de efetivo exercício os tadoria especial será computado da mesma forma, quando o
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtu- servidor ocupar outro cargo de regime idêntico, ou pelo critério
de de concurso público. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei da proporcionalidade, quando se tratar de regimes diversos, na
Orgânica 80 de 31/07/2014) forma da lei.
§ 1º O servidor público estável só perde o cargo: (Parágrafo Art. 42. É assegurada a participação de servidores públicos na
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) gerência de fundos e entidades para os quais contribui, na forma
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (In- da lei.
ciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) Art. 43. Será concedida licença para atendimento de filho,
II – mediante processo administrativo em que lhe sejam as- genitor e cônjuge doente, a homem ou mulher, mediante com-
segurados o contraditório e a ampla defesa; (Inciso acrescido(a) provação por atestado médico da rede oficial de saúde do Distrito
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) Federal.
III – mediante procedimento de avaliação periódica de de- ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 27902-3 de
sempenho, na forma de lei complementar, assegurado o contradi- 30/06/2016)
tório e a ampla defesa. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Art. 44. Ao servidor público da administração direta, autárqui-
Orgânica 80 de 31/07/2014) ca e fundacional do Distrito Federal, fica assegurado:
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor I - percebimento de adicional de um por cento por ano de
estável, deve ele ser reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, serviço público efetivo, nos termos da lei;
se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeni- II - contagem, para todos os efeitos legais, do período em que
zação, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade o servidor estiver de licença concedida por junta médica oficial;
com remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Parágrafo
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)

50
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
III – contagem recíproca, para efeito de aposentadoria, do TÍTULO III
tempo de contribuição na administração pública e na atividade DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
privada, rural e urbana, na forma prevista no art. 201, § 9º, da
Constituição Federal. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- CAPÍTULO I
gânica 80 de 31/07/2014) DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
... (Parágrafo declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 27902-
3 de 30/06/2016) Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e har-
mónicos entre si, o Executivo e o Legislativo.
CAPÍTULO VII § 1° É vedada a delegação de atribuições entre os Poderes.
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES § 2° O cidadão, investido na função de um dos Poderes, não
poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas nesta Lei
CAPÍTULO VIII Orgânica.
DOS BENS DO DISTRITO FEDERAL
CAPÍTULO II
Art. 46. São bens do Distrito Federal: DO PODER LEGISLATIVO
I - os que atualmente lhe pertencem, que vier a adquirir ou
lhe forem atribuídos; SEÇÃO I
II - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergen- DA CÂMARA LEGISLATIVA
tes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as de-
correntes de obras da União; Art. 54 O Poder Legislativa e exercido pela Câmara Legislativa,
III - a rede viária do Distrito Federal, sua infra-estrutura e bens composta de Deputados Distritais, representantes do povo eleitos
acessórios. e investidos na forma da legislação federal.
Art. 47. Os bens do Distrito Federal declarados inservíveis em Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro
processo regular poderão ser alienados, mediante licitação, ca- anos, iniciando-se com a posse dos eleitos.
bendo doação somente nos casos que lei especificar. Art. 55. A Câmara Legislativa do Distrito Federal tem sede em
§ 1º Os bens imóveis do Distrito Federal só podem ser objeto Brasília Capital da República Federativa do Brasil.
de alienação, aforamento, comodato ou cessão de uso, mediante Parágrafo único. Poderá a Câmara Legislativa reunir-se tem-
autorização legislativa. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à porariamente, em qualquer local do Distrito Federal, por delibe-
Lei Orgânica 70 de 13/11/2013) ração da maioria absoluta de seus membros, sempre que houver
§ 2° Todos os bens do Distrito Federal deverão ser cadastra- motivo relevante e de conveniência pública ou em virtude de
dos com a identificação respectiva. acontecimento que impossibilite seu funcionamento na sede.
Art. 48. O uso de bens do Distrito Federal por terceiros poderá Art. 56. Salvo disposição em contrário da Constituição Federal
ser feito mediante concessão administrativa de uso, permissão ou e desta Lei Orgânica, as deliberações da Câmara Legislativa e de
autorização, conforme o caso e o interesse público, na forma da suas comissões serão tomadas por maioria de votos, presente a
lei. maioria absoluta de seus membros, em votação ostensiva. (Artigo
Art. 49. A aquisição por compra ou permuta, bem como a alie- alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 47 de 28/12/2006)
nação dos bens imóveis do Distrito Federal dependerão de pré- Parágrafo único. Quando o sigilo for imprescindível ao inte-
via avaliação e autorização da Câmara Legislativa, subordinada à resse público, devidamente justificado, a votação poderá ser re-
comprovação da existência de interesse público e à observância alizada por escrutínio secreto, desde que requerida por partido
da legislação pertinente à licitação. político com representação na Câmara Legislativa e aprovada, em
Art. 50. O Governador encaminhará, anualmente, à Câmara votação ostensiva, pela maioria absoluta dos Deputados Distri-
Legislativa relatório do qual conste a identificação dos bens do tais. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 47 de
Distrito Federal objeto de concessão ou permissão de uso no exer- 28/12/2006)
cício, assim como sua destinação e beneficiário. Art. 57. O Poder Legislativo é representado por seu Presiden-
Parágrafo Único. O descumprimento do disposto neste artigo te e, judicialmente, nos casos em que a Câmara Legislativa compa-
importa crime de responsabilidade. reça a juízo em nome próprio, por sua Procuradoria-Geral. (Artigo
Art. 51. Os bens do Distrito Federal destinar-se-ão priorita- Alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
riamente ao uso público, respeitadas as normas de proteção ao § 1° São funções institucionais da Procuradoria Geral da Câ-
meio ambiente, ao patrimônio histórico, cultural, arquitetônico e mara Legislativa, em seu âmbito: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
paisagístico, e garantido o interesse social. Emenda à Lei Orgânica 9 de 12/12/1996)
§ 1° Os bens públicos tornar-se-ão indisponíveis ou disponí- I – representar a Câmara Legislativa judicialmente nos casos
veis por meio de afetação ou desafetação, respectivamente, nos em que a Casa compareça a juízo em nome próprio; (Alterado(a)
termos da lei. (Parágrafo ressalvado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ- pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
nica 40 de 30/12/2002) II - promover a defesa da Câmara, requerendo a qualquer ór-
§ 2° A desafetação, por lei específica, só será admitida em gão, entidade ou tribunal as medidas de interesse da Justiça, da
caso de comprovado interesse público, após ampla audiência à Administração e do Erário; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à
população interessada. (Parágrafo ressalvado(a) pelo(a) Emenda Lei Orgânica 9 de 12/12/1996)
à Lei Orgânica 40 de 30/12/2002) III - promover a uniformização da jurisprudência administrati-
§ 3° O Distrito Federal utilizará, seus bens dominiais como ins- va e a compilação da legislação da Câmara Legislativa e do Distrito
trumento para a realização de políticas de ocupação ordenada do Federal; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 9 de
território. 12/12/1996)
Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens IV - prestar consultoria e assessoria jurídica à Mesa Diretora
do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa administrar e aos demais órgãos da estrutura administrativa; (Inciso acresci-
aqueles utilizados em seus serviços e sob sua guarda. do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 9 de 12/12/1996)

51
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 2° O ingresso na carreira de Procurador da Câmara Legisla- Art. 59. Compete à Câmara Legislativa, autorizar, nos limites
tiva far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. (Pará- estabelecidos pelo Senado Federal, a celebração de operações de
grafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 9 de 12/12/1996) crédito, a realização de operações externas de natureza financei-
§ 3° A Câmara Legislativa do Distrito Federal regulamentará ra, bem como a concessão de qualquer garantia pelo Distrito Fe-
a organização e o funcionamento da sua Procuradoria-Geral e da deral ou por suas autarquias.
respectiva carreira de Procurador da Câmara Legislativa. (altera- Art. 60. Compete, privativamente, à Câmara Legislativa do
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 14 de 24/03/1997) Distrito Federal:
§ 4° A Câmara Legislativa disporá, ainda, sobre o funciona- I - eleger os membros da Mesa Diretora e constituir suas co-
mento da sua Procuradoria-Geral até que sejam providos por missões;
concurso público os respectivos cargos daquele órgão. (Parágrafo II - dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços ad-
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 14 de 24/03/1997) ministrativos;
III - estabelecer e mudar temporariamente sua sede, o local
SEÇÃO II de suas reuniões, bem como o de suas comissões permanentes;
DAS ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA LEGISLATIVA. IV - zelar pela preservação de sua competência legislativa;
V – criar, transformar ou extinguir cargos de seus serviços,
Art. 58. Cabe à Câmara Legislativa, com a sanção do Governa- provê-los, e iniciar o processo legislativo para fixar ou modificar as
dor, não exigida esta para o especificado no art. 60 desta Lei Or- respectivas remunerações ou subsídios; (Inciso alterado(a) pelo(a)
gânica, dispor sobre todas as matérias de competência do Distrito Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
Federal, especialmente sobre: VI - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
I - matéria tributária, observado o disposto nos arts. 145, 147, tem do poder regulamentar, configurando crime de responsabili-
150, 152, 155, 156 e 162 da Constituição Federal; dade sua reedição;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento VII – fixar o subsídio do Governador, do Vice-governador, dos
anual, operações de crédito, dívida pública e empréstimos exter- Secretários de Estado do Distrito Federal e dos Administradores
nos a qualquer título a ser contraídos pelo Distrito Federal; Regionais, observados os princípios da Constituição Federal; (In-
III - criação, transformação e extinção de cargos, empregos ciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
e funções públicas, fixação dos vencimentos ou aumento de sua VIII – fixar o subsídio dos Deputados Distritais, observados
remuneração; os princípios da Constituição Federal; (Inciso alterado(a) pelo(a)
IV - planos e programas locais de desenvolvimento econômi- Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
co e social; IX - solicitar intervenção federal para garantir o livre exercício
V - educação, saúde, previdência, habitação, cultura, ensino, de suas atribuições, nos termos dos arts. 34, IV e 36, I da Consti-
desporto e segurança pública; tuição Federal;
VI - autorização para alienação dos bens imóveis do Distrito X - promover, periodicamente, a consolidação dos textos le-
Federal ou cessão de direitos reais a eles relativos, bem como re- gislativos com a finalidade de tornar sua consulta acessível aos
cebimento, pelo Distrito Federal, de doações com encargo, não se cidadãos;
considerando corno tais a simples destinação especifica do bem; XI - dar posse ao Governador e Vice-Governador e conhecer
VII - criação, estruturação e atribuições de Secretarias do Go- da renúncia de qualquer deles; declarar vacância e promover as
verno do Distrito Federal e demais órgãos e entidades da adminis- respectivas substituições ou sucessões, nos termos desta Lei Or-
tração direta e indireta; gânica;
VIII - uso do solo rural, observado o disposto nos arts. 184 a XII - autorizar o Governador e o Vice-Governador a se ausen-
191 da Constituição Federal; tarem do Distrito Federal por mais de quinze dias;
IX - planejamento e controle do uso, parcelamento, ocupação XIII - proceder à tomada de contas do Governador, quando
do solo e mudança de destinação de áreas urbanas, observado o não apresentadas nos prazos estabelecidos;
disposto nos arts. 182 e 183 da Constituição Federal; XIV - convocar Secretários de Estado do Distrito Federal, diri-
X - criação, incorporação, fusão e desmembramento de Regi- gentes e servidores da administração direta e indireta do Distrito
ões Administrativas; Federal a prestar pessoalmente informações sobre assuntos pre-
XI - concessão ou permissão para a exploração de serviços viamente determinados, importando crime de responsabilidade
públicos, incluído o de transporte coletivo; a ausência sem justificativa adequada ou o não atendimento no
XII - o servidor público, seu regime jurídico, provimento de prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas,
cargos, estabilidade e aposentadoria; nos termos da legislação pertinente; (Inciso alterado(a) pelo(a)
XIII - criação, transformação, fusão e extinção de entidades Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005)
públicas do Distrito Federal, bem como normas gerais sobre pri- XV - julgar anualmente as contas prestadas pelo Governador
vatização das entidades de direito privado integrantes da adminis- e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos do governo;
tração indireta; XVI - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluí-
XIV - prestação de garantia, pelo Distrito Federal, em opera- dos os da administração indireta;
ção de crédito contratada por suas autarquias, fundações, empre- XVII – escolher quatro entre os sete membros do Tribunal de
sas públicas e sociedades de economia mista; Contas do Distrito Federal; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à
XV - aquisição, administração, alienação, arrendamento e ces- Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
são de bens imóveis do Distrito Federal; XVIII – aprovar previamente, em votação ostensiva, após ar-
XVI - transferência temporária da sede do Governo; güição em seção pública, a escolha dos titulares do cargo de con-
XVII - proteção e integração de pessoas portadoras de defi- selheiros do Tribunal de Contas do Distrito Federal indicados pelo
ciência; Governador; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 47
XVIII - proteção à infância, juventude e idosos; de 28/12/2006)
XIX - organização do sistema local de emprego, em consonân-
cia com o sistema nacional.

52
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
XIX - suspender, no todo ou em parte, a execução de lei ou § 3° A remuneração dos Deputados Distritais obedecerá ao
ato normativo declarado ilegal ou inconstitucional tanto peio Su- limite estabelecido pela Constituição Federal.
premo Tribunal Federal quanto pelo Tribunal de Justiça do Distrito § 4º Sem prejuízo do disposto no inciso XIV do caput, os Se-
Federal nas suas respectivas áreas de competência, em sentenças cretários de Estado e dirigentes da administração pública direta e
transitadas em julgado; indireta do Distrito Federal comparecerão perante a Câmara Le-
XX - aprovar previamente a indicação ou destituição do Pro- gislativa ou suas comissões para expor assuntos de interesse de
curador-Geral do Distrito Federal; sua área de atribuição: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à
XXI – convocar o Procurador-Geral do Distrito Federal e o De- Lei Orgânica 62 de 25/03/2013)
fensor Público-Geral do Distrito Federal a prestar informações so- I – por iniciativa própria, até o término de cada sessão legisla-
bre assuntos previamente determinados, no prazo de trinta dias, tiva, mediante entendimento com a Mesa Diretora ou a presidên-
sujeitando-se estes às penas da lei por ausência injustificada; (In- cia de Comissão; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâni-
ciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 61 de 30/11/2012) ca 62 de 25/03/2013)
XXII - declarar a perda do mandato do Governador e do Vice- II – finda a gestão à frente da pasta. (Inciso acrescido(a) pe-
-Governador; lo(a) Emenda à Lei Orgânica 62 de 25/03/2013)
XXIV - processar e julgar o Governador nos crimes de respon-
sabilidade, bem como adotar as providências pertinentes, nos ter- SEÇÃO III
mos da legislação federal, quanto ao Vice-Governador e Secretá- DOS DEPUTADOS DISTRITAIS
rios de Estado do Distrito Federal, nos crimes da mesma natureza
ou conexos com aqueles; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Art. 61. Os Deputados Distritais são invioláveis, civil e penal-
Orgânica 44 de 29/11/2005) mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Artigo
XXV - processar e julgar o Procurador-Geral nos crimes de res- alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 48 de 21/08/2007)
ponsabilidade; § 1º Os Deputados Distritais, desde a expedição do diploma,
XXVII – aprovar previamente, em votação ostensiva, após ar- serão submetidos a julgamento perante o Tribunal de Justiça do
güição pública, a escolha dos membros do conselho de Governo Distrito Federal e Territórios. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emen-
indicados pelo Governador; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à da à Lei Orgânica 48 de 21/08/2007)
Lei Orgânica 47 de 28/12/2006) § 2º Desde a expedição do diploma, os membros da Câmara
XXVIII - aprovar previamente a alienação de terras públicas Legislativa não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
com área superior a vinte e cinco hectares e, no caso de conces- inafiançável. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
são de uso, com área superior a cinquenta hectares; 48 de 21/08/2007)
XXX - receber renúncia de Deputado Distrital e declarar a va- § 3º No caso de flagrante de crime inafiançável os autos serão
cância do cargo; remetidos dentro de vinte e quatro horas à Câmara Legislativa,
XXXI - declarar a perda de mandato de Deputado Distrital, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre
como prevê o art. 63, § 2°; a prisão. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 48
XXXII - solicitar ao Governador informação sobre atos de sua de 21/08/2007)
competência; § 4º Recebida a denúncia contra o Deputado Distrital por cri-
XXXIII - encaminhar, por intermédio da Mesa Diretora, re- me ocorrido após a diplomação, o Tribunal de Justiça do Distrito
querimento de informação aos Secretários de Estado do Distrito Federal e Territórios dará ciência à Câmara Legislativa, que, por
Federal, implicando crime de responsabilidade, nos termos da le- iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
gislação pertinente, a recusa ou o não atendimento no prazo de maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
trinta dias, bem como o fornecimento de informação falsa; (Inciso andamento da ação. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005) Orgânica 48 de 21/08/2007)
XXXIV - apreciar vetos, observando, no que couber, o disposto § 5º O pedido de sustação será apreciado pela Câmara Le-
nos arts 66 e 67 da Constituição Federal; gislativa no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu
XXXV - aprovar previamente a indicação de presidente de ins- recebimento pela Mesa Diretora. (Parágrafo alterado(a) pelo(a)
tituições financeiras oficiais do Distrito Federal; Emenda à Lei Orgânica 48 de 21/08/2007)
XXXVII - emendar a Lei Orgânica, promulgar leis, nos casos de § 6º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto
silêncio do Governador, expedir decretos legislativos e resoluções; durar o mandato. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Or-
XXXVIII - regulamentar as formas de participação popular pre- gânica 48 de 21/08/2007)
vistas nesta Lei Orgânica; § 7º Os Deputados Distritais não serão obrigados a teste-
XXXIX - indicar membros do Conselho de Governo, nos ter- munhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do
mos do art. 108, V; exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram
XLI - conceder título de cidadão benemérito ou honorário, ou deles receberam informações. (Parágrafo alterado(a) pelo(a)
nos termos do regimento interno. Emenda à Lei Orgânica 48 de 21/08/2007)
XLII - autorizar referendo e convocar plebiscito. (Inciso acres- § 8º A incorporação de Deputados Distritais às Forças Arma-
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 25 de 09/12/1998) das, embora militares e ainda que em tempo de guerra, depende-
§ 1° Em sua função fiscalizadora, a Câmara Legislativa obser- rá de prévia licença da Câmara Legislativa. (Parágrafo alterado(a)
vará, no que couber, o disposto nos arts. 70 a 75 da Constituição pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 48 de 21/08/2007)
Federal. § 9º As imunidades dos Deputados Distritais subsistirão du-
§ 2° No caso do inciso XI, a Mesa Diretora da Câmara Legislati- rante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o
va enviará denúncia, em cinco dias, à Comissão Especial composta voto de dois terços dos membros da Câmara Legislativa, nos casos
em conformidade com o art. 68, garantida a proporcionalidade de atos praticados fora do recinto da Casa que sejam incompatí-
partidária; a qual emitirá parecer, no prazo de quinze dias, subme- veis com a execução da medida. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
tendo-o imediatamente ao Plenário. Emenda à Lei Orgânica 48 de 21/08/2007)

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 10. Poderá o Deputado Distrital, mediante licença da Câ- Pública, Agência, Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mis-
mara Legislativa, desempenhar missões de caráter diplomático e ta pertencentes à Administração Pública Federal e Distrital; (Inciso
cultural. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 48 alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005)
de 21/08/2007) II - licenciado pela Câmara Legislativa por motivo de doença
Art. 62. Os Deputados Distritais não poderão: ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular desde
I - desde a expedição do diploma: que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito por sessão legislativa.
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mis- § 1° O suplente será convocado nos casos de vaga, de inves-
ta ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o tidura nas funções previstas neste artigo ou de licença superior a
contrato obedecer a cláusulas uniformes; cento e vinte dias.
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunera- § 2° Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição
do inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum nas entidades para preenchê-la, se faltarem mais de quinze meses para o térmi-
constantes da alínea anterior; no do mandato.
II - desde a posse: § 3° Na hipótese do inciso l, o Deputado Distrital poderá optar
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa pela remuneração de seu mandato.
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de
direito público, ou nela exercer função remunerada; SEÇÃO IV
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nu- DO FUNCIONAMENTO DA CÂMARA LEGISLATIVA
tum, nas entidades referidas no inciso l, a;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das en- SUBSEÇÃO I
tidades a que se refere o inciso I, a; DAS REUNIÕES
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público ele-
tivo. Art. 65. A Câmara Legislativa reunir-se-á, anualmente, em sua
Art. 63 Perderá o mandato o Deputado Distrital: sede, de 1° de fevereiro a 30 de junho e de 1° de agosto a 15 de
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no ar- dezembro.
tigo anterior; § 1° As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o de- para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sába-
coro parlamentar; dos, domingos ou feriados.
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à § 2° A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova-
terça parte das sessões ordinárias, salvo licença ou missão autori- ção do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, nem encerrada
zada pela Câmara Legislativa; sem a aprovação do projeto de lei do orçamento.
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; Art. 66. A Câmara Legislativa, em cada legislatura, reunir-se-á
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos em sessões preparatórias no dia 1° de janeiro, observado o se-
na Constituição Federal; guinte:
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada I - na primeira sessão legislativa, para a posse dos Deputados
em julgado; Distritais, eleição e posse dos membros da Mesa Diretora;
VII - que utilizar-se do mandato para a prática de atos de cor- II - na terceira sessão legislativa, para posse dos membros
rupção ou improbidade administrativa. da Mesa Diretora eleitos no último dia útil da primeira quinze-
§ 1° É incompatível com o decoro parlamentar, além dos ca- na de dezembro da sessão legislativa anterior, permitida uma
sos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas única recondução subsequente, na mesma legislatura ou na se-
asseguradas ao Deputado Distrital ou a percepção de vantagens guinte. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 116 de
indevidas. 28/11/2019)
§ 2º Nos casos dos incisos I, II, VI e VII, a perda do mandato é Parágrafo único. Na composição da Mesa Diretora é assegura-
decidida por maioria absoluta dos membros da Câmara Legislati- da, tanto quanto possível, a proporcionalidade da representação
va, em votação ostensiva, mediante provocação da Mesa Diretora partidária ou de blocos parlamentares com participação na Câma-
ou de partido político representado na Casa, assegurada ampla ra Legislativa.
defesa. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 Art. 67. A convocação extraordinária da Câmara Legislativa
de 31/07/2014) far-se-á:
§ 3° Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será de- I - pelo Presidente, nos casos de:
clarada pela Mesa Diretora, de ofício ou mediante provocação de a) decretação de estado de sítio ou estado de defesa que atin-
qualquer dos membros da Câmara Legislativa ou de partido políti- ja o território do Distrito Federal;
co nela representado, assegurada ampla defesa. b) intervenção no Distrito Federal;
§ 4° A renúncia de Deputado Distrital submetido a processo c) recebimento dos autos de prisão de Deputado Distrital, na
que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste ar- hipótese de flagrante de crime inafiançável;
tigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que d) posse do Governador e Vice-Governador;
tratam os §§ 2° e 3°. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei II - pela Mesa Diretora ou a requerimento de um terço dos
Orgânica 31 de 22/02/1999) Deputados que compõem a Câmara Legislativa, para apreciação
Art. 64. Não perderá o mandato o Deputado Distrital: de ato do Governador do Distrito Federal que importe crime de
I - investido na função de Ministro de Estado, Secretário- responsabilidade;
-Executivo de Ministério ou equivalente, Secretário de Estado do III - pelo Governador do Distrito Federal, pelo Presidente da
Distrito Federal, Administrador Regional, Chefe de Missão Diplo- Câmara Legislativa ou a requerimento da maioria dos seus mem-
mática Temporária ou dirigente máximo de Autarquia, Fundação bros, em caso de urgência ou interesse público relevante;
IV - Pela comissão representativa prevista no art. 68, § 5°, nas
hipóteses estabelecidas nesta Lei Orgânica.

54
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Parágrafo único. Na sessão legislativa extraordinária, a Câma- § 4° A omissão de informação às comissões parlamentares de
ra Legislativa somente deliberará sobre a matéria para a qual tiver inquérito, inclusive as que envolvam sigilo, ou a prestação de in-
sido convocada. formações falsas constituem crime de responsabilidade, na forma
da legislação pertinente.
SUBSEÇÃO II § 5° Durante o recesso, haverá uma comissão representati-
DAS COMISSÕES va da Câmara Legislativa, com atribuições definidas no regimento
interno, cuja composição reproduzirá, tanto quanto possível, a
Art. 68. A Câmara Legislativa terá comissões permanentes e proporcionalidade da representação partidária, eleita na última
temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas sessão ordinária de cada sessão legislativa.
no seu regimento interno ou no ato legislativo de que resultar sua
criação. SEÇÃO V
§ 1° Na composição de cada comissão, é assegurada, tanto DO PROCESSO LEGISLATIVO
quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou
dos blocos parlamentares com participação na Câmara Legislativa. Art. 69. O processo legislativo compreende a elaboração
§ 2° Às comissões, em razão da matéria de sua competência, de: (Artigo regulamentado(a) pelo(a) Lei Complementar 13 de
cabe: 03/09/1996)
I - apreciar e emitir parecer sobre proposições, na forma do I - emendas à Lei Orgânica;
regimento interno da Câmara Legislativa; II - leis complementares;
II - realizar audiências públicas com entidades representativas III - leis ordinárias;
da sociedade civil; IV - decretos legislativos;
III - convocar Secretários de Estado do Distrito Federal, diri- V - resoluções.
gentes e servidores da administração pública direta e indireta do Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre elaboração,
Distrito Federal e o Procurador-Geral a prestar informações sobre redação, alteração e consolidação das leis do Distrito Federal.
assuntos inerentes a suas atribuições; (Inciso alterado(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005) SUBSEÇÃO I
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas DAS EMENDAS À LEI ORGÂNICA
contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; Art. 70. A Lei Orgânica poderá ser emendada mediante pro-
VI - apreciar programas de obras, planos regionais e setoriais posta:
de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer; I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara Legis-
VII - fiscalizar os atos que envolvam gastos de órgãos e entida- lativa;
des da administração pública. II - do Governador do Distrito Federal;
§ 3º Às comissões parlamentares de inquérito aplica-se o se- III - de cidadãos, mediante iniciativa popular assinada, no mí-
guinte: (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 97 nimo, por um por cento dos eleitores do Distrito Federal distribuí-
de 16/05/2016) dos em, pelo menos, três zonas eleitorais, com não menos de três
I - são criadas mediante requerimento: (Inciso acrescido(a) décimos por cento do eleitorado de cada uma delas.
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 97 de 16/05/2016) § 1° A proposta será discutida e votada em dois turnos, com
a) de um terço dos membros da Câmara Legislativa; (Alínea interstício mínimo de dez dias, e considerada aprovada se obtiver,
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 97 de 16/05/2016) em ambos, o voto favorável de dois terços dos membros da Câ-
b) de iniciativa popular, com o mínimo de subscritores previs- mara Legislativa.
to no art. 76; (Alínea acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica § 2° A emenda à Lei Orgânica será promulgada pela Mesa Di-
97 de 16/05/2016) retora da Câmara Legislativa, com o respectivo número de ordem.
II - destinam-se à apuração de fato determinado e por prazo § 3° Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
certo; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 97 de que ferir princípios da Constituição Federal.
16/05/2016) § 4° A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
III - têm poderes de investigação próprios das autoridades ju- havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
diciais, além de outros previstos em lei e no regimento interno mesma sessão legislativa.
da Câmara Legislativa; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei § 5° A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência de
Orgânica 97 de 16/05/2016) intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio.
IV - o requerimento, atendidas as formalidades regimentais,
independe de aprovação; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à SUBSEÇÃO II
Lei Orgânica 97 de 16/05/2016) DAS LEIS
V - a instalação de comissão parlamentar de inquérito de ini-
ciativa popular tem precedência sobre as demais e não pode ser Art. 71. A iniciativa das leis complementares e ordinárias, ob-
inviabilizada em razão de formalidades regimentais; (Inciso acres- servada a forma e os casos previstos nesta Lei Orgânica, cabe: (Ar-
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 97 de 16/05/2016) tigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de 27/02/2015)
VI - suas conclusões, se for o caso, devem ser encaminhadas I – a qualquer membro ou comissão da Câmara Legislati-
ao Tribunal de Contas, ao Ministério Público ou à Procuradoria- va; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de
-Geral do Distrito Federal, para que promovam, conforme o caso, 27/02/2015)
a responsabilidade civil, criminal, administrativa ou tributária do II – ao Governador; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
infrator. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 97 de Orgânica 86 de 27/02/2015)
16/05/2016) III – aos cidadãos; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
Orgânica 86 de 27/02/2015)

55
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
IV – ao Tribunal de Contas, nas matérias do art. 84, IV, e do § 3° Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Governa-
art. 86; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de dor importará sanção.
27/02/2015) § 4° Se o veto não for mantido, será o projeto enviado ao Go-
V – à Defensoria Pública, nas matérias do art. 114, § 4º. (Inci- vernador para promulgação.
so acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de 27/02/2015) § 5º Esgotado, sem deliberação, o prazo estabelecido no art.
§ 1° Compete privativamente ao Governador do Distrito Fe- 66, § 4º, da Constituição Federal, o veto será incluído na ordem do
deral a iniciativa das leis que disponham sobre: dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições até a
I - criação de cargos, funções ou empregos públicos na ad- sua votação final, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria
ministração direta, autárquica e fundacional, ou aumento de sua absoluta dos Deputados, em votação ostensiva. (Parágrafo altera-
remuneração; do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 47 de 28/12/2006)
II - servidores públicos do Distrito Federal, seu regime jurídi- § 6° Se a lei não for promulgada em quarenta e oito horas
co, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; pelo Governador nos casos dos §§ 3° e 4°, o Presidente da Câmara
III - organização da Procuradoria-Geral do Distrito Federal; Legislativa a promulgará e, se esta não o fizer em igual prazo, ca-
IV - criação, estruturação, reestruturação, desmembramen- berá ao Vice-Presidente fazê-lo.
to, extinção, incorporação, fusão e atribuições das Secretarias de § 7° A matéria constante de projeto lei rejeitado somente po-
Estado do Distrito Federal, Órgãos e entidades da administração derá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legis-
pública; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de lativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros da
29/11/2005) Câmara Legislativa.
V - plano plurianual, orçamento anual e diretrizes orçamen- § 8° Caso o projeto de lei seja vetado durante o recesso da
tárias. Câmara Legislativa, o Governador comunicará o veto à comissão
VI – plano diretor de ordenamento territorial, lei de uso e a que se refere o art. 68, § 5° e, dependendo da urgência e da
ocupação do solo, plano de preservação do conjunto urbanístico relevância da matéria, poderá convocar a Câmara Legislativa para
de Brasília e planos de desenvolvimento local; (Inciso acrescido(a) sobre ele se manifestar, nos termos do art. 67, IV.
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) Art. 75. As leis complementares serão aprovadas por maioria
VII – afetação, desafetação, alienação, aforamento, comodato absoluta dos Deputados da Câmara Legislativa e receberão nume-
e cessão de bens imóveis do Distrito Federal. (Inciso acrescido(a) ração distinta das leis ordinárias.
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) Parágrafo único. Para os fins deste artigo, constituirão leis
§ 2° Não será objeto de deliberação proposta que vise a con- complementares, entre outras:
ceder gratuidade ou subsídio em serviço público prestado de for- I - a lei de organização do Tribunal de Contas do Distrito Fe-
ma indireta, sem a correspondente indicação da fonte de custeio. deral;
§ 3º As emendas parlamentares a proposição de iniciativa II – o regime jurídico dos servidores públicos civis; (Inciso alte-
do Poder Executivo, inclusive aos projetos de lei de que trata o rado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
§ 1º, VI, deste artigo, devem guardar pertinência temática com a III - a lei de organização da Procuradoria-Geral do Distrito Fe-
matéria a deliberar. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei deral;
Orgânica 80 de 31/07/2014) IV – o código tributário do Distrito Federal; (Inciso alterado(a)
Art. 72. Não será admitido aumento da despesa prevista: pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
I -nos projetos de iniciativa exclusiva do Governador do Distri- V - a lei que dispõe sobre as atribuições do Vice-Governador
to Federal, ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3° e 4° da Cons- do Distrito Federal;
tituição Federal; VI - a lei que dispõe sobre a organização do sistema de educa-
II – nos projetos sobre organização dos serviços administrati- ção do Distrito Federal;
vos da Câmara Legislativa, do Tribunal de Contas e da Defensoria VII - a lei de organização da previdência dos servidores públi-
Pública. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de cos do Distrito Federal;
27/02/2015) VIII - a lei que dispõe sobre o plano diretor de ordenamento
Art. 73. O Governador do Distrito Federal pode solicitar ur- territorial do Distrito Federal.
gência para apreciação de projetos de sua iniciativa. IX - a lei que dispõe sobre a Lei de Uso e Ocupação do
§ 1° Se, na hipótese prevista no caput, a Câmara Legislativa Solo; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de
não se manifestar sobre a proposição em até quarenta e cinco 28/09/2007)
dias, esta deverá ser incluída na Ordem do Dia, sobrestando-se X - a lei que dispõe sobre o Plano de Preservação do Conjunto
a deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime a Urbanístico de Brasília; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
votação. Orgânica 49 de 28/09/2007)
§ 2° Os prazos de que trata o parágrafo anterior não correm XI - a lei que dispõe sobre o Plano de Desenvolvimento Lo-
nos períodos de recesso da Câmara Legislativa, nem se aplicam a cal. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de
projetos de código e de emendas a esta Lei Orgânica. 28/09/2007)
Art. 74. Aprovado o projeto de lei, na forma regimental, será XII – a lei de organização e funcionamento da Defensoria Pú-
ele enviado ao Governador que, aquiescendo, o sancionará e pro- blica do Distrito Federal. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
mulgará. Orgânica 61 de 30/11/2012)
§ 1º Se o Governador do Distrito Federal considerar o projeto
de lei, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao inte- SUBSEÇÃO III
resse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze DA INICIATIVA POPULAR
dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, den-
tro de quarenta e oito horas, os motivos do veto ao Presidente da Art. 76. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresenta-
Câmara Legislativa. ção à Câmara Legislativa de emenda à Lei Orgânica, na forma do
§ 2° O veto parcial somente abrangerá texto integral de arti- art. 70, III, ou de projeto de lei devidamente articulado, justificado
go, parágrafo, inciso ou alínea. e subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado do Distrito

56
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Federal, distribuído por três zonas eleitorais, assegurada a defesa b) dos incentivos, transações, remissões e anistias fiscais,
do projeto por representantes dos respectivos autores perante as isenções, subsídios, benefícios e afins, de natureza financeira, tri-
comissões nas quais tramitar. butária, creditícia e outras concedidas pelo Distrito Federal;
c) das despesas de investimento e custeio, inclusive à conta
SEÇÃO VI de fundo especial, de natureza contábil ou financeira;
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL E FINANCEIRA d) das concessões, cessões, doações, permissões e contratos
de qualquer natureza, a título oneroso ou gratuito, e das subven-
SUBSEÇÃO I ções sociais ou econômicas, dos auxílios, contribuições e doações;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS e) de outros atos e procedimentos de que resultem variações
patrimoniais;
Art. 77. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, VI - fiscalizar as aplicações do Poder Público em empresas de
operacional e patrimonial do Distrito Federal e das entidades cujo capital social o Distrito Federal participe de forma direta ou
da administração direta, indireta e das fundações instituídas ou indireta, nos termos do respectivo ato constitutivo;
mantidas pelo Poder Público, quanto à legalidade, legitimidade, VII - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
economicidade, aplicação de subvenções e renúncia de receitas, ao Distrito Federal ou pelo Distrito Federal, mediante convênio,
será exercida pela Câmara Legislativa, mediante controle externo, acordo, ajuste ou outros instrumentos congéneres;
e pelo sistema de controle interno de cada Poder. VIII - prestar as informações solicitadas pela Câmara Legisla-
Parágrafo único. Deve prestar contas qualquer pessoa física tiva ou por qualquer de suas comissões técnicas ou de inquérito
ou jurídica pública ou privada que utilize, arrecade, guarde, ge- sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacio-
rencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos nal e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
quais o Distrito Federal responda, ou que, em nome deste, as- realizadas;
suma obrigações de natureza pecuniária. (Parágrafo alterado(a) IX - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, a
Art. 78. O controle externo, a cargo da Câmara Legislativa, qual estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional
será exercido com auxílio do Tribunal de Contas do Distrito Fede- ao dano causado ao erário;
ral, ao qual compete: X - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
I - apreciar as contas anuais do Governador, fazer sobre elas vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, verificada a
relatório analítico-e emitir parecer prévio no prazo de sessenta ilegalidade;
dias, contados do seu recebimento da Câmara Legislativa; XI - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
II - julgar as contas: comunicando a decisão à Câmara Legislativa;
a) dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, XII - representar ao Poder competente sobre irregularidades
bens e valores da administração direta e indireta ou que estejam ou abusos apurados;
sob sua responsabilidade, incluídos os das fundações e socieda- XIII - comunicar à Câmara Legislativa qualquer irregularidade
des instituídas ou mantidas pelo Poder Público do Distrito Federal, verificada na gestão ou nas contas públicas, enviando-lhe cópias
bem como daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra dos respectivos documentos;
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário; XIV - apreciar e apurar denúncias sobre irregularidades e ile-
b) dos dirigentes ou liquidantes de empresas incorporadas, galidades dos atos sujeitos a seu controle.
extintas, liquidadas ou sob intervenção ou que, de qualquer modo, § 1° No caso de contrato, o ato de sustação será adotado di-
venham a integrar, provisória ou definitivamente, o patrimônio do retamente pela Câmara Legislativa, que solicitará, de imediato, ao
Distrito Federal ou de outra entidade da administração indireta; Poder Executivo as medidas cabíveis.
c) daqueles que assumam obrigações de natureza pecuniária § 2° Se a Câmara Legislativa ou o Poder Executivo, no prazo
em nome do Distrito Federal ou de entidade da administração in- de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo
direta; anterior, o Tribunal decidirá da questão.
d) dos dirigentes de entidades dotadas de personalidade ju- § 3° O Tribunal encaminhará à Câmara Legislativa, trimestral
rídica de direito privado que recebam contribuições, subvenções, e anualmente, relatório circunstanciado e demonstrativo das ati-
auxílios e afins, até o limite do patrimônio transferido; vidades internas e de controle externo realizadas.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de § 4° Nos casos de irregularidade ou ilegalidade constatados,
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e sem imputação de débito, em que o Tribunal de Contas do Distrito
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Federal decidir não aplicar o disposto no inciso IX deste artigo,
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em deverão os respectivos votos ser publicados juntamente com a ata
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, refor- da sessão em que se der o julgamento.
mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não al- § 5° As decisões do Tribunal de Contas do Distrito Federal de
terem o fundamento legal do ato concessório; que resultem imputação de débitos ou multa terão eficácia de tí-
IV - avaliar a execução das metas previstas no plano plurianu- tulo executivo.
al, nas diretrizes orçamentárias e no orçamento anual; Art. 79. A Câmara Legislativa ou a comissão competente,
V - realizar, por iniciativa própria, da Câmara Legislativa ou diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob
de alguma de suas comissões técnicas ou de inquérito, inspeções forma de investimentos não programados ou de incentivos, isen-
e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope- ções, anistias, remissões, subsídios ou benefícios de natureza fi-
racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes nanceira, tributária ou creditícia não aprovados, poderá solicitar
Executivo e Legislativo do Distrito Federal: à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco
a) da estimativa, lançamento, arrecadação, recolhimento, dias, preste os esclarecimentos necessários.
parcelamento e renúncia de receitas;

57
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1º Não prestados os esclarecimentos ou considerados estes SUBSEÇÃO II
insuficientes, a Câmara Legislativa ou a comissão competente so- DO TRIBUNAL DE CONTAS
licitará ao Tribunal de Contas pronunciamento conclusivo sobre a
matéria, no prazo de trinta dias. Art. 82. O Tribunal de Contas do Distrito Federal, integrado
§ 2° Entendendo o Tribunal de Contas irregular a despesa, a por sete Conselheiros, tem sede na cidade de Brasília, quadro pró-
comissão competente, se julgar que o gasto possa causar dano prio de pessoal e jurisdição em todo o território do Distrito Fede-
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá à Câmara ral, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96
Legislativa sua sustação, se ainda não realizado, ou seu reembolso da Constituição Federal.
devidamente atualizado monetariamente, consoante regras vi- § 1° Os Conselheiros do Tribunal serão nomeados entre brasi-
gentes, se já efetuado. leiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
§ 3° O Tribunal de Contas do Distrito Federal agirá de ofício ou I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
mediante iniciativa da Câmara Legislativa, do Ministério Público idade;
ou das autoridades financeiras e orçamentárias do Distrito Fede- II - idoneidade moral e reputação ilibada;
ral ou dos demais órgãos auxiliares, sempre que houver indício de III - notáveis conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos
irregularidade em qualquer despesa, inclusive naquela decorren- e financeiros ou de administração pública;
te de contrato. IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva
Art. 80. Os Poderes Legislativo e Executivo manterão, de for- atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados
ma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: no item anterior.
(Artigo regulamentado(a) pelo(a) Lei 830 de 27/12/1994) § 2° Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Federal
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria- serão escolhidos:
nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos do I – três pelo Governador do Distrito Federal, com a aprovação
Distrito Federal; da Câmara Legislativa, sendo um de livre escolha, e dois alterna-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à damente dentre auditores e membros do Ministério Público junto
eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira, contábil e ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os
patrimonial nos órgãos e entidades da administração do Distrito critérios de antigüidade e merecimento; (Inciso alterado(a) pe-
Federal, e quanto à da aplicação de recursos públicos por entida- lo(a) Emenda à Lei Orgânica 36 de 03/01/2002)
des de direito privado; II – quatro pela Câmara Legislativa. (Inciso alterado(a) pelo(a)
III - exercer o controle sobre o deferimento de vantagens e a Emenda à Lei Orgânica 36 de 03/01/2002)
forma de calcular qualquer parcela integrante da remuneração, § 4º Os Conselheiros do Tribunal de Contas têm as mesmas
vencimento ou salário de seus membros ou servidores; garantias, prerrogativas, impedimentos e subsídio dos Desembar-
IV - exercer o controle das operações de crédito, avais e ga- gadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios,
rantias, bem como o dos direitos e haveres do Distrito Federal; aplicando-se-lhes, quanto a aposentadoria e pensão, as normas
V – avaliar a relação de custo e benefício das renúncias de re- do art. 41. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
ceitas e dos incentivos, remissões, parcelamentos de dívidas, anis- 80 de 31/07/2014)
tias, isenções, subsídios, benefícios e afins de natureza financeira, § 5° Os Conselheiros, nas suas faltas e impedimentos, serão
tributária, creditícia e outros; substituídos por Auditores, na forma da lei.
VI - apoiar o controle externo, no exercício de sua missão ins- § 6° O Auditor, quando em substituição a Conselheiro, terá as
titucional. mesmas garantias, prerrogativas e impedimentos do titular e, no
§ 1° Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co- exercício das demais atribuições da judicatura, as de Juiz de Direi-
nhecimento de qualquer irregularidade, ilegalidade ou ofensa aos to da Justiça do Distrito Federal e Territórios.
princípios do art. 37 da Constituição Federal, dela darão ciência § 7° Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Federal
ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, sob pena de responsa- farão declaração pública de bens, no ato da posse e no término dó
bilidade solidária. exercício do cargo.
§ 2º As contas públicas do Distrito Federal ficarão, durante § 8° Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Fede-
sessenta dias, anualmente, em local próprio da Câmara Legisla- ral, nos casos de crime comum e nos de responsabilidade, serão
tiva à disposição de qualquer contribuinte para exame e aprecia- processados e julgados, originariamente, pelo Superior Tribunal
ção e serão disponibilizadas de maneira permanente, atualizadas de Justiça.
mensalmente, nos sítios oficiais na internet do Poder Legislativo, § 9° É proibida a nomeação para o cargo de Conselheiro do
do Poder Executivo e do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Tribunal de Contas do Distrito Federal de pessoa que tenha pra-
recomendando-se a criação de sítios específicos na internet para ticado ato tipificado como causa de inelegibilidade prevista na
a publicação permanente das contas públicas, de forma clara e legislação eleitoral. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
compreensível ao cidadão. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda Orgânica 60 de 20/12/2011)
à Lei Orgânica 68 de 30/10/2013) Art. 83. Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Fe-
§ 3° Qualquer cidadão, partido político, associação ou entida- deral, ainda que em disponibilidade, não poderão exercer outra
de sindical é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregu- função pública, nem qualquer profissão remunerada, salvo uma
laridades ao Tribunal de Contas ou à Câmara Legislativa. de magistério, nem receber, a qualquer título ou pretexto, parti-
§ 4° A prestação de contas anual do Governador e as tomadas cipação nos processos, bem como dedicar-se à atividade político-
ou prestações de contas anuais dos administradores dos órgãos e -partidária, sob pena de perda do cargo.
entidades do Distrito Federal deverão ser acompanhadas de rela- Art. 84. É da competência exclusiva do Tribunal de Contas do
tório circunstanciado do órgão de controle interno sobre o resul- Distrito Federal:
tado das atividades indicadas neste artigo. I - elaborar, aprovar e alterar seu regimento interno;

58
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II - organizar seus serviços auxiliares e prover os respectivos Art. 88. A eleição do Governador e do Vice-Governador do
cargos, ocupados aqueles em comissão preferencialmente por Distrito Federal realizar-se-á noventa dias antes do término do
servidores de carreira do próprio tribunal, nos casos e condições mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá no dia 1° de
que deverão ser previstos em sua lei de organização; janeiro do ano subsequente.
III - conceder licença, férias e outros afastamentos a Conse- § 1° A eleição do Governador do Distrito Federal importará a
lheiros e Auditores; do Vice-Governador com ele registrado.
IV - propor à Câmara Legislativa a criação, transformação e § 2° A eleição do Governador do Distrito Federal é feita por
extinção de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos; sufrágio universal e por voto direto e secreto.
V - elaborar sua proposta orçamentária, observados os princí- § 3° O mandato do Governador do Distrito Federal será de
pios estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. quatro anos, permitida a reeleição para um único período subse-
Art. 84-A. O Tribunal de Contas do Distrito Federal é repre- qüente. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 37
sentado por seu Presidente e, judicialmente, por sua Procurado- de 03/01/2002)
ria-Geral. (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 95 Art. 89. São condições de elegibilidade para Governador e Vi-
de 03/03/2016) ce-Governador do Distrito Federal:
§ 1º São funções institucionais da Procuradoria-Geral do Tri- I - nacionalidade brasileira;
bunal de Contas do Distrito Federal, em seu âmbito: (Parágrafo II - pleno exercício dos direitos políticos;
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 95 de 03/03/2016) III - domicílio eleitoral na circunscrição do Distrito Federal
I - representar o Tribunal de Contas do Distrito Federal judi- pelo prazo fixado em lei;
cialmente; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 95 IV - filiação partidária;
de 03/03/2016) V - idade mínima de trinta anos;
II - promover a defesa do Tribunal de Contas do Distrito Fede- VI - alistamento eleitoral.
ral, requerendo a qualquer órgão, entidade ou tribunal as medi- Art. 90. Será considerado eleito Governador do Distrito Fe-
das de interesse da Justiça, da Administração e do Erário; (Inciso deral o candidato que, registrado por partido político, obtiver a
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 95 de 03/03/2016) maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os
III - promover a uniformização da jurisprudência administrati- nulos.
va e a compilação da legislação de interesse do Tribunal de Contas § 1º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta no pri-
do Distrito Federal. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- meiro turno, faz-se nova eleição, na qual concorrem os dois can-
gânica 95 de 03/03/2016) didatos mais votados, sendo considerado eleito o que obtiver a
§ 2º O ingresso no cargo de Procurador do Tribunal de Contas maioria dos votos válidos. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda
do Distrito Federal é feito mediante concurso público de provas e à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
títulos. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 95 § 2° Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,
de 03/03/2016) desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á,
§ 3º Lei de iniciativa do Tribunal de Contas do Distrito Fede- entre os remanescentes, o de maior votação.
ral deve dispor sobre a criação dos cargos e a estrutura da sua § 3° Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer,
Procuradoria-Geral. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,
Orgânica 95 de 03/03/2016) qualificar-se-á o mais idoso.
§ 4º O Tribunal de Contas do Distrito Federal deve dispor Art. 91. O Governador e o Vice-Governador do Distrito Fede-
sobre a organização e o funcionamento da sua Procuradoria-Ge- ral tomarão posse em sessão da Câmara Legislativa, quando pres-
ral. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 95 de tarão o compromisso de manter, defender e cumprir a Constitui-
03/03/2016) ção Federal e a Lei Orgânica, observar as leis e promover o bem
Art. 85. Funcionará junto ao Tribunal de Contas o Ministério geral do povo do Distrito Federal.
Público, regido pelos princípios institucionais de unidade, indivisi- Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para
bilidade e independência funcional, com as atribuições de guarda a posse, o Governador ou o Vice-Governador do Distrito Federal,
da lei e fiscal de sua execução. salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será
Parágrafo único. A proibição de que trata o art. 82, § 9°, apli- declarado vago.
ca-se à nomeação do Procurador-Geral do Ministério Público de Art. 92. Cabe ao Vice-Governador substituir o Governador em
Contas do Distrito Federal. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emen- sua ausência ou impedimento e suceder-lhe no caso de vaga.
da à Lei Orgânica 60 de 20/12/2011) Parágrafo único. O Vice-Governador do Distrito Federal, além
Art. 86. Lei complementar do Distrito Federal disporá sobre de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei comple-
a organização e funcionamento do Tribunal de Contas, podendo mentar, auxiliará o Governador, sempre que por ele convocado
dividi-lo em câmaras e criar delegações ou órgãos destinados a para missões especiais.
auxiliá-lo no exercício de suas funções e na descentralização dos Art. 93. Em caso de impedimento do Governador e do Vice-
seus trabalhos. -Governador, ou de vacância dos respectivos cargos, serão suces-
sivamente chamados ao exercício da chefia do Poder Executivo o
CAPÍTULO III Presidente da Câmara Legislativa e o Presidente do Tribunal de
DO PODER EXECUTIVO Justiça do Distrito Federal e Territórios. (Artigo alterado(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 57 de 29/03/2010)
SEÇÃO I Art. 94. Vagando os cargos de Governador e Vice-Governador
DO GOVERNADOR E VICE-GOVERNADOR do Distrito Federal, se fará eleição noventa dias depois de aberta
a última vaga. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
Art. 87. O Poder executivo é exercido pelo Governador do 57 de 29/03/2010)
Distrito Federal, auxiliado pelos Secretários de Estado do Distrito
Federal. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de
29/11/2005)

59
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do manda- XI – remeter mensagem à Câmara Legislativa por ocasião da
to, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do Distrito Fe-
última vaga, pela Câmara Legislativa, na forma da Lei. (Parágrafo deral e indicando as providências que julgar necessárias; (Inciso
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 57 de 29/03/2010) (Pa- alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010)
rágrafo regulamentado(a) pelo(a) Lei 5524 de 26/08/2015) XII - nomear os Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar Federal, após aprovação pela Câmara Legislativa, observado o dis-
o período de seus antecessores. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) posto no art. 82, §§ 1° e 2° e seus incisos;
Emenda à Lei Orgânica 57 de 29/03/2010) XIII - nomear e destituir o Procurador-Geral do Distrito Fede-
Art. 95. O Governador e o Vice-Governador deverão residir ral, na forma da lei;
no Distrito Federal. XIV - nomear os membros do Conselho de Governo, a que se
§ 1º A licença a que se refere o caput deverá ser justificada. refere o art. 108;
(Parágrafo renumerado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 37 de XV - nomear e destituir presidente de instituições financeiras
03/01/2002) controladas pelo Distrito Federal, após a aprovação pela Câmara
§ 2º O Governador e o Vice-Governador do Distrito Federal Legislativa, na forma do art. 60, XXXV;
poderão afastar-se durante trinta dias, a título de férias, em cada XVI - enviar à Câmara Legislativa projetos de lei relativos a pla-
ano de seu mandato. (alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, dívida
41 de 10/08/2004) pública e operações de crédito;
Art. 97. O Governador e o Vice-Governador deverão, no ato XVII - prestar anualmente à Câmara Legislativa, no prazo de
da posse e no término do mandato, fazer declaração pública de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe-
bens. rentes ao exercício anterior;
Art. 98. Aplicam-se ao Governador e ao Vice-Governador, no XVIII - prover e extinguir os cargos públicos do Distrito Fede-
que couber, as proibições e impedimentos estabelecidos para os ral, na forma da lei;
Deputados Distritais, fixados no art. 62. XIX - nomear e destituir diretores de sociedades de econo-
Art. 99. Perderá o mandato o Governador que assumir outro mia mista, empresas públicas e fundações mantidas pelo Poder
cargo ou função na administração pública direta ou indireta, fede- Público;
ral, estadual, municipal ou do Distrito Federal, ressalvada a posse XX - subscrever ou adquirir ações, realizar ou aumentar capi-
em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, tal) desde que haja recursos disponíveis, de sociedade de econo-
l, IV e V da Constituição Federal. mia mista ou de empresa pública, bem como dispor, a qualquer
título, no todo ou em parte, de ações ou capital que tenham subs-
SEÇÃO II crito, adquirido, realizado ou aumentado, mediante autorização
DAS ATRIBUIÇÕES DO GOVERNADOR da Câmara Legislativa;
XXI - delegar, por decreto, a qualquer autoridade do Execu-
Art. 100. Compete privativamente ao Governador do Distrito tivo atribuições administrativas que não sejam de sua exclusiva
Federal: competência;
I - representar o Distrito Federal perante o Governo da União XXII - solicitar intervenção federal na forma estabelecida pela
e das Unidades da Federação, bem como em suas relações jurídi- Constituição da República;
cas, políticas, sociais e administrativas; XXIII - celebrar ou autorizar convênios, ajustes ou acordos
II - nomear, observado o disposto no caput do art. 244 e em com entidades públicas ou particulares, na forma da legislação
seu parágrafo único, os membros do Conselho de Educação do em vigor;
Distrito Federal; XXIV - realizar operações de crédito autorizadas pela Câmara
III - nomear e exonerar Secretários de Estado do Distrito Fe- Legislativa;
deral. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de XXV - decretar situação de emergência e estado de calamida-
29/11/2005) de pública no Distrito Federal;
IV - exercer, com auxílio dos Secretários de Estado do Distri- XXVI – pratica os demais atos de administração, nos limites da
to Federal, a direção superior da administração do Distrito Fe- competência do Poder Executivo;
deral; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de XXVII – nomear, dispensar, exonerar, demitir e destituir ser-
29/11/2005) vidores da administração pública direta, autárquica e funda-
V - exercer o comando superior da Polícia Militar e do Corpo cional. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 64 de
de Bombeiros Militar do Distrito Federal, e promover seus oficiais; 25/03/2013)
VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previs- XXVIII – nomear e destituir o Defensor Público-Geral do Dis-
tos nesta Lei Orgânica; trito Federal, na forma da lei. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda
VII - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como à Lei Orgânica 61 de 30/11/2012)
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; XXIX (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 2017 00 2
VIII - nomear, na forma da lei, os Comandantes-Gerais da 0221743 de 07/11/2017)
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, bem como o Di- ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 2017 00 2
retor da Polícia Civil; (Inciso revigorado(a) pelo(a) ADI 2017 00 2 0221743 de 07/11/2017)
0221743 de 07/11/2017)
VIII (Inciso declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 2017 00 SEÇÃO III
2 0221743 de 07/11/2017) DA RESPONSABILIDADE DO GOVERNADOR
IX - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
X - dispor sobre a organização e o funcionamento da adminis- Art. 101. São crimes de responsabilidade os atos do Governa-
tração do Distrito Federal, na forma desta Lei Orgânica; dor do Distrito Federal que atentem contra a Constituição Federal,
esta Lei Orgânica e, especialmente, contra:
I - a existência da União e do Distrito Federal;

60
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II - o livre exercício do Poder Executivo e do Poder Legislativo ADI 1020 DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DOS §§ 3º
ou de outras autoridades constituídas; E 4º DO ART. 103 DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL, VEN-
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; CIDO O MIN. ILMAR GALVÃO (RELATOR), QUE JULGAVA IMPRO-
IV - a segurança interna do País e do Distrito Federal; CEDENTE. VOTOU O PRESIDENTE. RELATOR PARA O ACÓRDÃO O
V - a probidade na administração; MIN. CELSO DE MELLO. PLENÁRIO, 19.10.95 (Parágrafo Declara-
VI - a lei orçamentária; do(a) Inconstitucional pelo(a) ADI 1020 de 09/02/1994)
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. ADI 1020 DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DOS §§ 3º
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo serão de- E 4º DO ART. 103 DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL, VEN-
finidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo CIDO O MIN. ILMAR GALVÃO (RELATOR), QUE JULGAVA IMPRO-
e julgamento. CEDENTE. VOTOU O PRESIDENTE. RELATOR PARA O ACÓRDÃO O
Art. 101-A. São crimes de responsabilidade os atos dos Secre- MIN. CELSO DE MELLO. PLENÁRIO, 19.10.95 (Parágrafo Declara-
tários de Estado do Distrito Federal, dos dirigentes e servidores da do(a) Inconstitucional pelo(a) ADI 1020 de 09/02/1994)
administração pública direta e indireta, do Procurador-Geral, dos Art. 104. A condenação do Governador ou do Vice-Governa-
comandantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar dor do Distrito Federal implica a destituição do cargo, sem prejuí-
e do Diretor-Geral da Polícia Civil que atentarem contra a Consti- zo das demais sanções legais cabíveis.
tuição Federal, esta Lei Orgânica e, especialmente, contra: (altera-
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005) SEÇÃO IV
I - a existência da União e do Distrito Federal; (Inciso acresci- DOS SECRETÁRIOS DE ESTADO DO DISTRITO FEDERAL
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) (ALTERADO(A) PELO(A) EMENDA À LEI ORGÂNICA 44 DE
II - o livre exercício dos Poderes Executivo e Legislativo e 29/11/2005)
das outras autoridades constituídas; (Inciso acrescido(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) Art. 105. Os Secretários de Estado serão escolhidos entre
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; (Inci- brasileiros maiores de vinte e um anos, no exercício dos direitos
so acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) políticos, aplicando-se-lhes o disposto no art. 19, § 8°. (Artigo alte-
IV - a segurança interna do País e do Distrito Federal; (Inciso rado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 60 de 20/12/2011)
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) Parágrafo único. Compete aos Secretários de de Estado do
V - a probidade na administração; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Distrito Federal, além de outras atribuições estabelecidas nes-
Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) ta Lei Orgânica e nas demais leis: (Parágrafo alterado(a) pelo(a)
VI - a lei orçamentária; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005)
Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos
VII - o cumprimento das leis e decisões judiciais; (Inciso acres- e entidades da administração do Distrito Federal, na área de sua
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) competência;
§ 1° A recusa em atender a convocação da Câmara Legislati- II - referendar os decretos e os atos assinados pelo Governa-
va ou de qualquer das suas comissões constitui igualmente crime dor, referentes à área de sua competência;
de responsabilidade. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei III - expedir instruções para a execução das leis, decretos e
Orgânica 33 de 11/01/2000) regulamentos;
§ 2° A Mesa Diretora, as Comissões Permanentes e os Depu- IV - apresentar ao Governador relatório anual de sua gestão;
tados Distritais poderão apresentar ao plenário denúncia solici- V - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem
tando a instauração de processo por crime de responsabilidade outorgadas ou delegadas pelo Governador do Distrito Federal;
contra qualquer das autoridades elencadas no caput. (Parágrafo VI - comparecer à Câmara Legislativa ou a suas comissões, nos
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) casos e para os fins indicados nesta Lei Orgânica;
§ 3º Admitida a acusação constante da denúncia, por maioria VII - delegar a seus subordinados, por ato expresso, atribui-
absoluta dos deputados distritais, será a autoridade julgada pe- ções previstas na legislação.
rante a própria Câmara Legislativa. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Art. 106. Os Secretários de Estado do Distrito Federal poderão
Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) comparecer à Câmara Legislativa do Distrito Federal ou a qualquer
§ 4º Após admitida a denúncia pela Câmara Legislativa a au- de suas comissões, por sua iniciativa ou por convocação, para ex-
toridade será afastada imediatamente de seu cargo. (Parágrafo por assunto relevante de sua secretaria. (Artigo alterado(a) pe-
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 33 de 11/01/2000) lo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005)
§ 5º Aos ex-governadores e aos ex-ocupantes dos cargos refe- Art. 107. Os Secretários de Estado do Distrito Federal serão,
ridos no caput, aplica-se o disposto no § 1º quando a convocação nos crimes comuns e nos de responsabilidade, processados e jul-
referir-se a atos praticados no período de mandato ou gestão dos gados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios,
respectivos cargos. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei ressalvada a competência dos órgãos judiciários federais. (Artigo
Orgânica 33 de 11/01/2000) alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005)
Art. 102. Qualquer cidadão, partido político, associação ou § 1° São crimes de responsabilidade dos Secretários de Es-
entidade sindical poderá denunciar à Câmara Legislativa o Gover- tado do Distrito Federal os referidos nos arts. 60, XII e 101, bem
nador, o Vice-Governador e os Secretários de Estado do Distrito como os demais previstos em lei, incluída a recusa ou o não com-
Federal por crime de responsabilidade. (Artigo alterado(a) pelo(a) parecimento à Câmara Legislativa ou a qualquer de suas comis-
Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005) sões quando convocados, além da não prestação de informações
§ 1° O Governador ficará suspenso de suas funções: no prazo de trinta dias ou o fornecimento de informações fal-
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do sas. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de
processo pela Câmara Legislativa. 29/11/2005)
§ 2° Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamen-
to não estiver concluído, cessará o afastamento do Governador,
sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

61
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 2° O acolhimento da denúncia pela prática de crime de res- SEÇÃO II
ponsabilidade acarreta o afastamento do Secretário de Estado do DA DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL (ALTERA-
Distrito Federal do exercício de suas funções. (Parágrafo altera- DO(A) PELO(A) EMENDA À LEI ORGÂNICA 61 DE 30/11/2012)
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 44 de 29/11/2005)
Art. 114. A Defensoria Pública é instituição permanente e es-
SEÇÃO V sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe funda-
DO CONSELHO DE GOVERNO mentalmente, como expressão e instrumento do regime demo-
crático, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos
Art. 108. O Conselho de Governo é o órgão superior de con- e a defesa judicial e extrajudicial, em todos os graus, dos direitos
sulta do Governador do Distrito Federal, que o preside e do qual individuais e coletivos de forma integral e gratuita aos necessita-
participam: dos, na forma do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal. (Artigo
I - o Vice-Governador do Distrito Federal; alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de 27/02/2015)
II - o Presidente da Câmara Legislativa; § 1º À Defensoria Pública do Distrito Federal é assegurada, nos
III - os líderes da maioria e da minoria na Câmara Legislativa; termos do art. 134, § 2º, da Constituição Federal, e do art. 2º da
IV - o Procurador-Geral do Distrito Federal; Emenda Constitucional nº 69, de 29 de março de 2012, autonomia
V - quatro cidadãos brasileiros natos, residentes no Distrito funcional e administrativa, cabendo-lhe elaborar, nos termos da
Federal há pelo menos dez anos, maiores de trinta anos de idade, lei de diretrizes orçamentárias, sua proposta orçamentária e enca-
todos com mandato de dois anos, vedada a recondução, sendo minhá-la ao Poder Executivo para consolidação da proposta de lei
dois nomeados pelo Governador e dois indicados pela Câmara de orçamento anual e submissão ao Poder Legislativo. (Parágrafo
Legislativa. acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 61 de 30/11/2012)
Art. 109. Compete ao Conselho de Governo pronunciar-se § 2º O Defensor Público-Geral do Distrito Federal só pode ser
sobre questões relevantes suscitadas pelo Governo do Distrito destituído, nos termos da lei, por iniciativa do Governador e prévia
Federal, incluída a estabilidade das instituições e os problemas deliberação da Câmara Legislativa do Distrito Federal. (Parágrafo
emergentes de grave complexidade e magnitude. acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 61 de 30/11/2012)
Parágrafo único. A lei regulará a organização e funcionamento § 3º São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni-
do Conselho de Governo e as atribuições de seus membros, que dade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-
as exercerão independentemente de qualquer remuneração. -se também, no que couber, o disposto nos arts. 93 e 96, II, da
Constituição Federal. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
CAPÍTULO IV Orgânica 86 de 27/02/2015)
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA § 4º Compete privativamente à Defensoria Pública a iniciativa
das leis sobre: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
SEÇÃO I nica 86 de 27/02/2015)
DA PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL I – sua organização e funcionamento; (Inciso acrescido(a) pe-
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de 27/02/2015)
Art. 110. A Procuradoria-Geral é órgão central do sistema ju- II – criação, transformação ou extinção dos seus cargos pú-
rídico do Distrito Federal, de natureza permanente, na forma do blicos e fixação dos respectivos vencimentos ou subsídios; (Inciso
art. 132 da Constituição Federal. (Artigo Revigorado(a) pelo(a) ADI acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de 27/02/2015)
1557 de 21/01/1997) III – o estatuto dos defensores públicos do Distrito Fede-
Parágrafo único. A proibição de que trata o art. 19, § 8°, aplica- ral. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 86 de
-se à nomeação do Procurador-Geral do Distrito Federal. (Parágra- 27/02/2015)
fo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 60 de 20/12/2011) Art. 115. É assegurada ao policial militar, ao policial civil e
I - representar o Distrito Federal judicial e extra-judicialmen- ao bombeiro militar do Distrito Federal assistência jurídica es-
te; pecializada prestada pelo Distrito Federal, quando, no exercício
II - representar a Fazenda Pública perante os Tribunais de da função, se envolva em fatos de natureza penal ou administra-
Contas da União, do Distrito Federal e Juntas de Recursos Fiscais; tiva. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 105 de
III - promover a defesa da Administração Pública, requerendo 11/12/2017)
a qualquer órgão, entidade ou tribunal as medidas de interesse da § 1º Lei complementar de iniciativa do Poder Executivo dis-
Justiça, da Administração e do Erário; porá sobre a assistência jurídica prestada ao policial militar, ao
IV - representar sobre questões de ordem jurídica sempre que policial civil e ao bombeiro militar do Distrito Federal. (Parágrafo
o interesse público ou a aplicação do Direito o reclamarem; acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 105 de 11/12/2017)
V - promover a uniformização da jurisprudência administrati- § 2º Não é prestada a assistência jurídica de que trata este
va e a compilação da legislação do Distrito Federal; artigo nas hipóteses de improbidade administrativa apurada em
VI - prestar orientação jurídico-normativa para a administra- processo administrativo disciplinar. (Parágrafo acrescido(a) pe-
ção pública direta, indireta e fundacional; lo(a) Emenda à Lei Orgânica 105 de 11/12/2017)
VII - efetuar a cobrança judicial da dívida do Distrito Federal. Art. 116. Haverá na Assistência Judiciária centro de atendi-
§ 1° A cobrança judicial da dívida do Distrito Federal a que mento para a assistência jurídica, apoio e orientação à mulher ví-
se refere o inciso VII desse artigo inclui aquela relativa à Câma- tima de violência, bem como a seus familiares.
ra Legislativa do Distrito Federal. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 14 de 24/03/1997)
Art. 112. Os servidores de apoio às atividades jurídicas serão
organizados em carreira, com quadro próprio e funções especifi-
cas.

62
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
CAPÍTULO V § 7º O ingresso na carreira de policial civil do Distrito Federal
DA SEGURANÇA PÚBLICA é feito na forma da lei. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
Orgânica 80 de 31/07/2014)
Art. 117-A. A Segurança Pública, dever do Estado, direito e § 8° As atividades desenvolvidas nos Institutos de Crimina-
responsabilidade de todos, é exercida com base nos seguintes lística, de Medicina Legal e de Identificação são consideradas de
princípios: (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 natureza técnico-científica.
de 03/03/2016) § 9° Aos integrantes das categorias de perito criminal, médico
I - respeito aos direitos humanos e promoção dos direitos e legista e perito papiloscopista é garantida a independência fun-
das garantias fundamentais individuais e coletivas, especialmente cional na elaboração dos laudos periciais. (Parágrafo alterado(a)
dos segmentos sociais de maior vulnerabilidade; (Inciso acresci- pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 34 de 28/08/2001) (Parágrafo de-
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) clarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 88213 de 11/11/2004)
II - preservação da ordem pública, assim entendidas as ordens § 10. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24735-5 de
urbanística, fundiária, econômica, tributária, das relações de con- 23/09/2015)
sumo, ambiental e da saúde pública; (Inciso acrescido(a) pelo(a) § 11. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24735-5 de
Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) 23/09/2015)
III - gestão integrada de seus órgãos e deles com as esferas § 12. É assegurado, pelo menos 1 vez ao ano ou quando da
educacional, da saúde pública e da assistência social, com a finali- nomeação por concurso público, o concurso de remoção interno,
dade de prestar serviço concentrado na prevenção; (Inciso acres- na hipótese em que o número de interessados seja superior ao
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) número de vagas, com critérios objetivos, pretéritos e determi-
IV - ênfase no policiamento comunitário; (Inciso acrescido(a) nados na Polícia Civil do Distrito Federal para todos os cargos e
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) carreiras. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
V - preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio 98 de 21/07/2016)
público e privado. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ- § 13. O concurso de remoção de que trata o § 12 abrange
nica 94 de 03/03/2016) todas as unidades e seções da Polícia Civil do Distrito Federal, ex-
§ 1º São objetivos da política de segurança pública: (Parágrafo cetuando-se apenas as funções comissionadas. (Parágrafo acresci-
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 98 de 21/07/2016)
I - a prevenção das infrações penais, por meio de procedi- § 14. É obrigatória a comprovação dos pré-requisitos obje-
mentos investigatórios e de policiamento ostensivo; (Inciso acres- tivos e determinados exigidos de cada função para lotação pelo
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) concurso de remoção. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à
II - a apuração das infrações penais, por meio de procedimen- Lei Orgânica 98 de 21/07/2016)
tos investigatórios de polícia judiciária; (Inciso acrescido(a) pelo(a) § 15. Aos integrantes das categorias de agente de polícia,
Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) agente policial de custódia e escrivão de polícia é garantida a inde-
III - o exercício da atividade de defesa civil, prevenção e com- pendência funcional na elaboração e no conteúdo dos atos legais
bate a incêndios, alagamentos, enchentes e outros desastres; (In- delegados ou próprios sob sua responsabilidade. (Parágrafo acres-
ciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 98 de 21/07/2016)
IV - a guarda dos prédios públicos do Distrito Federal. (Inciso Art. 119-A. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24735-
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016) 5 de 23/09/2015)
§ 2º A política de segurança pública do Distrito Federal se nor- ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24735-5 de
teará pela lei do Plano Decenal de Segurança Pública, cujo texto 23/09/2015)
tratará do planejamento estratégico do setor, estabelecendo di-
retrizes, metas e ajustes a serem permanentemente feitos pelo SEÇÃO II
Poder Público para o seu atingimento. (Parágrafo acrescido(a) pe- DA POLÍCIA MILITAR
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 94 de 03/03/2016)
SEÇÃO III
SEÇÃO I DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
DA POLÍCIA CIVIL
SEÇÃO IV
Art. 119. À Polícia Civil, órgão permanente dirigido por dele- DA POLÍTICA PENITENCIÁRIA
gado de polícia de carreira, incumbe, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações Art. 122. A legislação penitenciária do Distrito Federal assegu-
penais, exceto as militares. rará o respeito às regras da Organização das Nações Unidas para o
§ 1º São princípios institucionais da Polícia Civil unidade, in- tratamento de reclusos, a defesa técnica nas infrações disciplina-
divisibilidade, legalidade, moralidade, impessoalidade, hierarquia res e definirá a composição e competência do Conselho de Política
funcional, disciplina e unidade de doutrina e de procedimen- Penitenciária do Distrito Federal.
tos. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de Art. 123. O estabelecimento prisional destinado a mulheres
31/07/2014) terá, em local anexo e independente, creche em tempo integral
§ 5° Os Institutos de Criminalística, de Medicina Legal e de para seus filhos de 0 a 6 anos, atendidos por pessoas especiali-
Identificação compõem a estrutura administrativa da Polícia Civil, zadas, assegurado aos filhos das presidiárias o direito à amamen-
devendo seus dirigentes ser escolhidos entre os integrantes do tação até completarem, no mínimo, 12 meses de idade. (Artigo
quadro funcional do respectivo instituto. alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 100 de 26/06/2017)
§ 6° A função de policial civil é considerada de natureza téc- Parágrafo único. À mulher presidiária será garantida assistên-
nica. cia pré-natal prioritariamente e a obrigatoriedade de assistência
integral a sua saúde.

63
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 124. Os estabelecimentos prisionais e correcionais pro- TÍTULO IV
porcionarão aos internos condições de exercer atividades produti- DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO DO DISTRITO FEDERAL
vas remuneradas, que lhes garantam o sustento e de suas famílias
e assistência à saúde, de caráter preventivo e curativo, em serviço CAPÍTULO I
próprio do estabelecimento e com pessoal técnico nele lotado em DO SISTEMA TRIBUTÁRIO DO DISTRITO FEDERAL
caráter permanente. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Or-
gânica 32 de 25/03/1999) SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
SEÇÃO V
(ACRESCIDO(A) PELO(A) EMENDA À LEI ORGÂNICA 3 DE Art. 125. Compete ao Distrito Federal instituir os seguintes
22/12/1995) tributos:
DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO E DO DEPARTAMENTO I - impostos de sua competência previstos na Constituição Fe-
DE ESTRADAS DE RODAGEM (ALTERADO(A) PELO(A) EMEN- deral;
DA À LEI ORGÂNICA 119 DE 27/11/2020) II - taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela uti-
lização, efetiva ou potencial, de serviços públicos de sua atribui-
Art. 124-A. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 255 de ção, específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos
05/01/2007) a sua disposição;
Art. 124-A. O Departamento de Trânsito do Distrito Federal III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
e o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal IV – contribuição para o custeio do serviço de iluminação
são, respectivamente, entidade executiva de trânsito do Distrito pública; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de
Federal e entidade executiva rodoviária do Distrito Federal. (Alte- 31/07/2014)
rado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 119 de 27/11/2020) V – contribuição previdenciária, cobrada dos servidores pú-
§ 1º (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 255 de blicos, dos aposentados e dos pensionistas para o custeio, em
05/01/2007) benefício deles, do regime próprio de previdência social. (Inciso
§ 1º O Departamento de Trânsito do Distrito Federal, entida- acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
de autárquica integrante do Sistema Nacional de Trânsito, com § 1° A função social dos impostos incorpora o princípio de
personalidade jurídica própria e autonomia administrativa, finan- justiça fiscal e o critério de progressividade, a ser observados na
ceira e técnica, está vinculado à secretaria responsável pela segu- legislação.
rança pública do Distrito Federal. (Alterado(a) pelo(a) Emenda à § 2° Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal
Lei Orgânica 119 de 27/11/2020) e serão graduados segundo a capacidade econômica do contri-
§ 2º O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito buinte, facultado à administração tributária, especialmente para
Federal, entidade autárquica integrante do Sistema Nacional de conferir efetividade a esses objetivos, identificar o patrimônio,
Trânsito, com personalidade jurídica própria e autonomia admi- rendimentos e atividades econômicas do contribuinte, respeita-
nistrativa, financeira e técnica, está vinculado à secretaria res- dos os direitos individuais e nos termos da lei.
ponsável pelo transporte do Distrito Federal. (Alterado(a) pelo(a) § 3° As taxas não poderão ter base de cálculo própria de im-
Emenda à Lei Orgânica 119 de 27/11/2020) postos.
§ 3º Compete ao Departamento de Trânsito do Distrito Fede- § 4° Nenhuma taxa, à exceção das decorrentes do exercício do
ral e ao Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Fede- poder de polícia, poderá ser aplicada em despesas estranhas aos
ral, no âmbito de suas respectivas esferas de atuação, o exercício serviços para os quais foi criada.
do poder de polícia administrativa e a fixação dos preços públicos § 5° O Distrito Federal poderá, mediante convênio com a
a serem cobrados pelos serviços administrativos prestados aos União, Estados e Municípios, delegar ou deles receber encargos
usuários, cabendo a lei ordinária a fixação das demais competên- de administração tributária.
cias das entidades executivas de trânsito e rodoviária do Distri- § 6º É facultada a cobrança da contribuição de que trata o
to Federal. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 119 de inciso IV na fatura de consumo de energia elétrica. (Parágrafo alte-
27/11/2020) rado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24292-8 de § 7º A contribuição de que trata o inciso V não pode ter alí-
16/09/2015) quota inferior à da contribuição dos servidores públicos efetivos
... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24292-8 de da União. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
16/09/2015) 80 de 31/07/2014)
Art. 124-B. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24292-8 Art. 126. O sistema tributário do Distrito Federal obedecerá
de 16/09/2015) ao disposto no art. 146 da Constituição Federal, em resolução do
§ 1º (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24292-8 de Senado Federal, nesta Lei Orgânica e em leis ordinárias, no tocan-
16/09/2015) te a:
§ 2º (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 24292-8 de I - conflitos de competência em matéria tributária entre pes-
16/09/2015) soas de direito público;
II - limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - definição de tributos e de suas espécies, bem como em
relação aos impostos constitucionalmente discriminados, dos res-
pectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
IV - obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;
V - adequado tratamento tributário ao ato cooperativo prati-
cado pelas sociedades cooperativas.

64
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 126-A. Ao sistema tributário do Distrito Federal aplica-se § 1° A vedação do inciso VI, a, é extensiva a autarquias e fun-
o seguinte: (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere
de 31/07/2014) (Legislação correlata - Emenda à Lei Orgânica 80 a patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades es-
de 31/07/2014) senciais ou delas decorrentes.
I – as normas gerais aplicáveis aos diferentes impostos e de- § 2° As vedações do inciso VI, a, e as do parágrafo anterior
mais tributos são objeto do código tributário; (Inciso acrescido(a) não se aplicam a patrimônio, renda e serviços relacionados com
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas apli-
II – cada imposto ou contribuição, observadas as exceções cáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contrapres-
desta Lei Orgânica, deve ser objeto de lei ordinária específica e tação ou pagamento, de preços ou tarifas pelo usuário, nem exo-
de conteúdo exclusivo. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei neram o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
Orgânica 80 de 31/07/2014) relativamente ao bem imóvel.
Parágrafo único. As disposições de vigência temporária em § 3° As vedações do inciso VI, alíneas b e c, compreendem
matéria tributária podem ser instituídas em leis diversas das men- somente patrimônio, renda e serviços relacionados com as finali-
cionadas no inciso II. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei dades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Orgânica 80 de 31/07/2014) § 4º (Parágrafo declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI
Art. 127. Ao Distrito Federal compete, cumulativamente, os 23947-9 de 14/06/2016)
impostos reservados aos Estados e Municípios nos termos dos I (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23947-9 de
arts. 155 e 156 da Constituição Federal. 14/06/2016)
II (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23947-9 de
SEÇÃO II 14/06/2016)
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR III (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23947-9 de
14/06/2016)
Art. 128. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao IV (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23947-9 de
contribuinte, é vedado ao Distrito Federal: 14/06/2016)
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; § 5º A vedação prevista no inciso III, b, não se aplica à contri-
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se buição previdenciária de que trata o art. 125, V. (Parágrafo altera-
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, § 6º A vedação prevista no inciso III, c, não se aplica à fixação
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, da base de cálculo:I – do imposto sobre propriedade de veículos
títulos ou direitos; automotores; (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
III - cobrar tributos; (Legislação Correlata - Lei 6744 de nica 80 de 31/07/2014)
07/12/2020) II – do imposto sobre propriedade predial e territorial ur-
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da bana. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de
vigência da lei que os houver Instituído ou aumentado; 31/07/2014)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada § 7º A lei pode atribuir a sujeito passivo de obrigação tribu-
a lei que- os instituiu ou aumentou; tária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou
c) antes de decorridos noventa dias da data em que tiver sido contribuição cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, asse-
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o dispos- gurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso
to na alínea b; (Alínea acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica não se realize o fato gerador presumido. (Parágrafo acrescido(a)
80 de 31/07/2014) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; Art. 129. A lei poderá isentar, reduzir ou agravar tributos, para
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou de bens favorecer atividades de interesse público ou para conter ativida-
por meio de tributos, ressalvada a cobrança de pedágio pela utili- des incompatíveis com este, obedecidos os limites de prazo e va-
zação de vias conservadas pelo Distrito Federal; lor.
VI - instituir impostos sobre: Parágrafo único. Para efeito de redução ou isenção da carga
a) patrimônio, renda ou serviços da União, Estados e Muni- tributária, a lei definirá os produtos que integrarão a cesta básica,
cípios; para atendimento da população de baixa renda, observadas as
b) templos de qualquer culto; restrições da legislação federal.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclu- Art. 130. São isentas de impostos de competência do Distrito
sive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, Federal as operações de transferência de imóveis desapropriados
das instituições de educação e assistência social sem fins lucrati- para fins da reforma agrária.
vos, atendidos os requisitos da lei; Art. 131. As isenções, anistias, remissões, benefícios e incenti-
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impres- vos fiscais que envolvam matéria tributária e previdenciária, inclu-
são; sive as que sejam objeto de convênios celebrados entre o Distrito
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Federal e a União, Estados e Municípios, observarão o seguinte:
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores bra- I - só poderão ser concedidos ou revogados por meio de lei
sileiros ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, específica, aprovada por dois terços dos membros da Câmara Le-
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os con- gislativa, obedecidos os limites de prazo e valor;
tenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas II – não serão concedidos no último exercício de cada legisla-
de leitura a laser. (Alínea acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ- tura, salvo os benefícios fiscais relativos ao imposto sobre opera-
nica 80 de 31/07/2014) ções relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
VII - estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comu-
qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
nicação, deliberados na forma do inciso VII do § 5º do art. 135, e IV - terá as alíquotas aplicáveis a operações e prestações in-
no caso de calamidade pública, nos termos da lei. (Inciso altera- terestaduais e de exportação fixadas por resolução do Senado Fe-
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 38 de 10/04/2002) deral.
III - não serão concedidos às empresas que utilizem em seu Art. 135. O Distrito Federal fixará as alíquotas do imposto de
processo produtivo mão-de-obra baseada no trabalho de crianças que trata o artigo anterior para as operações internas, observado
e de adolescentes, em desacordo com o disposto no art. 7º, XXXIII, o seguinte:
da Constituição Federal (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei I - limite mínimo não inferior ao estabelecido pelo Senado Fe-
Orgânica 30 de 22/02/1999) deral para as operações interestaduais, salvo:
Parágrafo único. Os convênios celebrados pelo Distrito Fe- a) deliberação em contrário, estabelecida na forma da lei
deral na forma prescrita no art. 155, § 2º, XII, g, da Constituição complementar federal, conforme previsto no art. 155, § 2°, VI da
Federal, deverão observar o que dispõe o texto constitucional e Constituição Federal
legislação complementar pertinente. (Parágrafo acrescido(a) pe- b) resolução do Senado Federal, na forma do art. 155, § 2°, V,
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 1 de 10/01/1994) a da Constituição Federal;
II - limite máximo, na hipótese de resolução do Senado Fede-
SEÇÃO III ral, para solução de conflito específico que envolva interesse do
DOS IMPOSTOS DO DISTRITO FEDERAL Distrito Federal e dos Estados;
III - em relação a operações e prestações que destinem bens
Art. 132. Compete ao Distrito Federal instituir: e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-
I - impostos sobre: -se- á:
a) transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contri-
direitos; buinte do imposto;
b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contri-
prestações de serviços de transporte interestadual e intermuni- buinte do imposto.
cipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações § 1° Caberá ao Distrito Federal o imposto, correspondente à
se iniciem no exterior; (Alínea alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei diferença entre a alíquota interna e a interestadual, nas opera-
Orgânica 80 de 31/07/2014) ções e prestações interestaduais que lhe destinem mercadorias
c) propriedade de veículos automotores; e serviços, quando o destinatário, situado no seu território, for
d) propriedade predial e territorial urbana; contribuinte do imposto.
e) transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, § 2º O imposto incide também: (Parágrafo alterado(a) pelo(a)
de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos I – sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do ex-
a sua aquisição; terior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuin-
g) serviços de qualquer natureza, não compreendidos na alí- te habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim
nea b, definidos em lei complementar federal; como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
Art. 133. O imposto sobre a transmissão causa mortis e doa- Distrito Federal, se nele estiver situado o domicílio ou o estabe-
ção de quaisquer bens ou direitos: lecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; (Inciso
I - incidirá sobre: acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
a) bens imóveis situados no Distrito Federal e respectivos di- II – sobre o valor total da operação, quando mercadorias fo-
reitos; rem fornecidas com serviços não sujeitos ao imposto sobre servi-
b) bens móveis, títulos e créditos quando o inventário ou ar- ços de qualquer natureza. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à
rolamento se processar no Distrito Federal ou o doador nele tiver Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
domicílio; § 3º O imposto não incide: (Parágrafo alterado(a) pelo(a)
II - terá a competência para sua instituição regulada por lei Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
complementar federal: I – sobre operações que destinem mercadorias para o ex-
a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior; terior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior,
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do
ou teve o seu inventário processado no exterior; imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Inciso
III - obedecerá a alíquotas máximas fixadas por resolução do alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
Senado Federal. II – sobre operações que destinem a outro Estado petróleo,
Art. 134. O imposto sobre operações relativas a circulação de inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele deri-
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interes- vados e energia elétrica; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
tadual e intermunicipal e de comunicação atenderá ao seguinte: Orgânica 80 de 31/07/2014)
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em III - sobre o ouro, quando definido em lei federal, nas hipóte-
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação ses previstas no art. 153, § 5° da Constituição Federal.
de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo Distrito § 4° O imposto não compreenderá, em sua base de cálculo, o
Federal ou outro Estado; montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em con- operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto desti-
trário da legislação: nado a industrialização ou a comercialização, configure fato gera-
a) não implicará crédito para compensação com o montante dor dos dois impostos.
devido nas operações ou prestações seguintes; § 5° Observar-se-á a lei complementar federal para:
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações an- I - definir seus contribuintes;
teriores; II - dispor sobre substituição tributária;
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mer- III - disciplinar o regime de compensação do imposto;
cadorias e dos serviços;

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
IV - fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabele- Art. 137. O imposto sobre transmissão inter vivos de bens
cimento responsável, o local das operações relativas à circulação imóveis e de direitos a eles relativos não incide sobre a transmis-
de mercadorias e das prestações de serviços; são de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa ju-
V - excluir da incidência do imposto, nas exportações para o rídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens
exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no § ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção
3°, I; de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponde-
VI - prever casos de manutenção de crédito, relativamente a rante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
remessa para outro Estado e exportação para o exterior de servi- locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.
ços e de mercadorias; Art. 139. As alíquotas mínimas e máximas do imposto sobre
VII - regular a forma como, mediante deliberação dos Estados serviços de qualquer natureza são as fixadas em lei complementar
e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais se- federal. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de
rão concedidos e revogados. 31/07/2014)
VIII – definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o Art. 140. O Distrito Federal divulgará, até o último dia do mês
imposto incide uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, subsequente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos
hipótese em que não se aplica o disposto no § 3º, II; (Inciso acres- tributos arrecadados e dos demais recursos recebidos, inclusive
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) os transferidos pela União.
IX – fixar a base de cálculo, de modo que o montante do Art. 141. O Distrito Federal orientará os contribuintes com
imposto a integre, também na importação do exterior de bem, vistas ao cumprimento da legislação tributária, que conterá, entre
mercadoria ou serviço. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei outros princípios, o da justiça fiscal, bem como determinará me-
Orgânica 80 de 31/07/2014) diante lei medidas para esclarecer os consumidores acerca de im-
§ 6° As deliberações tomadas nos termos do § 5°, VII, no to- postos que incidam sobre mercadorias e serviços, fazendo ainda
cante a convênios de natureza autorizativa, serão estabelecidas publicar anualmente a legislação tributária consolidada. (Artigo
sob condições determinadas de limites de prazo e valor e somente regulamentado(a) pelo(a) Lei 3818 de 08/02/2006)
produzirão efeito no Distrito Federal após sua homologação pela
Câmara Legislativa. SEÇÃO IV
§ 7º À exceção do imposto de que trata o art. 134, nenhum DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS
outro imposto de competência do Distrito Federal pode incidir
sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de teleco- Art. 142. Constituem receitas do Distrito Federal:
municações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre ren-
País. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de da e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte sobre
31/07/2014) rendimentos pagos, a qualquer título, pelo Distrito Federal, suas
Art. 135-A. Ao imposto sobre propriedade de veículos auto- autarquias e pelas fundações que instituir e mantiver;
motores aplica-se o seguinte: (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emenda II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto
à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) que a União instituir no exercício da competência que lhe é atri-
I – não pode ter alíquotas inferiores às mínimas fixadas pelo buída pelo art. 154, I da Constituição Federal;
Senado Federal; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâni- III – 50% do produto da arrecadação do imposto da União
ca 80 de 31/07/2014) sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis
II – pode ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e da situados no Distrito Federal, cabendo a totalidade na hipóte-
utilização. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 se da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III, da Constituição
de 31/07/2014) Federal; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de
Art. 136. Ao imposto sobre propriedade predial e territorial 31/07/2014)
urbana aplica-se o seguinte: (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à IV – a parcela que lhe couber na forma do art. 159 da Consti-
Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) tuição Federal; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
I – pode ser progressivo: (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à 80 de 31/07/2014)
Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) V - o produto da arrecadação do imposto que a União instituir
a) no tempo, na forma do art. 323; (Alínea acrescido(a) pe- no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 153, V e
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) seu § 5° da Constituição Federal.
b) em razão do valor do imóvel; (Alínea acrescido(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) CAPÍTULO II
II – pode ter alíquotas diferentes de acordo com a localização DAS FINANÇAS PÚBLICAS
e o uso do imóvel; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
nica 80 de 31/07/2014) Art. 143. A receita pública será constituída por:
III – deve, nos termos de lei específica, assegurar o cumpri- I - tributos;
mento da função social da propriedade, considerados, entre ou- II - contribuições financeiras e preços públicos;
tros aspectos: (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica III - multas;
80 de 31/07/2014) IV - rendas provenientes de concessão, permissão, cessão, ar-
a) valor real do imóvel, corrigido a cada ano fiscal; (Alínea rendamento, locação e autorização de uso;
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) V - produto da alienação de bens móveis, imóveis, ações e
b) existência ou não de área construída; (Alínea acrescido(a) direitos, na forma da lei;
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) VI - doações e legados com ou sem encargos;
c) utilização própria ou locatícia. (Alínea acrescido(a) pelo(a) VII - outras definidas em lei.
Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 144. A arrecadação de todas e quaisquer receitas de com- § 4° O Poder Executivo encaminhará à Câmara Legislativa, até
petência do Distrito Federal far-se-á na forma disciplinada pelo o último dia de cada mês, a posição contábil da dívida fundada
Poder Executivo, devendo seu produto ser obrigatoriamente re- interna e externa e da dívida flutuante do Poder Público no mês
colhido ao Banco de Brasília S.A., à conta do Tesouro do Distrito anterior.
Federal.
§ 1° O Banco de Brasília S.A. é o agente financeiro do Tesou- CAPÍTULO III
ro do Distrito Federal e o organismo fundamental de fomento da DO ORÇAMENTO
região.
§ 2° A disponibilidade de caixa e os recursos colocados à dis- Art. 147. O orçamento público, expressão física, social, econô-
posição dos órgãos da administração direta, bem como das autar- mica e financeira do planejamento governamental, será documen-
quias e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público e to formal de decisões sobre a alocação de recursos e instrumento
das empresas públicas e sociedades de economia mista e demais de consecução, eficiência e eficácia da ação governamental.
entidades em que o Distrito Federal, direta ou indiretamente, de- Art. 148. Na elaboração de seu orçamento, o Distrito Federal
tenha a maioria do capital social com direito a voto, serão depo- destinará anualmente às Administrações Regionais recursos orça-
sitados e movimentados no Banco de Brasília S.A., ressalvados os mentários em nível compatível, com critério a ser definido em lei,
casos previstos em lei. prioritariamente para o atendimento de despesas de custeio e de
§ 3° A execução financeira dos órgãos e entidades mantidos investimento, indispensáveis a sua gestão.
com recursos do orçamento do Distrito Federal far-se-á por siste- Parágrafo único. Para os fins preconizados no caput, as Re-
ma integrado de caixa, conforme disposto em lei. giões Administrativas constituem-se individualmente em órgãos.
§ 4º Os pagamentos das remunerações, de qualquer nature- Art. 149. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
za, devidas pelo Distrito Federal aos servidores da administração I - o plano plurianual;
direta, aos servidores das autarquias e das fundações instituídas II - as diretrizes orçamentárias;
ou mantidas pelo Poder Público, aos empregados das empresas III - os orçamentos anuais.
públicas e das sociedades de economia mista, bem como aos em- § 1° O plano plurianual será elaborado com vistas ao desen-
pregados das demais entidades em que o Distrito Federal, direta volvimento econômico e social do Distrito Federal, podendo ser
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito revisto ou modificado quando necessário, mediante lei específica.
a voto, serão efetuados pelo Banco de Brasília S/A – BRB, para § 2° A lei que aprovar o plano plurianual, compatível com o
concretizar-lhe e preservar-lhe a função social. (Parágrafo acresci- plane diretor de ordenamento territorial, estabelecerá, por região
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 51 de 18/03/2008) administrativa, as diretrizes, objetivos e metas, quantificados físi-
§ 5º As disposições do parágrafo anterior se aplicam inclusive ca e financeiramente, da administração pública do Distrito Fede-
aos pagamentos dos servidores cujas remunerações sejam custea- ral, no horizonte de quatro anos, para despesas de capital e outras
das por recursos oriundos de repasses feitos pela União. (Parágra- delas decorrentes, bem como as relativas a programas de duração
fo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 51 de 18/03/2008) continuada a contar do exercício financeiro subsequente.
Art. 145. Os recursos financeiros correspondentes às do- § 3° A lei de diretrizes orçamentárias, compatível com o plano
tações orçamentárias da Câmara Legislativa do Distrito Federal, plurianuais, compreenderá as metas e prioridades da administra-
do Tribunal de Contas do Distrito Federal e da Defensoria Pública ção pública do Distrito Federal, incluídas as despesas de capital
do Distrito Federal são repassados em duodécimos, até o dia 20 para o exercício financeiro subsequente; orientará a elaboração
de cada mês, em cotas estabelecidas na programação financeira, da lei orçamentária anual; disporá sobre as alterações da legisla-
exceto em caso de investimento, em que se obedecerá ao cro- ção tributária; estabelecerá a política tarifária das entidades da
nograma estabelecido. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei administração indireta e a política de aplicação das agências finan-
Orgânica 61 de 30/11/2012) ceiras oficiais de fomento; bem como definirá a política de pessoal
Art. 146. Lei complementar, observados os princípios estabe- a curto prazo da administração direta e indireta do Governo.
lecidos na Constituição da República e as disposições de lei com- § 4° A lei orçamentária, compatível com o plano plurianual e
plementar federal e resoluções do Senado Federal, disporá sobre: com a lei de diretrizes orçamentárias, compreenderá:
I - finanças públicas; I - o orçamento fiscal referente aos Poderes do Distrito Fe-
II - emissão e resgate de títulos da dívida pública; deral, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e
III - concessão de garantia pelas entidades públicas do Distrito indireta, inclusive fundações instituídas ou mantidas pelo Poder
Federal; Público;
IV – fiscalização financeira da administração pública direta e II - o orçamento de investimento das empresas em que o Dis-
indireta; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de trito Federai, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi-
31/07/2014) tal social com direito a voto;
§ 1° Fica vedada ao Distrito Federal, salvo disposição em con- III - o orçamento de seguridade social, abrangidas todas as
trário de norma federal, a contratação de empréstimos sob garan- entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta e in-
tias futuras, sem previsão do impacto a recair nas subsequentes direta, bem como os fundos e fundações instituídos ou mantidos
administrações financeiras do Distrito Federal. pelo Poder Público.
§ 2° A aquisição de títulos públicos pelo Banco de Brasília S.A. § 5° O orçamento da seguridade social compreenderá recei-
será disciplinada em lei específica. tas e despesas relativas a saúde, previdência, assistência social
§ 3° O lançamento de títulos da dívida pública e a contratação e receita de concursos de prognósticos, incluídas as oriundas de
de operações de crédito interno ou externo dependerão de prévia transferências, e será elaborado com base rios programas de tra-
autorização da Câmara Legislativa, observadas as disposições per- balho dos órgãos incumbidos de tais serviços, integrantes da ad-
tinentes da legislação federal. ministração direta e indireta.

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 6° Os projetos de lei referentes a matérias de receita e des- § 4° Cabe à comissão competente da Câmara Legislativa exa-
pesa públicas serão organizados e compatibilizados, em todos os minar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e
seus aspectos setoriais, pelo órgão central de planejamento do sobre as contas apresentadas anualmente pelo Governador do
Distrito Federal. Distrito Federal.
§ 7° Integrarão o projeto de lei orçamentária, além daqueles § 5° As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos
definidos em lei complementar, demonstrativos específicos com projetos que o modifiquem serão admitidas desde que:
detalhamento das ações governamentais, dos quais constarão: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de
I - objetivos, metas e prioridades, por Região Administrativa; diretrizes orçamentárias;
II – identificação do efeito sobre as receitas e despesas de- II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os
corrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam
de natureza financeira, tributária e creditícia; (Inciso alterado(a) sobre:
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) a) dotações para pessoal e seus encargos;
II - demonstrativo da situação do endividamento, no qual se b) serviço da dívida;
evidenciará para cada empréstimo o saldo devedor e respectivas III - sejam relacionadas:
projeções de amortização e encargos financeiros correspondentes a) com a correção de erros ou omissões;
a cada semestre do ano da proposta orçamentária. b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 8° A lei orçamentária incluirá, obrigatoriamente, previsão de § 6° As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias
recursos provenientes de transferências, inclusive aqueles oriun- não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano
dos de convênios, acordos, ajustes ou instrumentos similares com plurianual.
outras esferas de governo e os destinados a fundos. § 7° As emendas serão apresentadas à comissão competen-
§ 9º As despesas com publicidade do Poder Legislativo e dos te da Câmara Legislativa, que sobre elas emitirá parecer, e serão
órgãos ou entidades da administração direta e indireta do Poder apreciadas na forma do regimento interno.
Executivo serão objeto de dotação orçamentária específica, desti- § 8° O Governador poderá enviar mensagem ao Legislativo
nando-se, no mínimo, dez por cento do seu total para contratação para propor modificações nos projetos a que se refere este artigo,
de veículos alternativos de comunicação comunitária impressa, enquanto não iniciada, na comissão competente da Câmara Legis-
falada, televisada e on-line sediados no Distrito Federal. (Parágra- lativa, a votação da parte cuja alteração é proposta.
fo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 74 de 23/04/2014) § 9° Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no
§ 10. O orçamento anual deverá ser detalhado por Região Ad- que não contrariar o disposto neste Capítulo, as demais normas
ministrativa e terá entre suas funções a redução das desigualda- relativas ao processo legislativo.
des inter-regionais. § 10. Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou
§ 11. A lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem des-
previsão da receita e à fixação da despesa, excluindo-se da proi- pesas correspondentes, poderão ser utilizados, conforme o caso,
bição: mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e es-
I - a autorização para a abertura de créditos suplementares; pecífica autorização legislativa.
II - a contratação de operações de crédito, ainda que por an- § 11. As receitas próprias de órgãos, fundos, autarquias e
tecipação de receita, nos termos da lei; fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, bem como
III - a forma da aplicação do superavit ou o modo de cobrir o as das empresas públicas e sociedades de economia mista, serão
déficit. programadas para atender preferencialmente gastos com pessoal
§ 12. Cabe a lei complementar estabelecer normas de gestão e encargos sociais; amortizações, juros e demais encargos da dí-
financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem vida; contrapartida de financiamentos ou outros encargos de sua
como condições para instituição e funcionamento de fundos, ob- manutenção e investimentos prioritários; respeitadas as peculia-
servados os princípios estabelecidos nesta Lei Orgânica e na le- ridades de cada um.
gislação federal. (Parágrafo regulamentado(a) pelo(a) Lei Comple- § 12. Não tendo o Legislativo recebido a proposta de orça-
mentar 292 de 02/06/2000) mento anual até a data prevista no § 3°, será considerado como
Art. 150. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às di- projeto a lei orçamentária vigente, com seus valores iniciais, mo-
retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio- netariamente atualizados pela aplicação do índice inflacionário
nais serão encaminhados à Câmara Legislativa, que os apreciará oficial.
na forma de seu regimento interno. § 13. Na oportunidade da apreciação e votação da lei orça-
§ 1º O projeto de lei do plano plurianual será encaminhado mentária anual, o Poder Executivo colocará à disposição do Poder
pelo Governador à Câmara Legislativa até 15 de setembro do pri- Legislativo todas as informações sobre o endividamento do Distri-
meiro ano de mandato e devolvido para sanção até o encerra- to Federal, sem prejuízo do disposto no art. 146, § 4°.
mento da primeira sessão legislativa. (Parágrafo alterado(a) pe- § 14. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 87 de 20/07/2015) 25/09/2014)
§ 2° O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encami- I (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de
nhado até sete meses e meio antes do encerramento.do exercício 25/09/2014)
financeiro e devolvido pelo Legislativo para sanção até o encerra- II (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de
mento do primeiro período da sessão legislativa. 25/09/2014)
§ 3° O projeto de lei orçamentária para o exercício seguinte III (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de
será encaminhado até três meses e meio antes do encerramen- 25/09/2014)
to do exercício financeiro em curso e devolvido pelo Legislativo IV (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de
para sanção até o encerramento do segundo período da sessão 25/09/2014)
legislativa. a) (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de
25/09/2014)

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
b) (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 23917-7 de § 1° Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer-
25/09/2014) cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
§ 15. As emendas individuais dos Deputados Distritais ao pro- plurianual ou sem lei que autorize sua inclusão, sob pena de crime
jeto de lei orçamentária anual são aprovadas até o limite de 2% de responsabilidade.
da receita corrente líquida nele estimada. (Parágrafo acrescido(a) § 2° Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 85 de 25/11/2014) exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de
§ 16. Ressalvado impedimento de ordem técnica ou jurídica, autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
é obrigatória a execução orçamentária e financeira dos programas exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão
de trabalho incluídos por emendas individuais dos Deputados Dis- incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
tritais ao projeto de lei orçamentária anual ou aos projetos que § 3° A abertura de crédito extraordinário somente será ad-
modifiquem a lei orçamentária anual: (Parágrafo acrescido(a) pe- mitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 85 de 25/11/2014) decorrentes de calamidade pública, e será objeto de apreciação
I – quando destinadas a investimentos, manutenção e desen- pela Câmara Legislativa no prazo de trinta dias.
volvimento do ensino ou a ações e serviços públicos de saúde, § 4° A autorização legislativa de que trata o inciso IX dar-se-á
infraestrutura urbana e assistência social e destinadas à criança por proposta do Poder Executivo, que conterá, entre outros requi-
e ao adolescente; (alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 118 sitos estabelecidos em lei, os seguintes:
de 28/01/2020) I - finalidade básica do fundo;
II – nos demais casos definidos na lei de diretrizes orçamen- II - fontes de financiamento;
tárias. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 85 de III - instituição obrigatória de conselho de administração,
25/11/2014) composto necessariamente de representantes do segmento res-
§ 17. Além da obrigatoriedade de execução prevista no § 16, pectivo da sociedade e de áreas técnicas pertinentes ao seu ob-
os remanejamentos das emendas individuais somente podem jetivo;
ocorrer por manifestação expressa do autor que seja detentor do IV - unidade ou órgão responsável por sua gestão.
mandato, ou, em não sendo, por deliberação do Plenário da Câ- Art. 152. Qualquer proposição que implique alteração, direta
mara Legislativa do Distrito Federal. (alterado(a) pelo(a) Emenda ou indireta, em dotações de pessoal e encargos sociais deverá ser
à Lei Orgânica 91 de 10/09/2015) acompanhada de demonstrativos da última posição orçamentá-
§ 18. A execução das programações de caráter obrigatório ria e financeira, bem como de suas projeções para o exercício em
decorrentes das emendas individuais deve ser equitativa durante curso.
o exercício, atendendo de forma igualitária e impessoal às emen- Parágrafo único. As proposições de créditos adicionais que
das apresentadas, independentemente de sua autoria. (Parágrafo envolvam anulação de dotações de pessoal e encargos sociais so-
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 109 de 10/08/2018) mente poderão ser apresentadas à Câmara Legislativa no último
Art. 151. São vedados: trimestre do exercício financeiro relativo à lei orçamentária.
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça- Art. 153. O Poder Executivo publicará, até o trigésimo dia
mentária anual; após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações dire- execução orçamentária, do qual constarão:
tas que excedam aos créditos orçamentados ou adicionais; I - as receitas, despesas e a evolução da dívida pública da ad-
III - a realização de operações de crédito que excedam ao ministração direta e indireta em seus valores mensais;
montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas me- II - os valores realizados desde o início do exercício até o últi-
diante créditos suplementares ou especiais com finalidade preci- mo bimestre objeto da análise financeira;
sa, aprovados pela Câmara Legislativa, por maioria absoluta; III - relatório de desempenho físico-financeiro.
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou des- Art. 154. A lei de diretrizes orçamentárias estabelecerá pro-
pesa, ressalvados os casos previstos na Constituição Federal; (Inci- cedimentos de ligação entre o planejamento de médio e longo
so alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) prazos e cada orçamento anual, de modo a ensejar continuida-
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia de de ações e programas que, iniciados em um governo, tenham
autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspon- prosseguimento no subsequente.
dentes; Art. 155. Ao Poder Legislativo é assegurado amplo e irrestrito
VI - a transposição, remanejamento ou transferência de re- acesso, de forma direta e rápida, a qualquer informação, detalha-
cursos de uma categoria de programação para outra ou de um da ou agregada, sobre a administração pública do Distrito Federal.
órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; Art. 156. Os ocupantes de cargos públicos do Governo do Dis-
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; trito Federal serão pessoalmente responsáveis por suas ações e
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de omissões, no que tange à administração pública.
recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir Art. 157. A despesa com pessoal ativo e inativo fica sujeita
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, às disposições e limites estabelecidos na lei complementar a que
inclusive os mencionados no art. 149, § 4° desta Lei Orgânica, em se refere o art. 169 da Constituição Federal. (Artigo alterado(a)
conformidade com o art. 165, § 5° da Constituição Federal; pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) (Legislação cor-
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia relata - Decreto Legislativo 2232 de 17/12/2018)
autorização legislativa; § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de re-
X - a concessão de subvenções ou auxílios do Poder Público a muneração, a criação de cargos, empregos e funções ou a altera-
entidades de previdência privada. ção de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou a contra-
XI – a transferência voluntária de recursos e a concessão de tação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da
empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelo Distrito administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas
Federal e suas instituições financeiras para pagamento de despe- e mantidas pelo poder público, só podem ser feitas: (Parágrafo
sas com pessoal ativo, inativo e pensionista. (Inciso acrescido(a) alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)

70
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
I – se houver autorização específica na lei de diretrizes orça- § 2° As empresas públicas e as sociedades de economia mista
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de não poderão gozar de privilégios fiscais que não sejam extensivos
economia mista; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica às do setor privado.
80 de 31/07/2014) § 3º Na aquisição de bens e serviços, os órgãos e as entidades
II – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para da administração pública, sem prejuízo dos princípios de publici-
atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela dade, legitimidade e economicidade, devem dar tratamento pre-
decorrentes. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 ferencial, nos termos da lei, às atividades econômicas exercidas
de 31/07/2014) em seu território e, em especial, a empresas brasileiras. (Parágra-
§ 2º A adequação das despesas com pessoal à lei complemen- fo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
tar referida neste artigo é feita na forma e nas condições do art. Art. 160. O regime de gestão das empresas públicas, socieda-
169 da Constituição Federal e na legislação aplicável sobre a ma- des de economia mista e fundações instituídas pelo Poder Público
téria. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de do Distrito Federal implica:
31/07/2014) I - composição de pelo menos um terço da diretoria executiva
por representantes de seus servidores, escolhidos pelo Governa-
TÍTULO V dor entre os indicados em lista tríplice para cada cargo, mediante
DA ORDEM ECONÔMICA DO DISTRITO FEDERAL eleição pelos servidores, atendidas as exigências legais para o pre-
enchimento dos referidos cargos;
CAPÍTULO I II - assinatura de contratos de gestão que estabeleçam metas
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de desempenho e responsabilidade, bem como assegurem a au-
tonomia necessária ao alcance dos resultados estabelecidos.
SEÇÃO I Parágrafo único. Excetuam-se do percentual indicado no inci-
DOS PRINCÍPIOS GERAIS so I as instituições financeiras controladas pelo Governo do Distri-
to Federal, facultada a participação de um servidor no Conselho
Art. 158. A ordem econômica do Distrito Federal, fundada no de Administração. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Or-
primado da valorização do trabalho e das atividades produtivas, gânica 27 de 04/02/1999)
em cumprimento ao que estabelece a Constituição Federal, tem
por fim assegurar a todos existência digna, promover o desenvol- SEÇÃO III
vimento econômico com justiça social e a melhoria da qualidade DA REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA
de vida, observados os seguintes princípios:
I - autonomia econômico-financeira; Art. 161. O Poder Público como agente normativo e regulador
II - propriedade privada; da atividade econômica exercerá as funções de planejamento, in-
III - função social da propriedade; centivo e fiscalização, na forma da lei.
IV - livre concorrência; Art. 162. A lei estabelecerá diretrizes e bases do processo de
V - defesa do consumidor; planejamento governamental do Distrito Federal, o qual incorpo-
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento rará e compatibilizará:
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servi- I - o Plano Diretor de Ordenamento Territorial e os Planos de
ços e de seus processos de elaboração e prestação; (Inciso altera- Desenvolvimento Local; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) Orgânica 49 de 28/09/2007)
VII - redução das desigualdades econômico-sociais; II - as ações de integração com a região do entorno do Distrito
VIII - busca do pleno emprego; Federal;
IX - integração com a região do entorno do Distrito Federal. IV - o plano plurianual;
X – fomento à inovação, dando-se prioridade à pesquisa em VI - as diretrizes orçamentárias;
desenvolvimento científico e tecnológico superior e, principal- VII - o orçamento anual.
mente, ao ensino técnico profissionalizante. (Inciso acrescido(a) Art. 163. O Plano Diretor de Ordenamento Territorial é o ins-
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 72 de 23/04/2014) trumento básico da política de expansão e desenvolvimento ur-
Parágrafo Único. É assegurado a todos o livre exercício de banos, de longo prazo e natureza permanente. (Artigo alterado(a)
qualquer atividade econômica, independentemente de autoriza- pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
ção de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Art. 164. As ações de integração com a região do entorno do
Distrito Federal são constituídas pelo conjunto de políticas para o
SEÇÃO II desenvolvimento das áreas do entorno, com vistas a integração e
DA DISCIPLINA DA ATIVIDADE ECONÔMICA harmonia com o Distrito Federal, em regime de co-responsabilida-
de com as unidades da Federação às quais pertencem, preservada
Art. 159. O Poder Público só participará diretamente na explo- a autonomia administrativa e financeira das unidades envolvidas.
ração da atividade econômica nos casos previstos na Constituição Art. 165. As diretrizes, os objetivos e as políticas públicas que
Federal e, na forma da lei, como agente indutor do desenvolvi- orientam a ação governamental para a promoção do desenvol-
mento sócio-econômico do Distrito Federal, em investimentos de vimento socioeconômico do Distrito Federal devem observar o
caráter estratégico ou para atender relevante interesse coletivo. seguinte: (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de
§ 1º A empresa pública, a sociedade de economia mista e 24/12/2010)
suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção I – as demandas da sociedade civil e os planos e políticas eco-
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços sujeitam- nômicas e sociais de instituições não governamentais que condi-
-se ao estatuto jurídico de que trata o art. 173, § 1º, da Constitui- cionem o planejamento governamental; (Inciso acrescido(a) pe-
ção Federal. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica lo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010)
80 de 31/07/2014)

71
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II – as diretrizes estabelecidas no plano diretor de ordena- Art. 169. O orçamento anual é instrumento básico de deta-
mento territorial e nos planos de desenvolvimento locais, bem lhamento financeiro das receitas e das despesas para o exercício
como ações de integração com a região do entorno do Distrito subsequente ao de sua aprovação, na forma da lei.
Federal; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de Art. 170. O processo de planejamento do desenvolvimento
24/12/2010) do Distrito Federal atenderá aos princípios da participação, da
III – os planos e as políticas do Governo Federal; (Inciso acres- coordenação, da integração e da continuidade das ações gover-
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) namentais.
IV – os planos regionais que afetem o Distrito Federal; (Inciso Parágrafo único. As definições consequentes do processo de
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) planejamento governamental são determinativas para o setor pú-
V – a singular condição de Brasília como Capital Federal; (Inci- blico e indicativas para o setor privado.
so acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) Art. 171. A lei disporá sobre a implementação e permanente
VI – a compatibilização do ordenamento de ocupação e uso atualização de sistema de informações capaz de apoiar as ativi-
do solo com a concepção urbanística do Plano Piloto e das cida- dades de planejamento, execução e avaliação das ações governa-
des satélites e com a contenção da especulação, da concentra- mentais.
ção fundiária e imobiliária e da expansão desordenada da área Art. 172. Poderão ser concedidos a empresas situadas no Dis-
urbana; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de trito Federal incentivos e benefícios, na forma da lei:
24/12/2010) I - especiais e temporários, para desenvolver atividades con-
VI – a condição de Brasília como Patrimônio Cultural da Hu- sideradas estratégicas e imprescindíveis ao desenvolvimento eco-
manidade; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 nômico e social do Distrito Federal;
de 24/12/2010) II - prioritários para as empresas que em seus estatutos esta-
VIII – a concepção do Distrito Federal que pressupõe limita- beleçam a participação dos empregados em sua gestão e resul-
da extensão territorial como espaço modelar; (Inciso acrescido(a) tados;
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) III - para prestar assistência tecnológica e gerencial e estimu-
IX – a superação da disparidade sociocultural e econômica lar o desenvolvimento e transferência de tecnologia a atividades
existente entre as regiões administrativas; (Inciso acrescido(a) pe- econômicas públicas e privadas, propiciando:
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) a) acesso às conquistas da ciência e tecnologia por quantos
X – a concepção do Distrito Federal como polo científico, tec- exerçam atividades ligadas à produção e ao consumo de bens;
nológico e cultural; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- b) estímulo à integração das atividades de produção, serviços,
gânica 58 de 24/12/2010) pesquisa e ensino;
XI – a defesa do meio ambiente e dos recursos naturais, em c) incentivo a novas empresas que invistam em seu território
harmonia com a implantação e a expansão das atividades econô- com alta tecnologia e alta produtividade.
micas, urbanas e rurais; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Art. 173. O agente econômico inscrito na dívida ativa junto ao
Orgânica 58 de 24/12/2010) fisco do Distrito Federal, ou em débito com o sistema de seguri-
XII – a necessidade de elevar progressivamente os padrões de dade social, conforme estabelecido em lei, não poderá contratar
qualidade de vida de sua população; (Inciso acrescido(a) pelo(a) com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos
Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) fiscais ou creditícios.
XIII – a condição do trabalhador como fator preponderante da Parágrafo único. Durante a vigência de estado de calamidade
produção de riquezas; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei pública reconhecido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal,
Orgânica 58 de 24/12/2010) fica suspensa a vedação para recebimento de benefícios, exceto
XIV – a participação da sociedade civil, por meio de mecanis- os que tratem de matéria fiscal ou creditícia, descrita no caput.
mos democráticos, no processo de planejamento; (Inciso acresci- (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 120 de 23/08/2021)
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) Art. 174. A lei e as políticas governamentais apoiarão e esti-
XV – a articulação e a integração dos diferentes níveis de go- mularão atividades econômicas exercidas sob a forma de coope-
verno e das respectivas entidades administrativas; (Inciso acresci- rativa e associação.
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) Art. 175. O Poder Público do Distrito Federal dará tratamento
XVI – a adoção de políticas que viabilizem geração de empre- favorecido a empresas sediadas em seu território e dispensará a
gos e aumento de renda. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei microempresas e empresas de pequeno porte, definidas em lei,
Orgânica 58 de 24/12/2010) tratamento jurídico diferenciado, com vistas a incentivá-las por
Art. 166. O plano plurianual a ser aprovado em lei para o meio da simplificação, redução ou eliminação de suas obrigações
período de quatro anos, incluído o primeiro ano da administra- administrativas, tributárias ou creditícias, na forma da lei.
ção subsequente, é o instrumento básico que detalha diretrizes,
objetivos e metas quantificadas física e financeiramente para as CAPÍTULO II
despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as DA INDÚSTRIA E DO TURISMO
relativas a programas de duração continuada. (Artigo alterado(a)
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 58 de 24/12/2010) SEÇÃO I
Art. 168. A lei de diretrizes orçamentárias é instrumento bá- DA POLÍTICA INDUSTRIAL
sico que compreende as metas e prioridades da administração
pública do Distrito Federal para o exercício subsequente e deverá: Art. 176. A política industrial, respeitados os preceitos do
I - dispor sobre as alterações da legislação tributária; plano de desenvolvimento econômico e social, será planejada e
II - estabelecer a política de aplicação das agências financeiras executada pelo Poder Público conforme diretrizes gerais fixadas
oficiais de fomento anual; em lei, tendo por objetivo, entre outros:
III - servir de base para a elaboração da lei orçamentária;
IV - ser proposta pelo Executivo e aprovada pelo Legislativo.

72
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
I - preservar o meio ambiente e os níveis de qualidade de vida SEÇÃO IV
da população do Distrito Federal, mediante definição de critérios DO TURISMO
e padrões para implantação e operação de indústrias e mediante
estimulo principalmente a instalação de indústrias com menor im- Art. 182. O Poder Público promoverá e incentivará o turismo
pacto ambiental; como fator de desenvolvimento sócio-econômico e de afirmação
II - promover e estimular empreendimentos industriais que se dos valores culturais e históricos nacionais e locais.
proponham a utilizar, racional e prioritariamente, recursos e ma- Art. 183. Cabe ao Distrito Federal, observada a legislação fe-
térias primas disponíveis no Distrito Federal ou áreas adjacentes; deral, definir a política de turismo, suas diretrizes e ações, deven-
III - propiciar a implantação de indústrias, particularmente as do:
de tecnologia de ponta, compatíveis com o meio ambiente e com I - adotar, por meio de lei, planejamento integrado e perma-
os recursos disponíveis no Distrito Federal e áreas adjacentes; nente de desenvolvimento do turismo em seu território;
IV - promover a integração econômica do Distrito Federal com II - desenvolver efetiva infra-estrutura turística;
a região do entorno, mediante apoio e incentivo a projetos indus- III - promover, no Brasil e no exterior, o turismo do Distrito
triais que estimulem maior concentração de atividades existentes Federal;
e complementaridade na economia regional; IV - incrementar a atração e geração de eventos turísticos;
V - estimular a implantação de indústrias que permitam ade- V - regulamentar o uso, ocupação e fruição de bens naturais e
quada absorção de mão-de-obra no Distrito Federal e geração de culturais de interesse turístico;
novos empregos. VI - proteger o patrimônio ecológico, histórico e cultural;
Parágrafo único. O Poder Público adotará mecanismos de par- VII - promover Brasília como Patrimônio Cultural da Humani-
ticipação da sociedade civil na definição, execução e acompanha- dade;
mento da política industrial. VIII - conscientizar a população da necessidade de preserva-
ção dos recursos naturais e do turismo como atividade econômica
SEÇÃO II e fator de desenvolvimento social;
DA IMPLANTAÇÃO DE PÓLOS INDUSTRIAIS NO DISTRITO IX - incentivar a formação de pessoal especializado para o se-
FEDERAL tor.

Art. 177. O Poder Público estimulará: CAPÍTULO III


I - a criação de pólos industriais de alta tecnologia, privile- DO COMÉRCIO E DOS SERVIÇOS
giados os projetos que promovam a desconcentração espacial da
atividade industrial e da renda, respeitadas as vocações culturais Art. 184. O Poder Público regulará as atividades comerciais e
e as vantagens comparativas de cada região; de serviços no Distrito Federal, na forma da lei.
II - a criação de pólos agroindustriais, respeitadas as diretrizes Art. 185. O Poder Executivo organizará o sistema de abaste-
do planejamento agrícola. cimento do Distrito Federal, de forma coordenada com a União.
Parágrafo único. Todo projeto industrial com potencial polui- Art. 186. Cabe ao Poder Público do Distrito Federal, na forma
dor, a critério do órgão ambiental do Distrito Federal, será objeto da lei, a prestação dos serviços públicos, diretamente ou sob re-
de licenciamento ambiental. gime de concessão ou permissão, e sempre por meio de licitação,
observado o seguinte:
SEÇÃO III I - a delegação de prestação de serviços a pessoa física ou
DOS INCENTIVOS E ESTÍMULOS A INDUSTRIALIZAÇÃO NO jurídica de direito privado far-se-á mediante comprovação técnica
DISTRITO FEDERAL e econômica de sua necessidade, e de lei autorizativa;
II - os serviços concedidos ou permitidos ficam sujeitos a fisca-
Art. 178. A lei poderá, sem prejuízo do disposto no art. 131, lização do poder público, sendo suspensos quando não atendam,
conceder incentivos fiscais, creditícios e financeiros, para implan- satisfatoriamente, às finalidades ou às condições do contrato;
tação de empresas industriais consideradas prioritárias pela polí- III - é vedado ao Poder Público subsidiar os serviços prestados
tica de industrialização no Distrito Federal. por pessoas físicas e jurídicas de direito privado;
Art. 179. O Distrito Federal propiciará a criação de cooperati- IV - depende de autorização legislativa a prestação de serviços
va e associação que objetivem: da atividade permanente da administração pública por terceiros;
I - integração e coordenação entre produção e comercializa- V - a obrigatoriedade do cumprimento dos encargos e normas
ção; trabalhistas, bem como das de higiene e segurança de trabalho,
II - redução dos custos de produção e comercialização; deve figurar em cláusulas de contratos a ser executados pelas
III - integração social. prestadoras de serviços públicos.
Art. 180. O Poder Público direcionará esforços para fortalecer Art. 187. A política de comércio e serviços terá por objetivo
especialmente os segmentos do setor industrial de micro, peque- promover o desenvolvimento e a integração do Distrito Federal
no e médio porte, por meio de ação concentrada nas áreas de com a região do entorno e estimular empreendimentos comer-
capacitação empresarial, gerencial e tecnológica e na de organi- ciais e de serviços que permitam a geração de novos empregos.
zação da produção.
Art. 181. O Poder Público estimulará a formação do perfil in- CAPÍTULO IV
dustrial das empresas localizadas em cada região. DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

Art. 188. A atividade agrícola no Distrito Federal será exerci-


da, planejada e estimulada, com os seguintes objetivos:
I - cumprimento da função social da propriedade;
II - compatibilização das ações de política agrícola com as de
reforma agrária definidas pela União;

73
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
III - aumento da produção de alimentos e da produtividade, médios produtores rurais e suas organizações associativas ou coo-
para melhor atender ao mercado interno do Distrito Federal; perativas, bem como para o abastecimento de produtos alimenta-
IV - geração de emprego; res indispensáveis ao consumo do Distrito Federal.
V - organização do abastecimento alimentar, com prioridade
para o acesso da população de baixa renda aos produtos básicos; CAPÍTULO V
VI - apoio a micro, pequeno e médio produtores rurais e suas DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
formas cooperativas e associativas de produção, armazenamento,
comercialização e aquisição de insumos; Art. 193. O Distrito Federal, em colaboração com as institui-
VII - orientação do desenvolvimento rural; ções de ensino e pesquisa e com a União, os Estados e a socie-
VIII - complementaridade das ações de planejamento e exe- dade, reafirmando sua vocação de pólo científico, tecnológico e
cução dos serviços públicos de responsabilidade da União e do cultural, promoverá o desenvolvimento técnico, científico e a ca-
Distrito Federal; pacitação tecnológica, em especial por meio de:
IX - definição das bacias hidrográficas como unidades básicas I - prioridade às pesquisas científicas e tecnológicas voltadas
de planejamento do uso, conservação e recuperação dos recursos para o desenvolvimento do sistema produtivo do Distrito Federal,
naturais; em consonância com a defesa do meio ambiente e dos direitos
X - integração do planejamento agrícola com os demais seto- fundamentais do cidadão;
res da economia. II - formação e aperfeiçoamento de recursos humanos para o
Art. 189. O Poder Público criará estímulos a agricultura, abas- sistema de ciência e tecnologia do Distrito Federal;
tecimento alimentar e defesa dos consumidores, por meio de fo- III - produção, absorção e difusão do conhecimento científico
mento e política de crédito favorecida a micro, pequenos e mé- e tecnológico;
dios produtores. IV - orientação para o uso do sistema de propriedade indus-
Parágrafo único. Dar-se-á preferência a aquisição de produtos trial e processos de transferência tecnológica.
locais, na formação de estoques reguladores. Art. 194. O plano de ciência e tecnologia do Distrito Fede-
Art. 190. O Governo do Distrito Federal manterá estoques re- ral estabelecerá prioridades e objetivos para o desenvolvimento
guladores e estratégicos de alimentos, na forma da lei. cientifico e tecnológico do Distrito Federal.
Art. 191. São atribuições do Poder Público, entre outras: § 1° As ações e programas empreendidos em conformidade
I - criar estímulos a micro, pequeno e médio produtores rurais com o plano deverão ser compatíveis com as metas globais de
e suas organizações cooperativas para melhorar as condições de desenvolvimento econômico e social do Distrito Federal.
armazenagem, processamento, embalagem, com redução de per- § 2° A dotação orçamentária para instituições de pesquisa do
das ao nível comunitário e de estabelecimento rural; Distrito Federal será determinada de acordo com as diretrizes e
II - apoiar a organização dos pequenos varejistas e feirantes, prioridades estabelecidas no plano de ciência e tecnologia e cons-
de modo a compatibilizar sua atuação com as comunidades, orga- tará da lei orçamentária anual.
nizações de produtores rurais e atacadistas; § 3° O Distrito Federal garantirá o acesso às informações ge-
III - estimular a criação de pequenas agroindústrias alimenta- radas, coletadas e armazenadas em todos os órgãos públicos ou
res, especialmente de forma cooperativa, aproveitando os exce- em entidades e empresas em que tenha participação majoritária,
dentes de produção e outros recursos disponíveis, com vistas ao na forma da lei.
suprimento das necessidades da população do Distrito Federal; § 4° A implantação e expansão de sistemas tecnológicos de
IV - estimular a integração do programa de merenda escolar impacto social, econômico ou ambiental devem ter prévia anuên-
com a produção local, com prioridade para micro, pequenos e mé- cia do Conselho de Ciência e Tecnologia, na forma da lei.
dios produtores rurais e suas cooperativas; Art. 195. O Poder Público instituirá e manterá Fundação de
V - desenvolver programas alimentares específicos dirigidos Apoio à Pesquisa – FAPDF, atribuindo-lhe dotação mínima de dois
aos grupos sociais mais vulneráveis como idosos, gestantes, por- por cento da receita corrente líquida do Distrito Federal, que lhe
tadores de deficiência, desempregados e menores carentes; será transferida mensalmente, em duodécimos, como renda de
VI - instituir mecanismos que estimulem o trabalho de plantio sua privativa administração, para aplicação no desenvolvimento
individual, coletivo ou cooperativo de produtos básicos, especial- científico e tecnológico. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
mente hortigranjeiros; Orgânica 69 de 06/11/2013)
VII - manter serviços de inspeção e fiscalização, articulados Art. 196. O Poder Público apoiará e estimulará instituições e
com o setor privado, com prioridade para os produtos alimenta- empresas que propiciem investimentos em pesquisa e tecnologia,
res; bem como estimulará a integração das atividades de produção,
VIII - promover a defesa e a proteção do consumidor e fisca- serviços, pesquisa e ensino, na forma da lei.
lizar os produtos em sua fase de comercialização, auxiliando os Parágrafo único. A lei definirá benefícios a empresas que pro-
consumidores organizados e orientando a população quanto a piciem pesquisas tecnológicas e desenvolvimento experimental
preços, qualidade dos alimentos e ações específicas de educação no âmbito da medicina preventiva e terapêutica e produzam equi-
alimentar; pamentos especializados destinados ao portador de deficiência.
IX - fiscalizar o uso de agrotóxicos e incentivar o emprego de Art. 197. O Distrito Federal criará, junto a cada pólo industrial
produtos alternativos de controle de pragas e doenças; ou em setores da economia, núcleos de apoio tecnológico e ge-
X - promover a formação e aperfeiçoamento dos recursos hu- rencial que estimularão:
manos em agricultura e abastecimento; I - a modernização das empresas;
XI - manter serviço de pesquisa e difusão de tecnologias agro- II - a melhoria da qualidade dos produtos;
pecuárias, voltadas para as peculiaridades do Distrito Federal. III - o aumento da produtividade;
Art. 192. Os recursos da política agrícola regional, inclusive os IV - o aumento do poder competitivo;
do crédito rural, serviços, subsídios, apoio e assistência do Poder V - a capacitação, difusão e transferência de tecnologia.
Público, serão destinados prioritariamente a micro, pequenos e

74
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 198. O Distrito Federal celebrará convênios com as uni- II - descentralização administrativo-financeira dos serviços de
versidades públicas sediadas no Distrito Federal para realização saúde para as regiões administrativas; (Inciso alterado(a) pelo(a)
de estudos, pesquisas, projetos e desenvolvimento de sistemas e Emenda à Lei Orgânica 110 de 13/03/2019)
protótipos. III - participação da comunidade;
Art. 199. O Poder Público orientará gratuitamente o encami- IV - direito do indivíduo à informação sobre sua saúde e a da
nhamento de registro de patente de ideias e invenções. coletividade, as formas de tratamento, os riscos a que está expos-
to e os métodos de controle existentes;
TÍTULO VI V - gratuidade da assistência à saúde no âmbito do SUS;
DA ORDEM SOCIAL E DO MEIO AMBIENTE VI - integração dos serviços que executem ações preventivas e
curativas adequadas às realidades epidemiológicas.
CAPÍTULO I § 1º Os gestores do Sistema Único de Saúde poderão admi-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS tir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às en-
demias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
Art. 200. A ordem social tem como base o primado do traba- natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos espe-
lho e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. cíficos para sua atuação. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à
Art. 201. O Distrito Federal, em ação integrada com a União, Lei Orgânica 53 de 26/11/2008) (Legislação correlata - Emenda à
assegurará os direitos relativos a educação, saúde, segurança Lei Orgânica 63 de 25/03/2013)
pública, alimentação, cultura, assistência social, meio ambiente § 2º Lei disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação
equilibrado, lazer e desporto. das atividades de agente comunitário de saúde e agente de com-
Art. 202. Compete ao Poder Público, em caso de iminente bate às endemias. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
perigo ou calamidade pública, prover o atendimento das neces- Orgânica 53 de 26/11/2008)
sidades coletivas urgentes e transitórias, podendo para este fim § 3º Além das hipóteses previstas no art. 41, § 1º, e no art.
requisitar propriedade particular, observado o disposto na Cons- 169, § 4º, da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
tituição Federal. equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
Art. 203. A seguridade social compreende conjunto de ações combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum-
de iniciativa do Poder Público e da sociedade, destinadas a as- primento dos requisitos específicos fixados em lei para o seu exer-
segurar os direitos referentes a saúde, previdência e assistência cício. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 53 de
social. 26/11/2008)
§ 1° O dever do Poder Público não exclui o das pessoas, da § 4º Salvo disposição de lei complementar federal em contrá-
família, das empresas e da sociedade. rio, o Distrito Federal deve aplicar, anualmente, em ações e servi-
§ 2° O Distrito Federal promoverá, nos termos da lei, o pla- ços públicos de saúde, no mínimo: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
nejamento e o desenvolvimento de ações baseadas nos objetivos Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
previstos nos arts. 194 e 195 da Constituição Federal. I – 12% do produto da arrecadação dos impostos a que se
§ 3° Nenhum benefício ou serviço da seguridade social pode- refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, I,
rá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte a, e II, da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que, nos es-
de custeio total. tados, seriam destinadas a municípios; (Inciso acrescido(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
CAPÍTULO II II – 15% do produto da arrecadação dos impostos a que se
DA SAÚDE refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
I, b, e § 3º, da Constituição Federal. (Inciso acrescido(a) pelo(a)
Art. 204. A saúde é direito de todos e dever do Estado, asse- Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014)
gurado mediante políticas sociais, econômicas e ambientais que Art. 206. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
visem: § 1° As instituições privadas poderão participar, de forma
I - ao bem-estar físico, mental e social do indivíduo e da coleti- complementar, do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes
vidade, a redução do risco de doenças e outros agravos; deste, mediante contrato de direito público ou convênio, concedi-
II - ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de saú- da preferência às entidades filantrópicas e às sem fins lucrativos.
de, para sua promoção, prevenção, recuperação e reabilitação. § 2° É vedada a participação direta ou indireta de empresas
§ 1° A saúde expressa a organização social e econômica, e tem ou capitais estrangeiros na assistência à saúde do Distrito Federal,
como condicionantes e determinantes, entre outros, o trabalho, salvo nos casos previstos em lei federal.
a renda, a alimentação, o saneamento, o meio ambiente, a habi- § 3º É vedada a destinação de recursos públicos do Distrito
tação, o transporte, o lazer, a liberdade, a educação, o acesso e a Federal para auxílio, subvenções, juros e prazos privilegiados a
utilização agroecológica da terra. instituições privadas com fins lucrativos. (Parágrafo alterado(a)
§ 2° As ações e serviços de saúde são de relevância pública e pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 2 de 16/05/1995)
cabe ao Poder Público sua normalização, regulamentação, fisca- § 4° É vedada, nos serviços públicos de saúde, a contratação
lização e controle, devendo sua execução ser feita, preferencial- de prestadores de serviço de empresas de caráter privado, salvo
mente, por meio de serviços públicos e, complementarmente, por nos casos previstos em lei.
intermédio de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, nos § 5° É vedada a designação ou nomeação de proprietários,
termos da lei. administradores e dirigentes de entidades ou serviços privados de
Art. 205. As ações e serviços públicos de saúde integram uma saúde para exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sis-
rede única e hierarquizada, constituindo o Sistema Único de Saú- tema Único de Saúde do Distrito Federal.
de - SUS, no âmbito do Distrito Federal, organizado nos termos da Art. 207. Compete ao Sistema Único de Saúde do Distrito Fe-
lei federal, obedecidas as seguintes diretrizes: deral, além de outras atribuições estabelecidas em lei:
I - atendimento integral ao indivíduo, com prioridade para ati- I - identificar, intervir, controlar e avaliar os fatores determi-
vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; nantes e condicionantes da saúde individual e coletiva;

75
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II - formular política de saúde destinada a promover, nos cam- XXI - executar a vigilância alimentar e nutricional, mediante
pos econômico e social, a observância do disposto no art. 204; ações destinadas ao conhecimento, detecção, controle e avalia-
III - participar na formulação da política de ações de sanea- ção da situação alimentar e nutricional da população, e recomen-
mento básico e de seu controle, integrando-as às ações e serviços dar intervenções para prevenir ou eliminar riscos e sequelas origi-
de saúde; nadas do consumo inadequado de alimentos;
IV - prevenir os fatores determinantes das deficiências men- XXII - promover a educação alimentar e nutricional;
tal, sensorial e física, observados os aspectos de profilaxia; XXIII - prestar assistência à saúde comunitária mediante
V - oferecer assistência odontológica preventiva e de recupe- acompanhamento do doente em sua realidade familiar, comuni-
ração; tária e social;
VI - participar na formulação e execução da política de fiscali- XXIV - prestar assistência farmacêutica e garantir o acesso da
zação e inspeção de alimentos, bem como do controle do seu teor população aos medicamentos necessários à recuperação de sua
nutricional; saúde;
VII - formular política de recursos humanos na área de saúde, XXV - executar o controle sanitário-fármaco-epidemiológico
garantidas as condições adequadas de trabalho a seus profissio- sobre estabelecimentos de dispensação e manipulação de medi-
nais; camentos, drogas e insumos farmacêuticos destinados ao uso e
VIII - promover e fomentar o desenvolvimento de novas tec- consumo humano.
nologias, a produção de medicamentos, matérias-primas, insu- Art. 208. É dever do Poder Público garantir ao portador de
mos e imunobiológicos por laboratórios oficiais; deficiência os serviços de reabilitação nos hospitais, centros de
IX - promover e fomentar práticas alternativas de diagnósti- saúde e centros de atendimento.
cos e terapêutica, de comprovada base científica, entre outras, a Art. 209. Ao Poder Público, na forma da lei e no limite das
homeopatia, acupuntura e fitoterapia; disponibilidades orçamentárias, compete:
X - participar da formulação da política e do controle das I - criar banco de órgãos e tecidos;
ações de preservação do meio ambiente, nele compreendido o II - incentivar a instalação e o funcionamento de unidades te-
trabalho; rapêuticas e educacionais para recuperação de usuários de subs-
XI - participar no controle e fiscalização da produção, no tâncias que gerem dependência física ou psíquica;
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoa- III - prover o atendimento médico e odontológico aos estu-
tivos, tóxicos, mutagênicos, carcinogênicos, inclusive radioativos; dantes da rede pública, prioritariamente aos do ensino funda-
XII - fiscalizar e controlar os expurgos, lixos, dejetos e esgo- mental.
tos hospitalares, industriais e de origem nociva, em conformidade Art. 210. Compete ao Poder Público incentivar e auxiliar enti-
com o art. 293, bem como participar na elaboração das normas dades filantrópicas de estudos, pesquisas e combate ao câncer e
pertinentes; às doenças infecto-contagiosas, na forma da lei.
XIII - desenvolver o sistema público de coleta, processamen- Art. 211. É dever do Poder Público promover e restaurar a
to e transfusão de sangue e seus derivados, vedado todo tipo de saúde psíquica do indivíduo, baseado no rigoroso respeito aos di-
comercialização; reitos humanos e da cidadania, mediante serviços de saúde pre-
XIV - garantir a assistência integral ao portador de qualquer ventivos, curativos e extra-hospitalares.
doença infecto-contagiosa, inclusive ao portador do vírus da Sín- § 1° Fica vedado o uso de celas-fortes e outros procedimentos
drome da Imunodeficiência Adquirida-SIDA, assegurada a inter- violentos e desumanos ao doente mental.
nação dos doentes nos serviços mantidos direta ou indiretamente § 2° A internação psiquiátrica compulsória, realizada pela
pelo Sistema Único de Saúde e vedada qualquer forma de discri- equipe de saúde mental das emergências psiquiátricas como últi-
minação por parte de instituições públicas ou privadas; mo recurso, deverá ser comunicada aos familiares e à Defensoria
XV - prestar assistência integral à saúde da mulher, em todas Pública.
as fases biológicas, bem como nos casos de aborto previsto em lei § 3° Serão substituídos, gradativamente, os leitos psiquiátri-
e de violência sexual, assegurado o atendimento nos serviços do cos manicomiais por recursos alternativos como a unidade psiqui-
Sistema Único de Saúde - SUS, mediante programas específicos; átrica em hospital geral, hospitais-dia, hospitais-noite, centros de
XVI - garantir o atendimento médico-geriátrico ao idoso na convivência, lares abrigados, cooperativas e atendimentos ambu-
rede de serviços públicos; latoriais.
XVII - orientar o planejamento familiar, de livre decisão do § 4° As emergências psiquiátricas deverão obrigatoriamente
casal, garantido o acesso universal aos recursos educacionais e compor as emergências dos hospitais gerais.
científicos e vedada qualquer forma de ação coercitiva por parte Art. 212. Compete ao Poder Público investir em pesquisa e
de instituições públicas ou privadas; produção de medicamentos e destinar recursos especiais, defini-
XVIII - garantir o atendimento integral à saúde da criança e do dos anualmente no orçamento.
adolescente, por intermédio de equipe multidisciplinar; Art. 213. Cabe ao Distrito Federal, em coordenação com a
XIX - executar a vigilância sanitária mediante ações que eli- União, desenvolver ações com vistas a promoção, proteção, recu-
minem, diminuam ou previnam -riscos à saúde e intervir nos pro- peração e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos a
blemas sanitários decorrentes da degradação do meio ambiente, riscos e agravos advindos das condições e processos de trabalho,
da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de incluídas, entre outras atividades:
interesse da saúde; I - a informação ao trabalhador, entidade sindical e empresa
XX - executar a vigilância epidemiológica, mediante ações sobre:
que proporcionem o conhecimento, detecção ou prevenção dos a) riscos de acidentes do trabalho e de doenças profissionais;
fatores determinantes e condicionantes de saúde coletiva ou in- b) resultados de fiscalização e avaliação ambiental;
dividual, adotando medidas de prevenção e controle das doenças c) exames médicos de admissão, periódicos e de demissão;
ou agravos; II - a assistência a vítimas de acidentes do trabalho e portado-
res de doenças profissionais e do trabalho;

76
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
III - a promoção regular de estudos e pesquisas sobre saúde CAPÍTULO III
do trabalhador; DA PROMOÇÃO E DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
IV - a proibição de exigência de atestado de esterilização, de
teste de gravidez e de anti-HIV como condição para admissão ou Art. 217. A assistência social é dever do Estado e será presta-
permanência no emprego; da a quem dela necessitar, independentemente de contribuição
V - a intervenção com finalidade de interromper as atividades a seguridade social, assegurados os direitos sociais estabelecidos
em locais de trabalho comprovadamente insalubres, de risco ou no art. 6° da Constituição Federal.
que tenham provocado graves danos à saúde do trabalhador. Parágrafo único. É dever do Poder Público proteger a família,
Art. 214. A política de recursos humanos para o SUS será, nos maternidade, infância, adolescência, velhice, assim como integrar
termos da lei federal, organizada e formalizada articuladamente socialmente os segmentos desfavorecidos.
com as instituições governamentais de ensino e de saúde, com Art. 218. Compete ao Poder Público, na forma da lei e por in-
aprovação pela Câmara Legislativa. termédio da Secretaria competente, coordenar, elaborar e execu-
Parágrafo Único. O plano de carreira da área de saúde da ad- tar política de assistência social descentralizada e articulada com
ministração pública direta, indireta e fundacional deverá garantir órgãos públicos e entidades sociais sem fins lucrativos, com vistas
a admissão por concurso público. a assegurar especialmente:
Art. 215. O Sistema Único de Saúde do Distrito Federal conta- I - apoio técnico e financeiro para programas de caráter sócio-
rá, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com três instân- -educativos desenvolvidos por entidades beneficentes e de inicia-
cias colegiadas e definidas na forma da lei: tiva de organizações comunitárias;
I - a Conferência de Saúde; II - serviços assistenciais de proteção e defesa aos segmentos
II - o Conselho de Saúde; da população de baixa renda como:
III - os Conselhos Regionais de Saúde. a) alojamento e apoio técnico e social para mendigos, ges-
§ 1° A Conferência de Saúde, órgão colegiado, com represen- tantes, egressos de prisões ou de manicômios, portadores de
tação de entidades governamentais e não governamentais e da deficiência, migrantes e pessoas vítimas de violência doméstica
sociedade civil, reunir-se-á a cada dois anos para avaliar e propor e prostituídas;
as diretrizes da política de saúde do Distrito Federal, por convo- b) gratuidade de sepultamento e dos meios e procedimentos
cação do Governador ou, extraordinariamente, por este ou pelo a ele necessários;
Conselho de Saúde, pela maioria absoluta dos seus membros. c) apoio a entidades representativas da comunidade na cria-
§ 2° O Conselho de Saúde, de caráter permanente e delibera- ção de creches e pré-escolas comunitárias, conforme o disposto
tivo, órgão colegiado com representação do governo, prestadores no art. 221;
de serviços, profissionais de saúde e usuários, atuará na formula- d) atendimento a criança e adolescente;
ção de estratégias e no controle de execução da política de saúde, e) atendimento a idoso e à pessoa portadora de deficiência,
inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, e terá suas de- na comunidade.
cisões homologadas pelo Secretário de Saúde do Distrito Federal. Art. 219. O Poder Público estabelecerá convênios, contratos
§ 3° Os Conselhos Regionais de Saúde, de caráter permanente e outras formas de cooperação com entidades beneficentes ou
e deliberativo, órgãos colegiados, com representação do governo, privadas sem fins lucrativos, para a execução de planos de assis-
prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários, alua- tência a criança, adolescente, idoso, dependentes de substâncias
rão na formulação, execução, controle e fiscalização da política de químicas, portadores de deficiência e de patologia grave assim
saúde, em cada Região Administrativa, inclusive nos aspectos eco- definida em lei.
nômicos e financeiros, e terão suas decisões homologadas pelo Art. 220. As ações governamentais na área da assistência so-
Diretor Regional de Saúde. cial serão financiadas com recursos do orçamento da seguridade
§ 4° A representação dos usuários na Conferência e nos Con- social do Distrito Federal, da União e de outras fontes, na forma
selhos de Saúde será paritária com o conjunto dos demais seg- da lei.
mentos. Parágrafo único. A aplicação e a distribuição dos recursos para
§ 5° A composição, organização e normas de funcionamento a assistência social serão realizadas com base nas demandas so-
dos órgãos a que se refere o caput serão definidas em seus respec- ciais e previstas no plano plurianual, nas diretrizes orçamentárias
tivos regimentos internos. e no orçamento anual.
Art. 216. O Sistema Único de Saúde do Distrito Federal será
financiado com recursos do orçamento do Distrito Federal e da CAPÍTULO IV
União, além de outras fontes, na forma da lei. DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
§ 1° As empresas privadas prestadoras de serviços de assis-
tência médica, administradoras de planos de saúde e congêneres SEÇÃO I
ressarcirão o Distrito Federal das despesas de atendimento dos DA EDUCAÇÃO
segurados respectivos em unidades de saúde pertencentes ao
poder público do Distrito Federal. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Art. 221. A Educação, direito de todos, dever do Estado e da
Emenda à Lei Orgânica 18 de 28/08/1997) família, nos termos da Constituição Federal, fundada nos ideais
§ 2° O pagamento de que trata o parágrafo anterior é de res- democráticos de liberdade, igualdade, respeito aos direitos huma-
ponsabilidade das empresas a que estejam associadas as pessoas nos e valorização da vida, deve ser promovida e incentivada com
atendidas em unidades de saúde do Distrito Federal. (Parágrafo a colaboração da sociedade, tem por fim a formação integral da
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 18 de 28/08/1997) pessoa humana, a sua preparação para o exercício consciente da
cidadania e a sua qualificação para o trabalho e é ministrada com
base nos seguintes princípios: (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda
à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
I – erradicação do analfabetismo; (Inciso acrescido(a) pelo(a)
Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)

77
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II – pluralismo de ideias e de concepções filosóficas, políticas, Art. 221-B. Os recursos públicos devem ser destinados às ins-
estéticas, religiosas e pedagógicas, que conduza o educando à for- tituições públicas de ensino e podem ser dirigidos às instituições
mação de uma postura ética e social próprias; (Inciso acrescido(a) comunitárias, confessionais ou filantrópicas de ensino, desde que
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) estas: (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de
III – valorização dos profissionais da educação, com garantia, 31/07/2014)
na forma da lei, de plano de carreira e com ingresso exclusivamen- I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus ex-
te por concurso público de provas e provas e títulos, realizado pe- cedentes financeiros em educação; (Inciso acrescido(a) pelo(a)
riodicamente; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
79 de 31/07/2014) II – assegurem a destinação do seu patrimônio a outra escola
IV – universalização do atendimento escolar; (Inciso acresci- comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) caso de encerramento de suas atividades. (Inciso acrescido(a) pe-
V – garantia do padrão de qualidade; (Inciso acrescido(a) pe- lo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) Parágrafo único. Os recursos de que trata este artigo podem
VI – garantia do princípio do mérito, objetivamente apu- ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na for-
rado; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de ma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
31/07/2014) quando houver falta de vagas e de cursos regulares da rede pú-
VII – avaliação por órgão próprio do sistema educacional; (In- blica na localidade de residência do educando, ficando obrigado
ciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) o Poder Público a investir prioritariamente na expansão de sua
VIII – coexistência de instituições públicas e privadas; (Inciso rede na localidade. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) Orgânica 79 de 31/07/2014)
IX – incentivo à participação da comunidade no processo edu- Art. 222. O Poder Público deve assegurar, na forma da lei, a
cacional, na forma da lei; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei gestão democrática do sistema público de ensino, com participa-
Orgânica 79 de 31/07/2014) ção e cooperação de todos os segmentos envolvidos no processo
X – amparo aos adolescentes em conflito com a lei, inclusive educacional e na definição, na implementação e na avaliação de
com sua formação em curso profissionalizante; (Inciso acresci- sua política. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) de 31/07/2014)
XI – promoção humanística, artística e científica; (Inciso acres- Parágrafo único. A gestão democrática é assegurada por meio
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) de seleção com provas e eleição direta, podendo o Distrito Fe-
XII – igualdade de condições para acesso e permanência na deral implantar o sistema de concurso público para gestor esco-
escola; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de lar. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de
31/07/2014) 31/07/2014)
XIII – gratuidade do ensino em instituições da rede públi- Art. 223. O Distrito Federal deve garantir, na forma da lei,
ca. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de atendimento em: (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâni-
31/07/2014) ca 79 de 31/07/2014)
XIV - pacificação social e prevenção contra a violência funda- I – creches para crianças de 0 a 3 anos; (Inciso acrescido(a)
mentada em gênero, em especial aquela cometida contra a mu- pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
lher. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 101 de II – pré-escolas para crianças de 4 a 5 anos. (Inciso acresci-
13/07/2017) do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
§ 1º A educação básica pública é obrigatória e gratuita dos Parágrafo único. O Poder Público deve garantir atendimento
4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive a sua oferta para em creche a crianças com deficiência, oferecendo recursos e ser-
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. (Parágra- viços especializados de educação e reabilitação. (Parágrafo acres-
fo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
(Legislação correlata - Emenda à Lei Orgânica 80 de 31/07/2014) Art. 224. O Poder Público deve assegurar atendimento ao
§ 3º O Poder Público pode celebrar convênios com prefeituras educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
e estados que compõem a Rede Integrada de Desenvolvimento do programas suplementares de material didático-escolar, transpor-
Distrito Federal e Entorno – RIDE, de modo a apoiar medidas de te, alimentação e assistência à saúde. (Artigo alterado(a) pelo(a)
aperfeiçoamento dos profissionais da educação, suporte técnico- Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
-pedagógico-administrativo, transferência de tecnologias e mate- Art. 225. O Poder Público deve prover atendimento a jovens e
riais para instituições públicas de ensino. (Parágrafo alterado(a) a adultos, principalmente trabalhadores, por meio de programas
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) específicos, de modo a compatibilizar educação e trabalho. (Arti-
§ 4º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Pú- go alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
blico ou a sua oferta irregular importam responsabilidade da auto- Parágrafo único. Cabe ao Poder Público implantar programa
ridade competente, nos termos da Constituição Federal. (Parágra- permanente de alfabetização de adultos articulado com os de-
fo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) mais programas dirigidos a este segmento, observada a obrigato-
§ 5º O acesso ao ensino obrigatório gratuito constitui direito riedade de ação das unidades escolares em sua área de influência,
público subjetivo. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- em cooperação com os movimentos sociais organizados. (Parágra-
gânica 79 de 31/07/2014) fo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
Art. 221-A. Respeitado o estabelecido em Lei Nacional, o Dis- Art. 226. O Poder Público deverá assegurar, na rede pública
trito Federal pode fixar conteúdo complementar, com o objetivo de ensino, atividades e manifestações culturais integradas, garan-
de modernizar o sistema público de ensino, incluindo conteúdos tido o acesso a museus, arquivos, monumentos históricos, artísti-
e disciplinas regionalizadas. (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emenda à cos, religiosos e naturais como recursos educacionais.
Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)

78
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 227. O Poder Público deve manter atendimento suple- § 2º É dever do Poder Público garantir as condições necessá-
mentar ao educando em todas as etapas da educação básica, rias à prática de educação física curricular, ministrada por profes-
mediante assistência médica, odontológica e psicológica. (Artigo sor licenciado em educação física e ajustada a necessidades de
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) cada faixa etária e condições da população escolar.
Parágrafo único. O Poder Público deve submeter, quando ne- § 3º Será estimulada a criação de turmas especiais a fim de
cessário, os alunos da rede pública de ensino a teste nutricional e preparar alunos que demonstrem aptidão e talento para o espor-
de acuidade visual e auditiva, a fim de detectar possíveis desvios te de competição.
prejudiciais a seu pleno desenvolvimento. (Parágrafo alterado(a) § 4º O Poder Público, por intermédio de seus órgãos compe-
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) tentes, somente pode conceder autorização de funcionamento, a
Art. 228. É dever do Poder Público garantir o serviço de orien- partir do ensino fundamental, a escolas que apresentem instala-
tação educacional em ambiente privativo, exercido por profissio- ções para prática de educação física e desporto. (Parágrafo altera-
nais habilitados, em todas as etapas e modalidades da educação do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
básica. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 84 de § 5º É livre, nos termos da lei, o acesso da comunidade a ins-
20/08/2014) talações esportivas das instituições de ensino da rede pública do
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às escolas Distrito Federal, com a orientação de professores de educação
profissionalizantes, aos centros de línguas, às escolas-parques e física, em horários e dias que não prejudiquem a prática pedagó-
à educação de jovens e adultos. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) gica regular de cada instituição de ensino. (Parágrafo alterado(a)
Emenda à Lei Orgânica 84 de 20/08/2014) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
Art. 229. Cabe ao Poder Público assegurar contínua formação Art. 234. O ensino religioso, de matrícula facultativa, consti-
e especialização de todos os profissionais da educação básica, na tui disciplina em horário regular de todas as etapas da educação
forma da lei. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 básica. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de
de 31/07/2014) 31/07/2014)
Art. 230. O Poder Público deve promover a descentralização Art. 235. A rede oficial de ensino deve incluir em seu currícu-
de recursos necessários à manutenção e ao funcionamento das lo, em todos os níveis, conteúdo programático de educação am-
instituições da rede pública de ensino, inclusive das Diretorias biental, educação financeira, educação sexual, educação para o
Regionais de Ensino, na forma da lei. (Artigo alterado(a) pelo(a) trânsito, saúde oral, comunicação social, artes, prevenção de do-
Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) enças, cidadania, pluralidade cultural, pluralidade racial, além de
Parágrafo único. O Poder Público deve promover a descen- outros adequados à realidade específica Distrito Federal. (Artigo
tralização de recursos necessários para o aparelhamento, a mo- alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
dernização e a contínua atualização das bibliotecas públicas das § 1º A língua espanhola é disciplina obrigatória no ensino
instituições de ensino. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à médio da rede pública e deve constar como opção de língua es-
Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) trangeira em todas as demais etapas da educação básica, com o
Art. 231. Os profissionais da carreira de magistério públi- fim de dar efetividade ao art. 4º, parágrafo único, da Constituição
co que alfabetizem crianças ou adultos têm tratamento especial Federal. (Parágrafo Alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 126
quanto a sua remuneração, a ser definido em lei. (Artigo altera- de 06/12/2021)
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 84 de 20/08/2014) § 2º Para efeito do disposto no caput, o Poder Público deve
Art. 232. O Poder Público garante atendimento educacional incluir a literatura brasiliense no currículo das instituições públi-
especializado, em todos os níveis, aos superdotados e às pessoas cas, com vistas a incentivar e difundir as formas de produção ar-
com deficiência, na medida do grau de deficiência de cada indiví- tístico-literária locais. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
duo, inclusive com preparação para o trabalho. (Artigo alterado(a) Orgânica 79 de 31/07/2014)
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 84 de 20/08/2014) § 3º O currículo escolar e o universitário devem incluir, no
§ 1º Profissionais da carreira de magistério público, técnicos conjunto das disciplinas, conteúdo sobre as lutas das mulheres,
e auxiliares que estejam em exercício em unidades de ensino da dos negros, dos índios e de outros na história da humanidade e da
rede pública e que atendam diretamente a pessoas com defici- sociedade brasileira. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
ência e a crianças e adolescentes em conflito com a lei fazem jus Orgânica 79 de 31/07/2014)
a gratificação especial, nos termos da lei. (Parágrafo alterado(a) Art. 236. Cabe ao Poder Público manter um sistema de biblio-
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 84 de 20/08/2014) tecas escolares ria rede pública e incentivar a criação de bibliote-
§ 2º Os serviços educacionais referidos no caput são prefe- cas na rede privada, na forma da lei.
rencialmente ministrados na rede regular de ensino, resguarda- Art. 237. O Poder Público deve garantir que o ensino médio
das as necessidades de acompanhamento e de adaptação e ga- público seja integrado com a educação profissional, com vistas à
rantidos os materiais e os equipamentos adequados. (Parágrafo formação de profissionais qualificados, na forma da lei. (Artigo al-
alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) terado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
§ 3º O Poder Público deve destinar percentual mínimo do or- § 1º O Poder Público deve oferecer educação profissional
çamento da educação para assegurar ensino especial gratuito a para alunos egressos do ensino médio público que não tiverem
portadores de deficiência de todas as faixas etárias, na forma da acesso à educação superior. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emen-
lei. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de da à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
31/07/2014) § 2º O Poder Público deve incentivar o estágio para estudan-
Art. 233. A educação é direito de todos e deve compreender te em regime de cooperação com entidades públicas e privadas,
as áreas cognitiva, afetivo-social e físico-motora. sem vínculo empregatício e como situação transitória, com vistas
§ 1° A educação física e a educação artística são disciplinas à integração do educando no mercado de trabalho, na forma da
curriculares obrigatórias, ministradas de forma teórica e prática lei. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de
em todos os níveis de ensino da rede escolar. (Parágrafo altera- 31/07/2014)
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 7 de 14/10/1996)

79
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 238. O Poder Público implantará escolas rurais com a § 1º São vedados o desvio temporário, a retenção ou qualquer
garantia de que os alunos nelas matriculados tenham direito a restrição ao emprego dos recursos referidos no caput. (Parágrafo
tratamento adequado a sua realidade, com adoção de critérios alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
que levem em conta as estações do ano, seus ciclos agrícolas, a § 2º O Poder Público deve publicar, em até 30 dias após o
pecuária, as atividades extrativas e a aquisição de conhecimento encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução
específico de vida rural, mediante aulas práticas, na forma da lei. do orçamento da educação e de seus programas suplementares
Art. 239. Compete ao Poder Público promover, anualmente, de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência
o recenseamento dos educandos da educação básica, fazer-lhes à saúde. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79
a chamada escolar e zelar por sua frequência à escola junto aos de 31/07/2014)
pais ou aos responsáveis. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei § 3º A distribuição dos recursos públicos deve assegurar prio-
Orgânica 79 de 31/07/2014) ridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório,
Art. 240. O Poder Público deve criar seu próprio sistema de no que se refere a universalização, garantia de padrão de quali-
educação superior, articulado com os demais níveis, na forma dade e equidade, nos termos dos planos nacional e distrital de
da lei. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de educação. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
31/07/2014) 80 de 31/07/2014)
§ 1º Na instalação de unidades de educação superior do Distri- Art. 242. O Poder Público poderá dotar de infra-estrutura e
to Federal, consideram-se, prioritariamente, regiões densamente recursos necessários escolas comunitárias, organizadas e geridas
povoadas não atendidas por ensino público superior, observada pela própria comunidade, sem fins lucrativos e integradas ao sis-
a vocação regional. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei tema de ensino, desde que ofereçam ensino gratuito.
Orgânica 79 de 31/07/2014) Art. 243. O Poder Público somente deve aplicar recursos em
§ 2º As instituições de ensino superior gozam de autonomia instituições de ensino públicas ou em estabelecimentos de ensino
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patri- que atendam ao disposto no art. 213 da Constituição Federal. (Ar-
monial. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 tigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
de 31/07/2014) Art. 244. O Conselho de Educação do Distrito Federal, órgão
Art. 240-A. O Poder Executivo criará e manterá o Fundo da consultivo-normativo de deliberação coletiva e de assessoramen-
Universidade do Distrito Federal – FunDF, atribuindo-lhe dotação to superior à Secretaria de Estado de Educação, incumbido de es-
mínima percentual da receita corrente líquida do Distrito Federal. tabelecer normas e diretrizes para o Sistema de Ensino do Distrito
(Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 de 17/11/2021) Federal, com atribuições e composição definidas em lei, tem seus
§ 1º A dotação mínima de que trata o caput, destinada a ga- membros nomeados pelo Governador do Distrito Federal, esco-
rantir recursos para obras necessárias a sua estruturação, proje- lhidos entre pessoas de notório saber e experiência em educação,
tos, pesquisas e inovação, é de: (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à que representem os diversos níveis de ensino e os profissionais da
Lei Orgânica 123 de 17/11/2021) educação pública e privada no Distrito Federal. (Artigo alterado(a)
I – 0,08% da receita corrente líquida do Distrito Federal, pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014)
em 2022; (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 de Art. 245. A lei deve estabelecer o plano de educação do Dis-
17/11/2021) trito Federal, de duração decenal, na forma do art. 214 da Consti-
II – 0,15% da receita corrente líquida do Distrito Federal, tuição Federal. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
em 2023; (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 de 82 de 20/08/2014)
17/11/2021) § 1º A proposta do plano de educação do Distrito Federal é
III – 0,2% da receita corrente líquida do Distrito Federal, elaborada pelo Poder Executivo e submetida à apreciação da Câ-
em 2024; (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 de mara Legislativa até 30 de abril do último ano de sua vigência, e é
17/11/2021) devolvida para sanção até 15 de agosto do mesmo ano. (Parágrafo
IV – 0,3% da receita corrente líquida do Distrito Federal, acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 82 de 20/08/2014)
em 2025. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 de § 2º O plano de educação decenal do Distrito Federal pode
17/11/2021) ser revisto para se adequar ao Plano Nacional de Educação – PNE
§ 2º A dotação mínima de que trata o caput, destinada a ga- em até 1 ano, contado da publicação do PNE. (Parágrafo acresci-
rantir recursos para projetos, pesquisas e inovação, é de 0,08% do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 82 de 20/08/2014)
da receita corrente líquida do Distrito Federal a partir de 2026.
(Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 de 17/11/2021) SEÇÃO II
§ 3º Os recursos não utilizados anualmente na forma dos §§ DA CULTURA
1º e 2º constituem superávit financeiro para utilização em exercí-
cios subsequentes, sem qualquer dedução da parcela devida do Art. 246. O Poder público garantirá a todos o pleno exercício
exercício vigente. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 123 dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura; apoiará e
de 17/11/2021) incentivará a valorização e difusão das manifestações culturais,
Art. 241. O Poder Público deve aplicar anualmente, no mí- bem como a proteção do patrimônio artístico, cultural e histórico
nimo, 25% da receita resultante de impostos, incluída a prove- do Distrito Federal.
niente de transferências, na manutenção e no desenvolvimento § 1° Os direitos citados no caput constituem:
do ensino. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 79 I - a liberdade de expressão cultural e o respeito a sua plura-
de 31/07/2014) (Artigo revigorado(a) pelo(a) ADI 30003-4 de lidade;
06/11/2015) II - o modo de criar, fazer e viver;
Art. 241. (Artigo declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
30003-4 de 06/11/2015) IV - a difusão e circulação dos bens culturais.
§ 1° São vedados o desvio temporário, a retenção ou qual- § 2° O Poder Público propiciará a difusão dos bens culturais,
quer restrição ao emprego dos recursos referidos no caput. respeitada a diversidade étnica, religiosa, ideológica, criativa e ex-
pressiva de seus autores e intérpretes.

80
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 3º O Conselho de Cultura do Distrito Federal, com estrutu- X - formulação e implantação de política e programas de de-
ra, composição, competência e funcionamento definidos em lei, é senvolvimento de recursos humanos para a área da cultura; XI -
órgão normativo e articulador da ação cultural no Distrito Federal, criação e manutenção, nas Regiões Administrativas, de espaços
vinculados a ele os conselhos de cultura de cada Região Adminis- culturais de múltiplo uso, devidamente equipados e acessíveis à
trativa. (Legislação correlata - Lei 1960 de 08/06/1998) população.
§ 4º O Poder Executivo estabelecerá formas de incentivo à Art. 249. O Poder Público apoiará e incentivará a participação
participação da sociedade civil complementarmente aos inves- de empresas privadas no estímulo à cultura, na forma da lei.
timentos destinados à cultura. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Art. 250. É vedada a extinção de qualquer espaço cultural pú-
Emenda à Lei Orgânica 52 de 29/04/2008) blico sem a criação de novo espaço equivalente, ouvida a comu-
§ 5º O Poder Público manterá o Fundo de Apoio à Cultura, nidade local por intermédio do respectivo Conselho Regional de
com dotação mínima de três décimos por cento da receita corren- Cultura.
te líquida. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica Art. 251. A lei disporá sobre fixação de datas comemorativas
52 de 29/04/2008) de alta significação para os diferentes segmentos étnicos.
Art. 247. O Poder Público adotará medidas de preservação Art. 252. O Poder Público manterá sistemas integrados de ar-
das manifestações e dos bens de valor histórico, artístico e cultu- quivos, bibliotecas e museus, que responderão pela política geral
ral, bem como das paisagens notáveis, naturais e construídas, e dos respectivos setores no âmbito da administração pública, na
dos sítios arqueológicos, buscada a articulação orgânica com as forma da lei.
vocações da região do entorno. Parágrafo único. O Poder Público firmará convênios com os
§ 1° O disposto no caput abrange bens de natureza material Poderes Legislativo e Judiciário com vistas à inclusão de suas uni-
e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, relaciona- dades nos sistemas integrados referidos no caput.
dos com a identidade, ação e memória dos diferentes grupos inte- Art. 253. As áreas públicas, especialmente os parques, praças,
grantes da comunidade. jardins e terminais rodoviários podem ser utilizados para manifes-
§ 2º Esta Lei resguardará Brasília como Patrimônio Cultural tações artístico-culturais, desde que sem fins lucrativos e compa-
da Humanidade, nos termos dos critérios vigentes quando do tíveis com a preservação ambiental, paisagística, arquitetônica e
tombamento de seu conjunto urbanístico, conforme definição da histórica.
UNESCO, em 1987. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
Orgânica 11 de 12/12/1996) SEÇÃO III
§ 3° Cabe à administração pública a gestão da documentação DO DESPORTO
governamental e a§ providências para preservação e franquia da
sua consulta, na forma da lei. Art. 254. É dever do Distrito Federal fomentar práticas des-
§ 4° Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão puni- portivas, formais e não-formais, como incentivo a educação, pro-
dos, na forma da lei. moção social, integração sóciocultural e preservação da saúde
Art. 248. O Poder Público terá como prioritária a implanta- física e mental do cidadão.
ção de política articulada com a educação e a comunicação, que Parágrafo único. As unidades e centros esportivos pertencen-
garanta o desenvolvimento cultural do Distrito Federal mediante: tes ao Poder Público do Distrito Federal estarão voltadas para a
I - estímulo, por meio de incentivos fiscais, a empreendimen- população, com atendimento especial a criança, adolescente, ido-
tos privados que se voltem para a produção cultural e artística, so e portadores de deficiência.
preservação e restauração do patrimônio cultural do Distrito Fe- Art. 255. As ações do Poder Público darão prioridade:
deral, na forma dá lei; I - ao desporto educacional e, em casos específicos, ao des-
II - elaboração de programas de estímulo a artes literárias, porto de alto rendimento, respeitado o tratamento diferenciado
música, artes plásticas e cénicas, bem como editoração e fotogra- para o desporto profissional e o não profissional;
fia; II - ao lazer popular como forma de promoção social;
III - criação de programas de estímulo ao cinema e vídeo no III - à promoção e estímulo a prática da educação física;
Distrito Federai; IV - à manutenção e adequação dos locais já existentes, bem
IV - realização de concursos, encontros e mostras nacionais e como previsão de novos espaços para esporte e lazer, garantida
internacionais e disseminação de espaços que permitam a expe- a adaptação necessária para portadores de deficiência, crianças,
rimentação e divulgação de linguagens expressivas tradicionais e idosos e gestantes;
novas; V - à proteção e incentivo a manifestações desportivas de
V - constituição, preservação a revitalização de bibliotecas, criação nacional;
museus e arquivos de âmbito nacional e regional, que possam VI - à criação, incentivo e apoio a centros de pesquisa cientí-
viabilizar permanente intercâmbio com instituições congéneres e fica para desenvolvimento de tecnologia, formação e aperfeiçoa-
com a sociedade; mento de recursos humanos para o desporto e a educação física.
VI - prioridade aos programas e projetos que, por meio de Parágrafo único. No exercício de sua competência, o Poder
cursos práticos e teóricos, objetivem o desenvolvimento do pro- Público respeitará a autonomia das entidades desportivas dirigen-
cesso de criação e aperfeiçoamento do indivíduo é da sociedade; tes e associações, quanto a sua organização e funcionamento.
VII - cessão das instalações das escolas da rede pública do Art. 255-A. O Poder Público manterá o Fundo de Apoio ao
Distrito Federal para manifestações culturais, sem prejuízo das ati- Esporte, para captar e destinar recursos para projetos esportivos,
vidades pedagógicas; com a sua constituição definida por lei complementar. (Acresci-
VIII - constituição de programas que visem a propiciar conhe- do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 125 de 25/11/2021)
cimento sobre o valor cultural, histórico, artístico e ambiental do Parágrafo único. O Conselho do Esporte do Distrito Federal,
Distrito Federal; com estrutura, composição, competência e funcionamento defini-
IX - regionalização da produção cultural e artística, garantida dos em lei, é órgão normativo e articulador da ação desportiva no
a preservação das particularidades e identidades da arte e da cul-
tura no Distrito Federai, na forma da lei;

81
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Distrito Federal, vinculados a ele os conselhos de esporte de cada III - atendimento, orientação, conciliação e encaminhamento
região administrativa. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâni- do consumidor por meio de órgãos competentes, incluída a assis-
ca 125 de 25/11/2021) tência jurídica, técnica e administrativa;
Art. 256. A lei disporá sobre o sistema de desporto do Distrito IV - conscientização do consumidor, habilitando-o para o
Federal. exercício de suas funções no processo econômico;
Parágrafo único. As entidades desportivas que vierem a in- V - proteção contra publicidade enganosa;
tegrar o sistema de desporto do Distrito Federal ficam sujeitas VI - incentivo ao controle de qualidade de bens e serviços;
a orientação normativa do Estado, obedecido o disposto no art. VII - fiscalização de preços, pesos e medidas;
217, I da Constituição Federal. VIII - estímulo a ações de educação sanitária;
Art. 257. Ao atleta selecionado para representar o Distrito IX - esclarecimento ao consumidor acerca do preço máximo
Federal ou o País em competições oficiais, serão garantidos, na de venda de bens e serviços, quando tabelados ou sujeitos a con-
forma da lei: trole;
I - quando servidor público, seus vencimentos, direitos e van- X - proteção de direitos dos usuários de serviços públicos.
tagens, no período de duração das competições; Art. 264. O Poder Público adotará medidas necessárias à de-
II - quando estudante, todos os direitos inerentes a sua situ- fesa, promoção e divulgação dos direitos do consumidor, em ação
ação escolar. coordenada com órgãos e entidades que tenham estas atribui-
ções, na forma da lei.
CAPÍTULO V Art. 265. O Poder Público, na forma da lei, adotará medidas
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL para:
I - esclarecer o consumidor acerca dos impostos que incidam
Art. 258. A comunicação é bem social a serviço da pessoa hu- sobre bens e serviços;
mana, dia realização integral de suas potencialidades políticas e II - assegurar que estabelecimentos comerciais apresentem
intelectuais, garantido o direito fundamental do cidadão a partici- seus produtos e serviços com preços e dados indispensáveis à de-
par dos assuntos dia comunicação como maiores interessados por cisão consciente do consumidor;
seus processos, formas e conteúdos. III - garantir os direitos assegurados nos contratos que regu-
Parágrafo único. Todo cidadão tem direito à liberdade de opi- lam as relações de consumo, vedado qualquer tipo de constrangi-
nião e de expressão, incluída a liberdade de procurar, receber e mento ou ameaça ao consumidor;
transmitir informações e ideias pelos meios disponíveis, observa- IV - garantir o acesso do consumidor a informações sobre ele
do o disposto na Constituição Federal. existentes em bancos de dados, cadastros, fichas, registros de
Art. 259. A atuação dos meios de comunicação estatais e da- dados pessoais e de consumo, vedada a utilização de quaisquer
queles direta ou indiretamente vinculados ao Poder Público ca- informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao
racterizar-se-á pela independência editorial dos poderes consti- crédito, quando consumada a prescrição relativa à cobrança de
tuídos, assegurada a possibilidade de expressão e confronto de débitos.
correntes de opinião. Art. 266. O sistema de defesa do consumidor, integrado por
Art. 260. É responsabilidade do Poder Público a promoção da órgãos públicos das áreas de saúde, alimentação, abastecimento,
cultura regional e o estímulo à produção independente que obje- assistência judiciária, crédito, habitação, segurança, educação e
tive sua divulgação. por entidades privadas de defesa do consumidor, terá atribuições
Parágrafo Único. A regionalização da produção cultural, artís- e composição definidas em lei.
tica e jornalística dar-se-á conforme o estabelecido em lei. Parágrafo único. O Poder Público adotará medidas de descen-
Art. 261. O Poder Público manterá o Conselho de Comunica- tralização dos órgãos que tenham atribuições de defesa do con-
ção Social do Distrito Federal, integrado por representantes de en- sumidor.
tidades da sociedade civil e órgãos governamentais vinculados ao
Poder Executivo, conforme previsto em legislação complementar. CAPÍTULO VII
Parágrafo único. O Conselho de Comunicação Social do Distri- DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
to Federal dará assessoramento ao Poder Executivo na formulação
e acompanhamento da política regional de comunicação social. Art. 267. É dever da família, da sociedade e do Poder Públi-
Art. 262. As emissoras de televisão pertencentes ao Poder co assegurar à criança e ao adolescente, nos termos da Consti-
Público terão intérpretes ou legendas para deficientes auditivos tuição Federal, com absoluta prioridade, o direito à vida, saúde,
sempre que transmitirem noticiários e comunicações oficiais. alimentação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignida-
Parágrafo Único. O Poder Público implantará sistemas de de, respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária, além
aprendizagem e comunicação destinados a portadores de defici- de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimina-
ência visual e auditiva, de maneira a atender a suas necessidades ção, exploração, violência, constrangimento, vexame, crueldade
educacionais e sociais, em conformidade com o art. 232. e opressão.
§ 1° O Poder Público, por meio de ação descentralizada e ar-
CAPÍTULO VI ticulada com entidades governamentais e não governamentais,
DA DEFESA DO CONSUMIDOR viabilizará:
I - o atendimento à criança e ao adolescente, em caráter su-
Art. 263. Cabe ao Poder Público, com a participação da co- plementar, mediante programas que incluam sua proteção, garan-
munidade e na forma da lei, promover a defesa do consumidor, tindo-lhes a permanência em seu próprio meio;
mediante: II - o cumprimento da legislação referente ao direito a creche,
I - adoção de política governamental própria; estabelecendo formas de fiscalização da qualidade do atendimen-
II - pesquisa, informação e divulgação de dados de consumo, to a crianças, bem como sanções para os casos de inadimplemen-
junto a fabricantes, fornecedores e consumidores; to;

82
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
III - condições para que a criança ou adolescente, arrimo de I - ao acesso a todos os equipamentos, serviços e programas
família, possa conciliar tais obrigações com a satisfação de suas culturais, educacionais, esportivos, recreativos, bem como à re-
necessidades lúdicas, de saúde e educação; serva de áreas em conjuntos habitacionais destinados a convivên-
IV - o direito de cidadania de criança e adolescente órfãos, cia e lazer;
sem amparo legal de pessoas por elas responsáveis, com ou sem II - à gratuidade do transporte coletivo urbano para os maio-
vínculo de parentesco; res de 65 anos, vedada a criação de qualquer tipo de dificuldade
V - o atendimento a criança em horário integral nas institui- ou embaraço ao beneficiário, e à progressiva extensão desse direi-
ções educacionais. to às pessoas com idade entre 60 e 64 anos, na forma da lei; (Inci-
VI – o cumprimento da legislação referente ao atendimento so alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 107 de 20/12/2017)
socioeducativo, garantindo-se o respeito aos direitos humanos e à III - à criação de núcleos de convivência para idosos;
doutrina da proteção integral. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda IV - ao atendimento e orientação jurídica no que se refere a
à Lei Orgânica 77 de 23/04/2014) seus direitos;
§ 2° A proteção à vida é feita mediante a efetivação de política V - à criação de centros destinados ao trabalho e experimen-
social pública, que resguarde o respeito à vida desde a concepção, tação laborai e programas de educação continuada, reciclagem e
bem como ampare o nascimento e desenvolvimento da criança enriquecimento cultural;
em condições dignas de sobrevivência. VI - à preferência no atendimento em órgãos e repartições
§ 3º O Distrito Federal estimula, mediante incentivos fiscais e públicas.
subsídios, nos termos da lei, o acolhimento ou a guarda de crian-
ça ou adolescente órfão ou abandonado. (Parágrafo acrescido(a) CAPÍTULO IX
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 81 de 31/07/2014) DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
Art. 268. As ações de proteção a infância e adolescência serão
organizadas, na forma da lei, com base nas seguintes diretrizes: Art. 273. É dever da família, da sociedade e do Poder Público
I descentralização do atendimento; assegurar a pessoas portadoras de deficiência a plena inserção na
II - valorização dos vínculos familiares e comunitários; vida econômica e social e o total desenvolvimento de suas poten-
III - atendimento prioritário em situações de risco, definidas cialidades.
em lei; Art. 274. O Poder Público garantirá o direito de acesso ade-
IV - participação da sociedade na formulação de políticas e quado a logradouros e edifícios de uso público pelas pessoas por-
programas, bem como no acompanhamento de sua execução, por tadoras de deficiência, na forma da lei, que disporá quanto a nor-
meio de organizações representativas. mas de construção, observada a legislação federai.
Art. 269. O Poder Público apoiará a criação de associações ci- § 1° As empresas de transporte coletivo garantirão a pesso-
vis de defesa dos direitos da criança e adolescente, que busquem as portadoras de deficiência facilidade para a utilização de seus
a garantia de seus direitos, de acordo com o Estatuto da Criança veículos.
e do Adolescente. § 2° O Poder Público reservará, em estacionamentos públicos,
Art. 269-A. O Poder Público manterá o Fundo dos Direitos da vagas para veículos adaptados para portadores de deficiência.
Criança e do Adolescente, com dotação mínima de três décimos Art. 275. O Poder Público disporá sobre linhas de crédito das
por cento da receita tributária líquida. (Artigo acrescido(a) pelo(a) entidades ou instituições financeiras, vinculadas ao Distrito Fe-
Emenda à Lei Orgânica 76 de 23/04/2014) deral, destinadas a pessoas carentes e portadoras de deficiência
Parágrafo único. É vedado o contingenciamento ou o remane- para aquisição de equipamentos de uso pessoal que permitam
jamento dos recursos destinados ao Fundo dos Direitos da Criança correção, diminuição e superação de suas limitações
e do Adolescente do Distrito Federal. (Parágrafo acrescido(a) pe-
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 76 de 23/04/2014) CAPÍTULO X
DA MULHER, DO NEGRO E DAS MINORIAS (ALTERADO(A)
CAPÍTULO VIII PELO(A) EMENDA À LEI ORGÂNICA 16 DE 30/05/1997)
DO IDOSO
Art. 276. É dever do Poder Público estabelecer políticas de
Art. 270. É dever da família, da sociedade e do Poder Público prevenção e combate à violência e à discriminação, particular-
garantir o amparo a pessoas idosas e sua participação na comuni- mente, contra a mulher, o negro e as minorias, por meio dos
dade; defender sua dignidade, bem-estar e o direito à vida, bem seguintes mecanismos: (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
como colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discrimina- Orgânica 16 de 30/05/1997)
ção, exploração, violência, crueldade e opressão. I - criação de delegacias especiais de atendimento à mulher
Parágrafo único. Entende-se por idoso a pessoa com idade vítima de violência e ao negro vítima de discriminação; (Inciso al-
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Parágrafo acrescido(a) pe- terado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 16 de 30/05/1997)
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 42 de 08/07/2005) II - criação e manutenção de abrigos para mulheres vítimas de
Art. 271. O Poder Público incentivará as entidades não gover- violência doméstica;
namentais, sem fins lucrativos, atuantes na política de amparo e III - criação e execução de programas que visem à coibição
bem-estar do idoso, devidamente registradas nos órgãos compe- da violência e da discriminação sexual, racial, social ou econô-
tentes, subvencionando-as com auxílio financeiro e apoio técnico, mica; (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 16 de
na forma da lei. 30/05/1997)
Art. 272. O Poder Público assegurará a integração do idoso IV - vedação da adoção de livro didático que dissemine qual-
na comunidade, defendendo sua dignidade e seu bem-estar, na quer forma de discriminação ou preconceito;
forma da lei, especialmente quanto: V - criação e execução de programas que visem a assistir ges-
tantes carentes, observado o disposto no art. 123, parágrafo úni-
co.

83
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
VI - incentivo e apoio às comemorações das datas importan- X - promover programas que assegurem progressivamente
tes para a cultura negra. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei benefícios de saneamento à população urbana e rural; (Legislação
Orgânica 16 de 30/05/1997) correlata - Lei 1934 de 05/05/1998)
VII – criação do Observatório de Violência Contra a Mulher XI - implantar e operar sistema de monitoramento ambiental;
e Feminicídio, para proceder à concertação entre interlocutores XII - licenciar e fiscalizar o desmatamento ou qualquer outra
institucionais de relevância no tema, elaborar relatório de políti- alteração da cobertura vegetal nativa, primitiva ou regenerada,
cas públicas, formular adequado instrumento para acompanhar bem como a exploração de recursos minerais;
sua execução e instruir, com dados pertinentes, o debate de pla- XIII - promover medidas judiciais e administrativas necessá-
nos distritais a serem adotados pela Câmara Legislativa do Distri- rias para coibir danos ao meio ambiente, responsabilizados os ser-
to Federal. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 121 de vidores públicos pela mora ou falta de iniciativa;
24/08/2021) XIV - colaborar e participar de planos e ações de interesse
Art. 277. As empresas e órgãos públicos situados no Distri- ambiental em âmbito nacional, regional e local;
to Federal que, comprovadamente, discriminarem, a mulher nos XV - condicionar a concessão de benefícios fiscais e creditícios
procedimentos de seleção, contratação, promoção, aperfeiço- a pessoas físicas e jurídicas condenadas por atos cujas obrigações
amento profissional e remuneração, bem como por seu estado ambientais ainda estejam pendentes ao compromisso de quitação
civil, sofrerão sanções administrativas, na forma da lei. dessas obrigações;
Parágrafo único. Aplicam-se as sanções referidas neste artigo XVI - estimular e promover o reflorestamento com espécies
a empresas e órgãos públicos que exijam documento médico para nativas em áreas degradadas, com o objetivo de proteger espe-
controle de gravidez ou fertilidade. cialmente encostas e recursos hídricos, bem como manter índices
mínimos de cobertura vegetal original necessários à proteção da
CAPÍTULO XI fauna nativa;
DO MEIO AMBIENTE XVII - avaliar e incentivar o desenvolvimento, produção e
instalação de equipamentos, bem como a criação, absorção e di-
Art. 278. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamen- fusão de tecnologias compatíveis com a melhoria da qualidade
te equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia ambiental;
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e coletividade XVIII - conceder licenças, autorizações e fixar limitações admi-
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras nistrativas relativas ao meio ambiente;
gerações. XIX - garantir a participação comunitária no planejamento,
Parágrafo único. Entende-se por meio ambiente o conjunto execução e vigilância de atividades que visem à proteção, recupe-
de condições, leis, influências e interações de ordem física, quí- ração ou melhoria da qualidade ambiental;
mica e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as XX - avaliar níveis de saúde ambiental, promovendo pesqui-
suas formas. sas, investigações, estudos e outras medidas necessárias;
Art. 279. O Poder Público, assegurada a participação da coleti- XXI - identificar, criar e administrar unidades de conservação
vidade, zelará pela conservação, proteção e recuperação do meio e demais áreas de interesse ambiental, estabelecendo normas a
ambiente, coordenando e tornando efetivas as ações e recursos serem observadas nestas áreas, incluídos os respectivos planos de
humanos, financeiros, materiais, técnicos e científicos dos órgãos manejo;
da administração direta e indireta, e deverá: (Legislação correlata XXII - promover a educação ambiental, objetivando a cons-
- Lei 6269 de 29/01/2019) cientização pública para a preservação, conservação e recupera-
I - planejar e desenvolver ações para a conservação, preserva- ção do meio ambiente;
ção, proteção, recuperação e fiscalização do meio ambiente; XXIII - controlar e fiscalizar obras, atividades, processos pro-
II - promover o diagnóstico e zoneamento ambiental do ter- dutivos e empreendimentos que, direta ou indiretamente, pos-
ritório, definindo suas limitações e condicionantes ecológicas e sam causar degradação ao meio ambiente, bem como adotar me-
ambientais para ocupação e uso dos espaços territoriais; didas preventivas ou corretivas e aplicar sanções administrativas
III - elaborar e implementar o plano de proteção ao meio am- pertinentes.
biente, definindo áreas prioritárias de ação governamental; Art. 280 As terras públicas, consideradas de interesse para a
IV - estabelecer normas relativas ao uso e manejo de recursos proteção ambiental, não poderão ser transferidas a particulares,
ambientais; a qualquer título.
V - estabelecer normas e padrões de qualidade ambiental Art. 281. O Poder Público poderá estabelecer restrições admi-
para aferição e monitoramento dos níveis de poluição do solo, nistrativas de uso de áreas privadas para fins de proteção a ecos-
subsolo, do ar, das águas e acústica, entre outras; sistemas.
VI - exercer o controle e o combate da poluição ambiental; Art. 282. Cabe ao Poder Público estabelecer diretrizes especí-
VII - estabelecer diretrizes específicas para proteção de recur- ficas para proteção de mananciais hídricos, por meio de planos de
sos minerais, no território do Distrito Federal; gerenciamento, uso e ocupação de áreas de drenagem de bacias
VIII - estabelecer padrões de qualidade ambiental a ser obe- e sub-bacias hidrográficas, que deverão dar prioridade à solução
decidos em planos e projetos de ação, no meio ambiente natural de maior alcance ambiental, social e sanitário, além de respeitar a
e construído; participação dos usuários.
IX - implantar sistema de informações ambientais, comuni- Parágrafo único. Cabe ao órgão ambiental do Distrito Federal
cando sistematicamente à população dados relativos a qualidade a gestão do sistema de gerenciamento de recursos hídricos.
ambiental, tais como níveis de poluição, causas de degradação Art. 283. O órgão ambiental do Distrito Federal deverá divul-
ambiental, situações de risco de acidentes e presença de substân- gar, a cada semestre, relatório de qualidade da água distribuída à
cias efetiva ou potencialmente danosas à saúde; (Inciso regula- população.
mentado(a) pelo(a) Lei 6269 de 29/01/2019) Art. 284. Os recursos hídricos do Distrito Federal constituem
patrimônio público.

84
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1° - É dever do Governo do Distrito Federal, do cidadão e da § 5° Poderá ser exigido estudo de impacto ambiental e res-
sociedade zelar pelo regime jurídico das águas, devendo o Poder pectivo relatório em empreendimento ou atividades já instaladas,
Público disciplinar: a qualquer tempo, na hipótese de realização de auditoria ambien-
I - o uso racional dos recursos hídricos para toda a coletivi- tal.
dade; § 6º Na aprovação de projetos de parcelamento do solo para
II - a proteção das águas contra ações ou eventos que com- fins urbanos com área igual ou inferior a sessenta hectares, ou
prometam a utilização atual e futura, bem como a integridade e com área igual ou inferior a cem hectares no caso de projetos ur-
renovação física, química e biológica do ciclo hidrológico; banísticos de habitação de interesse social com pequeno potencial
III - seu controle, de modo a evitar ou minimizar os impactos de impacto ambiental, e de parcelamento do solo com finalidade
danosos causados por eventos meteorológicos; rural com área igual ou inferior a duzentos hectares cuja fração
IV - a utilização das águas para abastecimento público, pisci- mínima corresponda à definida nos planos diretores, o órgão am-
cultura, pesca e turismo; biental pode substituir a exigência de apresentação de estudo de
V - a exploração racional dos depósitos naturais de água, impacto ambiental e do respectivo relatório prevista no § 1º pela
águas subterrâneas e afluentes. avaliação de impacto ambiental definida em lei específica ou pelo
§ 2° Compete ao Distrito Federal para assegurar o disposto licenciamento ambiental simplificado, referentes, entre outros fa-
neste artigo: tores, às restrições ambientais, à capacidade de abastecimento de
I - instituir normas de gerência e monitoramento dos recursos água, às alternativas de esgotamento sanitário e de destinação
hídricos no seu território; final de águas pluviais, mantida a obrigatoriedade da realização
II - adotar a bacia hidrográfica como base unitária de geren- de audiência pública. (alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
ciamento, considerado o ciclo hidrológico em todas as suas fases; 71 de 19/12/2013)
III - cadastrar, registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões § 7º Para fins de licenciamento ambiental de projetos de par-
de atividades de pesquisa ou exploração de recursos hídricos con- celamento do solo em imóveis rurais de propriedade da Admi-
cedidas ou efetuadas pela União. nistração Pública direta ou indireta, com objetivo de regularizar
§ 3° A exploração de recursos hídricos no Distrito Federal não a situação fundiária de ocupações consolidadas em consonância
poderá comprometer a preservação do patrimônio natural e cul- com as defi nições do Plano Diretor de Ordenamento territorial –
tural do seu território. PDOt, o órgão ambiental substituirá a exigência de apresentação
Art. 285. Incumbe ao Poder Público estabelecer normas, pa- do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambien-
drões e parâmetros para prevenir, combater e controlar a polui- tal prevista no § 1º pelo Relatório de Controle Ambiental – RCA e
ção e a erosão do solo em quaisquer de suas formas, bem como pelo Plano de Controle Ambiental – PCA. (Parágrafo acrescido(a)
fixar as medidas necessárias a seu manejo ecológico, respeitada pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 75 de 23/04/2014)
sua vocação quanto à capacidade de uso. (Legislação correlata - § 8º Para fins de licenciamento ambiental de projetos de
Lei 1934 de 05/05/1998) assentamento de reforma agrária de propriedade da adminis-
Art. 286. O Distrito Federal, de comum acordo com a União, tração pública direta ou indireta com área igual ou inferior a 600
zelará pelos recursos minerais de seu território, fiscalizando a ex- hectares, cuja fração mínima corresponda à definida nos planos
ploração de jazidas e estimulando estudos e pesquisas de solos, diretores, e com objetivo de regularizar a situação fundiária de
geológicas e de tecnologia mineral. ocupações em consonância com as definições do Plano Diretor de
Art. 287. O Poder Público manterá permanente fiscalização e Ordenamento Territorial – PDOT, o órgão ambiental substituirá a
controle da emissão de gases e partículas poluidoras produzidas exigência de apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e Re-
pelas fontes estacionárias e não estacionárias, obrigatório nessas latório de Impacto Ambiental pelo Relatório de Controle Ambien-
atividades o uso de equipamentos antipoluentes. tal – RCA e pelo Plano de Controle Ambiental – PCA ou Termo de
Art. 288. O Poder Público estimulará a eficiência energética e Compromisso Ambiental definido em resolução do Conselho de
a conservação de energia, incluída a utilização de fontes alterna- Meio Ambiente do Distrito Federal. (Acrescido(a) pelo(a) Emenda
tivas não poluidoras. à Lei Orgânica 127 de 11/05/2022)
Art. 289. Cabe ao Poder Público, na forma da lei, exigir a Art. 290. O Poder Público estabelecerá, na forma da lei com-
realização de estudo prévio de impacto ambiental para constru- plementar, tributação das atividades que utilizem recursos am-
ção, instalação, reforma, recuperação, ampliação e operação de bientais e impliquem significativa degradação ambiental.
empreendimentos ou atividades potencialmente causadoras de Art. 291. Os projetos com significativo potencial poluidor,
significativa degradação ao meio ambiente, ao qual se dará publi- após a realização do estudo de impacto ambiental e da audiência
cidade, ficando à disposição do público por no mínimo trinta dias pública, serão submetidos a apreciação do Conselho de Meio Am-
antes da audiência pública obrigatória. biente do Distrito Federal.
§ 1° Os projetos de parcelamento do solo no Distrito Federal Art. 292. As pessoas físicas e jurídicas, públicas ou privadas,
terão sua aprovação condicionada a apresentação de estudo de que exerçam atividades consideradas efetiva ou potencialmente
impacto ambiental e respectivo relatório, para fins de licencia- poluidoras, temporárias ou permanentes, são responsáveis, dire-
mento. ta ou indiretamente, pela coleta, acondicionamento, tratamento,
§ 2° Quando da aprovação pelo Poder Público de projeto de esgotamento e destinação final dos resíduos produzidos.
parcelamento do solo, o respectivo licenciamento constará do ato Parágrafo único. O Poder Público promoverá o controle e
administrativo de aprovação, com as limitações administrativas, avaliação de irregularidades que agridam ao meio ambiente e, na
caso existam. forma da lei, exigirá adoção das medidas corretivas necessárias e
§ 3° O estudo prévio de impacto ambiental será realizado por aplicará as penalidades cabíveis aos responsáveis.
equipe multidisciplinar, cujos membros deverão ser cadastrados Art. 293. O processamento, controle, e destinação de resídu-
no órgão ambiental do Distrito Federal. os rurais e urbanos obedecerão a normas previstas na legislação
§ 4° A execução das atividades referidas no caput dependerá local de proteção ambiental, sem prejuízo dos demais dispositivos
de prévio licenciamento pelo órgão ambiental, sem prejuízo de legais incidentes.
outras licenças exigidas por lei.

85
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1° O Poder Público implementará política setorial com vis- III - áreas que abriguem exemplares da fauna e flora amea-
tas à coleta seletiva, transporte, tratamento e disposição final de çados de extinção, vulneráveis, raros ou menos conhecidos, bem
resíduos urbanos, com ênfase nos processos que envolvam sua como aquelas que sirvam como local de pouso, alimentação ou
reciclagem. reprodução;
§ 2° É vedado, no território do Distrito Federal, lançar esgotos IV - áreas de interesse arqueológico, histórico, científico, pai-
hospitalares, industriais, residenciais e de outras fontes, direta- sagístico e cultural;
mente em cursos ou corpos d’agua, sem prévio tratamento. V - aquelas assim declaradas em lei.
§ 3° Cabe ao Poder Público regulamentar a permissão para Art. 302. São espaços territoriais especialmente protegidos,
uso dos recursos naturais como via de esgotamento dos dejetos cuja utilização dependerá de prévia autorização dos órgãos com-
citados no § 2°, após conveniente tratamento, controle e avalia- petentes, de modo a preservar seus atributos essenciais:
ção dos teores poluentes. I - as coberturas florestais nativas;
Art. 294. É vedada a implantação de aterros sanitários próxi- II - as unidades de conservação já existentes;
mos a rios, lagos, lagoas e demais fontes de recursos hídricos, res- III - aquelas assim declaradas em lei.
peitado o afastamento mínimo definido, em cada caso específico, Art. 303. O Poder Público criará sistema permanente de pro-
pelo órgão ambiental do Distrito Federal. teção, na forma da lei, que desenvolva ações permanentes de pro-
Art. 295. As unidades de conservação, os parques, as pra- teção, recuperação e fiscalização do meio ambiente, primordial-
ças, o conjunto urbanístico de Brasília, objeto de tombamento e mente para preservar a diversidade e integridade do patrimônio
Patrimônio Cultural da Humanidade, bem como os demais bens genético contido em seu território, incluídas a manutenção e am-
imóveis de valor cultural, são espaços territoriais especialmente pliação de bancos de germoplasma e a fiscalização das entidades
protegidos e sua utilização far-se-á na forma da lei. dedicadas a pesquisa e a manipulação de material genético.
§ 1° Cabe ao Poder Público estabelecer e implantar controle Parágrafo único. É garantida a participação do Sistema Único
da poluição visual no Distrito Federal, de modo a assegurar a pre- de Saúde nas ações de preservação do meio ambiente, nos ter-
servação da estética dos ambientes. mos do art. 207, X.
§ 2° Na criação pelo Poder Público de unidades de conser- Art. 304. Compete ao Poder Público promover a conscientiza-
vação, serão alocados recursos financeiros, estabelecidos prazos ção da sociedade para a preservação do meio ambiente, conser-
para regularização fundiária, demarcação, zoneamento e implan- vação de energia e sadia qualidade de vida. (Legislação correlata
tação da estrutura de fiscalização. - Lei 1934 de 05/05/1998)
§ 3° Nas unidades de conservação do Distrito Federal, criadas Parágrafo único. O bioma cerrado, sua flora e fauna, bem
com a finalidade de preservar a integridade de exemplares dos como as relações ecológicas existentes e formas de conservação,
ecossistemas que possuam características naturais peculiares ou preservação, manejo, ocupação e exploração, deverão receber
abriguem exemplares raros da biota regional, é vedada qualquer atenção especial do Poder Público.
atividade ou empreendimento público ou privado que degrade ou Art. 305. O Distrito Federal deverá manter mapa atualizado
altere as características naturais. que indique as unidades de conservação e demais áreas de prote-
Art. 296. Cabe ao Poder Público proteger e preservar a flora ção ambiental de seu território.
e a fauna, as espécies ameaçadas de extinção, as vulneráveis e ra- Art. 306. Cabe ao Poder Público garantir à população o acesso
ras, vedadas as práticas cruéis contra animais, a pesca predatória, sistemático a informações referentes a níveis de poluição e causas
a caça, sob qualquer pretexto, em todo o Distrito Federal. da degradação ambiental de qualquer natureza e origem.
Art. 297. Os proprietários ou concessionários rurais ficam Art. 307. Compete ao Poder Público instituir órgãos próprios
obrigados, na forma da Lei, a conservar o ambiente de suas pro- para estudar, planejar e controlar a utilização racional do meio
priedades ou lotes rurais, ou a recuperá-lo, preferencialmente ambiente, bem como daquelas tecnologias menos agressivas ao
com espécies nativas. meio ambiente, contempladas também as práticas populares e
Art. 298. As coberturas vegetais nativas existentes no Distri- empíricas, utilizadas secularmente.
to Federal não poderão ter suas áreas reduzidas, salvo nos casos Parágrafo único. Com a finalidade de assegurar a prática e o
previstos em lei. (Artigo regulamentado(a) pelo(a) Lei 2192 de efetivo controle das ações que objetivem a proteção do meio am-
30/12/1998) biente, o Distrito Federal deverá manter:
Art. 299. O Distrito Federal adotará políticas de estímulo ao I - subprocuradoria especializada em tutela ambiental, defesa
reflorestamento ecológico em áreas degradadas, a fim de prote- de interesses difusos e do patrimônio histórico, cultural, paisagís-
ger encostas e recursos hídricos e de manter os índices mínimos tico, arquitetônico e urbanístico, integrante da Procuradoria-Geral
de cobertura vegetal. do Distrito Federal;
§ 1° Será estimulado o reflorestamento econômico integrado, II - delegacias policiais especializadas e unidades de policia-
com essências diversificadas, em áreas ecologicamente adequa- mento ambiental integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal,
das. incumbidas da prevenção, da repressão e da apuração dos ilícitos
§ 2° O Poder Público promoverá e estimulará ampla e perma- ambientais, sem prejuízo das ações dos demais órgãos de fiscali-
nente arborização de logradouros públicos. zação especializados. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Or-
Art. 300. A prática do carvoejamento visando à produção de gânica 104 de 11/12/2017)
carvão vegetal para fins industriais é proibida no território do Dis- Art. 308. O Poder Público regulamentará, controlará e fisca-
trito Federal. lizará a produção, estocagem, manejo, transporte, comercializa-
Art. 301. São áreas de preservação permanente: ção, consumo, uso, disposição final, pesquisa e experimentação
I - lagos e lagoas; de substâncias nocivas à saúde, à qualidade de vida e ao meio
II - nascentes, remanescentes de matas ciliares ou de galerias, ambiente. (Legislação correlata - Lei 1934 de 05/05/1998)
mananciais de bacias hidrográficas e faixas marginais de proteção Parágrafo único. São vedadas no território do Distrito Federal,
de águas superficiais, conforme definidas pelo órgão ambiental do observada a legislação federal:
Distrito Federal; I - a instalação de indústrias químicas de agrotóxicos, seus
componentes e afins:

86
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II - a fabricação, comercialização e utilização de substâncias dos sistemas de abastecimento de água, energia elétrica, esgotos
que emanem o composto cloro-flúor-carbono (CFC); sanitários, controle de poluição, proteção a recursos hídricos e
III - a fabricação, comercialização e utilização de equipamen- criação ou expansão de loteamentos urbanos.
tos e instalações nucleares, à exceção dos destinados a pesquisa
científica e a uso terapêutico, que dependerão de licenciamento CAPÍTULO II
ambiental; DA POLÍTICA URBANA
IV - a instalação de depósitos de resíduos tóxicos ou radioati-
vos de outros Estados e países. Art. 314. A política de desenvolvimento urbano do Distrito
Art. 309. Ao Poder Público incumbe, na forma da lei, implan- Federal, em conformidade com as diretrizes gerais fixadas em lei,
tar unidades técnicas preventivas, curativas e emergenciais, para tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
atendimento a pessoas e instalações afetadas por emanações tó- sociais da cidade, garantido o bem-estar de seus habitantes, e
xicas ou quaisquer outras causas nocivas à população e ao meio compreende o conjunto de medidas que promovam a melhoria da
ambiente. qualidade de vida, ocupação ordenada do território, uso dos bens
Art. 310. O Poder Público disporá de laboratórios para análi- e distribuição adequada de serviços e equipamentos públicos por
ses físico-químico-biológicas, bem como incentivará e facilitará a parte da população.
participação da sociedade civil na apresentação de amostras de Parágrafo único. São princípios norteadores da política de de-
substâncias suspeitas de potencial poluidor, cuja análise terá re- senvolvimento urbano:
sultados públicos. I - o uso socialmente justo e ecologicamente equilibrado de
Art. 311. As normas de preservação ambiental quanto à polui- seu território;
ção sonora, fixando níveis máximos de emissão de sons e ruídos, II - o acesso de todos a condições adequadas de moradia,
de acorde com o locai e a duração da fonte, serão estabelecidas na saneamento básico, transporte, saúde, segurança pública, educa-
forma da lei, observada a legislação federal pertinente. ção, cultura e lazer;
III - a justa distribuição dos benefícios e ónus decorrentes do
TÍTULO VII processo de urbanização;
DA POLÍTICA URBANA E RURAL IV - a manutenção, segurança e preservação do patrimônio
paisagístico, histórico, urbanístico, arquitetônico, artístico e cul-
CAPÍTULO I tural, considerada a condição de Brasília como Capital Federal e
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Patrimônio Cultural da Humanidade;
V - a prevalência do interesse coletivo sobre o individual e do
Art. 312. A política de desenvolvimento urbano e rural do Dis- interesse público sobre o privado;
trito Federal, observados os princípios da Constituição Federal e VI - o incentivo ao cooperativismo e ao associativismo, com
as peculiaridades locais e regionais, tem por objetivo assegurar apoio a suas iniciativas, na forma da lei;
que a propriedade cumpra sua função social e possibilitar a me- VII - o planejamento para a correia expansão das áreas urba-
lhoria da qualidade de vida da população, mediante: nas, quer pela formação de novos núcleos, quer pelo adensamen-
I - adequada distribuição espacial das atividades sócio-eco- to dos já existentes;
nômicas e dos equipamentos urbanos e comunitários, de forma VIII - a adoção de padrões de equipamentos urbanos, comu-
compatível com a preservação ambiental e cultural; nitários e de estruturas viárias compatíveis com as condições só-
II - integração das atividades urbanas e rurais no território do cio-econômicas do Distrito Federal;
Distrito Federal, bem como deste com a região geoeconômica e, IX - a adequação do direito de construir aos interesses sociais
em especial, com a região do entorno; e públicos, bem como às normas urbanísticas e ambientais pre-
III - estabelecimento de créditos e incentivos fiscais a ativida- vistas em lei;
des econômicas; X - o combate a todas as formas de poluição;
IV - participação da sociedade civil no processo de planeja- XI - o controle do uso e da ocupação do solo urbano, de modo
mento e controle do uso, ocupação e parcelamento do solo ur- a evitar:
bano e rural; a) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
V - valorização, defesa, recuperação e proteção do meio am- b) o parcelamento do solo e a edificação vertical e horizontal
biente natural e construído; excessivos com relação aos equipamentos urbanos e comunitá-
VI - proteção dos bens de valor histórico, artístico e cultural, rios existentes;
dos monumentos, das paisagens naturais notáveis e, em especial, c) a não edificação, subutilização ou não utilização do solo ur-
do conjunto urbanístico de Brasília; bano edificável.
VII - uso racional dos recursos hídricos para qualquer finali- Art. 315. A propriedade urbana cumpre sua função social
dade. quando atende a exigências fundamentais de ordenação do ter-
Parágrafo único. As entidades filantrópicas que desenvolvem ritório, expressas no plano diretor de ordenamento territorial,
atividades de atendimento a menor carente, idoso ou portador planos diretores locais, legislação urbanística e ambiental, espe-
de deficiência, declaradas de utilidade pública, terão atendimento cialmente quanto:
prioritário na obtenção de terrenos para sua instalação em áreas I - ao acesso à moradia;
reservadas a entidades assistenciais. II - à contraprestação ao Poder Público pela valorização imo-
Art. 313. É dever do Governo do Distrito Federal, nos termos biliária decorrente de sua ação;
de sua competência e em caso de utilidade pública e interesse III - à proteção ao patrimônio histórico, artístico, paisagístico,
social, efetuar desapropriações de bens destinados a uso comum cultural e ao meio ambiente.
ou especial, em áreas urbanas e rurais, assegurado o direito de
indenização por benfeitorias e cessões dos titulares de arrenda-
mento ou concessão de uso, quando for necessário à execução

87
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SEÇÃO I VII - caracterização da zona que envolve o conjunto urbano
DOS PLANOS DIRETORES DE ORDENAMENTO TERRITORIAL tombado em limite compatível com a visibilidade e a ambiência
E LOCAIS DO DISTRITO FEDERAL do bem protegido; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
nica 49 de 28/09/2007)
Art. 316. O Distrito Federal terá, como instrumento básico das VIII - sistema de gerenciamento, controle, acompanhamento
políticas de ordenamento territorial e de expansão e desenvolvi- e avaliação do plano. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Or-
mento urbanos, o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do gânica 49 de 28/09/2007)
Distrito Federal e, como instrumentos complementares, a Lei de § 3º O Plano Diretor de Ordenamento Territorial deverá con-
Uso e Ocupação do Solo e os Planos de Desenvolvimento Local. siderar as restrições estabelecidas para as Unidades de Conserva-
(Legislação correlata - Decreto 32619 de 17/12/2010) ção instituídas no território do Distrito Federal. (Parágrafo acresci-
§ 1º No sítio urbano tombado e inscrito como Patrimônio do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
Cultural da Humanidade, o Plano de Desenvolvimento Local será § 4º O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito
representado pelo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico Federal obedecerá às demais diretrizes e recomendações da Lei
de Brasília. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica Federal para a Política Urbana Nacional. (Parágrafo acrescido(a)
49 de 28/09/2007) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
§ 2º O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito § 5º O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito
Federal, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Plano de Preserva- Federal terá vigência de 10 (dez) anos, passível de revisão a cada
ção do Conjunto Urbanístico de Brasília e os Planos de Desenvol- 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. 320 desta Lei Orgâ-
vimento Local serão aprovados por lei complementar. (Parágrafo nica. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) 28/09/2007)
Art. 317. O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Dis- Art. 318. Os Planos de Desenvolvimento Local e a Lei de Uso
trito Federal abrangerá todo o espaço físico do território e estabe- e Ocupação do Solo, complementares ao Plano Diretor de Orde-
lecerá o macrozoneamento com critérios e diretrizes gerais para namento Territorial do Distrito Federal, são parte integrante do
uso e ocupação do solo, definirá estratégias de intervenção sobre processo contínuo de planejamento urbano. (Artigo alterado(a)
o território, apontando os programas e projetos prioritários, bem pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
como a utilização dos instrumentos de ordenamento territorial e § 1º A Lei de Uso e Ocupação do Solo estabelecerá normas
de desenvolvimento urbano. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à urbanísticas destinadas a regular as categorias de usos, por tipo
Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) e porte, e definirá as zonas e setores segundo as indicações de
§ 1º O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito usos predominantes, usos conformes e não-conformes. (Parágra-
Federal tem como princípio assegurar a função social da proprie- fo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
dade, mediante o atendimento das necessidades dos cidadãos § 2º A Lei de Uso e Ocupação do Solo estabelecerá, ainda,
quanto à qualidade de vida, à preservação do meio ambiente, o conjunto de índices para o controle urbanístico a que estarão
à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômi- sujeitas as edificações, para as categorias de atividades permitidas
cas. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de em cada zona. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgâ-
28/09/2007) nica 49 de 28/09/2007)
§ 2º O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito § 3º A Lei de Uso e Ocupação do Solo deverá ser encaminhada
Federal deverá conter, no mínimo: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) à Câmara Legislativa do Distrito Federal pelo Poder Executivo, no
Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) prazo máximo de 2 (dois) anos, a partir da vigência do Plano Di-
I - densidades demográficas para a macrozona urbana; (Inciso retor de Ordenamento Territorial. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
II - delimitação das zonas especiais de interesse social; (Inciso Art. 319. Os Planos de Desenvolvimento Local tratarão das
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) questões específicas das Regiões Administrativas e das ações
III - delimitação das áreas urbanas onde poderão ser aplica- que promovam o desenvolvimento sustentável de cada localida-
dos parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; (Inciso de, integrando áreas rurais e urbanas, assim como detalharão a
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) aplicação dos instrumentos de política urbana previstos no Plano
IV - delimitação das Unidades de Planejamento Territo- Diretor de Ordenamento Territorial. (Artigo alterado(a) pelo(a)
rial; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
28/09/2007) § 1º Os Planos de Desenvolvimento Local serão elaborados
V - limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de por Unidades de Planejamento Territorial, a partir do agrupa-
aproveitamento da macrozona urbana; (Inciso acrescido(a) pe- mento das Regiões Administrativas definidas no Plano Diretor de
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) Ordenamento Territorial, em função da forma e da natureza das
VI - definição de áreas nas quais poderão ser aplicados os se- relações sociais e suas interações espaciais, além de fatores so-
guintes instrumentos: (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei cioeconômicos, urbanísticos e ambientais. (Parágrafo alterado(a)
Orgânica 49 de 28/09/2007) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
a) direito de preempção; (Alínea acrescido(a) pelo(a) Emenda § 2º Os Planos de Desenvolvimento Local serão elaborados e
à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) encaminhados à Câmara Legislativa do Distrito Federal pelo Poder
b) outorga onerosa do direito de construir; (Alínea acresci- Executivo, no prazo máximo de 3 (três) anos, a partir da data de
do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) vigência do Plano Diretor de Ordenamento Territorial. (Parágrafo
c) outorga onerosa da alteração de uso; (Alínea acrescido(a) acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) § 3º Os Planos de Desenvolvimento Local terão como conteú-
d) operações urbanas consorciadas; (Alínea acrescido(a) pe- do mínimo: (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica
lo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) 49 de 28/09/2007)
e) transferência do direito de construir; (Alínea acrescido(a) I - projetos especiais de intervenção urbana; (Inciso acresci-
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)

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CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II - indicação de prioridades e metas das ações a serem exe- SEÇÃO III
cutadas; (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de DOS INSTRUMENTOS DAS POLÍTICAS DE ORDENAMENTO
28/09/2007) TERRITORIAL E DE DESENVOLVIMENTO URBANO
III - previsões orçamentárias relativas aos serviços e às obras
a serem realizados. (Inciso acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Or- Art. 325. Na execução da política de ordenamento territorial,
gânica 49 de 28/09/2007) expansão e desenvolvimento urbanos será utilizado o instrumen-
§ 4° Os Planos de Desenvolvimento Local serão elaborados to básico definido no art. 163 desta Lei Orgânica. (Artigo altera-
pelo Poder Executivo, para o período de 5 (cinco) anos, passíveis do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
de revisão a cada ano, por iniciativa do Poder Executivo ou por ini- Parágrafo único. Serão utilizados, ainda, quando couber, os
ciativa popular, mediante lei complementar específica, desde que instrumentos definidos na legislação do Distrito Federal e na regu-
comprovado o interesse público. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) lamentação dos arts. 182 e 183 da Constituição Federal. (Parágra-
Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) fo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
§ 5° O prazo de vigência do Plano de Desenvolvimento Local
poderá ser prorrogado, mediante lei complementar específica de SEÇÃO IV
iniciativa do Poder Executivo, por até cinco anos, dentro da vigên- SISTEMA DE PLANEJAMENTO TERRITORIAL E URBANO DO
cia do Plano Diretor de Ordenamento Territorial. (Parágrafo acres- DISTRITO FEDERAL
cido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
Art. 320. Só serão admitidas modificações no Plano Diretor Art. 326. O sistema de planejamento territorial e urbano do
de Ordenamento Territorial, em prazo diferente do estabelecido Distrito Federal, estruturado em órgão superior, central, executi-
no art. 317, § 5°, para adequação ao zoneamento ecológico-eco- vo, setoriais e locais, tem por finalidade a promoção do desenvol-
nômico, por motivos excepcionais e por interesse público com- vimento do território, mediante:
provado. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de I - articulação e compatibilização de políticas setoriais com
28/09/2007) vistas à ordenação do território, planejamento urbano, melhoria
Art. 321. É atribuição do Poder Executivo conduzir, no âmbito da qualidade de vida da população e equilíbrio ecológico do Dis-
do processo de planejamento do Distrito Federal, as bases de dis- trito Federal;
cussão e elaboração do Plano Diretor de Ordenamento Territorial II - promoção das medidas necessárias à cooperação e articu-
do Distrito Federal, da Lei de Uso e Ocupação do Solo e dos Planos lação da ação pública e privada no território do Distrito Federal e
de Desenvolvimento Local, bem como sua implementação. (Arti- região do entorno;
go alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) III - distribuição espacial adequada da população e atividades
Parágrafo único. É garantida a participação popular nas fases produtivas;
de elaboração, aprovação, implementação, avaliação e revisão do IV – elaboração, acompanhamento permanente e fiscalização
Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, da da execução do Plano Diretor de Ordenamento Territorial, dos
Lei de Uso e Ocupação do Solo e dos Planos de Desenvolvimento Planos de Desenvolvimento Local e do Plano de Preservação do
Local. (Parágrafo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de Conjunto Urbanístico de Brasília. (Inciso alterado(a) pelo(a) Emen-
28/09/2007) da à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
Art. 322. Do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentá-
rias e do orçamento anual deverão constar as propostas integran- CAPÍTULO III
tes do Plano Diretor de Ordenamento Territorial e dos Planos de DA HABITAÇÃO
Desenvolvimento Local. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei
Orgânica 49 de 28/09/2007) Art. 327. A política habitacional do Distrito Federal será diri-
Art. 323. O Poder Público do Distrito Federal, em relação a gida ao meio urbano e rural, em integração com a União, com vis-
áreas não edificadas, subutilizadas ou não utilizadas, aplicará o tas à solução da carência habitacional, para todos os segmentos
disposto no art. 182, § 4° da Constituição Federal, a fim de impedir sociais, com prioridade para a população de média e baixa renda.
distorções e especulação da terra como reserva de valor. Art. 328. A ação do Governo do Distrito Federal na política ha-
bitacional será orientada em consonância com os planos diretores
SEÇÃO II de ordenamento territorial e locais, especialmente quanto:
DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO TERRITORIAL E URBANA DO I - à oferta de lotes com infra-estrutura básica;
DISTRITO FEDERAL II - ao incentivo para o desenvolvimento de tecnologias de
construção de baixo custo, adequadas às condições urbana e ru-
Art. 324. O sistema de informação territorial e urbana do Dis- ral;
trito Federal englobará informações sobre: III - à implementação de sistema de planejamento para acom-
I - aspectos regionais e microrregionais, físico-naturais, sócio- panhamento e avaliação de programas habitacionais;
-econômicos e institucionais; IV - ao atendimento prioritário às comunidades localizadas
II - uso e ocupação do solo; em áreas de maior concentração da população de baixa renda,
III - habitação, indústria, comércio, agricultura, equipamen- garantido o financiamento para habitação;
tos urbanos e comunitários, sistema viário e demais setores da V - ao estímulo e incentivo à formação de cooperativas de
economia; habitação popular;
IV - qualidade ambiental e saúde pública. VI - à construção de residências e à execução de programas
Parágrafo único. Fica assegurado ao cidadão o acesso a in- de assentamento em áreas com oferta de emprego, bem como ao
formações constantes do sistema de informações territoriais e estímulo da oferta a programas já implantados;
urbanas do Distrito Federal, obrigatória a divulgação pelo Poder VII - ao aumento da oferta de áreas destinadas à construção
Executivo daquelas de relevante interesse para a coletividade. habitacional.

89
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Parágrafo único. As cooperativas habitacionais de trabalhado- CAPÍTULO V
res terão prioridade na aquisição de áreas públicas urbanas desti- DO TRANSPORTE
nadas a habitação, na forma da lei.
Art. 329. Lei disporá sobre contratos de transferência de Art. 335. O Sistema de Transporte do Distrito Federal subordi-
posse e domínio para os imóveis urbanos em programas habita- na-se aos princípios de preservação da vida, segurança, conforto
cionais promovidos pelo Poder Público, observadas as seguintes das pessoas, defesa do meio ambiente e do patrimônio arquitetô-
condições: nico e paisagístico.
I - o título de transferência de posse e de domínio, conforme § 1° O transporte público coletivo, que tem caráter essencial,
o caso, será conferido a homem ou mulher, independentemente nos termos da Constituição Federal, é direito da pessoa e necessi-
do estado civil; dade vital do trabalhador e de sua família.
II - será vedada a transferência de posse àquele que, já benefi- § 2° O Poder Público estimulará uso de veículos não poluen-
ciado, a tenha transferido para outrem, sem autorização do Poder tes e que viabilizem a economia energética, mediante campanhas
Público, ou que seja proprietário de imóvel urbano; educativas e construção de ciclovias em todo o seu território.
III (Inciso declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 58419 de § 3º A lei estabelecerá restrições quanto a distribuição, co-
10/08/2004) mercialização e consumo de bebidas, com qualquer teor alcoó-
Art. 330. O plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias lico, em estabelecimentos comerciais localizados em terminais
e orçamento anual garantirão o atendimento às necessidades so- rodoviários e às margens de rodovias sob jurisdição do Distrito
ciais por ocasião da distribuição dos recursos para aplicação em Federal.
projetos de habitação urbana e rural pelos agentes financeiros Art. 336. Compete ao Distrito Federal planejar, organizar e
oficiais de fomento. prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
Art. 331. É vedada a implantação de assentamento popula- sempre mediante licitação, os serviços de transporte coletivo, ob-
cional sem que sejam observados os pressupostos obrigatórios de servada a legislação federal, cabendo à lei dispor sobre:
infra-estrutura e saneamento básico, bem como o disposto no art. I - o regime das empresas e prestadores autónomos conces-
289. sionários e permissionários de serviços de transporte coletivo, ob-
servada a legislação federal;
CAPÍTULO IV II - os direitos dos usuários;
DO SANEAMENTO III - a política tarifária, com a garantia de que o custo do ser-
viço de transportes públicos coletivos deverá ser assumido por
Art. 332. O Distrito Federal instituirá, mediante lei, plano de todos que usufruem do benefício, mesmo que de forma indireta,
saneamento, constando ações articuladas com a União, Estados e como o comércio, a indústria e o Poder Público;
Municípios, com o objetivo de melhorar as condições de vida da IV - a obrigação de manter serviço adequado.
população urbana e rural, em consonância com o plano diretor de § 1° É dever do Poder Público instalar sinais sonoros em vias
ordenamento territorial. de acesso a estabelecimentos públicos ou privados que atendam
Art. 333. O plano de saneamento obedecerá às seguintes di- a portadores de deficiência visual.
retrizes básicas: § 2° A lei disporá sobre isenção ou redução de pagamento
I - garantia de níveis crescentes de salubridade ambiental por de tarifa do serviço de transportes públicos coletivos para estu-
meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sa- dantes do ensino superior, médio e fundamental da área rural e
nitária de resíduos líquidos, sólidos e gasosos; promoção da dis- urbana do Distrito Federal, inclusive a alunos de cursos técnicos e
ciplina sanitária do uso e ocupação do solo, drenagem urbana e profissionalizantes com carga horária igual ou superior a duzentas
controle de vetores de doenças transmissíveis; horas-aula, reconhecidos pela Fundação Educacional do Distrito
II - a implantação de sistema de gerenciamento de recursos Federal ou pelo Ministério da Educação e Cultura, e a aluno de
hídricos com a participação da sociedade civil; faculdades teológicas ou instituições equivalentes. (Parágrafo al-
III - proteção de bacias e microbacias utilizadas para abasteci- terado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 5 de 31/05/1996)
mento de água à população; Art. 337. Compete ao Poder Público planejar, construir, ope-
IV - implantação de sistemas para garantir a saúde pública rar e conservar em condições adequadas de uso e segurança o
quando de acidentes climatológicos e epidemiológicos; sistema viário público do Distrito Federal.
V - incentivo às organizações públicas e privadas dedicadas Art. 338. O sistema de transporte do Distrito Federal compre-
ao desenvolvimento científico, tecnológico e gerencial na área do ende:
saneamento; I - transporte público de passageiros e de cargas;
VI - articulação entre instituições, na área de saneamento, em II - vias de circulação de bens e pessoas e sua sinalização;
integração com as demais ações de saúde pública, meio ambien- III - estrutura operacional;
te, recursos hídricos e desenvolvimento urbano e rural; IV - transporte coletivo complementar
VII - implementação de programa sobre materiais recicláveis Parágrafo Único. O sistema de transporte do Distrito Federal
e biodegradáveis, para viabilizar a coleta seletiva de lixo urbano. deverá ser planejado, estruturado e operado em conformidade
Art. 334. O plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias com os planos diretores de ordenamento territorial e locais.
e o orçamento anual garantirão o atendimento às necessidades Art. 339. É assegurada a gratuidade nos transportes públicos
sociais na distribuição dos recursos para aplicação em projetos de coletivos a pessoas portadoras de deficiência, desde que apresen-
saneamento pelos agentes financeiros oficiais de fomento. tem carteira fornecida por órgãos credenciados, na forma da lei.
Art. 340. O Poder Público e as empresas operadoras dos ser-
viços de transporte público coletivo do Distrito Federal reconhe-
cerão as convenções e acordos coletivos de trabalho, garantindo
aos trabalhadores do setor, além dos direitos previstos no art. 7°
da Constituição Federal, outros que visem à melhoria da sua con-
dição social.

90
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 341. O Poder Público não admitirá ameaça de interrup- a) tecnologia agrícola e de regeneração e conservação do
ção ou deficiência grave na prestação do serviço por parte das solo;
empresas operadoras de transporte coletivo. b) noções de administração e organização rural;
Parágrafo único. O Poder Público, para assegurar a continui- c) medidas econômicas, sociais e políticas para a agricultura;
dade do serviço ou para sanar deficiência grave em sua presta- d) informações sobre o uso racional dos recursos naturais;
ção, poderá intervir na operação do serviço, assumindo-o total ou e) medidas de proteção ao meio ambiente;
parcialmente, mediante controle dos meios humanos e materiais XIII - abastecimento e armazenamento;
como pessoal, veículos, oficinas, garagens e outros. XIV - criação de mecanismos de apoio à comercialização da
Art. 342. A prestação dos serviços de transporte público cole- produção;
tivo atenderá aos seguintes princípios: XV - efetivação de um sistema de defesa sanitária animal e
I - compatibilidade da tarifa com o poder aquisitivo da popu- vegetal;
lação; XVI - programas de fornecimento de insumos básicos e servi-
II - conservação de veículos e instalações em bom estado; ços de mecanização agrícola;
III - segurança; XVII - construção e conservação de estradas vicinais, com vis-
IV - continuidade periodicidade, disponibilidade, regularida- tas ao escoamento da produção agrícola.
de e quantidade de veículos necessários ao transporte eficaz; § 1° - Os serviços constantes deste artigo, realizados pelos ór-
V - urbanidade e prestabilidade. gãos competentes do Distrito Federal, darão prioridade a micro,
pequenos e médios produtores rurais.
CAPÍTULO VI § 2° - As instituições financeiras oficiais de fomento à produ-
DA POLÍTICA AGRÍCOLA ção rural do Distrito Federal informarão o Conselho de Política
Agrícola e as entidades representativas dos produtores e traba-
Art. 343. A política agrícola do Distrito Federal será planejada lhadores rurais sobre o volume de recursos existentes para crédito
e executada com a previsão da elaboração de plano plurianual de agrícola.
desenvolvimento agrícola, plano de safra e plano operativo anual, § 3° - As ações de apoio econômico e social dos organismos
na forma da lei. do Distrito Federal estarão voltadas preferencialmente para bene-
Parágrafo único. É assegurada, por intermédio do Conselho ficiar projetos de assentamento de produtores e trabalhadores ru-
de Política Agrícola, a participação efetiva do setor de produção, rais e para imóveis que cumpram a função social da propriedade.
com o envolvimento de produtores e trabalhadores rurais, setores § 4° - Lei específica estabelecerá normas de conservação, pre-
de comercialização, armazenamento e transporte, na forma da lei. servação e recuperação dos solos de uso agropecuário, bem como
Art. 344. Compete ao Governo do Distrito Federal imple- de fontes e outros mananciais de água, da flora e da fauna nas
mentar a política de desenvolvimento rural, asseguradas as se- áreas rurais.
guintes medidas: (Artigo regulamentado(a) pelo(a) Lei 1260 de Art. 345. O Poder Público dispensará a micro, pequenos e
13/11/1996) médios produtores rurais, definidos em lei, tratamento jurídico
I - promoção do zoneamento ecológico-econômico, com vis- diferenciado, que os incentive por meio da simplificação de suas
tas à diversificação agrícola, respeitada a aptidão natural de cada obrigações administrativas, tributárias e creditícias, da eliminação
região para a produção agrícola, bem como para a preservação do ou redução destas, por meio de lei.
meio ambiente;
II - programas de estímulo creditício e fiscal, com abertura de CAPÍTULO VII
linhas de crédito especial em instituições financeiras oficiais, para DA POLÍTICA FUNDIÁRIA E DO USO DO SOLO RURAL
micro, pequeno e médio produtor, com vistas a incentivar a pro-
dução de alimentos básicos para a população; Art. 346. A política fundiária e do uso do solo rural do Distri-
III - programas de habitação, educação, saúde e saneamento to Federal será compatibilizada com as ações da política agrícola,
básico, de modo a garantir a permanência do homem no campo e observados os princípios constitucionais pertinentes, e terá por
melhorar o bem-estar social das comunidades rurais; finalidade:
IV - pesquisa e tecnologia adequadas às necessidades de pro- I - assegurar o cumprimento da função social da propriedade;
dução e às condições sócio-econômicas de produtores e trabalha- II - promover a ocupação ordenada do território em harmonia
dores rurais; com as disposições do plano diretor de ordenamento territorial;
V - incentivo ao cooperativismo e ao associativismo; III -permitir o aproveitamento racional e adequado dos recur-
VI - criação de escolas-fazendas, agrotécnicas, núcleos de trei- sos naturais;
namento, demonstração e experimentação de tecnologias; IV - incrementar a produção de alimentos;
VII - programas de eletrificação, telefonia, irrigação, drena- V - fixar o homem ao campo, valorizando o trabalho como
gem, correção e conservação do solo; instrumento de promoção social;
VIII - disciplinamento da produção, comercialização, manipu- VI - preservar áreas que contenham recursos hídricos para
lação, transporte, armazenamento e uso de agrotóxicos, biocidas irrigação;
e assemelhados; VII - promover o aproveitamento da propriedade em todas as
IX - estímulo à produção de alimenteis para o mercado inter- suas potencialidades, em consonância com a vocação e capacida-
no; de de uso do solo e a proteção ao meio ambiente.
X - sistema de seguro agrícola; Art. 348. Somente poderão ser beneficiários da assistência
XI - agroindustrialização no meio rural e em pequenas comu- dos órgãos especializados do Distrito Federal e de seus estabe-
nidades, em escala adequada às condições do Distrito Federal e lecimentos oficiais de crédito os titulares ou concessionários de
em estreita articulação com as áreas de produção; imóveis rurais cuja forma ou projeto de exploração atenda ao
XII - orientação, assistência técnica e extensão rural para o princípio da função social da propriedade.
aumento da produção e da produtividade, pela difusão de:

91
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1° - O Governo do Distrito Federal procederá bienalmente III - obras que comprometam mais de cinco por cento do or-
ao levantamento e cadastramento das terras públicas rurais de çamento do Distrito Federal.
seu território, com vistas a identificar aquelas que não cumpram § 1° A audiência prevista neste artigo deverá ser divulgada em
sua função social, bem como os concessionários inadimplentes. pelo menos dois órgãos de imprensa de circulação regional, com a
§ 2° - Será livre o acesso às informações do cadastro de terras antecedência mínima de trinta dias.
públicas rurais, mediante solicitação do interessado. § 2° O órgão concedente dará conhecimento das audiências
Art. 349. É dever do Governo do Distrito Federal intervir, di- públicas ao Ministério Público competente.
retamente e nos limites de sua competência, no regime de utili- Art. 363. O Poder Público disciplinará em lei as relações da
zação da terra, seja para estabelecer a racionalização econômica empresa pública com o Distrito Federal e a sociedade.
da malha fundiária, seja para prevenir ou corrigir o uso anti-social Art. 364. Cabe à Polícia Civil, quando solicitada, dar segurança
da propriedade. pessoal aos candidatos a Governador e Vice-Governador, a partir
da homologação de sua candidatura.
TÍTULO VIII Art. 365. A participação em órgão de deliberação coletiva no
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS âmbito da administração direta e indireta do Distrito Federal deve
ser exercida pelo Governador do Distrito Federal, por Secretários
Art. 350. É assegurada aos servidores públicos do Distrito Fe- de Estado do Distrito Federal, por servidores públicos, por empre-
deral a contagem integrai de tempo de serviço efetivamente pres- gados públicos ou por membros da sociedade civil. (Artigo Altera-
tado à União, Estados e Municípios para efeito de aposentadoria do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 124 de 25/11/2021)
e disponibilidade. § 1º Na hipótese de participação em até 2 órgãos de delibe-
Art. 351. Fica mantida a Consultoria Jurídica do Gabinete do ração coletiva, o participante faz jus à gratificação paga em cada
Governador com suas atuais atribuições e competências. órgão. (Parágrafo Alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 124
Art. 352. O Poder Público desenvolverá esforços, com a parti- de 25/11/2021)
cipação dos setores organizados da sociedade e com a aplicação § 2° A proibição de que trata o art. 19, § 8°, aplica-se à de-
de pelo menos cinquenta por cento dos recursos a que se refere signação para integrar conselho, comissão, comitê, órgão de deli-
o art. 241, para eliminar o analfabetismo e universalizar o ensino beração coletiva ou assemelhado. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a)
fundamental. Emenda à Lei Orgânica 60 de 20/12/2011)
Art. 353. Cabe à Câmara Legislativa a análise e a autorização § 3º Para a ocupação dos cargos de que trata o caput, devem
preliminar para implantação de nova tecnologia no sistema ope- ser observados, no que couber, os requisitos, os impedimentos
racional de transporte coletivo do Distrito Federal, ressalvados os e as vedações contidos na legislação federal aplicável ao exercí-
projetos em andamento e os a eles relacionados. cio de cargos nos conselhos de administração e conselhos fiscais
Art. 354. O dia 20 de novembro será considerado, no calen- dos entes da administração pública, devendo os requisitos ser
dário oficial do Distrito Federal, como o Dia da Consciência Negra. comprovados previamente por meio documental, inclusive nos
Art. 355. O Poder Público, observado o disposto na Constitui- casos de recondução, sob pena de nulidade do ato de investidura.
ção Federal e na legislação pertinente, estimulará, apoiará e divul- (Acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 124 de 25/11/2021)
gará o cooperativismo e outras formas associativas. Art. 366. (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
Art. 356. Os integrantes dos conselhos criados por esta lei, in- 26/01/2016)
dicados pelo Poder Público, terão seus nomes referendados pela ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
Câmara Legislativa, ressalvados os membros natos. 26/01/2016)
Art. 357. O orçamento anual fixará o montante de recursos I (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
destinados a atender, no exercício, a financiamento de programas 26/01/2016)
relativos a promoção do emprego e inserção no mercado de tra- a) (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
balho. 26/01/2016)
Art. 358. O Poder Executivo gestionará junto ao Governo Fe- b) (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
deral com vistas à regularização do art. 16, § 3° do Ato das Dispo- 26/01/2016)
sições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, com ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
o objetivo de constituir o acervo patrimonial do Distrito Federal, 26/01/2016)
mediante transferência de bens da União. ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
Art. 359. Às entidades filantrópicas e assistenciais sem fins lu- 26/01/2016)
crativos, consideradas de utilidade pública, poderá ser outorgada ... (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
a concessão de direito real de uso sobre imóvel do Distrito Fede- 26/01/2016)
ral, mediante prévia autorização do Poder Legislativo. II (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
Art. 360 Cabe ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural 26/01/2016)
do Distrito Federal estabelecer a política que assegure sua pre- a) (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
servação. 26/01/2016)
Art. 361. Os cargos de direção dos departamentos de fisca- b) (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
lização atinentes à carreira de fiscalização e inspeção do Distrito 26/01/2016)
Federal serão exercidos preferencialmente por servidores inte- III (declarado(a) inconstitucional pelo(a) ADI 980-6 de
grantes da carreira. 26/01/2016)
Art. 362. Serão obrigatoriamente apreciados em audiência
pública:
I - projetos de licenciamento de obras e serviços que envol-
vam impacto ambiental;
II - atos que envolvam modificação do patrimônio arquitetôni-
co, histórico, artístico, paisagístico ou cultural do Distrito Federal;

92
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
ATO DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 8° O preenchimento das vagas de conselheiro do Tribunal
Art. 1° Fica criado o Conselho de Ciência e Tecnologia do Dis- de Contas do Distrito Federal e de procurador-geral do Ministério
trito Federal a ser integrado por representantes de entidades da Público junto ao mesmo Tribunal, obedecerá ao seguinte:
sociedade civil e de órgãos governamentais envolvidos com a ge- I – no preenchimento das vagas do Conselho do Tribunal de
ração e aplicação do conhecimento científico e tecnológico e com Contas do Distrito Federal, existentes ou que venham a ocorrer,
as consequências e impactos delas resultantes, nos termos da lei. será observado inicialmente o número de vaga destinadas à in-
Parágrafo Único. O Conselho de Ciência e Tecnologia do Dis- dicação da Câmara Legislativa, após o que será observada a pro-
trito Federal, formulará, acompanhará e avaliará o plano de ciên- porcionalidade prevista no art. 82, § 2°. (Inciso alterado(a) pelo(a)
cia e tecnologia do Distrito Federal. Emenda à Lei Orgânica 36 de 03/01/2002)
Art. 2° O Poder Executivo encaminhará à Câmara Legislativa II - o Procurador-Geral do Ministério Público junto ao Tribunal
no prazo de cento e vinte dias, contados da publicação desta Lei de Contas será indicado, em lista tríplice, pelos integrantes da car-
Orgânica, projeto de lei que disporá sobre a organização, estrutu- reira, e nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de
ração e funcionamento do sistema de controle interno do Distrito dois anos, permitida uma recondução.
Federal, de forma a atender aos ditames dos arts. 77 e 80 desta Parágrafo Único. Lei complementar, a ser proposta no prazo
Lei Orgânica e do art. 74 da Constituição Federal. de sessenta dias da promulgação desta Lei Orgânica, por iniciativa
§ 1° O sistema de controle interno compreende as funções de do Procurador-Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de
planejamento, orçamento, administração financeira, contabilida- Contas, estabelecerá a organização, as atribuições e o estatuto da
de, auditoria e patrimônio. instituição e disporá sobre a criação e extinção de seus cargos e
§ 2° As atribuições, competências e respectivas funções de serviços auxiliares, de provimento por concurso público de provas
confiança do sistema de controle interno serão exercidas prefe- e títulos.
rencialmente por integrantes das carreiras funcionais correspon- Art. 9° Fica instituída junto à estrutura orgânica da Polícia Civil
dentes. a carreira de apoio policial, com aproveitamento dos servidores
Art. 3° O Poder Executivo, conforme disposto no art. 37, XVIII administrativos concursados em exercício na instituição e quadro
da Constituição Federal, remeterá à Câmara Legislativa do Distrito definido na forma da lei.
Federal projeto de lei que disporá sobre a precedência da admi- Art. 10. Compete ao Distrito Federal prestar assistência judi-
nistração fazendária e de seus servidores fiscais em suas áreas de ciária aos necessitados, por intermédio do Centro de Assistência
competência e jurisdição. Judiciária, enquanto não editada a lei complementar federal que
Art. 4° No prazo de sessenta dias a contar da publicação desta disponha sobre a Defensoria Pública do Distrito Federal, facultan-
Lei, o Tribunal de Contas do Distrito Federal remeterá à Câmara do a seus atuais ocupantes optar pelos serviços jurídicos das au-
Legislativa projeto de lei que disporá sobre sua organização à vista tarquias ou fundações.
das diretrizes estabelecidas nesta Lei Orgânica, assegurada entre § 1° O exercício da competência do centro de assistência judi-
os dois órgãos a isonomia prevista no art. 39, § 1° da Constituição ciária é privativo dos integrantes da categoria de assistente jurídi-
Federal. co do Distrito Federal.
Art. 5° A imprensa oficial e a imprensa dos demais órgãos da § 2º O diretor do centro de assistência judiciária e os chefes
administração direta, indireta, autarquias e fundações do Distrito de núcleo serão nomeados entre os integrantes da categoria fun-
Federal, bem como a Câmara Legislativa, imprimirão o texto in- cional de assistente jurídico do Distrito Federal.
tegral da Lei Orgânica para distribuição gratuita à população do § 3º Aplicam-se aos assistentes jurídicos do Distrito Federal
Distrito Federal. os mesmos direitos, deveres, garantias e vencimentos dos Procu-
Parágrafo Único. A distribuição a que se refere este artigo será radores do Distrito Federal.
destinada a escolas, bibliotecas, sindicatos, igrejas e outras insti- § 4º A escolha do Diretor-Geral do Centro de Assistência Judi-
tuições representativas da comunidade do Distrito Federal. ciária, na forma do § 2º, deverá recair sobre integrante da carreira
Art. 6° O Poder Executivo enviará à Câmara Legislativa, no maior de trinta e cinco anos, a partir de lista tríplice formada pe-
prazo de cento e vinte dias a partir da promulgação desta Lei Or- los integrantes da carreira, para mandato de dois anos, permitida
gânica, projeto de lei que disporá sobre a concessão das gratifica- uma recondução. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei
ções previstas no art. 232, § 1°, que não poderão ser inferiores a: Orgânica 56 de 23/03/2010)
I - doze por cento para educadores, técnicos e auxiliares que § 5º Ao Centro de Assistência Judiciária são asseguradas a au-
atuem com alunos portadores de necessidades educativas espe- tonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
ciais, em atendimento exclusivo (centro de ensino especial e sala orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes
de recursos); ou com portadores de deficiência mental leve - DML, Orçamentárias, nos termos do art. 134, § 2º, da Constituição Fe-
portadores de deficiência mental moderada - DMM, portadores deral. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 56
de deficiência da audição - DA, portadores de deficiência de visão de 23/03/2010)
- DV, superdotados - DS, bem como os que atendam a crianças e Art. 11. O Poder Executivo expedirá decreto no prazo de no-
adolescentes com problema de conduta ou de situação de risco e venta dias a contar da promulgação da Lei Orgânica, com a con-
vulnerabilidade; solidação da legislação vigente, relativa a cada um dos tributos;
II - vinte por cento para educadores, técnicos e auxiliares que repetindo a providência, nos anos subsequentes, até o dia 31 de
atuem em educação de crianças precoces ou autistas, ou ainda janeiro de cada ano.
em regime itinerante; Art. 12 O Poder Executivo, no prazo de cento e oitenta dias da
III - vinte e cinco por cento para educadores, técnicos e au- promulgação desta Lei Orgânica, submeterá à apreciação e delibe-
xiliares que atuem com portadores de deficiências graves, física, ração do Poder Legislativo projeto do Código Tributário do Distrito
mental ou múltipla, ou em regime itinerante domiciliar. Federal.
Art. 7° A regulamentação da autonomia relativa da Polícia Ci- § 1° O Poder Executivo do Distrito Federal reavaliará as isen-
vil ocorrerá no prazo de cento e oitenta dias após a promulgação ções, benefícios e incentivos fiscais em vigor e proporá ao Poder
desta Lei Orgânica. Legislativo as medidas cabíveis.

93
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 2º Após seis anos da promulgação desta Lei Orgânica, as § 3° O Conselho Regional de Assistência Social subsidiará o
isenções, os benefícios e incentivos fiscais que não forem confir- Conselho de Assistência Social na definição de políticas e progra-
mados por lei considerar-se-ão revogados. (Parágrafo alterado(a) mas da área de Assistência Social do Distrito Federal nó âmbito
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 24 de 29/05/1998) das Regiões Administrativas, bem como fiscalizará as ações e a
Art. 13. Até a promulgação da lei complementar referida no aplicação de recursos financeiros.
Art. 169 da Constituição Federal, o Distrito Federal não poderá § 4° O Conselho referido no parágrafo anterior será composto
despender com pessoal mais do que sessenta e cinco por cento paritariamente por representantes de:
do valor das respectivas receitas correntes. I - usuários da assistência social;
Parágrafo Único. Quando a despesa de pessoal exceder ao II - trabalhadores da área de assistência social;
limite previsto no caput deverá retomar àquele limite, reduzin- III - entidades não-governamentais de assistência social.
do-se o percentual excedente à razão de um quinto por ano, na Art. 19. Fica criado o Conselho de Educação Física, Desporto
forma do art. 38 do Ato das Disposições Transitórias da Constitui- e Lazer do Distrito Federal, com estrutura e composição definidas
ção Federal. em lei baseadas no critério da representatividade, responsável
Art. 14. Os fundos existentes na data da promulgação desta pelo planejamento, normalização, fiscalização e coordenação da
Lei Orgânica extinguir-se-ão no prazo de três anos, caso não se- educação física, desporto e lazer no Distrito Federal.
jam ratificados pela Câmara Legislativa. (Artigo alterado(a) pelo(a) Art. 20. A lei disporá sobre a criação e regulamentação do
Emenda à Lei Orgânica 23 de 18/12/1997) Conselho de Defesa do Consumidor do Distrito Federal.
Art. 15. Para o recebimento de recursos públicos, a partir da Art. 21. A lei disporá sobre a criação e regulamentação do
promulgação desta Lei Orgânica, as entidades beneficentes serão Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do
submetidas a reexame e recadastramento para verificação de sua Distrito Federal.
condição de utilidade pública ou benemerência, conforme a lei. Art. 22. Fica criado o Conselho do Idoso do Distrito Federal,
Parágrafo Único. O Poder Executivo manterá sistema de con- encarregado de formular diretrizes, promover políticas para a ter-
trole integrado, com vistas a identificar a situação de inadimplên- ceira-idade e implementá-las, na forma da lei.
cia de toda e qualquer entidade beneficiária de recursos públicos Art. 23. Fica criado o Conselho de Defesa dos Direitos da Pes-
sob qualquer título ou forma. soa Portadora de Deficiência do Distrito Federal, encarregado de
Art. 16. É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos formular diretrizes e promover políticas para o setor.
ou empregos, privativos de profissionais de saúde, que estives- Art. 24. A lei disporá sobre a criação e funcionamento do Con-
sem sendo exercidos na administração pública direta, indireta ou selho de Defesa dos Direitos do Negro do Distrito Federal.
fundacional do Distrito Federal, na data da promulgação da Cons- Art. 25. A lei disporá sobre a criação e regulamentação do
tituição Federal. Conselho de Direitos da Mulher do Distrito Federal.
Parágrafo Único. Excetuam-se das disposições do caput os Art. 26. O Poder Público, com a participação dos órgãos re-
cargos privativos de médico, nos termos do estabelecido no art. presentativos da comunidade, promoverá o zoneamento ecológi-
37, XVI, c da Constituição Federal. co-econômico do território do Distrito Federal no prazo de vinte
Art. 17. Fica criado o Instituto de Previdência e Assistência e quatro meses da promulgação desta Lei Orgânica. (Legislação
dos Servidores do Distrito Federal - IPASFE, cujos beneficiários são correlata - Lei 6269 de 29/01/2019)
os servidores da administração pública direta, indireta e fundacio- Parágrafo Único. A aprovação e modificações do zoneamento
nal, bem como os empregados de empresas públicas e sociedades ecológico-econômico do Distrito Federal devem ser objeto de lei
de economia mista do Distrito Federal. (Legislação correlata - Lei ordinária.
Complementar 769 de 30/06/2008) Art. 27. Fica criado o Conselho de Meio Ambiente do Distrito
§ 1° A regulamentação da estrutura, funcionamento e atri- Federal, de composição paritária, do qual participarão os repre-
buições do órgão de que trata o caput será fixada no prazo de até sentantes do Poder Público, de entidades não- governamentais
sessenta dias da promulgação da Lei Orgânica. relacionadas com a questão ambiental e do Corpo de Bombeiros
§ 2º É vedada ao Poder Público a criação ou manutenção, com Militar do Distrito Federal.
recursos públicos, de carteiras especiais de previdência social des- Art. 28. O Poder Público criará o Conselho de Transportes do
tinadas aos ocupantes de cargos eletivos. Distrito Federal, destinado a promover gestão democrática do sis-
§ 3° É facultado aos Deputados Distritais vincular-se à previ- tema de transporte, com atribuições definidas em lei.
dência do Distrito Federal. Art. 29. O ocupante de imóvel rural público do Distrito Fede-
Art. 18. Compete ao Poder Público criar o Conselho de Assis- ral, de área não superior a vinte e cinco hectares, que na data da
tência Social do Distrito Federal e o Conselho Regional de Assis- promulgação desta Lei Orgânica tenha moradia efetiva comprova-
tência Social, na forma da lei. da e produção agrícola no local, durante cinco anos ininterruptos,
§ 1° O Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, de poderá requerer título de concessão de uso, desde que:
caráter permanente e autónomo, lerá competência normativa e I - não seja proprietário, arrendatário ou concessionário de
deliberativa na formulação da política do setor. imóvel rural;
§ 2° O Conselho referido no parágrafo anterior será composto II - tenha na agropecuária sua única atividade; - a área ocupa-
paritariamente por representantes de: da não seja de relevante interesse ecológico.
I - usuários da assistência social; Parágrafo Único. É garantido o reassentamento em outra área
II - trabalhadores da área de assistência social; rural às pessoas referidas no caput, quando ocupantes de área de
III - entidades não-governamentais prestadoras de serviços relevante interesse ecológico.
assistenciais sem fins lucrativos; Art. 30. Serão revistos, no prazo máximo de um ano da pro-
IV - entidades governamentais de assistência social. mulgação desta Lei Orgânica, os atuais contratos de concessão
de uso, de arrendamento e demais contratos de transferência de
posse de terras urbanas e rurais.

94
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1° Nos casos de rescisão de contrato de concessão de uso Art. 40. O Poder Executivo enviará no prazo de noventa dias,
ou arrendamento pela parte concedente, o concessionário fará após a promulgação da Lei Orgânica, lei complementar dispon-
jus a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, constan- do sobre a organização da Procuradoria-Geral do Distrito Federal,
tes no plano de utilização. que estabelecerá a unificação do Sistema Jurídico do Distrito Fe-
§ 2° As terras rurais retomadas pelo Governo do Distrito Fe- deral.
deral serão destinadas a assentamento de micro, pequenos e mé- Art. 41. Até que se atinja o limite máximo e a relação de valo-
dios produtores e trabalhadores rurais ou a preservação ambien- res entre a maior e menor remuneração dos servidores públicos,
tal, nos termos da lei. previstas no art. 19, X, é vedada a redução de salários que impli-
Art. 31. O Poder Executivo encaminhará à Câmara Legislativa, que a supressão das vantagens de caráter individual, adquiridas
no prazo máximo de cento e oitenta dias da promulgação desta em razão de tempo de serviço.
Lei Orgânica, projeto de lei complementar relativo ao plano dire- Parágrafo Único. Atingido o limite referido no caput, a redu-
tor de ordenamento territorial, que poderá ser revisto na primeira ção aplicar-se-á independentemente da natureza das vantagens
sessão legislativa da legislatura subsequente, contando-se, a par- auferidas pelo servidor.
tir de então os prazos de que trata o título VII, capítulo II, seção I. Art. 42. A Câmara Legislativa do Distrito Federal, no prazo de
Parágrafo Único. O plano diretor de ordenamento territorial a cento e oitenta dias da promulgação desta Lei Orgânica, elaborará
que se refere o caput tomará por base o plano diretor em vigência a lei de que trata o art. 221, § 3°.
na data de promulgação desta Lei Orgânica. Art. 43. A revisão desta Lei Orgânica será realizada logo após
Art. 32. Os loteamentos localizados em zonas rurais, urbanas a revisão da Constituição Federal.
e de expansão urbana realizados sem autorização e registro com- Art. 44. Até que seja regulamentado o art. 7°, XI da Constitui-
petentes deverão ser objeto de regularização ou desconstituição, ção Federal, os incentivos e benefícios referidos no art. 172 se-
após análise realizada nos termos da legislação federal e distrital rão concedidos em caráter prioritário às empresas que, mediante
aplicável. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de acordo com seus empregados, estabeleçam a participação deles
28/09/2007) em seus resultados.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, os coeficientes Art. 45. Para a erradicação do analfabetismo, em cumprimen-
básicos de aproveitamento das áreas de regularização serão de- to ao que dispõe o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
finidos no Plano Diretor de Ordenamento Territorial. (Parágrafo Transitórias e o art. 352 desta Lei Orgânica, o Poder Público do
acrescido(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) Distrito Federal:
Art. 33. Fica reservado, para construção do prédio definitivo I - destinará, nos cursos de formação de magistério para o en-
da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o terreno em forma de sino fundamental, mínimo de trinta por cento da carga horária do
trapézio, com área aproximada de sessenta mil metros quadra- estágio supervisionado para monitoria a turmas de alfabetização
dos, situado no eixo monumental, com os seguintes limites e con- de jovens e adultos, reconhecida sua validade curricular;
frontações: II - reconhecerá como aproveitamento de estudos atividades
I - ao norte, com a via N1 - oeste; de alunos do ensino médio que participem de programa de alfa-
II - ao sul com a via S1 - oeste; betização de jovens e adultos;
III - a oeste com a Praça do Buriti; III - promoverá por intermédio da Secretaria de Educação do
IV - a leste, com uma linha imaginária paralela à confrontação Distrito Federal, com a colaboração de instituições públicas e en-
oeste e distante desta duzentos e sessenta metros. tidades civis:
Art. 34. O Poder Executivo, no prazo de noventa dias da pro- a) a oferta intensiva de cursos de formação de alfabetizadores
mulgação da Lei Orgânica, encaminhará à Câmara Legislativa pro- de jovens e adultos;
jeto de lei que disporá sobre o regime jurídico único e planos de b) a reciclagem de professores que atuam no ensino funda-
carreira para os servidores da administração pública direta, das mental e em alfabetização de jovens e adultos;
autarquias e das fundações públicas. c) a elaboração de material didático adequado ao ensino fun-
Art. 35. A lei criará o sistema integrado de ensino, educação e damental e alfabetização de jovens e adultos;
extensão rural-SIEN/RURAL, órgão vinculado à Secretaria de Edu- d) a realização de projetos de pesquisa voltados para a solu-
cação do Distrito Federal e estabelecerá sua estrutura e objetivos. ção de problemas ligados a alfabetização de jovens e adultos.
Art. 36. A lei instituirá a Universidade Regional do Planalto - IV - envidará todos os esforços para erradicar o analfabetis-
UNIPLAN - , órgão vinculado à Secretaria de Educação do Distrito mo entre os servidores públicos do Distrito Federal no prazo de
Federal e estabelecerá sua estrutura e objetivos. dois anos, incluída a destinação de duas horas de sua jornada de
Art. 37. O Poder Público identificará as áreas para o ajuiza- trabalho para esse fim, sem prejuízo dos direitos e garantias esta-
mento de ações discriminatórias e divisórias, com vistas a separar tutárias;
as terras públicas das particulares, mantendo cadastro atualizado V - assegurará que, durante o período estipulado para erradi-
das áreas públicas, das particulares e das áreas públicas que ainda cação do analfabetismo no Distrito Federal, os meios de comuni-
estejam em comum com terceiros, disponibilizando-o à consulta cação social pertencentes ao Distrito Federal veiculem anúncios,
pública. (Artigo alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de mensagens e avisos diários de apoio a alfabetização de jovens
28/09/2007) e adultos, bem como destinem trinta minutos por semana para
Art. 38. Para efeito do disposto no art. 243, o Poder Executivo emissão de programa com o mesmo fim.
enviará para apreciação da Câmara Legislativa o plano de educa- § 2° O benefício estabelecido no § 1° estende-se aos professo-
ção do Distrito Federal para o biénio de 1993 a 1995, no prazo de res da Fundação Educacional do Distrito Federal da tabela de pes-
cento e oitenta dias da promulgação desta Lei Orgânica. soal regido pela Consolidação das Leis do Trabalho e aposentado
Art. 39. Será instituído por lei o Conselho de Planejamento anteriormente à Lei 119, de 16 de agosto de 1990, mediante com-
Territorial e Urbano do Distrito Federal, assegurada a participação plementação dos proventos da aposentadoria, garantida pelo Go-
de entidades representativas no estudo e encaminhamento dos verno do Distrito Federal aos regidos pelo regime jurídico único;
programas, planos e projetos de sua competência. § 3° O Poder Executivo, no prazo de noventa dias da promul-
gação da Lei Orgânica, regulamentará o disposto neste artigo.

95
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 47. O Poder Público implantará, no prazo de três anos, Art. 57. O Poder Executivo encaminhará à Câmara Legislativa
da promulgação da Lei Orgânica, sistema de creche para atendi- do Distrito Federal proposta de revisão e adaptação do Plano Di-
mento a filhos de servidores da administração direta, indireta e retor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal ao disposto
fundacional. nesta Lei Orgânica, bem como a elaboração e atualização da Lei de
Parágrafo Único. As unidades de creche existentes nas enti- Uso e Ocupação do Solo e dos Planos de Desenvolvimento Local.
dades mencionadas no caput passarão a integrar os órgãos a que (alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
estão vinculados os servidores beneficiários. Art. 58. O disposto no inciso II do art. 131 não se aplica às leis
Art. 48. O Poder Executivo deverá realizar, no prazo de sessen- publicadas em 2006 cujos projetos tenham sido apreciados pela
ta dias da promulgação da Lei Orgânica, estudo sobre os mecanis- Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2005. (Artigo acresci-
mos de financiamento do setor público, incluídas transferências do(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 45 de 11/05/2006)
vinculadas ao produto da arrecadação federal, bem como de ou- Art. 59. Os Planos Diretores Locais vigentes serão mantidos e
tras transferências negociadas. incorporados, no que for pertinente, ao Plano Diretor de Ordena-
§ 1° O resultado do estudo referido no caput deverá ser publi- mento Territorial do Distrito Federal, à Lei de Uso e Ocupação do
cado, destacadas as vantagens e desvantagens do Distrito Federal Solo e aos Planos de Desenvolvimento Local. (Artigo acrescido(a)
no atual sistema tributário nacional. pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
§ 2° O Governo do Distrito Federal, com base no estudo rea- Parágrafo único. Os índices urbanísticos e usos que fazem
lizado, poderá propor ao Governo Federal revisão dos critérios de parte dos Planos Diretores Locais vigentes só poderão ser altera-
distribuição do Fundo de Participação dos Estados e do Fundo de dos mediante nova consulta pública à sociedade e aprovação por
Participação dos Municípios. meio de lei complementar. (Parágrafo acrescido(a) pelo(a) Emen-
Art. 49. O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana da à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)
do Distrito Federal será criado por lei, com finalidade de: Art. 60. As dotações consignadas na Lei Orçamentária Anual
I - investigar violações a direitos humanos no Distrito Federal; para o exercício de 2019 para a Fundação de Apoio à Pesquisa não
II - encaminhar denúncias a quem de direito; empenhadas até a publicação da Emenda à Lei Orgânica que ori-
III - propor soluções. ginou este artigo podem ser utilizadas pelo Poder Executivo para
Art. 50. O disposto no art. 221, §§ 2° e 3° da Lei Orgânica será abertura de créditos adicionais destinados à suplementação de
implantado no prazo máximo de dez anos de sua promulgação. despesas obrigatórias ou necessárias ao funcionamento de outras
Parágrafo Único. A implantação gradativa das medidas a que unidades orçamentárias do Distrito Federal. (Artigo acrescido(a)
se refere o caput constará obrigatoriamente do plano de educa- pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 117 de 11/12/2019)
ção do Distrito Federal.
Art. 50-A. O disposto no art. 221, § 1º, deve ser implementa-
do progressivamente, até 2016, nos termos do Plano de Educação LEI COMPLEMENTAR Nº 840/2011
do Distrito Federal e do Plano Nacional de Educação, com apoio
técnico e financeiro da União. (Artigo acrescido(a) pelo(a) Emen-
da à Lei Orgânica 79 de 31/07/2014) LEI COMPLEMENTAR Nº 840, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011
Art. 52. O Poder Executivo enviará no prazo de cento e oitenta
dias da promulgação desta Lei Orgânica, projeto de lei que criará o Dispõe sobre o regime jurídicos dos servidores públicos civis do
Conselho Superior de Segurança Pública. Distrito Federal, das autarquias e das fundações públicas distritais.
Art. 54. Será criada, no prazo de cento e vinte dias da promul- O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, FAÇO SABER QUE A
gação desta Lei Orgânica, comissão composta de membros dos CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SAN-
Poderes Executivo e Legislativo do Distrito Federal, para reestudar CIONO A SEGUINTE LEI:
a área geográfica do quadrilátero definido pela Comissão Cruls,
com vistas a possível ampliação da base territorial do Distrito Fe- TÍTULO I
deral.
Art. 55. Fica criado, nos termos da Constituição Federal, o CAPÍTULO ÚNICO
sistema de Radiodifusão Comunitária do Distrito Federal, sistema DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
público diverso do privado e do estatal, e complementar a estes,
sem fins lucrativos, segundo princípio consagrado pela Constitui- Art. 1º Esta Lei Complementar institui o regime jurídico dos
ção Federal, sob controle social e gestão democratizada, forma- servidores públicos civis da administração direta, autárquica e fun-
do por emissoras de rádio e televisão de baixa potência, para uso dacional e dos órgãos relativamente autônomos do Distrito Federal.
educativo, cultural e comunitário. Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, servidor públi-
Art. 56. Até a aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, o co é a pessoa legalmente investida em cargo público.
Governador do Distrito Federal poderá enviar, precedido de par- Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsa-
ticipação popular, projeto de lei complementar específica que es- bilidades previstas na estrutura organizacional e cometidas a um
tabeleça o uso e a ocupação de solo ainda não fixados para deter- servidor público.
minada área, com os respectivos índices urbanísticos. (alterado(a)
pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007) Parágrafo único. Os cargos públicos são criados por lei, com de-
Parágrafo único. A alteração dos índices urbanísticos, bem nominação própria e subsídio ou vencimentos pagos pelos cofres
como a alteração de uso e desafetação de área, até a aprovação públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
da Lei de Uso e Ocupação do Solo, poderão ser efetivadas por leis
complementares específicas de iniciativa do Governador, motiva-
das por situação de relevante interesse público e precedidas da
participação popular e de estudos técnicos que avaliem o impacto
da alteração, aprovados pelo órgão competente do Distrito Fede-
ral. (alterado(a) pelo(a) Emenda à Lei Orgânica 49 de 28/09/2007)

96
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
TÍTULO II SEÇÃO II
DOS CARGOS PÚBLICOS E DAS FUNÇÕES DE CONFIANÇA DO CONCURSO PÚBLICO

CAPÍTULO I Art. 11. As normas gerais sobre concurso público são as fixadas
DO PROVIMENTO em lei específica.
§ 1º (V E T A D O).
SEÇÃO I § 2º O concurso público é de provas ou de provas e títulos, con-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS forme dispuser a lei do respectivo plano de carreira.
Art. 12. O edital de concurso público tem de reservar vinte por
Art. 4º A investidura em cargo de provimento efetivo depende cento das vagas para serem preenchidas por pessoa com deficiên-
de prévia aprovação em concurso público. cia, desprezada a parte decimal.
Art. 5º Os cargos em comissão, destinados exclusivamente às § 1º A vaga não preenchida na forma do caput reverte-se para
atribuições de direção, chefia e assessoramento, são de livre nome- provimento dos demais candidatos.
ação e exoneração pela autoridade competente. § 2º A deficiência e a compatibilidade para as atribuições do
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se cargo cargo são verificadas antes da posse, garantido recurso em caso de
em comissão: decisão denegatória, com suspensão da contagem do prazo para a
I – de direção: aquele cujo desempenho envolva atribuições da posse.
administração superior; § 3º Não estão abrangidas pelos benefícios deste artigo a pes-
II – de chefia: aquele cujo desempenho envolva relação direta soa com deficiência apta para trabalhar normalmente e a inapta
e imediata de subordinação; para qualquer trabalho.
III – de assessoramento: aquele cujas atribuições sejam para Art. 13. O concurso público tem validade de até dois anos, a
auxiliar: qual pode ser prorrogada uma única vez, por igual período, na for-
a) os detentores de mandato eletivo; ma do edital.
b) os ocupantes de cargos vitalícios; § 1º No período de validade do concurso público, o candidato
c) os ocupantes de cargos de direção ou de chefia. aprovado deve ser nomeado com prioridade sobre novos concursa-
§ 2º Pelo menos cinquenta por cento dos cargos em comissão dos para assumir cargo na carreira.
devem ser providos por servidor público de carreira, nos casos e § 2º O candidato aprovado em concurso público, no prazo de
condições previstos em lei. cinco dias contados da publicação do ato de nomeação, pode solici-
§ 3º É proibida a designação para função de confiança ou a no- tar seu reposicionamento para o final da lista de classificação.
meação para cargo em comissão, incluídos os de natureza especial,
de pessoa que tenha praticado ato tipificado como causa de inelegi- SEÇÃO III
bilidade prevista na legislação eleitoral, observado o mesmo prazo DA NOMEAÇÃO
de incompatibilidade dessa legislação.
Art. 6º As funções de confiança, privativas de servidor efetivo, Art. 14. A nomeação faz-se em cargo:
destinam-se exclusivamente às atribuições de direção, chefia e as- I – de provimento efetivo;
sessoramento. II – em comissão.
Art. 7º São requisitos básicos para investidura em cargo públi- § 1º A nomeação para cargo efetivo deve observar a ordem de
co: classificação e o prazo de validade do concurso público.
I – a nacionalidade brasileira; § 2º O candidato aprovado no número de vagas previstas no
II – o gozo dos direitos políticos; edital do concurso tem direito à nomeação no cargo para o qual
III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais; concorreu.
IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; Art. 15. O servidor ocupante de cargo em comissão pode ser
V – a idade mínima de dezoito anos; nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo em co-
VI – a aptidão física e mental. missão, hipótese em que deve:
§ 1º A lei pode estabelecer requisitos específicos para a inves- I – acumular as atribuições de ambos os cargos;
tidura em cargos públicos. II – optar pela remuneração de um deles durante o período da
§ 2º O provimento de cargo público por estrangeiro deve ob- interinidade.
servar o disposto em Lei federal. Art. 16. É vedada a nomeação, para cargo em comissão ou a
§ 3º Os requisitos para investidura em cargo público devem ser designação para função de confiança, do cônjuge, de companhei-
comprovados por ocasião da posse. ro ou de parente, por consanguinidade até o terceiro grau ou por
Art. 8º São formas de provimento de cargo público: afinidade:
I – nomeação; I – do Governador e do Vice-Governador, na administração pú-
II – reversão; blica direta, autárquica ou fundacional do Poder Executivo;
III – aproveitamento; II – de Deputado Distrital, na Câmara Legislativa;
IV – reintegração; III – de Conselheiro, Auditor ou Procurador do Ministério Públi-
V – recondução. co, no Tribunal de Contas;
Art. 9º É vedado editar atos de nomeação, posse ou exercício IV – (V E T A D O).
com efeito retroativo. § 1º As vedações deste artigo aplicam-se:
Art. 10. O ato de provimento de cargo público compete ao: I – aos casos de reciprocidade de nomeação ou designação;
I – Governador, no Poder Executivo; II – às relações homoafetivas.
II – Presidente da Câmara Legislativa; § 2º Não se inclui nas vedações deste artigo a nomeação ou a
III – Presidente do Tribunal de Contas. designação:
I – de servidor ocupante de cargo de provimento efetivo, inclu-
ídos os aposentados, desde que seja observada:

97
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
a) a compatibilidade do grau de escolaridade do cargo efetivo I – se ocupar cargo inacumulável, sem comprovar a exoneração
com o cargo em comissão ou a função de confiança; ou a vacância de que trata o art. 54;
b) a compatibilidade e a complexidade das atribuições do cargo II – se ocupar cargo acumulável, sem comprovar a compatibili-
efetivo com o cargo em comissão ou a função de confiança; dade de horários;
II – realizada antes do início do vínculo familiar entre o agente III – se receber proventos de aposentadoria inacumuláveis com
público e o nomeado ou designado; a remuneração ou subsídio do cargo efetivo, sem comprovar a op-
III – de pessoa já em exercício no mesmo órgão, autarquia ou ção por uma das formas de pagamento.
fundação antes do início do vínculo familiar com o agente público, § 2º É de cinco dias úteis o prazo para o servidor entrar em
para cargo, função ou emprego de nível hierárquico igual ou mais exercício, contado da posse.
baixo que o anteriormente ocupado. § 3º Compete ao titular da unidade administrativa onde for lo-
§ 3º Em qualquer caso, é vedada a manutenção de familiar ocu- tado o servidor dar-lhe exercício.
pante de cargo em comissão ou função de confiança sob subordina- § 4º Com o exercício, inicia-se a contagem do tempo efetivo de
ção hierárquica mediata ou imediata. serviço.
§ 5º O servidor que não entrar em exercício no prazo do § 2º
SEÇÃO IV deve ser exonerado.
DA POSSE E DO EXERCÍCIO Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor tem de apresentar ao
órgão competente os documentos necessários aos assentamentos
Art. 17. A posse ocorre com a assinatura do respectivo termo, individuais.
do qual devem constar as atribuições, os direitos e os deveres ine- Parágrafo único. O início, a suspensão, a interrupção e o reiní-
rentes ao cargo ocupado. cio do exercício são registrados nos assentamentos individuais do
§ 1º A posse deve ocorrer no prazo de trinta dias, contados da servidor.
publicação do ato de nomeação. Art. 21. O exercício de função de confiança inicia-se com a pu-
§ 2º O prazo de que trata o § 1º pode ser prorrogado para ter blicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em
início após o término das licenças ou dos afastamentos seguintes: licença ou afastado por qualquer motivo legal, hipótese em que o
I – licença médica ou odontológica; exercício se inicia no primeiro dia útil após o término do impedi-
II – licença-maternidade; mento, que não pode exceder a trinta dias da publicação.
III – licença-paternidade;
IV – licença para o serviço militar. SEÇÃO V
§ 3º A posse pode ocorrer mediante procuração com poderes DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
específicos.
§ 4º Só há posse nos casos de provimento por nomeação. Art. 22. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo
§ 5º Deve ser tornado sem efeito o ato de nomeação se a posse de provimento efetivo fica sujeito ao estágio probatório pelo prazo
não ocorrer no prazo previsto neste artigo. de três anos.
Art. 18. Por ocasião da posse, é exigido do nomeado apresen- Art. 23. Na hipótese de acumulação lícita de cargos, o estágio
tar: probatório é cumprido em relação a cada cargo em cujo exercício
I – os comprovantes de satisfação dos requisitos previstos no esteja o servidor, vedado o aproveitamento de prazo ou pontuação.
art. 7º e nas normas específicas para a investidura no cargo; Art. 24. O servidor pode desistir do estágio probatório e ser re-
II – declaração: conduzido ao cargo de provimento efetivo anteriormente ocupado
a) de bens e valores que constituem seu patrimônio; no qual já possuía estabilidade, observado o disposto no art. 37.
b) sobre acumulação ou não de cargo ou emprego público, bem Parágrafo único. Não pode desistir do estágio probatório o ser-
como de proventos da aposentadoria de regime próprio de previ- vidor que responde a processo disciplinar.
dência social; Art. 25. É vedado à administração pública conceder licença não
c) sobre a existência ou não de impedimento para o exercício remunerada ou autorizar afastamento sem remuneração ao servi-
de cargo público. dor em estágio probatório.
§ 1º É nulo o ato de posse realizado sem a apresentação dos § 1º Excetua-se do disposto neste artigo o afastamento para o
documentos a que se refere este artigo. serviço militar ou para o exercício de mandato eletivo.
§ 2º A aptidão física e mental é verificada em inspeção médica § 2º A vedação de que trata este artigo aplica-se ao gozo da
oficial. licença-servidor.
§ 3º A declaração prevista no inciso II, a, deve ser feita em for- Art. 26. O servidor em estágio probatório pode:
mulário fornecido pelo setor de pessoal da repartição, e dele deve I – exercer qualquer cargo em comissão ou função de confiança
constar campo para informar bens, valores, dívidas e ônus reais exi- no órgão, autarquia ou fundação de lotação;
gidos na declaração anual do imposto de renda da pessoa física, II – ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargo de
com as seguintes especificações: natureza especial ou de equivalente nível hierárquico.
I – a descrição do bem, com sua localização, especificações ge- Art. 27. Fica suspensa a contagem do tempo de estágio proba-
rais, data e valor da aquisição, nome do vendedor e valor das ben- tório quando ocorrer:
feitorias, se houver; I – o afastamento de que tratam os arts. 26, II, e 162;
II – as dívidas e o ônus real sobre os bens, com suas especifi- II – licença remunerada por motivo de doença em pessoa da
cações gerais, valor e prazo para quitação, bem como o nome do família do servidor.
credor; Art. 28. Durante o estágio probatório, são avaliadas a aptidão, a
III – a fonte de renda dos últimos doze meses, com a especifica- capacidade e a eficiência do servidor para o desempenho do cargo,
ção do valor auferido no período. com a observância dos fatores:
Art. 19. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do I – assiduidade;
cargo público. II – pontualidade;
§ 1º O servidor não pode entrar em exercício: III – disciplina;

98
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
IV – capacidade de iniciativa; SEÇÃO VI
V – produtividade; DA ESTABILIDADE
VI – responsabilidade.
§ 1º O Poder Executivo e os órgãos do Poder Legislativo devem Art. 32. O servidor ocupante de cargo de provimento efetivo
regulamentar, em seus respectivos âmbitos de atuação, os procedi- regularmente aprovado no estágio probatório adquire estabilidade
mentos de avaliação do estágio probatório, observado, no mínimo, no serviço público ao completar três anos de efetivo exercício.
o seguinte: Art. 33. O servidor estável só perde o cargo nas hipóteses pre-
I – até o trigésimo mês do estágio probatório, a avaliação é fei- vistas na Constituição Federal.
ta semestralmente, com pontuação por notas numéricas de zero a
dez; SEÇÃO VII
II – as avaliações de que trata o inciso I são feitas pela chefia DA REVERSÃO
imediata do servidor, em ficha previamente preparada e da qual
conste, pelo menos, o seguinte: Art. 34. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-
a) as principais atribuições, tarefas e rotinas a serem desempe- tado:
nhadas pelo servidor, no semestre de avaliação; I – por invalidez, quando, por junta médica oficial, ficar com-
b) os elementos e os fatores previstos neste artigo; provada a sua reabilitação;
c) o ciente do servidor avaliado. II – quando constatada, administrativa ou judicialmente, a in-
§ 2º Em todas as avaliações, é assegurado ao avaliado: subsistência dos fundamentos de concessão da aposentadoria;
I – o amplo acesso aos critérios de avaliação; III – voluntariamente, desde que, cumulativamente:
II – o conhecimento dos motivos das notas que lhe foram atri- a) haja manifesto interesse da administração, expresso em edi-
buídas; tal que fixe os critérios de reversão voluntária aos interessados que
III – o contraditório e a ampla defesa, nos termos desta Lei estejam em igual situação;
Complementar. b) tenham decorrido menos de cinco anos da data de aposen-
§ 3º As avaliações devem ser monitoradas pela comissão de tadoria;
que trata o art. 29. c) haja cargo vago.
Art. 29. A avaliação especial, prevista na Constituição Federal § 1º É de quinze dias úteis o prazo para o servidor retornar ao
como condição para aquisição da estabilidade, deve ser feita por exercício do cargo, contados da data em que tomou ciência da re-
comissão, quatro meses antes de terminar o estágio probatório. versão.
§ 1º A comissão de que trata este artigo é composta por três § 2º Não pode reverter o aposentado que tenha completado
servidores estáveis do mesmo cargo ou de cargo de escolaridade setenta anos.
superior da mesma carreira do avaliado. Art. 35. A reversão deve ser feita no mesmo cargo ou no cargo
§ 2º Não sendo possível a aplicação do disposto no § 1º, a com- resultante de sua transformação.
posição da comissão deve ser definida, conforme o caso: Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 34, I e II, encontrando-se
I – pelo Presidente da Câmara Legislativa; provido o cargo, o servidor deve exercer suas atribuições como ex-
II – pelo Presidente do Tribunal de Contas; cedente, até a ocorrência de vaga.
III – pelo Secretário de Estado a que o avaliado esteja subor-
dinado, incluídos os servidores de autarquia, fundação e demais SEÇÃO VIII
órgãos vinculados. DA REINTEGRAÇÃO
§ 3º Para proceder à avaliação especial, a comissão deve obser-
var os seguintes procedimentos: Art. 36. A reintegração é a reinvestidura do servidor no cargo
I – adotar, como subsídios para sua decisão, as avaliações feitas anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transforma-
na forma do art. 28, incluídos eventuais pedidos de reconsideração, ção, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa
recursos e decisões sobre eles proferidas; ou judicial, com o restabelecimento dos direitos que deixou de au-
II – ouvir, separadamente, o avaliador e, em seguida, o avalia- ferir no período em que esteve demitido.
do; § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor fica em
III – realizar, a pedido ou de ofício, as diligências que eventual- disponibilidade, observado o disposto nos arts. 38, 39 e 40.
mente emergirem das oitivas de que trata o inciso II; § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
IV – aprovar ou reprovar o servidor no estágio probatório, por deve ser reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza-
decisão fundamentada. ção, ou aproveitado em outro cargo ou, ainda, posto em disponi-
§ 4º Contra a reprovação no estágio probatório cabe pedido de bilidade.
reconsideração ou recurso, a serem processados na forma desta Lei § 3º É de cinco dias úteis o prazo para o servidor retornar ao
Complementar. exercício do cargo, contados da data em que tomou ciência do ato
Art. 30. As autoridades de que trata o art. 29, § 2º, são compe- de reintegração.
tentes para:
I – julgar, em única e última instância, qualquer recurso inter- SEÇÃO IX
posto na forma do art. 29; DA RECONDUÇÃO
II – homologar o resultado da avaliação especial feita pela co-
missão e, como consequência, efetivar o servidor no cargo, quando Art. 37. A recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
ele for aprovado no estágio probatório. anteriormente ocupado, observado o disposto no art. 202, § 3º, e
Art. 31. O servidor reprovado no estágio probatório deve ser, decorre de:
conforme o caso, exonerado ou reconduzido ao cargo de origem. I – reprovação em estágio probatório;
II – desistência de estágio probatório;
III – reintegração do anterior ocupante.

99
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1º Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor tem CAPÍTULO III
de ser aproveitado em outro cargo, observado o disposto no art. 39. DA SUBSTITUIÇÃO
§ 2º O servidor tem de retornar ao exercício do cargo até o dia
seguinte ao da ciência do ato de recondução. Art. 44. O ocupante de cargo ou função de direção ou chefia
tem substituto indicado no regimento interno ou, no caso de omis-
SEÇÃO X são, previamente designado pela autoridade competente.
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO § 1º O substituto deve assumir automaticamente o exercício do
cargo ou função de direção ou chefia:
Art. 38. O servidor só pode ser posto em disponibilidade nos I – em licenças, afastamentos, férias e demais ausências ou im-
casos previstos na Constituição Federal. pedimentos legais ou regulamentares do titular;
Parágrafo único. A remuneração do servidor posto em dispo- II – em caso de vacância do cargo.
nibilidade, proporcional ao tempo de serviço, não pode ser inferior § 2º O substituto faz jus aos vencimentos ou subsídio pelo exer-
a um terço do que percebia no mês anterior ao da disponibilidade. cício do cargo de direção ou chefia, pagos na proporção dos dias de
Art. 39. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade é efetiva substituição.
feito mediante aproveitamento: Art. 45. O disposto no art. 44 aplica-se aos titulares de unida-
I – no mesmo cargo; des administrativas organizadas em nível de assessoria.
II – em cargo resultante da transformação do cargo anterior-
mente ocupado; CAPÍTULO IV
III – em outro cargo, observada a compatibilidade de atribui- DA ACUMULAÇÃO
ções e vencimentos ou subsídio do cargo anteriormente ocupado.
Art. 40. É obrigatório o imediato aproveitamento de servidor Art. 46. É proibida a acumulação remunerada de cargos públi-
em disponibilidade, assim que houver vaga em órgão, autarquia ou cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, para:
fundação. I – dois cargos de professor;
§ 1º É de trinta dias o prazo para o servidor retornar ao exer- II – um cargo de professor com outro técnico ou científico;
cício, contados da data em que tomou ciência do aproveitamento. III – dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saú-
§ 2º Deve ser tornado sem efeito o aproveitamento e ser cas- de, com profissões regulamentadas.
sada a disponibilidade, se o servidor não retornar ao exercício no § 1º Presume-se como cargo de natureza técnica ou científica,
prazo do § 1º, salvo se por doença comprovada por junta médica para os fins do inciso II, qualquer cargo público para o qual se exija
oficial. educação superior ou educação profissional, ministrada na forma
e nas condições previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
CAPÍTULO II Nacional.
DOS REMANEJAMENTOS § 2º A proibição de acumular estende-se:
I – a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
SEÇÃO I presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
DA REMOÇÃO sociedades controladas direta ou indiretamente pelo poder público;
II – aos proventos de aposentadoria pagos por regime próprio
Art. 41. Remoção é o deslocamento da lotação do servidor, no de previdência social do Distrito Federal, da União, de Estado ou
mesmo órgão, autarquia ou fundação e na mesma carreira, de uma Município, ressalvados os proventos decorrentes de cargo acumu-
localidade para outra. lável na forma deste artigo.
§ 1º A remoção é feita a pedido de servidor que preencha as § 3º O servidor que acumular licitamente cargo público fica
condições fixadas no edital do concurso aberto para essa finalidade. obrigado a comprovar anualmente a compatibilidade de horários.
§ 2º O sindicato respectivo tem de ser ouvido em todas as eta- Art. 47. Ressalvados os casos de interinidade e substituição, o
pas do concurso de remoção. servidor não pode:
§ 3º A remoção de ofício destina-se exclusivamente a atender a I – exercer mais de um cargo em comissão ou função de con-
necessidade de serviços que não comporte o concurso de remoção. fiança;
Art. 42. É lícita a permuta entre servidores do mesmo cargo, II – acumular cargo em comissão com função de confiança.
mediante autorização prévia das respectivas chefias. Art. 48. Verificada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal de
cargos, empregos, funções públicas ou proventos de aposentado-
SEÇÃO II ria, o servidor deve ser notificado para apresentar opção no prazo
DA REDISTRIBUIÇÃO improrrogável de dez dias, contados da data da ciência da notifica-
ção.
Art. 43. Redistribuição é o deslocamento do cargo, ocupado ou § 1º Em decorrência da opção, o servidor deve ser exonerado
vago, para outro órgão, autarquia ou fundação do mesmo Poder. do cargo, emprego ou função por que não mais tenha interesse.
§ 1º A redistribuição dá-se: § 2º Com a opção pela renúncia aos proventos de aposentado-
I – para cargo de uma mesma carreira, no caso de reorganização ria, o seu pagamento cessa imediatamente.
ou ajustamento de quadro de pessoal às necessidades do serviço; § 3º Se o servidor não fizer a opção no prazo deste artigo, o se-
II – no caso de extinção ou criação de órgão, autarquia ou fun- tor de pessoal da repartição deve solicitar à autoridade competente
dação. a instauração de processo disciplinar para apuração e regularização
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, II, devem ser observados o interesse imediata.
da administração pública, a vinculação entre os graus de complexi- § 4º Instaurado o processo disciplinar, se o servidor, até o últi-
dade e responsabilidade do cargo, a correlação das atribuições, a mo dia de prazo para defesa escrita, fizer a opção de que trata este
equivalência entre os vencimentos ou subsídio e a prévia aprecia- artigo, o processo deve ser arquivado, sem julgamento do mérito.
ção do órgão central de pessoal. § 5º O disposto no § 4º não se aplica se houver declaração falsa
feita pelo servidor sobre acumulação de cargos.

100
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 6º Caracterizada no processo disciplinar a acumulação ilegal, TÍTULO III
a administração pública deve observar o seguinte: DAS CARREIRAS E DO REGIME E DA JORNADA DE TRABALHO
I – reconhecida a boa-fé, exonerar o servidor do cargo vincula-
do ao órgão, autarquia ou fundação onde o processo foi instaurado; CAPÍTULO I
II – provada a má-fé, aplicar a sanção de demissão, destituição DAS CARREIRAS
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos
cargos ou empregos em regime de acumulação ilegal, hipótese em SEÇÃO I
que os órgãos ou entidades de vinculação devem ser comunicados. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 49. É vedada a participação de servidor, salvo na condição
de Secretário de Estado, ainda que suplente, em mais de um conse- Art. 55. Os cargos de provimento efetivo são organizados em
lho, comissão, comitê, órgão de deliberação coletiva ou assemelha- carreira, criada por lei, que deve fixar:
do, na administração direta, autárquica ou fundacional do Distrito I – a denominação, o quantitativo e as atribuições dos cargos;
Federal. II – os requisitos para investidura no cargo e desenvolvimento
§ 1º É vedada a remuneração pela participação em mais de um na carreira;
conselho. III – a estrutura da carreira com a fixação dos vencimentos ou
§ 2º É permitida, observado o disposto no § 1º, a participação do subsídio;
remunerada de servidor em conselho de administração ou conse- IV – os critérios de capacitação;
lho fiscal de empresa pública ou sociedade de economia mista em NOTA: VIDE DECRETO Nº 39.468/2018, QUE REGULAMENTA A
que o Distrito Federal detenha, direta ou indiretamente, participa- POLÍTICA DE CAPACITAÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO PARA OS SER-
ção no capital social. VIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA E FUNDACIO-
NAL DO DISTRITO FEDERAL – DODF DE 22/11/2018.
CAPÍTULO V V – o regime e a jornada de trabalho.
DA VACÂNCIA § 1º As alterações de requisitos para provimento de cargo pú-
blico de carreira aplicam-se, exclusivamente, àqueles servidores
Art. 50. A vacância do cargo público decorre de: cujo ingresso se der após elas terem sido publicadas.
I – exoneração;
II – demissão; FICA ACRESCENTADO O PARÁGRAFO 2º AO ART. 55 PELA LEI
III – destituição de cargo em comissão; COMPLEMENTAR Nº 945 – DODF DE 06/07/18.
IV – aposentadoria; § 2º Sem prejuízo do disposto no art. 100, a docência no ensino
V – falecimento; superior público do Distrito Federal é função inerente a todos os
VI – perda do cargo, nos demais casos previstos na Constituição cargos de nível superior de todas as carreiras existentes e das que
Federal. vierem a ser criadas, na forma da lei e atendidos os requisitos esta-
Art. 51. A exoneração de cargo de provimento efetivo dá-se a belecidos quando do chamamento público.
pedido do servidor ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dá-se, exclusivamente, SEÇÃO II
quando o servidor: DA PROMOÇÃO
I – for reprovado no estágio probatório;
II – tendo tomado posse, não entrar em exercício no prazo es- NOTA: VIDE DECRETO Nº 37.770, DE 14/11/16 – DODF DE
tabelecido. 16/11/16 QUE REGULAMENTA ESTE ARTIGO 56.
Art. 52. A exoneração de cargo em comissão dá-se: Art. 56. Salvo disposição legal em contrário, a promoção é a
I – a critério da autoridade competente; movimentação de servidor do último padrão de uma classe para o
II – a pedido do servidor. primeiro padrão da classe imediatamente superior.
Art. 53. A servidora gestante que ocupe cargo em comissão § 1º A promoção dá-se por merecimento ou por antiguidade,
sem vínculo com o serviço público não pode, sem justa causa, ser na forma do plano de carreira de cada categoria funcional.
exonerada de ofício, desde a confirmação da gravidez até cinco § 2º A promoção não interrompe o tempo de exercício no car-
meses após o parto, salvo mediante indenização paga na forma do go.
regulamento.
Parágrafo único. Deve ser tornado sem efeito o ato de exone- CAPÍTULO II
ração, quando constatado que a servidora estava gestante e não foi DO REGIME E DA JORNADA DE TRABALHO
indenizada.
Art. 54. Ao tomar posse em outro cargo inacumulável de qual- Art. 57. Salvo disposição legal em contrário, o servidor efetivo
quer órgão, autarquia ou fundação do Distrito Federal, o servidor fica sujeito ao regime de trabalho de trinta horas semanais.
estável pode pedir a vacância do cargo efetivo por ele ocupado, ob- § 1º No interesse da administração pública e mediante anuên-
servando-se o seguinte: cia do servidor, o regime de trabalho pode ser ampliado para qua-
I – durante o prazo de que trata o art. 32, o servidor pode retor- renta horas semanais, observada a proporcionalidade salarial.
nar ao cargo anteriormente ocupado, nos casos previstos no art. 37; § 2º É vedado aplicar ao regime de trabalho interpretação por
II – o cargo para o qual se pediu vacância pode ser provido pela analogia, extensão ou semelhança de atribuições.
administração pública. § 3º A jornada de trabalho em sistema de escala de revezamen-
to deve ser definida em lei ou regulamento, observando o registro
em folha de ponto do horário de entrada e de saída.
Art. 58. O servidor ocupante de cargo em comissão ou no exer-
cício de função de confiança tem regime de trabalho de quarenta
horas semanais, com integral dedicação ao serviço.

101
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 59. No serviço noturno, a hora é considerada como tendo I – abandono do cargo, se ocorrerem por mais de trinta dias
cinquenta e dois minutos e trinta segundos. consecutivos;
Parágrafo único. Considera-se noturno o serviço prestado entre II – inassiduidade habitual, se ocorrerem por mais de sessenta
as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte. dias, interpoladamente, no período de doze meses.
Art. 60. Para atender a situações excepcionais e temporárias do Art. 65. Salvo na hipótese de licença ou afastamento prevista
serviço, a jornada de trabalho pode ser ampliada, a título de serviço no art. 17, § 2º, considera-se falta injustificada, especialmente, a
extraordinário, em até duas horas. que decorra de:
Parágrafo único. Nos casos de risco de comprometimento da I – não retorno ao exercício, no prazo fixado nesta Lei Comple-
ordem e da saúde públicas, o Governador pode autorizar, excepcio- mentar, em caso de reversão, reintegração, recondução ou aprovei-
nalmente, a extrapolação d tamento;
Art. 61. Pode ser concedido horário especial ao servidor: II – não apresentação imediata para exercício no órgão, autar-
I - com deficiência ou com doença falciforme; quia ou fundação, em caso de remoção ou redistribuição;
II - que tenha cônjuge ou dependente com deficiência ou com III – interstício entre:
doença falciforme; a) o afastamento do órgão, autarquia ou fundação de origem e
III - matriculado em curso da educação básica e da educação o exercício no órgão ou entidade para o qual o servidor foi cedido
superior, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário ou colocado à disposição;
escolar e o da unidade administrativa, sem prejuízo do exercício do b) o término da cessão ou da disposição de que trata a alínea a
cargo; e o reinício do exercício no órgão, autarquia ou fundação de origem.
IV - na hipótese do art. 100, § 2º.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos I e II, o horário especial consiste TÍTULO IV
na redução de até 50% da jornada de trabalho e sua necessidade DOS DIREITOS
deve ser atestada por junta médica oficial.
§ 2º Nos casos dos incisos III e IV, é exigida do servidor a com- CAPÍTULO I
pensação de horário na unidade administrativa, de modo a cumprir DO SISTEMA REMUNERATÓRIO
integralmente o regime semanal de trabalho.
§ 3º O servidor estudante deve comprovar, mensalmente, a sua SEÇÃO I
frequência escolar. DOS CONCEITOS GERAIS
FICA ACRESCENTADO O PARÁGRAFO 4º AO ART. 61 PELA LEI
COMPLEMENTAR Nº 954/2019 – DODF DE 20/11/19. Art. 66. A retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público
§ 4º A comprovação da dependência de que trata o inciso II é fixada em lei, sob a forma de subsídio ou remuneração mensal.
deve ser realizada perante o setor responsável pela gestão de pes- § 1º O valor diário da remuneração ou subsídio obtém-se divi-
soas do órgão de lotação do servidor. dindo-se o valor da retribuição pecuniária mensal por trinta.
FICA ACRESCENTADO O PARÁGRAFO 5º AO ART. 61 PELA LEI § 2º O valor horário da remuneração ou subsídio obtém-se di-
COMPLEMENTAR Nº 954/2019 – DODF DE 20/11/19. vidindo-se a retribuição pecuniária mensal pelo quíntuplo da carga
Art. 62. Sem prejuízo da remuneração ou subsídio, o servidor horária semanal.
pode ausentar-se do serviço, mediante comunicação prévia à chefia § 3º Na retribuição pecuniária mensal de que tratam os §§ 1º
imediata: e 2º, não se incluem:
I – por um dia para: I – as vantagens de natureza periódica ou eventual, as de ca-
a) doar sangue; ráter indenizatório, o adicional noturno e o adicional por serviço
b) realizar, uma vez por ano, exames médicos preventivos ou extraordinário;
periódicos voltados ao controle de câncer de próstata, de mama ou II – os acréscimos de que trata o art. 67, I a VII.
do colo de útero; Art. 67. O subsídio é constituído de parcela única, e a ele pode
II – por até dois dias, para se alistar como eleitor ou requerer ser acrescido, exclusivamente:
transferência do domicílio eleitoral; I – o décimo terceiro salário;
III – por oito dias consecutivos, incluído o dia da ocorrência, II – o adicional de férias;
em razão de: III – o auxílio-natalidade;
a) casamento; IV – o abono de permanência;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, parceiro homoafeti- V – o adicional por serviço extraordinário;
vo, pai, mãe, padrasto, madrasta, filho, irmão, enteado ou menor VI – o adicional noturno;
sob guarda ou tutela. VII – as vantagens de caráter indenizatório;
Art. 63. Em caso de falta ao serviço, atraso, ausência ou saída VIII – a remuneração ou subsídio:
antecipada, desde que devidamente justificados, é facultado à che- a) pelo exercício de cargo em comissão ou de função de con-
fia imediata, atendendo a requerimento do interessado, autorizar a fiança, de que trata o art. 77;
compensação de horário a ser realizada até o final do mês subse- b) decorrente de substituições.
quente ao da ocorrência. Art. 68. A remuneração é constituída de parcelas e compreen-
§ 1º O atraso, a ausência justificada ou a saída antecipada são de:
computados por minutos, a serem convertidos em hora, dentro de I – os vencimentos, que se compõem:
cada mês. a) do vencimento básico;
§ 2º Apurado o tempo na forma do § 1º, são desprezados os b) das vantagens permanentes relativas ao cargo;
resíduos inferiores a sessenta minutos. II – as vantagens relativas às peculiaridades de trabalho;
§ 3º Toda compensação de horário deve ser registrada pela III – as vantagens pessoais;
chefia imediata junto ao setor de pessoal da repartição. IV – as vantagens de natureza periódica ou eventual;
Art. 64. As faltas injustificadas ao serviço configuram: V – as vantagens de caráter indenizatório.
Art. 69. Os vencimentos ou o subsídio são irredutíveis.

102
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 70. A remuneração ou o subsídio dos ocupantes de car- SEÇÃO V
gos e funções públicos da administração direta, autárquica e fun- DAS VANTAGENS RELATIVAS ÀS PECULIARIDADES DE
dacional, incluídos os cargos preenchidos por mandato eletivo, e TRABALHO
os proventos, as pensões ou outra espécie remuneratória, perce-
bidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou SUBSEÇÃO I
de qualquer outra natureza, não podem exceder o subsídio mensal, DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA E DOS VENCIMEN-
em espécie, dos Desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito TOS DE CARGO EM COMISSÃO
Federal e Territórios.
§ 1º O valor do teto de remuneração ou subsídio deve ser pu- Art. 77. Sem prejuízo da remuneração ou subsídio do cargo efe-
blicado no Diário Oficial do Distrito Federal pelo Poder Executivo tivo, o servidor faz jus:
sempre que se alterar o subsídio dos Desembargadores do Tribunal I – ao valor integral da função de confiança para a qual foi de-
de Justiça do Distrito Federal e Territórios. signado;
§ 2º Excluem-se do valor do teto de remuneração o décimo II – a oitenta por cento dos vencimentos ou subsídio do cargo
terceiro salário, o adiantamento de férias, o adicional de férias, o em comissão por ele exercido, salvo disposição legal em contrário.
auxílio-natalidade, o auxílio pré-escolar e as vantagens de caráter § 1º As férias, o adicional de férias e o décimo terceiro salá-
indenizatório. rio são pagos proporcionalmente aos meses de efetivo exercício do
servidor efetivo no cargo em comissão ou função de confiança.
SEÇÃO II § 2º O servidor efetivo pode optar pelo valor integral do cargo
DO VENCIMENTO BÁSICO E DO SUBSÍDIO em comissão, hipótese em que não pode perceber o subsídio ou a
remuneração do cargo efetivo.
Art. 71. O vencimento básico é fixado por padrão na tabela de Art. 78. O disposto no art. 77 aplica-se ao servidor ou empre-
remuneração da carreira. gado requisitado de qualquer órgão ou entidade dos Poderes do
Art. 72. Na fixação do subsídio ou dos padrões do vencimento Distrito Federal, da União, de Estado ou Município.
básico e das demais parcelas do sistema remuneratório, devem ser
observados: SUBSEÇÃO II
I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE
cargos componentes de cada carreira;
II – os requisitos para investidura; Art. 79. O servidor que trabalha com habitualidade em locais
III – as peculiaridades dos cargos. insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, ra-
Art. 73. O subsídio ou o vencimento básico inicial da carreira dioativas ou com risco de vida faz jus a um adicional de insalubrida-
não pode ser inferior ao salário-mínimo. de ou de periculosidade.
§ 1º O valor do subsídio ou do vencimento básico deve ser § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e
complementado, sempre que ficar abaixo do salário-mínimo. de periculosidade tem de optar por um deles.
§ 2º Sobre o valor da complementação de que trata o § 1º, § 2º O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
devem incidir as parcelas da remuneração que incidem sobre o ven- cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram cau-
cimento básico. sa a sua concessão.
Art. 80. Deve haver permanente controle da atividade de ser-
SEÇÃO III vidores em operações ou locais considerados insalubres ou perigo-
DAS VANTAGENS sos.
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante, enquanto
Art. 74. Além do vencimento básico, podem ser pagas ao servi- durar a gestação e a lactação, deve exercer suas atividades em local
dor, como vantagens, as seguintes parcelas remuneratórias: salubre e em serviço não perigoso.
I – gratificações; Art. 81. Na concessão dos adicionais de insalubridade ou de
II – adicionais; periculosidade, devem ser observadas as situações estabelecidas
III – abonos; em legislação específica.
IV – indenizações. Art. 82. Os locais de trabalho e os servidores que operam com
§ 1º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci- raios X ou substâncias radioativas devem ser mantidos sob controle
mento, nos casos e nas condições indicados em lei. permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra-
§ 2º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro- passem o nível máximo previsto na legislação própria.
vento para qualquer efeito. Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo de-
Art. 75. As vantagens pecuniárias não são computadas, nem vem ser submetidos a exames médicos a cada seis meses.
acumuladas, para efeito de concessão de qualquer outro acréscimo Art. 83. O adicional de insalubridade ou de periculosidade é
pecuniário ulterior. devido nos termos das normas legais e regulamentares pertinentes
aos trabalhadores em geral, observados os percentuais seguintes,
SEÇÃO IV incidentes sobre o vencimento básico:
DAS VANTAGENS PERMANENTES RELATIVAS AO CARGO I – cinco, dez, ou vinte por cento, no caso de insalubridade nos
graus mínimo, médio ou máximo, respectivamente;
Art. 76. As vantagens permanentes relativas ao cargo, criadas II - 10%, no caso de periculosidade, salvo no caso da carreira de
por lei, compreendem as gratificações e os adicionais vinculados Execução Penal, disciplinada pela Lei nº 3.669, de 13 de setembro
aos cargos de carreira ou ao seu exercício. de 2005, que é de 20%.
§ 1º O adicional de irradiação ionizante deve ser concedido nos
percentuais de cinco, dez ou vinte por cento, na forma do regula-
mento.

103
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 2º A gratificação por trabalhos com raios X ou substâncias SEÇÃO VII
radioativas é concedida no percentual de dez por cento. DAS VANTAGENS PERIÓDICAS

SUBSEÇÃO III SUBSEÇÃO I


DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO DO ADICIONAL DE FÉRIAS

Art. 84. O serviço extraordinário é remunerado com acréscimo Art. 91. Independentemente de solicitação, é pago ao servidor,
de cinquenta por cento em relação ao valor da remuneração ou por ocasião das férias, um adicional correspondente a um terço da
subsídio da hora normal de trabalho. remuneração ou subsídio do mês em que as férias forem iniciadas.
§ 1º No caso de o servidor efetivo exercer função de confiança
SUBSEÇÃO IV ou cargo em comissão, a respectiva vantagem é considerada no cál-
DO ADICIONAL NOTURNO culo do adicional de que trata este artigo, observada a proporciona-
lidade de que trata o art. 121, § 1º.
Art. 85. O serviço noturno a que se refere o art. 59 é remu- § 2º O adicional de férias incide sobre o valor do abono pecu-
nerado com acréscimo de vinte e cinco por cento sobre o valor da niário.
remuneração ou subsídio da hora trabalhada. § 3º A base para o cálculo do adicional de férias não pode ser
Parágrafo único. O adicional noturno incide sobre o adicional superior ao teto de remuneração ou subsídio, salvo em relação ao
de serviço extraordinário. abono pecuniário.

SEÇÃO VI SUBSEÇÃO II
DAS VANTAGENS PESSOAIS DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

SUBSEÇÃO I Art. 92. O décimo terceiro salário, observado o disposto no art.


DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 66, § 3º, corresponde à retribuição pecuniária do mês em que é de-
vido, à razão de um doze avos por mês de exercício nos doze meses
Art. 86. Consideram-se pessoais as parcelas da remuneração anteriores.
que dependam da situação individual de cada servidor perante a § 1º A fração superior a quatorze dias é considerada como mês
administração pública. integral.
Art. 87. As vantagens pessoais, uma vez adquiridas, incorpo- § 2º O décimo terceiro salário é devido sobre a parcela da retri-
ram-se à remuneração. buição pecuniária percebida por servidor efetivo pelo exercício de
função de confiança ou cargo em comissão, observada a proporcio-
SUBSEÇÃO II nalidade de que trata este artigo e o art. 121, §1º.
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO Art. 93. O décimo terceiro salário é pago:
I – no mês de aniversário do servidor ocupante de cargo de
Art. 88. O adicional por tempo de serviço é devido à razão de provimento efetivo, incluído o requisitado da administração direta,
um por cento sobre o vencimento básico do cargo de provimento autárquica ou fundacional de qualquer Poder do Distrito Federal, da
efetivo por ano de efetivo serviço. União, de Estado ou Município;
Parágrafo único. O adicional de tempo de serviço é devido a II – até o dia vinte do mês de dezembro de cada ano, para os
partir do mês em que o servidor completar o anuênio. servidores não contemplados no inciso I.
§ 1º No mês de dezembro, o servidor efetivo faz jus a eventuais
SUBSEÇÃO III diferenças entre o valor pago como décimo terceiro salário e a re-
DO ADICIONAL DE QUALIFICAÇÃO muneração devida nesse mês.
§ 2º O Poder Executivo e os órgãos do Poder Legislativo podem
Art. 89. O adicional de qualificação, instituído por lei específica, alterar a data de pagamento do décimo terceiro salário, desde que
destina-se a remunerar a melhoria na capacitação para o exercício ele seja efetivado até o dia vinte de dezembro de cada ano.
do cargo efetivo. Art. 94. Ao servidor demitido, exonerado ou que entre em li-
Parágrafo único. Os conteúdos dos cursos de qualificação de- cença sem remuneração, é devido o décimo terceiro salário, pro-
vem guardar pertinência com as atribuições do cargo efetivo ou da porcionalmente aos meses de exercício, calculado sobre o subsídio
unidade de lotação e exercício. ou a remuneração do mês em que ocorrer o evento.
Parágrafo único. Se o servidor reassumir o cargo, o décimo ter-
SUBSEÇÃO IV ceiro salário deve ser pago proporcionalmente aos meses de exer-
DAS VANTAGENS PESSOAIS NOMINALMENTE IDENTIFICÁVEIS cício após a reassunção.
Art. 95. O décimo terceiro salário não pode:
Art. 90. As vantagens pessoais nominalmente identificáveis são I – ser considerado para cálculo de qualquer outra vantagem;
definidas em lei ou reconhecidas em decisão judicial. II – ser superior ao valor do teto de remuneração a que o ser-
Parágrafo único. (V E T A D O). vidor está submetido.

104
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SEÇÃO VIII § 1º Os critérios de concessão e os limites da gratificação para
DAS VANTAGENS EVENTUAIS as atividades de que trata este artigo são fixados em regulamento,
observados os seguintes parâmetros:
SUBSEÇÃO I I – o valor da gratificação deve ser calculado em horas, observa-
DO AUXÍLIO-NATALIDADE das a natureza e a complexidade da atividade exercida;
II – o período de trabalho nas atividades de que trata este
Art. 96. O auxílio-natalidade é devido à servidora efetiva por artigo não pode exceder a cento e vinte horas anuais ou, quando
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor devidamente justificado e previamente autorizado pela autoridade
vencimento básico do serviço público distrital, inclusive no caso de máxima do órgão, autarquia ou fundação, a duzentas e quarenta
natimorto. horas anuais;
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor deve ser acrescido III – o valor máximo da hora trabalhada corresponde aos se-
de cinquenta por cento por nascituro. guintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da
§ 2º O auxílio-natalidade deve ser pago ao cônjuge ou com- tabela de remuneração ou subsídio do servidor:
panheiro servidor público, quando a parturiente não for servidora a) dois inteiros e dois décimos por cento, em se tratando de
pública distrital. atividades previstas nos incisos I e II do caput;
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se às situações de adoção. b) um inteiro e dois décimos por cento, em se tratando de ati-
vidade prevista nos incisos III e IV do caput.
SUBSEÇÃO II § 2º A gratificação por encargo de curso ou concurso somente
DO AUXÍLIO-FUNERAL pode ser paga se as atividades referidas nos incisos do caput forem
exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor
Art. 97. O auxílio-funeral é devido à família do servidor efetivo for titular, devendo implicar compensação de horário quando de-
falecido em atividade ou aposentado, em valor equivalente a um sempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do art. 61,
mês da remuneração, subsídio ou provento. § 2º.
§1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio-funeral é § 3º A gratificação por encargo de curso ou concurso não se
pago somente em razão do cargo de maior remuneração ou subsí- incorpora à remuneração do servidor para qualquer efeito e não
dio. pode ser utilizada como base para cálculo de qualquer outra vanta-
§ 2º O auxílio-funeral deve ser pago no prazo de quarenta e gem, nem para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria ou
oito horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da das pensões.
família que houver custeado o funeral.
§ 3º No caso de servidor aposentado, o auxílio-funeral é pago SEÇÃO IX
pelo regime próprio de previdência social, mediante ressarcimento DAS VANTAGENS DE CARÁTER INDENIZATÓRIO
dos valores pelo Tesouro do Distrito Federal.
Art. 98. O terceiro que custear o funeral tem direito de ser in- SUBSEÇÃO I
denizado, não podendo a indenização superar o valor de um mês da DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
remuneração, subsídio ou provento.
Art. 99. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do Art. 101. Tem caráter indenizatório o valor das parcelas relati-
local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte vas a:
do corpo correm à conta de recursos do Distrito Federal, da autar- NOTA: VIDE DECRETO Nº 37.437, DE 24/06/16 – DODF DE
quia ou da fundação pública. 27/06/16 QUE REGULAMENTA ESTE INCISO I DESTE ART. 101.
I – diária e passagem para viagem;
SUBSEÇÃO III II – transporte;
DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO III – alimentação;
IV – creche ou escola;
Art. 100. A gratificação por encargo de curso ou concurso é de- V – fardamento;
vida ao servidor estável que, em caráter eventual: VI – conversão de férias ou de parte delas em pecúnia;
I – atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol- VII – abono de permanência;
vimento ou de treinamento regularmente instituído nos Poderes VIII - créditos decorrentes de demissão, exoneração e aposen-
Executivo ou Legislativo; tadoria relativos a férias ou adicional de férias ou conversão de li-
II – participar de banca examinadora ou de comissão de con- cença-servidor em pecúnia.
curso para: Art. 102. Os valores das indenizações, assim como as condições
a) exames orais; para a sua concessão, são estabelecidos em lei ou regulamento, ob-
b) análise de currículo; servadas as disposições dos artigos seguintes.
c) correção de provas discursivas; Art. 103. O valor das indenizações não pode ser:
d) elaboração de questões de provas; I – incorporado à remuneração ou ao subsídio;
e) julgamento de recursos interpostos por candidatos; II – computado na base de cálculo para fins de incidência de
III – participar da logística de preparação e de realização de imposto de renda ou de contribuição para a previdência social, res-
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- salvadas as disposições em contrário na legislação federal;
nação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais III – computado para cálculo de qualquer outra vantagem pe-
atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições perma- cuniária.
nentes;
IV – participar da aplicação de provas de concurso público, fis-
calizá-la ou avaliá-la, bem como supervisionar essas atividades.

105
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SUBSEÇÃO II b) servidor que exerça suas atribuições em mais de uma unida-
DA DIÁRIA E DA PASSAGEM de administrativa do órgão ou entidade a que esteja vinculado, aqui
compreendidos os estabelecimentos públicos de ensino e saúde do
NOTA: VIDE DECRETO Nº 37.437, DE 24/06/16 – DODF DE Distrito Federal.
27/06/16 QUE REGULAMENTA O ART. 104. § 3º É facultado ao servidor optar pela percepção do auxílio
Art. 104. O servidor que, a serviço, se afastar do Distrito Federal referente ao deslocamento:
em caráter eventual ou transitório faz jus a passagem e diária, para I – da repartição pública para outro local de trabalho ou vice-
cobrir as despesas de pousada, alimentação e locomoção urbana. -versa;
§ 1º A diária é concedida por dia de afastamento, sendo devida II – do trabalho para instituição de ensino onde esteja regula-
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite. mente matriculado ou vice-versa.
§ 2º Nos casos em que o afastamento do Distrito Federal cons- Art. 108. O valor mensal do auxílio-transporte corresponde ao
tituir exigência permanente do cargo, o servidor não faz jus a diária. montante das despesas realizadas com transporte coletivo, nos ter-
NOTA: VIDE DECRETO Nº 37.437, DE 24/06/16 – DODF DE mos do art. 107, subtraído o montante de seis por cento incidente
27/06/16 QUE REGULAMENTA O ART. 105. exclusivamente sobre:
Art. 105. O servidor que receber diária ou passagem e não se I – subsídio ou vencimento básico do cargo efetivo ocupado
afastar do Distrito Federal, por qualquer motivo, fica obrigado a res- pelo servidor;
tituí-las integralmente, no prazo de setenta e duas horas, contadas II – retribuição pecuniária de cargo em comissão, quando se
da data em que deveria ter viajado. tratar de servidor não detentor de cargo efetivo.
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede Art. 109. O pagamento do auxílio-transporte, em pecúnia ou
em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, tem em vale-transporte, deve ser efetuado no mês anterior ao da utili-
de restituir, no prazo previsto neste artigo, as diárias recebidas em zação de transporte coletivo, salvo nas seguintes hipóteses, quando
excesso. pode ser feito até o mês imediatamente subsequente:
I – efetivo exercício no cargo em razão de primeira investidura
SUBSEÇÃO III ou reinício do exercício decorrente de licença ou afastamento pre-
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE vistos em lei;
II – modificação no valor da tarifa do transporte coletivo, no
Art. 106. O servidor que realiza despesas com a utilização de endereço residencial, no local de trabalho, no trajeto ou no meio de
meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, transporte utilizado, quando passa a ser devida a complementação
por força das atribuições próprias do cargo, faz jus à indenização de correspondente;
transporte, na forma do regulamento. III – mudança de exercício financeiro.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no art. 119, § 2º, no caso
SUBSEÇÃO IV de pagamento indevido do auxílio-transporte.
DO AUXÍLIO-TRANSPORTE Art. 110. A concessão do auxílio-transporte fica condicionada à
apresentação de declaração, firmada pelo próprio servidor, de que
Art. 107. Ao servidor é devido auxílio-transporte, a ser pago realiza despesas com transporte coletivo, nos termos do art. 107.
em pecúnia ou em vale-transporte, destinado ao custeio parcial das § 1º O servidor deve manter atualizados os dados cadastrais
despesas realizadas com transporte coletivo, inclusive interestadu- que fundamentam a concessão do auxílio-transporte.
al, no início e no fim da jornada de trabalho, relacionadas com o § 2º Sem prejuízo da fiscalização da administração pública e
deslocamento da residência para o trabalho e vice-versa. de eventual responsabilidade administrativa, civil ou penal, presu-
§ 1º O auxílio-transporte não pode ser computado para cálculo mem-se verdadeiras as informações constantes da declaração pres-
de qualquer outra vantagem pecuniária. tada pelo servidor.
§ 2º O auxílio-transporte não é devido:
I – quando o órgão, autarquia ou fundação proporcionar, por SUBSEÇÃO V
meios próprios ou por meio de terceiros contratados, o transporte DO AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO
do servidor para o trabalho e vice-versa;
II – durante as férias, licenças, afastamentos ou ausências ao Art. 111. É devido ao servidor, mensalmente, o auxílio-alimen-
serviço, exceto nos casos de: tação, com o valor fixado na forma da lei.
a) cessão do servidor para órgão da administração direta, au- Art. 112. O auxílio-alimentação sujeita-se aos seguintes crité-
tárquica ou fundacional do Distrito Federal, cujo ônus da remunera- rios:
ção recaia sobre o órgão cedente; I – o pagamento é feito em pecúnia, sem contrapartida;
b) participação em programa de treinamento regularmente II – não pode ser acumulado com outro benefício da mesma
instituído; espécie, ainda que pago in natura;
c) participação em júri e outros serviços obrigatórios por lei; III – depende de requerimento do servidor interessado, no qual
III – quando a despesa mensal com transporte coletivo for igual declare não receber o mesmo benefício em outro órgão ou entida-
ou inferior ao valor resultante da aplicação do percentual de que de;
trata o art. 108; IV – o seu valor deve ser atualizado anualmente pelo mesmo
IV – cumulativamente com outro benefício ou vantagem de na- índice que atualizar os valores expressos em moeda corrente na le-
tureza igual ou semelhante ou com vantagem pessoal originária de gislação do Distrito Federal;
qualquer forma de indenização ou auxílio pago sob o mesmo título V – não é devido ao servidor em caso de:
ou idêntico fundamento, salvo nos casos de: a) licença ou afastamento sem remuneração;
a) acumulação lícita de cargos públicos; b) licença por motivo de doença em pessoa da família;
c) afastamento para estudo ou missão no exterior;
d) suspensão em virtude de pena disciplinar;
e) falta injustificada e não compensada.

106
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no art. 119, § 2º, ao caso § 2º No caso de erro no processamento da folha de pagamento,
de pagamento indevido do auxílio-alimentação. o valor indevidamente recebido deve ser devolvido pelo servidor
em parcela única no prazo de setenta e duas horas, contados da
SUBSEÇÃO VI data em que o servidor foi comunicado.
DO ABONO PECUNIÁRIO Art. 120. O pagamento efetuado pela administração pública em
desacordo com a legislação não aproveita ao servidor beneficiado,
Art. 113. A conversão de um terço das férias em abono pecuni- ainda que ele não tenha dado causa ao erro.
ário depende de autorização do Governador, do Presidente da Câ- Parágrafo único. É vedado exigir reposição de valor em virtude
mara Legislativa ou do Presidente do Tribunal de Contas. de aplicação retroativa de nova interpretação da norma de regên-
§ 1º Sobre o valor do abono pecuniário, incide o adicional de cia.
férias. Art. 121. Em caso de demissão, exoneração, aposentadoria ou
§ 2º A base para o cálculo do abono pecuniário não pode ser qualquer licença ou afastamento sem remuneração, o servidor tem
superior ao teto de remuneração ou subsídio. direito de receber os créditos a que faz jus até a data do evento.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, aos casos de
SUBSEÇÃO VII dispensa da função de confiança ou exoneração de cargo em co-
DO ABONO DE PERMANÊNCIA missão, quando:
I – seguidas de nova dispensa ou nomeação;
Art. 114. O servidor que permanecer em atividade após ter II – se tratar de servidor efetivo, hipótese em que faz jus à per-
completado as exigências para aposentadoria voluntária faz jus a cepção dos créditos daí decorrentes, inclusive o décimo terceiro
um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição salário e as férias, na proporção prevista nesta Lei Complementar.
previdenciária, na forma e nas condições previstas na Constituição § 2º Nas hipóteses deste artigo, havendo débito do servidor
Federal. com o erário, tem ele de ser deduzido integralmente dos créditos
que tenha ou venha a ter em virtude do cargo ocupado.
SEÇÃO X § 3º Sendo insuficientes os créditos, o débito não deduzido tem
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de ser quitado no prazo de sessenta dias.
§ 4º O débito não quitado na forma dos §§ 2º e 3º deve ser
Art. 115. Se não for feita a compensação de horário de que tra- descontado de qualquer valor que o devedor tenha ou venha a ter
ta o art. 63, o servidor perde: como crédito junto ao Distrito Federal, inclusive remuneração ou
I – a remuneração ou subsídio dos dias em que faltar ao servi- subsídio de qualquer cargo público, função de confiança, proventos
ço, sem motivo justificado; de aposentadoria ou pensão, observado o disposto no art. 119.
II – a parcela da remuneração ou subsídio diário, proporcional § 5º A não quitação do débito no prazo previsto implica sua
aos atrasos, ausências injustificadas e saídas antecipadas. inscrição na dívida ativa.
Art. 116. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne- § 6º Os créditos a que o ex-servidor faz jus devem ser quitados
nhum desconto pode incidir sobre a remuneração ou subsídio. no prazo de até sessenta dias, salvo nos casos de insuficiência de
§ 1º Mediante autorização do servidor e a critério da adminis- dotação orçamentária, observado o regulamento.
tração pública, pode haver consignação em folha de pagamento a Art. 122. Em caso de falecimento do servidor e após a apuração
favor de terceiros, com reposição de custos, na forma definida em dos valores e dos procedimentos de que trata o art. 121, o saldo
regulamento. remanescente deve ser:
§ 2º A soma das consignações de que trata o § 1º não pode I – pago aos beneficiários da pensão e, na falta destes, aos su-
exceder a trinta por cento da remuneração ou subsídio do servidor. cessores judicialmente habilitados;
§ 3º A consignação em folha de pagamento não traz nenhuma II – cobrado na forma da lei civil, se negativo.
responsabilidade para a administração pública, salvo a de repassar Art. 123. O débito do servidor com o erário ou o crédito que
ao terceiro o valor descontado do servidor. venha a ser reconhecido administrativa ou judicialmente deve:
Art. 117. O subsídio, a remuneração ou qualquer de suas parce- I – ser atualizado pelo mesmo índice que atualizar os valores
las tem natureza alimentar e não é objeto de arresto, sequestro ou expressos em moeda corrente na legislação do Distrito Federal;
penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultantes II – sofrer compensação de mora, na forma da legislação vi-
de decisão judicial. gente.
Parágrafo único. O crédito em conta bancária não descaracteri- Art. 124. É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
za a natureza jurídica do subsídio ou remuneração. casos previstos em lei.
Art. 118. A quitação da folha de pagamento é feita até o quinto
dia útil do mês subsequente. CAPÍTULO II
Parágrafo único. No caso de erro desfavorável ao servidor no DAS FÉRIAS
processamento da folha de pagamento, a quitação do débito deve
ser feita no prazo de até setenta e duas horas, contados da data de Art. 125. A cada período de doze meses de exercício, o servidor
que trata este artigo. faz jus a trinta dias de férias.
Art. 119. As reposições e indenizações ao erário devem ser co- § 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias, são exigidos
municadas ao servidor para pagamento no prazo de até dez dias, doze meses de efetivo exercício.
podendo, a seu pedido, ser descontadas da remuneração ou sub- § 2º O disposto no § 1º não se aplica aos casos de férias co-
sídio. letivas, hipótese em que as primeiras férias são proporcionais ao
§ 1º O desconto deve ser feito: efetivo exercício.
I – em parcela única, se de valor igual ou inferior à décima parte § 3º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
da remuneração ou subsídio; § 4º As férias podem ser acumuladas por até dois períodos, no
II – em parcelas mensais iguais à décima parte do subsídio ou caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses previstas
remuneração, devendo o resíduo constituir-se como última parcela. em legislação específica.

107
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 5º Mediante requerimento do servidor e no interesse da ad- SEÇÃO II
ministração pública, as férias podem ser parceladas em até três pe- DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE
ríodos, nenhum deles inferior a dez dias. OU COMPANHEIRO
Art. 126. Até dois dias antes de as férias serem iniciadas, devem
ser pagos ao servidor: Art. 133. Pode ser concedida licença ao servidor estável para
I – o adicional de férias; acompanhar cônjuge ou companheiro que for deslocado para:
II – o abono pecuniário, se deferido; I – trabalhar em localidade situada fora da Região Integrada de
III – o adiantamento de parcela correspondente a quarenta por Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal e Entorno – RIDE;
cento do valor líquido do subsídio ou remuneração, desde que re- II – exercer mandato eletivo em Estado ou Município não com-
querido. preendido na RIDE.
Parágrafo único. O adiantamento de que trata o inciso III é des- § 1º A licença é por prazo de até cinco anos e sem remuneração
contado do subsídio ou remuneração do servidor em quatro parce- ou subsídio.
las mensais e sucessivas de idêntico valor. § 2º A manutenção do vínculo conjugal deve ser comprovada
Art. 127. O servidor que opera direta e permanentemente com anualmente, sob pena de cancelamento da licença.
raios X ou substâncias radioativas tem de gozar vinte dias consecu- § 3º (V E T A D O).
tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
qualquer hipótese a acumulação. SEÇÃO III
Parágrafo único. O servidor referido neste artigo não faz jus ao DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍLIA
abono pecuniário.
Art. 128. As férias somente podem ser suspensas por motivo de Art. 134. Pode ser concedida licença ao servidor por motivo
calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço de doença do cônjuge ou compa­nheiro, padrasto ou madrasta, as-
militar ou eleitoral ou por necessidade do serviço. cendente, descendente, enteado e colateral consanguíneo ou afim
Parágrafo único. A suspensão das férias depende de: até o segundo grau civil, mediante comprovação por junta médica
I – portaria do Secretário de Estado ou autoridade equivalente, oficial.
no Poder Executivo; § 1º A licença somente pode ser deferida se a assistência direta
II – ato do Presidente da Câmara Legislativa ou do Tribunal de do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea-
Contas, nos respectivos órgãos. mente com o exercício do cargo.
Art. 129. Em caso de demissão, destituição de cargo em comis- § 2º A licença é concedida sem prejuízo da remuneração ou
são, exoneração ou aposentadoria, as férias não gozadas são inde- subsídio do cargo efetivo.
nizadas pelo valor da remuneração ou subsídio devido no mês da § 3º Nenhum período de licença pode ser superior a trinta dias,
ocorrência do evento, acrescido do adicional de férias. e o somatório dos períodos não pode ultrapassar cento e oitenta
§ 1º O período de férias incompleto é indenizado na proporção dias por ano, iniciando-se a contagem com a primeira licença.
de um doze avos por mês de efetivo exercício. § 4º Comprovada por junta médica oficial a necessidade de li-
§ 2º Para os efeitos do § 1º, a fração superior a quatorze dias é cença por período superior a cento e oitenta dias, a licença é sem
considerada como mês integral. remuneração ou subsídio, observado o prazo inicial previsto no §
3º.
CAPÍTULO III Art. 135. É vedado o exercício de atividade remunerada duran-
DAS LICENÇAS te o usufruto da licença prevista no art. 134.
Parágrafo único. São considerados como faltas injustificadas ao
SEÇÃO I serviço, para todos os efeitos legais, os dias em que for constata-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS do, em processo disciplinar, o exercício de atividade remunerada
durante a licença prevista no art. 134, ainda que a licença se tenha
Art. 130. Além do abono de ponto, o servidor faz jus a licença: dado sem remuneração ou subsídio.
I – por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
II – por motivo de doença em pessoa da família; SEÇÃO IV
III – para o serviço militar; DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR
IV – para atividade política;
V - servidor; Art. 136. Ao servidor convocado para o serviço militar é con-
VI – para tratar de interesses particulares; cedida licença, na forma e nas condições previstas na legislação
VII – para desempenho de mandato classista; específica.
VIII – paternidade; Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor tem até
IX – maternidade; trinta dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo.
X – médica ou odontológica.
Parágrafo único. A concessão da licença-maternidade sujeita- SEÇÃO V
-se às normas do regime de previdência social a que a servidora se DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
encontra filiada.
Art. 131. A licença concedida dentro de sessenta dias do tér- Art. 137. O servidor tem direito a licença para atividade política
mino de outra da mesma espécie é considerada como prorrogação. nos períodos compreendidos entre:
Art. 132. Ao término das licenças previstas no art. 130, II a X, o I – a data de sua escolha em convenção partidária como candi-
servidor tem o direito de retornar à mesma lotação, com a mesma dato a cargo eletivo e a véspera do registro da candidatura perante
jornada de trabalho de antes do início da licença, desde que uma ou a Justiça Eleitoral;
outra não tenha sofrido alteração normativa. II – o registro da candidatura perante a Justiça Eleitoral e até
dez dias após a data da eleição para a qual concorre.

108
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1º No caso do inciso I, a licença é sem remuneração ou subsí- Parágrafo único. Em caso de falecimento do servidor, a conver-
dio; no caso do inciso II, é com remuneração ou subsídio. são em pecúnia de que trata este artigo é paga aos beneficiários da
§ 2º Negado o registro ou havendo desistência da candidatura, pensão ou, não os havendo, aos sucessores habilitados.
o servidor tem de reassumir o cargo imediatamente. Art. 143. Fica assegurado às servidoras e aos servidores o di-
§ 3º O servidor candidato a cargo eletivo que exerça cargo em reito de iniciar a fruição de licença-servidor logo após o término da
comissão ou função de confiança dele deve ser exonerado ou dis- licença-maternidade ou da licença-paternidade.
pensado, observados os prazos da legislação eleitoral. Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo aplica-se à
Art. 138. O servidor efetivo que pretenda ser candidato deve licença-prêmio por assiduidade cujo período de aquisição for com-
ficar afastado de suas atribuições habituais, quando assim o exigir pletado até dez dias antes do término da licença-maternidade.
a legislação eleitoral.
§ 1º Ao servidor afastado na forma deste artigo, sem prejuí- SEÇÃO VII
zo da remuneração ou subsídio, devem ser cometidas atribuições DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES
compatíveis com seu cargo e a legislação eleitoral.
§ 2º O afastamento de que trata o § 1º encerra-se na data da Art. 144. A critério da administração pública, pode ser concedi-
convenção partidária, aplicando-se a partir daí o disposto no art. da ao servidor estável licença para tratar de assuntos particulares,
137, I e II. pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração, desde
que:
SEÇÃO VI I – não possua débito com o erário relacionado com sua situa-
DA LICENÇA-SERVIDOR ção funcional;
II – não se encontre respondendo a processo disciplinar.
Art. 139. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor § 1º A licença pode ser interrompida, a qualquer tempo, a pe-
ocupante de cargo efetivo faz jus a 3 meses de licença-servidor, sem dido do servidor ou a critério da administração.
prejuízo de sua remuneração, inclusive da retribuição do cargo em § 2º O servidor não pode exercer cargo ou emprego público
comissão, função de confiança ou função gratificada escolar - FGE inacumulável durante a licença de que trata este artigo.
que eventualmente exerça. § 3º A licença pode ser prorrogada por igual período, uma única
ACRESCENTADO O §1º AO ART. 139 PELA LEI COMPLEMENTAR vez.
Nº 952, DE 16/07/2019 – DODF DE 17/07/2019.
§ 1º Os períodos de licença de que trata o caput não são acu- SEÇÃO VIII
muláveis, sendo vedada sua conversão em pecúnia, ressalvados os DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA
direitos adquiridos e as hipóteses do art. 142.
ACRESCENTADO O §2º AO ART. 139 PELA LEI COMPLEMENTAR Art. 145. Fica assegurado ao servidor estável o direito a licença
Nº 952, DE 16/07/2019 – DODF DE 17/07/2019. para o desempenho de mandato em central sindical, confederação,
§ 2º O número de servidores afastados em virtude de licen- federação ou sindicato representativos de servidores do Distrito Fe-
ça-servidor não pode ser superior a 1/3 da lotação da respectiva deral, regularmente registrados no órgão competente.
unidade administrativa do órgão, autarquia ou fundação. § 1º A licença prevista neste artigo é considerada como efetivo
ACRESCENTADO O §3º AO ART. 139 PELA LEI COMPLEMENTAR exercício.
Nº 952, DE 16/07/2019 – DODF DE 17/07/2019. § 2º A remuneração ou subsídio do servidor licenciado na for-
§ 3º A administração tem o prazo de até 120 dias, contado da ma deste artigo e os encargos sociais decorrentes são pagos pelo
data de requerimento do pedido pelo servidor, para definir o perío- órgão ou entidade de lotação do servidor.
do de gozo da licença. Art. 146. A licença de servidor para sindicato representativo
ACRESCENTADO O §4º AO ART. 139 PELA LEI COMPLEMENTAR de categoria de servidores civis do Distrito Federal é feita da forma
Nº 952, DE 16/07/2019 – DODF DE 17/07/2019. seguinte:
§ 4º No caso de descumprimento do prazo referido no § 3º, o I – o servidor tem de ser eleito dirigente sindical pela categoria;
início do gozo da licença inicia-se automaticamente no centésimo II – cada sindicato tem direito à licença de:
vigésimo primeiro dia da data do requerimento, não sendo obser- a) dois dirigentes, desde que tenha, no mínimo, trezentos ser-
vado, neste caso, o limite estabelecido no § 2º. vidores filiados;
ACRESCENTADO O §5º AO ART. 139 PELA LEI COMPLEMENTAR b) um dirigente para cada grupo de dois mil servidores filiados,
Nº 952, DE 16/07/2019 – DODF DE 17/07/2019. além dos dirigentes previstos na alínea a, até o limite de dez diri-
§ 5º O prazo de que trata o § 3º, nos casos de licença ou afas- gentes.
tamento considerados de efetivo exercício, conta-se a partir do re- Parágrafo único. Para cada 2 dirigentes sindicais licenciados na
torno do servidor. forma deste artigo, observado o regulamento, pode ser licenciado
Art. 140. A contagem do prazo para aquisição da licença-servi- mais 1, devendo o sindicato ressarcir ao órgão ou entidade o valor
dor é interrompida quando o servidor, durante o período aquisitivo: total despendido com remuneração ou subsídio, acrescido dos en-
I – sofrer sanção disciplinar de suspensão; cargos sociais e provisões para férias, adicional de férias e décimo
II – licenciar-se ou afastar-se do cargo sem remuneração. terceiro salário.
Parágrafo único. As faltas injustificadas ao serviço retardam a Art. 147. Para o desempenho de mandato em central sindical,
concessão da licença prevista neste artigo, na proporção de um mês confederação ou federação, pode ser licenciado um servidor para
para cada falta. cada grupo de vinte e cinco mil associados por instituição.
REVOGADO O ART. 141 PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 952, DE § 1º O grupo de servidores referido no caput é aferido pelo
16/07/2019 – DODF DE 17/07/2019. número de servidores associados aos sindicatos filiados a cada ins-
Art. 142. Os períodos de licença-servidor adquiridos e não tituição de que trata este artigo.
gozados são convertidos em pecúnia em caso de falecimento do § 2º O servidor deve ser eleito dirigente pela categoria.
servidor ou quando este for aposentado compulsoriamente ou por Art. 148. A licença tem duração igual à do mandato, podendo
invalidez. ser prorrogada no caso de reeleição.

109
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 149. O servidor investido em mandato classista, durante o V – cargo em comissão ou função de confiança, nas áreas cor-
mandato e até um ano após o seu término, não pode ser removido relatas da União, de servidores das áreas de saúde, educação ou
ou redistribuído de ofício para unidade administrativa diversa da- segurança pública.
quela de onde se afastou para exercer o mandato. ACRESCENTADO O INCISO VI AO ART. 152 PELA LEI COMPLE-
MENTAR Nº 964, DE 09/01/2020 – DODF DE 13/03/2020.
SEÇÃO IX VI - cargo em comissão ou função de confiança de órgão do
DA LICENÇA-PATERNIDADE Poder Judiciário localizado no Distrito Federal;
ACRESCENTADO O INCISO VII AO ART. 152 PELA LEI COMPLE-
NOTA: VIDE DECRETO Nº 37.669, DE 29/09/16 – DODF DE MENTAR Nº 964, DE 09/01/2020 – DODF DE 13/03/2020.
30/09/16, QUE INSTITUI O PROGRAMA DE PRORROGAÇÃO DA LI- § 1º À cessão de servidor do Poder Executivo para órgão do
CENÇA PATERNIDADE PARA OS SERVIDORES REGIDOS POR ESTA LEI Poder Legislativo aplica-se o seguinte:
COMPLEMENTAR. I – no caso da Câmara Legislativa, podem ser cedidos até cinco
Art. 150. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor tem servidores por Gabinete Parlamentar;
direito a licença-paternidade de sete dias consecutivos, incluído o II – no caso do Congresso Nacional, podem ser cedidos até dois
dia da ocorrência. servidores por gabinete de Deputado Federal ou Senador da Repú-
blica eleito pelo Distrito Federal.
SEÇÃO X § 2º A cessão de servidor é autorizada pelo:
DO ABONO DE PONTO I – Governador, no Poder Executivo;
II – Presidente da Câmara Legislativa;
Art. 151. O servidor que não tiver falta injustificada no ano an- III – Presidente do Tribunal de Contas.
terior faz jus ao abono de ponto de cinco dias. § 3º Em caráter excepcional, pode ser autorizada cessão e re-
§ 1º Para aquisição do direito ao abono de ponto, é necessário quisição fora das hipóteses previstas neste artigo e no art. 154.
que o servidor tenha estado em efetivo exercício de 1º de janeiro a § 4º O servidor tem garantidos todos os direitos referentes ao
31 de dezembro do ano aquisitivo. exercício do cargo efetivo durante o período em que estiver cedido.
§ 2º O direito ao gozo do abono de ponto extingue-se em 31 de Art. 153. A cessão termina com a:
dezembro do ano seguinte ao do ano aquisitivo. I – exoneração do cargo para o qual o servidor foi cedido, salvo
§ 3º O gozo do abono de ponto pode ser em dias intercalados. se houver nova nomeação na mesma data;
§ 4º O número de servidores em gozo de abono de ponto não II – revogação pela autoridade cedente.
pode ser superior a um quinto da lotação da respectiva unidade Parágrafo único. Terminada a cessão, o servidor tem de apre-
administrativa do órgão, autarquia ou fundação. sentar-se ao órgão, autarquia ou fundação de origem até o dia se-
§ 5º Ocorrendo a investidura após 1º de janeiro do período guinte ao da exoneração ou da revogação, independentemente de
aquisitivo, o servidor faz jus a um dia de abono de ponto por bimes- comunicação entre o cessionário e o cedente.
tre de efetivo exercício, até o limite de cinco dias. Art. 154. O ônus da cessão é do órgão ou entidade cessionária.
Parágrafo único. Excetua-se do disposto neste artigo, passando
CAPÍTULO IV o ônus para o órgão, autarquia ou fundação cedente, a cessão para
DOS AFASTAMENTOS exercício de cargo:
I - previsto no art. 152, II a VII e § 1º;
SEÇÃO I II – em comissão da administração direta, autárquica ou funda-
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR EM OUTRO ÓRGÃO OU cional de qualquer dos Poderes do Distrito Federal.
ENTIDADE Art. 155. Na cessão com ônus para o cessionário, são ressarci-
dos ao órgão cedente os valores da remuneração ou subsídio, acres-
SUBSEÇÃO I cidos dos encargos sociais e das provisões para férias, adicional de
DO EXERCÍCIO EM OUTRO CARGO férias, décimo terceiro salário e licença-prêmio por assiduidade.
§ 1º O órgão ou entidade cedente tem de apresentar ao ces-
Art. 152. Desde que não haja prejuízo para o serviço, o servidor sionário, mensalmente, a fatura com os valores discriminados por
efetivo pode ser cedido a outro órgão ou entidade dos Poderes do parcelas remuneratórias, encargos sociais e provisões.
Distrito Federal, da União, dos Estados ou dos Municípios, para o § 2º Havendo atrasos superiores a sessenta dias no ressarci-
exercício de: mento, a cessão tem de ser revogada, devendo o servidor reapre-
I – emprego ou cargo em comissão ou função de confiança, sentar-se ao seu órgão, autarquia ou fundação de origem.
cuja remuneração ou subsídio seja superior a: § 3º Fica autorizada a compensação de valores, quando o Dis-
a) um décimo do subsídio de Secretário de Estado no caso do trito Federal for cedente e cessionário de servidores.
Distrito Federal; Art. 156. O servidor, quando no exercício de cargo em comissão
b) um quinto do subsídio de Secretário de Estado nos demais ou função de confiança, fica afastado das atribuições do seu cargo
casos; de provimento efetivo.
II – cargos integrantes da Governadoria ou Vice-Governadoria § 1º O disposto neste artigo aplica-se ao servidor que acumular
do Distrito Federal ou da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Ins- licitamente dois cargos efetivos.
titucional da Presidência da República; § 2º No caso do § 1º, a remuneração do segundo cargo efetivo
III – cargo em comissão ou função de confiança em gabinete de depende da contraprestação de serviço e da compatibilidade de ho-
Deputado Federal ou Senador da República integrante da bancada rário com o cargo em comissão ou função de confiança.
do Distrito Federal; § 3º A contraprestação de serviço e a compatibilidade de horá-
IV – cargo em comissão ou função de confiança de Secretário rio com o cargo em comissão ou função de confiança de que trata
Municipal nos Municípios que constituem a RIDE; o § 2º devem ser declaradas pelas autoridades máximas dos órgãos
ou entidades envolvidos.

110
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 4º Independentemente da contraprestação do serviço, se a § 2º O servidor tem garantidos todos os direitos referentes ao
soma das horas de trabalho dos cargos em regime de acumulação exercício do cargo efetivo durante o período em que estiver em car-
não superar quarenta e quatro horas semanais, o servidor afastado go eletivo.
na forma deste artigo faz jus à remuneração ou subsídio dos dois
cargos efetivos, salvo no caso da opção de que trata o art. 77, § 2º. SEÇÃO III
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR
SUBSEÇÃO II
DO EXERCÍCIO EM OUTRO ÓRGÃO Art. 159. Mediante autorização do Governador, do Presiden-
te da Câmara Legislativa ou do Presidente do Tribunal de Contas,
Art. 157. O servidor estável, sem prejuízo da remuneração ou o servidor estável pode ausentar-se do Distrito Federal ou do País
subsídio e dos demais direitos relativos ao cargo efetivo, pode ser para:
colocado à disposição de outro órgão ou entidade para o exercício I – estudo ou missão oficial, com a remuneração ou subsídio do
de atribuições específicas, nos seguintes casos: cargo efetivo;
I – interesse do serviço; II – serviço sem remuneração em organismo internacional de
II – deficiência de pessoal em órgão, autarquia ou fundação que o Brasil participe ou com o qual coopere.
sem quadro próprio de servidores de carreira; § 1º A ausência não pode exceder a quatro anos, nem pode ser
III – requisição da Presidência da República; concedida nova licença antes de decorrido igual período.
IIV – requisição do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal § 2º Em caso de exoneração, demissão, aposentadoria voluntá-
Regional Eleitoral do Distrito Federal. ria, licença para tratar de interesse particular ou vacância em razão
ACRESCENTADO O INCISO V AO ART. 157 PELA LEI COMPLE- de posse em outro cargo inacumulável antes de decorrido período
MENTAR Nº 964/2020 – DODF DE 10/01/2020. igual ao do afastamento, o servidor beneficiado pelo disposto no
V - requisição da Câmara Legislativa, do Tribunal de Justiça do inciso I tem de ressarcir proporcionalmente a despesa, incluída a
Distrito Federal e Territórios ou do Poder Judiciário localizado no remuneração ou o subsídio e os encargos sociais, havida com seu
Distrito Federal; afastamento e durante ele.
ACRESCENTADO O INCISO VI AO ART. 157 PELA LEI COMPLE-
MENTAR Nº 964, DE 09/01/2020 – DODF DE 13/03/2020. SEÇÃO IV
§ 1º O interesse do serviço caracteriza-se quando o remaneja- DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAR DE COMPETIÇÃO DES-
mento de pessoal se destina a: PORTIVA
I – lotar pessoal de órgão ou unidade orgânica reestruturado ou
com excesso de pessoal; Art. 160. Mediante autorização do Governador, do Presidente
II – promover o ajustamento de pessoal às necessidades dos da Câmara Legislativa ou do Presidente do Tribunal de Contas, pode
serviços para garantir o desempenho das atividades do órgão ces- ser autorizado o afastamento remunerado do servidor estável:
sionário; I – para participar de competição desportiva nacional para a
III – viabilizar a execução de projetos ou ações com fim deter- qual tenha sido previamente selecionado;
minado e prazo certo. II – quando convocado para integrar representação desportiva
§ 2º No caso dos incisos I e II do caput, o afastamento do cargo nacional, no País ou no exterior.
efetivo restringe-se ao âmbito do mesmo Poder e só pode ser para Parágrafo único. O afastamento de que trata este artigo é pelo
fim determinado e a prazo certo. prazo da competição e gera como única despesa para o órgão, au-
ACRESCENTADO O § 3º AO ART. 157 PELA LEI COMPLEMENTAR tarquia ou fundação a prevista no caput.
Nº 927, DE 05/07/17 – DODF DE 10/07/17.
§ 3º Em caráter excepcional, pode ser autorizada a disposição SEÇÃO V
fora das hipóteses previstas neste artigo, precedida de autorização DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAR DE PROGRAMA DE PÓS-
por autoridade competente, nos moldes do art. 152, § 2º. -GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

SEÇÃO II Art. 161. O servidor estável pode, no interesse da administra-


DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO ção pública, e desde que a participação não possa ocorrer simulta-
neamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de
Art. 158. Ao servidor efetivo investido em mandato eletivo apli- horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva
cam-se as seguintes disposições: remuneração ou subsídio, para participar de programa de pós-gra-
I – tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, fica duação stricto sensu em instituição de ensino superior, no País ou
afastado do cargo; no exterior.
II – investido no mandato de prefeito, fica afastado do cargo, § 1º O titular do órgão, autarquia ou fundação deve definir os
sendo-lhe facultado optar pela remuneração do cargo efetivo; programas de capacitação e os critérios para participação em pro-
III – investido no mandato de vereador: gramas de pós-graduação de que trata este artigo, com ou sem
a) havendo compatibilidade de horário, percebe as vantagens afastamento do servidor, observado o regulamento.
de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; § 2º O afastamento para realização de programas de mestrado,
b) não havendo compatibilidade de horário, é afastado do car- doutorado ou pós-doutorado somente pode ser concedido ao ser-
go, sendo-lhe facultado optar pela remuneração do cargo efetivo. vidor estável que esteja em efetivo exercício no respectivo órgão,
§ 1º O servidor de que trata este artigo, durante o mandato e autarquia ou fundação há pelo menos:
até um ano após o seu término, não pode ser removido ou redis- I – três anos consecutivos para mestrado;
tribuído de ofício para unidade administrativa diversa daquela de II – quatro anos consecutivos para doutorado ou pós-douto-
onde se afastou para exercer o mandato. rado.
§ 3º É vedado autorizar novo afastamento:
I – para curso do mesmo nível;

111
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II – antes de decorrido prazo igual ao de afastamento já con- IV – à contagem do tempo de serviço já computado:
cedido. a) em órgão ou entidade em que o servidor acumule cargo pú-
§ 4º O servidor beneficiado pelos afastamentos previstos nos blico;
§§ 1º, 2º e 3º tem de: b) para concessão de aposentadoria em qualquer regime de
I – apresentar o título ou grau obtido com o curso que justificou previdência social pelo qual o servidor receba proventos.
seu afastamento; Art. 164. Salvo disposição legal em contrário, não são contados
II – compartilhar com os demais servidores de seu órgão, autar- como tempo de serviço:
quia ou fundação os conhecimentos adquiridos no curso; I – a falta injustificada ao serviço e a não compensada na forma
III – permanecer no efetivo exercício de suas atribuições após desta Lei Complementar;
o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedido. II – o período em que o servidor estiver:
§ 5º O servidor beneficiado pelo disposto neste artigo tem de a) licenciado ou afastado sem remuneração;
ressarcir a despesa havida com seu afastamento, incluídos a remu- b) cumprindo sanção disciplinar de suspensão;
neração ou o subsídio e os encargos sociais, da forma seguinte: III – o período decorrido entre:
I – proporcional, em caso de exoneração, demissão, aposenta- a) a exoneração e o exercício em outro cargo de provimento
doria voluntária, licença para tratar de interesse particular ou va- efetivo;
cância em razão de posse em outro cargo inacumulável, antes de b) a concessão de aposentadoria voluntária e a reversão;
decorrido período igual ao do afastamento; c) a data de publicação do ato de reversão, reintegração, recon-
II – integral, em caso de não obtenção do título ou grau que dução ou aproveitamento e o retorno ao exercício do cargo.
justificou seu afastamento, salvo na hipótese comprovada de força Art. 165. São considerados como efetivo exercício:
maior ou de caso fortuito. I – as férias;
II – as ausências previstas no art. 62;
SEÇÃO VI III – a licença:
DO AFASTAMENTO PARA FREQUÊNCIA EM CURSO DE FOR- a) maternidade ou paternidade;
MAÇÃO b) médica ou odontológica;
c) servidor;
Art. 162. O servidor pode afastar-se do cargo ocupado para d) para o serviço militar obrigatório;
participar de curso de formação previsto como etapa de concurso IV – o abono de ponto;
público, desde que haja: V – o afastamento para:
I – expressa previsão do curso no edital do concurso; a) exercício em outro órgão ou entidade, inclusive em cargo
II – incompatibilidade entre os horários das aulas e os da re- em comissão ou função de confiança, de qualquer dos Poderes do
partição. Distrito Federal, União, Estado ou Município;
§ 1º Havendo incompatibilidade entre os horários das aulas e b) estudo ou missão no exterior, com remuneração;
os da repartição, o servidor fica afastado: c) participação em competição desportiva;
I – com remuneração ou subsídio, nos casos de curso de forma- d) participação em programa de treinamento regularmente
ção para cargo efetivo de órgão, autarquia ou fundação dos Poderes instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu;
Legislativo ou Executivo do Distrito Federal; e) (V E T A D O).
II – sem remuneração, nos casos de curso de formação para REVOGADO O INCISO VI DO ART. 165 PELA LEI COMPLEMENTAR
cargo não contemplado no inciso I deste parágrafo. Nº 922, DE 29/12/2016 - DODF DE 30/12/2016 - SUPLEMENTO-A.
§ 2º O servidor pode optar por eventual ajuda financeira paga VII – o período entre a demissão e a data de publicação do ato
em razão do curso de formação, vedada a percepção da remunera- de reintegração;
ção prevista no § 1º, I. VIII – a participação em tribunal do júri ou outros serviços obri-
gatórios por lei.
CAPÍTULO V Parágrafo único. A licença para o desempenho de mandato
DO TEMPO DE SERVIÇO E DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO classista ou o afastamento para exercer mandato eletivo federal,
estadual, distrital ou municipal são considerados como efetivo exer-
SEÇÃO I cício.
DO TEMPO DE SERVIÇO Art. 166. Conta-se para efeito de disponibilidade:
I – o tempo de serviço prestado a Município, Estado ou União,
Art. 163. Salvo disposição legal em contrário, é contado para inclusive o prestado ao Tribunal de Justiça, Ministério Público ou
todos os efeitos o tempo de serviço público remunerado, prestado Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios;
a órgão, autarquia ou fundação dos Poderes Executivo e Legislativo II – o tempo de serviço em atividade privada, vinculada ao
do Distrito Federal. regime geral de previdência social, inclusive o prestado à empre-
§ 1º A contagem do tempo de serviço é feita em dias, que são sa pública ou à sociedade de economia mista de qualquer ente da
convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e ses- federação;
senta e cinco dias. III – a licença remunerada por motivo de doença em pessoa da
§ 2º É vedado proceder: família do servidor;
I – ao arredondamento de dias faltantes para complementar IV – a licença remunerada para atividade política;
período, ressalvados os casos previstos nesta Lei Complementar; V – o tempo de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou
II – a qualquer forma de contagem de tempo de serviço fictício; distrital, anterior ao ingresso no serviço público do Distrito Federal;
III – à contagem cumulativa de tempo de serviço prestado con- VI – o afastamento para frequência em curso de formação,
comitantemente: quando remunerado.
a) em diferentes cargos do serviço público;
b) em cargo do serviço público e em emprego na administração
indireta ou na iniciativa privada;

112
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SEÇÃO II II – da ciência pelo interessado, quando o ato não for publica-
DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO do;
III – do trânsito em julgado da decisão judicial.
Art. 167. Faz-se na forma da legislação previdenciária a conta- Art. 176. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí-
gem do tempo: veis, interrompem a prescrição.
I – de contribuição; Art. 177. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
II – no serviço público; relevada pela administração pública.
III – de serviço no cargo efetivo; Art. 178. A administração pública deve rever seus atos, a qual-
IV – de serviço na carreira. quer tempo, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, asse-
gurado o contraditório e a ampla defesa.
CAPÍTULO VI § 1º Os atos que apresentarem defeitos sanáveis podem ser
DO DIREITO DE PETIÇÃO convalidados pela própria administração pública, desde que não
acarretem lesão ao interesse público, nem prejuízo a terceiros.
Art. 168. É assegurado ao servidor o direito de petição junto § 2º O direito de a administração pública anular os atos admi-
aos órgãos públicos onde exerce suas atribuições ou junto àqueles nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para o servidor decai
em que tenha interesse funcional. em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
§ 1º O direito de petição compreende a apresentação de re- em caso de comprovada má-fé.
querimento, pedido de reconsideração, recurso ou qualquer outra § 3º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de-
manifestação necessária à defesa de direito ou interesse legítimo cadência é contado da percepção do primeiro pagamento.
ou à ampla defesa e ao contraditório do próprio servidor ou de pes- § 4º No caso de ato sujeito a registro pelo Tribunal de Contas do
soa da sua família. Distrito Federal, o prazo de que trata o § 2º começa a ser contado
§ 2º Para o exercício do direito de petição, é assegurada: da data em que o processo respectivo lhe foi encaminhado.
I – vista do processo ou do documento, na repartição, ao servi- Art. 179. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
dor ou a procurador por ele constituído; neste Capítulo, salvo por motivo de força maior.
II – cópia de documento ou de peça processual, observadas as
normas daqueles classificados com grau de sigilo. TÍTULO V
§ 3º A cópia de documento ou de peça processual pode ser
fornecida em meio eletrônico. CAPÍTULO ÚNICO
Art. 169. O requerimento, o pedido de reconsideração ou o re- DOS DEVERES
curso é dirigido à autoridade competente para decidi-lo.
Parágrafo único. A autoridade competente, desde que funda- Art. 180. São deveres do servidor:
mente sua decisão, pode dar efeito suspensivo ao recurso. I – exercer com zelo e dedicação suas atribuições;
Art. 170. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou- II – manter-se atualizado nos conhecimentos exigidos para o
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo exercício de suas atribuições;
ser renovado. III – agir com perícia, prudência e diligência no exercício de suas
Art. 171. Cabe recurso: atribuições;
I – do indeferimento do requerimento, desde que não tenha IV – atualizar, quando solicitado, seus dados cadastrais;
sido interposto pedido de reconsideração; V – observar as normas legais e regulamentares no exercício de
II – da decisão sobre pedido de reconsideração ou de outro re- suas atribuições;
curso interposto. VI – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
Parágrafo único. O recurso é dirigido à autoridade imediata- mente ilegais;
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão VII – levar ao conhecimento da autoridade superior as falhas,
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. vulnerabilidades e as irregularidades de que tiver ciência em razão
Art. 172. O prazo para interposição de pedido de reconsidera- do cargo público ou função de confiança;
ção ou de recurso é de trinta dias, contados da publicação ou da VIII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
ciência pelo interessado da decisão impugnada. der;
Art. 173. O requerimento, o pedido de reconsideração ou o re- IX – zelar pela economia do material e pela conservação do pa-
curso de que tratam os arts. 168 a 172 deve ser despachado no trimônio público;
prazo de cinco dias e decidido dentro de trinta dias, contados da X – guardar sigilo sobre assunto da repartição;
data de seu protocolo. XI – ser leal às instituições a que servir;
Art. 174. Em caso de provimento do pedido de reconsideração XII – ser assíduo e pontual ao serviço;
ou do recurso, os efeitos da decisão retroagem à data do ato im- XIII – manter conduta compatível com a moralidade adminis-
pugnado. trativa;
Art. 175. O direito de requerer prescreve: XIV – declarar-se suspeito ou impedido nas hipóteses previstas
I – em cinco anos, quanto aos atos de demissão, de cassação em lei ou regulamento;
de aposentadoria ou disponibilidade, ou de destituição do cargo em XV – tratar as pessoas com civilidade;
comissão; XVI – atender com presteza:
II – em cinco anos, quanto ao interesse patrimonial ou créditos a) o público em geral, prestando as informações requeridas,
resultantes das relações de trabalho; ressalvadas as protegidas por sigilo;
III – em cento e vinte dias, nos demais casos, salvo disposição b) os requerimentos de expedição de certidões para defesa de
legal em contrário. direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Parágrafo único. O prazo de prescrição é contado da data: c) as requisições para a defesa da administração pública.
I – da publicação do ato impugnado;

113
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
TÍTULO VI CAPÍTULO II
DO REGIME DISCIPLINAR DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES

CAPÍTULO I SEÇÃO I
DAS RESPONSABILIDADES DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181. O servidor responde penal, civil e administrativamen- Art. 187. A infração disciplinar decorre de ato omissivo ou co-
te pelo exercício irregular de suas atribuições. missivo, praticado com dolo ou culpa, e sujeita o servidor às san-
§ 1º As sanções civis, penais e administrativas podem cumular- ções previstas nesta Lei Complementar.
-se, sendo independentes entre si. Art. 188. As infrações disciplinares classificam-se, para efeitos
§ 2º A responsabilidade administrativa do servidor é afastada de cominação da sanção, em leves, médias e graves.
no caso de absolvição penal que negue a existência do fato ou sua Parágrafo único. As infrações médias e as infrações graves são
autoria, com decisão transitada em julgado. subclassificadas em grupos, na forma desta Lei Complementar.
§ 3º A responsabilidade administrativa perante a administração Art. 189. Para efeitos desta Lei Complementar, considera-se
pública não exclui a competência do Tribunal de Contas prevista na reincidência o cometimento de nova infração disciplinar do mes-
Lei Orgânica do Distrito Federal. mo grupo ou classe de infração disciplinar anteriormente cometida,
Art. 182. A responsabilidade penal abrange crimes e contraven- ainda que uma e outra possuam características fáticas diversas.
ções imputados ao servidor, nessa qualidade. Parágrafo único. Entende-se por infração disciplinar anterior-
Art. 183. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou mente cometida aquela já punida na forma desta Lei Complemen-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou tar.
a terceiro.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário SEÇÃO II
somente pode ser liquidada na forma prevista no art. 119 e seguin- DAS INFRAÇÕES LEVES
tes na falta de outros bens que assegurem a execução do débito
pela via judicial. Art. 190. São infrações leves:
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responde o ser- I – descumprir dever funcional ou decisões administrativas
vidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. emanadas dos órgãos competentes;
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores, II – retirar, sem prévia anuência da chefia imediata, qualquer
e contra eles tem de ser executada, na forma da lei civil. documento ou objeto da repartição;
Art. 184. A responsabilidade perante o Tribunal de Contas de- III – deixar de praticar ato necessário à apuração de infração
corre de atos sujeitos ao controle externo, nos termos da Lei Orgâ- disciplinar, retardar indevidamente a sua prática ou dar causa à
nica do Distrito Federal. prescrição em processo disciplinar;
Art. 185. A perda do cargo público ou a cassação de aposenta- IV – recusar-se, quando solicitado por autoridade competente,
doria determinada em decisão judicial transitada em julgado dis- a prestar informação de que tenha conhecimento em razão do exer-
pensa a instauração de processo disciplinar e deve ser declarada cício de suas atribuições;
pela autoridade competente para fazer a nomeação. V – recusar-se, injustificadamente, a integrar comissão ou gru-
Art. 186. A responsabilidade administrativa, apurada na forma po de trabalho, ou deixar de atender designação para compor co-
desta Lei Complementar, resulta de infração disciplinar cometida missão, grupo de trabalho ou para atuar como perito ou assistente
por servidor no exercício de suas atribuições, em razão delas ou técnico em processo administrativo ou judicial;
com elas incompatíveis. VI – recusar fé a documento público;
§ 1º A responsabilidade administrativa do servidor, observado VII – negar-se a participar de programa de treinamento exigido
o prazo prescricional, permanece em relação aos atos praticados no de todos os servidores da mesma situação funcional;
exercício do cargo: VIII – não comparecer, quando convocado, a inspeção ou perí-
I – após a exoneração; cia médica;
II – após a aposentadoria; IX – opor resistência injustificada ou retardar, reiteradamente
III – após a vacância em razão de posse em outro cargo inacu- e sem justa causa:
mulável; a) o andamento de documento, processo ou execução de ser-
IV – durante as licenças, afastamentos e demais ausências pre- viço;
vistos nesta Lei Complementar. b) a prática de atos previstos em suas atribuições;
§ 2º A aplicação da sanção cominada à infração disciplinar de- X – cometer a servidor atribuições estranhas ao cargo que ocu-
corre da responsabilidade administrativa, sem prejuízo: pa, exceto em situações de emergência e em caráter transitório;
I – de eventual ação civil ou penal; XI – manter sob sua chefia imediata, em cargo em comissão
II – do ressarcimento ao erário dos valores correspondentes ou função de confiança, o cônjuge, o companheiro ou parente, por
aos danos e aos prejuízos causados à administração pública; consanguinidade até o terceiro grau, ou por afinidade;
III – da devolução ao erário do bem ou do valor público des- XII – promover manifestação de apreço ou desapreço no recin-
viado, nas mesmas condições em que se encontravam quando da to da repartição;
ocorrência do fato, com a consequente indenização proporcional à XIII – perturbar, sem justa causa, a ordem e a serenidade no
depreciação. recinto da repartição;
XIV – acessar, armazenar ou transferir, intencionalmente, com
recursos eletrônicos da administração pública ou postos à sua dis-
posição, informações de conteúdo pornográfico ou erótico, ou que
incentivem a violência ou a discriminação em qualquer de suas for-
mas;

114
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
XV – usar indevidamente a identificação funcional ou outro do- IV – acometer-se de incontinência pública ou ter conduta es-
cumento que o vincule com o cargo público ou função de confiança, candalosa na repartição que perturbe a ordem, o andamento dos
em ilegítimo benefício próprio ou de terceiro. trabalhos ou cause dano à imagem da administração pública;
V – cometer insubordinação grave em serviço, subvertendo a
SEÇÃO III ordem hierárquica de forma ostensiva;
DAS INFRAÇÕES MÉDIAS VI – dispensar licitação para contratar pessoa jurídica que te-
nha, como proprietário, sócio ou administrador:
Art. 191. São infrações médias do grupo I: a) pessoa de sua família ou outro parente, por consanguinida-
I – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- de até o terceiro grau, ou por afinidade;
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon- b) pessoa da família de sua chefia mediata ou imediata ou ou-
sabilidade ou de seu subordinado; tro parente dela, por consanguinidade até o terceiro grau, ou por
II – ausentar-se do serviço, com frequência, durante o expe- afinidade;
diente e sem prévia autorização da chefia imediata; VII – dispensar licitação para contratar pessoa física de família
III – exercer atividade privada incompatível com o horário do ou parente mencionado no inciso VI, a e b;
serviço; VIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
IV – praticar ato incompatível com a moralidade administrativa; geiro;
V – praticar o comércio ou a usura na repartição; IX – exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, co-
VI – discriminar qualquer pessoa, no recinto da repartição, com tista ou comanditário;
a finalidade de expô-la a situação humilhante, vexatória, angustian- X – participar de gerência ou administração de sociedade ou
te ou constrangedora, em relação a nascimento, idade, etnia, raça, empresa privada, personificada ou não personificada, salvo:
cor, sexo, estado civil, trabalho rural ou urbano, religião, convicções a) nos casos previstos nesta Lei Complementar;
políticas ou filosóficas, orientação sexual, deficiência física, imuno- b) nos períodos de licença ou afastamento do cargo sem remu-
lógica, sensorial ou mental, por ter cumprido pena, ou por qualquer neração, desde que não haja proibição em sentido contrário, nem
particularidade ou condição. incompatibilidade;
Art. 192. São infrações médias do grupo II: c) em instituições ou entidades beneficentes, filantrópicas, de
I – ofender fisicamente a outrem em serviço, salvo em resposta caráter social e humanitário e sem fins lucrativos, quando compatí-
a injusta agressão ou em legítima defesa própria ou de outrem; veis com a jornada de trabalho.
II – praticar ato de assédio sexual ou moral; Parágrafo único. A reassunção das atribuições, depois de con-
III – coagir ou aliciar subordinado no sentido de filiar-se a as- sumado o abandono de cargo, não afasta a responsabilidade admi-
sociação, sindicato, partido político ou qualquer outra espécie de nistrativa, nem caracteriza perdão tácito da administração pública,
agremiação; ressalvada a prescrição.
IV – exercer atividade privada incompatível com o exercício do Art. 194. São infrações graves do grupo II:
cargo público ou da função de confiança; I – praticar, dolosamente, ato definido em lei como:
V – usar recursos computacionais da administração pública a) crime contra a administração pública;
para, intencionalmente: b) improbidade administrativa;
a) violar sistemas ou exercer outras atividades prejudiciais a si- II – usar conhecimentos e informações adquiridos no exercício
tes públicos ou privados; de suas atribuições para violar ou tornar vulnerável a segurança, os
b) disseminar vírus, cavalos de tróia, spyware e outros males, sistemas de informática, sites ou qualquer outra rotina ou equipa-
pragas e programas indesejáveis; mento da repartição;
c) disponibilizar, em sites do serviço público, propaganda ou III – exigir, solicitar, receber ou aceitar propina, gratificação, co-
publicidade de conteúdo privado, informações e outros conteúdos missão, presente ou auferir vantagem indevida de qualquer espécie
incompatíveis com os fundamentos e os princípios da administra- e sob qualquer pretexto.
ção pública; IV – valer-se do cargo para obter proveito indevido para si ou
d) repassar dados cadastrais e informações de servidores públi- para outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
cos ou da repartição para terceiros, sem autorização; V – utilizar-se de documento sabidamente falso para prova de
VI – permitir ou facilitar o acesso de pessoa não autorizada, fato ou circunstância que crie direito ou extinga obrigação perante
mediante atribuição, fornecimento ou empréstimo de senha ou a administração pública distrital.
qualquer outro meio: Parágrafo único. Para efeitos do inciso III, não se considera pre-
a) a recursos computacionais, sistemas de informações ou ban- sente o brinde definido na legislação.
co de dados da administração pública;
b) a locais de acesso restrito. CAPÍTULO III
DAS SANÇÕES DISCIPLINARES
SEÇÃO IV
DAS INFRAÇÕES GRAVES Art. 195. São sanções disciplinares:
I – advertência;
Art. 193. São infrações graves do grupo I: II – suspensão;
I – incorrer na hipótese de: III – demissão;
a) abandono de cargo; IV – cassação de aposentadoria ou de disponibilidade;
b) inassiduidade habitual; V – destituição do cargo em comissão.
II – acumular ilegalmente cargos, empregos, funções públicas Parágrafo único. As sanções disciplinares são aplicadas às infra-
ou proventos de aposentadoria, salvo se for feita a opção na forma ções disciplinares tipificadas em lei.
desta Lei Complementar; Art. 196. Na aplicação das sanções disciplinares, devem ser
III – proceder de forma desidiosa, incorrendo repetidamente considerados:
em descumprimento de vários deveres e atribuições funcionais; I – a natureza e a gravidade da infração disciplinar cometida;

115
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
II – os danos causados para o serviço público; I – trinta dias, quando o servidor incorrer em reincidência por
III – o ânimo e a intenção do servidor; infração disciplinar leve;
IV – as circunstâncias atenuantes e agravantes; II – noventa dias, quando o servidor incorrer em reincidência
V – a culpabilidade e os antecedentes funcionais do servidor. por infração disciplina média do grupo I.
§ 1º A infração disciplinar de menor gravidade é absorvida pela § 3º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
de maior gravidade. de suspensão pode ser convertida em multa, observado o seguinte:
§ 2º Nenhuma sanção disciplinar pode ser aplicada: I – a multa é de cinquenta por cento do valor diário da remune-
I – sem previsão legal; ração ou subsídio, por dia de suspensão;
II – sem apuração em regular processo disciplinar previsto nes- II – o servidor fica obrigado a cumprir integralmente a jornada
ta Lei Complementar. de trabalho a que está submetido.
Art. 197. São circunstâncias atenuantes: § 4º É aplicada multa ao servidor inativo que houver praticado
I – ausência de punição anterior; na atividade infração disciplinar punível com suspensão.
II – prestação de bons serviços à administração pública distrital; § 5º A multa de que trata o § 4º corresponde ao valor diário dos
III – desconhecimento justificável de norma administrativa; proventos de aposentadoria por dia de suspensão cabível.
IV – motivo de relevante valor social ou moral; Art. 201. A advertência e a suspensão têm seus registros can-
V – estado físico, psicológico, mental ou emocional abalado, celados, após o decurso de três e cinco anos de efetivo exercício,
que influencie ou seja decisivo para a prática da infração disciplinar; respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, prati-
VI – coexistência de causas relativas à carência de condições de cado nova infração disciplinar, igual ou diversa da anteriormente
material ou pessoal na repartição; cometida.
VII – o fato de o servidor ter: § 1º O cancelamento da sanção disciplinar não surte efeitos
a) cometido a infração disciplinar sob coação a que podia resis- retroativos e é registrado em certidão formal nos assentamentos
tir, ou em cumprimento a ordem de autoridade superior, ou sob a funcionais do servidor.
influência de violenta emoção, provocada por ato injusto provindo § 2º Cessam os efeitos da advertência ou da suspensão, se lei
de terceiro; posterior deixar de considerar como infração disciplinar o fato que
b) cometido a infração disciplinar na defesa, ainda que putativa as motivou.
ou com excesso moderado, de prerrogativa funcional; § 3º A sanção disciplinar cancelada nos termos deste artigo não
c) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, pode ser considerada para efeitos de reincidência.
logo após a infração disciplinar, evitar ou minorar as suas conse- Art. 202. A demissão é a sanção pelas infrações disciplinares
quências; graves, pela qual se impõe ao servidor efetivo a perda do cargo pú-
d) reparado o dano causado, por sua espontânea vontade e an- blico por ele ocupado, podendo ser cominada com o impedimento
tes do julgamento. de nova investidura em cargo público.
Art. 198. São circunstâncias agravantes: § 1º A demissão de que trata este artigo também se aplica no
I – a prática de ato que concorra, grave e objetivamente, para o caso de:
desprestígio do órgão, autarquia ou fundação ou da categoria fun- I – infração disciplinar grave, quando cometida por servidor
cional do servidor; efetivo no exercício de cargo em comissão ou função de confiança
II – o concurso de pessoas; do Poder Executivo ou Legislativo do Distrito Federal;
III – o cometimento da infração disciplinar em prejuízo de crian- II – reincidência em infração disciplinar média do grupo II.
ça, adolescente, idoso, pessoa com deficiência, pessoa incapaz de § 2º Se o servidor já tiver sido exonerado quando da aplicação
se defender, ou pessoa sob seus cuidados por força de suas atribui- da sanção prevista neste artigo, a exoneração é convertida em de-
ções; missão.
IV – o cometimento da infração disciplinar com violência ou § 3º Também se converte em demissão a vacância em decor-
grave ameaça, quando não elementares da infração; rência de posse em outro cargo inacumulável ocorrida antes da
V – ser o servidor quem: aplicação da sanção prevista neste artigo.
a) promove ou organiza a cooperação ou dirige a atividade dos Art. 203. A cassação de aposentadoria é a sanção por infração
demais coautores; disciplinar que houver sido cometida pelo servidor em atividade,
b) instiga subordinado ou lhe ordena a prática da infração dis- pela qual se impõe a perda do direito à aposentadoria, podendo
ciplinar; ser cominada com o impedimento de nova investidura em cargo
c) instiga outro servidor, propõe ou solicita a prática da infração público.
disciplinar. Parágrafo único. A cassação de aposentadoria é aplicada por
Art. 199. A advertência é a sanção por infração disciplinar leve, infração disciplinar punível com demissão.
por meio da qual se reprova por escrito a conduta do servidor. Art. 204. A cassação de disponibilidade é a sanção por infração
Parágrafo único. No lugar da advertência, pode ser aplicada, disciplinar que houver sido cometida em atividade, pela qual se im-
motivadamente, a suspensão até trinta dias, se as circunstâncias põe a perda do cargo público ocupado e dos direitos decorrentes
assim o justificarem. da disponibilidade, podendo ser cominada com o impedimento de
Art. 200. A suspensão é a sanção por infração disciplinar média nova investidura em cargo público.
pela qual se impõe ao servidor o afastamento compulsório do exer- Parágrafo único. A cassação de disponibilidade é aplicada por
cício do cargo efetivo, com perda da remuneração ou subsídio dos infração disciplinar punível com demissão e na hipótese do art. 40,
dias em que estiver afastado. § 2º.
§ 1 º A suspensão não pode ser: Art. 205. A destituição do cargo em comissão é a sanção por
I – superior a trinta dias, no caso de infração disciplinar média infração disciplinar média ou grave, pela qual se impõe ao servi-
do grupo I; dor sem vínculo efetivo com o Distrito Federal a perda do cargo em
II – superior a noventa dias, no caso de infração disciplinar mé- comissão por ele ocupado, podendo ser cominada com o impedi-
dia do grupo II. mento de nova investidura em outro cargo efetivo ou em comissão.
§ 2º Aplica-se a suspensão de até:

116
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Parágrafo único. Se o servidor já tiver sido exonerado quando TÍTULO VII
da aplicação da sanção prevista neste artigo, a exoneração é conver- DOS PROCESSOS DE APURAÇÃO DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR
tida em destituição do cargo em comissão.
Art. 206. A demissão, a cassação de aposentadoria ou disponi- CAPÍTULO I
bilidade ou a destituição de cargo em comissão, motivada por infra- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
ção disciplinar grave do grupo II, implica a incompatibilização para
nova investidura em cargo público do Distrito Federal pelo prazo de SEÇÃO I
dez anos, sem prejuízo de ação cível ou penal e das demais medidas DAS DISPOSIÇÕES COMUNS
administrativas.
Art. 207. A punibilidade é extinta pela: Art. 211. Diante de indícios de infração disciplinar, ou diante de
I – morte do servidor; representação, a autoridade administrativa competente deve de-
II – prescrição. terminar a instauração de sindicância ou processo disciplinar para
Art. 208. A ação disciplinar prescreve em: apurar os fatos e, se for o caso, aplicar a sanção disciplinar.
I – cinco anos, quanto à demissão, destituição de cargo em co- § 1º São competentes para instaurar sindicância ou processo
missão ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade; disciplinar as autoridades definidas no art. 255, em relação às infra-
II – dois anos, quanto à suspensão; ções disciplinares ocorridas em seus respectivos órgãos, autarquias
III – um ano, quanto à advertência. ou fundações, independentemente da sanção cominada.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da primeira data § 2º A competência para instaurar processo disciplinar para
em que o fato ou ato se tornou conhecido pela chefia da repartição apurar infração cometida por servidor efetivo no exercício de cargo
onde ele ocorreu, pela chefia mediata ou imediata do servidor, ou em comissão ou função de confiança do qual foi exonerado ou dis-
pela autoridade competente para instaurar sindicância ou processo pensado é da autoridade do órgão, autarquia ou fundação onde a
disciplinar. infração disciplinar foi cometida.
§ 2º A instauração de processo disciplinar interrompe a prescri- § 3º Por solicitação ou determinação da autoridade compe-
ção, uma única vez. tente, a apuração da infração disciplinar pode ser feita pelo órgão
§ 3º Interrompida a prescrição, sua contagem é reiniciada de- central do sistema de correição, preservada a competência para o
pois de esgotados os prazos para conclusão do processo disciplinar, julgamento.
previstos nesta Lei Complementar, incluídos os prazos de prorroga- § 4º Os conflitos entre servidores podem ser tratados em mesa
ção, se houver. de comissão de mediação, a ser disciplinada em lei específica.
§ 4º O prazo de prescrição fica suspenso enquanto a instaura- Art. 212. A infração disciplinar cometida por servidor é apurada
ção ou a tramitação do processo disciplinar ou a aplicação de san- mediante:
ção disciplinar estiver obstada por determinação judicial. I – sindicância;
§ 5º Os prazos de prescrição previstos na lei penal, havendo II – processo disciplinar.
ação penal em curso, aplicam-se às infrações disciplinares capitula- § 1º A representação sobre infração disciplinar cometida por
das também como crime. servidor deve ser formulada por escrito e conter a identificação e o
Art. 209. Não é punido o servidor que, ao tempo da infração endereço do denunciante.
disciplinar, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do § 2º No caso de denúncias anônimas, a administração pública
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, devi- pode iniciar reservadamente investigações para coleta de outros
do a: meios de prova necessários para a instauração de sindicância ou
I – insanidade mental, devidamente comprovada por laudo de processo disciplinar.
junta médica oficial; § 3º Em caso de infração disciplinar noticiada pela imprensa,
II – embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou for- nas redes sociais ou em correspondências escritas, a autoridade
ça maior. competente, antes de instaurar sindicância ou processo disciplinar,
Parágrafo único. A punibilidade não se exclui pela embriaguez, deve verificar se há indícios mínimos de sua ocorrência.
voluntária ou culposa, por álcool, entorpecente ou substância de § 4º Na hipótese do § 3º, no caso de não comprovação dos fa-
efeitos análogos. tos, a autoridade competente deve se pronunciar por escrito sobre
Art. 210. Fica isento de sanção disciplinar o servidor cuja con- o motivo do arquivamento da verificação.
duta funcional, classificada como erro de procedimento, seja carac- § 5º Se houver indícios suficientes quanto à autoria e à mate-
terizada, cumulativamente, pela: rialidade da infração disciplinar, a autoridade administrativa pode
I – ausência de dolo; instaurar imediatamente o processo disciplinar, dispensada a ins-
II – eventualidade do erro; tauração de sindicância.
III – ofensa ínfima aos bens jurídicos tutelados; Art. 213. Não é objeto de apuração em sindicância ou processo
IV – prejuízo moral irrelevante; disciplinar o fato que:
V – reparação de eventual prejuízo material antes de se instau- I – não configure infração disciplinar prevista nesta Lei Comple-
rar sindicância ou processo disciplinar. mentar ou em legislação específica;
II – já tenha sido objeto de julgamento pelo Poder Judiciário
em sentença penal transitada em julgado que reconheceu a inexis-
tência do fato ou a negativa da autoria, salvo se existente infração
disciplinar residual.
§ 1º O servidor não responde:
I – por ato praticado com fundamento em lei ou regulamento
posteriormente considerado inconstitucional pelo Poder Judiciário;
II – quando a punibilidade estiver extinta.
§ 2º Deve ser arquivada eventual denúncia ou representação
que se refira a qualquer das hipóteses previstas neste artigo.

117
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SEÇÃO II Art. 218. Os autos da sindicância, se houver, são apensados aos
DA SINDICÂNCIA do processo disciplinar, como peça informativa da instrução.
Art. 219. O processo disciplinar obedece aos princípios da le-
Art. 214. A sindicância é o procedimento investigativo destina- galidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, inte-
do a: resse público, contraditório, ampla defesa, proporcionalidade, razo-
I – identificar a autoria de infração disciplinar, quando desco- abilidade, motivação, segurança jurídica, informalismo moderado,
nhecida; justiça, verdade material e indisponibilidade.
II – apurar a materialidade de infração disciplinar sobre a qual § 1º Os atos do processo disciplinar não dependem de forma
haja apenas indícios ou que tenha sido apenas noticiada. determinada senão quando a lei expressamente o exigir, reputan-
§ 1º O ato de instauração da sindicância deve ser publicado no do-se válidos os que, realizados de outro modo, preencham sua fi-
Diário Oficial do Distrito Federal. nalidade essencial.
§ 2º O prazo para conclusão da sindicância é de até trinta dias, § 2º É permitida:
prorrogável por igual período, a critério da autoridade competente. I – a notificação ou a intimação do servidor acusado ou indicia-
Art. 215. Da sindicância pode resultar: do ou de seu procurador em audiência;
I – o arquivamento do processo; II – a comunicação, via postal, entre a comissão processante e
II – instauração de processo disciplinar; o servidor acusado ou indiciado;
III – aplicação de sanção de advertência ou suspensão de até III – a utilização de meio eletrônico, se confirmado o recebi-
trinta dias. mento pelo destinatário ou mediante certificação digital, para:
§ 1º Constatado na sindicância que a infração classifica-se a) a entrega de petição à comissão processante, salvo a defesa
como leve ou média do grupo I, a comissão de sindicância deve citar escrita prevista no art. 245, desde que o meio utilizado pelo reme-
o servidor acusado para acompanhar o prosseguimento da apura- tente seja previamente cadastrado na comissão processante;
ção nos mesmos autos. b) a notificação ou a intimação sobre atos do processo discipli-
§ 2º Aplicam-se, a partir do ato processual de que trata o § 1º, nar, salvo os previstos nos arts. 243 e 245, desde que o meio eletrô-
as normas do processo disciplinar, incluídas as garantias ao contra- nico tenha sido previamente cadastrado pelo servidor acusado ou
ditório e à ampla defesa e as normas relativas à comissão proces- indiciado na comissão processante.
sante. § 3º Se a comissão notificar ou intimar o servidor por meio ele-
trônico, deve, sempre que possível, avisá-lo por meio telefônico de
SEÇÃO III que a comunicação foi enviada.
DA SINDICÂNCIA PATRIMONIAL § 4º O uso dos meios permitidos nos §§ 2º e 3º deve ser certifi-
cado nos autos, juntando-se cópia das correspondências recebidas
Art. 216. Diante de fundados indícios de enriquecimento ilícito ou enviadas.
de servidor ou de evolução patrimonial incompatível com a remu- § 5º Não é causa de nulidade do ato processual a ausência:
neração ou subsídio por ele percebido, pode ser determinada a ins- I – do servidor acusado ou de seu procurador na oitiva de teste-
tauração de sindicância patrimonial. munha, quando o servidor tenha sido previamente notificado;
§ 1º São competentes para determinar a instauração de sindi- II – do procurador no interrogatório do servidor acusado.
cância patrimonial: Art. 220. Os autos do processo disciplinar, as reuniões da co-
I – o Presidente da Câmara Legislativa ou do Tribunal de Contas, missão e os atos processuais têm caráter reservado.
nos respectivos órgãos; § 1º Os autos do processo disciplinar não podem ser retirados
II – o Governador ou o titular do órgão central de sistema de da repartição onde se encontram.
correição, no Poder Executivo. § 2º É lícito o fornecimento de cópia de peças dos autos ao
§ 2º A sindicância patrimonial constitui-se de procedimento si- servidor ou ao seu procurador, observado o disposto no art. 168,
giloso com caráter exclusivamente investigativo. §§ 2º e 3º.
§ 3º O procedimento de sindicância patrimonial é conduzido Art. 221. Salvo quando autorizado pela autoridade instaurado-
por comissão composta por três servidores estáveis. ra, é vedado deferir ao servidor acusado, desde a instauração do
§ 4º O prazo para conclusão do procedimento de sindicância processo disciplinar até a conclusão do prazo para defesa escrita:
patrimonial é de trinta dias, prorrogável por igual período. I – gozo de férias;
§ 5º Concluídos os trabalhos da sindicância patrimonial, a co- II – licença ou afastamento voluntários;
missão responsável por sua condução deve elaborar relatório sobre III – exoneração a pedido;
os fatos apurados, concluindo pelo arquivamento ou pela instaura- IV – aposentadoria voluntária.
ção de processo disciplinar.
CAPÍTULO II
SEÇÃO IV DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
DO PROCESSO DISCIPLINAR
Art. 222. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
Art. 217. O processo disciplinar é o instrumento destinado a venha a influir na apuração da infração disciplinar, a autoridade
apurar responsabilidade do servidor por infração disciplinar. instauradora do processo disciplinar pode determinar o seu afasta-
§ 1º. O prazo para a conclusão do processo disciplinar é de até mento do exercício do cargo, pelo prazo de até sessenta dias, sem
sessenta dias, prorrogável por igual período. prejuízo da remuneração.
FICA ACRESCIDO O §2º AO ART. 217 PELA LEI COMPLEMENTAR § 1º O afastamento preventivo pode:
Nº 949, DE 27/02/2019 - DODF DE 28/02/2019. I – ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessam os seus
§ 2º Todos os prazos nos processos administrativos disciplina- efeitos, ainda que não concluído o processo disciplinar;
res no Distrito Federal, ainda que regidos por leis especiais, ficam II – cessar por determinação da autoridade competente.
suspensos no período de 20 de dezembro a 20 de janeiro, inclusive.

118
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 2º Salvo motivo de caso fortuito ou força maior, o servidor II – o acompanhamento do processo disciplinar é promovido
afastado não pode comparecer à repartição de onde foi afastado, por procurador por ele designado ou, na ausência, por defensor
exceto quanto autorizado pela autoridade competente ou pela co- dativo;
missão processante. III – o interrogatório é realizado em local apropriado, na forma
Art. 223. Em substituição ao afastamento preventivo, a auto- previamente acordada com a autoridade competente.
ridade instauradora pode, no prazo do art. 222, determinar que o
servidor tenha exercício provisório em outra unidade administrati- CAPÍTULO IV
va do mesmo órgão, autarquia ou fundação de sua lotação. DA COMISSÃO PROCESSANTE

CAPÍTULO III Art. 229. A sindicância ou o processo disciplinar é conduzido


DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO por comissão processante, de caráter permanente ou especial.
§ 1º A comissão é composta de três servidores estáveis desig-
Art. 224. No processo disciplinar, é sempre assegurado ao ser- nados pela autoridade competente.
vidor acusado o direito ao contraditório e à ampla defesa. § 2º Os membros da comissão processante são escolhidos pela
Art. 225. O servidor acusado deve ser: autoridade competente entre os ocupantes de cargo para o qual se
I – citado sobre a instauração de processo disciplinar contra sua exija escolaridade igual ou superior à do servidor acusado.
pessoa; § 3º Nos casos de carreira organizada em nível hierárquico, os
II – intimado ou notificado dos atos processuais; membros da comissão devem ser ocupantes de cargo efetivo supe-
III – intimado, pessoalmente, para apresentação de defesa es- rior ou do mesmo nível do servidor acusado.
crita, na forma do art. 245; § 4º Compete ao presidente da comissão manter a ordem e a
IV – intimado da decisão proferida em sindicância ou processo segurança das audiências, podendo requisitar força policial, se ne-
disciplinar, sem suspensão dos efeitos decorrentes da publicação no cessária.
Diário Oficial do Distrito Federal. § 5º A Comissão tem como secretário servidor designado pelo
Parágrafo único. A intimação de que trata o inciso II deve ser seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
feita com antecedência mínima de três dias da data de compare- bros.
cimento. § 6º A comissão processante, quando permanente, deve ser
Art. 226. Ao servidor acusado é facultado: renovada, no mínimo, a cada dois anos, vedado ao mesmo membro
I – arguir a incompetência, o impedimento ou a suspeição: servir por mais de quatro anos consecutivos.
a) da autoridade instauradora ou julgadora da sindicância ou § 7º Nas licenças, afastamentos, férias e demais ausências de
processo disciplinar; membro da comissão processante, a autoridade competente pode
b) de qualquer membro da comissão processante; designar substituto eventual.
II – constituir procurador; § 8º O local e os recursos materiais para o funcionamento dos
III – acompanhar depoimento de testemunha, pessoalmente trabalhos da comissão processante devem ser fornecidos pela auto-
ou por seu procurador; ridade instauradora da sindicância ou do processo disciplinar.
IV – arrolar testemunha; § 9º Podem participar como membros da comissão processan-
V – reinquirir testemunha, por intermédio do presidente da co- te servidores integrantes de outros órgãos da administração públi-
missão processante; ca, distintos daquele onde ocorreram as infrações disciplinares, se
VI – contraditar testemunha; conveniente para o interesse público.
VII – produzir provas e contraprovas; § 10. A comissão funciona com a presença de todos os seus
VIII – formular quesitos, no caso de prova pericial; membros.
IX – ter acesso às peças dos autos, observadas as regras de si- Art. 230. O servidor não pode participar de comissão proces-
gilo; sante quando o servidor acusado for pessoa de sua família, seu pa-
X – apresentar pedido de reconsideração, recurso ou revisão drasto, madrasta, enteado ou parente, na forma da lei civil.
do julgamento. § 1º Também não pode participar de comissão processante o
§ 1º A arguição de que trata o inciso I do caput deve ser resol- servidor que:
vida: I – seja amigo íntimo ou inimigo capital, credor ou devedor, tu-
I – pela autoridade imediatamente superior, no caso do inciso I, tor ou curador do servidor acusado;
a, ou pelo substituto legal, se exaurida a via hierárquica; II – seja testemunha ou perito no processo disciplinar;
II – pela autoridade que instaurou o processo disciplinar, no III – tenha sido autor de representação objeto da apuração;
caso do inciso I, b. IV – tenha atuado em sindicância, auditoria ou investigação da
§ 2º É do servidor acusado o custo de perícias ou exames por qual resultou a sindicância ou o processo disciplinar;
ele requeridos, se não houver técnico habilitado nos quadros da V – atue ou tenha atuado como procurador do servidor acu-
administração pública distrital. sado;
Art. 227. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do VI – tenha interesse em decisão administrativa a ser tomada
servidor acusado, a comissão processante deve propor à autorida- pelo servidor acusado;
de competente que ele seja submetido a exame por junta médica VII – tenha interesse no assunto que resultou na instauração da
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. sindicância ou do processo disciplinar;
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental deve ser pro- VIII – esteja litigando, judicial ou administrativamente, com o
cessado em autos apartados e apenso ao processo principal, após a servidor sindicado, acusado ou indiciado, ou com o respectivo côn-
expedição do laudo pericial. juge ou companheiro;
Art. 228. Estando preso o servidor acusado, aplica-se o seguin- IX – responda a sindicância ou processo disciplinar;
te: X – tenha sido punido por qualquer infração disciplinar, ressal-
I – a citação inicial e a intimação para defesa escrita são promo- vado o disposto no art. 201;
vidas onde ele estiver recolhido;

119
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
XI – seja cônjuge, companheiro, padrasto, madrasta, enteado § 3º Estando o servidor acusado em local incerto ou não sabi-
ou parente, na forma da lei civil, de outro membro da mesma co- do, a citação de que trata este artigo é feita por edital publicado no
missão processante. Diário Oficial do Distrito Federal e em jornal de grande circulação
Art. 231. A comissão processante exerce suas atividades com no Distrito Federal.
independência e imparcialidade, assegurado o acesso, nas reparti- § 4º Se, no prazo de quinze dias contados da publicação de que
ções públicas, a informações, documentos e audiências necessários trata o § 3º, o servidor acusado não se apresentar à comissão pro-
à elucidação do fato em apuração. cessante, a autoridade instauradora deve designar defensor dativo,
Parágrafo único. O presidente da comissão de sindicância ou para acompanhar o processo disciplinar enquanto o servidor acusa-
de processo disciplinar pode requisitar apoio, inclusive policial, dos do não se apresentar.
órgãos da administração pública para realização de diligência, segu-
rança ou locomoção até o local de coleta de prova ou de realização SEÇÃO III
de ato processual. DA INSTRUÇÃO
Art. 232. As reuniões da comissão processante têm de ser re-
gistradas em ata, da qual deve constar o detalhamento das delibe- Art. 239. Na fase da instrução, a comissão processante deve
rações adotadas. promover tomada de depoimentos, acareações, investigações e di-
Art. 233. Sempre que necessário, a comissão processante deve ligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quan-
dedicar tempo integral aos seus trabalhos, ficando seus membros do necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa
dispensados dos trabalhos na repartição de origem, até a entrega elucidação dos fatos.
do relatório final. Art. 240. Para a produção de provas, a comissão processante
Art. 234. São asseguradas passagens e diárias aos membros da pode, de ofício ou a requerimento do servidor acusado:
comissão e ao servidor acusado, nos casos de atos processuais se- I – tomar depoimentos de testemunhas;
rem praticados fora do território da RIDE. II – fazer acareações;
III – colher provas documentais;
CAPÍTULO V IV – colher provas emprestadas de processos administrativos
DAS FASES PROCESSUAIS ou judiciais;
V – proceder à reconstituição simulada dos fatos, desde que
SEÇÃO I não ofenda a moral ou os bons costumes;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS VI – solicitar, por intermédio da autoridade competente:
a) realização de buscas e apreensões;
Art. 235. O processo disciplinar desenvolve-se nas seguintes b) informações à Fazenda Pública, na forma autorizada na le-
fases: gislação;
I – instauração; c) quebra do sigilo bancário ou telefônico;
II – instrução; d) acesso aos relatórios de uso feito pelo servidor acusado em
III – defesa; sistema informatizado ou a atos que ele tenha praticado;
IV – relatório; e) exame de sanidade mental do servidor acusado ou indiciado;
V – julgamento. VII – determinar a realização de perícias;
VIII – proceder ao interrogatório do servidor acusado.
SEÇÃO II § 1º O presidente da comissão processante, por despacho fun-
DA INSTAURAÇÃO damentado, pode indeferir:
I – pedidos considerados impertinentes, meramente protelató-
Art. 236. O processo disciplinar é instaurado pela autoridade rios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos;
competente. II – pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato
Art. 237. Para a instauração de processo disciplinar, deve cons- independer de conhecimento especial.
tar dos autos: § 2º São classificados como confidenciais, identificados pela co-
I – a indicação da autoria, com nome, matrícula e cargo do ser- missão processante e autuados em autos apartados, os documen-
vidor; tos:
II – a materialidade da infração disciplinar. I – de caráter sigiloso requeridos pela comissão processante ou
Parágrafo único. A instauração de processo disciplinar depen- a ela entregues pelo servidor acusado ou indiciado;
de de ato publicado no Diário Oficial do Distrito Federal, do qual II – sobre a situação econômica, financeira ou patrimonial do
conste: servidor acusado ou indiciado;
I – a comissão processante; III – sobre as fontes de renda do servidor acusado ou indiciado;
II – o número do processo que contém as informações previstas IV – sobre os relacionamentos pessoais do servidor acusado ou
no caput, I e II. indiciado.
Art. 238. Instaurado o processo disciplinar, o servidor acusado § 3º Os documentos de que trata o § 2º são de acesso restrito:
deve ser citado para, se quiser, acompanhar o processo pessoal- I – aos membros da comissão processante;
mente ou por intermédio de procurador. II – ao servidor acusado ou ao seu procurador;
§ 1º A citação deve ser acompanhada de cópia, eletrônica ou III – aos agentes públicos que devam atuar no processo.
em papel, das peças processuais previstas no art. 237 e conter nú- § 4º Os documentos em idioma estrangeiro trazidos aos autos
mero do telefone, meio eletrônico para comunicação, endereço, pela comissão processante devem ser traduzidos para a língua por-
horário e dias de funcionamento da comissão processante. tuguesa, dispensada a tradução juramentada, se não houver con-
§ 2º O servidor acusado que mudar de residência fica obrigado trovérsia relevante para o julgamento da infração disciplinar.
a comunicar à comissão processante o lugar onde pode ser encon- Art. 241. As testemunhas são intimadas a depor mediante man-
trado. dado expedido pelo presidente da comissão processante, devendo
a segunda via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.

120
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 1º Se a testemunha for servidor público, a expedição do man- § 1º No dia e hora designados, o membro ou o secretário da co-
dado deve ser comunicada ao chefe da repartição onde tem exer- missão processante deve comparecer ao domicílio ou à residência
cício, com a indicação do dia e da hora marcados para inquirição. do servidor indiciado, a fim de intimá-lo.
§ 2º A ausência injustificada de servidor público devidamen- § 2º Se o servidor indiciado não estiver presente, o membro ou
te intimado como testemunha deve ser comunicada à autoridade o secretário da comissão processante deve:
competente, para apuração de responsabilidade. I – informar-se das razões da ausência e dar por feita a citação,
Art. 242. O depoimento de testemunha é feito oralmente, sob lavrando de tudo a respectiva certidão;
compromisso, e reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha II – deixar cópia do mandado de intimação com pessoa da famí-
trazê-lo por escrito. lia do servidor indiciado ou com qualquer vizinho, conforme o caso,
§ 1º As testemunhas são inquiridas separadamente. declarando-lhe o nome.
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in- Art. 247. Junto à intimação para apresentar a defesa escrita,
firmem, pode-se proceder à acareação entre os depoentes. deve ser apresentada ao servidor acusado cópia da indiciação.
§ 3º O servidor acusado, seu procurador ou ambos podem as- Art. 248. O servidor indiciado que se encontrar em lugar incerto
sistir à inquirição das testemunhas, sendo-lhes: e não sabido deve ser intimado por edital para apresentar defesa.
I – vedado interferir nas perguntas e nas respostas; § 1º O edital de citação deve ser publicado no Diário Oficial do
II – facultado reinquiri-las, por intermédio do presidente da co- Distrito Federal e em jornal de grande circulação no Distrito Federal.
missão processante. § 2º Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa é de quinze
Art. 243. Concluída a inquirição das testemunhas e a coleta das dias, contados da última publicação do edital.
demais provas, a comissão processante deve promover o interroga- Art. 249. Considera-se revel o servidor indiciado que, regular-
tório do servidor acusado, observados os procedimentos previstos mente intimado, não apresentar defesa no prazo legal.
nos arts. 241 e 242. § 1º A revelia deve ser declarada em termo subscrito pelos inte-
§ 1º No caso de mais de um servidor acusado, o interrogatório grantes da comissão processante nos autos do processo disciplinar.
é feito em separado e, havendo divergência entre suas declarações § 2º Para defender o servidor revel, a autoridade instaurado-
sobre fatos ou circunstâncias, pode ser promovida a acareação en- ra do processo deve designar um servidor estável como defensor
tre eles. dativo, ocupante de cargo de nível igual ou superior ao do servidor
§ 2º O não comparecimento do servidor acusado ao interroga- indiciado, preferencialmente com formação em Direito.
tório ou a sua recusa em ser interrogado não obsta o prosseguimen- Art. 250. O prazo para apresentar defesa escrita é de dez dias.
to do processo, nem é causa de nulidade. § 1º Havendo dois ou mais servidores indiciados, o prazo é co-
§ 3º O procurador do servidor acusado pode assistir ao inter- mum e de vinte dias.
rogatório, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e nas respos- § 2º O prazo de defesa pode ser prorrogado pelo dobro, para
tas, facultando-se-lhe, porém, propor perguntas, por intermédio do diligências reputadas indispensáveis.
presidente da comissão processante, após a inquirição oficial. Art. 251. Cumpridas eventuais diligências requeridas na defesa
Art. 244. Encerrada a instrução e tipificada a infração discipli- escrita, a comissão processante deve declarar encerradas as fases
nar, deve ser formulada a indiciação do servidor, com a especifica- de instrução e defesa.
ção dos fatos a ele imputados e das respectivas provas. Parágrafo único. A comissão pode alterar a indiciação forma-
§ 1º Não cabe a indiciação do servidor se, com as provas colhi- lizada ou propor a absolvição do servidor acusado em função dos
das, ficar comprovado que: fatos havidos das diligências realizadas.
I – não houve a infração disciplinar;
II – o servidor acusado não foi o autor da infração disciplinar; SEÇÃO V
III – a punibilidade esteja extinta. DO RELATÓRIO
§ 2º Ocorrendo a hipótese do § 1º, a comissão processante
deve elaborar o seu relatório, concluindo pelo arquivamento dos Art. 252. Concluída a instrução e apresentada a defesa, a co-
autos. missão processante deve elaborar relatório circunstanciado, do
qual constem:
SEÇÃO IV I – as informações sobre a instauração do processo;
DA DEFESA II – o resumo das peças principais dos autos, com especificação
objetiva dos fatos apurados, das provas colhidas e dos fundamentos
Art. 245. O servidor, uma vez indiciado, deve ser intimado pes- jurídicos de sua convicção;
soalmente por mandado expedido pelo presidente da comissão III – a conclusão sobre a inocência ou responsabilidade do servi-
processante para apresentar defesa escrita, no prazo do art. 250. dor indiciado, com a indicação do dispositivo legal ou regulamentar
§ 1º A citação de que trata o art. 238, § 1º, não exclui o cumpri- infringido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
mento do disposto neste artigo. IV – a indicação da sanção a ser aplicada e do dispositivo desta
§ 2º No caso de recusa do servidor indiciado em apor o ciente Lei Complementar em que ela se encontra.
na cópia da intimação, o prazo para defesa conta-se da data decla- Art. 253. A comissão processante deve remeter à autoridade
rada, em termo próprio, pelo membro ou secretário da comissão instauradora os autos do processo disciplinar, com o respectivo re-
processante que fez a intimação, com a assinatura de duas teste- latório.
munhas. Art. 254. Na hipótese de o relatório concluir que a infração dis-
Art. 246. Quando, por duas vezes, o membro ou o secretário da ciplinar apresenta indícios de infração penal, a autoridade compe-
comissão processante houver procurado o servidor indiciado, em tente deve encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público.
seu domicílio, residência, ou repartição de exercício, sem o encon-
trar, deve, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pes-
soa da família ou, em sua falta, a qualquer vizinho, que voltará em
dia e hora designados, a fim de efetuar a intimação.

121
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
SEÇÃO VI § 2º Em caso de divergência com as conclusões do relatório da
DO JULGAMENTO comissão processante, a autoridade julgadora pode agravar a san-
ção disciplinar proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de res-
Art. 255. Salvo disposição legal em contrário, o julgamento do ponsabilidade.
processo disciplinar e a aplicação da sanção disciplinar, observada a § 3º A autoridade competente para aplicar a sanção disciplinar
subordinação hierárquica ou a vinculação do servidor, são da com- mais grave é também competente para aplicar sanção disciplinar
petência: mais branda ou isentar o servidor de responsabilidade, nas hipóte-
I – no Poder Legislativo, do Presidente da Câmara Legislativa ou ses previstas no § 2º.
do Tribunal de Contas; § 4º Se discordar da proposta de absolvição ou da inocência
II – no Poder Executivo: do servidor acusado não anteriormente indiciado, a autoridade jul-
a) do Governador, quando se tratar de demissão, destituição gadora deve designar nova comissão processante para elaborar a
de cargo em comissão ou cassação de aposentadoria ou disponi- indiciação e praticar os demais atos processuais posteriores.
bilidade; § 5º Verificada a existência de vício insanável, a autoridade jul-
b) de Secretário de Estado ou autoridade equivalente, quando gadora deve declarar a nulidade total ou parcial do processo disci-
se tratar de suspensão superior a trinta dias ou, ressalvado o dis- plinar e ordenar, conforme o caso:
posto na alínea a, das demais sanções a servidor que a ele esteja I – a realização de diligência;
imediatamente subordinado; II – a reabertura da instrução processual;
c) de administrador regional, dirigente de órgão relativamente III – a constituição de outra comissão processante, para instau-
autônomo, subsecretário, diretor regional ou autoridade equivalen- ração de novo processo.
te a que o servidor esteja mediata ou imediatamente subordinado, § 6º Os atos não contaminados pelo vício devem ser reapro-
quando se tratar de sanção não compreendida nas alíneas a e b. veitados.
§ 1º No caso de servidor de autarquia ou fundação do Poder § 7º Nenhum ato é declarado nulo, se da nulidade não resultar
Executivo, o julgamento do processo disciplinar e a aplicação da prejuízo para a apuração dos fatos, para a defesa ou para a conclu-
sanção disciplinar são da competência: são do processo.
I – do Governador, quando se tratar de demissão, destituição § 8º O vício a que o servidor acusado ou indiciado tenha dado
de cargo em comissão ou cassação de aposentadoria ou disponibi- causa não obsta o julgamento do processo.
lidade; Art. 258. O ato de julgamento do processo disciplinar deve:
II – do respectivo dirigente máximo, quanto se tratar de sanção I – mencionar sempre o fundamento legal para imposição da
disciplinar não compreendida no inciso I deste parágrafo. penalidade;
§ 2º No caso de servidor de conselho ou outro órgão de de- II – indicar a causa da sanção disciplinar;
liberação coletiva instituído no Poder Executivo, o julgamento do III – ser publicado no Diário Oficial do Distrito Federal.
processo disciplinar e a aplicação da sanção disciplinar são da com-
petência: CAPÍTULO VI
I – do Governador, quando se tratar de demissão, destituição DA REVISÃO DO PROCESSO
de cargo em comissão ou cassação de aposentadoria ou disponibi-
lidade; Art. 259. O processo disciplinar pode ser revisto, a qualquer
II – de Secretário de Estado ou autoridade equivalente a cuja tempo, a pedido ou de ofício, quando forem aduzidos fatos novos
Secretaria de Estado o conselho ou o órgão esteja vinculado, quan- ou circunstâncias não apreciadas no processo originário, suscetíveis
do se tratar de suspensão; de justificar a inocência do servidor punido ou a inadequação da
III – do respectivo presidente, quando se tratar de advertência. sanção disciplinar aplicada, observado o disposto no art. 175, II.
§ 3º A competência para julgar o processo disciplinar regula-se § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
pela subordinação hierárquica existente na data do julgamento. do servidor, qualquer pessoa da família pode requerer a revisão do
§ 4º Da decisão que aplicar sanção de advertência ou suspen- processo.
são cabe recurso hierárquico, na forma do art. 171, vedado o agra- § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
vamento da sanção. pode ser requerida pelo respectivo curador.
Art. 256. No prazo de vinte dias, contados do recebimento dos § 3º A simples alegação de injustiça da sanção disciplinar apli-
autos do processo disciplinar, a autoridade competente deve profe- cada não constitui fundamento para a revisão.
rir sua decisão. § 4º Não é admitido pedido de revisão quando a perda do car-
§ 1º Se a sanção a ser aplicada exceder a alçada da autoridade go público ou a cassação de aposentadoria decorrer de decisão ju-
instauradora do processo disciplinar, este deve ser encaminhado à dicial.
autoridade competente para decidir no mesmo prazo deste artigo. Art. 260. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re-
§ 2º Havendo mais de um servidor indiciado e diversidade de querente.
sanções propostas no relatório da comissão processante, o julga- Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente deve pedir dia
mento e a aplicação das sanções cabe à autoridade competente e hora para produção de provas e inquirição das testemunhas que
para a imposição da sanção mais grave. arrolar.
§ 3º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do Art. 261. O requerimento de revisão do processo deve ser diri-
processo, observada a prescrição. gido, conforme o caso, à autoridade administrativa que julgou, ori-
§ 4º A autoridade que der causa à prescrição de que trata o art. ginariamente, o processo disciplinar.
208 pode ser responsabilizada na forma do Capítulo I do Título VI. § 1º Autorizada a revisão, o pedido deve ser encaminhado ao
Art. 257. A autoridade julgadora deve decidir, motivadamente, dirigente do órgão, autarquia ou fundação onde se originou o pro-
conforme as provas dos autos. cesso disciplinar, para providenciar a constituição de comissão revi-
§ 1º A autoridade julgadora pode converter o julgamento em sora, observadas, no que couber, as disposições dos arts. 229 a 234.
diligência para repetição de atos processuais ou coleta de novas
provas, caso seja necessário para a elucidação completa dos fatos.

122
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
§ 2º Não pode integrar a comissão revisora o servidor que te- Art. 272. O servidor deve ser submetido a exames médicos
nha atuado na sindicância ou no processo disciplinar cujo julgamen- periódicos gratuitos, nos termos e condições definidos em regula-
to se pretenda revisar. mento.
Art. 262. A revisão corre em apenso ao processo originário.
Art. 263. A comissão revisora tem o prazo de sessenta dias para SEÇÃO II
a conclusão dos trabalhos. DA LICENÇA MÉDICA E DA LICENÇA ODONTOLÓGICA
Art. 264. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
que couber, as normas e procedimentos do Capítulo V. Art. 273. Pode ser concedida licença médica ou odontológica
Art. 265. A competência para julgamento do pedido de revisão para o servidor tratar da própria saúde, sem prejuízo da remunera-
é da autoridade administrativa que aplicou, originariamente, a san- ção ou do subsídio.
ção disciplinar. § 1º Após 24 meses consecutivos de licença para tratamento
Parágrafo único. O prazo para julgamento é de vinte dias, con- de saúde, ou 24 meses cumulativos ao longo do tempo de serviço
tados do recebimento dos autos do processo disciplinar, durante o prestado ao Distrito Federal, em cargo efetivo, em razão da mesma
qual a autoridade julgadora pode determinar diligências. doença, o servidor deve ser submetido à perícia médica, que opi-
Art. 266. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efei- nará pela possibilidade de retorno ao serviço, pela readaptação ou
to a penalidade aplicada. pela aposentadoria por invalidez.
§ 1º Se a conclusão sobre o pedido de revisão for pela inocên- § 2º Caso o servidor seja readaptado após o período menciona-
cia do servidor punido, deve ser declarada sem efeito a sanção dis- do no § 1º e volte a se afastar em razão da mesma doença, deve ter
ciplinar aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, seu quadro de saúde analisado por Junta Médica Oficial.
exceto em relação à destituição de cargo em comissão, que deve ser § 3º No caso de servidor sem vínculo efetivo com o Distrito
convertida em exoneração. Federal, suas autarquias ou fundações, aplicam-se à licença médica
§ 2º Se a conclusão sobre o pedido de revisão for pela inade- ou odontológica as normas do regime geral de previdência social.
quação da sanção disciplinar aplicada, deve-se proceder à nova Art. 274. A licença de que trata o art. 273 depende de inspe-
adequação, restabelecendo-se todos os direitos do servidor naquilo ção feita por médico ou cirurgião-dentista do setor de assistência
que a sanção disciplinar aplicada tenha excedido. à saúde.
Art. 267. Da revisão do processo não pode resultar agravamen- § 1º Se necessário, a inspeção de que trata este artigo pode ser
to de sanção disciplinar. realizada onde o servidor se encontrar.
§ 2º O atestado de médico ou de cirurgião-dentista particular
TÍTULO VIII só produz efeitos depois de homologado pelo setor de assistência à
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR saúde do respectivo órgão, autarquia ou fundação.
§ 3º No caso de atestado de comparecimento a serviços médi-
CAPÍTULO I cos, odontológicos ou laboratoriais, a ausência ao serviço restringe-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS -se ao turno em que o servidor foi atendido.
§ 4º O atestado ou o laudo da junta médica não pode se referir
Art. 268. A seguridade social do servidor público distrital com- ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
preende um conjunto integrado de ações destinadas a assegurar produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual-
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. quer das doenças especificadas na legislação do regime próprio de
Art. 269. A previdência social destina-se exclusivamente aos previdência dos servidores públicos do Distrito Federal.
servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo, na forma § 5º O atestado médico de até três dias durante o bimestre do
prevista na Constituição Federal e em lei complementar específica. ano civil pode ser recebido pela chefia imediata, sem a homologa-
Art. 270. A assistência social deve ser prestada na forma da le- ção do serviço de saúde.
gislação específica e segundo os programas patrocinados pelo ór- Art. 275. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas
gão, autarquia ou fundação. ou funcionais deve ser submetido à inspeção médica.
Parágrafo único. A administração pública deve adotar progra-
CAPÍTULO II mas de prevenção a moléstia profissional.
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE Art. 276. O servidor acidentado em serviço que necessite de
tratamento especializado pode ser tratado em instituição privada,
SEÇÃO I às expensas do Distrito Federal.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Parágrafo único. O tratamento referido neste artigo constitui
medida de exceção e somente é admissível quando inexistirem
Art. 271. A assistência à saúde do servidor ativo ou inativo, de meios e recursos adequados em instituição pública.
seu cônjuge, companheiro, dependentes e do pensionista compre-
ende a assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e SEÇÃO III
farmacêutica e é prestada: DA READAPTAÇÃO
I – pelo Sistema Único de Saúde;
II – diretamente pelo serviço de saúde do órgão, autarquia ou Art. 277. Ao servidor efetivo que sofrer redução da capacidade
fundação a que o servidor estiver vinculado; laboral, comprovada em inspeção médica, devem ser proporciona-
III – pela rede privada de saúde, mediante credenciamento por das atividades compatíveis com a limitação sofrida, respeitada a
convênio, na forma estabelecida em lei ou regulamento; habilitação exigida no concurso público.
IV – na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do Parágrafo único. O servidor readaptado não sofre prejuízo em
valor despendido com planos ou seguros privados de assistência à sua remuneração ou subsídio.
saúde, na forma estabelecida em regulamento.

123
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
TÍTULO IX § 3º Equiparam-se à condição de companheira ou companhei-
ro os parceiros homoafetivos que mantenham relacionamento civil
CAPÍTULO ÚNICO permanente, desde que devidamente comprovado.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 284. As orientações normativas para a uniformização dos
procedimentos de aplicação desta Lei Complementar são formula-
Art. 278. O dia do servidor público é comemorado em vinte e das, no Poder Executivo, pelo órgão central do sistema de:
oito de outubro. I – correição, sobre questões atinentes ao regime, à sanção e
Art. 279. Podem ser instituídos os seguintes incentivos funcio- ao processo disciplinar, sem prejuízo das competências de correge-
nais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: dorias específicas;
I – prêmio pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos II – pessoal, sobre as questões não compreendidas no inciso I.
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos Art. 285. As disposições desta Lei Complementar não alteram
operacionais; a jornada de trabalho vigente na data de sua publicação, não extin-
II – concessão de medalha, diploma de honra ao mérito, con- guem direitos adquiridos, nem direitos ou deveres previstos em lei
decoração e elogio. especial.
Art. 280. Aos prazos previstos nesta Lei Complementar, salvo Art. 286. Até que lei específica fixe o valor do auxílio-alimenta-
disposição legal em contrário, aplica-se o seguinte: ção previsto no art. 111, ficam mantidos os valores pagos na forma
I – sua contagem é feita em dias corridos, excluindo-se o dia do da legislação vigente até a data de publicação desta Lei Comple-
começo e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado para o mentar.
primeiro dia útil seguinte o começo ou o vencimento do prazo que Art. 287. Fica mantido, com os respectivos efeitos, o tempo de
cair em dia: serviço regularmente averbado na forma da legislação anterior à
a) sem expediente; publicação desta Lei Complementar.
b) de ponto facultativo; Art. 288. Ficam mantidas, até sua adequação às disposições
c) em que a repartição ficou fechada; desta Lei Complementar, as normas regulamentares expedidas com
d) cujo expediente foi encerrado antes do horário habitual; base na legislação anterior, exceto naquilo que conflitarem com
II – pela interrupção, extingue-se a contagem do prazo já feita esta Lei Complementar.
e reinicia-se nova contagem a partir da data em que o prazo foi in- Art. 289. O décimo terceiro salário, previsto nesta Lei Comple-
terrompido; mentar, substitui a gratificação natalícia prevista na Lei nº 3.279, de
III – durante a suspensão, a contagem do prazo fica paralisada, 31 de dezembro de 2003.
devendo ser retomada de onde parou na data em que cessar a cau- Art. 290. As remissões feitas na legislação distrital a dispositivo
sa suspensiva. da Lei federal nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, ou a disposi-
§ 1º Salvo disposição legal em contrário, os prazos são contí- tivos das leis revogadas por esta Lei Complementar consideram-se
nuos, não se interrompem, não se suspendem, nem se prorrogam. feitas às disposições correspondentes desta Lei Complementar.
§ 2º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data Art. 291. A Lei Complementar nº 769, de 30 de junho de 2008,
a data. passa a vigorar com as seguintes alterações:
§ 3º Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente Art. 1º ..................................
ao do começo do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. § 3º Aplicam-se subsidiariamente às disposições desta Lei Com-
Art. 281. Em razão de nacionalidade, naturalidade, condição plementar as normas do regime jurídico dos servidores públicos ci-
social, física, imunológica, sensorial ou mental, nascimento, idade, vis do Distrito Federal.
escolaridade, estado civil, etnia, raça, cor, sexo, orientação sexual, Art. 12. ..............................
convicção religiosa, política ou filosófica, de ter cumprido pena ou § 1º A dependência econômica do cônjuge e dos filhos indica-
de qualquer particularidade ou condição, o servidor não pode: dos no inciso IV é presumida, e a das pessoas indicadas nos incisos
I – ser privado de qualquer de seus direitos; I a III deve ser comprovada.
II – ser prejudicado em seus direitos ou em sua vida funcional; § 2º A existência de dependente indicado no inciso IV exclui do
III – sofrer discriminação em sua vida funcional ou pessoal; direito ao benefício os indicados nos incisos I a III.
IV – eximir-se do cumprimento de seus deveres. ....................
Art. 282. Ao servidor público civil são assegurados, nos termos Art. 18. A aposentadoria por invalidez é devida ao segurado
da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se- que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
guintes direitos, entre outros, dela decorrentes: incapaz de readaptação para o exercício das atribuições do cargo,
I – representação pelo sindicato, inclusive como substituto pro- de forma compatível com a limitação que tenha sofrido, e deve ser
cessual; paga, com base na legislação vigente, a partir da data da publicação
II – desconto em folha, sem ônus para a entidade sindical a que do respectivo ato e enquanto o servidor permanecer nessa condi-
for filiado, do valor das mensalidades e contribuições definidas em ção.
assembleia geral da categoria. ....................
Art. 283. Para efeitos desta Lei Complementar, consideram-se § 9º O servidor aposentado com provento proporcional ao tem-
da família do servidor o cônjuge ou o companheiro, os filhos e, na po de contribuição, se acometido de qualquer das moléstias especi-
forma da legislação federal sobre imposto de renda da pessoa física, ficadas no § 5º, deve passar a perceber provento integral, calculado
os que forem seus dependentes econômicos. com base no fundamento legal de concessão da aposentadoria.
§ 1º O servidor pode requerer o registro em seus assentamen- § 10. A doença, lesão ou deficiência de que o servidor público
tos funcionais de qualquer pessoa de sua família. era portador ao ingressar no cargo público não lhe confere o direito
§ 2º A dependência econômica deve ser comprovada, por oca- à aposentadoria por invalidez, salvo quando sobrevier incapacidade
sião do pedido, e a sua comprovação deve ser renovada anualmen- por motivo de progressão ou agravamento das causas de deficiên-
te, na forma do regulamento. cia.
Art. 24. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível
de readaptação, deve ser aposentado por invalidez.

124
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
Art. 29. .................................. Art. 30-D. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
§ 3º A pensão deve ser concedida ao dependente que se ha- cumulativa de mais de duas pensões pagas por regime próprio de
bilitar. previdência social.
§ 4º A concessão da pensão não pode ser protelada pela falta Art. 292. (V E T A D O).
de habilitação de outro possível dependente. Art. 293. Esta Lei Complementar entra em vigor no dia 1º de
§ 5º O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por mor- janeiro de 2012.
te o companheiro ou a companheira. Art. 294. Ficam revogadas as disposições em contrário, deixan-
§ 6º A habilitação posterior que importe inclusão ou exclusão do de ser aplicadas, no Distrito Federal, a Lei federal nº 8.112, de
de dependente só produz efeitos a contar da data da habilitação. 11 de dezembro de 1990, e a Lei federal nº 8.647, de 13 de abril de
Art. 30. As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vita- 1993.
lícias e temporárias. Art. 295. Salvo as disposições aplicáveis aos empregados das
§ 1º A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas perma- empresas públicas ou sociedades de economia mista, ficam expres-
nentes, que somente se extinguem ou revertem com a morte do samente revogados:
pensionista. I – art. 4º da Lei nº 39, de 6 de setembro de 1989;
§ 2º A pensão temporária é composta de cota ou cotas que II – art. 12 da Lei nº 51, de 13 de novembro de 1989;
podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de III – art. 5º da Lei 64, de 14 de dezembro de 1989;
invalidez ou maioridade do pensionista. IV – art. 13, da Lei 68, de 22 de dezembro de 1989;
Art. 30-A. São beneficiários da pensão: V – art. 11 da Lei 88, de 29 de dezembro de 1989;
I – vitalícia: VI – art. 1º da Lei nº 119, de 16 de agosto de 1990;
a) o cônjuge; VII – art. 4º da Lei nº 125, de 29 de outubro de 1990;
b) a pessoa separada judicialmente, divorciada ou cuja união VIII – arts. 12, 13 e 19 da Lei nº 159, de 16 de agosto de 1991;
estável foi legalmente dissolvida, com percepção de pensão alimen- IX – arts. 4º e 5º da Lei nº 197, de 4 de dezembro de 1991;
tícia; X – art. 4º da Lei nº 211, de 19 de dezembro de 1991;
c) o companheiro ou companheira que comprove união está- XI – art. 3º da Lei nº 948, de 30 de outubro de 1995;
vel; XII – arts. 3º e 4º da Lei nº 1.141, de 10 de julho de 1996;
d) a mãe ou o pai com percepção de pensão alimentícia; XIII – arts. 1º, 2º, 3º, 5º e 6º da Lei nº 1.864, de 19 de janeiro
II – temporária: de 1998;
a) o filho ou o enteado até completar vinte e um anos de idade, XIV – art. 4º da Lei nº 2.911, de 5 de fevereiro de 2002;
ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez; XV – art. 4º da Lei nº 4.381, de 28 de julho de 2009;
b) o menor sob tutela; XVI – Lei nº 34, de 13 de julho de 1989;
c) o irmão não emancipado até completar vinte e um anos de XVII – Lei nº 160, de 2 de setembro de 1991;
idade, ou, se inválido, enquanto durar a invalidez, que perceba pen- XVIII – Lei nº 221, de 27 de dezembro de 1991;
são alimentícia. XIX – Lei nº 237, de 20 de janeiro de 1992;
Parágrafo único. É vedada a concessão de pensão vitalícia: XX – Lei nº 463, de 22 de junho de 1993;
I – ao beneficiário indicado no inciso I, c, se houver beneficiário XXI – Lei nº 786, de 7 de novembro de 1994;
indicado no inciso I, a; XXII – Lei nº 921, de 19 de setembro de 1995;
II – a mais de um companheiro ou companheira. XXIII – Lei nº 988, 18 de dezembro de 1995;
Art. 30-B. O valor da pensão, calculado na forma do art. 29, XXIV – Lei nº 1.004, de 9 de janeiro de 1996;
deve ser rateado entre os habilitados de modo a individualizar a XXV – Lei nº 1.136, de 10 de julho de 1996;
cota a que cada beneficiário faz jus. XXVI – Lei nº 1.139 de 10 de julho de 1996;
§ 1º Não havendo dependentes previstos no art. 30-A, I, b ou XXVII – Lei nº 1.303, de 16 de dezembro de 1996;
d, ou no art. 30-A, II, c, deve-se observar, no cálculo da cota de cada XXVIII – Lei nº 1.370, de 6 de janeiro de 1997;
pensionista, o seguinte: XXIX – Lei nº 1.448, de 30 de maio de 1997;
I – havendo apenas um pensionista habilitado, o valor da cota XXX – Lei nº 1.569, de 15 de julho de 1997;
corresponde ao valor da pensão; XXXI – Lei nº 1.752, de 4 de novembro de 1997;
II – ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, XXXII – Lei nº 1.784, de 24 de novembro de 1997;
metade do valor cabe aos habilitados à pensão vitalícia; a outra me- XXXIII – Lei nº 1.799, de 23 de dezembro de 1997;
tade, aos habilitados à pensão temporária. XXXIV – Lei nº 1.836, de 14 de janeiro de 1998;
§ 2º Havendo dependentes previstos no art. 30-A, I, b ou d, ou XXXV – Lei nº 2.107, de 13 de outubro de 1998;
no art. 30-A, II, c, aplica-se o seguinte: XXXVI – Lei nº 2.122, de 12 de novembro de 1998;
I – a cota desses dependentes é calculada de modo proporcio- XXXVII – Lei nº 2.226, de 31 de dezembro de 1998;
nal ao valor da pensão alimentícia percebida, tendo como base para XXXVIII – Lei nº 2.469, de 21 de outubro de 1999;
cálculo o valor total da pensão; XXXIX – Lei nº 2.663, de 4 de janeiro de 2001;
II – a cota dos demais dependentes, se houver, deve ser calcula- XL – Lei nº 2.671, de 11 de janeiro de 2001;
da na forma do § 1º, tendo como base para cálculo o saldo do valor XLI – Lei nº 2.895, de 23 de janeiro de 2002;
da pensão que remanescer após deduzir a cota de que trata o inciso XLII – Lei nº 2.944, de 17 de abril de 2002;
I deste parágrafo. XLIII – Lei nº 2.963, de 26 de abril de 2002;
§ 3º O valor apurado na forma do § 2º, I, fica limitado pela XLIV – Lei nº 2.966, de 7 de maio de 2002;
cota devida a cada beneficiário da pensão vitalícia ou da pensão XLV – Lei nº 2.971, de 7 de maio de 2002;
temporária. XLVI – Lei nº 2.992, de 11 de junho de 2002;
Art. 30-C. A cota do pensionista que perdeu essa qualidade re- XLVII – Lei nº 3.279, de 31 de dezembro de 2003;
verte-se, exclusivamente, para seu ascendente, descendente ou ir- XLVIII – Lei nº 3.289, de 15 de janeiro de 2004;
mão que também seja pensionista do mesmo instituidor de pensão. XLIX – Lei nº 3.389, de 6 de julho de 2004;
L – Lei nº 3.494, de 8 de dezembro de 2004;

125
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
LI – Lei nº 3.558, de 18 de janeiro de 2005; 4. Segundo dispõe a Lei Orgânica do Distrito Federal, compete
LII – Lei nº 3.577, de 12 de abril de 2005; privativamente ao Distrito Federal
LIII – Lei nº 3.648, de 4 de agosto de 2005; (A) fomentar a produção agropecuária e organizar o abasteci-
LIV – Lei nº 3.692, de 8 de novembro de 2005; mento alimentar.
LV – Lei nº 3.855, de 22 de maio de 2006; (B) conservar o patrimônio público.
LVI – Lei nº 3.894, de 12 de julho de 2006; (C) egulamentar e fiscalizar o comércio ambulante, inclusive o
LVII – Lei nº 4.477, de 1º de junho de 2010. de papéis e de outros resíduos recicláveis.
(D) estabelecer e implantar política para a segurança do trân-
sito.
QUESTÕES (E) proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à
ciência.
1. De acordo com o estabelecido na Lei Orgânica do Distrito
Federal e suas alterações, assinale a alternativa correta acerca dos 5. Nos termos da Lei Orgânica do Distrito Federal, constitui ma-
cargos de Governador e Vice-Governador. téria que pode ser objeto de lei ordinária
(A) Vagando os cargos de Governador e ViceGovernador do (A) a lei que dispõe sobre a organização do sistema de educa-
Distrito Federal, o Presidente da Câmara Legislativa assumirá o ção do Distrito Federal.
comando do executivo distrital pelo restante do mandato. (B) o regime jurídico dos servidores públicos civis.
(B) Constitui uma das condições de elegibilidade para Governa- (C) a autorização de privatização, mediante alienação de ações
dor e Vice-Governador do Distrito Federal possuir idade míni- de empresa pública e sociedade de economia mista.
ma de trinta anos. (D) a lei que dispõe sobre o plano diretor de ordenamento ter-
(C) O Governador e o Vice-Governador deverão residir no Dis- ritorial do Distrito Federal.
trito Federal ou no Estado de Goiás. (E) o código tributário do Distrito Federal.
(D) O Governador e o Vice-Governador do Distrito Federal po-
derão afastar-se durante 60 dias, trinta a cada semestre, a títu- 6. De acordo com a Lei Orgânica do Distrito Federal, para a alie-
lo de férias, em cada ano de seu mandato. nação de um bem imóvel do Distrito Federal,
(E) O Governador e o Vice-Governador poderão, a qualquer (A) deverá ser observada a legislação pertinente à licitação, ex-
momento, independentemente de licença da Câmara Legis- ceto no caso de aquisição por permuta.
lativa, ausentar-se do Distrito Federal, por qualquer período, (B) deverá ser observada a prévia avaliação da Câmara Legisla-
desde que previamente comunicado ao legislativo. tiva, sendo, porém, dispensada a autorização desse órgão.
(C) poderá ser dispensada a prévia avaliação da Câmara Legisla-
2. Levando em conta o que dispõe a Lei Orgânica do Distrito tiva, mas será necessária a autorização desse órgão.
Federal e suas alterações, assinale a alternativa correta acerca das (D) deverá ser observada a legislação pertinente à licitação, as-
competências do Distrito Federal. sim como acontece na aquisição por compra.
(A) Compete ao Distrito Federal, concorrentemente com a (E) poderá ser dispensada a existência do interesse público, por
União, dispor sobre serviços funerários e administração dos ser a alienação mero ato de gestão.
cemitérios.
(B) Compete privativamente ao Distrito Federal conservar o pa- 7. Na data da promulgação da atual Lei Orgânica do Distrito Fe-
trimônio público. deral, uma pessoa era ocupante de imóvel rural público localizado
(C) Compete ao Distrito Federal, concorrentemente com a no Distrito Federal, em uma área de vinte hectares, onde efetiva-
União, exercer o poder de polícia administrativa. mente morava e produzia havia cinco anos.
(D) Compete privativamente ao Distrito Federal legislar sobre Nessa situação hipotética, para obter título de concessão de
proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, paisagís- uso do imóvel ocupado, essa pessoa
tico e turístico. (A) deverá ter tido como única atividade produtiva no imóvel a
(E) Compete ao Distrito Federal, concorrentemente com a agropecuária.
União, legislar sobre custas de serviços forenses. (B) poderá ser concessionária de outro imóvel rural.
(C) poderá ser proprietária de outro imóvel rural, desde que
3. De acordo com a Lei Orgânica do Distrito Federal, assinale a este também tenha uma área de até vinte hectares.
alternativa correta. (D) oderá ser arrendatária de outro imóvel rural, desde que
(A) Compete ao poder público a adoção de medidas que coí- este também tenha uma área de até vinte hectares.
bam a descentralização dos órgãos que tenham atribuições de (E).deverá comprovar que a soma do tempo descontínuo não
defesa do consumidor. tenha ultrapassado seis meses, se o período de permanência
(B) O poder público deve garantir às pessoas portadoras de de- tiver sido alternado.
ficiência e aos idosos o acesso adequado a logradouros e edifí-
cios de uso público e privado. 8. De acordo com a Lei Orgânica do Distrito Federal, os Secre-
(C) Os recursos hídricos do Distrito Federal não constituem pa- tários de Estado
trimônio público. (A) serão escolhidos, obrigatoriamente, dentre brasileiros na-
(D) É dever da família, da sociedade e do poder público garantir tos, maiores de 18 anos, no exercício dos direitos políticos.
o amparo a pessoas idosas e sua participação na comunidade. (B) têm competência para expedição de instruções para a exe-
(E) A exigência de documento médico para controle de gravidez cução das leis, decretos e regulamentos.
ou fertilidade em empresas e órgãos públicos é lícita e não se (C) têm competência para delegar a seus subordinados, por ato
configura como ato de discriminação à mulher. expresso ou tácito, atribuições previstas na legislação.

126
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
(D) poderão comparecer à Câmara Legislativa do Distrito Fede- 12. A respeito das emendas à Lei Orgânica do Distrito Federal,
ral apenas por convocação expressa, para expor assunto rele- considere as seguintes afirmações:
vante de sua secretaria. I. A proposta de emenda será discutida e votada em dois turnos
(E) estão proibidos de exercer a coordenação, em qualquer e considerada aprovada se obtiver, em ambos, o voto favorável de
área, dos órgãos da Administração do Distrito Federal, embora dois terços dos membros da Câmara Legislativa.
possam orientá-los, no âmbito da sua competência. II. A emenda à Lei Orgânica será promulgada pelo Governador
do Distrito Federal, com o respectivo número de ordem.
9. Cristóvão é Governador do Distrito Federal, sendo Nara a III. A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência de
Vice-Governadora. Os dois pretendem, embora em épocas diferen- intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e estado de
tes, ausentar-se do Distrito Federal por 20 dias consecutivos. Nesse calamidade pública.
caso hipotético, de acordo com a Lei Orgânica do Distrito Federal, IV. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
(A) competirá, privativamente, ao Senado Federal autorizar a havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
ausência tanto de Cristóvão quanto de Nara. mesma sessão legislativa.
(B) não haverá necessidade de qualquer autorização para que
Cristóvão e Nara se ausentem do Distrito Federal por esse pe- Está correto o que se afirma APENAS em
ríodo. (A) I, II e III.
(C) competirá à Câmara Legislativa do Distrito Federal autorizar (B) II e III.
a ausência tanto de Cristóvão quanto de Nara, sendo necessá- (C) II e IV.
ria a sanção do Governador no caso da ausência de Nara. (D) I e IV.
(D) competirá, privativamente, à Câmara Legislativa do Distri- (E) I, III e IV.
to Federal autorizar a ausência de Nara, não sendo necessária
qualquer autorização para a ausência de Cristóvão. 13. Suponha que o Tribunal de Contas do Distrito Federal apre-
(E) competirá, privativamente, à Câmara Legislativa do Distrito sente à Câmara Legislativa projeto de lei dispondo sobre aspectos
Federal autorizar a ausência tanto de Cristóvão quanto de Nara. relacionados à organização e ao funcionamento do próprio Tribunal
de Contas. Aprovado por maioria de votos, presente à sessão de-
10. Com base na Lei Orgânica do Distrito Federal, no tocante às liberativa a maioria absoluta dos Deputados Distritais, o projeto é
garantias previstas aos idosos, assinale a alternativa correta. encaminhado para sanção do Governador do Distrito Federal que,
(A) Garantir o amparo a pessoas idosas e a respectiva participa- no entanto, o veta integralmente, por contrariedade à Lei Orgânica.
ção na comunidade é dever único e exclusivo do poder público. Nessa hipótese, à luz das regras de processo legislativo estabe-
(B) Essa lei define idoso como a pessoa com idade igual ou su- lecidas na Lei Orgânica do Distrito Federal, o veto do Governador é
perior a 55 anos. (A) cabível, uma vez que se trata de matéria de iniciativa ex-
(C) O poder público deve assegurar a gratuidade do transporte clusiva do Governador do Distrito Federal, ainda que possa ser
coletivo urbano para os maiores de 58 anos. veiculada por lei ordinária.
(D) O poder público assegurará a integração do idoso na co- (B) cabível, uma vez que não foi atingido o quórum necessário
munidade com a criação de centros destinados ao trabalho e à para aprovação de lei ordinária, exigida para veicular a matéria,
experimentação laboral e programas de educação continuada, ainda que a iniciativa para sua propositura seja efetivamente
reciclagem e enriquecimento cultural. do Tribunal de Contas do Distrito Federal.
(E) As entidades com fins lucrativos terão incentivo e auxílio (C) cabível, uma vez que se trata de matéria reservada à lei
financeiro do governo para atuarem na política de amparo e complementar, a ser aprovada pelo voto da maioria absoluta
bem-estar do idoso. dos Deputados Distritais, ainda que a iniciativa para sua pro-
positura seja efetivamente do Tribunal de Contas do Distrito
11. Quanto à responsabilidade do governador, prevista na Lei Federal.
Orgânica do Distrito Federal, assinale a alternativa correta. (D) cabível, uma vez que se trata de matéria inserida na com-
(A) O ato do governador do Distrito Federal que atente contra o petência do Governador para dispor, mediante decreto, sobre
exercício dos direitos políticos, individuais e sociais é crime de a organização e o funcionamento da administração do Distrito
responsabilidade. Federal.
(B) Nos crimes de responsabilidade, o governador será subme- (E) incabível, uma vez que foram observadas as regras referen-
tido a julgamento perante o Tribunal de Justiça do Distrito Fe- tes à iniciativa, à espécie legislativa e ao quórum de aprovação
deral e Territórios. respectivo, previstas na Lei Orgânica do Distrito Federal.
(C) Apenas os partidos políticos poderão denunciar à Câmara
Legislativa o governador por crime de responsabilidade. 14. Segundo o artigo 15 da Lei Orgânica do Distrito Federal
(D) Em nenhuma hipótese o governador ficará suspenso das (LODF), compete privativamente ao Distrito Federal:
próprias funções durante o julgamento de crimes de respon- (A) Responsabilizar-se por danos ao meio ambiente, ao consu-
sabilidade. midor e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
(E) Para ser admitida a acusação contra o governador por crime espeleológico, turístico e paisagístico.
de responsabilidade, é necessário o quórum de maioria sim- (B) Proteger documentos e outros bens de valor histórico e
ples da Câmara Legislativa. cultural, monumentos, paisagens naturais notáveis e sítios ar-
queológicos, bem como impedir sua evasão, destruição e des-
caracterização.
(C) Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
quer de suas formas.

127
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
(D) Promover programas de construção de moradias e a melho- (D) submissão das pessoas jurídicas integrantes da Administra-
ria das condições habitacionais e de saneamento básico. ção indireta à responsabilidade objetiva por ato ou omissão de
(E) Licenciar estabelecimento industrial, comercial, prestador seus agentes.
de serviços e similar ou cassar o alvará de licença dos que se (E) necessidade de edição de lei autorizativa para extinção de
tornarem danosos ao meio ambiente, à saúde, ao bem-estar da empresas públicas, dispensada no caso de sociedade de eco-
população ou que infringirem dispositivos legais. nomia mista, em razão do regime de exploração econômica a
que se submetem.
15. Nos termos da Lei Orgânica do Distrito Federal:
(A) O órgão ambiental do Distrito Federal deverá divulgar, anu- 18. A respeito da Administração Pública do Distrito Federal, a
almente, relatório de qualidade da água distribuída à popula- Lei Orgânica do Distrito Federal dispõe que
ção. (A) as pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de ser-
(B) Os proprietários ou concessionários rurais ficam obrigados, viços públicos, respondem pelos danos que seus agentes cau-
na forma da lei, a conservar o ambiente de suas propriedades sarem a terceiros, desde que haja a comprovação de dolo ou
ou lotes rurais, ou a recuperá-los exclusivamente com as espé- culpa.
cies nativas devastadas. (B) fica impedido de se inscrever em concurso público do Dis-
(C) Os projetos com significativo potencial poluidor, após a rea- trito Federal aquele que estiver litigando judicialmente contra
lização do estudo de impacto ambiental e da audiência pública, esta entidade da Federação, enquanto durar o processo.
estão dispensados de submissão da apreciação pelo Conselho (C) não é admitida a designação para função de confiança de
de Meio Ambiente do Distrito Federal, quando o órgão com- pessoa que tenha praticado ato tipificado como causa de inele-
petente pelo licenciamento ou a autoridade responsável pela gibilidade prevista na legislação eleitoral.
realização da audiência pública assim o dispensarem. (D) a investidura em cargo público depende de aprovação pré-
(D) As terras públicas, consideradas de interesse para a prote- via em concurso público de provas, de títulos ou de provas e
ção ambiental, não poderão ser transferidas a particulares, a títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
qualquer título. ou emprego.
(E) O Poder Público estimulará a eficiência energética e a con- (E) os cargos, os empregos e as funções públicas são acessíveis
servação de energia, sendo vedada a utilização de fontes alter- unicamente aos brasileiros, natos ou naturalizados, que preen-
nativas de energia, mesmo que não poluidoras. cham os requisitos estabelecidos em lei.

16. De acordo com o disposto na Lei Orgânica do Distrito Fede- 19. Considerando-se a Lei Orgânica do Distrito Federal (DF), no
ral, os servidores públicos que concerne à administração pública, assinale a alternativa cor-
(A) adquirem estabilidade após três anos de efetivo exercício reta.
e só perdem o cargo mediante decisão judicial transitada em (A) Não é permitido à administração pública contratação de
julgado. pessoal por tempo determinado para atender a necessidade
(B) estáveis podem perder o cargo por meio de processo admi- temporária de excepcional interesse público.
nistrativo em que seja garantido contraditório e ampla defesa, (B) Em nenhuma hipótese, é possível a acumulação remunera-
bem como por sentença judicial, após trânsito em julgado. da de cargos públicos.
(C) cuja decisão administrativa de perda do cargo tenha sido (C) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo poderão
anulada serão reintegrados aos cargos que ocupavam, desde ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
que existentes e vagos, posto que a extinção dos mesmos acar- (D) O servidor público do DF, em regra, pode substituir traba-
retará a aposentadoria dos servidores. lhadores de empresas privadas em greve.
(D) ocupantes de cargo efetivo, ou seja, que tenham cumprido (E) A administração pública indireta deve obedecer aos prin-
estágio probatório de dois anos, têm assegurado o regime pró- cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
prio de previdência social. razoabilidade, motivação, participação popular, transparência,
(E) ocupantes de cargo ou emprego público podem perder sua eficiência e interesse público.
estabilidade se contratados mediante concurso público e sub-
metidos a outra relação empregatícia com a Administração pú- 20. Com base na Lei Orgânica do Distrito Federal e acerca dos
blica sem formalização. servidores públicos, assinale a alternativa correta.
(A) A servidora gestante ou lactante tem proteção especial, in-
17. A organização da Administração pública disciplinada pela clusive mediante a adequação ou mudança temporária das res-
Lei Orgânica do Distrito Federal estabelece, no que concerne aos pectivas funções, quando for recomendável à respectiva saúde
entes que integram a Administração indireta, a ou à do nascituro.
(A) necessidade de autorização legislativa com quórum de dois (B) Os servidores públicos têm direito à duração do trabalho
terços de aprovação para privatização de empresas estatais. normal não superior a sete horas diárias.
(B) obrigatoriedade de criação de autarquias e empresas públi- (C) A associação sindical é defesa ao servidor público.
cas por meio de lei, exigência não aplicável para fundações e (D) O servidor em substituição não tem direito à gratificação
sociedades de economia mista. do titular.
(C) submissão das pessoas jurídicas de direito público à respon- (E) As entidades representativas dos servidores públicos do Dis-
sabilidade objetiva por ato de seus agentes, disposição que não trito Federal podem realizar a defesa dos direitos da categoria
se estende a pessoas jurídicas de direito privado. em questões administrativas; o mesmo não vale para as ques-
tões judiciais.

128
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
21. Com base na Lei Complementar n.º 840/2011 (Regime jurí- tais faltas ocorrerem por mais de trinta dias consecutivos ou
dico dos servidores públicos civis do Distrito Federal, das autarquias inassiduidade habitual se ocorrerem por mais de sessenta dias,
e das fundações públicas distritais), assinale a alternativa correta interpoladamente, no período de doze meses.
quanto ao regime e à jornada de trabalho do servidor público. (D) reintegração de Alberto no cargo anteriormente ocupado,
(A) Em regra, o servidor efetivo sujeita-se ao regime de traba- ou no cargo resultante de sua transformação, devendo retor-
lho de trinta e seis horas semanais. nar ao exercício do cargo em quinze dias úteis contados da data
(B) Em situações excepcionais e temporárias do serviço, a jor- em que tomou ciência do ato de reintegração, considerando-se
nada de trabalho pode ser ampliada, como serviço extraordiná- faltas injustificadas o seu não retorno ao serviço, configurando
rio, em até duas horas. abandono do cargo se tais faltas ocorrerem por mais de ses-
(C) É permitido aplicar ao regime de trabalho interpretação por senta dias consecutivos ou inassiduidade habitual se ocorre-
analogia, extensão ou semelhança de atribuições. rem por mais de trinta dias, interpoladamente, no período de
(D) O servidor matriculado em curso da educação superior, se doze meses.
comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da (E) recondução de Alberto no cargo anteriormente ocupado,
sua unidade administrativa, terá direito a horário especial, não ou no cargo resultante de sua transformação, devendo retor-
lhe sendo exigida compensação de horário para cumprimento nar ao exercício do cargo em até cinco dias contados da ciência
integral do regime semanal de trabalho. do ato de recondução, considerando-se faltas injustificadas o
(E) O servidor que faltar ao serviço por mais de quinze dias con- seu não retorno ao serviço, configurando abandono do cargo
secutivos incorrerá em abandono de cargo. se tais faltas ocorrerem por mais de sessenta dias consecutivos
ou inassiduidade habitual se ocorrerem por mais de trinta dias,
22. No que tange ao disposto na Lei Complementar no interpoladamente, no período de doze meses.
840/2011 acerca do regime disciplinar e de processos de apuração
de infração disciplinar, assinale a alternativa correta. 24. Conforme o disposto na Lei Complementar n° 840/2011,
(A) A cassação de aposentadoria determinada em decisão judi- acerca do regime disciplinar, é correto afirmar que se considera
cial pressupõe a instauração de processo disciplinar e deve ser uma infração de natureza leve o ato de
declarada pela autoridade competente para fazer a nomeação. (A) exercer o comércio, inclusive na qualidade de acionista, co-
(B) A instauração de processo disciplinar interrompe a prescri- tista ou comanditário.
ção uma única vez. (B) incorrer na hipótese de inassiduidade habitual.
(C) Nas hipóteses de cometimento de infração disciplinar, o fato (C) promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
de o servidor ter reparado o dano causado, por sua espontânea da repartição.
vontade e antes do julgamento, não pode ser considerada uma (D) aceitar pensão de estado estrangeiro.
circunstância atenuante. (E) ter conduta escandalosa na repartição, que perturbe a or-
(D) A prática de ato de assédio sexual ou moral, assim como o dem.
ato de exercer atividade privada incompatível com o exercício
do cargo público, são classificados como infrações graves. 25. Segundo a conceituação prevista na Lei Complementar no
(E) Em regra, os atos do processo disciplinar dependem de for- 840/2011, o retorno à atividade de servidor aposentado é a forma
ma determinada, reputando-se inválidos os realizados de outro de provimento de cargo público denominada
modo. (A) nomeação.
(B) recondução.
23. Alberto exercia cargo público no Distrito Federal quando foi (C) aproveitamento.
demitido, porém, a sua demissão foi invalidada por decisão judicial. (D) reversão.
Nesse caso, em conformidade com a Lei Complementar Distrital n° (E) reintegração.
840/2011, haverá a
(A) reintegração de Alberto no cargo anteriormente ocupado, 26. De acordo com o previsto na Lei Complementar n°
ou no cargo resultante de sua transformação, devendo retor- 840/2011, a qual dispõe acerca do regime jurídico dos servidores
nar ao exercício do cargo em cinco dias úteis contados da data públicos civis do Distrito Federal (DF), quanto ao auxílio-funeral, as-
em que tomou ciência do ato de reintegração, considerando-se sinale a alternativa correta.
faltas injustificadas o seu não retorno ao serviço, configurando (A) Não é cabível indenização ao terceiro que custear o funeral
abandono do cargo se tais faltas ocorrerem por mais de trinta de servidor efetivo falecido.
dias consecutivos ou inassiduidade habitual se ocorrerem por (B) As despesas de transporte do corpo correm à conta de re-
mais de sessenta dias, interpoladamente, no período de doze cursos do DF nos casos de falecimento de servidor em serviço
meses. fora do local de trabalho.
(B) reversão de Alberto no cargo anteriormente ocupado, ou (C) O auxílio-funeral não é devido no caso de falecimento de
no cargo resultante de sua transformação, devendo retornar servidor aposentado.
ao exercício do cargo em 15 dias úteis, contados da data em (D) Na hipótese de acumulação de cargos pelo servidor efetivo
que tomou ciência da reversão, considerando-se faltas injusti- falecido, o auxílio-funeral deve ser pago em duplicidade.
ficadas o seu não retorno ao serviço, configurando abandono (E) O auxílio-funeral é um valor equivalente a um terço da re-
do cargo se tais faltas ocorrerem por mais de trinta dias con- muneração, do subsídio ou do provento mensal do servidor
secutivos ou inassiduidade habitual se ocorrerem por mais de efetivo falecido.
sessenta dias, interpoladamente, no período de doze meses.
(C) recondução de Alberto no cargo anteriormente ocupado, 27. No que se refere ao tema cargos públicos e funções de
ou no cargo resultante de sua transformação, devendo retor- confiança, disposto na Lei Complementar nº 840/2011, assinale a
nar ao exercício do cargo até o dia seguinte ao da ciência do alternativa correta.
ato de recondução, considerando-se faltas injustificadas o seu (A) As funções de confiança, privativas de servidor efetivo, des-
não retorno ao serviço, configurando abandono do cargo se tinam-se somente às atribuições de direção.

129
CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
(B) Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração (C) Aquele que praticar ato tipificado como causa de inelegibi-
pela autoridade competente. lidade prevista na legislação eleitoral não está impedido de ser
(C) O cargo em comissão de chefia é aquele cujo desempenho nomeado para ocupar cargo em comissão.
envolva atribuições da administração superior. (D) A edição de ato de nomeação com efeito retroativo será
(D) Atos de nomeação podem ser editados com efeito retroa- legítima, desde que constatado erro da administração pública.
tivo. (E) O cargo em comissão de chefia é aquele cujo desempenho
(E) No ato de inscrição do concurso público, devem ser compro- envolva atribuições da administração superior.
vados os requisitos para investidura em cargo público.
GABARITO
28. Assinale a alternativa correta de acordo com o que estabe-
lece a Lei Complementar 840/2011 acerca das vantagens que po-
dem ser concedidas aos servidores relativas às peculiaridades de 1 B
trabalho.
(A) O adicional por serviço extraordinário consiste na remu- 2 E
neração do serviço extraordinário prestado com acréscimo de 3 D
setenta por cento em relação ao valor da remuneração ou sub-
sídio da hora normal de trabalho. 4 C
(B) O Serviço Noturno é remunerado com acréscimo de, no 5 C
mínimo, cinquenta por cento. É considerado como noturno o
6 D
serviço prestado entre as vinte e duas horas de um dia até às
cinco horas do dia seguinte, sendo sua hora considerada como 7 A
tendo cinquenta e cinco minutos e trinta segundos. 8 B
(C) O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de
periculosidade tem o direito de recebê-los concomitantemen- 9 E
te, desde que a soma dos referidos adicionais não ultrapasse o 10 D
limite de trinta por cento do vencimento básico recebido pelo
servidor. 11 A
(D) O adicional de insalubridade ou de periculosidade é devi- 12 D
do nos termos das normas legais e regulamentares pertinentes
13 C
aos trabalhadores em geral, sendo que a gratificação por tra-
balhos com raios X ou substâncias radioativas é concedida no 14 E
percentual de dez por cento. 15 D
(E) A servidora gestante ou lactante, enquanto durar a gestação
e a lactação, pode exercer suas atividades em local insalubre e 16 B
em serviço perigoso, desde que expressamente autorizada por 17 A
seu obstetra e por médico do trabalho.
18 C
29. De acordo com o que estabelece a Lei Complementar 19 E
840/2011 do Distrito Federal, sem prejuízo da remuneração ou sub- 20 A
sídio, o servidor pode ausentar-se do serviço, mediante comunica-
ção prévia à chefia imediata, entre outras hipóteses, 21 B
(A) por oito dias consecutivos, incluído o dia da ocorrência, em 22 B
razão de falecimento do padrasto ou madrasta.
(B) por dois dias consecutivos para doar sangue. 23 A
(C) por um dia, para realizar, até três vezes por ano, exames mé- 24 C
dicos preventivos ou periódicos voltados ao controle de câncer
25 D
de próstata, de mama ou do colo de útero.
(D) por até três dias, para se alistar como eleitor ou requerer 26 B
transferência do domicílio eleitoral. 27 B
(E) por dez dias consecutivos, incluído o dia da ocorrência, em
razão de casamento. 28 D
29 A
30. De acordo com a Lei Complementar n° 840/2011, acerca
dos cargos públicos e das funções de confiança, assinale a alterna- 30 A
tiva correta.
(A) O ato de provimento de cargo público compete ao governa-
dor, no Poder Executivo, ao presidente da Câmara Legislativa e ANOTAÇÕES
ao presidente do Tribunal de Contas.
(B) A lei que estabelece requisitos específicos para investidura
______________________________________________________
em cargos públicos viola o princípio da isonomia e o disposto
no Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Distrito Fe- ______________________________________________________
deral.
______________________________________________________

130
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)

Conselhos de Saúde
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZAÇÃO DO O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) – PRINCÍPIOS, colegiado composto por representantes do governo, prestadores
DIRETRIZES E ARCABOUÇO LEGAL de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o legalmente constituído em cada esfera do governo.
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema pú- tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
blico de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e não de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos fins lucrativos.
os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde
com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção da saúde. Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu-
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi- nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede-
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- nasems)
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas. Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar
de matérias referentes à saúde
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição São reconhecidos como entidades que representam os entes
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Ministério da Saúde forma que dispuserem seus estatutos.
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional de Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para
pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: Fiocruz, União
Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais. A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da
Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública
Secretaria Estadual de Saúde (SES) de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres- todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil,
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta-
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais
implementar o plano estadual de saúde. de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos,
depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações,
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor-
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.
de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.

131
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
Estados e Distrito Federal a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos uma política de recursos humanos.
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
à saúde em seu território. todos e dever do Estado” (art. 196).
Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
Municípios litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde quização, descentralização com direção única em cada esfera de
no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recur- governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- assistenciais.
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú- A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que
pode oferecer. Princípios do SUS
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
História do sistema único de saúde (SUS) Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- 8.080/1990. Os principais são:
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80, sem qualquer custo;
o país passou por grave crise na área econômico-financeira. Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú-
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra-
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS complexidade;
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
à Saúde. maior atenção aos que mais necessitam;
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de Descentralização: é o processo de transferência de responsabi-
saúde e alguns parlamentares. lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui-
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática, Distrito Federal e aos municípios.
considerando a descentralização, universalização e unificação como
elementos essenciais para a reforma do setor. Principais leis
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização, to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro- e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
em 1976. para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar-
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes,
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a
mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983. participação da iniciativa privada.
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
processo de descentralização da saúde. Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen-
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as
1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre- diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária. competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra-
Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali- lização político-administrativa, por meio da municipalização dos
zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra- serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com-
das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como
a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade

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dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na existentes no País.
área da saúde e dá outras providências.
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
ção social em cada esfera de governo. ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
Responsabilização Sanitária de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do nesse espaço.
processo de pactuação, no âmbito regional.
Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
Responsabilização Macrossanitária pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus- devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe-
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a cíficas em saúde existentes nas regiões.
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu-
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações Descentralização
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe-
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa-
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror-
buições de gestão, incluindo: regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra-
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
pal; para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização financeira para o processo de municipalização.
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini-
das no Plano Municipal de Saúde; Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito des que não possuem em seus territórios condições de oferecer
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi- serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem
ços de maior complexidade, não disponíveis no município. municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e
Responsabilização Microssanitária de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre-
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas
sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de- de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá
ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te- ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes atendimento e o processo de descentralização.
abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi-
da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis-
outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe- posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de
rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple-
equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico, xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or-
interferindo, inclusive, nos critérios de acesso. ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo:
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu-
Instâncias de Pactuação nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi-
São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado,
ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po- isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS
líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.

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mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um porque possibilita melhor organização e funcionamento também
atendimento em um nível mais primário. dos serviços de média e alta complexidade.

Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
a atender as necessidades da população de seu município com efici- os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien- Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução. dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta
Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re-
o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde cursos existentes.
estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da
análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos os princi- da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
pais problemas da saúde pública local, suas causas, consequências reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os objetivos e específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con-
metas a serem atingidos, as atividades a serem executadas, os cro- junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma-
nogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de avaliação dos gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
resultados. profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de
saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas-
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de também das condições sociais, ambientais e econômicas em que
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti-
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe-
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza-
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel os resultados obtidos.
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten-
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú- ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple-
de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi- xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é
dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento verdade.
das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os
desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa-
saúde deve ser integral. dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten- com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos-
ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De- envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo-
senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá- ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais,
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res- histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio-
ponsabilidade. nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto-
objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela
e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí-
com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu- tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o
laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores
buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do- sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá-
enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro- rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a
meter suas possibilidades de viver de modo saudável. realização de ações conjuntas.
As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com
consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver-
saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos
se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989,
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con-

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vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose inventivas e capacidade de governo.
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação
suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni-
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de versal e igualitário às ações e serviços de saúde.
integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú- que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri-
de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe-
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os
não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
em saúde e a análise de situação de saúde. Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela
Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei
Competências municipais na vigilância em saúde nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em políticas e ações em cada Subsistema.
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de tes na União, nos Estados e Municípios.
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo-
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade Níveis de Gestão do SUS
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá- Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação de
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló- políticas nacionais de saúde, planejamento, normalização, avalia-
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das ção e controle do SUS em nível nacional. Financiamento das ações
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância públicos arrecadados.
em saúde e capacitação de recursos. Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formu-
lação da política estadual de saúde, coordenação e planejamento
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis- do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de
lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos ar-
sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe- recadados.
lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For-
Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es- mulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e
fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans- serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferi-
ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros. dos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS.
Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res- Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que
ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de
deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen- Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como
tais, resguardando suas características, atribuições e competências. setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a
O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso
que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi- seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério
to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e
cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar econômica protetivas da saúde.
e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso
problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a
gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo- área de atuação do Sistema Único de Saúde.
crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri-
mais, um projeto que defenda e promova a vida. dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi- serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi-
pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público
volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so- e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos
cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua
em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa- promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema
tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva-
estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora
do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos
e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti-

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SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen- causas.
te nos arts. 198 e 200. Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas
a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela,
todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF
sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga- e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
200 e leis específicas. porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode- limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem, devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
também, de lei para a sua exequibilidade. qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
tido os incisos daquele artigo, tão somente). O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
São objetivos do SUS: em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
terminantes da saúde; vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover, venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
outros agravos; e DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.
c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar
da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087-
modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde. 6/600-RJ, aqui mencionado.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03,
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA,
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos. determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do do Fundo Estadual da Saúde, vinculado à Secretaria de Estado da
disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar
que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade
de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam- da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com
pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis pedido de cautelar.
e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou
sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta-
a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen-
ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico. tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob- necessidade básica de alimentar-se.
vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú- Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis-
de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
humana. A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu- e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n.
União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais 8.080/90.
clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS
o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun- incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades
dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre- complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples,
ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma
do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini- de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis-
do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas
e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse- para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve
lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina- ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores
ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias). governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi-
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor,
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE? não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan- previstas na Lei n. 8.080/90.
ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.

136
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da Re- Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
pública, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério da completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
Saúde: necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
a) política nacional de saúde; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recupe- a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
ração da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
e dos índios; patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
d) informações em saúde; los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
e) insumos críticos para a saúde; A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi- traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
camentos e alimentos; da assistência
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde. E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
(registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda. Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá- saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual
rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas na
Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. 7º VII e
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demarcação de res-
da assistência social ou de outro setor da Administração Pública e ponsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos entes políticos.
com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri-
confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo-
saúde, mas não está em seu âmbito de atuação. vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe- de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e
leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da
da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes
intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art.
de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com- 7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13, Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação
destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto
“alimentação e nutrição”. à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri- maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal-
buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe- te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses
cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes
que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre-
nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar
considerados como competência dos órgãos e entidades que com- e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos.
põe o Sistema Único de Saúde. Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente,
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O namentais.
art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II,
organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen- da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra-
to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira
devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
não podem ser prejudicadas. com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja-
e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos de recursos , além da necessária observação do que ficou decidido
os níveis de complexidade do sistema”. nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde não contrariem a lei.
sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon-
a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus
as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente
do sistema. apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob

137
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar de n° 8.142/90, os conselhos e as conferências de saúde. Destaca,
consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados ainda, as audiências públicas e outros mecanismos de audiência da
em instrumentos jurídicos competentes . sociedade, de usuários e de trabalhadores sociais (CONASS, 2003;
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui- BARBOSA, 2009; COSSETIN, 2010).
ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e Ademais, a Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/1990 estabelece
ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi- em seu art. 12 a criação de comissões intersetoriais subordinadas
dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer- ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as
gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais políticas públicas relevantes para a saúde. Entretanto, é a Lei n.°
atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale- 8.142/1990 que dispõe sobre a participação social no SUS, definin-
mos dela no tópico seguinte. do que a participação popular estará incluída em todas as esferas
de gestão do SUS. Legitimando assim os interesses da população no
exercício do controle social (BRASIL, 2009).
CONTROLE SOCIAL NO SUS Essa perspectiva é considerada uma das formas mais avança-
das de democracia, pois determina uma nova relação entre o Es-
Participação e Controle Social no SUS tado e a sociedade, de maneira que as decisões sobre as ações na
Os movimentos sociais ocorridos durante a década de 80 na saúde deverão ser negociadas com os representantes da sociedade,
busca por um Estado democrático aos serviços de saúde impulsio- uma vez que eles conhecem a realidade da saúde das comunidades.
naram a modificação do modelo vigente de controle social da época Amiúde, as condições necessárias para que se promova a de-
que culminou com a criação do SUS a partir da Constituição Fede- mocratização da gestão pública em saúde se debruça com a discus-
rativa de 1988. são em torno do controle social em saúde.
O objetivo deste texto é realizar uma análise deste modelo de O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do
participação popular e controle social no SUS, bem como favorecer modelo vigente de participação popular e controle social no SUS e
reflexões aos atores envolvidos neste cenário, através de uma pes- ainda elucidar questões que permitirão entender melhor a partici-
quisa narrativa baseada em publicações relevantes produzidas no pação e o controle social, bem como favorecer algumas reflexões a
Brasil nos últimos 11 anos. todos os atores envolvidos no cenário do SUS.

É insuficiente o controle social estar apenas na lei, é preciso Participação e Controle Social
que este aconteça na prática. Entretanto, a sociedade civil, ainda Após um longo período no qual a população viveu sob um es-
não ocupa de forma efetiva esses espaços de participação. tado ditatorial, com a centralização das decisões, o tecnicismo e
O processo de criação do SUS teve início a partir das defini- o autoritarismo, durante a década de 1980 ocorreu uma abertura
ções legais estabelecidas pela nova Constituição Federal do Brasil democrática que reconhece a necessidade de revisão do modelo
de 1988, sendo consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas de saúde vigente na época, com propostas discutidas em ampliar a
da Saúde (LOA), n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nes- participação popular nas decisões e descentralizar a gestão pública
tas as diretrizes e normas que direcionam o novo sistema de saúde, em saúde, com vistas a aproximar as decisões do Estado ao cotidia-
bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamen- no dos cidadãos brasileiros (DALLARI, 2000; SCHNEIDER et al., 2009;
to, critérios de repasses para os estados e municípios além de disci- VANDERLEI; ALMEIDA, 2007).
plinar o controle social no SUS em conformidade com as represen- Nessa perspectiva, a dimensão histórica adquire relevância es-
tações dos critérios estaduais e municipais de saúde (FINKELMAN, sencial para a compreensão do controle social, o que pode provocar
2002; FARIA, 2003; SOUZA, 2003). reações contraditórias. De fato, o controle social foi historicamente
O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a exercido pelo Estado sobre a sociedade durante muitos anos, na
coletividade, possibilitando, com isso, um novo olhar às ações, ser- época da ditadura militar.
viços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princí- É oportuno destacar que a ênfase ao controle social que aqui
pios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde; será dada refere-se às ações que os cidadãos exercem para moni-
Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político- torar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso.
-administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hie- Pois, como vimos, também denominam-se controle social as ações
rarquização (REIS, 2003). A participação popular e o controle social do Estado para controlar a sociedade, que se dá por meio da legisla-
em saúde, dentre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), ção, do aparato institucional ou mesmo por meio da força.
destacam-se como de grande relevância social e política, pois se A organização e mobilização popular realizada na década de 80,
constituem na garantia de que a população participará do processo do século XX, em prol de um Estado democrático e garantidor do
de formulação e controle das políticas públicas de saúde. acesso universal aos direitos a saúde, coloca em evidência a possibi-
No Brasil, o controle social se refere à participação da comu- lidade de inversão do controle social. Surge, então, a perspectiva de
nidade no processo decisório sobre políticas públicas e ao contro- um controle da sociedade civil sobre o Estado, sendo incorporada
le sobre a ação do Estado (ARANTES et al., 2007). Nesse contex- pela nova Constituição Federal de 1988 juntamente com a criação
to, enfatiza-se a institucionalização de espaços de participação da do SUS (CONASS, 2003).
comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia A participação popular na gestão da saúde é prevista pela Cons-
da participação no planejamento do enfrentamento dos problemas tituição Federal de 1998, em seu artigo 198, que trata das diretrizes
priorizados, execução e avaliação das ações, processo no qual a par- do SUS: descentralização, integralidade e a participação da comuni-
ticipação popular deve ser garantida e incentivada (BRASIL, 2006). dade. Essas diretrizes orientam a organização e o funcionamento do
Sendo o SUS a primeira política pública no Brasil a adotar cons- sistema, com o intuito de torná-lo mais adequado a atender às ne-
titucionalmente a participação popular como um de seus princí- cessidades da população brasileira (BRASIL, 2006; WENDHAUSEN;
pios, esta não somente reitera o exercício do controle social sob as BARBOSA; BORBA, 2006; OLIVEIRA, 2003).
práticas de saúde, mas também evidencia a possibilidade de seu A discussão com ênfase dada ao controle social na nova Cons-
exercício através de outros espaços institucionalizados em seu arca- tituição se expressa em novas diretrizes para a efetivação deste por
bouço jurídico, além dos reconhecidos pela Lei Orgânica de saúde meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços ins-

138
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
titucionais que garantem a participação da sociedade civil organiza- co, que poderá ser estruturado e oferecido de acordo com o inte-
da na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo. resse ou a necessidade dos segmentos que compõem os Conselhos
Na atualidade, muitas expressões são utilizadas corriqueiramente de Saúde e os demais órgãos da sociedade.
para caracterizar a participação popular na gestão pública de saú-
de, a que consta em nossa Carta Magna e o termo ‘participação da Para promover o alcance dos objetivos do processo de educação
comunidade na saúde’. Porém, iremos utilizar aqui o termo mais permanente para o controle social no SUS, recomenda-se a utilização
comum em nosso meio: ‘controle social’. Sendo o controle social de metodologias que busquem a construção coletiva de conhecimen-
uma importante ferramenta de democratização das organizações, tos, baseada na experiência do grupo, levando-se em consideração o
busca-se adotar uma série de práticas que efetivem a participação conhecimento como prática concreta e real dos sujeitos a partir de
da sociedade na gestão (GUIZARDI et al ., 2004). suas vivências e histórias. Metodologias essas que ultrapassem as ve-
Embora o termo controle social seja o mais utilizado, consi- lhas formas autoritárias de lidar com a aprendizagem e muitas vezes
deramos que se trata de um reducionismo, uma vez que este não utilizadas como, por exemplo, a da comunicação unilateral, que trans-
traduz a amplitude do direito assegurado pela nova Constituição forma o indivíduo num mero receptor de teorias e conteúdos.
Federal de 1988, que permite não só o controle e a fiscalização Recomenda-se, também, a utilização de dinâmicas que propi-
permanente da aplicação de recursos públicos. Este também se ciem um ambiente de troca de experiências, de refl exões pertinen-
manifesta através da ação, onde cidadãos e políticos têm um papel tes à atuação dos Conselheiros de Saúde e dos sujeitos sociais e de
social a desempenhar através da execução de suas funções, ou ain- técnicas que favoreçam a sua participação e integração, como, por
da através da proposição, onde cidadãos participam da formulação exemplo, reuniões de grupo, plenárias, estudos dirigidos, seminá-
de políticas, intervindo em decisões e orientando a Administração rios, ofi cinas, todos envolvendo debates.
Pública quanto às melhores medidas a serem adotadas com objeti- A 12.ª Conferência Nacional de Saúde (CONFERÊNCIA..., 2005)
vo de atender aos legítimos interesses públicos (NOGUEIRA, 2004; recomendou a realização de ações para educação permanente e
BRASIL, 2011b; MENEZES, 2010). propôs que as atividades do Conselheiro de Saúde fossem consi-
deradas de relevância pública. Essa proposição foi contemplada na
Fonte: http://cebes.org.br/2013/05/participacao-popular-e-o-controle- Resolução n.º 333/2003 (BRASIL, 2003c), aprovada pelo Conselho
-social-como-diretriz-do-sus-uma-revisao-narrativa/ Nacional de Saúde, que garante ao Conselheiro de Saúde a dis-
pensa, sem prejuízo, do seu trabalho, para participar das reuniões,
Estratégias operacionais e metodológicas para o controle so- eventos, capacitações e ações específi cas do Conselho de Saúde.
cial Assim, o processo proposto, especialmente, no que diz respei-
Recomenda-se que o processo de educação permanente para to aos Conselhos de Saúde deve dar conta da intensa renovação de
o controle social no SUS ocorra de forma descentralizada, respei- Conselheiros de Saúde, que ocorre em razão do final dos manda-
tando as especifi cidades e condições locais a fim de que possa ter tos, ou por decisão da instituição ou entidade de substituir o seu
maior efetividade. representante. Isto requer, no mínimo, a oferta de material básico
Considerando que os membros do Conselho de Saúde reno- informativo, uma capacitação inicial promovida pelo Conselho de
vam-se periodicamente e outros sujeitos sociais alternam-se em Saúde e a garantia de mecanismos que disponibilizem informações
suas representações, e o fato de estarem sempre surgindo novas aos novos Conselheiros.
demandas oriundas das mudanças conjunturais, torna-se necessá-
rio que o processo de educação permanente para o controle social Sugestões de material de apoio:
esteja em constante construção e atualização. • Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU);
A operacionalização do processo de educação permanente • Declaração dos Direitos da Criança e Adolescente (Unicef);
para o controle social no SUS deve considerar a seleção, preparação • Declaração de Otawa, Declaração de Bogotá e outras;
do material e a identifi cação de sujeitos sociais que tenham condi- • Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2003) – Capítulo da
ções de transmitir informações e possam atuar como facilitadores Ordem Social;
e incentivadores das discussões sobre os temas a serem tratados. • Leis Federais: 8.080/90 (BRASIL, 1990a), 8.142/90 (BRASIL,
Para isso é importante: 1990b), 8.689/93 (BRASIL, 1993), 9.656/98 (BRASIL, 1998) e respec-
• identificar as parcerias a serem envolvidas, como: universida- tivas Medidas Provisórias;
des, núcleos de saúde, escolas de saúde pública, técnicos e especia- • Relatórios das Conferências Nacionais de Saúde;
listas autônomos ou ligados a instituições, entidades dos segmentos • Normas Operacionais do SUS;
sociais representados nos Conselhos, Organização Pan-Americana • Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho (NOB/ RH
da Saúde (Opas), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni- – SUS), 2005 (BRASIL, 2005), Diretrizes e Competências da Comis-
cef), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e são Intergestora Tripartite (CIT), Comissões Intergestoras Bipartites
a Cultura (Unesco), Instituto Brasileiro de Administração Municipal (CIBs) e das Condições de Gestão dos Estados e Municípios;
(Ibam), Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva • Constituição do Estado e Leis Orgânicas do Estado, do Distrito
(Abrasco) e outras organizações da sociedade que atuem na área Federal e Município;
de saúde. Na identifi cação e articulações das parcerias, deve fi car • Seleção de Deliberações do Conselho Estadual de Saúde
clara a atribuição dos conselhos, conselheiros e parceiros; (CES), Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pactuações das Comis-
• realizar as atividades de educação permanente para os con- sões Intergestoras Tripartite e Bipartite;
selheiros e os demais sujeitos sociais de acordo com a realidade • Resoluções e deliberações do Conselho de Saúde relaciona-
local, garantindo uma carga horária que possibilite a participação e das à Gestão em Saúde: Plano de Saúde, Financiamento, Normas,
a ampla discussão dos temas, democratização das informações e a Direção e Execução, Planejamento – que compreende programa-
utilização de técnicas pedagógicas para o controle social que facili- ção, orçamento, acompanhamento e avaliação;
tem a construção dos conteúdos teóricos e, também, a interação do • Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 333/2003
grupo. Sugere-se que as atividades de educação permanente para (BRASIL, 2003c), Resolução n.º 322/2003 (BRASIL, 2003b), Resolu-
o controle social no SUS sejam enfocadas em dois níveis: um geral, ção n.º 196/96 (BRASIL, 1996) e outras correspondentes com mes-
garantindo a representação de todos os segmentos, e outro específi

139
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
mo mérito, e deliberações no campo do controle social – formula- Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, ampliar
ção de estratégias e controle da execução pelos Conselhos de Saúde e acelerar o processo de Controle Social do SUS, por intermédio
e pela sociedade. dos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais, das Conferências de
Saúde e Plenárias de Conselhos de Saúde;
A definição dos conteúdos básicos de educação permanente Considerando que os Conselhos de Saúde, consagrados pela
para o controle social no SUS deve ser objeto de deliberação pelos efetiva participação da sociedade civil organizada, representam po-
plenários dos Conselhos de Saúde nas suas respectivas esferas go- los de qualificação de cidadãos para o Controle Social nas esferas
vernamentais. da ação do Estado; e
Recomenda-se que, para esse processo, seja prevista a criação Considerando o que disciplina a Lei Complementar no 141, de
de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos resultados 13 de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
das atividades 2011, que regulamentam a Lei Orgânica da Saúde.
Resolve:
Responsabilidades
Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, reformulação,
Esferas governamentais reestruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde:
Compete ao Estado, nas três esferas do governo:
a) Oferecer todas as condições necessárias para que o processo DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SAÚDE
de educação permanente para o controle social ocorra, garantindo Primeira Diretriz: o Conselho de Saúde é uma instância cole-
o pleno funcionamento dos Conselhos de Saúde e a realização das giada, deliberativa e permanente do Sistema Único de Saúde (SUS)
ações para a educação permanente e controle social dos demais em cada esfera de Governo, integrante da estrutura organizacional
sujeitos sociais. do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do
b) Promover o apoio à produção de materiais didáticos desti- Distrito Federal e dos Municípios, com composição, organização e
nados às atividades de educação permanente para o controle social competência fixadas na Lei no 8.142/90. O processo bem-sucedido
no SUS, ao desenvolvimento e utilização de métodos, técnicas e fo- de descentralização da saúde promoveu o surgimento de Conselhos
mento à pesquisa que contribuam para esse processo. Regionais, Conselhos Locais, Conselhos Distritais de Saúde, incluin-
do os Conselhos dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a
Ministério da Saúde coordenação dos Conselhos de Saúde da esfera correspondente.
a) Incentivar e apoiar, inclusive nos aspectos fi nanceiros e téc- Assim, os Conselhos de Saúde são espaços instituídos de partici-
nicos, as instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal para pação da comunidade nas políticas públicas e na administração da
o processo de elaboração e execução da política de educação per- saúde.
manente para o controle social no SUS; Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade Social, o Con-
b) Manter disponível e atualizado o acervo de referências sobre selho de Saúde atua na formulação e proposição de estratégias e
saúde e oferecer material informativo básico e audiovisual que pro- no controle da execução das Políticas de Saúde, inclusive nos seus
picie a veiculação de temas de interesse geral em saúde, tais como: aspectos econômicos e financeiros.
legislação, orçamento, direitos em saúde, modelo assistencial, mo-
delo de gestão e outros. DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚ-
DE
RESOLUÇÃO Nº 453/2012 DO CONSELHO NACIONAL Segunda Diretriz: a instituição dos Conselhos de Saúde é esta-
DA SAÚDE belecida por lei federal, estadual, do Distrito Federal e municipal,
obedecida a Lei no 8.142/90.
Parágrafo único. Na instituição e reformulação dos Conselhos
RESOLUÇÃO N° 453, DE 10 DE MAIO DE 2012 de Saúde o Poder Executivo, respeitando os princípios da demo-
cracia, deverá acolher as demandas da população aprovadas nas
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Ducentési- Conferências de Saúde, e em consonância com a legislação.
ma Trigésima Terceira Reunião Ordinária, realizada nos dias 9 e 10
de maio de 2012, no uso de suas competências regimentais e atri- A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE
buições conferidas pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, Terceira Diretriz: a participação da sociedade organizada, ga-
e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e pelo Decreto no rantida na legislação, torna os Conselhos de Saúde uma instância
5.839, de 11 de julho de 2006, e privilegiada na proposição, discussão, acompanhamento, delibera-
Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de Saúde, ção, avaliação e fiscalização da implementação da Política de Saúde,
nas três esferas de Governo, na X Plenária Nacional de Conselhos de inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros. A legislação
Saúde, nas Plenárias Regionais e Estaduais de Conselhos de Saúde, estabelece, ainda, a composição paritária de usuários em relação
nas 9a, 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, e nas Conferên- ao conjunto dos demais segmentos representados. O Conselho de
cias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Saúde; Saúde será composto por representantes de entidades, instituições
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da e movimentos representativos de usuários, de entidades represen-
Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú- tativas de trabalhadores da área da saúde, do governo e de entida-
de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es- des representativas de prestadores de serviços de saúde, sendo o
taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga- seu presidente eleito entre os membros do Conselho, em reunião
nização e funcionamento, conforme o § 5o inciso II art. 1o da Lei no plenária. Nos Municípios onde não existem entidades, instituições
8.142, de 28 de dezembro de 1990; e movimentos organizados em número suficiente para compor o
Considerando a ampla discussão da Resolução do CNS no Conselho, a eleição da representação será realizada em plenária no
333/03 realizada nos espaços de Controle Social, entre os quais se Município, promovida pelo Conselho Municipal de maneira ampla
destacam as Plenárias de Conselhos de Saúde; e democrática.

140
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de IX - Quando não houver Conselho de Saúde constituído ou em
Saúde e constituído em lei. atividade no Município, caberá ao Conselho Estadual de Saúde as-
II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 e 333/03 sumir, junto ao executivo municipal, a convocação e realização da
do CNS e consoante com as Recomendações da 10a e 11a Confe- Conferência Municipal de Saúde, que terá como um de seus objeti-
rências Nacionais de Saúde, as vagas deverão ser distribuídas da vos a estruturação e composição do Conselho Municipal. O mesmo
seguinte forma: será atribuído ao Conselho Nacional de Saúde, quando não houver
a) 50% de entidades e movimentos representativos de usuá- Conselho Estadual de Saúde constituído ou em funcionamento.
rios; X - As funções, como membro do Conselho de Saúde, não serão
b) 25% de entidades representativas dos trabalhadores da área remuneradas, considerando-se o seu exercício de relevância públi-
de saúde; ca e, portanto, garante a dispensa do trabalho sem prejuízo para o
c) 25% de representação de governo e prestadores de serviços conselheiro. Para fins de justificativa junto aos órgãos, entidades
privados conveniados, ou sem fins lucrativos. competentes e instituições, o Conselho de Saúde emitirá declara-
III - A participação de órgãos, entidades e movimentos sociais ção de participação de seus membros durante o período das reu-
terá como critério a representatividade, a abrangência e a comple- niões, representações, capacitações e outras atividades específicas.
mentaridade do conjunto da sociedade, no âmbito de atuação do XI - O conselheiro, no exercício de sua função, responde pelos
Conselho de Saúde. De acordo com as especificidades locais, apli- seus atos conforme legislação vigente.
cando o princípio da paridade, serão contempladas, dentre outras,
as seguintes representações: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE SAÚDE
a) associações de pessoas com patologias; Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão auto-
b) associações de pessoas com deficiências; nomia administrativa para o pleno funcionamento do Conselho de
c) entidades indígenas; Saúde, dotação orçamentária, autonomia financeira e organização
d) movimentos sociais e populares, organizados (movimento da secretaria-executiva com a necessária infraestrutura e apoio téc-
negro, LGBT...); nico:
e) movimentos organizados de mulheres, em saúde; I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à sua estru-
f) entidades de aposentados e pensionistas; tura administrativa e o quadro de pessoal;
g) entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais, con- II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria-executiva
federações e federações de trabalhadores urbanos e rurais; coordenada por pessoa preparada para a função, para o suporte
h) entidades de defesa do consumidor; técnico e administrativo, subordinada ao Plenário do Conselho de
i) organizações de moradores; Saúde, que definirá sua estrutura e dimensão;
j) entidades ambientalistas; III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orçamento;
k) organizações religiosas; IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo, a
l) trabalhadores da área de saúde: associações, confederações, cada mês e, extraordinariamente, quando necessário, e terá como
conselhos de profissões regulamentadas, federações e sindicatos, base o seu Regimento Interno. A pauta e o material de apoio às reu-
obedecendo as instâncias federativas; niões devem ser encaminhados aos conselheiros com antecedência
m) comunidade científica; mínima de 10 (dez) dias;
n) entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas
campo de estágio, de pesquisa e desenvolvimento; ao público e deverão acontecer em espaços e horários que possibi-
o) entidades patronais; litem a participação da sociedade;
p) entidades dos prestadores de serviço de saúde; e VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições mediante o
q) governo. funcionamento do Plenário, que, além das comissões intersetoriais,
IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas no Conse- estabelecidas na Lei no 8.080/90, instalará outras comissões inter-
lho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, conforme setoriais e grupos de trabalho de conselheiros para ações transitó-
processos estabelecidos pelas respectivas entidades, movimentos e rias. As comissões poderão contar com integrantes não conselhei-
instituições e de acordo com a sua organização, com a recomenda- ros;
ção de que ocorra renovação de seus representantes. VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Diretora eleita
V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos de repre- em Plenário, respeitando a paridade expressa nesta Resolução;
sentações de usuários, trabalhadores e prestadores de serviços, ao VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adotadas me-
seu critério, promovam a renovação de, no mínimo, 30% de suas diante quórum mínimo (metade mais um) dos seus integrantes, res-
entidades representativas. salvados os casos regimentais nos quais se exija quórum especial,
VI - A representação nos segmentos deve ser distinta e autôno- ou maioria qualificada de votos;
ma em relação aos demais segmentos que compõem o Conselho, a) entende-se por maioria simples o número inteiro imediata-
por isso, um profissional com cargo de direção ou de confiança na mente superior à metade dos membros presentes;
gestão do SUS, ou como prestador de serviços de saúde não pode b) entende-se por maioria absoluta o número inteiro imediata-
ser representante dos(as) Usuários(as) ou de Trabalhadores(as). mente superior à metade de membros do Conselho;
VII - A ocupação de funções na área da saúde que interfiram c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois terços) do total
na autonomia representativa do Conselheiro(a) deve ser avaliada de membros do Conselho;
como possível impedimento da representação de Usuário(a) e Tra- IX - qualquer alteração na organização dos Conselhos de Saúde
balhador(a), e, a juízo da entidade, indicativo de substituição do preservará o que está garantido em lei e deve ser proposta pelo
Conselheiro(a). próprio Conselho e votada em reunião plenária, com quórum quali-
VIII - A participação dos membros eleitos do Poder Legislativo, ficado, para depois ser alterada em seu Regimento Interno e homo-
representação do Poder Judiciário e do Ministério Público, como logada pelo gestor da esfera correspondente;
conselheiros, não é permitida nos Conselhos de Saúde. X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da pauta o
pronunciamento do gestor, das respectivas esferas de governo, para
que faça a prestação de contas, em relatório detalhado, sobre an-

141
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
damento do plano de saúde, agenda da saúde pactuada, relatório XV - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de
de gestão, dados sobre o montante e a forma de aplicação dos re- movimentação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saúde
cursos, as auditorias iniciadas e concluídas no período, bem como e os recursos transferidos e próprios do Município, Estado, Distrito
a produção e a oferta de serviços na rede assistencial própria, con- Federal e da União, com base no que a lei disciplina;
tratada ou conveniada, de acordo com o art. 12 da Lei no 8.689/93 XVI - analisar, discutir e aprovar o relatório de gestão, com a
e com a Lei Complementar no 141/2012; prestação de contas e informações financeiras, repassadas em tem-
XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificativa, buscarão po hábil aos conselheiros, e garantia do devido assessoramento;
auditorias externas e independentes sobre as contas e atividades XVII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações
do Gestor do SUS; e e dos serviços de saúde e encaminhar denúncias aos respectivos
XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-se por órgãos de controle interno e externo, conforme legislação vigente;
meio de resoluções, recomendações, moções e outros atos delibe- XVIII - examinar propostas e denúncias de indícios de irregula-
rativos. As resoluções serão obrigatoriamente homologadas pelo ridades, responder no seu âmbito a consultas sobre assuntos per-
chefe do poder constituído em cada esfera de governo, em um pra- tinentes às ações e aos serviços de saúde, bem como apreciar re-
zo de 30 (trinta) dias, dando-se-lhes publicidade oficial. Decorrido cursos a respeito de deliberações do Conselho nas suas respectivas
o prazo mencionado e não sendo homologada a resolução e nem instâncias;
enviada justificativa pelo gestor ao Conselho de Saúde com propos- XIX - estabelecer a periodicidade de convocação e organizar
ta de alteração ou rejeição a ser apreciada na reunião seguinte, as as Conferências de Saúde, propor sua convocação ordinária ou
entidades que integram o Conselho de Saúde podem buscar a vali- extraordinária e estruturar a comissão organizadora, submeter o
dação das resoluções, recorrendo à justiça e ao Ministério Público, respectivo regimento e programa ao Pleno do Conselho de Saúde
quando necessário. correspondente, convocar a sociedade para a participação nas pré-
Quinta Diretriz: aos Conselhos de Saúde Nacional, Estaduais, -conferências e conferências de saúde;
Municipais e do Distrito Federal, que têm competências definidas XX - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos de
nas leis federais, bem como em indicações advindas das Conferên- Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e
cias de Saúde, compete: privadas para a promoção da Saúde;
I - fortalecer a participação e o Controle Social no SUS, mobi- XXI - estimular, apoiar e promover estudos e pesquisas sobre
lizar e articular a sociedade de forma permanente na defesa dos assuntos e temas na área de saúde pertinente ao desenvolvimento
princípios constitucionais que fundamentam o SUS; do Sistema Único de Saúde (SUS);
II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e outras normas XXII - acompanhar o processo de desenvolvimento e incorpora-
de funcionamento; ção científica e tecnológica, observados os padrões éticos compatí-
III - discutir, elaborar e aprovar propostas de operacionalização veis com o desenvolvimento sociocultural do País;
das diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde; XXIII - estabelecer ações de informação, educação e comuni-
IV - atuar na formulação e no controle da execução da política cação em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho
de saúde, incluindo os seus aspectos econômicos e financeiros, e de Saúde, seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, in-
propor estratégias para a sua aplicação aos setores público e pri- cluindo informações sobre as agendas, datas e local das reuniões e
vado; dos eventos;
V - definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e de- XXIV - deliberar, elaborar, apoiar e promover a educação per-
liberar sobre o seu conteúdo, conforme as diversas situações epide- manente para o controle social, de acordo com as Diretrizes e a Po-
miológicas e a capacidade organizacional dos serviços; lítica Nacional de Educação Permanente para o Controle Social do
VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não do relató- SUS;
rio de gestão; XXV - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento sistemático
VII - estabelecer estratégias e procedimentos de acompanha- com os poderes constituídos, Ministério Público, Judiciário e Legis-
mento da gestão do SUS, articulando-se com os demais colegiados, lativo, meios de comunicação, bem como setores relevantes não
a exemplo dos de seguridade social, meio ambiente, justiça, educa- representados nos conselhos;
ção, trabalho, agricultura, idosos, criança e adolescente e outros; XXVI - acompanhar a aplicação das normas sobre ética em pes-
VIII - proceder à revisão periódica dos planos de saúde; quisas aprovadas pelo CNS;
IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos XXVII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de Gestão do
a serem encaminhados ao Poder Legislativo, propor a adoção de Trabalho e Educação para a Saúde no SUS;
critérios definidores de qualidade e resolutividade, atualizando-os XXVIII - acompanhar a implementação das propostas constan-
face ao processo de incorporação dos avanços científicos e tecnoló- tes do relatório das plenárias dos Conselhos de Saúde; e
gicos na área da Saúde; XXIX - atualizar periodicamente as informações sobre o Conse-
X - avaliar, explicitando os critérios utilizados, a organização e o lho de Saúde no Sistema de Acompanhamento dos Conselhos de
funcionamento do Sistema Único de Saúde do SUS; Saúde (SIACS).
XI - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e convênios, Fica revogada a Resolução do CNS no 333, de 4 de novembro
conforme as diretrizes dos Planos de Saúde Nacional, Estaduais, do de 2003.
Distrito Federal e Municipais;
XII - acompanhar e controlar a atuação do setor privado cre- POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICI-
denciado mediante contrato ou convênio na área de saúde; PATIVA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
XIII - aprovar a proposta orçamentária anual da saúde, tendo
em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, observado o princípio do processo de planejamento Prezado(a),
e orçamento ascendentes, conforme legislação vigente;
XIV - propor critérios para programação e execução financeira e A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
orçamentária dos Fundos de Saúde e acompanhar a movimentação será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
e destino dos recursos; servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,

142
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona- a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste servi-
cabem na estrutura de nossas apostilas. ço, mesmo sem vínculo empregatício;
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são b) a receita ou o faturamento;
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- c) o lucro;
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. cial, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o va-
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- lor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposen-
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da tadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;
apostila. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Se preferir, indicamos também acesso direto ao https://bvs- III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
ms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_estrategica_participa- IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
sus_2ed.pdf a lei a ele equiparar.
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Bons estudos! Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988, TÍTULO VIII - ARTIGOS § 2º A proposta de orçamento da seguridade social será
DE 194 A 200 elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela
saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as
metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
O Título VIII da Constituição cuida da Ordem Social, elencada assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
em seus artigos 193 a 232. § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade
→ Chamamos a atenção para o fato de que referente ao assun- social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
to supracitado, os concursos públicos cobram do candidato a litera- Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
lidade do texto legal, portanto, é importante conhecer bem todos os creditícios.
artigos deste capítulo em sua integralidade! § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
CF, TÍTULO VIII disposto no art. 154, I.
DA ORDEM SOCIAL § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá
ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
CAPÍTULO II custeio total.
DA SEGURIDADE SOCIAL § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão
ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da
SEÇÃO I lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
DISPOSIÇÕES GERAIS disposto no art. 150, III, «b».
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte- as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, exigências estabelecidas em lei.
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
e à assistência social. pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
I - universalidade da cobertura e do atendimento; aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
pulações urbanas e rurais; § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade
e serviços; econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo
V - equidade na forma de participação no custeio; também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em apenas no caso das alíneas «b» e «c» do inciso I do caput. (Redação
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para
preservado o caráter contributivo da previdência social; (Redação o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado- § 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo
res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar,
colegiados. a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie- alínea «a» do inciso I e o inciso II do caput. (Redação dada pela
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada caput, serão não-cumulativas.
na forma da lei, incidentes sobre: § 13. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

143
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento sobre:
de contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
2019) exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cen-
to); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
Saúde II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar-
A saúde é direito de todos e dever do Estado. Segundo o artigo recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de
197, da Constituição, as ações e os serviços de saúde devem ser que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas
executados diretamente pelo poder público ou por meio de tercei- as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
ros, tanto por pessoas físicas quanto jurídicas. III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da
A responsabilidade em matéria de saúde é solidária entre os arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos
entes federados. de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada
• Diretrizes da Saúde cinco anos, estabelecerá:
De acordo com o Art. 198, da CF, as ações e os serviços públicos I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Reda-
de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons- ção dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
tituem um sistema único – o SUS –, organizado de acordo com as II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
seguintes diretrizes: saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
I – descentralização, com direção única em cada esfera de go- e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando
verno; a progressiva redução das disparidades regionais;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
III – participação da comunidade. IV - (revogado).
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
• A Saúde e a Iniciativa Privada admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
Referente ao Artigo 199, da CF, a assistência à saúde é livre à endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
iniciativa privada e instituições privadas poderão participar de for- natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos
ma complementar do SUS, segundo diretrizes deste, mediante con- para sua atuação.
trato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
filantrópicas e as sem fins lucrativos. profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
• Atribuições Constitucionais do SUS agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
Por fim, o Artigo 200 da CF, elenca quais atribuições são de da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
competência do SUS. Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
piso salarial.
SEÇÃO II § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no §
DA SAÚDE 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça
funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- seu exercício.
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. § 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regu- União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
lamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos,
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho
jurídica de direito privado. desses profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma de 2022)
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, § 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- endemias serão consignados no orçamento geral da União com
verno; dotação própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades nº 120, de 2022)
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; § 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
III - participação da comunidade. agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salários
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de 2022)
outras fontes.

144
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
§ 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
combate às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes
às funções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
seus vencimentos, adicional de insalubridade. (Incluído pela Emen- e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
da Constitucional nº 120, de 2022) ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de
§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Estados, direito Público ou privado.
ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento do vencimento
ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários de saúde TÍTULO I
e dos agentes de combate às endemias não serão objeto de inclusão DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
no cálculo para fins do limite de despesa com pessoal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 120, de 2022) Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma exercício.
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula-
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos empresas e da sociedade.
casos previstos em lei. Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco-
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan-
facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re-
vedado todo tipo de comercialização. dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
atribuições, nos termos da lei: por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen- social.
tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insu-
mos; TÍTULO II
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
bem como as de saúde do trabalhador; DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por
ações de saneamento básico; órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po-
científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
Constitucional nº 85, de 2015) § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
humano; gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans- § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, Saúde (SUS), em caráter complementar.
tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen- CAPÍTULO I
dido o do trabalho. DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES

LEI ORGÂNICA DA SAÚDE – LEI Nº 8.080/1990 Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
terminantes da saúde;
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu- do art. 2º desta lei;
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
correspondentes e dá outras providências. ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
das ações assistenciais e das atividades preventivas.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Único de Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e

145
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
II - a participação na formulação da política e na execução de no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
ações de saneamento básico; das entidades sindicais; e
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
saúde; órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele com- iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
preendido o do trabalho;
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, CAPÍTULO II
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
participação na sua produção;
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân- Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
cias de interesse para a saúde; vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre-
para consumo humano; vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, seguintes princípios:
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
vos, tóxicos e radioativos; níveis de assistência;
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar-
científico e tecnológico; ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de- individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
rivados. de complexidade do sistema;
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir integridade física e moral;
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da vilégios de qualquer espécie;
saúde, abrangendo: V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
processos, da produção ao consumo; e VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
ou indiretamente com a saúde. VIII - participação da comunidade;
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de IX - descentralização político-administrativa, com direção única
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção em cada esfera de governo:
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. de;
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am-
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi- biente e saneamento básico;
lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi- riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
advindos das condições de trabalho, abrangendo: pulação;
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
ou portador de doença profissional e do trabalho; de assistência; e
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos cidade de meios para fins idênticos.
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra- XIV – organização de atendimento público específico e especia-
balho; lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427,
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de de 2017)
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; CAPÍTULO III
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi- DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re-
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú- Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de
blicas e privadas; acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:

146
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes
Saúde ou órgão equivalente. à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes 2011).
correspondam. § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
rão sobre sua observância. convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
saúde. saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Art. 11. (Vetado). forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- de 2011).
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas CAPÍTULO IV
da sociedade civil. DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja SEÇÃO I
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
Único de Saúde (SUS).
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
vidades: I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
I - alimentação e nutrição; e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
II - saneamento e meio ambiente; II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; destinados, em cada ano, à saúde;
IV - recursos humanos; III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
V - ciência e tecnologia; e da população e das condições ambientais;
VI - saúde do trabalhador. IV - organização e coordenação do sistema de informação de
saúde;
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
sional e superior. sistência à saúde;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de VII - participação de formulação da política e da execução das
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. ção do meio ambiente;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- IX - participação na formulação e na execução da política de
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
2011). ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- XII - realização de operações externas de natureza financeira de
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
2011). lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à -lhes assegurada justa indenização;
integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen-
Lei nº 12.466, de 2011). tes e Derivados;
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote-
tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ção e recuperação da saúde;

147
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- trito Federal;
quisa, ações e serviços de saúde; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; § 1º A União poderá executar ações de vigilância epidemioló-
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
tratégicos e de atendimento emergencial. de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre-
SEÇÃO II sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
DA COMPETÊNCIA único pela Lei nº 14.141, de 2021)
§ 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
compete: do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
II - participar na formulação e na implementação das políticas: § 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
a) de controle das agressões ao meio ambiente; duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
b) de saneamento básico; e mônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela
III - definir e coordenar os sistemas: Lei nº 14.141, de 2021)
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
b) de rede de laboratórios de saúde pública; compete:
c) de vigilância epidemiológica; e I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
d) vigilância sanitária; e das ações de saúde;
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele Sistema Único de Saúde (SUS);
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para tar supletivamente ações e serviços de saúde;
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
a política de saúde do trabalhador; serviços:
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância a) de vigilância epidemiológica;
epidemiológica; b) de vigilância sanitária;
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de c) de alimentação e nutrição; e
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- d) de saúde do trabalhador;
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de VI - participar da formulação da política e da execução de ações
consumo e uso humano; de saneamento básico;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- e dos ambientes de trabalho;
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência esta-
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência dual e regional;
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública
à saúde; e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga-
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- nização administrativa;
cias de interesse para a saúde; XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con-
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao trole e avaliação das ações e serviços de saúde;
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple-
atuação institucional; mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema e substâncias de consumo humano;
Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis- XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária
tência à saúde; de portos, aeroportos e fronteiras;
XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica-
e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva- dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.
mente, de abrangência estadual e municipal; Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com-
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio- pete:
nal de Sangue, Componentes e Derivados; I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;

148
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
II - participar do planejamento, programação e organização II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
(SUS), em articulação com sua direção estadual; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído pela
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; Lei nº 14.021, de 2020)
IV - executar serviços: Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
a) de vigilância epidemiológica; realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
b) vigilância sanitária; e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que se
c) de alimentação e nutrição; deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contemplando
d) de saneamento básico; e os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, ha-
e) de saúde do trabalhador; bitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
equipamentos para a saúde; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
lá-las; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; 9.836, de 1999)
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; § 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- saúde. § 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de da rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- § 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
dos de saúde; rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- gena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
cos de saúde no seu âmbito de atuação. § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva- Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
das aos Estados e aos Municípios. na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
CAPÍTULO V necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA Lei nº 9.836, de 1999)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999) § 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor-
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten- do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária,
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional, secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999) dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí- avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de
gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi- Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for
nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
9.836, de 1999) CAPÍTULO VI
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan- DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO
ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei E INTERNAÇÃO DOMICILIAR
nº 9.836, de 1999) (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002)
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de
do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa- pela Lei nº 10.424, de 2002)
mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen- § 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação
te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi-
1999) cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência
§ 1º A União instituirá mecanismo de financiamento específi- social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes
co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter- § 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados
ritórios indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina
§ 2º Em situações emergenciais e de calamidade pública: (In- preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424,
cluído pela Lei nº 14.021, de 2020) de 2002)
I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não § 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser
previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In- realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa-
dígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Incluí- ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
do pela Lei nº 14.021, de 2020)

149
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
CAPÍTULO VII Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO 2011)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005) I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante 2011)
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di- pela Lei nº 12.401, de 2011)
reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
pela Lei nº 11.108, de 2005) nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pac-
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em tuada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito de 2011)
estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS
2013) de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera-
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela
CAPÍTULO VIII Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011) do pela Lei nº 12.401, de 2011)
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA § 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE” SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento,
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista
a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela
12.401, de 2011) Lei nº 12.401, de 2011)
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para § 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec-
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí-
terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra- do pela Lei nº 12.401, de 2011)
vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti-
com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi- objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis-
ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado. custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota- se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar,
das as seguintes definições: quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas § 3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a
coletoras e equipamentos médicos; que se refere o inciso II do § 2º deste artigo serão dispostas em
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que regulamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à indicadores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em com-
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais binação com outros critérios. (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re-
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces-
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido,
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de- admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando
verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que § 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no que
tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e as seguin-
e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro- tes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível,
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa-
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro- ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art.
dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do
de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

150
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
nº 12.401, de 2011) nº 13.097, de 2015)
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído Lei nº 13.097, de 2015)
pela Lei nº 14.312, de 2022) III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
14.312, de 2022) sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) 13.097, de 2015)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: pela Lei nº 13.097, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- CAPÍTULO II
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol- para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter-
so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos
na Anvisa.” serviços ofertados pela iniciativa privada.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí- Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
do pela Lei nº 14.312, de 2022) privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa-
I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis- das, a respeito, as normas de direito público.
tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas Sistema Único de Saúde (SUS).
as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022) direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad- Conselho Nacional de Saúde.
quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais, § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de
para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio-
suas entidades vinculadas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei nº nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.312, de em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua-
2022) lidade de execução dos serviços contratados.
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni-
medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen- cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único
tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges- de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do
tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) contrato.
§ 3° (Vetado).
TÍTULO III § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida-
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).
CAPÍTULO I
DO FUNCIONAMENTO TÍTULO IV
DOS RECURSOS HUMANOS
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será
legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas
promoção, proteção e recuperação da saúde. de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. I - organização de um sistema de formação de recursos huma-
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú- nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além
de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de
pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às pessoal;
condições para seu funcionamento. II - (Vetado)
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi- III - (Vetado)
ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema
à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de Único de Saúde (SUS).
2015) Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema
I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga- Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e
nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de com o sistema educacional.
2015) Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora-
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser
explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) exercidas em regime de tempo integral.

151
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 2º (Vetado).
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- § 3º (Vetado).
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
Art. 29. (Vetado). nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da receita
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao Fundo Na-
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das cional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo único deste
entidades profissionais correspondentes artigo, os recursos financeiros correspondentes às dotações consigna-
das no Orçamento da Seguridade Social, a projetos e atividades a se-
TÍTULO V rem executados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
DO FINANCIAMENTO Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
CAPÍTULO I prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
DOS RECURSOS Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos e projetos:
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta I - perfil demográfico da região;
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. na área;
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
nientes de: anterior;
I - (Vetado) V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- duais e municipais;
tência à saúde; VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; outras esferas de governo.
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados § 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula-
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita cional, em especial o número de eleitores registrados.
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual § 3º (Vetado).
será destinada à recuperação de viciados. § 4º (Vetado).
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde § 5º (Vetado).
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- § 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação
tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas. dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe-
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas
supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia- na gestão dos recursos transferidos.
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro CAPÍTULO III
da Habitação (SFH). DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO
§ 4º (Vetado).
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema
tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal,
Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi-
recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em
externa e receita própria das instituições executoras. planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e
§ 6º (Vetado). da União.
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra-
CAPÍTULO II mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS),
DA GESTÃO FINANCEIRA e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen-
tária.
Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde § 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento
(SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações
atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse- emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.
lhos de Saúde. Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire-
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em
Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União, função das características epidemiológicas e da organização dos
além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú- serviços em cada jurisdição administrativa.
de, através do Fundo Nacional de Saúde.

152
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxílios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade
lucrativa.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 39. (Vetado).


§ 1º (Vetado).
§ 2º (Vetado).
§ 3º (Vetado).
§ 4º (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita de
modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, pelo
estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, mediante simples termo de recebimento.
§ 7º (Vetado).
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao processo de
gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hos-
pitalares.
Art. 40. (Vetado)
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela direção
nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão como referencial de prestação de serviços, formação de recursos humanos e
para transferência de tecnologia.
Art. 42. (Vetado).
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas dos
contratos ou convênios estabelecidos com as entidades privadas.
Art. 44. (Vetado).
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante con-
vênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e
extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados.
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente do
Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação, bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema Único
de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para esse fim, for firmado.
Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanismos de incentivos à participação do setor privado no investimento em
ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará, no
prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saúde, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões epide-
miológicas e de prestação de serviços.
Art. 48. (Vetado).
Art. 49. (Vetado).
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 51. (Vetado).
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Penal, art.
315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
Art. 53. (Vetado).
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas pelos
laboratórios de genética humana, produção e fornecimento de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises clínicas,
anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros.
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições em
contrário.

LEI Nº 8.142/1990

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências intergovernamen-
tais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

153
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)

O controle social é uma diretriz e princípio do SUS. É o mecanismo de participação da comunidade nas ações de saúde em todas as
esferas de governo. De forma institucionalizada temos: os conselhos e as conferências de saúde.
Art. 1º - O Sistema Único de Saúde - SUS de que trata a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo,
sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I - A Conferência de Saúde, e
II - O Conselho de Saúde.

1º - A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4 anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de
saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, ex-
traordinariamente, por este ou pelo Conselho de Saúde.

HISTÓRICO DAS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE

Em 2015 aconteceu a 15ª CNS, com o tema: Saúde Pública de Qualidade. A próxima Conferência,em caráter ordinário, acontecerá em
2019.
A Conferência de Saúde é um espaço de discussão das políticas de saúde em todas as esferas de governo. Acontecem, de forma ordi-
nária, a cada 4 anos e, como fórum de discussão, avaliam e propõem mudanças ou novas políticas e programas de saúde para o país. Cada
município deve realizar a conferência de saúde, onde serão eleitos os representantes que para participar da conferência estadual, onde
serão eleitos os representantes que participarão, da Conferência Nacional de Saúde (SOUZA,2016).
As conferências de saúde são espaços de discussão das políticas. A mais importante, para a construção e consolidação de um sis-
tema único com participação popular, foi a VIII CNS que aconteceu em 1986, momento de consolidação da reforma sanitária e criação
dos ideais do SUS.
2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, pres-
tadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde
na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
legalmente constituído em cada esfera do governo.

154
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
A distribuição dos representantes é definida pela Resolução III - plano de saúde;
453/12, que traz:1 IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o
§ 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
mento;
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
lei.
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

DECRETO PRESIDENCIAL Nº 7.508/2011

DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011


§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para
terão representação no Conselho Nacional de Saúde. dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação in-
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg- terfederativa, e dá outras providências.
mentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen- confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho. posto na Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990,
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
alocados como: DECRETA:
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; CAPÍTULO I
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de se-
da Saúde; tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple- de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. articulação interfederativa.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti- Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se:
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde. por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se- identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica-
rão repassados de forma regular e automática para os Municípios, ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida-
Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. e serviços de saúde;
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio-
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi-
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho,
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle
aos Estados. e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- implementação integrada das ações e serviços de saúde;
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. do usuário no SUS;
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen-
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão
com: compartilhada do SUS;
I - Fundo de Saúde;
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
1 Fonte: www.pontodosconcursos.com.br

155
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de SEÇÃO II
recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo DA HIERARQUIZAÇÃO
SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala-
da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
indicadores de saúde do sistema; serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com-
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com-
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a plexidade do serviço.
finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde os serviços:
específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo I - de atenção primária;
ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e II - de atenção de urgência e emergência;
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que III - de atenção psicossocial; e
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à IV - especiais de acesso aberto.
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po-
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde,
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos considerando as características da Região de Saúde.
gestores do SUS. Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais
especializados, entre outros de maior complexidade e densidade
CAPÍTULO II tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS trata o art. 9o.
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser- de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado
viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas
participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado com proteção especial, conforme legislação vigente.
de forma regionalizada e hierarquizada. Parágrafo único. A população indígena contará com regramen-
tos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades
SEÇÃO I e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo
DAS REGIÕES DE SAÚDE com disposições do Ministério da Saúde.
Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado
Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e
articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac- em outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva
tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o região.
inciso I do art. 30. Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as re-
§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, gras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na
compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec- respectiva área de atuação.
tivos Estados em articulação com os Municípios. Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário
§ 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes
fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactua-
as relações internacionais. das pelas Comissões Intergestores:
Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no
mínimo, ações e serviços de: acesso às ações e aos serviços de saúde;
I - atenção primária; II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
II - urgência e emergência; saúde;
III - atenção psicossocial; III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e
IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde.
V - vigilância em saúde. Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretri-
Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará zes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federa-
cronograma pactuado nas Comissões Intergestores. tivos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13.
Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transfe-
rências de recursos entre os entes federativos. CAPÍTULO III
Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em conso-
nância com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores. Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente
Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Con-
elementos em relação às Regiões de Saúde: selhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas
I - seus limites geográficos; de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros.
II - população usuária das ações e serviços; § 1o O planejamento da saúde é obrigatório para os entes pú-
III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e blicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada.
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e § 2o A compatibilização de que trata o caput será efetuada no
escala para conformação dos serviços. âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja-
mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de
saúde.

156
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
§ 3o O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde con-
a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo solidará e publicará as atualizações da RENAME, do respectivo FTN
com as características epidemiológicas e da organização de serviços e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.
nos entes federativos e nas Regiões de Saúde. Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão ado-
Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e tar relações específicas e complementares de medicamentos, em
as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos
ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regio- entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac-
nal, estadual e nacional. tuado nas Comissões Intergestores.
Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu-
necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos tica pressupõe, cumulativamente:
entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do
de saúde. SUS;
Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde,
realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos no exercício regular de suas funções no SUS;
Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde. III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os
Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es-
que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica-
prazos do planejamento municipal em consonância com os planeja- mentos; e
mentos estadual e nacional. IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di-
reção do SUS.
CAPÍTULO IV § 1o Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem.
Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se § 2o O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen-
completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado.
do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es-
Comissões Intergestores. tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa-
SEÇÃO I nitária - ANVISA.
DA RELAÇÃO NACIONAL DE AÇÕES
E SERVIÇOS DE SAÚDE - RENASES CAPÍTULO V
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA
Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RE-
NASES compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao SEÇÃO I
usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde. DAS COMISSÕES INTERGESTORES
Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em
âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT. Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde conso- o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re-
lidará e publicará as atualizações da RENASES. des de atenção à saúde, sendo:
Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde
pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas respon- para efeitos administrativos e operacionais;
sabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes da RE- II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual
NASES. de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e
Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio-
adotar relações específicas e complementares de ações e serviços nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis-
de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as respon- trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB.
sabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pac- Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de
tuado nas Comissões Intergestores. saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre-
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias
SEÇÃO II Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se-
DA RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS - cretarias Municipais de Saúde - COSEMS.
RENAME Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão:
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges-
Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RE- tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de
NAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de
indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde;
do SUS. II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi-
Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos
Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensa- vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en-
ção e o uso dos seus medicamentos. tes federativos;
Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dis- III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes-
por sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuti- tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde,
cas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT. principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das
ações e serviços dos entes federativos;

157
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten- VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora-
ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen- mento permanente;
volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili- VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos
dades individuais e as solidárias; e em relação às atualizações realizadas na RENASES;
V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon-
atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên- sabilidades; e
cia. IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada
Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac- um dos partícipes para sua execução.
tuação: Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas
I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES; de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das
II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser- ações e serviços de saúde.
viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob-
da gestão; e servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges-
III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões tão participativa:
operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou- I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação
tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me-
as relações internacionais. lhoria;
II - apuração permanente das necessidades e interesses do
SEÇÃO II usuário; e
DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA SAÚDE III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas
Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos que dele participem de forma complementar.
para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator
firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú- determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas
de. no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi-
Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo
saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação.
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên- Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS,
cia aos usuários. por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde.
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede- § 1o O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4o
rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe-
pactuações estabelecidas pela CIT. cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato
Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de- Organizativo de Ação Pública de Saúde.
finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede- § 2o O disposto neste artigo será implementado em conformi-
rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em
e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os Lei.
recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução
e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação
implementação integrada das ações e serviços de saúde. ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à
§ 1o O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de aplicação dos recursos disponibilizados.
garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato
SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saú- Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações
de. em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao
§ 2o O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais respectivo Conselho de Saúde para monitoramento.
de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do de-
sempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Con- CAPÍTULO VI
trato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regionais
e estaduais. Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis-
Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con- tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo:
terá as seguintes disposições essenciais: I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na
I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais; prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre-
II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo- vistas neste Decreto;
ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter- II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o
-regional; inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990;
III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe- III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
rante a população no processo de regionalização, as quais serão ceiros; e
estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento.
organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
de cada ente federativo da Região de Saúde; e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
IV - indicadores e metas de saúde; ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde; forma direta ou indireta.

158
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri- As informações do paciente, geradas durante seu período de
zes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a internação, constituirão o documento denominado prontuário,
partir da publicação deste Decreto. o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº
Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação 1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados
e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE dos cuidados profissionais prestados ao paciente.
O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são
registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó-
De acordo com definição da Organização Mundial de Saúde rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico,
(OMS), os determinantes sociais da saúde estão relacionados às diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes-
condições em que uma pessoa vive e trabalha. Também podem ser tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen-
considerados os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/ra- tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente
ciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência ter suas informações adequadamente registradas, como também
de problemas de saúde e fatores de risco à população, tais como acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego. necessário.
Estudos sobre determinantes sociais apontam que há distintas Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos
abordagens possíveis. Além disso, que há uma variação quanto à de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui-
compreensão sobre os mecanismos que acarretam em iniquidades ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização,
de saúde. Por isso, os determinantes sociais não podem ser avalia- há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja
dos somente pelas doenças geradas, pois vão além, influenciando vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar
todas as dimensões do processo de saúde das populações, tanto informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri-
do ponto de vista do indivíduo, quanto da coletividade na qual ele vacidade e sigilo dos dados pessoais.
se insere.
Entre os desafios para entender a relação entre determinantes A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Sistema de In-
sociais e saúde está o estabelecimento de uma hierarquia de deter- formação em Saúde (SIS):
minações entre os fatores mais gerais de natureza social, econômi- “ ….. é um conjunto de componentes que atuam de forma inte-
ca, política e as mediações através das quais esses fatores incidem grada por meio de mecanismos de coleta, processamento, análise e
sobre a situação de saúde de grupos e pessoas, não havendo uma transmissão da informação necessária e oportuna para implemen-
simples relação direta de causa-efeito (Leia mais em A saúde e seus tar processos de decisões no Sistema de Saúde. Seu propósito é
determinantes sociais). selecionar dados pertinentes e transformá-los em informações para
Daí a importância do setor saúde se somar aos demais setores aqueles que planejam, financiam, proveem e avaliam os serviços de
da sociedade no combate às iniquidades. Todas as políticas que as- saúde” (OMS, 1981:42).
segurem a redução das desigualdades sociais e que proporcionem Informação Oportuna: disponível no local e hora necessários
melhores condições de mobilidade, trabalho e lazer são importan- para tomada de decisão
tes neste processo, além da própria conscientização do indivíduo Informação de Qualidade: atualizada, pertinente e consistente.
sobre sua participação pessoal no processo de produção da saúde
e da qualidade de vida. Funções:
- Respaldar a operação diária e a gestão da atenção à saúde;
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE - Conhecer e monitorar o estado de saúde da população e as
condições sócio-ambientais;
- Facilitar o planejamento, a supervisão e o controle e avaliação
Sistema de informação em saúde de ações e serviços;
Um sistema de informação representa a forma planejada de re- - Subsidiar os processos decisórios nos diversos níveis de deci-
ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número são e ação;
cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter- - Apoiar a produção e utilização de serviços de saúde;
net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso - Disponibilizar informações para as atividades de diagnóstico
e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações e tratamento;
dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes. - Monitorar e avaliar as intervenções, resultados e impactos;
No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor- - Subsidiar educação e a promoção da saúde;
mações através de um sistema informatizado é muito útil porque - Apoiar as atividades de pesquisa e produção de conhecimen-
agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad- tos
missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o
processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas SIS (Sistema de Informação em Saúde)
outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo- - Coleta
ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de - Processamento
tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi- - Análise
diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes - Transmissão da Informação
e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e
orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição, Sistemas de Informação e Banco de Dados
manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número
de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à Sistema de informação:
taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma- É o processo de produção de informação e sua comunicação a
nência, etc. atores, possibilitando sua análise com vistas à geração de conheci-
mentos.

159
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
Banco de dados:
É um dos principais componentes do sistema, sendo um agrupamento organizado de dados que pode ser utilizado por vários sistemas.

Sistemas de Informação em Saúde


Componentes que atuam de forma integrada e articulada para obter e selecionar dados e transformá-los em informação:

Principais Sistemas de Informação em Saúde

160
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
SIAB Assim, registrar corretamente os dados com maior fidedigni-
- O Sistema de Informação da Atenção Básica foi implantado dade possível é responsabilidade do Agente comunitário. As fichas
para o acompanhamento das ações e dos resultados das ativida- são instrumentos de trabalho do PSF, pois permitem o planejamen-
des realizadas pela Estratégia de Saúde da Família - ESF. O SIAB foi to das atividades da equipe, tendo como base o conhecimento do
desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas Locais de diagnóstico de necessidades da população a que assiste.
Saúde e incorporou em sua formulação conceitos como território,
problema e responsabilidade sanitária. São instrumentos de coleta de dados:
- Através dele obtêm-se informações sobre cadastros de famí- • Ficha A – cadastramento das famílias;
lias, condições de moradia e saneamento, situação de saúde, pro- • Ficha B-GES – acompanhamento de gestantes;
dução e composição das equipes de saúde. Principal instrumento • Ficha B-HÁ – acompanhamento de hipertensos;
de monitoramento das ações do Programa Saúde da Família, tem • Ficha B-DIA – acompanhamento de diabéticos;
sua gestão na Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do • Ficha B-TB – acompanhamento de pacientes com tubercu-
Departamento de Atenção Básica / SAS. lose;
• Ficha B-HAN – acompanhamento de pacientes com hanse-
Benefícios: níase;
Micro-espacialização de problemas de saúde e de avaliação de • Ficha C (cartão da criança) – acompanhamento de crianças;
intervenções; • Ficha D – registro de atividades, procedimentos e notifica-
Utilização mais ágil e oportuna da informação; ções.
Produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de orga-
nização das ações de saúde; São instrumentos de consolidação de dados:
Consolidação progressiva da informação partindo de níveis me- • Relatórios A1, A2, A3 e A4 – relatório de consolidado anual
nos agregados para mais agregados. das famílias cadastradas;
• Relatórios SSA2 e SSA4 – relatório de situação de saúde e
Funcionalidades acompanhamento das famílias;
• Cadastros de famílias; • Relatórios PMA2 e PMA4 – relatórios de produção e marca-
• Condições de moradia e saneamento; dores para avaliação.
• Situação de saúde;
• Produção e marcadores; Composição das Equipes de Saúde O dado, após coletado, deve ser selecionado, processado, ana-
da Família e Agentes Comunitários de Saúde.2 lisado e transformado em informação pela equipe de PSF. Este se
conforma como um produto das relações entre os vários atores en-
E-SUS volvidos (médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem,
O Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) tem por fi- agentes comunitários, famílias, etc.).
nalidade fornecer de forma prática, ágil, atualizada, completa e de O SIAB gera relatórios de uma determinada base populacional,
fácil manipulação, instrumentos de controle e planejamento, além população coberta pelas equipes de saúde da família, a partir da
de possibilitar a socialização das informações de saúde. ficha de cadastramento da família denominada Ficha A, cadastra-
O SIAB apresenta também como objetivo, avaliar a adequação mento este realizado pelos agentes comunitários de saúde e que
dos serviços oferecidos e readequá-los, sempre que necessário e, produz informações relativas às condições demográficas, sanitárias
por fim, melhorar a qualidade dos serviços de saúde. e sociais. Além de possibilitar traçar alguns aspectos da situação de
Isso também é válido para a análise das prioridades políticas a saúde referida da população.
partir dos perfis epidemiológicos de determinada localidade e, prin- Apesar de fornecer algumas informações essenciais para as
cipalmente, para a fiscalização da aplicação dos recursos públicos equipes do Programa de Saúde da Família esse instrumento de co-
destinados à área social, conformando-se numa estratégia para a leta e o seu produto são passíveis de crítica.
operacionalização do Sistema Único de Saúde. Quanto ao cadastramento das famílias, é um bom indicador
O SIAB tem como lógica central de seu funcionamento a re- para acompanhamento do planejamento de implantação e imple-
ferência a uma determinada base populacional. O Ministério da mentação da Equipe de Saúde da Família (ESF), pois permite deter-
Saúde (MS) em 1998, por meio da Coordenadoria de Saúde da Co- minar com garantia quanto de cobertura da população do municí-
munidade, editou um manual que descreve os conceitos e proce- pio e de cobertura das famílias estimadas já foram realizadas.
dimentos básicos que compõem o SIAB, bem como as orientações Ainda são possíveis determinar a estrutura familiar, o núme-
gerais para seu preenchimento e operacionalização. ro de pessoas e a idade por família. Em relação ao saneamento,
O SIAB baseia-se nos conceitos de modelo de atenção, família, o instrumento revela-se como suficiente e de fácil manuseio para
domicílio, área, micro área e território. O Ministério da Saúde orien- avaliação das informações, além de proporcionar uma ferramenta
ta que o SIAB seja informatizado. Caso o município não disponha do para divulgação, planejamento e possibilitar a indicação de serviços
programa, este deve procurar o DATASUS ou a Coordenação Esta- e ainda avaliar a prestação de serviço público e mecanismo de au-
dual do PSF para que estes instalem (gratuitamente) o programa. toproteção.
O SIAB é um sistema idealizado para agregar e para processar
as informações sobre a população visitada. Estas informações são Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
recolhidas em fichas de cadastramento e de acompanhamento e enfermagem/sistema-de-informacao-de-atencao-basica-siab-o-que-
analisadas a partir dos relatórios de consolidação dos dados. -e/37938
O preenchimento das fichas é tarefa do agente comunitário,
a partir de suas visitas domiciliares. Elas devem ser atualizadas E-SUS AB
sempre que necessário, ou seja, mediante ocorrência de eventos, O e-SUS AB é uma estratégia do Departamento de Atenção Bá-
como: óbito, nascimento, inclusão de parente ou agregado ao gru- sica (DAB) para reestruturar as informações da Atenção Básica (AB)
po familiar, etc. em nível nacional. Esta ação está alinhada com a proposta mais ge-
ral de reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) do
2 Fonte: https://www.enfconcursos.com/Fonte: http://www.saude.gov.br

161
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
Ministério da Saúde (MS), entendendo que a qualificação da gestão Os instrumentos são denominados “Fichas de Coleta de Dados
da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendi- Simplificada” para a obtenção de dados de cadastros da população
mento à população. do território adstrito às UBS, das visitas domiciliares, atendimentos
A Estratégia e-SUS AB faz referência ao processo de informati- e atividades desenvolvidas pelos profissionais das equipes de AB.
zação qualificada do Sistema Único de Saúde (SUS) em busca de um Esses dados devem ser digitados no CDS off-line ou PEC e, poste-
SUS eletrônico (e-SUS) e tem como objetivo concretizar um novo riormente, enviados para o SISAB por meio do PEC com conectivi-
modelo de gestão de informação que apoie os municípios e os ser- dade à internet.
viços de saúde na gestão efetiva da AB e na qualificação do cuidado A Coleta de Dados Simplificada utilizada pela equipe de Aten-
dos usuários. Esse modelo nacional de gestão da informação na AB ção Básica é composta por dez fichas a seguir:
é definido a partir de diretrizes e requisitos essenciais que orientam 1. Cadastro Individual;
e organizam o processo de reestruturação do sistema de informa- 2. Cadastro Domiciliar;
ção, instituído o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção 3. Ficha de Atendimento Individual;
Básica (SISAB), por meio da Portaria GM/MS Nº 1.412, de 10 de 4. Ficha de Procedimentos;
julho de 2013, e a Estratégia e-SUS AB para sua operacionalização. 5. Ficha de Atendimento Odontológico Individual;
6. Ficha de Atividade Coletiva;
A Estratégia e-SUS AB preconiza: 7. Ficha de Vacinação (nova);
● Individualizar o registro: registro individualizado das infor- 8. Ficha de Visita Domiciliar;
mações em saúde, para o acompanhamento dos atendimentos aos 9. Marcadores de Consumo Alimentar;
cidadãos; 10. Ficha Complementar,
● Integrar a informação: integração dos diversos sistemas de
informação oficiais existentes na AB, a partir do modelo de infor- A Coleta de Dados Simplificada ainda conta com mais duas fi-
mação; chas de uso exclusivo das equipes do Serviço de Atenção Domiciliar
● Reduzir o retrabalho na coleta de dados: reduzir a necessida- (SAD):
de de registrar informações similares em mais de um instrumento 1. Ficha de Avaliação de Elegibilidade,
(fichas/sistemas) ao mesmo tempo; 2. Ficha de Atenção Domiciliar.
● Informatizar as unidades: desenvolvimento de soluções tec-
nológicas que contemplem os processos de trabalho da AB, com A estratégia avança ao permitir a entrada dos dados orientada
recomendações de boas práticas e o estímulo à informatização dos pelo curso natural do atendimento e não ser focada na situação-
serviços de saúde; -problema de saúde. A entrada de dados individualizados por cida-
● Gestão do cuidado: introdução de novas tecnologias para oti- dão abre caminho para a gestão do cuidado e aproximação desses
mizar o trabalho dos profissionais na perspectiva de fazer gestão dados ao processo de planejamento da equipe.
do cuidado Dessa forma, este manual foi elaborado com a finalidade de
● Coordenação do cuidado: a qualificação do uso da informa- orientar os profissionais de saúde e gestores da Atenção Básica a
ção na gestão e no cuidado em saúde na perspectiva de integração operar o Sistema e-SUS AB com CDS, tendo em vista, o preenchi-
dos serviços de saúde. mento adequado das fichas do CDS e a consequente digitação dos
dados no sistema.
A estratégia é composta por dois sistemas: O processo de digitação deve ser definido no âmbito da ges-
● SISAB, sistema de informação nacional, que passa a ser o tão municipal, considerando os aspectos logísticos e os recursos
sistema de informação vigente para fins de financiamento, moni- humanos disponíveis para esse fim. Em especial, contemplando os
toramento, acompanhamento do cuidado em saúde e de adesão diferentes cenários de implantação, como visto no Manual de Im-
aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica plantação da Estratégia e-SUS AB, o fluxo deve estar adequado a
(PNAB), e cada realidade.
● Sistema e-SUS AB, composto por dois softwares para cole- O Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) tem por fi-
ta dos dados: ○ Sistema com Coleta de Dados Simplificada (CDS), nalidade fornecer de forma prática, ágil, atualizada, completa e de
sistema de transição/contingência, que apoia o processo de coleta fácil manipulação, instrumentos de controle e planejamento, além
de dados por meio de fichas e sistema de digitação; ○ Sistema com de possibilitar a socialização das informações de saúde.
Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), sistema com prontuário O SIAB apresenta também como objetivo, avaliar a adequação
eletrônico, que tem como principal objetivo apoiar o processo de dos serviços oferecidos e readequá-los, sempre que necessário e,
informatização das UBS. por fim, melhorar a qualidade dos serviços de saúde.
Isso também é válido para a análise das prioridades políticas a
Durante o texto, os softwares do Sistema e-SUS AB também são partir dos perfis epidemiológicos de determinada localidade e, prin-
referidos como Sistema com CDS e Sistema com PEC ou simples- cipalmente, para a fiscalização da aplicação dos recursos públicos
mente, CDS e PEC. destinados à área social, conformando-se numa estratégia para a
operacionalização do Sistema Único de Saúde.
Fichas de Coleta de Dados Simplificada O SIAB tem como lógica central de seu funcionamento a re-
O Sistema com CDS é um dos componentes da estratégia e-SUS ferência a uma determinada base populacional. O Ministério da
AB, adequada para UBS não informatizadas, ou quando o acesso a Saúde (MS) em 1998, por meio da Coordenadoria de Saúde da Co-
informatização está temporariamente indisponível devido a falta de munidade, editou um manual que descreve os conceitos e proce-
energia elétrica, problemas com o computador, acesso a internet, dimentos básicos que compõem o SIAB, bem como as orientações
entre outros. gerais para seu preenchimento e operacionalização.
O objetivo é ser uma estratégia de coleta de dados por meio
de instrumentos com questões estruturadas, na qual a maioria das
perguntas são fechadas.

162
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
O SIAB baseia-se nos conceitos de modelo de atenção, família, avaliação das informações, além de proporcionar uma ferramenta
domicílio, área, micro área e território. O Ministério da Saúde orien- para divulgação, planejamento e possibilitar a indicação de serviços
ta que o SIAB seja informatizado. Caso o município não disponha do e ainda avaliar a prestação de serviço público e mecanismo de au-
programa, este deve procurar o DATASUS ou a Coordenação Esta- toproteção.
dual do PSF para que estes instalem (gratuitamente) o programa.
O SIAB é um sistema idealizado para agregar e para processar Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
as informações sobre a população visitada. Estas informações são enfermagem/sistema-de-informacao-de-atencao-basica-siab-o-que-
recolhidas em fichas de cadastramento e de acompanhamento e -e/37938
analisadas a partir dos relatórios de consolidação dos dados.
O preenchimento das fichas é tarefa do agente comunitário, QUESTÕES
a partir de suas visitas domiciliares. Elas devem ser atualizadas
sempre que necessário, ou seja, mediante ocorrência de eventos,
como: óbito, nascimento, inclusão de parente ou agregado ao gru- 1. De acordo com a Lei Federal n° 8080 de 19/09/90 a saúde
po familiar, etc. tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros:
Assim, registrar corretamente os dados com maior fidedigni- I. Alimentação.
dade possível é responsabilidade do Agente comunitário. As fichas II. Moradia.
são instrumentos de trabalho do PSF, pois permitem o planejamen- III. Saneamento básico.
to das atividades da equipe, tendo como base o conhecimento do IV. Educação.
diagnóstico de necessidades da população a que assiste.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
São instrumentos de coleta de dados: (A) Apenas a assertiva I está correta.
• Ficha A – cadastramento das famílias; (B) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
• Ficha B-GES – acompanhamento de gestantes; (C) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
• Ficha B-HÁ – acompanhamento de hipertensos; (D) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
• Ficha B-DIA – acompanhamento de diabéticos;
• Ficha B-TB – acompanhamento de pacientes com tubercu- 2. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
lose; regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, orga-
• Ficha B-HAN – acompanhamento de pacientes com hanse- nizado de acordo com as seguintes diretrizes EXCETO:
níase; (A) Exclusão da participação da comunidade para garantia da
• Ficha C (cartão da criança) – acompanhamento de crianças; qualidade dos serviços prestados.
• Ficha D – registro de atividades, procedimentos e notifica- (B) Descentralização, com direção única em cada esfera de go-
ções. verno.
(C) Participação da comunidade.
São instrumentos de consolidação de dados: (D) Atendimento integral, com prioridade para as atividades
• Relatórios A1, A2, A3 e A4 – relatório de consolidado anual preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.
das famílias cadastradas;
• Relatórios SSA2 e SSA4 – relatório de situação de saúde e 3. Leia as afirmativas a seguir e marque a opção INCORRETA:
acompanhamento das famílias; (A) O atendimento integral, no SUS, dá prioridade para as ativi-
• Relatórios PMA2 e PMA4 – relatórios de produção e marca- dades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.
dores para avaliação. (B) São de relevância pública as ações e serviços de saúde, ca-
bendo à iniciativa privada dispor, nos termos da lei, sobre sua
O dado, após coletado, deve ser selecionado, processado, ana- regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução
lisado e transformado em informação pela equipe de PSF. Este se ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por
conforma como um produto das relações entre os vários atores en- pessoa física ou jurídica de direito privado.
volvidos (médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem, (C) As instituições privadas poderão participar de forma com-
agentes comunitários, famílias, etc.). plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes des-
O SIAB gera relatórios de uma determinada base populacional, te, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
população coberta pelas equipes de saúde da família, a partir da preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
ficha de cadastramento da família denominada Ficha A, cadastra- (D) O SUS é organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
mento este realizado pelos agentes comunitários de saúde e que descentralização, atendimento integral e participação da co-
produz informações relativas às condições demográficas, sanitárias munidade.
e sociais. Além de possibilitar traçar alguns aspectos da situação de (E) A descentralização, no SUS, possui direção única em cada
saúde referida da população. esfera de governo.
Apesar de fornecer algumas informações essenciais para as
equipes do Programa de Saúde da Família esse instrumento de co- 4. Leia as afirmativas a seguir e marque a opção INCORRETA:
leta e o seu produto são passíveis de crítica. (A) Para fins de garantia da gestão participativa, o Contrato
Quanto ao cadastramento das famílias, é um bom indicador Organizativo de Ação Pública de Saúde observará o estabele-
para acompanhamento do planejamento de implantação e imple- cimento de estratégias que incorporem a avaliação do usuário
mentação da Equipe de Saúde da Família (ESF), pois permite deter- das ações e dos serviços, como ferramenta de sua melhoria.
minar com garantia quanto de cobertura da população do municí- (B) Para fins de garantia da gestão participativa, o Contrato Or-
pio e de cobertura das famílias estimadas já foram realizadas. ganizativo de Ação Pública de Saúde vetará a publicidade dos
Ainda são possíveis determinar a estrutura familiar, o núme- direitos e deveres do usuário na saúde em todas as unidades
ro de pessoas e a idade por família. Em relação ao saneamento, de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas que dele par-
o instrumento revela-se como suficiente e de fácil manuseio para ticipem de forma complementar.

163
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
(C) O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde conterá 9. Assinale a alternativa que traz uma das competências exclu-
a oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promoção, sivas da direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), nos ter-
proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter- mos da Lei n° 8.080/90.
-regional. (A) Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutri-
(D) O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde conterá ção.
a identificação das necessidades de saúde locais e regionais. (B) Promover a descentralização para os Municípios dos servi-
(E) O Ministério da Saúde poderá instituir formas de incentivo ços e das ações de saúde.
ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das ações e (C) Acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
serviços de saúde. Sistema Único de Saúde (SUS).
(D) Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros.
5. Quanto às ações e serviços de saúde voltados para o aten- (E) Controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva-
dimento das populações indígenas, a Lei Federal n° 8.080/90 esta- dos de saúde.
belece que
(A) subsistema de Atenção à Saúde Indígena não compõe o Sis- 10. A Política Nacional de Humanização do SUS, lançada em
tema Único de Saúde – SUS. 2003, vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da
(B) é vedado aos Estados, Municípios, instituições governa- Saúde, está pautada nos seguintes princípios:
mentais e não governamentais atuar, complementarmente, no (A) centralidade da esfera pública na política, intersetorialidade
custeio e na execução das ações e dos serviços de saúde volta- e hierarquização dos serviços por grau de complexidade.
dos para o atendimento das populações indígenas. (B) descentralização político‐administrativa, proteção social in-
(C) o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser cen- tegral e garantia do cuidado e assistência em saúde.
tralizado e nacionalizado. (C) democratização da gestão e dos serviços, universalidade e
(D) as populações indígenas terão direito a participar, apenas fortalecimento da atenção básica de saúde nos municípios.
no âmbito do Conselho Nacional de Saúde, dos organismos (D) articulação público‐privado na realização dos serviços, con-
colegiados de formulação, acompanhamento e avaliação das trole social e seletividade e focalização na política de saúde.
políticas de saúde. (E) transversalidade, indissociabilidade entre atenção e gestão
(E) caberá à União, com seus recursos próprios, financiar o Sub- e protagonismo e autonomia dos sujeitos coletivos.
sistema de Atenção à Saúde Indígena.
11. A humanização vista como política que atravessa diferentes
6. Deliberar acerca das políticas de saúde é uma grande con- ações e instâncias de efetuação do Ministério da Saúde implica em,
quista da sociedade. Neste sentido, foram criados os Conselhos e EXCETO:
as Conferências de Saúde como espaços vitais para o exercício do (A) Construir um modelo de atenção centrado na relação quei-
Controle Social no Sistema Único de Saúde (SUS). Tais espaços fo- xa-conduta.
ram institucionalizados a partir: (B) Construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla
(A) da Portaria n° 2048 de 2011 tarefa de produção da saúde e produção de sujeitos.
(B) do Decreto n° 7.508 de 2013 (C) Oferecer um eixo articulador das práticas em saúde, desta-
(C) da Lei n° 8080 de 1990 cando o aspecto subjetivo nelas presente.
(D). da Lei n° 8.142 de 1990 (D) Traduzir os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde) em
modos de operar dos diferentes equipamentos e sujeitos da
7. Os serviços e ações de saúde que integram o Sistema Único rede de saúde.
de Saúde (SUS) são organizados deforma regionalizada e hierarqui-
zada e desenvolvidos a partir de alguns princípios, dentre eles a 12. A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece
igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios em seu Artigo 198 três diretrizes segundo as quais devem ser orga-
de qualquer espécie. Tal princípio tem relação direta com os con- nizadas as ações e serviços públicos de saúde.
ceitos de igualdade e de justiça, visto que reconhece as diferenças As diretrizes são as seguintes:
nas condições de vida e saúde e nas necessidades das pessoas, e é (A) descentralização; atendimento integral; participação da co-
denominado princípio da: munidade
(A) longitudinalidade (B) direção única; prioridade para ações preventivas; regionali-
(B) universalidade zação do sistema
(C) integralidade (C) rede regionalizada e hierarquizada; atendimento integral;
(D) equidade participação da comunidade
(D) direção tripartite em cada esfera de governo; descentraliza-
8. “Tratar de forma desigual os desiguais para atingir a igual- ção e hierarquização dos serviços, participação da comunidade
dade”. Esta afirmação está contemplada no seguinte princípio do (E) descentralização; prioridade para ações preventivas; servi-
Sistema Único de Saúde (SUS): ços organizados em redes assistenciais
(A) universalidade
(B) equidade 13. Sobre a competência do Sistema Único de Saúde (SUS)
(C) integridade prevista pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, é correto
(D) regionalização afirmar:
(A) A promoção e descentralização para os municípios dos ser-
viços e das ações de saúde é uma tarefa de competência da
direção nacional do SUS.
(B) A elaboração de normas para regular as relações entre o
SUS e os serviços privados contratados de assistência à saúde é
uma tarefa de competência da direção estadual do SUS.

164
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
(C) A participação na execução, no controle e na avaliação das 17. A Política Nacional de Humanização (PNH) existe desde
ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho é 2003 para efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de
uma tarefa de competência da direção municipal do SUS. atenção e gestão. O HumanizaSUS aposta em inovações em saúde
(D) A identificação dos serviços estaduais e municipais de re- tais como:
ferência nacional para o estabelecimento de padrões técnicos I. Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e
de assistência à saúde é uma atribuição comum entre União, dos coletivos.
Estados e Municípios. II. Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de
(E) Cabe à União a gerência de laboratórios públicos e hemo- saúde e de sujeitos.
centros. III. Estabelecimento de vínculos solidários e de participação co-
letiva do setor privado no processo de gestão.
14. O sistema de informação em saúde utilizado pela vigilância IV. Mapeamento e interação com as demandas sociais, coleti-
epidemiológica para registros dos agravos de notificação é o: vas e subjetivas de saúde.
(A) SINAN.
(B) SIAB. Estão corretas:
(C) SIA. (A) I, II e IV apenas.
(D) SINASC. (B) III e IV apenas.
(E) SIH. (C) I, II e III apenas.
(D) II e IV apenas.
15.Sobre a competência do Sistema Único de Saúde (SUS) pre- (E) I, II, III e IV.
vista pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, é correto afir-
mar: GABARITO
(A) A promoção e descentralização para os municípios dos ser-
viços e das ações de saúde é uma tarefa de competência da
direção nacional do SUS. 1 D
(B) A elaboração de normas para regular as relações entre o
SUS e os serviços privados contratados de assistência à saúde é 2 A
uma tarefa de competência da direção estadual do SUS. 3 B
(C) A participação na execução, no controle e na avaliação das
ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho é 4 B
uma tarefa de competência da direção municipal do SUS. 5 E
(D) A identificação dos serviços estaduais e municipais de re-
6 D
ferência nacional para o estabelecimento de padrões técnicos
de assistência à saúde é uma atribuição comum entre União, 7 D
Estados e Municípios. 8 B
(E) Cabe à União a gerência de laboratórios públicos e hemo-
centros. 9 A
10 E
16. Assinale a alternativa correta sobre a Política Nacional de
Humanização. 11 A
(A) Política que busca reorganização do Processo de Trabalho 12 A
em saúde, implicando as relações sociais que envolvem traba-
13 C
lhadores e gestores na experiência cotidiana de organização e
condução dos serviços e busca transformar as formas e produ- 14 A
ção e prestação de serviços à população. 15 C
(B) É considerada uma política unidirecional, pois traduz os
princípios do SUS, orienta práticas de atenção, oferece um eixo 16 A
organizador, constrói práticas solidárias, contagia a Rede por 17 A
meio das atitudes e ações humanizadoras, e posiciona-se como
uma Política Pública.
(C) A Política Nacional de Humanização estrutura- -se por meio
de princípios, da Transversalidade, da indissociabilidade entre ANOTAÇÕES
atenção e gestão, protagonismo, corresponsabilidade e auto-
nomia exclusiva dos gestores.
(D) Quanto ao Método, a Política Nacional de Humanização ca- ______________________________________________________
minha no sentido da exclusão, nos processos de produção de
saúde e dos diferentes agentes implicados. ______________________________________________________
(E) A Política Nacional de Humanização atua a partir de orien-
tações clínicas, éticas e políticas, que se mostram através de ______________________________________________________
arranjos de trabalho. Um deles é o Acolhimento que serve ex-
______________________________________________________
clusivamente para diminuir o número de pessoas nas filas de
atendimento. ______________________________________________________

______________________________________________________

165
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE(SUS)
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RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO

OPERAÇÕES, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES (SOMA, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, POTENCIAÇÃO E


RADICIAÇÃO). CONJUNTOS NUMÉRICOS (NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS) E OPERAÇÕES COM
CONJUNTOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

167
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Operações Exemplo:
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder. do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dis- possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
pensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
ser dispensado. (A) 10
(B) 15
• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- (C) 18
tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos (D) 20
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- (E) 22
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre Resolução:
será do maior número. São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- temos:
do, ou seja, é dado o seu oposto. 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
36 : 3 = 12 livros de 3 cm
Exemplo: O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para Resposta: D
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade-
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes inteiro positivo.
anotadas, o total de pontos atribuídos foi – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
(A) 50. mero inteiro negativo.
(B) 45.
(C) 42. Propriedades da Potenciação
(D) 36. 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
(E) 32. e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
Resolução: base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
50-20=30 atitudes negativas 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
20.4=80 os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
30.(-1)=-30 4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
80-30=50 (+a) = +a
1

Resposta: A 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual


a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado Conjunto dos números racionais – Q
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. m
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
pelo módulo do divisor. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS: N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre negativo.

168
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:
1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado.
Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente.
Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.


a)

169
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.
b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

Resolução:

Resposta: B

Caraterísticas dos números racionais


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números inteiros.

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número (a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

170
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Representação geométrica • Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou
pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.
• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
Operações operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração ÷ q = p × q-1
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d

Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
p – q = p + (–q) Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
(C) 220
(D) 260
(E) 120
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen- Resolução:
tada.

Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

Resolução: Resposta: A
Somando português e matemática:
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme-
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú-
meros racionais.
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra-
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base
O que resta gosta de ciências: igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do
expoente anterior.

Resposta: B

171
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da O valor, aproximado, da soma entre A e B é
base. (A) 2
(B) 3
(C) 1
(D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
C) Toda potência com expoente par é um número positivo. Vamos resolver cada expressão separadamente:

Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de
associação, que podem aparecer em uma única expressão.

Procedimentos
1) Operações:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem;
- Depois as multiplicações e/ou divisões; Resposta: E
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare-
cem. Múltiplos
Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
2) Símbolos: ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál- natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
culos dentro dos parênteses, nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
-Depois os colchetes [ ]; existir algum número natural n tal que:
- E por último as chaves { }. x = y·n

ATENÇÃO: Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e


– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col- podemos escrever: x = n/y
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos Observações:
com os seus sinais originais. 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col- 2) Todo número natural é múltiplo de 1.
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou 3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos 4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
com os seus sinais invertidos. 5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
Exemplo: mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
(MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI- + 1 (k ∈ N).
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo. 6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243 Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.

172
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios: Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibili-
20 . 31=3
dade/ - reeditado)
21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por
22 . 31=4.3=12
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub-
22 . 30=4
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida-
O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.
A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
Outros critérios
Máximo divisor comum (MDC)
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
É o maior número que é divisor comum de todos os números
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
primos. Procedemos da seguinte maneira:
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
Fatoração numérica
EXPOENTE.
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
Exemplo:
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
MDC (18,24,42) =
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então


pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor
Comum entre 18,24 e 42 é 6.

173
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Mínimo múltiplo comum (MMC) (CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
apenas com a seguinte ressalva: a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?
cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE. (A) R$ 498,00
Pegando o exemplo anterior, teríamos: (B) R$ 450,00
MMC (18,24,42) = (C) R$ 402,00
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7 (D) R$ 334,00
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo (E) R$ 324,00
Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.
Resolução:
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC Primeiro mês = x
(A,B). MMC (A,B)= A.B Segundo mês = x + 126
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78
Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e sub- Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176
trações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro- 3.x = 1176 – 204
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, x = 972 / 3
isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos x = R$ 324,00 (1º mês)
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com * No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
utilização da álgebra. Resposta: B
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5.
Exemplos: (D) 1 / 2.
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – (E) 2 / 3.
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa- Resolução:
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura: B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros. , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros. Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:
7.Q = 2. (360 – Q)
Resolução: 7.Q = 720 – 2.Q
Escrevendo em forma de equações, temos: 7.Q + 2.Q = 720
C = M + 0,05 ( I ) 9.Q = 720
C = A – 0,10 ( II ) Q = 720 / 9
A = D + 0,03 ( III ) Q = 80 (queimadas)
D não é mais baixa que C Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Se D = 1,70 , então: Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m Resposta: B
Resposta: B

174
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma • Multiplicação e Divisão
a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra- Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura: dados. Ex.:

O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi


dividida a unidade.
O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
dade.
Lê-se: um quarto. – Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
segunda fração. Ex.:
Atenção:
• Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
• Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
mos etc.
• Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
palavra “avos”. fração resultante de forma a torna-la irredutível.

Tipos de frações Exemplo:


– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador. (EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
Ex.: 7/15 DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi- pessoas. Cada uma recebeu
nador. Ex.: 6/7
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador. (A)
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
Ex.: 6/3
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na (B)
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
(C)
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

Operações com frações (D)

• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so- (E)
ma-se ou subtrai-se os numeradores.

Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:
Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
mos tanto na adição quanto na subtração.

Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de


suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

175
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Exemplos:
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE. 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120.
ARRANJOS E PERMUTAÇÕES. COMBINAÇÕES 7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.

A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen-


ATENÇÃO
volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve-
jamos eles: 0! = 1
1! = 1
Princípio fundamental de contagem (PFC) Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
É o total de possibilidades de o evento ocorrer. Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem. Arranjo simples
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra. é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
Exemplos: diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a assim sucessivamente.
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
passando necessariamente por B? • Sem repetição
(A) Oito. A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
(B) Dez.
(C) Quinze.
(D) Dezesseis.
(E) Vinte.

Resolução:
Observe que temos uma sucessão de escolhas: Onde:
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma. n = Quantidade total de elementos no conjunto.
1ª possibilidade: 3 (A para B). P =Quantidade de elementos por arranjo
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
primeira opção. Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
2ª possibilidade: 5 (B para Roma). gico. Quantas as possibilidades de escolha?
Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo, n = 18 (professores)
uma sucessão de escolhas. p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico)
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Resposta: C.

(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em


um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o • Com repetição
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre- Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um
que ele poderia fazer o seu pedido, é: mesmo elemento em um agrupamento.
(A) 19 A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada
(B) 480 por:
(C) 420
(D) 90

Resolução:
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido: Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras. tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo
Resposta: B. com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação
ao conjunto P.
Fatorial
Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
a expressão:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2.

176
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Resolução: Resolução:
P = {A, B, C, D} Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.
n=4
p=2
A(n,p)=np
A(4,2)=42=16
Resposta: Certo.
Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili- • Circular
zamos todos os elementos. A permutação circular é formada por pessoas em um formato
circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
• Sem repetição realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular)
de 4 lugares.

Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser


resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).

Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL – Exemplo:
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre (CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocu-
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en- pados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o nú-
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é mero de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os par-
(A) 24. ticipantes da reunião é superior a 102.
(B) 25. ( ) Certo
(C) 26. ( ) Errado
(D) 27.
(E) 28. Resolução:
É um caso clássico de permutação circular.
Resolução: Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Anagramas de RENATO Resposta: CERTO.
______
6.5.4.3.2.1=720 Combinação
Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CON-
Anagramas de JORGE SIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.
_____
5.4.3.2.1=120 • Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples
Razão dos anagramas: 720/120=6 desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos. elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que
Resposta: C.
diferem entre si pela natureza de seus elementos.
• Com repetição
Fórmula:
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUN-
DEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3
Exemplo: deles. Como esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas colo- qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se
ridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitri- fazer esse grupo é:
ne de uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3 (A) 4
faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistin- (B) 660
guíveis e 1 faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no (C) 1 320
máximo, 140 formas diferentes com essas faixas. (D) 3 960
( ) Certo
( ) Errado

177
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o nú-
mero de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

178
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento E,
com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou representadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa repartição
pública:

FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS


20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Mais de 50 4

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = 18
Logo a probabilidade é:

Resposta: D

179
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Probabilidade da união de eventos
Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos a seguinte expressão:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B = Ø, utilizamos a seguinte equação:

Probabilidade de um evento complementar


É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

Probabilidade condicional
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade de
ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai ocorrer o evento B, ou seja:

Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” ou “sabendo que” a probabilidade de B.

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo
que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:
P (A ∩ B) = P(A). P(B)

Lei Binomial de probabilidade


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

180
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Sendo: Resolução:
n: número de tentativas independentes; O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (su- da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
cesso); forma de razão , logo :
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as
n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e . Resposta: C
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais. Razões Especiais
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu-
Exemplo: mas:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre- Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas-
rem três faces 6? to para percorrê-la.

Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6
Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-
me ocupado por esse corpo.
RAZÕES E PROPORÇÕES (GRANDEZAS DIRETAMENTE
PROPORCIONAIS, GRANDEZAS INVERSAMENTE
PROPORCIONAIS, PORCENTAGEM, REGRAS DE TRÊS
SIMPLES E COMPOSTAS)

Razão Proporção
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:

Lemos: a esta para b, assim como c está para d.


Ainda temos:
Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou
que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma
mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi-
cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava
apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por várias
“outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo
o produto apreendido, o traficante usou
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas.
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas. • Propriedades da Proporção
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas. – Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas. produto dos extremos:
a.d=b.c

181
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
– A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri- Exemplos:
meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença (PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio
dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.

– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-


rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.

Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está De acordo com essas informações, o número de casos regis-
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um
desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros, aumento em relação ao número de casos registrados em 2007,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do aproximadamente, de
comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni- (A) 70%.
mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi (B) 65%.
igual a (C) 60%.
(A) 588. (D) 55%.
(B) 350. (E) 50%.
(C) 454.
(D) 476. Resolução:
(E) 382. Utilizaremos uma regra de três simples:

Resolução: ano %
11442 100
17136 x

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos: 11442.x = 17136 . 100


x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%
Resposta: E
4L = 28 . 3
L = 84 / 4 (PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa
L = 21 ladrilhos transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588 toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras-
Resposta: A sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra-
balho?
Regra de três simples (A) 3 h 12 min
Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou (B) 5 h
inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um (C) 5 h 30 min
processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES. (D) 6 h
• Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando (E) 6 h 15 min
ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di-
minui.
• Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan-
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.

182
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Resolução: (A) 4500 m²
Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto me- (B) 5000 m²
nos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar a carga: (C) 5200 m²
(D) 6000 m²
caminhões horas (E) 6200 m²
15 4 Resolução:
(15 – 3) x
Operários ↑ horas ↑ dias ↑ área ↑
12.x = 4 . 15
x = 60 / 12 20 8 60 4800
x=5h 15 10 80 x
Resposta: B
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo:
Regra de três composta
Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em Resposta: D
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500 PORCENTAGEM
m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
(A) 8 horas e 15 minutos. simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
(B) 9 horas. seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
(C) 7 horas e 45 minutos. mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
(D) 7 horas e 30 minutos. “por cento”).
(E) 5 horas e 30 minutos.

Resolução:
Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.
Exemplo:
M² ↑ varredores ↓ horas ↑ (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O
6000 18 5
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio-
7500 15 x nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em
Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais) relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra-
ção de estagiários é igual a
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro- (A) 1/5.
porcionais) (B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5.

Resolução:

Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-


ras e 30 minutos.
Resposta: D

(PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons-


Resposta: B
tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas
por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:

183
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Lucro e Prejuízo em porcentagem Logo:
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
temos PREJUÍZO (P).
Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).
Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chama-


mos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos
de porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo
no valor do produto.

Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem
quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para
ao de compra? efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fa-
(A) 67%. tores de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de
(B) 61%. multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).
(C) 65%. Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 so-
(D) 63%. freu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%.
(E) 69%. Qual o preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução: Resolução:
Preço de venda: V VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
Preço de compra: C VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos,
V – 0,16V = 1,4C juntar tudo em uma única equação:
0,84V = 1,4C 5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$
5.200,00

O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.


Resposta: A

Aumento e Desconto em porcentagem


– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

184
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES

v) Secretaria de Estado Desenvolvimento Urbano e Habitação;


DECRETO Nº 42.590 DE 07 DE OUTUBRO DE 2021 w) Secretaria de Estado de Obras e Infraestrutura; e
x) Secretaria Extraordinária da Família.
DECRETO Nº 42.590, DE 07 DE OUTUBRO DE 2021 §1º À Secretaria de Estado da Mulher competirá a coordenação
do Comitê e indicará seus representantes nos termos do inciso II do
Aprova o II Plano Distrital de Políticas Públicas para as Mulhe- art. 4º
res, institui o Comitê de Articulação e Monitoramento e dá outras § 2º Os membros do Comitê de Articulação e Monitoramento
providências. do II PDPM serão indicados pelos titulares dos órgãos e entidades
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições relacionados neste artigo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da
que lhe confere o artigo 100, incisos VII e X, da Lei Orgânica do Dis- publicação deste Decreto, e designados por ato da Secretária de
trito Federal, DECRETA: Estado da Mulher do Distrito Federal.
Art. 1º O II Plano Distrital de Políticas para as Mulheres - II §3º Serão convidadas para participar do Comitê de Articulação
PDPM, consiste em conjunto de propostas de políticas públicas e Monitoramento do II PDPM a Defensoria Pública do Distrito Fede-
elaboradas por órgãos governamentais, não governamentais e so- ral e a Companhia de Planejamento do Distrito Federal.
ciedade civil para garantir a igualdade das mulheres e combater a §4º Também poderão ser convidados a participar do Comitê de
discriminação de gênero. Articulação e Monitoramento do II PDPM especialistas e represen-
Art. 2º O II PDPM passa a vigorar nos termos do disposto no tantes de outros órgãos ou entidades públicas e privadas.
Anexo deste Decreto. Art. 5º Compete ao Comitê de Articulação e Monitoramento
Art. 3º O acompanhamento, a articulação, o monitoramento do II PDPM:
e a avaliação periódica quanto ao cumprimento dos objetivos, me- I - articular, apoiar, incentivar e subsidiar tecnicamente a imple-
tas e ações definidos no II PDPM, será implementado pelo Comitê mentação do II PDPM;
de Articulação e Monitoramento do II PDPM, instituído nos termos II - estabelecer a metodologia de monitoramento do II PDPM;
deste Decreto e vinculado à Secretaria de Estado da Mulher do Dis- III - acompanhar, monitorar e avaliar as atividades de imple-
trito Federal. mentação do II PDPM;
Art. 4º O Comitê de Articulação e Monitoramento do II PDPM IV - promover a difusão do II PDPM junto a órgãos e entidades
de que trata o artigo anterior será integrado por: governamentais e não governamentais;
I - 4 (quatro) representantes do Conselho dos Direitos da Mu- V - efetuar ajustes de objetivos, ações e metas do II PDPM;
lher do Distrito Federal, obrigatoriamente dentre as representações VI - elaborar relatório anual de acompanhamento das ações do
da sociedade civil; e II PDPM, e
II - 1 (uma) representante, titular e suplente, dos seguintes ór- VII - Criar as condições necessárias para a elaboração do III Pla-
gãos da Administração Pública do Distrito Federal: no Distrital de Políticas para as Mulheres, com escopo de garantir a
a) Secretaria de Estado de Economia; continuidade e o aprimoramento das ações estipuladas no II PDPM.
b) Secretaria de Estado de Saúde; Art. 6º O Comitê de Articulação e Monitoramento do II PDPM
c) Secretaria de Estado de Comunicação; tem como Objetivo Geral:
d) Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania; I - articular, monitorar e avaliar periodicamente o cumprimento
e) Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desen- dos objetivos, metas e ações definidos no II PDPM.
volvimento Rural; Art. 7º O Comitê de Articulação e Monitoramento do II PDPM
f) Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa; tem como Objetivos Específicos:
g) Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade; I - Articular e fortalecer a integração entre os órgãos envolvidos
h) Secretaria de Estado de Esporte e Lazer; no II PDPM;
i) Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social; II - Promover a participação e o controle social no processo de
j) Secretaria de Estado de Turismo; implementação, monitoramento e avaliação do II PDPM;
k) Secretaria de Estado de Educação; III - Fortalecer a Secretaria de Estado da Mulher do Distrito
l) Secretaria de Estado de Empreendedorismo; Federal para a articulação, implementação e aprimoramento do II
m) Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico; PDPM;
n) Secretaria de Estado de Trabalho; IV - Apresentar o relatório de execução e avaliação do II PDPM,
o) Secretaria de Estado de Governo; no início do ciclo do Plano Plurianual, visando a incorporação de
p) Secretaria de Estado de Juventude; propostas de políticas para as mulheres no PPA 2024-2027; e
q) Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade; V - Elaborar, ao final do triênio 2020/2023, proposta de texto
r) Secretaria Extraordinária da Pessoa com Deficiência; para iniciar discussão para elaboração do III PDPM.
s) Secretaria de Estado de Segurança Pública; Art. 8º O Comitê de Articulação e Monitoramento deliberará
t) Secretaria de Estado de Atendimento à Comunidade; mediante resolução, por maioria simples dos presentes, tendo sua
u) Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação; coordenadora o voto de qualidade no caso de empate.

185
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
Art. 9º O Comitê de Articulação e Monitoramento poderá insti- - Ampliar o acesso de mulheres a iniciativas de promoção do
tuir câmaras técnicas, que auxiliarão no cumprimento de suas atri- empreendedorismo feminino, oferecendo novas oportunidades de
buições, bem como na sistematização das informações recebidas e geração de renda.
poderão ainda, subsidiar a elaboração dos relatórios anuais. - Promover e ampliar o acesso de mulheres a cursos de qualifi-
Art. 10. A Secretaria de Estado da Mulher do Distrito Federal cação profissional, a fim de melhorar as oportunidades de coloca-
prestará suporte técnico e administrativo para a execução dos tra- ção/recolocação no mercado de trabalho;
balhos e o funcionamento do Comitê de Articulação e Monitora- - Promover o acesso das mulheres ao mercado de trabalho for-
mento do II PDPM e suas câmaras técnicas. mal, por meio do fomento à criação de vagas de emprego a serem
Art. 11. As atividades dos membros do Comitê de Articulação preenchidas exclusivamente por mulheres;
e Monitoramento e das câmaras técnicas são consideradas serviço - Promover o acesso de mulheres a programas e projetos de
público relevante, não remunerado. geração de renda, por meio do incentivo à economia solidária e à
Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. criação de espaços colaborativos.

Brasília, 07 de outubro de 2021 Metas


- Reduzir a taxa de desemprego de mulheres no DF;
ANEXO II - Aumentar o número de mulheres atendidas com processos
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES 2020 – de formação profissional e ação empreendedora nos programas e
2023 projetos de desenvolvimento da autonomia econômica;
- Aumentar o número de parcerias com organizações governa-
O II Plano Distrital de Políticas para as Mulheres - II PDPM, con- mentais e não governamentais, para o desenvolvimento de ações
siste em conjunto de propostas de políticas públicas elaboradas por de promoção da igualdade de gênero e oferta de cursos de para
órgãos governamentais, não governamentais e sociedade civil para mulheres por meio da REDE SOU MAIS MULHER;
garantir a igualdade das mulheres e combater a discriminação de - Aumentar o número de cursos, palestras, treinamentos para a
gênero, contemplando ações e metas distribuídas em 9 eixos. formação e profissionalização de mulheres;
Eixo 1 – Igualdade no Mundo do Trabalho e Autonomia Eco- - Aumentar o número de mulheres com acesso a linhas de cré-
nômica dito e financiamento para fomentar a ação empreendedora;
Eixo 2 – Educação para Igualdade - Ampliar o número de vagas para mulheres em feiras e/ou lo-
Eixo 3 – Saúde Integral das Mulheres, Direitos Sexuais e Repro- jas/espaços colaborativos.
dutivos
Eixo 4 – Enfrentamento de Todas as Formas de Violência contra EIXO 2
as Mulheres EDUCAÇÃO PARA A IGUALDADE
Eixo 5 – Participação das Mulheres nos Espaços de Poder e De-
cisão Objetivo Geral
Eixo 6 – Igualdade para as Mulheres Rurais Contribuir para a redução da desigualdade de gênero e para
Eixo 7 – Cultura, Esporte Comunicação e Mídia o enfrentamento do preconceito e da discriminação étnico-racial,
Eixo 8 – Enfrentamento do Racismo, Sexismo, Lesbofobia e religiosa, geracional, por orientação sexual e por identidade de gê-
Transfobia nero, por meio da formação de gestores/as profissionais da edu-
Eixo 9 – Igualdade para Mulheres Jovens, Mulheres Idosas e cação e estudantes em todos os níveis e modalidades de ensino.
Mulheres com Deficiência Faz-se necessário garantir o acesso, a permanência e o sucesso de
jovens e mulheres à educação de qualidade, com especial atenção
EIXO 1 aos grupos com baixa escolaridade (mulheres adultas e idosas, com
IGUALDADE NO MUNDO DO TRABALHO E AUTONOMIA deficiência, negras, indígenas, rurais e em situação de prisão).
ECONÔMICA
Objetivos Específicos
Objetivo Geral - Promover o acesso e a permanência na educação formal de
Promover a autonomia econômica das mulheres e a igualda- meninas e mulheres para promover o pleno desenvolvimento de
de no mundo do trabalho, tanto no que se refere ao acesso quan- suas competências e de sua autonomia emocional, social e econô-
to à remuneração das mulheres urbanas, do campo e do Cerrado, mica;
considerando todas as desigualdades de classe, raça e etnia, de- - Consolidar, na política educacional do DF, o respeito pela di-
senvolvendo ações específicas que contribuam para eliminação da versidade em todas as suas formas, de modo a garantir uma educa-
desigual divisão de gênero do trabalho, com ênfase em políticas de ção igualitária e cidadã;
erradicação da pobreza e na valorização da participação das mulhe- - Contribuir para a redução da violência de gênero, incluindo a
res no desenvolvimento socioeconômico. temática da prevenção da violência sexual, familiar e doméstica de
forma transversal no curriculum escolar e no projeto político peda-
Objetivos Específicos gógico das escolas do DF;
- Ampliar a inserção das mulheres no mundo do trabalho, favo- - Promover a inclusão, nos cursos de capacitação e de formação
recendo sua autonomia econômica; de profissionais da educação e da comunidade escolar, temas com
- Contribuir para a igualdade salarial entre homens e mulheres; foco na construção de uma cultura de paz, equidade de gênero e
- Contribuir para superação e eliminação da cultura da divisão respeito às diversidades; e
sexual do trabalho, promovendo a valorização do trabalho das mu- - Promover formação continuada para gestores, professores e
lheres; estudantes, com o intuito de desenvolver escuta qualificada, atitu-
- Promover o acesso e a permanência de mulheres, ao longo da de protetiva e atuação em Rede nas situações de vulnerabilidade
vida, na educação formal, para fortalecer a formação e oportunizar social e de violência doméstica.
o acesso ao mercado de trabalho e à sua autonomia econômica;

186
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
Metas - Assegurar o direito ao atendimento especializado, personali-
- Incluir programas que contemplem a temática de gênero na zado e humanizado nas situações de violação de direitos, de violên-
política educacional do DF; cia sexual, doméstica e familiar em toda a Rede de saúde pública e
- Ampliar o número de vagas nos cursos de formação da Sub- privada do DF; e
secretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação – - Promover estratégias de comunicação e educação em saúde,
EAPE, que possuem temática relacionada a relações étnico-raciais, com foco na qualificação dos profissionais e na orientação da popu-
igualdade de gênero e direitos humanos, promoção da Cultura da lação nas temáticas relacionadas às relações étnicoraciais, na igual-
Paz e prevenção de todos os tipos de violência; dade de gênero e direitos humanos, na promoção da Cultura da Paz
- Ampliar o acesso e o número de vagas para matrículas de mu- e na prevenção de todos os tipos de violência.
lheres e seus filhos desde a educação básica até a formação profis-
sionalizante e superior; Metas
- Ampliar o número de matrículas de mulheres na Educação de - Implantar o Centro Especializado de Saúde da Mulher - CES-
Jovens e Adultos - EJA, a fim de viabilizar o acesso da jovem, adulta MU nas Regiões de saúde do DF;
e idosa à educação formal; e - Implantar a Linha de Cuidado da Atenção Oncológica no DF,
- Ampliar o número de escolas contempladas com ações do assegurando o acesso à confirmação diagnóstica, ao tratamento de
Programa “Maria da Penha Vai à Escola”. câncer e às cirurgias reparadoras;
- Implantar a Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde
EIXO 3 de pessoas em situação de violência sexual, doméstica e familiar;
SAÚDE INTEGRAL DAS MULHERES, DIREITOS SEXUAIS E - Ampliar o número de mulheres que realizam exame de ma-
REPRODUTIVOS mografia e citopatológico do colo do útero;
- Aumentar o número de partos normais no SUS e na saúde
Objetivo Geral suplementar;
Assegurar o direito à saúde integral, sexual e reprodutiva das - Reduzir a incidência de gravidez na adolescência, entre as fai-
mulheres, promovendo a vida com qualidade, equidade e direi- xas etárias de 10 a 19 anos;
tos, por meio da implementação de estratégias para qualificação e - Aumentar o número de mulheres assistidas pela saúde pri-
acesso a todas as ações da saúde, sem discriminação de qualquer sional; e
espécie, resguardadas as identidades e especificidades de raça, et- - Aumentar o número de profissionais de saúde com acesso a
nia, geração, classe social, orientação sexual, identidade de gênero programas de educação permanente que abordem a temática re-
e deficiência. lacionada às relações étnico-raciais, igualdade de gênero e direitos
humanos, promoção da Cultura da Paz e prevenção de todos os ti-
Objetivos Específicos pos de violência.
- Contribuir para o fortalecimento e a implementação integral
das legislações e Políticas Nacional e Distrital de Atenção Integral à EIXO 4
Saúde da Mulheres e das diretrizes do SUS, considerando-se as mu- ENFRENTAMENTO DE TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA
lheres em todas as suas especificidades e diversidades étnico-racial CONTRA AS MULHERES
e de gênero;
- Promover melhorias nas condições de saúde física e mental Objetivo Geral
das mulheres, em todas as fases da sua vida, com a garantia de Estabelecer princípios, diretrizes, projetos e políticas de pre-
acesso à prevenção, à assistência e à recuperação e reabilitação da venção e combate à violência contra as mulheres, assim como de
sua saúde; assistência e garantia de direitos às mulheres em situação de vio-
- Formular e implantar políticas que promovam a qualificação lência, conforme normas e instrumentos internacionais de direitos
e humanização da atenção integral à saúde de meninas e mulheres humanos e legislação nacional e distrital.
na Rede Pública e Privada do DF, visando o enfrentamento das Do-
enças Crônicas Não Transmissíveis e dos Transtornos Mentais; Objetivos Específicos
- Promover os direitos sexuais e os direitos reprodutivos de - Promover a implementação da Lei n. 11.340, de 7 de agosto
todas as mulheres, com a implantação de iniciativas afirmativas e de 2006 – Lei Maria da Penha, garantindo sua plena divulgação, in-
inovadoras, considerando-se as suas características geracionais, de cluindo o tema nos currículos de formação de agentes de seguran-
raça, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, local de mora- ça, de saúde, de educação e de outros profissionais;
dia, trabalho, deficiência e situação de privação de liberdade; - Fortalecer a rede de serviços especializados de atendimento
- Promover o acesso e a assistência às mulheres no planeja- às mulheres em situação de violência e ampliar as parcerias com
mento reprodutivo, no pré-natal, no parto, no puerpério e no acom- instituições que atuam nessa temática.
panhamento da primeira infância, com atendimento adequado, se- - Promover a formulação de políticas públicas de redução da
guro e humanizado; violência de gênero em espaços públicos e privados;
- Propor políticas, programas, projetos e ações que promovam - Promover ações que favoreçam mudança cultural, por meio
a saúde sexual e reprodutiva de meninas no DF, com foco na redu- da disseminação de valores éticos de irrestrito respeito às diversi-
ção do índice de gravidez na adolescência e na prevenção de doen- dades de gênero e valorização da cultura da paz;
ças e infecções sexualmente transmissíveis – DST/IST; - Realizar trabalho de responsabilização reeducação e reflexão
- Promover o acesso de mulheres à atenção humanizada para com autores de violência doméstica contra as mulheres;
a prevenção, o diagnóstico e o tratamento imediato e completo do - Fortalecer a segurança cidadã das mulheres em situação de
câncer, em especial, em relação aos cuidados necessários para o violência e acesso à justiça;
câncer de mama e de colo de útero; - Promover políticas de enfrentamento da exploração sexual e
do tráfico de mulheres;

187
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
- Garantir o atendimento humanizado, integral e qualificado às Metas
mulheres nos serviços especializados e na rede de enfrentamento - Ampliar o número de mulheres em cargos de decisão no âm-
da violência; bito do Governo do Distrito Federal; e
- Garantir o direito à segurança e à integridade física e emocio- - Aumentar o número de mulheres participando da formulação
nal de mulheres em situação de violência doméstica e familiar com e implementação das políticas públicas, por meio da representação
risco iminente de morte, por meio de abrigamento; em Conselhos, Fóruns, Comitês etc.
- Promover campanhas e ações em defesa da Lei Maria da Pe-
nha (Lei n. 11.340/2006); EIXO 6
- Realizar cursos de formação na área de questões de gênero e IGUALDADE PARA AS MULHERES RURAIS
de violência contra as mulheres; e
- Implementar parcerias para atuar na prevenção e no enfrenta- Objetivo Geral
mento da violência de gênero, sem preconceitos e discriminações. Promover o direito das mulheres à vida com qualidade no meio
rural, respeitando suas especificidades e garantindo o acesso a
Metas bens, equipamentos e serviços públicos, em especial no acesso à
- Reduzir os índices de violência contra as mulheres e de femi- terra e ao desenvolvimento rural sustentável.
nicídios;
- Ampliar os serviços especializados de atendimento às mulhe- Objetivos Específicos
res em situação de violência e a capilaridade do atendimento; - Promover o acesso das mulheres rurais às Políticas Públicas,
- Aumentar o número de serviços de abrigamento (Casas Abri- com foco na promoção, na proteção e na garantia dos direitos;
go, Abrigamento Provisório); - Garantir o funcionamento e a participação das Mulheres Ru-
- Articular a priorização do atendimento das mulheres em situ- rais no Fórum Distrital Permanente das Mulheres do Campo e do
ação de violência nos programas de habitação social, inserção no Cerrado;
mundo do trabalho, geração de trabalho e renda, economia solidá- - Promover a valorização e o reconhecimento da contribuição
ria e capacitação profissional; econômica das mulheres rurais, favorecendo sua autonomia socio-
- Incorporar a temática do enfrentamento da violência contra econômica;
as mulheres e a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) nos con- - Aprimorar a organização produtiva das mulheres do campo,
teúdos programáticos de cursos principalmente no processo de for- respeitando suas especificidades culturais e a sustentabilidade am-
mação dos operadores de direito, de gestores e gestoras públicos/ biental;
as e no conteúdo dos concursos públicos; - Fortalecer a agricultura familiar e os agronegócios, por meio
- Construir equipamentos públicos especializados de atendi- da disponibilidade da assistência técnica e extensão rural; e
mento às mulheres e aos autores de violência; e - Fortalecer a cadeia produtiva, prestando apoio à sua organi-
- Ampliar o quantitativo das Casas da Mulher Brasileira. zação, produção e comercialização, viabilizando, também, o acesso
aos recursos naturais e materiais.
EIXO 5
PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER E Metas
DECISÃO - Implantar a Agenda das Mulheres Rurais no DF;
- Realizar 5 reuniões por ano do Fórum Distrital Permanente
Objetivo Geral das Mulheres do Campo e do Cerrado;
Fomentar e fortalecer a participação igualitária, plural e mul- - Ampliar o número de mulheres rurais atendidas por progra-
tirracial das mulheres nos espaços de poder e decisão, por meio da mas nas áreas da assistência social, da saúde, do trabalho, na ga-
promoção de mudanças culturais, legislativas e institucionais que rantia de direitos e na promoção, proteção e prevenção no enfren-
contribuam para a construção de valores e atitudes equânimes e tamento à violência;
democráticas na implementação de políticas de igualdade de gê- - Aumentar o número de mulheres com acesso a programas de
nero. organização produtiva e de agronegócios, em especial, para aquelas
que vivem em contexto de vulnerabilidade social, notadamente nas
Objetivos Específicos periferias urbanas para o desenvolvimento de sua autonomia eco-
- Promover a criação, a revisão e a implementação de políticas, nômica e o empreendedorismo rural; e
programas, projetos e ações, legislação e demais instrumentos nor- - Ampliar o número de mulheres rurais atendidas em progra-
mativos, com vistas à promoção da igualdade de gênero e à amplia- mas de geração de renda, para promover a comercialização da
ção de oportunidades para as mulheres na ocupação de posições produção, viabilizando o acesso ao crédito e a sua participação em
de decisão nas instituições governamentais e não governamentais; feiras permanentes e em eventos.
- Promover estratégias para a ampliação da participação das
mulheres nos espaços de poder e decisão e garantir a sua participa- EIXO 7
ção político-partidária; CULTURA, ESPORTE, COMUNICAÇÃO E MÍDIA
- Garantir a participação das mulheres no controle social das
políticas públicas, especialmente por meio do fortalecimento do Objetivo Geral
Conselho dos Direitos da Mulher do DF – CDM; Ampliar e promover a participação das mulheres na vida cul-
- Promover a formação de lideranças femininas, por meio da tural e no exercício do esporte, do lazer, da comunicação e da mí-
oferta de programas e incentivo à participação de meninas e mu- dia, observando-se as dimensões de raça, etnia, orientação sexual,
lheres em conselhos e grupos organizados; e identidade de gênero, local de moradia, trabalho, classe social, de-
- Promover a participação das mulheres no planejamento ur- ficiência e geracional das mulheres.
bano das cidades.

188
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
Objetivos Específicos - Realizar campanha de promoção da igualdade de acesso, de
- Promover a participação das mulheres na vida cultural, me- permanência e de ascensão das mulheres negras, lésbicas e transe-
diante o acesso aos meios de produção, aos eventos, aos acervos xuais nas instituições públicas e privadas;
de bibliotecas, às universidades, observando-se sempre suas espe- - Aumentar a disponibilização de financiamento por meio de
cificidades; microcrédito para população negra, mulheres e LGBTs; e
- Promover a inserção das mulheres em ações educativas de - Implementar o Plano Distrital de Promoção da Igualdade Ra-
esporte e lazer, orientadas para inclusão social e para cidadania; cial.
- Ampliar a participação das mulheres nas diferentes modali-
dades esportivas, a fim de promover a valorização feminina e os Metas
referenciais de igualdade de gênero; - Aumentar a inserção das mulheres negras e LGBTs no mer-
- Combater os estereótipos femininos em campanhas publicitá- cado de trabalho, promovendo-se a igualdade de oportunidades;
rias, por meio de debates e espaços de discussão; - Implementar o Plano de Capacitação em Direitos Humanos
- Promover o protagonismo feminino, ampliando as formas de para servidores públicos do DF;
inserção e de acesso aos meios de comunicação e à mídia; e - Ampliar o oferecimento de cursos que contribuam para valo-
- Promover o acesso de mulheres à produção artística e cultural rização da diversidade e para a superação do racismo, do sexismo,
e realizar a divulgação, incentivando a valorização e a difusão dos da lesbofobia e da transfobia; e
trabalhos produzidos pelas mulheres. - Realizar pesquisas relacionadas à temática de gênero e diver-
sidade.
Metas
- Realizar ações educativas que favoreçam a participação das EIXO 9
mulheres em espaços públicos e em eventos culturais e esportivos; IGUALDADE PARA AS MULHERES JOVENS, MULHERES
- Aumentar o número de vagas em eventos esportivos e de la- IDOSAS E MULHERES COM DEFICIÊNCIA
zer para as mulheres do DF;
- Aumentar o número de mulheres com acesso a programas de Objetivo Geral
formação para a produção artística e cultural; Promover a igualdade de direitos e de oportunidades para mu-
- Elaborar plano de comunicação e mídia, voltado para as polí- lheres jovens, mulheres idosas e mulheres com deficiência.
ticas de gênero; e
- Divulgar periodicamente os dados do Observatório da Mulher, Objetivos Específicos
como meio de promover a comunicação e a mídia. - Contribuir para a implementação da Política Distrital de Aten-
ção ao Jovem, ao Idoso e às Pessoas com Deficiência, com a incor-
EIXO 8 poração do recorte de gênero nos programas, projetos e ações por
ENFRENTAMENTO DO RACISMO, SEXISMO, LESBOFOBIA E elas articuladas;
TRANSFOBIA - Garantir a igualdade de direitos e oportunidades no acesso,
na permanência e na promoção das jovens, das idosas e das mulhe-
Objetivo Geral res com deficiência no mercado de trabalho;
Instituir políticas, programas e ações de enfrentamento do ra- - Fortalecer ações de promoção da autonomia das mulheres
cismo, do sexismo, da lesbofobia e da transfobia, a fim de garantir a jovens e idosas, considerando-se as suas especificidades e diversi-
equidade, por intermédio da incorporação da perspectiva de raça, dades;
etnia e orientação sexual nas políticas direcionadas às mulheres. - Fortalecer ações de promoção da autonomia das mulheres
com deficiência, considerando-se as suas especificidades e diversi-
Objetivos Específicos dades, com especial atenção ao que se refere à acessibilidade, ao
- Favorecer a promoção das mulheres, considerando sua diver- acesso ao mercado de trabalho, à educação especial e ao enfrenta-
sidade com foco na superação das desigualdades baseadas no ra- mento da violência;
cismo, no sexismo, na orientação sexual e na identidade de gênero; - Favorecer o acesso das mulheres jovens ao primeiro emprego;
- Fomentar a produção e difusão de conhecimentos sobre a e
dimensão ideológica do racismo, do sexismo, da lesbofobia e da - Incentivar e fortalecer a inclusão das mulheres no sistema
transfobia sobre todas as formas de discriminação e preconceito previdenciário, especialmente as rurais e as idosas.
contra as mulheres, em especial a misoginia e a heteronormativi-
dade; Metas
- Contribuir para a superação da violência contra as mulheres - Diminuir as formas de violência e de discriminação contra
e da violência institucional, decorrente do racismo, do sexismo, da meninas, mulheres jovens, idosas e mulheres com deficiência, por
lesbofobia e da transfobia e de todas as formas de preconceito e meio de garantia de acesso aos equipamentos públicos, programas
discriminação; e projetos governamentais;
- Instituir ações para superação do racismo institucional contra - Aumentar o acesso de mulheres jovens, idosas e com defici-
mulheres, garantindo o acesso equânime aos diferentes serviços e ência ao mercado de trabalho;
às políticas públicas; - Ampliar o oferecimento de cursos de formação profissional,
- Implantar a Rota da Diversidade do DF; visando à absorção das mulheres jovens, idosas e com deficiência
- Realizar encontros, seminário e espaços para debates e dis- ao mundo do trabalho;
cussão programática do enfrentamento do racismo, do sexismo, da - Incluir as especificidades das mulheres jovens, idosas e com
lesbofobia e da transfobia; deficiência nas políticas públicas direcionadas às mulheres;

189
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
- Aumentar a produção e publicação de estudos, pesquisas, ______________________________________________________
dados e indicadores sobre igualdade de gênero, mulheres jovens,
idosas e com deficiência; e ______________________________________________________
- Ampliar a permanência das meninas e mulheres jovens na
______________________________________________________
educação formal, para evitar a evasão escolar, em especial para as
negras, as trabalhadoras rurais, as quilombolas, as indígenas, as lés- ______________________________________________________
bicas, as mulheres com deficiência e as adolescentes que estejam
cumprindo medidas socioeducativas. ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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______________________________________________________ ______________________________________________________

190
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA

• Periféricos de entrada mais comuns.


CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS AO USO DE para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
INFORMÁTICA NO AMBIENTE DE ESCRITÓRIO – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
para uso no computador;
Hardware – O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu- putador.
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi-
do, monitor, scanner, etc. • Periféricos de saída populares mais comuns
– Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
Software – Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- rial físico;
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas – Fones de ouvido.
em linguagem de máquina e executadas por computador.
O software pode ser categorizado em dois tipos: Sistema Operacional
– Software de sistema operacional O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
– Software de aplicativos em geral namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
• Software de sistema operacional como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de • Aplicativos e Ferramentas
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo- São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
ws, Linux, Unix , Solaris etc. fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
• Software de aplicação
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para
APLICATIVOS E USO DE FERRAMENTAS NA INTERNET
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati-
E(OU) INTRANET
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc.

Para não esquecer: Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
HARDWARE É a parte física do computador Exemplos: casa, escritório, etc.
São os programas no computador (de
SOFTWARE
funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.

Tipos:

PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA

191
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem- • Sites
plo. Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde
o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento
qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns


dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Micro-


soft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador sim-
plificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que
Navegação e navegadores da Internet protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um en-
• Internet dereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção www.gov.br/pt-br/
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co- – Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No
municam. exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
• Procedimentos de Internet e intranet – Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas – Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como:
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa- imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down- outras.
load), etc.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da inter-
net muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos
que possibilitam ricas experiências para os usuários.

192
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

193
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7 1 Botão Voltar uma página
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 2 Botão avançar uma página
8
detalhar adiante)
Mostra menu de contexto com várias op- 3 Botão atualizar a página
9
ções
4 Barra de Endereço.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 5 Adicionar Favoritos
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado 6 Usuário Atual
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa-
Exibe um menu de contexto que iremos relatar
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- 7
seguir.
dos seguros após o uso.
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
Google Chrome
dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-
pronto.
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
das por concorrentes.
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Vejamos:
Para removê-lo, basta clicar em excluir.
• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

194
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
• Histórico • Sincronização
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, rão disponíveis na sua conta Google.
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Por exemplo:
dia a dia se preferir. – Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras Safari


Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes- ções implementadas.
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

195
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

196
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
• Histórico e Favoritos
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co-
nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria
das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.


com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
não enviadas;
• Pesquisar palavras – E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em e-mails que foram enviados;
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o – Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po- nou de redigir;
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado. – Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

• Salvando Textos e Imagens da Internet Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão – Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. rio do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
• Downloads sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al- destinatários envolvidos;
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). – CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
progresso e os downloads concluídos. mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;

197
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, Computação de nuvem (Cloud Computing)
programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem. • Conceito de Nuvem (Cloud)

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra-
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria-
ção de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas- ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
tante parecidas. mandas de usuários e empresas.

• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado; A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuá-
extremo dando muitas voltas; rios e às empresas.
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto A computação em nuvem permite que os consumidores alu-
de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser-
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas
• Anexação de arquivos usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec-
tado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em
um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro-
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas
de TI, Telecomunicações.

• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.

198
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim-
ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez
que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces-
sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
Drive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das
empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem
relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características • Iniciando um novo documento
que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos
de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais
como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
vem que podem ser contratados.

SOFTWARES DO PACOTE MICROSOFT OFFICE (WORD E


EXCEL) E SUAS FUNCIONALIDADES

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para com a margem
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Alinhamento à direita Ctrl + G
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum: Centralizar o texto Ctrl + E

Word Alinhamento à esquerda Ctrl + Q


O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos • Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
então apresentar suas principais funcionalidades. Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
• Área de trabalho do Word de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
com a necessidade. máticos.

199
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO – Planilha de custos.

Tipo de letra Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
tomaticamente.

Tamanho • Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
Aumenta / diminui tamanho pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
Recursos automáticos de caixa-altas entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos: – Podemos também ter o intervalo A1..B3

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
- Mudar cor de
Página inicial Fundo
- Mudar cor do
texto – Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.
- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens • Formatação células

Verificação e cor-
Revisão
reção ortográfica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;

200
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
• Fórmulas básicas Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo
tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, ti-
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) pos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
• Fórmulas de comum interesse trabalho com o programa.

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro


slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
uma posição para outra utilizando o mouse.

201
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas destaque de uma determinada área durante a apresentação;
para passagem entre elementos das apresentações. – No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando • Atualizações no Word
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. – No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade a digitação de equações.
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le-
vando a experiência dos usuários a outro nível. • Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
Office 2013 riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível questão do compartilhamento dos arquivos.
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen- • Atualizações no PowerPoint
tos com telas simples funciona normalmente. – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po- além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart- tão do compartilhamento dos arquivos;
fones diversos. – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.
• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários Office 2019
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen); O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura; veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como • Atualizações no Word
editar PDF(s). – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;
• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;

202
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
• Atualizações no Excel sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como Word, Excel e PowerPoint.
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir. Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

203
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA

SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS

WINDOWS 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. Área de trabalho do Windows 7

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


vos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Área de transferência
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, A área de transferência é muito importante e funciona em se-
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
da pasta ou arquivo propriamente dito. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.

204
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Backup e Restore
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência. Interação com o conjunto de aplicativos
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
Manipulação de arquivos e pastas tendermos melhor as funções categorizadas.
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos Facilidades
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Programas e aplicativos
• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura

205
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA

WINDOWS 8

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

206
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
Arquivos e atalhos Manipulação de arquivos e pastas
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, tas, criar atalhos etc.
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Uso dos menus

Programas e aplicativos
Área de trabalho do Windows 8

Área de transferência Interação com o conjunto de aplicativos


A área de transferência é muito importante e funciona em se- Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tendermos melhor as funções categorizadas.
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, Facilidades
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

207
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-
turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
Jogos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Temos também jogos anexados ao Windows 8. Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

208
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA

Área de trabalho

Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
Programas e aplicativos e interação com o usuário
Manipulação de arquivos e pastas Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e tendermos melhor as funções categorizadas.
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos – Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
tas, criar atalhos etc. excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

209
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
– Ferramentas do sistema Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró- dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

ROTINAS DE BACKUP E PREVENÇÃO DE VÍRUS

Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro dis-


positivo de armazenamento como HD externo, armazenamento na
• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor- nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados
tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou ou-
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi- tros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)1.
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza Backups são extremamente importantes, pois permitem2:
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com • Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez. sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atua-
lização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou substitui-
ção acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e
furto/perda de dispositivos.
• Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão
antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um tex-
to editado ou a imagem original de uma foto manipulada.

Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de ba-


ckup e recuperação integradas e também há a opção de instalar
programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramen-
tas, basta que você tome algumas decisões, como:
• Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como CD,
DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo)
ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A escolha de-
pende do programa de backup que está sendo usado e de ques-
tões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade.
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im- Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes- dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemen-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có- te modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para
pia de segurança. grandes volumes que devam perdurar.
• Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que
tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de
programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam
ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar
espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Mui-
tos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios
recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar suas próprias
listas.
• Com que periodicidade realizar: depende da frequência com
que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos frequente-
mente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que
Inicialização e finalização aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou
mensalmente.

Tipos de backup
• Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos,
independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de
dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos
copiados.

1 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-backup/
2 https://cartilha.cert.br/mecanismos/

210
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
• Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e al- – Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con-
terados desde o último backup completo (normal) ou incremental, teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e – Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto,
ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup. ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran-
Ele marca os arquivos copiados. ça da informação.
• Backups diferenciais: da mesma forma que o backup incre-
mental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou alterados Tipos de ataques
desde o último backup completo (normal), mas isso pode variar em Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles5:
diferentes programas de backup. Juntos, um backup completo e – Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar
um backup diferencial incluem todos os arquivos no computador, de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
alterados e inalterados. No entanto, a diferença deste para o incre- passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses-
mental é que cada backup diferencial mapeia as modificações em são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera-
relação ao último backup completo. Ele é mais seguro na manipula- ção, fraude, reprodução, bloqueio).
ção de dados. Ele não marca os arquivos copiados. – Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole-
• Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema,
ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da
dia e que raramente são alterados. máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep-
tação, monitoramento, análise de pacotes).
ROTINAS DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E Política de Segurança da Informação
RECUPERAÇÃO DE ARQUIVOS Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança
da organização através de regras de alto nível que representam os
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com
de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti-
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi- co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter
zação3. a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma cor- para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
poração, sendo também fundamentais para as atividades do negó- • Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos
cio. recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata- de formação e periodicidade de troca.
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, • Política de backup: define as regras sobre a realização de có-
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro- pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten-
blemas. ção e frequência de execução.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares4: • Política de privacidade: define como são tratadas as infor-
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí- mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
vel somente a pessoas autorizadas. • Política de confidencialidade: define como são tratadas as
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, a terceiros.
de modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, Mecanismos de segurança
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni-
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto- o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada. Ele pode ser aplicado de duas formas:
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
nal da área trabalha no dia a dia. qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
uma delas. de encriptação, que transformam as informações em códigos que
terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança
da informação, ainda que sem intenção Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser
explorada por uma ameaça.

3 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/ 5 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-
4 https://bit.ly/2E5beRr -informacao/

211
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação6.

Tem duas maneiras de criptografar informações:


• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequên-
cia de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.7

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser8.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.
6 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
7 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
8 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

212
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
Códigos maliciosos (Malware) – Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
em um computador9. Algumas das diversas formas como os códigos compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre ou-
maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são: tros).
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos progra- – Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para
mas instalados; celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usuá-
pen-drives; rio permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa.
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegado-
res vulneráveis; Worm
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o compu- Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen-
tador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos; te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos computador.
em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu-
páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas
compartilhamento de recursos). sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto-
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em
Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso computadores.
aos dados armazenados no computador e podem executar ações Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos
em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usuá- recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que
rio. costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem-
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver penho de redes e a utilização de computadores.
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens fi-
nanceiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de au- Bot e botnet
topromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação
muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente.
de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou
detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne-
Spam, respectivamente). rabilidades existentes em programas instalados em computadores.
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ma- A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo
liciosos existentes. bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo
P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
Vírus instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des-
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam.
normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes- Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de
mo e se tornando parte de outros programas e arquivos. zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente,
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de
de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
preciso que um programa já infectado seja executado. Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com-
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e executadas pelos bots.
começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atual- Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela
mente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios
meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente, ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que
pelo uso de pen-drives. desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul- Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi- por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta
inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em de informações de um grande número de computadores, envio de
datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são: spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro-
– Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane- xies instalados nos zumbis).
xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre
este arquivo, fazendo com que seja executado. Spyware
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS- Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida-
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros.
e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de-
escrito em formato HTML. pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de
informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as
informações coletadas. Pode ser considerado de uso:

9 https://cartilha.cert.br/malware/

213
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
– Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo Ransomware
próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri- Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí-
ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan-
autorizado. do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
– Malicioso: quando executa ações que podem comprometer restabelecer o acesso ao usuário10.
a privacidade do usuário e a segurança do computador, como mo- O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.
nitorar e capturar informações referentes à navegação do usuário Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta de usuário sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que
e senha). induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades
Alguns tipos específicos de programas spyware são: em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de
– Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas segurança.
pelo usuário no teclado do computador.
– Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po- Antivírus
sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em O antivírus é um software de proteção do computador que eli-
que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi-
mouse é clicado. car o computador.
– Adware: projetado especificamente para apresentar propa- O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có-
gandas. pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados.
O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa-
Backdoor drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em
Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com
a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro-
criados ou modificados para este fim. vidência.
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro-
tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes, cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos
que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados os dias são criados vírus novos.
no computador para invadi-lo. Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu- usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail
turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces- ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou
sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova- mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma
mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção contaminação.
e, na maioria dos casos, sem que seja notado. Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze-
namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de-
Cavalo de troia (Trojan) vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa-
além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje- gas. Entre as principais estão:
tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e – Avast;
sem o conhecimento do usuário. – AVG;
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém – Norton;
de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani- – Avira;
mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros. – Kaspersky;
Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne- – McAffe.
cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
no computador. Filtro anti-spam
Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici-
invadirem um computador, alteram programas já existentes para tados, que geralmente são enviados para um grande número de
que, além de continuarem a desempenhar as funções originais, pessoas.
também executem ações maliciosas. Spam zombies são computadores de usuários finais que foram
comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms,
Rootkit bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins-
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má-
malicioso em um computador comprometido. quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in- identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam
vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri- zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o
vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados anonimato que tanto os protege.
na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese-
dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa- jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail.
dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili-
zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem
ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis-
mos de proteção.

10 https://cartilha.cert.br/ransomware/

214
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
Anti-malwares 6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos
Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa- tos associados à Internet, julgue o próximo item.
dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
de ferramentas deste tipo. net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
QUESTÕES Youtube (http://www.youtube.com).
( ) Certo
( ) Errado
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as 7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a
versões em papel para o formato digital, é denominado execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar
(A) joystick. danos ao computador do usuário.
(B) plotter. ( ) Certo
(C) scanner. ( ) Errado
(D) webcam.
(E) pendrive. 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um cia de vírus.
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou adotado no exemplo acima.
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna- (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou ao administrador de rede.
adicionada para resolver o problema constatado por João. (B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
(A) Placa de som de vírus.
(B) Placa de fax modem (C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(C) Placa usb (D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
(D) Placa de captura toramento.
(E) Placa de vídeo (E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
analisá-lo posteriormente.
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída 9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
um exemplo de periférico somente de entrada. são para processadores de 64 bits.
(A) Monitor ( ) Certo
(B) Impressora ( ) Errado
(C) Caixa de som
(D) Headphone 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
(E) Mouse Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
uma versão oficial do Microsoft Windows
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- (A) Windows 7
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- (B) Windows 10
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (C) Windows 8.1
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (D) Windows 9
reço válido na Internet é: (E) Windows Server 2012
(A) http:@site.com.br
(B) HTML:site.estado.gov 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
(C) html://www.mundo.com Windows:
(D) https://meusite.org.br (A) Windows Gold.
(E) www.#social.*site.com (B) Windows 8.
(C) Windows 7.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- (D) Windows XP.
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
presencial, chamamos esse serviço de: Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(A) Computação On-Line. cuta?
(B) Computação na nuvem. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(C) Computação em Tempo Real. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(D) Computação em Block Time. (C) Capturar uma janela inteira
(E) Computação Visual (D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica

215
NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA
13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, 19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
assinale a alternativa INCORRETA: 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos cativo.
pela Microsoft. A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
pre visível ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits.
( ) Certo
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi- ( ) Errado
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora. 20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
( ) Certo noros à apresentação em elaboração.
( ) Errado ( ) Certo
( ) Errado
15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
um diretório, arquivos ou subdiretórios é o GABARITO
(A) init 0.
(B) init 6.
(C) exit 1 C
(D) ls.
(E) cd. 2 E
3 E
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas 4 D
( ) Certo 5 B
( ) Errado
6 ERRADO
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 7 CERTO
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô- 8 C
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 9 CERTO
meros e letras. 10 D
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 11 A
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é 12 B
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
13 D
que o Excel.
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 14 CERTO
gens de correio eletrônico. 15 D
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web. 16 CERTO
17 A
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági- 18 D
na Inicial” do Word 2010. 19 CERTO
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento. 20 CERTO
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto
ANOTAÇÕES

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216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente Comunitário de Saúde (ACS)

SEÇÃO III
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA DAS POLÍTICAS VOLTADAS À SAÚDE DE SEGMENTOS
POPULACIONAIS
PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 2, DE 28 DE SETEMBRO DE
2017 Art. 4º São políticas voltadas à saúde de segmentos popula-
cionais:
Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saú- I - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
de do Sistema Único de Saúde. (PNAISC), na forma do Anexo X;
II - Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Ado-
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde;
lhe confere o art. 87, parágrafo único, incisos I e II, da Constituição, III - Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, na forma do
resolve: Anexo XI;
IV - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres
Art. 1º As políticas nacionais de saúde do Sistema Único de (PNAISM);
Saúde (SUS) obedecerão ao disposto nesta Portaria. V - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem,
na forma do Anexo XII;
CAPÍTULO I VI - Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, na
DAS POLÍTICAS DE SAÚDE forma do Anexo XIII;
VII - Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas,
SEÇÃO I na forma do Anexo XIV;
DAS POLÍTICAS GERAIS DE PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E VIII - Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalha-
RECUPERAÇÃO DA SAÚDE dora, na forma do Anexo XV;
IX - Política Nacional para a População em Situação de Rua,
Art. 2º São políticas gerais de promoção, proteção e recupera- instituída pelo Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, na
ção da Saúde: forma do Anexo XVI;
I - Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), na forma X - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescen-
do Anexo I; tes em Conflito com a Lei, em Regime de Internação e Internação
II - Política Nacional de Vigilância em Saúde; Provisória, na forma do Anexo XVII;
III - Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderiva- XI - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pesso-
dos, instituída pela Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001; as Privadas de Liberdade no Sistema Prisional no Âmbito do SUS
IV - Política de Saúde Mental, instituída pela Lei nº 10.216, de (PNAISP), instituída pela Portaria Interministerial MS- MJ nº 1, de 2
6 de abril de 2001, na forma do Anexo II; de janeiro de 2014, na forma do Anexo XVIII.
V - Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), na for-
ma do Anexo III; SEÇÃO IV
VI - Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, ins- DAS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA EQUIDADE EM SAÚDE
tituída pelo Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, na forma do
Anexo IV; Art. 5º São políticas de promoção da equidade em saúde:
VII - Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS- I - Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, na
-SUS), na forma do Anexo V. forma do Anexo XIX;
II - Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Cam-
SEÇÃO II po, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), na forma do Anexo XX;
DAS POLÍTICAS DE CONTROLE DE DOENÇAS E III - Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bisse-
ENFRENTAMENTO DE AGRAVOS DE SAÚDE xuais, Travestis e Transexuais, na forma do Anexo XXI.
IV - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Povo Ciga-
Art. 3º São políticas de controle de doenças e enfrentamento no/Romani, na forma do Anexo XXI-A. (Incluído pela PRT n° 4.384
de agravos de saúde: GM/MS n° 31.12.2018)
I - Diretrizes para Vigilância, Atenção e Eliminação da Hansení-
ase como Problema de Saúde Pública, na forma do Anexo VI;
II - Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Aci-
dentes e Violência, na forma do Anexo VII;
III - Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, na forma
do Anexo VIII;
IV - Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer
(PNPCC), na forma do Anexo IX.

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO II II - Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, na
DAS POLÍTICAS DE ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE forma do Anexo XL;
III - Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saú-
SEÇÃO I de, aprovada na 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e
DAS POLÍTICAS GERAIS DE ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À Inovação em Saúde, realizada em 2004, e na 147ª Reunião Ordiná-
SAÚDE ria do Conselho Nacional de Saúde, realizada em 6 e 7 de outubro
de 2004;
Art. 6º São políticas gerais de organização da atenção à saúde: IV - Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde, na
I - Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), na forma do forma do Anexo XLI;
Anexo XXII; V - Política Nacional de Informação e Informática em Saúde
II - Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente), institu- (PNIIS), na forma do Anexo XLII.
ída por pactuação da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), de 12
de fevereiro de 2004; CAPÍTULO IV
III - Política Nacional para os Hospitais de Pequeno Porte, na DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
forma do Anexo XXIII;
IV - Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), na for- Art. 9º Ficam revogadas, por consolidação, as seguintes nor-
ma do Anexo XXIV; mas:
V - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares I - Portaria nº 2446/GM/MS, de 11 de novembro de 2014, pu-
(PNPIC), na forma do Anexo XXV; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 13 de novembro de
VI - Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde, 2014, p. 68;
na forma do Anexo XXVI; II - Portaria nº 227/GM/MS, de 19 de fevereiro de 2016, pu-
VII - Política Nacional de Medicamentos (PNM), na forma do blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de fevereiro de
Anexo XXVII; 2016, p. 25;
VIII - Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), ins- III - Portaria nº 3796/GM/MS, de 6 de dezembro de 2010, pu-
tituída pela Resolução CNS nº 338, de 6 de maio de 2004, na forma blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 8 de dezembro de
do Anexo XXVIII. 2010, p. 43;
IV - Portaria nº 1608/GM/MS, de 3 de agosto de 2004, publica-
SEÇÃO II da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4 de agosto de 2004, p. 28;
DAS POLÍTICAS DE ATENÇÃO A AGRAVOS ESPECÍFICOS V - Portaria nº 2715/GM/MS, de 17 de novembro de 2011, pu-
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18 de novembro de
Art. 7º São políticas de atenção a agravos específicos: 2011, p. 89;
I - Política de Atenção à Saúde das Pessoas com Transtornos VI - Portaria nº 1920/GM/MS, de 5 de setembro de 2013, pu-
do Espectro do Autismo no âmbito da Política Nacional de Proteção blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6 de setembro de
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, insti- 2013, p. 64;
tuída pela Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, na forma do VII - Portaria nº 2193/GM/MS, de 14 de setembro de 2006, pu-
Anexo XXIX; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15 de setembro de
II - Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Hu- 2006, p. 47;
mana Assistida, na forma do Anexo XXX; VIII - Portaria nº 2415/GM/MS, de 12 de dezembro de 1996,
III - Política Nacional de Atenção Cardiovascular de Alta Com- publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 19 de dezembro
plexidade, na forma do Anexo XXXI; de 1996, p. 96;
IV - Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neu- IX - Portaria nº 1793/GM/MS, de 11 de agosto de 2009, publi-
rológica, na forma do Anexo XXXII; cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 12 de agosto de 2009,
V - Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, p. 88;
na forma do Anexo XXXIII; X - Portaria nº 1102/GM/MS, de 12 de maio de 2010, publicada
VI - Política Nacional de Atenção de Alta Complexidade em no Diário Oficial da União, Seção 1, de 13 de maio de 2010, p. 59;
Traumato-Ortopedia, na forma do Anexo XXXIV; XI - Portaria nº 2761/GM/MS, de 19 de novembro de 2013, pu-
VII - Política Nacional de Atenção em Oftalmologia (PNAO), na blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 20 de novembro de
forma do Anexo XXXV; 2013, p. 62;
VIII - Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Do- XII - Portaria nº 1256/GM/MS, de 17 de junho de 2009, publi-
ença Falciforme e outras Hemoglobinopatias, na forma do Anexo cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18 de junho de 2009,
XXXVI; p. 41;
IX - Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica, XIII - Portaria nº 149/GM/MS, de 3 de fevereiro de 2016, publi-
na forma do Anexo XXXVII; cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4 de fevereiro de 2016,
X - Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doen- p. 45;
ças Raras, na forma do Anexo XXXVIII. XIV - Portaria nº 737/GM/MS, de 16 de maio de 2001, publica-
da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18 de maio de 2001, p. 3;
CAPÍTULO III XV - Portaria nº 1876/GM/MS, de 14 de agosto de 2006, publi-
DAS POLÍTICAS DE ORGANIZAÇÃO DO SUS cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15 de agosto de 2006,
p. 65;
Art. 8º São políticas de organização do Sistema Único de Saúde XVI - Portaria nº 874/GM/MS, de 16 de maio de 2013, publi-
(SUS): cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de maio de 2013,
I - Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa (Parti- p. 129;
cipaSUS), na forma do Anexo XXXIX;

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XVII - Portaria nº 1472/GM/MS, de 24 de junho de 2011, publi- XXXIX - Portaria nº 123/GM/MS, de 25 de janeiro de 2012,
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27 de junho de 2011, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 26 de janeiro de
p. 119; 2012, p. 48;
XVIII - Portaria nº 558/GM/MS, de 24 de março de 2011, publi- XL - Portaria nº 3305/GM/MS, de 24 de dezembro de 2009, pu-
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 25 de março de 2011, blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 28 de dezembro de
p. 83; 2009, p. 28;
XIX - Portaria nº 876/GM/MS, de 16 de maio de 2013, publi- XLI - Portaria nº 1082/GM/MS, de 23 de maio de 2014, publica-
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de maio de 2013, da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 26 de maio de 2014, p. 60;
p. 135; XLII - arts. 3º a 6º da Portaria nº 1083/GM/MS, de 23 de maio
XX - Portaria nº 1130/GM/MS, de 5 de agosto de 2015, publica- de 2014, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 26 de
da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6 de agosto de 2015, p. 37; maio de 2014, p. 62;
XXI - Portaria nº 1968/GM/MS, de 25 de outubro de 2001, pu- XLIII - arts. 1º a 3º, 6º, 8º, 9º e 13 da Portaria nº 482/GM/MS,
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 26 de outubro de de 1 de abril de 2014, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1,
2001, p. 86; de 2 de abril de 2014, p. 48;
XXII - Portaria nº 1683/GM/MS, de 12 de julho de 2007, publi- XLIV - Portaria nº 2613/GM/MS, de 19 de novembro de 2012,
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 13 de julho de 2007, p. publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 20 de novembro
84; de 2012, p. 25;
XXIII - arts. 4º a 12, 15 e 16 da Portaria nº 1153/GM/MS, de 22 XLV - Portaria nº 94/GM/MS, de 14 de janeiro de 2014, publi-
de maio de 2014, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15 de janeiro de 2014,
28 de maio de 2014, p. 43; p. 37;
XXIV - Portaria nº 1058/GM/MS, de 4 de julho de 2005, publica- XLVI - Portaria nº 992/GM/MS, de 13 de maio de 2009, publica-
da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 5 de julho de 2005, p. 41; da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 14 de maio de 2009, p. 31;
XXV - Portaria nº 964/GM/MS, de 23 de junho de 2005, publi- XLVII - art. 1º da Portaria nº 2629/GM/MS, de 27 de novembro
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de junho de 2005, de 2014, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 28 de
p. 74; novembro de 2014, p. 131;
XXVI - Portaria nº 1258/GM/MS, de 28 de junho de 2004, pu- XLVIII - Portaria nº 1063/GM/MS, de 23 de julho de 2015, pu-
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 29 de junho de 2004, blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de julho de 2015,
p. 27; p. 39;
XXVII - Portaria nº 2261/GM/MS, de 23 de novembro de 2005, XLIX - Portaria nº 2866/GM/MS, de 2 de dezembro de 2011,
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de novembro publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 5 de dezembro de
de 2005, p. 70; 2011, p. 93;
XXVIII - Portaria nº 2528/GM/MS, de 19 de outubro de 2006, L - Portaria nº 3071/GM/MS, de 27 de dezembro de 2012, pu-
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 20 de outubro de blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 28 de dezembro de
2006, p. 142; 2012, p. 109;
XXIX - Portaria nº 280/GM/MS, de 7 de abril de 1999, publicada LI - Portaria nº 2836/GM/MS, de 1 de dezembro de 2011, pu-
no Diário Oficial da União, Seção 1, de 8 de abril de 1999, p. 14; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 2 de dezembro de
XXX - Portaria nº 1944/GM/MS, de 27 de agosto de 2009, publi- 2011, p. 35;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 28 de agosto de 2009, LII - Portaria nº 2837/GM/MS, de 1 de dezembro de 2011, pu-
p. 61; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 2 de dezembro de
XXXI - Portaria nº 1060/GM/MS, de 5 de junho de 2002, publi- 2011, p. 36;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 10 de junho de 2002, LIII - arts. 1º a 12, 15 e 16 da Portaria nº 2803/GM/MS, de 19
p. 21; de novembro de 2013, publicada no Diário Oficial da União, Seção
XXXII - Portaria nº 254/GM/MS, de 31 de janeiro de 2002, pu- 1, de 21 de novembro de 2013, p. 25;
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6 de fevereiro de LIV - Portaria nº 2436/GM/MS, de 21 de setembro de 2017,
2002, p. 46; publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de setembro
XXXIII - Portaria nº 70/GM/MS, de 20 de janeiro de 2004, publi- de 2017, p. 68;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de janeiro de 2004, LV - Portaria nº 2887/GM/MS, de 20 de dezembro de 2012, pu-
p. 54; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21 de dezembro de
XXXIV - Portaria nº 2759/GM/MS, de 25 de outubro de 2007, 2012, p. 747;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 26 de outubro de LVI - Portaria nº 3124/GM/MS, de 28 de dezembro de 2012,
2007, p. 60; publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de dezembro
XXXV - Portaria nº 69/GM/MS, de 20 de janeiro de 2004, publi- de 2012, p. 223;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de janeiro de 2004, LVII - Portaria nº 837/GM/MS, de 9 de maio de 2014, publicada
p. 54; no Diário Oficial da União, Seção 1, de 12 de maio de 2014, p. 24;
XXXVI - Portaria nº 645/GM/MS, de 27 de março de 2006, pu- LVIII - Portaria nº 1591/GM/MS, de 23 de julho de 2012, publi-
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 29 de março de 2006, cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de julho de 2012, p.
p. 70; 31;
XXXVII - Portaria nº 1823/GM/MS, de 23 de agosto de 2012, LIX - Portaria nº 1377/GM/MS, de 13 de junho de 2011, publi-
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de agosto de cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 14 de junho de 2011,
2012, p. 46; p. 45;
XXXVIII - arts. 1º a 7º, 9º a 11 da Portaria nº 122/GM/MS, de 25 LX - Portaria nº 3147/GM/MS, de 28 de dezembro de 2012, pu-
de janeiro de 2012, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de dezembro de
26 de janeiro de 2012, p. 46; 2012, p. 231;

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
LXI - Portaria nº 1007/GM/MS, de 4 de maio de 2010, publicada LXXXIII - Portaria nº 1652/GM/MS, de 11 de agosto de 2004,
no Diário Oficial da União, Seção 1, de 5 de maio de 2010, p. 36; publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 12 de agosto de
LXII - Portaria nº 3238/GM/MS, de 18 de dezembro de 2009, 2004, p. 52;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23 de dezembro LXXXIV - Portaria nº 834/GM/MS, de 14 de maio de 2013, pu-
de 2009, p. 61; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15 de maio de 2013,
LXIII - Portaria nº 1044/GM/MS, de 1 de junho de 2004, publi- p. 34;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 2 de junho de 2004, p. LXXXV - Portaria nº 2928/GM/MS, de 12 de dezembro de 2011,
42; publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 13 de dezembro
LXIV - Portaria nº 852/GM/MS, de 7 de junho de 2005, publi- de 2011, p. 65;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 10 de junho de 2005, LXXXVI - arts. 1º, 2º, 5º a 13, 15 a 17 da Portaria nº 1555/GM/
p. 72; MS, de 30 de julho de 2013, publicada no Diário Oficial da União,
LXV - Portaria nº 1955/GM/MS, de 23 de agosto de 2006, publi- Seção 1, de 31 de julho de 2013, p. 71;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de agosto de 2006, LXXXVII - arts. 1º a 17, 22 a 65, 80 a 84 da Portaria nº 1554/GM/
p. 80; MS, de 30 de julho de 2013, publicada no Diário Oficial da União,
LXVI - Portaria nº 3390/GM/MS, de 30 de dezembro de 2013, Seção 1, de 31 de julho de 2013, p. 69;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de dezembro LXXXVIII - Portaria nº 962/GM/MS, de 22 de maio de 2013, pu-
de 2013, p. 54; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23 de maio de 2013,
LXVII - Portaria nº 582/GM/MS, de 20 de junho de 2000, publi- p. 62;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23 de junho de 2000, LXXXIX - Portaria nº 426/GM/MS, de 22 de março de 2005, pu-
p. 36; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23 de março de 2005,
LXVIII - Portaria nº 44/GM/MS, de 10 de janeiro de 2001, publi- p. 22;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 12 de janeiro de 2001, XC - Portaria nº 1169/GM/MS, de 15 de junho de 2004, publi-
p. 27; cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de junho de 2004,
LXIX - Portaria nº 3410/GM/MS, de 30 de dezembro de 2013, p. 57;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 3 de janeiro de XCI - Portaria nº 1161/GM/MS, de 7 de julho de 2005, publica-
2014, p. 21; da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 8 de julho de 2005, p. 35;
LXX - Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006, publicada XCII - Portaria nº 1168/GM/MS, de 15 de junho de 2004, publi-
no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4 de maio de 2006, p. 20; cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de junho de 2004,
LXXI - Portaria nº 1600/GM/MS, de 17 de julho de 2006, pu- p. 56;
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18 de julho de 2006, XCIII - Portaria nº 221/GM/MS, de 15 de fevereiro de 2005, pu-
p. 65; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16 de fevereiro de
LXXII - Portaria nº 849/GM/MS, de 27 de março de 2017, publi- 2005, p. 22;
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 28 de março de 2017, XCIV - Portaria nº 1883/GM/MS, de 14 de julho de 2010, pu-
p. 68; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15 de julho de 2010,
LXXIII - Portaria nº 1559/GM/MS, de 1 de agosto de 2008, pu- p. 71;
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4 de agosto de 2008, XCV - Portaria nº 2387/GM/MS, de 19 de setembro de 2017,
p. 48; publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de setembro
LXXIV - Portaria nº 2309/GM/MS, de 19 de dezembro de 2001, de 2017, p. 56;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21 de dezembro XCVI - Portaria nº 957/GM/MS, de 15 de maio de 2008, publica-
de 2001, p. 339; da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16 de maio de 2008, p. 43;
LXXV - Portaria nº 3916/GM/MS, de 30 de outubro de 1998, XCVII - Portaria nº 1391/GM/MS, de 16 de agosto de 2005, pu-
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 10 de novembro blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18 de agosto de 2005,
de 1998, p. 18; p. 40;
LXXVI - Portaria nº 533/GM/MS, de 28 de março de 2012, pu- XCVIII - Portaria nº 81/GM/MS, de 20 de janeiro de 2009, publi-
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 29 de março de 2012, cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21 de janeiro de 2009,
p. 96; p. 50;
LXXVII - Portaria nº 4004/GM/MS, de 16 de dezembro de 2010, XCIX - arts. 1º a 21, 28 a 38, 38-A, 39 a 43 da Portaria nº 199/
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de dezembro GM/MS, de 30 de janeiro de 2014, publicada no Diário Oficial da
de 2010, p. 109; União, Seção 1, de 12 de fevereiro de 2014, p. 44;
LXXVIII - Portaria nº 4283/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010, C - Portaria nº 3027/GM/MS, de 26 de novembro de 2007, pu-
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31 de dezembro blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27 de novembro de
de 2010, p. 94; 2007, p. 45;
LXXIX - Portaria nº 736/GM/MS, de 2 de maio de 2014, publica- CI - Portaria nº 598/GM/MS, de 23 de março de 2006, publi-
da no Diário Oficial da União, Seção 1, de 5 de maio de 2014, p. 38; cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 24 de março de 2006,
LXXX - Portaria nº 3031/GM/MS, de 16 de dezembro de 2008, p. 51;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de dezembro CII - Portaria nº 198/GM/MS, de 13 de fevereiro de 2004, pu-
de 2008, p. 66; blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16 de fevereiro de
LXXXI - Portaria nº 1000/GM/MS, de 13 de abril de 2017, pu- 2004, p. 37;
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 17 de abril de 2017, CIII - arts. 1º a 16, 20 a 22 da Portaria nº 1996/GM/MS, de 20
p. 29; de agosto de 2007, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de
LXXXII - Portaria nº 1653/GM/MS, de 11 de agosto de 2004, 22 de agosto de 2007, p. 34;
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 12 de agosto de CIV - Portaria nº 1055/GM/MS, de 4 de julho de 2005, publica-
2004, p. 53; da no Diário Oficial da União, Seção 2, de 6 de julho de 2005, p. 29;

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CV - Portaria nº 1325/GM/MS, de 27 de maio de 2010, publica- Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope-
da no Diário Oficial da União, Seção 2, de 28 de maio de 2010, p. 51; racionalizados na Atenção Básica: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017,
CVI - Portaria nº 827/GM/MS, de 5 de maio de 2004, publicada Art. 3º)
no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6 de maio de 2004, p. 32; I - princípios: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º, I)
CVII - Portaria nº 174/GM/MS, de 27 de janeiro de 2006, publi- a) universalidade; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º, I,
cada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 30 de janeiro de 2006, a)
p. 75; b) equidade; e (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º, I, b)
CVIII - Portaria nº 1578/GM/MS, de 29 de setembro de 2015, c) integralidade. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º, I, c)
publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 30 de setembro de II - diretrizes: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º, II)
2015, p. 63; a) regionalização e hierarquização: (Origem: PRT MS/GM
CIX - Portaria nº 2690/GM/MS, de 5 de novembro de 2009, pu- 2436/2017, Art. 3º, II, a)
blicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6 de novembro de b) territorialização; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º,
2009, p. 61; II, b)
CX - Portaria nº 589/GM/MS, de 20 de maio de 2015, publicada c) população adscrita; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
no Diário Oficial da União, Seção 1, de 22 de maio de 2015, p. 72. 3º, II, c)
Art. 10. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. d) cuidado centrado na pessoa; (Origem: PRT MS/GM
2436/2017, Art. 3º, II, d)
ANEXO XXII e) resolutividade; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 3º, II,
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB) (ORIGEM: e)
PRT MS/GM 2436/2017) f) longitudinalidade do cuidado; (Origem: PRT MS/GM
2436/2017, Art. 3º, II, f)
Art. 1º Este Anexo aprova a Política Nacional de Atenção Básica g) coordenação do cuidado; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017,
(PNAB), com vistas à revisão da regulamentação de implantação e Art. 3º, II, g)
operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde h) ordenação da rede; e (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
(SUS), estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo- 3º, II, h)
nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde (RAS). (Origem: i) participação da comunidade. (Origem: PRT MS/GM
PRT MS/GM 2436/2017, Art. 1º) 2436/2017, Art. 3º, II, i)
Parágrafo Único. A Política Nacional de Atenção Básica con- Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá-
sidera os termos Atenção Básica (AB) e Atenção Primária à Saúde ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. (Origem: PRT
(APS), nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma MS/GM 2436/2017, Art. 4º)
a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste docu- Parágrafo Único. Serão reconhecidas outras estratégias de
mento. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 1º, Parágrafo Único) Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes
previstos neste Anexo e tenham caráter transitório, devendo ser
CAPÍTULO I estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. (Origem:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS PRT MS/GM 2436/2017, Art. 4º, Parágrafo Único)
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá-
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi- sica é condição essencial para o alcance de resultados que aten-
viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, dam às necessidades de saúde da população, na ótica da integrali-
proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, dade da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de que considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na
práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com perspectiva da intra e intersetorialidade. (Origem: PRT MS/GM
equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini- 2436/2017, Art. 5º)
do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. Art. 6º Os estabelecimentos de saúde que ofertem ações e ser-
(Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 2º) viços de Atenção Primária à Saúde, no âmbito do SUS, de acordo
§ 1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro com o Anexo XXII, serão denominados: (Redação dada pela PRT
de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora GM/MS nº 397 de 16.03.2020)
das ações e serviços disponibilizados na rede. (Origem: PRT MS/GM I - Unidade Básica de Saúde (UBS): estabelecimento que não
2436/2017, Art. 2º, § 1º) possui equipe de Saúde da Família; (Redação dada pela PRT GM/
§ 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui- MS nº 397 de 16.03.2020)
tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e II - Unidade de Saúde da Família (USF): estabelecimento com
demandas do território, considerando os determinantes e condicio- pelo menos 1 (uma) equipe de Saúde da Família, que possui funcio-
nantes de saúde. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 2º, § 2º) namento com carga horária mínima de 40 horas semanais, no míni-
§ 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, mo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possibilitando
raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida- acesso facilitado à população. (Redação dada pela PRT GM/MS nº
de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari- 397 de 16.03.2020)
dade, limitação física, intelectual, funcional e outras. (Origem: PRT Parágrafo único. As USF e UBS são consideradas potenciais es-
MS/GM 2436/2017, Art. 2º, § 3º) paços de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensi-
§ 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas no em serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. (Reda-
estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de ção dada pela PRT GM/MS nº 397 de 16.03.2020)
modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer Art. 6º-A Aplicam-se à USF os dispositivos do Anexo I deste
estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na au- Anexo referentes à UBS, quando estes dispositivos dispuserem so-
tonomia e na situação de saúde. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, bre estabelecimentos de saúde com equipe de Saúde da Família.
Art. 2º, § 4º) (Redação dada pela PRT GM/MS nº 397 de 16.03.2020)

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO I XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores
DAS RESPONSABILIDADES e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti-
(ORIGEM: PRT MS/GM 2436/2017, CAPÍTULO I) mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go- voltados à Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
verno: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º) 7º, XIV)
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de XV - estimular a participação popular e o controle social; (Ori-
gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas neste Ane- gem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, XV)
xo; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, I) XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família formação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a forma-
(ESF) como estratégia prioritária de expansão, consolidação e qua- ção em serviço e para a educação permanente e continuada nas
lificação da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. Unidades Básicas de Saúde; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
7º, II) 7º, XVI)
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces-
e equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com defici- so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME, os
ência, de acordo com as normas vigentes; (Origem: PRT MS/GM protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação especí-
2436/2017, Art. 7º, III) fica complementar estadual, municipal, da União, ou do Distrito Fe-
IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci- deral de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra-
mento da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. lidade do cuidado; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, XVII)
7º, IV) XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde- ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis
nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui- com as necessidades de saúde de cada localidade; (Origem: PRT
ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores; MS/GM 2436/2017, Art. 7º, XVIII)
(Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, V) XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá-
e Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a orga- ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e
nização da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, XIX)
7º, VI) XX - articulação com o subsistema indígena nas ações de Edu-
VII - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza- cação Permanente e gestão da rede assistencial. (Origem: PRT MS/
cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção GM 2436/2017, Art. 7º, XX)
à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanen- Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de
te e continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da
e previdenciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar União: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 8º)
carreiras que associem desenvolvimento do trabalhador com qua- I - definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co-
lificação dos serviços ofertados às pessoas; (Origem: PRT MS/GM missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio-
2436/2017, Art. 7º, VII) nal de Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 8º, I)
VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio- II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia-
nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas mento da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
de cuidado e o vínculo; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, 8º, II)
VIII) III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri-
IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In- partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automáti-
formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que co, prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para
assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor- custeio e investimento das ações e serviços; (Origem: PRT MS/GM
do com suas responsabilidades; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, 2436/2017, Art. 8º, III)
Art. 7º, IX) IV - prestar apoio integrado aos gestores dos estados, do Distri-
X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de con-
saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro- solidação da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a 8º, IV)
resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne- V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto
cessidade do território e planejamento de saúde; (Origem: PRT MS/ às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona-
GM 2436/2017, Art. 7º, X) lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica; (Origem: PRT
XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção MS/GM 2436/2017, Art. 8º, V)
Básica nos territórios; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, XI) VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis-
XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu- ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o
lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores
pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de plane- e profissionais da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017,
jamento e programação; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 7º, Art. 8º, VI)
XII) VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de
XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pe- indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós-
las equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização -graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e
dos dados para o planejamento das ações; (Origem: PRT MS/GM gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e (Origem: PRT MS/
2436/2017, Art. 7º, XIII) GM 2436/2017, Art. 8º, VII)

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIII - apoiar a articulação de instituições, em parceria com as II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
secretarias de saúde municipais, estaduais e do Distrito Federal, territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
para formação e garantia de educação permanente e continuada em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as nal vigente; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, II)
necessidades locais. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 8º, VIII) III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
Art. 9º Compete às secretarias estaduais de saúde e ao Distrito cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de
Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten- Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís-
as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa- tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado.
bilidades dos estados e do Distrito Federal: (Origem: PRT MS/GM (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, III)
2436/2017, Art. 9º) IV - estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento
I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia- responsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo
do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação
para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten- e coordenação do cuidado; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art.
ção Básica vigente nos estados e Distrito Federal; (Origem: PRT MS/ 10, IV)
GM 2436/2017, Art. 9º, I) V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro-
II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e
tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, preven- outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
do, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e in- Saúde vigente, conforme regulamentação específica; (Origem: PRT
vestimento das ações e serviços; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, MS/GM 2436/2017, Art. 10, V)
Art. 9º, II) VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten- atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS;
ção Básica nos municípios; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, VI)
9º, III) VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos siste- para a participação da comunidade no exercício do controle social;
mas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os resul- (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, VII)
tados obtidos; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º, IV) VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen-
V - verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis- to tripartite da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017,
temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com Art. 10, VIII)
prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor- IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secre-
mações aos gestores municipais; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, taria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos re-
Art. 9º, V) cursos da Atenção Básica transferidos aos municípios; (Origem: PRT
VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da MS/GM 2436/2017, Art. 10, IX)
Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de ser-
acesso à informação; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º, VI) viços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Bási-
VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de ca; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, X)
implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e XI - prestar apoio institucional às equipes e serviços no pro-
de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; (Ori- cesso de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção
gem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º, VII) Básica e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Famí-
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici- lia; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, XI)
pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da
da Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º, VIII) Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, XII)
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda- XIII - desenvolver ações, articular instituições e promover aces-
gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma- so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma-
nente dos membros das equipes de gestão e de atenção; (Origem: nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes
PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º, IX) que atuam na Atenção Básica implantadas; (Origem: PRT MS/GM
X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com 2436/2017, Art. 10, XIII)
as secretarias municipais de saúde, para formação e garantia de XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em
atuam na Atenção Básica; e (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. conformidade com a legislação vigente; (Origem: PRT MS/GM
9º, X) 2436/2017, Art. 10, XIV)
XI - fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de servi- XV - garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi-
ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica. cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução
(Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º, XI) do conjunto de ações propostas; (Origem: PRT MS/GM 2436/2017,
Art. 10. Compete às secretarias municipais de saúde a co-orde- Art. 10, XV)
nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces-
seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori- sário ao cuidado resolutivo da população; (Origem: PRT MS/GM
dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos municípios e do 2436/2017, Art. 10, XVI)
Distrito Federal: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10) XVII - alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência
I - organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten- dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem
ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento
unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União; (Origem: das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di-
PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, I) reito fundamental de acesso à informação; (Origem: PRT MS/GM
2436/2017, Art. 10, XVII)

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re- Art. 19. As ESFR e as ESFF podem contar com os seguintes pro-
ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção fissionais de saúde bucal, dependendo da modalidade de equipe:
Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 4º)
(Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, XVIII) I - 1 (um) cirurgião dentista generalista ou em saúde da família;
XIX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de to- e (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 4º, I)
dos os profissionais que compõem as equipes que atuam na Aten- II - 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. (Origem: PRT MS/
ção Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no GM 837/2014, Art. 4º, II)
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigen- Art. 20. Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as
te e a modalidade de atenção. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, ESFR e as ESFF podem contar, ainda, com: (Origem: PRT MS/GM
Art. 10, XIX) 837/2014, Art. 5º)
Art. 11. A operacionalização da Política Nacional de Atenção I - até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitários de Saúde; (Ori-
Básica está detalhada no Anexo 1 do Anexo XXII . (Origem: PRT MS/ gem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 5º, I)
GM 2436/2017, Art. 11) II - até 12 (doze) Microscopistas, nas regiões endêmicas; (Ori-
gem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 5º, II)
CAPÍTULO II III - até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e (Ori-
DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA gem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 5º, III)
IV - 1 (um) Auxiliar/Técnico de saúde bucal. (Origem: PRT MS/
SEÇÃO I GM 837/2014, Art. 5º, IV)
DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E CREDENCIAMENTO Parágrafo Único. As ESFR e as ESFF poderão, ainda, acrescen-
DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA NOS MUNICÍPIOS E NO tar até 2 (dois) profissionais da área da saúde de nível superior a
DISTRITO FEDERAL sua composição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previs-
tos para os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), nos ter-
(Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019) mos da Política Nacional de Atenção Básica. (Origem: PRT MS/GM
837/2014, Art. 5º, Parágrafo Único)
Art. 12. (Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019) Art. 21. As ESFR e as ESFF deverão seguir as diretrizes da Polí-
tica Nacional de Atenção Básica (PNAB), considerando a importân-
SEÇÃO II cia da territorialização, manutenção do vínculo, cuidado integral e
DOS NASF longitudinal, identificação de risco e vulnerabilidade. (Origem: PRT
MS/GM 837/2014, Art. 6º)
(Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019) Art. 22. As ESFR prestarão atendimento à população por, no
mínimo, 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente
Art. 13. (Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019) a 8 (oito) horas diárias, e dois dias para atividades de educação per-
Art. 14. (Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019) manente, registro da produção e planejamento das ações. (Origem:
Art. 15. (Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019) PRT MS/GM 837/2014, Art. 7º)
Parágrafo Único. A determinação de que trata o “caput” é
SEÇÃO III aplicável aos profissionais que compõem a equipe mínima de que
DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA RIBEIRINHA E FLUVIAL tratam os arts. 18 e 19 do Anexo XXII e a até 2 (dois) técnicos de
DOS MUNICÍPIOS DA AMAZÔNIA LEGAL E DO PANTANAL enfermagem, quando houver. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art.
SUL-MATO-GROSSENSE 7º, Parágrafo Único)
Art. 23. Os Agentes Comunitários de Saúde, os Auxiliares/Técni-
Art. 16. Esta Seção define o arranjo organizacional das Equipes cos de enfermagem extras e os Auxiliares/Técnicos de saúde bucal
de Saúde da Família Ribeirinha (ESFR) e das Equipes de Saúde da cumprirão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de
Família Fluvial (ESFF) dos Municípios da Amazônia Legal e do Pan- trabalho e deverão residir na área de atuação. (Origem: PRT MS/
tanal Sul-Mato-Grossense. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 1º) GM 837/2014, Art. 8º)
Art. 17. Constituem ESFR as equipes que desempenham a maior Art. 24. Para as comunidades distantes da Unidade Básica de
parte de suas funções em Unidades Básicas de Saúde construídas e/ Saúde de referência, as ESFR e ESFF adotarão circuito de desloca-
ou localizadas nas comunidades pertencentes à área adscrita e cujo mento que garanta o atendimento a todas as comunidades assisti-
acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dispersão terri- das, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução
torial, necessitam de embarcações para atender as comunidades das ações de Atenção Básica. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art.
dispersas no território. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 2º) 9º)
Parágrafo Único. As ESFR são vinculadas a uma Unidade Básica Art. 25. Para operacionalizar a atenção à saúde das comunida-
de Saúde, que pode estar localizada na sede do Município ou em des ribeirinhas dispersas no território de abrangência, as ESFR e as
alguma comunidade ribeirinha localizada na área adscrita. (Origem: ESFF receberão incentivo financeiro de custeio para logística, que
PRT MS/GM 837/2014, Art. 2º, Parágrafo Único) considera a existência das seguintes estruturas: (Origem: PRT MS/
Art. 18. A ESFR será formada por equipe multiprofissional com- GM 837/2014, Art. 10)
posta por, no mínimo: (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 3º) I - até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas a
I - 1 (um) médico generalista ou especialista em Saúde da Fa- um Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica, utilizada(s) como
mília ou médico de Família e Comunidade; (Origem: PRT MS/GM base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma des-
837/2014, Art. 3º, I) centralizada; e (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 10, I)
II - 1 (um) enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da II - até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
Família; e (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 3º, II) para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin-
III - 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem. (Origem: PRT culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. (Ori-
MS/GM 837/2014, Art. 3º, III) gem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 10, II)

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º As unidades de apoio e as embarcações para o desloca- VIII - indicação do Município-sede que receberá os recursos fe-
mento dos profissionais devem ser identificadas conforme progra- derais, no caso de a ESFR atender mais de um Município; e (Origem:
mação visual padronizada das unidades de saúde do SUS, fixada nos PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, VIII)
termos do Título IX da Portaria de Consolidação nº 1. (Origem: PRT IX - indicação de como garantirá a referência dos usuários aos
MS/GM 837/2014, Art. 10, § 1º) serviços de saúde, detalhando, principalmente, a organização da
§ 2º Para efeito desta Seção, consideram-se unidades de apoio rede para o atendimento de urgência às comunidades ribeirinhas.
os estabelecimentos que servem para atuação das ESFR e ESFF e (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, IX)
que não possuem outras equipes de Saúde Família vinculadas. (Ori- § 2º O projeto de que trata o § 1º deverá ser aprovado pela Co-
gem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 10, § 2º) missão Intergestores Regional (CIR) ou pela Comissão Intergestores
Art. 26. As ESFR farão jus ao financiamento vigente para Bipartite (CIB) e encaminhado pela Secretaria Estadual de Saúde ao
Equipes de Saúde da Família modalidade I. (Origem: PRT MS/GM Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) para habilitação.
837/2014, Art. 11) (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 2º)
Art. 27. As ESFR e ESFF poderão agregar ao seu financiamento: § 3º As diretrizes gerais da Política de Atenção Básica por meio
(Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 12) do Plano de Saúde deverão estar aprovadas pelo respectivo Conse-
I - incentivo para cada profissional acrescido à composição mí- lho de Saúde Municipal. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13,
nima prevista no art. 20; e/ou (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. § 3º)
12, I) Art. 29. Recomenda-se que os Municípios utilizem o Telessaúde
II - incentivo para o custeio da logística, baseado no número de articulado à Regulação para aumentar a resolubilidade, qualificar
unidades de apoio ou embarcações de que trata o art. 25. (Origem: os encaminhamentos e organizar o acesso à atenção especializada,
PRT MS/GM 837/2014, Art. 12, II) considerando o desenho regional. (Origem: PRT MS/GM 837/2014,
§ 1º Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações Art. 14)
devem estar devidamente informadas no cadastro do Estabeleci- Art. 30. As ESFR e as ESFF poderão prestar serviços a popula-
mento de Saúde de Atenção Básica ao qual as ESFR ou ESFF estão ções de mais de um Município, desde que celebrado instrumento
vinculadas. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 12, § 1º) formal que formalize a relação entre os Municípios, devidamente
§ 2º Ato do Ministro de Estado da Saúde regulamentará os in- aprovado na respectiva CIR e CIB, e devem garantir a alimentação
centivos financeiros de que trata o “caput”. (Origem: PRT MS/GM das informações de saúde referentes à sua área de abrangência no
837/2014, Art. 12, § 2º) Sistema de Informação vigente para a Atenção Básica. (Origem: PRT
Art. 28. Para implantação de ESFR, os Municípios observarão MS/GM 837/2014, Art. 15)
o fluxo previsto na Seção I do Capítulo II. (Origem: PRT MS/GM Parágrafo Único. Nos termos do art. 12, IV, para recebimento
837/2014, Art. 13) dos incentivos correspondentes às Equipes de Atenção Básica efe-
§ 1º O projeto de implantação da ESFR conterá: (Origem: PRT tivamente implantadas, os Municípios e o Distrito Federal, além de
MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º) cadastrar no SCNES os profissionais integrantes das equipes previa-
I - indicação do território a ser coberto, com estimativa da po- mente credenciadas pelo Estado ou Distrito Federal, deverão ali-
pulação residente nas comunidades adscritas e os rios do circuito mentar os dados no sistema de informação vigente, comprovando,
de deslocamento; (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, I) obrigatoriamente, o início e execução das atividades, ficando sujei-
II - número de profissionais em quantitativo compatível com to a suspensão caso o sistema não seja alimentado e devidamente
sua capacidade de atuação, apresentando-se a localidade que ficará validado por 3 (três) meses. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art.
sob sua responsabilidade e a estimativa de pessoas cobertas pela 15, Parágrafo Único)
atuação; (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, II) Art. 31. As normas para o cadastramento das unidades de
III - programação de viagens em cada ano, com itinerário das apoio ou satélites e embarcações vinculadas a Estabelecimentos de
comunidades atendidas, considerando-se o retorno da ESFR a cada Saúde de Atenção Básica onde as equipes estão vinculadas e alte-
comunidade, ao menos, a cada 60 (sessenta) dias, para assegurar rações nas regras de cadastramento das ESFR e ESFF, com ou sem
a execução das ações de Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM Saúde Bucal, além da definição dos prazos de implementação no
837/2014, Art. 13, § 1º, III) SCNES, serão estabelecidas por ato do Secretário de Atenção à Saú-
IV - descrição da organização das ofertas e ações da equipe, a de. (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 16)
fim de garantir a continuidade do atendimento da população; (Ori-
gem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, IV) SEÇÃO IV
V - descrição de como a gestão municipal do SUS apoiará a ESFR DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE FLUVIAIS
no acompanhamento dos principais indicadores da Atenção Básica
e na qualificação de seu trabalho; (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 32. Esta Seção estabelece os critérios para habilitação de
Art. 13, § 1º, V) Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) para fins de recebimento
VI - nos arranjos em que a ESFR contar com Unidades de Saúde do incentivo mensal de custeio a que se refere o art. 73 da Portaria
de Apoio para o atendimento, relação da quantidade e as comuni- de Consolidação nº 6. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 1º)
dades em que estão localizadas no cadastro do Estabelecimento de Art. 33. Para fins de habilitação das UBSF, os Municípios inte-
Saúde de Atenção Básica a qual esta equipe está vinculada no Sis- ressados deverão providenciar os seguintes documentos: (Origem:
tema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); PRT MS/GM 1591/2012, Art. 2º)
(Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, VI) I - projeto de implantação da Equipe de Saúde da Família Flu-
VII - nos arranjos em que a ESFR contar com embarcações de vial (ESFF) com itinerário da UBSF, devidamente aprovado pelo Con-
pequeno porte exclusivas para o deslocamento das equipes, rela- selho Municipal de Saúde e pela Comissão Intergestores Bipartite
ção da quantidade e seus respectivos números, no cadastro do Es- (CIB) ou, se houver, pela Comissão Intergestores Regional (CIR);
tabelecimento de Saúde de Atenção Básica a qual esta equipe está (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 2º, I)
vinculada no SCNES; (Origem: PRT MS/GM 837/2014, Art. 13, § 1º, II - Título de Inscrição de Embarcação, expedido pela autori-
VII) dade marítima competente (Capitania dos Portos); e (Origem: PRT
MS/GM 1591/2012, Art. 2º, II)

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III - Certificado de Segurança da Navegação, em consonância V - emissão de parecer técnico pelo Ministério da Saúde que
com as Normas da Autoridade Marítima para Embarcações Em- ateste, a partir do plano previsto no art. 34, X, inclusive com possibi-
pregadas na Navegação Interior (NORMAM-02) ou legislação que lidade de visita prévia à embarcação, se a estrutura física da unida-
venha a substituí-la. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 2º, III) de e os equipamentos disponíveis atendem os requisitos mínimos
Art. 34. O projeto de implantação da ESFF a que se refere o art. estabelecidos pelo art. 34, X; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art.
33, I, deverá conter: (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º) 4º, V)
I - indicação do território a ser coberto, com estimativa da po- VI - publicação do ato de habilitação da UBSF pelo Ministé-
pulação residente; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º, I) rio da Saúde no Diário Oficial da União; e (Origem: PRT MS/GM
II - número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em quan- 1591/2012, Art. 4º, VI)
titativo compatível com sua capacidade de atuação, apresentando- VII - cadastramento da UBSF e da ESFF no Sistema de Cadastro
-se a localidade que ficará sob sua responsabilidade e a estimativa Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), nos termos Porta-
de pessoas cobertas pela atuação de cada (ACS); (Origem: PRT MS/ ria nº 941/SAS/MS, de 22 de dezembro de 2011. (Origem: PRT MS/
GM 1591/2012, Art. 3º, II) GM 1591/2012, Art. 4º, VII)
III - programação de viagens em cada ano, com itinerário das § 1º Os recursos serão repassados aos Municípios após o ca-
comunidades atendidas, considerando-se o retorno da ESFF a cada dastramento a que se refere o inciso VII do “caput”. (Origem: PRT
comunidade, ao menos, a cada 60 (sessenta) dias, conforme previs- MS/GM 1591/2012, Art. 4º, § 1º)
to na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB); (Origem: PRT MS/ § 2º Para os fins do disposto no inciso V do “caput”, o Ministério
GM 1591/2012, Art. 3º, III) da Saúde poderá emitir seu parecer com base em prévia manifes-
IV - circuito de deslocamento da unidade, especificando comu- tação técnica da Secretaria Estadual de Saúde efetuada a partir do
nidades ribeirinhas a serem atendidas e os rios em que a UBSF per- plano previsto no art. 34, X, inclusive com possibilidade de visita
correrá; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º, IV) prévia à embarcação, a respeito do atendimento ou não dos requisi-
V - proposta de fluxo dos usuários para garantia de referência tos mínimos estabelecidos pela Política Nacional de Atenção Básica,
aos serviços de saúde, detalhando-se, principalmente, como será pela estrutura física da unidade e pelos equipamentos ali disponí-
garantido atendimento de urgência, inclusive por meio da disponi- veis. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 4º, § 3º)
bilidade de ambulanchas para atendimento às comunidades ribeiri- § 3º Caso o plano da embarcação apresentado não seja sufi-
nhas; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º, V) ciente para verificação do cumprimento dos requisitos mínimos es-
VI - descrição da forma de recrutamento, seleção e contratação tabelecidos pela Política Nacional de Atenção Básica, o Ministério
dos profissionais das ESFF; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. da Saúde notificará a Secretaria Municipal de Saúde para comple-
3º, VI) mentação de documentos. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art.
VII - listagem da equipe de saúde que prestará atendimento à 4º, § 4º)
população, com observância da composição mínima prevista na Po- § 4º Após a complementação de que trata o art. 35, § 3º , o
lítica Nacional de Atenção Básica; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Ministério da Saúde emitirá o parecer técnico sobre o cumprimento
Art. 3º, VII) ou não dos requisitos mínimos estabelecidos pela Política Nacional
VIII - descrição da organização das ações da equipe, a fim de de Atenção Básica. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 4º, § 5º)
garantir a continuidade do atendimento da população, como o pré- § 5º Em caso de emissão de parecer técnico favorável, o Minis-
-natal e a puericultura, dentro dos padrões mínimos recomenda- tério da Saúde ou a Secretaria Estadual de Saúde poderá, a qual-
dos; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º, VIII) quer momento, realizar verificação “in loco” do cumprimento ou
IX - descrição de como a gestão municipal do Sistema Único não dos requisitos mínimos estabelecidos pela Política Nacional de
de Saúde (SUS) apoiará a ESFF no acompanhamento dos principais Atenção Básica, pelo Município interessado. (Origem: PRT MS/GM
indicadores da Atenção Básica e na qualificação de seu trabalho; 1591/2012, Art. 4º, § 6º)
(Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º, IX) § 6º Para os fins do disposto no art. 35, § 5º , a Secretaria Es-
X - planos da embarcação, contendo fotos dos ambientes nela tadual de Saúde comunicará imediatamente o Ministério da Saúde
contidos, obedecendo-se a estrutura física mínima exigida nos ter- no caso de verificação do descumprimento dos requisitos mínimos
mos da Política Nacional de Atenção Básica, e equipamentos que estabelecidos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), pelo
estarão disponíveis na UBSF; e (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Município interessado. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 4º,
Art. 3º, X) § 7º)
XI - indicação do Município-sede que receberá os recursos fe- Art. 36. Para as embarcações já existentes e que não contarem
derais, no caso de a USFF atender mais de um Município. (Origem: com ambiente para dispensação de medicamentos e laboratório,
PRT MS/GM 1591/2012, Art. 3º, XI) os Municípios deverão apresentar, obrigatoriamente, no projeto de
Art. 35. O processo de habilitação da UBSF compreenderá as implantação da ESFF, a forma como será garantida a distribuição
seguintes etapas: (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 4º) de medicamentos e a coleta/entrega de exames laboratoriais aos
I - reunião dos documentos exigidos nos termos do art. 33; usuários. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 5º)
(Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 4º, I) Art. 37. Os Municípios com Equipes de Saúde da Família que já
II - submissão do projeto de implantação da ESFF à aprovação exerçam atividades em embarcações com a estrutura física mínima
do Conselho Municipal de Saúde; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, prevista na Política Nacional de Atenção Básica, poderão solicitar
Art. 4º, II) a adequação de modalidade para ESFF, observado o regramento
III - envio do projeto pela Secretaria Municipal de Saúde para previsto nos arts. 33, 34 e 35 do Anexo XXII . (Origem: PRT MS/GM
aprovação da CIB ou, se houver, da CIR; (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art. 6º)
1591/2012, Art. 4º, III) Parágrafo Único. Aplica-se às embarcações previstas no “caput”
IV - envio da resolução da CIB ou, se houver, da CIR e dos docu- deste artigo o disposto no art. 36. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012,
mentos exigidos nos termos do art. 33 ao Departamento de Aten- Art. 6º, Parágrafo Único)
ção Básica (DAB/SAS/MS); (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, Art.
4º, IV)

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 38. As UBSF poderão prestar serviços a populações de mais e em especialidade médica cuja prioridade para o SUS será definida
de um Município, desde que celebrado instrumento jurídico que pelo Ministério da Saúde com observância dos seguintes critérios:
formalize essa relação entre os Municípios, devidamente aprovado (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º)
pela CIB ou, se houver, pela CIR. (Origem: PRT MS/GM 1591/2012, I - especialidades definidas como pré-requisito para o creden-
Art. 7º) ciamento dos serviços, sobretudo na alta complexidade; (Origem:
Art. 39. Para manutenção dos repasses financeiros, a(s) ESFF PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º, I)
deve(m) alimentar, mensalmente, o sistema de informação da aten- II - especialidade necessária a uma dada região segundo avalia-
ção básica disponibilizado pelo Ministério da Saúde. (Origem: PRT ção da demanda decorrente da evolução do perfil sócio-epidemio-
MS/GM 1591/2012, Art. 8º) lógico da população, principalmente relacionadas ao envelhecimen-
Art. 40. As UBSF devem ser identificadas conforme programa- to populacional e ao aumento de morbimortalidade decorrente de
ção visual padronizada das unidades de saúde do SUS, fixada nos causas externas; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º, II)
termos do Título IX da Portaria de Consolidação nº 1. (Origem: PRT III - especialidades necessárias à implementação das políticas
MS/GM 1591/2012, Art. 9º) públicas estratégicas para o SUS, tais como a Política de Atenção
Básica, de Urgência e Emergência, de Saúde Mental, Atenção à Mu-
CAPÍTULO III lher e Criança, Oncológica e Atenção ao Idoso; e (Origem: PRT MS/
DOS PROFISSIONAIS GM 1377/2011, Art. 3º, III)
IV - especialidades consideradas escassas ou com dificuldade
SEÇÃO I de contratação em uma dada região segundo análise dos sistemas
DAS ÁREAS E REGIÕES PRIORITÁRIAS COM CARÊNCIA E de informação disponíveis, realização de pesquisa ou demanda re-
DIFICULDADE DE RETENÇÃO DE MÉDICO ferida por gestores da saúde daquela região. (Origem: PRT MS/GM
1377/2011, Art. 3º, IV)
Art. 41. Esta Seção estabelece critérios para definição das áre- Parágrafo Único. Caberá à Secretaria de Gestão do Trabalho e
as e regiões prioritárias com carência e dificuldade de retenção de da Educação na Saúde (SGTES/MS) publicar a relação das especiali-
médico integrante de equipe de saúde da família oficialmente ca- dades médicas prioritárias de que trata o caput. (Origem: PRT MS/
dastrada e das especialidades médicas prioritárias de que tratam GM 1377/2011, Art. 3º, Parágrafo Único)
o inciso II e o § 3º do art. 6º B da Lei nº 10.260, de 12 de julho de Art. 44. O requerimento de carência estendida de que trata o
2001, no âmbito do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). (Ori- art. 43 deverá ser preenchido pelo profissional médico beneficiário
gem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 1º) (com redação dada pela PRT de financiamento concedido com recursos do FIES por meio de soli-
MS/GM 203/2013) citação expressa, em sistema informatizado específico disponibiliza-
Art. 42. As áreas e regiões com carência e dificuldade de reten- do pelo Ministério da Saúde, contendo, dentre outras, as seguintes
ção de médico integrante de equipe de saúde da família oficialmen- informações: (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º-A)
te cadastrada serão definidas como prioritárias pelo Ministério da I - nome completo; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º-A,
Saúde com base em modelo que leve em conta indicadores dentre I)
o seguintes: (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º) II - CPF; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º-A, II)
I - Produto Interno Bruto (PIB) per capita; (Origem: PRT MS/GM III - data de nascimento; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art.
1377/2011, Art. 2º, I) 3º-A, III)
II - população sem cobertura de planos de saúde; (Origem: PRT IV - correio eletrônico; e (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art.
MS/GM 1377/2011, Art. 2º, II) 3º-A, IV)
III - percentual da população residente na área rural; (Origem: V - Programa de Residência Médica e instituição a que está vin-
PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º, III) culado. (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º-A, V)
IV - percentual da população em extrema pobreza; (Origem: § 1º O Programa de Residência Médica ao qual o profissional
PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º, IV) médico esteja vinculado deverá ter início no período de carên-
V - percentual da população beneficiária do Programa Bolsa Fa- cia previsto no contrato de financiamento. (Origem: PRT MS/GM
mília; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º, V) 1377/2011, Art. 3º-A, § 1º)
VI - percentual de horas trabalhadas de médicos na área da § 2º O coordenador da Comissão de Residência Médica (CORE-
Atenção Básica para cada 1.000 (mil) habitantes; (Origem: PRT MS/ ME) da instituição a qual está vinculado o Programa de Residência
GM 1377/2011, Art. 2º, VI) Médica é responsável pela validação e atualização das informações
VII - percentual de leitos para cada 1.000 (mil) habitantes; e prestadas pelo profissional médico beneficiário do financiamento.
(Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º, VII) (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 3º-A, § 2º)
VIII - indicador de rotatividade definido em função do quanti- § 3º Recebida a solicitação, o Ministério da Saúde comunicará
tativo de contratações, extinção de vínculos de emprego e número ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autar-
de equipes de Saúde da Família incompletas, em conformidade com quia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a relação de médi-
os dados extraídos dos sistemas de informação do Sistema Único de cos considerados aptos para a concessão da carência estendida por
Saúde (SUS). (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º, VIII) todo o período de duração da residência médica. (Origem: PRT MS/
Parágrafo Único. Caberá à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/ GM 1377/2011, Art. 3º-A, § 3º)
MS) publicar a relação das áreas e regiões de que trata o caput. § 4º Após ser comunicado, nos termos do § 3º, o FNDE notifi-
(Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 2º, Parágrafo Único) cará o agente financeiro responsável para a efetivação das medidas
Art. 43. Para obter a extensão do prazo de carência do respecti- relativas à concessão da carência estendida. (Origem: PRT MS/GM
vo financiamento por todo o período de duração da residência mé- 1377/2011, Art. 3º-A, § 4º)
dica, o estudante graduado em Medicina deverá optar pelo ingres- Art. 45. As Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Fede-
so em programa credenciado pela Comissão Nacional de Residência ral e dos Municípios ou as Coordenações dos Programas de Resi-
Médica (CNRM), de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de julho de 1981, dência Médica deverão validar e manter cadastro com informações
atualizadas dos financiados do FIES sobre o seu exercício profissio-

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
nal nas equipes de saúde da família ou sua participação em Progra- SEÇÃO II
ma de Residência Médica, respectivamente. (Origem: PRT MS/GM DAS ESPECIFICAÇÕES “PRECEPTOR” E “RESIDENTE” NO
1377/2011, Art. 4º) CADASTRO DO MÉDICO
Parágrafo Único. Caso solicitado pelo Fundo Nacional de Desen-
volvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério Art. 50. Ficam instituídas as especificações “preceptor” e “resi-
da Educação (MEC), as Secretarias ou as Coordenações deverão dente” no cadastro do médico que atua em qualquer uma das Equi-
avaliar se as informações prestadas pelo financiado do FIES àquela pes de Saúde da Família previstas na Política Nacional de Atenção
entidade, referentes ao seu exercício profissional nas equipes de Básica. (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 1º)
saúde da família ou à sua participação em Programa de Residência Art. 51. A instituição das especificações “preceptor” e “residen-
Médica, estão em consonância com o cadastro de que trata o caput. te” de que trata o art. 50 tem os seguintes objetivos: (Origem: PRT
(Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 4º, Parágrafo Único) MS/GM 3147/2012, Art. 2º)
Art. 46. A operacionalização do abatimento do saldo devedor I - identificar os médicos residentes e seus preceptores no Sis-
consolidado de que trata o ‘caput’ do art. 6º B da Lei nº 10.260, de tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES)
2001, será executada pelo FNDE e demais normas do FIES, além para fins de pagamento dos incentivos financeiros referentes às
do disposto nesta Seção. (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 5º) Equipes de Saúde da Família e acompanhamento das atividades de-
(com redação dada pela PRT MS/GM 203/2013) sempenhadas no âmbito da residência médica; e (Origem: PRT MS/
Art. 47. O profissional médico deverá atuar como integrante GM 3147/2012, Art. 2º, I)
de ESF pelo período de, no mínimo, 1 (um) ano ininterrupto como II - estimular a ocupação das vagas atualmente disponíveis nos
requisito para requerer o abatimento mensal do saldo devedor con- Programas de Residência de Medicina de Família e Comunidade
solidado do financiamento concedido com recursos do FIES. (Ori- (PRMFC). (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 2º, II)
gem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 5º-A) Art. 52. É obrigatório o cadastramento no SCNES pelas Secre-
Art. 48. Para requerer o abatimento de que trata esta Seção, tarias de Saúde distrital e municipais dos médicos residentes e pre-
o profissional médico preencherá solicitação expressa, em sistema ceptores nas diversas modalidades de Equipes de Saúde da Família
informatizado específico disponibilizado pelo Ministério da Saúde, previstas na Política Nacional de Atenção Básica. (Origem: PRT MS/
contendo, dentre outras, as seguintes informações: (Origem: PRT GM 3147/2012, Art. 3º)
MS/GM 1377/2011, Art. 5º-B) Art. 53. As Secretarias de Saúde distrital e municipais poderão
I - nome completo; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 5º-B, cadastrar no SCNES médicos residentes nas modalidades de Equi-
I) pes de Saúde da Família previstas na Política Nacional de Atenção
II - CPF; (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 5º-B, II) Básica em compatibilidade com a carga horária mínima de 30 (trin-
III - data de nascimento; e (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, ta) horas semanais de atuação dos médicos residentes na Unidade
Art. 5º-B, III) Básica de Saúde (UBS) nos termos da Resolução nº 2, de 17 de maio
IV - correio eletrônico. (Origem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. de 2006, da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). (Ori-
5º-B, IV) gem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 4º)
§ 1º Os gestores de saúde dos Municípios e do Distrito Federal Parágrafo Único. A cobertura populacional da Equipe de Saúde
deverão confirmar que o solicitante está em exercício ativo das suas da Família com médico residente deve ser de, no máximo, o mínimo
atividades como médico integrante da ESF. (Origem: PRT MS/GM recomendado na Política Nacional de Atenção Básica, considerando
1377/2011, Art. 5º-B, § 1º) as diversas modalidades previstas de equipes. (Origem: PRT MS/
§ 2º Recebida a solicitação, o Ministério da Saúde comunicará GM 3147/2012, Art. 4º, Parágrafo Único)
ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), au- Art. 54. Compete às Secretarias Municipais de Saúde: (Origem:
tarquia vinculada ao Ministério da Educação, a relação de médicos PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º)
considerados aptos para a concessão do abatimento. (Origem: PRT I - cadastrar os médicos residentes e seus preceptores no SC-
MS/GM 1377/2011, Art. 5º-B, § 2º) NES; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, I)
§ 3º Após ser comunicado, nos termos do §2º, o FNDE notifi- II - adequar a cobertura populacional conforme modalidade de
cará o agente financeiro responsável para a suspensão da cobrança Equipe de Saúde da Família e limite de usuários por equipe com
das prestações referentes à amortização do financiamento. (Ori- médico residente; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, II)
gem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 5º-B, § 3º) III - assegurar o cumprimento mínimo das 30 (trinta) horas se-
§ 4º Anualmente, as informações sobre o exercício ativo do manais de atuação pelo médico residente na Equipe de Saúde da
profissional médico integrante da ESF deverão ser atualizadas pelo Família, em atendimento ao disposto na Resolução nº 2/CNRM, de
financiado e validadas pelos respectivos gestores de saúde dos Mu- 2006; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, III)
nicípios e do Distrito Federal, nos termos do §5º. (Origem: PRT MS/ IV - atender aos compromissos e contratualizações do Progra-
GM 1377/2011, Art. 5º-B, § 4º) ma Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Bá-
§ 5º O abatimento mensal de que trata este artigo será ope- sica (PMAQ-AB), de que trata a Seção II do Capítulo I do Título IV da
racionalizado anualmente pelo FNDE. (Origem: PRT MS/GM Portaria de Consolidação nº 5; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012,
1377/2011, Art. 5º-B, § 5º) Art. 5º, IV)
Art. 49. Os critérios e as relações das áreas e regiões e das es- V - viabilizar adequadas condições de trabalho e ambiência
pecialidades médicas prioritárias poderão sofrer alterações e revi- aos médicos residentes e seus preceptores, conforme disposto na
sões periódicas de acordo com as necessidades do SUS. (Origem: Política Nacional de Atenção Básica, com adesão, se necessário, ao
PRT MS/GM 1377/2011, Art. 6º) Programa de Requalificação de Unidades Básicas de Saúde e o res-
Parágrafo Único. A alteração de que trata o “caput” não se pectivo Componente Reforma, de que trata a Seção I do Capítulo II
aplica àquele já em gozo da extensão do prazo de carência e do do Título II da Portaria de Consolidação nº 6. (Origem: PRT MS/GM
abatimento do saldo devedor consolidado do financiamento. (Ori- 3147/2012, Art. 5º, V)
gem: PRT MS/GM 1377/2011, Art. 6º, Parágrafo Único) (dispositivo
acrescentado pela PRT MS/GM 203/2013)

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VI - apoiar os preceptores no seu aprimoramento técnico-cien- ANEXO 1 DO ANEXO XXII
tífico, sempre que necessário, para melhor desenvolvimento de Política Nacional de Atenção Básica - Operacionalização (Ori-
suas funções, por meio da inclusão em processos de educação per- gem: PRT MS/GM 2436/2017, Anexo 1)
manente; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, VI)
VII - cofinanciar o desenvolvimento dos PRMFC, quando for o POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA OPERACIONALIZA-
caso; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, VII) ÇÃO
VIII - conceder, se possível, aos médicos residentes a mesma re-
muneração conferida aos médicos que trabalham na Atenção Bási- CAPÍTULO I
ca com carga horária de 40 (quarenta) horas semanais, consideran- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
do-se a proporcionalidade da carga horária de atuação; e (Origem:
PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, VIII) A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da
IX - estimular e apoiar a participação das Equipes de Saúde da experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his-
Família que possuam médicos residentes do PRMFC no PMAQ-AB. toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema
(Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 5º, IX) Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra-
Art. 55. Compete às Secretarias Estaduais de Saúde: (Origem: balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria,
PRT MS/GM 3147/2012, Art. 6º) conforme normatização vigente no SUS, que define a organização
I - monitorar e acompanhar o desenvolvimento dos PRMFC; em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida-
(Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 6º, I) do integral e direcionado às necessidades de saúde da população,
II - fomentar a formação de especialistas no Estado como estra- destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta
tégia de fixação dos profissionais, buscando modificar o quadro de de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e
ociosidade dos PRMFC e a força de trabalho; (Origem: PRT MS/GM contrafluxos de pessoas, produtos e informações em todos os pon-
3147/2012, Art. 6º, II) tos de atenção à saúde.
III - cofinanciar o desenvolvimento dos PRMFC, quando for o Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí-
caso; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 6º, III) lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten-
IV - promover a inclusão dos preceptores em processos de edu- ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização
cação permanente; e (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 6º, IV) da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios
V - avaliar e monitorar a cobertura populacional das Equipes e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo
de Saúde da Família. (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 6º, V) progressivo e singular que considera e inclui as especificidades lo-
Art. 56. Compete ao Ministério da Saúde: (Origem: PRT MS/GM corregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência
3147/2012, Art. 7º) de populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são
I - adequar o SCNES conforme as disposições desta Seção; (Ori- de responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território,
gem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 7º, I) em consonância com a política de promoção da equidade em saúde
II - avaliar e monitorar a cobertura populacional das Equipes A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e
de Saúde da Família; (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 7º, II) inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor-
III - habilitar a participação das Equipes de Saúde da Família porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo
que possuam médicos residentes do PRMFC no PMAQ-AB a partir contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina-
da solicitação de adesão realizada pelas Secretarias de Saúde dis- ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa
trital e municipais e Equipes de Saúde da Família, considerando-se, o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro-
ainda, o atendimento das regras previstas na Seção II do Capítulo I teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos,
do Título IV da Portaria de Consolidação nº 5; (Origem: PRT MS/GM agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.
3147/2012, Art. 7º, III) Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas,
IV - priorizar a entrada das Equipes de Saúde da Família com nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência
médicos residentes no Programa de Requalificação de Unidades e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de
Básicas de Saúde, mantidos os critérios de seleção ao programa; e que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
(Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 7º, IV) a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas-
V - efetuar o custeio das bolsas pagas aos médicos residentes sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados
em atuação, conforme vagas e programas aprovados no Programa na Atenção Básica.
Nacional de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas
Estratégicas (PRÓ-RESIDÊNCIA), criado pela Portaria Interministerial 1- PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
nº 1.001 MEC-MS, de 22 de outubro de 2009. (Origem: PRT MS/GM Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi-
3147/2012, Art. 7º, V) ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga-
Art. 57. Os gestores de saúde federal, estaduais, distrital e nização nos municípios, conforme descritos a seguir:
municipais deverão promover a articulação dos PRMFC com os 1.1- Princípios
Programas de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e - Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a
incentivar a integração dos PRMFC com o Programa Nacional de serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como
Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), o a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), o acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi-
Programa Nacional Telessaúde Brasil REDES (Telessaúde Brasil Re- lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci-
des) e o internato médico nas UBS com PRMFC. (Origem: PRT MS/ mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
GM 3147/2012, Art. 8º) pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço
Art. 58. A Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS) regulamen- de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na
tará os meios para identificação dos médicos residentes e seus pre- Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas
ceptores no SCNES. (Origem: PRT MS/GM 3147/2012, Art. 9º)

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e V - Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida-
para suas demandas e necessidades. do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus
das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife- de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de
renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população,
qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona- coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan-
lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de do necessário.
saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física, VI.- Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade
intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili-
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos- zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo
sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven-
impacte na autonomia e na situação de saúde. ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas, evitando
- Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equi- a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são
pe de saúde que atendam às necessidades da população adscrita decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da falta de
nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da coordenação do cuidado.
prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução VII.- Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar
de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando
oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reco- como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten-
nhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas, ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer
ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte-
tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten-
ampliação da autonomia das pessoas e coletividade. ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de
1.2- Diretrizes saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.
- Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da VIII.- Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde
RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi-
esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es- dades desta população em relação aos outros pontos de atenção
tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim
de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar- como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida-
quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS des de saúde das pessoas.
entre si, com fluxos e referências estabelecidos. IX.- Participação da comunidade: estimular a participação das
- Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o planeja- pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
mento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi- sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde
co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es- enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra-
paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi-
considera-se Território a unidade geográfica única, de construção zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina- centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da
saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú- 2- A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten- Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define
cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons-
forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
populações específicas. de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as-
III - População Adscrita: população que está presente no terri- sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri-
tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga- Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal
rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e
IV- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimen- atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território.
to de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as pesso- O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
as a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde-
confiança necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada
sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”.
cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas neces- Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco-
sidades e potencialidades na busca de uma vida independente e nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi-
plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à
elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinan- saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde
tes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado. parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane-
jamento ascendente.

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre- As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá-
ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui- rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen-
dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção, tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da
servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema
da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e acordo com as normas em vigor para tal.
incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de
e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas
pontos da RAS. pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos
Os estados, municípios e o Distrito Federal, devem articular instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos
ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa-
nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re- nitária.
ferências de seu território. A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô-
Recomenda-se a articulação e implementação de processos nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter-
que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma-
práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho
como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des- dos profissionais de saúde.
centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu- Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen-
nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados, tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re-
com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/ comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar
ou a distância, entre outros. ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes-
Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais,
a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi-
de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re- co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência
gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento em conformidade com as normativas vigentes.
servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida- Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas,
do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces-
quanto se constituem como referência que modula a avaliação das sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos
solicitações pelos médicos reguladores. capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí- prestada nos municípios e Distrito Federal.
nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição 3.2. Tipos de unidades e equipamentos de Saúde
das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm-
disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos bito da Atenção Básica:
recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz a) Unidade Básica de Saúde
maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera. Recomenda-se os seguintes ambientes:
A gestão municipal deve articular e criar condições para que a a. Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza- tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon- farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
sabilidade: de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
a. Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
da RAS; profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
b. Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
atenção; e equipo odontológico completo;
c. Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das pes- b. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul-
soas do território. tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala de ad-
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre
3- INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA outros ambientes conforme a necessidade.
ATENÇÃO BÁSICA b) Unidade Básica de Saúde Fluvial
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva Recomenda-se os seguintes ambientes:
adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para
UBS às necessidades de saúde da população de cada território. assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce-
3.1. Infraestrutura e ambiência dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal,
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti- será necessário consultório odontológico com equipo odontológico
tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos completo;
processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá- b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para
rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi- os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente
deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi-
de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a dade.
serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos c) Unidade Odontológica Móvel
e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha- Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida-
dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser- de de atenção à saúde bucal, equipado com:
viço e para a educação permanente na UBS. Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem;
aparelho de raios-X para radiografias periapicais e interproximais;
aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi- - Padrões Ampliados - ações e procedimentos considerados es-
co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló- tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e
gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla- qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais,
ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador. indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.
3.3 - Funcionamento A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o
Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan-
funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais, ciamento regulamentado em normativa específica.
no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi- Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do
bilitando acesso facilitado à população. território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti-
Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali-
através das instâncias de participação social, desde que atendam dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS.
expressamente a necessidade da população, observando, sempre A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis-
que possível, a carga horária mínima descrita acima. ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização,
Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras.
o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási- Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan-
ca, recomenda-se : tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial
i.- População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão
Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das
do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais,
Básica. bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga-
Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos rantidos igualmente para todo o País, buscando uniformidade de
de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu- atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de
nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi- ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais
pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em
Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo-
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que corregionais.
o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os
território, assegurando-se a qualidade do cuidado. processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da atenção da RAS.
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo. Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere-
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de
Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas,
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000. classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo
iv)- Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan- com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser-
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui-
(eAB) seja responsável por toda população; dado estabelecidas.
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula- Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS:
cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida- - Identificação e horário de atendimento;
des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res- - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos
um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) componentes de cada equipe da UBS;
e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na - Relação de serviços disponíveis; e
qualidade da Atenção Básica. - Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin-
gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do 3.4- Tipos de Equipes:
cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que 1.- Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária
permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básica no
ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi- País, de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estra-
dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio tégia de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica,
da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior
Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o potencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saú-
cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta de das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante
de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e relação custo-efetividade.
programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe-
territórios e das pessoas, em parceria com o controle social. cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen-
cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de
As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer
essenciais e ampliados: parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro-
- Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona- fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es-
dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten- pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
ção Básica; e

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária
com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde
socioeconômicos, de acordo com definição local. da Família ou Atenção Básica a qual integra.
Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne- Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os
rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei-
com número máximo de 750 pessoas por ACS. ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada,
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os
horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio- equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas-
nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico
ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da completo).
Família, no SCNES vigente. De modo a atender às características e necessidades de cada
município, poderão também ser compostas eSB na modalidade
2. Equipe de Atenção Primária - eAP: a eAP difere da equipe de I com carga horária diferenciada, nos seguintes termos: (Redação
Saúde da Família - eSF em sua composição, de modo a atender às dada pela PRT GM/MS n° 2.539 de 26.09.2019)
características e necessidades de cada município, e deverá obser- Modalidade I-20h: eSB composta por profissionais com carga
var as diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica - PNAB e os horária mínima individual de 20 (vinte) horas semanais e cadastra-
atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde, como acesso de dos em uma mesma Unidade de Saúde, com população adscrita
primeiro contato, longitudinalidade, coordenação e integralidade. correspondente a 50% (cinquenta por cento) da população adscri-
(Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.539 de 26.09.2019) ta para uma eSF; ou (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.539 de
As eAP deverão ser compostas minimamente por médicos pre- 26.09.2019)
ferencialmente especialistas em medicina de família e comunidade Modalidade I-30h: eSB composta por profissionais com carga
e enfermeiros preferencialmente especialistas em saúde da famí- horária mínima individual de 30 (trinta) horas semanais e cadas-
lia cadastrados em uma mesma Unidade de Saúde. (Redação dada trados em uma mesma Unidade de Saúde, com população adscrita
pela PRT GM/MS n° 2.539 de 26.09.2019) correspondente a 75% (setenta e cinco por cento) da população
As eAP poderão ser de duas modalidades, de acordo com a car- adscrita para uma eSF. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.539
ga horária: (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.539 de 26.09.2019) de 26.09.2019)
Modalidade I: a carga horária mínima individual dos profissio- Não se aplica aos profissionais da eSB na modalidade I com car-
nais deverá ser de 20 (vinte) horas semanais, com população ads- ga horária diferenciada a vedação à participação em mais de uma
crita correspondente a 50% (cinquenta por cento) da população eSB ou eSF, não sendo hipótese de suspensão de repasse a duplici-
adscrita para uma eSF; ou (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.539 dade de profissional. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.539 de
de 26.09.2019) 26.09.2019)
Modalidade II: a carga horária mínima individual dos profis-
sionais deverá ser de 30 (trinta) horas semanais, com população 4- Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
adscrita correspondente a 75% (setenta e cinco por cento) da po- (NASF-AB)
pulação adscrita para uma eSF. (Redação dada pela PRT GM/MS n° Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com-
2.539 de 26.09.2019) posta por categorias de profissionais da saúde, complementar às
Não se aplica aos profissionais da eAP a vedação à participação equipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes
em mais de uma eAP ou eSF, não sendo hipótese de suspensão de ocupações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando
repasse a duplicidade de profissional. (Redação dada pela PRT GM/ de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagó-
MS n° 2.539 de 26.09.2019) gico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de
O cadastro das eAP no SCNES deverá observar os mesmos có- Atenção Básica (eAB).
digos para o cadastro das eSF. (Redação dada pela PRT GM/MS n° Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção
2.539 de 26.09.2019) Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando
As citações à Equipe de Atenção Básica - eAB feitas nesta por- de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais,
taria e em outros atos normativos devem ser interpretadas, no que garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços
couber, como referências à Equipe de Atenção Primária - eAP. (Re- diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer
dação dada pela PRT GM/MS n° 2.539 de 26.09.2019) e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi-
são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação,
3.- Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um.
as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur- Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro-
gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos
bucal. sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção
Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do
se organizar nas seguintes modalidades: cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.
(ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços
Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB. com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre
Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú- acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne-
de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten-
equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba-
lho conjunto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros 3.5- Equipes de Atenção Básica para Populações Específicas
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá- Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção
rias. Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên-
Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB): cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica
atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi-
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita
SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi- intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o
liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so- objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral
bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos à saúde.
quanto sanitários; e Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar- saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo,
tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti- ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an-
cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde
de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida- à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem
de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri-
discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
território. na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro específicas, de modo que se faça uma transição para um momento
de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis- em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as
tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti- pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF.
co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra;
Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé- São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações
dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico Específicas:
Internista (clínica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, 3.6- ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e 1.- Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu-
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e
graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais
vigente. para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante
A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges- do País:
tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes
territórios. que desempenham parte significativa de suas funções em UBS
construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área
5- Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS): adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis-
É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá- persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co-
rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza- munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma
ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma
Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia: por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
a. a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
SCNES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
agentes comunitários de saúde; enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
b. o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló- bucal: 1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente. saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
c. o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema- Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po-
nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá-
da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor; rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas;
d. o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/
no SCNES vigente, vinculados à equipe; Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2
e. cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta- (dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com-
ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon- posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas
sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas; equipes de Nasf-AB.
f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen- Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de
to do processo de trabalho a partir das necessidades do território, enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri-
com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e
e de risco epidemiológico; deverão residir na área de atuação.
g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida- As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo,
de do cuidado no território; e 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito)
h. cadastrar, preencher e informar os dados através do Sistema horas diárias.
de Informação em Saúde para a Atenção Básica vigente.

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR São itens necessários para o funcionamento das equipes de
adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to- Consultório na Rua (eCR):
das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne- do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e
cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó-
servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações
de Saúde da Família vinculadas. em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri- do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins-
incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis- tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre
tência das seguintes estruturas: outras instituições públicas e da sociedade civil;
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur-
a atenção de forma descentralizada; e no e/ou noturno em todos os dias da semana; e
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- especificadas em portaria específica.
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja
estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci- de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão
mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas. agregar agentes comunitários de saúde.
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que O agente social, quando houver, será considerado equivalente
desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro-
(UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per- fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção,
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial. a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so-
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- cultura das pessoas em situação de rua.
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de requisitos:
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca-
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e
bucal: 1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. Básica vigente, conforme norma específica.
Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/ Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua,
ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni- o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen-
ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre- do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica,
ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à
ou Auxiliar em Saúde Bucal. Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó-
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área rio onde estas pessoas estão concentradas.
da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de
ou outros profissionais previstos para os NASF-AB cada município, serão tomados como base os dados dos censos po-
Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados
referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde.
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada As regras estão publicadas em portarias específicas que disci-
60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire-
Básica. trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei- equipes de consultório na rua entre outras disposições.
rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial 1.- Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas
não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema
de custeio para logística, que considera a existência das seguintes Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi-
estruturas: lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas
a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e privadas de liberdade.
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li-
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto
a atenção de forma descentralizada; e na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva-
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção
1.- Equipe de Consultório na Rua (eCR) - equipe de saúde com Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or-
composição variável, responsável por articular e prestar atenção in- denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati-
tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde
análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po- a que estiver vinculada, conforme portaria específica.
dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em 4- ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
portaria específica.

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto- básica;
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
ou do Distrito Federal. viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
4.1. Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que lidade do cuidado;
atuam na Atenção Básica: XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros va vigente;
dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor- XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste- tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide- tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa- de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
nhadas no planejamento local; ritório;
- Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur-
prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de
necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas, estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi-
associações, entre outros), com atenção especial às populações que nalidade pelas equipes que atuam na AB;
apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me- XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio
dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.). às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma-
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em
saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori- seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida-
dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na des e prioridades estabelecidas;
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB; XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan- saúde controlados/compensados com algum grau de dependência
do a integralidade por meio da realização de ações de promoção, para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos Unidade Básica de Saúde;
e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza- XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte-
ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de
Integrativas e Complementares; vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba-
VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar-
atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi- tilhada - reservada aos profissionais de nível superior, construção
ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili- de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras
zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci- estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da
mento do vínculo; população);
VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar
adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das
de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos, ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan-
permitindo a longitudinalidade do cuidado; do a readequação constante do processo de trabalho;
VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas, XXII. Articular e participar das atividades de educação perma-
famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam nente e educação continuada;
influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads-
e da própria comunidade; trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens
IX .Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co- adequadas às necessidades deste público;
ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou- XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos necessários
tros pontos de atenção do sistema de saúde; para o adequado funcionamento da UBS;
X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente XXIV-A Promover a mobilização e a participação da comunida-
para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão, de, estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores lo-
planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação cais, profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social
dos serviços de saúde; na gestão da Unidade Básica de Saúde;
XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos-
da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais sam potencializar ações intersetoriais;
na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da
e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos; Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do Família (PBF), e/ou outros programas sociais equivalentes, as condi-
encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu- cionalidades de saúde das famílias beneficiárias; e
lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as
prioridades locais, definidas pelo gestor local.

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes 4.2.2- Cirurgião-Dentista:
que atuam na Atenção Básica: I.- Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
4.2.1 - Enfermeiro: saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
I.- Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
em todos os ciclos de vida; nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
II.- Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
exames complementares, prescrever medicações conforme proto- em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; disposições legais da profissão;
III.- Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- II.- Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
lecidos; no território;
IV.- Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados III.- Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
to aos demais membros da equipe; rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
V.- Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces- clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela dentárias (elementar, total e parcial removível);
rede local; IV.- Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promo-
VI.- Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os V.- Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
outros membros da equipe; saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
VII.- Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
e ACS; VI.- Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
VIII.- Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e liar em saúde bucal (ASB);
fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e VII.- Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
IX.- Exercer outras atribuições conforme legislação profissional, ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe;
e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. VIII. Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida-
4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem: dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território,
I.- Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro- junto aos demais membros da equipe; e
cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS IX.- Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais na sua área de atuação.
espaços comunitários (escolas, associações, entre outros); 4.2.3- Técnico em Saúde Bucal (TSB):
II.- Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos, I.- Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das
administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo
exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou- na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros),
de atuação e regulamentação; e segundo programação e de acordo com suas competências técnicas
III.- Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade e legais;
na sua área de atuação. II.- Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen-
4.2.1- Médico: tos odontológicos;
I.- Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res- III.- Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
ponsabilidade; saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
II.- Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi- mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, IV.- Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso- venção e promoção da saúde bucal;
ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes V.- Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es- de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito saúde;
Federal), observadas as disposições legais da profissão; VI.- Participar das ações educativas atuando na promoção da
III.- Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados saúde e na prevenção das doenças bucais;
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- VII.VII - Participar da realização de levantamentos e estudos
to aos demais membros da equipe; epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
IV.- Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos VIII.- Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa- bucal;
bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito; IX.- Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc-
V.- Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, nica definida pelo cirurgião-dentista;
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; X.- Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi-
VI.- Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e XI.- Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
VII.- Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
na sua área de atuação. riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XII.- Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- I.- Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
XIII.- Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
rurgião Dentista; de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
XIV.- Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e de trabalho na UBS;
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e II.- Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
do ambiente de trabalho; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
XV.- Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
antes e após atos cirúrgicos; saúde, junto aos demais profissionais;
XVI.- Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, III.- Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
XVII.- Processar filme radiográfico; implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XVIII.- Selecionar moldeiras; como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
XIX.- Preparar modelos em gesso; IV.- Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
XX.- Manipular materiais de uso odontológico. envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
XXI.Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
na sua área de atuação. rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
4.2.4- Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): relacionados à segurança;
I.- Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal V.- Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas de
para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissionais,
e protocolos de atenção à saúde; verificando sua consistência, estimulando a utilização para análise e
II.- Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es- planejamento das ações, e divulgando os resultados obtidos;
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do VI.- Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
ambiente de trabalho; trabalho em equipe;
III.- Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções VII. Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
clínicas, equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida-
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
bucal; recursos;
V.- Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à VIII.- Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma-
saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica, nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo
buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis- bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento;
ciplinar; IX.- Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins-
VI.- Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto- território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde
lógicos; realizada na UBS;
VII.-Processar filme radiográfico; X.- Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos
VIII.- Selecionar moldeiras; profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em
IX.- Preparar modelos em gesso; protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência
X.- Manipular materiais de uso odontológico realizando manu- e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes
tenção e conservação dos equipamentos; pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá-
XI.- Participar da realização de levantamentos e estudos epide- veis;
miológicos, exceto na categoria de examinador; e XI.- Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter-
XII. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia-
na sua área de atuação. da para as vulnerabilidades existentes no território;
4.2.5- Gerente de Atenção Básica XII.- Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro- processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi- própria UBS, ou com parceiros;
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A XIII.- Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
necessidade do território e cobertura de AB. XIV.- Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre- quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane- e
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e XV.- Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja petências.
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua 4.2.6- Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Comba-
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, te a Endemias (ACE)
e dentre suas atribuições estão: Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
integradas. rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da duos e grupos sociais ou coletividades;
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
a) Atribuições comuns do ACS e ACE e exames agendados;
I.- Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
atuação da equipe; exames solicitados;
II.- Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
tros profissionais da equipe quando necessário; pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
III.- Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde paciente para a unidade de saúde de referência.
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi- I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti-
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí-
IV.- Identificar e registrar situações que interfiram no curso das lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de atuam na Atenção Básica;
transmissão de doenças infecciosas e agravos; III- aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
V.- Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co- material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
letiva; com uso de coberturas passivas, que somente cobrem a ferida; e
VI. Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami- V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis-
nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
VII.- Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me- procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de-
didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal.
no ambiente para o controle de vetores; c) Atribuições do ACE:
VIII.- Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala-
território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de cológica ou coleta de reservatórios de doenças;
saúde disponíveis; II.- Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis
IX.- Estimular a participação da comunidade nas políticas públi- para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter-
cas voltadas para a área da saúde; venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea-
X.- Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente
potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da indicado;
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu- III. Executar ações de controle de doenças utilizando as me-
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras
XI.- Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- ações de manejo integrado de vetores;
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo IV.- Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco-
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. nhecimento geográfico de seu território; e
b) Atribuições do ACS: V.- Executar ações de campo em projetos que visem avaliar
I- Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base geo- novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de
gráfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, mantendo doenças; e
os dados atualizados no sistema de informação da Atenção Básica VI.- Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da equipe, gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
para a análise da situação de saúde, considerando as característi- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
cas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica
do território, e priorizando as situações a serem acompanhadas no (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena-
planejamento local; dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi-
gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser

239
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
realizada por profissional com comprovada capacidade técnica, IV.- Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de
podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu
família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local. território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou
5- DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re-
A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na ferência para o seu cuidado).
rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do V.- Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas
SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas. do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia-
Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural, ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço
buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da em responder às necessidades de saúde da população (residente e
saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra- itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de-
tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações
que possam comprometer sua autonomia. e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga-
Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen-
Atenção Básica se caracteriza por: ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas
I.- Definição do território e Territorialização - A gestão deve de- de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e
finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co- outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda-
nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo -se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du-
com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife- rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros,
rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo- impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que
gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc. horários alternativos de funcionamento que atendam expressa-
Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que mente a necessidade da população podem ser pactuados através
necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância das instâncias de participação social e gestão local.
em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador) Importante ressaltar também que para garantia do acesso é
e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter-
para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo
exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e
na percepção dos problemas de saúde da população por parte da maximizar ofertas.
equipe e no planejamento das estratégias de intervenção. VI.- O acolhimento deve estar presente em todas as relações de
Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter- cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários,
ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte- nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro-
gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia-
ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo
único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En- que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá
demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para
e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi- as condições crônicas.
cação das necessidades de saúde da população e no planejamento Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou menos
das intervenções clínicas e sanitárias. longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati-
Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de
território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi- saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente
pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu- e com qualidade.
ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência. Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du-
II.- Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos
assumir em seu território de referência (adstrição), considerando fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações
questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo, de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta
ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de (individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento
agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc.
intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu- A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá-
lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de sica pode se constituir como:
rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe
mesmo trabalhadores da área adstrita. deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme
III.- Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é funda- sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais,
mental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida.
de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando
às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ-
ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces- ações conforme suas especificidades, dinâmicas e tempo.
sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta,
para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces- na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção
se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia- de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si-
do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran- tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan-
do a continuidade do cuidado. do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das
consultas ou atividades agendadas.

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em VII.- Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di-
equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá-
no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes
e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi- formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas,
dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita- assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário,
do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú-
o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É
partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção.
de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades VIII.- Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos
de saúde da população e território. Para isso é importante que a riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo
equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega; a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser
como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da
encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo
o cuidado; etc. escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar
Destacam-se como importantes ações no processo de avalia- recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan-
ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es-
com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b). pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens
a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi-
comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú- pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e
de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im-
expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem
priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica
agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par- ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação
tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri- da resolutividade e abrangência da AB.
zes e protocolos assistenciais definidos no SUS. Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um conjunto
O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover
modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori- uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes
dade no atendimento, independentemente do número de consul- clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos
tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade- singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi-
quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização
em outros pontos de atenção da RAS. dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes-
As informações obtidas no acolhimento com classificação de soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se-
risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde;
preferencialmente eletrônico). eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma
Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode- a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de
rão ser definidos como: forma humanizada.
1- consulta ou procedimento imediato; VIII.- Promover atenção integral, contínua e organizada à popu-
1-A. consulta ou procedimento em horário disponível no mes- lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra-
mo dia; vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional,
2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura, interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve
para usuário do território; buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri-
3. procedimento para resolução de demanda simples prevista bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à
em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi- saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede
ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a
para o seguimento de linha de cuidado bem definida; equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen-
4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median- to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e
te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e transdisciplinar, e a ação intersetorial.
5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi- Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à
cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi-
município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches,
risco não exija atendimento no momento da procura do serviço. praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada.
b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri- IX.- Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu-
térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados
em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma
complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di- Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor
ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí-
na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral. lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e
A estratificação de risco da população adscrita a determinada realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi-
UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações ciliar nos casos de maior complexidade.
que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne- X.- Programação e implementação das atividades de atenção à
rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com
usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas
serviços de saúde. de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e
resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen- A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte-
da-se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos
de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde
dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane- deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação
jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros
envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários). eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
XI.- Implementação da Promoção da Saúde como um princípio normas vigentes.
para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân- Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro-
cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside- cessos de trabalho de acordo com a realidade local.
rando a determinação social dos processos saúde-doença para o A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção
planejamento das intervenções da equipe, contribui também para Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da
a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre-
respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co-
andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den- munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com
tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável definição de papéis e responsabilidades.
e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain- A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su-
da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação perior das equipes que atuam na Atenção Básica.
das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de XIII.- Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi-
estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu- pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos-
des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de-
mais saudáveis e sustentáveis. senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por
Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú- qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários.
de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do XIV.- Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com
território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi-
de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na
população brasileira, que devem ser considerados na abordagem comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados
da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; para o desenvolvimento de uma atenção integral;
práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta- XV.- Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos
baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool; de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces-
promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo
e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos; dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui-
promoção do desenvolvimento sustentável. dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi-
XII.- Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a
agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se- identificação das necessidades sociais e organização do serviço em
cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per- função delas, entre outras;
fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais, XVI.- Participação do planejamento local de saúde, assim como
alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade
pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in- e município; visando à readequação do processo de trabalho e do
teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida- planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos-
de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de sibilidades analisadas.
doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser
desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu-
medicamentos. nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do
Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten- reconhecimento das realidades presentes no território que influen-
ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde
sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da- de acordo com a necessidade/demanda da população, com base
dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads-
da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e crito.
doenças, bem como para a promoção da saúde. As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve-
As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados
de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS.
processos de trabalho voltados para: As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in-
a. vigilância da situação de saúde da população, com análises formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges-
que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública; digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente;
b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a XVII.- Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB,
resposta de saúde pública; estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na
c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis; segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida-
e do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis- paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica-
síveis e acidentes. ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos.

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XVIII.- Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves-
e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento
de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a das ações de Atenção Básica.
participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados
conselhos locais e municipal; e em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a
XIX.- Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do
do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica. Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento
Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza- pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e
gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se do Distrito Federal.
incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando- O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve-
-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar rá ser composto por:
as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor- I.- Recursos per capita; que levem em consideração aspectos
tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu- sociodemográficos e epidemiológicos;
cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões, II.- Recursos que estão condicionados à implantação de estra-
fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe-
carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to- cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde
dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores. da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de
Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio- Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos
nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB),
os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los, dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF)
tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa- e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca-
ção, Formação em Saúde. demia da Saúde;
Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como III.- Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações
uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio- e serviços;
nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação IV.- Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de
em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi- Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na-
zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade;
cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar V.- Recursos de investimento;
os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar
ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba- conforme a regulamentação de transferência de recursos federais
lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias. para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm-
A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido
trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên- na LC 141/2012.
cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB I - Recurso per capita:
e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis- O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma
centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu-
mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen- nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli-
to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços cado pela população do Município.
e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele- A população de cada município e do Distrito Federal será a po-
bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo
serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen- Ministério da Saúde.
tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté-
como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação gias e programas da Atenção Básica
e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri- 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos
buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão
ensino-serviço-comunidade. prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi- número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema
pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for- de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com-
mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões, petência financeira.
conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas, O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
através dos processos de Educação Continuada, igualmente como pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica
estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de-
vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para 2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos
a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio- financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas
nais. serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi-
pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na-
6 - DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com respectiva competência financeira.
detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan- O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica
tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional, (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo-
Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon- nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento.
tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de
Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten-

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
3. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos fi- responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos
nanceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Aten- estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe-
ção Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal, rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo
serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali- com o cronograma definido anualmente pelo SCNES.
dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) III - Do credenciamento
registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos Deve estar previsto no Plano Municipal ou Distrital de Saúde ou
de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi- Programação Anual de Saúde, devidamente aprovado pelo respec-
nanceira. tivo Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito
O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de Federal, diretriz, meta, objetivo ou ação relacionada à qualificação
Saúde Bucal será publicado em portaria específica. e/ou aumento de cobertura de serviços de saúde vinculados à Se-
cretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (SAPS/
4. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais MS) no município ou Distrito Federal. A escolha do serviço de saúde
4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos de acordo com as tipologias regimentadas pela SAPS, assim como
incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri- sua forma de contratação é de decisão do gestor municipal ou dis-
nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como trital. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.710 de 08.07.2019)
base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re- O gestor municipal ou distrital deverá: (Redação dada pela PRT
gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior GM/MS n° 3.119 de 27.11.2019)
ao da respectiva competência financeira. 1. Solicitar ao Ministério da Saúde o credenciamento de servi-
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi- ços e equipes, conforme modelo a ser disponibilizado pelo Ministé-
pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por- rio da Saúde, via ofício ou por meio de sistema de informação es-
taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a pecífico; e (Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.119 de 27.11.2019)
equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades 2. Dar ciência ao Ministério da Saúde do envio de documento
ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades. ao Conselho Municipal de Saúde ou Conselho Distrital de Saúde,
4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos à Secretaria Estadual de Saúde e à Comissão Intergestores Biparti-
incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais te para conhecimento da solicitação de credenciamento (Redação
(eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base dada pela PRT GM/MS n° 3.119 de 27.11.2019)
o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados Aplicam-se integralmente as disposições acima a todas as es-
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res- tratégias do Departamento de Saúde da Família e Secretaria de
pectiva competência financeira. Atenção Primária à Saúde, com exceção das equipes de saúde da
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni- família ribeirinhas e unidade de saúde fluvial ou outras que exijam
dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí- análise técnica específica. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.710
fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades de 08.07.2019)
preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de O Ministério da Saúde realizará análise do pleito de acordo com
Saúde Fluviais. a disponibilidade orçamentária e com os seguintes critérios técni-
4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR) cos: (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037 de 21.05.2021)
Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con- a. critério de exclusão: solicitações que superem o teto do mu-
sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês, nicípio ou DF, considerado como o número máximo de equipes, ser-
tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas viços e programas que podem ser financiados pelo Ministério da
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res- Saúde, conforme as regras previstas nas normas vigentes que regu-
pectiva competência financeira. lamentam a organização, o funcionamento e financiamento das res-
Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios pectivas ações, programas e estratégias da Atenção Primária à saú-
na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica. de (APS); (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037 de 21.05.2021)
b. critérios de priorização: (Redação dada pela PRT GM/MS n°
5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica 1.037 de 21.05.2021)
(NASF-AB) b.1. solicitações de entes federativos em situação de vulnera-
O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASF-AB, bilidade socioeconômica e de perfil demográfico, de acordo aos cri-
dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em térios aplicados para cálculo do Incentivo Financeiro de Capitação
portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os Ponderada referente ao financiamento de custeio da APS, conforme
NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como a Seção II do Título II da Portaria de Consolidação GM/MS nº 6, de
base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente. 28 de setembro de 2017; (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037
de 21.05.2021)
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) b.2. solicitações de entes federativos com menor cobertura da
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS Atenção Primária à Saúde; (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037
(EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base de 21.05.2021)
o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no b.3. solicitações referentes a equipes, serviços e programas
sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec- da Atenção Primária à Saúde em funcionamento e ainda não cre-
tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no denciados ou sem adesão homologada pelo Ministério da Saúde,
último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no devidamente cadastrados no SCNES, atendendo as regras de com-
número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas- posição e carga horária profissional, conforme Portaria SAPS/MS nº
tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano 60, de 26 de novembro de 2020; e (Redação dada pela PRT GM/MS
vigente. n° 1.037 de 21.05.2021)
A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos
no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja

244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b.4. quantidade de solicitações do ente federativo de creden- III.- descumprimento da carga horária mínima prevista para os
ciamento ou de adesão de equipes, serviços e programas da Aten- profissionais das equipes; e
ção Primária à Saúde. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037 de IV.- ausência de alimentação regular de dados no Sistema de
21.05.2021) Informação da Atenção Básica vigente.
§ 1º A aplicação dos critérios de priorização definirá a posição Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
do município para análise técnica, observada a metodologia dispo- equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu-
nibilizada no endereço eletrônico “https://aps.saude.gov.br/gestor/ cal.
financiamento/credenciamentos/” que considerará os seguintes As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
pesos: (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037 de 21.05.2021) Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro-
I - peso 2 (dois) para os critérios elencados nos itens b.1 e b.2; e fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
(Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037 de 21.05.2021) financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
II - peso 1 (um) para os critérios elencados nos itens b.3 e b.4. implantação.
(Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.037 de 21.05.2021) Parágrafo único. A suspensão será mantida até a adequação
§ 2º Os entes federativos que tiverem solicitação de credencia- das irregularidades identificadas.
mento ou de adesão indeferida poderão realizar novas solicitações, 6.2 - Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
observado os critérios acima elencados. (Redação dada pela PRT Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do
GM/MS n° 1.037 de 21.05.2021) SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
Após a publicação de Portaria de credenciamento das novas Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe-
equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal e distrital tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va-
deverá cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que
Estabelecimento de Saúde (CNES), num prazo máximo de 6 (seis) a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de
competências, a contar da data de publicação da referida Portaria, suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
sob pena de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse pra- Distrito Federal deverão:
zo não seja cumprido. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 804 de - preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi-
14.04.2020) bilizado em manual específico;
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes - realizar as adequações necessárias nos sistemas vigentes (SC-
que atuam na Atenção Primária à Saúde, isto é, todos os serviços NES e/ou SISAB) que justifiquem o pleito de retroativo; e
vinculados à Secretaria de Atenção Primária à Saúde, efetivamen- - enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, pleiteando
te credenciadas em portaria e cadastradas no Sistema de Cadastro o crédito retroativo, acompanhado do anexo referido no item I e
Nacional de Estabelecimentos de Saúde, os Municípios e Distrito documentação necessária a depender do motivo da suspensão.
Federal, deverão alimentar os dados no sistema de informação da Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser
Atenção Primária à Saúde vigente, comprovando, obrigatoriamen- encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es-
te, o início e execução das atividades. (Redação dada pela PRT GM/ pecífico a ser publicado.
MS n° 1.710 de 08.07.2019) As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu-
1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bási- mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar-
ca (Redação dada pela PRT GM/MS n° 1.710 de 08.07.2019) tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi-
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação
Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando: de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos
I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante
do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação, de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca-
como: minhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele- O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas,
cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên- verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas
cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên-
normatização vigente; e cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação.
b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de
Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos, ANEXO 2 DO ANEXO XXII
conforme normativas específicas. (Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019)
- identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici-
pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos. ANEXO 3 DO ANEXO XXII
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item (Revogado pela PRT GM/MS n° 2.979 de 12.11.2019)
II :
O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos ANEXO 4 DO ANEXO XXII
referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em Número máximo de microscopistas pelos quais os Municípios
que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su- poderão fazer jus ao recebimento de incentivo financeiro (Origem:
pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual PRT MS/GM 3238/2009, Anexo 1)
de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle Número máximo de microscopistas pelos quais os Municípios
competentes, qualquer uma das seguintes situações: poderão fazer jus ao recebimento de incentivo financeiro
I.- inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
trabalho das equipes e/ou; UF Cód. Município Total Total
II.- ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer Município
um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais RO 110002 ARIQUE- 11
esteja impedida por legislação específica, e/ou; MES

245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

RO 110010 GUAJARÁ- 5 AM 130030 AUTAZES 7


-MIRIM AM 130040 BARCE- 5
RO 110013 MA- 4 LOS
CHADINHO AM 130063 BERURI 3
D’OESTE
AM 130080 BORBA 13
RO 110020 PORTO 21
VELHO AM 130083 CAAPI- 2
RANGA
RO 110026 RIOCRES- 1
PO AM 130090 CANUTA- 4
MA
RO 110033 NOVA 2
MAMORE AM 130110 CAREIRO 9
RO 110040 ALTO 3 AM 130115 CAREIRO 3
PARAISO DA VÁRZEA
RO 110045 BURITIS 7 AM 130120 COARI 18
RO 110070 CAMPO 3 AM 130165 GUAJARA 3
NOVO DE AM 130170 HUMAITÁ 8
RONDONIA
AM 130180 IPIXUNA 4
RO 110080 CANDEIAS 3
AM 130185 IRANDU- 9
DO JAMARI
BA
RO 110094 CUJUBIM 2
AM 130190 ITACOA- 15
RO 110110 ITAPUA 2 TIARA
DO OESTE
AM 130200 ITAPIRAN- 2
RO 110160 THEO- 4 GA
BROMA
AM 130230 JUTAÍ 7
RO 110175 VALEDOA- 2
AM 130240 LABREA 6
NARI
AM 130250 MANA- 18
AC 120001 ACRELAN- 3
CAPURU
DIA
AM 130255 MANA- 5
AC 120020 CRUZEIRO 13
QUIRI
DO SUL
AM 130260 MANAUS 42
AC 120033 MANCIO 2
LIMA AM 130270 MAN 9
ICORE
AC 120038 PLACIDO 4
DE CASTRO AM 130320 NOVO 2
AIRAO
AC 120039 PORTO 1
WALTER AM 130330 NOVO 5
ARIPUANA
AC 120042 RODRI- 3
GUES ALVES AM 130353 PRE- 5
SIDENTE
AC 120060 TARAUA- 5
FIGUEIREDO
CA
AM 130356 RIO PRE- 7
AM 130140 EIRUNEPÉ 10
TO DA EVA
AM 130220 JURUÁ 3
AM 130360 SANTA 3
AM 130280 MARAA 7 ISABEL DO RIO
AM 130370 SANTO 11 NEGRO
ANTÔNIO DO AM 130380 SAO 9
IÇÁ GABRIEL DA
AM 130390 SAO 4 CACHOEIRA
PAULO DE AM 130395 SAO SE- 2
OLIVENÇA BASTIAO DO
AM 130002 ALVARAES 4 UATUMA
AM 130014 APUÍ 5 AM 130400 SILVES 1
AM 130020 ATALAIA 2 AM 130410 TAPAUÁ 3
DO NORTE AM 130420 TEFE 14

246
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

AM 130426 UARINI 2 AP 160053 PORTO 2


RR 140002 AMAJARI 2 GRANDE

RR 140015 BONFIM 3 AP 160070 TARTARU- 1


GALZINHO
RR 140017 CANTA 2
MT 510325 COLNIZA 5
RR 140020 CARACA- 3
RAÍ MT 510757 RON 1
DOLANDIA
RR 140023 CAROEBE 1
RR 140028 IRACEMA 2 ANEXO 5 DO ANEXO XXII
Ações de responsabilidade de todos os Auxiliares Técnicos em
RR 140030 MUCAJAÍ 3
Patologia Clínica (Origem: PRT MS/GM 3238/2009, Anexo 2)
RR 140047 RORAI- 2 Ações de responsabilidade de todos os Auxiliares Técnicos em
NOPOLIS Patologia Clínica
RR 140050 SAO JOAO 1 São ações de responsabilidade de todos os Auxiliares Técnicos
DA BALIZA em Patologia Clínica, a serem desenvolvidas em conjunto com as
Equipes de Saúde da Família - ESF E/OU Equipes de agentes comu-
PA 150530 ORIXIMI- 11 nitários de Saúde.
NA
PA 150470 MOJU 15 A - COLETAR MATERIAL BIOLÓGICO
PA 150345 IPIXUNA 5 1. Atender o paciente;
DO PARA 2. Ponderar o pedido de exame;
3. Certificar-se do preparo do paciente;
PA 150060 ALTAMIRA 11 4. Posicionar o paciente de acordo com o exame;
PA 150070 ANAJAS 3 5. Identificar o material biológico do paciente;
6. Efetuar assepsia na região de coleta;
PA 150085 ANAPU 3
7. Puncionar polpa digital;
PA 150195 CACHOEI- 6 8. Acondicionar amostra para transporte.
RA DE PIRIA
PA 150309 GOIANE- 4 B - RECEBER MATERIAL BIOLÓGICO
SIA DO PARA 1. Confrontar material biológico com o pedido;
2. Conferir as condições do material biológico.
PA 150360 ITAITUBA 24
PA 150375 JACAREA- 3 C - PREPARAR AMOSTRA DO MATERIAL BIOLÓGICO
CANGA 1. Confeccionar lâminas (esfregaço);
PA 150503 NOVO 2 2. Preparo do esfregaço delgado, quando indicado;
PROGRESSO 3. Corar lâminas.
PA 150548 PACAJA 10 D - AJUSTAR EQUIPAMENTOS ANALÍTICOS E DE SUPORTE
PA 150550 PARAGO- 13 1. Executar manutenção preventiva do equipamento;
MINAS 2. Calibrar o equipamento;
3. Ao final do dia, fazer manutenção e limpeza do microscópio;
PA 150600 PRAINHA 6
4. Providenciar manutenção corretiva do equipamento.
PA 150780 SENADOR 3 E - REALIZAR EXAMES CONFORME O PROTOCOLO
JOSE PORFI- 1. Dosar volumetria de reagentes e soluções para exames;
RIO 2. Realizar análise macroscópica;
PA 150810 TUCURUI 13 3. Avaliar a qualidade de coloração da gota espessa;
4. Avalair a qualidade de coloração do esfregaço;
AP 160005 SERRA DO 1 5. Identificar a parasitemia para a malária e demais agravos
NAVIO passíveis de diagnóstico por meio do exame da gota espessa, aos
AP 160015 PEDRA 2 quais estiver capacitado;
BRANCA DO 6. Realizar análise microscópica e quantificação da parasitemia;
AMAPARI 7. Uso de testes rápidos para o diagnóstico de malária (quando
AP 160020 CALCO- 1 se aplica);
ENE 8. Comparar resultados com os parâmetros de normalidade;
9. Dispensar ao paciente com malária os medicamentos neces-
AP 160023 FERREIRA 1 sários ao tratamento, de acordo com a espécie parasitária identi-
GOMES ficada no exame microscópico, conforme preconiza o Manual de
AP 160040 MAZA- 4 Terapêutica da Malária do Ministério da Saúde, se necessário;
GAO 10. Comparar o resultado do exame com resultados anteriores;
11. Comparar resultado do exame com os dados clínicos do pa-
AP 160050 OIAPO- 3
ciente;
QUE

247
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
12. Liberar exames para responsável que estiver acompanhan- 14. Fazer o agendamento para o acompanhamento com as Lâ-
do o paciente. minas de Verificação de Cura (LVC), se necessário;
15. Solicitar material ao almoxarifado;
F - ADMINISTRAR O SETOR 16. Transcrever resultados observados
1. Organizar o fluxograma de trabalho juntamente com a Equi-
pe de Saúde da Família e/ou Equipe de Agentes Comunitários de Prezado candidato, a “PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 2, DE
Saúde; 28 DE SETEMBRO DE 2017” na íntegra com seus respectivos ane-
2. Organizar o local de trabalho; xos está disponível para consulta em:
3. Gerenciar estoque de insumos; https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/
4. Abastecer o setor; prc0002_03_10_2017.html
5. Armazenar as amostras;
6. Consumir os kits por ordem de validade;
7. Encaminhar equipamento para manutenção; REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE AGENTE
8. Participar e promover atividades de capacitação e educação COMUNITÁRIO DE SAÚDE: DECRETO Nº 3.189/1999,
permanente junto à Equipe de Saúde da Família e/ou Agentes Co- LEI Nº 10.507/2002 E LEI Nº 11.350/2006
munitários de Saúde;
9. Supervisionar as atividades de coleta de exames de gota es- DECRETO N° 3.189, DE 4 DE OUTUBRO DE 1999.
pessa realizadas pela equipe de Agentes Comunitários de Saúde;
10. Elaborar controles estatísticos e epidemiológicos por meio Fixa diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comu-
das fichas do SIVEP - Malária. nitário de Saúde (ACS), e dá outras providências.

G - TRABALHAR COM SEGURANÇA E QUALIDADE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe
1. Usar equipamento de proteção individual (EPI); confere o art. 84, inciso VI, da Constituição,
2. Seguir procedimentos e protocolos em caso de acidente; DECRETA:
3. Submeter-se a exames de saúde periódicos;
4. Tomar vacinas; Art. 1o Cabe ao Agente Comunitário de Saúde (ACS), no âm-
5. Aplicar normas complementares de biossegurança; bito do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, desenvolver
6. Verificar as condições de uso do equipamento; atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, por
7. Acondicionar material para descarte; meio de ações educativas individuais e coletivas, nos domicílios e
8. Descartar resíduos químicos e biológicos; na comunidade, sob supervisão competente.
9.Verificar a validade dos reagentes; Art. 2o São consideradas atividades do ACS, na sua área de
10. Descartar kits com validade vencida; atuação:
11. Precaver-se contra efeitos adversos dos produtos; I - utilizar instrumentos para diagnóstico demográfico e sócio-
12. Desinfectar instrumental e equipamentos. -cultural da comunidade de sua atuação;
II - executar atividades de educação para a saúde individual e
H - COMUNICAR-SE coletiva;
1. Dialogar com o paciente; III - registrar, para controle das ações de saúde, nascimentos,
2. Orientar o paciente sobre os procedimentos da coleta do óbitos, doenças e outros agravos à saúde;
material; IV - estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
3. Registrar a ação da coleta; cas como estratégia da conquista de qualidade de vida;
4. Anotação do resultado no Boletim de Notificação de Casos V - realizar visitas domiciliares periódicas para monitoramento
de Malária: de situações de risco à família;
a. Método tradicional em cruzes (avaliação semiquantitativa); VI - participar ou promover ações que fortaleçam os elos entre
B. Método de avaliação quantitativa pela contagem de 100 o setor saúde e outras políticas públicas que promovam a qualidade
campos microscópicos. de vida;
5. Registrar a medicação que o paciente está tomando no Bole- VII - desenvolver outras atividades pertinentes à função do
tim do SIVEP-Malária; Agente Comunitário de Saúde.
6. Anotação do resultado no “Livro do Laboratório”; Parágrafo único. As atividades do ACS são consideradas de re-
7. Envio das lâminas examinadas para o Laboratório de Revisão levante interesse público.
(100% das lâminas positivas e 10% das lâminas negativas); Art. 3o O ACS deve residir na própria comunidade, ter espírito
8. Enviar os Boletins de Notificação de Casos de Malária para de liderança e de solidariedade e preencher os requisitos mínimos
digitação; a serem estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
9. Trocar informações técnicas; Art. 4o O ACS prestará seus serviços, de forma remunerada, na
10. Consultar o médico, se necessário; área do respectivo município, com vínculo direto ou indireto com o
11. Realizar investigação do caso (UF provável de infecção; Mu- Poder Público local, observadas as disposições fixadas em portaria
nicípio provável de infecção; localidade provável de infecção) junto do Ministério da Saúde.
com a Equipe de Saúde da Família e/ou Equipe de Agentes Comuni- Art. 5o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
tários de Saúde, quando necessário;
12. Ao suspeitar de malária grave, providenciar, em conjunto Brasília, 4 de ourubro de 1999; 178o da Independência e 111o
com a Equipe de Saúde da Família e/ou Equipe de Agentes Comuni- da República.
tários de Saúde, o encaminhamento urgente do doente para a assis-
tência médico-hospitalar;
13. Se o resultado for negativo, encaminhar o paciente à unida-
de de saúde de referência para o esclarecimento diagnóstico;

248
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
LEI N° 10.507, DE 10 DE JULHO DE 2002. fica de atuação, a realização de visitas domiciliares rotineiras, casa
(Revogada pela Lei nº 11.350, de 2006) a casa, para a busca de pessoas com sinais ou sintomas de doenças
agudas ou crônicas, de agravos ou de eventos de importância para
LEI Nº 11.350, DE 5 DE OUTUBRO DE 2006 a saúde pública e consequente encaminhamento para a unidade
de saúde de referência.(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
Regulamenta o § 5o do art. 198 da Constituição, dispõe so- § 3° No modelo de atenção em saúde fundamentado na as-
bre o aproveitamento de pessoal amparado pelo parágrafo único sistência multiprofissional em saúde da família, são consideradas
do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de atividades típicas do Agente Comunitário de Saúde, em sua área
2006, e dá outras providências. geográfica de atuação:(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
I - a utilização de instrumentos para diagnóstico demográfico e
Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida sociocultural;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
Provisória nº 297, de 2006, que o Congresso Nacional aprovou, e II - o detalhamento das visitas domiciliares, com coleta e re-
eu, Renan Calheiros, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, gistro de dados relativos a suas atribuições, para fim exclusivo de
para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com controle e planejamento das ações de saúde;(Incluído dada pela Lei
a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, combinado com nº 13.595, de 2018)
o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei: III - a mobilização da comunidade e o estímulo à participação
nas políticas públicas voltadas para as áreas de saúde e socioeduca-
Art. 1° As atividades de Agente Comunitário de Saúde e de cional;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
Agente de Combate às Endemias, passam a reger-se pelo disposto IV - a realização de visitas domiciliares regulares e periódicas
nesta Lei. para acolhimento e acompanhamento:(Incluído dada pela Lei nº
Art. 2° O exercício das atividades de Agente Comunitário de 13.595, de 2018)
Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos desta Lei, a) da gestante, no pré-natal, no parto e no puerpério; (Incluído
dar-se-á exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde - dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
SUS, na execução das atividades de responsabilidade dos entes fe- b) da lactante, nos seis meses seguintes ao parto;(Incluído
derados, mediante vínculo direto entre os referidos Agentes e órgão dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
ou entidade da administração direta, autárquica ou fundacional. c) da criança, verificando seu estado vacinal e a evolução de
§ 1º É essencial e obrigatória a presença de Agentes Comu- seu peso e de sua altura;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
nitários de Saúde na Estratégia Saúde da Família e de Agentes de d) do adolescente, identificando suas necessidades e motivan-
Combate às Endemias na estrutura de vigilância epidemiológica e do sua participação em ações de educação em saúde, em confor-
ambiental.(Redação dada pela Lei nº 13.708, de 2018) midade com o previsto na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
§ 2ºIncumbe aos Agentes Comunitários de Saúde e aos Agen- (Estatuto da Criança e do Adolescente);(Incluído dada pela Lei nº
tes de Combate às Endemias desempenhar com zelo e presteza as 13.595, de 2018)
atividades previstas nesta Lei. (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de e) da pessoa idosa, desenvolvendo ações de promoção de saú-
2018) de e de prevenção de quedas e acidentes domésticos e motivan-
Art. 3º O Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição do sua participação em atividades físicas e coletivas;(Incluído dada
o exercício de atividades de prevenção de doenças e de promoção pela Lei nº 13.595, de 2018)
da saúde, a partir dos referenciais da Educação Popular em Saúde, f) da pessoa em sofrimento psíquico;(Incluído dada pela Lei nº
mediante ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coleti- 13.595, de 2018)
vas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS que g) da pessoa com dependência química de álcool, de tabaco ou
normatizam a saúde preventiva e a atenção básica em saúde, com de outras drogas;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
objetivo de ampliar o acesso da comunidade assistida às ações e h) da pessoa com sinais ou sintomas de alteração na cavidade
aos serviços de informação, de saúde, de promoção social e de pro- bucal;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
teção da cidadania, sob supervisão do gestor municipal, distrital, i) dos grupos homossexuais e transexuais, desenvolvendo
estadual ou federal. (Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) ações de educação para promover a saúde e prevenir doenças;(In-
Parágrafo único. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.595, cluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
de 2018)
I - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) j) da mulher e do homem, desenvolvendo ações de educação
II - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) para promover a saúde e prevenir doenças; (Incluído dada pela Lei
III - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) nº 13.595, de 2018)
IV - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) V - realização de visitas domiciliares regulares e periódicas para
V - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) identificação e acompanhamento:(Incluído dada pela Lei nº 13.595,
VI - (revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) de 2018)
§ 1ºPara fins desta Lei, entende-se por Educação Popular em a) de situações de risco à família;(Incluído dada pela Lei nº
Saúde as práticas político-pedagógicas que decorrem das ações vol- 13.595, de 2018)
tadas para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, esti- b) de grupos de risco com maior vulnerabilidade social, por
mulando o autocuidado, a prevenção de doenças e a promoção da meio de ações de promoção da saúde, de prevenção de doenças e
saúde individual e coletiva a partir do diálogo sobre a diversidade de educação em saúde;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
de saberes culturais, sociais e científicos e a valorização dos saberes c) do estado vacinal da gestante, da pessoa idosa e da popula-
populares, com vistas à ampliação da participação popular no SUS e ção de risco, conforme sua vulnerabilidade e em consonância com
ao fortalecimento do vínculo entre os trabalhadores da saúde e os o previsto no calendário nacional de vacinação;(Incluído dada pela
usuários do SUS.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018) Lei nº 13.595, de 2018)
§ 2° No modelo de atenção em saúde fundamentado na assis- VI - o acompanhamento de condicionalidades de programas
tência multiprofissional em saúde da família, é considerada ativida- sociais, em parceria com os Centros de Referência de Assistência
de precípua do Agente Comunitário de Saúde, em sua área geográ- Social (Cras).(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

249
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 4° No modelo de atenção em saúde fundamentado na assis- III - identificação de casos suspeitos de doenças e agravos à
tência multiprofissional em saúde da família, desde que o Agente saúde e encaminhamento, quando indicado, para a unidade de
Comunitário de Saúde tenha concluído curso técnico e tenha dis- saúde de referência, assim como comunicação do fato à autoridade
poníveis os equipamentos adequados, são atividades do Agente, sanitária responsável;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
em sua área geográfica de atuação, assistidas por profissional de IV - divulgação de informações para a comunidade sobre sinais,
saúde de nível superior, membro da equipe: (Incluído dada pela Lei sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e sobre medi-
nº 13.595, de 2018) das de prevenção individuais e coletivas;(Incluído dada pela Lei nº
I - a aferição da pressão arterial, durante a visita domiciliar, em 13.595, de 2018)
caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade de V - realização de ações de campo para pesquisa entomológica,
saúde de referência;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) malacológica e coleta de reservatórios de doenças;(Incluído dada
II - a medição de glicemia capilar, durante a visita domiciliar, pela Lei nº 13.595, de 2018)
em caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade VI - cadastramento e atualização da base de imóveis para pla-
de saúde de referência;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) nejamento e definição de estratégias de prevenção e controle de
III - a aferição de temperatura axilar, durante a visita domiciliar, doenças;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
em caráter excepcional, com o devido encaminhamento do pacien- VII - execução de ações de prevenção e controle de doenças,
te, quando necessário, para a unidade de saúde de referência;(In- com a utilização de medidas de controle químico e biológico, mane-
cluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) jo ambiental e outras ações de manejo integrado de vetores;(Incluí-
IV - a orientação e o apoio, em domicílio, para a correta admi- do dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
nistração de medicação de paciente em situação de vulnerabilida- VIII - execução de ações de campo em projetos que visem a
de;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e con-
V - a verificação antropométrica.(Incluído dada pela Lei nº trole de doenças;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
13.595, de 2018) IX - registro das informações referentes às atividades executa-
§ 5° No modelo de atenção em saúde fundamentado na as- das, de acordo com as normas do SUS;(Incluído dada pela Lei nº
sistência multiprofissional em saúde da família, são consideradas 13.595, de 2018)
atividades do Agente Comunitário de Saúde compartilhadas com os X - identificação e cadastramento de situações que interfiram
demais membros da equipe, em sua área geográfica de atuação:(In- no curso das doenças ou que tenham importância epidemiológica
cluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) relacionada principalmente aos fatores ambientais;(Incluído dada
I - a participação no planejamento e no mapeamento institu- pela Lei nº 13.595, de 2018)
cional, social e demográfico;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de XI - mobilização da comunidade para desenvolver medidas sim-
2018) ples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no am-
II - a consolidação e a análise de dados obtidos nas visitas domi- biente para o controle de vetores.(Incluído dada pela Lei nº 13.595,
ciliares;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) de 2018)
III - a realização de ações que possibilitem o conhecimento, § 2° É considerada atividade dos Agentes de Combate às En-
pela comunidade, de informações obtidas em levantamentos so- demias assistida por profissional de nível superior e condicionada
cioepidemiológicos realizados pela equipe de saúde; (Incluído dada à estrutura de vigilância epidemiológica e ambiental e de atenção
pela Lei nº 13.595, de 2018) básica a participação:(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
IV - a participação na elaboração, na implementação, na ava- I - no planejamento, execução e avaliação das ações de vaci-
liação e na reprogramação permanente dos planos de ação para nação animal contra zoonoses de relevância para a saúde pública
o enfrentamento de determinantes do processo saúde-doença;(In- normatizadas pelo Ministério da Saúde, bem como na notificação
cluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) e na investigação de eventos adversos temporalmente associados a
V - a orientação de indivíduos e de grupos sociais quanto a flu- essas vacinações;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
xos, rotinas e ações desenvolvidos no âmbito da atenção básica em II - na coleta de animais e no recebimento, no acondiciona-
saúde;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) mento, na conservação e no transporte de espécimes ou amostras
VI - o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação de ações biológicas de animais, para seu encaminhamento aos laboratórios
em saúde;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) responsáveis pela identificação ou diagnóstico de zoonoses de re-
VII - o estímulo à participação da população no planejamento, levância para a saúde pública no Município;(Incluído dada pela Lei
no acompanhamento e na avaliação de ações locais em saúde.(In- nº 13.595, de 2018)
cluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) III - na necropsia de animais com diagnóstico suspeito de zoo-
Art. 4° O Agente de Combate às Endemias tem como atribui- noses de relevância para a saúde pública, auxiliando na coleta e no
ção o exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de encaminhamento de amostras laboratoriais, ou por meio de outros
doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em conformidade procedimentos pertinentes;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de
com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de cada ente 2018)
federado. IV - na investigação diagnóstica laboratorial de zoonoses de re-
§ 1° São consideradas atividades típicas do Agente de Combate levância para a saúde pública;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de
às Endemias, em sua área geográfica de atuação:(Incluído dada pela 2018)
Lei nº 13.595, de 2018) V - na realização do planejamento, desenvolvimento e execu-
I - desenvolvimento de ações educativas e de mobilização da ção de ações de controle da população de animais, com vistas ao
comunidade relativas à prevenção e ao controle de doenças e agra- combate à propagação de zoonoses de relevância para a saúde pú-
vos à saúde;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) blica, em caráter excepcional, e sob supervisão da coordenação da
II - realização de ações de prevenção e controle de doenças e área de vigilância em saúde.(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de
agravos à saúde, em interação com o Agente Comunitário de Saúde 2018)
e a equipe de atenção básica;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de
2018)

250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3° O Agente de Combate às Endemias poderá participar, me- III - ter concluído o ensino médio.(Redação dada pela Lei nº
diante treinamento adequado, da execução, da coordenação ou da 13.595, de 2018)
supervisão das ações de vigilância epidemiológica e ambiental.(In- § 1ºQuando não houver candidato inscrito que preencha o re-
cluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) quisito previsto no inciso III do caput deste artigo, poderá ser ad-
Art. 4°-A.O Agente Comunitário de Saúde e o Agente de Com- mitida a contratação de candidato com ensino fundamental, que
bate às Endemias realizarão atividades de forma integrada, desen- deverá comprovar a conclusão do ensino médio no prazo máximo
volvendo mobilizações sociais por meio da Educação Popular em de três anos.(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
Saúde, dentro de sua área geográfica de atuação, especialmente § 2oÉ vedada a atuação do Agente Comunitário de Saúde fora
nas seguintes situações:(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) da área geográfica a que se refere o inciso I do caput deste artigo.
I - na orientação da comunidade quanto à adoção de medidas (Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
simples de manejo ambiental para o controle de vetores, de medi- § 3ºAo ente federativo responsável pela execução dos progra-
das de proteção individual e coletiva e de outras ações de promo- mas relacionados às atividades do Agente Comunitário de Saúde
ção de saúde, para a prevenção de doenças infecciosas, zoonoses, compete a definição da área geográfica a que se refere o inciso I do
doenças de transmissão vetorial e agravos causados por animais caput deste artigo, devendo:(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
peçonhentos;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) I - observar os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da
II - no planejamento, na programação e no desenvolvimento de Saúde;(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
atividades de vigilância em saúde, de forma articulada com as equi- II - considerar a geografia e a demografia da região, com distin-
pes de saúde da família;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) ção de zonas urbanas e rurais;(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
III - (VETADO);(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) III - flexibilizar o número de famílias e de indivíduos a serem
IV - na identificação e no encaminhamento, para a unidade de acompanhados, de acordo com as condições de acessibilidade local
saúde de referência, de situações que, relacionadas a fatores am- e de vulnerabilidade da comunidade assistida.(Incluído pela Lei nº
bientais, interfiram no curso de doenças ou tenham importância 13.595, de 2018)
epidemiológica;(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018) § 4ºA área geográfica a que se refere o inciso I do caput des-
V - na realização de campanhas ou de mutirões para o combate te artigo será alterada quando houver risco à integridade física do
à transmissão de doenças infecciosas e a outros agravos.(Incluído Agente Comunitário de Saúde ou de membro de sua família decor-
dada pela Lei nº 13.595, de 2018) rente de ameaça por parte de membro da comunidade onde reside
Art. 4º-B.Deverão ser observadas as ações de segurança e de e atua.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
saúde do trabalhador, notadamente o uso de equipamentos de pro- § 5° Caso o Agente Comunitário de Saúde adquira casa própria
teção individual e a realização dos exames de saúde ocupacional, na fora da área geográfica de sua atuação, será excepcionado o dis-
execução das atividades dos Agentes Comunitários de Saúde e dos posto no inciso I do caput deste artigo e mantida sua vinculação à
Agentes de Combate às Endemias.(Incluído dada pela Lei nº 13.595, mesma equipe de saúde da família em que esteja atuando, poden-
de 2018) do ser remanejado, na forma de regulamento, para equipe atuante
Art. 5º O Ministério da Saúde regulamentará as atividades de na área onde está localizada a casa adquirida. (Incluído pela Lei nº
vigilância, prevenção e controle de doenças e de promoção da saú- 13.595, de 2018)
de a que se referem os arts. 3º, 4º e 4º-A e estabelecerá os parâme- Art. 7° O Agente de Combate às Endemias deverá preencher os
tros dos cursos previstos no inciso II do caput do art. 6º, no inciso I seguintes requisitos para o exercício da atividade:
do caput do art. 7º e no § 2º deste artigo, observadas as diretrizes I - ter concluído, com aproveitamento, curso de formação ini-
curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educa- cial, com carga horária mínima de quarenta horas;(Redação dada
ção.(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) pela Lei nº 13.595, de 2018)
§ 1° Os cursos a que se refere o caput deste artigo utilizarão os II - ter concluído o ensino médio.(Redação dada pela Lei nº
referenciais da Educação Popular em Saúde e serão oferecidos ao 13.595, de 2018)
Agente Comunitário de Saúde e ao Agente de Combate às Endemias Parágrafo único. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.595,
nas modalidades presencial ou semipresencial durante a jornada de de 2018)
trabalho.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018) § 1ºQuando não houver candidato inscrito que preencha o re-
§ 2º A cada 2 (dois) anos, os Agentes Comunitários de Saúde e quisito previsto no inciso II do caput deste artigo, poderá ser ad-
os Agentes de Combate às Endemias frequentarão cursos de aper- mitida a contratação de candidato com ensino fundamental, que
feiçoamento.(Redação dada pela Lei nº 13.708, de 2018) deverá comprovar a conclusão do ensino médio no prazo máximo
§ 2º-A Os cursos de que trata o § 2º deste artigo serão orga- de três anos.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
nizados e financiados, de modo tripartite, pela União, pelos Esta- § 2ºAo ente federativo responsável pela execução dos progra-
dos, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.(Incluído pela Lei nº mas relacionados às atividades do Agente de Combate às Endemias
13.708, de 2018) compete a definição do número de imóveis a serem fiscalizados
§ 3ºCursos técnicos de Agente Comunitário de Saúde e de pelo Agente, observados os parâmetros estabelecidos pelo Minis-
Agente de Combate às Endemias poderão ser ministrados nas mo- tério da Saúde e os seguintes:(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
dalidades presencial e semipresencial e seguirão as diretrizes esta- I - condições adequadas de trabalho;(Incluído pela Lei nº
belecidas pelo Conselho Nacional de Educação.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
13.595, de 2018) II - geografia e demografia da região, com distinção de zonas
Art. 6° O Agente Comunitário de Saúde deverá preencher os urbanas e rurais;(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
seguintes requisitos para o exercício da atividade: III - flexibilização do número de imóveis, de acordo com as con-
I - residir na área da comunidade em que atuar, desde a data da dições de acessibilidade local.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
publicação do edital do processo seletivo público; Art. 8° Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de
II - ter concluído, com aproveitamento, curso de formação ini- Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela
cial, com carga horária mínima de quarenta horas;(Redação dada Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no
pela Lei nº 13.595, de 2018) § 4o do art. 198 da Constituição, submetem-se ao regime jurídico

251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se, II - nos termos da legislação específica, quando submetidos a
no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lei local vínculos de outra natureza.(Incluído pela Lei nº 13.342, de 2016)
dispuser de forma diversa. § 4ºAs condições climáticas da área geográfica de atuação se-
Art. 9° A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de rão consideradas na definição do horário para cumprimento da jor-
Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo nada de trabalho.(Incluído pela Lei nº 13.595, de 2018)
seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a § 5º O piso salarial de que trata o § 1º deste artigo será rea-
natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos especí- justado, anualmente, em 1º de janeiro, a partir do ano de 2022.
ficos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios de (Incluído pela lei nº 13.708, de 2018)
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Art. 9° -B.(VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
§ 1° Caberá aos órgãos ou entes da administração direta dos Art. 9° -C.Nos termos do § 5o do art. 198 da Constituição Fede-
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em cada ral, compete à União prestar assistência financeira complementar
caso, a existência de anterior processo de seleção pública, para efei- aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumpri-
to da dispensa referida no parágrafo único do art. 2o da Emenda mento do piso salarial de que trata o art. 9o-A desta Lei.(Incluído
Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006, considerando-se pela Lei nº 12.994, de 2014)
como tal aquele que tenha sido realizado com observância dos prin- § 1° Para fins do disposto no caput deste artigo, é o Poder Exe-
cípios referidos no caput.(Renumerado do Parágrafo único pela Lei cutivo federal autorizado a fixar em decreto os parâmetros referen-
nº 13.342, de 2016) tes à quantidade máxima de agentes passível de contratação, em
§ 2ºO tempo prestado pelos Agentes Comunitários de Saúde e função da população e das peculiaridades locais, com o auxílio da
pelos Agentes de Combate às Endemias enquadrados na condição assistência financeira complementar da União. (Incluído pela Lei nº
prevista no § 1º deste artigo, independentemente da forma de seu 12.994, de 2014)
vínculo e desde que tenha sido efetuado o devido recolhimento da § 2° A quantidade máxima de que trata o § 1o deste artigo con-
contribuição previdenciária, será considerado para fins de conces- siderará tão somente os agentes efetivamente registrados no mês
são de benefícios e contagem recíproca pelos regimes previdenciá- anterior à respectiva competência financeira que se encontrem no
rios.(Incluído pela Lei nº 13.342, de 2016) estrito desempenho de suas atribuições e submetidos à jornada de
Art. 9°-A.O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo trabalho fixada para a concessão do piso salarial.(Incluído pela Lei
do qual a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não nº 12.994, de 2014)
poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras de Agente Comuni- § 3oO valor da assistência financeira complementar da União é
tário de Saúde e de Agente de Combate às Endemias para a jornada fixado em 95% (noventa e cinco por cento) do piso salarial de que
de 40 (quarenta) horas semanais. (Incluído pela Lei nº 12.994, de trata o art. 9o-A desta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
2014) § 4° A assistência financeira complementar de que trata o
§ 1º O piso salarial profissional nacional dos Agentes Comuni- caput deste artigo será devida em 12 (doze) parcelas consecutivas
tários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias é fixado no em cada exercício e 1 (uma) parcela adicional no último trimestre.
valor de R$ 1.550,00 (mil quinhentos e cinquenta reais) mensais, (Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
obedecido o seguinte escalonamento: (Redação dada pela lei nº § 5° Até a edição do decreto de que trata o § 1o deste artigo,
13.708, de 2018) aplicar-se-ão as normas vigentes para os repasses de incentivos fi-
I - R$ 1.250,00 (mil duzentos e cinquenta reais) em 1º de janei- nanceiros pelo Ministério da Saúde.(Incluído pela Lei nº 12.994, de
ro de 2019; (Incluído pela lei nº 13.708, de 2018) 2014)
II - R$ 1.400,00 (mil e quatrocentos reais) em 1º de janeiro de § 6° Para efeito da prestação de assistência financeira comple-
2020; (Incluído pela lei nº 13.708, de 2018) mentar de que trata este artigo, a União exigirá dos gestores locais
III - R$ 1.550,00 (mil quinhentos e cinquenta reais) em 1º de do SUS a comprovação do vínculo direto dos Agentes Comunitários
janeiro de 2021. (Incluído pela lei nº 13.708, de 2018) de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias com o respectivo
§ 2º A jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais ente federativo, regularmente formalizado, conforme o regime ju-
exigida para garantia do piso salarial previsto nesta Lei será inte- rídico que vier a ser adotado na forma do art. 8o desta Lei.(Incluído
gralmente dedicada às ações e aos serviços de promoção da saúde, pela Lei nº 12.994, de 2014)
de vigilância epidemiológica e ambiental e de combate a endemias Art. 9° -D.É criado incentivo financeiro para fortalecimento de
em prol das famílias e das comunidades assistidas, no âmbito dos políticas afetas à atuação de agentes comunitários de saúde e de
respectivos territórios de atuação, e assegurará aos Agentes Co- combate às endemias.(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
munitários de Saúde e aos Agentes de Combate às Endemias par- § 1oPara fins do disposto no caput deste artigo, é o Poder Exe-
ticipação nas atividades de planejamento e avaliação de ações, de cutivo federal autorizado a fixar em decreto:(Incluído pela Lei nº
detalhamento das atividades, de registro de dados e de reuniões de 12.994, de 2014)
equipe (Redação dada pela Lei nº 13.708, de 2018) I - parâmetros para concessão do incentivo; e(Incluído pela Lei
I - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.708, de 2018) nº 12.994, de 2014)
II - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.708, de 2018) II - valor mensal do incentivo por ente federativo.(Incluído pela
§ 3ºO exercício de trabalho de forma habitual e permanente Lei nº 12.994, de 2014)
em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabele- § 2° Os parâmetros para concessão do incentivo considerarão,
cidos pelo órgão competente do Poder Executivo federal, assegura sempre que possível, as peculiaridades do Município. (Incluído pela
aos agentes de que trata esta Lei a percepção de adicional de insalu- Lei nº 12.994, de 2014)
bridade, calculado sobre o seu vencimento ou salário-base:(Incluí- § 3° (VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
do pela Lei nº 13.342, de 2016) § 4° (VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
I - nos termos do disposto no art. 192 da Consolidação das Leis § 5° (VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014)
do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de Art. 9º-E.Atendidas as disposições desta Lei e as respectivas
maio de 1943, quando submetidos a esse regime;(Incluído pela Lei normas regulamentadoras, os recursos de que tratam os arts. 9º-C
nº 13.342, de 2016) e 9º-D serão repassados pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) aos
fundos de saúde dos Municípios, Estados e Distrito Federal como

252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
transferências correntes, regulares, automáticas e obrigatórias, nos mentares de vigilância epidemiológica e combate a endemias, nos
termos do disposto no art. 3º da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de termos do inciso VI e parágrafo único do art. 16 da Lei nº 8.080, de
1990.(Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018) 19 de setembro de 1990.
Art. 9° -F.Para fins de apuração dos limites com pessoal de que Parágrafo único. Ao Quadro Suplementar de que trata o caput
trata a Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a assis- aplica-se, no que couber, além do disposto nesta Lei, o disposto na
tência financeira complementar obrigatória prestada pela União Lei no 9.962, de 22 de fevereiro de 2000, cumprindo-se jornada de
e a parcela repassada como incentivo financeiro que venha a ser trabalho de quarenta horas semanais.
utilizada no pagamento de pessoal serão computadas como gasto Art. 12.Aos profissionais não ocupantes de cargo efetivo em
de pessoal do ente federativo beneficiado pelas transferências.(In- órgão ou entidade da administração pública federal que, em 14 de
cluído pela Lei nº 12.994, de 2014) fevereiro de 2006, a qualquer título, se achavam no desempenho
Art. 9° -G.Os planos de carreira dos Agentes Comunitários de de atividades de combate a endemias no âmbito da FUNASA é asse-
Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias deverão obedecer às gurada a dispensa de se submeterem ao processo seletivo público a
seguintes diretrizes:(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014) que se refere o § 4º do art. 198 da Constituição, desde que tenham
I - remuneração paritária dos Agentes Comunitários de Saúde e sido contratados a partir de anterior processo de seleção pública
dos Agentes de Combate às Endemias; (Incluído pela Lei nº 12.994, efetuado pela FUNASA, ou por outra instituição, sob a efetiva super-
de 2014) visão da FUNASA e mediante a observância dos princípios a que se
II - definição de metas dos serviços e das equipes;(Incluído pela refere o caput do art. 9o.
Lei nº 12.994, de 2014) § 1° Ato conjunto dos Ministros de Estado da Saúde e do Con-
III - estabelecimento de critérios de progressão e promoção; trole e da Transparência instituirá comissão com a finalidade de
(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014) atestar a regularidade do processo seletivo para fins da dispensa
IV - adoção de modelos e instrumentos de avaliação que aten- prevista no caput.
dam à natureza das atividades, assegurados os seguintes princí- § 2° A comissão será integrada por três representantes da
pios:(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014) Secretaria Federal de Controle Interno da Controladoria-Geral da
a) transparência do processo de avaliação, assegurando-se ao União, um dos quais a presidirá, pelo Assessor Especial de Controle
avaliado o conhecimento sobre todas as etapas do processo e sobre Interno do Ministério da Saúde e pelo Chefe da Auditoria Interna
o seu resultado final;(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014) da FUNASA.
b) periodicidade da avaliação;(Incluído pela Lei nº 12.994, de Art. 13º.Os Agentes de Combate às Endemias integrantes do
2014) Quadro Suplementar a que se refere o art. 11 poderão ser coloca-
c) contribuição do servidor para a consecução dos objetivos do dos à disposição dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
serviço;(Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014) no âmbito do SUS, mediante convênio, ou para gestão associada de
d) adequação aos conteúdos ocupacionais e às condições reais serviços públicos, mediante contrato de consórcio público, nos ter-
de trabalho, de forma que eventuais condições precárias ou adver- mos da Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, mantida a vinculação à
sas de trabalho não prejudiquem a avaliação;(Incluído pela Lei nº FUNASA e sem prejuízo dos respectivos direitos e vantagens.
12.994, de 2014) Art. 14°. O gestor local do SUS responsável pela admissão dos
e) direito de recurso às instâncias hierárquicas superiores.(In- profissionais de que trata esta Lei disporá sobre a criação dos car-
cluído pela Lei nº 12.994, de 2014) gos ou empregos públicos e demais aspectos inerentes à atividade,
Art. 9º-H Compete ao ente federativo ao qual o Agente Comu- observadas as determinações desta Lei e as especificidades locais.
nitário de Saúde ou o Agente de Combate às Endemias estiver vin- (Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
culado fornecer ou custear a locomoção necessária para o exercício Art. 15°.Ficam criados cinco mil, trezentos e sessenta e cinco
das atividades, conforme regulamento do ente federativo.(Redação empregos públicos de Agente de Combate às Endemias, no âmbito
dada pela Lei nº 13.708, de 2018) do Quadro Suplementar referido no art. 11, com retribuição mensal
Art. 10°.A administração pública somente poderá rescindir estabelecida na forma do Anexo desta Lei, cuja despesa não exce-
unilateralmente o contrato do Agente Comunitário de Saúde ou do derá o valor atualmente despendido pela FUNASA com a contrata-
Agente de Combate às Endemias, de acordo com o regime jurídico ção desses profissionais.
de trabalho adotado, na ocorrência de uma das seguintes hipóte- § 1° A FUNASA, em até trinta dias, promoverá o enquadramen-
ses: to do pessoal de que trata o art. 12 na tabela salarial constante do
I - prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Anexo desta Lei, em classes e níveis com salários iguais aos pagos
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT; atualmente, sem aumento de despesa.
II - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; § 2° Aplica-se aos ocupantes dos empregos referidos no caput
III - necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso a indenização de campo de que trata o art. 16 da Lei no 8.216, de
de despesa, nos termos da Lei no 9.801, de 14 de junho de 1999; ou 13 de agosto de 1991.
IV - insuficiência de desempenho, apurada em procedimento § 3° Caberá à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do
no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado Planejamento, Orçamento e Gestão disciplinar o desenvolvimento
de efeito suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio dos ocupantes dos empregos públicos referidos no caput na tabela
conhecimento dos padrões mínimos exigidos para a continuidade salarial constante do Anexo desta Lei.
da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo Art. 16°.É vedada a contratação temporária ou terceirizada de
com as peculiaridades das atividades exercidas. Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Ende-
Parágrafo único. No caso do Agente Comunitário de Saúde, o mias, salvo na hipótese de combate a surtos epidêmicos, na forma
contrato também poderá ser rescindido unilateralmente na hipó- da lei aplicável. (Redação dada pela Lei nº 12.994, de 2014)
tese de não atendimento ao disposto no inciso I do art. 6o, ou em Art. 17°.Os profissionais que, na data de publicação desta Lei,
função de apresentação de declaração falsa de residência. exerçam atividades próprias de Agente Comunitário de Saúde e
Art. 11.Fica criado, no Quadro de Pessoal da Fundação Nacio- Agente de Combate às Endemias, vinculados diretamente aos ges-
nal de Saúde - FUNASA, Quadro Suplementar de Combate às En- tores locais do SUS ou a entidades de administração indireta, não
demias, destinado a promover, no âmbito do SUS, ações comple- investidos em cargo ou emprego público, e não alcançados pelo

253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
disposto no parágrafo único do art. 9o, poderão permanecer no Essa territorialização não se limita à dimensão técnico-científi-
exercício destas atividades, até que seja concluída a realização de ca do diagnóstico e da terapêutica ou do trabalho em saúde, mas
processo seletivo público pelo ente federativo, com vistas ao cum- se amplia à reorientação de saberes e práticas no campo da saúde,
primento do disposto nesta Lei. que envolve desterritorializar os atuais saberes hegemônicos e prá-
Art. 18°.Os empregos públicos criados no âmbito da FUNASA, ticas vigentes (CECCIM).
conforme disposto no art. 15 e preenchidos nos termos desta Lei, A territorialização pode expressar também pactuação no que
serão extintos, quando vagos. tange à delimitação de unidades fundamentais de referência, onde
Art. 19°.As despesas decorrentes da criação dos empregos pú- devem se estruturar as funções relacionadas ao conjunto da aten-
blicos a que se refere o art. 15 correrão à conta das dotações desti- ção à saúde. Envolve a organização e gestão do sistema, a alocação
nadas à FUNASA, consignadas no Orçamento Geral da União. de recursos e a articulação das bases de oferta de serviços por meio
Art. 20°.Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. de fluxos de referência intermunicipais. Como processo de delinea-
Art. 21°.Fica revogada a Lei no 10.507, de 10 de julho de 2002 mento de arranjos espaciais, da interação de atores, organizações
e recursos, resulta de um movimento que estabelece as linhas e
os vínculos de estruturação do campo relacional subjacente à dinâ-
TERRITORIALIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO EM SAÚDE.
mica da realidade sanitária do SUS no nível local. Essas diferentes
CONCEITO DE TERRITORIALIZAÇÃO, ÁREA E MICRO-
ÁREA DE ABRANGÊNCIA configurações espaciais podem dar origem a diferentes padrões de
interdependência entre lugares, atores, instituições, processos e
fluxos, preconizados no Pacto de Gestão do SUS (FLEURY; OUVER-
CONCEITO DE TERRITORIALIZAÇÃO, ÁREA DE ABRANGÊNCIA NEY).
E MICROÁREA12345 O objetivo do processo de territorialização é permitir que as
Para alguns autores, a territorialização nada mais é do que um necessidades e os problemas dos grupos sejam definidos, possibi-
processo de “habitar um território” (KASTRUP). O ato de habitar litando o estabelecimento de ações mais apropriadas e resolutivas.
traz como resultado a corporificação de sabres e práticas. Para a construção de um processo de trabalho em um sistema local
Para habitar um território é necessário explorá-lo, torná-lo seu, de saúde, é apropriado o conhecimento do território e de sua di-
ser sensível às suas questões, ser capaz de movimentar-se por ele nâmica, materializando as relações humanas, as necessidades e os
com alegria e descoberta, detectando as alterações de paisagem problemas de saúde e as ações intersetoriais.
e colocando em relação fluxos diversos - não só cognitivos, não só A territorialização é uma condição para a obtenção e a análise
técnicos, não só racionais - mas políticos, comunicativos, afetivos e de informações sobre as condições de vida e de saúde da população
interativos no sentido concreto, detectável na realidade. (CECCIM). e por meio da qual se podem compreender os contextos de uso do
Essa abordagem remete, fundamentalmente, à importância da território em todos os níveis das atividades humanas (econômico,
territorialização para os processos formativos em saúde com foco social, cultural), produzindo-se dados mais fidedignos que reprodu-
na aprendizagem significativa e nos contextos de vida do cotidiano. zam a realidade social.
Entende-se, portanto, que o território da saúde não é só físico A saúde pública recorre a territorialização de informações,
ou geográfico: é o trabalho ou a localidade. “O território é de inscri- há alguns anos, como ferramenta para localização de eventos de
ção de sentidos no trabalho, por meio do trabalho, para o trabalho” saúde-doença, de unidades de saúde e demarcação de áreas de
(CECCIM). atuação. Essa forma restrita de territorialização é vista com algu-
Os territórios estruturam habitus, e não são simples e nem mas restrições, principalmente entre os geógrafos. Alegam ser um
dependem de um simples ato de vontade sua transformação que equívoco falar em territorialização da saúde, pois seria uma tauto-
inclui a luta pelo amplo direito à saúde. A tarefa de confrontar a logia já que o território usado é algo que se impõe a tudo e a todos,
força de captura das racionalidades médico-hegemônica e gerencial e que todas as coisas estão necessariamente territorializadas. Essa
hegemônica requer impor a necessidade de singularização da aten- crítica é bem-vinda, enriquece o debate teórico e revela os usos
ção e do cuidado e a convocação permanentemente dos limites dos limitados da metodologia, constituindo-se apenas como análise de
territórios (Rovere). informações geradas pelo setor saúde e simples espacialização e
Encontra-se em jogo um processo de territorialização: constru- distribuição de doenças, doentes e serviços circunscritos à atuação
ção da integralidade; da humanização e da qualidade na atenção do Estado (SOUZA).
e na gestão em saúde; um sistema e serviços capazes de acolher o Uma proposta transformadora de saberes e práticas locais con-
outro; responsabilidade para com os impactos das práticas adota- cebe a territorialização de forma ampla - um processo de habitar e
das; efetividade dos projetos terapêuticos e afirmação da vida pelo vivenciar um território; uma técnica e um método de obtenção e
desenvolvimento da autodeterminação dos sujeitos (usuários, po- análise de informações sobre as condições de vida e saúde de po-
pulação e profissionais de saúde) para levar a vida com saúde. pulações; um instrumento para se entender os contextos de uso do
território em todos os níveis das atividades humanas (econômicos,
sociais, culturais, políticos etc.), viabilizando o “território como uma
categoria de análise social” (SOUZA); um caminho metodológico de
aproximação e análise sucessivas da realidade para a produção so-
cial da saúde.
1 ALMEIDA, E. S.; CASTRO, C. G. J.; VIEIRA, C. A. L. Distritos Sanitários: Concep-
Nessa perspectiva, a territorialização se articula fortemente
ção e Organização. v. 1. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade
com o planejamento estratégico situacional (PES), e juntos, se cons-
de São Paulo, 1998. (Série Saúde & Cidadania)
tituem como suporte teórico e prático da Vigilância em Saúde. O
2 www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/
PES, proposto por Matus, coloca-se no campo da saúde como pos-
ed_01/02.html
sibilidade de subsidiar uma prática concreta em qualquer dimensão
3 www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/
da realidade social e histórica. Contempla a formulação de políticas,
ed_01/04.html
o pensar e agir estratégicos e a programação dentro de um esque-
4 http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/tersau.html
ma teórico-metodológico de planificação situacional para o desen-
5 GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e
volvimento dos Sistemas Locais de Saúde. Tem por base a teoria
Comunidade. Artmed, 2019.

254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
da produção social, na qual a realidade é indivisível, e tudo o que corresponsabilidade de população-serviço, aprofundando
existe em sociedade é produzido pelo homem. A análise social do o enfoque epidemiológico e permitindo uma «observação
território deve contribuir para construir identidades; revelar subje- dinâmica», no sentido de manter a saúde da população, prolongar
tividades; coletar informações; identificar problemas, necessidades a longevidade e aumentar a capacidade individual e social.
e positividades dos lugares; tomar decisão e definir estratégias de A preexistência de uma eventual territorialização definida pelo
ação nas múltiplas dimensões do processo de saúde-doença-cuida- gestor estadual (Secretaria Estadual da Saúde) não deve ser consi-
do. Os diagnósticos de condições de vida e situação de saúde de- derada como balizamento definitivo, mas pode ser utilizada como
vem relacionar-se tecnicamente ao trinômio estratégico ‘informa- um ponto de partida e ajustada de acordo com as necessidades.
ção-decisão-ação’ (TEIXEIRA et al.).
A proposta da territorialização, com toda crítica que ainda per- Área de Abrangência dos Serviços Básicos
dura nos campos da saúde coletiva e da geografia por sua apro-
priação tecnicista e prática objetivante, coloca-se como estratégia Esse conceito se refere a uma área geográfica definida ou a ser
central para consolidação do SUS, seja para a reorganização do pro- definida no processo de territorialização, tendo como ponto de re-
cesso de trabalho em saúde, seja para a reconfiguração do Modelo ferência os serviços básicos de saúde (centro de saúde, posto de
de Atenção. saúde, unidade básica de atenção à família, etc.).
Como método e expressão geográfica de intencionalidades hu- Operacionalmente, significa identificar e quantificar numa
manas, permite a gestores, instituições, profissionais e usuários do dada área geográfica a população adstrita a cada serviço de saúde,
SUS compreender a dinâmica espacial dos lugares e de populações; que terá a responsabilidade pelos cuidados sanitários dessa popu-
os múltiplos fluxos que animam os territórios e; as diversas paisa- lação, num processo de identidade recíproco, que poderá ser feito
gens que emolduram o espaço da vida cotidiana. segundo diferentes modalidades.
Sobretudo, pode revelar como os sujeitos (individual e coleti-
vo) produzem e reproduzem socialmente suas condições de exis-
tência - o trabalho, a moradia, a alimentação, o lazer, as relações CADASTRAMENTO FAMILIAR E TERRITORIAL:
sociais, a saúde e a qualidade de vida, desvelando as desigualdades FINALIDADE E INSTRUMENTOS
sociais e as iniquidades em saúde.
Sendo um processo de descentralização no sentido de melhor CADASTRAMENTO FAMILIAR E TERRITORIAL
aproximação e vínculo com a população, visando a abordagem e Finalidade e Instrumentos6789
o conhecimento melhor e contínuo de seus problemas de saúde e
seus determinantes, isto é, do seu processo saúde-doença, o terri- Cadastramento Familiar
tório deve ser desmembrado em unidades menores que facilitem a A etapa inicial do trabalho do ACS é o cadastramento das famí-
operação dos Silos/DS. lias de sua micro área - o seu território de atuação - com, no má-
Em geral, esta divisão do território é sistematizada em Territó- ximo, 750 pessoas. Para realizar o cadastramento, é necessário o
rio-Distrito, Território-Área, Território Microárea e Território-Mora- preenchimento de fichas específicas.
dia. Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa etária
e sexo é importante, pois há doenças que acometem mais crianças
O Território-Distrito, como o nome indica, é o conjunto total do que adultos ou mais mulheres que homens, o que influenciará
espaço-populacional do sistema regionalizado, em geral coincidin- no planejamento da equipe.
do com um limite ou uma definição político-administrativa, como O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições
um município, subdivisões municipais ou conjunto de municípios e de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe, tais
corresponde a uma definida coordenação sanitária, de articulação como a composição familiar, a existência de população indígena,
interna e externa. quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento
básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da ha-
O Território-Área seria a primeira subdivisão do Território-Dis- bitação, o desemprego, as doenças referidas etc.
trito, devendo representar o espaço-população adstrita, que esta- É importante identificar os diversos estabelecimentos e insti-
beleça vínculo e relação com uma Unidade de Saúde, permitindo a tuições existentes no território, como escolas, creches, comércio,
melhor relação e fluxo população-serviços, com essa unidade e ou- praças, instituições de longa permanência (ILP), igrejas, templos,
tros necessários e compatíveis com a atenção e saúde nesse nível. cemitério, depósitos de lixo/aterros sanitários etc.
Caso o ACS trabalhe numa área rural ou próximo a aldeias indí-
O Território Micro Área seria uma subdivisão do Território-Á- genas, deve buscar informação sobre a existência de equipe multi-
rea próxima ao conceito de “área homogênea de risco”, permitindo disciplinar de saúde indígena, incluído o agente indígena de saúde.
e objetivando contínua análise epidemiológica com identificação e Procurar essas pessoas para uma conversa pode ser muito impor-
enfrentamento continuado dos problemas de saúde. tante e esclarecedor.
Trata-se do espaço geográfico delimitado onde residem cerca Para melhor desenvolver o trabalho com essa população indí-
de 400 a 750 pessoas e corresponde à área de atuação de um agen- gena, pode-se buscar apoio técnico e articulação junto à sede do
te comunitário de saúde (ACS). Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade, se houver. Po-
de-se, também verificar se na secretaria de saúde existe alguma
O Território-Moradia constituiria o espaço de menor agrega- equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa população e
ção social, familiar ou de grupos de indivíduos, permitindo aprofun- solicitar mais orientações.
dar o conhecimento epidemiológico e o desenvolvimento de ações
de saúde.
É de ressaltar que, como já foi dito, neste referencial de
6 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf
regionalização e de território com suas subdivisões, pode estar
7 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_siab2000.pdf
inserido e praticado o conceito e instrumento de adscrição
8 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/siab/siab2005.pdf
ou dispensarização, quando se estabelece um vínculo de
9 http://www.esfma.org.br/manuais/siab.pdf

255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ainda como informações importantes para o diagnóstico da co- A territorialização do sistema possibilita, ainda, a localização
munidade, vale destacar a necessidade de identificar outros locais espacial de problemas de saúde e a identificação de desigualdades,
onde os moradores costumam ir para resolver seus problemas de constituindo-se em ferramenta importante para a implementação
saúde, como casa de benzedeiras ou rezadores, raizeiros ou pessoas de políticas de redução de iniquidades, favorecendo, também, a
que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de remé- avaliação da efetividade das ações desenvolvidas pelos serviços de
dio para algumas doenças, bem como saber se procuram serviços saúde.
(pronto-socorro, hospitais etc.) situados fora de sua área de mora-
dia ou fora do seu município. Os principais instrumentos de coleta do Siab são:
Também é importante saber se as pessoas costumam usar re- - Ficha de cadastro das famílias e levantamento de dados so-
médios caseiros, chás, plantas medicinais, fitoterapia e/ou se utili- ciossanitários, preenchida pelo agente comunitário de saúde (ACS)
zam práticas complementares como a homeopatia e acupuntura. no momento do cadastramento das famílias, sendo atualizada per-
Ao realizar o cadastramento e identificar os principais proble- manentemente;
mas de saúde, contribui-se para que os serviços possam oferecer - Fichas de acompanhamento de grupos de risco e de proble-
uma atenção mais voltada para a família, de acordo com a realidade mas de saúde prioritários, preenchidas mensalmente pelos agentes
e os problemas de cada comunidade. comunitários de saúde, no momento de realização das visitas do-
Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de miciliares;
toda a equipe de saúde. - Fichas de registro de atividades, procedimentos e notifica-
Os profissionais devem atuar de forma integrada, discutindo e ções, produzidas mensalmente por todos os profissionais das equi-
analisando em conjunto as situações identificadas. pes de saúde.
Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é
mantê-lo atualizado. Os dados gerados por meio das fichas de coleta são, em grande
O cadastramento das famílias e as informações obtidas durante parte, agregados, e alguns deles são consolidados antes de serem
as visitas domiciliares são registradas no Sistema de Informação da lançados no programa informatizado. Uma vez processados os da-
Atenção Básica (SIAB). dos, são produzidos os relatórios de indicadores do Siab:
O Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB foi im- - Consolidado de famílias cadastradas - apresenta os indicado-
plantado em 1998 em substituição ao Sistema de Informação do res demográficos e sociossanitários por micro área, área, segmento
Programa de Agentes Comunitários de Saúde - SIPACS, pela então territorial, zona (urbana/rural), município, estado e região;
Coordenação da Saúde da Comunidade/Secretaria de Assistência à - Relatório de situação de saúde acompanhamento das famílias
Saúde, hoje Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Aten- - consolida mensalmente as informações sobre situação de saúde
ção à Saúde, em conjunto com o Departamento de Informação e In- das famílias acompanhadas por área, segmento territorial, zona (ur-
formática do SUS/Datasus/SE, para o acompanhamento das ações e bana/rural), município, estado e região;
dos resultados das atividades realizadas pelas equipes do Programa - Relatório de produção e marcadores para avaliação - que con-
Saúde da Família - PSF. solida mensalmente as informações sobre produção de serviços e a
O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sis- ocorrência de doenças e/ou situações consideradas como marcado-
temas Locais de Saúde e incorporou em sua formulação conceitos ras por área, segmento territorial, zona (urbana/rural), município,
como território, problema e responsabilidade sanitária, completa- estado e região.
mente inserido no contexto de reorganização do SUS no país, o que
fez com que assumisse características distintas dos demais sistemas A agregação dos dados confere grande agilidade ao sistema,
existentes. gerando uma informação oportuna, no processo de decisão em
saúde. Aliada a essa característica, o grande nível de desagregação
Tais características significaram avanços concretos no campo favorece sua utilização enquanto instrumento de planejamento e
da informação em saúde. Dentre elas, destacamos: gestão local.
- Micro espacialização de problemas de saúde e de avaliação Os seus limites estão relacionados, principalmente, à reali-
de intervenções; zação de análises que requerem a individualização de dados e às
- Utilização mais ágil e oportuna da informação; restrições relacionadas ao fato de só abranger unidades básicas de
- Produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de saúde onde atuam equipes de saúde da família. Além disso, alguns
organização das ações de saúde a partir da identificação de pro- problemas de natureza tecnológica do sistema informatizado têm
blemas; sido apontados.
- Consolidação progressiva da informação, partindo de níveis
menos agregados para mais agregados. Conceitos Básicos para o Correto Preenchimento das Fichas e
Relatórios do SIAB
O SIAB é um sistema de informação territorializado, cujos da-
dos são gerados por profissionais de saúde das equipes da estraté- Modelo de atenção - é o resultado da combinação de tecnolo-
gia de saúde da família. As informações são coletadas em âmbito gias empregadas para assistência à saúde de uma dada população.
domiciliar e em unidades básicas nas áreas cobertas pelos progra- O usuário do SIAB deverá identificar o modelo de atenção à saúde
mas Saúde da Família e Agentes Comunitários da Saúde. utilizado pelo município:
O fato da coleta de dados se referir a populações bem delimita- - Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS),
das possibilita a construção de indicadores populacionais referentes - Programa de Saúde da Família (PSF) ou
às áreas de abrangência dos programas, que podem ser agregadas - Outro - Como outro compreende-se qualquer modalidade de
em diversos níveis: a micro área da equipe de agentes comunitários atenção básica diferente do modelo do PACS e do PSF (demanda
de saúde, que corresponde a um território onde residem de 100 a espontânea, oferta programática, entre outros).
150 famílias; a área de saúde da família, cuja população é de cerca
de mil famílias, um ou vários segmentos territoriais de um municí-
pio, um município, estado, região e país.

256
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Família - é o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentes- - Acompanhamento de pacientes com tuberculose - Ficha B-TB;
co, dependência doméstica ou normas de convivência que residem - Acompanhamento de pacientes com hanseníase - Ficha
na mesma unidade domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico(a) B-HAN;
que reside no domicílio, pensionistas e agregados (BRASIL, 1988). - Acompanhamento de crianças - Ficha C (Cartão da Criança);
- Registro de atividades, procedimentos e notificações - Ficha
Domicílio - designa o “local de moradia estruturalmente se- D.
parado e independente, constituído por um ou mais cômodos”. A
separação fica caracterizada quando o local de moradia é limitado São instrumentos de consolidação dos dados:
por paredes (muros ou cercas, entre outros) e coberto por um teto - Relatórios de consolidado anual das famílias cadastradas - Re-
que permita que seus moradores se isolem e cujos residentes ar- latórios A1, A2, A3 e A4;
cam com parte ou todas as suas despesas de alimentação ou mora- - Relatório de situação de saúde e acompanhamento das famí-
dia. Considera-se independente o local de moradia que tem acesso lias - Relatório SSA2 e SSA4;
direto e que permite a entrada e a saída de seus moradores sem a - Relatórios de produção e marcadores para avaliação - Relató-
passagem por local de moradia de outras pessoas. rio PMA2 e PMA4.
- Em casa de cômodos (cortiços), considera-se como um domi-
cílio cada unidade residencial. Os números 1, 2, 3 e 4 nos relatórios indicam os níveis de agre-
- Também são considerados domicílios: prédio em construção, gação correspondentes: micro área (1), área (2), segmento (3) e
embarcação, carroça, vagão, tenda, gruta e outros locais que este- município (4).
jam servindo de moradia para a família (BRASIL, 1998).
Estratégia e-SUS Atenção Básica e Sistema de Informação em
Peri domicílio - é o espaço externo próximo à casa e que inclui Saúde da Atenção Básica - SISAB
os seus anexos.
O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) é uma estratégia do De-
Anexos - é a unidade de construção, permanente ou não, Peri partamento de Atenção Básica para reestruturar as informações da
domiciliar, que sirva de abrigo para animais ou para depósito, as- Atenção Básica em nível nacional. Esta ação está alinhada com a
sim como todas as demais dependências externas no Peri domicílio, proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Informação
contíguas à casa. em Saúde do Ministério da Saúde, entendendo que a qualificação
da gestão da informação é fundamental para ampliar a qualidade
Micro área - o espaço geográfico delimitado onde residem cer- no atendimento à população. A estratégia e-SUS, faz referência ao
ca de 400 a 750 pessoas e corresponde à área de atuação de um processo de informatização qualificada do SUS em busca de um SUS
agente comunitário de saúde (ACS). eletrônico.

Área - o conjunto de micro áreas sob a responsabilidade de Pretende-se com o e-SUS AB, reduzir a carga de trabalho empe-
uma equipe de saúde. A composição da equipe de saúde e as co- nhada na coleta, inserção, gestão e uso da informação na APS, per-
berturas assistenciais variam de acordo com o modelo de atenção mitindo que a coleta de dados esteja dentro das atividades já de-
adotado e a área pode assumir diversas configurações: senvolvidas pelos profissionais, e não uma atividade em separado.
- Área, no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
- é o conjunto de micro áreas cobertas por uma equipe do PACS Dentre as principais premissas do e-SUS, destacam-se:
(1 instrutor/supervisor e, no máximo, 30 agentes comunitários de - Reduzir o retrabalho de coleta dados;
saúde) dentro de um mesmo segmento territorial. Neste caso, em- - Individualização do Registro;
bora as micro áreas sejam referenciadas geograficamente, elas nem - Produção de informação integrada;
sempre são contíguas. - Cuidado centrado no indivíduo, na família e na comunidade
- Área, no Programa de Saúde da Família (PSF) - é o conjunto e no território;
de micro áreas contíguas sob a responsabilidade de uma equipe de - Desenvolvimento orientado pelas demandas do usuário da
saúde da família, onde residem em torno de 2.400 a 4.500 pessoas. saúde.
- Outros (demanda espontânea, oferta programática etc.) -
nos modelos de atenção onde não há a adscrição de clientela por À partir da implementação desta estratégia, pretende-se rees-
território, os dados coletados referem-se à população atendida na truturar o atual Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB),
unidade de saúde. É muito comum haver uma área de abrangência substituído gradativamente por um novo sistema de informação,
para cada unidade de saúde, mesmo não se tendo uma definição o SISAB - Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica. À
territorial formal. partir do SISAB, outros sistemas com dados originados na atenção
primária seriam alimentados automaticamente.
Segmento Territorial - o segmento é um conjunto de áreas
contíguas que pode corresponder à delimitação de um Distrito Sa- Utilização e Preenchimento dos Instrumentos da Atenção Bá-
nitário, de uma Zona de Informação do IBGE ou a outro nível de sica
agregação importante para o planejamento e avaliação em saúde Todas as informações que o ACS, conseguir sobre a comunida-
no Município. É a divisão territorial utilizada para a análise espacial de ajudará na organização do seu trabalho. Algumas dessas infor-
dos dados em um determinado município. mações serão anotadas em fichas próprias para compor o Sistema
de Informação da Atenção Básica (Siab).
Instrumentos utilizados na coleta de dados: São utilizadas quatro fichas: Ficha A - cadastramento das fa-
- Cadastramento das famílias - Ficha A; mílias (que, em seguida, será discutida e orientado quanto ao seu
- Acompanhamento de gestantes - Ficha B-GES; preenchimento); Ficha B - acompanhamento de gestantes; Ficha C -
- Acompanhamento de hipertensos - Ficha B-HA; Cartão da Criança; e Ficha D - registro das atividades diárias do ACS.
- Acompanhamento de diabéticos - Ficha B-DIA;

257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Orientações para preenchimento da ficha de cadastramento Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um.
- Ficha A É muito importante que se registre com cuidado essa informação.
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz. Se a pessoa
pois, se errar ou necessitar atualizar, é só apagar. Não esquecer: estiver de férias, licença ou afastada temporariamente do trabalho,
- Ao realizar o cadastramento das famílias, é importante ler no- deve-se anotar a ocupação mesmo assim. O trabalho doméstico é
vamente as instruções da visita domiciliar; uma ocupação, mesmo que não seja remunerado.
- Cada família deve ter um só formulário preenchido. Não im- Se a pessoa tiver mais de uma ocupação, registre aquela a que
porta o número de pessoas na casa; ela dedica mais horas de trabalho.
- As informações obtidas serão úteis para planejar o trabalho Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do
do ACS, na organização das visitas domiciliares, das atividades de emprego e não está fazendo qualquer atividade, como prestação de
educação em saúde, reuniões comunitárias e de outras atividades; serviços a terceiros, “bicos” etc.
- A ficha de cadastramento deve ficar com o ACS, que a levará, Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou condi-
a cada mês, à unidade de saúde, para, junto com sua equipe, orga- ções em que se encontra a pessoa. Não se deve solicitar comprova-
nizar as informações e planejar o seu trabalho; ção de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram tratados
- Anotar, em caderno, qualquer outra informação sobre a fa- e já alcançaram cura.
mília que for considerada importante, para discutir com a equipe.
Atenção: a família, além de referir doenças, pode e deve refe-
No alto, à esquerda, está identificada a Ficha A. Depois vem a rir condições em que as pessoas se encontram, como alcoolismo,
referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab, sistema de deficiência física ou mental, dependência física, idosos acamados,
informação nacional que constitui ferramenta importante para mo- dependência de drogas etc. Nesses casos é muito importante ano-
nitoramento da Estratégia Saúde da Família, para juntar todas as tar com cuidado a condição referida.
informações de saúde das micro áreas dos municípios brasileiros É interessante saber o que se considera deficiência, para saber
onde atuam os agentes comunitários de saúde. Assim, as informa- melhor como anotar essa condição das pessoas.
ções registradas na Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do muni- Deficiência é o defeito ou condição física ou mental de duração
cípio, desta, para a Secretaria de Saúde do Estado e, posteriormen- longa ou permanente que, de alguma forma, dificulta ou impede
te, para o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. uma pessoa de realizar determinadas atividades cotidianas, esco-
É uma forma de o governo federal saber a realidade da saúde das lares, de trabalho ou de lazer. Isso inclui desde situações em que
pessoas nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortale- o indivíduo consegue realizar sozinho todas as atividades de que
cer a Política Nacional de Atenção Básica. necessita, porém com dificuldade, ou por meio de adaptações, até
No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da aquelas em que o indivíduo sempre precisa de ajuda nos cuidados
Federação), há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as pessoais e outras atividades.
duas letras referentes à sigla do Estado. Por exemplo: PB para Paraí-
ba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco; GO para Goiás; RS A segunda parte do cadastro é para a identificação de pessoas
para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim por diante. de 0 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, isto é, pessoas com menos de
Logo abaixo, encontra-se o espaço para escrever o endereço 15 anos.
da família, com o nome da rua (ou avenida, praça, beco, estrada, Os campos para “nome, data de nascimento, idade e sexo” de-
fazenda, ou qualquer que seja a denominação), o número da casa, vem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15
o bairro e o CEP, que é a sigla para Código de Endereçamento Postal. anos e mais. No campo destinado a informar se frequenta a escola,
Na linha de baixo, estão os espaços que devem ser preenchidos marcar com um X se ela está indo ou não à escola.
com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es- Se ela estiver de férias, mas for continuar os estudos no perío-
tatística (IBGE) - o código do município; pela Secretaria Municipal do seguinte, marcar o X para “sim”.
de Saúde - segmento e área; ou pela equipe de saúde - micro área. Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante
A equipe de saúde vai ajudar o ACS a encontrar esses números e no cadastramento, pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar as
explicar o que eles significam. autoridades competentes sobre os direitos da criança e do adoles-
Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comuni- cente, para medidas que possam protegê-los contra violência e ex-
tário de saúde registrar o número da família na ficha. ploração.
A primeira família será a de número 001, a décima será 010, a
décima terceira será 013, a centésima será 100, e assim por diante. Veja a situação descrita que serve de exemplo:
Por fim, o espaço para a data, onde o ACS deve colocar o dia, o mês A família cadastrada na Ficha A é a família do sr. Nelson, que é
e o ano em que está sendo feito o cadastramento daquela família. composta de sete pessoas: ele, a esposa, três filhos, D. Umbelina
Continuando a orientação para preencher o cadastro da famí- (sua mãe) e Ana Rosa (empregada doméstica que mora com eles).
lia: O ACS registrou na ficha os dados de idade, sexo, escolaridade,
Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para cada ocupação e ocorrência de doenças ou condições referidas de todas
pessoa da casa (inclusive os empregados que moram ali) que tenha as pessoas da família.
15 anos ou mais. À direita, na continuação de cada linha, estão os A data de nascimento de D. Umbelina não foi anotada, porque
espaços (campos) para dizer o dia, mês e ano do nascimento, a ida- ela não sabia informar. Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos.
de e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F para feminino). Então o ACS anotou, no campo “idade”, o número 63.
Caso não tenha informação sobre a data do nascimento, anotar a Cristina tem sete meses, menos de um ano de idade. Assim, o
idade que a pessoa diz ter. ACS registrou 0 (zero).
O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e
escrever, ou não. Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever
o nome. Se é alfabetizada, um X na coluna “sim”. Se não é alfabeti-
zada, um X na coluna “não”. Para ser considerada alfabetizada ela
deve saber escrever um bilhete simples.

258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras informações importantes acerca
da família.

Repare que há um quadrado para o tipo de casa, com quadrinhos para assinalar com X o material usado na construção.
Se o material não é nenhum dos referidos, tem um espaço para explicar o que foi usado na construção da moradia. É ali onde está
escrito “outro - especificar”.
Logo abaixo, tem onde informar o número de cômodos.
Uma casa com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro cômodos. Se só há um quarto e uma cozinha, são dois cômodos. Atenção
para o que não é considerado cômodo: corredor, alpendre, varanda aberta e outros espaços que pertencem a casa, mas que são utilizados
mais como área de circulação.
Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia elétrica, mesmo que a instalação não seja regularizada. Em seguida, o destino do
lixo.
No lado direito da ficha, estão os quadros para informar sobre o tratamento da água na casa, a origem do abastecimento da água
utilizada e qual o destino das fezes e urina.
Na metade de baixo da ficha estão os quadros para outras informações. Primeiro, há um quadrinho (sim ou não) para dizer se alguém
da família possui plano de saúde e outro para informar quantas pessoas são cobertas pelo plano. Logo abaixo, existem quadrinhos para
cada letra do nome do plano.

259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Depois, deve-se anotar que tipo de socorro aquela família está acostumada a procurar em caso de doença e quais os meios de comu-
nicação mais utilizados na casa.
À direita, estão os quadros para anotar se aquela família participa de grupos comunitários e para informar que meios de transporte
mais utiliza.
Para completar, vem o espaço para escrever as observações consideradas importantes a respeito da saúde daquela família.

Cadastramento e acompanhamento da Ficha B: Na Ficha B-GES o ACS cadastra e acompanha mensalmente o estado de saúde das
gestantes.
A cada visita, os dados da gestante devem ser atualizados nessa ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida mensalmente
com o enfermeiro instrutor/supervisor.

A Ficha B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos hipertensos.


Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de hipertensão ou pressão arterial acima dos padrões de normalidade) devem ser encaminhados
imediatamente à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica. Só após esse procedimento, com o diagnóstico médico
estabelecido, é que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso.

260
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos diabéticos.


Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de diabetes) devem ser encaminhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica.
Só após esse procedimento é que o ACS cadastra e acompanha o diabético. Os casos de diabetes gestacional não devem ser cadastrados
nessa ficha.

A Ficha B-TB serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de pessoas com tuberculose. A cada visita os dados dessa ficha
devem ser atualizados. Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor.
A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de pessoas com hanseníase.
Assim como na ficha B da gestante, o ACS deve atualizar os dados específicos de cada ficha a cada visita realizada por ele. Esta ficha
permanece com o ACS, pois é de sua responsabilidade, e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor.

261
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Deve-se lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo, seja de gestante, hipertenso, diabético, seja de pacientes com tuberculose
ou hanseníase, o agente comunitário de saúde deve discutir com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando auxílio para o preenchi-
mento e acompanhamento deles.

Orientações para preenchimento da Ficha C - cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança
Ficha C - é o instrumento utilizado para o acompanhamento da criança. A Ficha C é uma cópia das informações pertinentes da Cader-
neta da Criança, padronizada pelo Ministério da Saúde e utilizada pelos diversos serviços de saúde. Essa Caderneta é produzida em dois
modelos distintos: um para a criança de sexo masculino e outro para a criança de sexo feminino.
Toda família que tenha uma criança menor de cinco anos deve possuir essa caderneta, que servirá como fonte de dados que serão
coletados pelos ACS.
O ACS deverá transcrever para o seu cartão sombra/cartão espelho os dados registrados na Caderneta da Criança.
Caso a família não a tenha, o ACS deverá preencher o cartão sombra com base nas informações referidas e orientar a família a procurar
a unidade de saúde em que realizou as vacinas para providenciar a 2ª via.

Orientações para preenchimento da Ficha D - registro de atividades, procedimentos e notificações.


A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de saúde. Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final do mês.
O preenchimento desse instrumento deve ser diário, considerando-se os dias efetivos de trabalho em cada mês.

O primeiro quadro da ficha, onde estão os espaços para município, segmento, unidade etc., será preenchido pelo ACS com a ajuda do
enfermeiro de sua unidade de saúde, que é o responsável pelo seu trabalho e que realizará a orientação e a supervisão.
Como a ficha é única para todos os profissionais, o ACS só irá anotar o que é específico do seu trabalho, que está no verso da Ficha D.

No quadro destinado a informar sobre os “Procedimentos”, o ACS somente vai registrar nas duas últimas linhas: “Reuniões e Visita
Domiciliar”.
Reuniões - registrar o número de reuniões realizadas por você, que contaram com a participação de 10 ou mais pessoas, com duração
mínima de 30 minutos e com o objetivo de disseminar informações, discutir estratégias de superação de problemas de saúde ou de con-
tribuir para a organização comunitária.
Visita domiciliar - registrar todas as visitas domiciliares realizadas, qualquer que seja a finalidade.

262
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Logo no início do quadro “Notificações”, há três linhas onde deve-se anotar as notificações feitas pelo ACS sobre as crianças menores
de dois anos que tiveram diarreia e infecções respiratórias agudas.

< 2a - Menores de dois anos que tiveram diarreia - registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um
ou mais episódios de diarreia, nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.
< 2a - Menores de dois anos que tiveram diarreia e usaram terapia de reidratação oral (TRO) - registrar o número de crianças com
idade de até 23 meses e 29 dias que tiveram diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar e usaram solução de reidratação oral (soro
caseiro ou soro de reidratação oral - SRO - distribuído pela Unidade de Saúde ou comprados na farmácia). Não anotar as crianças que
utilizaram somente chás, sucos ou outros líquidos.
< 2a - Menores de dois anos que tiveram infecção respiratória aguda - registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29
dias que tiveram infecção respiratória aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.
Hospitalizações - preencher esse quadro cada vez que tomar conhecimento de qualquer caso de hospitalização de pessoas da comu-
nidade onde o ACS atua, no mês de referência ou no mês anterior:
Data - registrar dia e mês da hospitalização.
Nome - anotar o nome completo da pessoa que foi hospitalizada.
Endereço - anotar o endereço completo da pessoa que foi hospitalizada.
Sexo - marcar F para feminino e M para masculino.
Idade - anotar a idade em anos completos. Se a pessoa for menor de um ano, registrar a idade em meses.
Causa - registrar a causa da hospitalização informada pela família ou obtida por meio de laudos médicos.
Nome do hospital - anotar o nome do hospital onde a pessoa foi internada.

Veja uma situação que serve de exemplo:


Valéria, agente comunitária de saúde, ao realizar as visitas domiciliares no mês de outubro, soube da ocorrência de três internações na
sua micro área. A primeira, de dona Marta Pereira de Alencar, ocorreu no mês de setembro, em data posterior à visita que a ACS realizou
à família de dona Marta, devendo ser então registrada na ficha de outubro. Os outros dois casos ocorreram ainda no mês de outubro.
Observe como o exemplo foi registrado na ficha.
Óbitos - deve-se anotar todo óbito ocorrido no mês de referência e no anterior:
Data - registrar dia e mês da ocorrência do óbito.
Nome - anotar o nome completo da pessoa que faleceu.
Endereço - anotar o endereço completo da pessoa que faleceu.
Sexo - marcar F para feminino e marque M para masculino.
Idade - anotar a idade em anos completos. Se a pessoa for menor de um ano, registre a sua idade em meses.
Causa - registre a causa do óbito, segundo as informações da família ou obtida por meio de atestado de óbito.

263
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vigilância no Território1011
O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo a lógica da saúde, não é apenas um espaço delimitado geograficamente,
mas sim um espaço onde as pessoas vivem, estabelecem relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e cultura.
Trabalhar com território implica processo de coleta e sistematização de dados demográficos, socioeconômicos, político culturais,
epidemiológicos e sanitários, identificados por meio do cadastramento, que devem ser interpretados e atualizados periodicamente pela
equipe.
É importante a elaboração de mapa que retrate esse território com a identificação de seus limites, população, número de famílias e
outras características.
Todos nós vivemos em um espaço geográfico, e nesse espaço existem diversas coisas que usamos para facilitar nossa vida: nossa casa,
nosso local de trabalho, um lugar para encontrar os amigos, para comprar alimentos etc. Da mesma forma, para que a sociedade exista,
é necessário adaptar esse espaço em que ela se desenvolve. Basta olhar pela janela e ver todas as construções feitas no espaço, como as
ruas, estradas, prédios, casas.
Todas essas obras são modificações na natureza, feitas para criar um novo ambiente que seja mais adaptado para a vida humana. Em
alguns momentos, é possível até acompanhar essas transformações como o desmatamento, a demolição de um prédio antigo, a constru-
ção de uma estrada. Essas ações humanas mudam a paisagem e o modo de as pessoas viverem.
Em vários locais, existem ainda características naturais de épocas passadas que foram pouco modificadas pela sociedade: os rios,
montanhas, florestas.
Em geral, quanto mais moderna uma sociedade, mais ela transforma o espaço.
No Brasil, como a sociedade é muito desigual e injusta, as pessoas vivem de maneira diferente e em condições diferentes. Os bairros
onde moram pessoas com menos renda têm um aspecto diferente dos bairros onde moram as pessoas de maior renda.
Os lugares estão sempre se transformando, e essas transformações podem ser mais harmoniosas ou mais conflituosas. Isso porque
nem todos são iguais. Cada um vive de um modo, tem um tipo de trabalho, tem uma relação com o ambiente. No mesmo lugar existem
diferentes atores sociais que têm diferentes interesses e forças políticas. Para uns, o lugar deveria ser de uma maneira, e para outros ele
deveria ser de outra. Por isso, existem conflitos entre esses grupos, e o lugar é sempre o resultado desses conflitos. Além disso, o mesmo
lugar é usado de forma diferente pelos grupos. Mesmo que não estejam escritas, existem regras para a vida e para os lugares, isto é, que
regulam o uso do lugar. Casas servem para morar. Igrejas para rezar. Áreas de lazer para se divertir. Tente imaginar se essas regras fossem
trocadas.
Uma pessoa, para viver, precisa trabalhar, fazer compras, encontrar outras pessoas, ter lazer etc. No dia-a-dia, as pessoas estabelecem
relações com outras pessoas e, por isso, com o seu lugar.
As ações de saúde devem, assim, ser guiadas pelas especificidades dos contextos dos territórios da vida cotidiana que definem e con-
formam práticas adequadas a essas singularidades, garantindo com isso uma maior e mais provável aproximação com a produção social
dos problemas de saúde coletiva nos diversos lugares onde a vida acontece.
Cada território tem uma população. Mas isso não quer dizer que ela esteja uniformemente distribuída no território. As principais dife-
renças de populações dentro de um território são as populações rurais e urbanas. Nas áreas urbanas, o povoamento é mais denso, e nas
rurais, mais disperso e rarefeito. Isso pode ser percebido por meio de indicadores, como a densidade demográfica, mas também através
da observação dos modos de vida. As pessoas, nessas áreas, vivem e trabalham de formas bastante diferentes.

Para as ações de vigilância em saúde, os objetos geográficos relevantes são: as características de ocupação do lugar (estradas e ruas,
caminhos, sistemas de esgoto e de água, terrenos baldios, depósitos de lixo, núcleos habitacionais - domicílio, novos assentamentos e
ocupações) e suas condições ecológicas e geomorfológicas (áreas de florestas e desmatadas, a fauna, flora, relevo, hidrografia e clima).
Os recursos e suas regras de uso referem-se, portanto, às condições materiais necessárias à subsistência humana, relacionadas à
habitação, trabalho e renda, alimentação, saneamento básico, recursos sociais, econômicos e culturais, dos serviços de saúde e de educa-
ção, de opções de lazer e de organização sociopolítica. Esses recursos básicos, configuram regras que se materializam em práticas sociais
cotidianas.
Os agrupamentos populacionais podem apresentar contextos de uso de recursos, que condicionam, muitas vezes, determinados
comportamentos e práticas.
O que devemos observar é que o território socialmente usado adquire características locais próprias, em que a posse de determinados
recursos expressa a diferenciação de acesso aos resultados da produção coletiva, isto é, da sociedade.

10 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf
11 http://brasil.campusvirtualsp.org/sites/default/files/O%20Territorio%20e%20o%20Processo%20Saude-Doenca.pdf

264
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O reconhecimento do território na escala do cotidiano não ex- No modelo de Atenção Básica Estratégia Saúde da Família, um
clui também a identificação de relações com outros níveis de deci- dos termos largamente empregados para descrever a relação servi-
são, fora dos limites territoriais, que podem influenciar a vida social ço-território-população é a adscrição, que diz respeito ao território
local. Um exemplo dessa influência é a presença de grandes empre- sob responsabilidade da equipe de saúde da família (BRASIL, 1997).
sas multinacionais. A ação global exercida por firmas globais esco- Esta relação é explicitada em documentos que tratam da organiza-
lhe frações do mundo sobre a qual deseja atuar, e as firmas globais ção do programa, segundo os quais cada equipe teria a responsa-
interferem decisivamente na vida social local. Estes efeitos podem bilidade pela cobertura de uma área geográfica que contenha um
trazer inúmeros problemas de saúde, tanto diretos pela emissão de número de famílias que possam ser acompanhadas pela equipe.
poluentes como indiretos, devido à ação desestruturadora de tradi-
ções e redes sociais locais, já que os fluxos que caracterizam estes
empreendimentos (transporte de cargas, mão de obra etc.), mui- INTERPRETAÇÃO DEMOGRÁFICA
tas vezes de grande porte, podem ter efeitos avassaladores sobre a
vida social local. Em contrapartida, a partir da localização territorial A demografia12 estuda a distribuição populacional, as caracte-
de problemas de saúde, pode-se apreender o feixe de relações que rísticas, desenvolvimento e o quantitativo dessa população em um
caracterizam a situação-problema. território, como afirmam Carvalho et al. (1998, p.6) a seguir: “De-
Os territórios são, portanto, espaços e lugares, construídos so- mografia (dêmos=população, graphein=estudo) refere-se ao estudo
cialmente. São muito variáveis e dinâmicos, e a sua peculiaridade das populações humanas e sua evolução temporal no tocante a seu
mais importante é ser uma área de atuação, de fazer, de responsa- tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e suas caracte-
bilidade. rísticas gerais. ”
O território é sempre um campo de atuação, de expressão A interpretação demográfica é de fato imprescindível, pois atra-
do poder público, privado, governamental ou não-governamental vés da análise dos indicadores demográficos é que teremos condi-
e, sobretudo, populacional. Cada território tem uma determinada ções de avaliar as condições em que se encontra a população refe-
área, uma população e uma instância de poder. rente ao território em que atuamos.
A vigilância em saúde, neste contexto, trata-se de uma pro- Viabiliza a exposição da situação de fatores epidemiológicos,
posta de redefinição das práticas sanitárias, organizando processos socioeconômico, migratório, dentre outros indicadores que carac-
de trabalho em saúde sob a forma de operações, para enfrentar terizam uma população e as mudanças que podem ocorrer nesta.
problemas que requerem atenção e acompanhamento contínuos. Com essa análise demográfica, teremos condições de conhe-
Estas operações devem se dar em territórios delimitados, nos dife- cer características peculiares de uma população como o índice de
rentes períodos do processo saúde-doença. mortalidade e sua faixa etária ou índice de natalidade, distribuição
A vigilância em saúde, entendida como rearticulação de sabe- populacional no território, dentre outros indicadores que nortearão
res e de práticas sanitárias, indica um caminho fértil para a consoli- o reconhecimento da população que iremos atender.
dação do ideário e princípios do SUS. Apoiada no conceito positivo Existem algumas variáveis que são consideradas mais relevan-
do processo saúde-enfermidade, ela desloca radicalmente o olhar tes para caracterização de uma população, como colocam Carvalho
sobre o objeto da saúde pública - da doença para o modo de vida et al.
(as condições e estilos de vida) das pessoas. [...] as principais variáveis demográficas: tamanho da população;
Entendida como uma ‘proposta de ação’ e uma ‘área de prá- distribuição por sexo, idade, estado conjugal; distribuição segundo
ticas’, apresenta as seguintes características: intervenção sobre região geográfica de residência atual, anterior e de nascimento; na-
problemas de saúde que requerem atenção e acompanhamento talidade, fecundidade, mortalidade. (CARVALHO et al. 1998, p. 7).
contínuos; adoção do conceito de risco; articulação entre ações
promocionais, preventivas, curativas e reabilitadoras; atuação Inter A seguir explicaremos essas variáveis na tentativa de explanar-
setorial; ação sobre o território; e intervenção sob a forma de ope- mos a importância de cada uma delas:
rações (EPSJV, 2002). • Tamanho da população: é a quantidade da população habi-
Fundamentada em diferentes disciplinas (epidemiologia, geo- tante em um território. Deverá ser feito levantamento de todos que
grafia, planificação em saúde, ciências sociais, pedagogia, comu- compartilham de uma mesma região, esse é o primeiro passo.
nicação etc.), a vigilância em saúde recorre a uma ‘associação de • Distribuição por sexo, idade e estado conjugal: é bastante rele-
tecnologias’ (materiais e não materiais) para enfrentar problemas vante, pois permite identificarmos o perfil da população, se o índice
(danos e riscos), necessidades e determinantes socioambientais da maior é de idosos, crianças ou jovens, homens ou mulheres. Através
saúde. Enquanto combinação tecnológica estruturada para resol- desse indicador, teremos a possibilidade de analisar as questões de
ver questões postas pela realidade de saúde, tem sido reconhecida vulnerabilidade, pois cada faixa etária e sexo estão expostos a ris-
como um ‘modelo de atenção’, ou como um ‘modo tecnológico de cos que podem prejudicar a saúde, os quais devem ser pontuados.
intervenção em saúde’ (PAIM, 2003), ou uma via para a construção e Exemplo: avaliar as condições nutricionais das crianças; ou doenças
a implementação da diretriz da integralidade (CAMPOS, 2003). Suas de agravos não transmissíveis como hipertensão nos idosos; ou in-
ações vão buscar no entendimento das desigualdades sociais mo- cidência das doenças sexualmente transmissíveis entre os jovens,
dos pertinentes para intervir sobre o adoecimento das populações. etc.
Portanto, necessita de outro aporte conceitual para compreender • Distribuição segundo região geográfica de residência atual,
a dinâmica das relações sociais que produzem na heterogeneidade anterior e de nascimento: essa variável trata exclusivamente da
econômica e social brasileira a saúde ou a doença. questão de migração, também tópico abordado anteriormente.
Essa nova visão da saúde como uma acumulação social é ex- Permite avaliarmos a permanência ou mudanças dos moradores ao
pressa em um estado de bem-estar que pode indicar acúmulos po- longo de suas vidas, em relação ao território onde atuamos.
sitivos e/ou negativos. • Natalidade, fecundidade e mortalidade: essa variável nos traz
Portanto, compreende que a dinâmica das relações socioam- a quantidade de habitantes, nascimentos, mulheres grávidas e o
bientais estabelecidas em uma população e em um território é o índice de mortalidade, seja infantil, neonatal ou entre adultos e
que define suas necessidades de cuidados à saúde. idosos. Possibilita-nos acompanhar o crescimento populacional e a
12 http://ead.ifnmg.edu.br/uploads/documentos/UaYxotkgd7.pdf

265
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
quantidade de óbitos na comunidade, além disso, nos permite também, o acompanhamento de perto das gestantes, como levá-las para
fazerem o pré-natal. Segundo CARVALHO et al. (1998, p.20), “a natalidade refere-se à relação entre nascimentos vivos e população total.
A fecundidade refere-se a relação entre nascimentos vivos e mulheres em idade reprodutiva. ”
As variáveis nos permitem a visualização das mudanças de determinada população, atribuindo-lhe características detalhadas a respei-
to da mesma e pontuando suas fragilidades. É, a partir do levantamento desses dados, que daremos sequência ao nosso papel como ACS,
como falei em outras aulas, é necessário que se conheça a realidade individual e coletiva da comunidade em que atuaremos, para que
possamos desenvolver um bom trabalho.
Com esses indicadores, teremos a possibilidade de avaliar na prática todos os tópicos abordados nas aulas anteriores. Entende como
tudo está interligado? É a análise demográfica que nos mostrará as condições de analfabetismo, desemprego, violência, nutrição e outros
dados, os quais deverão ser analisados por toda a equipe e posteriormente lançados no SIAB. O estudo demográfico do território onde
atuamos permite identificarmos fatores que apresentam ou podem apresentar algum risco à saúde daqueles que acolhemos.

CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS DO DISTRITO FEDERAL

Brasília é a Capital da República Federativa do Brasil sendo a sede do Governo do Distrito Federal(DF). O DF é composto por 35 Regiões
Administrativas (RA’s) oficialmente constituídas como dependentes do Governo do Distrito Federal.
A Região Administrativa Brasília só foi criada em 1964, pela Lei 4.545 e ratificada pela Lei nº 49/89, e até 1994 englobava além da cida-
de de Brasília, o Setor Militar Urbano, a Vila Planalto, Lago Sul e Lago Norte, estes dois últimos a partir desta época se tornaram Regiões
Administrativas independentes. Sendo assim cada região administrativa corresponde uma administração regional na qual lhe cabe repre-
sentar o governo do Distrito Federal e promover a coordenação dos serviços públicos locais.

- RA I Plano Piloto (Brasília): composta por Asa Norte, Asa Sul, Estação Rodoviária, Setor de garagens Oficiais, Parque Sara Kubitscheck
(Parque da Cidade), Setor de Indústrias Gráficas, Área de Camping, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Setor de Embaixadas
Norte e Sul, Setor Militar Urbano, Vila Planalto, Setor de Clubes, entre outros. Brasília compreende também as Áreas Isoladas Torto e Barra
Alta.

- RA II Gama: tem como característica um traçado hexagonal, assemelha-se a uma colmeia com área urbana dividida em seis setores:
Norte, Sul, Leste, Oeste, Central e de Indústria. A área rural é formada pelo Núcleo Rural Monjolo, Colônia Agrícola Ponte Alta e Córrego
Crispim, Núcleo Rural Ponte Alta de Baixo e Ponte Alta Norte e Alagado.

- RA III Taguatinga: Tem uma área urbana dividida em setores: Central, Hoteleiro, Industrial, Gráfico, Norte, Sul e é composta também
pelas Colônias Agrícolas Samambaia, Vereda da Cruz, Vicente Pires – Lotes 26 a 55 e 81 a 310 e pelo Setor de Mansões Leste. Sendo que
até 2003 fazia parte de Taguatinga o Bairro Águas Claras que hoje constitui a RA XX (Lei nº 3.153 de maio/2003).

266
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- RA IV Brazlândia: tem um ritmo de vida interiorana e econo- - RA X Guará: sua construção iniciou-se em 1967 para absorver
mia baseada na produção agrícola ela está a 59 km do Plano Piloto. funcionários públicos e as suas primeiras casas foram construídas
Sua área urbana é dividida em Setor Tradicional, onde se originou a sob a forma de mutirão. É formada pela área urbana, composta
cidade; Setores Norte e Sul, Vila São José e Bairro Veredas. Na área pelo Guará I e II, Quadras Econômicas Lúcio Costa – QUELC, Setor
rural encontram-se os Núcleos Alexandre Gusmão, Dois Irmãos, En- de Indústria e Abastecimento – SAI, Setor de Transporte Rodoviário
genho Queimado, Desterro, Chapadinha e Barreiro. de Cargas – STRC, Setor de Oficinas Sul – SOFS, Setor de Clubes e
Estádios Esportivos, Setor de Inflamáveis e Guarazinho.
- RA V Sobradinho: com fundação em 13 de maio de 1960,
para abrigar a população que vivia nas firmas empreiteiras, na Vila - RA XI Cruzeiro: os pioneiros vindos do Rio de Janeiro(principal-
Amauri, e também funcionários da Novacap e do Banco do Brasil. A mente) formaram o Cruzeiro. Situado próximo ao Parque da Cidade
área urbana de Sobradinho está dividida em: Setor Administrativo, Sarah Kubitschek, é tido como sinônimo de qualidade de vida. A
Hoteleiro, Comercial, Central, Industrial, Esportivo, Setor de Gran- Região Administrativa do Cruzeiro encontra-se dentro da Poligonal
des Áreas, Sobradinho II, Novo Sobradinho e diversos Condomínios. de tombamento do Plano Piloto e desde 1992 é considerada Patri-
Sua área rural é composta pelos Núcleos Rurais Sobradinho I e II, mônio Histórico e Artística da Humanidade.
Áreas Isoladas: Serandi, Mogi, Buraco, Paranoazinho, Córrego do
Meio, Contagem e São João. - RA XII Samambaia: ela existia como área agrícola. Com o sur-
gimento de várias invasões no DF o governo as transferiu para esta
- RA VI Planaltina: é uma das mais antigas cidades do Distrito área em 1985 e em 1989 foi criada a RA Samambaia. A região é
Federal, foi fundada em 1859, e integrada ao DF em 1960, sendo formada de área urbana e rural. A área urbana está dividida em
que a partir daí um considerável contingente populacional foi sendo dois setores: Norte e Sul, separados pela rede de energia elétrica
incorporado a localidade, oriundo das retiradas de invasões. A área que abastece o Distrito Federal. A área rural é constituída pela Área
urbana tem os seguintes setores: Administrativo, Educação, Ofici- Isolada Guariroba e o Núcleo Rural Tabatinga, lotes 49 a 64.
nas e Indústrias, Residencial Leste - Vila Buritis (l, ll, lll e lV), Setor
Tradicional (antiga sede do município) Vila Vicentina, Estância Mes- - RA XIII Santa Maria: sua criação visou atender o Programa de
tre D’Armas (I a V), Setor Residencial Norte, Vila Roriz, Vale do Ama- Assentamento de Famílias de Baixa Renda, em Lotes Semi-Urbani-
nhecer e vários loteamentos e condomínios. A área rural produtora zados, foi criada pela Lei nº 348/92 e o Decreto nº 14.604, de 10 de
é formada pelos Núcleos Rurais Pipiripau, Taquara, Tabatinga, Rio fevereiro de 1993. Na área rural estão os Núcleos Rurais Alagado,
Preto, Santos Dumont, Riacho das Pedras, pelas Colônias Agrícolas lotes 1 a 16 e Santa Maria, Áreas Isoladas, Água Quente, Santa Bár-
São José, Sítio Novo e Estanislau e pelas Áreas Isoladas Retiro do bara e Colônia Agrícola Visconde de Inhaúma. Na área militar estão
Meio, Monjolo, Rajadinha, larga e Mestre D’Armas. localizados o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfe-
go Aéreo – CINDACTA, do Ministério da Aeronáutica e a Área Alfa,
- RA VII Paranoá: tem como origem o acampamento dos traba- pertencente ao Ministério da Marinha. A área urbana é composta
lhadores da construção da barragem do Lago Paranoá que, após o de um Setor Central e Quadras Residenciais.
término da obra permaneceram no local e desses novos imigrantes
que foram ocupando a área de forma desordenada. Com isto foi - RA XIV São Sebastião: proveniente da Agrovila São Sebastião
criado o Paranoá em uma área próxima à antiga vila. Área rural é que aos poucos foi sendo habitada e estruturada abrigando a popu-
composta pelas Colônias Agrícolas Buriti Vermelho, Cariru, Capão lação de invasões. A RA foi criada por meio da Lei nº 467/93, de 25
Seco, Lamarão, São Bernardo, pelos Núcleos Rurais Jardim e Três de junho. A área urbana é composta pela Agrovila, Setor Residencial
Conquistas, Agrovila Capão Seco e as Áreas Isoladas Quebrada dos Oeste, Vila Nova, São José, São Francisco, Bela Vista, Residencial
Guimarães, Santo Antônio, Quebrada dos Neres e pela área onde se do Bosque, João Cândido Tradicional, Morro Azul, além de diversos
desenvolve o Programa de Assentamento Dirigido – PAD-DF. A área condomínios. É onde encontra-se a Penitenciaria da Papuda.
urbana é composta do Setor Central e Quadras Residenciais.
- RA XV Recanto das Emas: foi criada pela Lei nº 510 e o Decreto
- RA VIII Núcleo Bandeirante: ela não tem concepção urbanísti- nº 15.046, de 28/07/93, para atender o programa de assentamento
ca, com o nome de “Cidade Livre”, onde era permitido não só residir do Governo do Distrito Federal e erradicar principalmente as inva-
como também negociar com isenção de tributação. Sua criação é sões localizadas na RA Brasília. Sua área rural é constituída pelos
datada do ano de 1956 pelos candangos – trabalhadores que cons- Núcleos Rurais de Vargem da Benção, Monjolo e Recanto das Emas.
truíram Brasília. A área urbana é composta pela cidade do Núcleo
Bandeirante, Vila Metropolitana, Setor de Clubes e Vila Nova Di- - RA XVI Lago Sul: povoado com a construção de casas pela
vinéia. A área rural é formada pela Agrovila Vargem Bonita, Colônia Companhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap, para servir
Agrícola Núcleo Bandeirante I e II e Área Isolada Vargem Bonita. de residência aos diretores da Companhia. Fez parte da RA Brasília,
até 1994, quando foi criada a RA XVI, por meio da Lei nº 643/94 e
- RA IX Ceilândia: Foi criada em 1971, resultado do primeiro pro- o Decreto 15.515/94. Sua área está dividida em Setor de Habitação
jeto de erradicação de favelas do DF. O projeto urbanístico foi ela- Individual Sul, Setor de Mansões Urbanas Dom Bosco, Setor de Es-
borado pelo arquiteto Ney Gabriel, e tem a forma de um barril. Em taleiros, Aeroporto Internacional, Base Aérea de Brasília e o Campo
razão do crescimento de sua população, a maior do Distrito Federal, Experimental Água Limpa da Universidade de Brasília.
tornou-se necessário a criação da RA IX, separando Ceilândia da RA
III Taguatinga que absorvia as duas localidades. Sua área urbana é - RA XVII Riacho Fundo: foi criado a partir do assentamento da
composta pelas quadras QNM, QNN, QNO, QNP, QNQ e QNR. Em Granja do Riacho Fundo onde existia uma vila para funcionários,
sua área rural encontra-se o Parque Ecológico e Vivencial do Desco- transformou-se na RA XVII pela Lei 620/93 e o Decreto nº 15.514/94.
berto, que reúne grande acervo de flora e fauna além de diversas Em 07/02/94 foi criado o Riacho Fundo II, que transformou na RA
quedas d’água. XXI (Lei nº 3.153 de maio/2003). A área rural é composta pela Colô-
nia Agrícola Riacho Fundo e o Combinado Agrourbano – CAUB 1 e a
Área Isolada Riacho Fundo. Na área rural estão localizados a Funda-

267
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ção Cidade da Paz, sede da Universidade Holística Internacional e o - RA XXVIII Itapoã: a sua invasão foi iniciada em julho de 2001,
setor de Pesquisa de Produção de Sementes da Empresa Brasileira numa área entre o Paranoá e Sobradinho. Em 18/11/2004, a Câma-
de Pesquisa – EMBRAPA. ra Legislativa aprovou, em 1º turno, a criação da Região Administra-
tiva de Itapoã, e que foi oficializada em janeiro de 2005.
- RA XVIII Lago Norte: as terras do Lago Norte pertenciam a RA I.
A Novacap elaborou os projetos de urbanização dessa área denomi- - RA XXIX SAI: foi criada em julho de 2005 por meio da Lei 3.618
nada Península Norte que posteriormente passou a ser apenas Lago contempla os Setores: Indústria e Abastecimento – SAI; de Gara-
Norte. A área urbana é composta pelo Setor de Mansões do Lago – gens e Concessionárias de Veículos – SGCV; de Garagens de Trans-
SML, Setor de Habitação Individual Norte - SHIN, e Área Comercial. porte coletivo – SGTC; de Inflamáveis – SI; de Oficinas Sul – SOFS; e
de Transporte de Cargas – STRC.
- RA XIX Candangolândia: sua origem se confunde com o início
de Brasília, afinal ela abrigou os pioneiros que trabalharam na cons- - RA XXX Vicente Pires: a Lei 4.327 de 26 de maio de 2009, criou
trução da cidade. Grande parte de sua área é ocupada pelo Jardim a Região Administrativa RA-XXX Vicente Pires, assim como a respec-
Zoológico de Brasília. tiva Administração Regional, órgão de direção superior, vinculada
à Secretaria de Estado das Cidades do Governo do Distrito Federal.
- RA XX Águas Claras: Começou a ser construída na década de Nos anos 60 foi habitada por índios, e nos anos 70 por fazendeiros
90. Hoje, conta com cerca de 808 hectares e está a 20 km do Plano tem uma história brilhante.
Piloto. Águas Claras engloba o Areal e Arniqueiras.
- RA XXXI Fercal: foi uma das últimas Regiões Administrativas
- RA XXI Riacho Fundo II: Em maio de 2003 a lei nº 3.153 trans- criada no Distrito Federal, apesar de já existir desde 1956. Está si-
formou o parcelamento do Riacho Fundo II na Região Administra- tuada às margens da APA Cafuringa que é muito rica em recursos
tiva XXI, distante 20 Km da Região Administrativa do Plano Piloto. minerais e tem grandes indústrias instaladas em seus limites. É a 1ª
Cidade Operária do Distrito Federal, considerando a sua existência
- RA XXII Sudoeste/Octogonal: teve suas áreas foram inaugu- em função das grandes e pequenas empresas instaladas. Ela contri-
radas na década de 80, enquanto o Setor de Habitações Coletivas bui para o abastecimento de produtos agrícolas nas feiras da pró-
Sudoeste - SHCSW foi concebido em 1988 como parte integrante pria Região, Sobradinho I, Sobradinho II, Grande Colorado e CEASA.
do projeto “Brasília Revisitada”, do urbanista Lúcio Costa e, criado É composta por 14 (quatorze) comunidades, das quais 06 (seis) são
em julho de 1989, constituindo uma alternativa de moradia para a rurais e as demais são urbanas.
população de alto a médio poder aquisitivo.
- RA XXXII Sol Nascente/Pôr do Sol: a cidade foi criada pela Lei nº
- RA XXIII Varjão: sua ocupação original, teve como base a pre- 6.359, de 14 de agosto de 2019.
servar as características iniciais da vila o projeto baseou-se na con-
figuração física existente e nas atividades urbanas já consolidadas. - RA XXXIII Arniqueira: com aproximadamente 46 mil moradores
e tem uma área que abrange 1,3 mil hectares, que envolve os bair-
- RA XXIV Park Way: a criação do loteamento das Mansões Su- ros Setor Habitacional Arniqueira, Areal Qs 06 a 11, (Qs 07 exceto a
burbanas Park Way (MSPW) foi incluída no Plano Urbanístico de área da Universidade Católica) e Área de Desenvolvimento Econô-
Brasília, em uma das suas últimas alterações em 1957/58. O Setor mico (ADE). Tratava de uma área rural, ocupada desde o início do
de Mansões Park Way fazia parte da Região Administrativa VIII – Distrito Federal. Aos poucos, a área foi-se transformando em área
Núcleo Bandeirante até 2003 quando por meio da Lei 3.153 de urbana que atualmente se encontra em processo de regularização.
29/12/2003 passou a ser a Região Administrativa XXIV.
- RA XXXIV Água Quente e RA XXXV Arapoanga: A Câmara Le-
- RA XXV SCIA: surgiu do lixão da Estrutural que começou no gislativa do Distrito Federal (CLDF)13 aprovou em dois turnos, nesta
início de Brasília e, pouco tempo depois, surgiram os primeiros bar- quarta-feira (7/12), a criação de duas novas Regiões Administrativas
racos de catadores de lixo próximo ao local. Em 1989, foi criado o propostas pelo GDF. Arapoanga e Água Quente serão, respectiva-
Setor Complementar de Indústria e Abastecimento – SCIA em fren- mente, as RAs XXXIV e XXXV na capital.
te à vila no lado oposto da Via Estrutural, época em que se previa A RA de Arapoanga, faz parte de Planaltina, com aproximada-
a remoção da Estrutural, para outro local. Várias tentativas foram mente 50 mil pessoas e já é um nome mais comum ao brasiliense.
realizadas neste sentido, mas em janeiro de 2004 o SCIA foi trans- Água Quente, com seus 30 mil moradores, é uma região que come-
formado na Região Administrativa XXV (Lei nº 3.315) tendo a Estru- çou a ser formada na década de 1990, e está dentro do Recanto das
tural como sua sede urbana. Emas, fazendo divisa com Samambaia e Santo Antônio do Desco-
berto (GO), área predominantemente rural.
- RA XXVI Sobradinho II: No início da década de 1990 foi criado
o núcleo habitacional Sobradinho II como consequência do Progra-
ma de Assentamento de População de Baixa Renda, tendo como
objetivo transferir as pessoas que moravam em um mesmo lote e
também fixar os moradores das invasões do Ribeirão Sobradinho e
Lixão.

- RA XXVII Jardim Botânico: a área residencial do Jardim Botâ-


nico foi transformada em Bairro em 1999. A área engloba vários
condomínios situados entre o Lago Sul e São Sebastião.

13 Disponível em https://www.metropoles.com/distrito-federal/criacao-de-ara-
poanga-e-agua-quente-e-aprovada-e-df-chega-a-35-ras Acesso 09.01.2022

268
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Referências bibliográficas:
Disponível em https://www.df.gov.br/administracoes-regionais/ Acesso 09.01.2023
Disponível em https://vicentepires.df.gov.br/category/sobre-a-ra/conheca-a-ra/ Acesso 09.01.2023
DISTRITO FEDERAL SÍNTESE DE INFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS - 2006

VISITA DOMICILIAR

A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo de trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de uma
família, o profissional entra não somente no espaço físico, mas em tudo o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma família, com
seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua própria história.
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação de
confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento das ações
de promoção, prevenção, controle, cura e recuperação.
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um idoso ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas atribui-
ções. O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e pode ser o amigo e conselheiro da pessoa ou da família. Nem sempre é fácil
separar o lado pessoal do profissional e os limites da relação ACS/família. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo de trabalho e
a forma como se vincula à família. Recomenda-se que o ACS estabeleça um bom vínculo com a família, mas saiba dissociar a sua relação
pessoal do seu papel como agente comunitário de saúde.
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as modificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos tempos,
fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único. Essas particularidades – ou características próprias – fazem com que determinada
conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com maior ou menor
intensidade, as diversas famílias assistidas.
O ACS, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental
que sejam compreendidas as implicações que isso representa.
Para ser bem-feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o tempo das
pessoas visitadas.
Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que tenha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no acompa-
nhamento das famílias da sua área de trabalho.
Também é recomendável definir o tempo de duração da visita, devendo ser adaptada à realidade do momento.
A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da importância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra respeito e
interesse por elas.
A permissão de entrada em uma casa representa algo muito significativo, que envolve confiança no ACS e merece todo o respeito. É o
que poderia ser chamado de “procedimento de alta complexidade” ou pelo menos de “alta delicadeza”.
Visando um maior vínculo, é interessante combinar com a família o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar os
afazeres da casa.
É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunidade que o agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos, as
crenças, enfim, a dinâmica de vida das famílias por ele acompanhadas. A visita domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que se aprende
no cotidiano, mas pode e deve se basear em algumas condutas que demonstrem respeito, atenção, valorização, compromisso e ética.

269
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Por meio da visita domiciliar, é possível: demais imóveis, como borracharias, ferros-velhos, cemitérios, etc.
- Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressal- (tipos de imóveis considerados estratégicos, por produzirem gran-
tando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiên- de quantidade de mosquitos adultos), para cálculo dos índices de
cia etc.; infestação predial (IIP).
- Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de tra- A coleta de larvas é importante para verificar o impacto das es-
balho, os hábitos, as crenças e os costumes; tratégias básicas de controle da doença, dirigidas à eliminação das
- Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores larvas do vetor. Outra metodologia adotada é a coleta de mosquitos
da comunidade; adultos, cuja operacionalização para a estimativa do risco de trans-
- Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam missão é custosa e demorada. Em função disso, a coleta de adultos
ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de nos programas de dengue só é realizada em situações específicas,
vida; ou em estudos mais aprofundados.
- Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saú- No contexto operacional, essa informação tem valor limitado
de; para uma avaliação de risco de transmissão. Primeiramente, porque
- Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento a relação entre as coletas e os números absolutos de adultos é des-
mais frequente ou especial; conhecida: os mosquitos adultos repousam dentro e fora das casas,
- Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e frequentemente em locais pouco acessíveis, e o número deles cole-
quais as atividades disponíveis; tado representa apenas uma estimativa do total.
- Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe O segundo obstáculo ao uso desse índice para avaliação de ris-
de saúde e a população do território de abrangência da unidade de co é que a relação entre o número de adultos e a transmissão é
saúde; desconhecida: a correlação entre o número de vetores coletados
- Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saú- e o número de humanos na área de coleta, que poderia fornecer o
de, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos ali- número de vetores adultos por pessoa, não é suficiente para quan-
mentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu entorno; tificar o risco.
- Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamen- Contudo, essa correlação se aproxima mais da realidade que
tos e a verificação da validade deles; os índices larvários. Ainda para avaliação da densidade do vetor,
- Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém- instalam-se armadilhas de oviposição e armadilhas para coleta de
-nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências; larvas, que visam estimar a atividade de postura.
- Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim A armadilha de oviposição, também conhecida no Brasil como
como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de in- ovitrampa, é destinada à coleta de ovos. Em um recipiente de cor
formação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde. escura, adere-se um material áspero que permite a fixação dos ovos
depositados.
Visita Domiciliar do Agente de Endemias14 As ovitrampas fornecem dados úteis sobre distribuição espa-
A Visita domiciliar do Agente de Combate às Endemias: Conce- cial e temporal (sazonal). As armadilhas para coleta de larvas são
dida a licença para a visita, o servidor iniciará a inspeção começan- depósitos geralmente feitos de seções de pneus usados. Nas lar-
do pela parte externa (pátio, quintal ou jardim). vitrampas, as flutuações de água da chuva induzem a eclosão dos
Prosseguirá a inspeção do imóvel pela visita interna, devendo ovos e são as larvas que se contam, ao invés dos ovos depositados
ser iniciada pela parte dos fundos, passando de um cômodo a outro nas paredes da armadilha.
até aquele situado mais à frente. Concluída a inspeção, será preen- A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomenda seu
chida a ficha de visita com registro da data, hora de conclusão, a uso para detecção precoce de novas infestações e para a vigilância
atividade realizada e a identificação do agente de saúde. de populações de Aedes com baixa densidade.
A Ficha de Visita será colocada no lado interno da porta do ba- No Brasil, o PNCD (Programa Nacional de Controle da Dengue)
nheiro ou da cozinha. recomenda que as larvitrampas sejam usadas em locais conside-
Nas visitas ao interior das habitações, o servidor sempre pedirá rados como porta de entrada do vetor adulto, tais como portos
a uma das pessoas do imóvel para acompanhá-lo, principalmen- fluviais ou marítimos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviá-
te aos dormitórios. Nestes aposentos, nos banheiros e sanitários, rios e terminais de carga, para verificação da entrada do vetor em
sempre baterá à porta. áreas ainda não infestadas; e para monitoramento desses pontos
Em cada visita ou inspeção ao imóvel, o agente de saúde deve em áreas infestadas.
cumprir sua atividade em companhia de moradores do imóvel visi- Atualmente, essas armadilhas servem para verificar a presença
tado, de tal forma que possa transmitir informações sobre o traba- e a abundância de Aedes em áreas com baixa densidade do vetor e
lho realizado e cuidados com a habitação. em áreas sob vigilância.
Todos os depósitos que contenham água deverão ser cuida-
dosamente examinados, pois qualquer deles poderá servir como Pontos Estratégicos: Fiscalização para a Promoção e Preser-
criadouro ou foco de mosquitos. Os reservatórios de água para o vação da Saúde da Comunidade
consumo deverão ser mantidos tampados.
Os depósitos vazios dos imóveis, que possam conter água, de- Saneamento ambiental
vem ser mantidos secos, tampados ou protegidos de chuvas e, se Saneamento ambiental é o conjunto de investimentos públi-
inservíveis, eliminados pelos agentes e moradores. O agente de cos em políticas de controle ambiental que busca resolver os gra-
saúde recomendará aos residentes manter o imóvel e os quintais ves problemas gerados na infraestrutura das cidades, contribuindo
em particular, limpos e impróprios à procriação de mosquitos. para uma melhor qualidade de vida da população.
Os programas de controle de dengue, a vigilância entomológica Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “saneamen-
é feita a partir de coletas de larvas para medir a densidade de A. ae- to é o controle de todos os fatores ambientais que podem exercer
gypti em áreas urbanas. Essa metodologia consiste em vistoriar os efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico, mental e social dos indi-
depósitos de água e outros recipientes localizados nas residências e víduos”, tais como, poluição do ar (emissão de gases), do solo (lixo
14http://www.portaleducacao.com.br/

270
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
urbano) e das águas (dejetos lançados nos rios, represas etc.), po- Ações Integradas de Educação em Saúde, Comunicação e Mo-
luição sonora e visual, ocupação desordenada do solo (margens de bilização Social.
rios, morros etc.), o esgoto a céu aberto, enchentes etc. O principal objetivo desse componente é fomentar o desenvol-
Uma geração de empreendedores dedicados ao que se tornou vimento de ações educativas para a mudança de comportamento e
conhecido no mercado como negócio de impacto, ganhou força e a adoção de práticas para a manutenção de o ambiente domiciliar
despertou a ideia de que os grandes problemas ambientais e sociais preservado da infestação por Aedes aegypti, observadas a sazona-
não serão solucionados só por governos ou ONGs, mas por “negó- lidade da doença e as realidades locais quanto aos principais cria-
cios de impacto” – empresas que aliam impacto social ou ambiental douros. A comunicação social terá como objetivo divulgar e infor-
a um retorno financeiro, atuando nos setores de saúde, educação, mar sobre ações de educação em saúde e mobilização social para
nutrição, habitação, saneamento, agricultura, energia etc. mudança de comportamento e de hábitos da população, buscando
evitar a presença e a reprodução do Aedes aegypti nos domicílios,
Saneamento básico por meio da utilização dos recursos disponíveis na mídia.
Saneamento básico compreende um conjunto de medidas que
têm importância fundamental na conservação do meio ambiente e a) Ações de Educação e Mobilização Social
na qualidade de vida dos habitantes das cidades, são elas, o abas- - Elaborar, em todos os municípios, um programa de educação
tecimento de água, a rede de esgotos, a limpeza pública e a coleta em saúde e mobilização social, contemplando estratégias para:
de lixo, serviços que revelam as condições ambientais dos centros Promover a remoção de recipientes nos domicílios que possam se
urbanos. transformar em criadouros de mosquitos; Divulgar a necessidade
de vedação dos reservatórios e caixas de água; Divulgar a necessi-
Gestão Ambiental dade de desobstrução de calhas, lajes e ralos;
Gestão Ambiental é o gerenciamento, a administração e con- - Implementar medidas preventivas para evitar proliferação de
dução das atividades econômicas e sociais das empresas visando o Aedes aegypti em imóveis desocupados;
desenvolvimento sustentável e o uso racional de matérias primas e - Promover orientações dirigidas a imóveis especiais (escolas,
dos recursos naturais. unidades básicas de saúde, hospitais, creches, igrejas, comércio,
Gestão ambiental é a busca constante por melhoria das ativi- indústrias, etc.);
dades econômicas, dos serviços, produtos e do meio ambiente de - Organizar o Dia Nacional de Mobilização contra a dengue, em
trabalho, estimulando a redução do desperdício de materiais, ener- novembro;
gia, água etc. e consequente a redução de custos, levando em conta - Implantar ações educativas contra a dengue na rede de ensi-
a sustentabilidade. no básico e fundamental;
- Divulgar informações aos prefeitos sobre as ações municipais
Programa nacional de combate à dengue: o objetivo deste que devem ser desenvolvidas e as estratégias a serem adotadas;
componente é fomentar ações de saneamento ambiental para um - Incentivar a participação da população na fiscalização das
efetivo controle do Aedes aegypti, buscando garantir fornecimento ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Poder
contínuo de água, a coleta e a destinação adequada dos resíduos Público;
sólidos e a correta armazenagem de água no domicílio, onde isso - Constituir Comitês Nacional e Estaduais de Mobilização com
for imprescindível. Na atual situação do país, onde é elevado o participação dos diversos segmentos da sociedade.
número de municípios infestados por Aedes aegypti, torna-se im-
prescindível a implementação de mecanismos para a intensificação b) Ações de Comunicação Social
das políticas de saúde, saneamento e meio ambiente, que venham - Veicular campanha publicitária durante todo o ano, com ênfa-
contribuir para a redução do número de potenciais criadouros do se nos meses que antecedem o período das chuvas;
mosquito. - Promover entrevistas coletivas com gestores da área de saúde
para divulgar o PNCD;
Ações - Inserir conteúdos de educação em saúde, prevenção e con-
- Realizar ações de melhorias sanitárias domiciliares, principal- trole da dengue nos programas de grande audiência, formadores
mente para a substituição de depósitos e recipientes para água exis- de opinião pública;
tentes no ambiente doméstico e a vedação de depósitos de água. - Adotar mecanismos de divulgação (imprensa, “Voz do Brasil”,
- Fomentar a limpeza urbana e a coleta regular de lixo realiza- cartas aos órgãos legislativos e conselhos estaduais e municipais de
das de forma sistemática pelos municípios, buscando atingir cober- saúde) do PNCD;
turas adequadas, principalmente em área de risco. - Manter a mídia permanentemente informada, por meio de
- Desenvolver modelos de reservatórios para armazenamento comunicados ou notas técnicas, quanto à situação da implantação
de água potável em domicílios, protegidos da infestação pelo Aedes do PNCD.
aegypti, para áreas sem abastecimento contínuo;
- Apoiar a implantação de tecnologias de aproveitamento de c) Capacitação de Recursos Humanos
pneus como matéria-prima para a construção de moradias, dispo- O objetivo principal deste componente é capacitar profissio-
nibilizando para os municípios com mais de 100.000 imóveis tritura- nais das três esferas de governo, para maior efetividade das ações
dores para o processo industrial de picagem dos pneus. nas áreas de vigilância epidemiológica, entomológica, assistência
- Estimular tecnologias industriais que absorvam os pneus des- ao doente e operações de campo.
cartados, tais como parcerias com refinarias e siderurgias para a
queima de pneus e/ou utilização como combustível; Legislação
- Propor à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) al- O objetivo desse componente é fornecer suporte para que as
terações nas normas para a fabricação de caixas de água adaptan- ações de prevenção e controle da dengue sejam implementadas
do-as contra a infestação pelo Aedes aegypti. com a cobertura e intensidade necessárias para a redução da infes-
tação por Aedes aegypti a índices inferiores a 1%.

271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ações - Promover reuniões regionais bimestrais de avaliação, com a
- Elaborar instrumento normativo padrão para orientar a ação participação dos gerentes do Programa de Controle da Dengue e
do Poder Público municipal e/ou estadual na solução dos problemas coordenadores da Atenção Básica das SES, Coordenação Regional
de ordem legal encontrados na execução das atividades de preven- da FUNASA e representantes do comitê nacional de acompanha-
ção e controle da dengue, tais como casas fechadas, abandonadas e mento e avaliação;
aquelas onde o proprietário não permite o acesso dos agentes, bem - Suspender o repasse do Teto Financeiro de Epidemiologia e
como os estabelecimentos comerciais e industriais com repetidas Controle de Doenças dos estados e/ou municípios que não cum-
infestações por Aedes aegypti. prirem as metas pactuadas na Programação Pactuada Integrada/
- Acompanhar a efetiva aplicação da Resolução Conama nº Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI/ECD) e comunicar for-
258/1999, que dispõe sobre a destinação de pneus inservíveis e malmente ao Conselho Municipal de Saúde, Câmara de Vereadores,
estabelece o recolhimento de pneus produzidos nas seguintes pro- Ministério Público e Tribunal de Contas;
porções: 2002 - 25%, 2003 - 50%, 2004 - 100% e a partir de 2005 - Elaborar relatório periódico de avaliação da implantação do
- 125%; PNCD e enviar ao Conselho Nacional de Saúde, a Comissão Inter-
- Desenvolver ações visando à aprovação de leis que estabele- gestores Tripartite, bem como disponibilizar na página da FUNASA
çam normas para destinação final de garrafas plástica do tipo PET. na Internet;
- Manter grupo tarefa de 30 técnicos de nível superior para as-
Sustentação Político-Social sessorar as SES na implantação do PNCD;
Este componente tem como objetivo sensibilizar e mobilizar - Constituir grupo executivo do Ministério da Saúde para acom-
os setores políticos, com vistas a assegurar o aporte financeiro e a panhamento e avaliação das atividades com representantes da
articulação intersetorial necessários à implantação e execução do FUNASA, Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) e Secretaria de
Programa. Políticas de Saúde (SPS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Ações
- Realizar reunião com governadores dos estados para apresen- Hospital DIA
tação do PNCD e obtenção da prioridade política; O Hospital-dia (HD) é o regime de assistência intermediário en-
- Realizar reuniões regionais com todos os secretários estaduais tre a internação e o atendimento ambulatorial. Para a realização
de saúde, secretários municipais de saúde das capitais e de muni- de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, o
cípios com população superior a 100.000 habitantes para discutir a Hospital-dia é indicado quando a permanência do paciente na uni-
implantação e manutenção do PNCD. dade é requerida por um período máximo de 12 horas (Portaria nº
44/GM/2001). Na assistência em saúde mental, o Hospital-dia deve
Acompanhamento e Avaliação do PNCD abranger um conjunto diversificado de atividades desenvolvidas em
O objetivo desse componente é promover o permanente acom- até cinco dias da semana, com uma carga horária de oito horas diá-
panhamento da implantação do PNCD, da execução das ações, da rias para cada paciente (Portaria nº 224/MS).
avaliação dos resultados obtidos e eventual redirecionamento ou Trata-se de uma instituição de saúde com espaço físico, onde
adequação das estratégias adotadas. se encontram meios técnicos e humanos qualificados, fornecendo
Esse é um dos componentes fundamentais do PNCD, à medida cuidados de saúde de maneira programada a doentes em ambula-
que em recentes avaliações promovidas pela FUNASA quanto ao tório, por um período que geralmente não é superior a 12 horas,
processo de descentralização das ações de epidemiologia e con- não tendo que se falar em estadia durante a noite.
trole de doenças, com a participação dos gestores estaduais e mu- Inicialmente foi pensado para redução de custos das pequenas
nicipais, constatou-se uma necessidade de melhorar a capacidade cirurgias com internamento simultâneo na redução de riscos de in-
para a detecção e correção oportuna de problemas que interferem fecções hospitalares.
diretamente na efetividade das ações de prevenção e controle da
dengue. A explicação para esse tipo de hospital se deve:
- Como alternativos à hospitalização psiquiátrica;
Ações - Continuidade à internação fechada;
- Constituir comitê nacional de acompanhamento e avaliação - Extensão ao tratamento ambulatorial;
dos indicadores do PNCD, com representantes da FUNASA, universi- - Reabilitação e apoio a crônicos
dades, instituições de pesquisa, sociedades de especialistas, Conse-
lho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Conselho
Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e Organi- TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES DE
zação Pan-Americana de Saúde (Opas); VIDA E DE SAÚDE/DOENÇA DA POPULAÇÃO
- Constituir comitês estaduais de acompanhamento e avaliação
dos indicadores do PNCD, com representantes da FUNASA, Secreta- Todos nós vivemos em um espaço geográfico e desenvolvemos
ria Estadual de Saúde, e Conselho de Secretários Municipais de Saú- nossas vidas em lugares que são também chamados de territórios.
de (Cosems), universidades e instituições de pesquisa, entre outros; Apesar dos muitos conceitos, o território é uma área delimitada
- Realizar o acompanhamento e a avaliação do Programa nos onde a vida acontece submetida a certas inter-relações, regras ou
estados, nos municípios prioritários de cada unidade federada, pela normas.
FUNASA, em conjunto com as SES, com base nos indicadores esta- Geralmente se admite que o território representa um limite de
belecidos para os diversos componentes; poder, ou de responsabilidade do governo ou de um setor. Trata-se,
- Realizar o acompanhamento de todos os municípios a partir nesse caso, de divisões político-administrativas. Dessa forma, o ter-
dos relatórios gerados na análise quinzenal dos indicadores priori- ritório maior contém vários territórios menores e, portanto, existe
tários, pelas SES; uma hierarquia de territórios.

272
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Por exemplo, o território nacional é a extensão total da Repú- intoxicações por agrotóxicos os fatores ambientais são predomi-
blica Federativa do Brasil; os territórios estaduais (26 estados e um nantes. Mas todos os fatores atuam sobre todos os problemas de
Distrito Federal) são áreas em que a República é fragmentada para saúde de forma integrada.
facilitar a governabilidade, e os municípios (mais de 5.500) são frag- Em geral, considera-se que o ambiente e os modos de vida têm
mentações dos estados que são subdivididos com a mesma finali- um maior peso na produção social dos problemas de saúde.
dade. Os seres humanos transformam os lugares onde vivem de forma
Em alguns casos podem-se criar territórios com objetivos espe- permanente, e o desenvolvimento científico e tecnológico amplia a
cíficos para integrar áreas semelhantes em uma ou várias caracte- intensidade destas transformações.
rísticas. De modo geral, considera-se que nas áreas rurais as transforma-
Por exemplo, no Brasil, existem cinco regiões: Norte, Nordeste, ções são menores, e nelas os homens estão mais próximos e com
Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Cada uma delas agrega vários estados. mais contato com o ambiente natural. Ao contrário, nas áreas ur-
Mas existe outra maneira de se criar territórios, como no caso do banas, a relação com o ambiente natural é quase inexistente, e as
território que compreende a Amazônia Legal. densidades da população são mais elevadas.
Nesse caso, foram integradas áreas relativamente homogêneas Nesse ambiente construído, além das habitações, ruas, super-
em seus aspectos naturais e socioeconômicos e que, além de conte- mercados etc., estão expressas as mudanças qualitativas e quan-
rem áreas totais de vários estados, compreendem partes de outros, titativas dos componentes naturais. Dentre os processos mais co-
como Maranhão e o Mato Grosso. nhecidos que deterioram os componentes ambientais e a saúde da
O território é sempre um campo de atuação, de expressão do população, estão a contaminação e a poluição.
poder público ou privado e, sobretudo, populacional. Cada territó- As pessoas também vivem em um ambiente social e se relacio-
rio tem uma determinada área, uma população e uma instância de nam através de redes entre indivíduos e grupos sociais.
poder. Essas redes definem padrões culturais, produtivos e de consu-
O setor saúde também tem suas divisões territoriais nos esta- mo.
dos e municípios. Em geral obedecem a critérios de equilíbrio das Além disso, elas moldam os sentimentos, valores, reações e
populações a serem atendidas pelo Sistema de Saúde e ao acesso hábitos associados às diferentes situações. Por isso se fala em um
da população aos serviços de saúde. ambiente psicossocial.
Então, território é um espaço ou lugar, construído no dia a dia. O modo de vida é condicionado pela renda familiar proveniente
São muito variáveis e dinâmicos, e sua característica mais importan- de qualquer fonte (salário ou não), que, por sua vez, influencia os
te é ser uma área de atuação com responsabilidade. padrões de consumo, de bens e serviços. O relacionamento entre
O fato de cada território ter uma população não quer dizer que pessoas e lugares se constrói no cotidiano.
ela esteja uniformemente distribuída no território. Nas áreas ur- Estes ambientes mudam de forma permanente no espaço e no
banas, o povoamento é mais denso e, nas rurais, mais disperso e tempo, assim como muda também a percepção das pessoas sobre
rarefeito. Isso pode ser percebido por meio de indicadores, como eles. Este é um aspecto muito importante para a saúde.
a densidade demográfica, mas também através da observação dos Por vezes a percepção sobre a deterioração do meio ambiente
modos de vida. As pessoas nessas áreas vivem e trabalham de for- ocorre de diferentes formas e intensidades para cada indivíduo. São
mas bastante diferentes. exemplos disso a exposição a processos que produzem agravos à
Em geral, a localização de populações em um território não é saúde, como os vetores transmissores de doenças como a dengue,
uma escolha das pessoas. Participam desse processo a história da o ruído no ambiente de trabalho ou nas ruas, ou o ar que respira-
ocupação do território, o poder aquisitivo, educacional e cultural de mos nas grandes cidades.
uma determinada população.
E ainda podemos citar na ocupação do território a força políti- Dimensões das Condições de Vida
ca e econômica. Dessa forma, em uma cidade, a urbanização será É no dia a dia que as pessoas se expõem a situações que
mais ou menos intensa dependendo das circunstâncias de vida das beneficiam ou prejudicam sua saúde, pois construímos socialmente
pessoas, como o nível econômico e a sua inserção nos processos nosso bem-estar e nossa saúde. No território, as pessoas estudam,
produtivos. produzem, consomem e estão expostas a situações que prejudicam
Podem também existir características comuns a uma grande a saúde.
maioria das pessoas que vivem em um estado ou em uma região, e Em geral, essa não é uma escolha dos indivíduos nem das famí-
que também condicionam as condições de vida e saúde. Por exem- lias, já que em alguns momentos a exposição pode ser acidental. É
plo, na Região Norte se consome muito peixe, e na Região Sul se apenas o resultado da falta de opções para evitar ou eliminar as si-
bebe mais vinho. Essas são especificidades das dietas regionais. tuações de vulnerabilidade e muitas vezes também ocorre por puro
Sem dúvida, conhecer a área de abrangência e o modo de ser e desconhecimento.
viver da comunidade de um determinado território é muito impor-
tante para o trabalho do ACE. Os lugares com condições de vida desfavoráveis são em geral
marcados pelos seguintes fatores:
Território, Condições de Vida e Situação de Saúde - Saneamento precário;
No conceito ampliado de saúde que estudamos anteriormente, - Contaminação das águas, do ar, dos solos ou dos alimentos;
ficou claro que a saúde é muito mais do que não ter uma doença. - Conflitos no relacionamento interpessoal;
A saúde e a doença sofrem influências de várias origens tais - Falta de recursos econômicos.
como a genética, o ambiente, o comportamento e o sistema de ser-
viços de saúde. Todos atuam numa mesma teia. Conforme o proble- No geral, são lugares com enormes limitações para o consumo
ma de saúde, um fator pode ser mais decisivo que outro. de bens e serviços, incluindo os mais elementares, como beber
Por exemplo, nas doenças diretamente associadas a malforma- água de qualidade e alimentar-se três vezes ao dia.
ções congênitas, o peso da biologia é maior. Nas doenças sexual-
mente transmissíveis, os estilos de vida são mais importantes. Nas

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, as condições de vida de grupos sociais nos territórios Assim, por exemplo, numa pequena cidade de um país em
definem um conjunto de problemas, necessidades e insatisfações desenvolvimento, o povo pedia saneamento básico e o pessoal de
que variam no tempo. Essas condições podem melhorar ou piorar, saúde queria implantar um programa de planejamento familiar. O
dependendo da efetiva participação de instituições e organizações diagnóstico foi feito sobre e não com a comunidade.
formais, informais e da própria população. As necessidades de uma população podem ser percebidas de
forma diferente, se foram identificadas pelos profissionais de saúde
O Território na Vigilância em Saúde com a participação das pessoas da comunidade.
Na saúde coletiva, o território tem várias conotações. Por um
lado, o Sistema de Saúde se organiza sobre uma base territorial, o Essa identificação dos problemas de saúde pode ser feita:
que significa que a distribuição dos serviços de saúde segue uma ló- • Utilizando-se medidas do estado de saúde de uma popula-
gica de delimitação de áreas de abrangência, que deve ser coerente ção, por exemplo: os indicadores de mortalidade e de morbidade;
com os níveis de atenção primário, secundário e terciário. • Determinando-se a importância dos problemas, a partir da
Por outro lado, na organização das práticas de vigilância em saú- percepção que os indivíduos têm de seus problemas. Na prática,
de, é fundamental o reconhecimento do território, ou seja, identifi- essa abordagem é raramente utilizada, com os argumentos de que
car e interpretar a organização de vida das populações que nele ha- é difícil obter essa informação ou que as percepções podem não ser
bitam as condições de vida da população, e as diferentes situações precisas, etc.
ambientais que os afetam.
Portanto, para se fazer vigilância em saúde, é preciso entender O diagnóstico comunitário que se propõe aqui sugere combinar
como funcionam e se articulam num território as condições econô- essas duas formas de identificação de necessidade da comunidade.
micas, sociais e culturais; como se dá a vida das populações; quais Além disso, esse trabalho só pode ser feito em equipe - equipe
os atores sociais e sua íntima relação com os seus espaços e seus de saúde, de outros profissionais e de representantes da popula-
lugares. ção - o que leva a tomar consciência da complementaridade das
É importante ressaltar que, dentro da concepção do território ações e da necessidade de uma integração de diferentes atividades
na saúde, está a articulação do setor com outras estruturas de saúde da família.
político-administrativas. Elas oferecem serviços como educação, Uma outra característica do diagnóstico comunitário é que se
transporte, distribuição de água, coleta de esgotos, de lixo e de trata de um processo local, onde se vai perceber como as políticas
oferta de emprego. de saúde dos níveis centrais e regionais são adaptadas às necessi-
dades reais da população.
DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO
Fazer o diagnóstico comunitário1516 é identificar os problemas, Os esquemas seguintes ilustram essa ideia.
as necessidades, os recursos de uma comunidade. É um processo
que constitui a primeira etapa do planejamento em saúde comuni- Hierarquia dos Serviços nas Ações de Saúde
tária como se vê no esquema seguinte:

As ações de saúde são planejadas no nível central e aplicadas


no nível local, em direção à população que assume frequentemente
um papel passivo.

Se a primeira etapa não estiver bem-feita, esse esquema pode Com a inversão da pirâmide clássica, vemos que:
resultar em programas de saúde fracassados, porque eles podem - As ações de saúde são decididas, planejadas e realizadas em
representar as necessidades em saúde da comunidade. comum entre profissionais e pessoas da comunidade, a partir de
uma identificação local de problemas, necessidade e recursos;
- O nível regional assegura a coordenação e a supervisão das
15 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_05c.pdf
ações locais;
16 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_epidemiolo-
gia_3.pdf

274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- O nível central decide as grandes orientações de política sa- Características da comunidade:
nitária e fornece os apoios complementares necessários (recursos
humanos, materiais e financeiros) aos níveis regionais e locais. O contexto
• A história da comunidade;
A Metodologia do Diagnóstico Comunitário • O clima, as características geográficas (regiões montanhosas,
planas, tipos de solo e vegetação);
A fase preparatória • Zona urbana e rural;
Se a gente quiser que o diagnóstico tenha uma orientação re- • A distribuição da população, os tipos de habitação;
almente comunitária, não se deve colocar a comunidade diante de • Principais vias de comunicação;
um projeto pronto de diagnóstico, mas propor a participação desde • Meios de transporte.
a fase de planejamento do diagnóstico.
Para isto, um grupo de trabalho deve ser constituído para: defi- A demografia
nir os objetivos do diagnóstico, determinar os meios e os métodos, • Número de habitantes e a estrutura por idade;
mobilizar os recursos necessários, avaliar os resultados e fazer os • A natalidade, a mortalidade, (idade do casamento;)
contatos iniciais necessários. • As migrações (idas e vindas dos habitantes daquela comuni-
Na prática, às vezes, se começa com um grupo pequeno e se dade para outras).
amplia à medida que se desenvolve o trabalho, buscando sempre
um equilíbrio entre profissionais e representantes de diferentes A situação socioeconômica
grupos da comunidade. • As atividades da comunidade e os recursos locais;
O grupo de trabalho precisa ser informado e formado sobre • A situação de empregos e desemprego;
aspectos como comunicação com a comunidade, analisar e inter- • As categorias profissionais e as ocupações;
pretar os dados recolhidos, etc. • Os salários;
• O custo de vida;
O diagnóstico comunitário propriamente dito • A organização familiar;
Nesta fase, temos as etapas seguintes: • A identificação dos grupos da comunidade: religiosos, cultu-
1. definição dos objetivos do diagnóstico comunitário escolhi- rais, profissionais;
do; • O sistema de proteção social (educação, saúde, bem-estar
2. estabelecimento da lista das informações ou dados a coletar; social).
3. identificação das fontes de dados, escolha dos métodos mais
apropriados para recolher esses dados e, se necessário, elaboração A organização administrativa
de instrumentos para questionários, entrevistas, tabelas, etc. • Centralização da administração;
4. coleta de dados; • A política governamental em matéria de saúde;
5. análise e interpretação dos dados coletados, identificação • A legislação sanitária e social;
dos problemas, necessidades, recursos e grupos de risco; • A sensibilidade dos representantes da comunidade (vereado-
6. estabelecimento das prioridades; res, prefeitos);
7. documentação dos problemas prioritários. • As prioridades nos planos de saúde e do município.

A definição dos objetivos A vida cultural e religiosa


Trata-se de chegar a um acordo sobre o que a gente procura • As tradições, os costumes, os comportamentos relativos à ali-
saber, por exemplo, uma equipe de saúde pode precisar identificar mentação, à saúde e à reprodução humana;
problemas e necessidades das crianças de uma comunidade para • As religiões;
orientar o seu atendimento. Em outros casos, pode se partir de um • O lazer;
problema já identificado que se deseja conhecer a importância real, • O nível de escolaridade e de alfabetização;
ou que se quer documentar (comprovar em dados), a fim de obter • A existência de associações ou grupos culturais, políticos, mi-
todas as informações para executar um programa comunitário ade- litares, religiosos, etc.;
quado. • Os modos de relação e de comunicação entre as pessoas da
Pode-se, igualmente, desejar verificar até que ponto se justifica comunidade e entre eles e as outras comunidades.
a implantação de um novo serviço de saúde na comunidade ou ava-
liar o impacto das ações que já são desenvolvidas. Sistema sanitário
O objetivo principal da equipe de saúde poderá ser também, • Estrutura de saúde e equipamento sanitário existente (públi-
simplesmente, desejar conhecer melhor a comunidade na qual ela co e privado): unidades de saúde, farmácias, etc.;
trabalha. • As atividades de saúde existentes (cuidados preventivos e
curativos, educação em saúde, etc.);
As Informações ou Dados a Coletar • O acesso e a utilização dos serviços de saúde pela população;
É impossível coletar todos os dados, porque eles envolvem • O pessoal de saúde: número, categorias, formação e compe-
muitos aspectos da vida. Portanto, a gente tem que selecionar as tências;
informações mais importantes de acordo com o objetivo que quer • A medicina tradicional.
se atingir.
Propomos aqui uma lista de informações, e cada equipe poderá As relações características entre a comunidade e seu estado
escolher as que mais lhe convêm e acrescentar ainda outras que de saúde
julgar importantes. Elas se referem a: Isso pode ser feito esforçando-se por identificar os fatores que
têm um papel determinante, positivo (recursos) e negativo (fatores
de risco), sobre o estado de saúde da população e de suas pessoas.
O esquema abaixo mostra essas relações:

275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Os relatórios de pesquisas feitas na comunidade ou na região,
por Universidades ou outras instituições;
• A imprensa local e regional, artigos de jornais, revistas, pro-
grama de rádio e TV.

B - As informações a criar
Diversas técnicas, complementares umas às outras, permitem
recolher diariamente essas informações.
1. Observação da comunidade
2. Ouvir o que pensam e sentem as pessoas chave e os grupos
da comunidade, sobretudo:
• Serviços sociais, da educação, etc.;
• Dos líderes oficiais da comunidade: autoridades civis e reli-
giosas e também os militares;
• Dos líderes e práticos tradicionais: líderes de associações es-
portivas, culturais, políticas, curadores e parteiras;
• Dos outros membros da comunidade como:
Assim, fica-se conhecendo os fatores de risco para se desen- a. Crianças em idade escolar,
volver ações preventivas e recursos existentes ou potenciais, para b. Adolescentes,
apoiar ou desenvolver os programas de ação. c. Famílias de diferentes classes sociais,
d. Profissionais de várias categorias, etc.
Exemplos:
De fatores de risco Pode-se conseguir essas informações por reuniões comuni-
• Dificuldades de acesso aos serviços de saúde (fatores do am- tárias, através de conversas informais, entrevistas e questionários
biente e sanitários); planejados anteriormente pelo grupo de trabalho que coordena o
• O desemprego, a falta de proteção social (fatores socioeco- diagnóstico e através de visitas aos serviços públicos, fábricas, usi-
nômicos); nas e comércio da cidade.
• A baixa cobertura de vacina (fator sanitário). Enfim, o diagnóstico terá sempre que combinar várias técnicas
para recolher o maior número possível de dados e deverá ir se com-
De recursos pletando com dados observados à medida que for sendo realizado.
• A existência de muitos meios de transporte (fator ambiental);
• Uma taxa elevada de alfabetização das mães ou existência de A Coleta de Dados
uma associação de mulheres dinâmica (fatores culturais); Isto dependerá do tempo disponível para atingir os objetivos e
• Um pessoal de saúde competente em matéria de cuidados da disponibilidade dos membros do grupo de trabalho. É uma ativi-
primários de saúde (fator sanitário). dade mais ou menos contínua, com períodos de maior intensidade.
Estes dados a serem coletados podem ser: quantitativos e qua-
litativos. Exemplos: Análise e Interpretação dos Dados
A partir dos dados coletados, o grupo de trabalho responsável
Dados quantitativos pelo diagnóstico vai poder distinguir, por exemplo:
• Taxa de mortalidade por idade e de morbidade (incidência de • As taxas julgadas anormais (de natalidade, de mortalidade,
sarampo, diarreia, infecções respiratórias, etc.); etc.)
• A taxa de mortalidade; • Os fatores que desempenham um papel importante na saúde
• A idade média dos casamentos; da comunidade;
• O espaço de tempo médio entre os nascimentos; • As opiniões das pessoas da comunidade sobre os problemas
• Os números relativos à utilização dos serviços de saúde. e necessidades julgados prioritários, suas opiniões e representa-
ções sobre fatos ligados à saúde, suas expectativas, suas tendências
Dados qualitativos ou resistências às mudanças, etc.
Os dados qualitativos correspondem sobretudo aos fatores cul-
turais e às opiniões de diferentes grupos da população sobre os pro- Esses dados normalmente permitem listar os principais proble-
blemas de saúde, sua importância, suas causas e as soluções mais mas e necessidades identificados. Nem sempre eles são os mesmos
eficazes. para o pessoal de saúde e a comunidade. Mas esses dados também
possibilitam identificar os recursos, por exemplo:
A Identificação das Fontes de Dados - Escolha dos Métodos e • As competências de pessoas ou grupos da comunidade que
a Elaboração de Instrumentos de Coleta dos Dados poderão ser utilizados para a resolução de problemas;
• Os canais, os lugares de comunicação e de encontros utiliza-
Nesta fase, é preciso distinguir: dos pela comunidade.
A - As informações existentes
As informações existentes e os materiais a consultar são, entre Pode-se, também, identificar, pelos dados coletados, os indi-
outros: víduos e grupos de risco que poderão construir o “alvo” prioritário
• Os planos de saúde do país, do Estado, do município; das atividades e serviço de saúde.
• Os livros de registro de nascimento, casamento e morte dos
cartórios;
• As estatísticas e relatórios dos serviços de saúde, sobretudo,
de serviços de pediatria, de pré-natal, de planejamento familiar;

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Estabelecimento de Prioridades
Nesta etapa há o risco de confrontar as diferenças de percep-
ção entre profissionais de saúde e membros da comunidade quanto
à importância real e a urgência dos problemas e das necessidades.
A escolha final deverá ser o resultado de um diálogo, de uma ne-
gociação onde os diferentes argumentos e pontos de vista deverão
ser considerados.
O importante não é saber quem tem razão, mas chegar às deci-
sões nas quais a comunidade se reconhecerá, às quais ela aderirá e
para as quais ela se mobilizará.

A Documentação dos Problemas Prioritários


Essa etapa consiste em:
• Definir com precisão o problema e se necessário reformulá-
-lo;
• Estabelecer as causas determinantes na comunidade e os fa-
tores de risco;
• Identificar os recursos que poderão ser utilizados para sua
resolução.
Técnicas de Levantamento das Condições de Vida e de Saú-
Para exemplificar, falemos de uma comunidade onde um pro- de/Doença da População e Diagnóstico Comunitário
blema identificado foi a morte de crianças menores de 5 anos, com
frequência, por causa da diarreia. Como são as condições de vida da população brasileira? As con-
A identificação das características da comunidade permitiu ve- dições de vida da população de um país costumam serem medidas
rificar que se tratava de uma vila de agricultores, situada numa re- pelos indicadores sociais, tais como as taxas de crescimento vege-
gião montanhosa, a 50km da cidade mais próxima e particularmen- tativo, mortalidade infantil, analfabetismo, expectativa de vida etc.
te de difícil acesso na estação das chuvas. As casas ficavam muito Os péssimos resultados apresentados por esses indicadores no
longe umas das outras. Brasil são consequência de um passado marcado pelo desprezo das
Aliás, a água potável só existia em uma fonte situada a 3km elites e dos governos brasileiros para com a maioria da população.
da vila (fatores ambientais). O posto de saúde só contava com um A marginalização socioeconômica caracteriza hoje grande parte da
agente de saúde pouco preparado, mas desejoso de cooperar (fa- população, cujas condições de vida são péssimas.
tor sanitário). E, existia uma associação feminina muito ativa (fator
social). Vejamos alguns indicadores sociais apresentados pelo IBGE
Foi o instrutor/supervisor que detectou o problema nos regis- referentes ao ano de 1999 que confirmam o subdesenvolvimento
tros do posto de saúde e que tomou a iniciativa da constituição de brasileiro:
um grupo de trabalho. O governo decidiu lançar um programa de - Abastecimento de água: 58,7% no Nordeste x 87,5% no Su-
luta contra diarreia que só era aplicado na capital. deste;
A primeira tarefa do grupo constituiu em se informar sobre a - Lixo coletado: em 1999, 79,9% do lixo eram coletados. O servi-
diarreia através de um questionário. Este permitiu as informações ço de coleta servia 59,7% dos domicílios do Nordeste, contra 90,1%
sobre incidência das diarreias agudas, os grupos de idade mais vul- dos do Sudeste.
neráveis e a taxa de mortalidade por diarreia. Em seguida foi preci- - Iluminação elétrica: em 1999, a porcentagem de domicílios
so buscar os fatores determinantes da diarreia infantil na comuni- com iluminação era de 85,8% no Nordeste contra 98,6% no Sudes-
dade, por exemplo: te. Essa baixa qualidade de vida da população é responsável pela 7ª
• A representação e o significado de diarreia infantil na comu- posição do Brasil no do 101-1 (Índice de Desenvolvimento Huma-
nidade; no), referente a 2002 e divulgado em 2004.
• As práticas tradicionais utilizadas pelas mulheres: podem ser
negativas (ex. não dar líquido a crianças com diarreia) ou positivas Esse índice, criado pela ONU há alguns anos, leva em conside-
(ex. utilizar sopa de legumes com propriedade antidiarreicas); ração a qualidade de três indicadores sociais em quase duzentos
• O nível de conhecimento e as atividades do ACS no que se países: saúde, educação e renda. Esse quadro social medíocre do
refere ao tratamento de diarreia e da desidratação, etc. Brasil traz consequências nefastas para o futuro, por exemplo, gran-
de parte da PEA (População Economicamente Ativa) está desprepa-
Assim, com todas essas informações, poder-se-á definir os ob- rada para enfrentar os desafios profissionais exigidos pela chamada
jetivos, as ações para atingir esses objetivos, uma estratégia ade- Terceira Revolução Industrial.
quada e efetuar a avaliação das atividades desenvolvidas. De fato, as novas tecnologias, calcadas no desenvolvimento de
O esquema seguinte resume as etapas de um programa de setores estratégicos, como a microeletrônica, a informática, a bio-
saúde, mostrando o papel do diagnóstico comunitário dentro desse tecnologia, a fibra ótica, a nanorobótica, entre outros, exigem cada
programa. vez mais profissionais altamente qualificados.
No Brasil, contudo, é comum o indivíduo chegar à idade adul-
ta desqualificada profissionalmente para ingressar nessa nova era
tecnológica. Essa baixa qualificação se explica pelo desamparo das
famílias pobres, que retiram seus filhos da escola e os obrigam a
trabalhar precocemente. Isso explica inclusive por que ainda hoje o
Brasil ostenta elevado analfabetismo: 13,3% da população total. O
desemprego tende a crescer.

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim sendo, restam como alternativas às famílias pobres e A coleta de dados e a estimativa de indicadores têm como fi-
marginalizadas colocar crianças no mercado de trabalho, como for- nalidade gerar, de forma sistemática, evidências que permitam
ma de aumentar a renda familiar. Calcula-se que cerca de 3,9 mi- identificar padrões e tendências que ajudem a empreender ações
lhões de crianças menores de 16 anos estão trabalhando no Brasil. de proteção e promoção da saúde e de prevenção e controle de
Isso as exclui da vida estudantil, limitando suas chances de cres- doenças na população.
cimento humano e profissional. Segundo pesquisas do IBGE, 85% Entre as formas mais úteis e comuns de medir as condições ge-
dessas crianças não têm noção de seus direitos. rais de saúde da população, destacam-se os censos nacionais, que
Aceitar trabalhos precários, sem registro na carteira de traba- são feitos a cada década em vários países. Os censos proporcionam
lho, que contribuem para a degradação da qualidade de vida da po- a contagem periódica da população e a descrição de várias das suas
pulação e para a baixa expectativa de vida. características, cuja análise permite fazer estimativas e projeções.
Segundo o IBGE, o número de empregados com registro em Para permitir as comparações ao longo do tempo numa mesma
carteira no Brasil caiu, ao mesmo tempo em que aumentou o nú- população ou entre populações diferentes, são necessários proce-
mero de trabalhadores informais. Aderir à delinquência. A exclusão dimentos de medição padronizados.
social leva à formação de verdadeiros estados paralelos em áreas
dominadas pelo crime organizado (favelas e bairros periféricos das Medição: é o procedimento de aplicação de um padrão a uma
grandes cidades), o que gera inúmeras formas de violência, que variável ou a um conjunto de valores.
atingem toda a sociedade. A medição do estado de saúde requer sistemas harmonizado-
Acostumar-se à miséria, à subnutrição, à fome e à falta de assis- res e unificados como a Classificação Estatística Internacional de
tência médico sanitária, fenômenos intimamente relacionados com Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), na sua Décima
a persistência de elevadas taxas de mortalidade, inclusive infantil e Revisão, cujos XXII capítulos iniciam com certas doenças infecciosas
materna. e parasitárias (A00-B99) e terminam com o capítulo referente aos
Aceitar o subemprego, que gera um inchaço do setor terciário, códigos para propósitos especiais (U00-U99).
isto é, uma grande quantidade de trabalhadores pouco qualificados Os indicadores de saúde medem na população diferentes as-
que vivem da economia informal (sem direitos ou garantias e sem pectos relacionados com a função ou incapacidade, a ocorrência
recolher impostos), já que os empregos formais não são suficientes. de doença ou óbito, bem como os aspectos relacionados com os
São exemplos de atividades informais aquelas exercidas por ca- recursos e desempenho dos serviços de saúde.
tadores de lixo, camelôs e outros vendedores ambulantes, guarda- Os indicadores de saúde funcional tratam de medir o impacto
dores de carros, perueiros e motoboys, personagens muito comuns dos problemas de saúde na vida diária, por exemplo, a capacidade
nas grandes cidades brasileiras. Repare como a PEA do setor terciá- para realizar atividades cotidianas, lesões e acidentes domésticos e
rio cresceu no período analisado (1940-2001). no local do trabalho, e anos de vida livres de incapacidade.
De fato, a PEA brasileira empregada no setor terciário é exage- Os dados são obtidos geralmente através de inquéritos e re-
rada, pois se aproxima do padrão apresentado pelos países ricos, gistros de incapacidade. Os índices de qualidade de vida incluem
como os Estados Unidos, apesar da abissal distância entre a realida- variáveis de função como a atividade física, a presença de dor, o
de socioeconômica dos dois países. nível do sono, de energia e o isolamento social.
Por isso, ainda hoje faltam ao Brasil adequadas condições téc- Os indicadores de morbidade medem a frequência de proble-
nicas e humanas para produzir inúmeros produtos e componentes, mas de saúde específicos como infecções, cânceres, acidentes de
que é obrigado a importar (ou pelos quais pagas royalties) com re- trabalho, etc. As fontes de dados costumam ser registros de hos-
cursos que poderiam ser investidos em pesquisa e desenvolvimen- pitais e serviços de saúde, notificação de doenças sob vigilância e
to. inquéritos de soro prevalência e de auto relato de doenças, entre
A escassez de recursos para investir em pesquisa e desenvol- outros. É necessário mencionar que as doenças crônicas, pela sua
vimento (P&D) produz, assim, um círculo vicioso: menos recursos longa duração, requerem o monitoramento das etapas clínicas, pelo
investidos em P&D significam menores rendimentos, maiores gas- que é preferível contar com os registros de doença (ex.: câncer, de-
tos e, portanto, menos recursos para investir em P&D. Esse descaso feito congênito etc.) (Newcomer, 1992).
com a educação não só perpetua como agrava as desigualdades so- Os indicadores de mortalidade geral ou por causas específicas
ciais do Brasil. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica- permitem comparar o nível geral de saúde e identificar causas de
da (Ipea), em 2001 viviam no Brasil 54 milhões de pobres, 32% da mortalidade relevantes como acidentes, tabagismo, etc. O registro
população. da mortalidade requer o atestado de óbito, para o qual é usado a
Declaração de Óbito. A mortalidade se apresenta geralmente
Técnicas de Levantamento das Condições de Vida e de Saúde/ como números absolutos, proporções, ou taxas por idade, sexo e
Doença da População causas específicas.
Existem diversas formas de medir a saúde, dependendo de qual Além da medição do estado de saúde, também é necessário
é a sua definição; uma definição ampla mediria o nível de saúde e medir o desempenho dos serviços de saúde. Tradicionalmente, essa
bem-estar, a capacidade funcional, a presença e causas de doenças medição é focada para os insumos e serviços; atualmente, conside-
e óbito e a expectativa de vida das populações (Donaldson, 1989). ra-se preferível medir os processos e funções dos serviços de saúde
Existem diferentes medidas e indicadores de bem-estar (so- (Turnock, 1997).
cial e econômico) na saúde e foram desenvolvidos certos índices Conjuntamente com os indicadores mencionados, a mensura-
de “saúde positiva” (Alleyne, 1998), tanto com fins operacionais, ção na saúde requer a disponibilidade de dados sobre caracterís-
como para a investigação e promoção de condições saudáveis, em ticas relevantes da população (variáveis), tais como seu tamanho,
dimensões tais como a saúde mental, autoestima, satisfação com o composição, estilos de vida, classes sociais, eventos de doenças,
trabalho, exercício físico, etc. nascimentos e óbitos.
Os dados para a medição da saúde provêm de diversas fontes,
motivo pelo qual devem ser considerados os aspectos relacionados
com a invalidez, qualidade, integridade e cobertura dos próprios

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dados e suas fontes. Os dados, quantitativos ou qualitativos, que se Em um sentido amplo, podemos considerar que o trabalho da
obtêm e se registram dos serviços de saúde e das estatísticas vitais saúde pública parte da constatação de uma realidade de saúde não
representam a “matéria prima” para o trabalho epidemiológico. desejável em uma população e aponta para conseguir mudanças
Quando os dados são incompletos ou inconsistentes, serão ob- sociais, deliberadas e sustentáveis nessa população.
tidas medidas enviesadas ou inexatas, sem importar a sofisticação Nesse sentido, e do ponto de vista metodológico, a epidemio-
da análise epidemiológica, e as intervenções derivadas do seu uso logia como toda ciência tem exigência de método, desde uma pers-
não serão efetivas. pectiva estatística.
A deficiente cobertura dos serviços, em amplos setores da po- O foco epidemiológico consiste basicamente em: i) a observa-
pulação de vários países, limita a geração de informação útil e ne- ção dos fenômenos de saúde e doença na população; ii) a quanti-
cessária para resolver os problemas de saúde que atingem de forma ficação dos mesmos em frequências e distribuições; iii) a análise
específica as suas comunidades. Ainda quando os dados estiverem das frequências e distribuições de saúde e de seus determinantes;
disponíveis e sejam confiáveis, sua utilização para a gestão em saú- e iv) a definição de cursos de ação apropriados. Esse processo de
de pode ser insuficiente. observar-quantificar-comparar-propor serve também para avaliar a
Com o propósito de responder às necessidades de contar com efetividade e o impacto das intervenções em saúde, para construir
um conjunto de dados válidos, padronizados e consistentes dos pa- novos modelos que descrevam e expliquem as observações e para
íses das Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) utilizá-los na predição de novos fenômenos.
trabalha desde 1995 na Iniciativa Regional de Dados Básicos de Saú- Em resumo, em todo esse processo, os procedimentos e técni-
de. Está incluída nessa fonte uma série histórica de 117 indicadores cas de quantificação são de grande relevância, e a capacitação da
demográficos, socioeconômicos, de morbidade, mortalidade, de equipe local de saúde nestes aspectos do enfoque epidemiológico
recursos, acesso e cobertura de serviços de saúde, dos 48 países e é, consequentemente, fundamental.
territórios da região.
Uma vez contados os dados e calculados os indicadores de saú- Tipos de Dados e sua Tabulação
de, uma das dificuldades apresentada nos serviços de saúde está A quantificação do estado de saúde e padrões de doença na
relacionada com as limitações do manuseio correto da informação população requer métodos e técnicas que permitam coletar da-
numérica, sua análise e interpretação, funções que requerem o uso dos de forma objetiva e eficiente; converter os dados em informa-
dos princípios da epidemiologia e da bioestatística. ção para facilitar sua comparação e simplificar sua interpretação;
No entanto, no âmbito em que ocorrem os problemas e onde e transformar a informação em conhecimento relevante para as
eles são solucionados, os procedimentos e técnicas para obtenção, ações de controle e prevenção.
medição, processamento, análise, interpretação dos dados e uso Para conhecer os grupos de população que apresentam maior
das informações ainda não estão plenamente desenvolvidos. número de casos, os lugares com maior incidência ou prevalência
Para a correta tomada de decisões em todos os níveis dos ser- de determinadas doenças e o momento em que ocorrem os even-
viços de saúde, baseada na informação pertinente, é necessária a tos na saúde, devem-se aplicar sistematicamente alguns processos
capacitação permanente da equipe local de saúde e das suas redes básicos de manuseio de dados ou variáveis.
na coleta, manuseio, análise e interpretação de dados epidemioló- Um dos primeiros passos no processo de medição do estado de
gicos. saúde na população é a definição das variáveis que o representam
A quantificação dos problemas de saúde na população requer ou caracterizam. Variável: qualquer característica ou atributo que
procedimentos e técnicas estatísticas diversas, algumas delas de pode assumir valores diferentes.
relativa complexidade. Dadas as características de múltiplos fato- As variáveis podem ser de dois tipos, qualitativa e quantitati-
res dos problemas de saúde, as técnicas qualitativas são também va. Denominamos variáveis qualitativas aquelas que são atributos
valiosas para aproximar-se do conhecimento dos determinantes da ou propriedades. As variáveis quantitativas são aquelas nas quais o
saúde. É por isso que existe a necessidade de incorporar, de forma atributo mede-se numericamente e, por sua vez, podem ser classi-
dialética, métodos e técnicas quantitativas e qualitativas que permi- ficadas em discretas e contínuas.
tam estudar os diversos componentes dos objetos de estudo. As variáveis discretas assumem valores que são sempre núme-
Na análise quantitativa o uso de programas informatizados faci- ros inteiros; por exemplo, o número de filhos de um casal, o número
lita o manuseio e a análise de dados, mas não se deve superestimar de dentes com cárie, o número de leitos de um hospital, o número
seu alcance e aplicações. Sua utilidade é maior quando são estabe- de hemácias por campo, o pulso, etc., que somente podem tomar
lecidas redes de colaboração e sistemas de informação em saúde, valores de um conjunto finito.
que permitem o manuseio eficiente de grandes bases de dados e As variáveis contínuas podem tomar tantos valores quanto per-
geram informação oportuna e útil para a tomada de decisões. mita a precisão do instrumento de medição; por exemplo, o peso ao
Um programa informatizado reduz notavelmente o tempo de nascer de um bebê de 2.500 gramas pode ser medido com maior
cálculo, processamento e análise dos dados, mas é o trabalho hu- precisão, como 2.496,75 gramas, se a nossa balança assim o per-
mano o que aporta resultados racionais e válidos para o desenvolvi- mitir.
mento dos objetivos de saúde pública. As variáveis também podem ser classificadas conforme o nível
Existem dois pacotes de programas de cálculo desenhados ou tipo de medição que possamos aplicar. Assim, podem-se dife-
especificamente para a saúde que facilitam o armazenamento, renciar quatro níveis de medição das variáveis: nominal, ordinal,
processamento e análise de informação epidemiológica: Epi-Info, de intervalo e proporcional ou de razão. Uma variável nominal tem
produzido pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Es- categorias às quais são atribuídas nomes que não têm nenhuma
tados Unidos (CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), e o ordem entre eles; por exemplo, o sexo. A categoria “homem” não
Epi-Dat, desenvolvido pela OPAS e a Xunta de Galícia, Espanha. tem relação de ordem sobre a categoria “mulher”.
Longe de competir entre si, os pacotes de programas, de gran- As variáveis nominais não têm de ser necessariamente dico-
de uso e de livre distribuição, oferecem processos e rotinas de ma- tômicas (duas categorias) podem ter várias categorias, como, por
nuseio e análise epidemiológica de dados que são complementares. exemplo, o estado civil (solteiro, casado, divorciado, viúvo, união

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
livre) ou o grupo sanguíneo segundo o sistema ABO (A, B, AB e O). Desde então, a avaliação na área sanitária goza de um prestí-
O fato de mudar a ordem não tem nenhuma implicação na análise gio enorme. A maioria dos países (Estados Unidos, Canadá, França,
dos dados. Austrália etc.) criou organismos encarregados de avaliar as novas
Agora suponhamos que nos seja feita uma pergunta sobre a tecnologias. O s programas d e formação, os colóquios, os seminá-
qualidade de um curso que acabamos de realizar e nos oferecem as rios, os artigos, as obras sobre a avaliação já não se contam mais.
seguintes opções de resposta: muito ruim, ruim, regular, bom e ex- Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento
celente. Essa classificação tem uma ordem: excelente é melhor que de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de
bom, bom que regular e assim sucessivamente; no entanto, a “dis- seus componentes, c om o objetivo de ajudar na tomada de deci-
tância” que existe entre excelente e bom não tem que ser a mesma sões. Este julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios
que entre ruim e muito ruim. e d e normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um
Estamos ante uma variável ordinal, cujas categorias têm uma procedimento científico (pesquisa avaliativa).
ordem, ainda que as diferenças entre elas possam não ser iguais. Para avançar, devemos precisar o que entendemos por inter-
Outros exemplos de variáveis ordinais são os estágios de um câncer venção. Uma intervenção é constituída pelo conjunto dos meios
(I, II, III e IV) ou os resultados de uma cultura de laboratório (-, +, (físicos, humanos, financeiros, simbólicos) organizados em um con-
++, +++). texto específico, em um dado momento, para produzir bens ou ser-
Outro modo de medição de variáveis é o de intervalo. Uma va- viços c om o objetivo de modificar uma situação problemática.
riável de intervalo tem distâncias iguais entre seus valores e uma Uma intervenção é caracterizada, portanto, por cinco compo-
característica fundamental: o zero é arbitrário. nentes: objetivos; recursos; serviços, bens ou atividades; efeitos e
O exemplo típico de variável de intervalo é a temperatura cor- contexto preciso em um dado momento.
poral. Existe a mesma diferença entre 37ºC e 39ºC e 38ºC e 40ºC (ou É preciso entender que os objetivos d e uma avaliação são nu-
seja, 2ºC). No entanto, não podemos dizer que uma temperatura de merosos, que eles podem ser oficiais ou oficiosos, explícitos ou im-
60ºC seja “três vezes mais quente” que uma de 20ºC. Tampouco po- plícitos, consensuais ou conflitantes, aceitos por todos os atores ou
demos concluir que um indivíduo com um coeficiente de inteligên- somente por alguns.
cia de 120 é o dobro de inteligente que outro com coeficiente 60.
Por último, se a variável tivesse um ponto de origem que é o Os objetivos oficiais de uma avaliação são de quatro tipos:
valor zero absoluto, estaríamos falando de uma variável proporcio- - Ajudar no planejamento e na elaboração d e uma intervenção
nal ou de razão. Essa tem intervalos iguais entre valores e o ponto (objetivo estratégico);
de origem zero. O peso e a altura são exemplos típicos de variáveis - Fornecer informação para melhorar uma intervenção no seu
proporcionais, 80kg é o dobro de 40kg, e há a mesma diferença decorrer (objetivo formativo);
entre 50 e 35kg, que entre 105 e 90kg. Nesse nível, pode-se somar, - Determinar os efeitos de uma intervenção para decidir se ela
diminuir, multiplicar e dividir. deve ser mantida, transformada de forma importante ou interrom-
pida (objetivo somativo);
- Contribuir para o progresso dos conhecimentos, para a elabo-
ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE (CONCEITOS, ração teórica (objetivo fundamental).
TIPOS, INSTRUMENTOS E TÉCNICAS)
Os objetivos oficiosos dos diferentes atores, muitas vezes implí-
AVALIAÇÃO EM SAÚDE171819 citos, são também muito importantes de se considerar.
A avaliação é uma atividade tão velha quanto o mundo, banal
e inerente ao próprio processo d e aprendizagem. Hoje, a avaliação Os administradores que pedem uma avaliação podem querer:
é também um conceito que está na moda, c om contornos vagos e - Atrasar uma decisão;
que agrupa realidades múltiplas e diversas. - Legitimar uma decisão já tomada;
Logo após a Segunda Guerra Mundial apareceu o conceito de - Ampliar seu poder e o controle que eles exercem sobre a in-
avaliação dos programas públicos. Ele é, d e certa forma, o corolário tervenção;
do papel que o Estado começou a desempenhar nas áreas da edu- - Satisfazer as exigências dos organismos de financiamento.
cação, do social, do emprego, da saúde etc.
O Estado, que passava a substituir o mercado, devia encontrar Os avaliadores podem buscar:
meios para que a atribuição de recursos fosse a mais eficaz possível. - Ampliar os conhecimentos;
O s economistas desenvolveram, então, métodos para analisar as - Ampliar seu prestígio e poder;
vantagens e os custos destes programas públicos; são os pioneiros - Obter uma promoção;
da avaliação. - Promover uma ideia que lhes é cara.
No decorrer dos anos 70 a necessidade de avaliar as ações sani-
tárias se impôs. O período de implantação dos grandes programas, Os usuários podem buscar:
baseados no seguro médico, estava terminado. A diminuição do - Benefícios c om serviços diferentes dos disponíveis habitual-
crescimento econômico e o papel do Estado no financiamento dos mente;
serviços d e saúde tornavam indispensável o controle dos custos do - Reduzir sua dependência perante profissionais.
sistema de saúde, sem que, por isso, uma acessibilidade suficiente
de todos a serviços de qualidade seja questionada. O pessoal de uma organização pode buscar:
- Atropelar as regras hierárquicas;
- Obter um adiantamento.
17 HARTZ, Zulmira Maria de Araújo (Org.) Avaliação em Saúde: dos modelos
conceituais à prática na análise da implantação de programas. Rio de Janeiro:
Sendo o objetivo final da avaliação o de ajudar na tomada de
Fiocruz, 1997.
decisões, é preciso se interrogar sobre a influência que as informa-
18 http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/pnass.pdf
ções fornecidas pelo avaliador podem ter nas decisões.
19 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_az_garantindo_saude_mu-
nicipios_3ed_p1.pdf

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A avaliação normativa tem como finalidade principal ajudar os - Avaliação dos resultados: o impacto da assistência prestada
gerentes a preencher suas funções habituais. Ela é normalmente na situação de saúde, conhecimento e comportamento do pacien-
feita por aqueles que são responsáveis pelo funcionamento e pela te. Na dimensão epidemiológica, esta avaliação é feita por meio de
gestão da intervenção, faz parte da atividade natural de um gerente indicadores específicos, tais como taxa de mortalidade e de infec-
e deveria, portanto, ter uma forte validade pragmática (DUNN). ção, média de permanência etc;
No entanto, a pesquisa avaliativa, que exige uma perícia me- - Avaliação da satisfação dos pacientes em relação ao atendi-
todológica e teórica importante, geralmente não pode ser feita por mento recebido e dos provedores destes serviços em relação aos
aqueles que são responsáveis pela intervenção em si. Ela é mais seus ambientes de trabalho.
frequentemente confiada a pesquisadores que são exteriores à in-
tervenção. Neste caso, a questão d e saber se seus trabalhos serão Estas diferentes abordagens estão relacionadas entre si e de-
úteis para as decisões é importante. vem ser analisadas em conjunto. A estrutura física e organizacional
A avaliação é uma atividade, como a pesquisa, útil para o esta- tem um impacto direto na qualidade do processo que, por sua vez,
belecimento de políticas, mas nunca é suficiente para estabelecer se reflete na melhora dos resultados.
políticas. A satisfação dos pacientes e provedores, no entanto, não per-
tence a esta cadeia linear, embora se relacione aos outros fatores
Avaliação de Desempenho do SUS de uma maneira mais sutil: a satisfação é diretamente influenciada
É um processo sistemático para se comparar até que ponto pela estrutura e indiretamente pela relação médico-paciente, mas
uma determinada intervenção atingiu os objetivos pretendidos ou não pela qualidade técnica (acurácia do diagnóstico e do tratamen-
desejáveis. to).
Pode ser aplicado a um sistema, um serviço, um programa, um Por sua vez, a satisfação dos pacientes e dos provedores afe-
projeto, uma política, um plano ou a qualquer outra atividade orga- ta a qualidade dos resultados obtidos por sua maior cooperação e
nizada. Permite a comparação do desempenho dos sistemas e ser- boa-vontade.
viços de Saúde, tomando como referência os princípios e diretrizes Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a avalia-
organizativas do SUS, as responsabilidades e os papéis atribuídos ção sistemática da qualidade dos serviços de saúde disponíveis para
aos entes governamentais. a população atendida pelo SUS, abrangendo os diferentes critérios
A avaliação deve ser realizada a partir de duas dimensões com- propostos, representa um desafio de grandes proporções.
plementares entre si: dimensão social (ênfase na política de Estado, Para responder a este desafio, no ano de 2003, a Secretaria de
suas estratégias sociais e suas repercussões e impactos na socie- Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, por meio de seu Depar-
dade) e dimensão sistêmica (ênfase nas respostas dos sistemas e tamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas - DRAC,
serviços, em suas estratégias programáticas com relação a determi- optou por reformular o Programa Nacional de Avaliação de Serviços
nadas necessidades e demandas de Saúde). Hospitalares - PNASH.
Esta reformulação tinha como objetivo tornar o Programa mais
Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde amplo, para que pudesse ser aplicado nas diversas complexidades
Historicamente a qualidade da assistência à saúde tem sido de- dos serviços de saúde. Assim, a partir de 2004, o PNASH passou a
terminada por meio do julgamento individual dos profissionais en- ser denominado PROGRAMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE SERVI-
volvidos. No entanto, as pressões da sociedade, os altos custos da ÇOS DE SAÚDE - PNASS.
assistência, bem como a necessidade de promover a equidade de
acesso aos recursos, estão direcionando os esforços das instituições Objetivo Geral
públicas no sentido de buscar evidências objetivas de que os servi- O objetivo do PNASS é avaliar os serviços de saúde do Sistema
ços de saúde estão sendo providos, de maneira eficiente, enquanto Único de Saúde nas dimensões de estruturas, processos e resulta-
mantém e melhoram a qualidade do cuidado ao paciente. dos relacionados ao risco, acesso e satisfação dos cidadãos frente
A busca da qualidade da atenção dos serviços de saúde deixou aos serviços de saúde.
de ser uma atitude isolada e tornou-se hoje um imperativo técnico
e social. A sociedade está exigindo cada vez mais a qualidade dos Objetivos Específicos
serviços a ela prestados, principalmente por órgãos públicos. Esta - Incentivar a cultura avaliativa dos gestores para os serviços
exigência torna fundamental a criação de normas e mecanismos de de saúde;
avaliação e controle da qualidade assistencial. - Fomentar a cultura avaliativa nos estabelecimentos de saúde;
A avaliação é, em especial, parte fundamental no planejamen- - Ser instrumento de apoio à gestão do SUS;
to e na gestão do sistema de saúde. - Produzir conhecimento qualitativo da rede de serviços de saú-
Um sistema de avaliação efetivo deve reordenar a execução de;
das ações e serviços, redimensionando-os de forma a contemplar - Difundir padrões de conformidade dos serviços de saúde;
as necessidades de seu público, dando maior racionalidade ao uso - Incorporar indicadores de produção para avaliação de servi-
dos recursos. A abordagem para a avaliação desta qualidade deve ços de saúde;
ser ampla, abrangendo diferentes aspectos e visões: - Aferir a satisfação dos usuários do SUS;
- Avaliação da estrutura: existência de recursos físicos (insta- - Conhecer a percepção dos profissionais nos estabelecimentos
lações), humanos (pessoal) e organizacionais (comitês, protocolos de saúde sobre as condições e relações de trabalho;
assistenciais, etc.) adequados; - Identificar oportunidades e possibilidades de melhoria;
- Avaliação dos processos de trabalho nas áreas de gestão, ser- - Divulgar experiências exitosas para melhoria da qualidade lo-
viços de apoio e serviços assistenciais: organização e documenta- cal;
ção, protocolos, normas e rotinas; - Disponibilizar os resultados para conhecimento público.
- Para verificar a eficiência, a eficácia e a efetividade das estru-
turas, processos e resultados relacionados ao risco, ao acesso e a
satisfação dos usuários frente aos serviços de saúde.

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Para subsidiar o planejamento e a gestão do Sistema de Saú- - Pesquisa de satisfação dos Usuários realizada pelo gestor local
de. em todos os serviços de saúde em amostragem estatisticamente
- Reordenar a execução das ações e serviços. representativa, para verificar o grau de confiança, da qualidade da
- Redimensionar as necessidades da assistência. atenção e o atendimento das expectativas do usuário em relação
- Racionalizar os recursos e controlar os custos. aos serviços prestados.
- Melhorar a resolutividade do Sistema de Saúde e a qualidade - Pesquisa das condições e das relações de trabalho com base
dos serviços. em amostragem de trabalhadores descritos no Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde CNES.
O PNASS é constituído por quatro eixos avaliativos, que possi-
bilitam que a visão da realidade dos serviços de saúde obtida por
meio deste programa seja abrangente, contemplando as mais dife- SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ATENÇÃO BÁSICA.
rentes realidades. CONCEITO. PROCEDIMENTOS BÁSICOS. UTILIZAÇÃO E
PREENCHIMENTO DOS INSTRUMENTOS
Estes eixos são:
1.Roteiro de Padrões de Conformidade; O Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB foi im-
2.Indicadores; plantado em 1998 em substituição ao Sistema de Informação do
3.Pesquisa de Satisfação dos Usuários; Programa de Agentes Comunitários de Saúde - SIPACS, pela então
4.Pesquisa das Relações e Condições de Trabalho. Coordenação da Saúde da Comunidade/Secretaria de Assistência à
Saúde, hoje Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Aten-
O Programa possibilita a avaliação de serviços de complexida- ção à Saúde, em conjunto com o Departamento de Informação e In-
des distintas, com um único instrumento, visto que o Roteiro de formática do SUS/Datasus/SE, para o acompanhamento das ações e
Padrões de Conformidade foi desenvolvido com critérios que po- dos resultados das atividades realizadas pelas equipes do Programa
dem ser aplicados nas mais diversas combinações, de acordo com Saúde da Família - PSF.
as diferentes realidades dos serviços. O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sis-
temas Locais de Saúde e incorporou em sua formulação conceitos
Por que avaliar? como território, problema e responsabilidade sanitária, completa-
- Para verificar a eficiência, a eficácia e a efetividade das estru- mente inserido no contexto de reorganização do SUS no país, o que
turas, processos e resultados relacionados ao risco, ao acesso e a fez com que assumisse características distintas dos demais sistemas
satisfação dos usuários frente aos serviços de saúde. existentes. Tais características significaram avanços concretos no
campo da informação em saúde. Dentre elas, destacamos:
Para que avaliar? - micro-espacialização de problemas de saúde e de avaliação
- Para subsidiar o planejamento e a gestão do Sistema de Saú- de intervenções;
de. - utilização mais ágil e oportuna da informação;
- Reordenar a execução das ações e serviços. - produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de
- Redimensionar as necessidades da assistência. organização das ações de saúde a partir da identificação de pro-
- Racionalizar os recursos e controlar os custos. blemas;
- Melhorar a resolutividade do Sistema de Saúde e a qualidade - consolidação progressiva da informação, partindo de níveis
dos serviços. menos agregados para mais agregados.
Por meio do SIAB obtêm-se informações sobre cadastros de
O que avaliar? famílias, condições de moradia e saneamento, situação de saúde,
- Os riscos relacionados aos serviços de saúde. produção e composição das equipes de saúde.
- As condições de acesso da população aos serviços de saúde. Principal instrumento de monitoramento das ações do Saúde
- O grau de satisfação dos usuários em relação aos serviços pú- da Família, tem sua gestão na Coordenação de Acompanhamento
blicos de saúde. e Avaliação/DAB/SAS (CAA/DAB/SAS), cuja missão é monitorar e
- As condições e a relação de trabalho dos profissionais nos es- avaliar a atenção básica, instrumentalizando a gestão e fomentar /
tabelecimentos de saúde. consolidar a cultura avaliativa nas três instâncias de gestão do SUS.
A disponibilização da base de dados do SIAB na internet, faz
Quais serviços avaliar? parte das ações estratégicas da política definida pelo Ministério
- Hospital Geral, Hospital Especializado e Unidade Mista da Saúde com o objetivo de fornecer informações que subsidiem
- Hospital Especializado com leitos obstétricos a tomada de decisão pelos gestores do SUS, e a instrumentalização
- Ambulatório de Especialidade e Policlínica pelas instâncias de Controle Social, publicizando, assim, os dados
- Estabelecimentos de saúde com serviços próprios de alta para o uso de todos os atores envolvidos na consolidação do SUS.
complexidade em oncologia e nefrologia Atualmente, para que o sistema se transforme, de fato, num
sistema que permita o monitoramento e favoreça a avaliação da
Quais instrumentos metodológicos usados para avaliar? atenção básica, o Departamento de Atenção Básica/SAS em con-
- Roteiro de Padrões de Conformidade baseado em um sistema junto com o Departamento de Informação e Informática do SUS/
de auto avaliação aplicado pelo estabelecimento e outra avaliação Datasus/SE vem investindo em sua reformulação, articulada com os
aplicada pelo gestor, com o objetivo de conhecer a realidade e as demais sistemas de informação dos outros níveis de atenção. Este
necessidades local. processo está envolvendo todas as áreas técnicas do MS que imple-
- Aplicação de indicadores de saúde. mentam ações básicas de saúde e, posteriormente, será discutido
nas instâncias de deliberação do SUS.

282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PREENCHIMENTO SIAB20 Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para cada
Todas as informações que o agente, conseguir sobre a comuni- pessoa da casa (inclusive os empregados que moram ali) que tenha
dade ajudará na organização do seu trabalho. Algumas dessas infor- 15 anos ou mais. À direita, na continuação de cada linha, estão os
mações serão anotadas em fichas próprias para compor o Sistema espaços (campos) para dizer o dia, mês e ano do nascimento, a ida-
de Informação da Atenção Básica (Siab). de e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F para feminino).
São utilizadas quatro fichas: Ficha A - cadastramento das fa- Caso não tenha informação sobre a data do nascimento, anotar a
mílias (que, em seguida, será discutida e orientado quanto ao seu idade que a pessoa diz ter.
preenchimento); Ficha B - acompanhamento de gestantes; Ficha C O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e
- Cartão da Criança; e Ficha D - registro das atividades diárias do escrever, ou não. Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever
agente. o nome. Se é alfabetizada, um X na coluna “sim”. Se não é alfabeti-
zada, um X na coluna “não”. Para ser considerada alfabetizada ela
Orientações para Preenchimento da Ficha de Cadastramento deve saber escrever um bilhete simples.
- Ficha A Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um.
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, É muito importante que se registre com cuidado essa informação.
pois, se errar ou necessitar atualizar, é só apagar. Não esquecer: Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz. Se a pessoa
- Ao realizar o cadastramento das famílias, é importante ler no- estiver de férias, licença ou afastada temporariamente do trabalho,
vamente as instruções da visita domiciliar; deve-se anotar a ocupação mesmo assim. O trabalho doméstico é
- Cada família deve ter um só formulário preenchido. Não im- uma ocupação, mesmo que não seja remunerado.
porta o número de pessoas na casa; Se a pessoa tiver mais de uma ocupação, registre aquela a que
- As informações obtidas serão úteis para planejar o trabalho do ela dedica mais horas de trabalho.
agente, na organização das visitas domiciliares, das atividades de Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do
educação em saúde, reuniões comunitárias e de outras atividades; emprego e não está fazendo qualquer atividade, como prestação de
- A ficha de cadastramento deve ficar com o agente, que a le- serviços a terceiros, “bicos” etc.
vará, a cada mês, à unidade de saúde, para, junto com sua equipe, Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou condi-
organizar as informações e planejar o seu trabalho; ções em que se encontra a pessoa. Não se deve solicitar comprova-
- Anotar, em caderno, qualquer outra informação sobre a famí- ção de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram tratados
lia que for considerada importante, para discutir com a equipe. e já alcançaram cura.

No alto, à esquerda, está identificada a Ficha A. Depois vem a Atenção: a família, além de referir doenças, pode e deve referir
referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab, sistema de condições em que as pessoas se encontram, como alcoolismo, de-
informação nacional que constitui ferramenta importante para mo- ficiência física ou mental, dependência física, idosos acamados, de-
nitoramento da Estratégia Saúde da Família, para juntar todas as pendência de drogas etc. Nesses casos é muito importante anotar
informações de saúde das micro áreas dos municípios brasileiros com cuidado a condição referida.
onde atuam os agentes comunitários de saúde. É interessante saber o que se considera deficiência, para saber
Assim, as informações registradas na Ficha A vão para a Secre- melhor como anotar essa condição das pessoas.
taria de Saúde do município, desta, para a Secretaria de Saúde do Deficiência é o defeito ou condição física ou mental de duração
Estado e, posteriormente, para o Departamento de Atenção Básica longa ou permanente que, de alguma forma, dificulta ou impede
do Ministério da Saúde. É uma forma de o governo federal saber uma pessoa de realizar determinadas atividades cotidianas, esco-
a realidade da saúde das pessoas nos municípios brasileiros e ter lares, de trabalho ou de lazer. Isso inclui desde situações em que
mais subsídios para fortalecer a Política Nacional de Atenção Básica. o indivíduo consegue realizar sozinho todas as atividades de que
No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da Fe- necessita, porém com dificuldade, ou por meio de adaptações, até
deração), há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as aquelas em que o indivíduo sempre precisa de ajuda nos cuidados
duas letras referentes à sigla do Estado. Por exemplo: PB para Paraí- pessoais e outras atividades.
ba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco; GO para Goiás; RS
para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim por diante. A segunda parte do cadastro é para a identificação de pessoas
Logo abaixo, encontra-se o espaço para escrever o endereço da de 0 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, isto é, pessoas com menos de
família, com o nome da rua (ou avenida, praça, beco, estrada, fa- 15 anos.
zenda, ou qualquer que seja a denominação), o número da casa, o Os campos para “nome, data de nascimento, idade e sexo” de-
bairro e o CEP, que é a sigla para Código de Endereçamento Postal. vem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15
Na linha de baixo, estão os espaços que devem ser preenchidos anos e mais. No campo destinado a informar se frequenta a escola,
com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es- marcar com um X se ela está indo ou não à escola.
tatística (IBGE) - o código do município; pela Secretaria Municipal Se ela estiver de férias, mas for continuar os estudos no período
de Saúde - segmento e área; ou pela equipe de saúde - micro área. seguinte, marcar o X para “sim”.
A equipe de saúde vai ajudar o agente a encontrar esses números e Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante
explicar o que eles significam. no cadastramento, pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar as
Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comuni- autoridades competentes sobre os direitos da criança e do adoles-
tário de saúde registrar o número da família na ficha. cente, para medidas que possam protegê-los contra violência e ex-
A primeira família será a de número 001, a décima será 010, a ploração.
décima terceira será 013, a centésima será 100, e assim por diante.
Por fim, o espaço para a data, onde o agente deve colocar o dia, Veja a situação descrita que serve de exemplo:
o mês e o ano em que está sendo feito o cadastramento daquela A família cadastrada na Ficha A é a família do Sr. Nelson, que é
família. composta de sete pessoas: ele, a esposa, três filhos, D. Umbelina
Continuando a orientação para preencher o cadastro da família: (sua mãe) e Ana Rosa (empregada doméstica que mora com eles).
20 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf

283
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O agente registrou na ficha os dados de idade, sexo, escolari-
dade, ocupação e ocorrência de doenças ou condições referidas de
todas as pessoas da família.
A data de nascimento de D. Umbelina não foi anotada, porque
ela não sabia informar. Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos.
Então o agente anotou, no campo “idade”, o número 63.
Cristina tem sete meses, menos de um ano de idade. Assim, o
agente registrou 0 (zero).

Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situa-


ção de moradia e saneamento e outras informações importantes
acerca da família.

Depois, deve-se anotar que tipo de socorro aquela família está


acostumada a procurar em caso de doença e quais os meios de co-
municação mais utilizados na casa.
À direita, estão os quadros para anotar se aquela família
participa de grupos comunitários e para informar que meios de
transporte mais utiliza.
Para completar, vem o espaço para escrever as observações
consideradas importantes a respeito da saúde daquela família.

Cadastramento e Acompanhamento da Ficha B


Na Ficha B-GES o agente cadastra e acompanha mensalmente o
estado de saúde das gestantes.
A cada visita, os dados da gestante devem ser atualizados nessa
ficha, que deve ficar de posse do agente, sendo discutida mensal-
mente com o enfermeiro instrutor/supervisor.

Repare que há um quadrado para o tipo de casa, com quadri-


nhos para assinalar com X o material usado na construção.
Se o material não é nenhum dos referidos, tem um espaço para
explicar o que foi usado na construção da moradia. É ali onde está
escrito “outro - especificar”.
Logo abaixo, tem onde informar o número de cômodos.
Uma casa com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro
cômodos. Se só há um quarto e uma cozinha, são dois cômodos.
Atenção para o que não é considerado cômodo: corredor, alpendre,
varanda aberta e outros espaços que pertencem a casa, mas que
são utilizados mais como área de circulação.
Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia elétrica, mes-
mo que a instalação não seja regularizada. Em seguida, o destino
do lixo. A Ficha B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento
No lado direito da ficha, estão os quadros para informar sobre mensal dos hipertensos.
o tratamento da água na casa, a origem do abastecimento da água Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico
utilizada e qual o destino das fezes e urina. médico estabelecido.
Na metade de baixo da ficha estão os quadros para outras in- Os casos suspeitos (referência de hipertensão ou pressão ar-
formações. Primeiro, há um quadrinho (sim ou não) para dizer se terial acima dos padrões de normalidade) devem ser encaminha-
alguém da família possui plano de saúde e outro para informar dos imediatamente à Unidade Básica de Saúde para realização de
quantas pessoas são cobertas pelo plano. Logo abaixo, existem qua- consulta médica. Só após esse procedimento, com o diagnóstico
drinhos para cada letra do nome do plano. médico estabelecido, é que o agente cadastra e acompanha o hi-
pertenso.

284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Deve-se lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo, seja
de gestante, hipertenso, diabético, seja de pacientes com tubercu-
lose ou hanseníase, o agente comunitário de saúde deve discutir
com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando auxílio para o
preenchimento e acompanhamento deles.

Orientações para Preenchimento da Ficha C - Cópia das Infor-


mações Pertinentes da Caderneta da Criança

Ficha C - é o instrumento utilizado para o acompanhamento da


criança. A Ficha C é uma cópia das informações pertinentes da Ca-
derneta da Criança, padronizada pelo Ministério da Saúde e utiliza-
da pelos diversos serviços de saúde. Essa Caderneta é produzida em
dois modelos distintos: um para a criança de sexo masculino e outro
para a criança de sexo feminino.
Toda família que tenha uma criança menor de cinco anos deve
possuir essa caderneta, que servirá como fonte de dados que serão
coletados pelos agente.
O agente deverá transcrever para o seu cartão sombra/cartão
espelho os dados registrados na Caderneta da Criança.
Caso a família não a tenha, o agente deverá preencher o cartão
A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e acompanhamento sombra com base nas informações referidas e orientar a família a
mensal dos diabéticos. procurar a unidade de saúde em que realizou as vacinas para pro-
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico videnciar a 2ª via.
médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de diabetes) devem ser encami- Orientações para Preenchimento da Ficha D - Registro de Ativi-
nhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta mé- dades, Procedimentos e Notificações
dica. Só após esse procedimento é que o agente cadastra e acom-
panha o diabético. Os casos de diabetes gestacional não devem ser A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de
cadastrados nessa ficha. saúde. Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final
do mês. O preenchimento desse instrumento deve ser diário, consi-
derando-se os dias efetivos de trabalho em cada mês.

O primeiro quadro da ficha, onde estão os espaços para muni-


cípio, segmento, unidade etc., será preenchido pelo agente com a
ajuda do enfermeiro de sua unidade de saúde, que é o responsável
pelo seu trabalho e que realizará a orientação e a supervisão.
Como a ficha é única para todos os profissionais, o agente só
irá anotar o que é específico do seu trabalho, que está no verso da
Ficha D.

A Ficha B-TB serve para o cadastramento e acompanhamento


mensal de pessoas com tuberculose. A cada visita os dados dessa
ficha devem ser atualizados. Ela fica de posse do agente e deve ser
revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor.
A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e acompanhamento
mensal de pessoas com hanseníase.
Assim como na ficha B da gestante, o agente deve atualizar os
dados específicos de cada ficha a cada visita realizada por ele. Esta
ficha permanece com o agente, pois é de sua responsabilidade, e
deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/super-
visor.

285
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No quadro destinado a informar sobre os “Procedimentos”, o Nome do hospital - anotar o nome do hospital onde a pessoa
agente somente vai registrar nas duas últimas linhas: “Reuniões e foi internada.
Visita Domiciliar”.
Reuniões - registrar o número de reuniões realizadas por você,
que contaram com a participação de 10 ou mais pessoas, com dura-
ção mínima de 30 minutos e com o objetivo de disseminar informa-
ções, discutir estratégias de superação de problemas de saúde ou
de contribuir para a organização comunitária.
Visita domiciliar - registrar todas as visitas domiciliares realiza-
das, qualquer que seja a finalidade.
Logo no início do quadro “Notificações”, há três linhas onde
deve-se anotar as notificações feitas pelo agente sobre as crianças
menores de dois anos que tiveram diarreia e infecções respiratórias Veja uma situação que serve de exemplo:
agudas. Valéria, agente comunitária de saúde, ao realizar as visitas do-
miciliares no mês de outubro, soube da ocorrência de três interna-
ções na sua microárea. A primeira, de dona Marta Pereira de Alen-
car, ocorreu no mês de setembro, em data posterior à visita que a
agente realizou à família de dona Marta, devendo ser então regis-
trada na ficha de outubro. Os outros dois casos ocorreram ainda no
mês de outubro. Observe como o exemplo foi registrado na ficha.
Óbitos - deve-se anotar todo óbito ocorrido no mês de referên-
cia e no anterior:
Data - registrar dia e mês da ocorrência do óbito.
Nome - anotar o nome completo da pessoa que faleceu.
Endereço - anotar o endereço completo da pessoa que faleceu.
Sexo - marcar F para feminino e marque M para masculino.
Idade - anotar a idade em anos completos. Se a pessoa for me-
nor de um ano, registre a sua idade em meses.
Causa - registre a causa do óbito, segundo as informações da
família ou obtida por meio de atestado de óbito.

< 2a - Menores de dois anos que tiveram diarreia - registrar o


número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram
um ou mais episódios de diarreia, nos 15 dias anteriores à visita
domiciliar.
< 2a - Menores de dois anos que tiveram diarreia e usaram tera-
pia de reidratação oral (TRO) - registrar o número de crianças com
idade de até 23 meses e 29 dias que tiveram diarreia nos 15 dias
anteriores à visita domiciliar e usaram solução de reidratação oral
(soro caseiro ou soro de reidratação oral - SRO - distribuído pela
Unidade de Saúde ou comprados na farmácia). Não anotar as crian-
ças que utilizaram somente chás, sucos ou outros líquidos.
< 2a - Menores de dois anos que tiveram infecção respiratória
aguda - registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29
dias que tiveram infecção respiratória aguda nos 15 dias anteriores
à visita domiciliar.
Hospitalizações - preencher esse quadro cada vez que tomar Relatório SSA2
conhecimento de qualquer caso de hospitalização de pessoas da
comunidade onde o agente atua, no mês de referência ou no mês Situação de saúde e acompanhamento das famílias na área
anterior: O Relatório SSA2 consolida informações sobre a situação de saú-
Data - registrar dia e mês da hospitalização. de das famílias acompanhadas em cada área. Os dados para o seu
Nome - anotar o nome completo da pessoa que foi hospitali- preenchimentos são provenientes das Fichas A, B, C e D (Quadro I)
zada. e referem-se às microáreas de uma mesma área.
Endereço - anotar o endereço completo da pessoa que foi hos- Este relatório deve ser preenchido apenas quando o modelo de
pitalizada. atenção for Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) ou
Sexo - marcar F para feminino e M para masculino. Programa de Saúde da Família (PSF).
Idade - anotar a idade em anos completos. Se a pessoa for me- A consolidação dos dados das diversas microáreas coletados
nor de um ano, registrar a idade em meses. dos dias 1 a 31 do mês anterior será feita no início de cada mês,
Causa - registrar a causa da hospitalização informada pela famí- durante a reunião mensal da equipe, sendo responsabilidade de um
lia ou obtida por meio de laudos médicos. dos profissionais de nível superior a condução das atividades e o
preenchimento desses relatórios.

286
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Relatório SSA2 - orientações para o preenchimento

Relatório SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE MÊS: ANO:


SSA2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ATENÇÃO | 0|_3| |_1|_9|9|_7|
BÁSICA
MUNICÍ- MUNICÍPIO (códi- SEGMEN- UNI- ÁREA/EQUIPE :
PIO (nome) go): TO: DADE: |_0_|_0_|_1|
: SÃO JOSÉ |_0_|_1_| |0
DA LAGOA | | |3 | 5 |
TAPADA |_1|_4|_2|_0|_6| 5|6|6
|6|

•Mês - mês da realização do relatório.


•Ano - ano da realização do relatório.
•Município (nome) - nome do município.
•Município (código) - código do município utilizado pelo IBGE.
•Segmento Territorial - código do segmento territorial. Cada código tem um número de dois algarismos, definido pela Secretaria Mu-
nicipal de Saúde.
•Unidade - código da Unidade de Saúde onde o ACS ou a equipe de Saúde da Família está cadastrado, conforme numeração fornecida
pelo Sistema de Informações Ambulatoriais -SIA/SUS.
•Área/equipe - código da área/equipe. Os códigos das áreas/equipes são sequenciados em cada município, sendo cada código um
número de três algarismos, definido pela Secretaria Municipal de Saúde.

QUADRO I - Dados consolidados no Relatório SSA2, segundo instrumentos de coleta

FICHA A -
Famílias cadastradas
FICHA B - GES -
Nascidos vivos Gestantes cadastradas
Gestantes < 20 anos cadastradas Gestantes acompanhadas Gestantes com vacina em dia
Gestantes com consulta de pré-natal no mês Gestantes com pré-natal iniciado no 1ª trimestre FICHA B - DIA -
Diabéticos cadastrados Diabéticos acompanhados FICHA B - HA -
Hipertensos cadastrados Hipertensos acompanhados FICHA B - TB -
Pessoas com Tuberculose cadastradas Pessoas com Tuberculose acompanhadas FICHA B - HAN -
Pessoas com Hanseníase cadastradas Pessoas com Hanseníase acompanhadas FICHA C -
Nascidos vivos pesados ao nascer
Nascidos vivos pesados ao nascer, com peso menor de 2.500 gramas Crianças de 0 a 3 meses e 29 dias
Crianças de 0 a 3 meses e 29 dias em aleitamento exclusivo Crianças de 0 a 3 meses e 29 dias em aleitamento misto Crianças de 0 a
11 meses e 29 dias
Crianças de 0 a 11 meses e 29 dias com as vacinas em dia Crianças de 0 a 11 meses e 29 dias pesadas
Crianças de 0 a 11 meses e 29 dias desnutridas Crianças de 12 a 23 meses e 29 dias
Crianças de 12 a 23 meses e 29 dias com as vacinas em dia Crianças de 12 a 23 meses e 29 dias pesadas
Crianças de 12 a 23 meses e 29 dias desnutridas
FICHA D -
Visitas domiciliares
Crianças menores de 2 anos que tiveram diarreia
Crianças menores de 2 anos que tiveram diarreia e usaram TRO Crianças menores de 2 anos que tiveram IRA
Hospitalizações ocorridas no mês Óbitos ocorridos no mês

CRIANÇA - este bloco destina-se à consolidação dos registros das informações acerca das crianças residentes em cada microárea.

287
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os campos devem ser preenchidos com os dados das Fichas B-GES, Ficha C (Cartão da Criança) e Ficha D.

MICROÁREA ⇒ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOTAL
Nascidos vivos no 5
mês
RN pesados ao nascer 4
RN pesados ao nascer, 1
com peso < 2500g
De 0 a 3 meses e 29 16
dias
Aleitamento exclusivo 7
Aleitamento misto 5
De 0 a 11 meses e 29 32
CRIAN- dias
ÇAS
Com as vacinas em dia 25
Pesadas 22
Desnutridas 3
De 12 a 23 meses e 38
29 dias
Com as vacinas em dia 25
Pesadas 20
Desnutridas 2
Menores de 2 anos 70
Que tiveram diarréia 7
Que tiveram diarréia e 6
usaram TRO
Que tiveram infecção respi- 9
ratória aguda

Relatório SSA2 - CRIANÇAS - orientações para o preenchimento

•Nascidos vivos no mês - registrar como nascidos vivos todas as crianças que se enquadrem na definição na página 23 (Ficha B-GES).
Ao identificar um recém- nascido que não possua a Declaração de Nascidos Vivos preenchida, a equipe deve providenciar a emissão da
mesma.
•RN pesados ao nascer - número de crianças nascidas vivas que foram pesadas no hospital ou maternidade onde nasceram e que o ACS
conseguiu obter esta informação (o peso registrado no prontuário, na declaração de nascidos vivos ou no Cartão da Criança). Observar que
o peso ao nascer deve ser obtido até a 5ª hora de vida, não devendo ser “arredondado”. Registrar o peso exato em gramas (com quatro
algarismos).
•RN pesados ao nascer, com peso < 2.500 g - número de crianças nascidas vivas e cujo peso ao nascer foi menor que 2500 gramas.
•De 0 a 3 meses e 29 dias - somar todas as crianças que no último dia do mês estiverem com idade até 3 meses e 29 dias.
•Aleitamento exclusivo - número de crianças de 0 a 3 meses e 29 dias em regime de aleitamento exclusivo conforme definição especi-
ficada para o preenchimento da Ficha C.
•Aleitamento misto - número de crianças de 0 a 3 meses e 29 dias em regime de aleitamento misto conforme definição especificada
para o preenchimento da Ficha C.
•De 0 a 11 meses e 29 dias - somar todas as crianças que no último dia do mês estiverem com idade até 11 meses e 29 dias.
•Com as vacinas em dia - somar as crianças com vacinas em dia, ou seja, aquelas que tenham recebido as doses das vacinas previstas
para sua idade, segundo o esquema básico de vacinação para o primeiro ano de vida (Quadro II).
•Pesadas - somar o número de crianças de 0 a 11 meses e 29 dias pesadas pelos ACS em visita domiciliar ou na unidade de saúde du-
rante o mês em curso. Incluir aquelas que estão no primeiro mês de vida (RN) e foram pesadas ao nascer.
•Desnutridas - registrar o total de crianças de 0 a 11 meses e 29 dias consideradas desnutridas.

Criança desnutrida é aquela cujo peso ficou abaixo do percentil 3 (curva inferior) da curva de peso do Cartão da Criança. Inclui aquelas
que estão no primeiro mês de vida (RN) e que tiveram peso ao nascer < 2.500g.

•De 12 a 23 meses e 29 dias - somar todas as crianças que têm entre 12 meses completos e 23 meses e 29 dias (2 anos incompletos).
As idades devem ser calculadas tendo como base o último dia do mês de referência.

288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
•Com vacina em dia - número de crianças de 12 a 23 meses e 29 dias que estão com o esquema básico de vacinação completo para o
primeiro ano de vida, não importando para esta definição se a criança tomou as doses de reforço recomendadas.
•Pesadas - número de crianças de 12 a 23 meses e 29 dias pesadas pelos ACS em visita domiciliar ou na unidade de saúde durante o
mês em curso.
•Desnutridas - quantidade de crianças de 12 a 23 meses e 29 dias consideradas desnutridas.
•Menores de 2 anos - anotar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias.
•Que tiveram diarreia - número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um ou mais episódios de diarreia nos 15
dias anteriores à visita domiciliar.
•Que tiveram diarreia e usaram TRO - número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um ou mais episódio de diar-
reia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar e usaram solução de reidratação oral (soro caseiro, CEME, ou de farmácia).
•Que tiveram infecção respiratória aguda - número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram infecção respiratória
aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.

QUADRO II - ESQUEMA BÁSICO DE VACINAÇÃO

As crianças que, no momento da visita domiciliar, ainda não tiverem tomado a(s) dose(s) recomendada(s) para sua idade, por qualquer
motivo - mesmo que o atraso seja de 1 dia - não estão com vacina em dia.
•Para BCG, criança com vacinação em atraso é aquela que não recebeu a vacina até o 30° dia de vida.

As crianças que iniciaram o esquema básico atrasadas, não estão com vacina em dia até atualizarem o esquema, mesmo que as datas
agendadas ainda não estejam vencidas. Para estas crianças considerar vacina em dia somente quando não tiver mais nenhuma dose atra-
sada.
EXEMPLO

1.Uma criança iniciou o esquema de vacinação somente aos 5 meses de idade tomando BCG, 1ª dose de DPT e anti-pólio; aos 7 meses
tomou a 2ª dose de DPT e anti-pólio, aos 9 meses, a 3ª dose de DPT e anti-pólio e a 1ª dose de anti-sarampo. Neste exemplo a criança só
será considerada com vacina em dia aos 9 meses, quando tiver tomado todas as vacinas indicadas para esta idade.

2.Outra criança iniciou o esquema aos 3 meses de idade tomando BCG, 1ª dose de DPT e anti-pólio; aos 5 meses recebeu a 2ª dose de
DPT e anti-pólio; aos 7 meses, a 3ª dose de DPT e anti-pólio; aos 9 meses, a 1ª dose de anti-sarampo. No caso desta criança ocorreram as
seguintes situações em cada mês de idade:
1 e 2 meses - a criança não estava com vacina em dia; 3 meses - a criança estava com vacina em dia;
4 meses - a criança não estava com vacina em dia; 5 meses - a criança estava com vacina em dia;
6 meses - a criança não estava com vacina em dia;
7, 8, 9, 10, 11 e 12 meses - a criança estava com vacina em dia.

Deverão ser incluídas como critério para vacinação em dia outras vacinas que já estiverem incorporadas ao esquema básico de vaci-
nação da Região.

289
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
GESTANTES - este bloco destina-se à consolidação dos registros das informações acerca das gestantes residentes em cada microárea.

Os campos devem ser preenchidos a partir dos dados das Fichas B-GES.

Cadastradas 28
G E S T.
Acompanhadas 26
Com vacina em dia 18
Fez consulta de pré-natal no mês 19
Com pré-natal iniciado no 1°TRI 13
< 20 anos cadastradas 2

Relatório SSA2 - GESTANTES - orientações para o preenchimento

•Cadastradas - número de gestantes cadastradas em cada microárea.


•Acompanhadas - todas as gestantes cadastradas e que receberam pelo menos 1 (uma) visita domiciliar pelo ACS no mês de referência.
•Com vacina em dia - o enfermeiro (instrutor/supervisor) deve identificar na Ficha B- GES o número de gestantes com vacinação em
dia, incluindo como tais aquelas que se encontrem em uma das quatro situações abaixo:
a)vacinadas com 3 doses de toxóide tetânico (TT) há menos de 5 anos;
b)vacinadas com 3 doses de toxóide tetânico (TT) há mais de 5 anos e menos de 10 anos e que já tomaram uma dose de reforço durante
esta gravidez;
c)tomaram 2 doses de toxóide tetânico (TT) nesta gestação.
d)com menos de 8 meses de gestação (até 7 meses) que tomaram a 1ª dose e ainda não alcançaram a data agendada para a 2ª dose;

Qualquer gestante vacinada com 3 (três) doses contra o tétano há mais de 5 anos e que ainda não tomou a 1ª dose ou o reforço (con-
forme o caso), não está com a vacinação em dia, independente da idade gestacional ou do dia em que foram descobertas pelo agente, e
não devem ser incluídas no total.

•Fez consulta de pré-natal no mês - o enfermeiro (instrutor/supervisor) deve identificar as gestantes que fizeram consulta de pré-natal
no mês.

Gestante com consulta de pré-natal no mês é aquela que no mês de referência teve, pelo menos, um atendimento pré-natal com mé-
dico ou enfermeiro em uma unidade de saúde.

•Com pré-natal iniciado no 1ª TRI - o enfermeiro (instrutor/supervisor) deve observar quais das gestantes cadastradas iniciaram o
pré-natal até o 3º mês de gravidez (durante o 1º trimestre de gestação) e anotar o total destas no local correspondente no Relatório SSA2.
•< 20 anos cadastradas - quantidade de gestantes com idade inferior a 20 anos (até 19 anos 11 meses e 29 dias) cadastradas, tomando
como referência a idade da gestante na data da última menstruação.

O bloco OUTROS GRUPOS PRIORITÁRIOS PARA MONITORAMENTO servem para consolidar as informações sobre todos os diabéticos,
hipertensos, pessoas com tuberculose e com hanseníase.

MICROÁREA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOTAL
Diabéticos cadastrados 20
acompanhados 18
Hipertensos cadastrados 43
acompanhados 40
Pessoas com cadastradas 10
Tuberculose acompanhadas 10
Pessoas com cadastradas 8
Hanseníase acompanhadas 8

Relatório SSA2 - OUTROS GRUPOS PRIORITÁRIOS PARA ACOMPANHAMENTO - orientações para o preenchimento

•Diabéticos cadastrados - somar os dados das Fichas B-DIA de todos os diabéticos cadastrados.
•Diabéticos acompanhados - registrar o número de diabéticos cadastrados e que receberam pelo menos 1 (uma) visita domiciliar do
ACS no mês de referência.
•Hipertensos cadastrados - somar os dados das Fichas B-HA de todos os hipertensos cadastrados.

290
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
•Hipertensos acompanhados - registrar o número de hipertensos cadastrados e que receberam pelo menos 1 (uma) visita domiciliar
do ACS no mês de referência.
•Pessoas com Tuberculose cadastradas - somar todas as pessoas com tuberculose cadastradas, a partir dos dados das Fichas B-TB..
•Pessoas com Tuberculose acompanhadas - anotar o número de pessoas com tuberculose e que receberam pelo menos 1 (uma) visita
domiciliar do ACS no mês de referência.
•Pessoas com Hanseníase cadastradas - somar, a partir dos dados das Fichas B- HAN, todas as pessoas com hanseníase cadastradas.
•Pessoas com Hanseníase acompanhadas - anotar o número de pessoas com hanseníase e que receberam pelo menos 1 (uma) visita
domiciliar do ACS no mês de referência.

HOSPITALIZAÇÕES - este bloco destina-se à consolidação dos registros das informações acerca das hospitalizações iniciadas no mês de
referência de residentes em cada microárea. Os campos devem ser preenchidos a partir dos dados das Fichas D de todos os profissionais.
Inclui os casos de residentes da microárea hospitalizados fora do município. Os casos que iniciaram a hospitalização antes do mês de re-
ferência e que permaneceram hospitalizados não devem ser computados uma vez que já devem ter sido registrados no mês do início da
internação.

HOSPIT. Menores de 5 anos por pneumo- 1


nia
Menores de 5 anos por desidra- -
tação
Por abuso de álcool -
Por complicações do Diabetes 1
Por outras causas 2
Internações em hospital psiquiá- -
trico
Total 4

Relatório SSA2 - HOSPITALIZAÇÕES - orientações para o preenchimento

•Menores de 5 anos por pneumonia - número de crianças hospitalizadas por pneumonia com idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
•Menores de 5 anos por desidratação - número de crianças hospitalizadas por desidratação com idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
•Por abuso de álcool - número de indivíduos hospitalizados por abuso de álcool, independente da idade.
•Por complicações do diabetes - número de indivíduos hospitalizados por cetoacidose diabética, hiperosmolaridade, macroangiopa-
tias (ateroesclerose de extremidades inferiores, coração e cérebro) e microangiopatias (retinopatia, nefroesclerose, monoradiculites, pé
diabéticos etc.), independente da idade.
•Por outras causas - número de indivíduos hospitalizados por outras causas, independente da idade.
•Total - número total de casos de hospitalizações iniciadas no mês de referência por qualquer causa, de todas as idades.
•Internações em hospital psiquiátrico - número de indivíduos hospitalizados em hospital psiquiátrico, que iniciaram internamento no
mês de referência.
ÓBITOS - este bloco destina-se à consolidação dos registros das informações acerca dos óbitos de residentes em cada microárea,
ocorridos no mês de referência. Os campos devem ser preenchidos a partir dos dados das Fichas D de todos os profissionais. Inclui os casos
de residentes da microárea que foram a óbito fora do município.

291
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De menores de 28 dias 1
Por diarréia -
Por infecção respiratória -
aguda
Por outras causas 1
ÓBITOS De 28 dias a 11 meses e 29 1
dias
Por diarréia 1
Por infecção respiratória -
Por outras causas -
De menores de 1 ano 2
Por diarréia 1
Por infecção respiratória -
Por outras causas 1
De mulheres de 10 a 49 1
anos
De 10 a 14 anos -
De 15 a 49 anos 1
Outros óbitos 2
Total de óbitos 5
De adolescentes (10-19 -
anos) por violência

Relatório SSA2 - ÓBITOS - orientações para o preenchimento

•De menores de 28 dias - número de crianças com idade até 27 dias que foram a óbito.
•Por diarreia - número de crianças com idade até 27 dias que foram a óbito por diarreia.
•Por infecção respiratória aguda - número de crianças com idade até 27 dias que foram a óbito por infecção respiratória aguda.

Óbitos por infecção respiratória aguda são os que tiveram como causa básica uma das seguintes patologias: amigdalite, otite média
aguda (OMA), rinofaringite aguda (resfriado comum), pneumonia, bronquite, bronquiolite, broncopneumonia, etc.

•De 28 dias a 11 meses e 29 dias - número de crianças com idade de 28 dias a 11 meses e 29 dias que foram a óbito.
•Por diarreia - número de crianças com idade de 28 dias a 11 meses e 29 dias que foram a óbito por diarreia.
•Por infecção respiratória aguda - número de crianças com idade de 28 dias a 11 meses e 29 dias que foram a óbito por infecção res-
piratória aguda.
•De menores de 1 ano - total de crianças com idade até 11 meses e 29 dias que foram a óbito. Este total é obtido através da somatória
de óbitos de menores de 28 dias e de óbitos de 28 dias a 11 meses e 29 dias.
•Por diarreia - total de crianças com idade até 11 meses e 29 dias que foram a óbito por diarreia. Este total é obtido através da soma-
tória de óbitos de menores de 28 dias por diarreia e de óbitos de 28 dias a 11 meses e 29 dias por diarreia.
•Por infecção respiratória aguda - total de crianças com idade até 11 meses e 29 dias que foram a óbito por infecção respiratória aguda.
Este total é obtido através da somatória de óbitos de menores de 28 dias por IRA e de óbitos de 28 dias a 11 meses e 29 dias por IRA.
•De mulheres de 10 a 49 anos - total de mulheres com idade de 10 a 49 anos 11 meses e 29 dias que foram a óbito.
•De 10 a 14 anos - número de mulheres com idade de 10 a 14 anos 11 meses e 29 dias que foram a óbito.
•De 15 a 49 anos - número de mulheres com idade de 15 a 49 anos 11 meses e 29 dias que foram a óbito.
•Outros óbitos - número de indivíduos de ambos os sexos com idade de 1 a 9 anos 11 meses e 29 dias, de indivíduos do sexo masculino
com idade de 10 a 49 anos 11 meses e 29 dias e de ambos os sexos com idade de 50 ou mais anos que foram a óbito.
•Total de óbitos - total de indivíduos que foram a óbito.
•De adolescentes (10-19 anos) por violência - número de indivíduos de ambos os sexos com idade de 10 a 19 anos 11 meses e 29 dias,
que foram á óbito decorrente de violência doméstica, institucional, externa ou auto aplicada.

Total de famílias cadastradas - este dado deve ser atualizado a cada mês, com as saídas e/ou entradas de novas famílias, através da
soma de todas as Fichas A de famílias sob o acompanhamento em uma mesma microárea. Este número compreende o balanço total das
famílias e não somente as cadastradas no mês

Visita domiciliar - ACS - somar o número de visitas domiciliares às famílias cadastradas realizadas pelos ACS entre o dia 1 e 31 do mês.
Não computar as visitas domiciliares realizadas pelos outros profissionais da equipe.

292
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Total de famílias cadastradas 200


Visita domiciliar - ACS 194

Relatório PMA2 - Produção e marcadores para avaliação


O Relatório PMA2 consolida mensalmente a produção de serviços e a ocorrência de doenças e/ou de situações consideradas como
marcadoras, por área. Será utilizado nos casos em que o modelo de atenção for o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), ou
Programa de Saúde da Família (PSF) ou outro (demanda espontânea ou oferta programática).
Marcadores são eventos mórbidos ou situações indesejáveis que devem ser notificadas com o objetivo de, a médio prazo, avaliar as
mudanças no quadro de saúde da população adscrita.
Quando o modelo de atenção for outro (demanda espontânea ou oferta programática), uma parte da lista de marcadores que são
provenientes do Relatório SSA2 (RN com peso < 2500 gramas, gravidez em < 20 anos e os referentes a hospitalizações e óbitos) não será
obtida. É importante observar que, neste modelo, o nível de agregação corresponde à área de abrangência da unidade de saúde.

Os dados necessários ao seu preenchimento são constantes das Fichas D e dos Relatórios SSA2.

Relatório PMA2 - orientação para o preenchimento


Mensalmente, o profissional de nível superior da equipe responsável pela consolidação dos dados do Sistema de Informações, recolhe
as Fichas D de todos os profissionais, as consolida neste instrumento, encaminha cópia para a Secretaria Municipal de Saúde e retém uma
via na unidade, para discussão na reunião mensal da equipe.
Quando houver dúvidas em relação a definições de cada campo, consultar as instruções de preenchimento das Fichas D.
Os campos destacados no início dessa ficha servem para a identificação da unidade de saúde e devem ser preenchidos conforme ins-
truções já fornecidas para outras fichas.

ATIVIDADES/PRODUÇÃO - os campos que constam deste quadro consolidam dados das Fichas D de todos os profissionais da equipe
de saúde.
•Consultas Médicas - total de consultas médicas por procedência e faixa etária.
•Tipo de Atendimento - somar o número de atendimentos médicos e de enfermagem.
•Solicitação médica de exames complementares - quantidade de solicitações médicas para realização de exames complementares de
qualquer natureza, agrupados em patologia clínica, radiodiagnóstico, citopatológico cérvico-vaginal, ultrassonografia obstétrica e outros.
•Encaminhamentos médicos - número de encaminhamentos realizados pelo médico para atendimento especializado, internação hos-
pitalar ou atendimento de urgência/emergência.
•Internação Domiciliar - número de internamentos domiciliares iniciados no mês de referência. Este dado é obtido na Ficha D do mé-
dico.

PROCEDIMENTOS - este bloco destina-se ao registro do total de procedimentos realizados pela equipe de saúde, exceto as consultas
médicas.

Os procedimentos que devem ser registrados são:

•atendimento específico para AT (acidente de trabalho),


•visita de inspeção sanitária,
•atendimento individual de profissional de nível superior,
•curativos,
•suturas,
•inalações,
•injeções,
•retirada de pontos,
•terapia da reidratação oral,
•atendimento grupo - Educação em Saúde,
•Procedimentos Coletivos I, e
•reuniões.

MARCADORES - os campos que constam deste quadro consolidam dados das Fichas D de todos os profissionais da equipe de saúde e
do Relatório SSA2 conforme quadro abaixo (Quadro III).

QUADRO III
Dados consolidados no Relatório PMA2, segundo fonte

FICHA D - MÉDICO

Valvulopatias Reumáticas em pessoas de 5 a 14 anos Acidente Vascular Cerebral


Infarto Agudo do Miocárdio DHEG (forma grave) Pneumonia em < 5 anos FICHA D - ENFERMEIRO
Doença hemolítica perinatal

293
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fraturas de colo de fêmur em > 50 anos Meningite tuberculo- • Hospitalizações por abuso de álcool - registro mensal do nú-
sa em menores de 5 anos Hanseníase com grau de incapacidade ll mero de hospitalizações por abuso de álcool, independente da ida-
e III RELATÓRIO SSA2 de, iniciadas no mês de referência.
RN com peso < 2.500 g Gravidez em < 20 anos • Hospitalizações por complicações do Diabetes - registro
Hospitalização em < 5 anos por pneumonia Hospitalização mensal do número de hospitalizações por complicação do Diabe-
em < 5 anos por desidratação Hospitalizações por abuso de álcool tes (cetoacidose diabética, hiperosmolaridade, macroangiopatias
Hospitalizações por complicações do Diabetes Hospitalizações por - aterosclerose de extremidades inferiores, coração e cérebro - e
qualquer causa Internações em Hospital Psiquiátrico microangiopatias - retinopatia, nefrosclerose, monoradiculites, pré
Óbitos em < 1 ano por todas as causas Óbitos em < 1 ano por diabético etc.), iniciadas no mês de referência.
diarreia • Hospitalizações por qualquer causa registro mensal do núme-
Óbitos em < 1 ano por infecção respiratória Óbitos de ro de internações.
mulheres de 10 a 49 anos • Internações em Hospital Psiquiátrico registro mensal do nú-
Óbitos de adolescentes (10-19 anos) como consequência de mero de internações em hospital psiquiátrico, iniciadas no mês de
violência referência.
• Óbitos em < 1 ano por todas as causas registro mensal do nú-
FICHA D - MÉDICO mero de óbitos de crianças com idade até 11 meses e 29 dias, por
toda as causas.
Valvulopatias Reumáticas em pessoas de 5 a 14 anos Acidente • Óbitos em < 1 ano por diarreia registro mensal do número de
Vascular Cerebral óbitos de crianças com idade até 11 meses e 29 dias, por diarreia.
Infarto Agudo do Miocárdio DHEG (forma grave) Pneumonia em • Óbitos em < 1 ano por infecção respiratória registro mensal do
< 5 anos FICHA D - ENFERMEIRO número de óbitos de crianças com idade até 11 meses e 29 dias, por
Doença hemolítica perinatal infecção respiratória.
Fraturas de colo de fêmur em > 50 anos Meningite tuberculosa • Óbitos de mulheres de 10 a 49 anos registro mensal do núme-
em menores de 5 anos Hanseníase com grau de incapacidade ll e III ro de óbitos de mulheres com idade de 10 a 49 anos 11 meses e 29
RELATÓRIO SSA2 dias, por todas as causas.
RN com peso < 2.500 g Gravidez em < 20 anos • Óbitos de adolescentes (10-19 anos) como consequência de
Hospitalização em < 5 anos por pneumonia Hospitalização em < violência registro mensal do número de óbitos de pessoas com ida-
5 anos por desidratação Hospitalizações por abuso de álcool Hospi- de de 10 a 19 anos 11 meses e 29 dias, decorrentes de violência
talizações por complicações do Diabetes Hospitalizações por qual- doméstica, institucional, externa ou auto-aplicada.
quer causa Internações em Hospital Psiquiátrico • Visitas domiciliares registro mensal do número de visitas do-
Óbitos em < 1 ano por todas as causas Óbitos em < 1 ano por miciliares realizadas pelos profissionais da equipe, de acordo com
diarreia a categoria profissional (médicos, enfermeiros, outros profissionais
Óbitos em < 1 ano por infecção respiratória Óbitos de mulheres de nível superior, profissional de nível médio, ACS e total).
de 10 a 49 anos
Óbitos de adolescentes (10-19 anos) como consequência de Relatório PMA4
violência Produção e marcadores para avaliação por município

• DHEG (forma grave) - número de casos de doença hipertensiva O Relatório PMA4 destina-se à consolidação mensal dos dados
específica da gravidez. dos Relatórios PMA2, apenas nos municípios onde o sistema não
• Doença hemolítica perinatal - número de casos de doença he- esteja informatizado, totalizando as informações referentes à pro-
molítica perinatal. dução de serviços e à ocorrência de doenças e/ou situações consi-
• Fraturas de colo de fêmur em > 50 anos - número de casos de deradas como marcadoras, por município.
fratura de colo de fêmur de pessoas com mais de 50 anos. Em cada coluna devem ser lançados os dados do Relatório
• Meningite tuberculosa em menores de 5 anos - número de PMA2 das equipes conforme os modelos de atenção (PACS, ou
casos de meningite tuberculosa em crianças com idade até 4 anos PSF, ou outro) existentes no município. Em caso do Programa de
11 meses e 29 dias. Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família
• Hanseníase com grau de incapacidade ll e III - número de casos (PSF), discriminar a zona (urbana ou rural).
de hanseníase com grau de incapacidade II e III. O trabalho de consolidação dos dados deve ser realizado por
• Citologia Oncótica NIC III Carcinoma in situ - registro mensal profissionais de saúde da Coordenação Municipal /Secretaria Muni-
do número resulta- dos de citologia oncótica com NIC III - Carcino- cipal de Saúde durante reunião com as equipes de saúde.
ma in situ. As instruções de preenchimento para este relatório são as mes-
• RN com peso < 2.500 g - registro mensal do número de recém- mas do Relatório PMA2.
-nascidos com peso menor de 2.500 g.
• Gravidez em < 20 anos - registro mensal dos casos de gravidez
de mulheres com idade até 19 anos 11 meses e 29 dias.
• Pneumonia em < 5 anos - somar o número de crianças com
idade até 4 anos 11 meses e 29 dias que tiveram pneumonia com
diagnóstico e notificação efetuados por médico.
• Hospitalização em < 5 anos por pneumonia - registro mensal
do número de hospitalizações por pneumonia de crianças de até 4
anos 11 meses e 29 dias, iniciadas no mês de referência.
• Hospitalização em < 5 anos por desidratação - registro mensal
do número de hospitalizações por desidratação de crianças de até 4
anos 11 meses e 29 dias, iniciadas no mês de referência.

294
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
nicípios fazem uso de uma série de indicadores no planejamento e
INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS, execução de políticas públicas, constituindo um aporte de grande
SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS utilidade e considerável aceitabilidade. ”
Esse indicador é uma ferramenta que nos possibilita entender as
Indicadores Socioeconômicos, Culturais e Epidemiológicos diversas questões que envolvem uma sociedade no ponto de vista
econômico (emprego, desemprego, renda e ocupações/profissões),
bem como o ponto de vista dos níveis de escolaridade, saneamento
básico (água, esgoto e lixo), condições das moradias, etc.
Ele nos traz, ainda, a possibilidade de avaliar o índice de desi-
gualdade e exclusão social para a tomada de decisões que busquem
minimizar essa condição, pois, ao longo do nosso estudo, tivemos
a chance de verificar o quanto as questões sociais estão intrínsecas
com o fator saúde e a interligação entre os indicadores.
Barcellos et al. (2002. p. 130) coloca que “a análise de situação
de saúde tem uma lógica territorial, porque no espaço se distri-
buem populações humanas segundo similaridades culturais e so-
cioeconômicas. ” E reforça ainda que “a análise de fenômenos de
saúde no espaço serve antes de tudo para a síntese de indicadores
epidemiológicos, ambientais e sociais, ” os quais nortearam o nosso
serviço.
Para entendermos melhor, numa visão microrregional, o indica-
dor socioeconômico nos dá uma melhor percepção das condições
geopolítica e social, em que vivem cada indivíduo na comunidade
Os indicadores21 nos traz a situação de uma área ou sistemas onde iremos atuar dando-nos a possibilidade de construir medidas
em construção e nos mostra a realidade momentânea de uma área, que reduzam os impactos de forma equânime.
pois as modificações são constantes sejam elas no teor social, físico,
epidemiológico, político ou de qualquer outra natureza, pois tudo - Indicador cultural:
está em constante renovação, no intuito de buscar melhorias e isso Aranha nos traz um conceito sobre cultura, no qual podemos
faz com que estejamos sempre em movimento construtivo. encontrar vários significados, estes vão variar de acordo com o
Para avaliarmos os fatores que orientam na melhoria dos ser- meio em que vivemos e estão em constante mutação como afirma.
viços de saúde, é que são dispostos os indicadores, os quais atuam A palavra cultura também tem vários significados, tais como o
como mediadores em nossa busca e tomada de decisões frente à de cultura da terra ou cultura de um homem letrado. Em antropo-
ações que viabilizem a promoção da qualidade de vida. logia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua
Os indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores mate-
exercem influência direta na saúde pública, como vimos nas aulas riais e espirituais. Se o contato que o homem tem com o mundo é
anteriores. Todos eles estão fortemente ligados ao bem estar preco- intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos ela-
nizado pela Constituição Federal de 1988 através das leis n. 8080 e bora dos por um povo em determinado tempo e l ugar. Dada a infi-
8142, estão intrínsecos na promoção da saúde. Com base nas leis ci- nita possibilidade de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas
tadas, SILVEIRA et al. faz a seguir a definição de promoção da saúde: e variadas. A cultura é, portanto, um processo de auto liberação
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação progressiva do homem, o que o caracteriza como um ser de mu-
da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida tação, um ser de, que ultrapassa a própria experiência. (ARANHA,
e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste pro- 1993. p.6)
cesso. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental Esse conceito de Aranha traz uma visão da cultura que é seguida
e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, em cada sociedade e está diretamente relacionada com os fatores
satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambien- discutidos aqui. É visto como a capacidade de criar e transmitir valo-
te. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como res que norteiam uma sociedade. Indicando quais os meios de aces-
objetivo de viver. (SILVEIRA et al. 2001. p. 14) so à informação e o impacto que gerado nos costumes de cada um.
A repercussão de cada um desses indicadores é sentida de acor- O meio cultural, em que vive um indivíduo, exerce sobre ele a
do com a organização espacial, sua intensidade irá variar de acordo mesma influência que os indicadores socioeconômicos, políticos,
com a demografia de cada território, ou seja, os impactos variarão epidemiológicos, pois estão intimamente relacionados e deve ser
com as classes sociais, prevalecendo a capacidade política, econô- visto como uma questão de política pública como afirma CALABRE:
mica, cultural e epidemiológica da população existente em cada Desde 2005, o Ministério da Cultura está se debruçando sobre
área. as propostas de construção de um Plano Nacional de Cultura, de
um Sistema Nacional de Cultura e de um Sistema Nacional de Infor-
- Indicador socioeconômico: mações Culturais. As questões das desigualdades regionais, sociais
Faz referência aos pontos críticos ou favoráveis, socialmente e e econômicas afetam o campo da cultura de maneira idêntica ao
economicamente falando, de uma população, apontando para as conjunto das políticas públicas. (CALABRE, 2009).
condições de vida de cada grupo social. Esse indicador possibilita Calabre (2009) ainda reforça a necessidade de criar outros indi-
medirmos os avanços ou retrocessos sociais e colaboram para me- cadores que possibilitem a elaboração, acompanhamento e a ava-
didas como planejamento e execução das políticas públicas como liação das políticas públicas dentro da cultura no intuito de acoplar
faz referência Soligo (2012, p. 16): “Cada vez mais, estados e mu- as ações que visam medidas que deverão ser adotadas também pe-
las demais áreas que geram indicadores sociais, os quais auxiliarão
na tomada de decisões de uma forma mais ampliada.
21 http://ead.ifnmg.edu.br/uploads/documentos/UaYxotkgd7.pdf

295
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Indicador epidemiológico: organismo, por via sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atin-
COSTA et al. reflete quanto à definição da importância do indica- gir as meninges (membranas que revestem a medula espinhal e o
dor epidemiológico para as ações que circundam a saúde coletiva: encéfalo), causando infecções graves denominadas de “meningite
[...] a formulação e seleção de indicadores epidemiológicos tuberculosa”.
constituem atividade essencial para representar os efeitos da insufi- Em diversos países houve a ideia de que por volta de 2010 a
ciência das ações de saneamento sobre a saúde humana e, portan- doença estaria praticamente controlada e inexistente. No entan-
to, como ferramenta para a vigilância e orientação de programas e to, o advento do HIV e da AIDS mudaram drasticamente esta pers-
planos de alocação de recursos em saneamento. (COSTA et al. 2005. pectiva. No ano de 1993, em decorrência do número de casos da
p. 118). doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado
Essa colocação nos dá o entendimento de como esse indicador de emergência global e propôs o DOTS (Tratamento Diretamente
é relevante às questões acerca da saúde, pois é através dele que te- Supervisionado) como estratégia para o controle da doença.
remos acesso à realidade epidemiológica da área onde atuaremos.
Será ferramenta imprescindível ao nosso trabalho, pois é a partir Sintomas mais comuns: Entre seus sintomas, pode-se mencio-
desse indicador que teremos condições de identificar, analisar e nar tosse com secreção, febre (mais comumente ao entardecer),
elaborar meios de intervir junto à comunidade, nos fatores condi- suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e
cionantes e determinantes à saúde coletiva. dores musculares. Dificuldade na respiração, eliminação de sangue
Através desse indicador, poderemos avaliar as condições sanitá- e acúmulo de pus na pleura pulmonar são característicos em casos
rias do meio, bem como o processo saúde-doença. Essa ferramenta mais graves.
nos possibilita a elaboração de ações que busquem a solução para Contágio e evolução: A tuberculose se dissemina através de
os agravos de acordo com as ocorrências. É capaz de retratar os aerossóis no ar que são expelidas quando pessoas com tuberculose
pontos mais vulneráveis de uma comunidade. Barcellos faz uma re- infecciosa tossem, espirram. Contactos próximos (pessoas que tem
flexão acerca da importância dos indicadores para a promoção de contato freqüente) têm alto risco de se infectarem. A transmissão
saúde a seguir. ocorre somente a partir de pessoas com tuberculose infecciosa
Uma das questões importantes para o diagnóstico de situações activa (e não de quem tem a doença latente). A probabilidade da
de saúde, nesse sentido, é o desenvolvimento de indicadores ca- transmissão depende do grau de infecção da pessoa com tubercu-
pazes de detectar e refletir condições de risco à saúde advindos de lose e da quantidade expelida, forma e duração da exposição ao
condições ambientais e sociais adversas. Esses indicadores devem bacilo, e a virulência. A cadeia de transmissão pode ser interrom-
permitir a identificação dos lugares, suas relações com a região, pida isolando-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se uma
bem como a relação entre a população e seu território. É nessas terapia antituberculose eficaz.
relações que se desenvolvem meios propícios para o desenvolvi- Notificação: A tuberculose é uma doença de notificação obri-
mento de doenças e também para seu controle. (BARCELLOS, 2002. gatória (compulsória), ou seja, qualquer caso confirmado tem que
p. 130). ser obrigatoriamente notificado.
Através desse indicador, poderemos implementar ações de
promoção e prevenção de doenças, aplicando medidas que visam Infecção: A infecção pelo M. tuberculosis se inicia quando o
diagnosticar o padrão e a frequência de agravos que colocam em bacilo atinge os alvéolos pulmonares e pode se espalhar para os
risco a saúde de uma determinada população. Ações como, por nódulos linfáticos e daí, através da corrente sanguínea para tecidos
exemplo, imunização de doenças sazonais através da vacinação dos mais distantes onde a doença pode se desenvolver: a parte supe-
indivíduos. rior dos pulmões, os rins, o cérebro e os ossos. A resposta imunoló-
gica do organismo mata a maioria dos bacilos, levando à formação
de um granuloma. Os “tubérculos”, ou nódulos de tuberculose são
PROBLEMAS CLÍNICOS PREVALENTES NA ATENÇÃO pequenas lesões que consistem em tecidos mortos de cor acinzen-
PRIMÁRIA À SAÚDE. NOÇÕES DE TUBERCULOSE tada contendo a bactéria da tuberculose. Normalmente o sistema
imunológico é capaz de conter a multiplicação do bacilo, evitando
Tuberculose sua disseminação em 90% dos casos.
A tuberculose - chamada antigamente de “peste cinzenta”, e Evolução: Entretanto, em algumas pessoas, o bacilo da tu-
conhecida também em português como tísica pulmonar ou “doen- berculose supera as defesas do sistema imunológico e começa a
ça do peito” - é uma das doenças infecciosas documentadas desde se multiplicar, resultando na progressão de uma simples infecção
mais longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atu- por tuberculose para a doença em si. Isto pode ocorrer logo após a
ais. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conheci- infecção (tuberculose primária – 1 a 5% dos casos), ou vários anos
do como bacilo-de-koch. Estima-se que a bactéria causadora tenha após a infecção (reativação da doença tuberculosa, ou bacilo dor-
evoluído há 40.000 anos, a partir de outras bactérias do gênero mente – 5 a 9 %). Cerca de 5% das pessoas infectadas vão desenvol-
Mycobacterium. ver a doença nos dois primeiros anos, e outras 5% vão desenvolvê-
A tuberculose é considerada uma doença socialmente deter- -la ainda mais tarde. No total, cerca de 10% dos infectados com sis-
minada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma tema imunológico normal desenvolverão a doença durante a vida.
como se organizam os processos de produção e de reprodução so- Algumas situações aumentam o risco de progressão da tuber-
cial, assim como à implementação de políticas de controle da do- culose. Em pessoas infectadas com o HIV ou outras doenças que de-
ença. Os processos de produção e reprodução estão diretamente primem o sistema imunológico tem muito mais chances de desen-
relacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo. volverem complicações. Outras situações de risco incluem: o abuso
A tuberculose pulmonar é a forma mais frequente e generaliza- de drogas injetáveis; infecção recente de tuberculose nos últimos 2
da da doença. Porém, o bacilo da tuberculose pode afetar também anos; raio-x do tórax que sugira a existência de tuberculose (lesões
outras áreas do nosso organismo, como, por exemplo, laringe, os fibróticas e nódulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada
ossos e as articulações, a pele (lúpus vulgar), os glânglios linfáticos com corticosteróides e outras terapias imuno-supressivas, câncer
(escrófulo), os intestinos, os rins e o sistema nervoso. A tuberculose na cabeça ou pescoço, doenças no sangue ou reticuloendoteliais
miliar consiste num alastramento da infeção a diversas partes do

296
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(leucemia e doença de Hodgkin), doença renal em estágio avan- Deve-se suspeitar de tuberculose quando uma doença respira-
çado, gastrectomia, síndromes de mal-absorção crônicas, ou baixo tória persistente - num indivíduo que de outra forma seria saudável
peso corporal (10% ou mais de peso abaixo do ideal). - não estiver respondendo aos antibióticos regulares.
Exame físico: Um exame físico é feito para avaliar a saúde geral
A tuberculose afeta principalmente os pulmões, (75% ou mais) do paciente e descobrir outros fatores que podem afetar o plano de
e é chamada de tuberculose pulmonar. Os sintomas incluem tosse tratamento da tuberculose. Não pode ser usado como diagnostica-
prolongada com duração de mais de três semanas, dor no peito e dor da Tuberculose.
hemoptise. Outros sintomas incluem febre, calafrios, suores notur- Radiografia do tórax: A tuberculose cria cavidades visíveis em
nos, perda de apetite e de peso, e cansaço fácil. A palavra consun- radiografias como esta, na parte superior do pulmão direito. Uma
ção (consumpção, em Portugal) surgiu porque os doentes pareciam radiografia postero-anterior do tórax é a tradicionalmente feita;
ter sido “consumidos por dentro” pela doença. Outros locais do outras vistas (lateral ou lordótico) ou imagens de tomografia com-
corpo que são afetados incluem a pleura, o sistema nervoso cen- putadorizada podem ser necessárias.
tral (meninges), o sistema linfático, o sistema genitourinário, ossos Em tuberculose pulmonar ativa, infiltrações ou consolidações
e articulações, ou pode ser disseminada pelo corpo (tuberculose e/ou cavidades são frequentemente vistas na parte superior dos
miliar - assim chamada porque as lesões que se formam parecem pulmões com ou sem linfadenopatia (doença nos nódulos linfáti-
pequenos grãos de milho). Estas são mais comuns em pessoas com cos) mediastinal ou hilar. No entanto, lesões podem aparecer em
supressão imunológica e em crianças. A tuberculose pulmonar tam- qualquer lugar nos pulmões. Em pessoas com HIV e outras imuno-
bém pode evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar. -supressões, qualquer anormalidade pode indicar a TB, ou o raio-x
Resistência a medicamentos: A tuberculose resistente é trans- dos pulmões pode até mesmo parecer inteiramente normal. Em
mitida da mesma forma que as formas sensíveis a medicamentos. geral, a tuberculose anteriormente tratada aparece no raio-x como
A resistência primária se desenvolve em pessoas infectadas ini- nódulos pulmonares na área hilar ou nos lóbulos superiores, apre-
cialmente com microorganismos resistentes. A resistência secun- sentando ou não marcas fibróticas e perda de volume. Bronquiec-
dária (ou adquirida) surge quando a terapia contra a tuberculose é tastia (isto é, dilatação dos brônquios com a presença de catarro) e
inadequada ou quando não se segue ou se interrompe o regime de marcas pleurais podem estar presentes.
tratamento prescrito. Nódulos e cicatrizes fibróticas podem conter bacilos de tuber-
Diagnóstico: Uma avaliação médica completa para a tuberculo- culose em multiplicação lenta, com potencial para progredirem
se ativa inclui um histórico médico, um exame físico, a baciloscopia para uma futura tuberculose ativa. Indivíduos com estas caracterís-
de escarro, uma radiografia do tórax e culturas microbiológicas. A ticas em seus exames, se tiverem um teste positivo de reação sub-
prova tuberculínica (também conhecida como teste tuberculínico cutânea à tuberculina, devem ser consideradas candidatos de alta
ou teste de Mantoux) está indicada para o diagnóstico da infecção prioridade ao tratamento da infecção latente, independente de sua
latente, mas também auxilia no diagnóstico da doença em situa- idade. De modo oposto, lesões granulares calcificadas (granulomas
ções especiais, como no caso de crianças com suspeita de tubercu- calcificados) apresentam baixíssimo risco de progressão para uma
lose. Toda pessoa com tosse por três semanas ou mais é chamada tuberculose ativa. Anormalidades detectadas em radiografias do
sintomática respiratória (SR) e pode estar com tuberculose. tórax podem sugerir, porém, nunca são exatamente o diagnóstico,
de tuberculose. Entretanto, estas radiografias podem ser usadas
Baciloscopia: A baciloscopia é um exame realizado com o es- para descartar a possibilidade de tuberculose pulmonar numa pes-
carro do paciente suspeito de ser vítima de tuberculose, colhido soa que tenha reação positiva ao teste de tuberculina mas que não
em um potinho estéril. Para o exame são necessárias duas amos- tenha os sintomas da doença.
tras. Uma amostra deve ser colhida no momento da identificação Estudos microbiológicos: Colônias de M. tuberculosis podem
do sintomático respiratório e a outra na manhã do dia seguinte, ser vistas nitidamente nesta cultura. Análises de amostras de es-
com o paciente ainda em jejum após enxaguar a boca com água. É carro e culturas microbiológicas devem ser feitas para detectar o
importante orientar o paciente a não cuspir, mas sim escarrar. Esse bacilo, caso o paciente esteja produzindo secreção. Se não estiver
exame está disponível no SUS e pode ser solicitado por enfermeiros produzindo-a, uma amostra coletada na laringe, uma broncoscopia
e médicos. ou uma aspiração por agulha fina podem ser consideradas. O ba-
Histórico médico: O histórico médico inclui a obtenção de sin- cilo pode ser cultivado, apesar de crescer lentamente e então, ou
tomas da tuberculose pulmonar: imediatamente após colheita da amostra corado (com a técnica de
- tosse intensa e prolongada por três ou mais semanas; Ziehl-Neelsen) e observado ao microscópio óptico.
- dor no peito; e Prova Tubberculínica (Teste Tuberculínico ou de Mantoux):
- hemoptise. Dentre a gama de testes disponíveis para avaliar a possibilidade de
TB, o teste de Mantoux envolve injeção intradérmica de tuberculi-
Sintomas sistêmicos incluem: na e a medição do tamanho da envuração provocada após 72 horas
- febre; (48 a 96 horas). O teste intradérmico de Mantoux é usado no Brasil,
- calafrios; nos EUA e no Canadá. O teste de Heaf é usado no Reino Unido. Um
- suores noturnos; resultado positivo indica que houve contato com o bacilo (infec-
- perda de apetite e peso; e ção latente da tuberculose), mas não indica doença, já que, após
- cansaço fácil. o contágio, o indivíduo apresenta 5% de chances de desenvolver a
doença nos primeiros 2 anos. Este teste é utilizado para fins de con-
Outras partes do histórico médico incluem: trole epidemiológico e profilaxia em contactantes de pacientes com
- exposição anterior à tuberculose, na forma de infecção ou tuberculose. Em situações específicas, como no caso do diagnóstico
doença; da doença em crianças, pode auxiliar no diagnóstico. O derivado
- tratamento anterior de TB; de proteína purificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de
- fatores de risco demográficos para a TB; e
- condições médicas que aumentem o risco de infecção por tu-
berculoses, tais como a infecção por HIV.

297
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
culturas filtradas e esterilizadas, é injetado de forma intradérmica (isto é, dentro da pele) e a leitura do exame é feita entre 48 e 96 horas
(idealmente 72 horas) após a aplicação do PPD. Um paciente que foi exposto à bactéria deve apresentar uma resposta imunológica na
pele, a chamada “enduração”.
Classificação da reação à tuberculina: Os resultados são classificados como Reator Forte, Reator Fraco ou Não Reator. Um endureci-
mento de mais de 5–15 mm (dependendo dos fatores de risco da pessoa) a 10 unidades de Mantoux é considerado um resultado positivo,
indicando infecção pelo M. tuberculosis.
5 mm ou mais de tamanho são positivos para a TB em:
- pacientes positivos para o HIV
- contatos com casos recentes de TB
- pessoas com mudanças nodulares ou fibróticas em raios-x do tórax, consistentes com casos antigos de TB curada
- Pacientes com órgãos transplantados e outros pacientes imuno-suprimidos

10 mm ou mais é positivo em:


- Pessoas recém-chegadas (menos de 5 anos) de países com alta incidência da doença (isso inclui quem mora no Brasil)
- Utilizadores de drogas injetáveis
- Residentes e empregados de locais de aglomerações de alto risco (ex.: prisões, enfermarias, hospitais, abrigos de sem-teto, etc.)
- Pessoal de laboratórios onde se faça testes com Mycobacterium
- Pessoas com condições clínicas de alto risco (ex.:, diabetes, terapias prolongadas com corticosteróides, leucemia, falência renal,
síndromes de mal-absorção crônicas, reduzido peso corporal, etc)
- Crianças com menos de 4 anos de idade, ou crianças e adolescentes expostos a adultos nas categorias de alto risco

15 mm ou mais é positivo em:


- (Não utilizado no Brasil) Pessoas sem fatores de risco conhecidos para a TB
- (Nota: programas de testes cutâneos normalmente são conduzidos entre grupos de alto risco para a doença)
Um teste negativo não exclui tuberculose ativa, especialmente se o teste foi feito entre 6 e 8 semanas após adquirir-se a infecção;
se a infecção for intensa, ou se o paciente tiver comprometimento imunológico. Um teste positivo não indica doença ativa, apenas que o
indivíduo teve contato com o bacilo. Não há relação entre a eficácia da vacina BCG e um teste de Mantoux positivo. Uma BCG é suficiente;
a revacinação não é útil. Uma vacinação prévia por BCG dá, por vezes, resultados falso-positivos. Isto torna o teste de Mantoux pouco útil
em pessoas vacinadas por BCG. A fim de melhorar o Teste de Mantoux, outros testes estão sendo desenvolvidos. Um dos considerados
promissores observa a reação de linfócitos-T aos antígenos ESAT6 e CFP10.

Teste de Heaf
O Teste de Heaf é usado no Reino Unido, e também injeta a proteína purificada (PPD) na pele, observando-se a reação resultante.
Quando alguém é diagnosticado com tuberculose, todos os seus contatos próximos devem ser investigados com um teste de Mantoux e,
principalmente, radiografias de tórax, a critério médico.
Sistema de classificação
O sistema de classificação para a tuberculose mostrado abaixo é baseado no grau de patogenia da doença. Os agentes de saúde
devem obedecer às leis de cada país no tocante à notificação de casos de tuberculose. As situações descritas em 3 ou 5 na tabela abaixo
devem ser imediatamente notificadas às autoridades de saúde locais.

Sistema de classificação para a tuberculose. (TB)


Classe Tipo Descrição
Nenhuma exposição à TB Nenhum histórico de exposição
0
Não infectado Reação negativa ao teste de tuberculina dérmico
Exposição à TB Histórico de exposição
1
Nenhuma evidência de infecção Reação negativa ao teste dérmico de tuberculina
Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
Infecção de TB
2 Estudos bacteriológicos negativos (caso tenham sido feitos)
Sem doença
Nenhuma evidência clínica, bacteriológica ou radiográfica de TB
Cultura de M. tuberculosis (caso tenha sido feita)
3 TB clinicamente ativa
Evidências clínicas, bacteriológicas, ou radiográficas da doença
Histórico de episódio(s) de TB
ou
Sinais anormais porém estáveis nas radiografias
TB
4 Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
não ativa clinicamente
Estudos bacteriológicos negativos (se feitos)
e
Nenhuma evidência clínica ou radiográfica de presença da doença
Diagnóstico pendente
5 Suspeita de TB
A doença deve ser confirmada ou descartada dentro de 3 meses

298
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tratamento: Pessoas com infecção de Tuberculose (classes 2
ou 4), mas que não têm a doença (como nas classes 3 ou 5), não es- HANSENÍASE
palham a infecção para outras pessoas. A infecção por Tuberculose
numa pessoa que não tem a doença não é considerada um caso de HANSENÍASE
Tuberculose e normalmente é relatada como uma infecção latente
de Tuberculose. Esta distinção é importante porque as opções de Características Gerais
tratamento são diferentes para quem tem a infecção latente e para Doença crônica granulomatosa, proveniente de infecção cau-
quem tem a doença ativa. sada pelo Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem a capacidade de
infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), no en-
Tratamento de infecção latente de tuberculose: O tratamento tanto poucos adoecem (baixa patogenicidade); propriedades essas
da infecção latente é essencial para o controle e eliminação da TB, que não são em função apenas de suas características intrínsecas,
pela redução do risco de a infecção vir a tornar-se doença ativa. mas que dependem, sobretudo, de sua relação com o hospedei-
Uma avaliação para descartar TB ativa é necessária antes que um ro e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspectos. O
tratamento para tuberculose latente seja iniciado. Candidatos ao domicílio é apontado como importante espaço de transmissão da
tratamento de tuberculose latente são aqueles grupos de muito doença, embora ainda existam lacunas de conhecimento quanto
alto risco, com reação positiva à tuberculina de 5 mm ou mais, as- aos prováveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles
sim como aqueles grupos de alto risco com reações cutâneas de 10 relacionados ao ambiente social. O alto potencial incapacitante da
mm ou mais. Veja em inglês na Wikipédia,classification of tubercu- hanseníase está diretamente relacionado ao poder imunogênico do
lin reaction. M. leprae. A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças
que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600
Há vários tipos de tratamento disponíveis, a critério médico. a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, podem ser
consideradas o berço da doença.
- Contatos próximos: são aqueles que dividem a mesma habi- A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento
tação ou outros ambientes fechados. Aqueles com riscos maiores científico modificaram significativamente o quadro da hanseníase,
são as crianças com idade inferior a 4 anos, pessoas imuno-deprimi- que atualmente tem tratamento e cura. No Brasil, cerca de 47.000
das e outros que possam desenvolver a TB logo após uma infecção. casos novos são detectados a cada ano, sendo 8% deles em meno-
Contatos próximos que tenham tido uma reação negativa ao teste res de 15 anos.
de tuberculina (menos de 5 mm) devem ser novamente testados Agente Etiológico: O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resis-
10 a 12 semanas após sua última exposição à TB. O tratamento da tente, em forma de bastonete. É um parasita intracelular, sendo a
tuberculose latente pode ser descontinuado a critério médico. única espécie de micobactéria que infecta nervos periféricos, espe-
- Crianças com menos de 4 anos de idade têm grande risco cificamente células de Schwann. Esse bacilo não cresce em meios
de progressão de uma infecção para a doença, e de desenvolve- de cultura artificiais, ou seja, in vitro.
rem formas de TB potencialmente fatais. Estes contatos próximos
normalmente devem receber tratamento para tuberculose latente Reservatório: O ser humano é reconhecido como a única fon-
mesmo quando não os testes de tuberculina ou o raio-x do tórax te de infecção, embora tenham sido identificados animais natural-
não sugere TB. mente infectados – o tatu, macaco mangabei e o chimpanzé. Os
doentes com muitos bacilos (multibacilares-MB) sem tratamento
Um segundo teste de tuberculina normalmente é feito de 10 – hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de
a 12 semanas após a última exposição à TB infecciosa, para que se eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (car-
decida se o tratamento será descontinuado ou não. ga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa
nasal).
Tratamento de tuberculose ativa: Os tratamentos recentes Modo de transmissão: A principal via de eliminação dos bacilos
para a tuberculose ativa incluem uma combinação de drogas e re- dos pacientes multibacilares (virchowianos e dimorfos) é a aérea
médios, às vezes num total de quatro, que são reduzidas após certo superior, sendo, também, o trato respiratório a mais provável via
tempo, a critério médico. Não se utiliza apenas uma droga, pois, de entrada do M. leprae no corpo.
neste caso, todas as bactérias sensíveis a ela morrem, e, três meses Período de incubação: A hanseníase apresenta longo período
depois, o paciente sofrerá infecção de bactérias que conseguiram de incubação; em média, de 2 a 7 anos. Há referências a períodos
resistir a esta primeira droga. mais curtos, de 7 meses, como também a mais longos, de 10 anos.
Alguns medicamentos matam a bactéria, outros agem contra a Período de transmissibilidade: Os doentes com poucos bacilos
bactéria infiltrada em células, e outros, ainda, impedem a sua mul- – paucibacilares (PB), indeterminados e tuberculóides – não são
tiplicação. Ressalve-se que o tratamento deve seguir uma continui- considerados importantes como fonte de transmissão da doença,
dade com acompanhamento médico, e não suspenso pelo paciente devido à baixa carga bacilar. Os pacientes multibacilares, no entan-
após uma simples melhora. Com isto evita-se que cepas da bactéria to, constituem o grupo contagiante, assim se mantendo como fon-
mais resistentes sobrevivam no organismo, e retornem posterior- te de infecção, enquanto o tratamento específico não for iniciado.
mente com uma infecção mais difícil de curar. O tratamento pode Suscetibilidade e imunidade: Como em outras doenças infec-
durar até 5 anos. ciosas, a conversão de infecção em doença depende de interações
Prevenção: A imunização com vacina BCG dá entre 50% a 80% entre fatores individuais do hospedeiro, ambientais e do próprio
de resistência à doença. Em áreas tropicais onde a incidência de M. leprae. Devido ao longo período de incubação, a hanseníase é
mycobactérias atípicas é elevada (a exposição a algumas “myco- menos frequente em menores de 15 anos, contudo, em áreas mais
bacterias” não transmissoras de tuberculose dá alguma proteção endêmicas, a exposição precoce, em focos domiciliares, aumenta a
contra a TB), a eficácia da BCG é bem menor. No Reino Unido ado- incidência de casos nessa faixa etária. Embora acometa ambos os
lescentes de 15 anos são normalmente vacinadas durante o perío- sexos, observa-se predominância do sexo masculino.
do escolar.

299
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Aspectos Clínicos e Laboratoriais Exame histopatológico – indicado como suporte na elucidação
diagnóstica e em pesquisas.
Diagnóstico Clínico
O diagnóstico é essencialmente clínico e epidemiológico, reali- Quadro 1. Sinopse para classificação das formas clínicas da
zado por meio da análise da história e condições de vida do pacien- hanseníase
te, do exame dermatoneurológico, para identificar lesões ou áreas Clínicas Baciloscópicas Formas clínicas Classificação operacio-
de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nal vigente para a rede pública
nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico). O diagnós- Áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas hipocrômicas
tico é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio e/ou eritemohipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e
da análise da história e condições de vida do paciente, do exame rarefação de pelos. Negativa Indeterminada (HI) Paucibacilar (PB)
dermatoneurológico, para identificar lesões ou áreas de pele com Placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, até 5 lesões de
alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos peri- pele bem delimitadas, hipo ou anestésicas, podendo ocorrer com-
féricos (sensitivo, motor e/ou autonômico). prometimento de nervos. Negativa Tuberculóide (HT) Paucibacilar
Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão (PB)
cutânea (suspeita de hanseníase neural pura), e aqueles que apre- Lesões pré -foveolares (eritematosas planas com o centro cla-
sentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e ro). Lesões foveolares (eritematopigmentares de tonalidade ferru-
sem lesão cutânea evidente deverão ser encaminhados para unida- ginosa ou pardacenta), apresentando alterações de sensibilidade.
des de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica. Positiva (bacilos e globias ou com raros bacilos) ou negativa Dimor-
Recomenda-se que nessas unidades os mesmos sejam submetidos fa (HD) Multibacilar (MB)
novamente ao exame dermatoneurológico criterioso, à coleta de
material (baciloscopia ou histopatologia cutânea ou de nervo pe- Mais de 5 lesões
riférico sensitivo), a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais Eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de pele, infil-
complexos, para identificar comprometimento cutâneo ou neural tradas e de bordas mal definidas, tubérculos e nódulos, madarose,
discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias pe- lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade. ositiva (bacilos
riféricas. abundantes e globias) Virchowiana (HV) ultibacilar (MB)
Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige exame crite- Mais de 5 lesões
rioso, diante da dificuldade de aplicação e interpretação dos testes
de sensibilidade. Nesse caso, recomenda-se utilizar o “Protocolo Avaliação do grau de incapacidade e da função neural
Complementar de Investigação Diagnóstica de Casos de Hansenía- É imprescindível avaliar a integridade da função neural e o grau
se em Menores de 15 Anos” (Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de de incapacidade física no momento do diagnóstico do caso de han-
março de 2009). O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de seníase e do estado reacional. Para determinar o grau de incapa-
modo semelhante ao de outras doenças curáveis. Se vier a causar cidade física, deve-se realizar o teste da sensibilidade dos olhos,
impacto psicológico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares mãos e pés. É recomendada a utilização do conjunto de monofila-
ou pessoas de sua rede social, essa situação requererá uma abor- mentos de Semmes - Weinstein (6 monofilamentos: 0.05g, 0.2g, 2g,
dagem apropriada pela equipe de saúde, que permita a aceitação 4g, 10g e 300g), nos pontos de avaliação de sensibilidade em mãos
do problema, superação das dificuldades e maior adesão aos tra- e pés, e do fio dental (sem sabor) para os olhos.
tamentos. Considera-se, grau 1 de incapacidade, ausência de resposta ao
Essa atenção deve ser oferecida no momento do diagnóstico, filamento igual ou mais pesado que o de 2g (cor violeta). O for-
bem como no decorrer do tratamento da doença e, se necessária, mulário para avaliação do grau de incapacidade física (Anexo III da
após a alta. A classificação operacional do caso de hanseníase, vi- Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de 2009), deverá ser
sando o tratamento com poliquimioterapia é baseada no número preenchido conforme critérios expressos no Quadro 2.
de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:
- Paucibacilar (PB) – casos com até 5 lesões de pele; Quadro 2. Critérios de avaliação do grau de incapacidade e da
- Multibacilar (MB) – casos com mais de 5 lesões de pele. função neural
Diagnóstico Diferencial: As seguintes dermatoses podem se as-
semelhar a algumas formas e reações de hanseníase e exigem segu- Grau Características
ra diferenciação: eczemátides, nevo acrômico, pitiríase versicolor, 0 Nenhum problema com os olhos, mãos e pés devido à han-
vitiligo, pitiríase rósea de Gilbert, eritema solar, eritrodermias e eri- seníase.
temas difusos vários, psoríase, eritema polimorfo, eritema nodoso, 1 Diminuição ou perda da sensibilidade nos olhos, diminuição
eritemas anulares, granuloma anular, lúpus eritematoso, farmaco- ou perda da sensibilidade nas mãos e ou pés
dermias, fotodermatites polimorfas, pelagra, sífilis, alopécia areata 2 Olhos: lagoftalmo e/ou ectrópio; triquíase; opacidade corne-
(pelada), sarcoidose, tuberculose, xantomas, hemoblastoses, escle- ana central; acuidade visual menor que 0,1 ou não conta dedos a
rodermias, neurofibromatose de Von Recklinghausen. 6m de distância.
Mãos: lesões tróficas e/ou lesões traumáticas; garras; reabsor-
Diagnóstico Laboratorial ção; mão caída.
Exame baciloscópico – a baciloscopia de pele (esfregaço intra- Pés: lesões tróficas e/ou traumáticas; garras; reabsorção; pé
dérmico), quando disponível, deve ser utilizada como exame com- caído; contratura do tornozelo.
plementar para a classificação dos casos em PB ou MB. A bacilos-
copia positiva classifica o caso como MB, independentemente do Para verificar a integridade da função neural recomenda-se
número de lesões. a utilização do formulário de Avaliação Neurológica Simplifica-
da (Anexo IV da Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de
Atenção: O resultado negativo da baciloscopia não exclui o 2009). Para avaliação da força motora, preconiza-se o teste manual
diagnóstico de hanseníase. da exploração da força muscular, a partir da unidade músculo-ten-
dinosa durante o movimento e da capacidade de oposição à força

300
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
da gravidade e à resistência manual, em cada grupo muscular re- - Reagudização de lesões antigas.
ferente a um nervo específico. Os critérios de graduação da força - Dor espontânea nos nervos periféricos.
muscular podem ser expressos como forte, diminuída e paralisada - Aumento ou aparecimento de áreas hipo ou anestésicas. - As
ou de zero a cinco, conforme o Quadro 3. lesões preexistentes permanecem inalteradas.
- Há aparecimento brusco de nódulos eritematosos, dolorosos
Reações Hansênicas à palpação ou até mesmo espontaneamente que podem evoluir
Os estados reacionais ou reações hansênicas são alterações do para vesículas, pústulas, bolhas ou úlceras.
sistema imunológico, que se exteriorizam como manifestações in- Comprometimento sistêmico Não é frequente. É frequente.
flamatórias agudas e subagudas, que podem ocorrer mais frequen- Apresenta febre, astenia, mialgias, náuseas (estado toxêmico) e
temente nos casos MB (Quadro 4). Elas podem ocorrer antes (às dor articular.
vezes, levando à suspeição diagnóstica de hanseníase), durante ou Fatores associados - Edema de mãos e pés.
depois do tratamento com Poliquimioterapia (PQT): - Aparecimento brusco de mão em garra e pé caído. - Edema
- Reação Tipo 1 ou reação reversa (RR) – caracteriza-se pelo de extremidades.
aparecimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou pla- - Irite, epistaxes, orquite, linfadenite.
cas), infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas, com - Neurite. Comprometimento gradual dos troncos nervosos.
ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). Hematologia Pode haver leucocitose. - Leucocitose, com des-
- Reação Tipo 2, cuja manifestação clínica mais frequente é o vio à esquerda, e aumento de imunoglobinas.
eritema nodoso hansênico (ENH) – caracteriza-se por apresentar - Anemia.
nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre, Evolução - Lenta.
dores articulares e mal-estar generalizado, com ou sem espessa- - Podem ocorrer sequelas neurológicas e complicações, como
mento e dor de nervos periféricos (neurite). abcesso do nervo. - Rápida.
- O aspecto necrótico pode ser contínuo, durar meses e apre-
Os estados reacionais são a principal causa de lesões dos ner- sentar complicações graves.
vos e de incapacidades provocadas pela hanseníase. Portanto, é
importante que o diagnóstico das reações seja feito precocemente, Tratamento poliquimioterápico – PQT/OMS
para se dar início imediato ao tratamento, visando prevenir essas
incapacidades. Frente à suspeita de reação hansênica, recomenda- O tratamento é eminentemente ambulatorial. Nos serviços bá-
-se: sicos de saúde, administra-se uma associação de medicamentos,
- confirmar o diagnóstico de hanseníase e fazer a classificação a poliquimioterapia (PQT/OMS). A PQT/OMS mata o bacilo e evita
operacional; a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformida-
- diferenciar o tipo de reação hansênica; des por ela causadas, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de
- investigar fatores predisponentes (infecções, infestações, dis- infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da do-
túrbios hormonais, fatores emocionais e outros). ença. Assim sendo, logo no início do tratamento a transmissão da
O diagnóstico dos estados reacionais é realizado através do doença é interrompida e, se realizado de forma completa e correta,
exame físico geral e dermatoneurológico do paciente. Tais proce- garante a cura da doença. A PQT/OMS é constituída pelo conjunto
dimentos são também fundamentais para o monitoramento do dos seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina,
comprometimento de nervos periféricos e avaliação da terapêuti- com administração associada. Essa associação evita a resistência
ca antirreacional. A identificação dos mesmos não contraindica o medicamentosa do bacilo que ocorre, com frequência, quando se
início do tratamento (PQT/OMS). Se os estados reacionais apare- utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doen-
cerem durante o tratamento, esse não deve ser interrompido, mes- ça. É administrada através de esquema padrão, de acordo com a
mo porque reduz significativamente a frequência e a gravidade dos classificação operacional do doente em paucibacilar e multibacilar.
mesmos. Se forem observados após o tratamento específico para a
hanseníase, não é necessário reiniciá-lo e sim iniciar a terapêutica A informação sobre a classificação do doente é fundamental
antirreacional. para se selecionar o esquema de tratamento adequado ao seu
caso. Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos
Quadro 4. Síntese das reações hansênicas (tipo 1 e 2) em rela- do esquema padrão é ajustada de acordo com a idade e peso. Já
ção à classificação operacional da hanseníase: casos paucibacilares no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do
e multibacilares. esquema padrão, são indicados esquemas alternativos. A alta por
cura é dada após a administração do número de doses preconizado
Episódios reacionais Tipo 1 pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado. O trata-
Reação reversa Tipo 2 mento da hanseníase é ambulatorial, utilizando os esquemas tera-
Eritema nodoso hansênico (ENH) pêuticos padronizados (Quadro 5).
Formas clínicas Paucibacilar Multibacilar
Início Antes do tratamento PQT ou nos primeiros 6 meses do Quadro 5. Esquemas terapêuticos padronizados
tratamento. Pode ser a primeira manifestação com PQT. Pode ser a
primeira manifestação da doença. Pode ocorrer durante ou após o Faixa
tratamento da doença.
Causa Processo de hiperatividade imunológica, em resposta ao Cartela PB
antígeno (bacilo ou fragmento bacilar). Processo de hiperatividade Cartela MB Adulto
imunológica, em resposta ao antígeno (bacilo ou fragmento baci-
Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg (2)
lar).

Manifestações clínicas - Aparecimento de novas lesões que po-


dem ser eritemato-infiltradas (aspecto erisipilóide).

301
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg (2) Criança Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg, supervisionada, e uma
Dapsona (DDS): comprimido de 100mg (28) dose diária de 50mg, autoadministrada.
Dapsona (DDS): comprimido de 100mg (28) Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (3 cápsulas de
- Clofazimina (CFZ): cápsula de 100mg (3) e 50mg), com administração supervisionada, e uma dose de 50mg,
cápsula de 50mg (27) autoadministrada, em dias alternados.

Duração: 12 doses.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose su-
pervisionada.
Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg (1)
e cápsula de 300mg (1) Dapsona (DDS): Critério de alta: o tratamento estará concluído com 12 doses
comprimido de 50mg (28) supervisionadas, em até 18 meses. Na 12ª dose, os pacientes de-
Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg (1) e verão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neuro-
cápsula de 300mg Dapsona (DDS): com- lógica simplificada e do grau de incapacidade física, e receber alta
primido de 50mg (28) - Clofazimina (CFZ): por cura.
cápsula de 50mg (16)
Os pacientes MB que não apresentarem melhora clínica, ao fi-
Nota: a gravidez e o aleitamento não contraindicam o trata- nal do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas), deverão ser
mento PQT. encaminhados para avaliação nas unidades de maior complexida-
de, para verificar a necessidade de um segundo ciclo de tratamen-
Esquemas terapêuticos to, com 12 doses.
Notas: Em crianças ou adulto com peso inferior a 30kg, ajustar
Os esquemas terapêuticos deverão ser utilizados de acordo a dose de acordo com o peso conforme as orientações do Quadro
com a classificação operacional (Quadros 6 e 7). 8.

Quadro 6. Esquemas terapêuticos utilizados para Paucibacilar: Quadro 8. Esquemas terapêuticos utilizados para crianças ou
6 cartelas adultos com peso inferior a 30kg

Dose mensal Dose diária


Adulto
Rifampicina (RFM)- 10 a 20mg/kg
Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 Dapsona (DDS) – 1,5mg/kg Dapsona (DDS) – 1,5mg/kg
cápsulas de 300mg), com administração super- Clofazimina (CFZ) – 5mg/kg Clofazimina (CFZ) – 1mg/kg
visionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg, supervisio- Criança - Nos casos de hanseníase neural pura, o tratamento com PQT
nada, e dose diária de 100mg, autoadministrada. dependerá da classificação (PB ou MB), conforme avaliação do
centro de referência; além disso, faz-se o tratamento adequado
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 do dano neural. Os pacientes deverão ser orientados para retorno
cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300mg), com imediato à unidade de saúde, em caso de aparecimento de lesões
administração supervisionada. de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos e/ou pio-
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg, supervisio- ra da função sensitiva e/ou motora, mesmo após a alta por cura.
nada, e dose diária de 50mg, autoadministrada - Em mulheres na idade reprodutiva, deve-se atentar ao fato
que a rifampicina pode interagir com anticoncepcionais orais, dimi-
Duração: 6 doses. nuindo a sua ação.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose su-
pervisionada. Efeitos colaterais dos medicamentos e condutas
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 6 doses Os medicamentos em geral, aqueles utilizados na poliquimio-
supervisionadas, em até 9 meses. Na 6ª dose, os pacientes deve- terapia e no tratamento dos estados reacionais, também podem
rão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica provocar efeitos colaterais. No entanto, os trabalhos bem contro-
simplificada e do grau de incapacidade física e receber alta por cura. lados, publicados na literatura disponível, permitem afirmar que o
tratamento PQT/OMS raramente precisa ser interrompido em vir-
Quadro 7. Esquemas terapêuticos utilizados para Multibacilar: tude de efeitos colaterais.
12 cartelas A equipe da unidade básica precisa estar sempre atenta para
essas situações, devendo, na maioria das vezes, encaminhar a pes-
Adulto Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas soa à unidade de referência para receber o tratamento adequado.
de 300mg), com administração supervisionada. A seguir, são apresentados os possíveis efeitos colaterais dos
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg, supervisionada, e uma medicamentos utilizados na PQT/OMS e no tratamento dos esta-
dose diária de 100mg, autoadministrada. dos reacionais, bem como as principais condutas a serem adotadas
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (3 cápsulas de para combatê-los. O diagnóstico desses efeitos colaterais é funda-
100mg), com administração supervisionada, e uma dose diária de mentalmente baseado nos sinais e sintomas por eles provocados.
50mg, autoadministrada.

Criança Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula


de 150mg e 1 cápsula de 300 mg), com administração supervisio-
nada.

302
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Efeitos colaterais da rifampicina - neuropatia periférica, não comum no Brasil, pode ocorrer em
doses acumuladas acima de 40g, sendo mais frequente em pacien-
Cutâneos – rubor de face e pescoço, prurido e rash cutâneo tes acima de 65 anos de idade.
generalizado.
Gastrointestinais – diminuição do apetite e náuseas. Ocasio- Efeitos colaterais dos corticosteroides
nalmente, podem ocorrer vômitos, diarreias e dor abdominal leve. - Hipertensão arterial;
Hepáticos – mal-estar, perda do apetite, náuseas, podendo - disseminação de infestação por Strongyloides stercoralis;
ocorrer também icterícia. São descritos dois tipos de icterícias: a - disseminação de tuberculose pulmonar;
leve ou transitória e a grave, com danos hepáticos importantes. A - distúrbios metabólicos: redução de sódio e potássio, aumen-
medicação deve ser suspensa e o paciente encaminhado à unidade to das taxas de glicose no sangue, alteração no metabolismo do
de referência se as transaminases e/ou bilirrubinas aumentarem cálcio, levando à osteoporose e à síndrome de Cushing;
mais de duas vezes o valor normal. - gastrointestinais: gastrite e úlcera péptica;
Hematopoéticos – trombocitopenia, púrpuras ou sangramen- - outros efeitos: agravamento de infecções latentes, acne cor-
tos anormais, como epistaxes. Podem também ocorrer hemorra- tisônica e psicoses.
gias gengivais e uterinas. Nesses casos, o paciente deve ser encami-
nhado ao hospital. Condutas gerais em relação aos efeitos colaterais dos medi-
Anemia hemolítica – tremores, febre, náuseas, cefaleia e, às camentos
vezes, choque, podendo também ocorrer icterícia leve. Raramente A equipe de saúde deve estar sempre atenta para a possibilida-
ocorre uma síndrome “pseudogripal”, quando o paciente apresen- de de ocorrência de efeitos colaterais dos medicamentos utilizados
ta: febre, calafrios, astenia, mialgias, cefaleia, dores ósseas. Esse na PQT e no tratamento dos estados reacionais, devendo realizar
quadro pode evoluir com eosinofilia, nefrite intersticial, necrose imediatamente a conduta adequada.
tubular aguda, trombocitopenia, anemia hemolítica e choque. Esta
síndrome, muito rara, se manifesta a partir da 2ª ou 4ª dose super- Condutas no caso de náuseas e vômitos incontroláveis
visionada, devido à hipersensibilidade por formação de anticorpos - Suspender o tratamento;
anti-rifampicina, quando o medicamento é utilizado em dose inter- - encaminhar o paciente para a unidade de referência;
mitente. - solicitar exames complementares, para realizar diagnóstico
A coloração avermelhada da urina não deve ser confundida diferencial com outras causas;
com hematúria. A secreção pulmonar avermelhada não deve ser - investigar e informar à unidade de referência se os efeitos
confundida com escarros hemoptóicos. A pigmentação conjuntival ocorrem após a ingestão da dose supervisionada de rifampicina, ou
não deve ser confundida com icterícia. após as doses autoadministradas de dapsona.

Efeitos colaterais da clofazimina Condutas no caso de icterícia


Cutâneos – ressecamento da pele, que pode evoluir para ic- - Suspender o tratamento se houver alteração das provas de
tiose, alteração na coloração da pele e suor. Nas pessoas de pele função hepática, com valores superiores a duas vezes os normais;
escura, a cor pode se acentuar; nas pessoas claras, a pele pode ficar - encaminhar o paciente à unidade de referência;
com uma coloração avermelhada ou adquirir um tom acinzentado, - fazer a avaliação da história pregressa: alcoolismo, hepatite e
devido à impregnação e ao ressecamento. Esses efeitos ocorrem outras doenças hepáticas;
mais acentuadamente nas lesões hansênicas e regridem, muito len- - solicitar exames complementares necessários para realizar
tamente, após a suspensão do medicamento. diagnóstico diferencial;
Gastrointestinais – diminuição da peristalse e dor abdominal, - investigar se a ocorrência deste efeito está relacionada com a
devido ao depósito de cristais de clofazimina nas submucosas e lin- dose supervisionada de rifampicina ou com as doses autoadminis-
fonodos intestinais, resultando na inflamação da porção terminal tradas de dapsona.
do intestino delgado. Esses efeitos poderão ser encontrados, com
maior frequência, na utilização de doses de 300mg/dia por perío- Condutas no caso de anemia hemolítica
dos prolongados, superiores a 90 dias. - Suspender o tratamento;
- encaminhar o paciente à unidade de referência ou ao hema-
Efeitos colaterais da dapsona tologista para avaliação e conduta;
Cutâneos – síndrome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliati- - investigar se a ocorrência desse efeito está relacionada com a
va ou eritrodermia. dose supervisionada de rifampicina ou com as doses autoadminis-
Hepáticos – icterícias, náuseas e vômitos. tradas de dapsona.
Hemolíticos – tremores, febre, náuseas, cefaleia, às vezes cho-
que, podendo também ocorrer icterícia leve, metaemoglobinemia, Condutas no caso de metaemoglobinemia
cianose, dispneia, taquicardia, fadiga, desmaios, anorexia e vômi- Leve – suspender o medicamento e encaminhar o paciente
tos. para unidade de referência; observar, pois geralmente ela desapa-
Outros efeitos colaterais raros podem ocorrer, tais como insô- rece, gradualmente, com a suspensão do medicamento;
nia e neuropatia motora periférica. Grave – encaminhar para internação hospitalar.

Efeitos colaterais dos medicamentos utilizados nos episódios Condutas no caso de síndrome pseudogripal
reacionais - Suspender a rifampicina imediatamente, encaminhar o pa-
ciente para unidade de referência e avaliar a gravidade do quadro;
Efeitos colaterais da talidomida - nos quadros leves, administrar anti-histamínico, antitérmico
- Teratogenicidade; e deixar o paciente sob observação por, pelo menos, 6 horas;
- sonolência, edema unilateral de membros inferiores, consti-
pação intestinal, secura de mucosas e, mais raramente, linfopenia;

303
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- nos casos moderados e graves, encaminhar o paciente à uni- - orientar repouso do membro afetado, em caso de suspeita
dade de referência para administrar corticosteróides (hidrocortiso- de neurite;
na, 500mg/250ml de soro fisiológico – 30 gotas/minuto, via intrave- - iniciar prednisona na dose de 1 a 2mg/kg peso/dia, devendo-
nosa) e, em seguida, (prednisona via oral, com redução progressiva -se tomar as seguintes precauções para a sua utilização: garantia de
da dose até a retirada completa. acompanhamento médico, registro do peso, da pressão arterial, da
taxa de glicose no sangue, tratamentos profiláticos da estrongiloi-
Condutas no caso de efeitos cutâneos provocados pela clo- díase e da osteoporose.
fazimina
Prescrever a aplicação diária de óleo mineral ou creme de O acompanhamento dos casos com reação deverá ser reali-
ureia, após o banho, e orientar para evitar a exposição solar, a fim zado por profissionais com maior experiência ou por unidades de
de minimizar esses efeitos. maior complexidade. Para o encaminhamento, deverá ser utilizada
a ficha de referência/c,*ontrarreferência padronizada pelo municí-
Condutas no caso de farmacodermia leve até síndrome de Ste- pio, contendo todas as informações necessárias, incluindo a data
vens-Johnson, dermatite esfoliativa ou eritrodermia provocados do início do tratamento, esquema terapêutico, número de doses
pela dapsona administradas e o tempo de tratamento.
Interromper definitivamente o tratamento com a dapsona e O tratamento dos estados reacionais é geralmente ambulato-
encaminhar o paciente à unidade de referência. rial e deve ser prescrito e supervisionado por um médico.

Condutas no caso de efeitos colaterais provocados pelos cor- Reação Tipo 1 ou reação reversa (RR)
ticosteroides - Iniciar prednisona na dose de 1 a 2 mg/kg/dia, conforme ava-
- Observar as precauções ao uso de corticosteróides; liação clínica;
- encaminhar imediatamente à unidade de referência. - manter a poliquimioterapia, se o doente ainda estiver em tra-
tamento específico;
Ao referenciar a pessoa em tratamento para outro serviço, en- - imobilizar o membro afetado com tala gessada, em caso de
viar, por escrito, todas as informações disponíveis: quadro clínico, neurite associada;
tratamento PQT, resultados de exames laboratoriais (baciloscopia - monitorar a função neural sensitiva e motora;
e outros), número de doses tomadas, se apresentou episódios re- - reduzir a dose de corticóide, conforme resposta terapêutica;
acionais, qual o tipo, se apresentou ou apresenta efeito colateral à - programar e realizar ações de prevenção de incapacidades.
alguma medicação, causa provável do quadro, entre outras. Na utilização da prednisona, devem ser tomadas algumas pre-
cauções:
Esquemas terapêuticos alternativos - registro do peso, da pressão arterial e da taxa de glicose no
A substituição do esquema padrão por esquemas alternativos sangue para controle;
deverá acontecer, quando necessária, sob orientação de serviços - fazer o tratamento antiparasitário com medicamento espe-
de saúde de maior complexidade. cífico para Strongiloydes stercoralis, prevenindo a disseminação
Tratamento de reações hansênicas sistêmica desse parasita (Tiabendazol 50mg/kg/dia, em 3 tomadas,
Para o tratamento das reações hansênicas é imprescindível: por 2 dias, ou 1,5g/dose única; ou Albendazol, na dose de 400mg/
- diferenciar o tipo de reação hansênica; dia, durante 3 dias consecutivos).
- avaliar a extensão do comprometimento de nervos periféri- - a profilaxia da osteoporose deve ser feita com Cálcio 1.000mg/
cos, órgãos e outros sistemas; dia, Vitamina D 400-800UI/dia ou Bifosfonatos (por exemplo, Alen-
- investigar e controlar fatores potencialmente capazes de de- dronato 10 mg/dia, administrado com água, pela manhã, em je-
sencadear os estados reacionais; jum).
- conhecer as contraindicações e os efeitos adversos dos me-
dicamentos utilizados no tratamento da hanseníase e em seus es- Recomenda-se que o desjejum ou outra alimentação matinal
tados reacionais; ocorra, no mínimo, 30 minutos após a ingestão do comprimido da
- instituir, precocemente, a terapêutica medicamentosa e me- alendronato).
didas coadjuvantes adequadas visando a prevenção de incapacida-
des; Reação Tipo 2 ou eritema nodoso hansênico (ENH)
- encaminhar os casos graves para internação hospitalar.
A talidomida é a droga de escolha na dose de 100 a 400mg/dia,
Atenção: A ocorrência de reações hansênicas não contraindica conforme a intensidade do quadro (para mulheres em idade fértil,
o início da PQT/OMS, não implica na sua interrupção e não é in- observar a Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, que dispõe sobre o
dicação de reinício da PQT, se o paciente já houver concluído seu uso da talidomida). Na impossibilidade do seu uso, prescrever pred-
tratamento. nisona, na dose 1 a 2mg/kg/dia:
- manter a poliquimioterapia, se o doente ainda estiver em tra-
As reações com ou sem neurites devem ser diagnosticadas por tamento específico;
meio da investigação cuidadosa dos sinais e sintomas específicos, - introduzir corticosteróide em caso de comprometimento
valorização das queixas e exame físico geral, com ênfase na ava- neural, segundo o esquema já referido;
liação dermatológica e neurológica simplificada. Essas ocorrências - imobilizar o membro afetado em caso de neurite associada;
deverão ser consideradas como situações de urgência e encami- - monitorar a função neural sensitiva e motora;
nhadas às unidades de maior complexidade para tratamento nas - reduzir a dose da talidomida e/ou do corticóide, conforme
primeiras 24 horas. resposta terapêutica;
Nas situações onde há dificuldade de encaminhamento ime- - programar e realizar ações de prevenção de incapacidades.
diato, os seguintes procedimentos deverão ser aplicados até a ava-
liação:

304
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Outras indicações da corticoterapia para reação tipo 2 (ENH) Seguimento de casos
- mulheres grávidas e sob risco de engravidar: irite ou iridoci- Os pacientes devem ser agendados para retorno a cada 28
clite; orquiepididimite; dias. Nessas consultas, eles tomam a dose supervisionada no servi-
- mãos e pés reacionais: glomerulonefrite; eritema nodoso ne- ço de saúde e recebem a cartela com os medicamentos das doses
crotizante; vasculites; a serem autoadministradas em domicílio. Essa oportunidade deve
- artrite: contraindicações da talidomida. ser aproveitada para avaliação do paciente, esclarecimento de dú-
vidas e orientações. Além disso, deve-se reforçar a importância do
Conduta nos casos de reação crônica ou subintrante – a rea- exame dos contatos e agendar o exame clínico e a vacinação dos
ção subintrante é a reação intermitente, cujos surtos são tão fre- contatos.
quentes que, antes de terminado um, surge o outro. Esses casos O cartão de agendamento deve ser usado para registro da data
respondem ao tratamento com corticosteróides e/ou talidomida, de retorno à unidade de saúde e para o controle da adesão ao tra-
mas, tão logo tamento. Os pacientes que não comparecerem à dose supervisio-
a dose seja reduzida ou retirada, a fase aguda recrudesce. Nes- nada deverão ser visitados, no máximo, em 30 dias, nos seus domi-
ses casos recomenda-se: cílios, com o objetivo de manter o tratamento e evitar o abandono.
- observar a coexistência de fatores desencadeantes, como pa- No retorno para tomar a dose supervisionada, o paciente deve
rasitose intestinal, infecções concomitantes, cárie dentária, estres- ser submetido à revisão sistemática por médico responsável pelo
se emocional; monitoramento clínico e terapêutico. Essa medida visa identificar
- utilizar a clofazimina, associada ao corticosteróide, no seguin- reações hansênicas, efeitos adversos aos medicamentos e dano
te esquema: clofazimina em dose inicial de 300mg/dia por 30 dias, neural. Em caso de reações ou outras intercorrências, os pacientes
200mg/dia por mais 30 dias e 100mg/dia por mais 30 dias. devem ser examinados em intervalos menores.
Técnicas de autocuidados devem fazer parte das orientações
Esquema terapêutico alternativo para reação tipo 2 – utilizar a de rotina do atendimento mensal, sendo recomendada a organiza-
pentoxifilina. na dose de 1.200mg/dia, dividida em doses de 400mg ção de grupos de pacientes e familiares ou outras pessoas de sua
de 8/8 horas, associada ou não ao corticóide. Pode ser uma opção convivência, que possam apoiá-los na execução dos procedimentos
para os casos onde a talidomida for contraindicada, como em mu- recomendados.
lheres em idade fértil. A pentoxifilina pode beneficiar os quadros A prática das técnicas de autocuidado deve ser avaliada siste-
com predomínio de vasculites. maticamente, para evitar piora do dano neural por execução inade-
Reduzir a dose conforme resposta terapêutica, após pelo me- quada. Em todas as situações, o esforço realizado pelos pacientes
nos 30 dias, observando a regressão dos sinais e sintomas gerais e deve ser valorizado para estimular a continuidade das práticas de
dermatoneurológicos. autocuidado. Os efeitos adversos às medicações que compõem a
Tratamento cirúrgico das neurites – este tratamento é indica- PQT não são frequentes, que, em geral, são bem toleradas. Mais
do depois de esgotados todos os recursos clínicos para reduzir a de 25 milhões de pessoas já utilizaram a PQT, nos últimos 25 anos.
compressão do nervo periférico por estruturas anatômicas constri- Nos casos suspeitos de efeitos adversos às drogas da PQT, de-
tivas próximas. O paciente deverá ser encaminhado para avaliação ve-se suspender temporariamente o esquema terapêutico, com
em unidade de referência de maior complexidade, para descom- imediato encaminhamento do paciente para avaliação em unida-
pressão neural cirúrgica, de acordo com as seguintes indicações: des de saúde de média ou alta complexidade, que contarão com o
- abscesso de nervo; apoio de exames laboratoriais complementares e que farão a pres-
- neurite que não responde ao tratamento clínico padronizado, crição da conduta adequada. Casos de hanseníase que apresentem
em 4 semanas; outras doenças associadas (AIDS, tuberculose, nefropatias, hepato-
- neurites subintrantes; patias, endocrinopatias), se necessário, devem ser encaminhados
- neurite do nervo tibial após avaliação, por ser, geralmente, às unidades de saúde de maior complexidade para avaliação.
silenciosa e, nem sempre, responder bem ao corticóide. A cirurgia
pode auxiliar na prevenção da ocorrência de úlceras plantares. Critérios de alta por cura
O encerramento da poliquimioterapia deve ser estabelecido
Dor neural não controlada e/ou crônica – a dor neuropática segundo os critérios de regularidade ao tratamento: número de
(neuralgia) pode ocorrer durante o processo inflamatório, associa- doses e tempo de tratamento, de acordo com cada esquema men-
do ou não à compressão neural, ou por sequela da neurite, deven- cionado anteriormente, sempre com avaliação neurológica simplifi-
do ser contemplada no tratamento da neuropatia. Pacientes com cada, avaliação do grau de incapacidade física e orientação para os
dores persistentes, com quadro sensitivo e motor normal ou sem cuidados após a alta. Situações a serem observadas:
piora, devem ser encaminhados aos centros de referência para o Condutas para pacientes irregulares – os pacientes que não
tratamento adequado. completaram o tratamento preconizado PB (6 doses, em até 9 me-
- Para pacientes com quadro neurológico de difícil controle, as ses) e MB (12 doses, em até 18 meses) deverão ser avaliados quan-
unidades de referência poderão também adotar protocolo clínico to à necessidade de reinício ou possibilidade de aproveitamento
de pulsoterapia com metilprednisolona endovenosa, na dose de 1g de doses anteriores, visando a finalização do tratamento dentro do
por dia, até melhora acentuada dos sinais e sintomas, até o máximo prazo preconizado.
de 3 pulsos seguidos, em ambiente hospitalar, por profissional ex- Condutas para indicação de outro ciclo de tratamento em pa-
periente, quando será substituída por prednisona via oral. cientes MB – para o paciente MB sem melhora clínica ao final das
- Para pacientes com dor persistente e quadro sensitivo e mo- 12 doses PQT/OMS, a indicação de um segundo ciclo de 12 doses de
tor normal ou sem piora, poderão ser utilizados antidepressivos tri- tratamento deverá ser baseada na associação de sinais de atividade
cíclicos (Amitriptilina, Nortriptilina, Imipramina, Clomipramina) ou da doença, mediante exame clínico e correlação laboratorial (baci-
fenotiazínicos (Clorpromazina, Levomepromazina) ou anticonvulsi- loscopia e, se indicada, histopatologia), em unidades de referência.
vantes (Carbamazepina, Oxicarbamazepina, Gabapentina, Topira-
mato).

305
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Hanseníase e gestação – em que pese a recomendação de se aplicados e ensinados ao paciente pelas unidades básicas de saúde,
restringir a ingestão de drogas no primeiro trimestre da gravidez, os durante o acompanhamento do caso e após a alta, com o propósito
esquemas PQT/OMS, para tratamento da hanseníase, têm sua uti- de prevenir incapacidades e deformidades físicas decorrentes da
lização recomendada. Contudo, mulheres com diagnóstico de han- hanseníase. Autocuidados são procedimentos que o próprio pa-
seníase e não grávidas devem receber aconselhamento para pla- ciente, devidamente orientado, deverá realizar regularmente no
nejar a gestação após a finalização do tratamento de hanseníase. seu domicílio.
As alterações hormonais da gravidez causam diminuição da
imunidade celular, fundamental na defesa contra o M. leprae. Por- Indicação de cirurgia de reabilitação
tanto, é comum que os primeiros sinais de hanseníase, em uma O paciente com incapacidade instalada, apresentando mão
pessoa já infectada, apareçam durante a gravidez e no puerpério, em garra, pé caído e lagoftalmo, bem como outras incapacidades,
quando também podem ocorrer os estados reacionais e os episó- tais como madarose superciliar, desabamento da pirâmide nasal,
dios de recidivas. A gestação, nas mulheres portadoras de hansení- queda do lóbulo da orelha, atrofia cutânea da face, deverão ser en-
ase, tende a apresentar poucas complicações, exceto pela anemia, caminhados para avaliação e indicação de cirurgia de reabilitação
comum em doenças crônicas. Os recém-nascidos, porém, podem em centros de referência de alta complexidade, de acordo com os
apresentar a pele hiperpigmentada pela clofazimina, ocorrendo a seguintes critérios: ter completado o tratamento PQT e estar sem
regressão gradual da pigmentação após a parada da PQT/OMS. apresentar estados inflamatórios reacionais há, pelo menos, 1 ano.
Hanseníase e tuberculose – para o paciente com tuberculose
e hanseníase deve ser mantido o esquema terapêutico apropriado Situações pós-alta por cura
para a tuberculose (lembrando que, nesse caso, a dose de rifam-
picina, de 600mg, será administrada diariamente), acrescido dos Reações pós-alta por cura
medicamentos específicos para a hanseníase, nas doses e tempos Pacientes que, no momento da alta por cura, apresentam rea-
previstos no esquema padrão PQT/OMS: ções ou deficiências sensitivomotoras e/ou incapacidades deverão
- para os casos paucibacilares, acrescenta-se a dapsona; ser monitorados. Os pacientes deverão ser orientados para retorno
- para os casos multibacilares, acrescenta-se a dapsona e a clo- imediato à unidade de saúde, em caso de aparecimento de novas
fazimina até o término do tratamento da tuberculose, quando de- lesões de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos
verá ser acrescida a rifampicina do esquema padrão da hanseníase; e/ou piora da função sensitiva e/ou motora. O acompanhamento
- para os casos que não utilizam a rifampicina no tratamento da dos casos após a alta consiste no atendimento às possíveis inter-
tuberculose, por contraindicação dessa droga, utilizar o esquema corrências que possam ocorrer com as pessoas que já concluiram o
substitutivo próprio para estes casos, na hanseníase; tratamento PQT/OMS.
- para os casos que não utilizam a rifampicina no tratamento da As pessoas que apresentarem intercorrências após a alta de-
tuberculose por resistência do Mycobacterium tuberculosis a essa verão ser tratadas na unidade básica de saúde, por profissional de
droga, utilizar o esquema padrão PQT/OMS da hanseníase. saúde capacitado, ou em uma unidade de referência ambulatorial,
por médico treinado. Somente os casos graves, bem como os que
Hanseníase e infecção pelo HIV e/ou Aids – para o paciente apresentarem reações reversas graves deverão ser encaminhados
com infecção pelo HIV e/ou aids e hanseníase, deve ser mantido para hospitalização.
o esquema PQT/OMS, de acordo com a classificação operacional. É importante diferenciar um quadro de estado reacional de um
caso de recidiva. No caso de estados reacionais, a pessoa deverá re-
Hanseníase e outras doenças – em casos de associação da han- ceber tratamento antirreacional, sem reiniciar, porém, o tratamen-
seníase com doenças hepáticas, renais ou hematológicas, a escolha to PQT/OMS. No caso de suspeita de recidiva, o paciente deverá ser
do melhor esquema terapêutico para tratar a hanseníase deverá encaminhado para um centro de referência para confirmação da
ser discutida com especialistas das referidas áreas. recidiva e reinício do tratamento PQT/OMS.
Prevenção e tratamento de incapacidades físicas
Recidiva
A principal forma de prevenir a instalação de deficiências e in- Os casos de recidiva em hanseníase são raros em pacientes
capacidades físicas é o diagnóstico precoce. A prevenção de defici- tratados regularmente, com os esquemas poliquimioterápicos.
ências (temporárias) e incapacidades (permanentes) não deve ser Geralmente, ocorrem em período superior a 5 anos após a cura.
dissociada do tratamento PQT. As ações de prevenção de incapaci- É considerado um caso de recidiva aquele que completar com êxi-
dades e deficiências fazem parte da rotina dos serviços de saúde e to o tratamento PQT/OMS e que, depois, venha, eventualmente,
recomendadas para todos os pacientes. desenvolver novos sinais e sintomas da doença. A maior causa de
A avaliação neurológica deve ser realizada: recidivas é o tratamento PQT/OMS inadequado ou incorreto. O tra-
- no início do tratamento; tamento, portanto, deverá ser repetido integralmente, de acordo
- a cada 3 meses durante o tratamento, se não houver queixas; com a classificação paucibacilar ou multibacilar. Deve haver a ad-
- sempre que houver queixas, tais como: dor em trajeto de ner- ministração regular dos medicamentos, pelo tempo estipulado no
vos, fraqueza muscular, início ou piora de queixas parestésicas; esquema.
- no controle periódico de pacientes em uso de corticóides, em Nos paucibacilares, muitas vezes é difícil distinguir a recidiva
estados reacionais e neurites; da reação reversa. No entanto, é fundamental que se faça a iden-
- na alta do tratamento; tificação correta da recidiva. Quando se confirmar uma recidiva,
- no acompanhamento pós-operatório de descompressão neu- após exame clínico e baciloscópico, a classificação do doente deve
ral, com 15, 45, 90 e 180 dias. ser criteriosamente reexaminada para que se possa reiniciar o tra-
tamento PQT/OMS adequado. Nos multibacilares, a recidiva pode
Autocuidados manifestar-se como uma exacerbação clínica das lesões existentes
A prevenção das incapacidades físicas é realizada através de e com o aparecimento de lesões novas. Quando se confirmar a re-
técnicas simples e de orientação ao paciente para a prática regu- cidiva, o tratamento PQT/OMS deve ser reiniciado.
lar de autocuidado. Técnicas simples são procedimentos a serem

306
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No caso de recidiva, a suspensão da quimioterapia dar-se-á Poucos nervos podem ser
quando a pessoa em tratamento tiver completado as doses preco- Resposta a medica-
envolvidos, com alterações
nizadas, independente da situação clínica e baciloscópica, e signifi- mentos antirreacio-
sensitivo-motoras de
ca, também, a saída do registro ativo, já que não mais será compu- nais.
evolução mais lenta.
tada no coeficiente de prevalência.
Excelente.
Critérios clínicos para a suspeição de recidiva Não pronunciada.
O diagnóstico diferencial entre reação e recidiva deverá ser
baseado na associação de exames clínico e laboratoriais, especial- Apesar da eficácia comprovada dos esquemas PQT/OMS, a vi-
mente, a baciloscopia, nos casos MB. Os casos que não responde- gilância da resistência medicamentosa deve ser iniciada. Para tan-
rem ao tratamento proposto para os estados reacionais deverão to, as unidades de referência devem encaminhar coleta de material
ser encaminhados a unidades de referência para confirmação de de casos de recidiva confirmada em multibacilares, aos centros na-
recidiva. cionais de referência indicados para esse fim.
Os critérios clínicos, para o diagnóstico de recidiva (Quadro 9),
segundo a classificação operacional são:
Paucibacilares (PB) – paciente que, após alta por cura, apre- DENGUE
sentar dor no trajeto de nervos, novas áreas com alterações de
sensibilidade, lesões novas e/ou exacerbação de lesões anteriores, Sintomas
que não respondem ao tratamento com corticosteróide, por pelo A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes
menos 90 dias. aegypti. A infecção por dengue pode ser assintomática, leve ou cau-
Multibacilares (MB) – paciente que, após alta por cura, apre- sar doença grave, levando à morte. Normalmente, a primeira ma-
sentar: lesões cutâneas e/ou exacerbação de lesões antigas; novas nifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto,
alterações neurológicas, que não respondem ao tratamento com que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça,
talidomida e/ou corticosteróide nas doses e prazos recomendados; dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos
baciloscopia positiva; ou quadro clínico compatível com pacientes olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos
virgens de tratamento. são comuns. Na fase febril inicial da doença pode ser difícil dife-
renciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa
Quadro 9. Critérios clínicos para diagnóstico de recidiva e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre
outros sintomas.
Características
Transmissão
Reação A principal forma de transmissão é pela picada dos mosqui-
Período de ocorrên- tos Aedes aegypti. Há registros de transmissão vertical (gestante
Recidiva
cia - bebê) e por transfusão de sangue. Existem quatro tipos diferentes
Frequente durante a PQT de vírus do dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
e/ou menos frequente no
período de 2 a 3 anos após Prevenção
término do tratamento. Uma forma de prevenção é acabar com o mosquito, mantendo
o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis criadouros. Rou-
Em geral, período superior a pas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os
Surgimento
5 anos após término da PQT. mosquitos são mais ativos, proporcionam alguma proteção às pica-
Súbito e inesperado. das e podem ser adotadas principalmente durante surtos. Repelen-
tes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções
Lento e insidioso. Lesões antigas
do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles
Algumas ou todas podem que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas
se tornar eritematosas, e trabalhadores noturnos).
brilhantes, intumescidas e
infiltradas. ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Geralmente imperceptíveis. Lesões recentes Descrição - Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de
curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresen-
Em geral, múltiplas. te: infecção inaparente, dengue clássico(DC), febre hemorrágica da
Poucas. Ulceração dengue (FHD) ou síndrome de choque da dengue (SCD). A DC, em
Pode ocorrer. geral, se inicia abruptamente com febre alta (39° a 40°), seguida
de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor re-
Re- troorbitária, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo, hepa-
Raramente ocorre.
gressão tomegalia (ocasional), dor abdominal generalizada (principalmente
Presença de descamação. em crianças). Pequenas manifestações hemorrágicas (petéquias,
epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e
Comprometimento
Ausência de descamação. metrorragia) podem ocorrer. Dura cerca de 5 a 7 dias, quando há
neural
regressão dos sinais e sintomas, podendo persistir a fadiga. Na FHD
Muitos nervos podem ser e SCD, os sintomas iniciais são semelhantes aos da DC, mas no ter-
rapidamente envolvidos, ceiro ou quarto dia o quadro se agrava com dor abdominal, sinais
ocorrendo dor e alterações de debilidade profunda, agitação ou letargia, palidez de face, pulso
sensitivo-motoras. rápido e débil, hipotensão com diminuição da pressão diferencial,

307
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
manifestações hemorrágicas espontâneas (petéquias, equimoses, de infecção recente ou ativa. Outras técnicas também são utiliza-
púrpura, sangramento do trato gastrointestinal), derrames cavitá- das no diagnóstico sorológico do vírus do dengue, porém requerem
rios, cianose e diminuição brusca da temperatura. Um achado labo- sorologia com amostras pareadas. Inibição de Hemaglutinação (IH);
ratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração Teste de Neutralização (N); Fixação de Complemento (FC);
concomitante.
A principal característica fisiopatológica associada ao grau de b) Inespecíficos - Alterações Laboratoriais: DC - leucopenia,
severidade da FHD é o extravasamento do plasma, que se manifes- embora possa ocorrer leucocitose. linfocitose com atipia linfocitá-
ta por meio de valores crescentes do hematócrito e hemoconcen- ria e trombocitopenia. DH - deve-se dar particular atenção à dosa-
tração. Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente gem do hematócrito e hemoglobina para verificação de hemocon-
encontrada é a prova do laço positiva (Quadro 1). Nos casos graves centração, que indica a gravidade do caso e orienta a terapêutica
de FHD, o maior número de casos de choque ocorre entre o 3º e (Quadro 2). Ocorrem alterações no coagulograma (aumento do
7º dias de doença, geralmente precedido por dores abdominais tempo de protrombina, tromboplastina parcial e trombina) com di-
(quadro 1). O choque é decorrente do aumento de permeabilidade minuição do fibrinogênio, fator VIII e XII, antitrombina e antiplasmi-
vascular, seguida de hemoconcentração e falência circulatória. É de na, diminuição da albumina e alterações das enzimas hepáticas. A
curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recupe- confiabilidade dos resultados dos testes laboratoriais depende dos
ração rápida, após terapia anti-choque. cuidados durante a coleta, manuseio, acondicionamento e trans-
porte das amostras.
Sinonímia - Febre de quebra ossos. Diagnóstico diferencial - DC: gripe, rubéola, sarampo. FHD e
Agente etiológico - É o vírus do dengue (RNA). Arbovírus do gê- SCD - infecções virais e bacterianas, choque endotóxico, leptospi-
nero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae, com 4 sorotipos rose, febre amarela, hepatites infecciosas e outras febres hemor-
conhecidos: 1, 2, 3 e 4. rágicas.
Vetores hospedeiros - Os vetores são mosquitos do gênero Tratamento - DC: sintomáticos (não usar ácido acetil-salicílico).
Aedes. Nas Américas, o vírus da dengue persiste na natureza me- FHD: alguns sinais de alerta (Quadro 1)precisam ser observados:
diante o ciclo de transmissão homem - Aedes aegypti - homem. O dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hepato-
Aedes albopictus, já presente nas Américas e com ampla dispersão megalia dolorosa, derrames cavitários, sangramentos importantes,
na região Sudeste do Brasil, até o momento não foi associado à hipotensão arterial (PA sistólica <=80mm Hg, em < 5 anos; PA sis-
transmissão do vírus da dengue nas Américas. A fonte da infecção e tólica <= 90mm Hg, em > 5 anos), diminuição da pressão diferen-
hospedeiro vertebrado é o homem. Foi descrito, na Ásia e na África, cial (PA sistólica - PA diastólica <= 20mm Hg), hipotensão postural
um ciclo selvagem envolvendo o macaco. (PA sistólica sentado - PA sistólica em pé com diferença maior que
Modo de transmissão - A transmissão se faz pela picada da fê- 10mm Hg), diminuição da diurese, agitação, letargia, pulso rápido e
mea do mosquito Aedes aegypti, no ciclo homem - Aedes aegypti fraco, extremidades frias, cianose, diminuição brusca da tempera-
- homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está tura corpórea associada à sudorese profusa, taquicardia, lipotimia
apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação extrín- e aumento repentino do hematócrito. Aos primeiros sinais de cho-
seca. A transmissão mecânica também é possível, quando o repas- que, o paciente deve ser internado imediatamente para correção
to é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num rápida de volume de líquidos perdidos e da acidose. Durante uma
hospedeiro suscetível próximo. Não há transmissão por contato administração rápida de fluidos, é particularmente importante es-
direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, tar atento a sinais de insuficiência cardíaca.
nem por fontes de água ou alimento.
Características epidemiológicas - O dengue tem sido relatado
Período de incubação - De 3 a 15 dias, em média 5 a 6 dias. há mais de 200 anos. Na década de 50, a febre hemorrágica da den-
gue - FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e Tailândia.
Período de transmissibilidade - O homem infecta o mosquito Após a década de 60, a circulação do vírus da dengue intensificou-
durante o período de viremia, que começa um dia antes da febre e -se nas Américas. A partir de 1963, houve circulação comprovada
perdura até o sexto dia de doença. dos sorotipos 2 e 3 em vários países. Em 1977, o sorotipo 1 foi intro-
duzido nas Américas, inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980,
Complicações - Choque decorrente do aumento da permeabili- foram notificadas epidemias em vários países, aumentando consi-
dade capilar, seguido de hemoconcentração e falência circulatória. deravelmente a magnitude do problema. Cabe citar: Brasil (1982,
1986, 1998, 2002), Bolívia (1987), Paraguai (1988), Equador (1988),
Diagnóstico - Na DC, o diagnóstico é clínico e laboratorial nos Peru (1990) e Cuba (1977/1981). A FHD afetou Cuba em 1981 e
primeiros casos e em seguida, clínico-epidemiológico. A FHD e SCD foi um evento de extrema importância na história da doença nas
necessitam de uma boa anamnese, seguida de exame clínico (vide Américas. Essa epidemia foi causada pelo sorotipo 2, tendo sido
sinais de alerta no quadro 1) com prova do laço (verificar apareci- o primeiro relato de febre hemorrágica da dengue ocorrido fora
mento de petéquias) e confirmação laboratorial específica. do Sudoeste Asiático e Pacífico Ocidental. O segundo surto ocorreu
na Venezuela, em 1989, e, em 1990/1991, alguns casos foram no-
Diagnóstico laboratorial tificados no Brasil (Rio de Janeiro), bem como em 1994 (Fortaleza
a) Específico - Virológico: Isolamento viral; realizado a partir - Ceará).
de amostras de sangue, derivados ou tecidos coletados nos primei- No Brasil há referências de epidemias em 1916, em São Pau-
ros 5 dias após o início da febre, sendo importante para a identi- lo, e em 1923, em Niterói, sem diagnóstico laboratorial. A primei-
ficação do sorotipo viral circulante. Detecção - de antígeno virais ra epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em
e/ou ácido nucléico viral mediante os seguintes métodos: Reação 1981-1982, em Boa Vista - Roraima, causada pelos sorotipos 1 e 4.
em cadeia de polimerase (PCR); Imunofluorescência e Imunohisto- A partir de 1986, foram registradas epidemias em diversos estados
química. Sorológico: Ensaio imunoenzimático para captura de anti- com a introdução do sorotipo 1. A introdução dos sorotipos 2 e 3
corpos IgM (Mac-Elisa),na maioria dos casos requer somente uma foi detectada no estado do Rio de Janeiro em 1990 e dezembro de
amostra de soro, sendo possível realizar o diagnóstico presuntivo 2000 respectivamente. O sorotipo 3 apresentou uma rápida disper-

308
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
são para 24 estados do país no período de 2001-2003. Em 2003 MEDIDAS DE CONTROLE - As medidas de controle se restrin-
apenas os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina não apre- gem ao vetor Aedes aegypti, uma vez que não se tem ainda vacina
sentavam transmissão autóctone da doença. As maiores epidemias ou drogas antivirais específicas. O combate ao vetor deve desen-
detectadas até o momento ocorreram nos anos de 1998 e 2002, volver ações continuadas de inspeções domiciliares, eliminação
com cerca de 530 mil e 800 mil casos notificados, respectivamente. e tratamento de criadouros, priorizando atividades de educação
Os primeiros casos de FHD foram registrados em 1990 no estado do em saúde e mobilização social. A finalidade das ações de rotina é
Rio de Janeiro, após a introdução do sorotipo 2. Nesse ano foram manter a infestação do vetor em níveis incompatíveis com a trans-
confirmados 274 casos que, de uma forma geral, não apresentaram missão da doença. Em situações de epidemias deve ocorrer a in-
manifestações hemorrágicas graves. A faixa etária mais atingida foi tensificação das ações de controle, prioritariamente a eliminação
a de maiores de 14 anos. Na segunda metade da década de 90, de criadouros e o tratamento focal. Além disso, deve ser utilizada
observamos a ocorrência de casos de FHD em diversos estados do a aplicação espacial de inseticida a Ultra Baixo Volume - UBV, ao
país. Nos anos de 2001 e 2002, foi detectado um aumento no total mesmo tempo em que se reestrutura as ações de rotina. Em função
de casos de FHD, potencialmente refletindo a circulação simultânea da complexidade que envolve a prevenção e o controle da dengue,
dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue. A letalidade por FHD se o programa nacional estabeleceu dez componentes de ação, sendo
manteve em torno de 5% no período de 2000- 2003. eles: Vigilância epidemiológica; Combate ao vetor; Assistência aos
pacientes; Integração com a atenção básica (PACS/PSF); Ações de
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA saneamento ambiental; Ações integradas de educação em saúde,
comunicação e mobilização; Capacitação de recursos humanos;
Objetivo - Controlar a ocorrência da doença através do comba- Legislação de apoio ao programa e Acompanhamento e avaliação.
te ao mosquito transmissor. Estes componentes de ação, se convenientemente implementados,
contribuirão para a estruturação de programas permanentes, inte-
Notificação - É doença de notificação compulsória e de inves- grados e intersetoriais, características essenciais para o enfrenta-
tigação obrigatória, principalmente quando se trata dos primeiros mento desse importante problema de saúde pública.
casos de DC diagnosticados em uma área, ou quando se suspeita
de FHD. Os óbitos decorrentes da doença devem ser investigados QUADRO 1. SINAIS DE ALERTA DE DENGUE HEMORRÁGICO.
imediatamente.
-Dor abdominal intensa e contínua
Definição de caso -Vômitos persistentes
Suspeito - Dengue Clássico - Paciente que tenha doença febril -Hepatomegalia dolorosa
aguda com duração máxima de 7 dias, acompanhada de, pelo me- -Derrames cavitários (pleural e/ou abdominal)
nos, dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor retroorbital, mialgia, -Prova do laço positiva*, petéquias, púrpura, hematomas,
artralgia, prostração, exantema. Além desses sintomas, o paciente -Gengivorragia, epistaxe ou metrorragias
deve ter estado, nos últimos quinze dias, em área onde esteja ocor- -Sangramentos importantes
rendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Aedes aegyp- -Hipotensão arterial
ti. Febre Hemorrágica do Dengue - Paciente que apresenta também -Hipotensão postural
manifestações hemorrágicas, variando desde prova do laço positiva -Diminuição de diurese
até fenômenos mais graves, como hematêmase, melena e outros. -Agitação ou letargia
A ocorrência de pacientes com manifestações hemorrágicas, acres- -Pulso rápido e fraco
cidas de sinais e sintomas de choque cardiovascular (pulso arterial -Extremidades frias e cianose
fino e rápido ou ausente, diminuição ou ausência de pressão ar- -Diminuição brusca de temperatura corpórea, associada à su-
terial, pele fria e úmida, agitação), leva à suspeita de síndrome de dorese
choque (SCD). -Taquicardia intensa e lipotímia
Confirmado - Dengue Clássico - O caso confirmado laborato- -Pacientes que apresentarem um ou mais dos sinais de alerta,
rialmente. No curso de uma epidemia, a confirmação pode ser feita acompanhados de evidências de Hemoconcentração (Quadro 2) e
através de critérios clínico-epidemiológicos, exceto nos primeiros Plaquetopenia, devem ser reidratados e permanecer sob observa-
casos da área, que deverão ter confirmação laboratorial. Febre He- ção médica até melhora do quadro.
morrágica do Dengue É o caso em que todos os critérios abaixo
estão presentes: PROVA DO LAÇO
1. Febre ou história de febre recente de 7 dias ou menos;
2. Trombocitopenia (< 100.000/mm3); Colocar o tensiômetro no braço do paciente e insuflar o man-
3. Tendências hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos guito, mantendo-o entre a Tensão Arterial Média (corresponde à
seguintes sinais: prova do laço positiva, petéquias, equimoses ou média aritmética da TA sistólica e TA diastólica) durante 3 minu-
púrpuras e sangramentos de mucosas, do trato gastrointestinal e tos. Verificar se aparecem petéquias abaixo do manguito. A prova
outros; é positiva se aparecerem 20 ou mais petéquias no braço em área
4. Extravasamento de plasma devido ao aumento de perme- correspondente a uma polpa digital (±2,3 cm3).
abilidade capilar, manifestado por: hematócrito apresentando um
aumento de 20% sobre o basal, na admissão; ou queda do hemató- QUADRO 2. DIAGNÓSTICO DE HEMOCONCENTRAÇÃO.
crito em 20%, após o tratamento; ou presença de derrame pleural,
ascite e hipoproteinemia; Valores de referência antes do paciente ser submetido a rei-
5. Confirmação laboratorial específica. SCD: é o caso que apre- dratação:
senta todos os critérios de FHD mais evidências de choque. HEMATÓCRITO: Crianças até 12 anos - Hto > 38%
Mulheres - Hto > 40%
Homens - Hto > 45%

309
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Índice hematócrito/hemoglobina: >3,5 (indicador de hemo- • Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos
concentração simples e prático. Obtém-se dividindo-se o valor do alimentares;
hematócrito pelo da hemoglobina) • Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam
PLAQUETOPENIA: Plaquetas < 100.000 mm3 o sabor dos alimentos;
• Praticar atividade física regular;
• Aproveitar momentos de lazer;
HIPERTENSÃO ARTERIAL • Abandonar o fumo;
• Moderar o consumo de álcool;
A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica • Evitar alimentos gordurosos;
caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas arté- • Controlar o diabetes.
rias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima
são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão Pressão alta na gravidez
alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do As alterações hipertensivas da gestação estão associadas a
que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído correta- complicações graves fetais e maternas e a um risco maior de mor-
mente no corpo. A pressão alta é um dos principais fatores de risco talidade materna e perinatal. Nos países em desenvolvimento, a hi-
para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma pertensão gestacional é a principal causa de mortalidade materna,
arterial e insuficiência renal e cardíaca. sendo responsável por um grande número de internações em cen-
O problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vá- tros de tratamento intensivo.
rios fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os
hábitos de vida do indivíduo. Prevenção
Em mulheres com pressão alta, a avaliação pré-concepcional
Causas da pressão alta permite a exclusão de hipertensão arterial secundária, aferição dos
Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vá- níveis pressóricos, discussão dos riscos de pré-eclâmpsia e orienta-
rios fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre ções sobre necessidade de mudanças de medicações no primeiro
eles: trimestre de gravidez.
• Fumo Mulheres com hipertensão dentro da meta pressórica e com
• Consumo de bebidas alcoólicas acompanhamento regular geralmente apresentam um desfecho
• Obesidade favorável. Por outro lado, mulheres com controle pressórico insa-
• Estresse tisfatório no primeiro trimestre de gravidez têm um risco conside-
• Elevado consumo de sal ravelmente maior de morbimortalidade materna e fetal (JAMES;
• Níveis altos de colesterol NELSON-PIERCY et al., 2004).
• Falta de atividade física;
Tratamento
Além desses fatores de risco, sabe-se que a incidência da pressão O tratamento da pressão alta leve na grávida deve ser focado
alta é maior na raça negra, em diabéticos, e aumenta com a idade. em medidas não farmacológicas, já nas formas moderada e grave
pode-se optar pelo tratamento usual recomendado para cada con-
Sintomas da pressão alta dição clínica específica.
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente Independente da etiologia da hipertensão arterial na gestação,
quando a pressão sobe muito: podem ocorrer dores no peito, dor é fundamental que a equipe de Saúde esteja atenta ao controle
de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada pressórico e avalie a possibilidade de encaminhamento ao serviço
e sangramento nasal. de pré-natal de alto risco.
Tratamento
A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser Profissionais de saúde
controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor méto-
do para cada paciente. Atenção Especializada
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medi- O cuidado ao indivíduo portador de pressão alta, com exames e
camentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa procedimentos mais complexos a complicações provenientes dessa
Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um doença, é realizado no âmbito da média e alta complexidade do
documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do SUS. Estes indivíduos deverão ser encaminhados para pontos de
prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida tan- atenção de densidade tecnológica equivalente e com equipes de
to por um profissional do SUS quanto por um médico que atende saúde preparadas para a abordagem.
em hospitais ou clínicas privadas. Os métodos diagnósticos e terapêuticos para os quais há evi-
dências de eficácia e segurança são ofertados pelos SUS, mediante
Diagnóstico organização da rede pelo gestor local e financiamento via teto de
Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosti- Média e Alta Complexidade, e estão disponíveis no Sistema de Ge-
car a hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir renciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Proce-
a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas dimentos e OPM do SUS (SIGTAP).
com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes
por ano. Protocolos e Diretrizes Terapêuticas
Além disso, as complicações provenientes da pressão alta,
Prevenção como Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral,
Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescin- possuem Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que
dível adotar um estilo de vida saudável: são documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da
doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os

310
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as Diabetes induzido em animais era muito semelhante à forma agu-
posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o da e mais severa do Diabetes humano, inclusive produzindo morte
acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a se- nos animais quando todo o pâncreas era removido. No entanto,
rem seguidos pelos gestores do SUS. Estes são baseados em evidên- quando parte do pâncreas era deixada no animal, ou ainda quan-
cia científica e leva em consideração critérios de eficácia, seguran- do fragmentos do órgão eram implantados sob sua pele, a morte
ça, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas. dos cães não era observada. Este fato levantou a hipótese de que
as alterações metabólicas produzidas após a retirada do pâncreas
poderiam não estar associadas com a ausência da secreção de suco
DIABETES MELLITUS pancreático para o intestino, mas talvez à perda de alguma outra
função do pâncreas.
O Diabetes Mellitus (DM) compreende uma doença milenar Em 1893, Williams e Harsant realizaram a primeira tentativa de
que acompanha a humanidade até os dias de hoje. As primeiras um transplante clínico em humanos após transplantar em um garo-
referências datam aproximadamente do ano 1500 a.C., há mais to diabético de 13 anos, com história de cetoacidose, fragmentos
de 3.000 anos, registradas pelos antigos egípcios nos Papiros de do pâncreas de uma ovelha. Os resultados apontaram uma melhora
Ebers. Nesses documentos foram descritos alguns medicamentos do quadro do paciente, com redução da concentração de glicose na
utilizados para tratar uma condição na qual ocorria uma eliminação urina. Entretanto, o garoto faleceu poucos dias depois.
excessiva de urina (poliúria). Nessa mesma época, os indianos relat- Em torno de 1900, segundo ainda Carvalho, 2007, vários es-
aram que a urina de alguns doentes apresentava sabor adocicado, tudos realizados sugeriram que alguns órgãos poderiam secretar
o que atraia insetos e moscas. Escritos de outras civilizações antigas determinadas substâncias, porém não através de ductos, as quais
(da Ásia Menor, China, Egito e Índia) também fazem referência a exerceriam seus efeitos após entrarem na corrente sanguínea. Es-
uma condição caracterizada por sede excessiva (polidipsia), perda sas substâncias foram mais tarde denominadas de hormônios e os
de peso, infecções e eliminação de grande quantidade de urina ado- órgãos produtores, de glândulas. Dentre os estudos dessa época
cicada . destacam-se as pesquisas realizadas por E. Laguesse, que sugeriram
A primeira descrição clínica sobre a doença foi realizada por que as “ilhotas de Langerhans” poderiam ser as responsáveis pela
volta do ano 1000 a.C., pelos gregos Celsus, Galen e Aretaeus da produção e secreção de hormônios importantes para o metabolis-
Capadócia. Apollonius de Memphis foi quem introduziu o termo Di- mo da glicose.
abetes (do grego, dia = através; betes = passagem) para designar a Na mesma época, como descrito por Aita, 2002, patologistas
doença, uma vez que a eliminação excessiva de água recordava-lhe observaram que as ilhotas pancreáticas encontravam-se danifica-
a passagem de água através de um sifão. O adjetivo mellitus (do das em pessoas que morreram por causa de Diabetes grave. Tão
latim, mel) foi acrescentado por Cullen no século XVIII, em função logo foi estabelecida a ligação entre o pâncreas e o Diabetes, o
do sabor adocicado da urina (International Islet Registry – ITR, tratamento da doença passou a ser feito através de extratos pan-
2008). creáticos. Em Berlim no ano de 1908, Georg Zuelzer experimentou
“Muitas teorias a respeito da patogenia e tratamento do Di- tratar um paciente diabético, que estava morrendo, com um extrato
abetes surgiram após o ano de 47 d.C. No século XVI, o iraniano pancreático que ele chamou “acomatrol”. Apesar de ter se mostra-
Avicenna descreveu os mais importantes sintomas na evolução do do indiscutivelmente efetivo, os efeitos colaterais desse composto
Diabetes, como a gangrena e a disfunção erétil. Entretanto, foi so- extremamente impuro não permitiram a sua aplicação em nível ter-
mente entre os anos de 1780 e 1800 que os pesquisadores Mathew apêutico.
Dobson e John Rollo demonstraram que o diabético apresentava “Edward Schaefer, em 1913 denominou de insulina (do latim,
alta concentração de açúcar na urina e no sangue. Embora a causa insula = ilha) a substância produzida pelas “ilhotas de Langerhans”
do Diabetes ainda fosse desconhecida, esses conhecimentos levar- e concluiu que a mesma era capaz de atuar no metabolismo da gli-
am muitos médicos da época a pesquisarem os órgãos mais afeta- cose. No entanto, a existência da insulina só pôde ser confirmada
dos pela doença. No início do século XIX, Claude Bernard teorizou em 1921, por John Macleod, Frederick Banting e seu aluno Charles
que o DM era causado pela quebra do glicogênio estocado no fíga- Best. Em cães pancreatectomizados foram feitas injeções de extra-
do (glicogenólise). Nesse mesmo período, Ludwig Traube relatava tos pancreáticos de cães saudáveis. Com essa técnica, os cães dia-
que a alta ingestão de carboidratos estava diretamente associada béticos tratados tiveram sua glicemia normalizada. A partir dessa
à quantidade excessiva de açúcar tanto no sangue quanto na uri- descoberta, esses pesquisadores passaram a produzir, pela primeira
na de pacientes diabéticos. Foi somente em 1815 que o químico vez, um tipo de preparação insulínica para o tratamento de DM.
francês Michael Chevreal descobriu que o açúcar presente em alta Inicialmente eles utilizaram extratos pancreáticos de fetos bo-
concentração tratava-se da glicose, embora a causa desse excesso vinos e posteriormente, em colaboração com James Bertram Col-
não tivesse sido estabelecida.“ lip, eles aperfeiçoaram a técnica para a obtenção de uma formu-
Em 1869 o cientista alemão Paul Langerhans, enquanto estuda- lação mais pura. Esse extrato foi, em 1922, injetado em Leonard
va a estrutura do pâncreas através de um microscópio, descreveu a Thompsom, um garoto de 14 anos, portador de DM severo. Além
existência de estruturas celulares espalhadas pelo tecido exócrino, de tornar-se a primeira pessoa a receber uma injeção de insulina, L.
cujas formações anatômicas diferiam do resto do tecido pancreáti- Thompson obteve melhoras significativas da glicemia, ganhou peso
co. Essas estruturas formavam pequenas ilhas celulares espalhadas e pôde viver de maneira mais saudável até a idade adulta. Por esse
pelo tecido pancreático não apresentando, no entanto, comuni- trabalho, F. Banting e J. Macleod receberam, em 1923, o prêmio
cação direta com os ductos excretores. A função dessa pequena Nobel de medicina.” (Carvalho, 2007).
porção de células, mais tarde denominada “ilhotas de Langerhans“, A insulina tornou-se a primeira proteína a ser cristalizada na
era desconhecida, mas Edouard Laguesse, posteriormente, sugeriu forma pura, em 1926. Esse advento permitiu aos pesquisadores es-
que tais células poderiam produzir algum tipo de secreção que par- tudar sua estrutura tridimensional, por técnicas de cristalografia de
ticipasse do processo de digestão (Aita, 2002). raios X, o que possibilitou ampliar o conhecimento sobre sua forma
Foi em 1899, na Alemanha, que Joseph von Merring e Oscar de ação e sua interação com outras moléculas. Em 1955, Freder-
Minkowsky comprovaram a origem pancreática do DM, quando in- ick Sanger fez da insulina a primeira proteína a ser totalmente se-
duziram Diabetes em cães após remoção cirúrgica do pâncreas. Este quenciada - o que lhe garantiu o prêmio Nobel em 1959. A partir de

311
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1963, a insulina já era sintetizada em laboratório e em 1978, com o As noroviroses representam um grupo de doenças de origem
advento da biotecnologia, produziu-se a primeira insulina recombi- viral conhecidas como gastrenterites virais ou não bacterianas agu-
nante (ITR, 2008). das, causadas pelo vírus Norovírus, e estão relacionadas à transmis-
Em 1978, a insulina se tornou a primeira proteína humana a são por água e alimentos e a aglomerações humanas, propagando‐
ser manufaturada biotecnologicamente. A disponibilidade com- se principalmente pelo contato pessoa‐a‐pessoa.
ercial da insulina, na época denominada Humulin, revolucionou o O norovírus, apesar de altamente contagioso, causa doença
tratamento do DM no início dos anos 80, substituindo majoritaria- clinicamente considerada banal, autolimitada, leve ou moderada,
mente o tratamento do DM com insulina animal por insulina recom- sendo raros os casos que necessitam de internação.
binante. Com o surgimento da insulina recombinante, a sobrevida Com duração, em geral, de 1 a 3 dias, caracteriza‐se por cau-
de pacientes diabéticos tornou-se significativamente maior, possi- sar náusea, vômito, diarreia, dores epigástrica e abdominal. Podem
bilitando diagnosticar nessas pessoas, uma série de doenças que ocorrer também dores musculares, sensação de fadiga, cefaleia e
acometiam principalmente o coração, rins, olhos, nervos e os vasos febre baixa. Um alto percentual de casos pode apresentar apenas
sanguíneos. Sugeriu-se então que a terapia com insulina não era ca- vômitos, frequentemente intensos. Estudos mostram que em 30%
paz de evitar o aparecimento dessas complicações, as quais estari- das infecções os casos podem ser assintomáticos.
am provavelmente relacionadas aos níveis glicêmicos alterados nos Há registro de surtos em todo mundo, incluindo a água de abas-
pacientes diabéticos. Com isso, a busca por métodos terapêuticos tecimento de cidades, lagos, piscinas, restaurantes, refeições de
mais eficazes no controle da glicemia tornou-se o grande desafio avião, navios‐cruzeiros, escolas, hospitais, assim como grupos de
(ITR, 2008). pessoas em férias, em locais como praias, estâncias turísticas, par-
ques aquáticos e outros com grandes aglomerações humanas.
Frutos do mar, ostras e outros moluscos, ingeridos crus ou mal-
DIARREIA cozidos, e ingredientes de salada são frequentemente alimentos
implicados em surtos por norovírus. Outros alimentos geralmente
Nos finais e inícios dos anos, em todos os meses de verão é fre- são contaminados por manipuladores de alimentos doentes.
quente o aumento de casos de diarreia aguda, com ou sem ocor- A aerolização de vômitos formando gotas que podem conta-
rência de surtos, principalmente em cidades com intenso afluxo de minar as superfícies ou alcançar a mucosa oral e serem engolidas
pessoas tais como cidades litorâneas e turísticas. parece explicar a rápida disseminação em locais como escolas, hos-
pitais e entre familiares.
Nesses locais, devido ao aumento populacional que triplica ou Este vírus é de distribuição mundial e comum, ocorrendo na
quadruplica a população, são inúmeros os fatores de risco que con- maioria das vezes em surtos, e afetando grupos de todas as idades.
correm para a ocorrência de casos de doença diarreica aguda tais Estima‐se que cerca de 23 milhões de casos de gastrenterites agu-
como: das são causados pelo norovírus nos EEUU, anualmente, e que pelo
1) Ingestão de alimentos preparados sem higiene, e/ou manti- menos 50% dos surtos de origem alimentar seriam noroviroses.
dos sem refrigeração, comercializados, na maioria das vezes, sem Este vírus é relativamente estável no meio ambiente e sobrevive
licença da vigilância sanitária; ao congelamento, bem como ao aquecimento até 60º C. Resiste à
2) Consumo de ostras e outros frutos do mar crus ou de proce- cloração até 10 ppm, o que significa que os limites permitidos em
dência desconhecida; legislação e seguros à saúde humana, referentes à adição de cloro
3) Consumo de gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos, água mi- na água de abastecimento não são suficientes para inativar o vírus.
neral, de procedência desconhecida e clandestina, produtos que A água sanitária caseira mostra‐se efetiva para limpeza de su-
podem ter sido preparados com água contaminada, de bica ou de perfícies. Desinfecção com calor (acima de 60º C) pode ser feita em
poços, ou sem a higiene necessária; locais ou em materiais que não possam ser submetidos à água sa-
4) Hábito de levar alimentos prontos para praia ou acampamen- nitária.
tos sem a conservação térmica adequada (resfriamento ou reaque- Nos locais onde existe suspeita de que a água de abastecimento
cimento adequados), deixando esses alimentos em temperatura possa ser a causa, ferver a água para consumo humano é uma me-
ambiente, o que favorece a multiplicação de microrganismos e toxi- dida cautelar importante para interromper a transmissão da virose
nas, danosos para a saúde; até a solução definitiva dos problemas que possam ter causado a
5) Banho em praias impróprias, ou em rios/córregos poluídos, contaminação.
não liberados para lazer. Em temporada de chuvas, e de enchentes, O principal tratamento consiste de hidratação e reposição de
esse fator de risco se agrava, pois se espalham para as coleções hí- eletrólitos, por meio de sais orais ou soro caseiro, e hidratação en-
dricas, lixo, restos de alimentos, esgoto, etc., aumentando as áreas dovenosa nos casos mais graves.
com poluição; A hospitalização, em geral é muito rara, porém, alguns pacien-
6) Interrupção no fornecimento de água de abastecimento pú- tes, especialmente crianças, podem necessitar de internação para
blico, problemas no tratamento da água ou acidentes na rede de reidratação endovenosa, devido à intensa perda de líquidos cau-
distribuição, que podem favorecer a entrada de microrganismos e sada pela diarreia e pelos vômitos. Não há vacina para prevenir o
sua contaminação. norovírus, assim como não há um medicamento específico desen-
volvido para este vírus.
Na presença de múltiplos fatores de exposição, o aumento da Evacuações muito frequentes e líquidas, dificuldades na hidrata-
ocorrência de casos ou de grupos de surtos, em geral, deve‐se a ção com vômitos que não cedem, pele e boca secas, dificuldade em
inúmeros patógenos, destacando‐se entre os vírus, o Norovírus, en- urinar, são indicações de que se deve procurar o serviço de saúde.
tre as bactérias as Escherichia coli, Salmonella e Shigella, e entre os Não são indicados medicamentos para diminuir as contrações
parasitas, o Cryptosporidium, Cyclospora e Giárdia. intestinais ou “segurar” a diarreia, antibióticos, etc., pois podem
piorar ou prolongar o quadro. Nenhum medicamento deve ser to-
mado sem conhecimento e indicação médica.

312
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Todos os dias milhões de pessoas no mundo adoecem devido às doenças transmitidas por água e alimentos. Seguir orientações bási-
cas e cuidados de higiene pessoal é fundamental para prevenir a diarreia: lavar com frequência e sempre as mãos antes de manusear e
consumir alimentos, cozinhar bem os alimentos, desinfetar bem frutas e verduras, não consumir alimentos de procedência desconhecida
e de locais sem higiene, se desconfiar da água, fervê-la para eliminar todos os microrganismos.

Doença diarreica aguda (DDA) na criança


É uma doença que pode ser causada por bactérias, vírus e parasitos, caracterizada principalmente pelo aumento do número de eva-
cuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pouca consistência.
Em alguns casos, há presença de muco e sangue. A criança também pode ter náusea, vômito, febre e dor abdominal. Tem duração
entre 2 e 14 dias. É importante sua atuação imediata para evitar que ocorra a desidratação.
A DDA é uma das importantes causas de adoecimento e morte no Brasil e está diretamente relacionada às precárias condições de vida
e saúde dos indivíduos, em consequência da falta de saneamento básico, desnutrição crônica, entre outros fatores.
A transmissão pode ocorrer em virtude da ingestão de água e alimentos contaminados e por contato com objetos contaminados (ex.:
utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos hospitalares) ou de pessoa para pessoa (ex.: mãos contaminadas) e de ani-
mais para as pessoas.
As moscas, formigas e baratas podem contaminar, principalmente, os alimentos e utensílios. Locais de uso coletivo, como escolas,
creches, hospitais e penitenciárias, apresentam maior risco de transmissão.

Se durante uma visita domiciliar (VD) for constatado ou informado que há uma criança com diarreia, deve-se buscar saber:
- A idade;
- Há quantos dias está com diarreia e o número de vezes ao dia de evacuação;
- Se há presença de sangue nas fezes;
- Se também está com febre, vômito e há quantos dias;
- Analisar o entorno do domicílio, se a família utiliza água tratada, se tem acesso a esgotamento sanitário;
- Se há outros casos;
- Um dos tratamentos para DDA é a hidratação, que tem o objetivo de reidratar ou evitar a desidratação. Pode ser feita por via oral ou
por meio de soro na veia.

Ao constatar os sinais relatados acima, deve-se orientar o aumento do consumo de líquidos disponíveis no domicílio - preferencialmen-
te leite materno (em menores de dois anos) e soro de reidratação oral (SRO); na falta desses, soro caseiro, chás, cozimento de farinha de
arroz e água de coco. Esses líquidos devem ser usados após cada evacuação ou vômito. Se o vômito dificultar a aceitação, deve-se oferecer
a solução em colheres, a cada um ou dois minutos, aumentando o volume de líquido gradualmente.
A alimentação habitual deve ser mantida, evitando alimentos muito gordurosos.
No caso de a criança estar com os olhos fundos, ausência de lágrima, bebendo líquidos rapidamente ou com dificuldade de beber,
apresentar sangue nas fezes ou febre alta, ela deverá ser orientada a procurar imediatamente a UBS.
É importante ressaltar que os refrigerantes não devem ser utilizados, pois, além de não fazer efeito como hidratantes, podem agravar
a diarreia.

Medidas de prevenção e controle


Orientar/desenvolver:
- Melhoria da qualidade da água (quadro a seguir);
- Destino adequado de lixo e dejetos;
- Ações de controle de moscas, formigas e baratas;
- Medidas de higiene e de manipulação de água e alimentos;
- Ações de educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência de diarreia, são fundamentais;
- Participar da articulação com escolas, creches, hospitais, penitenciárias para o desenvolvimento de orientações e campanhas espe-
cíficas.
- Dosagem e tempo de contato do hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) segundo o volume de água para consumo humano a ser
tratado no domicílio.

Melhoria da água domiciliar por meio de medidas simples:

Volume de Hipoclorito de sódio a 2,5% Tempo de


água Dosa- Medida prática contato
gem
1.000 litros 100ml Dois copinhos descartá-
veis de café 30 minutos
200 litros 15 ml Uma colher de sopa
20 litros 2 ml Uma colher de sopa
1 litro 0,08 ml Duas gotas

Manual integrado de vigilância epidemiológica da cólera, Brasília 2008

313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Preparo do soro caseiro e da solução de reidratação oral para Causas
controle da DDA A desidratação ocorre se a água eliminada pelo organismo atra-
Como preparar o soro caseiro com a colher-medida: vés da respiração, suor, urina, fezes e lágrimas, não for reposta ade-
- Encher bem um copo grande com água limpa, fervida e em quadamente. Isso pode acontecer quando a ingestão de líquidos
temperatura ambiente; é insuficiente, nos quadros de vômitos, diarreias e febre, nos dias
- Colocar a medida pequena e rasa de sal; de muito calor por causa da transpiração excessiva, nos portadores
- Colocar duas medidas e rasas de açúcar; de diabetes em função do aumento do número de micções e pelo
- Mexer bem e oferecer à criança após cada evacuação. descontrole no uso de diuréticos.

Como preparar a solução de reidratação oral Sintomas


- Dissolver o conteúdo de um pacote de sal reidratante em um A desidratação pode ser classificada, segundo o grau de gravida-
litro de água limpa e fervida, em temperatura ambiente; de, em leve, moderada e grave. São sinais clássicos da desidratação
- Depois de pronto, o soro pode ser usado por um período de 24 leve e moderada a sede exagerada, boca e pele secas, olhos fundos,
horas. Após esse período jogar fora e preparar outro soro; ausência ou pequena produção de lágrimas, diminuição da sudo-
- O soro só pode ser misturado em água, não acrescentar açúcar rese e, nos bebês, a moleira afundada. Dor de cabeça, sonolência,
ou outra substância para melhorar o seu gosto. tonturas, fraqueza, cansaço e aumento da frequência cardíaca tam-
bém podem estar associados aos episódios de desidratação.
Atuação do ACS no controle das doenças diarreicas agudas Além desses sintomas, que se intensificam com o agravamento
- Identificar os casos e encaminhá-los à UBS para diagnóstico e do quadro, nos casos de desidratação grave, podem surgir outros,
tratamento; como queda de pressão arterial, perda de consciência, convulsões,
- Identificar sinais e/ou situações de risco em casos de diarreias coma, falência de órgãos e morte.
e orientar sobre o tratamento da água para consumo humano, o
destino dos dejetos e o lixo residencial; Diagnóstico
- Acompanhar os pacientes e orientá-los quanto à necessidade O diagnóstico de desidratação baseia-se essencialmente na
na continuidade do tratamento; avaliação clínica, mas pode ser necessário realizar alguns exames
- Vigiar constantemente e de forma responsável; simples de sangue, fezes e urina para identificar a causa e o grau de
- Antecipar os movimentos da criança; gravidade da enfermidade.
- Manter a criança sempre sob suas vistas;
- Evitar deixar sob o cuidado de outras crianças; Tratamento
- Desenvolver ações educativas, levando informações e orienta- O leite materno é o recurso ideal para o tratamento da desidra-
ções às famílias e aos indivíduos, identificando as medidas de pre- tação nos primeiros seis meses de vida da criança. Depois, indepen-
venção e controle das doenças diarreicas; dentemente da idade, nos casos de desidratação leve e moderada,
- Orientar a população informando-a sobre a doença, seus sinais beber muita água filtrada ou fervida em goles pequenos e interva-
e sintomas, riscos e formas de transmissão; los curtos pode ser o suficiente para reidratar o organismo. É im-
- Atuar como agente mobilizador da comunidade em parceria portante também manter a pessoa em ambiente com temperatura
com as lideranças comunitárias chamando atenção das pessoas amena para evitar a perda de água pelo suor.
para a importância da participação de todos em campanhas e muti- Nos casos de desidratação grave, que podem ocorrer de uma
rões no combate às doenças diarreicas agudas. hora para outra, a reidratação deve ser feita com o soro oral distri-
buído gratuitamente nos postos de saúde e à disposição nas farmá-
cias. Esse soro pode ser preparado em casa e tem validade de 24
DESIDRATAÇÃO horas depois de diluído em água.

Desidratação é uma doença potencialmente grave que se carac- Se houver dificuldade para conseguir o soro para a reidratação
teriza pela baixa concentração não só de água, mas também de sais nos postos de saúde, é possível preparar o soro caseiro, nas seguin-
minerais e líquidos orgânicos no corpo, a ponto de impedir que ele tes proporções:
realize suas funções normais. A enfermidade pode ser secundária - 1 litro de água filtrada ou fervida;
a diarreias agudas e afetar pessoas de todas as idades, mas é mais - 1 colher rasa de chá de sal; e
perigosa para as crianças (especialmente recém-nascidos e lacten- - 2 colheres rasas de sopa de açúcar.
tes) e para os idosos.
Uma importante responsabilidade consiste na observação de Controle de Ingestão e Excreta
quaisquer sinais de desidratação. As condições nas quais podem As medidas precisas da ingestão e excreta de líquidos são de
surgir alterações com surpreendente rapidez em crianças ou pes- suma importância para avaliação parenteral e perdas por meio de
soas idosas, incluem diarreia, vômitos, sudorese, febre, distúrbios urina, fezes, vômitos, fístulas, aspiração nasogástrica, suor e drena-
como diabetes, doença renal e anomalias cardíacas, administração gem de feridas. A avaliação da excreta deve ser realizada por meio
de certos fármacos, como agentes diuréticos e esteroides; e trau- de:
matismo, como cirurgia de grande porte, queimaduras e outras le- - Urina: avaliar frequência, volume, coloração e densidade uri-
sões extensas. nária;
A avaliação de enfermagem diante da suspeita ou possibilidade - Fezes: avaliar frequência, volume e consistência das evacua-
de perda de líquido começa com a observação do aspecto geral do ções;
paciente e, a seguir, com observações específicas. - Vômitos: avaliar volume, frequência e tipo de vômito;
- Sudorese: só pode ser estimada por meio da frequência de
troca de roupas e lençóis;

314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Importante: na criança especialmente considera-se 1g de fralda Entre os seus objetivos específicos, podemos destacar:
úmida = 1ml de urina. Outras observações, além da ingestão e eli- I - Ampliar o impacto da AB sobre as condições de saúde da po-
minação de líquidos, ajudam a avaliar a desidratação, como: pulação e sobre a satisfação dos seus usuários, por meio de estra-
- Sinais vitais: temperatura (normal, elevada ou baixa, depen- tégias de facilitação do acesso e melhoria da qualidade dos serviços
dendo do grau de desidratação), pulso (taquicardia), respiração (ta- e ações da AB;
quipneia) e pressão arterial (hipotensão). II - Fornecer padrões de boas práticas e organização das UBS
- Pele: avaliar coloração, temperatura, turgor, presença ou au- que norteiem a melhoria da qualidade da AB;
sência de edema e enchimento capilar. III - Promover maior conformidade das UBS com os princípios da
- Mucosas: avaliar umidade, coloração, presença e consistência AB, aumentando a efetividade na melhoria das condições de saúde,
das secreções. na satisfação dos usuários, na qualidade das práticas de saúde e na
- Peso corporal: diminuído em relação ao grau de desidratação. eficiência e efetividade do sistema de saúde;
- Fontanela (lactentes): deprimida, mole, normal. IV - Promover a qualidade e inovação na gestão da AB, fortale-
- Alterações sensoriais: presença de sede. cendo os processos de Auto avaliação, Monitoramento e Avaliação,
Apoio Institucional e Educação Permanente nas três esferas de go-
verno;
PROGRAMA DE MELHORIA DO ACESSO E DA V - Melhorar a qualidade da alimentação e uso dos Sistemas de
QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA Informação como ferramenta de gestão da AB;
VI - Institucionalizar uma cultura de avaliação da AB no SUS e
PROGRAMA DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE NA de gestão com base na indução e acompanhamento de processos
ATENÇÃO BÁSICA22 e resultados; e
O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da VI - Estimular o foco da AB no usuário, promovendo a transpa-
Atenção Básica (PMAQ-AB) é um programa de âmbito nacional que rência dos processos de gestão, a participação e controle social e
tem como objetivo promover a melhoria do acesso e da qualidade a responsabilidade sanitária dos profissionais e gestores de saúde
da atenção à saúde. Lançado em 2011, o PMAQ da Atenção Básica com a melhoria das condições de saúde e satisfação dos usuários.
(PMAQ-AB) contemplou em seu primeiro ciclo a adesão de equipes
de Saúde da Família e de Atenção Básica parametrizadas, incluindo O compromisso com a melhoria da qualidade deve ser perma-
equipes de saúde bucal. nentemente reforçado com o desenvolvimento e aperfeiçoamento
Em 2013 acontece o segundo ciclo do PMAQ com duas novida- de iniciativas mais adequadas aos novos desafios colocados pela
des. A primeira é a ampliação da adesão de equipes de Saúde da realidade, tanto em função da complexidade crescente das neces-
Família, atenção básica parametrizadas, e saúde bucal. Não haverá sidades de saúde da população, devido à transição epidemiológica
limite para a adesão, isto é, todas as equipes do município poderão e demográfica e ao atual contexto sociopolítico, quanto em função
aderir ao programa. A segunda novidade é a inclusão dos Núcleos do aumento das expectativas da população em relação à eficiência
de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Centros de Especialidades e qualidade do SUS.
Odontológicas (CEO) ao PMAQ.
A partir da adesão, as equipes passam a receber 20% do recurso Dentre os desafios que o PMAQ pretende contribuir para a qua-
total designado a cada equipe participante do programa (Equipe de lificação da AB, se destacam:
Saúde da Família, Saúde Bucal, NASF e CEO). I - Precariedade da rede física, com parte expressiva de UBS em
O PMAQ funciona por meio da indução de processos que bus- situação inadequada;
cam aumentar a capacidade das gestões municipais, estaduais e II - Ambiência pouco acolhedora das UBS, transmitindo aos
federal, em conjunto com as equipes de saúde, no sentido de ofere- usuários uma impressão de que os serviços ofertados são de baixa
cer serviços que assegurem maior acesso e qualidade à população. qualidade e negativamente direcionados à população pobre;
Por meio da construção de um padrão de qualidade comparável III - Inadequadas condições de trabalho para os profissionais,
nos níveis nacional, regionais e locais, o programa busca favorecer comprometendo sua capacidade de intervenção e satisfação com
maior transparência e efetividade das ações governamentais dire- o trabalho;
cionadas à atenção básica em saúde em todo o Brasil. Com o intuito IV - Necessidade de qualificação dos processos de trabalho das
de assegurar maior equidade na comparação, o processo de certi- equipes de AB, caracterizados de maneira geral, pela sua baixa ca-
ficação das equipes é feito a partir da distribuição dos municípios pacidade de realizar o acolhimento dos problemas agudos de saú-
em estratos que levam em conta aspectos sociais, econômicos e de; pela insuficiente integração dos membros das equipes; e pela
demográficos. falta de orientação do trabalho em função de prioridades, metas e
resultados, definidos em comum acordo pela equipe, gestão muni-
O programa está organizado em quatro fases complementares, cipal e comunidade;
que funcionam como um ciclo contínuo de melhoria do acesso e da V - Instabilidade das equipes e elevada rotatividade dos profis-
qualidade da AB: sionais, comprometendo o vínculo, a continuidade do cuidado e a
- 1ª Fase - Adesão e Contratualização; integração da equipe;
- 2ª Fase - Desenvolvimento; VI - Incipiência dos processos de gestão centrados na indução e
- 3ª Fase - Avaliação Externa; acompanhamento da qualidade;
- 4ª Fase - Pactuação. VII - Sobrecarga das equipes com número excessivo de pessoas
sob sua responsabilidade, comprometendo a cobertura e qualidade
de suas ações;
VIII - Pouca integração das equipes de AB com a rede de apoio
diagnóstico e terapêutico e com os outros pontos de atenção da
Rede de Atenção à Saúde (RAS);
22 http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/Manual_Instruti-
vo_3_Ciclo_PMAQ.pdf

315
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IX - Baixa integralidade e resolutividade das práticas, com a Durante o exame, deve-se atentar para o estado de alerta da
persistência do modelo de queixa-conduta, de atenção prescritiva, criança, que reflete a integridade de vários níveis do sistema ner-
procedimento-médico-centrada, focada na dimensão biomédica do voso central. Como o exame sofre grande influência do estado de
processo saúde-doença-cuidado; sono/vigília, é importante aguardar a criança despertar para uma
XI - Financiamento insuficiente e inadequado da AB, vinculado adequada avaliação.
ao credenciamento de equipes independentemente dos resultados O tônus em flexão é relacionado à idade gestacional. RNs a ter-
e da melhoria da qualidade. mo apresentam-se com hipertonia em flexão dos membros, com
postura semelhante à fetal. Conseguem inclusive manter a cabeça
no mesmo nível que o corpo por alguns segundos quando levanta-
POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE. SAÚDE DA CRIANÇA dos pelos braços. Movimentam-se ativamente ao serem manipu-
lados.
SAÚDE DA CRIANÇA Os reflexos primitivos característicos do RN devem ser avalia-
O acompanhamento de crianças23 é uma etapa fundamental dos, pois podem trazer informações importantes sobre seu estado
e prioritária de seu trabalho. Você vai acompanhar todas as crian- de saúde. São caracterizados por resposta motora involuntária a um
ças de sua área de atuação, desenvolvendo ações de prevenção de estímulo e estão presentes em bebês desde antes do nascimento
doenças e agravos e de promoção à saúde. até por volta dos 6 meses de vida. São mediados por mecanismos
Entre as ações de prevenção das doenças e promoção à saúde, neuromusculares subcorticais, que se encontram desenvolvidos
estão o incentivo ao cumprimento do calendário vacinal, a busca desde o período pré-natal. O desaparecimento desses reflexos du-
ativa dos faltosos às vacinas e consultas, a prevenção de acidentes rante o curso normal de maturação do sistema neuromuscular nos
na infância, o incentivo ao aleitamento materno, que é uma das primeiros 6 meses de vida é atribuído ao desenvolvimento de me-
estratégias mais eficazes para redução da morbimortalidade (adoe- canismos corticais inibitórios.
cimento e morte) infantil, possibilitando um grande impacto na saú-
de integral da criança. São diversos os reflexos primitivos encontrados no RN, porém
Os problemas que surgem durante a infância são responsáveis não há necessidade de avaliação de todos durante o exame físico
por graves consequências para os indivíduos, e sua atuação certa- rotineiro do RN a termo. Os que habitualmente devem ser avaliados
mente contribuirá para minimizar o aparecimento desses proble- são:
mas. - Sucção. A sucção reflexa manifesta-se quando os lábios da
A seguir orientações que devem ser dadas durante a visita do- criança são tocados por algum objeto, desencadeando-se movi-
miciliar às famílias onde há crianças. mentos de sucção dos lábios e da língua. Somente após 32 a 34
semanas de gestação é que o bebê desenvolve sincronia entre res-
Crianças recém-nascidas (0 a 28 dias), verificar: piração, sucção e deglutição, tornando a alimentação por via oral
- Os dados de identificação do nascimento por meio da cader- difícil em RN pré-termo.
neta da criança; - Voracidade. O reflexo da voracidade ou de procura manifes-
- Se já foi feito o teste do pezinho; ta-se quando é tocada a bochecha perto da boca, fazendo com que
- Se já foram realizadas as vacinas - BCG, hepatite B; a criança desloque a face e a boca para o lado do estímulo. Este
- Se a criança já evacuou ou está evacuando regularmente; reflexo não deve ser procurado logo após a amamentação, pois a
- Os cuidados com o coto umbilical; resposta ao estímulo pode ser débil ou não ocorrer. Está presente
- A presença de sinais comuns em recém-nascidos (na pele, na no bebê até os 3 meses de idade.
cabeça, no tórax, no abdome e genitálias), regurgitação, soluços, - Preensão. A preensão palmo plantar se obtém com leve pres-
espirros e fazer as orientações; são do dedo do examinador na palma das mãos da criança e abaixo
- Higiene do corpo, higiene da boca, presença de assaduras, dos dedos do pé.
frequência das trocas de fraldas; - Marcha. A marcha reflexa e o apoio plantar podem ser pes-
- A alimentação - aleitamento materno exclusivo ou outro tipo quisados segurando-se a criança pelas axilas em posição ortostáti-
e identificar eventuais dificuldades em relação ao aleitamento; ca. Ao contato das plantas do pé com a superfície, a criança estende
- Sono, choro; as pernas até então fletidas. Se a criança for inclinada para a frente,
- Agendamento da consulta de acompanhamento na Unidade inicia a marcha reflexa.
Básica de Saúde (UBS). - Fuga à asfixia. O reflexo de fuga à asfixia é avaliado colocan-
do-se a criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada
Sistema Nervoso24 para o colchão. Em alguns segundos o RN deverá virar o rosto libe-
Quando se inicia o exame físico geral do RN, inicia-se, simul- rando o nariz para respirar adequadamente.
taneamente, a avaliação neurológica, pois postura, movimentação - Cutâneo-plantar. O reflexo cutâneo-plantar em extensão é
espontânea, resposta ao manuseio e choro são parâmetros impor- obtido fazendo-se estímulo contínuo da planta do pé a partir do
tantes dessa avaliação. calcâneo no sentido dos artelhos. Os dedos adquirem postura em
Ao nascer, a criança costuma ficar durante cerca de 1 a 2 horas extensão.
muito desperta, e a seguir habitualmente dorme profundamente - Moro. O reflexo de Moro é um dos mais importantes a serem
por algumas horas, por vezes até 12 horas. avaliados, devido à grande quantidade de informações que pode
Deve-se evitar a realização do exame neurológico nas primeiras trazer. É desencadeado por algum estímulo brusco como bater pal-
12 horas de vida, para minimizar a influência do estresse do parto, mas, estirar bruscamente o lençol onde a criança está deitada ou
que pode mascarar algumas respostas normais, dando falsa impres- soltar os braços semiesticados quando se faz a avaliação da preen-
são de comprometimento. são palmar. O reflexo consiste em uma resposta de extensão-ab-
dução dos membros superiores (eventualmente dos inferiores), ou
seja, na primeira fase os braços ficam estendidos e abertos, com
23 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/guia_acs.pdf
abertura dos dedos da mão, e em seguida de flexão-adução dos
24 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nasci-
braços, com retorno à posição original. Tem início a partir de 28
do_profissionais_v1.pdf

316
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
semanas de gestação e costuma desaparecer por volta dos 6 meses Peso:
de idade. A assimetria ou a ausência do reflexo pode indicar lesões Normalmente os bebês nascem com peso entre 2,5 kg e 4 kg e
nervosas, musculares ou ósseas, que devem ser avaliadas. sua altura fica entre 47 e 54 centímetros.
- Outros reflexos: são menos frequentemente pesquisados,
como o de Magnus-De-Kleijn (do esgrimista) em que, com a criança Por que o peso é tão importante?
posicionada em decúbito dorsal, o examinador com uma das mãos Por que o peso ao nascer pode ser um indicativo de algum pro-
estabiliza a região anterior do tórax e com a outra virar a cabeça da blema de saúde durante a gestação.
criança para o lado. A resposta esperada é a extensão dos membros Depois o peso e a altura vão marcar o início do crescimento do
do lado para o qual a face está voltada e a flexão dos membros vol- bebê, agora fora da barriga da mãe e, é claro, com as características
tados para o outro lado. Outro é o reflexo dos olhos de boneca, que herdadas dos pais.
é desencadeado quando se promove a rotação lateral da cabeça do Aqueles que nascem com menos de 2,5 kg têm maiores riscos
RN, e os olhos seguem lentamente para o lado da rotação. O reflexo de apresentar problemas. Podem ser prematuros, que nasceram
de Babkin é uma reação à pressão simultânea das palmas das mãos antes da hora.
do bebê. Com esse estímulo, a criança abre a boca e mantém a ca- Podem também ser crianças que por diversas razões, como
beça na linha média levantando sua cabeça. Pode também haver desnutrição da mãe, infecções da mãe durante a gravidez, mãe fu-
fechamento dos olhos e flexão do antebraço do bebê. mante durante a gravidez ou por outras razões, nasceram no tempo
- Reflexos tendinosos: podem ser avaliados utilizando-se o certo, mas com baixo peso. Por outro lado, não podemos nos es-
martelo com ponta de borracha ou o próprio dedo do examinador quecer dos bebês que nasceram acima de 4 kg, que pode ser um
para o estímulo. O reflexo patelar costuma ser facilmente detectá- indicativo de mãe que apresentou diabetes gestacional.
vel. Todos esses bebês precisam ser acompanhados com mais fre-
quência por você e pelos demais profissionais da UBS, pois geral-
Para todas as crianças25: mente precisam de cuidados especiais.
- Observar o relacionamento da mãe, dos pais ou da pessoa
que cuida da criança, avaliando, entre outros, cuidados realizados Perda de peso natural
com a criança, o banho, a alimentação (inclusive mamadas), as tro- Nos primeiros dias de vida, o bebê perde peso e isso é normal.
cas de fraldas; Perde líquido e elimina as primeiras fezes (mecônio). Ele está se
- Solicitar a Certidão de Nascimento; acostumando ao novo ambiente. Deve recuperar seu peso em mais
- Verificar o grau de escolaridade da mãe; ou menos 10 dias.
- Solicitar a caderneta da criança e verificar: esquema de vaci-
nação, crescimento e desenvolvimento; Pele:
- Observar sinais de risco; Sua pele é avermelhada e recoberta por uma camada de gor-
- Observar sinais indicativos de violência; dura, que serve de proteção e aumenta sua resistência a infecções.
- Reforçar as orientações feitas pela UBS; É delicada e fina, então é preciso ter muito cuidado com a
- Verificar se a família está inscrita no Programa Bolsa-Família. higiene.
- Podem ter pelos finos e longos nas costas, orelhas e rosto, que
A Criança no Primeiro mês de Vida desaparecem após uma semana do nascimento;
A criança desde o nascimento até completar 28 dias de vida - Podem aparecer alguns pontinhos no nariz como se fossem
é chamada de recém-nascida, sendo totalmente dependente dos pequenas espinhas, que não se deve espremer, pois podem infla-
cuidados dos pais. mar. Eles desaparecem em cerca de um ou dois meses;
É importante que os cuidados com o recém-nascido, mesmo - Podem apresentar manchas avermelhadas espalhadas pelo
os mais simples, sejam feitos pela mãe. No entanto, outras pessoas corpo, que é uma reação da pele ao ambiente, e também logo de-
podem ajudar no cuidado com a criança: o pai, a avó, a vizinha ou saparecem;
a comadre. - Se o bebê apresentar coloração amarelada em qualquer inten-
Nessa fase qualquer doença pode se tornar grave. sidade, orientar para procurar a UBS, porque pode ser “icterícia”.
Você pode colaborar conversando com os pais, esclarecendo
suas dúvidas e diminuindo suas preocupações. Lembre-se de que Cabeça:
a mãe também está se recuperando e se acostumando a uma nova A cabeça do recém-nascido sofre pressão intensa durante o
situação, mesmo que ela já tenha outros filhos. trabalho de parto, que, às vezes, adquire uma forma diferente do
Observando os cuidados da mãe com o bebê no banho, nas normal. O bebê pode ainda nascer com o rosto inchado e com man-
mamadas, na troca de fraldas, você poderá perceber o tipo de aten- chas. São alterações que desaparecem em poucos dias.
ção que é dada à criança e assim orientar melhor a mãe e a família. O bebê pode apresentar um inchaço no couro cabeludo, como
uma bolha, devido à compressão da cabeça para dilatar o colo do
Características físicas do recém-nascido útero.
Os bebês nascem vermelhinhos, amassados, inchados, alguns Quando o parto é natural, é comum isso acontecer com o bebê.
com a cabeça pontuda, o nariz achatado e os olhos “vesgos”. Essas A “moleira” é também uma característica do recém-nascido,
características são normais neles e somem até o primeiro ano de não devendo ser motivo de preocupação. Ela nada mais é que uma
vida. região mais mole na parte de cima dos ossos da cabeça que ainda
Algumas marcas podem aparecer na pele resultantes do tra- não estão emendados. Isso ocorre para facilitar a passagem da ca-
balho de parto, independentemente da habilidade da pessoa que beça do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. A moleira é im-
fez o parto. portante para que a cabeça do bebê continue crescendo, acompa-
Não é o caso de se preocupar, pois elas vão desaparecer com nhando o crescimento do cérebro. Ela vai se fechando aos poucos,
o tempo. num processo que só se completa por volta dos 18 meses de vida.

25 http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/guia_acs.pdf

317
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Casquinhas no couro cabeludo Para que o bebê não troque o dia pela noite, é importante lem-
São comuns nos recém-nascidos essas casquinhas, que não in- brar da luminosidade. É fundamental proporcionar um ambiente
comodam em nada o bebê. O importante é manter a cabeça limpa claro e arejado durante o dia, e escuro e acolhedor durante a noite.
e seca. Um recém-nascido, durante seu primeiro mês de vida, passa a
Orientar para não tentar tirá-las a seco e verificar se as orien- maior parte do tempo dormindo. Muitos estudos afirmam que em
tações da UBS estão sendo realizadas. Com o tempo elas desapare- média um bebê dorme um mínimo de 12 horas e um máximo de 20
cem naturalmente. horas diárias.
Caso você sinta um cheiro desagradável na cabeça do bebê, é
preciso encaminhá-lo para a UBS. É possível dar um ritmo ao sono do bebê?
A criança pode nascer com dentes, que geralmente não tem Durante o primeiro mês é muito difícil, mas com o tempo o
o formato de um dente normal. Não se deve tentar tirá-los, e sim sono durante a noite se torna predominante.
encaminhar o bebê para o dentista na UBS. Muitas vezes, porém, pode acontecer de o bebê trocar a noite
pelo dia.
Tórax e abdome: Você pode orientar os familiares a manter as janelas abertas
- Alguns bebês podem nascer com as mamas aumentadas por- para que o bebê possa perceber a claridade do dia, não diminuir
que os hormônios da mãe passaram por meio do cordão umbilical. os barulhos costumeiros da casa, mantê-lo brincando, conversando,
Isso é natural. Você deve orientar a mãe para não espremer, pois, chamando sua atenção e à noite fazer o contrário. Orientar os fami-
além de machucar, pode inflamar. Informe que as mamas irão dimi- liares a levar o bebê para o berço somente à noite e evitar acender
nuir aos poucos; as luzes para não distraí-lo.
- A barriga do bebê é alta e grande, e na respiração ela sobe e
desce (respiração abdominal); Choro:
- O coto umbilical é esbranquiçado e úmido, que vai ficando O choro é uma manifestação natural. Depois do nascimento,
seco e escuro, até cair; o bebê tem que se adaptar a uma série de mudanças: novas sen-
- Os braços e pernas parecem curtos em relação ao corpo. sações, novos sons, roupas, banhos... Não é, portanto, de se estra-
nhar o fato de ele chorar.
Genitais: O bebê se comunica pelo choro sempre que se sentir descon-
Em alguns meninos os testículos podem ainda não ter descido fortável ou estiver com fome, sede, frio, fralda molhada, roupa
totalmente, parecendo o saco um pouco murcho; outros podem ser apertada, coceira, cólica ou irritação por excesso de barulho. Não
grandes e duros, parecendo estar cheios de líquido. Mantendo-se usar medicamentos para evitar o choro.
qualquer uma dessas situações, orientar para procurar a UBS. Certamente, um “remédio” sempre útil é o aconchego do colo
Nas meninas pode haver saída de secreção esbranquiçada ou da mãe. Porém, se por qualquer motivo ela achar que o bebê está
um pequeno sangramento pela vagina. Isso ocorre devido à passa- chorando demais e desconfiar que haja algo errado com ele, orien-
gem de hormônios da mãe. Nesses casos, oriente que é uma situa- te a levá-lo logo à UBS para receber a orientação adequada.
ção passageira e recomende a higiene local, sempre da frente para Conforme a mãe for conhecendo o seu bebê, conseguirá dis-
trás, ou seja, da vagina em direção ao ânus, e não o contrário. tinguir os diferentes “choros”, isto é, o significado de cada uma de
suas manifestações.
Funcionamento intestinal: No começo, porém, vai ter que pensar numa porção de moti-
Nas primeiras 24 horas de vida, os recém-nascidos eliminam o vos, até acertar a causa.
mecônio (que é verde bem escuro, quase preto e grudento, pare-
cendo graxa), depois as fezes se tornam esverdeadas e, posterior- Raramente o bebê chora sem que haja uma razão. Ele pode
mente, amareladas e pastosas. As crianças amamentadas no peito chorar quando se encontrar em algumas dessas situações:
costumam apresentar várias evacuações por dia, com fezes mais
líquidas. Se o bebê está ganhando peso, mamando bem, mesmo Fome: o bebê chora muito, nenhum carinho consegue acalmá-
evacuando várias vezes ao dia, isso não significa diarreia. -lo e já se passaram algumas horas da última mamada: é fome. Ele
Alguns bebês não evacuam todos os dias e chegam a ficar até só se tranquilizará depois que estiver satisfeito.
uma semana sem evacuar. Se, apesar desse tempo, as fezes esti-
verem pastosas e a criança estiver mamando bem, isso não é um Desconforto: o bebê fica incomodado quando sua fralda está
problema. molhada. Além disso, a cólica, o calor e o frio são também situações
Se o bebê está mamando só no peito e fica alguns dias sem eva- de desconforto.
cuar, não se deve dar frutas, laxantes ou chás. É importante orien-
tar a mãe que nesse período não se trata de doença, procurando Dor: nos primeiros meses são normais as cólicas provocadas
tranquilizá-la. porque engole ar durante as mamadas. O choro de dor é agudo,
inconsolável e repentino. Algumas medidas podem ajudar a acal-
Urina: mar a dor, como massagens na barriga, movimentar as pernas em
Os bebês urinam bastante. Isso indica que estão mamando o direção ao corpo e encostar a barriga do bebê na barriga da mãe.
suficiente.
Quando ficam com as fraldas sem ser trocadas por muito tem- Solidão: o bebê gosta de companhia e ao sentir a falta da mãe
po, por exemplo, a noite toda, o cheiro da urina pode ficar forte, ele chora muito.
mas na maioria das vezes não significa problema de saúde. Ela deve pegá-lo no colo, dar carinho e atenção. Você pode
orientar que ele chora não por um capricho, mas por uma necessi-
Sono: dade de aconchego e carinho.
Na primeira semana, o recém-nascido dorme de 15 a 20 ho-
ras por dia, porém alguns não dormem entre as mamadas, ficando
acordados por várias horas.

318
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Frio: muitas vezes ao trocar ou dar banho em um bebê ele co- Na troca de fraldas:
meça a chorar. Isso pode ser pela sensação de frio e de nudez re- A cada troca de fraldas, limpar com água morna e limpa, mes-
pentina. A mãe deve cobri-lo com uma toalha para acalmá-lo. mo que o bebê só tenha urinado. Não deixar passar muito tempo
sem trocá-las, pois o contato das fezes ou da urina com a pele de-
Agitação: o recém-nascido sofre diferentes estímulos: baru- licada do bebê provoca assaduras e irritações. Não usar talco ou
lhos, luzes, calor, frio perfume, pois podem causar alergias.
etc. E em certos momentos de maior tensão ele pode mani- Uma medida que pode ajudar a melhorar a assadura é deixar
festar uma crise de choro. Nesse caso deve-se dar colo e carinho. o bebê sem fraldas para tomar banho de sol, até as 10 horas da
Alguns bebês choram antes de dormir. manhã e após as 16 horas, por cinco minutos. O sol tem uma ação
Você deve orientar a não deixá-lo chorar pensando que assim de matar os micro-organismos e ajuda a proteger a pele da irritação
cairá no sono pelo cansaço, pois ele precisa de tranquilidade e ca- provocada pelo contato da urina e das fezes.
rinho para dormir. Nos casos em que as assaduras não apresentarem melhora,
isso pode dever-se à dermatite por fralda, que é uma irritação na
Cólicas: pele causada pelo contato com a urina e fezes retidas pelas fraldas e
Em geral, começam no fim da terceira semana de vida e vão até plásticos. É observada uma vermelhidão de pele, com descamação,
o fim do terceiro mês. O bebê chora e se contorce, melhora quando aspecto brilhante e, eventualmente, com pontinhos elevados, e fica
suga o peito e volta a chorar. Isso faz com que a mãe pense que é restrita às regiões cobertas pelas fraldas.
fome e pode levá-la a substituir o leite materno por mamadeira. Nesses casos, orientar para procurar a UBS, para identificar a
Você deve orientar para que a mãe e familiares não confundam causa e iniciar o tratamento.
a necessidade de sugar, que melhora por um tempo as cólicas, com
a fome. Com o umbigo:
Orientar ainda a não usar medicamentos sem orientação da O coto umbilical cairá espontaneamente entre o 5º e o 14º dia
equipe de saúde, pois podem ser perigosos para o bebê, por conter de vida. Alguns recém-nascidos apresentam um umbigo grosso e
substâncias que podem causar sonolência. gelatinoso, que poderá retardar sua queda até em torno de 25 dias.
Para aliviar as cólicas por alguns momentos, orientar para fazer Pode ocorrer discreto sangramento após a queda do coto umbilical,
massagens na barriga no sentido dos ponteiros do relógio e movi- que não requer cuidados especiais.
mentar as pernas em direção à barriga. Fazer compressas secas e Os cuidados com o coto umbilical são importantes para evitar
mornas, aconchegar o bebê no colo da mãe também podem ajudar infecções.
a acalmar a dor. A limpeza deve ser diária durante o banho e deixar sempre
seco.
Regurgitação: Não se devem usar as faixas ou esparadrapos, pois não deixam
É comum e consiste na devolução frequente de pequeno o umbigo secar, além de dificultar a respiração do bebê. Também
volume de leite logo após as mamadas. Quase sempre, o leite volta não se deve colocar no local ervas, fumo, frutas, moedas ou qual-
ainda sem ter sofrido ação do suco gástrico. Se o ganho de peso do quer outro objeto.
bebê for satisfatório, é uma situação normal. Se observar o aparecimento de secreção, sangue ou cheiro de-
sagradável no coto umbilical, é preciso orientar que a mãe leve o
Soluços e espirros: bebê à UBS.
Os soluços são frequentes quando a criança está descoberta e
com frio, na hora do banho e às vezes após as mamadas. Não pro- Hérnia umbilical:
voca nenhum mal e param sozinhos. Os espirros ocorrem frequen- É uma alteração na cicatriz umbilical. Após a queda do coto
temente e não devem ser atribuídos a resfriados. umbilical, quando o bebê chora, é possível ver que o umbigo fica
estufado.
Hidratação: Orientar a não usar faixas, esparadrapos ou colocar moedas,
As crianças amamentadas exclusivamente no seio não neces- pois não têm nenhum efeito e podem dificultar a respiração do
sitam de água, chás, sucos ou outros leites que não o do peito nos bebê ou causar irritação na pele. Na grande maioria dos casos a hér-
intervalos das mamadas. nia umbilical regride naturalmente sem necessidade de qualquer
Quando a criança estiver tomando mamadeira, oferecer nos intervenção. De qualquer forma, deve-se orientar para procurar a
intervalos água filtrada e fervida. UBS para avaliação.

Orientações a serem dadas sobre os cuidados com o bebê Hérnia inguinal:


É uma bola que aparece na virilha, principalmente quando
No banho: o bebê chora. Caso seja confirmada a presença da hérnia, o
Deve ser diário e nos horários mais quentes, podendo ser vá- tratamento é cirúrgico e você deve orientar para procurar a UBS.
rias vezes no dia, principalmente nos lugares de clima quente. Sem-
pre com água morna, limpa e sabonete neutro. É importante testar Outros cuidados:
a temperatura da água antes de colocar a criança no banho. A higiene do ambiente, das roupas, dos objetos usados pelo
Enxugar bem, principalmente nas regiões de dobras, para evi- bebê é muito importante, considerando que ele tem poucas defe-
tar as assaduras. sas e pode ter infecções. É preciso, então, orientar para que as pes-
Não usar perfume, óleos industrializados e talco na pele do soas tenham o entendimento da relação da sujeira com a presença
bebê, pelo risco de aspiração do talco e por causar alergias. de micro-organismos causadores de doenças.
As unhas do bebê devem ser cortadas para evitar arranhões e Quem cuida do bebê deve lavar bem as mãos, com água e sa-
acúmulo de sujeiras. bão, antes e depois de cada cuidado.

319
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As roupas e fraldas devem ser bem lavadas, enxaguadas e, Dentição de leite
sempre que possível, colocadas ao sol para secar e devem ser pas- Durante a vida possuímos dois tipos diferentes de dentição: a
sadas com ferro quente. Orientar para lavá-las com sabão neutro e de leite e a permanente. Os dentes de leite aparecem por volta dos
evitar o uso de amaciantes. seis meses de vida. Geralmente os dentes inferiores surgem primei-
Ao perceber as condições de vida da família na visita domiciliar, ro que os superiores e sempre aparecem aos pares, um esquerdo
você pode verificar a possibilidade de deixar a casa mais arejada e e outro direito.
iluminada.
Estudar em conjunto com a família formas de diminuir a poeira Para que servem os dentes de leite?
e fumaça (fogões à lenha e cigarros) dentro da casa. - Mastigar;
Nos locais onde há malária, filariose, dengue, febre amarela e - Falar;
doença de Chagas, é necessário o uso de mosquiteiros. Sua orien- - Sorrir;
tação e ação também podem ser complementadas pelas do agente - Guiam os dentes permanentes para nascerem;
de controle de endemias. - Guardam o lugar dos dentes permanentes;
- Ajudam as arcadas dentárias a se desenvolverem (devido ao
Triagem Neonatal exercício muscular propiciado pela mastigação);
O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho fazem parte do - Servem para começarmos a aprender a ter higiene bucal.
Programa Nacional de Triagem Neonatal (recém-nascido), criado
em 2001 pelo Ministério da Saúde, com objetivo de diagnosticar Os dentes de leite são em número de 20:
diversas doenças e a tempo de fazer o tratamento precocemente, Oito incisivos: ficam na frente, sendo tanto superior quanto
reduzindo ou eliminando sequelas, como o retardo mental, surdez inferior
e cegueira. Quatro caninos: ao lado dos incisivos
Oito molares: ficam atrás dos caninos, no fundo da boca
Teste do pezinho
Você deve orientar a sua realização imediatamente entre o ter- Os dentes de leite devem ser bem cuidados, para que possa-
ceiro e o sétimo dia de vida do bebê. mos ter os permanentes saudáveis.
A partir desse prazo, oriente para fazer o exame o mais cedo
possível, preferencialmente dentro de 30 dias após o nascimento. Higiene Bucal
O exame revela doenças que podem causar graves problemas Os bons hábitos alimentares e de higiene bucal na família irão
ao desenvolvimento e crescimento do bebê, que são irreversíveis interferir no comportamento das crianças. Por essa razão, o ACS
se não diagnosticadas e logo tratadas. Por isso a importância da sua deve orientar a família nos cuidados da higiene bucal e ainda na
realização o mais cedo possível. mudança de alguns hábitos alimentares, como a redução do uso do
açúcar no leite, em sucos ou chás.
Teste da orelhinha A limpeza da cavidade bucal deve ser iniciada antes mesmo da
É um exame que pode detectar precocemente se o bebê tem erupção dos dentes. Deve-se orientar a utilização de um tecido lim-
algum problema de audição. Ele é realizado no próprio berçário, po (gaze ou fralda) umedecido em água filtrada ou fervida, mas em
quando o bebê está quieto dormindo, de preferência nas primeiras temperatura ambiente, massageado suavemente a gengiva.
48 horas de vida, mas pode ser feito após alguns meses de vida, Além de higienizar a cavidade bucal, esse procedimento tem
em outro serviço de saúde conveniado, se a maternidade não tiver o objetivo de condicionar o bebe à adoção de hábitos saudáveis
fonoaudiólogos para realizar o exame. futuramente.
O exame não dói, não incomoda, não acorda o bebê, é barato,
fácil de ser realizado, não tem contraindicação e é eficaz para detec- Escovação:
tar problemas auditivos. Com o aparecimento do primeiro dente, inicia-se a fase do uso
Informe-se na sua UBS de referência se o exame da orelhinha da escova dental, que deverá ser de cabeça pequena e as cerdas
está disponível na rede do SUS do município e onde é realizado. arredondadas e macias, mas sem a pasta de dente. O creme dental
com flúor só deverá ser utilizado quando a criança souber cuspir
Teste do olhinho completamente o seu excesso.
Também conhecido como exame do reflexo vermelho, ele pode Criança que ainda não sabe cuspir não deve usar pasta de den-
detectar diversos problemas nos olhos, o mais importante é a cata- te com flúor, pois ela pode engolir essa pasta e vir a ter um proble-
rata congênita. ma conhecido como fluorose, que é o aparecimento de manchas
Deve ser realizado de preferência ainda na maternidade, mas esbranquiçadas e/ou má formação dentária. Seguir as recomen-
pode ser feito na UBS pelo médico treinado, nos três primeiros anos dações da equipe de Saúde Bucal quanto à quantidade segura de
de vida. creme dental para a criança e a frequência de escovação, pois isso é
fundamental para prevenir a cárie precoce e a fluorose.
Saúde bucal na criança
Desde os primeiros dias de vida, a adoção de cuidados com a Até que a criança adquira coordenação motora, o cuidado com
saúde bucal deve ser estimulada e motivada pelos profissionais da sua higiene bucal deverá ser delegado aos seus pais ou responsá-
equipe de saúde. A prática de hábitos de vida saudáveis irá prevenir veis.
o aparecimento de doenças bucais na primeira infância, repercutin-
do na promoção à saúde para toda a vida. Dica: o que limpa o dente é a ação da escovação, e não a pasta
Nesse primeiro momento, deve-se ouvir a família e observar o de dente. Por isso, orientar para colocar pouca pasta de dente na
comportamento do recém-nascido. Orientar as dúvidas que os pais escova (quantidade equivalente a um grão de arroz cru).
e os familiares tiverem, como: aleitamento materno; uso de bicos
e chupetas; sucção digital (chupar o dedo); higiene bucal; uso de
creme dental; alimentação; e manifestações mais frequentes.

320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fio dental: Desenvolvimento
O uso do fio dental é tão importante quanto o uso da escova É o amadurecimento das funções do corpo. É o que faz
de dente. com que a criança aprenda a segurar objetos, relacionar sons e
Ele garante a retirada dos restos de alimentos entre os dentes comportamentos, falar, andar, coordenar seus movimentos e
e da placa bacteriana. O seu uso deve ser estimulado na medida em ações, sentir, pensar e se relacionar com os outros e com o meio
que a criança for crescendo e iniciado assim que se estabelecer o a sua volta.
espaço entre dois dentes. O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da
Na saúde bucal o ACS deve ainda reforçar a importância de criança faz parte da consulta na UBS e também deve ser acompa-
uma alimentação saudável, sem açúcar. Incentivar o consumo de nhado por você durante a visita domiciliar (VD). Na VD é importante
frutas, legumes e verduras e evitar alimentos industrializados (refri- observar como as mães lidam com seus filhos: se conversam com
gerantes, bolachas, salgadinhos, balas, doces, chocolates). eles, se brincam. Não é necessário que ela fique o tempo todo em
Orientar a mãe, o pai ou quem cuida da criança para ir regu- casa, mas é importante que quem a substituir possa ter tempo para
larmente ao serviço de saúde para avaliação e prevenção de cárie. conversar com a criança, mesmo durante os trabalhos de casa.

Alterações em Saúde Bucal mais Frequentes nas Crianças Caderneta de Saúde da Criança
A Caderneta de Saúde da Criança existe para acompanhar e
Candidíase bucal: avaliar o crescimento e desenvolvimento e a saúde da criança até os
Conhecida como “sapinho”, é uma doença infecciosa causada 10 anos. Existe uma caderneta para meninas e outra para meninos
por fungos. Apresenta-se como uma placa esbranquiçada e mole porque o seu crescimento é diferente.
que recobre a língua, bochecha ou palato mole (céu da boca mais Você pode ter uma cópia da ficha vacinal e do gráfico de cresci-
posterior). mento de cada criança, essa cópia é conhecida como cartão sombra
A candidíase é encontrada com maior frequência em bebês en- ou cartão espelho. Isso lhe ajudará no acompanhamento sobre a
tre zero e três meses de idade. Caso você ou a mãe identifique esses saúde e o crescimento e desenvolvimento da criança, a cada visita.
sinais, oriente a procurar a UBS.
Informações importantes a serem verificadas se constam na
Língua geográfica: caderneta de saúde da criança
São áreas lisas localizadas na língua com margens limitadas e No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança é considerada um
bem definidas que imitam o formato de um mapa, por esse motivo documento.
que se denomina de língua geográfica. O ACS pode ficar tranquilo Ela contém diversas instruções, entre elas: dados de identifica-
ao ser questionado sobre essa manifestação bucal, pois ela não ne- ção da criança, orientações relacionadas ao crescimento e desen-
cessita de nenhum tratamento. Porém, em caso de dúvida, sempre volvimento, amamentação e calendário vacinal.
comunique sua equipe e discuta sobre o caso para ter mais infor-
mações. Dados de identificação e do nascimento da criança:
- Nome completo da criança e dos pais;
Gengivite de erupção: - Local onde mora (não se esquecer de indicar um ponto que
É uma inflamação localizada na gengiva devido ao surgimento ajude a encontrar a casa da criança);
dos primeiros dentes de leite. O bebê pode sentir dor, febre e - Como nasceu: se em hospital, centro de parto natural ou em
recusa à alimentação. Deve-se orientar a mãe e familiares que essa casa, com parteira; se foi parto normal ou cesárea; qual o peso e
situação é comum e que o bebê pode ficar irritado, mais choroso o comprimento; qual o APGAR (que varia de 0 a 10 e quanto mais
e precisar de mais carinho e atenção. O ACS pode indicar algumas alto melhores foram as condições do nascimento); qual o perímetro
medidas caseiras, como chá gelado de camomila ou malva e cefálico (que é a medida da cabeça da criança, que na maioria dos
procurar o dentista da área. recém-nascidos fica entre 32 e 36 cm).

Hematoma de erupção: Gráficos de Crescimento para Crianças


É uma lesão de coloração azulada na região do dente que
está nascendo. Os pais, geralmente, ficam preocupados devido à Interpretação dos gráficos de crescimento para crianças:
coloração, mas é importante tranquilizá-los, pois não é dolorido e O estado nutricional, em todas as fases da vida, é avaliado a
não necessita de tratamento. partir de dados de peso e altura. Para saber se a pessoa será classi-
ficada como saudável, é necessário que se façam comparações com
ATENÇÃO: o ACS deve identificar e conhecer o serviço de saúde uma referência baseada em uma população saudável. Uma das ma-
bucal disponível na sua área de abrangência, para orientar às famí- neiras de realizar essa comparação é por meio de gráficos. A Cader-
lias sobre como ter acesso a esse serviço. neta de Saúde da Criança e a do Adolescente apresentam gráficos
para essa avaliação. As curvas de peso para idade, altura para idade
Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento da e Índice de Massa Corporal (IMC) para idade mostram se o peso, a
Criança altura e o IMC da criança ou adolescente estão compatíveis com os
valores de pessoas que se encontram na mesma idade.
Crescimento Para usar esses gráficos, algumas informações são necessárias,
É o aumento do corpo como um todo. A altura faz parte de acordo com o gráfico utilizado: peso, estatura, idade e sexo. Os
do crescimento, que é a medida em centímetros, e o peso, em meninos têm gráficos na cor azul, enquanto as meninas têm grá-
quilogramas. ficos na cor rosa. Fique atento também para o fato de que cada
gráfico se destina a uma faixa etária diferente: alguns gráficos são
para crianças menores de dois anos, outros para crianças entre dois
e cinco anos incompletos e outros gráficos para crianças de cinco a
dez anos de idade.

321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Peso para idade Crianças ou adolescentes que são classificados abaixo da linha
Esse gráfico faz uma avaliação do peso de acordo com a ida- do -2 devem ser encaminhados para consulta com um profissional
de da pessoa no momento da avaliação. Para utilizá-lo, o primeiro da equipe de saúde.
passo é pesar a criança ou adolescente. Depois disso, anote o va-
lor do peso com a data. Além do peso, é necessário saber a idade IMC para idade
da criança em anos e meses. É muito importante que meninos e O IMC (Índice de Massa Corporal) avalia a proporção entre o
meninas tenham os gráficos certos, já que o desenvolvimento e o peso e altura e pode ser avaliado de acordo com a idade do nasci-
crescimento são diferentes para os dois grupos. Com os valores de mento até os 19 anos. Para utilizar o gráfico, o primeiro passo é me-
peso e idade nas mãos, abra o gráfico. dir a altura da criança ou adolescente; depois, deve-se obter o peso
Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores de ida- da pessoa no momento da avaliação. Anote o valor da altura e do
de; nessa linha, localize a idade da criança. Na linha vertical (de pé), peso com a data. Para essa avaliação, também é necessário saber a
estão descritas as medidas de peso em quilogramas; localize o peso idade em anos e meses. Com os valores de altura e peso, calcule o
da criança encontrado na pesagem. Marcados os dois pontos, faça IMC a partir da seguinte fórmula:
uma linha horizontal saindo da marcação do peso e uma linha verti-
cal saindo da idade da pessoa. As duas linhas devem se cruzar.
Esse ponto onde as linhas se cruzam irá proporcionar a classifi-
cação do estado nutricional dessa criança no dia em que se realizou
a pesagem.

Após colocar o ponto no gráfico de peso por idade, é necessá- Note que a medida do peso deve estar em quilogramas e a da
rio fazer avaliação dessa informação, conforme a descrição abai- altura em metros. Portanto, divida o valor do peso pelo quadrado
xo: da altura, isto é, a medida da altura multiplicada por ela mesma.
- Abaixo da linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1): peso mui- Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores de ida-
to baixo para a idade; de; nessa linha, localize a idade da criança ou adolescente. Na linha
- Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e vertical (de pé), estão descritos os valores de IMC; localize o valor
abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): o peso está baixo do IMC calculado. Marcados os dois pontos, faça uma linha horizon-
para a idade; tal saindo do valor de IMC e uma linha vertical saindo da idade. As
- Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil 3) e duas linhas devem se cruzar. Esse ponto onde as linhas se cruzam
abaixo ou sobre a linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o peso irá proporcionar a classificação do estado nutricional dessa criança
está adequado para a idade; ou adolescente no dia em que se realizou a avaliação.
- Acima da linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o peso
está elevado para a idade. Após colocar o ponto no gráfico de IMC por idade, é necessá-
rio fazer avaliação dessa informação conforme a descrição abaixo:
Tanto as situações de muito baixo peso e baixo peso como os - Abaixo da linha do -3 (ou do percentil 0,1): IMC muito baixo
casos de peso elevado para idade devem ser encaminhados a sua para a idade;
equipe de saúde para consulta. - Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e
abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): o IMC está baixo
Estatura para idade para a idade;
Esse gráfico faz uma avaliação da altura com a idade da pessoa - Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil 3) e
no momento da avaliação. Para utilizar o gráfico, o primeiro passo é abaixo ou sobre a linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o IMC
medir a altura da criança ou adolescente. Depois disso, anote o va- está adequado para a idade;
lor da altura com a data. Além da altura, é necessário saber a idade - Acima da linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o IMC está
da criança em anos e meses. elevado para a idade; a criança ou adolescente apresenta excesso
Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores de ida- de peso.
de; nessa linha, localize a idade da criança. Na linha vertical (de pé),
estão descritas as medidas de altura em centímetros; localize a al- Atenção: deve-se estar sempre atento para a evolução do cres-
tura avaliada. Marcados os dois pontos, faça uma linha horizontal cimento da criança. Se a linha de crescimento registrada no gráfico
saindo da altura e uma linha vertical saindo da idade. As duas linhas de crescimento estiver descendo ao longo dos atendimentos, tra-
devem se cruzar. Esse ponto onde as linhas se cruzam irá propor- ta-se de um sinal de alerta, já que a criança está se aproximando
cionar a classificação do estado nutricional dessa criança no dia em de uma situação de baixo peso por idade ou de baixa estatura por
que se realizou a avaliação. idade. Da mesma forma, caso uma criança apresente um contínuo
ganho de peso e estiver se aproximando cada vez mais das linhas
Após colocar o ponto no gráfico de estatura por idade, é ne- superiores do gráfico, o caso também requer uma atenção maior.
cessário fazer avaliação dessa informação conforme a descrição
abaixo: Para mais informações sobre esse assunto, consulte a Caderne-
- Abaixo da linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1): a altura ta de Saúde da Criança, Caderno de Atenção Básica (CAB) de Saúde
está muito baixa para a idade; da Criança e os materiais do Sistema de Vigilância Alimentar e Nu-
- Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e tricional (Sisvan), disponíveis no site: www.saude.gov.br/nutricao.
abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): a altura está baixa
para a idade; Atividades
- Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil 3): a Para acompanhar o desenvolvimento da criança, é preciso ob-
altura está adequada para a idade. servar as atividades que a maioria delas é capaz de fazer nas dife-
rentes idades.

322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Procure ter acesso a essa parte da Caderneta, que o médico e o enfermeiro preenchem.

Para as crianças com baixo ou muito baixo peso e elevado peso, é preciso conversar mais com os pais, para saber como é o dia a dia
delas:
Como brincam; como se alimentam; como está a curva de peso; se tomam sol; se brincam ao ar livre; se ficam doentes; quem toma
conta; o que os pais e/ou cuidadores ensinam e conversam; se têm acesso à água limpa e tratada; se o quintal e a rua são limpos.
Essas crianças irão precisar de mais visitas domiciliares e deverão ser orientadas para procurar a UBS.

Vacinas da Criança

Esquema de vacinação da criança:


A vacinação é uma importante ação para diminuir doenças e mortes por doenças infecciosas.
Você deverá solicitar a Caderneta de Saúde da Criança e verificar o esquema vacinal.

Obs.: o esquema vacinal pode ser alterado de tempos em tempos ou sofrer adaptações regionais. Recomenda-se que você sempre
converse com o enfermeiro ou com o médico da sua equipe para se manter atualizado(a) sobre o esquema vacinal adotado em seu mu-
nicípio.

Observações gerais:
Em relação à vacinação, você deve orientar para procurar a UBS as crianças que:
- Não tiverem o registro da aplicação de qualquer uma das vacinas na Caderneta da Criança;
- Tiverem informações sobre aplicações de vacinas que não estejam registradas na Caderneta;
- Não compareceram no dia agendado pela UBS para a vacinação;
- Apresentarem qualquer queixa após a aplicação da vacina.

Obs.: criança sem cicatriz vacinal não precisa revacinar contra tuberculose, portanto mesmo que não apresentam cicatriz vacinal após
6 meses não haverá revacinação sendo assim a vacinação apenas uma vez.

Atenção: as etapas de cicatrização da pele após a aplicação da vacina BCG:


- Em torno da segunda semana, palpa-se uma pequena área endurecida;
- Da quinta à sexta semana, o centro da área endurecida começa a amolecer, formando uma crosta (casca);
- Quando a crosta cai, deixa em seu local uma pequena lesão, que desaparece lentamente entre a 8ª e a 10ª semana. Em alguns casos,
a cicatrização é mais demorada, podendo se prolongar até o quarto mês, raramente além do sexto mês.

Você deverá orientar a mãe sobre as fases da cicatrização da vacina.


Além disso, orientar a manter o local da aplicação limpo, utilizando água e sabão, e que não se deve colocar nenhum tipo de medica-
mento, nem cobrir a lesão com curativo.
Qualquer dúvida quanto à cicatrização da vacina BCG, encaminhar a criança, a mãe ou o responsável à sua equipe de SF ou à UBS.

Atenção: a aplicação de uma ou mais vacinas, no mesmo dia, não oferece nenhum risco à criança.
A Caderneta de Saúde da Criança registra o peso e as atividades, mostra se a criança está com as vacinas em dia, se adoece muito e
do que adoece.

Esquema Vacinal

Número de Doses
Proteção
Vacinas Idade Recomendada Esquema
Contra Reforço
Básico
Formas
graves de
BCG (1)
tuberculose, Ao nascer Dose única -
meníngea
e miliar
Hepatite B Dose ao
Hepatite B Ao nascer -
(2) nascer
Poliomielite 2 reforços
Poliomie- 2 meses, 4 meses e 6
1,2,3 (VIP - 3 doses com a vacina
lite V meses
inativada) VOP
Poliomielite
Poliomie- 2 doses de
1 e 3 (VOP - 15 meses e 4 anos -
lite reforço
atenuada)

323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Rotavírus Diarreia
1ª dose: 2 meses 2ª
humano G1P1 por 2 doses -
dose: 4 meses
(VRH) (3) Rotavírus
Difteria,
Tétano,
Coquelu- 1ª dose: 2 meses 2ª
DTP+Hi- 2 reforços
che, dose: 4
b+HB 3 doses com a vacina
Haemo- meses 3ª dose: 6
(Penta) DTP
philus meses
influenzae
B e Hepatite B
Pneumo-
nias,
Meningi-
Pneumocó- tes, Otites,
1ª dose: 2 meses 2ª
cica 10 valente Sinusites
dose: 4 meses Reforço: 2 doses Reforço
(Pncc 10) pelos
12meses
(4) sorotipos
que
compõem
a vacina
Meningocó- Meningite 1ª dose:
cica C (conju- meningo- 3 meses 2ª dose: 5
2 doses 1º reforço
gada) cócica tipo meses
(4) C 1º Reforço: 12 meses
Febre Ama-
Febre Dose: 9 meses Refor-
rela (Atenuada) 1 dose Reforço
Amarela ço: 4 anos de idade
(5)
2 doses (1ª
Sarampo, dose
Sarampo,
Caxumba, Ru- com SCR
Caxumba 12 meses -
béola e 2ª
e Rubéola
(SCR) (6) dose com
SCRV)
1 dose
(correspon-
Sarampo,
Sarampo, de a
Caxumba, Ru-
Caxumba segunda
béola, 15 meses -
Rubéola e dose da
Varicela
Varicela SCR e pri-
(SCRV) (4) (7)
meira de
varicela)
Hepatite A
Hepatite A 15 meses 1 dose -
(HA) (4)
Difteria, Difteria 1º reforço: 15 Considerar
Tétano, Tétano meses 2º doses
2 reforços
Pertussis Coquelu- reforço: 4 anos de anteriores (3
(DTP) che idade doses)
Difteria, Difteria 1º reforço: 15 Considerar
Tétano, Tétano meses 2º doses
2 reforços
Pertussis Coquelu- reforço: 4 anos de anteriores (3
(DTP) che idade doses)
A cada 10
3 doses
anos. Em caso
Considerar
de feri-
Difteria, Difteria e doses
A partir dos 7 anos mentos graves
Tétano (dT) Tétano anteriores
a
com
cada 5
penta e DTP
anos

324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Papiloma-
De 09 a 14
vírus
Papiloma- anos para meninas;
Humano
vírus humano de 11 a 2 doses -
6, 11, 16
(HPV) 14 anos para
e 18 (re-
meninos
combinante)
Menin-
Uma dose
gites
a depender da
bacteria-
Pneumocó- a partir de 5 anos situação
nas,
cica 23-valente para os 1 dose vacinal ante-
Pneumo-
(Pncc 23) (8 povos indígenas rior
nias,
com a
Sinusite
PNM10v
etc.
1 dose
(correspon-
de a
Varicela (9) Varicela 4 anos -
segunda
dose da
varicela)
Influenza 6 meses a menores de 1 dose ou Dose
Influenza
(10) 6 anos duas doses anual

https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/junho/09/calendario-de-vacinacao-2020_crianca.pdf

Notas:
(1) Devido a situação epidemiológica do país é recomendável que a vacina BCG seja administrada na maternidade. Caso não tenha
sido administrada na maternidade aplicá-la na primeira visita ao serviço de saúde. Crianças que não apresentarem cicatriz vacinal após
receberem a dose da vacina BCG não precisam ser revacinadas.
(2) A vacina Hepatite B deve ser administradas nas primeiras 24 horas, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida, ainda na
maternidade. Esta dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento. Crianças até 6 (seis) anos 11 meses e 29 dias, sem compro-
vação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou completar esquema com penta que está disponível na rotina dos serviços de saúde,
com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema detalhado no tópico da vacina penta. Crianças com 7 anos
completos sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto: completar 3 doses com a vacina hepatite B com intervalo de 30 dias
para a 2ª dose e de 6 meses entre a 1ª e a 3ª.
(3) A idade mínima para a administração da primeira dose é de 1 mês e 15 dias e a idade máxima é de 3 meses e 15 dias. A idade míni-
ma para a administração da segunda dose é de 3 meses e 15 dias e a idade máxima é de 7 meses e vinte e 29 dias. Se a criança regurgitar,
cuspir ou vomitar após a vacinação, não repita a dose. Nestes casos, considere a dose válida.
(4) Administrar 1 (uma) dose da vacina Pneumocócica 10V (conjugada), da vacina Meningocócica C (conjugada), da vacina hepatite
A e da vacina tetra viral em crianças até 4 anos (4 anos 11 meses e 29 dias) de idade, que tenham perdido a oportunidade de se vacinar.
(5) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com as indicações
da faixa etária e situação vacinal
(6) Indicada vacinação em bloqueios de casos suspeitos de sarampo e rubéola a partir dos 6 meses. Em menores de 2 anos, não pode
ser aplicada simultaneamente com a vacina da Febre Amarela, estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias.
(7) A vacina tetra viral corresponde à segunda dose da tríplice viral e à primeira dose da vacina varicela. Nesta dose poderá ser aplicada
a vacina tetra viral ou a vacina tríplice viral e vacina varicela (monovalente).
(8) Esta vacina está indicada para população indígena a partir dos 5 (cinco) anos de idade.
(9) A vacina varicela pode ser administrada até 6 anos, 11 meses e 29 dias. Esta vacina está indicada para toda população indígena a
partir dos 7 (sete) anos de idade, não vacinada contra varicela.
(10) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, conforme os grupos prioritários definidos no Informe da
Campanha. Para as crianças não indígenas de seis meses a menores de seis anos de idade (cinco anos, 11 meses e 29 dias) e para as crian-
ças indígenas de seis meses a menores de nove anos de idade (oito anos, 11 meses e 29 dias), fazendo a vacina pela primeira vez, deverão
receber duas doses, com 1 mês de intervalo.

Orientações Alimentares para a Criança


Nos primeiros seis meses, o bebê só deve receber o leite materno. Ele deve ser oferecido todas as vezes que o bebê quiser, inclusive
à noite.
Após os seis meses, introduzir novos alimentos, continuando com o aleitamento materno até os dois anos ou mais.
A partir dos seis meses, as papas de frutas, legumes, carnes e cereais podem ser feitas com alimentos da região.
No início o bebê come em pouca quantidade e coloca parte da comida para fora, até aprender a engolir e se acostumar com o gosto do
novo alimento. É importante orientar os cuidadores do bebê a terem paciência em caso de resistência na aceitação de um novo alimento.
Insistir na oferta de oito a dez vezes.

325
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para mais informações, consultar o “Caderno de Atenção Bási- Obesidade em criança
ca Saúde da Criança - Aleitamento Materno e Alimentação Comple- A obesidade não é apenas um problema estético (beleza) que
mentar”, os “Dez passos para Alimentação Saudável - Guia Alimen- incomoda por causa das “brincadeiras” dos colegas.
tar para Crianças Menores de Dois Anos” ou, ainda, o “Guia Prático Pode-se definir obesidade como o grau de armazenamento de
de Preparo de Alimentos para Crianças Menores de 12 Meses que gordura no organismo associado a riscos para a saúde, devido a sua
não Podem Ser Amamentadas”, disponíveis on-line no site www. relação com o aparecimento e complicações de algumas doenças
saude.gov.br/dab. como diabetes, hipertensão e outros problemas cardíacos.
O ganho de peso além do necessário é devido a hábitos alimen-
Você deve orientar sobre: tares errados, questões genéticas, estilo de vida sedentário, distúr-
- A limpeza no preparo dos alimentos vai evitar diarreias e ou- bios psicológicos, problemas na convivência familiar, entre outros.
tras infecções; Costuma-se pensar que as crianças obesas ingerem grande
- Lavar bem as mãos com água e sabão antes de preparar os quantidade de comida. Essa afirmativa nem sempre é verdadeira,
alimentos; pois a obesidade não está relacionada apenas com a quantidade,
- Os alimentos devem sempre ser cobertos ou tampados; mas com o tipo de alimentos consumidos frequentemente.
- Aos seis meses, as crianças devem receber papas de frutas, e
as papas salgadas devem conter no mínimo um alimento de cada Atividades físicas
grupo. Exemplo de papa: abóbora, carne, arroz, feijão e espinafre; Além da alimentação, a vida sedentária facilitada pelos avanços
- As frutas devem ser lavadas, descascadas e amassadas, para tecnológicos (computadores, televisão, videogames etc.) também é
que fiquem na consistência de papa. Não passar a fruta na peneira fator para a presença da obesidade.
ou no liquidificador nem acrescentar açúcar. A criança tem que se Hoje em dia, devido ao medo da violência urbana, entre outros
acostumar a comer alimentos de diferentes consistências. As papas motivos, as crianças costumam ficar horas paradas em frente à TV
salgadas oferecidas no almoço a partir de seis meses e as papas ou outro equipamento eletrônico e quase sempre com um pacote
oferecidas no jantar a partir dos sete meses também não devem ser de biscoito ou sanduíche regado a refrigerantes.
liquidificadas, e sim amassadas com o garfo; A prática regular de atividade física proporciona muitos benefí-
- Aos seis meses, a criança que mama no peito deve receber, cios, entre eles o aumento da autoestima, do bem-estar, a melhoria
além do leite materno em livre demanda, ou sempre que sentir da força muscular, fortalecimento dos ossos e pleno funcionamento
fome, uma papa de fruta no meio da manhã, uma papa salgada na do sistema de defesa do organismo - sistema imunológico.
hora do almoço e uma papa de fruta no meio da tarde; Você pode colaborar na promoção à prática regular de ativida-
- Aos sete meses, a crianças que mamam no peito já pode rece- de física e utilização dos espaços públicos que facilitem a incorpora-
ber duas papas salgadas por dia e duas papas de fruta; ção dessa prática no cotidiano.
- Aos 10 meses, a criança já pode receber a alimentação básica
da família, desde que não muito condimentada; Ansiedade
- A partir dos 12 meses, a criança que mama no peito deve Não são apenas os adultos que sofrem de ansiedade provocada
fazer uma refeição ao acordar, dois lanches por dia e duas refeições pelo estresse do dia a dia. As crianças e os jovens também são alvos
básicas por dia (almoço e jantar); desse sintoma, causado por preocupações em semanas de prova na
- As verduras devem ser descascadas e cozidas no vapor ou em escola ou pela tensão do vestibular, entre outros. Algumas pessoas
pouca água e com pouco sal. Depois devem ser amassadas com o em situações de ansiedade comem em excesso.
garfo e ficar com consistência de papa;
- Deve-se evitar dar à criança açúcar, frituras, enlatados, café, Fatores genéticos
chá mate, refrigerantes nos primeiros anos de vida. Esses alimen- Algumas pesquisas já revelaram que, se um dos pais é obeso,
tos podem causar ou ser fator de predisposição a excesso ou baixo o filho tem maiores chances de se tornar obeso, e essas chances
peso, anemia, alergia alimentar e cárie. Além de fazer com que as dobram no caso de os dois pais serem obesos.
crianças percam o interesse por alimentos na sua forma natural;
- A papa salgada deve conter um alimento do grupo dos cereais Em todas as fases da vida, o importante é ter uma alimentação
ou tubérculos (inhame, cará, aipim/macaxeira/mandioca), um das saudável, que é:
hortaliças (folhas ou legumes) e um do grupo dos alimentos de ori- - Adequada em quantidade e qualidade;
gem animal (frango, boi, peixe, miúdos, ovos) ou das leguminosas - Variada;
(feijão, soja, lentilha, grão-de-bico); - Segura;
- Miúdos ou fígado devem ser oferecidos no mínimo uma vez - Disponível;
na semana para a prevenção da anemia; - Atrativa;
- Após o consumo de papas salgadas, é indicado o consumo - Que respeita a cultura alimentar.
de meio copo de suco de fruta natural ou uma porção pequena de
fruta para aumentar a absorção do ferro presente nas refeições e Para ter uma alimentação saudável, não é preciso excluir “coi-
ajudar na prevenção da anemia; sas gostosas”, mas é preciso saber equilibrar, evitando os exageros e
- Durante o dia e no intervalo das refeições, as crianças devem o consumo frequente de alimentos altamente calóricos.
receber água pura, limpa, filtrada ou fervida. É preciso também desmistificar a ideia de que tudo que é
- Os sucos devem ser oferecidos apenas após as papas salgadas gostoso engorda e é caro. Uma alimentação rica em alimentos
(almoço e jantar); pouco calóricos pode ser saborosa e caber no orçamento familiar.
- O leite artificial deve ser preparado no máximo uma hora
antes de ser oferecido. Não aproveitar sobras de outros horários. Orientações importantes que podem ser dadas por você:
Crianças até seis meses que recebem outro leite que não o materno - Os alimentos de diferentes grupos devem ser distribuídos em
devem consumir no máximo 400 ml por dia. pelo menos três refeições e dois lanches por dia;

326
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Os alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (bata- - Se há outros casos.
tas), raízes (mandioca/ macaxeira/aipim), pães e massas devem ser
distribuídos nas refeições e lanches do seu filho ao longo do dia; Um dos tratamentos para DDA é a hidratação, que tem o obje-
- Legumes e verduras devem compor as refeições da criança. As tivo de reidratar ou evitar a desidratação. Pode ser feita por via oral
frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches; ou por meio de soro na veia.
- Feijão com arroz deve ser consumido todos os dias ou no mí- Ao constatar os sinais relatados acima, você já deve orientar
nimo cinco vezes por semana; o aumento do consumo de líquidos disponíveis no domicílio - pre-
- Leite e derivados como queijo e iogurte devem compor a ali- ferencialmente leite materno (em menores de dois anos) e soro
mentação diariamente, nos lanches. Carnes, aves, peixes ou ovos de reidratação oral (SRO); na falta desses, soro caseiro, chás, co-
devem compor a refeição principal da criança; zimento de farinha de arroz e água de coco. Esses líquidos devem
- Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados. A prefe- ser usados após cada evacuação ou vômito. Se o vômito dificultar
rência deve ser por alimentos assados, grelhados ou cozidos; a aceitação, deve-se oferecer a solução em colheres, a cada um ou
- Refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoi- dois minutos, aumentando o volume de líquido gradualmente.
tos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia A alimentação habitual deve ser mantida, evitando alimentos
devem ser evitados ou consumidos o mínimo possível; muito gordurosos.
- Diminuir a quantidade de sal na comida; No caso de a criança estar com os olhos fundos, ausência de lá-
- A criança deve beber bastante água e sucos naturais de fru- grima, bebendo líquidos rapidamente ou com dificuldade de beber,
tas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para apresentar sangue nas fezes ou febre alta, ela deverá ser orientada
manter a hidratação e a saúde do corpo; a procurar imediatamente a UBS.
- A criança deve ser ativa, evitando-se que ela passe muitas É importante ressaltar que os refrigerantes não devem ser
horas assistindo à TV, jogando videogame ou brincando no com- utilizados, pois, além de não fazer efeito como hidratantes, podem
putador. agravar a diarreia.

Nas visitas domiciliares, você deve fazer orientações para a pro- Medidas de prevenção e controle:
moção à saúde, reforçando as orientações quanto ao aleitamento - Orientar/desenvolver:
materno exclusivo, alimentação, a manter o esquema de vacinação - Melhoria da qualidade da água (quadro a seguir);
sempre atualizado, medidas para higiene e cuidado com a criança e - Destino adequado de lixo e dejetos;
o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento. - Ações de controle de moscas, formigas e baratas;
Assim estará contribuindo para a manutenção e promoção à - Medidas de higiene e de manipulação de água e alimentos;
saúde das crianças das famílias que moram na sua área de atuação. - Ações de educação em saúde, particularmente em áreas de
elevada incidência de diarreia, são fundamentais;
Doença Diarreica Aguda (DDA) - Participar da articulação com escolas, creches, hospitais, pe-
nitenciárias para o desenvolvimento de orientações e campanhas
É uma doença que pode ser causada por bactérias, vírus específicas.
e parasitos, caracterizada principalmente pelo aumento do
número de evacuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pouca Dosagem e tempo de contato do hipoclorito de sódio a 2,5%
consistência. (água sanitária) segundo o volume de água para consumo humano
Em alguns casos, há presença de muco e sangue. A criança tam- a ser tratado no domicílio.
bém pode ter náusea, vômito, febre e dor abdominal. Tem duração
entre 2 e 14 dias. É importante sua atuação imediata para evitar Preparo do Soro Caseiro e da Solução de Reidratação Oral
que ocorra a desidratação. para Controle da DDA:
A DDA é uma das importantes causas de adoecimento e morte
no Brasil e está diretamente relacionada às precárias condições de Como preparar o soro caseiro com a colher-medida:
vida e saúde dos indivíduos, em consequência da falta de sanea- - Encher bem um copo grande com água limpa, fervida e em
mento básico, desnutrição crônica, entre outros fatores. temperatura ambiente;
A transmissão pode ocorrer em virtude da ingestão de água e - Colocar a medida pequena e rasa de SAL;
alimentos contaminados e por contato com objetos contaminados - Colocar duas medidas e rasas de AÇÚCAR;
(ex.: utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos - Mexer bem e oferecer à criança após cada evacuação.
hospitalares) ou de pessoa para pessoa (ex.: mãos contaminadas) e
de animais para as pessoas. Como preparar a solução de reidratação oral:
As moscas, formigas e baratas podem contaminar, principal- - Dissolver o conteúdo de um pacote de sal reidratante em um
mente, os alimentos e utensílios. Locais de uso coletivo, como es- litro de água limpa e fervida, em temperatura ambiente;
colas, creches, hospitais e penitenciárias, apresentam maior risco - Depois de pronto, o soro pode ser usado por um período de
de transmissão. 24 horas. Após esse período jogar fora e preparar outro soro;
- O soro só pode ser misturado em água, não acrescentar açú-
Se durante uma VD você constata ou é informado que há uma car ou outra substância para melhorar o seu gosto.
criança com diarreia, você deve buscar saber:
- A idade; Atuação do ACS no controle das doenças diarreicas agudas:
- Há quantos dias está com diarreia e o número de vezes ao dia - Identificar os casos e encaminhá-los à UBS para diagnóstico
de evacuação; e tratamento;
- Se há presença de sangue nas fezes; - Identificar sinais e/ou situações de risco em casos de diarreias
- Se também está com febre, vômito e há quantos dias; e orientar sobre o tratamento da água para consumo humano, o
- Analisar o entorno do domicílio, se a família utiliza água trata- destino dos dejetos e o lixo residencial;
da, se tem acesso a esgotamento sanitário;

327
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Acompanhar os pacientes e orientá-los quanto à necessidade Para evitar intoxicação, nunca administre os medicamentos
na continuidade do tratamento; sem expressa ordem do médico, e use seringa ou dosador para a
- Vigiar constantemente e de forma responsável; porção recomendada.
- Antecipar os movimentos da criança;
- Manter a criança sempre sob suas vistas; Para evitar as quedas, é necessário manter vigilância constan-
- Evitar deixar sob o cuidado de outras crianças; te. Nunca espere que o bebê não vá rolar, porque ele pode começar
- Desenvolver ações educativas, levando informações e orien- a fazer isso a qualquer momento. Mesmo a colocação de objetos,
tações às famílias e aos indivíduos, identificando as medidas de pre- como travesseiros ou pequenas grades no trocador, não substitui a
venção e controle das doenças diarreicas; vigilância responsável.
- Orientar a população informando-a sobre a doença, seus si-
nais e sintomas, riscos e formas de transmissão; Cuidados com a criança que engatinha e anda
- Atuar como agente mobilizador da comunidade em parceria A partir do momento em que a criança começa a engatinhar
com as lideranças comunitárias chamando atenção das pessoas ou a andar, triplicam os perigos. Além dos riscos anteriores, estão:
para a importância da participação de todos em campanhas e muti- - Intoxicações por medicamentos, produtos de limpeza, rati-
rões no combate às doenças diarreicas agudas. cidas, plantas ornamentais e derivados do petróleo, que ficam ao
alcance das crianças;
Prevenindo Acidentes na Infância - Sufocação com sacos plásticos;
Evitar acidentes na infância é uma tarefa importante para os - Choques em fios e tomadas;
pais e responsáveis. Os acidentes estão entre as cinco principais - Mordeduras e picadas por animais peçonhentos;
causas de morte na infância e podem comprometer o futuro e o de- - Ferimentos cortantes e perfurantes;
senvolvimento da criança. As crianças convivem com muitos riscos - Queimaduras no fogão;
e perigos diariamente. - Ingestão ou inalação de pequenos objetos (moedas, clips,
Você deve informar que os acidentes não são fatalidades nem tampinhas);
obras do destino. Na sua maioria podem ser evitados. - Quedas de alturas;
- Acidentes automobilísticos;
Informações que devem ser passadas sobre cuidados gerais - Afogamentos.
na prevenção de acidentes:
- Manter o ambiente seguro retirando o que representa risco; Para evitar as intoxicações acidentais, guardar os produtos pe-
- Guardar fora do alcance da criança objetos pontiagudos e rigosos em locais altos, completamente fora do acesso das crianças.
cortantes (facas, tesouras, chaves de fenda), produtos químicos de Não usar locais baixos protegidos por chaves, porque, no dia
limpeza, remédios, objetos pequenos que possam ser ingeridos ou a dia, é muito fácil esquecer uma porta aberta. Um descuido pode
inalados, objetos que possam cair, sacos plásticos, cordões e fios ser fatal.
capazes de sufocá-la; cuidado especial com álcool etílico e outros Eliminar da casa as plantas venenosas. As mais responsáveis
produtos inflamáveis, inclusive isqueiros e fósforos; por intoxicações em crianças são: comigo-ninguém-pode, mamona,
- Não deixá-las perto do fogão; saia branca, copo-de-leite, costela-de-adão, espirradeira, dama-da-
- Tampar as tomadas que estão ao alcance das crianças, para -noite, bico-de-papagaio, oficial-de-sala, os cogumelos e as folhas
evitar choques elétricos. da batata e do tomate, aveloz. Existe, ainda, lista muito grande de
vegetais capazes de provocar envenenamentos. Procure conhecer
Você deve alertar sobre os principais acidentes na infância e as plantas tóxicas da sua região para orientar as famílias. Evite co-
as maneiras de evitá-los. locar produtos de limpeza em frascos de doces, garrafas de refri-
gerantes ou de sucos, pois a criança não vai saber distinguir que o
Acidentes com o bebê de colo e o modo de evitá-los conteúdo daquela embalagem não pode ser consumido.
Os acidentes mais frequentes nessa faixa etária são:
- Queimaduras com água do banho ou alimentos quentes; Uma das medidas para evitar a sufocação é esconder os sacos
- Enforcamento com cordões de chupetas; plásticos em local de difícil acesso.
- Afogamento no banho;
- Intoxicação por erro na dose de medicamento; Para evitar os choques elétricos, coloque as tomadas em luga-
- Quedas do trocador, andador/andajá ou da cama. res mais altos ou tampe-as com protetores de plástico.

Para evitar as queimaduras, basta criar o hábito de experimen- Para evitar atropelamentos, não acostumar a criança a brin-
tar a temperatura da água antes do banho e experimentar os ali- car perto de ruas ou rodovias onde passam carros. O adulto deve
mentos antes de oferecê-los ao bebê. sempre segurar na mão da criança quando estiver em locais com
movimento de carros, motos, bicicleta.
Para evitar enforcamentos, não colocar fios ou prendedores
para amarrar a chupeta e, se for utilizá-los, deixe-os curtos para Para evitar acidentes automobilísticos, não levar crianças no
evitar que se enrolem em torno do pescoço da criança. Nunca os colo, e sim sempre no banco traseiro, na cadeira apropriada ou as-
amarre ao redor do pescoço, como colares. sento infantil e com cinto de segurança.

Para evitar afogamentos, nunca deixe a criança sozinha na ba- Para evitar mordeduras e picadas, não armazenar entulho ou
nheira (mesmo que se sinta bem) e se possível utilize os assentos objetos velhos e imprestáveis, que podem servir de ninho a ani-
próprios de borracha antiderrapante. mais peçonhentos. Da mesma forma, não deixar o mato crescer no
quintal.
Usar repelente conforme orientação médica e cortinado sem-
pre que possível.

328
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para evitar ferimentos, esconder objetos cortantes e perfuran- Situações em que você deve orientar a família a procurar o
tes, como facas e tesouras. serviço de saúde o mais rápido possível.
- Criança molinha, gemente, parada, com choro fraco. É aquela
Para evitar queimaduras no fogão, utilizar apenas as bocas tra- que não demonstra interesse pelo o que ocorre ao seu redor, ela
seiras e nunca deixar os cabos das panelas voltados para frente, de não olha quando é chamada;
modo que a criança possa alcançá-los. Retirar os botões que con- - Criança que vomita tudo (alimentos, líquidos e medicamen-
trolam o gás, evitando que a criança abra o gás acidentalmente e tos);
provoque um desastre. - Criança que não mama;
- Criança com tosse ou com dificuldade para respirar (ruído ao
Para evitar a inalação, não deixar pequenos objetos ao alcance respirar, aparecimento das costelas ao respirar - tiragem intercostal,
da criança. Ela pode colocar na boca, engolir e ir para os pulmões. batimento de asa de nariz);
Atenção para os brinquedos pequenos. - Criança com diarreia (três ou mais evacuações líquidas ou se-
milíquidas em 24 horas) com sinais de desidratação: está inquieta,
Para evitar quedas de alturas, cuidar para não deixar as janelas irritada, com sede, olhos fundos, sinal da prega (a pele volta lenta-
abertas ou móveis próximos às janelas. Impedir o acesso às escadas mente ao estado anterior quando com os dedos polegar e indicador
e sacadas. são usados para levantar a pele);
O tanque de lavar roupa é um local muito perigoso. Verificar se - Emagrecimento acentuado, pés inchados, palma da mão mui-
está bem preso na parede, pois a criança pode se pendurar nele e to pálida;
derrubá-lo sobre si mesma. - Peso baixo para a idade (abaixo do percentil 3 da Caderneta
de Saúde da Criança);
Para evitar afogamentos, não permitir a entrada de uma crian- - Criança com secreção no ouvido;
ça na água sem a supervisão de um adulto. Evitar que as crianças - Presença de placas brancas na garganta e com mau cheiro;
brinquem próximas a poços, cacimbas, tanques, córregos ou valão. - Presença de bolhas com pus na garganta;
- Umbigo vermelho com secreção amarelada;
Não deixe sua criança sozinha: - Presença de sangue nas fezes;
- Sobre o trocador (mesa, cômoda); - Criança com febre (temperatura acima de 38º C).
- Na cama;
- No banho; Atenção: você deve informar imediatamente a equipe de saú-
- Em casa ou sob os cuidados de outra criança. de se na visita domiciliar encontrar a criança com alguma situação
acima descrita. Deve ainda reforçar com a mãe, o pai ou quem cuida
Cuidados com as crianças maiores da criança as orientações dadas pela UBS.
A criança maior, que vai à rua sozinha, está sujeita a uma série
de acidentes graves que só podem ser evitados por meio de uma
orientação clara, firme e convincente. Nesse caso, estão: SAÚDE INTEGRAL DE ADOLESCENTES E JOVENS

- Queimaduras por fogos de artifício; SAÚDE DO ADOLESCENTE


- Acidentes com armas de fogo; A adolescência é uma etapa da vida compreendida entre a in-
- Quedas de árvores, muros, brinquedos de velocidade (patins, fância e a fase adulta, marcada por um complexo processo de cres-
bicicletas e skates); cimento e desenvolvimento físico, moral e psicológico.
- Ferimentos cortantes e perfurantes; A lei brasileira considera adolescente a faixa etária de 12 a 18
- Acidentes de trânsito; anos.
- Afogamentos. Para mais informações, consultar o Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei nº 8.069, de 13/7/1990, disponível em: www.pla-
Para evitar queimaduras com fogos de artifício, além da orien- nalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm
tação, o ideal é que os adultos não usem para dar o bom exemplo. Conforme já abordado, seu trabalho requer uma relação de
vínculo e confiança. Para trabalhar com adolescentes, essa relação
Para evitar os acidentes com armas de fogo, o melhor é não ter é fundamental.
armas em casa, pois sempre se corre o risco delas caírem nas mãos Entender a fase pela qual estão passando, estar disponível para
das crianças. Em caso em que isso não puder ser evitado, devem ser ouvi-los, dentro da sua realidade, respeitar a diversidade de ideias,
guardadas em locais extremamente seguros. sem julgar. A promoção à saúde e prevenção de agravos para o
adolescente deve ser desenvolvida pela equipe em integração com
Para evitar as quedas de brinquedo de velocidade (bicicleta, diferentes instituições na comunidade, como a escola, ação social,
velocípede), compre os materiais de segurança recomendados (ca- cultura, grupos de jovens, de arte, capoeira, hip hop, entre outros.
pacetes, joelheiras, cotoveleiras) e só permita a sua utilização em Deve-se aproveitar para divulgar informações, ajudando no es-
locais protegidos (nunca na rua). clarecimento de dúvidas e na sensibilização da comunidade.

Para evitar afogamentos, não nadar em locais desconhecidos, Você deve identificar os adolescentes de sua área e planejar
longe da margem e orientar a não mergulhar de cabeça na água. suas atividades considerando que é necessário orientá-los sobre:
- Esquema vacinal;
Para andar sozinho na rua, a pé ou de bicicleta, a criança deve - Sexualidade: doenças sexualmente transmissíveis (DST), HIV/
estar efetivamente treinada, conhecer e obedecer às regras de Aids, anticoncepção, gravidez;
trânsito, para evitar que se envolva em acidentes. - Uso de álcool e outras drogas;
- Importância da educação;
- Violência e acidentes;

329
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Riscos no trânsito; Às vezes, não aparecem sintomas ou sinais visíveis por fora,
- Atividade física e saúde; e isso é comum ocorrer com as mulheres. Mas, mesmo assim, a
- Hábitos saudáveis; doença pode ser passada para o parceiro ou parceira sexual.
- Saúde bucal.
Quem apresenta mais risco de contrair DST?
Sinais de alerta: - Qualquer um pode pegar DST – casado, solteiro, jovem, adul-
- Magreza excessiva ou obesidade; to, rico ou pobre;
- Fugas frequentes de casa; - Quem tem relações sexuais sem camisinha/preservativo;
- Indícios de exploração sexual; - Pessoas que usam drogas injetáveis e compartilham seringas;
- Indícios de violência na família; - Companheiro de usuários de drogas injetáveis que comparti-
- Indícios de transtornos mentais; lham seringas;
- Indícios de uso de álcool, cigarro e outras drogas; - Pessoas que receberam transfusão de sangue não testado.
- Indícios de vida sexual precoce e/ou promíscua.
Você deve:
São direitos fundamentais do adolescente: a privacidade, a - Conversar sobre sexualidade, convidando o adolescente a re-
preservação do sigilo e o consentimento informado. fletir sobre afeto, carinho, respeito, autoestima, valores e crenças
Na atenção à saúde, traduz-se no direito de ter privacidade na implicados para uma vivência responsável de sua sexualidade;
consulta, atendimento em espaço apropriado e de ter assegurada - Conversar com o adolescente sobre a importância de fazer
a garantia de que as questões discutidas durante uma consulta ou sexo seguro – uso da camisinha masculina ou feminina em todas as
uma entrevista não serão informadas aos seus pais ou responsá- relações sexuais e orientar onde e como consegui-las;
veis, sem o consentimento dele, o que chamamos de consentimen- - Orientar para não compartilhar seringas e agulhas;
to informado. - Identificar áreas de maior vulnerabilidade de acesso às dro-
gas, entre elas, bares, pontos de prostituição, casas ou locais de
Esquema Vacinal uso de drogas. Nelas podem ser desenvolvidas ações preventivas
importantes, facilitando o acesso aos materiais de prevenção e o
Orientar para procurar a UBS quando o adolescente não tiver encaminhamento aos serviços de saúde;
a carteira de vacinação ou caderneta de saúde do adolescente e/ - Identificar pessoas e famílias em situação de maior vulnerabi-
ou se estiver com o esquema de vacinação incompleto ou atrasado. lidade, respeitando o direito de privacidade e facilitando o vínculo
com o serviço de saúde. Nem todas as pessoas se sentem à vontade
Sexualidade para falar de assuntos íntimos, como sexo e uso de drogas, deven-
do, portanto, ser respeitado o limite que é dado pela pessoa;
Na adolescência, afloram-se muitos questionamentos relacio- - Orientar para que o adolescente procure atendimento na UBS
nados à identidade sexual, às transformações do corpo e à vivência se houver algum sinal ou sintoma;
das primeiras experiências sexuais. A sexualidade não está restrita - Orientar as pessoas de grupos prioritários (menores de 21
ao ato sexual. Envolve desejos e práticas relacionados à satisfação, anos, portadores de HIV e outros grupos vulneráveis) para a vaci-
ao prazer, à afetividade e autoestima. nação contra hepatite B;
É importante para todas as pessoas e especialmente para os - Orientar a realização do exame preventivo, que deve ser feito
adolescentes e jovens conhecer o funcionamento do seu corpo. a cada ano. Caso dois exames seguidos (em um intervalo de um
Para promover a saúde sexual e a saúde reprodutiva de ado- ano) apresentarem resultado normal, o exame poderá ser feito a
lescentes e jovens, é fundamental a realização de ações educativas cada três anos.
que tenham como princípio da igualdade entre homens e mulheres,
incentivo ao respeito mútuo nas relações e que sejam rejeitadas As DST têm cura?
todas as formas de violência e atitudes discriminatórias – discrimi- Quando identificada no início e devidamente tratada, a maioria
nação contra homossexuais ou a ridicularização dos que não sejam das DST tem cura. A Aids, que é uma DST, não tem cura, mas pode
sexualmente ativos, entre outras. Essas atividades podem ser reali- ser tratada e controlada com medicamentos adequados.
zadas nos diversos espaços comunitários (clubes, escolas, grêmios
recreativos, associações). Para um bom resultado durante e após o tratamento, é neces-
Utilizando uma linguagem acessível, simples e objetiva, de- sário que algumas orientações sejam seguidas pelos portadores
vem ser dadas informações completas e precisas sobre sexualida- de DST:
de, contracepção, gravidez, proteção contra doenças sexualmente - Seguir rigorosamente o tratamento indicado pelo profissional
transmissíveis e realização do preventivo de câncer do colo uterino. de saúde;
O início da atividade sexual, cedo/precoce ou tardia, deve ser - Os medicamentos devem ser tomados na quantidade e hora
precedido das informações necessárias para uma vida sexual saudá- certas, conforme a receita;
vel, livre de doenças e de problemas. - O tratamento deve ser seguido até o fim, mesmo que não haja
mais sinal ou sintoma da doença;
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) - Os parceiros devem ser conscientizados a fazer o tratamento,
para evitar que o problema continue;
A atividade sexual sem a utilização de preservativos torna os - Durante o tratamento, as relações sexuais devem ser evitadas
adolescentes e jovens mais expostos às DST. e, quando ocorrerem, devem ser sempre com camisinha;
Todo adolescente com suspeita de DST que apresente os sinais - Ao término do tratamento, é preciso voltar à UBS para nova
ou queixas deve ser orientado a procurar a UBS para um exame avaliação.
clínico.

330
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Planejamento reprodutivo Higiene bucal
O planejamento reprodutivo é um direito e vai muito além da Os cuidados de higiene bucal nessa fase da vida devem ser mo-
adoção de um método anticoncepcional. Envolve um conjunto de tivados com a escovação correta e o uso do fio dental, abordando
ações para concepção e anticoncepção desde que não coloque em temas como a valorização estética para aceitação em grupo.
risco a vida e a saúde das pessoas, sendo garantida a liberdade de
opção. Alterações em saúde bucal mais frequentes nos adolescentes
A orientação não deve significar escolher no lugar das pessoas, Erosão dentária é a perda irreversível de tecido dentário
mas sim ajudar no processo de tomada de decisão, respeitando o (esmalte) devido a uma exposição a ácidos. O refrigerante é uma
princípio de autonomia no qual tanto o homem quanto a mulher bebida considerada ácida e ajuda a provocar a erosão ácida na
têm o direito de decidir se querem ou não realizar o planejamento estrutura dos dentes, causando sensibilidade. Assim, orientar o
reprodutivo. adolescente e sua família sobre hábitos de alimentação saudáveis
Embora o adolescente tenha o direito de decidir e programar é fundamental para evitar a erosão ácida. Entre esses cuidados
se deseja ou não ter filhos, em que época de sua vida e como tê-los, estão: tomar bastante água, evitar bebidas ácidas em excesso (be-
a gravidez em menores de 15 anos é considerada de risco. Nesse bidas com gás, suco de frutas, café etc.), evitar escovar os dentes
caso o ACS deve dar atenção especial a essa adolescente e orientá- durante os primeiros 60 minutos após ingerir alimentos ou bebidas
-la a procurar a UBS o quanto antes para iniciar o pré-natal e estimu- ácidas.
lar a participação do companheiro e familiares em todas as etapas.
Doenças periodontais (doenças das gengivas) também são co-
Anticoncepção muns nessa faixa etária, pois o adolescente é mais despreocupa-
A importância do uso de preservativo e da dupla proteção: do com sua saúde bucal. A doença gengival é uma inflamação das
O papel mais importante da anticoncepção é assegurar que o gengivas que pode progredir afetando o osso que rodeia e suporta
adolescente possa vivenciar sua sexualidade e esteja protegido das os dentes. É causada pelas bactérias da placa bacteriana, uma pelí-
DST e de uma gravidez não planejada. O acesso aos métodos con- cula aderente e sem cor que se forma constantemente nos dentes.
traceptivos e à orientação sobre o planejamento reprodutivo deve Quando não é removida diariamente por meio da escovação e uso
ser facilitado e discutido na perspectiva de seus direitos. do fio dental, a placa bacteriana pode acumular-se e as bactérias
podem infectar não só as gengivas e dentes, mas, eventualmente, o
Os direitos sexuais e reprodutivos têm como princípios cen- tecido gengival e o osso que suporta os dentes (periodontite). Isso
trais: pode levar à sua mobilidade e podem cair ou ter de ser removidos
- Decidir livremente e com responsabilidade sobre a própria pelo dentista. O ACS deve orientar a higiene bucal correta com uso
vida sexual e reprodutiva; de creme dental com flúor e fio dental.
- Ter acesso à informação;
- Ter acesso aos meios para o exercício dos direitos sexuais, li- Traumatismo dentário é muito frequente entre os
vre de discriminação, coerção ou violência. adolescentes (causado, principalmente, por acidentes com
bicicletas, futebol, skate etc.) e, como em qualquer traumatismo
Caso haja a suspeita de gravidez, é importante que a adoles- da boca, o ACS deve orientar a procurar a equipe de saúde
cente seja orientada a procurar a UBS para realizar o teste de gravi- imediatamente para determinar se é necessário fazer algum
dez e iniciar o pré-natal o mais cedo possível. procedimento. É importante o agente de saúde questionar se
houve fratura (se quebrou) ou se lascou o dente e se o pedaço
A importância do pré-natal perdido foi encontrado, pois é necessário manter esse pedaço de
Um dos pontos importantes do pré-natal é preparar a mulher dente hidratado (em leite, água, soro fisiológico ou até na própria
e sua família para a chegada de um novo membro, orientando-as saliva) e levá-lo ao dentista de sua equipe. Se um dente “saltar”
sobre os cuidados com sua saúde e com o bebê. completamente da boca (um processo chamado de avulsão
devido a um traumatismo), oriente para levá-lo ao dentista o
Outros objetivos do pré-natal: mais rápido possível. Poderá ser possível recolocá-lo na boca, um
- Reduzir a mortalidade no parto e puerpério; procedimento chamado de reimplante.
- Reduzir o número de abortos espontâneos;
- Reduzir a mortalidade de recém-nascidos e mortes prema- Bruxismo (o ranger dos dentes) é outra alteração bucal cada
turas; vez mais frequente. Se o usuário relata acordar com os músculos
- Reduzir o número de partos prematuros; dos maxilares (da face) doridos ou com dores de cabeça, ele poderá
- Diminuir o número de recém-nascidos de baixo peso. sofrer de bruxismo. Para muitas pessoas, o bruxismo é um hábito
inconsciente.
Saúde Bucal no Adolescente A pessoa pode não perceber o que está fazendo, até que al-
Compreender os processos da adolescência é papel tanto da guém comente que ela faz um ruído ao ranger os dentes enquanto
equipe de saúde como de sua família. Para se trabalhar com essa dorme.
faixa etária, a equipe de saúde deve utilizar linguagem apropriada Para outros, é na consulta de rotina ao dentista onde se desco-
para divulgar os conceitos de promoção à saúde bucal. Deve-se bus- bre que os dentes estão sofrendo desgaste ou que o esmalte deles
car dar continuidade à atenção à saúde bucal da criança e consoli- se encontra fraturado. O ideal é o ACS orientar o usuário a procurar
dar a ideia de autocuidado e da importância da saúde bucal para o o dentista para realizar o tratamento apropriado e encontrar formas
indivíduo. de relaxamento junto com o usuário e a família. O estresse do dia
A equipe de saúde abordará, nessa faixa etária, outros assun- a dia parece ser a principal causa de bruxismo. Qualquer coisa que
tos com a família e o adolescente, entre eles estão: orientações de reduza o estresse pode ajudar – ouvir música, ler um livro, fazer
higiene bucal, uso de enxaguatórios bucais e manifestações bucais caminhadas ou tomar um banho.
mais frequentes.

331
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ATENÇÃO: você sabia que a cárie é causada por bactérias e que As complicações, em ambos os casos, são graves, uma vez que
o beijo na boca é uma das formas de transmissão? são utilizados métodos drásticos que têm como objetivo perder
peso a qualquer custo. Doenças do coração, infecções de repetição,
Para que o beijo seja saudável, é importante que a boca esteja anemia grave e até mesmo morte súbita, como frequentemente se
limpa e sem cárie. veem na imprensa, são algumas das complicações em fases mais
adiantadas da doença, cujo tratamento deve ser iniciado tão logo
Dicas para os adolescentes terem um sorriso bonito, saudável seja possível.
e um bom hálito: O acompanhamento deve ser feito pela equipe de saúde em
- Escovar bem os dentes todos os dias após cada refeição e conjunto com uma equipe de referência multiprofissional. Por se
principalmente antes de dormir. Não se esquecer de passar o fio tratar de doenças que envolvam diferentes causas e consequências,
dental e limpar a língua; tanto físicas como psicológicas, dificilmente um único profissional
- O mau hálito, que é o cheiro desagradável na boca, tem como de saúde alcance resultados significativos no tratamento.
principal causa a não limpeza da língua. Limpar varrendo a sujeira Por isso, sempre que o ACS identificar pessoas com risco ou sin-
da parte mais interna até a ponta. Use a escova de dente ou um tomas da doença, é preciso que ele comunique a UBS de sua área,
limpador de língua; para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.
- Os dentes que ficam bem no fundo da boca juntam restos de
comida e bactérias facilmente. Por isso, precisam de atenção espe-
cial na hora de escová-los; SAÚDE DA MULHER
- Quem usa aparelho ortodôntico deve se preocupar ainda
mais com a limpeza dos dentes e da gengiva e com o uso do flúor, Você, durante a realização das visitas domiciliares, deve con-
pois o aparelho retém muito restos de alimentos; versar com as mulheres, fortalecendo a relação de vínculo.
- É importante manter uma alimentação saudável, evitando o
consumo exagerado de alimentos doces, principalmente entre as Durante essa conversa, é importante saber:
refeições; - Como ela está se sentindo;
- Visitar regularmente o dentista. - Se já fez as vacinas preconizadas para sua faixa etária;
- Se está com o preventivo de câncer de colo uterino em dia;
Transtornos Alimentares - Se costuma fazer o autoexame das mamas;
- Quando realizou a última mamografia (caso tenha 50 anos
Os transtornos alimentares, que compreendem a bulimia e a ou mais);
anorexia nervosa, vêm crescendo em incidência nas últimas duas - Se deseja engravidar;
décadas e se manifestando cada vez mais precocemente. Portanto, - Se está utilizando métodos para não engravidar;
a equipe básica de saúde pode se deparar com alguns casos, em - Se tem feito seu acompanhamento na Unidade Básica de Saú-
especial em adolescentes. de.
Os agentes comunitários de saúde também podem contribuir
no enfrentamento desses transtornos alimentares. Você deverá orientar a mulher sobre a importância de realizar
Apesar de também ocorrerem em homens, 95% dos casos de seu preventivo de câncer de colo uterino, além disso, ela deve pro-
transtornos alimentares acima referidos acometem as mulheres, a curar a Unidade Básica de Saúde sempre que sentir ou perceber
maioria adolescentes e jovens. A doença pode ter como fator de- qualquer alteração no seu corpo. Como:
sencadeante algum evento significativo como uma perda importan- - Dor durante a relação sexual;
te, separações, mudanças, doenças orgânicas, depressão, ansieda- - Corrimentos vaginais;
de e distúrbios da imagem corporal. É o ideário de beleza, focado - Sangramento intenso ou dor durante a menstruação ou san-
na magreza extrema, promovido por apelos de mídia ou referências gramento fora do período menstrual;
de modelos. - Ausência de menstruação;
Os transtornos estão associados com uma distorção da imagem - Cheiro ruim na vagina;
corporal, na qual a pessoa, apesar de bastante magra, ainda assim - Dor, verrugas ou feridas na região genital ou nódulos (caroços)
continua se achando gorda. nas virilhas;
A anorexia nervosa é caracterizada por uma severa restrição - Ardência ao urinar;
alimentar que é imposta pela própria pessoa e que pode trazer - Dor ao evacuar.
graves danos à sua saúde. A doença geralmente começa de forma
gradual e provoca, a princípio, desnutrição e desidratação. Apesar Na consulta médica ou de enfermagem, é feito o exame clínico
da pessoa acometida geralmente negar que tem fome, são comuns das mamas, o exame preventivo do câncer cérvico uterino, também
as queixas de fadiga (cansaço extremo), fraqueza, tonturas e visão conhecido como exame citopatológico de colo uterino ou Papani-
turva. colaou.
Na bulimia nervosa, é comum que a pessoa coma uma quanti- Para muitas mulheres, esse exame causa medo, vergonha e
dade exagerada de alimentos (episódios de comer compulsivamen- preocupação.
te ou episódios bulímicos) e depois utilize métodos compensató- Nesses casos, você não deve desprezar esses sentimentos.
rios, tais como a indução de vômito, o uso de laxantes e diuréticos Deve entender a situação, orientar a importância do exame e
e a prática de exercícios por tempo prolongado e de forma a ficar explicar que, para os profissionais de saúde, olhar para os órgãos
prostrada, exausta, para evitar o ganho de peso. De modo diferente genitais faz parte do trabalho e para eles isso é natural. Essa conver-
da anorexia nervosa, na bulimia geralmente não há perda de peso sa esclarecedora e sensível pode fazer com que muitas mulheres se
tão evidente. aproximem da equipe de saúde e façam as ações necessárias para
Assim profissionais de saúde e familiares muitas vezes têm difi- cuidarem de sua saúde. Assim você vai auxiliar na prevenção, detec-
culdade de detectar o problema. Apesar disso, o distúrbio traz con-
sequências igualmente sérias à saúde da pessoa acometida.

332
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ção precoce ou até mesmo diminuição do agravamento da situação O autoexame das mamas deve ser realizado uma vez por mês.
de saúde das mulheres do território sob responsabilidade de sua A melhor época é uma semana após a menstruação. Para as mu-
equipe. lheres que não menstruam mais, o autoexame deve ser feito em
Se durante a visita domiciliar a mulher falar que tem alguma um mesmo dia de cada mês à sua livre escolha, por exemplo, todo
queixa em relação às mamas (seios) e axilas (nódulos embaixo dos dia 15.
braços), oriente a procurar o serviço de saúde.
No autoexame, as mulheres devem procurar:
Preventivo de Câncer De Colo Uterino Diante do espelho:
- Deformação ou alterações no formato das mamas;
Você deve informar que o exame é realizado nos postos de saú- - Abaulamentos ou retrações;
de. - Ferida ao redor do mamilo (“bico do seio”);
- Veias aparecendo em uma só mama;
Quem deve fazer o exame preventivo? - Alterações na pele parecendo “casca de laranja” ou crostas.
Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve subme-
ter-se a exame preventivo, especialmente se estiver na faixa etária No banho ou deitada:
dos 25 aos 59 anos de idade; - Caroços nas mamas ou axilas;
Mulheres grávidas podem fazer tranquilamente o preventivo - Secreção pelos mamilos.
sem prejuízo para si ou para o bebê.
Como examinar as mamas?
Quando fazer? Diante do espelho: eleve e abaixe os braços. Observe se há al-
Inicialmente, o exame deve ser feito a cada ano e, caso dois guma anormalidade na pele, alterações no formato, abaulamentos
exames seguidos (em um intervalo de um ano) apresentarem resul- ou retrações.
tado normal, o exame poderá ser feito a cada três anos.
Durante o banho: com a pele molhada ou ensaboada, eleve
Para realização do exame, são necessários alguns cuidados o braço direito e deslize os dedos da mão esquerda suavemente
anteriores: sobre a mama direita, estendendo até a axila. Repita no outro lado.
- Não ter relações sexuais com penetração vaginal, nem mesmo
com camisinha, 48 horas antes do exame; Deitada: coloque um travesseiro debaixo do lado esquerdo do
- Não usar duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcio- corpo e a mão esquerda sob a cabeça. Com os dedos da mão direi-
nais locais 48 horas antes do exame; e ta, deslize em sentido circular da periferia para o centro (da parte
- Não deve ser feito quando estiver menstruada, pois a presen- mais externa da mama até o mamilo). Inverta a posição para o lado
ça de sangue pode alterar o resultado. direito e deslize a polpa dos dedos da mesma forma à mama direita.
Com o braço esquerdo posicionado ao lado do corpo, apalpe
Lembre-se: o câncer do colo do útero pode ser evitado fazen- a parte externa da mama esquerda com os dedos da mão direita.
do o exame conforme as recomendações e também evitando al-
guns fatores de risco, como: ATENÇÃO: caso a mulher encontre alguma alteração, lembre-
- Relações sexuais precoces; se de que é importante orientá-la para procurar a Unidade Básica
- Múltiplos parceiros; de Saúde/Saúde Família. Quanto mais cedo melhor!
- Muitos partos;
- Doenças sexualmente transmissíveis; Alterações:
- Fumo; - Caroços;
- Deficiência de vitaminas A, C e E. Você deve orientar a mu- - Mudança na pele (tipo casca de laranja);
lher para não esperar os sintomas para depois se prevenir ou tratar, - Ferida ao redor do mamilo (bico do seio);
como acontece muitas vezes. As possibilidades de cura são de 100% - Secreção (líquido) que sai pelo mamilo.
se a mulher fizer o preventivo periodicamente. É importante que
a mulher busque o resultado e, se necessário, faça o tratamento Calendário de Vacinação
adequado.
Solicitar a carteira de vacinação e verificar o esquema vacinal.
Autoexame das mamas Se incompleto, procurar a Unidade Básica de Saúde para completar
É importante que você estimule a mulher a se conhecer, a o esquema vacinal.
perceber as mudanças em seu corpo, a realizar o autoexame das
mamas mensalmente. Hábitos Saudáveis
É importante que seja feito com regularidade para que sejam
evidenciadas alterações em relação aos autoexames anteriores. Hábitos saudáveis são medidas que provocam impacto positivo
na qualidade de vida das pessoas ou de uma comunidade.
As mulheres devem estar alertas para as seguintes observa- São exemplos de hábitos saudáveis: cuidado com a alimenta-
ções: ção, prática regular de exercícios físicos, não fumar e não abusar
As mamas nem sempre são rigorosamente iguais; das bebidas alcoólicas ou usar outras drogas.
O autoexame não substitui o exame clínico de rotina, que deve
ser anual para mulheres acima de 50 anos de idade; Planejamento Reprodutivo
A presença de um nódulo (caroço) mamário não é obrigatoria-
mente indicador de câncer; O planejamento familiar baseia-se no respeito aos direitos se-
Em 90% dos casos, é a própria mulher quem descobre altera- xuais e aos direitos reprodutivos. Consiste em refletir sobre o dese-
ções em sua mama. jo de ter ou não ter filhos, decidir e escolher a forma de realizá-lo.

333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pode ser feito pelo homem, pela mulher ou pelo casal – adolescen- No caso da gestante estar realizando o pré-natal:
te, jovem ou adulto –, independentemente de terem ou não uma - Verificar se ela possui cartão da gestante;
união estável ou de constituírem uma família convencional. - Reforçar a importância do comparecimento a todas as consul-
Dessa forma, é fundamental incentivar o autoconhecimento, tas agendadas;
que implica tomar contato com os sentimentos, conhecer o corpo e - Verificar a situação vacinal;
identificar as potencialidades e dificuldades/bloqueios de diversas - Orientar sobre alimentação saudável, atividade física, higiene
ordens. e conforto, benefícios da amamentação, queixas mais comuns na
Para evitar filhos, há vários métodos anticoncepcionais, como a gestação, malefícios do tabaco e do consumo abusivo de drogas e
pílula, a camisinha, o DIU (dispositivo intrauterino), tabelinha, entre bebidas alcoólicas, sinais de alerta e puerpério.
outros. Não existe método anticoncepcional IDEAL, todos eles têm
vantagens e desvantagens. É preciso que a mulher ou o casal conhe- Gravidez
ça todos os métodos, para saber qual o mais adequado.
É importante que a mulher possa falar sobre a sua sexualidade. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, me-
Junto com outras mulheres, possa tirar dúvidas sobre a forma lhor será o acompanhamento do desenvolvimento do bebê e das
correta de usar os métodos, falar sobre suas experiências e alterações que ocorrem no corpo da mulher. Possibilita prevenir,
incertezas. Isso você pode fazer, estimulando na comunidade uma identificar precocemente e tratar os problemas que possam afetar
roda de conversa entre as mulheres! a saúde do bebê a da mulher.

Métodos anticoncepcionais: Sinais sugestivos de gravidez:


Para escolher um método anticoncepcional, devem-se consi- - Falta de menstruação;
derar principalmente os seguintes fatores: - Peitos doloridos e aumentados;
Os relacionados diretamente com o estado de saúde da mu- - Enjoos, tonturas e sonolência.
lher. Por exemplo, a pressão arterial;
E os situacionais, isto é, os que estão relacionados com o mo- Você deve explicar à gestante a importância de fazer o pré-na-
mento de vida da mulher ou do casal, por exemplo, o tipo de traba- tal, orientando-a a procurar a Unidade Básica de Saúde para início
lho ou idade e necessidade de cuidados aos outros filhos do casal. das consultas o mais rápido possível. Deve também cadastrá-la no
SIAB.
Nem sempre o método escolhido pela mulher será o mais ade-
quado para ela, por colocar em risco sua saúde. Explicando melhor: Pré-Natal
para uma mulher que tem pressão alta e é fumante, é contraindica-
do tomar pílula, pois aumenta o risco de infarto ou derrame. O pré-natal é o primeiro passo para cuidar da saúde da gestan-
Há vários tipos de métodos anticoncepcionais, cada um com te e do bebê. A mulher deve receber o cartão da gestante ao iniciar
suas vantagens e desvantagens. o acompanhamento pré-natal. Esse cartão é um documento que
acompanha toda essa importante fase na vida mulher e da família
Esterilização masculina e feminina: e serve como apoio e referência aos serviços de saúde e diferentes
Esterilização não é um método anticoncepcional irreversível profissionais que atenderão a gestante, inclusive na maternidade
que consiste em uma operação que se realiza no homem ou na mu- ou casa de parto. Estimule-a a conservá-lo em bom estado e a le-
lher com o objetivo de se evitar definitivamente a possibilidade de vá-lo consigo toda vez em que procurar um serviço ou profissional
gravidez. de saúde.
No caso do homem, a operação é a vasectomia e, na mulher, é Recomenda-se que a mulher faça no mínimo seis consultas du-
a ligadura tubária, chamada também de laqueadura, amarração ou rante o pré-natal.
ligação de trompas.
Postura que você deve ter frente aos cuidados com a gestante:
Contraceptivo de emergência pós-coital (pílula do dia seguin- - Acompanhar se a gestante está indo às consultas de pré-natal;
te): - Realizar a busca ativa da gestante faltosa às consultas de pré-
Não deve ser utilizado como método de contracepção fre- -natal;
quente, pois pode causar problemas para a saúde. As pessoas que - Verificar o cartão de vacinação a fim de saber se a vacina an-
desejarem saber sobre o método após terem relações sexuais des- titetânica foi realizada;
protegidas devem ser orientadas a procurar a equipe de saúde. É - Perguntar sobre a realização dos exames, esclarecendo sobre
necessário que seja realizado o acompanhamento mais próximo a importância deles e questionar se ela realizou e buscou o resul-
para orientação sobre métodos de contracepção. tado dos exames: de grupo sanguíneo e fator RH (se não sabia seu
tipo sanguíneo antes), do hemograma ou hemoglobina/ hematócri-
O melhor método para uma pessoa usar é aquele que a deixa to, dos exames de detecção de sífilis (VDRL), toxoplasmose, hepati-
confortável e que melhor se adapta ao seu modo de vida e a sua te B (HBsAg – se não foi vacinada antes), anti-HIV (lembre-se de que
condição de saúde. a mãe deve ser consultada se deseja realizar esse exame), exames
de glicose, de urina e preventivo de câncer de colo de útero. Se a
Se no domicílio tiver uma gestante, você deve saber se: gestante informar que os resultados não estão anotados no cartão,
Ela está bem, se tem alguma queixa e se já realizou alguma oriente que ela solicite ao (s) profissional(is) que está(ão) fazendo o
consulta de pré-natal. pré-natal para preencher na próxima ocasião. É importante também
Caso ela não esteja sendo acompanhada, orientá-la a buscar informar à sua equipe de saúde se esses dados estiverem faltando;
a Unidade Básica de Saúde. Você deve avisar a sua equipe sobre a - Verifique com a gestante se a próxima consulta está agenda-
gestante que não realizou consulta. Caso ela não compareça, deve- da, independentemente da idade gestacional;
rá ser feita busca ativa.

334
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Oriente quanto à maternidade de referência para o parto e sobre os preparativos para ele, tais como objetos necessários para levar
para a maternidade etc.;
- Orientar sobre: alimentação, exercícios físicos, sexualidade, amamentação e os sinais de perigo na gravidez, as queixas mais frequen-
tes, cuidados com a higiene da boca e dentes, amamentação, conversa e estímulos positivos para o bebê ainda na barriga e importância
do envolvimento do companheiro nesse momento.

Independentemente do serviço de saúde onde a gestante esteja fazendo seu pré-natal (Unidade Básica de Saúde, com a equipe de
Saúde da Família, clínica particular ou hospital), você tem a responsabilidade de fazer seu acompanhamento.

Orientações relacionadas às queixas mais comuns na gestação:


Grande parte das queixas das gestantes durante a gravidez diminui ou desaparece com as orientações alimentares e de comportamen-
to, sendo desnecessário o uso de remédios.

Identificando sinais de perigo:


A gravidez não é doença. A maior parte das gestantes não tem complicações durante a gestação, algumas podem apresentar sinais
indicativos de problemas para a sua saúde e da criança.
Nesses casos você deve encaminhar a gestante à unidade básica/Saúde da Família para que possa ser atendida o mais rápido possível.

Os sinais de risco são:


- Perder líquidos ou sangue pela vagina;
- Acordar com as pernas, mãos, braços e olhos inchados;
- Ter febre alta;
- Vomitar frequentemente;
- Ter fortes dores de cabeça;
- Ter contrações fortes na barriga antes do período previsto para o parto;
- A barriga parar de crescer ou crescer demais;
- Se no último trimestre de gestação a mãe não sentir o bebê mexer por mais de 24 horas.

Alimentação e a gestação:
É mito o fato de que durante a gestação a mulher precisa comer por dois, mas é verdade que ela precisa ter mais atenção e cuidado
na escolha dos alimentos. A gestante deve comer alimentos coloridos, saudáveis, frescos, limpos e na quantidade suficiente.

Você deve orientar a gestante sobre:


- Comer no mínimo seis vezes ao dia, em menores quantidades: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia. Não pular as
refeições;
- Tomar dois litros de água por dia ou mais, de preferência entre as refeições;
- Consumir fígado ou miúdos, no mínimo uma vez por semana, para a prevenção da anemia. Fígado é uma importante fonte de ferro
e vitamina A. Lembrar que todas as carnes devem ser bem cozidas e os utensílios para o seu preparo devem estar limpos para evitar a
toxoplasmose;
- Após as refeições, a gestante deve ingerir meio copo de suco natural de fruta ou uma fruta;
- No mínimo três vezes por semana consumir alimentos ricos em vitamina A, que são os alimentos amarelos, alaranjados ou verde-es-
curos, tais como: folhas (couve, radite, mostarda, agrião, espinafre), cenoura, mamão, moranga e abóbora;
- Consumir uma porção (tamanho de uma concha) de leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico) todos os dias;
- Evitar comer doces, balas, refrigerantes, alimentos gordurosos e salgados e frituras, para evitar o ganho de peso excessivo;
- Usar adoçantes somente com recomendação médica;
- A gestante deve comer alimentos ricos em fibras, encontradas nas frutas, verduras e cereais, pois são importantes para o aumento
do bolo fecal (fezes), e aumentar o consumo de água/líquidos, para ajudar na eliminação das fezes;
- Não fumar, pois o fumo pode causar descolamento de placenta, parto prematuro e o bebê pode nascer com baixo peso, alguns de-
feitos na formação da boca e nariz ou até mesmo aborto;
- Não ingerir bebidas alcoólicas, pois pode causar consequências prejudiciais ao bebê, afetando a formação dos olhos, nariz, coração
e do sistema nervoso central, acompanhada de retardo de crescimento e mental;
- Comer os alimentos logo após o preparo. As sobras devem ser guardadas em lugar fresco ou geladeira, sempre cobertas;
- A vasilha onde se guarda a água deve estar tampada;
- Comer devagar, mastigando bem os alimentos;
- Não deitar logo após as refeições;
- Fazer uso de medicamento de qualquer natureza somente com orientação médica.

335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Principais vitaminas no período de gestação:

VITAMINAS PRINCIPAIS ALIMENTOS BENEFÍCIOS À SAÚDE DA GESTANTE


E DO BEBÊ
A Abóbora, verduras verde-escuras, A vitamina A ajuda a evitar infec-
gema de ovo, leite integral, fígado, ções, protege a visão e ajuda no cresci-
manga, caqui, buriti, pupunha, tucumã, mento do bebê.
pequi, dendê, tomate, mamão, cenoura,
manteiga.
B Arroz integral, germe de trigo, legu- Favorece o desenvolvimento físico
mes, fígado, leite, ovos, queijo, carne de do corpo e protege o sistema nervoso
músculo, frango, peixe.
C Laranja, limão, abacaxi, caju, A vitamina C ajuda a evitar as
mamão, acerola, verduras cruas, folhas infecções e sangramentos nas gengivas
verde-escuras, pimentão e ajuda na cicatrização de feridas e au-
menta a absorção do ferro presente nos
alimentos.
E Óleos vegetais. É responsável pelo fortalecimento
dos músculos e de outros tecidos do
corpo.

Principais nutrientes no período de gestação:

SAIS MINERAIS PRINCIPAIS ALIMENTOS BENEFÍCIOS À SAÚDE DA GESTANTE


E DO BEBÊ
FERRO Fígado, coração, rim, peixes, ovos, O consumo de alimentos ricos em
carnes de gado, aves, vegetais verde-es- ferro previne a anemia e ajuda a levar
curos, feijão. oxigênio para o bebê, por meio do san-
gue da mãe. A gestante tem um maior
aproveitamento do ferro quando comer
na mesma refeição alimentos ricos em
vitaminas C e vitamina A.
CÁLCIO Leite e derivados do leite (queijo, O cálcio ajuda a formar e manter
iogurte etc.). ossos e dentes fortes.
IODO Sal iodado de cozinha, peixes, maris- O iodo ajuda no desenvolvimento
cos, algas marinhas físico e mental do bebê.

A gestante deve ganhar peso necessário para garantir boas condições para o parto e para a vida do bebê que vai nascer.
O ganho de peso não deve ser baixo e nem muito grande.
A mulher que não tem complicações na gestação é importante ser ativa, movimentar-se pelo menos 30 minutos todos os dias. Você
pode orientar que ela faça caminhadas pelo bairro, evitando ficar muitas horas parada, por exemplo, assistindo à televisão.

Higiene e conforto na gestação:


A melhor forma de tomar banho é com água corrente de chuveiro, bica ou caneca. Evitar tomar banho sentada em bacias e não fazer
duchas dentro da vagina, pois podem levar micróbios da vagina até o útero, podendo prejudicar a saúde do bebê.
A gestante pode lavar a cabeça todas as vezes em que sentir necessidade, pois isso não a prejudica e nem o bebê.
É importante que ela use roupas limpas e confortáveis e, se possível, sutiã com alças largas e com boa sustentabilidade, para que
as mamas fiquem apoiadas.
É recomendado evitar meias com elástico muito apertado, que podem causar varizes e sensação de desconforto. Usar sapatos
baixos e confortáveis.
Caso tenha dor lombar, poderá utilizar saltos baixos.

Higiene bucal (gestante):


Pelas alterações que ocorrem no corpo da mulher e pelas mudanças na forma de se alimentar na gestação, isso pode comprometer
sua saúde bucal. Por esse motivo, a gestante deve ser orientada a cuidar com mais atenção da higiene da boca.

As alterações hormonais nessa fase reprodutiva da mulher podem acarretar o aparecimento de doenças gengivais e sua evolução
pode ocasionar até o parto prematuro.
É importante que seja realizada a higiene dental diária, sempre após a alimentação e antes de dormir.
- Escovar os dentes e a língua, massageando com a escova a gengiva, após cada vez que se alimentar, inclusive quando comer lanches;

336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Passar fio dental delicadamente, no mínimo, uma vez ao dia, solução de álcool a 70%. Conhecer se na cultura de sua população
de preferência à noite; são utilizadas sustâncias ou utensílios que possam causar infecção
- Não usar palitos de dentes para não machucar a gengiva; no bebê, tais como tesouras ou facas enferrujadas.
- Trocar a escova de dente quando ela já estiver desgastada;
- Fazer o acompanhamento odontológico durante o pré-natal. Puerpério
O puerpério é o período do nascimento do bebê até 45 dias
Sinais de alerta para encaminhamento para a UBS: após o parto.
- Sangramento nas gengivas;
- Dor e sangramento na escovação; Você deve fazer as seguintes orientações à puérpera:
- Feridas na língua, bochecha e lábios; - Ela deve retornar ao hospital na ocorrência de sinais de infec-
- Dentes ou dentaduras quebradas ou mal adaptadas. ção: febre, dor e sangramento;
- Deve realizar duas consultas até o 42º dia após o parto;
Preparando para o Parto e Puerpério - Ser estimulada para amamentar o bebê, caso não haja con-
traindicação;
Você deve orientar a gestante para se preparar para o parto. - Levar o recém-nascido para iniciar a puericultura na UBS;
Caso ela tenha outros filhos, perguntar com quem eles ficarão - Orientar para o início do esquema vacinal da criança (BCG,
e quem a levará ao hospital. hepatite B) e, se for o caso, para completar o esquema vacinal da
Não se esquecer de orientar para levar o cartão da gestante e mãe (dT e rubéola);
um documento de identificação, que pode ser: a carteira de iden- - Orientar a realização do teste do pezinho, orelhinha e olhinho;
tidade ou de trabalho ou certidão de casamento ou nascimento. - Não colocar objetos no coto umbilical. Exs.: café, moeda, fai-
Arrumar previamente as roupas da gestante e do bebê para xa, fumo.
levar ao hospital.
Amamentação
Sinais de trabalho de parto: Amamentar é um ato de entrega e a mulher precisa estar dis-
- Perda pela vagina de líquido parecido com “catarro” de cor posta a se entregar.
clara, às vezes pode ter um pouco de sangue, pode acontecer mais As orientações relacionadas à amamentação devem ser inicia-
ou menos com 15 dias antes do parto; das durante o pré-natal. A amamentação deve ser exclusiva até o
- Dor nas costas e que vai para a parte de baixo da barriga; sexto mês de vida. Ou seja, a criança deve receber somente o leite
- Perda de líquido pela vagina, o que significa o rompimento materno até o sexto mês de vida. A partir dos seis meses, outros
da bolsa; alimentos devem ser oferecidos e a criança pode receber o leite
- Dores na barriga, que fica dura e depois relaxa (contrações materno até dois anos de idade ou mais. O leite materno é um ali-
do útero). mento completo que atende a todas as necessidades do organismo
da criança e a protege contra infecções.
Quando essas contrações acontecerem na frequência de mais
de uma vez a cada 10 minutos, é momento de ir para o hospital. Vantagens da amamentação:
Se uma gestante de sua área tiver neném em casa, oriente a - O leite materno é o alimento mais completo que existe para
procurar o serviço de saúde o mais breve possível, para avaliação o bebê. Possui substâncias nutritivas e de defesa. Por isso, não há
geral da criança, vacinas e outros procedimentos. necessidade de completar com outros leites, mingaus, água, chás
É muito importante observar se em sua comunidade os partos ou sucos até os seis meses de vida.
costumam ser realizados em casa e/ou por parteiras. Nesses casos
é necessário reconhecer as parteiras tradicionais como parceiras, Não existe leite materno fraco!
respeitando suas práticas e saberes. - Evita mortes infantis;
- Protege o bebê contra muitas doenças, como a diarreia, aler-
Nesses casos deve-se ter atenção especial para algumas ques- gias e infecção respiratória;
tões: - Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes na
- Fazer o cadastro da parteira para que a equipe saiba quem infância, na adolescência, na vida adulta e na terceira idade;
desenvolve partos na comunidade; - Previne o excesso de peso;
- Informar sobre o Registro Civil da parteira e combinar para - É de fácil digestão e não sobrecarrega o intestino e os rins do
que ela auxilie a incentivar o Registro Civil na comunidade; bebê;
- Utilizar medidas de autocuidado da parteira, tais como vaci- - O leite materno é livre de micróbios, é prático (não precisa
nação, uso de equipamento individual de proteção e informar sobre ferver, coar, dissolver ou esfriar) e ainda é de graça;
os riscos de realizar parto em gestantes que não fizeram pré-natal; - Transmite amor e carinho, fortalecendo os laços afetivos de
- Verificar se a parteira já tem material para o parto (kit par- mãe e filho. Bebê que mama no peito se sente mais amado e se-
teiras), verificando se ele é esterilizado. Em alguns casos, a própria guro;
UBS pode realizar a esterilização; - Evita problemas nos dentes e na fala, diminui o surgimento
- Incentivar para a parteira participar de ações de planejamen- da cárie;
to (previsão de insumos e esterilização) e de educação em saúde - A amamentação diminui as chances de a mãe ter câncer de
com a comunidade; mama e de ovário.
- A situação vacinal de antitetânica da gestante;
- Orientar sobre os serviços de referência e como acessá-los em Informar a gestante que o tipo de bico do peito não impede
situação de urgência; a amamentação, pois para fazer uma boa pega o bebê tem que
- Ter atenção para o atendimento higiênico ao parto, para o uso abocanhar uma parte maior da mama (aréola), e não somente o
de material estéril para o corte e clampeamento (estancamento do bico. Chupetas, bicos artificiais e mamadeiras podem prejudicar a
sangue) do cordão umbilical e do curativo do coto umbilical com pega do bebê ao seio da mãe, além de causar problemas na forma-

337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ção oral do bebê (fala, dentição, deglutição). As famílias (mãe, pai, - O banho diário é suficiente;
avós e demais pessoas influentes no cuidado da criança) devem ser - Depois que o bebê terminar de mamar, deve ser colocado
orientadas a respeito desses aspectos. para arrotar.
- ACS, mesmo se após as orientações a mãe informa que per-
O primeiro leite produzido depois que o bebê nasce é o colos- sistem as dificuldades quanto à amamentação, ela deve ser enca-
tro, que pode ser claro ou amarelo, grosso ou ralo, e deve ser dado minhada à UBS.
ao bebê logo após o nascimento, esse leite é rico em fatores de
proteção. Doação de Leite Humano
No início da mamada, o leite é mais ralo, pois tem mais água,
açúcar e substâncias que protegem o bebê e, no final da mamada, Como doar o leite materno?
fica mais amarelo, pois é mais rico em gordura. É importante que o Algumas mulheres, quando estão amamentando, produzem
bebê esvazie totalmente um peito para depois dar o outro. A ma- um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita
mada seguinte deve ser iniciada no peito que terminou a última que sejam doadoras de um Banco de Leite Humano. O leite mater-
mamada. no doado passa por um processo de pasteurização, para eliminar os
A amamentação deve ser em livre demanda, ou seja, sem res- micro-organismos, sem alterar a qualidade do leite e, em seguida,
tringir o número de mamadas ou horários fixos para amamentar e ser distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em
sem determinar o tempo em que o bebê suga em cada mama. unidades neonatais.
Os postos-chaves para saber se a posição e pega estão adequa- Ao retirar o leite, é importante que a mulher siga algumas re-
das são: comendações que fazem parte da garantia de qualidade do leite
humano distribuído aos bebês hospitalizados.
Posição adequada para a mamada: O leite retirado em frasco esterilizado ou fervido deve ser ime-
- Rosto do bebê de frente para a mama; diatamente armazenado no freezer ou congelador.
- Corpo do bebê próximo ao da mãe; Existem situações em que o aleitamento materno é contrain-
- Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido) na dicado, por exemplo, se a mãe for portadora do vírus HIV/Aids. Há
posição “barriga com barriga” (barriga da criança em contato com outras doenças que também contraindicam.
a barriga da mãe”; Informe-se com os profissionais da Unidade Básica de Saúde
- Bebê bem apoiado. quais são essas situações.

Para uma pega adequada: Banco de Leite Humano


- Mais aréola visível acima da boca do bebê; Alguns bancos de leite trabalham com coleta domiciliar.
- Boca bem aberta; Informe-se na sua Unidade Básica de Saúde se há Banco de Lei-
- Lábio inferior virado para fora; te Humano no seu município.
- Queixo tocando a mama.
- É aconselhável fazer massagens circulares suavemente nas
O bebê chora não necessariamente por estar com fome, ele mamas;
pode estar com frio, calor, molhado ou com cólica. É importante - É ideal que o leite seja retirado de forma manual.
realizar seu acompanhamento, identificando se ele está ganhando - Coloque os dedos polegar e indicador no local onde começa
peso. a aréola;
- Comprima suavemente um dedo contra o outro e o leite co-
Orientações gerais: meça a sair;
- A mãe deve tomar bastante líquido; - Jogue fora o primeiro jato. E, então, deixe o leite cair no frasco
- Consumir com moderações café e outros produtos com ca- esterilizado.
feína;
- Simpatias não alteram a qualidade e quantidade do leite;
- Quanto mais o bebê suga mais leite será produzido; SAÚDE DO HOMEM
- Não há necessidade de dar água, chás ou leite entre as ma-
madas; Embora seja alvo da Política Nacional de Atenção Integral à Saú-
- Para evitar rachaduras nos peitos, posicionar bem o bebê na de do Homem (PNAISH)2627282930, lançada pelo Ministério da Saúde
hora da pega. Usar o dedo mindinho na hora de tirar o bebê do (MS), em 2009, a saúde masculina continua um tema desafiador
peito. Manter os mamilos (bicos) secos; para gestores e profissionais de saúde, que muitas vezes tomam os
- O bebê deve mamar sempre que quiser, para evitar que o leite homens como uma população “rebelde” e destinam a eles apenas
empedre. Por várias vezes, apalpe os peitos em vários lugares, se ações pontuais e focadas na próstata.
não sentir dor é sinal que está tudo bem, mas se sentir dor é sinal
que o leite começou a ficar parado aí. A mãe deve massagear as
mamas e retirar um pouco de leite até ter conforto;
26 http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-do-homem
- Qualquer queixa mamária a mulher deve ser orientada a bus-
27 https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/novembro/07/livro-
car atendimento na UBS.
Pol--ticas-2018.pdf
Só utilizar compressas caso receba orientações do profissional
28 https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/CNSH-DO-
da equipe de saúde.
C-PNAISH---Principios-e-Diretrizes.pdf
29 GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e
Cuidados que a mãe deve ter na hora de amamentar:
Comunidade. Artmed, 2019.
- Lavar bem as mãos;
30 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_
- Dar de mamar em um lugar tranquilo e confortável;
saude_homem.pdf
- O peito não precisa de limpeza antes ou após as mamadas.

338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens reali- A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, por-
zassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A tanto, além de evidenciar os principais fatores de morbimortalidade
resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a explicita o reconhecimento de determinantes sociais que resultam
sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o na vulnerabilidade da população masculina, considerando que re-
sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta presentações vigentes sobre a masculinidade podem comprometer
pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas. o acesso a cuidados, expondo-a a situações de violência e aumen-
Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, tando sua vulnerabilidade.
cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de Mobilizar a população masculina brasileira pela luta e garantia
adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação do direito social à saúde é um dos desafios da Política, que pretende
privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mu- tornar os homens protagonistas de demandas que consolidem seus
lher e o idoso. direitos de cidadania.
Essa política deve considerar a heterogeneidade das possibili- O acesso aos serviços, na atenção primária à saúde (APS) en-
dades de ser homem. As masculinidades são construídas historica- volve a percepção de necessidade de cuidado, a conversão desta
mente e sócio culturalmente, sendo a significação da masculinidade em demanda e o comparecimento dos homens ao serviço de saú-
um processo em permanente construção e transformação. O ser de. Esse processo é assistido por profissionais assoberbados pelas
homem, assim como o ser mulher é constituído tanto a partir do diversas demandas, prioridades, urgências, programas e metas de
masculino como do feminino. Masculino e feminino são modelos produção.
culturais de gênero que convivem no imaginário dos homens e das A seguir, serão abordadas algumas barreiras de acesso dos ho-
mulheres. mens aos serviços de saúde, dividindo-as didaticamente em socio-
A PNAISH, portanto, além de evidenciar os principais fatores culturais e institucionais - mesmo sabendo que essas dimensões se
de morbimortalidade explicita o reconhecimento de determinan- influenciam mutuamente.
tes sociais que resultam na vulnerabilidade da população mascu-
lina aos agravos à saúde, considerando que representações sociais População Masculina em seus Diversos Contextos Sociocultu-
sobre a masculinidade vigente comprometem o acesso à atenção rais
integral, bem como repercutem de modo crítico na vulnerabilidade Historicamente, o senso comum considera os homens como o
dessa população a situações de violência e de risco para a saúde. sexo forte. Desde pequenos, os meninos são educados, entre ou-
A PNAISH tem como diretriz promover ações de saúde que con- tras coisas, para serem competitivos, corajosos, destemidos, po-
tribuam significativamente para a compreensão da realidade singu- derosos, violentos, invulneráveis, provedores e protetores, sendo
lar masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político- também treinados para suportar, sem chorar, suas dores físicas e
-econômicos, respeitando os diferentes níveis de desenvolvimento emocionais (WHO, 2000).
e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão de Enfim, qualidades que, na maioria das vezes, ainda são repro-
Estados e Municípios. duzidas na infância e repassadas de geração em geração a partir de
modelos culturais de gênero cristalizados na sociedade patriarcal,
Para atingir o seu objetivo geral, que é ampliar e melhorar o sem que haja uma visão reflexiva sobre os mandatos compulsórios
acesso da população masculina adulta - 20 a 59 anos - do Brasil aos de vida a serem cumpridos e as consequências implicadas na re-
serviços de saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem é desen- plicação acrítica de determinados condicionamentos e comporta-
volvida a partir de cinco (05) eixos temáticos: mentos para a saúde e o bem-estar de homens, mulheres, crianças
- Acesso e Acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saúde, e comunidades.
através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem São condicionamentos e qualidades que influenciam e são in-
os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua fluenciados por todo um imaginário simbólico coletivo social, res-
vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessi- ponsável direto por alimentar e sedimentar no núcleo mais íntimo
tam de cuidados. da formação da identidade destes meninos, e futuros homens, o
- Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: busca sensibilizar gestores modo supostamente “correto de se viver e sobreviver“ entre os
(as), profissionais de saúde e a população em geral para reconhe- seus semelhantes nos mais diversos contextos e ambientes sociais,
cer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os políticos, econômicos, laborais, geográficos, etc.
envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estra- O desafio não é pequeno, haja vista que os valores da cultura
tégias para aproximá-los desta temática. masculina envolvem comportamentos de risco à saúde. A forma
- Paternidade e Cuidado: objetiva sensibilizar gestores (as), pro- como os homens constroem e vivenciam suas masculinidades en-
fissionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do contram-se vinculadas às matrizes dos modos de adoecer e morrer.
envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação No Brasil, a PNAISH reconhece a necessidade de identificar os
e nas ações de cuidado com seus (uas) filhos (as), destacando como elementos psicossociais que acarretam a vulnerabilidade da popu-
esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de lação masculina, além de evidenciar os principais fatores de morbi-
vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas (eus) parceiras mortalidade como uma estratégia de atenção integral à saúde, haja
(os). vista que muitos agravos poderiam ser evitados, caso os homens
- Doenças prevalentes na população masculina: busca fortale- realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária
cer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitan- (BRASIL, 2009).
do e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao
enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à Princípios da PNAISH
saúde. No Brasil, desde a promulgação da Constituição de 1988, a saú-
- Prevenção de Violências e Acidentes: visa propor e/ou de- de passou a ser reconhecida como um dever do Estado e um direito
senvolver ações que chamem atenção para a grave e contundente social básico de todos os cidadãos, incluindo nesta lógica, obvia-
relação entre a população masculina e as violências (em especial a mente, a saúde do homem que, tal como a saúde de todas as outras
violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral populações, deve ser regida em consonância com os princípios e as
e os profissionais de saúde sobre o tema. diretrizes do SUS.

339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Neste sentido, a PNAISH afirma princípios consonantes aos do • Promover na população masculina, conjuntamente com o Pro-
SUS relacionados, por exemplo, à “humanização, qualidade de vida grama Nacional de DST/Aids, a prevenção e o controle das doenças
e promoção da integralidade do cuidado na população masculina sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV;
promovendo o reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do • Incentivar o uso de preservativo como medida de dupla prote-
homem, obedecendo às suas peculiaridades socioculturais” (BRA- ção da gravidez inoportuna e das DST/Aids;
SIL, 2009). • Estimular, implantar, implementar e qualificar pessoal para a
atenção às disfunções sexuais masculinas;
E, para que seja possível cumprir esses princípios, oito elemen- • Garantir o acesso aos serviços especializados de atenção se-
tos foram listados a fim de serem considerados. Conheça-os a se- cundária e terciária para os casos identificados como merecedores
guir: destes cuidados;
1. Acesso da população masculina aos serviços de saúde hierar- • Promover a atenção integral à saúde do homem nas popu-
quizados nos diferentes níveis de atenção e organizados em rede, lações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis,
possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas; transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em si-
2. Articular-se com as diversas áreas do governo com o setor tuação de risco, em situação carcerária, entre outros, desenvolven-
privado e a sociedade, compondo redes de compromisso e corres- do estratégias voltadas para a promoção da equidade para distintos
ponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da população grupos sociais;
masculina; • Associar as ações governamentais com as da sociedade civil
3. Informações e orientação à população masculina, aos fami- organizada para efetivar a atenção integral à saúde do homem com
liares e a comunidade sobre a promoção de hábitos saudáveis, pre- protagonismo social na enunciação das reais condições de saúde da
venção e tratamento dos agravos e das enfermidades do homem; população masculina.
4. Captação precoce da população masculina nas atividades de
prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e cânce- • Ampliar, através da educação, o acesso dos homens às infor-
res, entre outros agravos recorrentes; mações sobre as medidas preventivas contra os agravos e enfermi-
5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o atendi- dades que os atingem:
mento do homem; • Incluir o enfoque de gênero, orientação sexual, identidade de
6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais edu- gênero e condição étnico-racial nas ações educativas;
cativos; • Estimular, na população masculina, através da informação,
7. Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avalia- educação e comunicação, o autocuidado da saúde;
ção continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de • Promover a parceria com os movimentos sociais e populares,
saúde, com participação dos usuários; e outras entidades organizadas para divulgação ampla das medidas;
8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos ges- • Manter interação permanente com as demais áreas governa-
tores monitorar as ações e serviços. mentais no sentido de efetuar, de preferência, ações conjuntas, evi-
tando a dispersão desnecessária de recursos.
Objetivos
Promover a melhoria das condições de saúde da população Diretrizes
masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução
da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos • Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de
fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde, executa-
serviços de assistência integral à saúde. do nos diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a atenção bá-
sica, com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta de entrada
Objetivos específicos do sistema de saúde integral, hierarquizado e regionalizado;
Organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo território • Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do con-
brasileiro, a atenção integral a saúde do homem, dentro dos princí- trole social, de acordo com as competências de cada um, garantin-
pios que regem o Sistema Único de Saúde: do condições para a execução da presente Política;
•Implantar e/ou estimular nos serviços de saúde, públicos e pri- • Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade
vados, uma rede de atenção à saúde do homem que garanta linhas da assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas
de cuidado, na perspectiva da integralidade; as ações;
• Fortalecer a assistência básica no cuidado com o homem, fa- • Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral
cilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária à Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e
ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos ações do Ministério da Saúde;
à saúde; • Promover a articulação interinstitucional, em especial com o
• Formar e qualificar os profissionais da rede básica para o cor- setor Educação, como promotor de novas formas de pensar e agir;
reto atendimento à saúde do homem; • Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclu-
• Promover ações integradas com outras áreas governamentais. siva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também
como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde re-
Estimular a implantação e implementação da assistência em conheçam os homens como sujeitos que necessitem de cuidados;
saúde sexual e reprodutiva, no âmbito da atenção integral à saúde: • Integrar as entidades da sociedade organizada na correspon-
• Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo sabilidade das ações governamentais pela convicção de que a saúde
masculino, inclusive a assistência à infertilidade; não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa da cidadania;
• Estimular a participação e inclusão do homem nas ações de • Incluir na Educação permanente dos trabalhadores do SUS te-
planejamento de sua vida sexual e reprodutiva, enfocando inclusive mas ligados a Atenção Integral à Saúde do Homem;
a paternidade responsável; • Aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possibi-
• Garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária mascu- litar um melhor monitoramento que permita tomadas racionais de
lina nos termos da legislação específica; decisão;

340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria Entre os temas estudados destacamos a violência, fenômeno
das ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Ho- difuso, complexo, multicausal, com raízes em fatores socioculturais,
mem. políticos, econômicos e psico-biológicos. Dado a complexidade do
problema, há de se enfatizar que a promoção da saúde, a preven-
Neste contexto, a construção das diretrizes da PNAISH, nortea- ção da violência e a edificação de uma cultura da paz voltada para
das pela humanização e qualidade da assistência, foram elaboradas a população, devem basear-se na intra e inter-setorialidade e inter-
considerando os quatros elementos a seguir: disciplinaridade.
- Integralidade: a busca por assegurar acesso nos diferentes Na formulação da PNAISH teve-se também a clareza de integrá-
níveis de saúde, sendo organizado pela dinâmica de referência e -la às outras Políticas de Saúde. Esta integração transversal também
contra referência. A compreensão do indivíduo como um todo, nas se reflete na interdependência e necessária cooperação de todos,
suas dimensões biológica, cultural e social; somando experiências e discutindo exaustivamente diretrizes, que
- Factibilidade: a disponibilização de recursos, tecnologia, in- possibilitem as melhores opções de construção e operacionalização
sumos e estrutura para que seja possível a implantação das ações dessa política, o que dará a cada segmento, gestor ou executor, a
planejadas; corresponsabilidade pela correta implementação das ações, em be-
- Coerência: a coerência das diretrizes propostas com as demais nefício da população a ser assistida.
políticas de saúde e os princípios do SUS;
- Viabilidade: a implementação da política está relacionada aos Responsabilidades Institucionais
três níveis de gestão, ao controle social, a quem se condiciona o As responsabilidades institucionais estão definidas de acordo
comprometimento e a possibilidade da execução das diretrizes. com as diretrizes emanadas do Pacto pela Saúde 2006, respeitan-
do-se a autonomia e as competências das três esferas de governo.
Considerando estes elementos, as diretrizes foram construídas
destacando-se um conjunto de ações com foco em promoção, pre- União
venção, assistência e recuperação, nos diferentes níveis de atenção - Fomentar a implementação e acompanhar a implantação da
à saúde, priorizando a atenção básica e a integração das ações go- Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem;
vernamentais com as da sociedade civil organizada (SCHWARZ et - Estimular e prestar cooperação aos Estados e Municípios vi-
al., 2012). sando a implantação e implementação da Política Nacional de Aten-
ção Integral à Saúde do Homem valorizando e respeitando as diver-
Estratégias de Atuação da Atenção Básica para a Efetivação da sidades loco-regionais;
PNAISH - Promover, no âmbito de sua competência, a articulação inter-
setorial e interinstitucional necessária à implementação da Política
A PNAISH é fruto do reconhecimento da gravidade do quadro Nacional;
epidemiológico dos usuários homens no Brasil, com índices de - Promover em parceria com o Ministério da Educação e a Secre-
morbimortalidade alarmantes, especialmente se comparados aos taria Nacional de Juventude da Presidência da República, a valoriza-
mesmos índices para mulheres e para crianças, o que evidencia a ção da crítica em questões educacionais relacionadas aos estereó-
urgência de ações específicas para este segmento da população. tipos de gênero, enraizados há séculos em nossa cultura patriarcal
A partir deste reconhecimento, a PNAISH buscou traçar um que coloca a doença como um sinal de fragilidade e contribui para
cenário sobre a saúde da população masculina adulta, chegando que o homem se julgue invulnerável.
à conclusão de que a procura dos homens pelos serviços de saú- - Estimular e apoiar em parceria com a Secretaria de Ciência e
de é muito mais reduzida do que entre as mulheres, e que estes Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), a realização de pes-
apresentam menor índice de adesão às propostas terapêuticas, à quisas que possam aprimorar a Atenção Integral à Saúde do Ho-
prevenção e à promoção da saúde. Este quadro evidencia que mui- mem;
tos agravos poderiam ser evitados caso os homens frequentassem - Propor, em parceria com a Secretaria de Gestão do Trabalho
com mais regularidade os serviços da AB. e Educação na Saúde (SGTES/MS), estratégias de educação perma-
nente dos trabalhadores do SUS, voltada para a Política Nacional de
Metodologia de Construção da Política Atenção Integral à Saúde do Homem;
- Estabelecer parceria com as diversas Sociedades Brasileiras
A PNAISH se estabeleceu mediante um recorte estratégico da Científicas e entidades de profissionais de saúde cujas atividades
população masculina na faixa etária de 25 a 59 anos. Isto não deve tenham afinidade com as ações propostas na Política Nacional de
configurar uma restrição da população alvo, mas uma estratégia Atenção Integral à Saúde do Homem;
metodológica. - Coordenar o processo de construção das Diretrizes Nacionais
Aproximadamente 75% das enfermidades e agravos dessa da Atenção à Saúde do Homem e de protocolos terapêuticos/clí-
população está concentrada em 5 (cinco) grandes áreas especia- nicos, em parceria com os Estados e Municípios, apoiando-os na
lizadas: cardiologia, urologia, saúde mental, gastroenterologia e implementação dos mesmos e contribuindo com instrumentos que
pneumologia. A partir desta constatação foram convidadas as So- fortaleçam a regulação na definição de referências e contra referen-
ciedades Médicas representativas destas áreas, juntamente com a cias e na própria consolidação de redes regionalizadas assistenciais;
participação de outros profissionais da saúde, pesquisadores, aca- - Promover, junto à população, ações de informação, educação
dêmicos, representantes do CONASS e CONASEMS e de entidades e comunicação em saúde visando difundir a Política Nacional; e
civis organizadas que participaram de 5 (cinco) eventos distintos, - Estimular e apoiar em parceria com a Secretaria de Gestão
onde foram traçados consensos. Estratégica e Participativa (SGEP/MS) e com o Conselho Nacional
A PNAISH resulta, em grande parte, dos consensos obtidos na- de Saúde (CNS) o processo de discussão com participação de todos
queles eventos, exprimindo com a máxima fidelidade possível, um os setores da sociedade, com foco no controle social, nas questões
conjunto de ideias democraticamente discutidas e pactuadas entre pertinentes à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Ho-
os representantes dos setores responsáveis pela gestão e execução mem.
das ações.

341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estados A avaliação tem como finalidade essencial atender o cumpri-
- Definir, coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito do seu mento dos princípios e diretrizes dessa política, buscando verificar
território, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Ho- sua efetividade. Em outras palavras, significa verificar o seu resul-
mem, promovendo as adequações necessárias, tendo como base tado sobre a saúde dos indivíduos e, consequentemente, sobre a
as diretrizes ora propostas, o perfil epidemiológico e as especifici- qualidade de vida da população masculina.
dades loco - regionais; Uma avaliação mais detalhada da Política Nacional de Atenção
- Coordenar e implementar, no âmbito estadual, as estratégias Integral à Saúde do Homem deverá ocorrer no âmbito dos planos,
nacionais de educação permanente dos trabalhadores do SUS vol- programas, projetos, estratégias e atividades dela decorrentes.
tada para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Ho- Para essa avaliação de processo há de se definir critérios, parâ-
mem, respeitando-se as especificidades loco-regionais; metros, indicadores e metodologia específicos, sendo através desta
- Implantar mecanismos de regulação das atividades relativas à avaliação que será possível identificar, modificar e/ou incorporar
Política Nacional; novas diretrizes, a partir de sugestões apresentadas pelo Ministério
- Estabelecer parceria com as diversas organizações cujas ativi- da Saúde, Comissão Intergestores Tripartite e Conselho Nacional de
dades tenham afinidade com as ações propostas na Política Nacio- Saúde.
nal de Atenção Integral à Saúde do Homem; Promover e apoiar, junto às Confederações dos Trabalhadores
- Promover, na esfera de suas competências, a articulação inter- do Brasil e as Centrais Sindicais avaliações e monitoramento des-
setorial e interinstitucional necessária à implementação da Política ta Política. Além dessas avaliações de resultado e processo, não se
Nacional; pode deixar de avaliar a contribuição dessa política para concreti-
- Elaborar e pactuar, no âmbito estadual, protocolos clínicos/te- zação dos princípios e diretrizes do SUS, especialmente na confor-
rapêuticos, em consonância com as diretrizes nacionais da atenção, midade do que estabelece a lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8080/90).
apoiando os municípios na implementação dos mesmos;
- Promover, junto à população, ações de informação, educação
e comunicação em saúde visando difundir a Política Nacional; SAÚDE DA PESSOA IDOSA
- Estimular e apoiar em pareceria com o Conselho Estadual de
Saúde o processo de discussão com participação de todos os seto- A função primordial da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é
res da sociedade, com foco no controle social, nas questões perti- propiciar um levantamento periódico de determinadas condições
nentes à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem; do indivíduo idoso e de outros aspectos que possam interferir no
e seu bem-estar. Antes do adoecimento orgânico, a pessoa idosa
- Incentivar junto à rede educacional estadual, ações educativas apresenta alguns sinais de risco e é função do profissional de saúde,
que visem à promoção e atenção à saúde do homem. por meio do registro na caderneta, identificá-los para que as ações
possam ser realizadas de maneira precoce, contribuindo não ape-
Municípios nas para a melhoria da qualidade de vida individual, mas também
- Coordenar, implementar, acompanhar e avaliar no âmbito do para uma saúde pública mais consciente e eficaz. Os registros na
seu território, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do caderneta do idoso devem ser uma ferramenta para esse trabalho.
Homem, priorizando a atenção básica, com foco na Estratégia de A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é preenchida no mo-
Saúde da Família, como porta de entrada do sistema de saúde inte- mento da realização da visita domiciliar, onde haja um morador
gral e hierarquizado; com 60 anos ou mais, ou na Unidade Básica de Saúde, quando a
- Implantar mecanismos de regulação das atividades relativas à pessoa for consultar.
Política Nacional; Você é um dos principais responsáveis pelo preenchimento da
- Promover, no âmbito de suas competências, a articulação in- caderneta.
tersetorial e interinstitucional necessária à implementação da Polí- O preenchimento da caderneta de saúde se dá a partir da pró-
tica Nacional; pria fala do indivíduo. É importante que seja resguardada sua pri-
- Incentivar junto à rede educacional municipal, ações educati- vacidade.
vas que visem à promoção e atenção da saúde do homem; Assim, deve-se deixar a pessoa que responde à vontade para
- Implantar e implementar protocolos clínicos/terapêuticos, em citar o que lhe for conveniente. A caderneta é um documento que
consonância com as diretrizes nacionais e estaduais; a pessoa idosa deve carregar sempre consigo e que pode, eventual-
- Promover, em parceria com as demais esferas de governo, a mente, ser acessada por outras pessoas. Você deve reforçar que o
qualificação das equipes de saúde para execução das ações propos- idoso, ao comparecer à consulta na UBS, deve levar sua caderneta.
tas na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem;
- Promover, junto à população, ações de informação, educação Questões Importantes a Serem Observadas por você em suas
e comunicação em saúde visando difundir a Política Nacional; e Visitas Domiciliares
- Estimular e apoiar em parceria com o Conselho Municipal de
Saúde o processo de discussão com participação de todos os seto- Identificação do idoso: quando falamos em “identificação”,
res da sociedade, com foco no controle social, nas questões perti- como o próprio nome aponta, busca-se conhecer o idoso quanto
nentes à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. a: relações familiares; ocupação; hábitos de vida; situação da mo-
radia; entre outros.
Avaliação e Monitoramento Alguns aspectos na identificação que merecem maior atenção
serão apresentados a seguir:
O processo de avaliação da implantação e implementação da
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem deverá Relações familiares: o prejuízo emocional e outros transtornos
ocorrer de acordo com as pactuações realizadas em âmbito federal, familiares que o (a) idoso(a) pode apresentar perante a perda do
estadual e municipal, com destaque para o monitoramento dos in- seu cônjuge é um sinal de alerta. Geralmente, a viuvez traz fortes
dicadores do Pacto pela Vida, a ser realizado pelo Conselho Nacio- repercussões negativas na área psicológica, podendo interferir tam-
nal de Saúde e pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT).

342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
bém de modo marcante na área econômica, sendo inclusive uma critos pelo médico, modificações no ambiente físico e social, mu-
das causas do asilamento do idoso. O estado emocional pode variar danças no comportamento e estilos de vida, além da utilização de
de acordo com o tempo de viuvez. equipamento especial – prótese, muleta, andador.
Escolaridade: a baixa escolaridade é outro fator que interfere
para a interação na comunicação e, portanto, há necessidade da Os três conceitos importantes para a definição das incapacida-
adequação do vocabulário pelo profissional de saúde na assistência des são: autonomia, independência e dependência.
ao idoso, uso de linguagem simples e acessível.
Ocupação: é importante saber se há defasagem entre a ocupa- Autonomia: é a liberdade para agir e para tomar decisões.
ção e situação financeira anterior e a atual, pois pode desencadear Pode ser definida como se autogovernar.
um processo de insatisfação e inconformismo que repercute nega-
tivamente no indivíduo. Além disso, a aposentadoria pode trazer Independência: significa ser capaz de realizar as atividades sem
algumas características marcantes nos idosos em nosso País, como ajuda de outra pessoa.
a inatividade.
Dependência: significa não ser capaz de realizar as atividades
Hábitos de vida: os hábitos prejudiciais à saúde, como o fumo, do dia a dia sem ajuda de outra pessoa.
o álcool e o sedentarismo, são alguns dos responsáveis por sinto-
mas e doenças surgidos na idade avançada. Esquema de vacinação da pessoa idosa
Entre as consequências mais comuns, estão: depressão, au- Você deve verificar em todas as visitas se as vacinas estão em
mento da ansiedade, distúrbios cerebrais predispondo às quedas, dia e orientar o idoso sobre a importância da vacinação para a pre-
câncer de pulmão, bronquites, cardiopatias, problemas no fígado, venção de doenças.
dores articulares e osteoporose, entre outras. Portanto, o detalha-
mento de tais hábitos é importante para orientar o idoso quanto Promoção a Hábitos Saudáveis
aos fatores maléficos que acarretam à sua saúde. Lembrando sem-
pre que, mesmo em idades avançadas, a adoção de modos saudá- Cuidados com a alimentação:
veis traz grandes benefícios à saúde. A promoção a hábitos saudáveis na alimentação é uma das
Se o indivíduo possui 75 anos ou mais, já pode ser considerado estratégias para prevenção de doenças e promoção à saúde. Tem
frágil ou em processo de fragilização. como um de seus objetivos proporcionar um envelhecimento mais
saudável e ativo, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Atividades de Vida Diária e Avaliação Funcional A orientação da alimentação da pessoa idosa que não precisa
de cuidados alimentares específicos pode ser dada por você com
Atividades Básicas de Vida Diária (AVD): base nos Dez Passos para uma Alimentação Saudável. As orienta-
São as atividades relacionadas ao autocuidado e que são fun- ções relacionadas à alimentação da pessoa idosa nas situações de
damentais à sobrevivência de qualquer pessoa. Se o idoso não pode doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade, entre ou-
fazê-las, vai precisar de alguém para isso. São elas: tras, deverão ser feitas pelos profissionais de nível superior da equi-
- Alimentar-se; pe de saúde e devem ser conhecidas e acompanhadas por você.
- Vestir-se;
- Tomar banho; Dicas importantes para seu trabalho de orientação para as
- Fazer higiene pessoal; pessoas idosas e familiares:
- Ir ao banheiro, entre outras. - Alimentar o idoso nem sempre é tarefa fácil. Horários regula-
res, respeito às preferências e hábitos culturais, ambiente tranquilo
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD): e muita calma e paciência, por parte dos familiares e cuidadores,
As AIVD são as atividades relacionadas à participação no meio são fatores importantes para que a alimentação seja bem aceita;
social e indicam a capacidade de levar uma vida independente na - Outro ponto importante e que pode colaborar para uma ali-
comunidade: mentação saudável é a leitura dos rótulos dos alimentos. A infor-
- Utilizar meios de transporte; mação nutricional que está nos rótulos é um meio fundamental de
- Manipular medicamentos; apoio à escolha de produtos mais saudáveis na hora da compra.
- Utilizar telefone; Observar a data de validade dos produtos também é importante;
- Preparar refeição, entre outras. - Orientar a fazer todas as refeições (café da manhã, lanche,
almoço, lanche, jantar) e não pular nenhuma delas. Não trocar o
Deve ser observado se existe limitação para as atividades acima almoço ou o jantar por lanches;
citadas, assim como o tipo de auxílio de que o idoso necessita. Essas - Para abrir o apetite, pode ser preparada uma refeição de en-
informações são elementos essenciais para se compor um diagnós- cher os olhos: colorida, cheirosa, quentinha, gostosa, sempre fres-
tico de seu risco social e conhecer seu grau de independência para quinha e variando os alimentos, para estimular o paladar, que, com
as atividades de vida diária (AVD). Se o indivíduo idoso mora sozi- o avanço da idade, pode diminuir, levando à redução do apetite e
nho ou já recebe algum tipo de cuidado, já pode ser denominado do prazer de comer;
como uma pessoa idosa frágil ou em processo de fragilização. - O uso em exagero de sal, temperos industrializados, gorduras
Caso observe dificuldades do idoso para realização de uma ou de origem animal (banha, sebo, toucinho), bem como frituras e ali-
mais atividades de vida diária e instrumental (AVD e AIVD), você mentos com gorduras trans, deve ser evitado. Os alimentos devem
deve transmitir essa informação aos profissionais da sua equipe, as- ser preparados utilizando temperos naturais, como alho, cebola,
sim como orientar os familiares e cuidadores a não fazer tudo pela salsinha, manjericão, orégano etc. e óleos vegetais, como de milho,
pessoa, mas sempre estimular sua autonomia. soja e azeite de oliva;
Algumas medidas podem reduzir a incapacidade ou diminuir - Beber de seis a oito copos de água por dia entre as refeições.
a dificuldade em conviver com ela e melhorar a qualidade de vida Essa orientação é muito importante porque os idosos, geralmente,
da pessoa idosa, como o uso de determinados medicamentos pres- não sentem sede;

343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Caso o idoso possa mastigar, não há razão para modificações - É importante estar sentada confortavelmente para receber a
na consistência dos alimentos e para a utilização de sopas e purês. alimentação.
Para que os alimentos sejam mais bem aproveitados, precisam ser
bem mastigados; Ambiente Seguro e Risco de Quedas
- No caso de ausência parcial ou total dos dentes e de uso de A queda em idosos é um importante problema de saúde pú-
próteses (dentaduras), não deixar de oferecer carnes, legumes, ver- blica.
duras e frutas. O idoso não pode deixar de comer nada por não con- Além de contribuir para a diminuição da qualidade de vida das
seguir mastigar. Pique, moa, corte ou rale os alimentos mais duros; pessoas, a ocorrência da queda pode acarretar um gasto conside-
- Você deve estar atento ao controle do peso do idoso. Um im- rável tanto do ponto de vista financeiro quanto do familiar e social.
portante componente de risco para a fragilidade da pessoa idosa é A seguir estão descritos os principais pontos a serem observa-
a perda expressiva de peso em um curto período de tempo. Uma dos por você na casa onde reside um idoso. Em caso de existência
perda de peso não intencional de, no mínimo, 4,5 kg ou de 5% do de problemas, devem ser alertados ao idoso, familiares e cuidado-
peso corporal no último ano exige medidas para estabilizar e/ou res, uma vez que esses fatores ambientais de risco são importantes
recuperar seu peso corporal, por meio da promoção a uma alimen- causas de quedas na população idosa.
tação saudável e prática de exercícios físicos sob orientação. Por
outro lado, o peso elevado também pode ser prejudicial à saúde. Devem ser considerados como agravantes para o risco de aci-
Portanto, o ACS deve estar atento ao estado nutricional do idoso e dentes e quedas:
às variações de seu peso corporal; - Perda da capacidade visual – catarata, glaucoma, degenera-
- O idoso pode ter medo de se alimentar, pois pode tossir e en- ção de mácula, uso de lentes multifocais, derrames ou isquemias
gasgar com facilidade, além de ter dificuldade de mastigar e engolir, que afetaram a visão etc.;
tendo o risco de aspirar os alimentos (entrada dos alimentos pela - Pessoas em uso de quatro ou mais medicamentos;
via respiratória podendo ir para os pulmões). - Condições médicas específicas – doença cardiovascular, de-
- Podem ser oferecidos alimentos cozidos, com molho ou pas- mências, doença de
tosos. O cuidador deve ser paciente e tranquilizar o idoso na hora - Parkinson e outros problemas neurológicos;
das refeições, que devem ser sempre momentos prazerosos; - Osteoporose, principalmente em mulheres pós-menopausa;
- Em caso da dificuldade para engolir, é importante informar a - Perda de capacidade auditiva (dificuldade para escutar);
equipe de saúde para avaliação; - Sedentarismo;
- Para facilitar a digestão e evitar a prisão de ventre, orientar o - Deficiências nutricionais;
consumo de alimentos ricos em fibras: frutas, verduras e legumes. - Condições psicológicas – depressão, medo de cair (mais de
As frutas devem ser consumidas pelo menos três vezes ao dia e, 50% das pessoas que relatam medo de cair restringem ou eliminam
sempre que possível, cruas e com casca; por completo o contato social e a atividade física);
- O idoso que ainda conserva a independência para alimentar- - Diabetes;
-se sozinho deve continuar a receber estímulos para fazê-lo, não - Problemas nos pés – malformações, úlceras (feridas), defor-
importando o tempo que leve; midades nos dedos etc.;
- Recomenda-se o consumo simultâneo de leguminosas e car- - Uso inadequado de sapatos e de roupas;
nes. Alimentos vegetais ricos em ferro são mais bem absorvidos na - Uso inadequado de aparelhos de auxílio à locomoção (benga-
presença de alimentos ricos em vitamina C, como laranja, limão, la, andadores etc).
caju, goiaba, abacaxi e outros, na sua forma natural ou em sucos. Conhecendo os fatores que podem causar uma queda, você
Essa conduta pode prevenir o aparecimento de anemia, problema poderá, junto com a equipe, planejar estratégias para prevenir que
frequente em idosos, que pode ser agravado por uma alimentação esta aconteça. Independentemente da causa da queda, aquele indi-
deficiente em alimentos ricos em ferro; víduo que referir ter caído duas ou mais vezes no mesmo ano será
- É fundamental ingerir diariamente alimentos que contenham considerado frágil ou em processo de fragilização.
cálcio e vitamina D, sendo que essa última também pode ser produ-
zida pela pele após exposição ao sol, antes das 10 horas da manhã e O que significa idoso frágil?
depois das 16 horas. Com essas práticas, pode-se prevenir o apare- O termo frágil, segundo o dicionário Aurélio, tem os seguintes
cimento da osteoporose, doença comum em idosos, especialmente sentidos: “quebradiço; pouco vigoroso”. Desses significados, aque-
em mulheres; les que nos ajudam a definir o indivíduo idoso frágil são os que apre-
- Dar preferência à utilização de óleos vegetais (milho, soja, ar- sentam o idoso com algum tipo de debilidade ou alguma condição
roz, canola, azeite de oliva, girassol e outros) no preparo e cozimen- que lhe afeta o vigor físico e/ou mental. Ao buscar identificar esses
to dos alimentos, sempre em pequena quantidade. indivíduos, estamos nos comprometendo a organizar ações especí-
- Dessa maneira, pode-se prevenir a aterosclerose, doença que ficas que tenham como objetivo final reverter parcial ou totalmente
é cada vez mais comum na população adulta e idosa e está relacio- o quadro de debilidade e possibilitar a essa pessoa um maior grau
nada com o aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras de independência e autonomia ou, em casos mais severos, dar con-
saturadas e colesterol, como: gorduras animais (carnes gordas, leite dições dignas para que elas continuem vivendo, para isso deve-se
integral, queijos gordos, manteiga, banha, toucinho, bacon, creme contar com o apoio de toda a equipe de saúde.
de leite, embutidos etc.), gordura hidrogenada, óleo de dendê, óleo
superaquecido e reutilizado muitas vezes (principalmente para fri- Uso de medicamentos
turas), pães recheados (com cremes, com cobertura de chocolate A utilização de medicamentos em pessoas com 60 anos ou
ou com coco) e biscoitos amanteigados; mais deve ser sempre uma preocupação do profissional de saúde.
- Sempre que possível, substituir frituras por cozimento. No O próprio funcionamento do organismo da pessoa idosa, que difere
preparo de carnes, deve ser retirada toda a gordura visível, assim dos adultos jovens, bem como a possibilidade de interação medica-
como a pele de aves e dos peixes; mentosa (interferência de um medicamento usado sobre o outro)
- Água ou alimentos jamais devem ser oferecidos quando a
pessoa estiver deitada.

344
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
indesejada fazem com que o uso de medicamentos seja um fator de risco. Deve-se ter maior atenção com aqueles que fazem uso de mais
de um tipo de medicamento diferente ao dia, com horários diversos, pois é comum erro na administração deles pelo próprio idoso ou por
terceiros.

Você deve orientar o idoso, sua família e/ou cuidador que, durante a consulta, é importante:
Informar ao profissional de saúde:
- Todos os medicamentos que o idoso está usando e qual a dosagem;
- Sobre qualquer problema que o idoso já tenha tido com medicamentos;
- Sobre a existência de alergias;
- Se o idoso ingere bebidas alcoólicas, usa drogas ou fuma.

Perguntar ao médico:
- Como vai ser usado o medicamento e por quanto tempo;
- Se deve evitar algum tipo de comida, bebida alcoólica, medicamentos, e se não pode fazer exercício físico enquanto estiver usando
o medicamento;
- Se o medicamento pode afetar o sono, o estado de alerta e a capacidade de dirigir veículos;
- O que fazer se esquecer de tomar alguma dose;
- Se podem ocorrer efeitos adversos e o que fazer nessa situação;
- Se o medicamento pode ser partido, dissolvido, misturado com bebidas.

Solicitar ao profissional que prescreve:


- Receita por escrito e que dê para entender o nome do medicamento, o intervalo entre as doses e o modo de usar.

Orientações aos familiares, idosos e/ou cuidadores quanto a cuidados com o uso adequado da medicação:
- Colocar os medicamentos em uma caixa com tampa (plástica ou de papelão) ou vidro com tampa, tomando o cuidado de usar caixas
diferentes para medicamentos dados pela boca (via oral), para material de curativo e para material e medicamentos para inalação. Além
de ser mais higiênico, diminui o risco de confundir e trocar os medicamentos. A caixa organizadora pode ser feita em casa, adaptando-se
outras caixas ou também comprada em farmácias ou casas de produtos médico-hospitalares.
Existem em várias opções e formatos. Caso o idoso não saiba ler, oriente que peça ajuda para dividir os medicamentos em envelopes
ou saquinhos, com o desenho do horário em que deve ser tomado;
- Verificar com o médico a possibilidade de dar os medicamentos em horários padronizados, como: café da manhã, almoço e jantar.
Faça uma lista do que pode e do que não pode ser dado no mesmo horário. Evitar sempre que possível medicação durante a madrugada;
- Deixar somente a última receita médica na caixa de medicamentos, isso pode evitar confusão quando há troca de medicamentos ou
de receitas e facilita a consulta em caso de dúvidas;
- Guardar os medicamentos longe do alcance das crianças e animais domésticos, em local seco, arejado, longe do sol, separado de
venenos ou de outras substâncias perigosas;
- Guardar em suas embalagens originais e bem fechadas para evitar misturas e realizar o controle da data de validade;
- Jogar fora os medicamentos vencidos ou aqueles com aspecto ou coloração alterado;
- Ter sempre todos os medicamentos usados com suas dosagens e horários anotados na caderneta do idoso ou fazer uma lista avulsa
caso ele não tenha caderneta.
- Isso ajuda no acompanhamento/controle dos medicamentos em uso e na hora de dar informações na consulta seguinte;
- Não acrescentar, substituir ou retirar medicamentos sem antes consultar o médico do idoso, bem como não usar medicamentos
indicados para outras pessoas;
- Se o idoso toma vários medicamentos por dia, usar um calendário ou caderno onde possa colocar data, horários e um visto na me-
dicação já dada, evitando assim doses e medicações repetidas;
- Recomendar que não se dê medicamentos no escuro, para não ocorrerem trocas perigosas;
- Sempre conferir antes a dose, o nome do medicamento e o horário prescritos;
- Não ter como referência cor e tamanho do comprimido, pois podem mudar de acordo com o laboratório do fabricante;
- Ter sempre segurança quanto à quantidade no caso de medicamentos líquidos. Nunca substituir as colheres-medida ou o conta-gotas
que vieram junto com o medicamento;
- Verificar com o médico a possibilidade de partir ou dissolver os medicamentos em água ou suco. Se não for possível, peça para tro-
cá-los, caso o idoso tenha dificuldade para engolir comprimidos;
- Informar sempre ao médico se o idoso parar de tomar alguma medicação. E não parar com ela antes da orientação do médico quan-
do os sintomas desaparecerem;
- Não repetir as receitas antigas quando achar que o idoso está com o mesmo problema. Não substituir medicamentos sem autoriza-
ção do médico;
- Ao dar a medicação para o idoso, certificar-se de que ele engoliu;
- Conferir a quantidade de medicamentos antes de feriados, fins de semana, para não correr o risco de faltar;
- Não acreditar em fórmulas secretas, em medicamentos perfeitos, mágicos que servem para tudo;
- Fazer com que os medicamentos fora de uso deixem de ser guardados juntos dos demais e, de preferência, que sejam descartados.

Esses cuidados são importantes na tentativa de evitar problemas maiores e de promover o uso correto das medicações, sendo funda-
mental para o bom andamento dos cuidados prestados ao idoso.

345
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na caderneta há espaço para registro dos medicamentos em uso, mas, para os que não a têm, segue sugestão de modelos de fichas
para auxiliar no controle dos medicamentos em uso e dos medicamentos administrados.

Modelo I: Ficha para Controle de Medicamentos em Uso

Nome: Data:

Dosa- Horá-
Nome do remédio Para que serve Efeito colateral – Orientações
gem rio

Modelo II: Ficha para Controle na Administração de Medicamentos

Nome: Data

Nome do remédio Medicamento Dose

Anotações importantes:

Maior atenção e frequência de visitas domiciliares devem ser feitas para os(as) idosos(as) que apresentarem os seguintes dados:
- Queda ou internação nos últimos seis meses;
- Diabetes e/ou hipertensão sem acompanhamento;
- Paciente que não faz acompanhamento regular de saúde;
- Idoso que fica sozinho e que tem várias doenças crônicas, referindo-se ao seu estado de saúde como ruim ou muito ruim;
- Acamados ou com dificuldade de se locomover até a UBS.

Esses casos devem ser priorizados pelo fato de implicarem maior risco de incapacidades e mortalidade.

Serviços e telefones úteis


Você deve orientar o idoso e familiares a manter alguns números de telefone em local de fácil acesso – por exemplo, ao lado do tele-
fone ou grudado por ímãs à geladeira.

A seguir os telefones úteis:


- Disque-Saúde – 0800 61 1997 – serviço gratuito, funciona todos os dias, das 8h às 18h. Pode ser acionado de qualquer telefone
público;
- SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – 192;
- Corpo de Bombeiros – 193;
- Polícia – 190;
- Violência contra a Mulher – 180;
- PREVfone – 0800 78 0191;
- Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde – denúncias de problemas de atendimento no SUS;
- Delegacia de Polícia, ministérios públicos estaduais, conselhos estaduais e municipais do idoso – denúncia de maus-tratos, pessoal-
mente, por carta ou telefone;
- Unidade Básica de Saúde que você trabalha;
- Pessoa da família que tenha responsabilidade sobre o idoso.

Ou ainda para aqueles que tiverem acesso à internet:


Site do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br
Saúde Legis: www.saude.gov.br/saudelegis

Você deve ressaltar a importância de a Caderneta de Saúde ser apresentada sempre no momento da consulta ou em casos de emer-
gência/ urgência. O ideal é que a pessoa seja estimulada a portá-la sempre na(o) bolsa(o).

Saúde Bucal no Idoso


Mesmo que a saúde bucal do idoso não tenha sido boa durante a vida, existe a necessidade de cuidados para melhorar a situação atual
e prevenir futuros problemas. Assim, a gengiva, língua e parte interna da boca, dentes e próteses devem ser examinados regularmente.

346
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Lembrar sempre aos idosos e seus familiares que a consulta Raízes dentárias expostas: as raízes dos dentes para fora da
com o dentista deve ser realizada a cada seis meses. Alertar que gengiva podem deixar o local muito sensível ao frio e às substâncias
deve procurar o dentista mesmo que não esteja sentindo dor, já que azedas – ácidas. Pastas de dente especiais para tirar a sensibilidade
muitos têm histórias passadas de visitas ao dentista só em casos de podem ser usadas.
dor. Por isso, informações são importantes para aliviar o medo dos
pacientes, permitindo assim a realização do tratamento adequado, Feridas de longa duração: podem ser causadas por dentes que-
seja este preventivo ou curativo. brados, dentaduras com lados afiados ou quebrados. Oriente para
É importante que o ACS oriente a procura da Unidade Básica procurar o dentista da Unidade Básica de Saúde.
de Saúde para realização de tratamento curativo ou preventivo.
É importante também estar atento aos problemas que podem Boca seca: geralmente é causada por certos medicamentos e
provocar dor ou complicações mais sérias. doenças (diabetes) que podem diminuir a produção de saliva. O
Muitos não se queixam tentando evitar o tratamento por medo idoso terá mais dificuldade para mastigar e engolir e há dificuldade
ou por não saber explicar o que estão sentindo. Por isso é muito de fixar a dentadura. Pode-se estimular a mastigação, por exemplo,
importante que o ACS e familiares observem o aparecimento de al- mascar chicletes sem açúcar, pedaços de borracha etc., além de be-
guns sinais, como: dificuldades para comer, não sorrir, falar pouco, ber água com frequência.
comer só alimentos muito moles. Todas essas situações podem ter
como causa a dor nos dentes naturais provocada por alimentos ou Escorrimento de saliva: pode ser consequência de algumas
bebidas frias ou quentes, por raízes expostas, feridas na língua ou doenças (Parkinson) ou por dentaduras mal feitas. Nesses casos
noutra região da boca e próteses que machucam ou estão frouxas. orientar que procure o dentista da Unidade Básica de Saúde para
O câncer bucal é um problema frequente nessa faixa etária. orientações.

Higiene bucal: Déficit alimentar: nessa fase da vida, a falta dos dentes pode
Orienta-se escovação com creme dental e uso do fio dental. contribuir para uma alimentação inadequada devido ao consumo
Nessa faixa etária, são frequentes os distúrbios de audição, visão, exagerado de alimentos pastosos ou líquidos (geralmente ricos em
déficit da memória e confusão mental. A coordenação motora do carboidratos e pobres em vitaminas e fibras), prejudicando sua saú-
idoso deve ser observada pela família, pois pode interferir na cor- de. Nesses casos é importante orientar a procurar a Unidade Básica
reta remoção da placa bacteriana, portanto, se necessário, deve-se de Saúde.
orientar o cuidador para realizá-la. É essencial dar atenção especial
ao idoso portador de prótese dentária. A higiene da prótese previne O idoso pode manter os dentes íntegros. Para tanto, é necessá-
doenças bucais, como a cândida bucal, e promove melhor qualida- rio que a prevenção seja traduzida em atitudes e práticas saudáveis
de de vida. durante toda a vida.
Orientar para oferecer bastante água durante todo o dia é mui-
to importante para evitar a desidratação e manter a boca sempre ATENÇÃO: verificar na visita mudanças no comportamento ao
úmida, diminuindo assim o aumento na concentração de bactérias comer, falar, sorrir e dar atenção aos comentários de parentes e
que se instalam nela. amigos, pois podem trazer informações importantes sobre proble-
mas dentários.
Alterações em saúde bucal mais frequentes nos idosos:
Alterações na parte interna da boca: se aparecer feridas, ma- Nesse caso você deve orientar o idoso ou quem cuida dele a
chucados brancos etc., deverão ser orientados a procurar o serviço buscar orientações da equipe de Saúde Bucal da Unidade Básica
de saúde bucal para serem examinados pelo dentista para diagnós- de Saúde.
tico e tratamento adequado.
Emergências no Domicílio
Gengivas que sangram: se o sangramento é em pequena quan- Em razão do processo natural de envelhecimento, as pessoas
tidade, orientar a fazer uma boa escovação (dentes, gengivas e lín- têm sua capacidade funcional diminuída, o que acarreta mudanças
gua), com pasta e fio dental; pode promover uma melhora. Se isso no funcionamento dos órgãos do corpo (coração, pulmão, rins, cé-
não ocorrer em duas ou três semanas, orientar que procurem o rebro, fígado etc.). Isso faz com que fiquem sujeitas a agravos que
dentista da unidade básica. requerem cuidados especiais para evitar mais complicações.
É importante saber que existem situações que podem alterar
Doença periodontal: é uma doença sem dor e o único sinal é o a rotina diária da pessoa idosa, como o aparecimento de um
sangramento durante a escovação e, se a pessoa deixa de escovar comportamento diferente ou uma piora repentina do seu estado
o local, pode piorar ainda mais a situação. Como consequência, de saúde ou um acidente.
o dente fica mole e poderá cair. A escovação correta e frequente Essas situações podem ser emergências. Você deve orientar a
evita esse tipo de problema. Orientar que procure o serviço de família a estar atenta a essas situações e buscar os serviços de saú-
saúde bucal. de com a maior brevidade possível.
Entre as alterações na rotina, estão: sonolência excessiva, apa-
Candidíase: é causada por fungos e aparece na forma de placas tia, confusão mental, agitação, agressividade. Podem ser um sinal
brancas que podem cobrir boa parte da boca. Podem ser causadas de que algo novo, diferente, aconteceu e que há necessidade de
pela baixa resistência da pessoa ou pela higiene deficiente das uma avaliação imediata da equipe de saúde.
dentaduras, que devem estar sempre bem escovadas. Nesses É preciso redobrar a vigilância com o idoso febril, para não
casos é importante a boa higiene. permitir que fique muito parado e para melhorar sua hidratação.
O idoso febril desidrata-se muito rapidamente, assim, na presença
de febre, deve-se ampliar a oferta de líquidos.

347
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quando levar ao hospital: Documentos necessários ao requerimento:
- Em casos de confusão mental junto com a febre, pois indica Documentos do requerente:
infecção grave que necessita de intervenção precoce; - Certidão de nascimento ou casamento;
- Em casos em que o idoso apresentar sinais de pressão baixa - Documento de identidade, carteira de trabalho ou outro que
(desmaio, tontura, calor repentino), pouca reação quando conver- possa identificar o requerente;
samos com ele ou estiver com a pele manchada, parecendo már- - CPF, se tiver;
more; - Comprovante de residência;
- Quando o idoso estiver com muita falta de ar, pois pode indi- - Documento legal, no caso de procuração, guarda, tutela ou
car infecção pulmonar ou problema cardíaco; curatela.
- Quando o idoso parar de urinar, que pode ser só por desidra-
tação, mas pode também indicar que os rins estão falhando. Documentos da família do requerente:
- Documento de identidade;
Ter sempre o número dos telefones de ajuda e socorro em lu- - Carteira de trabalho;
gar de fácil acesso (SAMU 192). Oriente os familiares que, ao procu- - CPF, se houver;
rar um hospital, levem os documentos da pessoa idosa (carteira de - Certidão de nascimento ou casamento ou outros documentos
identidade ou profissional e, se tiver, do plano de saúde), a cartei- que possam identificar todas as pessoas que fazem parte da família
ra de saúde do idoso e os medicamentos que estão sendo usados, e suas rendas.
mesmo os comprados sem receita médica.
Deve também ser preenchido o Formulário de Declaração da
Lembretes à pessoa idosa: Composição e Renda Familiar. Esse documento faz parte do proces-
Alguns lembretes importantes que podem ser ressaltados ao so de requerimento e será entregue no momento da inscrição.
idoso por você: Após esse processo, o INSS enviará uma carta para a casa do
O idoso deve sempre ser lembrado dos benefícios do enve- requerente informando se ele vai receber ou não o BPC. Essa carta
lhecimento ativo e bem sucedido, com hábitos saudáveis de vida: também informará como e onde ele receberá o dinheiro do BPC.
cuidados com a alimentação, manutenção de uma atividade social Se a pessoa tiver direito ao BPC, em 45 dias após a aprovação do
e sexual ativa, sempre que possível, tendo como parceiros desse requerimento o valor em dinheiro já estará liberado para saque.
envelhecimento bem sucedido os profissionais de saúde. Quem tem direito ao BPC recebe do banco um cartão magnéti-
co para usar apenas para sacar o recurso referente a ele. Não é pre-
Políticas de Assistência Social Disponíveis à Pessoa Idosa ciso pagar por isso nem é obrigatório compra de nenhum produto
A atenção da política de assistência social realiza-se por meio do banco para receber o cartão.
de serviços, benefícios, programas e projetos destinados a pessoas
e famílias que se encontram em situação de risco pessoal e/ou so- Benefícios previdenciários
cial. Aposentadoria por idade:
Obs.: Ver normas vigentes
Benefício de Prestação Continuada (BCP)
Esse benefício é integrante do Sistema Único de Assistência Aposentadoria por invalidez:
Social (SUAS) na Proteção Social Básica, assegurado por lei e pago É um benefício concedido aos trabalhadores que por doença
pelo governo federal que pode ser utilizado por idosos e pessoas ou acidente do trabalho forem considerados incapacitados para
com deficiência. exercer as atividades profissionais.
O valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC) é de um sa-
lário mínimo, pago por mês às pessoas idosas e/ou com deficiência Exigências para requerer esse benefício:
que não podem garantir a sua sobrevivência, por conta própria ou - Ser considerado pela perícia médica do INSS total e definitiva-
com o apoio da família. mente incapaz para o trabalho.

Podem receber o BPC: Pensão por morte:


- Pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiên- É um benefício pago à família quando o trabalhador da ativa
cia; ou aposentado morre.
- Quem não tem direito à previdência social;
- Pessoa com deficiência que não pode trabalhar e levar uma Exigências para requerer esse benefício:
vida independente; - Ter contribuído para o INSS.
- Renda familiar inferior a ¼ do salário mínimo.
Quem pode requerer esse benefício:
Para fazer o requerimento do benefício, precisa comprovar: - Esposa, marido, companheiro (a), filhos menores de 21 anos
- Que o idoso tem 65 anos ou mais; ou filho inválido, pai, mãe, irmão menor de 21 anos ou inválido;
- A identificação do deficiente, sua deficiência e o nível de in- - Familiar ou aquele que cuida do idoso que por algum moti-
capacidade por meio da avaliação do Serviço de Perícia Médica do vo não possa receber benefício a que o idoso tem direito deve ir à
INSS; agência da previdência social da sua cidade para obter informações.
- Que não recebe nenhum benefício previdenciário;
- Que a renda da sua família é inferior a ¼ do salário mínimo
por pessoa.
Se a pessoa tem direito a receber o BPC, não é necessário ne-
nhum intermediário.
Basta se dirigir à agência do INSS mais próxima de sua residên-
cia, levando os documentos pessoais necessários.

348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quanto mais confiança o paciente sentir do profissional mais
SAÚDE MENTAL ele se manifestará de forma sincera e verbalizará as suas dúvidas.
Em longo prazo, deve-se acompanhar o indivíduo, principal-
Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Saber mente se este estiver fazendo uso de terapia medicamentosa. De-
lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis, acei- ve-se observar também se o mesmo está tendo melhora no seu
tar as exigências da vida, reconhecer seus limites e buscar ajudam quadro de saúde mental.
quando necessário. Os profissionais de enfermagem devem entender que o porta-
Vários são os fatores que influenciam nossos comportamentos, dor de distúrbio mental é um sujeito ativo, e que apesar de pensar
as nossas escolhas, a nossa cultura, entre outros. A desarmonia ou agir de forma diferente da maioria, seus pensamentos e desejos
desses fatores pode levar uma pessoa a desenvolver um transtorno devem ser levados em consideração e respeitados na medida do
mental em um determinado momento de sua vida. possível.
Como exemplo, podemos citar alguém que desenvolve um Para fazer um acompanhamento de forma eficiente, é preciso,
medo excessivo da violência, a ponto de recusar-se em sair às ruas, além de assistir o enfermo, investir em reuniões com a família, vi-
fato que nos leva a concluir de imediato que existem várias causas sitas domiciliares, contato com a escola e/ou trabalho, e também
colaborando para isso, como a própria história de vida da pessoa. orientá-lo quanto aos centros de cultura e programas de inclusão
É por isso que, na consulta de enfermagem, precisamos co- social, pois sociabilizá-lo com pessoas novas, pode e deve fazer mui-
nhecer mais os nossos clientes, saber do que gostam, a sua etnia, to bem para a sua recuperação.
como vivem, a fim m de tornar mais fácil identificar os fatores que Desde 2003 foram incluídas na Estratégia de Saúde da Família
exercem influência no momento atual de seu transtorno e, assim, (ESF) equipes de Saúde Mental. O principal objetivo é tratar do pa-
elaborar as intervenções necessárias. ciente no contexto familiar, pois realizar o tratamento isolado da fa-
mília, das pessoas que o indivíduo tem contato diário, nem sempre
Podemos dizer que alguns grupos influenciam o surgimento apresenta resultados positivos.
da doença mental. São eles: Não há um modelo pronto de atendimento a ser seguido pelo
• Biológico - alterações ocorridas no corpo como um todo, em profissional de saúde, cabe ao enfermeiro ser criativo e estar dis-
determinado órgão ou no sistema nervoso central (fatores genéti- posto a ajudar o paciente, além de procurar se aprimorar e se qua-
cos ou hereditários, pré-natais e perinatais, neuro-endocrinológi- lificar a respeito nesse âmbito.
cos);
• Social - interações que temos com os outros, nossas relações Psicopatologia na Atualidade
pessoais, profissionais e ou em grupos (medo na infância); Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais os pro-
• Culturais - modificam-se de país para país, ou seja, a noção de blemas classificados no DSMIV e CID-10, como depressão, ansieda-
certo e errado modifica-se conforme o grupo de convívio (religião, de, autismo e esquizofrenia. Também é reconhecido o diagnóstico
escola, família, país, cultura); de atraso mental como um déficit de inteligência, que pode ser
• Econômico - a necessidade e a miséria podem levar ao au- leve, moderado, grave ou profunda.
mento da criminalidade e esta, ao aumento da tensão no nosso dia
a dia (o consumismo leva a dívidas que ultrapassam os ganhos); O DSM-IV classifica os diferentes transtornos mentais nos se-
guintes grupos:
Sabemos que a incidência de transtornos mentais é alta, e tam- - Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, infância
bém que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as mais procura- e adolescência, como os retardos mentais e distúrbios de aprendi-
das nesses casos, e é por isso que a equipe de enfermagem deve zagem;
estar preparada para esse tipo de atendimento. - Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Outros Trans-
tornos Cognitivos;
A maior parte dos profissionais reconhece como ações de saú- - Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Geral, como
de mental apenas a administração de medicamentos psiquiátricos e transtornos catatônicos e desvios de personalidade;
o encaminhamento do paciente para serviços especializados. Mas, - Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de ál-
na realidade o atendimento da enfermagem para esses casos deve cool ou dependência de drogas, ou ainda transtornos induzidos por
ir muito além, começando por acolher e escutar o cliente. uso de substância como abstinência de nicotina ou demência al-
A priori deve-se entender que os transtornos mentais não apa- coólica;
recem de forma clara e explícita, nós devemos aprender a identifi- - Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos, como paranoia
cá-los também nos pacientes que não aparentam ter transtornos (esquizofrenia do tipo paranoide) ou transtorno delirante;
mentais. É preciso identificar os pacientes que sofrem exclusão so- - Transtornos do Humor, como depressão ou transtorno bipo-
cial e até mesmo observar os familiares. lar;
Sinais e sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esque- - Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico;
cimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas são os - Transtornos somatoformes, como transtornos conversivos e
mais comuns e podem levar à incapacidade e à procura por serviços transtornos dismórficos;
de saúde. - Transtornos factícios, como a síndrome de Munchousen;
As ações de enfermagem em Saúde Mental devem começar já - Transtornos dissociativos, como anmésia dissociativa ou fuga
na entrevista, perguntando e ouvindo com atenção não somente a dissociativa;
queixa do paciente, mas sua história de vida, sua cultura, seu pro- - Transtornos sexuais e de identidade de gênero, como aversão
cesso de adoecimento, seus problemas emocionais e sofrimentos. sexual ou parafilias (como pedofilia);
É preciso conversar com o paciente, orientá-lo, pois muitas vezes - Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia
essas ações são mais eficazes do que iniciar outra via terapêutica nervosa;
nesse indivíduo. Além disso, conversar e orientar a família também - Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno;
são ações relevantes. - Transtornos de controle de impulso, como cleptomania ou
piromania;

349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Transtornos de personalidade, como personalidade paranoica - Ideias delirantes: ideias que não correspondem à realidade,
ou personalidade obsessivo-compulsiva. mas que para o indivíduo são a mais pura verdade.
Ex.: meus olhos possuem sistema de raio laser.
O CID-10 classifica os transtornos mentais e de comportamen-
to, da seguinte forma: De acordo com Senso-Percepção:
- Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos - Senso-percepção: síntese de todas as sensações e percepções
(F00-F09), como Alzheimer, demência vascular ou transtornos men- (pelos 5 sentidos) que temos e com ela formamos uma ideia de
tais devido a lesão cerebral ou doença física; tudo o que está à nossa volta.
- Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de - Alucinações: são sensações ou percepções em que o objeto
substância psicoativa (F10-F19), como uso de álcool ou múltiplas não existe, mas que é extremamente real para o paciente e ele não
drogas; pode controlá-las, pois independem de sua vontade; podem ser
- Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos deli- auditivas, visuais, gustativas, olfativas, táteis, sinestésicas e outras;
rantes (F20-F29), como esquizofrenia e psicose aguda; - Ilusões: sensação referente à percepção de objeto que existe.
- Transtornos de humor ou afetivos (F30-F39), como depressão Ex.: O teto está baixando e poderá esmagá-lo.
ou transtorno bipolar.
- Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o De acordo com afetividade e Humor:
“stress” e transtornos somatoformes (F40-F48), como transtorno - Tristeza patológica: profundo abatimento, baixa autoestima,
obsessivo-compulsivo ou transtorno de estresse pós-traumático; geralmente acompanhados de tendência para o isolamento, choro
- Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisioló- fácil, inibição psicomotora;
gicas e a fatores físicos (F50-F59), como os transtornos alimentares - Alegria patológica: estado eufórico, agitado, com elevada au-
ou disfunções sexuais ou de sono causados por fatores emocionais; toestima, grande desinibição.
- Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto
(F60-F69), como transtornos de hábitos e impulsos. De acordo com a Atenção e Concentração:
- Retardo Mental (F70-79), classificados como leve, moderado, - Inatenção: dificuldade de concentração;
grave ou profundo; - Distração: mudança constante de focos de atenção;
- Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80-F89), como - Orientação: consciência de dados que nos localizem, princi-
transtornos relacionados à linguagem ou ao desenvolvimento mo- palmente, no tempo e no espaço;
tor; - Desorientação: incapacidade de relacionar os dados a fim de
- Transtornos do comportamento e transtornos emocionais perceber o espaço e o tempo.
que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência
(F90-F98), como distúrbios de conduta ou transtornos hipercinéti- Transtorno Bipolar de Humor
cos; O transtorno de Humor é uma doença caracterizada pela al-
- Transtorno mental não especificado (F99). ternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania), ora
de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o
Referências: passar dos anos os episódios repetem-se com intervalos menores,
CID-10 [2008]: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/webhelp/ havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem ape-
cid10.htm nar um episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar de o
Psiquiatria Geral: http://www.psiquiatriageral.com.br/ Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser facilmente identifica-
do, existem evidências de que fatores genéticos possam influenciar
Sinais e Sintomas de Transtornos Mentais o aparecimento da doença.
Durante o tratamento farmacoterápico, a enfermagem deve
De acordo com a apresentação do cliente: estar atenta para a avaliação do paciente quanto à adesão ao tra-
- Aparência: maneira de se vestir e de cuidar da higiene pes- tamento e às respostas fisiológicas aos medicamentos, percebendo
soal; sua adaptação ou não aos mesmos.
- Psicomotricidade: atividade motora, envolvendo a velocidade Importante ainda é perceber o grau de orientação do paciente
e intensidade; agitação (hiperatividade); retardo (hipoatividade); e da família quanto à terapêutica utilizada, direcionando, quando
tremores; maneirismo; tiques; catatonia; obediência automática; necessária, atenção aos mesmos, propiciando conhecimentos su-
negativismo; ficientes para que possam identificar eventos adversos. Também
é necessário cuidar do preparo da medicação, levando a família a
De acordo com a Linguagem e Pensamento: apoiar e o paciente a aderir ao tratamento.
- Característica da fala: observar se a fala é espontânea, se
ocorre logorreia (fala acelerada); mutismo (mantém- se mudo); ga- Transtorno de personalidade
gueira; ecolalia (repetição das ultimas palavras, como em eco); Trata-se de distúrbios graves da constituição caracterológica
- Pensamento: inicia com os cinco sentidos (visão, olfato, pala- e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente
dar, audição e tato) e conclui se com o raciocínio. imputáveis a uma doença, lesão ou outra afecção cerebral ou a um
- Inibição do pensamento: lentificado, pouco produtivo; outro transtorno psiquiátrico. Estes distúrbios compreendem ha-
- Fuga de ideias: tem um aporte tão grande de ideias que não bitualmente vários elementos da personalidade, acompanham-se
consegue concluí-las, emenda um assunto no outro de tal maneira em geral de angústia pessoal e desorganização social; aparecem
que torna difícil sua compreensão; habitualmente durante a infância ou a adolescência e persistem de
- Desagregação do pensamento: constrói sentenças corretas, modo duradouro na idade adulta.
muitas vezes até rebuscadas, mas sem um sentido compreensível,
fazendo associações estranhas; As pessoas com transtorno de personalidade não têm o que se
- Ideias supervalorizadas e obsessivas: mantém um discurso cir- considera um padrão normal de vida – do ponto de vista estatístico,
cular voltando sempre para o mesmo assunto; ou seja, comparado ao modo de viver das outras pessoas. Esta per-

350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
turbação atinge todos os pontos da personalidade de uma pessoa - Transtorno de personalidade esquiva: aqueles que são porta-
que causam uma ação nos que a cercam e sobre o contexto em que dores de uma timidez exagerada.
habita – na forma de demonstrar seus sentimentos, nas atitudes - Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: não con-
sociais. fundir com o TOC-Transtornos Obsessivos Compulsivos. Indivíduos
O portador deste transtorno provoca danos a si mesmo e aos que têm uma tendência para serem perfeccionistas, severos, im-
que com ele convivem. Quando as mutações na personalidade se pertinentes com eles mesmos e com os outros; são muito frios e
tornam persistentes, embora não caracterizem nenhuma mudança submetidos constantemente a uma intensa disciplina.
patológica, elas compõem então o Transtorno de Personalidade.
Quando certos contextos com os quais as pessoas estão fami- Tipos de distúrbios de personalidade:
liarizadas subitamente se transformam, algumas delas não conse- - Paranoide;
guem adaptar seus traços de personalidade às novas circunstâncias. - Esquizoide;
É como se elas fossem prisioneiras do seu modo de ser e, não sendo - Esquizotípica;
capazes de se adaptar ao novo, ao desconhecido, seus traços de - Antissocial;
personalidade passam a lhes perturbar, bem como aos seus paren- - Borderline;
tes e amigos. - Histriônica;
Muitas vezes o comportamento de alguém passa a não cor- - Narcisista;
responder a determinadas expectativas dos padrões culturais - Esquiva;
atualmente em vigor, tanto na área da impressão de si mesmo, das - Obsessivo- Compulsiva.
outras pessoas ou de alguns acontecimentos, quanto no campo
afetivo, envolvendo a vantagem ou não das réplicas emocionais; Transtornos de Ansiedade
no andamento das relações entre as pessoas, bem como no freio A ansiedade é uma reação normal diante de situações que po-
dos impulsos. Outras vezes, suas atitudes tornam-se intransigentes, dem provocar medo, dúvida ou expectativa. Nesses casos, a ansie-
com sérias consequências. dade funciona como um sinal que prepara a pessoa para enfrentar
Outra característica deste transtorno é a ausência de bem-es- o desafio e, mesmo que ele não seja superado, favorece sua adap-
tar nas interações sociais e profissionais. Este processo tem início, tação às novas condições de vida.
geralmente, na fase da adolescência ou, no máximo, assim que o O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o ma-
sujeito se torna adulto. É necessário ter certeza, antes de se va- nual de classificação de doenças mentais (DSM.IV), é um distúrbio
ler deste diagnóstico, que não há a ocorrência de nenhuma outra caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreen-
patologia, o uso excessivo de determinadas substâncias químicas, siva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses
nem mesmo a incidência de problemas orgânicos ou de lesões cere- no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sin-
brais. Certas perturbações desta natureza não devem ser analisadas tomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentra-
como transtorno de personalidade em menores de 18 anos. ção, tensão muscular, perturbação do sono, palpitações, falta de ar,
Deve-se distinguir o transtorno de personalidade, como ca- taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese excessiva, dor
racterizado acima, dos Transtornos de Alteração da Personalidade, de cabeça, alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no pei-
que ocorrem a partir de um certo momento, desencadeados nor- to, dores musculares.
malmente por um evento traumático ou um estresse grave. Para se
definir melhor este fenômeno, os pesquisadores costumam subdi- Transtornos Alimentares
vidi-lo em várias categorias. São transtornos mentais graves, crônicos, que acometem prin-
cipalmente os adolescentes e adultos jovens, mais do sexo femini-
Classe A – Transtornos excêntricos ou estranhos: no, levando a danos psicológicos, sociais e clínicos, podendo, nos
- Transtorno de personalidade esquizoide: embaraços na hora casos extremos, acarretar a morte. As características comporta-
de interagir socialmente e de revelar os sentimentos. Pessoas indi- mentais gerais são a preocupação excessiva com o peso e a aparên-
ferentes e solitárias. cia do corpo acarretando comportamentos alimentares prejudiciais
- Transtorno de personalidade esquizotípica: forma mais suave a saúde, dificuldades no relacionamento social e sofrimento.
de esquizofrenia. Presença de pensamentos nada comuns. Classificação dos transtornos alimentares segundo o CID-10:
- Transtorno de personalidade paranoide: desconfiança cons- - anorexia nervosa– há importante conflito na imagem corpo-
tante em relação às pessoas. ral, com medo excessivo de engordar. Acometem as pessoas magras
e negam a fome.
Classe B - Transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregula- - anorexia nervosa atípica - transtornos que apresentam algu-
res: mas das características da anorexia nervosa mas cujo quadro clínico
- Transtorno de personalidade antissocial: pessoas insensíveis global não justifica tal diagnóstico. Por exemplo, ausência do temor
aos sentimentos dos outros. Não desejam se adaptar às leis vigen- acentuado de ser gordo na presença de uma acentuada perda de
tes. peso e de um comportamento para emagrecer.
- Transtorno de personalidade histriônica: seus portadores es- -bulimia nervosa – em geral os pacientes apresentam peso nor-
tão sempre se desdobrando para ser o centro das atenções. mal ou sobrepeso, não negam a fome.
- Transtorno de personalidade limítrofe: interações afetivas in- -transtorno de compulsão alimentar periódica – o paciente
tensas, porém caóticas e carentes de organização; instáveis e im- come sem fome até sentir-se repleto e com culpa. Pode ter relação
pulsivas. com a obesidade, as dietas para emagrecer não funcionam. Apre-
- Transtorno de personalidade narcisista: caracteriza os apaixo- sentam autocrítica negativa com sintomas depressivos e ansiosos.
nados por sua própria imagem. -transtorno alimentar não especificado. Incluem todos outros
transtornos, inclusive a orthorexia, vigorexia, drunkorexia, diabe-
Classe C – Transtornos ansiosos ou receosos: rexia etc.
- Transtorno de personalidade dependente: pessoas muito de-
pendentes afetiva e fisicamente de outros.

351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Epidemiologia da anorexia nervosa:Yates, 1989, relatou que a Transtorno Opositor Desafiante
maioria dos estudos estabeleceu uma prevalência de 1 caso entre O transtorno desafiador de oposição (TDO) ou Transtorno Opo-
100 garotas adolescentes, sendo as mulheres de classe social mais sitor Desafiante é um transtorno disruptivo, ou seja, não aceita re-
alta as que têm o maior risco. Cecil Loeb - Tratado de Medicina In- gras, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio
terna, 14ª Edição relatou que a incidência de novos casos atinge e comportamento hostil. Os pacientes discutem excessivamente
uma faixa de 0,6 a 1,6 por 100.000 habitantes. A idade comum de com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta,
início é entre 14 e 17 anos, mas pode ocorrer mais cedo entre 10 incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade em
a 13 anos ou mais tarde até aos 40 anos de idade. A doença é pelo aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não se-
menos 10 vezes mais frequente nas moças do que nos rapazes e guem a forma que eles desejam.
aflige principalmente as mulheres de nível sócio econômico médio Geralmente os pacientes apresentam um padrão contínuo de
ou superior. Há importante conflito na imagem corporal, com medo comportamento não cooperativo, desafiante, desobediente e hostil
excessivo de engordar. Acometem as pessoas magras e negam a incluindo resistência à figura de autoridade. o padrão de comporta-
fome. mento pode incluir:
-frequentes acessos de raiva;
Epidemiologia da bulimia nervosa- BN: Aflige principalmente -discussões excessivas com adultos, muitas vezes, questionan-
as mulheres de nível socioeconômico médio ou superior. Em geral do as regras;
os pacientes apresentam peso normal ou sobrepeso, não negam -desafio e recusa em cumprir com os pedidos de adultos;
a fome. Embora haja um registro considerável de bulimia na im- -deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas;
prensa popular a maioria da atenção tem sido dada aos aspectos -culpar os outros por seus erros;
relativamente benignos do problema. Segundo Fairburn e Beglin -muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos
(1990) que fizeram uma média dos resultados de vários estudos, outros;
estimaram uma prevalência de 2,6%. Cooper e Fairburn (1983), -agressividade;
com base em uma amostra da comunidade, estimaram que 1,9% -dificuldade em manter as amizades;
em mulheres. Pyle et al (1983) relatou que a prevalência de BN clini- -problemas acadêmicos
camente significativa e maior em estudantes universitárias que a da
comunidade, correspondendo a aproximadamente 4%. Outros es- Os sintomas são geralmente vistos em várias configurações,
tudos epidemiológicos tem mostrado uma prevalência menor que massão mais perceptíveis em casa ou na escola. Este problema é
2% da verdadeira bulimia nervosa entre meninas no segundo grau bastante comum, ocorrendo entre 2% e 16% das crianças e ado-
escolar – grupo que se acredita ter o maior risco. Outras referências lescentes.
bibliográficas citam a prevalência entre 1,1 à 4,2% na faixa dos 18
anos de idade. Esquizofrenia
Os transtornos esquizofrênicos são distúrbios mentais graves
Arthorexia:Não se conhece a prevalência, mas observa-se que e persistentes, caracterizados por distorções do pensamento e da
a incidência está aumentando. É a obsessão em comer extrema- percepção, por inadequação e embotamento do afeto por ausên-
mente correto com perigo a saúde e as relações sociais. O ortho- cia de prejuízo no sensório e na capacidade intelectual (embora ao
rético é extremamente concentrado se um determinado alimento longo do tempo possam aparecer déficits cognitivos). Seu curso é
lhe fará bem ou mal, a ponto de inibir o apetite. Tal preocupação variável, com cerca de 30% dos casos apresentando recuperação
excessiva também prejudica as relações afetivas e sociais e até mes- completa ou quase completa, 30% com remissão incompleta e pre-
mo ocasionar emagrecimento excessivo. juízo parcial de funcionamento e 30% com deterioração importante
e persistente da capacidade de funcionamento profissional, social
Vigorexia: e caracteriza pelo excesso de preocupação em ter e afetivo.
um corpo forte. Os portadores desse transtorno exercitam-se em A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, ou seja,
excesso e constantemente medindo sua musculatura para verificar originada dentro do organismo, que se caracteriza pela perda do
se já obtiveram resultados. Apesar de fortes ainda sim se conside- contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma,
ram fracos. Quase sempre usam suplementos alimentares anaboli- com o olhar perdido, indiferente, ter alucinações e delírios. Ela ouve
zantes e até mesmo esteroides, mesmo que saibam que isto possa vozes que ninguém mais escuta e imagina estar sendo vítima. Não
prejudicar a saúde. Esta doença é mais comum nos homens, mas há argumento nem bom senso que a convença do contrário.
também há casos em mulheres. Não se conhece a prevalência, mas
observa-se que está cada vez mais comum. Diferente do fisicultu- Os dois sintomas “produtivos e negativos” da esquizofrenia:
rismo. -Os produtivos, que são basicamente, os delírios e as alucina-
ções. O delírio se caracteriza por uma visão distorcida da realidade.
Transtorno compulsivo alimentar periódico:O transtorno de O mais comum, na esquizofrenia, é o delírio persecutório. O indiví-
compulsão alimentar periódico (TCAP) é uma doença caracterizada duo acredita que está sendo perseguido e observado por pessoas
por episódios de comer compulsivo, sem o comportamento de pur- que tramam alguma coisa contra ele. As alucinações caracterizam-
gação. O principal sintoma do transtorno de compulsão alimentar -se por uma percepção que ocorre independentemente de um es-
é o impulso incontrolável para ingestão de grandes quantidades de tímulo externo. Por exemplo: o doente escuta vozes, em geral, as
alimentos, sendo que a principal consequência é o ganho de peso vozes dos perseguidores, que dão ordens e comentam o que ele
progressivo, resultando em obesidade, por vezes mórbida. faz. São vozes imperativas que podem levá-lo ao suicídio. Delírio e
alucinações são sintomas produtivos que respondem mais rapida-
Referências: mente ao tratamento.
Manual Merck de Medicina – 16ª Edição
Guideline 2000.
http://www.flumignano.com/medicos/biblioteca.htm
Dr. Steven Bratman – www.orthorexia.com

352
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os sintomas negativos da doença, mais resistentes ao trata- Substâncias psicoativas são aquelas que alteram o psiquismo.
mento, e que se caracterizam por diminuição dos impulsos e da Diversas dessas drogas possuem potencial de abuso, ou seja, são
vontade e por achatamento afetivo. Há a perda da capacidade de passíveis da autoadministração repetida e consequente ocorrên-
entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou tristeza cia de fenômenos, como uso nocivo (padrão de uso de substâncias
condizente com a situação externa. psicoativas que está causando dano à saúde física ou mental), to-
É uma doença frequente e universal que incide em 1% da popu- lerância (necessidade de doses crescentes da substância para atin-
lação. Ocorre em todos os povos, etnias e culturas. Existem estudos gir o efeito desejado), abstinência, compulsão para o consumo e a
comparativos indicando que ela se manifesta igualmente em todas dependência (síndrome composta de fenômenos fisiológicos, com-
as classes socioeconômicas e nos países ricos e pobres. Isso reforça portamentais e cognitivos no qual o uso de uma substância torna-se
a ideia de que a esquizofrenia é uma doença própria da condição prioritário para o indivíduo em relação a outros comportamentos
humana e independe de fatores externos. Em cada 100 mil habitan- que antes tinham maior importância).
tes, surgem de 30 a 50 casos novos por ano.
Existe um componente genético importante. O risco sobe para As substâncias psicoativas são divididas em três grupos:
13%, se um parente de primeiro grau for portador da doença. Quan- - Drogas psicoanalépticas ou estimulantes do SNC (cocaína, an-
to mais próximo o grau de parentesco, maior o risco, chegando ao fetamina, nicotina, cafeína etc.).
máximo em gêmeos monozigóticos. Se um deles tem esquizofrenia, -Drogas psicolépticas ou depressoras do SNC (álcoolbenzodia-
a possibilidade de o outro desenvolver o quadro é de 50%. Mas, em zepínicos, barbitúricos, opioides, solventes etc.
linhas gerais o ambiente pode influenciar o adoecimento nas etapas -Drogas psicodislépticas ou alucinógenas (cannabis, LSD, fun-
mais precoces do desenvolvimento cerebral, da gestação à primeira gos alucinógenos, anticolinérgicos etc.).
infância, bem como na adolescência.
Os limites são entre o uso recreativo, o abuso e a dependência
Tipos de Esquizofrenia: de substâncias psicoativas. Postula-se que sejam fenômenos que
- esquizofrenia residual: refere-se a uma esquizofrenia que já ocorram continuamente e que alguns parâmetros orientem a tran-
tem muitos anos e com muitas consequências. Neste tipo de esqui- sição de um estágio para o outro.
zofrenia podem predominar sintomas como o isolamento social, o O abuso ou uso nocivo seria um momento intermediário entre
comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensa- o uso recreativo (de baixo risco, não sendo caracterizado como um
mentos ilógicos. problema médico) e a dependência. Já há prejuízo decorrente do
-esquizofrenia simples: normalmente, começa na adolescência consumo da substância, mas ainda há algum controle do indivíduo
com emoções irregulares ou pouco apropriadas, pode ser seguida quanto à quantidade consumida e à duração dos efeitos.
de um demorado isolamento social, perda de amigos, poucas rela- A dependência de substâncias psicoativas é uma síndrome cujo
ções reais com a família e mudança de personalidade, passando de elemento central é um desejo intenso de consumir a substância.
sociável a antissocial e terminando em depressão. É também pouco
frequente. Dependência de Substâncias Psicoativas
-esquizofrenia indiferenciada: apesar desta classificação, é im-
portante destacar que os doentes esquizofrénicos nem sempre se Alguns fatores de risco podem contribuir para a Dependência
encaixam perfeitamente numa certa categoria. Também existem Química, são eles:
doentes que não se podem classificar em nenhum dos grupos men-
cionados. A estes doentes pode-se atribuir o diagnóstico de esqui- Fatores Biológicos:
zofrenia indeferenciada. - predisposição genética
-esquizofrenia paranoide: predominam sintomas positivos - capacidade do cérebro de tolerar presença constante da subs-
como alucinações e enganos, com uma relativa preservação o fun- tância.
cionamento cognitivo e do afetivo, o inicio tende ser mais tardio - capacidade do corpo em metabolizar a substância.
que o dos outros tipos. - natureza farmacológica da substância, tais como potencial de
-esquizofrenia catatónica: sintomas motores característicos são toxicidade e dependência, ambas influenciadas pela via de adminis-
proeminentes, sendo os principais a atividade motora excessiva, ex- tração escolhida.
tremo negativismo (manutenção de uma postura rígida contra ten-
tativas de mobilização, ou resistência a toda e qualquer instrução), Fatores Psicológicos:
mutismo, cataplexia (paralisia corporal momentânea), ecolalia (re- - distúrbios do desenvolvimento
petição patológica, tipo papagaio e aparentemente sem sentido de - morbidades psiquiátricas: ansiedade, depressão, déficit de
uma palavra ou frase que outra pessoa acabou de falar) e ecopraxia atenção e hiperatividade, transtornos de personalidade.
(imitação repetitiva dos movimentos de outra pessoa). Necessita - problemas / alterações de comportamento.
cuidadosa observação, pois existem riscos potenciais de desnutri- - baixa resiliência e limitado repertório de habilidades sociais.
ção, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto infligidos. - expectativa positiva quanto aos efeitos das substâncias de
-esquizofrenia desorganizada: discurso desorganizado e sinto- abuso
mas negativos como comportamento desorganizado e achatamen-
to emocional predominam neste tipo de esquizofrenia. Os aspectos Fatores sociais:
associados incluem trejeitos faciais, maneirismos e outras estra- - estrutura familiar disfuncional: violência doméstica, abando-
nhezas do comportamento. no,
- carências básicas.
Abuso de Substâncias Psicoativas - exclusão e violência social.
Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância - baixa escolaridade.
química que age principalmente no sistema nervoso central, onde - oportunidades e opções de lazer precárias.
altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o - pressão de grupo para o consumo.
humor, o comportamento e a consciência.

353
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- ambiente permissivo ou estimulador do consumo de substân- Tipos de retardo mental
cias Quociente de Inteligência-QI é um fator que mede a inteligên-
cia das pessoas com base nos resultados de testes específicos. O
Intoxicação por uso Abusivo de Substancias Psicoativas QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a
Em geral, os quadros de intoxicação são atendidos em serviços pessoas do mesmo grupo etário.
de emergência, frequentemente em decorrência de complicações - retardo mental leve: amplitude aproximada do QI entre 50 e
clínicas, como rebaixamento do nível de consciência, convulsões e 69 (em adultos, idade mental de 9 a menos de 12 anos). Provavel-
agitação psicomotora. As condutas devem ser tomadas de acordo mente devem ocorrer dificuldades de aprendizado na escola. Mui-
com o quadro clínico à admissão do paciente. Frequentemente não tos adultos serão capazes de trabalhar e de manter relacionamento
dispomos de informações como a identificação exata da(s) droga(s) social satisfatório e de contribuir para a sociedade.
utilizada(s), assim como a quantidade usada e o grau de tolerância - retardo mental moderado: amplitude aproximada do QI en-
prévia. As medidas específicas devem ser de acordo com cada subs- tre 35 e 49 (em adultos, idade mental de 6 a menos de 9 anos).
tância ingerida. Provavelmente devem ocorrer atrasos acentuados do desenvolvi-
mento na infância, mas a maioria dos pacientes aprende a desem-
Síndrome de Abstinência penhar algum grau de independência quanto aos cuidados pessoais
No manejo das síndromes de abstinência, devemos priorizar o e adquirir habilidades adequadas de comunicação e acadêmicas.
alívio dos sintomas e a prevenção de complicações inerentes à abs- Os adultos necessitarão de assistência em grau variado para viver e
tinência da substância. O tratamento da síndrome de dependência, trabalhar na comunidade.
em geral, pode ser realizado ambulatorialmente ou em regime de - retardo mental grave: amplitude aproximada de QI entre 20
internação hospitalar. Algumas possíveis indicações de internação e 40 (em adultos, idade mental de 3 a menos de 6 anos). Provavel-
hospitalar, conforme estão presentes na listagem a seguir: mente deve ocorrer a necessidade de assistência contínua.
- rebaixamento do nível de consciência; - retardo mental profundo: QI abaixo de 20 (em adultos, idade
- crises convulsivas; mental abaixo de 3 anos). Devem ocorrer limitações graves quanto
- sintomas depressivos severos ou persistentes, especialmente aos cuidados pessoais, continência, comunicação e mobilidade.
com risco de suicídio;
- sintomas psicóticos severos ou persistentes; É comum que a grande maioria dos enfermeiros reconheça
- comorbidades psiquiátricas (p. ex., esquizofrenia, transtorno como ações dentro de um tratamento de saúde mental apenas a
afetivo bipolar, depressão melancólica, transtornos ansiosos graves administração de remédios e o encaminhamento do paciente para
etc.); serviços especializados. No entanto, o atendimento da enfermagem
- comorbidades clínicas severas (p. ex., AVC, hepatopatia, car- deve ir muito além, acolhendo e escutando o paciente com atenção
diopatias, infecções, doenças respiratórias etc.); e cuidado.
- antecedente de síndrome de abstinência severa (delirium tre- O enfermeiro que está tendo o primeiro contato com um pa-
mens,crises convulsivas); ciente que sofre de transtornos mentais deve aprender a direcio-
- falha de tratamento ambulatorial; nar a sua atenção em primeiro lugar no paciente e nas suas ne-
- falta de motivação para qualquer forma de tratamento; cessidades. Como esse primeiro contato pode ser estressante, uma
- ausência de suporte familiar ou social; assistência humanizada e diferenciada será de grande valia para o
- idosos; sucesso do tratamento.
- risco de vida (comportamento autodestrutivo, dívidas com Escutar o paciente com atenção e interesse e, principalmente,
traficantes etc.). valorizar a comunicação não verbal, devem ser peças-chaves em to-
dos os atendimentos.
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH Para o enfermeiro que nunca teve nenhum contato com a área
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade- TDAH de saúde mental, a falta de procedimentos invasivos parece in-
é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece coerente. No entanto, a comunicação é um poderoso instrumento
na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a transformador nas relações entre profissionais e pacientes.
sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude A construção de um vínculo de confiança entre enfermeiro e
e impulsividade. Ocorre em 3 a 5% das crianças. paciente é a melhor ação terapêutica para esses casos.
Os sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade po-
dem ser explicados da seguinte forma: Em geral as crianças são tidas Além disso, é preciso que o enfermeiro esteja preparado para:
como desligadas, avoadas, “vivendo no mundo da lua”, e geralmen- - Realizar avaliações biopsicossociais da saúde;
te estabanadas ou ligadas, não param quietas por muito tempo. - Criar e implementar planos de cuidados para pacientes e fa-
miliares;
Retardo mental -Participar de atividades de gerenciamento de caso;
Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incompleto - Promover e manter a saúde mental;
do funcionamento intelectual, caracterizados essencialmente por - Fornecer cuidados diretos e indiretos;
um comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das - Controlar e coordenar os sistemas de cuidados;
faculdades que determinam o nível global de inteligência, isto é, - Integrar as necessidades do paciente, da família e de toda
das funções cognitivas (processo de conhecimento/cognição), de equipe médica.
linguagem, da motricidade e do comportamento social. O retardo
mental pode acompanhar um outro transtorno mental ou físico, ou Todos esses pontos, juntamente com uma relação terapêutica,
ocorrer de modo independentemente. trazem muitos benefícios ao tratamento, como a redução da ansie-
dade e do estresse, o aumento do bem-estar, a melhora da memó-
ria, da qualidade de vida e das funções psíquicas e a reintegração
social do paciente.

354
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nestes casos, as ações de enfermagem devem começar com lizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que existem no
uma entrevista, com o profissional ouvindo atentamente a queixa país, onde o usuário recebe atendimento próximo da família com
do paciente, mas também a sua história de vida, o seu processo de assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o qua-
adoecimento e os seus problemas emocionais. É preciso conversar dro de saúde de cada paciente. Nesses locais também há possibili-
com o paciente e com a família para orientá-los sobre as ações mais dade de acolhimento noturno e/ou cuidado contínuo em situações
eficazes para o tratamento terapêutico. de maior complexidade.
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é formada pelos seguin-
Como se proteger das possíveis intercorrências que podem tes pontos de atenção:
acontecer?
Um enfermeiro deve estar qualificado para desenvolver as suas Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
atividades com pacientes com transtornos mentais, pois a demanda São pontos de atenção estratégicos da Rede de Atenção Psicos-
varia de acordo com estado psíquico de cada paciente. O profissio- social (RAPS). Unidades que prestam serviços de saúde de caráter
nal deve estar preparado para saber lidar com as intercorrências aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional que
que podem acontecer, ficando muitas vezes mais vulnerável a efei- atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendi-
tos negativos do trabalho. mento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo
Diante de uma situação como essa, é possível que apareça a aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras
dúvida de como atuar em uma área que pode causar estresse e des- drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos
gaste emocional, dificultando o desempenho no trabalho e até a processos de reabilitação psicossocial. São substitutivos ao modelo
vida pessoal do enfermeiro. asilar, ou seja, aqueles em que os pacientes deveriam morar (ma-
A necessidade de uma constante capacitação para que os en- nicômios).
fermeiros possam desenvolver as habilidades necessárias para
impedir que o seu trabalho diário com pacientes com transtornos Modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
mentais influencie negativamente na sua vida pessoal, além da sua CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtor-
saúde física e emocional, se faz fundamental. nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias
psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil
A saúde mental habitantes.
A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtor-
Federal, coordenada pelo Ministério da Saúde, que compreende nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias
as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar a as- psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil
sistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados habitantes.
específicos em saúde mental. Abrange a atenção a pessoas com CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtor-
necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias
ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno ob- psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil
sessivo-compulsivo etc, e pessoas com quadro de uso nocivo e de- habitantes.
pendência de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias,
outras drogas. especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas,
O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estraté- atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
gia de atenção fundamental para a identificação das necessidades CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento notur-
assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções no e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e
medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias, confor- persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende
me cada caso. Os indivíduos em situações de crise podem ser aten- cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
didos em qualquer serviço da Rede de Atenção Psicossocial, forma- CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de aco-
da por várias unidades com finalidades distintas, de forma integral lhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas
e gratuita, pela rede pública de saúde. etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cida-
Além das ações assistenciais, o Ministério da Saúde também des e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
atua ativamente na prevenção de problemas relacionados a saúde
mental e dependência química, implementando, por exemplo, ini- ATENÇÃO: Se o município não possuir nenhum CAPS, o atendi-
ciativas para prevenção do suicídio, por meio de convênio firmado mento de saúde mental é feito pela Atenção Básica, principal porta
com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que permitiu a ligação de entrada para o SUS, por meio das Unidades Básicas de Saúde ou
gratuita em todo o país. Postos de Saúde.

ATENÇÃO: O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA
emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratui- 24h e pronto socorro
tamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob São serviços para o atendimento de urgências e emergências
total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. rápidas, responsáveis, cada um em seu âmbito de atuação, pela
A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número classificação de risco e tratamento das pessoas com transtorno
188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. mental e/ou necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat. outras drogas em situações de urgência e emergência, ou seja, em
momentos de crise forte.
Estrutura de atendimento - Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS) Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)
As diretrizes e estratégias de atuação na área de assistência
à saúde mental no Brasil envolvem o Governo Federal, Estados e
Municípios. Os principais atendimentos em saúde mental são rea-

355
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
São moradias ou casas destinadas a cuidar de pacientes com transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa per-
manência e que não possuam suporte social e laços familiares. Além disso, os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) também podem
acolher pacientes com transtornos mentais que estejam em situação de vulnerabilidade pessoal e social, como, por exemplo, moradores
de rua.

Unidades de Acolhimento (UA)


Oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24h/dia, em ambiente residencial, para pessoas com necessidade decor-
rentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e de-
mandem acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitório. O tempo de permanência nessas unidades é de até seis meses.

As Unidades de Acolhimento são divididas em:


Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, de ambos os sexos; e Unidade de Acolhi-
mento Infanto-Juvenil (UAI): destinada às crianças e aos adolescentes, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os sexos.
As UA contam com equipe qualificada e funcionam exatamente como uma casa, onde o usuário é acolhido e abrigado enquanto seu
tratamento e projeto de vida acontecem nos diversos outros pontos da RAPS.

Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental


Os Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental são serviços compostos por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, tera-
peuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam no tratamento de pacientes que apresentam transtornos
mentais. Esses serviços devem prestar atendimento integrado e multiprofissional, por meio de consultas.
Funcionam em ambulatórios gerais e especializados, policlínicas e/ou em ambulatórios de hospitais, ampliando o acesso à assistência
em saúde mental para pessoas de todas as faixas etárias com transtornos mentais mais prevalentes, mas de gravidade moderada, como
transtornos de humor, dependência química e transtornos de ansiedade, atendendo às necessidades de complexidade intermediária entre
a atenção básica e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Comunidades Terapêuticas
São serviços destinados a oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter residencial transitório para pacientes, com necessidades
clínicas estáveis, decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Enfermarias Especializadas em Hospital Geral


São serviços destinados ao tratamento adequado e manejo de pacientes com quadros clínicos agudizados, em ambiente protegido e
com suporte e atendimento 24 horas por dia. Apresentam indicação para tratamento nesses Serviços pacientes com as seguintes carac-
terísticas: incapacidade grave de autocuidados; risco de vida ou de prejuízos graves à saúde; risco de autoagressão ou de heteroagressão;
risco de prejuízo moral ou patrimonial; risco de agresão à ordem pública. Assim, as internações hospitalares devem ocorrer em casos de
pacientes com quadros clínicos agudos, em internações breves, humanizadas e com vistas ao seu retorno para serviços de base aberta.

Hospital-Dia
É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos,
diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um período máximo de 12 horas.

O que é Reabilitação Psicossocial?


A reabilitação psicossocial é compreendida como um conjunto de ações que buscam o fortalecimento, a inclusão e o exercício de direi-
tos de cidadania de pacientes e familiares, mediante a criação e o desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos do território
nos campos do trabalho, habitação, educação, cultura, segurança e direitos humanos.

356
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O que fazer para ter uma boa saúde mental? É comum que as pessoas que sofram com transtornos mentais
- Praticar hábitos saudáveis e adotar um estilo de vida de quali- ou dependência química seja, muitas vezes, incompreendidas, jul-
dade, ajudam a manter a saúde mental em dia. gadas, excluídas e até mesmo marginalizadas, devido a falsos con-
- Jamais se isole ceitos ou pré-conceitos errados.
- Consulte o médico regularmente Entenda que as doenças mentais:
- Faça o tratamento terapêutico adequado - Não são fruto da imaginação;
- Mantenha o físico e o intelectual ativos - A pessoa não escolhe ter;
- Pratique atividades físicas - Algumas doenças mentais têm cura, outras possuem trata-
- Tenha alimentação saudável mentos específicos;
- Reforce os laços familiares e de amizades - Pessoas com problemas mentais são tão inteligentes quanto
as que não têm;
- Pessoas com problemas mentais não são preguiçosas;

Estes mitos, aliados à discriminalização, aumentam os sintomas


do problema e, em muitas ocasiões, podem levar até ao suicídio.
Mesmo nos casos mais graves, é possível controlar e reduzir os sin-
tomas por meio de medidas de reabilitação e tratamentos especí-
ficos. A recuperação é mais efetiva e rápida quanto mais precoce-
mente o tratamento for iniciado.

FAÇA SUA PARTE. NÃO DISSEMINE FALSOS CONCEITOS! Não


questione, não ache que é frescura e que é simplesmente força de
vontade para superar. Não estigmatize. Apoie. Dê amor, atenção
e compreensão. Ajude a reabilitar, incentivando acompanhamento
profissional adequado. Ajuda a integrar ou reintegrar a pessoa.

Tratamentos para saúde mental e dependência química


São o conjunto de estratégias adotadas para prestar tratamen-
to em saúde às pessoas com problemas relacionados a transtornos
mentais, ao abuso e à dependência de substâncias psicoativas,
como álcool, tabaco, cocaína, crack, maconha, opioides, alucinó-
genos, drogas sintéticas, etc. O uso, abuso e dependência química
são problemas complexos, multifatoriais, que exigem abordagem
interdisciplinar, envolvendo múltiplas áreas governamentais (Saú-
de, Assistência Social, Trabalho, Justiça). Recentemente, o Governo
alterou as diretrizes de sua Política Nacional sobre Drogas, por meio
da Resolução no 1 de 2018 do Conselho Nacional de Políticas Sobre
Drogas (CONAD). Abaixo, seguem as principais mudanças apresen-
tadas na Resolução do CONAD:
- Alinhamento entre a Política Nacional sobre Drogas e a re-
cém-publicada Política Nacional de Saúde Mental;
- Ações de Prevenção, Promoção à Saúde e Tratamento passam
Quem pode ser afetado por problema de saúde mental e/ou a ser baseadas em evidências científicas;
dependência química? - Posição contrária à legalização das drogas;
Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etá- - Estratégias de tratamento não devem se basear apenas em
ria, pode ser afetado, em algum momento, por problemas de saú- Redução de Danos, mas também em ações de Promoção de Absti-
de mental ou dependência química, de maior ou menor gravidade. nência, Suporte Social e Promoção da Saúde;
Algumas fases, no entanto, podem servir como gatilhos para início - Fomento à pesquisa deve se dar de forma equânime, garan-
do problema. tindo a participação de pesquisadores de diferentes correntes de
- Entrada na escola (início dos estudos) pensamento e atuação;
- Adolescência - Ações Intersetoriais;
- Separação dos pais - Apoio aos pacientes e familiares em articulação com Grupos,
- Conflitos familiares Associações e Entidades da Sociedade Civil, incluindo as Comunida-
- Dificuldades financeiras des Terapêuticas;
- Menopausa - Modificação dos documentos legais de orientação sobre a Po-
- Envelhecimento lítica Nacional sobre Drogas, destinados aos parceiros governamen-
- Doenças crônicas tais, profissionais da saúde e população em geral;
- Divórcio - Atualização da posição do Governo brasileiro nos foros inter-
- Perda entes queridos nacionais, seguindo a presente Resolução.
- Desemprego
- Fatores genéticos
- Fatores infecciosos
- Traumas
- Falsos conceitos sobre saúde mental

357
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Direitos das pessoas com transtornos mentais é colocada em pauta, em vista disto, tais movimentos fazem ver à
sociedade como os loucos representam a radicalidade da opressão
Programa de Volta para Casa e da violência imposta pelo estado autoritário. A Reforma busca co-
O Programa de Volta para Casa é um dos instrumentos mais letivamente construir uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e
efetivos para a reintegração social das pessoas com longo histórico ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com trans-
de hospitalização. Trata-se de uma das estratégias mais potenciali- tornos mentais.
zadoras da emancipação de pessoas com transtornos mentais e dos A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um
processos de desinstitucionalização e redução de leitos nos estados processo político e social complexo, tendo em vista, ser o mesmo
e municípios. Criado por lei federal, o Programa é a concretização uma combinação de atores, instituições e forças de diferentes ori-
de uma reivindicação histórica do movimento da Reforma Psiquiá- gens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, es-
trica Brasileira. tadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de
O objetivo é contribuir efetivamente para o processo de in- saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com
serção social das pessoas com longa história de internações em transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais,
hospitais psiquiátricos, por meio do pagamento mensal de um e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. (BRASIL,
auxílio-reabilitação aos beneficiários. Para receber o auxílio-reabi- 2005). O movimento pela Reforma Psiquiátrica tem início no Brasil
litação do Programa De Volta para Casa, a pessoa deve ser egressa no final dos anos setenta. Este movimento tinha como bandeira a
de Hospital Psiquiátrico ou de Hospital de Custódia e Tratamento luta pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O que
Psiquiátrico, e ter indicação para inclusão em programa municipal implicava na superação do modelo anterior, o qual não mais satis-
de reintegração social. O Programa possibilita a ampliação da rede fazia a sociedade.
de relações dos usuários, assegura o bem estar global da pessoa e O processo da Reforma Psiquiátrica divide-se em duas fases: a
estimula o exercício pleno dos direitos civis, políticos e de cidada- primeira de 1978 a 1991 compreende uma crítica ao modelo hos-
nia, uma vez que prevê o pagamento do auxílio-reabilitação direta- pitalocêntrico, enquanto a segunda, de 1992 aos dias atuais desta-
mente ao beneficiário, por meio de convênio entre o Ministério da ca-se pela implantação de uma rede de serviços extrahospitalares.
Saúde e a Caixa Econômica Federal. O modelo mais adotado para conter a loucura foi o asilo. Britto
apud Mesquita (2008:3) informa que no Brasil a instituição da psi-
Benefício de Prestação Continuada (BPC) quiatria encontra-se relacionado à vinda da Família Real Portuguesa
O benefício de prestação continuada é gerido pelo Ministério em 1808. Foi nesta época que foram construidos os primeiros asilos
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e operaciona- que funcionavam como depósitos de doentes, mendigos, deliquen-
lizado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Os recur- tes e criminosos, removendo-os da sociedade, com o objetivo de
sos para seu custeio provêm do Fundo Nacional de Assistência So- colocar ordem na urbanização, disciplinando a sociedade e sendo,
cial (FNAS). É, na verdade, a garantia de um salário mínimo mensal dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e as novas
ao idoso acima de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer políticas do século XIX.
idade com impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial de longo prazo (aquele que produza efeitos pelo prazo mí- BRITTO apud MESQUITA (2008:3) nos explica:
nimo de 2 anos), que o impossibilite de participar de forma plena Com o relevante crescimento da população, a Cidade passou a
e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais se deparar com alguns problemas e, dentre eles, a presença dos lou-
pessoas. cos pelas ruas. O destino deles era a prisão ou a Santa Casa de Mise-
ricórdia, que era um local de amparo, de caridade, não um local de
Benefício de Prestação Continuada na Escola cura. Lá, os alienados recebiam um “tratamento” diferenciado dos
O programa Benefício de Prestação Continuada na Escola tem outros internos. Os insanos ficavam amontoados em porões, sofren-
como objetivo monitorar o acesso e permanência na escola dos be- do repressões físicas quando agitados, sem contar com assistência
neficiários com deficiência, na faixa etária de 0 a 18 anos, por meio médica, expostos ao contágio por doenças infecciosas e subnutri-
de ações articuladas, entre as áreas da educação, assistência social, dos. Interessante observar que naquele momento, o recolhimento
direitos humanos e saúde. Tem como principal diretriz a identifi- do louco não possuía uma atitude de tratamento terapêutico, mas,
cação das barreiras que impedem ou dificultam o acesso e a per- sim, de salvaguardar a ordem pública.
manência de crianças e adolescentes com deficiência na escola e o A psiquiatria nasce, no Brasil com o desígnio de resguardar a
desenvolvimento de ações intersetoriais, envolvendo as Políticas de população contra os exageros da loucura, ou seja, não havia finali-
Educação, de Assistência Social, de Saúde e de Direitos Humanos, dade em buscar uma cura para aqueles acometidos de transtornos
com vista à superação destas barreiras. mentais, mais sim, excluí-los do seio da sociedade para que esta
não se sentisse amofinada. ROCHA (1989, p.13) 9. Portanto, a ques-
A reforma psiquiátrica tão principal era o isolamento dos doentes mentais e não com um
A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um tratamento. É o Hospício D. Pedro II que, em 1852, passa a internar
processo político e social complexo. Na década de 70 são registra- os doentes mentais e a tirá-los do convívio em sociedade.
das várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental (ROCHA 1989:15) 10. Este mesmo autor enfatiza que “é a psi-
em relação à política de privatização da assistência psiquiátrica por quiatria que cria espaço próprio para o enclausuramento do louco
parte da previdência social, quanto às condições (públicas e priva- – capaz de dominá-lo e submete-lo.” Estes lugares de clausura eram
das) de atendimento psiquiátrico à população. os hospitais psiquiátricos também denominados asilos, hospícios e
É nesse contexto, no fim da década citada, que surge pequenos manicômios.
núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Com o fim da Segunda Guerra Mundial, começa a surgir o mo-
Janeiro e Minas Gerais. Estes constituem o Movimento de Trabalha- delo manicomial brasileiro, principalmente os manicômios priva-
dores em Saúde Mental (MTSM). dos. Nos anos 60, com a criação do Instituto Nacional de Previdên-
No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalha- cia Social (INPS), o Estado passa a utilizar os serviços psiquiátricos
dores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM) e coloca em do setor privado. Dessa forma, cria-se uma “indústria para o enfren-
xeque a política psiquiátrica exercida no país. A questão psiquiátrica tamento da loucura” (Amarante, 1995:13).

358
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O modelo asilar ou hospitalocêntrico continua predominante o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, pois mesmo antes de
até o final do primeiro meado do século XX. Até que em 1961, o sua aprovação, suas consequências já eram visíveis por meio de di-
médico italiano Franco Baságlia assume a direção do Hospital Psi- ferentes ações, tais como a de criação das SRTs e de programas, tal
quiátrico de Gorizia, na Itália. No campo das relações entre a cole- como “De volta pra casa”. Novas modalidades para o tratamento do
tividade e a insanidade, ele assumia uma atitude crítica para com a usuário de saúde mental foram postas em prática.
psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar no princípio do A Luta Antimanicomial possibilitou o desenvolvimento de
insulamento do alienado. Ele defendia, ao contrário, que o doente pontos extremamente importantes para a desinstitucionalização
mental voltasse a viver com sua família. Sua atitude inicial foi aper- da loucura. Podemos destacar aqui o surgimento de relevantes
feiçoar a qualidade de hospedaria e o cuidado técnico aos internos serviços de atendimentos Extra-Hospitalares oriundos da Refor-
no hospital em que dirigia. Essas normas e o pensamento de Franco ma Psiquiátrica: Núcleo de Atenção Psico-social (NAPS); Centro de
Baságlia influenciam, entre outros, o Brasil, fazendo ressurgir diver- Atendimento Psico-social (CAPs I, CAPs II, CAPs III, CAPsi, CAPsad);
sas discussões que tratavam da desinstitucionalização do portador Centro de Atenção Diária (CADs); Hospitais Dias (HDs); Centros de
de sofrimento mental e da humanização do tratamento a essas pes- Convivência e Cultura.
soas, com o objetivo de promover a re-inserção social. A Lei Paulo Delgado foi criticada, sobretudo por proprietários
de hospitais e clínicas privadas conveniadas ao SUS, nas quais se lo-
A Reforma Psiquiátrica no Brasil calizavam a maior parte dos leitos para o atendimento dos doentes
Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à mentais. Em 1985, Segundo dados do Ministério da Saúde. 80% dos
política brasileira de saúde mental em relação à política de priva- leitos psiquiátricos eram contratados enquanto somente 20% eram
tização da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, internações na rede pública. (BRASIL, 2005).
quanto às condições (públicas e privadas) de atendimento psiquiá- TENÓRIO (2002:38) aponta para dois grandes marcos da dé-
trico à população. É nesse contexto, que no fim da década citada, cada de 80, no que tange à Reforma Psiquiátrica: a inauguração do
que surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. Pequenos primeiro CAPS na Cidade de São Paulo e a Intervenção Pública na
núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Casa de Saúde Anchieta (Santos-SP) a qual funcionava com 145%
Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento de Trabalhadores de ocupação (290 leitos com 470 internados). O internamento asi-
em Saúde Mental (MTSM). No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o lar não representava a exclusiva perspectiva para esta classe da
movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental população a qual tinha seus direitos cerceados, impedida de ir e
(DINSAM) e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país. vir, em internações infindáveis onde os usuários em diversos casos
A questão psiquiátrica é colocada em pauta: “... tais movimentos perdiam suas referencia com familiares e grupos afetivos. Efetivan-
fazem ver à sociedade como os loucos representam a radicalidade do-se acima de tudo em perda da autonomia destes.
da opressão e da violência imposta pelo estado autoritário”. (Rotelli A Reforma destaca-se então enquanto um movimento com a
et al, 1992: 48). finalidade de intervir no então modelo vigente, buscando o fim da
Na década de 80, ocorrem vários encontros, preparatórios para mercantilização da loucura para assim poder “[...] construir coleti-
a I Conferência Nacional de Saúde Mental (I CNSM), que ocorreu vamente uma critica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo
em 1987 os quais recomendam a priorização de investimentos nos hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos men-
serviços extra-hospitalares e multiprofissionais como oposição à tais. [...]” (BRASIL, 2005, P.2). Em 1990, o Brasil torna-se signatário
tendência hospitalocêntrica. No final de 1987 realiza-se o II Con- da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assis-
gresso Nacional do MTSM em Bauru, SP, no qual se concretiza o Mo- tência psiquiátrica.
vimento de Luta Antimanicomial e é construído o lema „por uma A Reforma ficou também conhecida como o Movimento de
sociedade sem manicômios‟. Nesse congresso amplia-se o sentido Luta Antimanicomial, tendo como meta a desinstitucionalização do
político-conceitual acerca do antimanicomial. manicômio, compreendida como um conjunto de transformações
de prática, saberes, valores culturais e sociais. É no cotidiano da
AMARANTES (1995:82) explica: vida das instituições, dos serviços e das relações inter-pessoais que
Enfim, a nova etapa (...) consolidada no Congresso de Bauru, o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses,
repercutiu em muitos âmbitos: no modelo assistencial, na ação cul- tensões, conflitos e desafios. A Reforma destaca-se então enquanto
tural e na ação jurídicopolítica. No âmbito do modelo assistencial, um movimento com a finalidade de intervir no então modelo vigen-
esta trajetória é marcada pelo surgimento de novas modalidades te, buscando o fim da mercantilização da loucura para assim poder
de atenção, que passaram a representar uma alternativa real ao construir coletivamente uma critica ao chamado saber psiquiátrico
modelo psiquiátrico tradicional.... e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com trans-
No ano de 1989, um ano após a criação do SUS – Sistema Único tornos mentais.31
de Saúde – dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do
deputado Paulo Delgado (PT/MG). Saúde mental, no modelo de atenção psicossocial, é conside-
O qual propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com rada uma área que se insere na ideia de complexidade, de simul-
transtornos mentais e a extinção progressiva dos hospícios no país. taneidade, de transversalidade de saberes, de “construcionismo”
Porém, cabe enfatizar que é somente no ano de 2001, após 12 anos e de “reflexividade”. Assim, a área da saúde mental constitui uma
de tramitação no Congresso Nacional, que a Lei Paulo Delgado é complexa rede de saberes que envolve a psiquiatria, a neurologia
aprovada no país. A concordância, no entanto, é uma emenda do e as neurociências, a psicologia, a psicanálise, a filosofia, a fisiolo-
Projeto de Lei original, que traz alterações importantes no texto gia, a antropologia, a sociologia, a história e a geografia (Amarante,
normativo. 2011).
Assim, a Lei Federal 10.216/2001 redireciona o amparo em saú-
de mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços
de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pes-
soas com transtornos mentais, no entanto, não estabelece estrutu-
ras claras para a progressiva extinção dos manicômios. Ainda assim,
31 Fonte: www.abep.nepo.unicamp.br - Por José Ferreira De Mesquita/Maria
a publicação da lei 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para
Salet Ferreira Novellino/Maria Tavares Cavalcanti

359
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A transição paradigmática na saúde mental acompanha a trans-
formação na saúde pública, na medida em que supera o modelo SAÚDE AMBIENTAL
asilar biomédico que é centrado na doença e no qual o médico é a
figura de poder, detentor máximo da verdade, neutralidade e dis- Saúde Ambiental32
tanciamento de seu “objeto de cuidado”.
Da mesma maneira, no cenário internacional, Mezzina (2005) O conceito de saúde mudou devido às transformações sofridas
aponta a mudança paradigmática na saúde mental como uma “rup- ao longo do tempo em todos os povos. Ao longo dos anos, a saúde
tura revolucionária”, que vai do modelo médico-biológico para um foi definida como ausência de doença. Segundo a OMS, saúde é
olhar ampliado, que inclui aspectos psicossociais do sujeito a ser definida como “o completo estado de bem-estar físico, mental e
cuidado. Propõe-se a ruptura com as instituições totais e a organi- social, e não somente ausência de doença”. A Constituição Federal
zação de serviços humanos, inseridos nas comunidades, que consi- de 1988, em seu artigo 196, diz que “a saúde é direito de todos e
deram o paciente como sujeito e não como objeto. dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
Segundo Costa-Rosa (2000), o paradigma psicossocial se pauta que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
em quatro parâmetros fundamentais: acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção,
- implicação subjetiva do usuário, pressupondo a superação do proteção e recuperação”.
modo de relação sujeito-objeto, característico do modelo biomé- Este conceito demonstra que, neste momento, o ambiente po-
dico e das disciplinas especializadas que se pautam pelas ciências lítico de redemocratização do país buscou, através do movimento
positivistas; da Reforma Sanitária, a ampliação dos direitos sociais e a ampliação
- horizontalização das relações intrainstitucionais, tanto entre dos atendimentos, antes voltados apenas para um atendimento in-
as esferas do poder decisório, de origem política, e as esferas do dividual e fragmentado para uma nova concepção - a busca de um
poder de coordenação, de natureza mais operativa, como também olhar integral e também do coletivo. Já a Lei 8080/90, em seu art.
das relações especificamente interprofissionais; 3º, afirma que “a saúde tem como fatores determinantes e condi-
- integralidade das ações no território que preconiza o posicio- cionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
namento da instituição como espaço de interlocução, como instân- básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o trans-
cia de “suposto saber” e, ao fazer dela um espaço de intensa po- porte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de
rosidade em relação ao território, praticamente subverte a própria saúde da população expressam a organização social e econômica
natureza da instituição como dispositivo. A natureza da instituição do país”.
como organização fica modificada e o local de execução de suas
práticas se desloca do antigo interior da instituição para tomar o Ambiente é o espaço definido geograficamente. Para os bió-
próprio território como referência; logos, o ambiente é o espaço que cerca e influencia todos os seres
- superação da ética da adaptação, ao propor suas ações na vivos e qualquer coisa em geral.
perspectiva de uma ética de duplo eixo que considera, por um lado,
a relação sujeito-desejo e, por outro, a dimensão carecimento-i- Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e
deais, firmando a meta da produção de subjetividade singulariza- interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
da, tanto nas relações imediatas com o usuário propriamente dito e rege a vida em todas as suas formas. O meio ambiente divide-se
quanto nas relações com toda a população do território (Costa-Ro- em seres bióticos e abióticos. Fatores bióticos são todos os orga-
sa, 2000). nismos vivos presentes no ecossistema e suas relações. Os fatores
abióticos são componentes não vivos que influenciam a vida dos
Assim, o paradigma psicossocial situa a saúde mental no cam- seres vivos presentes no ecossistema. O meio ambiente refere-se a
po da saúde coletiva, compreendendo o processo saúde-doença todos os aspectos do entorno.
como resultante de processos biopsicossociais complexos, que de- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
mandam uma abordagem interdisciplinar e intersetorial, com ações do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
inseridas em uma diversidade de dispositivos comunitários e ter- vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de de-
ritorializados de atenção e de cuidado (Yasui & Costa-Rosa, 2008). fendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras. (Cons-
No nível das práticas, isso implica na mudança de concepções tituição Federal/1998 – artigo nº 225).
sobre o que é tratar/cuidar, partindo da busca de controlar sinto- O meio ambiente natural, ou físico, é formado pelo solo, a
mas e comportamentos, da fragmentação do paciente e da distân- água, o ar atmosférico, a flora; por toda interação dos seres vivos
cia entre este e o profissional, chegando à busca de compreensão e seu meio.
do sofrimento da pessoa e suas necessidades concretas, incluindo O meio ambiente artificial é formado pelo espaço urbano cons-
as psicológicas e altamente subjetivas, colocando a pessoa como truído.
centro, sendo vista e considerada em suas dimensões biopsicosso- O meio ambiente cultural, diferente do meio ambiente artifi-
ciais, baseando-se no princípio da singularização, ou seja, no reco- cial, por possuir um valor “especial” e contar a história do local,
nhecimento e consideração de sua história, de suas condições de podemos dizer que é formado pelo patrimônio histórico, artístico,
vida e de sua subjetividade únicas no momento assistencial (Costa, arqueológico, paisagístico e turístico das cidades.
2004).Nessa direção, para que a transição paradigmática propos- Hoje, quando nos referimos à saúde ambiental, estamos pen-
ta se efetive de fato, faz-se necessária a participação de diversos sando em um campo de conhecimento que estuda a relação entre o
atores sociais, e um dos atores fundamentais nesse processo é o ambiente e o padrão de saúde de uma população. A saúde ambien-
profissional de saúde mental, que está na “linha de frente” do coti- tal é o equilíbrio ecológico que deve existir entre o homem e seu
diano assistencial. meio para fazer possível o seu bem-estar. Tal bem-estar refere-se
ao homem em sua totalidade; não somente à saúde física, mas tam-

32 http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/
vigiar/riscos-ambientais-e-a-saude-humana

360
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
bém à saúde mental e a um conjunto de relações sociais ótimas. Por de sua utilização. É necessário criar um critério de princípios co-
outro lado, refere-se ao meio em sua totalidade, desde a morada muns que ofereçam aos povos do mundo, inspiração e guia para
individual até toda a morada terrestre. preservar e melhorar o meio ambiente humano.
A saúde ambiental, de acordo com a Organização Mundial da
Saúde, incorpora todos os elementos e fatores que potencialmente Princípio 8 - o desenvolvimento econômico e social é indispen-
afetam a saúde. Fatores que incluem desde a exposição a fatores sável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho
específicos, como substâncias químicas, elementos biológicos ou si- favorável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria
tuações que interferem no estado psíquico do indivíduo, até aque- da qualidade de vida.
les relacionados com aspectos negativos do desenvolvimento social
e econômico dos países. Então, a saúde ambiental estuda profun- Estavam presentes na Conferência de Estocolmo: 113 países e
damente todas as relações entre meio ambiente e saúde humana, mais de 400 instituições, entre governamentais e não governamen-
buscando formular políticas públicas que possam intervir positiva- tais. Os países reagiram de maneiras diversas a este evento mun-
mente para a melhoria da qualidade de vida humana sob o ponto dial:
de vista da sustentabilidade. - Os desenvolvidos, como os Estados Unidos da América, se dis-
puseram a reduzir a poluição na natureza;
Áreas de interesse da saúde ambiental, de acordo com a OMS: - Neste período, o Brasil não demonstrou interesse em mudar
- Poluição do ar em ambientes fechados e externos; sua forma de crescimento econômico, visando um crescimento a
- Segurança química; qualquer preço. Não havia interesse em buscar o equilíbrio entre
- Saúde ambiental na infância; atividades humanas e o meio ambiente;
- Campos eletromagnéticos, radiação ionizante e ultravioleta; - Os países subdesenvolvidos, buscando uma base econômica
- Água, saneamento e saúde; mais sólida através da industrialização, decidiram não reduzir as ati-
- Emergências em saúde ambiental; vidades industriais.
- Mudanças do clima e saúde;
- Avaliação de impacto em saúde ambiental; A conferência das nações unidas sobre o meio ambiente e de-
- Promoção de iniciativas ligando ambiente e saúde; senvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, reafirmou a
- Ambientes saudáveis, incluindo hospitais e outros serviços de Declaração de Estocolmo e buscou avançar, estabelecendo uma
saúde. nova e justa parceria, através de novos níveis de cooperação entre
os Estados. Conhecido também como Rio-92 ou Eco-92, o evento
Também chamada de Conferência de Estocolmo, a Conferência teve a participação de mais de 35 mil pessoas e 106 chefes de es-
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em tado. Reconheceu a natureza interdependente e integral da Terra.
1972, em Estocolmo (Suécia), abriu as discussões sobre as questões Neste encontro, os EUA não assinaram os acordos de compromisso
ambientais no mundo. com as questões ambientais globais, frustrando todos os países en-
A Conferência de Estocolmo foi a primeira atitude mundial na volvidos.
tentativa de preservar o meio ambiente. Buscou conscientizar a so- A Agenda 21 foi o principal resultado da Eco-92. O primeiro
ciedade mundial sobre a importância de melhorar a relação com princípio da Agenda 21 declara que “os seres humanos constituem
o meio ambiente, buscando atender as necessidades da sociedade o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento
atual, sem comprometer as gerações futuras. Neste período, a ideia sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em har-
era de que o meio ambiente seria uma fonte inesgotável. Hoje, sa- monia com a natureza”. A Agenda 21 destina o capítulo 6 à proteção
bemos que isto não é verdade. e promoção das condições da saúde humana. Todos os países são
O desenvolvimento sem limites levou o homem a manter uma importantes e devem se comprometer em cooperar na busca de
relação desigual com a natureza, o que gerou grandes prejuízos soluções dos problemas socioambientais.
para o meio ambiente. Segundo a Conferência, devemos estar aten-
tos à necessidade de critério e de princípios comuns que ofereçam Agenda 21 Brasileira
aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o Agenda 21 Brasileira é um instrumento de planejamento par-
meio ambiente humano. ticipativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado
de uma vasta consulta à população brasileira. (Ministério do Meio
Alguns dos princípios: Ambiente). Instrumento de planejamento para a construção de so-
ciedades sustentáveis, novo modelo para o desenvolvimento que
Princípio 1 - o homem tem o direito fundamental à liberda- possa modificar os padrões de consumo e de produção, buscando
de, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em reduzir as pressões ambientais e atendendo as necessidades bási-
um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida cas das populações humanas, busca ações a serem adotadas global,
digna e gozar de bem estar, tendo a solene obrigação de proteger nacional e localmente e concilia métodos de proteção ambiental,
e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. justiça social e maior eficiência econômica.
A influência de fatores ambientais na saúde humana, embo-
Princípio 2 - os recursos naturais da terra, incluídos o ar, a água, ra já destacada por Hipócrates 400 anos a.C., ganhou importância
a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas no último século com a valorização dos efeitos adversos à saúde
dos ecossistemas naturais, devem ser preservados em benefício das pela presença de poluentes tóxicos no ar, solo, água e alimentos,
gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação levando a risco de exposição a agentes biológicos, químicos/tóxicos
ou ordenamento. e físicos, presentes em diversas situações da vida contemporânea.
O enfermeiro, em sua prática, principalmente dentro da estra-
Princípio 5 - os recursos não renováveis da terra devem empre- tégia de Saúde da Família, de acordo com a atual política do Minis-
gar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e tério da Saúde, atuará promovendo a saúde da população assistida.
se assegure de que toda a humanidade compartilhe dos benefícios A promoção da saúde viabiliza as mínimas condições de vida e cida-
dania, sendo possível a sua realização nos dias atuais.

361
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na prática de enfermagem, pode-se atuar nos diferentes focos provocam o efeito estufa. Porém, nem todos os países industria-
de indicadores ambientais relacionados à saúde, tais como: lizados concordaram, e os governos que concordaram assumiram
- Gerenciamento de resíduos perigosos, como químicos, bioló- diferentes metas percentuais.
gicos e radioativos gerados em serviços de saúde e outros; Rio +10 - realizado em 2002, também chamado de Cúpula
- Qualidade de água, solo e ar que impactam a saúde. Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, discutiu não apenas
as questões do meio ambiente, mas também os aspectos sociais. O
Desenvolvimento sustentável ponto marcante desta conferência foi o acordo para reduzir em 50%
Há muitos anos, estudiosos têm discutido a importância da o número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza.
mudança de comportamento da sociedade para que possamos Rio +20 - uma das maiores conferências convocadas pela Orga-
continuar a viver neste planeta, causando nele um menor impacto nização das Nações Unidas. Realizada em 2012, iniciou uma nova
negativo. O rastro do homem deixado sobre a Terra é percebido por era para promover o desenvolvimento sustentável.
toda parte. O desmatamento, o desaparecimento das florestas, o
aumento das áreas de pastagens, as fumaças exaladas pelas cha- O desenvolvimento sustentável trata das questões entre a eco-
minés das indústrias são percebidos por todos. Não temos como nomia, a sociedade e o meio ambiente. Através dele, podemos vi-
negar que a humanidade tem transformado este planeta ano após sualizar como está ocorrendo o crescimento econômico, a inclusão
ano. social e a proteção ambiental.
“As estatísticas de conversão e desmatamento são frequen-
temente contestadas, pois o falso orgulho nacional quase sempre A poluição é causada por atividades humanas como:
distorce esses dados, para que os problemas pareçam melhores do - Veículos automotores;
que na realidade estão, tanto para o público interno como para o - Queimadas;
externo” (Dourojeanni e Pádua, 2007). - Processos de geração de energia elétrica.
Estamos em pleno século XXI e ainda temos muito a avançar.
Grande parcela da população ainda desconhece a importância do Poluição do solo - as principais fontes de poluição do solo são
seu papel no cotidiano das pequenas e grandes cidades. Antes de aplicação de defensivos agrícolas ou fertilizantes, despejos de lixos,
partirmos para os conceitos, vamos ler um pequeno trecho sobre lançamentos de esgotos domésticos ou industriais, dejetos de ani-
o tema: mais. As medidas de controle que podem ser adotadas são práti-
A preocupação com os problemas ambientais ganhou escala e cas adequadas de destinação de lixo, afastamento adequado entre
maior repercussão no final da década de 60 e início da década de aterros sanitários e recursos hídricos, execução de sistemas de tra-
70. Tal preocupação parecia ter foco local, e sua solução resumia-se tamento de esgotos, controle na aplicação de defensivos agrícolas
à criação de regulamentações relacionadas ao controle das fontes e utilização de fertilizantes, além da remoção periódica dos dejetos
de poluição. Discussões formais sobre os impactos ambientais cau- de animais. O lixo é uma séria questão de saúde pública, por ser
sados pelo desenvolvimento e pela industrialização aconteceram a principal fonte indireta de transmissão de doenças. O consumo
com a criação do Clube de Roma, em 1968, na Itália. Este Clube foi desenfreado tem aumentado o descarte dia após dia. Quando os
formado por cientistas preocupados com os impactos provocados homens observaram que os resíduos sólidos poderiam se constituir
pelo crescimento econômico e com a disponibilidade de recursos um problema ambiental de grandes proporções, surgiu a proposta
naturais do planeta. Foi fundado por Aurélio Peccei, industrial e dos 3Rs, que consistem em: reduzir, reutilizar e reciclar.
acadêmico italiano, e Alexander King, cientista escocês (Hernandez,
2009). Poluição da água - os recursos hídricos, superficiais ou subter-
Desenvolvimento sustentável - desenvolvimento que integra râneos, podem ser contaminados, por poluentes biodegradáveis ou
plenamente a necessidade de promover prosperidade, bem-estar e não biodegradáveis. Os poluentes biodegradáveis da água incluem
proteção do meio ambiente. adubos e fertilizantes, lançamento de esgotos domésticos ou indus-
A concepção de desenvolvimento sustentável tem suas raízes triais em coleções superficiais da água (eutrofização), infiltração de
fixadas na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente esgoto no solo (água subterrânea). Os poluentes não biodegradá-
Humano, realizada em Estocolmo, capital da Suécia, em julho de veis incluem produtos químicos, lixo ou de outros detritos, sejam
1972, segundo Brunacci e Philippi Junior (2009). Já para a Comissão agrícolas ou industriais. Vários danos ocorrem com a poluição da
Brundtland o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às água, como por exemplo, transmissão de doenças - microrganismos
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das ou resíduos químicos, redução do oxigênio da água, prejuízos no
gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades. abastecimento, água imprópria para banho e prática recreativa - eu-
Protocolo de Montreal - realizado em 1987, tratou sobre o bu- trofização.
raco na camada de ozônio. Foi o mais efetivo dos acordos interna-
cionais ambientais, por ter alcançado seu objetivo de redução das Poluição atmosférica - o lançamento de gases e de pequenas
emissões de substâncias químicas nocivas à camada de ozônio, di- partículas na atmosfera pode alterar sensivelmente a qualidade do
minuindo em mais de 90%. ar. A poluição do ar depende principalmente de fontes de emissão
Rio 92 - a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambien- de poluentes, características climáticas do ambiente, condições to-
te e Desenvolvimento do Rio de Janeiro em 1992 (CNUMAD), tam- pográficas do meio (circulação do ar). As principais fontes de po-
bém conhecido como Rio 92 ou Eco 92, discutiu uma ampliação na luição atmosféricas são industrial, transporte, incineração de lixo,
conscientização em nível mundial sobre a necessidade de implantar perdas por evaporação em serviços petroquímicos e queima de
outro estilo de desenvolvimento. Contou com a participação de 178 combustível. A maior fonte de poluição atmosférica é a emissão de
países e cerca de 100 chefes de Estados. gases tóxicos por veículos automotores, representando 40% da po-
Protocolo de Kyoto - documento implantado 1997, na cidade luição do ar nas cidades. Os efeitos causados pela poluição atmosfé-
japonesa de Kyoto, abrangendo o efeito estufa. Seu objetivo foi o rica são inversão térmica, chuva ácida; efeito estufa; destruição da
acordo de reduzir globalmente a emissão dos principais gases que camada de ozônio e efeitos na saúde do homem. Existem algumas
medidas para controlar a poluição atmosférica nas cidades. Algu-
mas delas dependem de uma fiscalização contínua dos governos.

362
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Podemos exemplificar: Localização adequada das indústrias, con- Efeitos à saúde humana
trole da emissão de fumaça, utilização maior de transporte urbano A exposição humana, em especial de crianças e idosos, a po-
e instalação de equipamentos de lixo e de outros materiais. luentes atmosféricos pode provocar impactos à saúde de acordo
com a forma de exposição (aguda ou crônica), podendo gerar o
Poluição sonora (acústica) - é qualquer alteração das proprie- agravamento de doenças pré-existentes e/ou o aumento do núme-
dades físicas do meio ambiente causada por puro ou conjugação de ro de casos de doenças respiratórias, oculares e cardiovasculares.
sons, admissíveis ou não, que direta ou indiretamente seja nociva Em concordância, diversos estudos têm concluído que a po-
à saúde, segurança e ao bem-estar da população. São aspectos em luição atmosférica é responsável por mortes e internações hospi-
que a poluição sonora difere ao do ar e da água: É de difícil controle, talares, principalmente em decorrência de doenças respiratórias
não deixa resíduo no ambiente e só é percebido nas proximidades e cardiovasculares, mas causando também câncer, malformações
da fonte. Pode-se considerar fontes de ruídos: ruas, habitações, in- congênitas, restrição do crescimento intrauterino e distúrbios de
dustriais, aviões. Estes tipos de perturbações geram efeitos na saú- fertilidade.
de do homem. Como exemplos: reações generalizadas ao estresse;
reações físicas, mentais e emocionais. O excesso de ruído dificulta a De forma geral, os efeitos da poluição na saúde humana podem
comunicação e o rendimento no trabalho. É possível controlar esse ser divididos em:
tipo de poluição por de ações como: controle na emissão de ruídos;
controle da propagação de ruídos e planejamento e estabelecimen- Problemas de curto prazo (nos dias de alta concentração de
to de níveis em diferentes áreas. poluentes):
- Irritação nas mucosas do nariz e dos olhos;
Desenvolvimento ambientalmente sustentável - o desenvol- - Irritação na garganta (com presença de ardor e desconforto);
vimento econômico e o bem-estar do ser humano dependem dos - Problemas respiratórios com agravamento de enfisema pul-
recursos da Terra. O desenvolvimento sustentável é simplesmente monar e bronquite;
impossível se for permitido que a degradação ambiental continue.
Os recursos da Terra são suficientes para atender às necessidades Problemas de médio e longo prazo (15 a 30 anos vivendo em
de todos os seres vivos do planeta, se forem manejados de forma locais com muita poluição):
eficiente e sustentada. Tanto a opulência quanto a pobreza podem - Desenvolvimento de problemas pulmonares e cardiovascula-
causar problemas ao meio ambiente. O desenvolvimento econômi- res;
co e o cuidado com o meio ambiente são compatíveis, interdepen- - Desenvolvimento de cardiopatias (doenças do coração);
dentes e necessários. A alta produtividade, a tecnologia moderna - Diminuição da qualidade de vida;
e o desenvolvimento econômico podem e devem coexistir com - Diminuição da expectativa de vida (em até dois anos);
um meio ambiente saudável. A chave para o desenvolvimento é a - Aumento das chances de desenvolver câncer, principalmente
participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pes- de pulmão;
soas. O desenvolvimento sustentado não é centrado na produção,
mas sim nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao Os efeitos da poluição são semelhantes aos do tabaco. O indiví-
meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais duo pode desenvolver problemas pulmonares, problemas circulató-
do local onde ele ocorre. Deve ser equitativo, agradável. Nenhum rios e, para mulheres, problemas gestacionais. Além disso, estudos
sistema social pode ser mantido por um longo período quando a mostram que mães cujo primeiro trimestre da gestação ocorre no
distribuição dos benefícios e custos – ou dos lados bons e ruins de período mais seco do ano geram bebês com peso inferior, compa-
um dado sistema – é extremamente injusta, especialmente quando rados aos bebês que não tiveram essa condição, considerando que
parte da população está submetida a um debilitante e crônico es- as condições meteorológicas afetam diretamente a concentração
tado de pobreza. atmosférica de poluentes.
Outro achado dos estudos é que nas regiões de maior poluição,
Acesse o link para complementar seus estudos sobre. Vigilân- nascem mais meninas do que meninos, em função do gameta mas-
cia ambiental em saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov. culino ter sua motilidade reduzida e suas características morfológi-
br/bvs/publicacoes/manual_sinvas.pdf cas alteradas diante do estresse oxidativo gerado pelos poluentes.

Riscos Ambientais e a Saúde Humana Procedimentos Emergenciais


Casos como incêndios, derramamento de óleo, vazamento de
Estão vulneráveis à poluição atmosférica populações que resi- reagentes e produtos tóxicos, entre outros, exigem uma resposta
dem, trabalham e/ou transitam em regiões metropolitanas, centros rápida não só para conter o problema em si, mas também para eli-
industriais, áreas sob o impacto de mineração, áreas sob influência minar os eventuais resíduos resultantes do incidente, minimizando
de queima de biomassa e áreas de relevância para a saúde pública os impactos ambientais.
de acordo com a realidade loco-regional.
Os agravos à saúde da população podem ser consequências da Procedimentos que são essenciais para mitigar os impactos dos
distribuição desigual no espaço de fontes de contaminação ambien- acidentes:
tal, da dispersão ou concentração de agentes de risco, da exposição 1. Avaliar e identificar o problema, dimensão do incidente;
da população a estes agentes e das características de suscetibilida- 2. Preparar-se para realizar os procedimentos iniciais para con-
de destes grupos. trolar a situação, considerando:
a) ações de combate a emergências e medidas para minimizar
suas consequências e impactos – porte, tipo de ocorrência, jurisdi-
ção e atribuições dos participantes; b) isolamento; c) paralisação
de atividades; d) evacuação de pessoas; e) combate a incêndios;
f) controle de vazamentos; g) reparos de emergência; h) resgate; i)
tratamento de intoxicados;

363
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
3. Realizar ações pós-emergenciais como rescaldo para resta- Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao contro-
belecer as condições normais das áreas afetadas pelas consequên- le de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atuação
cias do acidente. abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação
e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e erra-
dicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacinação
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO: essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O
CADERNETAS E ESQUEMA VACINAL objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da
Conceito e Tipo de Imunidade coqueluche e manter erradicada a varíola.
Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos
Programa de Imunização cinco anos, estão fixadas as seguintes metas:
- ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri-
Programa de imunização e rede de frios, conservação de va- dos e utilizados pela população brasileira;
cinas - produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va-
PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es- cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa-
pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum-
Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e
e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos da vacina antirrábica em cultivo celular.
foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças prevení-
veis por meio da vacinação. As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº
Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or- 78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou),
ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como são ainda válidas até hoje:
referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or- - implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci-
ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos nações de caráter obrigatório;
programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa - estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im-
de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo
no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita- das secretarias de saúde das unidades federadas;
dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos, - estabelecer normas básicas para a execução das vacinações;
México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, - supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações
Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos
para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina. das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina-
A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional ção;
de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30 - centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao
anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que PNI.
foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que
foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá-
e de tão grande diversidade socioeconômica. rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam
No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi- os seguintes:
ração até por países dotados de condições mais propícias para esse - fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil,
trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da
social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações, OMS;
em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo - a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza-
que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica-
planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var- mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde;
reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em - recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Améri-
1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o cas, aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972),
sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a dif- com ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar,
teria, o tétano acidental, a coqueluche. no continente, as doenças evitáveis por imunização.
Mais recentemente, implementaram medidas para o controle
das infecções pelo Haemophilus influenzae tipo b, da rubéola e da Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o
síndrome da rubéola congênita, da hepatite B, da influenza e suas único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas
complicações nos idosos, também das infecções pneumocócicas. doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti-
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os
num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para
por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos na reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do
adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence
pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade
de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes 30
atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm- anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um programa
bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca- que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e os
sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento 5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma
da conscientização social a respeito da cultura em saúde. população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen-
tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais.

364
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am- O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno
bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina- biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir
ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo imunidade.
lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio-
continente americano – Os programas de erradicação da poliomie- ram depois de determinado tempo quando expostos a temperatu-
lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da ras inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O
síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener-
são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos pa- gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com-
íses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores, prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos.
envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi-
periódica de avaliações das atividades em âmbito regional. pamentos adequados.
O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pioneiro Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com-
na implementação de estratégias como a vacinação de mulheres ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um
em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do téta- espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de
no neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de multi- uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa-
vacinação conjunta por todos os países da América do Sul, durante ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatura
a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca ativa de mais baixa que a do ambiente que o cerca.
casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras de todo O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos
o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se repetirá anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos
nos próximos anos, contando já com a participação de um núme- durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha
ro ainda maior de países da América Central, América do Norte e durante as estações quentes.
Espanha. Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de
Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora- forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica-
dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofere- mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o fim
cidos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a humani-
do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade, dade.
equidade e integralidade. Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos
Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a co- e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o
ordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campanhas melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce-
anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15 mi- lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa
lhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC,
mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga-
mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura.
rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita. A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes-
Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas rela-
brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição cionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da neve
e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os alimen-
nacional, estadual e municipal e local. tos. Também havia as loucas de barro que mantinham a frescura
Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro- dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios antes
duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va- de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natureza
cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes de
pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex- produzi-lo artificialmente.
portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu
Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin-
imuno biológicos para uso na população brasileira. cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri-
Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855.
envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi- Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos-
gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um
meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países sonho distante.
do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe- Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização
riências e conhecimentos entre os países. do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na-
Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “geladei-
região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his- ras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cortiça,
tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É, onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou ares
portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação domésticos em 1913.
e de sucesso.” Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in-
troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome
Rede de Frio de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa-
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento, relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”.
armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans- Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O
porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações e slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação
devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, des- dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a
de o laboratório produtor até o momento de sua utilização. multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu-

365
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quando
que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida- o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o in-
de dos mesmos. verno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para
Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil baixo, forçando o ar quente em direção ao solo.
surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con- - Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta-
servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente,
doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe-
modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos rior desce e sofre aquecimento por convecção.
equipamentos da rede de frio. Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on-
Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva- das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um
mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espaço
termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor. que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra
através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão de calor
Princípios Básicos de Refrigeração através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença
Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e
um corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente também em meios materiais.
entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de
maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por
receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do
de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili-
de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans-
de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma mu- portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível,
dança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do latim raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por
que significa escondido). absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de
Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle-
menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo:
outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu- Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras
mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de são bons refletores de calor.
imuno biológicos. Relação entre temperatura e movimento molecular: Inde-
pendentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encon-
Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da tram-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o
energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca- comportamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido
lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma e gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas
parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa. moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade
Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes: para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli-
condução, convecção e radiação. do para o líquido; e deste, para o gasoso

Condução: É o processo de transmissão de calor em que a Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em
energia térmica passa de um local para outro através das partículas diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar
do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi-
local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais quente, as nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma
partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica
esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizi- horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro
nha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am-
para a seguinte e assim sucessivamente. biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, uma
vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.
Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque- Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída
cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua
aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe consequente substituição por parte do ar quente situado no am-
e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis- biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso,
tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com calor
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de
de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi- com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior
cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec- eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do
ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos: princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou
- Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta- congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado
lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local
refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente
denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par-
mais uniforme. te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma
- Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri- mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor-
geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par- reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização da
te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no convecção natural

366
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode ser - a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme.
medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é possível Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di-
medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou de um ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver
corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido
em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indicadores de como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais
temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a proprieda- quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos
de que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se conforme pelos quais se propaga;
ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para esse funcio- - no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas
namento utilizam-se, também, as variações de pressão que alguns é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante
fluidos apresentam quando submetidos a variações de temperatu- um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu-
ra. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o mercú- tilizável em diferentes temperaturas e quantidade.
rio, principalmente por não se congelarem a baixas temperaturas.
Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo Tipos de Sistema
que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex-
língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil. pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como
Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon- meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente.
to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica
100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica. proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen-
Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in- te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como
terior das caixas térmicas: fonte geradora de energia elétrica.
- Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am- Componentes e elementos do sistema de refrigeração por
biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér- compressão: Componentes: compressor, condensador e controle
mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador,
da caixa. gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es-
- Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate- tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais cir-
rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na cula um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o
penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior mais comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante,
dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas- dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de
sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não
(exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers,
não penetrará na caixa com facilidade. o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma
- Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A mesma carcaça
quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da
caixa é importante para a correta conservação. A transferência do Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um motor
calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra- elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer o flui-
vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima do refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. Durante
de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água o processo de compressão, a pressão e a temperatura do fluido re-
pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de frigerante se elevam rapidamente
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se
interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo- encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de
binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri-
modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men- gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre
cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para
reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu-
barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um pe- mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina.
isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con- A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas
tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir-
reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como
depois, altera a temperatura do interior da caixa. o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe-
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo
ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o
gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran- fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se
de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a converte em líquido.
temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas. Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo
Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti-
para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores
vacina contra DTP. de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora-
Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação
alguns pontos importantes: do calor, aumentando a superfície de resfriamento.
- o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico verifi-
da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís- ca-se que o condensador está localizado na parte posterior, afasta-
ticas do material utilizado e da espessura das mesmas; do do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circulante
que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo

367
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
seja completado com maior facilidade e sem interferências desfavo- carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água a
ráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por compressão temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é capaz
(geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da parede, instalado congelar em um período de 24 horas.
em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de calor, Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento
para que o condensador possa ter um rendimento elevado. Não co- especializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios
locar objetos sobre o condensador. Periodicamente, limpar o mes- são observados para a escolha das localidades para instalação desse
mo para evitar acúmulo de pó ou outro produto que funcione como tipo de equipamento:
isolante. - remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte
Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi- de energia convencional;
cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador, - que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera-
instalado externamente. dor para armazenamento;
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al-
Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador. cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos;
Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que
retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que
residual que possa existir no sistema. pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera-
ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada
Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo- automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, o
calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina- termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a pas-
lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da sagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tempe-
pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador. ratura é controlada manualmente através do ajuste da chama do
Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe- querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere da
quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento de-
em sistemas comerciais e industriais. pende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um
gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o
Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o desempenho adequado.
fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula
de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven- Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro-
do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através
evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas
substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi-
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante, lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia
a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con-
ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, a
vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade até
pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do gabi-
compressor ao condensador fechando o ciclo. nete.
Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com- O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de
pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia,
hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia passando do estado líquido para o gasoso.
solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co- A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni-
mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos. forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade
Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em
o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno- um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o
biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura
existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável. amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é
A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera-
fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta, ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente.
armazenando-a em baterias próprias através do controlador de car- Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens:
ga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive no - os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen-
período sem sol. tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou
O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica
imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi- dos queimadores;
pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável) - a manutenção do equipamento em operação satisfatória
durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas, apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de
como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar compressão;
através de um banco de baterias separado, independente do que - a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis
fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir dificulta o uso de tal equipamento.
uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua.
Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC, Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce-
a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado, der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com-
quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou
aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio

368
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do
que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con- aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um
trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa-
ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador, dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância
provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro
que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um
termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta Situações de Emergência
a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar
refrigeradores à compressão. por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos,
precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup-
Temperatura: controle e monitoramento ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento
O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com
de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento
para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili- da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura
zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos
não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento, imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco-
máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação mendada (refrigerador ou caixa térmica).
de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de falha
é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor no equipamento.
permanece fora do equipamento. O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá-
Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um equi- vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno
pamento eletrônico de precisão constituído de um visor de cristal biológicos em caixas térmicas.
líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas (do mo- No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
mento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado no é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de
interior do equipamento, em um período de tempo. Também existe Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
disponível um modelo deste equipamento que permite a leitura das Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente exter- elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra-
no, com dispositivo de alarme que é acionado quando a variação madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário
de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2º e que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia-
+ 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois visores de ta para as devidas providências.
cristal líquido, um para temperatura do equipamento e outro para a Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon-
temperatura do ambiente sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na
Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca- identificação de problemas que possam comprometer a qualidade
pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer- dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res-
cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados.
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período
de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais Equipamentos da Rede de Frio
quente e a do momento. O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu-
Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem- no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri-
peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre
térmicas de uso diário. outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia
Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la; de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um
aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla-
a extremidade superior da coluna. ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-
- Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra- tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério
muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs- do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den-
tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento
atingir +8ºC. de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI,
- O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme- “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
tro, porém onde balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
- O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam segurança e a saúde no trabalho”.
na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade
(digital de momento, máxima e mínima). Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São
ambientes especialmente construídos para armazenar produtos em
Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô- baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em gran-
metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no des volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câmaras
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra- funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de acordo
muro. com a especificação dos produtos. Na elaboração de projetos para
construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar assessoria
Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti- do PNI considerando a complexidade, especificidade e custo deste
lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno equipamento.
biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin-
em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga- cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais
tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao como:

369
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano - a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/ com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo
alumínio; procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover
- sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com
distribuição do ar frio pelo evaporador; água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano
- compressor e condensador dispostos na área externa à câma- úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as
ra, com boa circulação de ar; luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven-
- antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo-
+4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a sição de estoque.
ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos; - recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção
- alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para aler- geral das paredes e teto das câmaras frias;
tar da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no - semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon-
equipamento de refrigeração; sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará
- alarme audiovisual indicador de abertura de porta; o visto, após análise dos mesmos.
- dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para
em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro; a garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato
- sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers); atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem
- Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio- cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no
namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença manual específico de manutenção de equipamentos.
de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei- Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre-
xadas acesas desnecessariamente. ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperaturas
negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis,
Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di- principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. Estes
mensões utilizam sistema de automação para controle de tempera- equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento de
tura, umidade e funcionamento. suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato
Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va- interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no corpo,
zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu- abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobi-
no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação nas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armaze-
de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação namento é de até 80%.
do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de validade Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento
e apresentação. concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável.
As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta
de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze- e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de
nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o
na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio- ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para
lógicos: evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o piso
- na ausência de controle automatizado de temperatura, reco- úmido e facilitar sua limpeza e movimentação.
menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba-
lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí- Calendários de Vacinação
vel e anotar em formulário próprio; O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo
- testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de traba- Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/
lho; MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes-
- usar equipamento de proteção individual; se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por
- não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar 12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a
ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe- terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação
chada a antecâmara; da rede pública.
- somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério
registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi-
a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses,
ar quente durante a abertura da porta; devido a necessidade local.
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara
está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen- Calendário Nacional de Vacinação
ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em
suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona- Criança
mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se
em manual específico de manutenção de equipamentos;
- observar para que a luz interna da câmara não permaneça
acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A
luz é grande fonte de calor;
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna
foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da
câmara foi fechada corretamente;

370
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási- 15 meses
ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que
cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço
perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie-
saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis lite) – 1º reforço
no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15 Hepatite A – uma dose
vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade. Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/ca-
tapora) - Uma dose
Ao nascer 4 anos

BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie-
única lite) - 2º reforço
Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose
2 meses Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29
dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen-
Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- Adolescente
mielite) – 1ª dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia,
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª
dose
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose

3 meses

Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa-


da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza-
4 meses da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras
Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda-
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- das a adolescentes:
mielite) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia, Meninas 9 a 14 anos
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª
dose HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

5 meses Meninos 11 a 14 anos

Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

6 meses 11 a 14 anos

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio- (a depender da situação vacinal anterior)
mielite) – 3ª dose
10 a 19 anos
9 meses
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela) Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante-
rior)
12 meses Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia, (de acordo com a situação vacinal anterior)
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
Reforço gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a de-
Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada pender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população
pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço indígena e grupos-alvo específicos)

371
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Adulto Gestante

É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir do-
em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão enças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para gestan-
para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa- tes.
miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou- Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de-
tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas disponi- pender da situação vacinal anterior)
bilizadas a adultos de 20 a 59 anos: dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif-
teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da
20 a 59 anos 20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).
Influenza – Uma dose (anual)
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas
anterior) Criança
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar
a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)

Idoso

Ao nascer

BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose,


principalmente miliar e meníngea)
Hepatite B – dose única

2 meses

Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose
mais, além da vacina anual contra a gripe: Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 1ª dose
60 anos ou mais Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose
Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior) Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior)
Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 3 meses
10 anos
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin- Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de-
pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para 4 meses
população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com
60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti- Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
tuições fechadas. e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
Influenza – Uma dose (anual) dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose

372
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me-
5 meses ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
- verificar a situação vacinal
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
6 meses Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
depender da situação vacinal anterior
Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in- anos)
fantil) – 3ª dose Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
9 meses der da situação vacinal
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela) anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
12 meses situação vacinal

Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose Adulto


Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço 20 a 59 anos
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
15 meses tuação vacinal
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço situação vacinal
Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan- Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca
til) – 1º reforço vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
Hepatite A – dose única Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo- te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose der da situação vacinal
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
4 anos 10 anos

DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço Idoso


Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in-
fantil) - 2º reforço
Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose

5 anos

Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para


grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
(cinco) anos de idade
60 anos ou mais
9 anos
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas tuação vacinal
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
anos) situação vacinal
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
Adolescente te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a depen-
der da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que
vivem acamados e/ou em instituições fechadas.
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
anos

10 e 19 anos

373
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Gestante IV - o respeito às diversidades, que reconhece, respeita e ex-
plicita as diferenças entre sujeitos e coletivos, abrangendo as diver-
sidades étnicas, etárias, de capacidade, de gênero, de orientação
sexual, entre territórios e regiões geográficas, dentre outras formas
e tipos de diferenças que influenciam ou interferem nas condições
e determinações da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art.
3º, IV)
V - a humanização, enquanto elemento para a evolução do ho-
mem, por meio da interação com o outro e seu meio, com a valo-
rização e aperfeiçoamento de aptidões que promovam condições
melhores e mais humanas, construindo práticas pautadas na inte-
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- gralidade do cuidado e da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
tuação vacinal Art. 3º, V)
Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor- VI - a corresponsabilidade, enquanto responsabilidades parti-
do com a situação vacinal lhadas entre pessoas ou coletivo, onde duas ou mais pessoas com-
dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada partilham obrigações e/ou compromissos; (Origem: PRT MS/GM
gestação a partir da 20ª semana 2446/2014, Art. 3º, VI)
VII - a justiça social, enquanto necessidade de alcançar reparti-
ção equitativa dos bens sociais, respeitados os direitos humanos, de
POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: modo que as classes sociais mais desfavorecidas contem com opor-
CONCEITOS E ESTRATÉGIAS tunidades de desenvolvimento; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
Art. 3º, VII)
Prezado candidato, abordaremos a seguir o Anexo I da POR- VIII - a inclusão social, que pressupõe ações que garantam o
TARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 2, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017, a acesso aos benefícios da vida em sociedade para todas as pessoas,
qual tem seu texto disponível para consulta no primeiro tópico de forma equânime e participativa, visando à redução das iniquida-
desta matéria. des. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 3º, VIII)
Bons estudos! Art. 4º A PNPS adota como princípios: (Origem: PRT MS/GM
2446/2014, Art. 4º)
ANEXO I I - a equidade, quando baseia as práticas e as ações de promo-
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) (Origem: PRT ção de saúde, na distribuição igualitária de oportunidades, conside-
MS/GM 2446/2014) rando as especificidades dos indivíduos e dos grupos; (Origem: PRT
MS/GM 2446/2014, Art. 4º, I)
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Promoção da Saúde II - a participação social, quando as intervenções consideram
(PNPS). (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 1º) a visão de diferentes atores, grupos e coletivos na identificação de
problemas e solução de necessidades, atuando como corresponsá-
CAPÍTULO I veis no processo de planejamento, de execução e de avaliação das
DA POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ações; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 4º, II)
III - a autonomia, que se refere à identificação de potencialida-
Art. 2º A PNPS traz em sua base o conceito ampliado de saúde des e ao desenvolvimento de capacidades, possibilitando escolhas
e o referencial teórico da promoção da saúde como um conjunto conscientes de sujeitos e comunidades sobre suas ações e trajetó-
de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual rias; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 4º, III)
e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra IV - o empoderamento, que se refere ao processo de interven-
e intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saude (RAS), ção que estimula os sujeitos e coletivos a adquirirem o controle das
buscando articular suas ações com as demais redes de proteção so- decisões e das escolhas de modos de vida adequado às suas condi-
cial, com ampla participação e controle social. (Origem: PRT MS/ ções sócio-econômico-culturais; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
GM 2446/2014, Art. 2º) Art. 4º, IV)
Art. 3º São valores fundantes no processo de efetivação da V - a intersetorialidade, que se refere ao processo de articula-
PNPS: (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 3º) ção de saberes, potencialidades e experiências de sujeitos, grupos
I - a solidariedade, entendida como as razões que fazem su- e setores na construção de intervenções compartilhadas, estabele-
jeitos e coletivos nutrirem solicitude para com o próximo, nos mo- cendo vínculos, corresponsabilidade e cogestão para objetivos co-
mentos de divergências ou dificuldades, construindo visão e metas muns; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 4º, V)
comuns, apoiando a resolução das diferenças, contribuindo para VI - a intrassetorialidade, que diz respeito ao exercício perma-
melhorar a vida das pessoas e para formar redes e parcerias; (Ori- nente da desfragmentação das ações e serviços ofertados por um
gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 3º, I) setor, visando à construção e articulação de redes cooperativas e
II - a felicidade, enquanto autopercepção de satisfação, cons- resolutivas; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 4º, VI)
truída nas relações entre sujeitos e coletivos, que contribui na ca- VII - a sustentabilidade, que diz respeito à necessidade de per-
pacidade de decidir como aproveitar a vida e como se tornar ator manência e continuidade de ações e intervenções, levando em con-
partícipe na construção de projetos e intervenções comuns para su- ta as dimensões política, econômica, social, cultural e ambiental;
perar dificuldades individuais e coletivas a partir do reconhecimen- (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 4º, VII)
to de potencialidades; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 3º, II) VIII - a integralidade, quando as intervenções são pautadas no
III - a ética, a qual pressupõe condutas, ações e intervenções reconhecimento da complexidade, potencialidade e singularidade
sustentadas pela valorização e defesa da vida, sendo pautadas para de indivíduos, grupos e coletivos, construindo processos de traba-
o bem comum, com dignidade e solidariedade; (Origem: PRT MS/ lho articulados e integrais; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art.
GM 2446/2014, Art. 3º, III) 4º, VIII)

374
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IX - a territorialidade, que diz respeito à atuação que considera e identidade de gênero, entre gerações, étnico-raciais, culturais,
as singularidades e especificidades dos diferentes territórios no pla- territoriais e relacionadas às pessoas com deficiências e necessida-
nejamento e desenvolvimento de ações intra e intersetoriais com des especiais; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, II)
impacto na situação, nos condicionantes e nos determinantes da III - favorecer a mobilidade humana e a acessibilidade e o de-
saúde neles inseridos, de forma equânime. (Origem: PRT MS/GM senvolvimento seguro, saudável e sustentável; (Origem: PRT MS/
2446/2014, Art. 4º, IX) GM 2446/2014, Art. 7º, III)
Art. 5º São diretrizes da PNPS: (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, IV - promover a cultura da paz em comunidades, territórios e
Art. 5º) municípios; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, IV)
I - o estímulo à cooperação e à articulação intra e intersetorial V - apoiar o desenvolvimento de espaços de produção social e
para ampliar a atuação sobre determinantes e condicionantes da ambientes saudáveis, favoráveis ao desenvolvimento humano e ao
saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 5º, I) bem viver; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, V)
II - o fomento ao planejamento de ações territorializadas de VI - valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas
promoção da saúde, com base no reconhecimento de contextos lo- integrativas e complementares; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
cais e respeito às diversidades, para favorecer a construção de espa- Art. 7º, VI)
ços de produção social, ambientes saudáveis e a busca da equidade, VII - promover o empoderamento e a capacidade para toma-
da garantia dos direitos humanos e da justiça social; (Origem: PRT da de decisão e a autonomia de sujeitos e coletividades por meio
MS/GM 2446/2014, Art. 5º, II) do desenvolvimento de habilidades pessoais e de competências
III - incentivo à gestão democrática, participativa e transparen- em promoção e defesa da saúde e da vida; (Origem: PRT MS/GM
te, para fortalecer a participação, o controle social e a correspon- 2446/2014, Art. 7º, VII)
sabilidade de sujeitos, coletividades, instituições e esferas gover- VIII - promover processos de educação, formação profissional
namentais e sociedade civil; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. e capacitação específicas em promoção da saúde, de acordo com
5º, III) os princípios e valores da Política Nacional de Promoção da Saúde
IV - ampliação da governança no desenvolvimento de ações de (PNPS), para trabalhadores, gestores e cidadãos; (Origem: PRT MS/
promoção da saúde que sejam sustentáveis nas dimensões políti- GM 2446/2014, Art. 7º, VIII)
ca, social, cultural, econômica e ambiental; (Origem: PRT MS/GM IX - estabelecer estratégias de comunicação social e mídia dire-
2446/2014, Art. 5º, IV) cionadas ao fortalecimento dos princípios e ações em promoção da
V - estímulo à pesquisa, à produção e à difusão de experiências, saúde e à defesa de políticas públicas saudáveis; (Origem: PRT MS/
conhecimentos e evidências que apoiem a tomada de decisão, a au- GM 2446/2014, Art. 7º, IX)
tonomia, o empoderamento coletivo e a construção compartilhada X - estimular a pesquisa, produção e difusão de conhecimentos
de ações de promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, e estratégias inovadoras no âmbito das ações de promoção da saú-
Art. 5º, V) de; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, X)
VI - apoio à formação e à educação permanente em promoção XI - promover meios para a inclusão e qualificação do registro
da saúde para ampliar o compromisso e a capacidade crítica e refle- de atividades de promoção da saúde e da equidade nos sistemas de
xiva dos gestores e trabalhadores de saúde, bem como o incentivo informação e inquéritos, permitindo análise, monitoramento, ava-
ao aperfeiçoamento de habilidades individuais e coletivas, para for- liação e financiamento das ações; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
talecer o desenvolvimento humano sustentável; (Origem: PRT MS/ Art. 7º, XI)
GM 2446/2014, Art. 5º, VI) XII - fomentar discussões sobre modos de consumo e produção
VII - incorporação das intervenções de promoção da saúde no que estejam em conflito de interesses com os princípios e valores
modelo de atenção à saúde, especialmente no cotidiano dos servi- da promoção da saúde e que aumentem vulnerabilidades e riscos à
ços de atenção básica em saúde, por meio de ações intersetoriais; e saúde; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, XII)
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 5º, VII) XIII - contribuir para a articulação de políticas públicas inter e
VIII - organização dos processos de gestão e planejamento das intrassetoriais com as agendas nacionais e internacionais. (Origem:
variadas ações intersetoriais, como forma de fortalecer e promover PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, XIII)
a implantação da PNPS na RAS, de modo transversal e integrado, Art. 8º São temas transversais da PNPS, entendidos como re-
compondo compromissos e corresponsabilidades para reduzir a ferências para a formação de agendas de promoção da saúde, para
vulnerabilidade e os riscos à saúde vinculados aos determinantes adoção de estratégias e temas prioritários, operando em consonân-
sociais. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 5º, VIII) cia com os princípios e valores do SUS e da PNPS: (Origem: PRT MS/
Art. 6º A PNPS tem por objetivo geral promover a equidade e GM 2446/2014, Art. 8º)
a melhoria das condições e modos de viver, ampliando a potencia- I - Determinantes Sociais da Saúde (DSS), equidade e respeito
lidade da saúde individual e da saúde coletiva, reduzindo vulnera- à diversidade, que significa identificar as diferenças nas condições
bilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, e nas oportunidades de vida, buscando alocar recursos e esforços
econômicos, políticos, culturais e ambientais. (Origem: PRT MS/GM para a redução das desigualdades injustas e evitáveis, por meio do
2446/2014, Art. 6º) diálogo entre os saberes técnicos e populares; (Origem: PRT MS/
Art. 7º São objetivos específicos da PNPS: (Origem: PRT MS/ GM 2446/2014, Art. 8º, I)
GM 2446/2014, Art. 7º) II - desenvolvimento sustentável, que se refere a dar visibilida-
I - estimular a promoção da saúde como parte da integralidade de aos modos de consumo e produção relacionados com o tema
do cuidado na RAS, articulada às demais redes de proteção social; priorizado, mapeando possibilidades de intervir naqueles que se-
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 7º, I) jam deletérios à saúde, adequando tecnologias e potencialidades
II - contribuir para a adoção de práticas sociais e de saúde cen- de acordo com especificidades locais, sem comprometer as neces-
tradas na equidade, na participação e no controle social, visando sidades futuras; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 8º, II)
reduzir as desigualdades sistemáticas, injustas e evitáveis, com res- III - produção de saúde e cuidado, que representa a incorpora-
peito às diferenças de classe social, de gênero, de orientação sexual ção do tema na lógica de redes que favoreçam práticas de cuidado
humanizadas, pautadas nas necessidades locais, que reforcem a
ação comunitária, a participação e o controle social e que promo-

375
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
vam o reconhecimento e o diálogo entre as diversas formas do sa- IV - participação e controle social, que compreende a amplia-
ber popular, tradicional e científico, construindo práticas pautadas ção da representação e da inclusão de sujeitos na elaboração de
na integralidade do cuidado e da saúde, significando, também, a políticas públicas e nas decisões relevantes que afetam a vida dos
vinculação do tema a uma concepção de saúde ampliada, consi- indivíduos, da comunidade e dos seus contextos; (Origem: PRT MS/
derando o papel e a organização dos diferentes setores e atores GM 2446/2014, Art. 9º, IV)
que, de forma integrada e articulada por meio de objetivos comuns, V - gestão, entendida como a necessidade de priorizar os pro-
atuem na promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, cessos democráticos e participativos de regulação e controle, pla-
Art. 8º, III) nejamento, monitoramento, avaliação, financiamento e comunica-
IV - ambientes e territórios saudáveis, que significa relacionar ção; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, V)
o tema priorizado com os ambientes e os territórios de vida e de VI - educação e formação, enquanto incentivo à atitude perma-
trabalho das pessoas e das coletividades, identificando oportuni- nente de aprendizagem sustentada em processos pedagógicos pro-
dades de inclusão da promoção da saúde nas ações e atividades blematizadores, dialógicos, libertadores, emancipatórios e críticos;
desenvolvidas, de maneira participativa e dialógica; (Origem: PRT (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, VI)
MS/GM 2446/2014, Art. 8º, IV) VII - vigilância, monitoramento e avaliação, enquanto uso de
V - vida no trabalho, que compreende a interrelação do tema múltiplas abordagens na geração e análise de informações sobre
priorizado com o trabalho formal e não formal e com os setores as condições de saúde de sujeitos e grupos populacionais, visando
primário, secundário e terciário da economia, considerando os es- subsidiar decisões, intervenções e implantar políticas públicas de
paços urbano e rural, e identificando oportunidades de operacio- promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, VII)
nalização na lógica da promoção da saúde para ações e atividades VIII - produção e disseminação de conhecimentos e saberes,
desenvolvidas nos distintos locais, de maneira participativa e dialó- enquanto estímulo a uma atitude reflexiva e resolutiva sobre pro-
gica; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 8º, V) blemas, necessidades e potencialidades dos coletivos em cogestão,
VI - cultura da paz e direitos humanos, que consiste em criar compartilhando e divulgando os resultados de maneira ampla com
oportunidades de convivência, de solidariedade, de respeito à vida a coletividade; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, VIII)
e de fortalecimento de vínculos, desenvolvendo tecnologias sociais IX - comunicação social e mídia, enquanto uso das diversas ex-
que favoreçam a mediação de conflitos diante de situações de ten- pressões comunicacionais, formais e populares, para favorecer a es-
são social, garantindo os direitos humanos e as liberdades funda- cuta e a vocalização dos distintos grupos envolvidos, contemplando
mentais, reduzindo as violências e construindo práticas solidárias informações sobre o planejamento, execução, resultados, impac-
e da cultura de paz. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 8º, VI) tos, eficiência, eficácia, efetividade e benefícios das ações. (Origem:
Art. 9º São Eixos Operacionais da PNPS, entendidos como es- PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, IX)
tratégias para concretizar ações de promoção da saúde, respeitan- Art. 10. São temas prioritários da PNPS, evidenciados pelas
do-se valores, princípios, diretrizes e objetivos: (Origem: PRT MS/ ações de promoção da saúde realizadas e compatíveis com o Plano
GM 2446/2014, Art. 9º) Nacional de Saúde, pactos interfederativos e planejamento estra-
I - territorialização, enquanto estratégia operacional: (Origem: tégico do Ministério da Saúde, bem como acordos internacionais
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, I) firmados pelo governo brasileiro, em permanente diálogo com as
a) reconhece a regionalização como diretriz do SUS e como eixo demais políticas, com os outros setores e com as especificidades
estruturante para orientar a descentralização das ações e serviços sanitárias: (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10)
de saúde e para organizar a RAS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, I - formação e educação permanente, que compreende mobili-
Art. 9º, I, a) zar, sensibilizar e promover capacitações para gestores, trabalhado-
b) considera a abrangência das regiões de saúde e sua articu- res da saúde e de outros setores para o desenvolvimento de ações
lação com os equipamentos sociais nos territórios; e (Origem: PRT de educação em promoção da saúde e incluí-la nos espaços de edu-
MS/GM 2446/2014, Art. 9º, I, b) cação permanente; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, I)
c) observa as pactuações interfederativas, a definição de parâ- II - alimentação adequada e saudável, que compreende pro-
metros de escala e acesso e a execução de ações que identifiquem mover ações relativas à alimentação adequada e saudável, visan-
singularidades territoriais para o desenvolvimento de políticas, pro- do à promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional,
gramas e intervenções, ampliando as ações de promoção à saúde contribuindo com as ações e metas de redução da pobreza, com a
e contribuindo para fortalecer identidades regionais. (Origem: PRT inclusão social e com a garantia do direito humano à alimentação
MS/GM 2446/2014, Art. 9º, I, c) adequada e saudável; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, II)
II - articulação e cooperação intra e intersetorial, entendidas III - práticas corporais e atividades físicas, que compreende
como compartilhamento de planos, metas, recursos e objetivos co- promover ações, aconselhamento e divulgação de práticas corpo-
muns entre os diferentes setores e entre diferentes áreas do mes- rais e atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos
mo setor; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, II) espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando brin-
III - RAS, enquanto estratégia operacional necessita: (Origem: cadeiras, jogos, danças populares, dentre outras práticas; (Origem:
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, III) PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, III)
a) transversalizar a promoção na RAS, favorecendo práticas IV - enfrentamento do uso do tabaco e seus derivados, que
de cuidado humanizadas, pautadas nas necessidades locais, na compreende promover, articular e mobilizar ações para redução e
integralidade do cuidado, articulando com todos os equipamen- controle do uso do tabaco, incluindo ações educativas, legislativas,
tos de produção da saúde do território; e (Origem: PRT MS/GM econômicas, ambientais, culturais e sociais; (Origem: PRT MS/GM
2446/2014, Art. 9º, III, a) 2446/2014, Art. 10, IV)
b) articular com as demais redes de proteção social, vinculando V - enfrentamento do uso abusivo de álcool e outras drogas,
o tema a uma concepção de saúde ampliada, considerando o papel que compreende promover, articular e mobilizar ações para redu-
e a organização dos diferentes setores e atores, que, de forma inte- ção do consumo abusivo de álcool e outras drogas, com a corres-
grada e articulada por meio de objetivos comuns, atuem na promo- ponsabilização e autonomia da população, incluindo ações edu-
ção da saúde. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 9º, III, b) cativas, legislativas, econômicas, ambientais, culturais e sociais;
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, V)

376
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VI - promoção da mobilidade segura, que compreende: (Ori- VIII - estabelecer instrumentos e indicadores de gestão, pla-
gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, VI) nejamento, monitoramento e avaliação; (Origem: PRT MS/GM
a) buscar avançar na articulação intersetorial e intrasetorial, 2446/2014, Art. 11, VIII)
envolvendo a vigilância em saúde, a atenção básica e as redes de IX - promover a alocação de recursos orçamentários e finan-
urgência e emergência do território na produção do cuidado e na ceiros para a implementação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM
redução da morbimortalidade decorrente do trânsito; (Origem: PRT 2446/2014, Art. 11, IX)
MS/GM 2446/2014, Art. 10, VI, a) X - promover o intercâmbio de experiências e o desenvolvi-
b) orientar ações integradas e intersetoriais nos territórios, in- mento de estudos e pesquisas que visem o aperfeiçoamento e a
cluindo saúde, educação, trânsito, fiscalização, ambiente e demais disseminação de tecnologias e conhecimentos voltados para a pro-
setores envolvidos, além da sociedade, visando definir um planeja- moção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, X)
mento integrado, parcerias, atribuições, responsabilidades e espe- XI - desenvolver estratégias e mecanismos organizacionais de
cificidades de cada setor para a promoção da mobilidade segura; e qualificação e valorização da força de trabalho da saúde, estimulan-
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, VI, b) do processos de formação e educação permanente voltados para a
c) avançar na promoção de ações educativas, legislativas, eco- efetivação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, XI)
nômicas, ambientais, culturais e sociais, fundamentadas em infor- XII - estimular as iniciativas e ações de promoção de saúde,
mação qualificada e em planejamento integrado, que garantam o bem como a produção de dados e divulgação de informações; (Ori-
trânsito seguro, a redução de morbimortalidade e a paz no trânsito. gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, XII)
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, VI, c) XIII - incluir a promoção da saúde nos Planos de Saúde e nas
VII - promoção da cultura da paz e de direitos humanos, que Programações Anuais de Saúde em conformidade com os instru-
compreende promover, articular e mobilizar ações que estimulem mentos de planejamento e gestão do SUS, para implementação da
a convivência, a solidariedade, o respeito à vida e o fortalecimen- PNPS, considerando as especificidades locorregionais; (Origem: PRT
to de vínculos, para o desenvolvimento de tecnologias sociais que MS/GM 2446/2014, Art. 11, XIII)
favoreçam a mediação de conflitos, o respeito às diversidades e di- XIV - articular a inserção das ações voltadas à promoção da saú-
ferenças de gênero, de orientação sexual e identidade de gênero, de nos sistemas de informação do SUS e outros; e (Origem: PRT MS/
entre gerações, étnico-raciais, culturais, territoriais, de classe social GM 2446/2014, Art. 11, XIV)
e relacionada às pessoas com deficiências e necessidades especiais, XV - viabilizar parcerias com organismos internacionais, com
garantindo os direitos humanos e as liberdades fundamentais, arti- organizações governamentais, não governamentais, incluindo o se-
culando a RAS com as demais redes de proteção social, produzindo tor privado e sociedade civil, para o fortalecimento da promoção da
informação qualificada e capaz de gerar intervenções individuais e saúde no País. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, XV)
coletivas, contribuindo para a redução das violências e para a cultu- Art. 12. Compete ao Ministério da Saúde: (Origem: PRT MS/GM
ra de paz; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, VII) 2446/2014, Art. 12)
VIII - promoção do desenvolvimento sustentável, que compre- I - promover a articulação com os estados e municípios para
ende promover, mobilizar e articular ações governamentais, não apoio à implantação e implementação da PNPS; (Origem: PRT MS/
governamentais, incluindo o setor privado e a sociedade civil, nos GM 2446/2014, Art. 12, I)
diferentes cenários, como cidades, campo, floresta, águas, bairros, II - pactuar na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) os te-
territórios, comunidades, habitações, escolas, igrejas, empresas e mas prioritários e o financiamento da PNPS; (Origem: PRT MS/GM
outros, permitindo a interação entre saúde, meio ambiente e de- 2446/2014, Art. 12, II)
senvolvimento sustentável na produção social da saúde em arti- III - apoiar a implementação da PNPS, considerando o perfil
culação com os demais temas prioritários. (Origem: PRT MS/GM epidemiológico e as necessidades em saúde; (Origem: PRT MS/GM
2446/2014, Art. 10, VIII) 2446/2014, Art. 12, III)
Art. 11. Compete às esferas federal, estaduais, do Distrito Fede- IV - viabilizar mecanismos para cofinanciamento de planos,
ral e municipais do SUS: (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11) projetos e programas de promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM
I - divulgar a PNPS, fortalecendo seus valores e princípios; (Ori- 2446/2014, Art. 12, IV)
gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, I) V - incorporar ações de Promoção da Saúde aos Planos Pluria-
II - estabelecer parcerias, promovendo a articulação interseto- nual e Nacional de Saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art.
rial e intrassetorial; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, II) 12, V)
III - contribuir para a reorientação do modelo de atenção à saú- VI - apresentar no Conselho Nacional de Saúde estratégias,
de com base nos valores, princípios e diretrizes da PNPS; (Origem: programas, planos e projetos de promoção da saúde; (Origem: PRT
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, III) MS/GM 2446/2014, Art. 12, VI)
IV - fomentar normas e regulamentos para o desenvolvimento VII - institucionalizar e manter em funcionamento o Comitê da
seguro, saudável e sustentável em ambientes, comunidades, mu- PNPS, em conformidade com os seus princípios e diretrizes; (Ori-
nicípios e territórios; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, IV) gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 12, VII)
V - fortalecer a participação e o controle social e as instâncias VIII - realizar apoio institucional às Secretarias de Saúde Es-
de gestão democrática e participativa, enquanto mecanismo de im- taduais, do Distrito Federal e Municipais, visando à implantação,
plementação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, V) implementação e consolidação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM
VI - construir mecanismos de identificação das potencialidades 2446/2014, Art. 12, VIII)
e das vulnerabilidades para subsidiar o fortalecimento da equidade; IX - apoiar e produzir a elaboração de materiais de divulgação,
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 11, VI) visando socializar informações e ações de promoção da saúde; e
VII - definir prioridades, objetivos, estratégias e metas nas ins- (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 12, IX)
tâncias colegiadas e intergestores para implementação de progra- X - estimular, monitorar e avaliar os processos, programas,
mas, planos, projetos e ações de promoção da saúde; (Origem: PRT projetos e ações de promoção da saúde. (Origem: PRT MS/GM
MS/GM 2446/2014, Art. 11, VII) 2446/2014, Art. 12, X)
Art. 13. Compete às Secretarias Estaduais de Saúde: (Origem:
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 13)

377
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - promover a articulação com os municípios para apoio à IX - identificar e promover canais de participação no processo
implantação e implementação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM decisório para o desenvolvimento e a sustentabilidade das ações de
2446/2014, Art. 13, I) promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, IX)
II - pactuar nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Comis- X - promover a participação e o controle social e reforçar as
sões Intergestores Regionais (CIR) as estratégias, diretrizes, metas, ações comunitárias de promoção da saúde nos territórios; (Origem:
temas prioritários e financiamento das ações de implantação e im- PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, X)
plementação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 13, II) XI - identificar, articular e apoiar a troca de experiências e co-
III - implantar e implementar a PNPS na RAS, no âmbito de seu nhecimentos referentes às ações de promoção da saúde; (Origem:
território, respeitando suas diretrizes e promovendo adequações às PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, XI)
especificidades locorregionais; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, XII - participar do processo de monitoramento, avaliação de
Art. 13, III) programas, planos, projetos e ações de promoção da saúde; (Ori-
IV - apresentar no Conselho Estadual de Saúde estratégias, gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, XII)
programas, planos e projetos de promoção da saúde; (Origem: PRT XIII - elaborar materiais educativos visando à socialização da
MS/GM 2446/2014, Art. 13, IV) informação e à divulgação de programas, planos, projetos e ações
V - incorporar ações de Promoção da Saúde nos Planos Pluria- de promoção da saúde; e (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14,
nual e Estadual de Saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. XIII)
13, V) XIV - apoiar e promover, de forma privilegiada, a execução de
VI - alocar recursos orçamentários e financeiros para a implan- programas, planos, projetos e ações diretamente relacionadas à
tação e implementação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, promoção da saúde, considerando o perfil epidemiológico e as ne-
Art. 13, VI) cessidades do seu território. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art.
VII - realizar apoio institucional às secretarias municipais e re- 14, XIV)
giões de saúde no processo de implantação, implementação e con- Art. 15. À Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal
solidação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 13, VII) (SES/DF) competem as atribuições reservadas às secretarias de saú-
VIII - realizar o monitoramento e avaliação de programas, pro- de dos estados e dos municípios. (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
jetos e ações de promoção da saúde no âmbito estadual e distrital; Art. 15)
(Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 13, VIII) Art. 16. O financiamento dos temas prioritários da PNPS e seus
IX - apoiar e elaborar materiais de divulgação visando à sociali- planos operativos serão objeto de pactuação prévia na CIT. (Ori-
zação da informação e à divulgação de programas, planos, projetos gem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 16)
e ações de promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014,
Art. 13, IX) CAPÍTULO II
X - promover cooperação, espaços de discussão e trocas de ex- DO COMITÊ GESTOR DA POLÍTICA NACIONAL DE
periências e conhecimentos sobre a promoção da saúde; e (Origem: PROMOÇÃO DA SAÚDE
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 13, X)
XI - apoiar e promover a execução de programas, planos, proje- Art. 17. Fica instituído o Comitê Gestor da Política Nacional de
tos e ações relacionadas com a promoção da saúde, considerando o Promoção da Saúde (CGPNPS). (Origem: PRT MS/GM 227/2016,
perfil epidemiológico e as necessidades do seu território. (Origem: Art. 1º)
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 13, XI) Art. 18. Compete ao CGPNPS: (Origem: PRT MS/GM 227/2016,
Art. 14. Compete às Secretarias Municipais de Saúde: (Origem: Art. 2º)
PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14) I - consolidar a implementação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM
I - promover a articulação intra e intersetorial para apoio à im- 227/2016, Art. 2º, I)
plantação e implementação da PNPS no âmbito de sua competên- II - coordenar a implementação da PNPS no Sistema Único de
cia; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, I) Saúde (SUS) em articulação com os demais setores governamentais
II - implantar e implementar a PNPS no âmbito do seu terri- e não governamentais; (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 2º, II)
tório, respeitando as especificidades locorregionais; (Origem: PRT III - consolidar as agendas de promoção da saúde em conso-
MS/GM 2446/2014, Art. 14, II) nância com as políticas, as prioridades e os recursos das instituições
III - pactuar nas CIB e CIR as estratégias, diretrizes, metas, te- participantes e com o Plano Nacional de Saúde; (Origem: PRT MS/
mas prioritários e financiamento das ações de implantação e imple- GM 227/2016, Art. 2º, III)
mentação da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, III) IV - promover a integração das ações de promoção da saúde
IV - apresentar no Conselho Municipal de Saúde estratégias, no âmbito do SUS, no contexto dos instrumentos institucionais de
programas, planos e projetos de promoção da saúde; (Origem: PRT planejamento e gestão; (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 2º, IV)
MS/GM 2446/2014, Art. 14, IV) V - incentivar e apoiar a inclusão de temas sobre a Promoção
V - incorporar ações de Promoção da Saúde aos Planos Pluria- da Saúde na elaboração de projetos e planos locais de acordo com
nual e Municipal de Saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. os valores e princípios, os objetivos, as diretrizes, os temas trans-
14, V) versais e os eixos operacionais da PNPS, no âmbito dos estados,
VI - destinar recursos orçamentários e financeiros para re- do Distrito Federal e dos municípios, respeitando os instrumentos
alização das ações de promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM instituídos de planejamento e gestão do SUS; (Origem: PRT MS/GM
2446/2014, Art. 14, VI) 227/2016, Art. 2º, V)
VII - prestar apoio institucional aos gestores e trabalhadores no VI - monitorar e avaliar as estratégias de implantação e imple-
processo de implantação, implementação, qualificação e consolida- mentação da PNPS e seu impacto na melhoria da qualidade de vida
ção da PNPS; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, VII) de sujeitos e coletividades; (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 2º,
VIII - promover e realizar a educação permanente dos traba- VI)
lhadores do sistema local de saúde para desenvolver as ações de
promoção da saúde; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 14, VIII)

378
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII - viabilizar parcerias com organismos internacionais com o ternacionais, bem como especialistas em assuntos ligados ao tema,
objetivo de promover articulação e intercâmbio entre países para além dos indicados no “caput”, cuja presença seja considerada ne-
fortalecimento da PNPS; e (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 2º, cessária ao cumprimento das funções atribuídas ao CGPNPS, me-
VII) diante consulta prévia à Coordenação do CGPNPS. (Origem: PRT
VIII - desenvolver outras ações que visem ao fortalecimento da MS/GM 227/2016, Art. 3º, § 4º)
PNPS. (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 2º, VIII) Art. 20. O CGPNPS reunir-se-á, ordinariamente, com regulari-
Art. 19. O CGPNPS será composto por representantes, titulares dade bimestral e, extraordinariamente, por iniciativa de qualquer
e suplentes, dos seguintes órgãos e entidades: (Origem: PRT MS/ um dos membros junto à Coordenação do CGPNPS, com antece-
GM 227/2016, Art. 3º) dência mínima de 15 (quinze) dias da data proposta para a realiza-
I - 4 (quatro) representantes da Secretaria de Vigilância em Saú- ção da reunião. (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 4º)
de (SVS/MS), que o coordenará; (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 21. O CGPNPS poderá propor a criação de Grupos de Tra-
Art. 3º, I) balho (GT), instituídos por meio de atos do Ministro de Estado da
II - 4 (quatro) representantes da Secretaria de Atenção à Saúde Saúde, para assessorá-lo com temas afetos à Promoção da Saúde,
(SAS/MS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, II) por meio de consolidação e implementação da PNPS, bem como
III - 3 (três) representantes da Secretaria de Gestão Estratégica acompanhamento das suas implementações, e emissão de pare-
e Participativa (SGEP/MS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, ceres e relatórios para subsidiar as atividades do Comitê. (Origem:
III) PRT MS/GM 227/2016, Art. 5º)
IV - 2 (dois) representantes da Secretaria de Gestão do Tra- § 1º Os GT, ao finalizarem os trabalhos, deverão enviar rela-
balho e da Educação na Saúde (SGTES/MS); (Origem: PRT MS/GM tórios ou pareceres, de acordo com a solicitação do CGPNPS, para
227/2016, Art. 3º, IV) aprovação e, posteriormente, divulgá-los. (Origem: PRT MS/GM
V - 1 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e 227/2016, Art. 5º, § 1º)
Insumos Estratégicos (SCTIE/MS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, § 2º Os GT serão compostos por até 5 (cinco) representantes
Art. 3º, V) do CGPNPS e poderão convidar especialistas, representantes das
VI - 1 (um) representante da Secretária-Executiva (SE/MS); (Ori- áreas técnicas do Ministério da Saúde e de outros Ministérios, as-
gem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, VI) sim como representantes de outras entidades, instituições e movi-
VII - 1 (um) representante da Secretaria Especial de Saúde Indí- mentos sociais, de acordo com suas necessidades e especificidades.
gena (SESAI/MS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, VII) (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 5º, § 2º)
VIII - 1 (um) representante da Fundação Nacional de Saúde (FU- Art. 22. As funções desempenhadas no âmbito do CGPNPS não
NASA); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, VIII) serão remuneradas e seu exercício será considerado serviço público
IX - 1 (um) representante da Fundação Oswaldo Cruz (FIO- relevante. (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 6º)
CRUZ); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, IX) Art. 23. Os debates ocorridos nas reuniões do CGPNPS deverão
X - 1 (um) representante da Agência Nacional de Vigilância Sa- ser consubstanciados em atas com ampla divulgação no âmbito da
nitária (ANVISA); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, X) saúde. (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 7º)
XI - 1 (um) representante da Agência Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, XI)
XII - 1 (um) representante do Instituto Nacional de Câncer José PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: CONCEITO
Alencar Gomes da Silva (INCA); (Origem: PRT MS/GM 227/2016,
Art. 3º, XII) Desde novembro de 2022, os beneficiários passarão a rece-
XIII - 1 (um) representante do Conselho Nacional de Secretários ber o Auxílio Brasil e não mais o Bolsa Família, ainda que o valor
de Saúde (CONASS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, XIII) pago seja bem próximo do benefício atual.
XIV - 1 (um) representante do Conselho Nacional de Secre- A troca de nome do programa social aconteceu pela medida
tários Municipais de Saúde (CONASEMS); (Origem: PRT MS/GM provisória 1.061, de agosto deste ano.
227/2016, Art. 3º, XIV) Na prática a MP que institui o nome Auxílio Brasil determina
XV - 1 (um) representante do Conselho Nacional de Saúde que, 90 dias após a sua publicação, está revogada a lei de 2004
(CNS); (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, XV) que criou o programa Bolsa Família.
XVI - 1 (um) representante da Organização Pan-Americana de Assim, a partir de 10 de novembro, ele será extinto.
Saúde (OPAS); e (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, XVI)
XVII - 1 (um) representante do Grupo Temático de Promoção Programa Auxílio Brasil
da Saúde e Desenvolvimento Sustentável da Associação Brasileira O Programa Auxílio Brasil é um programa federal de trans-
de Saúde Coletiva (ABRASCO). (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. ferência direta e indireta de renda que integra benefícios de as-
3º, XVII) sistência social,saúde, educação e emprego, destinado às famílias
§ 1º Os representantes, titulares e suplentes, serão indicados em situação de pobreza e de extrema pobreza. Além disso, o Pro-
formalmente pelos dirigentes de seus respectivos órgãos à Coor- grama oferece ferramentas para a emancipação socioeconômica
denação do CGPNPS. (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, § 1º) da família em situação de vulnerabilidade social.
§ 2º Os representantes poderão ser substituídos a qualquer O objetivo das condicionalidades do Programa é garantir a
tempo, desde que formalizada a solicitação à Coordenação do oferta das ações básicas, e potencializar a melhoria da qualidade
CGPNPS, devendo a cada ano ser confirmada a indicação ou substi- de vida das famílias e contribuir para a sua inclusão social.
tuição. (Origem: PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, § 2º) A agenda de saúde do Auxílio Brasil no SUS compreende a
§ 3º As entidades de que trata os incisos XV a XVII serão con- oferta de serviços para a realização do pré-natal pelas gestantes,
vidadas a indicar representantes para compor o CGPNPS. (Origem: o acompanhamento do estado nutricional infantil e imunização
PRT MS/GM 227/2016, Art. 3º, § 3º) das crianças. Assim, as famílias beneficiárias do Auxílio Brasil com
§ 4º O CGPNPS poderá convidar servidores dos órgãos e enti- mulheres com idade entre 14 e 44 anos e crianças menores de
dades do Ministério da Saúde, de outros órgãos da Administração sete anos de idade deverão ser assistidas por uma equipe de saú-
Pública Federal, de entidades não governamentais, organismos in-

379
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de da família, por agentes comunitários de saúde ou por unidades Trabalhando educação em saúde na comunidade
básicas de saúde, que proverão os serviços necessários ao cumpri-
mento das ações de responsabilidade da família. Como trabalhar educação em saúde na comunidade.
A Política Nacional de Atenção Básica (2017) destaca que é As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como
de responsabilidade comum a todos os membros das Equipes que objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
atuam na Atenção Básica acompanhar e registrar no Sistema de população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode
Informação da Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que
Programa Auxílio Brasil as condicionalidades de saúde das famílias não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas.
beneficiárias. Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar.
Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transfe-
Como funciona? rir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção
O responsável técnico municipal do Auxílio Brasil na Secreta- ou a sua construção.
ria de Saúde deve acessar, na Plataforma e-Gestor AB – Sistema O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na
Auxílio Brasil na Saúde, a relação das famílias beneficiárias do seu qualidade da atenção prestada em saúde.
município que precisam ser acompanhadas pela saúde a cada vi- Educar é um processo de construção permanente.
gência (1ª vigência: janeiro a junho. 2ª vigência: julho a dezem- As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas po-
bro). dem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de
A identificação das gestantes elegíveis ao Benefício Compo- saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O
sição Familiar é feita pela saúde. Este benefício objetiva o au- trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos.
mento da proteção à mãe e ao bebê, elevando a renda familiar A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe.
na gestação e na primeira infância, amplia-se a responsabilidade Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos.
do Sistema Único de Saúde junto às famílias do Programa Auxílio Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às
Brasil. Para isso, é essencial a captação precoce das beneficiárias suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo
gestantes pelo serviço de saúde para a realização do pré-natal. e de espaço, assim como as características e as necessidades do
Quanto antes for informado a gestação, mais rapidamente a famí- grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples
lia receberá o benefício. e precisa.
O registro do acompanhamento das condicionalidades de “Atividades educativas são momentos de encontro e nesses
saúde, tanto das mulheres quanto das crianças, também deve ser encontros não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há
registrado na Plataforma e-Gestor AB – Sistema Auxílio Brasil na homens que, em comunhão, buscam saber mais.” Paulo Freire.
Saúde. É importante considerar o conhecimento e experiência dos partici-
pantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa a construir
um processo decisório autônomo e centrado em seus interesses.
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR EM As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cui-
SAÚDE. FORMAS DE APRENDER E ENSINAR. CULTURA dado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e tam-
POPULAR E SUA RELAÇÃO COM OS PROCESSOS bém os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o
EDUCATIVOS pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde.

A Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP- Recomendações gerais para atividades educativas
-SUS)33, publicada em 19 de novembro de 2013, propõe metodo- Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o
logias e tecnologias para o fortalecimento do Sistema Único de seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião
Saúde (SUS). É uma prática voltada para a promoção, a proteção definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomodação
e a recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade e a presença de todos. É importante garantir as condições de aces-
de saberes, valorizando os saberes populares, a ancestralidade, a sibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na comu-
produção de conhecimentos e a inserção destes no SUS. nidade e pensar estratégias que facilitem a comunicação no caso
As práticas e as metodologias da Educação Popular em Saúde de deficiente visual ou auditivo. Não se esquecer de providenciar
(EPS) possibilitam o encontro entre trabalhadores e usuários, entre o material que será utilizado durante a atividade e, se necessário,
as equipes de saúde e os espaços das práticas populares de cuida- convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto
do, entre o cotidiano dos conselhos e dos movimentos populares, específico de interesse da comunidade.
ressignificando saberes e práticas. No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimen-
tos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das
A Educação Popular em Saúde propõe ações em quatro eixos suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também co-
estratégicos nhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perce-
• Participação, controle social e gestão participativa; ber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando
• Formação, comunicação e produção de conhecimento; sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes.
• Cuidado em saúde; Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de tra-
• Intersetorialidade e diálogos multiculturais. balho de todos os membros da equipe.
Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-se:
- Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar
a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com
letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares
mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo;
- Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos par-
ticipantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial;
33 http://portalms.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/gestao-partici-
pativa-em-saude/educacao-popular-em-saude

380
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposição Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde
das necessidades e expectativas de todos.
A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada Objetivos
às necessidades do momento; - Relacionar a teoria da educação com a prática vivenciada;
- Estimular a participação de todos; - Relacionar os conceitos de comunicação e participação à prá-
- Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo, tica educativa;
bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão - Refletir sobre onde estamos e o que esperamos da ação edu-
sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções cativa;
culturais, religiosas ou pessoais; - Decidir qual é a educação que pretendemos praticar.
- Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado,
que contribuirão para uma melhor qualidade de vida; Repensando a Prática
- Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo Existem várias maneiras de entender e fazer educação. Muitas
grupo; vezes, na prática, a educação tem sido considerada apenas como
- Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturali- divulgação, transmissão de conhecimentos e informações, de for-
dade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a con- ma fragmentada e, muitas vezes, distante da realidade de vida da
fiança e a satisfação das pessoas; população ou indivíduo.
- Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventual- “É sempre bom lembrar que a atividade educativa não é um
mente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo processo de condicionamento para que as pessoas aceitem, sem
todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles que só compa- perguntar, as orientações que lhes são passadas. A simples infor-
recem às reuniões para discutir seus problemas pessoais; mação ou divulgação ou transmissão de conhecimento, de como ter
- Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recursos saúde ou evitar uma doença, por si só, não vai contribuir para que
audiovisuais, bonecos, balões etc.; uma população seja mais sadia e nem é fator que possa contribuir
- Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos dis- para mudanças desejáveis para melhoria da qualidade de vida da
cutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimen- população”.
to de dúvidas. “As mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por saúde
ocorre quando o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saú-
Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve bus- de participam. A discussão, a reflexão crítica, a partir de um dado
car desenvolver, estão: conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e consequências,
- Ter boa capacidade de comunicação; permitem que se chegue a uma concepção mais elaborada acerca
- Usar linguagem acessível, simples e precisa; do que determina a existência de uma doença e como resolver os
- Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança; problemas para modificar aquela realidade”.
- Acolher o saber e o sentir de todos;
- Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores Os Problemas e Desafios
que não sejam os seus próprios; Muitos daqueles que trabalham na área da Educação encon-
- Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser debati- tram dificuldades no seu dia-a-dia, como:
do; - Recomendação de práticas diferentes por instituições diferen-
- Ter conhecimentos técnicos; tes e relacionadas a uma mesma ação que se espera da população.
- Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber - Recomendação de práticas com barreiras socioeconômicas ou
responder a alguma pergunta. culturais que dificultam e/ou restringem a sua execução.
- Despreocupação com o universo conceitual da população,
Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser ofereci- achando que tudo depende da transmissão do conhecimento téc-
dos, se possível, materiais impressos e explicar a importância do nico.
acompanhamento contínuo na UBS, assim como o funcionamento
dos serviços disponíveis. Cabe a nós propiciar condições para que o processo educativo
Sempre que possível envolver os participantes do grupo no aconteça e, para isso, devemos ter muito claro o que entendemos
planejamento, execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso por educação.
estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em Uma maneira de perceber se uma atividade educativa está de
que se sentem capazes, envolvidos e responsáveis pelo sucesso do acordo com uma proposta de educação transformadora é descobrir
trabalho. qual a sua utilidade. Analisando as atividades de Educação em Saú-
de desenvolvidas nos serviços de saúde, na escola, na comunidade.
Nas atividades em grupo, é possível que:
- As pessoas que compõem o grupo se conheçam, troquem ex- “A partir de Algumas das características do processo de edu-
periências e informações; cação, partimos da admissão de que existe dois saberes: o saber
- As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente, técnico e o saber popular, distintos, mas não essencialmente opos-
expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre te- tos, e que a educação, como processo social, exigirá o confronto e a
mas que geralmente são comuns a todos; superação desses dois saberes”.
- O coordenador do grupo trabalhe as informações, ajudando “Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber popular
cada um dos participantes a expor suas ideias, estimulando o res- que chega a ser considerável. Embora a este saber falte uma siste-
peito entre os participantes; matização coletiva, nem por isso é destituído de validez e importân-
- As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na re- cia. Não pode, pois, ser confundido com ignorância e desprezado
solução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio. como mera superstição. Ele é o ponto de partida e sua transforma-
ção, mediante o apoio do saber técnico-científico, pode constituir-
-se num processo educativo sobre o qual se assentará uma organi-
zação eficaz da população, para a defesa dos seus interesses.”

381
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
“O saber técnico, ao se confrontar com o saber popular, não medo do desconhecido, como a utilização de recursos tecnológicos,
pode dominá-lo, impor-se a ele. A relação entre estes dois sabe- muitas vezes invasivos, linguagem técnica e rebuscada, pela apreen-
res não poderá ser a transmissão unidirecional, vertical, autoritária, são de estar em um ambiente estranho, e ainda pela preocupação
mas deverá ser uma relação de diálogo, relação horizontal, bidire- com sua integridade física, em decorrência do processo patológico,
cional, democrática. Diálogo entendido não como um simples falar motivo de sua internação hospitalar.
sobre a realidade, mas como um transformar-se conjunto dos dois Assim, ao considerarmos o enfermeiro o profissional que per-
saberes, na medida em que a própria transformação da realidade manece mais tempo ao lado do cliente, este deve ser o facilitador
é buscada.” na promoção do bem-estar bio-psico-sócio-espiritual e emocional
do cliente, conduzindo-o às melhores formas de enfrentamento do
“O conteúdo educativo deste processo de encontro e confron- processo de hospitalização. Consideramos relevante realizar uma
to não será, portanto, predeterminado pelo pólo técnico. O con- reflexão sobre as interfaces do cuidado emocional ao cliente hos-
fronto dar-se-á num processo de produção em que o conteúdo é pitalizado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da
o próprio saber popular que se transforma com a ajuda do saber assistência de enfermagem, sob o prisma do processo de comuni-
técnico, enquanto instrumento do próprio processo.” cação.
“A ação educativa não implica somente na transformação do
saber, mas também na transformação dos sujeitos do processo, A comunicação e o cuidado emocional
tanto dos técnicos quanto da população. O saber de transformação O termo comunicar provém do latim communicare que signifi-
só pode produzir-se quando ambos os pólos da relação dialógica ca colocar em comum. A partir da etimologia da palavra entende-
também se transformam no processo.” mos que comunicação é o intercâmbio compreensivo de significa-
Cumpre, finalmente, lembrar que um processo educativo como ção por meio de símbolos, havendo reciprocidade na interpretação
o que se esboça acima supõe, também, por parte dos técnicos que da mensagem verbal ou não verbal. Freire afirma que “o mundo
dele participam competência técnica, no mais amplo sentido da pa- social e humano, não existiria como tal, se não fosse um mundo de
lavra, o que significa conhecimento não apenas dos aspectos mera- comunicabilidade, fora do qual é impossível dar-se o conhecimento
mente tecnológicos, mas também conhecimento das estruturas e humano. A intersubjetividade ou a intercomunicação é a caracterís-
processos econômicos e políticos da sociedade na qual se insere a tica primordial deste mundo cultural e histórico”.
sua prática social. “Portanto, boa vontade só não basta.” Partimos da premissa de que a comunicação é um dos mais im-
portantes aspectos do cuidado de enfermagem que vislumbra uma
Comunicação melhor assistência ao cliente e à sua família que estão vivenciando
O mundo globalizado de hoje, exige profissionais cada vez mais ansiedade e estresse decorrentes do processo de hospitalização, es-
capacitados, principalmente, do ponto de vista tecnológico, exigin- pecialmente em caso de longos períodos de internação ou quando
do atributos e conhecimentos dos trabalhadores para responder às se trata de quadros de doença terminal. Portanto, a comunicação é
demandas impostas pelas mudanças sociais e econômicas. Nesse algo essencial para se estabelecer uma relação entre profissional,
contexto as interações pessoais acabam por assumir uma condição cliente e família. Algumas teorias afirmam que o processo comuni-
inferior. Estamos vivendo num mundo de poucas palavras, onde a cativo é a forma de estabelecer uma relação de ajuda ao indivíduo
imagem predomina, em uma cultura onde a razão se sobrepõe à e à família.
emoção. A cada dia, visualizamos a valorização do ter e a deificação Tratando-se do relacionamento enfermeiro-cliente, o processo
do ser. de comunicação precisa ser eficiente para viabilizar uma assistência
Englobado por essas reformulações econômicas, sociais e polí- humanística e personalizada de acordo com suas necessidades. Por-
ticas, o setor saúde sofre os impactos dos ajustes macroestruturais tanto, o processo de interação com o cliente se caracteriza não só
de busca da produtividade, tecnologia e qualidade dos serviços, por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados
exigindo novos atributos de qualificação dos profissionais de saú- do enfermeiro, mas, também por atitudes de sensibilidade, aceita-
de. É a partir dessa premissa, e diante da nossa realidade enquan- ção e empatia entre ambos.
to atores do cenário do cuidado físico e mental, que reforçamos a O objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. Cuidado
importância de que seja discutido, entre os diversos profissionais esse que deve ser prestado de forma humana e holística, e sob a luz
de saúde ligados diretamente à assistência ao cliente, e aqui desta- de uma abordagem integrada, não poderíamos excluir o cuidado
camos o enfermeiro, o cuidado emocional, resultando na busca do emocional aos nossos clientes, quando vislumbramos uma assis-
bem estar e qualidade de vida do cliente. tência de qualidade. Ao cuidarmos de alguém, utilizamos todos os
Nessa realidade o enfermeiro deve buscar conhecimentos e nossos sentidos para desenvolvermos uma visão global do processo
processo instrucional para encontrar uma maneira de ação que tor- observando sistematicamente o ambiente e os clientes com o intui-
ne o cuidado de enfermagem mais humano. Pois, como agente de to de promover a melhor e mais segura assistência. No entanto, ao
mudança, o enfermeiro de amanhã será diferente do de hoje, e o de nos depararmos com as rotinas e procedimentos técnicos deixamos
hoje é diferente do de anos passados. Os novos horizontes da enfer- de perceber importantes necessidades dos clientes (sentimentos,
magem exigem do profissional responsabilidade de elaboração de anseios, dúvidas) e prestar um cuidado mais abrangente e persona-
um cuidado holístico, devendo estar motivado para acompanhar os lizado que inclua o cuidado emocional.
conhecimentos e para aplicá-los. Skilbeck & Payne conduziram uma revisão de literatura objeti-
Uma das principais e mais comuns situações vivenciadas por vando compreender a definição de cuidado emocional e como en-
enfermeiros é o cuidado prestado ao cliente submetido à interna- fermeiros e clientes podem interagir para produzir relacionamentos
ção hospitalar. Embora possa ser o cotidiano de milhares de enfer- de suporte emocional. As autoras relatam a ausência de uma defi-
meiros, a experiência da internação hospitalar cria situações únicas nição clara do que venha a ser o cuidado emocional existindo va-
de estresse não só para os clientes, mas também para suas famílias. riações na literatura quanto ao uso dessa terminologia ao referir-se
Vários pesquisadores têm documentado a repercussão dos níveis como “cuidado emocional e apoio”, “cuidado psicológico” e “cui-
de estresse, ansiedade e angústia na evolução e prognóstico de um dado psicossocial”. Ao realizarem uma análise mais detalhada as
cliente, bem como no âmbito familiar. Na perspectiva do cliente que autoras perceberam ainda que o cuidado emocional pode ter vários
necessita de internação hospitalar esse processo é permeado pelo

382
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
significados quando visto sob o prisma de diferente marcos teórico tados pelo cliente conforme seu conhecimento, e o impacto emo-
e contextos sociais, e, portanto a ausência de uma definição e sig- cional da postura silenciosa de enfermeiros e médicos, podem agra-
nificados próprios repercute na prática assistencial do enfermeiro. var ainda mais o estado de ansiedade e tensão. Portanto, atitudes
Contudo, para a condução de nossa reflexão assumimos que como estas devem ser evitadas durante toda a internação, na ten-
o cuidado emocional é a habilidade de perceber o imperceptível, tativa de minimizar seu impacto na qualidade assistencial do cliente
exigindo alto nível de sensibilidade para as manifestações verbais e no momento em que este se encontra mais fragilizado.
não verbais do cliente que possam indicar ao enfermeiro suas ne- Destarte para uma melhor qualidade dos serviços de saúde é
cessidades individuais. vital conhecer não só a visão do cliente, mas também da família de
Portanto, consideramos que a promoção de um cuidado holís- forma a estarmos sensíveis para oferecer um cuidado que atenda
tico que envolva as necessidades bio-psico-sócio-espiritual e emo- às expectativas do cliente e da família diminuindo a repercussão do
cional perpassa por um processo comunicativo eficaz entre enfer- estresse e ansiedade no processo de hospitalização.
meiro-cliente. Todavia entendemos que o processo de comunicação Segundo Wright & Leahey “a enfermagem tem um compro-
se constrói de diferentes formas, e que para haver comunicação a misso e obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. A
expressão verbal (através do uso das palavras) ou não verbal (a pos- evidência teórica, prática e investigacional do significado que a fa-
tura, as expressões faciais, gestos, aparência e contato corporal) de mília dá para o bem-estar e a saúde de seus membros bem como
um dos sujeitos, tem que ser percebida dentro do universo de sig- a influência sobre a doença, obriga os enfermeiros a considerar o
nificação comum ao outro. cuidado centrado na família como parte integrante da prática de
Caso isso não aconteça, não haverá a compreensão de sinais enfermagem”.
entre os sujeitos, inviabilizando o processo comunicativo e conse- A promoção do cuidado emocional tem alcançado resultados
quentemente comprometendo o cuidado. Waldow deixa claro que positivos na sobrevida do cliente. McCorkle et al realizaram um
o cuidar se inicia de duas formas: como um modo de sobreviver e estudo correlacionando os sintomas de estresse e as intervenções
como uma expansão de interesse e carinho. Assim, o primeiro faz- de cuidado do emocional. Os autores encontraram uma relação
-se notar em todas as espécies animais e sexos, e o segundo ocorre estatisticamente significante entre os sintomas e as intervenções
exclusivamente entre os humanos, considerando sua capacidade de revelando que os clientes que morreram mais precocemente foram
usar a linguagem, entre outras formas, para se comunicar com os aqueles que receberam menos intervenções de cuidado emocional.
outros. A partir dessas evidências ratificamos a importância do cuidado
Para aperfeiçoar uma assistência mais holística a equipe de emocional para a recuperação e sobrevida do cliente hospitalizado,
enfermagem pode estabelecer estratégias de cuidados para atingir todavia, não devemos nos esquecer em momento algum o cuida-
seus objetivos. Contudo, ratificamos uma vez mais que a comunica- do técnico-científico. Na realidade, essas diferentes dimensões do
ção é o elemento chave para a construção de qualquer estratégia cuidado devem caminhar juntas, se complementando harmonica-
que almeje o cuidado emocional. Alguns autores têm identifica- mente.
do que problemas de comunicação ou comunicação insatisfatória Para prestarmos o cuidado emocional é necessário sermos
entre enfermeiro e cliente, especialmente quando relacionados a bons ouvintes, expressando um olhar atencioso, tocando e confor-
clientes terminais, devido ao medo da morte, ansiedade do enfer- tando os nossos clientes, e recuperando sua autoestima.
meiro sobre a habilidade do cliente de enfrentar a doença, falta de Quanto aos efeitos comportamentais do tocar, olhar e do ouvir,
tempo, falta de treinamento de como interagir com estes clientes, estes apresentam contribuição essencial à segurança, proteção e
e ansiedade sobre as consequências negativas para os clientes têm autoestima de uma pessoa. Segundo Montagu, o tocar desenvolve
repercutido no estabelecimento de uma melhor interação enfer- ostensivas vantagens em termos de saúde física e mental. Tocar al-
meiro-cliente. guém com a intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si só
Portanto, se faz relevante que o enfermeiro possa submeter-se já é terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável e faz
a treinamentos relacionados à habilidade de comunicação. parte do cuidado emocional.
Heaven & Maguire realizaram uma sondagem pré-teste, conce- Consideramos que o cuidado emocional ao cliente hospitaliza-
deram treinamento sobre habilidades comunicativas aos enfermei- do se faz de suma importância para a melhoria da qualidade de
ros e realizaram um pós-teste. Ao final do estudo os autores identi- vida, não só do cliente, mas de sua família. Enfatizamos a impor-
ficaram que a habilidade de comunicação do enfermeiro melhorou tância da visita de enfermagem com uma abordagem sistematizada
de forma significativa após o treinamento. Wilkinson et al e Kruijver visando um atendimento holístico como uma oportunidade de pro-
et al encontraram que após um treinamento dessa natureza as en- mover o cuidado emocional. Essa sistematização do cuidado deve
fermeiras melhoraram a avaliação dos problemas do cliente e do estar registrada, de forma a proporcionar uma comunicação efetiva
conteúdo emocional revelados pelo mesmo. entre os membros da equipe de saúde e a avaliação da eficácia do
Além de uma educação continuada relacionada à comunicação cuidado prestado ao cliente, contribuindo para um melhor nível as-
sugerimos a visita diária de enfermagem como um importante ar- sistencial.
tifício para identificar o nível de necessidade de segurança, amor, Devemos enxergar o cliente hospitalizado como um ser com-
autoestima, espiritualidade e biofisiológico do cliente. É a partir da plexo que possui necessidades no âmbito bio-psico-sócio-espiritual
visita de enfermagem que o enfermeiro estabelece um processo de e emocional o qual se encontra fragilizado pela doença. Porém, essa
comunicação com o cliente possibilitando o esclarecimento de dú- pessoa ainda mantém a sua individualidade, e na maioria das vezes
vidas quanto à evolução e prognóstico do cliente, aos procedimen- é capaz de decidir e/ou opinar sobre o cuidado a ser prestado. E
tos a serem realizados, normas e rotinas da instituição ou unidade os enfermeiros devem estar sensibilizados para perceber essa in-
de internação e estrutura física hospitalar, desempenhando um im- dividualidade e as necessidades de cada um, facilitando assim seu
portante papel na redução dos quadros de tensão e ansiedade que processo de recuperação, diminuindo o tempo da internação e con-
repercutem no quadro clínico do cliente. sequentemente os índices de infecção hospitalar.
Do contrário uma inviabilização do processo comunicativo na
relação profissional-cliente, pode desencadear situações de estres-
se. Santos refere que os diálogos ocorridos junto à cama do cliente,
repletos de termos técnicos, geralmente inacessíveis, são interpre-

383
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nessa perspectiva esperamos que esta reflexão seja mais um avaliação. A população deverá participar “tomando parte” nas de-
passo para a realização de muitas outras, além de estudos mais de- cisões, assumindo as responsabilidades que lhe cabem, compreen-
talhados que contemplem o cuidado emocional em enfermagem dendo as ações de caráter técnicas realizadas ou indicadas.
aos diferentes tipos de clientes, contribuindo assim para a melhoria Neste processo, as respostas aos problemas não são prepara-
da qualidade da assistência de enfermagem. das e decididas pelos técnicos, mas são buscadas, a partir da análise
e reflexão, entre técnicos e população sobre a realidade concreta,
A Educação em Saúde: Planejando nossa Ação seus problemas, suas necessidades e interesses na área da saúde.
Esta ação conjunta pressupõe um processo dialógico, bidirecional e
Objetivos democrático, que favorecerá não só a transformação da realidade,
- Discutir e analisar o conceito de planejamento, com ênfase no mas também dos próprios técnicos e da população.
planejamento participativo.
- Identificar a relação existente entre o processo educativo, a Etapas do Planejamento
participação e o planejamento participativo. O planejamento, sendo um processo ordenado, pressupõe cer-
- Identificar as principais etapas do planejamento. tos passos, momentos ou etapas básicas, estabelecidos em uma
- Identificar as fases do diagnóstico para a operacionalização ordem lógica. Para o planejamento do componente educativo das
das ações educativas. ações de saúde, regra geral, seguem-se as seguintes etapas:
- Refletir e decidir qual o papel da equipe e de cada profissional - Diagnóstico, compreendendo a coleta de dados, a discussão,
no desempenho de sua função educativa. a análise e interpretação dos dados, e o estabelecimento de prio-
ridades.
Planejamento - Plano de Ação, incluindo a determinação de objetivos, popu-
Fazer planos é uma atividade conhecida do homem desde que lação-alvo, metodologia, recursos e cronograma de atividades.
ele se descobriu com capacidade de pensar antes de agir. Mas foi - Execução, implicando na operacionalização do plano de ação.
com o desenvolvimento comercial e industrial, ocorrido com o ca- - Avaliação, incluindo a verificação de que os objetivos propos-
pitalismo, que surgiu a preocupação de planejar as ações antes que tos foram ou não alcançados.
elas ocorressem. Hoje, em todos os setores da atividade humana, fa-
la-se muito em planejamento, com maior ênfase na área governamen- Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilida-
tal. Atualmente ele é uma necessidade em todas as áreas de atuação. de, que permite a reformulação das ações planejadas durante sua
Quanto maior a complexidade dos problemas, maior é a necessidade execução. A avaliação, nesta perspectiva, deve iniciar-se na etapa
de planejar as ações para garantir melhores resultados. de diagnóstico e acompanhar todas as fases do planejamento. A
Planejar, definindo de forma simples e comum, é não improvi- avaliação realizada após a execução, além de identificar os resulta-
sar. É compatibilizar um conjunto diversificado de ações, de manei- dos alcançados, também fornece subsídios para a reprogramação
ra que sua operacionalização possibilite o alcance de um objetivo das ações, bem como indica a necessidade de novas ações de diag-
comum. É o processo de decidir o que fazer. É a escolha organizada nóstico.
dos melhores meios e maneiras de se alcançar os objetivos propos-
tos. Planejar é preparar e organizar bem uma ação, decidir o que fazer O que entendemos por diagnóstico
e acompanhar a sua execução, reformular as decisões tomadas, redire- É uma leitura da realidade, que se aproxima o mais possível
cionar a sua execução, se necessário, e avaliar os resultados ao seu tér- da “verdadeira realidade”, permitindo a compreensão e a sistema-
mino. Acompanhar a execução das ações é importante para verificar se tização dos problemas e necessidades de saúde de uma população,
os objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não. bem como o conhecimento de suas características socioeconômi-
O processo de planejamento contempla pelo menos três mo- cas e culturais. Deve permitir também o conhecimento das causas
mentos em permanente interação: preparação, acompanhamento (variáveis) e consequências de seus agravos de saúde, e como estes
e revisão crítica dos resultados, buscando-se sempre caminhos que influenciam e são influenciados por fatores econômicos, políticos e
facilitem a realização do que foi previsto. Se em todos os setores da de organização dos serviços de saúde e da sociedade.
atividade humana o planejamento se reveste da maior importância Ao pensar em uma ação educativa problematizadora, partici-
para prever melhor as ações e seus efeitos, a área da Educação em pativa e dialógica, com o propósito de intervenção para mudanças,
Saúde não pode fugir a esta premissa. pressupõe-se o desencadeamento de ações para o diagnóstico da
situação.
A Educação para a participação e o Planejamento Participa- “Como agir sobre uma realidade, para transformá-la, sem co-
tivo nhecê-la? E como conhecê-la sem estudá-la? A ação participativa,
Existem várias formas de fazer planejamento. “Quando apenas portanto, se inicia e se fundamenta na investigação da realidade
as equipes de saúde pensam e decidem o que deve ser feito, isto é feita pelos sujeitos dessa realidade. É, pois, uma atividade coletiva,
um planejamento centralizado. Ele é mais rápido e permite o con- feita não pelos técnicos sobre a população, mas pelos técnicos e a
trole pelo gestor de saúde, e atende às necessidades de natureza população sobre a realidade compartilhada.”
epidemiológica, mas, frequentemente não reflete as necessidades O diagnóstico é o momento da identificação dos problemas,
mais sentidas da população, e nem sempre permite a participação suas causas e consequências, e principais características. É o mo-
social no controle e fiscalização das ações.” mento em que também se buscam explicações para os problemas
Outra forma é a do planejamento participativo, onde a popu- identificados.
lação, junto com a equipe de saúde, discute seus problemas e en-
contra as soluções para as suas reais necessidades. Esta forma de Fases do Diagnóstico
planejar aproxima-se mais da proposta da educação para a partici- Coleta de Dados: A coleta de dados deve propiciar a leitura da
pação nas ações de saúde. realidade concreta, a sua compreensão, a identificação dos proble-
Uma ação educativa problematizadora e participativa, numa mas e necessidades de saúde de determinados grupos e/ou popula-
perspectiva mudança, pressupõe que a população compartilhe de ção. Deve também obter dados para o conhecimento de suas carac-
forma real de todos os passos da ação: planejamento, execução e terísticas socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, entre outras.

384
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Direta ou indiretamente, fornece subsídios sobre as principais causas gue identificar o ponto-chave do problema, encontrar estratégias
dos agravos de saúde e sua inter-relação com os fatores relacionados à de ação que viabilizam intervenções sucessivas e complementares,
organização de serviços de saúde e outros, mostrando, também, como ao mesmo tempo em que permite um trabalho interinstitucional,
todos os envolvidos agem e reagem frente aos problemas identifica- com a participação dos profissionais de saúde, usuários e grupos
dos. As fontes de dados podem ser boletins epidemiológicos, relató- interessados. Neste caso, pode haver confronto, conflito, pessimis-
rios, planilhas, fichas, prontuários, artigos científicos, livros de atas, e mo, otimismo, consenso, mas não imobilismo.
outros à disposição. Neste caso, podemos utilizá-los selecionando os As ações educativas previstas são partes do processo de Ação
dados que sejam úteis para o diagnóstico pretendido. A este tipo de - Análise - Reflexão - Decisão - Ação. Esta forma de interpretação
dados damos o nome de “secundários”. define: múltiplas causas - de diferentes naturezas e com diferentes
Os dados chamados “primários” são aqueles que necessitam pesos, e vários efeitos - interdependentes.
ser coletados, no momento do diagnóstico, junto ao grupo ou po-
pulação. Podem ser recolhidos por meio de diferentes instrumentos Estabelecimento de Prioridades: É a última fase do diagnós-
e/ou técnicas (questionário, formulário, ficha de observação, entre- tico. Neste momento, equipe de saúde, grupos e população inte-
vista, observação participante, dramatização e outros). A sua ade- ressada definem, entre os problemas identificados, aqueles que
quação deverá ser constantemente avaliada, permitindo que os da- são passíveis de intervenção, no nível da organização de serviços,
dos colhidos se aproximem o mais possível da realidade concreta. de socialização do conhecimento científico atual, da participação
É comum, num diagnóstico, utilizarmos dados primários e se- da população, em nível individual e/ou coletivo, que contribuirão
cundários para o conhecimento mais global da problemática da saú- para a melhoria da saúde da comunidade. A partir dessa decisão, o
de/doença de uma determinada população-alvo. Existem formas próximo passo é a elaboração do Plano de Ação, detalhando as ati-
diferentes de se colher dados para o diagnóstico de uma situação. vidades que deverão ser desenvolvidas, definindo: objetivos, popu-
lação-alvo, recursos humanos, materiais e financeiros necessários,
Discussão, Análise e Interpretação dos Dados: Vários fatores estratégias de execução e critérios de avaliação.
influenciam a definição da forma de coletar dados, assim como os
instrumentos e técnicas a serem utilizados. Esta definição também O acesso à informação em saúde
influi na análise e interpretação de dados ou fatos, nas relações de É fundamental para reduzir iniquidades e promover transfor-
causa-e-efeito, assim como nas propostas de intervenção. mações sociais necessárias para a qualidade de vida e o bem-estar
Entre outros, temos: mais democrático das populações. O conceito ampliado de “saúde”,
- a postura e visão daqueles que são os responsáveis pelo de- tão discutido nos debates que deram origem ao Sistema Único de
sencadeamento das ações de diagnóstico de uma dada situação Saúde (SUS), está intimamente relacionado à ideia de cidadania. E
problema; uma das bases essenciais ao exercício pleno da cidadania e do direi-
- o tipo de dados a serem coletados; to à saúde é o direito à comunicação e à informação.
- a situação-problema ser ou não emergencial; Uma reportagem da Revista Radis, de fevereiro de 2006, dizia:
- a postura e visão da população a ser envolvida; “Se comunicação é troca de informações e sentidos, o estabele-
- o compromisso com a participação real. cimento de vínculos entre sujeitos diversos, comunicar em saúde
não é apenas montar e oferecer bancos de dados. Também não é
Esses fatores direcionam para um diagnóstico descritivo/analítico somente veicular peças publicitárias ou apelar à mídia para que di-
e/ou participativo. Quando definimos qual será nossa prática a partir vulgue o que há de bom no sistema (...).” Relacionar comunicação,
de um modelo de pensamento uni casual, além de podermos incorrer informação e saúde no Brasil passa, por exemplo,pelo debate sobre
no equívoco de colocar em execução um plano de ação baseado em o papel que a mídia tem ocupado na observação do SUS, havendo
prioridades e objetivos que dificilmente terão como produto final a uma crítica por parte de profissionais de saúde quanto à recorrência
resolução do problema, ainda corremos o risco de dirigir recursos, pro- de matérias voltadas para destacar as falhas do SUS, em detrimento
fissionais e ações para áreas que extrapolam o nosso poder de decisão. da dimensão e importância do sistema como um todo para o país.
Essa forma de diagnóstico pode também levar o profissional de O campo da Comunicação, Informação e Saúde aponta para
saúde a uma falsa percepção de suas possibilidades de ação. Pode uma interface entre essas três dimensões, não se reduzindo a uma
também, ingenuamente, achar que somente com ações educativas visão instrumental, ou seja, da comunicação e informação como um
irá resolver os problemas relacionados à saúde coletiva. conjunto de ferramentas de transmissão de conteúdos a serviço da
Uma nova forma de interpretação e análise dos dados: “Nes- saúde, mas também como processos sociais de produção de senti-
te modelo, o pressuposto é de um conjunto de variáveis, que se dos, em espaços de lutas e negociações. A comunicação e a infor-
relacionam e determinam entre si, produzindo um efeito. Há variá- mação devem ser pensadas visando aperfeiçoar o sistema público
veis que têm um peso maior na produção do efeito, assim como há de saúde e assegurar a participação dos cidadãos na construção das
outras que atuam mais ou menos diretamente sobre ele.” Procura políticas públicas da área. Para isso, é fundamental pensá-las com
saber “o quê influi em quê”, e descobre que as prioridades para base nos princípios e diretrizes do SUS (Araújo; Cardoso, 2007).
a solução do problema envolvem ações educativas, de reorganiza- Os termos Informação, Educação e Comunicação em Saúde se
ção do Posto de Saúde, de treinamento dos profissionais de saúde, articulam e permeiam as políticas de saúde. Inicialmente, precisa-
além da dificuldade econômica da família, das condições de traba- mos conhecer cada uma dessas áreas para em seguida entender-
lho, da falta de creche, pré-escola e outras. Este modelo ou forma mos como elas se aplicam no SUS.
de análise e interpretação dos dados coletados define: Múltiplas
causas - de diferentes naturezas, mas com pesos iguais, e um efeito Informação
- ida ao Pronto-Socorro. É a interpretação “Multicausal”. Ferreira (2008) define informação como “fatos conhecidos ou
A partir dessa análise e interpretação, a equipe e demais envol- dados comunicados acerca de alguém ou algo; tudo aquilo que, por
vidos podem estabelecer prioridades, no seu nível de resolutivida- ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendido, assimi-
de, para atenuar o problema da família e de outras com problemas lado ou armazenado pela percepção e pela mente humanas”.
semelhantes e, assim, contribuir para uma melhoria nas condições
de saúde. Neste caso, o grupo responsável pela intervenção conse-

385
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Considerando que a Constituição Federal estabeleceu em seu Importante!
art. 5º - Inciso XIV que, “é assegurado a todos o acesso à informação Assim como o SUS é um sistema em permanente mudança e
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro- constante pactuação entre os diversos setores que o compõem, o
fissional”; é direito da população receber informações e é responsa- debate e as ações para a melhoria da qualidade da comunicação
bilidade do Estado e do Governo estabelecer um fluxo informativo e e da informação em saúde e sobre o próprio SUS no país também
comunicativo com seus cidadãos BRASIL, 1988). devem seguir essa dinâmica de mudança e pactuação (FERREIRA;
SARAIVA, 2008, p. 33).
Educação
Segundo Freire (2013) a educação não deve ser uma mera Na 11ª Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2001) começou
transmissão de conhecimento, mas criar uma possibilidade do edu- a ser discutida a Política de Informação, Educação e Comunicação
cando construir o seu próprio conhecimento baseado no conheci- (IEC): as políticas de IEC devem compreender o fortalecimento da
mento que ele traz de seu dia-a-dia. cidadania e do controle social visando a melhoria da qualidade e
humanização dos serviços e ações de saúde; devem contribuir para
Comunicação o acesso das populações socialmente discriminadas aos insumos
Para Ferreira (2008), a comunicação é o processo de emissão, e serviços de diferentes níveis de complexidade; devem garantir a
transmissão e recepção de mensagens por meio de métodos e/ou apropriação por parte dos usuários e população de todas as infor-
sistemas convencionados; a mensagem recebida por esses meios; mações necessárias para a caracterização da situação demográfica,
a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, e sócio-econômica; estar voltada para a promoção da saúde, que
com vista ao bom entendimento entre pessoas. abrange a prevenção de doenças, a educação para a saúde, a prote-
A Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização ção da vida, a assistência curativa e a reabilitação, sob responsabili-
das Nações Unidas assegura que “a informação é unanimemente dade das três esferas de governo, utilizando pedagogia crítica, que
reconhecida como direito universal inviolável e inalienável do ho- leve o usuário a ter conhecimento também de seus direitos; dar
mem moderno correspondente a uma profunda necessidade de visibilidade à oferta de serviços e ações de saúde do SUS; motivar
sua natureza racional”, ou seja, este direito deve ser respeitado es- os cidadãos a exercer os seus direitos e cobrar as responsabilidades
pecialmente pelos governos. Neste sentido, Torquato (2010, p. 128) dos gestores públicos e dos prestadores de serviços de saúde.
defende que a comunicação deve ser vista pelos governos como Os usuários devem ser bem informados, devem participar de
fundamental na construção da cidadania. forma ativa de seus cuidados de saúde. Segundo Müller (2009) os
profissionais de saúde não podem ser colocados como os principais
Então como é entendida a comunicação? responsáveis pela má qualidade desta comunicação, pois muitas
A comunicação deve ser entendida como um dever da admi- vezes os usuários estão numa situação de desespero, ansiosos por
nistração pública e um direito dos usuários e consumidores dos ser- informações ou exposição de suas dúvidas e expectativas. Além dis-
viços. Sonegar tal dever e negar esse direito é um grave erro das so, eles podem compreender de forma imprópria as informações
entidades públicas. Os comunicadores precisam internalizar esse fornecidas pelos profissionais, daí a importância de se utilizar uma
conceito, na crença de que a base da cidadania se assenta também linguagem clara e acessível para o usuário.
no direito à informação (TORQUATO, 2010, p. 128). Ao discorrerem sobre a Política de Informação, Educação e Co-
É importante compreender que a educação em saúde consti- municação (IEC), Vasconcellos, Moraes e Cavalcante (2005) defen-
tui um conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção dem que:
de doenças e promoção da saúde (COSTA; LÓPEZ, 1996). Portanto, O acesso à informação amplia a capacidade de argumentação
trata-se de um recurso por meio do qual o conhecimento cientifi- dos atores sociais nos processos de pactuação e, participar da defi-
camente produzido no campo da saúde, intermediado pelos pro- nição sobre qual informação a sociedade quer é ampliar ainda mais
fissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, uma vez as possibilidades de intervir sobre a realidade.
que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença [...] qualquer modelo de comunicação é uma simplificação da
oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de realidade, mas esse deixa de fora, ou dá muito pouca importância a
saúde (ALVES, 2005). aspectos que são fundamentais em qualquer prática comunicativa:
Segundo Fonseca (2011), a educação sanitária é uma pratica os contextos, as situações concretas em que a comunicação aconte-
educativa que induz um determinado público a adquirir hábitos ce, as pessoas reais que dela participam, com suas histórias de vida,
que promovam a saúde e evite a doença e tem de ser um processo ideias, interesses, preocupações, disposições, indisposições.
contínuo, permanente e construído na medida em que o indivíduo Já Cardoso (2006, p. 50), quando trata da comunicação e saúde
aprofunda seu conhecimento. O foco da educação sanitária deve e os desafios que trazem para fortalecer o SUS, afirma que:
estar voltado para profissionais e população em relações de inte- Cardoso (2006, p. 47-49) descreve as principais propostas so-
ração, comunicação, cooperação e responsabilidade conjunta em bre comunicação em saúde da 8ª à 12ª Conferência Nacional de
solucionar problemas. Saúde, sempre em estreita relação com o tema controle social, com
Ainda segundo o autor, a comunicação e a educação podem ga- destaque para a comunicação nos conselhos de saúde e nos servi-
nhar expressão concreta nas ações de mobilização dos profissionais ços, ações e equipes de saúde:
de saúde, da comunidade e dos movimentos sociais, para que esses 01 - Democratização da comunicação com a sociedade, que ga-
atores reconstruam suas práticas. ranta maior visibilidade ao direito à saúde, aos princípios do SUS, às
políticas e aos orçamentos da saúde, visando ampliar a participação
Políticas de Informação, Educação e Comunicação no SUS e o controle social.
As políticas de informação, educação e comunicação em saúde 02 - Respeito à diversidade e características regionais, culturais,
começaram a ganhar importância durante as Conferências Nacio- étnicas, tecnológicas (possibilidades de acesso), buscando a univer-
nais de Saúde. Na 8ª Conferência Nacional de Saúde já foi indicado salidade, pluralidade de expressão e a imparcialidade da comuni-
que essas áreas devem estar em sintonia com as necessidades do cação.
Sistema Único de Saúde. Ferreira e Saraiva (2008, p. 33) destacam
que:

386
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
03 - Divulgação permanente de informações sobre as ações Até 1987, .no âmbito do MS, os setores que trabalhavam com
de promoção, sobre os serviços de prevenção e assistência do SUS, informação em saúde eram o Serviço de Planejamento de Informa-
assim como das informações epidemiológicas de interesse para a ções, da Secretaria Geral , e o Serviço de Estudos Epidemiológicos,
população. da Divisão Nacional de Epidemiologia da Secretaria Nacional de
04 - Democratizar as informações científicas e epidemiológicas, Ações Básicas de Saúde - SNABS7 .
garantindo ampla divulgação dos conhecimentos, programas e pro- Em agosto de 1987, através de Portaria 413 de 21 de agosto
jetos da comunidade científica para a saúde individual e coletiva, de 1987 (D.O. 24.08.87) o MS aprova novo Regimento Interno da
estimulando a discussão crítica e pública da ciência, tecnologia e Secretaria Geral que cria o Centro de Informações de Saúde (CIS),
saúde. como unidade autônoma (art. 2º - 9). No art. 34, define entre outras
05 - Garantia de acesso às informações e espaços de discussão competências do CIS, a de propor a formulação da Política de Infor-
nos serviços e ações de saúde. mações e Informática do setor saúde. Na Portaria nº 415 de 24 de
06 - Utilização de todos os meios de comunicação: a grande im- agosto de 1987 (D.O. 25.08.87) de aprovação do Regimento Interno
prensa, Internet, as rádios AM e FM, rádios comunitárias, televisão da Secretaria Nacional de Ações Básicas, o Serviço de
aberta, TVs comunitárias, boletins, jornais de bairro, veículos pró- Desenvolvimento de Sistemas de Informação fica sob a respon-
prios dos governos, das entidades, movimentos sociais e de todos sabilidade da Divisão Nacional de Estudos Epidemiológicos.
os segmentos envolvidos com o controle social. Após a reforma administrativa no setor saúde realizada em
07- Considerar as necessidades dos portadores de deficiências, 1990, que transferiu do Ministério da Previdência e Assistência So-
desenvolvendo estratégias de comunicação específicas. cial - MPAS para o Ministério da Saúde a tutoria das questões re-
08 - Os planos e ações de comunicação devem ser aprovados lativas à assistência médica, hospitalar e ambulatorial, e extinguiu
nas instâncias do SUS, com objetivos, orçamentos e formas de ava- a FSESP e a SUCAM, criando como entidade sucessora a Fundação
liação claramente definidos. Nacional de Saúde - FNS, houve um redimensionamento da área de
09 - Garantir permanente comunicação entre os conselhos e informação em saúde.
conselheiros das esferas municipal, estadual e nacional, o que inclui Foram instituídos, como consequência, o Departamento de In-
infraestrutura (espaço físico e equipamentos), pessoal e veículos formática do SUS - DATASUS, com a missão de informatizar o SUS,
próprios de comunicação. coletar e disseminar informações visando apoiar a gestão da saúde
10 - Divulgar com antecedência as datas de reunião dos Con- no país; e o Centro Nacional de Epidemiologia - CENEPI, com o obje-
selhos, esclarecer as suas atribuições e estimular a participação da tivo de coletar e disseminar dados sobre mortalidade infantil, nasci-
população. dos vivos, notificações e agravos de doenças. O DATASUS e o CENEPI
11 - Divulgar amplamente as deliberações dos Conselhos, das fazem parte da FNS/MS, que congrega bancos de dados também
conferências, fóruns e plenárias. ligados às Divisões de Saneamento e de Planejamento desta mesma
12 - Informar a população sobre o papel do Ministério Público, entidade.
PROCON e dos órgãos e conselhos fiscalizadores das profissões. As ações de documentação foram conduzidas pelo Centro de
13 - Todas as unidades de saúde, inclusive as contratadas, de- Documentação do MS (Cf. Portaria nº 48 já citada) que incluía Bi-
vem afixar placas com o logotipo do SUS, em lugar visível e acessí- blioteca e Serviço de Intercâmbio Científico até a publicação da Por-
vel, informando sobre os serviços prestados, as normas e horários taria de nº 413 de 21 de agosto de 1987, já citada, quando, o Centro
de trabalho dos profissionais, nome do gestor responsável e formas de Documentação - CD passou a conter as Divisões de Biblioteca
de contato. - DIBIB; de Intercâmbio Científico - DINCI e de Editoração Técnica e
14 - Desenvolver estratégias de comunicação, integrando pro- Científica - DEDIC.
fissionais, serviços e usuários, visando a melhoria da qualidade e o Quanto à educação em saúde, conforme consta nos documen-
compartilhamento de informações; implementar caixas de coleta tos disponíveis no Ministério, verifica-se que suas ações eram de-
de sugestões, críticas e opiniões que devem ser analisadas e res- senvolvidas em nível nacional pela Divisão Nacional de Educação
pondidas pelo gestor e pelo conselho. em – DNES e nos estados pelas Secretarias Estaduais de Saúde Em
1989, ás Diretrizes de Ação Educativa em Saúde foram elaboradas
Informação, Educação e Comunicação em Saúde: Um Breve com o objetivo de assegurar uma concepção metodológica de ação
Histórico participativa em conformidade com os princípios do SUS.
A Informação, a Educação e a Comunicação, enquanto campos Contudo, como resultado da reforma administrativa, ocorrida
separados de ação em saúde têm, cada qual, sua história peculiar. no MS em 1990, a DNES foi extinta, o que ocasionou uma ruptura
De acordo com Ilara Hammerli, com relação aos sistemas de in- das ações empreendidas nos estados, provocando uma desestru-
formação em saúde no país, verificam-se diferentes enfoques e, por turação da área. A Coordenação de Educação em Saúde - COESA,
conseguinte, diferentes interesses, a serem instrumentalizados em vinculada à SAS, então Secretaria Nacional de Assistência à Saú-
momentos específicos. A estruturação dos sistemas traduz o modo de - SNAS, passou a ser o órgão de referência para as questões de
como o Estado apreende a realidade, a registra e a traduz, na busca educação em saúde no MS. Como estratégia para resgate das expe-
de respostas a determinados interesses e práticas institucionais. riências existentes e avaliação das iniciativas na área, foi realizado o
A informação no contexto da saúde tem estado associada à or- Seminário Internacional de Educação para a Saúde, em Brasília-DF,
ganização de sistemas de dados com o objetivo de apoiar a toma- que reuniu consultores do Brasil, Colômbia, Argentina, México e Es-
da de decisões, para intervenção em uma dada realidade. Assim, o tados Unidos.
papel da informação em saúde tem sido entendido como subsídio A Coordenação de Educação em Saúde - COESA, na ocasião,
a essa intervenção; no entanto ela deve contribuir para o entendi- elaborou um documento - Plano Estratégico de Educação para a
mento de que a “realidade de saúde que traduz, deve influenciar Saúde - com as diretrizes gerais de uma concepção de educação em
decisões e modificar percepções”. saúde, baseada nas práticas educativas do setor, e que apontava os
seguintes entraves:
- verticalidade das ações;
- descontinuidade dos programas;
- predominância do enfoque biologista e mecanicista;

387
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- desarticulação dos saberes (técnico e popular); Saúde Pública - SUCAM, a Secretaria Nacional de Ações Básicas de
- redução da ação educativa à veiculação de campanhas pu- Saúde - SNABS, e a também extinta Fundação de Serviços de Saúde
blicitárias e massificação de informações sem criar mecanismos de Pública - FSESP.
retorno; Em 1985, após a reforma administrativa feita no MS, a Coorde-
- projetos e programas de saúde organizados à margem da po- nação de Comunicação Social passou a ser vinculada à Secretaria
pulação e sem a sua participação; Geral, que hoje equivale hierarquicamente à Secretaria-Executiva.
- ausência de uma unidade conceitual, configurando “equívo- Algum tempo depois, o setor passou a ser denominado Assessoria
cos em torno dos conceitos de informação, promoção, comunica- de Comunicação Social - ASCOM, vinculada ao Gabinete do Minis-
ção, divulgação, os quais são geralmente assimilados como educa- tro, a quem o IEC foi integrado administrativamente, a partir de ja-
ção” neiro de 1995. Nesta mesma época, iniciou-se uma reestruturação
da Assessoria que, ao lado dos já existentes núcleos de Jornalismo e
Este diagnóstico forneceu subsídios para uma proposta peda- Publicidade, incorporou o núcleo de Editoração como resultado de
gógica de Educação para Participação em Saúde, tendo como ins- uma reorganização dos setores gráficos do Ministério.
trumento metodológico a Didática de Apropriação do Conhecimen- Hoje, a ASCOM através de um processo de articulação de se-
to10 que concebe a educação como processo, privilegia a relação tores afins do MS elegeu como diretrizes o planejamento com-
dialógica entre os saberes popular e científico, fundamenta-se na partilhado, a regionalização das ações e a integração das áreas de
ação-reflexão-ação, possibilita a participação e a organização das comunicação e educação, na perspectiva de elaborar uma política
comunidades, e oportuniza o compromisso dos indivíduos com o nacional. Com a criação do Conselho Editorial do MS, o setor vem
desenvolvimento. também concentrando esforços para a adoção de uma política edi-
A operacionalização deste modelo pedagógico, iniciada pela torial e a normatização de procedimentos nesta área, através da
COESA nos anos de 1991 e 1992, por meio da realização de oficinas participação de técnicos dos diversos setores do Ministério, incluin-
de trabalho para a formação de multiplicadores na DACO, teve o do os da administração indireta.
objetivo de compor um núcleo difusor da concepção da Educação
para a Participação em Saúde. IEC: Uma Visão Integrada
As ações de IEC e o conhecimento sobre elas, construído até
Com a extinção da COESA, em 1992, verificou-se uma nova rup- hoje, representam muito pouco diante da demanda do SUS. Isto
tura nas ações de educação em saúde no MS, que passou a não porque, para fazer frente às tendências conservadoras que blo-
mais dispor, na sua estrutura administrativo-organizacional, de um queiam a participação popular no SUS, é necessário ir mais além,
espaço para a continuidade deste trabalho e, sobretudo, de técni- tocar nas resistências culturais e desencadear mudanças nas pró-
cos e recursos específicos para estas atividades. As dificuldades que prias relações sociais. Não só nas relações hierárquicas para des-
se seguiram resultaram da ausência de um setor de referência e centralização do poder dentro do sistema, como nas relações do
contra-referência técnico-científico, bem como de uma politica na- SUS com a sociedade, nas relações dos usuários com o SUS, que se
cional na área, que garantisse suporte às demandas do SUS. Apesar pautam até hoje pelo padrão tradicional da passividade paciente/
disto, alguns setores e autarquias vinculadas ao MS continuaram médico, e nas relações dos indivíduos consigo mesmos, com seu
desenvolvendo ações de educação em saúde, a exemplo da Funda- corpo e com o ambiente que os cerca.
ção Nacional de Saúde, que dispõe de um setor próprio, a Coorde- Por esse motivo, a relação entre os níveis nacional e estaduais
nação de Comunicação, Educação e Documentação - COMED. do IEC caracteriza-se pelo respeito às especificidades locais de cada
No que se refere à comunicação, registra-se uma associação estado e pela troca de conhecimento entre os profissionais das res-
da educação sanitária com as técnicas de propaganda, que era uti- pectivas equipes. Essa postura, ao mesmo tempo que estimula os
lizada como instrumento de apoio às ações de combate aos vetores técnicos à busca constante de aperfeiçoamento, permite que dife-
de endemias, na “técnica rotineira de ação, ao contrário do crité- rentes iniciativas sejam apropriadas por todo o grupo e se multipli-
rio puramente fiscal e policial até então utilizado”.11 Tal registro quem em vários pontos do Nordeste como, por exemplo, as feiras
remonta desde a época de criação do Departamento Nacional de de saúde e o teatro popular. Uma das marcas do IEC é a procura por
Saúde Pública, em 1920, embrião da estrutura que viria a constituir uma linguagem que incorpore os símbolos e valores culturais regio-
o Ministério da Saúde, em 1953. nais, permitindo uma identificação que passe pelo afetivo e pelo
Os documentos disponíveis sobre atividades de comunicação racional, resultando na participação consciente e no entendimento
social no MS referem-se ao início da década de 80. Naquela épo- da saúde como direito.
ca, a Coordenação de Comunicação Social era uma unidade gestora Em sua prática, o IEC vem articulando os conceitos de informa-
sem verbas próprias, ligada diretamente ao Ministro da Saúde. Face ção, educação e comunicação que, separados, já não respondem
aos índices alarmantes de poliomielite, o setor foi incumbido de à necessidade do modelo atual. A mesma mudança de paradigma
fazer a mobilização nacional para vacinação maciça da população, que, no SUS, rompe com a segmentação entre as especialidades
atividade que veio a tomar-se prática comum nos anos que se se- médicas em direção a uma concepção de integralidade, rompe,
guiram, em função dos resultados positivos. Esta decisão de realizar também, com a segmentação das disciplinas e dos campos profis-
grandes campanhas, como forma de mobilização popular, provocou sionais, exigindo deles uma articulação profunda na busca da com-
uma reação por parte daqueles que defendiam as ações de rotina, preensão global da realidade. É necessário superar os significados
cujo objetivo era fazer com que as pessoas utilizassem sistematica- ultrapassados de comunicação como mero instrumento, de educa-
mente o serviço de saúde. Para eles, ações pontuais deseducariam ção como transferência de conhecimentos ou imposição de valores,
a população, pois representavam uma contraposição às ações de de informação como divulgação de dados e, até mesmo o de parti-
rotina. cipação, como mobilização utilitária da comunidade.
Ao lado das atividades de assessoria de imprensa e da elabo- Ao articular esses três conceitos na sua prática, contudo, a ati-
ração e produção (texto, imagem, vídeo e som) destas campanhas, vidade IEC não pretende se apropriar dos três campos. Na verdade,
a Coordenação de Comunicação Social desenvolvia ações conjuntas o campo predominante de IEC é a educação, uma educação que
com setores do MS: a extinta Superintendência de Campanhas de não acontece separadamente dos processos de informação e de
comunicação. Assim como a atividade de Documentação, que se

388
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
situa prioritariamente no campo da informação, não pode dispen- rante-se, assim, não só a cogestão dos recursos destinados à saúde,
sar os processos educativos e de comunicação para se efetivar de mas sobretudo, a percepção de cada indivíduo como sujeito, na ma-
acordo com as exigências do modelo atual. Assim como a atividade nutenção de seu bem-estar físico, e como cidadão, na defesa de seu
de Assessoria de Imprensa, claramente situada no campo da Comu- direito à qualidade de vida.
nicação, para ser efetiva e coerente com os princípios do SUS, não c) Educação - na história da educação em saúde, no Brasil, sem-
pode deixar de incorporar na prática o processo de informação e pre houve esta preocupação com a participação popular ainda que
de educação. atrelada, por vezes, às ações de mobilização comunitária. Embora
O livre acesso aos serviços de saúde e à informação como direi- sendo uma etapa fundamental, a mobilização comunitária, nos ter-
to de cidadania, conquistas asseguradas pela Constituição de 1988, mos em que era praticada, constituía-se num fim em si mesmo e se
por si só não são capazes de garantir a legitimação do modelo de limitava a ações pontuais como sendo capazes de explicar e resolver
atenção proposto no SUS. Para que se consolide, este processo de problemas, diluindo ou reduzindo as discussões sobre o contexto,
busca por um modelo de atenção à saúde para a qualidade de vida restringindo o envolvimento da população e desconhecendo o po-
necessita de interfaces com os diversos setores da sociedade. tencial e seu conhecimento como fontes para se galgar níveis mais
Sob a perspectiva de IEC, é essa a realidade em tomo da qual elevados de participação popular. Assim concebida, esta prática não
se articulam a informação, a educação e a comunicação , assim en- oportunizava a compreensão da situação de saúde local e desqua-
tendidos: lificava a atuação de todos na resolução dos problemas e agravos
a) Informação - para falarmos sobre informação em saúde, de- existentes.
vemos nos reportar ao conceito genérico do termo, que se refere Na perspectiva desta proposta, o conceito de participação
ao “conteúdo de tudo aquilo que trocamos com o mundo exterior, popular e a reflexão sobre o seu significado fazem-se necessários
e que faz com que nos ajustemos a ele de forma perceptível”14 , para que se possa transpor os limites do instrumental, centrado na
constituindo-se, pois, em um insumo ao processo da comunicação mobilização comunitária. É necessário superar esta noção simplista
humana. A esta noção, acrescentaram-se outras, a partir dos anos e buscar entender a participação como parte fundamental de um
50, em consequência do surgimento da teoria da informação e dos processo mais amplo, capaz de permitir a atuação do indivíduo na
interesses e objetivos inerentes ao desenvolvimento da chamada recuperação histórica e na construção do conhecimento.
“sociedade da informação”. Atualmente, o que se pretende é entender a participação po-
Desta forma, verificou-se uma utilização ampla e imprecisa do pular dentro de uma proposta pedagógica, na qual ela é “ “um pro-
termo, gerando um esvaziamento de seu significado. Embora haja cesso educativo, pois desenvolve e fortalece a consciência da cida-
um consenso acerca de sua importância, observa-se uma correla- dania da população para que assuma efetivamente o seu papel de
ção entre informação e dados estatísticos, que sequer permite re- sujeito da transformação da cidade.
lacioná-la a tomada de decisão. Isto porque a teoria da informação, Para isso é essencial que a população, organizada ou não, com-
da qual derivaram os diversos modelos de comunicação, está cen- preenda minimamente o funcionamento da administração, a elabo-
trada no canal por onde a informação é transmitida e não no seu ração do orçamento (esse mistério insondável!) e as leis que regem
conteúdo. a administração pública e limitam a ação transformadora”
A informação, na forma que queremos enfatizar, é parte consti- Para tanto, é necessário formar indivíduos criativos, inovado-
tuinte de todo o processo de modificação de uma situação em saú- res, polivalentes, com capacidade de trabalhar em equipe, resolver
de que, segundo Mota, inclui decisão, intervenção, avaliação e difu- problemas e aprender permanentemente, a partir de alguns prin-
são, permitindo entender o “processo saúde-doença, interagir com cípios como:
as forças sociais participantes, possibilitar a análise dos resultados • a construção e apropriação do conhecimento;
e tomar-se essencial ao processo de difusão desses resultados.”15 • o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, que
Na ótica de IEC, esta necessidade de ampliação do conceito de permita a compreensão e a explicação da realidade;
informação aplica-se igualmente ao de comunicação e de educa- • a condução a uma aprendizagem permanente, na qual se
ção, como veremos a seguir. aprende a fazer, aprende-se a ser e aprende-se a aprender;
• a produção de um conhecimento divergente, que possibilite
b) Comunicação - o significado básico do termo comunicação a identificação de várias soluções para o enfrentamento de proble-
é “tornar comum, partilhar”. Além de um processo natural, comu- mas;
nicação é também uma arte, uma tecnologia, um sistema e uma • a preparação para a criatividade e a inovação;
ciência social. Enquanto ciência social, que utiliza teorias e pesqui- • o reconhecimento do indivíduo como um talento e sujeito de
sas de outras ciências, sua evolução registrou diversas mudanças sua própria história.
de orientação em decorrência dos interesses e necessidades das
respectivas épocas históricas. Nesta concepção, educação em saúde é um processo trans-
O papel da comunicação na transformação social começou a formador que ocorre fundamentalmente, com a troca de saberes/
ser analisado a partir dos anos 70. O objetivo era associar “o estudo conhecimentos, com a açãoreflexão-ação, e tem como base a con-
da comunicação em seu contexto de realidade com o processo de ceituação, pilar da DACO.
ação comunitária para a libertação”.16
Paulo Freire, ao abordar tal relação, destacou a necessidade de O QUE FAZEM OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
uma pedagogia da comunicação, capaz de fomentar o diálogo, cuja
mensagem seria o conteúdo programático da educação para a par- NA PERSPECTIVA DA PROMOÇÃO DA SAÚDE?
ticipação. Para ele, “este modelo de educação pressupõe tentativa Na Política Nacional de Atenção Básica (2012), a Atenção Básica
constante de mudança de atitude como consequência da substitui- é apresentada como o mais alto grau de descentralização e capi-
ção de antigos e culturológicos hábitos de passividade, por novos laridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. A
hábitos de participação”.17 Política também define que a AB deve ser o contato preferencial
Desta forma, para que a participação popular seja uma reali- dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação
dade na ordem social, é necessário que suas propostas observem a com toda a Rede de Atenção à Saúde.
relação sistêmica entre informação, educação e comunicação. Ga- Ainda sobre a Atenção Básica, a PNAB (2012) descreve que:

389
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de De acordo com Costa et al (2013), o ACS realiza atividades dife-
saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a renciadas junto ã comunidade e pode ser considerado um elemen-
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o trata- to nuclear das ações em saúde, por meio das visitas domiciliares e
mento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde educação em saúde, de maneira individual ou coletiva pois ele tan-
com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na to orienta a comunidade como informa a equipe sobre a situação
situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e das famílias, inclusive as em situação de risco e assume o papel do
condicionantes de saúde das coletividades. (BRASIL, 2012). sujeito articulador.
E ainda, é composta por vários profissionais de saúde, entre A identidade do ACS, como indica Bachilli, Scavassa e Spiri
eles o médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, cirurgião-den- (2008), é construída num processo de transformação de si mesmo
tista e os agentes comunitários de saúde. Sobre os ACS, Sousa através da alteridade pois eles persistem em seu trabalho mesmo
(2011) explica como foi a inserção dos agentes na Atenção Básica, com os problemas enfrentados e dão consistência ao modo “de se
com início a partir de algumas iniciativas no Nordeste e Sudeste do fazer”que os caracteriza como trabalhadores da saúde que é aper-
Brasil e alguns programas municipais e nacionais de serviços de saú- feiçoado no trabalho cotidiano. Os mesmos autores ressaltam que
de: à medida em que o ACS realiza o seu trabalho, ele passa a com-
A ideia de trabalhar com agentes de saúde nasce na década de preender mais e melhor as circunstâncias que o envolvem e a vida
1970 no espírito da Conferência Internacional sobre Atenção Pri- das pessoas.
mária à Saúde, realizada em Alma Ata [...] No Brasil, a incorporação O ACS é comparado por Oliveira et al (2002) com uma “ma-
dessa proposta por alguns estados e municípios foi inserida na lógi- çaneta” do serviço, ou seja, está ao alcance da população, mesmo
ca dos “ projetinhos” isolados, dos convênios pontuais, das amos- com a porta fechada, representando uma figura importante na co-
tras e pilotos, portanto, com resultados periféricos e significados munidade.
marginais. (SOUSA, 2011, p. 17). Sobre o surgimento do Programa Promover a saúde da população é uma tarefa discutida em vá-
de Agentes Comunitários de Saúde (PACS),Sousa (2011) considera rios países preocupados com a saúde de sua população. Em 1986,
que: a Carta de Ottawa apresentada na Conferência Internacional sobre
Em 1991, impulsionado por essas experiências e outras implan- Promoção da Saúde trouxe um conceito de Promoção da Saúde
tadas em estados e municípios (...), além de acúmulo de conheci- aceito, reproduzido mundialmente e que afirma:
mento e relatos de sucesso de iniciativas em trabalhar com Agentes Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação
de Saúde, das sugestões apresentadas pelo Movimento Nacional de da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida
ACS e da estratégia de Líderes Comunitários da Pastoral da Criança/ e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste pro-
CNBB, o Ministério da Saúde oficializou o Programa de Agentes Co- cesso. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental
munitários de Saúde - PACS. Sua criação teve o objetivo de central e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações,
de estenderas ações básicas de saúde aos núcleos familiares, no satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambien-
próprio domicílio, com uma agenda de trabalho prioritário direcio- te. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como
nada ao grupo materno infantil. Essas ações e/ou atividades são objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que
dirigidas aos indivíduos no contexto de sua integração familiar e co- enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades fí-
munitária, fazendo a ponte destes com os serviços locais de saúde. sicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva
(SOUSA, 2011, p. 17-18). do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na
A importância de trabalho dos ACS também é apontada por direção de um bem-estar global. (BRASIL, 2002, p. 19-20).
Sousa (2011)como sendo primordial no processo de cuidado das Após anos de formulação e trabalho, o Brasil aprova em 2006
famílias. Por isso, o objetivo central da incorporação dos ACS no a Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS) e mais adiante,
Sistema Único de Saúde - SUS foi trazer os sujeitos das comunida- Ferreira (2012)relata o processo histórico de sua criação:
des para apoiar a si mesmo e suas famílias no ato de cuidar da saú- Para fazer cumprir uma das prioridades definidas pelo Pacto
de-doença-morte, tomando como base filosófica, ética e moral o pela saúde 2006, imbuído no princípio de que a saúde depende da
vínculo a corresponsabilidade e, sobretudo, o desejo de aprender e qualidade de vida e entendendo que as ações públicas de saúde
ensinar que as pessoas devem vir em primeiro lugar. (SOUSA, 2011, devem ir além da ideia de cura e reabilitação, o Ministério da Saú-
p. 19). de, após pactuar na CIB e aprovar no Conselho Nacional de Saúde
Assim, no cenário da Atenção Básica, os ACS atuam para estru- (CNS), lançou em 30 de março de 2006 a Política Nacional de Pro-
turar os serviços públicos de saúde, contribuindo para o aumento moção da Saúde (PNPS), por meio da Portaria n° 687. A PNPS afirma
da cobertura de ações básicas de saúde da população com baixo que para desenvolver a promoção da saúde no país é necessário
acesso e aproximando os demais profissionais de saúde com a co- intervir sobre uma série de problemas sociais, como violência, de-
munidade. Sousa (2011)reitera que estas ações e atividades são semprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada ou
necessárias para a busca de autonomia das famílias e comunidade: ausente, dificuldade de acesso à educação e à saúde, fome, urbani-
Logo, a vinculação de cada ACS em uma área previamente de- zação desordenada, entre outros fatores. Para isso, torna-se neces-
finida, atendendo aos moradores de casa em casa nas questões sário o esforço articulado com políticas e programas de outras ins-
relacionadas a saúde-doença-cuidado, faz dele um contribuinte na tituições governamentais, além das instituições públicas e privadas,
redução da escala de desigualdades na saúde. E mais: na corres- para transformar os fatores de vida da população que colocam em
ponsabilidade em “despertar”as capacidades das comunidades e de risco a sua saúde.Logo, suas ações e atividades não devem se limi-
suas famílias na compreensão do direito a ter direito à saúde. Com tar aos cuidados preventivos, ainda que estes sejam necessários,
isso, aumentam o potencial de as pessoas viverem mais e melhor. diante de uma sociedade adoecida, e sim olhar para o horizonte em
(SOUSA, 2011, p. 20). busca de desenvolvimento sustentável e autonomia das famílias e
A Estratégia Saúde da Família não seria a mesma sem a atuação comunidade. (FERREIRA, 2012, 39).
dos ACS, que fortalecem a equipe e desempenham um trabalho de A Atenção Básica é um elo importante para a promoção da saú-
extrema relevância para o fortalecimento do SUS. de no país, Ferreira (2012)aponta a importância e considera que:

390
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para além de todo o debate internacional sobre Promoção da diferenças pareçam tão sutis que possam ser tomadas como equi-
Saúde, no Brasil, diversos acontecimentos ocorreram e contribuí- valentes, tenhamos em mente que todo ato de nomeação é ideoló-
ram para implementação da Política Nacional de Promoção da Saú- gico, implica posicionamentos, expressa determinadas concepções,
de. Uma das estratégias fundamentais para a promoção da saúde, privilegia temas e questões, propõe agendas e estratégias próprias.
tanto para o indivíduo como para a comunidade, é o fortalecimento (CARDOSO,ARAÚJO, 2015).
da participação social na construção, implementação e controle das
políticas de saúde, ou seja, contribuir para a gestão do sistema de Por sua vez a Comunicação em Saúde é defendida por Corcoran
saúde do país. Esta participação permite qualificar a capacidade da (2010) como:
população em refletir e atuar sobre a sua saúde e de sua comunida- A comunicação em saúde se dá em muitos níveis, inclusive indi-
de, orientando o sistema de saúde na execução de ações de acordo vidual, em grupo, organizações, comunidade ou mídia de massa. A
com as reais necessidades de saúde da população. (FERREIRA, 2012, comunicação em saúde pode ser definida quase da mesma maneira
p. 33). que a comunicação em geral: um processo transacional. A princi-
O Sistema Único de Saúde, uma conquista do povo brasileiro pal diferença na comunicação de saúde é que o foco não é geral,
tem como princípios a Universalidade, Integralidade e Equidade. As mas específico para as informações de saúde. Kreps (2003) resume
diretrizes do SUS são: Descentralização, Hierarquização, Regionali- a adição de “saúde “à definição de comunicação como um “recurso
zação e Participação da Comunidade. “que permite que as mensagens de saúde (por exemplo, prevenção,
Estes princípios e diretrizes são fortalecidos pela Estratégia risco ou conscientização) sejam usadas na educação e na evitação da
Saúde da Família que atende milhões de brasileiros e garante o saúde ruim. Esta ampla definição incorpora o fato de a comunicação
acesso aos serviços de saúde na Atenção Primária, que é a base em saúde ocupar um lugar em muitos níveis e incorporar uma abor-
para a Promoção da Saúde. dagem holística da promoção da saúde. (CORCORAN, 2010, p. 4).
A mesma autora (2010) reitera que os profissionais de saúde
INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO PARA A PROMO- tem uma tarefa contínua de avaliar como será possível alcançar os
ÇÃO DA SAÚDE indivíduos e grupos para fornecer a promoção da saúde, com ob-
Informação é definido no dicionário Aurélio (2008) como: a) jetividade e sensibilidade que os permita alcançar a comunidade.
ato ou efeito de informar(se); informe b)fatos conhecidos ou dados A Comunicação em Saúde é um elo entre as outras ações (in-
comunicados acerca de alguém ou algo; c) instrução; d) tudo aquilo formação e educação) pois, ao garantir uma comunicação de quali-
que, por ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendi- dade, será possível informar, instruir e promover a participação da
do, assimilado ou armazenado pela percepção e pela mente huma- comunidade.
nas; e) qualquer sequência de elementos que produz determinado
e, também., transmite e armazena a capacidade de produzir tal Exemplos de Ações de Informação realizadas pelos ACS
efeito.
A informação também pode ser compreendida por três catego- DESCRIÇÃO DA AÇÃO RESULTADO
rias defendidas por Wolton (2011):
O que se deve entender por informação, mensagem, comuni- Informar sobre o cartão SUS Usuário informado sobre o
cação e relação? Existem três grandes categorias de informação: cartão SUS.
oral, imagens e texto.Esses dados podem estar presentes em di- Prestar informação sobre os Organização das demandas e
versos suportes. Tem-se a informação-notícia ligada à imprensa; a serviços de saúde. do atendimento.
informação- serviço, em plena expansão mundial graças à internet;
e a informação- conhecimento, sempre ligada ao desenvolvimento Informar sobre os horários Otimização do tempo dos
dos banco e bases de dados. Falta a informação relacional, que per- de atendimento usuários
meia todas as demais categorias e remete ao desafio humano da Informar sobre saúde em Repasse de informações aos
comunicação. (WOLTON, 2011, p.17). palestras usuários que não possuem
Assim, informações em saúde seriam essas categorias aplica- acesso às informações
das à saúde.
Informar sobre marcação de Paciente não perde a
Sobre isso, Moreno, Coeli e Munk (2009) definem a informação
consultas. consulta
em saúde como um compósito de transmissão e/ou recepção de
eventos relacionados ao cuidado em saúde. Informar sobre exames Realização de exames na
Sobre Educação em Saúde, Morosini (2011) no Dicionário de data correta
Verbetes da FIOCRUZ esclarece que: Orientar sobre prevenção e Foi primordial para não
Educação em Saúde é um processo transformador que ocorre recuperação avançar a doença
fundamentalmente, com a troca de saberes/ conhecimentos, com
a ação reflexão. Oportuniza a compreensão da situação de saúde Informar sobre as ações Adesão da comunidade
local e a atuação de todos na resolução dos problemas e agravos dos grupos de hipertensão,
existentes. (MOROSINI, 2011). diabetes, gestantes.
Informar sobre Inclusão Social
Comunicar saúde é uma tarefa essencial para os profissionais procedimentos para
que trabalham em busca da autonomia da população. Corcoran (2011) documentação.
define comunicação como um processo transacional e na saúde ocupa
um papel importante para a promoção da saúde. Sobre o tema, Cardo- Sobre o exercício de informar, Mendonça (2007) explica:
so e Araújo (2009) afirmam que Comunicação e Saúde é: Informar está para o exercício do saber informar por meio de
Um termo que indica uma forma específica de ver, entender, aportes tecnológicos que transcendem os formatos tradicionais
atuar e estabelecer vínculos entre estes campos sociais. Distingue- de comunicação, dando vazão aos modelos info-tecno-comunica-
-se de outras designações similares, como comunicação para a saú- cionais. Assim, saber utilizar a informação passou a ser um fator
de, comunicação em saúde e comunicação na saúde. Embora as determinante no exercício do agir comunicativo do cidadão para

391
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a promoção de sua inclusão social e digital, temas que permeiam Comunicação em Saúde
o cotidiano dos indivíduos, famílias e comunidades. (MENDONÇA, A comunicação é um desafio para a sociedade atual, mas a co-
2007, p. 47) municação não garante a compreensão, como aponta Morin (2000):
A informação, se for bem transmitida e compreendida, traz
As ações de informação realizadas pelos ACS são basicamente inteligibilidade, condição primeira necessária, mas não suficiente
relacionadas às informações sobre os serviços de saúde como por para a compreensão [...] Há duas formas de compreensão: a com-
exemplo o Cartão SUS, a marcação de consultas e informações re- preensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana inter-
lacionadas aos horários de atendimento nas Unidades Básicas de subjetiva. Compreender significa intelectualmente aprender em
Saúde (UBS), nos hospitais e na rede em geral. conjunto, comprehedere, abraçar junto (o texto e seu contexto, as
Informações reativas à prevenção e promoção da saúde foram partes e o todo, o múltiplo e o uno.) (MORIN, 2000, p. 94).
levantadas nos resultados. Os grupos de hipertensão, diabetes, pla-
nejamento familiar e outros grupos de controle foram apontados Exemplos de Ações de Comunicação realizadas pelos ACS
como locais de disseminação de informação.
Por isso, a necessidade de compreensão é apontada por Wol- Descrição da ação Resultado
ton (2011) como sendo primordial, e não apenas repasse de infor-
mações: Adequar-se à linguagem do Melhor comunicação com os
O problema não é mais somente o da informação, mas antes de usuário usuários
tudo o das condições necessárias para que milhões de indivíduos se Conversar com usuários Feedback positivo do usuário
comuniquem ou, melhor, consigam conviver num mundo onde cada sobre os malefícios das
um vê tudo e sabe tudo, mas as incontáveis diferenças- linguísticas, drogas
filosóficas, políticas, culturais, religiosas - tornam ainda mais difí-
ceis a comunicação e a tolerância. A informação é a mensagem. A Conversar com as famílias Feedback positivo das
comunicação é a relação, que é muito mais complexa. (WOLTON, sobre os malefícios das famílias
2011, p. 12). drogas
Comunicar-se no cotidiano, Melhora de saúde da
Educação em Saúde na rotina comunidade
A Educação precisa ser vista com sua interação com a realidade,
Trabalhar para promover a Melhora na saúde da criança
que conforme Freire (1983) esta realidade é percebida pelo homem
saúde da criança
e a partir daí, começa a ser produzida uma ação transformadora.
Conforme Demo (1996), a educação busca a autonomia do su- Conversar com a mãe sobre a Melhora no tratamento da
jeito: saúde da criança criança
Educação não é só ensinar, instruir, treinar, domesticar, é, so- Estabelecer uma Melhora na qualidade do
bretudo formar a autonomia do sujeito histórico competente, uma comunicação entre os trabalho realizado
vez que, o educando não é o objetivo de ensino, mas sim sujeito do agentes comunitários
processo, parceiro de trabalho, trabalho este entre individualidade
e solidariedade. (DEMO, 1996, p.27) Dialogar sobre a importância Mudança de hábito
da alimentação saudável
Exemplos de Ações de Educação realizadas pelos ACS Conversar com as famílias Melhora da saúde do idoso
sobre a importância de
DESCRIÇÃO DA AÇÃO RESULTADO cuidar dos idoso
Orientar jovens sobre o uso de Jovens não fazem uso de Conversar sobre a Adesão dos usuários
anabolizantes anabolizantes importância da vacinação
Instruir sobre a utilização de Planejamento familiar efetivo Dialogar sobre a obesidade Continuidade no tratamento
anticoncepcionais. Realizar busca ativa da Aumento de pessoas
Orientar através de cartilhas e Feedback positivo dos população atendidas na comunidade
palestras adolescentes sobre adolescentes
educação sexual Ações de Informação, Educação e Comunicação em Saúde
(IEC)
Instruir sobre a medicação Cumprimento de horários As ações de Informação, Educação e Comunicação em Saúde
Orientar sobre higiene pessoal Mudança de hábito (IECS) de acordo com Sousa (2015) estão ancoradas nas práticas de
Orientar sobre alimentação Mudança de hábito educação popular, pois a educação popular no Brasil reconhece os
saudável diferentes saberes - não apenas o científico, o escolar e o acadêmi-
co e se apropriam para que seja possível imprimir uma leitura de
mundo capaz de explicar os fenômenos vividos pelas populações e
Ao abordar a educação como uma ação transformadora, Livra-
extrair seus conteúdos e orientar os processos educativos.
ga (2008) afirma:
A educação não é apenas a transmissão dos elementos da cul-
tura de uma geração para a outra, mas sim um fator psicológico e
mental, de característica espiritual e mística, que permite a cada
homem recriar um processo e recriar a si mesmo todo o processo
da humanidade, outorgandolhe seu próprio matiz, sua própria cor e
sua própria força. (LIVRAGA, 2008, p.11).

392
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Exemplos de Ações de Informação, Educação e Comunicação apresentam avanços e retrocessos e seus resultados têm sido pou-
(IEC) realizadas pelos ACS. co perceptíveis na estruturação dos serviços de saúde, exatamente
por não promover mudanças significativas no modelo assistencial.
DESCRIÇÃO DA AÇÃO RESULTADO Nessa perspectiva, surgem situações contraditórias para estados e
municípios, relacionadas à descontinuidade do processo de descen-
Combater a dengue Limpeza e eliminação de tralização e ao desenho de um novo modelo.
focos Assim, o PSF elege como ponto central o estabelecimento de
Realizar ações nos grupos de Participação da comunidade, vínculos e a criação de laços de compromisso e de corresponsabili-
gestantes, empoderamento dade entre os profissionais de saúde e a população. Sob essa ótica,
planejamento e etc. a estratégia utilizada pelo Programa Saúde da Família (PSF) visa a
reversão do modelo assistencial vigente. Por isso, nesse, sua com-
Explicar como funciona a Adesão preensão só é possível através da mudança do objeto de atenção,
vasectomia forma de atuação e organização geral dos serviços, reorganizando
Combater a insegurança Melhora na qualidade a prática assistencial em novas bases e critérios. Essa perspectiva
alimentar de vida das crianças e da faz com que a família passe a ser o objeto precípuo de atenção,
comunidade entendida a partir do ambiente onde vive. Mais que uma delimi-
tação geográfica, é nesse espaço que se constroem as relações in-
Promover ações sobre a Redução de casos de câncer
tra e extrafamiliares e onde se desenvolve a luta pela melhoria das
saúde do homem de próstata
condições de vida – permitindo, ainda, uma compreensão ampliada
Realizar ações de promoção Melhora a saúde da do processo saúde/doença e, portanto, da necessidade de interven-
e prevenção comunidade ções de maior impacto e significação social.
Promover ações de IEC em Continuidade no tratamento As ações sobre esse espaço representam desafios a um olhar
grupos de hipertensão, técnico e político mais ousado, que rompa os muros das unidades
diabetes de saúde e enraíze-se para o meio onde as pessoas vivem, traba-
lham e se relacionam. Embora rotulado como programa, o PSF, por
As ações de IEC promovem a integração dos saberes, buscando suas especificidades, foge à concepção usual dos demais programas
seus significados e o diálogo comunicacional como aponta Sousa concebidos no Ministério da Saúde, já que não é uma intervenção
(2015, p. 133): vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrá-
[...] as ações de informação, educação e comunicação em saú- rio, caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a integração
de vão além do desenvolvimento de ações pontuais, fragmentadas, e promove a organização das atividades em um território definido,
porque passam a estabelecer pontos de contato e maior integração com o propósito de propiciar o enfrentamento e resolução dos pro-
dos saberes acumulados por cada um desses campos, posto que blemas identificados.
os processos educativos, assim como os processos implicados na Acerca desses aspectos, o Ministério da Saúde reafirma positiva-
produção de informações e de diálogos comunicacionais incluem, mente os valores que fundamentam as ações do PSF, entendendo-o
igualmente, conscientização e autonomia. (SOUSA, 2015, 133). como uma proposta substitutiva com dimensões técnica, política e
administrativa inovadoras. O PSF não é uma estratégia desenvol-
vida para atenção exclusiva ao grupo mulher e criança, haja vista
EDUCAÇÃO EM SAÚDE E ACOLHIMENTO NA que se propõe a trabalhar com o princípio da vigilância à saúde,
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA apresentando uma característica de atuação inter e multidisciplinar
e responsabilidade integral sobre a população que reside na área de
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) abrangência de suas unidades de saúde.
Nas últimas décadas, a crise estrutural do setor público é en- Outro equívoco – que merece negativa – é a identificação do
trevista pela fragilidade apresentada tanto na eficiência como na PSF como um sistema de saúde pobre para os pobres, com utiliza-
eficácia da gestão das políticas sociais e econômicas, o que gera um ção de baixa tecnologia. Tal assertiva não procede, pois o Progra-
hiato entre os direitos sociais constitucionalmente garantidos e a ma deve ser entendido como modelo substitutivo da rede básica
efetiva capacidade de oferta dos serviços públicos associados aos tradicional – de cobertura universal, porém assumindo o desafio
mesmos. Como continuidade ao processo iniciado com as Ações In- do princípio da equidade – e reconhecido como uma prática que re-
tegradas de Saúde (AIS), o qual foi seguido pelo movimento deno- quer alta complexidade tecnológica nos campos do conhecimento
minado Reforma Sanitária – amplamente debatido por ocasião da e do desenvolvimento de habilidades e de mudanças de atitudes.
VIII Conferência Nacional de Saúde, cujas repercussões culminaram
na redação do artigo 196 da Constituição de 1988 –, a efetiva con- Objetivos
solidação do Sistema Único de Saúde (SUS) está diretamente ligada
à superação dessa problemática. Com relação aos estados e mu- Geral
nicípios, o processo de descentralização foi deflagrado através dos Contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir
convênios do Sistema Descentralizado e Unificado de Saúde (SUDS), da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema
enquanto se realizavam os debates para aprovação da Lei nº 8.080, Único de Saúde, imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas
de 19 de setembro de 1990, complementada pela Lei nº 8.142, de unidades básicas de saúde, com definição de responsabilidades en-
28 de dezembro do mesmo ano. tre os serviços de saúde e a população.
Em vista da necessidade do estabelecimento de mecanismos
capazes de assegurar a continuidade dessas conquistas sociais, vá- Específicos
rias propostas de mudanças – inspiradas pela Reforma Sanitária e - Prestar, na unidade de saúde e no domicílio, assistência inte-
pelos princípios do SUS – têm sido esboçadas ao longo do tempo, gral, contínua, com resolubilidade e boa qualidade às necessidades
traduzidas, entre outras, nos projetos de criação dos distritos sani- de saúde da população adscrita.
tários e dos sistemas locais de saúde. Essas iniciativas, entretanto,

393
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Intervir sobre os fatores de risco aos quais a população está A partir da análise da situação de saúde local e de seus deter-
exposta. minantes, os profissionais e gestores possuirão os dados iniciais
- Eleger a família e o seu espaço social como núcleo básico de necessários para o efetivo planejamento das ações a serem desen-
abordagem no atendimento à saúde. volvidas. O cadastramento possibilitará que, além das demandas
- Humanizar as práticas de saúde através do estabelecimento de específicas do setor saúde, sejam identificados outros determinan-
um vínculo entre os profissionais de saúde e a população. tes para o desencadeamento de ações das demais áreas da gestão
- Proporcionar o estabelecimento de parcerias através do de- municipal, visando contribuir para uma melhor qualidade de vida
senvolvimento de ações intersetoriais. da população.
- Contribuir para a democratização do conhecimento do proces-
so saúde/doença, da organização dos serviços e da produção social Instalação das unidades de Saúde da Família
da saúde. As unidades de Saúde da Família deverão ser instaladas nos pos-
- Fazer com que a saúde seja reconhecida como um direito de tos de saúde, centros de saúde ou unidades básicas de saúde já
cidadania e, portanto, expressão da qualidade de vida. existentes no município, ou naquelas a serem reformadas ou cons-
- Estimular a organização da comunidade para o efetivo exercí- truídas de acordo com a programação municipal em áreas que não
cio do controle social possuem nenhum equipamento de saúde. Por sua vez, a área física
das unidades deverá ser adequada à nova dinâmica a ser imple-
Diretrizes Operacionais mentada.
As diretrizes a serem seguidas para a implantação do modelo de
Saúde da Família nas unidades básicas serão operacionalizadas de O número de profissionais de cada unidade deve ser definido
acordo com as realidades regionais, municipais e locais. de acordo com os seguintes princípios básicos:
- Capacidade instalada da unidade
Caráter substitutivo, complementariedade e hierarquização - Quantitativo populacional a ser assistido
A unidade de Saúde da Família nada mais é que uma unidade - Enfrentamento dos determinantes do processo saúde/ doença
pública de saúde destinada a realizar atenção contínua nas especia- - Integralidade da atenção
lidades básicas, com uma equipe multiprofissional habilitada para - Possibilidades locais
desenvolver as atividades de promoção, proteção e recuperação,
características do nível primário de atenção. Representa o primeiro Composição das equipes
contato da população com o serviço de saúde do município, asse- É recomendável que a equipe de uma unidade de Saúde da
gurando a referência e contra referência para os diferentes níveis Família seja composta, no mínimo, por um médico de família
do sistema, desde que identificada a necessidade de maior comple- ou generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e Agentes
xidade tecnológica para a resolução dos problemas identificados. Comunitários de Saúde (ACS). Outros profissionais de saúde
Corresponde aos estabelecimentos denominados, segundo poderão ser incorporados a estas unidades básicas, de acordo com
classificação do Ministério da Saúde, como Centros de Saúde. Os es- as demandas e características da organização dos serviços de saúde
tabelecimentos denominados Postos de Saúde poderão estar sob a locais, devendo estar identificados com uma proposta de trabalho
responsabilidade e acompanhamento de uma unidade de Saúde da que exige criatividade e iniciativa para trabalhos comunitários e em
Família. Unidade de Saúde da Família caracteriza-se como porta de grupo. Os profissionais das equipes de saúde serão responsáveis
entrada do sistema local de saúde. Não significa a criação de novas por sua população adscrita, devendo residir no município onde
estruturas assistenciais, exceto em áreas desprovidas, mas substitui atuam, trabalhando em regime de dedicação integral. Para
as práticas convencionais pela oferta de uma atuação centrada nos garantir a vinculação e identidade cultural com as famílias sob
princípios da vigilância à saúde. sua responsabilidade, os Agentes Comunitários de Saúde devem,
igualmente, residir nas suas respectivas áreas de atuação.
Adscrição da clientela
A unidade de Saúde da Família deve trabalhar com a definição Atribuições das equipes
de um território de abrangência, que significa a área sob sua res- As atividades deverão ser desenvolvidas de forma dinâmica,
ponsabilidade. Uma unidade de Saúde da Família pode atuar com com avaliação permanente através do acompanhamento dos indi-
uma ou mais equipes de profissionais, dependendo do número de cadores de saúde de cada área de atuação.
famílias a ela vinculadas. Recomenda-se que, no âmbito de abran-
gência da unidade básica, uma equipe seja responsável por uma Assim, as equipes de Saúde da Família devem estar preparadas
área onde residam de 600 a 1.000 famílias, com o limite máximo para:
de 4.500 habitantes. Este critério deve ser flexibilizado em razão - Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsá-
da diversidade sociopolítica e econômica das regiões, levando-se veis, com ênfase nas suas características sociais, demográficas e
em conta fatores como densidade populacional e acessibilidade aos epidemiológicas
serviços, além de outros considerados como de relevância local. - Identificar os problemas de saúde prevalentes e situações de
risco aos quais a população está exposta
Cadastramento - Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local
As equipes de saúde deverão realizar o cadastramento das fa- para o enfrentamento dos determinantes do processo saúde/doen-
mílias através de visitas aos domicílios, segundo a definição da área ça
territorial pré-estabelecida para a adscrição. Nesse processo serão - Prestar assistência integral, respondendo de forma contínua
identificados os componentes familiares, a morbidade referida, as e racionalizada à demanda organizada ou espontânea, com ênfase
condições de moradia, saneamento e condições ambientais das nas ações de promoção à saúde
áreas onde essas famílias estão inseridas. Essa etapa inicia o vínculo - Resolver, através da adequada utilização do sistema de refe-
da unidade de saúde/ equipe com a comunidade, a qual é informa- rência e contra referência, os principais problemas detectados
da da oferta de serviços disponíveis e dos locais, dentro do sistema - Desenvolver processos educativos para a saúde, voltados à
de saúde, que prioritariamente deverão ser a sua referência. melhoria do autocuidado dos indivíduos

394
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Promover ações intersetoriais para o enfrentamento dos pro- Atribuições do enfermeiro
blemas identificados A base de atuação das equipes são as unida- Este profissional desenvolve seu processo de trabalho em dois
des básicas de saúde, incluindo as atividades de: campos essenciais: na unidade de saúde, junto à equipe de profis-
- Visita domiciliar - com a finalidade de monitorar a situação sionais, e na comunidade, apoiando e supervisionando o trabalho
de saúde das famílias. A equipe deve realizar visitas programadas dos ACS, bem como assistindo às pessoas que necessitam de aten-
ou voltadas ao atendimento de demandas espontâneas, segundo ção de enfermagem,
critérios epidemiológicos e de identificação de situações de risco.
O acompanhamento dos Agentes Comunitários de Saúde em Suas atribuições básicas são:
micro áreas, selecionadas no território de responsabilidade das uni- - Executar, no nível de suas competências, ações de assistência
dades de Saúde da Família, representa um componente facilitador básica de vigilância epidemiológica e sanitária nas áreas de atenção
para a identificação das necessidades e racionalização do emprego à criança, ao adolescente, à mulher, ao trabalhador e ao idoso.
dessa modalidade de atenção - Desenvolver ações para capacitação dos ACS e auxiliares de
- Internação domiciliar - não substitui a internação hospitalar enfermagem, com vistas ao desempenho de suas funções junto ao
tradicional. Deve ser sempre utilizada no intuito de humanizar e serviço de saúde.
garantir maior qualidade e conforto ao paciente. Por isso, só deve - Oportunizar os contatos com indivíduos sadios ou doentes,
ser realizada quando as condições clínicas e familiares do paciente a visando promover a saúde e abordar os aspectos de educação sa-
permitirem. A hospitalização deve ser feita sempre que necessária, nitária.
com o devido acompanhamento por parte da equipe - Promover a qualidade de vida e contribuir para que o meio
- Participação em grupos comunitários - a equipe deve estimu- ambiente torne-se mais saudável.
lar e participar de reuniões de grupo, discutindo os temas relativos - Discutir de forma permanente, junto a equipe de trabalho e
ao diagnóstico e alternativas para a resolução dos problemas iden- comunidade, o conceito de cidadania, enfatizando os direitos de
tificados como prioritários pelas comunidades saúde e as bases legais que os legitimam.
- Participar do processo de programação e planejamento das
Atribuições do médico ações e da organização do processo de trabalho das unidades de
Preferencialmente, o médico da equipe preconizada pelo PSF Saúde da Família.
deve ser um generalista; portanto, deve atender a todos os com-
ponentes das famílias, independentemente de sexo e idade. Esse Atribuições do auxiliar de enfermagem
profissional deverá comprometer-se com a pessoa, inserida em seu As ações do auxiliar de enfermagem são desenvolvidas nos es-
contexto biopsicossocial, e não com um conjunto de conhecimen- paços da unidade de saúde e no domicílio/comunidade, e suas atri-
tos específicos ou grupos de doenças. Sua atuação não deve estar buições básicas são:
restrita a problemas de saúde rigorosamente definidos. Seu com- - Desenvolver, com os Agentes Comunitários de Saúde, ativida-
promisso envolve ações que serão realizadas enquanto os indiví- des de identificação das famílias de risco.
duos ainda estão saudáveis. - Contribuir, quando solicitado, com o trabalho dos ACS no que
Ressalte-se que o profissional deve procurar compreender a se refere às visitas domiciliares.
doença em seu contexto pessoal, familiar e social. A convivência - Acompanhar as consultas de enfermagem dos indivíduos ex-
contínua lhe propicia esse conhecimento e o aprofundamento do postos às situações de risco, visando garantir uma melhor monitoria
vínculo de responsabilidade para a resolução dos problemas e ma- de suas condições de saúde.
nutenção da saúde dos indivíduos. - Executar, segundo sua qualificação profissional, os procedi-
mentos de vigilância sanitária e epidemiológica nas áreas de aten-
Suas atribuições básicas são: ção à criança, à mulher, ao adolescente, ao trabalhador e ao idoso,
- Prestar assistência integral aos indivíduos sob sua responsa- bem como no controle da tuberculose, hanseníase, doenças crôni-
bilidade co-degenerativas e infectocontagiosas.
- Valorizar a relação médico-paciente e médico-família como - Participar da discussão e organização do processo de trabalho
parte de um processo terapêutico e de confiança da unidade de saúde.
- Oportunizar os contatos com indivíduos sadios ou doentes,
visando abordar os aspectos preventivos e de educação sanitária Atribuições do Agente Comunitário de Saúde
- Empenhar-se em manter seus clientes saudáveis, quer venham O ACS desenvolverá suas ações nos domicílios de sua área de
às consultas ou não responsabilidade e junto à unidade para programação e supervisão
- Executar ações básicas de vigilância epidemiológica e sanitária de suas atividades.
em sua área de abrangência
- Executar as ações de assistência nas áreas de atenção à crian- Suas atribuições básicas são:
ça, ao adolescente, à mulher, ao trabalhador, ao adulto e ao idoso, - Realizar mapeamento de sua área de atuação.
realizando também atendimentos de primeiros cuidados nas urgên- - Cadastrar e atualizar as famílias de sua área.
cias e pequenas cirurgias ambulatoriais, entre outros - Identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco.
- Promover a qualidade de vida e contribuir para que o meio - Realizar, através de visita domiciliar, acompanhamento mensal
ambiente seja mais saudável de todas as famílias sob sua responsabilidade.
- Discutir de forma permanente - junto à equipe de trabalho - Coletar dados para análise da situação das famílias acompa-
e comunidade - o conceito de cidadania, enfatizando os direitos à nhadas.
saúde e as bases legais que os legitimam - Desenvolver ações básicas de saúde nas áreas de atenção à
- Participar do processo de programação e planejamento das criança, à mulher, ao adolescente, ao trabalhador e ao idoso, com
ações e da organização do processo de trabalho das unidades de ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Saúde da Família - Promover educação em saúde e mobilização comunitária,
visando uma melhor qualidade de vida mediante ações de sanea-
mento e melhorias do meio ambiente.

395
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Incentivar a formação dos conselhos locais de saúde. - A ênfase na prevenção, sem descuidar do atendimento cura-
- Orientar as famílias para a utilização adequada dos serviços tivo.
de saúde. - O atendimento nas clínicas básicas de pediatria, ginecologia
- Informar os demais membros da equipe de saúde acerca da obstetrícia, clínica médica e clínica cirúrgica (pequenas cirurgias
dinâmica social da comunidade, suas disponibilidades e necessida- ambulatoriais).
des. - A parceria com a comunidade
- Participação no processo de programação e planejamento lo- - As possibilidades locais
cal das ações relativas ao território de abrangência da unidade de
Saúde da Família, com vistas a superação dos problemas identifi- Referência e contra referência
cados Em conformidade com o princípio da integralidade, o atendi-
mento no PSF deve, em situações específicas, indicar o encami-
Reorganização das Práticas de Trabalho nhamento do paciente para níveis de maior complexidade. Estes
encaminhamentos não constituem uma exceção, mas sim uma con-
Diagnóstico da Saúde da Comunidade tinuidade previsível e que deve ter critérios bem conhecidos tanto
Para planejar e organizar adequadamente as ações de saúde, a pelos componentes das equipes de Saúde da Família como pelas
equipe deve realizar o cadastramento das famílias da área de abran- demais equipes das outras áreas do sistema de saúde.
gência e levantar indicadores epidemiológicos e socioeconômicos. Compete ao serviço municipal de saúde definir, no âmbito mu-
Além das informações que compõem o cadastramento das famílias, nicipal ou regional, os serviços disponíveis para a realização de con-
deverão ser também utilizadas as diversas fontes de informação sultas especializadas, serviços de apoio diagnóstico e internações
que possibilitem melhor identificação da área trabalhada, sobretu- hospitalares. A responsabilidade pelo acompanhamento dos indiví-
do as oficiais, como dados do IBGE, cartórios e secretarias de saúde. duos e famílias deve ser mantida em todo o processo de referência
Igualmente, devem ser valorizadas fontes qualitativas e de informa- e contra referência
ções da própria comunidade.
Educação continuada
Planejamento/programação local Para que produza resultados satisfatórios, a equipe de Saúde
Para planejar localmente, faz-se necessário considerar tanto da Família necessita de um processo de capacitação e informação
quem planeja como para quê e para quem se planeja. Em primeiro contínuo e eficaz, de modo a poder atender às necessidades tra-
lugar, é preciso conhecer as necessidades da população, identifica- zidas pelo dinamismo dos problemas. Além de possibilitar o aper-
das a partir do diagnóstico realizado e do permanente acompanha- feiçoamento profissional, a educação continuada é um importante
mento das famílias adscritas. O pressuposto básico do PSF é o de mecanismo no desenvolvimento da própria concepção de equipe
que quem planeja deve estar imerso na realidade sobre a qual se e de vinculação dos profissionais com a população - característica
planeja. Além disso, o processo de planejamento deve ser pensado que fundamenta todo o trabalho do PSF. Da mesma forma que o
como um todo e direcionado à resolução dos problemas identifica- planejamento local das ações de saúde responde ao princípio de
dos no território de responsabilidade da unidade de saúde, visando participação ampliada, o planejamento das ações educativas deve
a melhoria progressiva das condições de saúde e de qualidade de estar adequado às peculiaridades locais e regionais, à utilização
vida da população assistida. dos recursos técnicos disponíveis e à busca da integração com as
Essa forma de planejamento contrapõe-se ao planejamento universidades e instituições de ensino e de capacitação de recursos
centralizado, habitual na administração clássica, em vista de carac- humanos.
terísticas tais como abertura à democratização, concentração em A formação em serviço deve ser priorizada, uma vez que permi-
problemas específicos, dinamismo e aproximação dos seus objeti- te melhor adequação entre os requisitos da formação e as neces-
vos à vida das pessoas. sidades de saúde da população atendida. A educação permanente
deve iniciar-se desde o treinamento introdutório da equipe, e atuar
Complementariedade através de todos os meios pedagógicos e de comunicação dispo-
Como já foi dito, a unidade de Saúde da Família deve ser a por- níveis, de acordo com as realidades de cada contexto - ressalte-se
ta de entrada do sistema local de saúde. A mudança no modelo que a educação à distância deve também ser incluída entre essas
tradicional exige a integração entre os vários níveis de atenção e, alternativas.
nesse sentido, já que apresenta um poder indutor no reordenamen-
to desses níveis, articulando-os através de serviços existentes no Estímulo à ação intersetorial
município ou região, o PSF é um dos componentes de uma política A busca de uma ação mais integradora dos vários setores da
de complementariedade, não devendo isolar-se do sistema local. administração pública pode ser um elemento importante no traba-
Como um projeto estruturante, Saúde da Família deve provocar lho das equipes de Saúde da Família. Como consequência de sua
uma transformação interna ao próprio sistema, com vistas a reor- análise ampliada do processo saúde/doença, os profissionais do
ganização das ações e serviços de saúde. Essa mudança implica na PSF deverão atuar como catalisadores de várias políticas setoriais,
colaboração entre as áreas de promoção e assistência à saúde, rom- buscando uma ação sinérgica. Saneamento, educação, habitação,
pendo com a dicotomia entre as ações de saúde pública e a atenção segurança e meio ambiente são algumas das áreas que devem es-
médica individual. tar integradas às ações do PSF, sempre que possíveis. A parceria e
a ação tecnicamente integrada com os diversos órgãos do poder
Abordagem multiprofissional público que atuam no âmbito das políticas sociais são objetivos per-
O atendimento no PSF deve ser sempre realizado por uma equi- seguidos. A questão social não será resolvida apenas pelo esforço
pe multiprofissional. A constituição da equipe deve ser planejada setorial isolado da saúde; tampouco se interfere na própria situação
levando-se em consideração alguns princípios básicos: sanitária sem que haja a interligação com os vários responsáveis
- O enfrentamento dos determinantes do processo saúde/ pelas políticas sociais.
doença
- A integralidade da atenção

396
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Acompanhamento e avaliação - Estabelecer normas e diretrizes que definam os princípios da
A avaliação, assim como todas as etapas do PSF, deve conside- estratégia do PSF.
rar a realidade e as necessidades locais, a participação popular e - Definir mecanismos de alocação de recursos federais para a
o caráter dinâmico e perfectível da proposta - que traz elementos implantação e manutenção das unidades de Saúde da Família, se-
importantes para a definição de programas de educação continua- gundo a lógica de financiamento do SUS.
da, aprimoramento gerencial e aplicação de recursos, entre outros. - Negociar com a Comissão lntergestores Tripartite os requisitos
O resultado das avaliações não deve ser considerado como um específicos e prerrogativas para a implantação e ou implementação
dado exclusivamente técnico, mas sim como uma informação de da estratégia do PSF.
interesse de todos (gestores, profissionais e população). Por isso, - Acompanhar e avaliar a implantação e resultados da estratégia
devem ser desenvolvidas formas de ampliação da divulgação e dis- do PSF nos estados e municípios.
cussão dos dados obtidos no processo de avaliação. - Assessorar os pólos de capacitação, formação e educação per-
manente para as equipes de Saúde da Família no que se refere à ela-
É importante ressaltar que os instrumentos utilizados para a boração, acompanhamento e avaliação de seus objetivos e ações.
avaliação devem ser capazes de aferir: - Articular, com as universidades e instituições de ensino supe-
- Alterações efetivas do modelo assistencial. rior, a introdução de inovações curriculares nos cursos de gradua-
- Satisfação do usuário. ção e ou a implantação de cursos de especialização ou outras for-
- Satisfação dos profissionais. mas de cursos de pós-graduação lato sensu.
- Qualidade do atendimento/desempenho da equipe. - Incentivar a criação de uma rede nacional/regional de inter-
- Impacto nos indicadores de saúde. câmbio de experiências no processo de produção do conhecimento
em Saúde da Família.
Por sua vez, o acompanhamento do desenvolvimento e a ava- - Promover articulações com outras instâncias da esfera federal,
liação dos resultados da atuação das unidades de Saúde da Famí- visando garantir a consolidação da estratégia de Saúde da Família.
lia podem ser realizados através de: - Identificar recursos técnico-científicos para o processo de con-
- Sistema de informação - a organização de um sistema de in- trole e avaliação de resultados e de impacto das ações desenvolvi-
formações deve permitir o monitoramento do desempenho das das pelas equipes de Saúde da Família.
unidades de Saúde da Família, no que se refere à resolubilidade das - Contribuir para o incremento da gestão plena da atenção bá-
equipes, melhoria do perfil epidemiológico e eficiência das decisões sica nos municípios, visando a reorientação do modelo assistencial.
gerenciais. Para tanto, deve contar com os seguintes instrumentos: - Identificar e estruturar parcerias com organizações governa-
cadastro familiar, cartão de identificação, prontuário familiar e ficha mentais e não-governamentais.
de registros de atendimentos.
- Relatório de gestão - é um instrumento vital para o acompa- Nível Estadual
nhamento do processo e resultados da organização das ações e ser- Compete às Secretarias Estaduais de Saúde definir, em sua es-
viços das unidades de Saúde da Família, em especial no tocante ao trutura organizacional, qual setor terá a responsabilidade de ar-
impacto nos indicadores de saúde, bem como nas ações referentes ticular a estratégia de Saúde da Família, cabendo-lhe o papel de
às demais áreas da gestão municipal. interlocutor com o Ministério da Saúde e municípios, bem como as
- Outros instrumentos definidos pelos gestores municipais e/ ou seguintes atribuições:
estaduais. - Participar, junto ao Ministério da Saúde, da definição das nor-
mas e diretrizes da estratégia de Saúde da Família - planejar, acom-
Controle social panhar e avaliar a implantação da estratégia de Saúde da Família
O controle social do sistema de saúde é um princípio e uma ga- em seu nível de abrangência.
rantia constitucional regulamentada pela Lei Orgânica de Saúde (Lei - Negociar com a Comissão Intergestores Bipartite os requisitos
nº 8.142/90). Assim, as ações desenvolvidas pelo PSF devem seguir específicos e prerrogativas técnicas e financeiras para implantação
as diretrizes estabelecidas pela legislação no que se refere à par- e ou implementação da estratégia de Saúde da Família.
ticipação popular. Muito mais do que apenas segui-las, o PSF tem - Integrar os pólos de capacitação, formação e educação perma-
uma profunda identidade de propósitos com a defesa da participa- nente para a equipe do PSF no que se refere à elaboração, execu-
ção popular em saúde, particularmente na adequação das ações de ção, acompanhamento e avaliação de seus objetivos e ações.
saúde às necessidades da população. - Articular, com as universidades e instituições de ensino supe-
A Lei nº 8.142/90 definiu alguns fóruns próprios para o exercício rior, a introdução de inovações curriculares nos cursos de gradua-
do controle social - as conferências e os conselhos de saúde -, a se- ção e ou a implantação de cursos de especialização ou outras for-
rem efetivados nas três esferas de governo. Porém, a participação mas de cursos de pós - graduação lato sensu.
da população não se restringe apenas a esses. Através de outras - Participar da rede nacional/regional de intercâmbio de expe-
instâncias formais (como Câmaras de Vereadores e Associação de riências no processo de produção do conhecimento em Saúde da
Moradores) e informais, os profissionais de saúde devem facilitar Família.
e estimular a população a exercer o seu direito de participar da - Promover intercâmbio de experiências entre os municípios de
definição, execução, acompanhamento e fiscalização das políticas sua área de abrangência.
públicas do setor. - Promover articulações com outras instâncias da esfera esta-
dual, visando garantir a consolidação da estratégia de Saúde da Fa-
Níveis de Competência mília.
- Identificar recursos técnico-científicos para o processo de con-
Nível Nacional trole e avaliação de resultados e de impacto das ações desenvolvi-
O gerenciamento e a organização da estratégia do PSF compete das pelas equipes de Saúde da Família.
à Coordenação de Saúde da Comunidade - COSAC, a qual está su- - Contribuir para o incremento da gestão plena da atenção bá-
bordinada à Secretaria de Assistência à Saúde - SAS, com as seguin- sica nos municípios, visando a reorientação do modelo assistencial.
tes atribuições:

397
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Identificar e estruturar parcerias com organizações governa- - Utilização de diferentes canais de comunicação, informação e
mentais e não-governamentais. mobilização, como associações de prefeitos, de secretários munici-
- Prestar assessoria técnica aos municípios para a implantação e pais de saúde, entidades da sociedade civil, escolas, sindicatos, as-
desenvolvimento da estratégia de Saúde da Família. sociações comunitárias, etc., bem como identificação de possíveis
aliados ao processo de implantação/implementação da estratégia
Nível Municipal de Saúde da Família.
Como espaço de execução da estratégia de Saúde da Família, - Utilização dos meios de comunicação de massa como espaços
esse nível define a melhor adequação dos meios e condições opera- privilegiados para a disseminação da proposta e divulgação de ex-
cionais, cabendo-lhe as seguintes competências: periências bem sucedidas - que funcionam como fator mobilizador
- Elaborar o projeto de implantação da estratégia de Saúde da para adesão à proposta.
Família para a reorientação das unidades básicas de saúde. - Envolvimento das instituições formadoras de recursos huma-
- Eleger áreas prioritárias para a implantação do projeto. nos para o SUS, uma vez que Saúde da Família significa a criação de
- Submeter o projeto à aprovação do Conselho Municipal de um novo mercado de trabalho que requer profissionais com perfil
Saúde. adequado a essa nova prática de trabalho.
- Encaminhar o projeto para parecer da Secretaria Estadual de - Ênfase na comunicação, informação e sensibilização junto aos
Saúde e Comissão Intergestores Bipartite. profissionais de saúde
- Selecionar e contratar os profissionais que comporão a equipe
de Saúde da Família. Adesão
- Promover, com apoio da Secretaria Estadual de Saúde, a capa-
citação das equipes de saúde. a) Município
- Implantar o sistema de informações e avaliação da estratégia Estar habilitado em alguma condição de gestão (NOB/93 ou
de Saúde da Família. NOB/96) é critério básico para a implantação da estratégia de Saú-
- Acompanhar e avaliar sistematicamente o desempenho das de da Família. O município que decide optar pelo PSF, enquanto
unidades de Saúde da Família. estratégia de reorientação do seu modelo de atenção básica, deve
- Inserir o financiamento das ações das unidades de Saúde da elaborar projeto para implantação da(s) equipe(s) nas unidades bá-
Família na programação ambulatorial do município, definindo a sicas de saúde, sempre observando os elementos fundamentais do
contrapartida municipal. modelo de Saúde da Família. Esse projeto deve ser posteriormente
- Garantir a infraestrutura/funcionamento da rede básica neces- submetido à apreciação do Conselho Municipal de Saúde; sendo
sária ao pleno desenvolvimento das ações da estratégia de Saúde aprovado, deve ser encaminhado pelo gestor municipal à Secretaria
da Família. de Estado da Saúde, que irá analisá-lo e submetê-lo à apreciação e
- Definir os serviços responsáveis pela referência e contra refe- aprovação da Comissão Intergestores Bipartite. Considerado apto
rência das unidades de Saúde da Família. nesse nível, será realizado o cadastramento das unidades de Saúde
da Família, segundo regulamentação da Norma Operacional Básica
Etapas de Implantação do PSF em vigência.
A implantação da estratégia de Saúde da Família é operacio-
nalizada no município, com a coparticipação do nível estadual. O b) Estado
processo possui várias etapas, não necessariamente sequenciais, A Secretaria de Estado da Saúde submete sua proposta de ado-
ou seja, podem ser realizadas de forma simultânea, de acordo com ção da estratégia de Saúde da Família à apreciação e aprovação da
as diferentes realidades dos sistemas municipais de saúde. Para me- Comissão Intergestores Bipartite. Para viabilização da proposta, de-
lhor compreensão dos vários passos que envolvem a implantação vem ser pactuadas as estratégias de apoio técnico aos municípios,
do PSF nos municípios, estas etapas serão descritas separadamen- bem como a inclusão de seu financiamento na programação dos
te, a seguir. tetos financeiros dos estados e municípios. Cabe à instância de ges-
tão estadual assumir, através de assessorias às atividades de pla-
Sensibilização e Divulgação nejamento, acompanhamento e avaliação das unidades de Saúde
Considerada como a primeira etapa de discussão dos princípios da Família, a corresponsabilidade pela implantação da estratégia de
e diretrizes da estratégia de Saúde da Família e suas bases opera- Saúde da Família, bem como o processo de capacitação e educação
cionais, visa disseminar as ideias centrais da proposta. É fundamen- continuada dos profissionais envolvidos.
tal que os gestores, profissionais de saúde e a população possam
compreender que Saúde da Família é uma proposta com grande Recrutamento, seleção e contratação de recursos humanos
potencial para transformar a forma de prestação da assistência A partir da definição da composição de suas equipes, o municí-
básica, de acordo com as diretrizes operacionais e os aspectos de pio deve planejar e executar o processo de recrutamento e seleção
reorganização das práticas de trabalho, já amplamente abordadas dos profissionais, contando com a assessoria da Secretaria de Esta-
neste manual. O trabalho de sensibilização e divulgação envolve do e ou instituição de formação de recursos humanos. Como todo
desde a clareza na definição do público a ser atingido até a mensa- processo seletivo, deve ser dada atenção a identificação do perfil
gem a ser veiculada. Para tanto, podem ser programadas sessões de profissional não apenas em termos de exigências legais, mas de
abrangência regional/estadual/local, com o objetivo de constituir as proximidade com o campo de atuação específico do PSF. Os crité-
alianças e as articulações necessárias ao pleno desenvolvimento da rios para identificação dessas habilidades devem ser justos e apre-
estratégia de Saúde da Família. sentar aos candidatos boa comunicabilidade e compreensibilidade.

Nesse sentido, alguns aspectos devem ser salientados: Existem várias formas de seleção que podem ser utilizadas,
- Ênfase na missão da estratégia de Saúde da Família enquanto isoladamente ou associadas, entre elas:
proposta de reorganização do modelo assistencial. - Prova escrita ou de múltipla escolha, contemplando o aspecto
de assistência integral à família (do recém-nascido ao idoso), com
enfoque epidemiológico.

398
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Prova prática de atendimento integral à saúde familiar e co- apoio às atividades de educação permanente, é recomendável a
munitária. utilização de e cursos audiovisuais e de informática, bem como de
- Prova teórico-prática de descrição do atendimento a uma si- telemática aplicada à saúde.
tuação simulada.
- Entrevista, com caráter classificatório, visando a seleção de Financiamento
profissionais com perfil adequado. O financiamento do Programa Saúde da Família está claramente
- Análise de currículo, sobretudo referente às atividades afins às definido na Norma Operacional Básica em vigor, a NOB-01/SUS/96.
propostas contidas no PSF, também com o intuito de avaliar a expe- Entendendo a estratégia do PSF como uma proposta substitutiva
riência e o perfil adequados para o exercício da função. das práticas tradicionais das unidades básicas de saúde, é importan-
te que esta lógica também se incorpore no campo do financiamen-
Especial atenção deve ser dada à composição das bancas, que to, ou seja, não se pode conceber a estratégia de Saúde da Família
devem estar afinadas com os princípios éticos da função de sele- como dependente de recursos paralelos, mas sim como uma prática
cionar profissionais e os objetivos e concepção que norteiam o PSF. que racionaliza a utilização dos recursos existentes, com capacidade
A análise de cada situação local definirá o melhor critério de sele- de potencialização de resultados. A operacionalização do PSF deve
ção, que seja ao mesmo tempo viável e satisfatório. A remunera- ser adequada às diferentes realidades locais, desde que mantidos
ção dos profissionais deve ser objeto de uma política diferenciada os seus princípios e diretrizes fundamentais. Para tanto, o impacto
e adaptada às caraterísticas locais, de modo a garantir a dedicação favorável nas condições de saúde da população adscrita deve ser a
e disponibilidade necessárias ao bom desempenho de suas tarefas. preocupação básica dessa estratégia. A humanização da assistência
Cada município decidirá sobre a modalidade de contratação de seus e o vínculo de compromisso e de corresponsabilidade estabelecido
profissionais. entre os serviços de saúde e a população tornam o Programa Saúde
da Família um projeto de grande potencialidade transformadora do
Capacitação das equipes atual modelo assistencial.
Para o efetivo alcance dos objetivos da estratégia do Programa
Saúde da Família, faz-se necessário que as ações e serviços de saú- Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
de sejam desenvolvidas por profissionais capacitados, que possam Teve início em 1991 e segundo Viana e Poz (2005) foi o pre-
assumir novos papéis e responsabilidades. O processo de capacita- cursor de importantes programas de saúde, dentre eles o Progra-
ção desses profissionais deve apresentar um conjunto de atividades ma Saúde da Família (PSF). Conforme ressaltado por Oliveira et al
capazes de contribuir para o atendimento das necessidades mais (2007) o PACS foi “mais uma tentativa de racionalização dos gastos
imediatas, bem como garantir a continuidade da formação profis- em saúde, de implementação das diretrizes que deveriam reger o
sional para o aprimoramento e melhoria da capacidade resolutiva Sistema Nacional de Saúde, e de levar ações de promoção à saúde
das equipes de saúde. às populações de risco”.
O PACS tem na pessoa do agente de saúde o elo entre os ser-
Treinamento Introdutório viços de saúde e a comunidade. Em 1999 o Ministério da Saúde
O período introdutório do processo de capacitação deve prever lançou um documento que estabelece sete competências para o
a integração das equipes e a compreensão do objeto de trabalho agente de saúde: Dentre as principais funções dos agentes de saúde
dos profissionais. Nessa etapa, devem ser trabalhados os aspectos destacam-se levar à população informações capazes de promover o
gerais das atividades a serem desenvolvidas pelas equipes - no seu trabalho em equipe; visita domiciliar; planejamento das ações de
caráter assistencial, gerencial e administrativo - e o conteúdo pro- saúde; promoção da saúde; prevenção e monitoramento de situa-
gramático deve estar adaptado às necessidades locais, tanto dos ções de risco e do meio ambiente; prevenção e monitoramento de
serviços quanto da característica de formação dos profissionais e grupos específicos; prevenção e monitoramento das doenças pre-
do perfil epidemiológico da região. A metodologia do ensino em valentes; acompanhamento e avaliação das ações de saúde (BRA-
serviço deve ser considerada a melhor alternativa. Estima-se que SIL, 1999). Dadas estas competências espera-se que o PACS tenha
duas semanas representem um período suficiente para o desenvol- um impacto positivo sobre os indicadores de saúde, principalmente
vimento desse trabalho. É importante ter a consciência de que o aqueles mais associados às famílias carentes.
treinamento introdutório não abrange todas as carências, devendo Segundo Melamedi a proposta básica do PACS “consiste no es-
traduzir-se como uma inauguração do processo de educação conti- clarecimento da população sobre cuidados com a saúde e seu en-
nuada, que sistematizará as necessidades de informação e capaci- caminhamento a postos de saúde ou a serviços especializados em
tação das equipes. caso de necessidade que não possa ser suprida pelos próprios agen-
tes. Pretende-se, por meio de uma visitação constante às moradias
Educação continuada e ou permanente da região, acompanhar o processo de crescimento das crianças de
O processo de capacitação e educação dos profissionais deve 0 a 5 anos, verificando-se frequentemente seu peso e, em casos de
ser contínuo, atendendo às necessidades que o dinamismo dos desnutrição, administrando-se a multimistura que atua como um
problemas traz às equipes. Além de possibilitar o aperfeiçoamento complemento alimentar”.
profissional, a educação continuada é um mecanismo importante Diante do exposto, pretendeu-se neste artigo verificar a impor-
no desenvolvimento da própria concepção de equipe e da criação tância do PACS na melhoria de alguns indicadores de saúde a ele
de vínculos de responsabilidade com a população assistida, que associados. A área de estudo abrangeu os municípios do Ceará, es-
fundamenta todo o trabalho da estratégia do Programa Saúde da tado tido como referência do Programa para todo o Brasil. Desde
Família. Da mesma forma que o planejamento local das ações de 1963 a Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra a impor-
saúde responde ao princípio de participação ampliada, o planeja- tância do atendimento médico às famílias, principalmente as mais
mento das ações educativas deve ser baseado nessa percepção. Ou carentes. Segundo Vasconcelos (1999) a proposta do médico de fa-
seja, adequado às peculiaridades locais e regionais, utilização dos mília se expandiu inicialmente nos Estados Unidos. Segundo o autor
recursos técnicos disponíveis e integração com as universidades e “em 1969, a medicina familiar foi ali reconhecida como especiali-
instituições de ensino e capacitação de recursos humanos. Como dade médica e logo no ano seguinte já haviam sido aprovados 54
programas de residência na área e 140 submetiam-se à aprovação.”

399
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No Brasil a incorporação da dimensão familiar nos programas VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando
de saúde pública ocorreu por volta de 1990. O grande marco neste atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi-
sentido foi a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) pelo ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili-
Ministério da Saúde e sob a responsabilidade dos municípios, mas zando- se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
com apoio das secretarias estaduais de Saúde. O estado do Ceará, mento do vínculo;
mais especificamente o município de Quixadá, teve um papel pri- VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população
mordial no delineamento do novo modelo. adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações
A proposta inicial do PSF era desenvolver um modelo de atua- de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos,
ção local, porém capaz de influenciar todo o sistema de saúde. A permitindo a longitudinalidade do cuidado;
ideia consistia na formação de uma equipe de saúde composta de VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas,
um médico generalista, uma enfermeira, uma auxiliar de enferma- famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam
gem e seis agentes comunitários de saúde que dariam assistência influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades
a uma área com 600 a 1000 famílias. A implantação do Programa e da própria comunidade;
Saúde da Família criou o profissional Agente Comunitário de Saú- IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a
de. Contudo, no Ceará, o Programa Agentes de Saúde já havia sido coordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em
implantado desde 1987. Em 1991 o Ministério da Saúde lançou o outros pontos de atenção do sistema de saúde;
Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e em 1994 o go- X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
verno estendeu o programa para todo o Brasil, o que fortaleceu o para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
Programa saúde da Família (PSF). O agente de saúde representa o planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
elo entre o sistema de saúde e a comunidade onde atua. Segundo dos serviços de saúde;
Kluthcovsky; Takayanagui a sua atuação ocorre em três dimensões: XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
a técnica, operando com saberes da epidemiologia e clínica; a polí- da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
tica, utilizando saberes da saúde coletiva, e a de assistência social, na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
possibilitando o acesso com equidade aos serviços de saúde. Ape- e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
sar da importância de suas atribuições as autoras colocam que este XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do
grupo costuma ser formado pelas pessoas de menor escolaridade encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu-
da equipe e, consequentemente, com menor remuneração. lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
Atribuições do Cargo gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
As atribuições dos profissionais pertencentes às equipes de básica;
atenção básica, nas quais estão incluídas as Equipes de Saúde da XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
Família com suas especificidades, são estabelecidas pela disposi- diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
ções legais que regulamentam o exercício de cada profissão e em viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
conformidade com a portaria GM Nº2.436/2017. lidade do cuidado;
XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
São atribuições comuns a todos os profissionais: das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; va vigente;
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros dados XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de informação da tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
Atenção Básica vigente, utilizando as informações sistematicamen- acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
te para a análise da situação de saúde, considerando as característi- tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
cas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
do território, priorizando as situações a serem acompanhadas no ritório;
planejamento local; - Realizar o cuidado integral à saúde da popula- XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur-
ção adscrita, prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saú- gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de
de, e quando necessário, no domicílio e demais espaços comunitá- estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi-
rios (escolas, associações, entre outros), com atenção especial às nalidade pelas equipes que atuam na AB;
populações que apresentem necessidades específicas (em situação XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio
de rua, em medida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma-
fluvial, etc.). nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida-
saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori- des e prioridades estabelecidas;
dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB; saúde controlados/compensados com algum grau de dependência
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan- para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a
do a integralidade por meio da realização de ações de promoção, Unidade Básica de Saúde;
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, integrando
e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza- áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até mesmo
ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de vigilân-
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas cia, clínica ampliada e matriciamento ao processo de trabalho coti-
Integrativas e Complementares; diano para essa integração (realização de consulta compartilhada -

400
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
reservada aos profissionais de nível superior, construção de Projeto Auxiliar e Técnico de Enfermagem:
Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras estratégias, I.- Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro-
em consonância com as necessidades e demandas da população); cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar e e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);
ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan- II. - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
do a readequação constante do processo de trabalho; administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para
XXII. Articular e participar das atividades de educação perma- exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou-
nente e educação continuada; tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads- de atuação e regulamentação; e
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens III.- Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
adequadas às necessidades deste público; na sua área de atuação.
XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos necessários
para o adequado funcionamento da UBS; Médico
XIV Promover a mobilização e a participação da comunidade, I.- Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res-
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais, ponsabilidade;
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na II. - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
gestão da Unidade Básica de Saúde; cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
XXV Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
potencializar ações intersetoriais; XXVI Acompanhar e registrar no ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
Sistema de Informação da Atenção Básica e no mapa de acompa- clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es-
nhamento do Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros programas tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
sociais equivalentes, as condicionalidades de saúde das famílias be- Federal), observadas as disposições legais da profissão;
neficiárias; III. - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
XXVII Realizar outras ações e atividades, de acordo com as prio- para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
ridades locais, definidas pelo gestor local. to aos demais membros da equipe;
IV. - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
Outras atribuições específicas dos profissionais da Atenção Bá- de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa-
sica poderão constar de normatização do município e do Distrito bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
Federal, de acordo com as prioridades definidas pela respectiva V.- Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
gestão e as prioridades nacionais e estaduais pactuadas. mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
VI. - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
Atribuições Específicas ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
VII. - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
Enfermeiro: na sua área de atuação.
I.- Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos Cirurgião-Dentista
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), I.- Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
em todos os ciclos de vida; saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
II. - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
exames complementares, prescrever medicações conforme proto- todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
III. - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
lecidos; federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
IV. - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados disposições legais da profissão;
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- II. - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
to aos demais membros da equipe; demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
V. - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces- no território;
sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela III. - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
rede local; saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
VI. - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
outros membros da equipe; dentárias (elementar, total e parcial removível);
VII. - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem IV. - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promo-
e ACS; ção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
VIII. - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e V.- Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
IX. - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional, saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. VI. - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
liar em saúde bucal (ASB);

401
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII. - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; bucal;
VIII. Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados V.- Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
to aos demais membros da equipe; e buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
IX. - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade ciplinar;
na sua área de atuação. VI. - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
Técnico em Saúde Bucal (TSB) lógicos;
I.- Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das VII. -Processar filme radiográfico;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VIII. - Selecionar moldeiras;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos IX. - Preparar modelos em gesso;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), X. - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas tenção e conservação dos equipamentos;
e legais; XI. - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
II. - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- miológicos, exceto na categoria de examinador; e
tos odontológicos; XII. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
III. - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à na sua área de atuação.
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; Gerente de Atenção Básica
IV. - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
venção e promoção da saúde bucal; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
V.- Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saúde cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde; fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
VI. - Participar das ações educativas atuando na promoção da pes à população adscrita, por meio de função técnico gerencial. A
saúde e na prevenção das doenças bucais; inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- necessidade do território e cobertura de AB.
miológicos, exceto na categoria de examinador; Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
VIII. - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
bucal; jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
IX. - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
nica definida pelo cirurgião-dentista; e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
X. - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
XI. - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- e dentre suas atribuições estão:
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- I.- Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
XII. - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
XIII. - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- de trabalho na UBS;
rurgião Dentista; II. - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
do ambiente de trabalho; saúde, junto aos demais profissionais;
XV. - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, III. - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
antes e após atos cirúrgicos; das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
XVI. - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
XVII. - Processar filme radiográfico; IV. - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
XVIII. - Selecionar moldeiras; envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
XIX. - Preparar modelos em gesso; sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
XX. - Manipular materiais de uso odontológico. rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
XXI. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade relacionados à segurança;
na sua área de atuação. V. - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas de
informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissionais,
Auxiliar em Saúde Bucal (ASB ) verificando sua consistência, estimulando a utilização para análise e
I.- Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal para planejamento das ações, e divulgando os resultados obtidos;
as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local e pro- VI. - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o tra-
tocolos de atenção à saúde; balho em equipe;
II. - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es- VII. Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida-
ambiente de trabalho; do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
III. - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções recursos;
clínicas

402
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIII. - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- VI. Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
IX. - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- VII. - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde no ambiente para o controle de vetores;
realizada na UBS; VIII. - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
X.- Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em saúde disponíveis;
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência IX. - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
e contra referência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes cas voltadas para a área da saúde;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- X. - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
veis; potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
XI. - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
da para as vulnerabilidades existentes no território; XI. - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
XII. - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, b) Atribuições do ACS:
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na I- Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base geo-
própria UBS, ou com parceiros; gráfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, mantendo
XIII. - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa- os dados atualizados no sistema de informação da Atenção Básica
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da equipe,
XIV. - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível para a análise da situação de saúde, considerando as característi-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; cas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas
e do território, e priorizando as situações a serem acompanhadas no
XV. - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo planejamento local;
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com- II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
petências. apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Combate a das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
Endemias (ACE) outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter- rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as duos e grupos sociais ou coletividades;
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
integradas. e exames agendados;
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
a) Atribuições comuns do ACS e ACE I.- Realizar diagnóstico de- que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
mográfico, social, cultural, ambiental, epidemiológico e sanitário do exames solicitados;
território em que atuam, contribuindo para o processo de territo- VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
rialização e mapeamento da área de atuação da equipe; gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
II. - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
tros profissionais da equipe quando necessário; adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
III. - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida paciente para a unidade de saúde de referência.
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objetivo
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi- de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí-
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
IV. - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada atuam na Atenção Básica;
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de III- aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
transmissão de doenças infecciosas e agravos; IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
V. - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co- com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
letiva; V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta administra-
ção da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.

403
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de- A Distribuição das Atividades entre os Membros da Equipe
tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal. Observa-se que o médico e o dentista desenvolvem, principal-
c) Atribuições do ACE: mente, as funções consideradas exclusivas de sua categoria profis-
I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala- sional. O médico executa diariamente consultas médicas aos indiví-
cológica ou coleta de reservatórios de doenças; duos e famílias em todas as fases do desenvolvimento. O dentista
II. - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis realiza os atendimentos odontológicos, o que sinaliza adequação
para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter- ao disposto pelo Ministério da Saúde como atribuições específicas
venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea- destes profissionais da equipe. No caso do médico, observa-se que
mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente além das consultas clínicas, também efetua pequenos procedimen-
indicado; tos de sua competência na USF, atende a demanda espontânea e
III. Executar ações de controle de doenças utilizando as medidas programada, realiza encaminhamentos aos serviços de referência
de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras ações de e indica internações hospitalares, quando necessário. Verificou-se,
manejo integrado de vetores; também, que o dentista realiza atividades de prevenção em saúde
IV. - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco- bucal nas escolas, além do atendimento curativo no consultório.
nhecimento geográfico de seu território; e Conforme verificado, ambos estão cientes das atribuições específi-
V.- Executar ações de campo em projetos que visem avaliar cas de suas categorias.
novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de Quanto aos demais profissionais observados na USF, verifica-se
doenças; e que existe um compartilhamento das atividades desempenhadas
VI. - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- pela enfermagem. Observa-se que a enfermeira realiza funções
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo que também são realizadas pela auxiliar de enfermagem, como por
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. exemplo, verificação de sinais vitais, curativos, retirada de pontos,
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica dispensação de medicamentos na farmácia, limpeza, preparo e
(eAB) ou uma equipe de Saúde da Família ( eSF) e serem coordena- esterilização dos materiais, aplicação de medicamentos e vacinas.
dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma Além de realizar as funções consideradas do auxiliar de enferma-
compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas gem, verifica-se que a enfermeira executa atribuições que são de
localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção sua competência, como por exemplo, realização de coleta e acon-
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se selhamento para exame de HIV, orientações quanto às vacinas e
vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde consultas de pré-natal para gestantes e a coordenação da sala de
(EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi- vacinas. Além destas atividades, somente a enfermeira realiza cole-
gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser ta de preventivo do câncer de colo do útero, embora esta não seja
realizada por profissional com comprovada capacidade técnica, estabelecida como uma função exclusiva deste profissional.
podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da Ao ser questionados sobre quais seriam as funções desempe-
família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local. nhadas exclusivamente por eles, a enfermeira cita uma série de atri-
buições que realiza na equipe, mas a grande maioria delas não são
Na literatura encontram-se três concepções distintas sobre tra- consideradas exclusivas do enfermeiro.
balho em equipe, onde se destacam: os resultados, as relações e a
interdisciplinaridade. Na lógica dos resultados, a equipe é concebi- [...] A parte dos programas, preenchimento dos papéis, coleta
da como recurso para aumento da produtividade e da racionaliza- de dados que tem que ser feita [...] coleta de preventivo do câncer,
ção dos serviços. Nas relações, utilizam-se os conceitos da psicolo- a parte de vigilância epidemiológica; é claro que tem uma equipe
gia como referência, analisando as equipes com base nas relações de vigilância, mas o preenchimento de papéis, a busca de dados, de
interpessoais e nos processos psíquicos. Na perspectiva da inter- investigação, é da enfermeira [...] vacinas, a coordenação da sala de
disciplinaridade, situam-se os trabalhos que trazem à discussão a vacinas é da minha atribuição [...].
articulação dos saberes e a divisão do trabalho em saúde. Diante
da diversidade de conceitos sobre trabalho em equipe, a ideia de Verificou-se, também, que a enfermagem realiza o preenchi-
equipe perpassa duas concepções diferentes: a equipe como agru- mento dos receituários de medicação controlada e em seguida en-
pamento de agentes e a equipe como integração de trabalhos. trega para a médica da equipe carimbar e assinar. Sobre as atribui-
A primeira é caracterizada pela fragmentação das ações, e a se- ções dos ACS todos eles relataram as visitas domiciliares mensais às
gunda pela articulação consoante à proposta da integralidade das famílias de suas respectivas microáreas, levantamento de dados e
ações em saúde e a necessidade atual de recomposição dos sabe- demandas destas famílias, orientações quanto à utilização dos ser-
res e trabalhos especializados. Tomando essa distinção como base, viços de saúde disponíveis e o preenchimento do relatório mensal
construiu-se uma tipologia referente à duas modalidades de traba- relacionado ao seu trabalho como funções exclusivas de sua cate-
lho em equipe: equipe agrupamento, em que há justaposição das goria profissional. O exposto por estes profissionais vai ao encontro
ações e o agrupamento dos agentes, e equipe integração, que de- do que o MS define como funções do ACS na ESF.
senvolve a articulação das ações e interação dos agentes. Em ambas Quanto às ações de promoção da saúde e prevenção de agra-
se fazem presentes as diferenças técnicas dos trabalhos especializa- vos, que são atribuições comuns a todos os profissionais da equipe,
dos e a desigualdade de valor atribuído a esses distintos trabalhos. verifica-se que os profissionais desenvolvem grupos de educação
A partir desta perspectiva de mudança de paradigma do sistema em saúde nas comunidades e atividades de prevenção no âmbito
de saúde, proposta pela Estratégia de Saúde da Família, emerge a da saúde bucal nas escolas, sendo estas atividades compartilhadas
necessidade de conhecer como estão ocorrendo os processos de entre eles. O grupo de saúde é conduzido por um dos profissionais
trabalho, verificar como os profissionais de saúde estão organizan- da equipe complementar, e tem a participação da enfermeira. As
do seu trabalho, quem assume as atividades administrativas e de visitas domiciliares realizadas pelo ACS juntamente com um profis-
coordenação na equipe, bem como, averiguar se há integração no sional da USF, também foram consideradas como atividades com-
planejamento e realização das atividades da ESF. partilhadas pelos membros da equipe.

404
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tem facilidade em exercer a função de coordenação dentro das USF
A Realização de Atividades Administrativas por conhecer melhor o seu funcionamento e pelo bom relaciona-
Neste contexto chamaremos de atividades administrativas as mento com toda a equipe.
atividades-meio desempenhadas no processo de trabalho da equi-
pe, que são: preparo dos materiais em geral, organização das salas A Integração Durante as Atividades Realizadas pela Equipe
e consultórios, construção de relatórios, alimentação dos Sistemas Estudo realizado com profissionais de quatro ESF de um muni-
de Informação do Ministério da Saúde, organização dos prontuários cípio de médio porte do RS, identificou nas falas dos entrevistados
das famílias, entre outras. Verifica-se que grande parte do tempo o desejo de realizar um bom trabalho, a maior facilidade para solu-
de serviço dos profissionais é utilizada para o desenvolvimento das cionar os problemas que são discutidos em conjunto e em alcançar
referidas atividades administrativas, e que geralmente quem mais objetivos, a busca do bom senso nas decisões, a existência de um
as desempenha é a enfermagem. Observa-se que a enfermeira e bom relacionamento entre os colegas, as metas comuns a todos e a
a auxiliar de enfermagem compartilham as seguintes atividades: adaptação de um colega à dinâmica do outro, como possibilidades
separação dos prontuários médicos e fichas para consulta médica; no trabalho em equipe na Estratégia de Saúde da Família. No entan-
controle de estoque e distribuição de medicamentos da farmácia; to, observa-se que alguns profissionais assumem para si a execução
organização dos prontuários das famílias, organização das salas de das decisões e ações que foram tomadas em equipe.
curativo, esterilização e consultório médico, e o preenchimento dos Trabalho em equipe de modo integrado significa conectar dife-
relatórios do SIAB e do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) do rentes processos de trabalho envolvidos, com base em certo conhe-
Sistema de Informação Ambulatorial (SIA). cimento acerca do trabalho do outro e valorizando a participação
Quanto às fichas e prontuários odontológicos, a organização do deste na produção de cuidados; é construir consensos quanto aos
consultório do dentista, e o preenchimento dos relatórios da parte objetivos e resultados a serem alcançados pelo conjunto de profis-
odontológica, verificou-se que são efetuados pelo próprio dentista sionais, bem como quanto à maneira mais adequada de atingi-los.
e, pela ACD. Outra observação importante nesta categoria de aná- Significa, também, utilizar-se da interação entre os agentes envol-
lise é que a alimentação dos programas do MS, digitação e envio vidos, com busca do entendimento e do reconhecimento recíproco
dos relatórios do SIAB e do BPA/SIA são efetuados pela enfermeira. de autoridades e saberes e da autonomia técnica.
Conforme literatura, a garantia da qualidade do registro das ativida-
des nos sistemas nacionais de informação na Atenção Básica é uma
atribuição comum a todos os profissionais da ESF. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO AGENTE
É possível verificar, também, que o gestor de saúde geralmente COMUNITÁRIO DE SAÚDE
busca a enfermeira para tratar de assuntos relacionados à Secretaria
Municipal da Saúde, como por exemplo, o preenchimento dos A ação do Agente Comunitário de Saúde (ACS) favorece a trans-
documentos da Pactuação de Saúde e o repasse de boa parte dos formação de situações-problema que afetam a qualidade de vida
ofícios inicialmente destinados ao gestor municipal. Pesquisadores das famílias, como aquelas associadas ao saneamento básico, des-
constataram em estudo realizado com uma ESF de um município tinação do lixo, condições precárias de moradia, situações de ex-
baiano, que a enfermeira desempenha o papel de mediadora das clusão social, desemprego, violência intrafamiliar, drogas lícitas e
relações da equipe com a coordenação municipal. Esta posição ilícitas, acidentes etc.
observada foi reforçada pela coordenação municipal que quase Seu trabalho tem como principal objetivo contribuir para
sempre direciona para a enfermeira as correspondências e ligações a qualidade de vida das pessoas e da comunidade. Para que isso
telefônicas. Concluíram que, de modo geral, este dado pode ser aconteça, o ACS deve estar sempre alerta, vigilante.
entendido pelo fato de que historicamente, o profissional de
enfermagem tem assumido preferencialmente funções de gerência O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde
e administração nos serviços de saúde. O agente comunitário de saúde – ACS é um personagem muito
importante na implementação do Sistema Único de Saúde, fortale-
A Coordenação da Equipe cendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária
Verifica-se que no cotidiano da USF a enfermeira é quem está à Saúde e a comunidade.
mais envolvida na coordenação, tanto das atividades dos ACS como No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes comunitários
da auxiliar de enfermagem e demais situações que ocorrem no pos- de saúde estão em atuação, contribuindo para a melhoria da quali-
to de saúde, bem como no planejamento das atividades da equipe. dade de vida das pessoas, com ações de promoção e vigilância em
Estudo realizado com enfermeiras de onze USF de um município, saúde.
identificou a prática gerencial desenvolvida pelas enfermeiras no O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica-
Programa Saúde da Família (PSF), destacando a coordenação da ção dos agentes deve ser permanente. Nesse sentido, apresenta
USF, a supervisão aos AE e aos ACS, as ações de vigilância epide- esta publicação, com informações gerais sobre o trabalho do agen-
miológica, controle de material, medicamento e pessoal, reunião te, que, juntamente com o Guia Prático do ACS, irá ajudá-lo no me-
de equipe e programação local. lhor desenvolvimento de suas ações.
Almeida e Rocha veem a gerência como um instrumento de tra- A todos os agentes comunitários de saúde desejamos sucesso
balho nas práticas sanitárias, sendo inerente ao processo de traba- na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras.
lho das ESF, que deveria ser responsabilidade de todos os membros O agente comunitário de saúde – ACS é um personagem muito
da equipe, mas que é em geral responsabilidade das enfermeiras importante na implementação do Sistema Único de Saúde, fortale-
que assumem essa atribuição na coordenação das USF. Constatou- cendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária
-se por meio de uma pesquisa realizada com médicos e enfermeiros à Saúde e a comunidade.
integrantes do PSF dos municípios da 13ª CRS-RS, que uma das difi- No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes comunitários
culdades encontradas pelo enfermeiro no exercício das atividades, de saúde estão em atuação, contribuindo para a melhoria da quali-
que lhe são atribuídas por lei, é o acúmulo de funções que este pro- dade de vida das pessoas, com ações de promoção e vigilância em
fissional tem, acarretando outro problema: a falta de tempo para saúde.
exercer suas funções adequadamente. No entanto, o enfermeiro

405
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica- tório nacional e define quem é o gestor em cada esfera de governo.
ção dos agentes deve ser permanente. Nesse sentido, apresenta No âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário
esta publicação, com informações gerais sobre o trabalho do agen- Estadual de Saúde; no Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do
te, que, juntamente com o Guia Prático do ACS, irá ajudá-lo no me- DF; e, no município, o Secretário Municipal de Saúde. As competên-
lhor desenvolvimento de suas ações. cias e responsabilidades de cada gestor também foram definidas.
A todos os agentes comunitários de saúde desejamos sucesso Outra condição expressa no artigo 198 é a participação popu-
na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras. lar, que foi detalhada posteriormente pela Lei nº 8.142, de dezem-
bro de 1990.
De onde veio o SUS? Apesar de ser um sistema de ser de saúde em construção, com
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição problemas a serem resolvidos e desafios a enfrentados para a con-
Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha aces- cretização dos seus princípios e diretrizes, o SUS é uma realidade.
so ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência Faz parte do processo de construção a organização e a reorga-
médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médi- nização do modelo de atenção à saúde, isto é, a forma de organizar
ca da Previdência Social (Inamps), ficando restrita às pessoas que a prestação de serviços e as ações de saúde para atender às ne-
contribuíssem com a previdência social. As demais eram atendidas cessidades e demandas da população, contribuindo, assim, para a
apenas em serviços filantrópicos. solução dos seus problemas de saúde.
A Constituição Federal é a lei maior de um país, superior a to- Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde, como
das as outras leis. Em 1988, o Brasil promulgou a sua 7ª Constitui- direito de todos e dever do Estado, garantindo atenção contínua e
ção, também chamada de Constituição Cidadã, pois na sua elabora- com qualidade aos indivíduos e às coletividades, de acordo com as
ção houve ampla participação popular e, especialmente, porque ela diferentes necessidades.
é voltada para a plena realização da cidadania. É a lei que tem por
finalidade máxima construir as condições políticas, econômicas, so- Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)
ciais e culturais que assegurem a concretização ou efetividade dos Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a saúde,
direitos humanos, num regime de justiça social. o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios, previstos no
A Constituição Brasileira de 1988 preocupou-se com a cidada- artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 8.080/1990,
nia do povo brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais, em que destacamos:
como o direito à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer e à apren- Universalidade – significa que o SUS deve atender a todos, sem
dizagem. distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem
Em relação à saúde, a Constituição apresenta cinco artigos – os qualquer custo. Todos os cidadãos têm direito a consultas, exames,
de nº 196 a 200. internações e tratamentos nos serviços de saúde, públicos ou pri-
O artigo 1961 diz que: vados, contratados pelo gestor público.A universalidade é princípio
1. A saúde é direito de todos. fundamental das mudanças previstas pelo SUS, pois garante a todos
2. O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado. Aqui, deve- os brasileiros o direito à saúde.
-se entender Estado como Poder Público: governo federal, governos Integralidade – pelo princípio da integralidade, o SUS deve se
estaduais, o governo do Distrito Federal e os governos municipais. organizar de forma que garanta a oferta necessária aos indivíduos e
3. Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e à coletividade, independentemente das condições econômicas, da
econômicas com acesso universal e igualitário às ações e aos ser- idade, do local de moradia e outros, com ações e serviços de pro-
viços para sua promoção, proteção e recuperação e para reduzir o moção à saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação.
risco de doença e de outros agravos. A integralidade não ocorre apenas em um único local, mas no siste-
ma como um todo e só será alcançada como resultado do trabalho
Políticas sociais e econômicas são aquelas que vão contribuir integrado e solidário dos gestores e trabalhadores da saúde, com
para que o cidadão possa ter com dignidade: moradia, alimenta- seus múltiplos saberes e práticas, assim como da articulação entre
ção, habitação, educação, lazer, cultura, serviços de saúde e meio os diversos serviços de saúde.
ambiente saudável. Equidade – o SUS deve disponibilizar serviços que promovam
Conforme está expresso na Constituição, a saúde não está uni- a justiça social, que canalizem maior atenção aos que mais neces-
camente relacionada à ausência de doença. Ela é determinada pelo sitam, diferenciando as necessidades de cada um. Na organização
modo que vivemos, pelo acesso a bens e consumo, à informação, da atenção à saúde no SUS, a equidade traduz-se no tratamento
à educação, ao saneamento, pelo estilo de vida, nossos hábitos, a desigual aos desiguais, devendo o sistema investir mais onde e para
nossa maneira de viver, nossas escolhas. Isso significa dizer que a quem as necessidades forem maiores. A equidade é, portanto, um
saúde é determinada socialmente. princípio de justiça social, cujo objetivo é diminuir desigualdades.
O artigo 198 da Constituição define que as ações e serviços pú- Participação da comunidade – é o princípio que prevê a organi-
blicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e zação e a participação da comunidade na gestão do SUS.
devem constituir um sistema único, organizado de acordo com as Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos Con-
seguintes diretrizes: selhos e Conferências de Saúde, na esfera nacional, estadual e mu-
1. Descentralização, com direção única em cada esfera de go- nicipal. O Conselho de Saúde é um colegiado permanente e deve
verno; estar representado de forma paritária, ou seja, com uma maioria
2. Atendimento integral, com prioridade para as atividades pre- dos representantes dos usuários (50%), mas também com os tra-
ventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; balhadores (25%), gestores e prestadores de serviços (25%). Sua
3. Participação da comunidade. função é formular estratégias para o enfrentamento dos problemas
de saúde, controlar a execução das políticas de saúde e observar os
Em dezembro de 1990, o artigo 198 da Constituição Federal foi aspectos financeiros e econômicos do setor, possuindo, portanto,
regulamentado pela Lei nº 8.080, que é conhecida como Lei Orgâ- caráter deliberativo.
nica de Saúde ou Lei do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa lei es-
tabelece como deve funcionar o sistema de saúde em todo o terri-

406
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a Atenção Primária à Saúde
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação A Atenção Primária à Saúde (APS), também conhecida no Brasil
de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de como Atenção Básica (AB), da qual a Estratégia Saúde da Família é
saúde. É convocada pelo Poder Executivo (Ministério da Saúde, Se- a expressão que ganha corpo no Brasil, é caracterizada pelo desen-
cretaria Estadual ou Municipal de Saúde) ou, extraordinariamente, volvimento de um conjunto de ações de promoção e proteção da
pela própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde. saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação
Descentralização – esse princípio define que o sistema de saú- e manutenção da saúde.
de se organize tendo uma única direção, com um único gestor em Essas ações, desenvolvidas por uma equipe de saúde, são di-
cada esfera de governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o rigidas a cada pessoa, às famílias e à coletividade ou conjunto de
Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no pessoas de um determinado território.
Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, Bem estruturada e organizada, a Atenção Primária à Saúde
o Secretário Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de (APS) resolve os problemas de saúde mais comuns/frequentes da
governo, tem atribuições comuns e competor em cada esfera de população, reduz os danos ou sofrimentos e contribui para uma
governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o Ministro da Saú- melhor qualidade de vida das pessoas acompanhadas.
de; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no Distrito Fede- Além dos princípios e diretrizes do SUS, a APS orienta-se tam-
ral/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, o Secretário bém pelos princípios da acessibilidade, vínculo, continuidade do
Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de governo, tem cuidado (longitudinalidade), responsabilização, humanização, parti-
atribuições comuns e competências específicas. cipação social e coordenação do cuidado. Possibilita uma relação de
O município tem papel de destaque, pois é lá onde as pessoas longa duração entre a equipe de saúde e os usuários, independen-
moram e onde as coisas acontecem. Em um primeiro momento, a temente da presença ou ausência de problemas de saúde, o que
descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela chamamos de atenção longitudinal. O foco da atenção é a pessoa,
organização da oferta de todas as ações e serviços de saúde. Com e não a doença.
o passar do tempo, após experiências de implantação, percebeu-se Ao longo do tempo, os usuários e a equipe passam a se co-
que nem todo município, dadas suas características sociais, demo- nhecer melhor, fortalecendo a relação de vínculo, que depende de
gráficas e geográficas, comportariam assumir a oferta de todas as movimentos tanto dos usuários quanto da equipe.
ações de saúde, e que há situações que devem ser tratadas no nível A base do vínculo é o compromisso do profissional com a saúde
estadual ou nacional, como é o caso da política de transplantes. daqueles que o procuram. Para o usuário, existirá vínculo quando
Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e ele perceber que a equipe contribui para a melhoria da sua saúde e
atribuições das três esferas de gestão (municípios, Estados e União) da sua qualidade de vida. Há situações que podem ser facilitadoras
resultantes da implementação do SUS, houve um processo evo- ou dificultadoras. Um bom exemplo disso pode ser o horário e dias
lutivo de adaptação a esses novos papéis, traduzidos nas Normas de atendimento da Unidade Básica de Saúde (UBS), a sua localiza-
Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS 01/01 e NOAS 01/02). ção, ter ou não acesso facilitado para pessoas com deficiência física,
Mais recentemente as referidas Normas formam substituídas por entre outras coisas.
uma nova lógica de pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser As ações e serviços de saúde devem ser pautados pelo princí-
desempenhado, definido no chamado “Pacto pela Saúde”. pio da humanização, o que significa dizer que as questões de gênero
Regionalização – orienta a descentralização das ações e ser- (feminino e masculino), crença, cultura, preferência política, etnia,
viços de saúde, além de favorecer a pactuação entre os gestores raça, orientação sexual, populações específicas (índios, quilombo-
considerando suas responsabilidades. Tem como objetivo garantir las, ribeirinhos etc.) precisam ser respeitadas e consideradas na or-
o direito à saúde da população, reduzindo desigualdades sociais e ganização das práticas de saúde. Significa dizer que essas práticas
territoriais. devem estar relacionadas ao compromisso com os direitos do cida-
Hierarquização – é uma forma de organizar os serviços e ações dão. O acolhimento é uma das formas de concretizar esse princípio
para atender às diferentes necessidades de saúde da população. e se caracteriza como um modo de agir que dá atenção a todos que
Dessa forma, têm-se serviços voltados para o atendimento das ne- procuram os serviços, não só ouvindo suas necessidades, mas per-
cessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos serviços cebendo aquilo que muitas vezes não é dito.
de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de Saúde da O acolhimento não está restrito a um espaço ou local. É uma
Família. A maioria das necessidades em saúde da população é re- postura ética. Não pressupõe hora ou um profissional específico
solvida nesses serviços. Algumas situações, porém, necessitam de para fazê-lo, implica compartilhamento de saberes, necessidades,
serviços com equipamentos e profissionais com outro potencial de possibilidades, angústias ou formas alternativas para o enfrenta-
resolução. Citamos como exemplo: as maternidades, as policlínicas, mento dos problemas.
os prontos-socorros, hospitais, além de outros serviços classifica- O ACS tem um papel importante no acolhimento, pois é um
dos como de média e alta complexidade, necessários para situações membro da equipe que faz parte da comunidade, o que ajuda a
mais graves. criar confiança e vínculo, facilitando o contato direto com a equipe.
Esses diferentes serviços devem possuir canais de comunica- A APS tem a capacidade de resolver grande parte dos proble-
ção e se relacionar de maneira que seja garantido o acesso a todos mas de saúde da população, mas em algumas situações haverá a
conforme a necessidade do caso, regulado por um eficiente sistema necessidade de referenciar seus usuários a outros serviços de saú-
de regulação. de. Mesmo nesses momentos, a APS tem um importante papel ao
Todas as pessoas têm direito à saúde, mas é importante lem- desempenhar a função de coordenação do cuidado, que é entendi-
brar que elas possuem necessidades diferentes. Para que se faça do como a capacidade de responsabilizar-se pelo usuário (saber o
justiça social, é necessário um olhar diferenciado, por meio da orga- que está acontecendo com ele) e apoiá-lo, mesmo quando este está
nização da oferta e acesso aos serviços e ações de saúde aos mais sendo acompanhado em outros serviços de saúde.
necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das desigual- É na APS em que acontece o trabalho do agente comunitário
dades sociais. de saúde (ACS).
O SUS determina que a saúde é um direito humano fundamen-
tal e é uma conquista do povo brasileiro.

407
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
APS/Saúde da Família jam estes voltados à reabilitação ou consultas gerais. Conhecer essa
O Ministério da Saúde definiu a Saúde da Família como estra- realidade, envolver a equipe de saúde e a comunidade na busca
tégia prioritária para a organização e fortalecimento da APS no País. de recursos e estratégias que possibilitem superar essas situações
Por meio dessa estratégia, a atenção à saúde é feita por uma são atitudes muito importantes que podem ser desencadeadas por
equipe composta por profissionais de diferentes categorias (multi- você, repercutindo na mudança da qualidade de vida e no aumento
disciplinar) trabalhando de forma articulada (interdisciplinar), que de oportunidades para essas pessoas na construção de uma comu-
considera as pessoas como um todo, levando em conta suas condi- nidade mais solidária e cidadã.
ções de trabalho, de moradia, suas relações com a família e com a
comunidade. Para realizar um bom trabalho, você precisa:
Cada equipe é composta, minimamente, por um médico, um - Conhecer o território;
enfermeiro, um auxiliar de enfermagem ou técnico de enferma- - Conhecer não só os problemas da comunidade, mas também
gem e ACS, cujo total não deve ultrapassar a 12. Essa equipe pode suas potencialidades de crescer e se desenvolver social e economi-
ser ampliada com a incorporação de profissionais de Odontologia: camente;
cirurgião-dentista, auxiliar de saúde bucal e/ou técnico em saúde - Ser ativo e ter iniciativa;
bucal. Cabe ao gestor municipal a decisão de incluir ou não outros - Gostar de aprender coisas novas;
profissionais às equipes. - Observar as pessoas, as coisas, os ambientes;
Além disso, com o objetivo de ampliar a abrangência das ações - Agir com respeito e ética perante a comunidade e os demais
da APS, bem como sua capacidade de resolução dos problemas de profissionais.
saúde, foram criados em 2008 os Núcleos de Apoio à Saúde da Fa-
mília (Nasf). Eles podem ser constituídos por equipes compostas Todas as famílias e pessoas do seu território devem ser acompa-
por profissionais de diversas áreas do conhecimento (nutricionista, nhadas por meio da visita domiciliar, na qual se desenvolvem ações
psicólogo, farmacêutico, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta de educação em saúde. Entretanto, sua atuação não está restrita ao
ocupacional, fonoaudiólogo, médico acupunturista, médico gineco- domicílio, ocorrendo também nos diversos espaços comunitários.
logista, médico homeopata, médico pediatra e médico psiquiatra) Todas essas ações que estão voltadas para a qualidade de vida
que devem atuar em parceria com os profissionais das ESF. Logo, das famílias necessitam de posturas empreendedoras por parte da
é importante que você, agente, saiba se sua equipe está vinculada população e, na maioria das vezes, é você que exerce a função de
a algum Nasf e, em caso positivo, como se dá a articulação entre a estimular e organizar as reivindicações da comunidade.
sua ESF e este Nasf.
É necessário que exista entre a comunidade e os profissionais A atuação do ACS valoriza questões culturais da comunidade,
de saúde relação de confiança, atenção e respeito. Essa relação é integrando o saber popular e o conhecimento técnico.
uma das principais características da reorganização do processo de
trabalho por meio da Saúde da Família e se dá na medida em que os Detalhando um pouco mais as suas ações
usuários têm suas necessidades de saúde atendidas. Você deve estar sempre atento ao que acontece com as famí-
A população sob responsabilidade da equipe deve ser cadas- lias de seu território, identificando com elas os fatores socioeconô-
trada e acompanhada, entendendo-se suas necessidades de saúde micos, culturais e ambientais que interferem na saúde. Ao identi-
como resultado também das condições sociais, ambientais e econô- ficar ou tomar conhecimento da situação-problema, você precisa
micas em que vive. conversar com a pessoa e/ou familiares e depois encaminhá-la(los)
Equipe e famílias devem compartilhar responsabilidades pela à unidade de saúde para uma avaliação mais detalhada. Caso a si-
saúde. Isso é particularmente importante na adequação das ações tuação-problema seja difícil de ser abordada ou não encontre aber-
de saúde às necessidades da população e é uma forma de controle tura das pessoas para falar sobre o assunto, você deve relatar a si-
social e participação popular. tuação para a sua equipe.
A participação popular e o controle social devem ser estimula- Os diferentes aspectos de um problema deverão ser examina-
dos na ação cotidiana dos profissionais que atuam na APS. dos cuidadosamente com as pessoas, para que sejam encontradas
as melhores soluções. Você orienta ações de prevenção de doen-
Agente Comunitário de Saúde: você é “um agente de mudan- ças, promoção à saúde, entre outras estabelecidas pelo planeja-
ças”! mento da equipe. Todas as pessoas de sua comunidade deverão ser
Seu trabalho é considerado uma extensão dos serviços de saú- acompanhadas, principalmente aquelas em situação de risco. Veja
de dentro das comunidades, já que você é um membro da comuni- explicação mais à frente.
dade e possui com ela um envolvimento pessoal. Há situações em que será necessária a atuação de outros pro-
Você, agente, é um personagem fundamental, pois é quem está fissionais da equipe, sendo indicado o encaminhamento para a uni-
mais próximo dos problemas que afetam a comunidade, é alguém dade de saúde. Você deverá comunicar à equipe quanto à situação
que se destaca pela capacidade de se comunicar com as pessoas e encontrada, pois, caso não ocorra o comparecimento à unidade de
pela liderança natural que exerce. saúde, deverá ser realizada busca-ativa ou visita domiciliar.
Sua ação favorece a transformação de situações-problema que
afetam a qualidade de vida das famílias, como aquelas associadas Podemos dizer que o ACS deve:
ao saneamento básico, destinação do lixo, condições precárias de - Identificar áreas e situações de risco individual e coletivo;
moradia, situações de exclusão social, desemprego, violência intra- - Encaminhar as pessoas aos serviços de saúde sempre que ne-
familiar, drogas lícitas e ilícitas, acidentes etc. cessário;
Seu trabalho tem como principal objetivo contribuir para a qua- - Orientar as pessoas, de acordo com as instruções da equipe
lidade de vida das pessoas e da comunidade. Para que isso aconte- de saúde;
ça, você tem que estar alerta. Tem que estar sempre “vigilante”. - Acompanhar a situação de saúde das pessoas, para ajudá-las
Pessoas com deficiência, por exemplo, podem ter dificuldade a conseguir bons resultados.
no convívio familiar, na participação na comunidade, na inclusão na
escola, no mercado de trabalho, no acesso a serviços de saúde, se-

408
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica seu Existem situações de risco que afetam a pessoa individualmen-
trabalho. No entanto você deve compreender a importância da te e, portanto, têm soluções individuais. Outras atingem um núme-
participação popular na construção da saúde, estimulando assim ro maior de pessoas em uma mesma comunidade, o que irá exigir
as pessoas da comunidade a participarem das discussões sobre sua uma mobilização coletiva, por meio da participação da comunidade
saúde e o meio ambiente em que vivem, ajudando a promover a integrada às autoridades e serviços públicos. Os Conselhos de Saú-
saúde e a construir ambientes saudáveis. de (locais, municipais, estaduais e nacional) e as Conferências são
Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de espaços que permitem a participação democrática e organizada da
pessoas “corre perigo”, isto é, tem maior possibilidade ou chance de comunidade na busca de soluções.
adoecer ou até mesmo de morrer. É importante ressaltar que essa participação não deve restrin-
gir apenas aos Conselhos e Conferências, podendo se dar de outras
Alguns exemplos de situação de risco: formas – reunião das equipes de saúde com a comunidade e as-
- Bebês que nascem com menos de dois quilos e meio; sociação de moradores, caixas de sugestões, ouvidoria, disque-de-
- Crianças que estão desnutridas; núncia, entre outras.
- Filhos de mães que fumam, bebem bebidas alcoólicas e usam
drogas na gravidez; O processo de trabalho do ACS e o desafio de trabalhar em
- Gestantes que não fazem o pré-natal; equipe
- Gestantes que fumam; Trabalhar na área da saúde é atuar em um mundo onde um
- Gestantes com diabetes e/ou pressão alta; conjunto de trabalhadores diversos se encontra para produzir cui-
- Acamados; dado à saúde da população. Se pensarmos no conjunto de trabalha-
- Pessoas que precisam de cuidadores, mas não possuem al- dores de uma unidade de saúde – que pode ser a sua –, poderemos
guém que exerça essa função; observar que cada trabalhador atua em um certo lugar, tem deter-
- Pessoas com deficiência que não têm acesso às ações e ser- minadas responsabilidades e produz um conjunto de ações para
viços de saúde, sejam estes de promoção, proteção, diagnóstico, que esse objetivo seja alcançado.
tratamento ou reabilitação; Além disso, para cada ação e responsabilidade, o trabalhador
- Pessoas em situação de violência; precisa contar com uma série de conhecimentos, saberes e habili-
- Pessoas que estão com peso acima da média e vida sedentária dades para conseguir executar da melhor forma possível a sua fun-
com ou sem uso do tabaco ou do álcool. ção.
Nesses casos, as pessoas têm mais chance de adoecer e morrer É muito comum na área da saúde utilizar instrumentos e equi-
se não forem tomadas as providências necessárias. pamentos para apoiar a realização das ações de cuidado.
Exemplo: o médico da unidade de saúde tem como uma de
É necessário considerar ainda condições que aumentam o risco suas ações a realização de consultas. O que ele precisa ter para
de as pessoas adoecerem, por exemplo: realizar bem essa ação? Para fazer uma boa anamnese (entrevista
- Baixa renda; que busca levantar todos os fatos referentes à pessoa e à doen-
- Desemprego; ça que ela apresenta) e um bom exame físico, ele precisa contar
- Acesso precário a bens e serviços: água, luz elétrica, trans- com conhecimentos técnicos que adquiriu durante a sua formação
porte etc.); e durante a sua vida. Nessa atividade, ele provavelmente vai utilizar
- Falta de água tratada; também alguns instrumentos, como um roteiro/questionário, um
- Lixo armazenado em locais inadequados; estetoscópio (aparelho para escutar o coração, pulmões e abdome),
- Uso incorreto de venenos na lavoura; aparelho para medir a pressão, entre outros. Além disso, ele vai
- Poluição do ar ou da água; precisar ter outra habilidade, que é a das relações, que se mostra
- Esgoto a céu aberto; no modo como ele consegue interagir com as pessoas atendidas.
- Falta de alimentação ou alimentação inadequada; Vamos ver então dois exemplos diferentes de como esse médi-
- Uso inadequado de medicamentos prescritos; co poderia realizar essa consulta:
- Automedicação; 1ª situação – mobilizando mais os conhecimentos técnicos e
- Descontinuidade de tratamento. os instrumentos: nesta situação o médico cumprimenta o usuário
já olhando para a sua ficha/prontuário e começa a fazer perguntas
A situação de risco pode ser agravada por obstáculos ou fatores seguindo o roteiro/questionário, anotando as respostas e agindo de
que dificultam ou impedem as pessoas de terem acesso às unida- modo formal e objetivo. Realiza o exame físico enquanto termina as
des de saúde, como: perguntas do questionário e faz a prescrição e/ou encaminhamen-
- Localização do serviço com barreiras geográficas ou distante to. A consulta termina rapidamente.
da comunidade; 2ª situação – mobilizando os conhecimentos, os instrumentos
- Ausência de condições para acesso das pessoas com deficiên- e a habilidade das relações: nesta outra situação o médico cum-
cia física: falta de espaço para cadeira de rodas, banheiros não ade- primenta o usuário, utiliza o roteiro/questionário como guia, mas
quados; incentiva e abre espaço para a fala e a escuta do usuário sobre as-
- Serviços de transporte urbano insuficientes; pectos que não estão no roteiro. Nesse caso, ocorre uma conversa
- Horários e dias de atendimento restritos ou em desacordo com o usuário para deixá-lo mais à vontade, a fala não se restringe
com a disponibilidade da população; às perguntas do questionário, existe troca de olhares e discussão
- Capacidade de atendimento insuficiente; dos problemas percebidos. O exame físico é realizado e, após todos
- Burocratização no atendimento; os esclarecimentos de dúvidas que o profissional e o usuário julga-
- Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais, entre outros. ram necessários, a prescrição e/ou encaminhamento é realizado e
Haverá acessibilidade quando esse conjunto de fatores contri- a consulta é finalizada.
buírem para o acesso do usuário aos serviços de saúde.

409
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O que vimos acima foram dois exemplos de processo de trabalho diferenciados: um que privilegia os conhecimentos técnicos e os
instrumentos, sem dar muita atenção para a relação de cuidado com o usuário (situação 1), e outro em que o profissional utilizou seus
conhecimentos técnicos em uma interação que valorizou o aspecto relacional e o cuidado com o usuário (situação 2). Verificamos também,
nessa segunda situação, que o instrumento roteiro/questionário serviu como apoio ao processo, e não como elemento central.
Comprovadamente, o atendimento realizado de maneira mais humanizada – situação 2 – traz melhores resultados paraa saúde do
usuário, pois favorece o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e usuário, aumentando o vínculo e a adesão ao
tratamento.
Agora pense no seu processo de trabalho. Qual é o seu papel na unidade e na equipe de saúde? Você, agente comunitário de saúde,
é um membro da equipe e essencial para o desenvolvimento das ações da Atenção Primária à Saúde.
Você já refletiu sobre como você tem desenvolvido o seu processo de trabalho? Em qual das duas situações descritas acima você se
vê? Como você utiliza seus conhecimentos, instrumentos e sua habilidade de se relacionar com o usuário para promover o cuidado? Ao
preencher a Ficha A, você percebe a importância que ela tem no processo de cuidado das pessoas de sua microárea?
Nesta publicação trabalharemos diferentes aspectos relacionados aos seus conhecimentos técnicos e a partir dessa discussão relacio-
naremos o seu processo de trabalho com alguns instrumentos utilizados em seu dia a dia. Mas é de fundamental importância lembrar que
o trabalho em saúde tem uma dimensão de cuidado humanizado insubstituível, que ocorre no momento da interação com o usuário nesse
encontro programado para produzir cuidado.

O trabalho em equipe
A equipe de saúde é formada por pessoas com histórias, formações, saberes e práticas diferentes. É um conjunto de pessoas que se
encontram para produzir o cuidado de uma população.
Nessa equipe há sempre movimentos permanentes de articulação/desarticulação, ânimo/desânimo, invenção/resistência à mudança,
crença/descrença no seu trabalho, pois a equipe é viva, está sempre em processo de mudança.
Para essa construção acontecer, os trabalhadores precisam aprender um “modo-equipe” de trabalhar, reorganizando-se em torno de
projetos terapêuticos para assistir os usuários em sua integralidade. É importante que toda a equipe assuma a tarefa de cuidar do usuário,
reconhecendo que, para abordar a complexidade do trabalho em saúde, são necessários diferentes olhares, saberes e fazeres.

O seu lugar na equipe de saúde


Para cuidar da saúde da população de um determinado território, a unidade de saúde deve estar organizada de um modo que seus
trabalhadores estejam divididos em funções e assumam responsabilidades diferentes e complementares.
Vamos pensar no caso de uma enfermeira da unidade de saúde. Uma de suas atribuições é realizar consultas de enfermagem, no
entanto, ela compartilha com você e com os demais membros da equipe uma série de outras responsabilidades e objetivos.
Veja a seguir o quadro com algumas ações que são específicas e outras que são comuns aos profissionais da equipe da unidade de
saúde.
Observando o quadro, você perceberá que há muitas atividades que são comuns a todos da equipe, afinal, todos atuam no mesmo
campo da saúde. Um exercício importante ao olhar para esse quadro é avaliar se aquelas atividades comuns aos diversos trabalhadores
estão acontecendo de forma articulada. Isso é um bom indicador de trabalho em equipe, pois quando realizadas em conjunto trazem
benefícios para todos.
Como podemos observar no quadro, as atividades de planejamento e avaliação são comuns a todos os trabalhadores e, se realizadas
em conjunto, trarão benefícios tanto aos trabalhadores quanto ao trabalho da equipe como um todo. Então reflita: como essas atividades
são desenvolvidas na realidade da sua unidade de saúde?

410
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Agora observe novamente o quadro e concentre-se nas ações que são específicas a cada um dos profissionais. Lembre-se das outras
ações que você executa no seu dia a dia e que não estão descritas na tabela e reflita: quais são as especificidades do seu trabalho? Em que
o seu trabalho se relaciona com o da enfermeira? E com o trabalho dos outros profissionais da equipe? E em que a especificidade do seu
trabalho complementa o trabalho de toda a equipe?
A partir de agora, convidaremos você a refletir sobre ações muito presentes no seu cotidiano e que fazem parte importante do pro-
cesso de trabalho de toda a equipe na luta diária em busca de mais saúde para a população.
Como citado anteriormente, você, agente comunitário de saúde, é muito importante para o desenvolvimento das ações da comunida-
de e pode integrar tanto uma equipe de Saúde da Família quanto uma equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), de
acordo com a realidade do município. Entretanto, o seu trabalho é o mesmo em qualquer uma das situações.
Semelhantes aos agentes comunitários de saúde (ACS), há os agentes indígenas de saúde (AIS) e os agentes indígenas de saneamento
(AISAN), que atuam nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) compondo as equipes multidisciplinares de saúde indígena (EMSI),
cuidando da saúde indígena nas aldeias no âmbito da APS.
A equipe de saúde precisa conhecer a realidade da comunidade e para tal deverá reunir informações identificando suas principais
necessidades em saúde. Com essas informações, será realizado o diagnóstico de saúde da comunidade, o planejamento e a execução das
ações.
Há diversos instrumentos que podem ser utilizados para a coleta dos dados e cada um deles tem um objetivo. A soma de todos ajuda
na construção do diagnóstico.
Cadastro das famílias, mapa da comunidade, visita domiciliar/entrevista e reuniões são alguns exemplos.
A coleta de dados é uma das etapas do diagnóstico da comunidade, assim como a análise e interpretação dos dados coletados, iden-
tificação dos problemas, necessidades, recursos e grupos de risco. Com base nas informações coletadas e analisadas, o próximo passo é o
planejamento e programação das ações priorizadas.
A saúde indígena é regida por um conjunto de normas que têm como objetivo o estabelecimento de mecanismos específicos para a
atenção à saúde dessa população, conformando um subsistema no interior do Sistema Único de Saúde e está organizado em 34 Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, aprovada pela Portaria MS nº 254/2002, integra a Política Nacional de
Saúde, compatibilizando as determinações da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990) com as da Constituição Federal (art. 231), que
reconhece aos povos indígenas suas especificidades étnicas e culturais, bem como estabelece seus direitos sociais.

411
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Etnias são os tipos de povos indígenas, cada povo falando a sua Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças
própria língua e vivendo de acordo com as suas crenças e costumes. entre as pessoas, adotando uma postura de escuta, tolerância aos
princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus
Visita domiciliar próprios, além de atitudes imparciais.
A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo Após a realização da visita, você deve verificar se o objetivo
de trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações ne-
uma família, você entra não somente no espaço físico, mas em tudo cessárias. Enfim, você deve avaliar e corrigir possíveis falhas. Esse é
o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma família, com um passo muito importante que possibilitará planejar as próximas
seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua pró- visitas. Da mesma forma, você deve partilhar com o restante da
pria história. equipe essa avaliação, expondo as eventuais dúvidas, os anseios, as
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo dificuldades sentidas e os êxitos.
e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamen-
de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso to da equipe, pautado na identificação das necessidades de cada
lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento família. Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso
das ações de promoção, prevenção, controle, cura e recuperação. demandará a realização de outras visitas com maior frequência.
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido- É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunida-
so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas de que o agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos,
atribuições. O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e as crenças, enfim, a dinâmica de vida das famílias por ele acom-
pode ser o amigo e conselheiro panhadas. A visita domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que
A permissão de entrada em uma casa representa algo muito se aprende no cotidiano, mas pode e deve se basear em algumas
significativo, que envolve confiança no ACS e merece todo o res- condutas que demonstrem respeito, atenção, valorização, compro-
peito. É o que poderia ser chamado de “procedimento de alta com- misso e ética.
plexidade” ou pelo menos de “alta delicadeza”. da pessoa ou da ACS: quando você não souber responder a alguma pergunta,
família. Nem sempre é fácil separar o lado pessoal do profissional e não se preocupe, pois ninguém sabe tudo. Diga que vai procurar a
os limites da relação ACS/família. Isso pode determinar ou reorga- resposta e trazê-la na próxima visita.
nizar seu processo de trabalho e a forma como se vincula à família. Por meio da visita domiciliar, é possível:
Recomenda-se que o ACS estabeleça um bom vínculo com a família, • Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressal-
mas saiba dissociar a sua relação pessoal do seu papel como agente tando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiên-
comunitário de saúde cia etc.;
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as mo- • Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de tra-
dificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos balho, os hábitos, as crenças e os costumes;
tempos, fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único. Es- • Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores
sas particularidades – ou características próprias – fazem com que da comunidade;
determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de • Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam
saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de
maior ou menor intensidade, as diversas famílias assistidas. vida;
Você, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, • Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à
passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental saúde;
que sejam compreendidas as implicações que isso representa. • Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento
Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao mais frequente ou especial;
planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o tempo • Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e
das pessoas visitadas. quais as atividades disponíveis;
Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que • Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe
você tenha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no de saúde e a população do território de abrangência da unidade de
acompanhamento das famílias da sua área de trabalho. saúde;
Também é recomendável definir o tempo de duração da visita, • Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à
devendo ser adaptada à realidade do momento. saúde, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos
A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da im- alimentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu en-
portância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra res- torno;
peito e interesse por elas. • Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamen-
Visando um maior vínculo, é interessante combinar com a fa- tos e a verificação da validade deles;
mília o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar • Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém-
os afazeres da casa. -nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências;
Na primeira visita, é indispensável que você diga seu nome, fale • Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim
do seu trabalho, o motivo da visita e sempre pergunte se pode ser como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de in-
recebido naquele momento. formação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde.
Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, é fun-
damental que tanto o ACS quanto os demais profissionais apren-
dam a interagir com a comunidade, sem fazer julgamentos quanto
à cultura, crenças religiosas, situação socioeconômica, etnia, orien-
tação sexual, deficiência física etc.

412
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Trabalhando educação em saúde na comunidade • Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar
a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com
Como trabalhar educação em saúde na comunidade letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares
As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo;
objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da • Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos par-
população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode ticipantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial;
abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que • Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposi-
não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas. ção das necessidades e expectativas de todos.
Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar. A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada
Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transfe- às necessidades do momento;
rir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção • Estimular a participação de todos;
ou a sua construção. • Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo,
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão
qualidade da atenção prestada em saúde. sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções
culturais, religiosas ou pessoais;
Educar é um processo de construção permanente • Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado,
As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas po- que contribuirão para uma melhor qualidade de vida;
dem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de • Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo
saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O grupo;
trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos. • Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com natura-
lidade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a con-
A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe. fiança e a satisfação das pessoas;
• Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventual-
Existem diferentes metodologias para se trabalhar com gru- mente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo
pos todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles
Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às • que só comparecem às reuniões para discutir seus problemas
suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo pessoais;
e de espaço, assim como as características e as necessidades do • Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recur-
grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples sos audiovisuais, bonecos, balões etc.;
e precisa. • Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos dis-
É importante considerar o conhecimento e experiência dos cutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimen-
participantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa to de dúvidas.
a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus
interesses. Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve bus-
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cui- car desenvolver, estão:
dado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e tam- • Ter boa capacidade de comunicação;
bém os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o • Usar linguagem acessível, simples e precisa;
pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde. • Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
• Acolher o saber e o sentir de todos;
Recomendações gerais para atividades educativas • Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores
Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o que não sejam os seus próprios;
seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião • Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser deba-
definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomoda- tido;
ção e a presença de todos. É importante garantir as condições de • Ter conhecimentos técnicos;
acessibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na • Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber
comunidade e pensar estratégias que facilitem a responder a alguma pergunta.
Saber ouvir e acolher o discurso do outro, interagindo sem co-
locar juízo de valor e reconhecer as características pessoais, emo- Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser ofereci-
cionais e culturais das pessoas ou grupo, é fundamental para o êxito dos, se possível, materiais impressos e explicar a importância do
do trabalho. A comunicação no caso de deficiente visual ou auditi- acompanhamento contínuo na UBS, assim como o funcionamento
vo. Não se esquecer de providenciar o material que será utilizado dos serviços disponíveis.
durante a atividade e, se necessário, convidar com antecedência Sempre que possível envolver os participantes do grupo no
alguém para falar sobre algum assunto específico de interesse da planejamento, execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso
comunidade. estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em
No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimen- que se sentem capazes, envolvidos e responsáveis pelo sucesso do
tos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das trabalho.
suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também co-
nhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perce- Nas atividades em grupo, é possível que:
ber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando • As pessoas que compõem o grupo se conheçam, troquem ex-
sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes. periências e informações;
Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de tra- • As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente,
balho de todos os membros da equipe. expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre te-
Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda- mas que geralmente são comuns a todos;
-se:

413
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• O coordenador do grupo trabalhe as informações, ajudando implantação de infraestrutura básica (água, luz, esgoto, destino do
cada um dos participantes a expor suas ideias, estimulando o res- lixo, rampas para cadeiras de rodas, sinais sonoros em semáforos
peito entre os participantes; para as pessoas com deficiência visual); já em outra, pode ser a
• As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na re- construção de uma unidade de saúde, de uma creche comunitária,
solução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio. de uma escola, a recuperação de poços, pequenas estradas e mui-
tas outras necessidades.
Participação da comunidade O Ministério do Desenvolvimento Social coordena o Programa
Participação quer dizer tomar parte, partilhar, trocar, ter in- Bolsa-Família, que visa combater a fome, a pobreza, as desigualda-
fluência nas decisões e ações. Isso significa que você não trabalha des, promovendo a inclusão social das famílias beneficiárias. Por
sozinho, nem a equipe de saúde é a única responsável pelas ações meio do Bolsa-Família, o governo federal concede mensalmente
de saúde. benefícios em dinheiro para famílias mais necessitadas.
Você pode participar e auxiliar na organização dos Conselhos Faz parte do seu trabalho o acompanhamento de todas as ges-
Locais de Saúde e estimular as pessoas da comunidade a partici- tantes e crianças menores de sete anos de idade contempladas com
parem de todos os Conselhos de Saúde. Você pode também reco- o benefício do programa.
mendar aos representantes da comunidade a conversarem com os
conselheiros sobre as ações de saúde que já estão sendo desenvol- Os compromissos dos beneficiários são:
vidas e estratégias para enfrentamento dos problemas que ainda
existem. Gestante:
Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa, sabe fazer al- • Fazer inscrição do pré-natal e comparecer às consultas, con-
guma coisa e sabe dizer alguma coisa diferente. São os saberes, os forme o preconizado pelo Ministério da Saúde;
fazeres e os dizeres da comunidade. A comunidade funciona quan- • Participar de atividades educativas sobre aleitamento mater-
do existe troca de conhecimentos entre todos. Cada um tem um no, orientação para uma alimentação saudável da gestante e pre-
jeito de contribuir, e toda contribuição deve ser considerada e valo- paro para o parto.
rizada. Você tem de estar muito atento a tudo isso.
A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunida- Mãe ou responsável pelas crianças menores de sete anos:
de faz parte de um processo de educação para a participação em • Levar a criança à unidade de saúde para a realização do acom-
saúde. panhamento do crescimento e desenvolvimento, de acordo com o
preconizado pelo Ministério da Saúde;
Atuação intersetorial • Participar de atividades educativas sobre aleitamento mater-
Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não no e cuidados gerais com a alimentação e saúde da criança;
só empenho por parte de profissionais e gestores de saúde, mas • Cumprir o calendário de vacinação da criança, de acordo com
também o empenho e contribuição de outros setores. Quando se o preconizado pelo Ministério da Saúde.
trabalha articuladamente com outros setores da sociedade, aumen-
ta-se a capacidade de oferecer uma resposta mais adequada às ne- As ações de saúde que fazem parte das condicionalidades do
cessidades de saúde da comunidade. Programa Bolsa-Família, descritas acima, são universais, ou seja,
Por exemplo, você pode suspeitar de um caso de maus-tratos devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o Sistema
com uma criança após verificar que há marcas e hematomas na Único de Saúde (SUS).
pele dela. Partilhando esse caso com sua equipe, um dos profissio-
nais de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quan- Planejamento de ações
do comparece às consultas na unidade e há relato de problemas Já falamos muito sobre planejamento, e o que é isso?
com o desenvolvimento dela. Sente-se a necessidade de uma visita Planejar não é improvisar. É preparar e organizar bem o que
à casa daquela família e o auxílio de outros profissionais (psicólogo, se irá fazer, acompanhar sua execução, reformular as decisões já
serviço social etc). Se constatado algum indício de maus tratos, será tomadas, redirecionar sua execução, se necessário, e avaliar o re-
necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da sultado ao seu término.
saúde com o envolvimento de órgãos de outras áreas, como o Con- No acompanhamento da execução das ações, verifica-se se os
selho Tutelar e/ou Juizado da Infância. objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não, para poder
No caso de dúvidas ou desrespeito aos direitos das pessoas intervir a tempo de modificar o resultado final, alcançando assim
com deficiência (situações de discriminação, exclusão escolar, seu objetivo.
maus-tratos, falta de transporte), podem ser contatados os Conse- Quanto mais complexo for o problema, maior é a necessidade
lhos de Direitos das Pessoas com Deficiência do município ou do de planejar as ações para garantir melhores resultados.
Estado, entre outros órgãos. Existem várias formas de fazer planejamento. O centralizado é
Nos casos de desnutrição infantil, pode-se estabelecer contato aquele que não garante a participação social e normalmente não
com outras instituições e órgãos do governo municipal, estadual e reflete as reais necessidades da população. Já no planejamento
federal, como o Centro Regional de Assistência Social (Cras) ou a participativo, garante-se a participação da população junto à equi-
Secretaria de Assistência Social do município. pe de saúde discutindo seus problemas e encontrando soluções. A
Ao identificar pessoas que sofrem de alcoolismo entre as fa- população participa na tomada de decisão, assumindo as responsa-
mílias que você acompanha, além das ações que deverão ser de- bilidades que lhe cabem. As respostas aos problemas identificados
senvolvidas por você e pela equipe, é importante que essa pessoa devem ser explicitadas a partir da análise e reflexão entre técnicos
e sua família sejam orientadas a procurar um Grupo de Alcoólicos e população sobre a realidade concreta, seus problemas, suas ne-
Anônimos ou outro grupo de apoio que exista em sua comunidade. cessidades e interesses na área de saúde.
Você, com o apoio da sua equipe de saúde, deve estimular De modo geral, o planejamento é um instrumento de gestão
ações conjuntas com outros órgãos públicos e instituições, de pre- que visa promover o desenvolvimento institucional, objetivando
ferência em acordo com as prioridades elencadas nas reuniões co- melhorar a qualidade e efetividade do trabalho desenvolvido.
munitárias. Em determinada comunidade, a prioridade pode ser a

414
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No que se refere às ações de saúde, o planejamento participati- Cronograma
vo é o mais adequado, na medida em que envolve diversos atores/ Cronograma e estratégia estão intimamente ligados. O crono-
participantes, permitindo realizar um diagnóstico mais fidedigno da grama organiza a estratégia no tempo.
realidade local. A partir daí, torna-se mais fácil uma atuação mais
adequada voltada para a melhoria das condições de saúde com o Execução
comprometimento de todos com o trabalho. Implica operacionalização do plano de ação, ou seja, colocar
Planejar bem, portanto, é condição necessária, porém não é su- em prática o que foi planejado.
ficiente para que as ações de saúde sejam implementadas de forma
qualificada, gerando benefícios efetivos para a população em geral. Acompanhamento e Avaliação
Você poderá, de forma sintonizada com a equipe, planejar o A avaliação deve acompanhar todas as fases do planejamento.
seu trabalho, dando prioridade para aquelas famílias que necessi- Quando realizada após a execução, identifica os resultados alcan-
tam ser acompanhadas com maior frequência. çados e fornece auxílio para a reprogramação das ações, além de
Portanto, as famílias em risco e as que pertencem aos grupos indicar a necessidade de novo diagnóstico ou reformulação do já
prioritários precisam ser acompanhadas mais de perto. Esse diag- existente.
nóstico é um ponto de partida para você e sua equipe organizarem Ferramentas de trabalho
o calendário de visitas domiciliares e demais atividades. Todas as informações que você, ACS, conseguir sobre a comuni-
dade ajudará na organização do seu trabalho. Algumas dessas infor-
Etapas do planejamento mações você vai anotar em fichas próprias para compor o Sistema
O planejamento pressupõe passos, momentos ou etapas bási- de Informação da Atenção Básica (Siab).
cas estabelecidos em uma ordem lógica. De forma geral, seguem-se Você vai utilizar quatro fichas: Ficha A – cadastramento das fa-
as seguintes etapas: mílias (que, em seguida, será discutida e orientado quanto ao seu
preenchimento); Ficha B – acompanhamento de gestantes; Ficha
Diagnóstico C – Cartão da Criança; e Ficha D – registro das atividades diárias do
É a primeira etapa do planejamento para quem busca conhe- ACS.
cer as características socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, Algumas coisas que você não pode se esquecer:
entre outras. • Quando você for fazer o cadastramento das famílias, é impor-
As fontes de dados podem ser fichas, bem como anotações tante ler novamente as instruções da visita domiciliar;
próprias, relatórios, livros de atas, aplicação de questionário, entre- • Cada família deve ter um só formulário preenchido.
vistas, dramatização e outras fontes à disposição.
O diagnóstico se compõe de três momentos específicos: levan- Não importa o número de pessoas na casa;
tamento, análise e reflexão dos dados, e priorização das necessi- • As informações que você conseguir serão úteis para planejar
dades. o seu trabalho, na organização das visitas domiciliares, das ativi-
O diagnóstico da comunidade nada mais é do que uma leitura dades de educação em saúde, reuniões comunitárias e de outras
da realidade local. É o momento da identificação dos problemas, atividades;
suas causas e consequências e principais características da comuni- • A ficha de cadastramento deve ficar com você, que a levará, a
dade. É o momento em que também se buscam explicações para os cada mês, à unidade de saúde, para, junto com sua equipe, organi-
problemas identificados. zar as informações e planejar o seu trabalho;
• Anote, em seu caderno, qualquer outra informação sobre a
Plano de ação família que você considerar importante, para discutir com sua equi-
Nesse momento a equipe de saúde, grupos e população in- pe.
teressada definem, entre outros problemas identificados, aqueles
que são passíveis de intervenção e que contribuem para a melhoria
da saúde da comunidade. Deve-se sempre conhecer a capacidade NOÇÕES DE ÉTICA E CIDADANIA
de realização do trabalho pela equipe e as condições da unidade de
saúde. Assim, evitam-se definir objetivos que não têm a execução A ética e cidadania estão relacionados com as atitudes dos in-
viável. divíduos e a forma como estes interagem uns com os outros na so-
O plano de ação que viermos a estabelecer deve ser bem claro ciedade.
e preciso, pois é ele que irá apontar a direção do nosso trabalho.
Ética
Meta
A meta tem como foco o alcance do trabalho. A meta estabele- Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos
ce concretamente o que se pretende atingir. morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que
pertence ao caráter. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que
Estratégia significa “modo de ser” ou “caráter”.
Na estratégia, são definidos os passos a serem seguidos, os mé- “A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos ho-
todos e as técnicas a serem utilizadas nas atividades e as responsa- mens em sociedade. É a ciência da moral, isto é, de uma esfera do
bilidades de cada um. comportamento humano.” (VASQUEZ)
Conforme o dicionário Mini Aurélio (FERREIRA, 2010) o conceito
Recursos de ética é o “estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta
É o levantamento de tudo que é necessário para realizar a ati- humana do ponto de vista do bem e do mal; conjunto de normas e
vidade. Recursos humanos, recursos físicos, recursos materiais e princípios que norteiam a conduta do ser humano.”
recursos financeiros.

415
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por de cidadania tem se tornado mais amplo com o passar do tempo,
esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. porque está sempre em construção, já que cada vez mais a cidada-
Todo homem possui um senso ético, uma espécie de “consciência nia diz respeito a um conjunto de parâmetros sociais.
moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas ações A cidadania pode ser dividida em duas categorias: cidadania for-
para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. mal e substantiva. A cidadania formal é referente à nacionalidade
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a de um indivíduo e ao fato de pertencer a uma determinada nação.
ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com A cidadania substantiva é de um caráter mais amplo, estando rela-
o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as cionada com direitos sociais, políticos e civis. O sociólogo britânico
matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e T.H. Marshall afirmou que a cidadania só é plena se for dotada de
contextos históricos. direito civil, político e social.
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, Com o passar dos anos, a cidadania no Brasil sofreu uma evolu-
mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra ção no sentido da conquista dos direitos políticos, sociais e civis. No
está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores entanto, ainda há um longo caminho a percorrer, tendo em conta
perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa os milhões que vivem em situação de pobreza extrema, a taxa de
existência plena e feliz. desemprego, um baixo nível de alfabetização e a violência vivida na
sociedade.
A Ética no Trabalho A ética e a moral têm uma grande influência na cidadania, pois
A ética está ligada a verdade e este é o primeiro passo para dizem respeito à conduta do ser humano. Um país com fortes bases
aproximar-se do comportamento correto. No campo do trabalho, éticas e morais apresenta uma forte cidadania.
a ética tem sido cada vez mais exigida, provavelmente porque a Cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual
humanidade evoluía em tecnologia, mas não conseguiu se desen- o cidadão, o indivíduo está sujeito no seu relacionamento com a
volver na mesma proporção naquilo que se refere à elevação de es- sociedade em que vive. O termo cidadania vem do latim, civitas que
pírito. A atitude ética vai determinar como um profissional trata os quer dizer “cidade”.
outros profissionais no ambiente de trabalho, os consumidores de Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o
seus serviços: clientes internos e externos entre outros membros direito de ir e vir, de dispor do próprio corpo, o direito à vida, à
da comunidade em geral. liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade perante a lei, a
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana não ser julgado fora de um processo regular, a não ter o lar violado.
“o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à compe- Os direitos políticos referem-se à participação do cidadão no
tência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer governo da sociedade, ou seja, à participação no poder. Entre eles
bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao estão a possibilidade de fazer manifestações políticas, organizar
conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua pro- partidos, votar e ser votado. O exercício desse tipo de direito confe-
fissão. re legitimidade à organização política da sociedade.
Os direitos sociais, assim como os demais, são constituídos his-
Cidadania toricamente e, portanto, produto das relações e conflitos de grupos
Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obriga- sociais em determinados momentos da história. Eles nasceram das
ções e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a cidada- lutas dos trabalhadores pelo direito ao trabalho e a um salário dig-
nia é estar em pleno gozo das disposições constitucionais. Preparar no, pelo direito de usufruir da riqueza e dos recursos produzidos
o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da edu- pelos seres humanos, como moradia, saúde, alimentação, educa-
cação de um país. ção, lazer.
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressa-la; po-
der votar em quem quiser sem constrangimento; poder processar Referência
um médico que age com negligencia; devolver um produto estra- UFRRJ. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO. INSTITU-
gado e receber o dinheiro de volta; ter direito de ser negro, índio, TO DE EDUCAÇÂO. DEPARTAMENTO DE TORIA E PLANEJAMENTO DE
homossexual, mulher sem ser descriminado; e de praticar uma reli- ENSINO. CURSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES DE REFLORESTAMENTO.
gião sem ser perseguido. Noções Básicas de Ética e Cidadania
Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios FERRREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário
de cidadania: respeitar o sinal vermelho no transito, não jogar papel da língua portuguesa. Coord. Marina Baird Ferreira. 8. ed. Curitiba:
na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comporta- Positivo, 2010.
mento está o respeito ao outro.
Conceito: No sentido etimológico da palavra, cidadão deriva da
palavra civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correla- QUESTÕES
to grego na palavra politikos – aquele que habita na cidade.
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “ci- 1. (Prefeitura de Itapevi/SP - Agente Comunitário de Saúde -
dadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cida- VUNESP/2019) Considere o esquema a seguir referente a conceitos
dão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado, de territorialização no programa Estratégia em Saúde da Família em
ou no desempenho de seus deveres para com este”. unidades básicas de saúde (UBS).
Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um es-
tado - nação com certos direitos e obrigações universais em um es-
pecífico nível de igualdade (JANOSKI, 1998).
Um dos pressupostos da cidadania é a nacionalidade, pois desta
forma ele pode cumprir os seus direitos políticos. No Brasil os direi-
tos políticos são orquestrados pela Constituição Federal. O conceito

416
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É correto afirmar que os números 1, 2 e 3 são, respectivamente: (B) Todas as alternativas contem fatores de condições de vida
(A) distrito administrativo, território e área de abrangência. desfavoráveis
(B) área de abrangência, território e microárea. (C) Saneamento precário
(C) microárea, área de atuação do agente comunitário de saúde (D) Contaminação das águas, do ar, dos solos ou dos alimentos
e regionais.
(D) território, área de abrangência e microárea. 8. (Prefeitura de Juiz de Fora/MG - Enfermeiro - AOCP/2018)
(E) federação, estados e municípios. Sobre a Avaliação em Saúde, é correto afirmar que
(A) a apreciação da estrutura consiste em avaliar a influência
2. (Prefeitura de Divinópolis/MG - Agente Comunitário de Saú- dos serviços sobre os estados de saúde.
de - IBFC/2018) Considerando os conceitos de territorialização, o (B) o objetivo final da avaliação é o de auxiliar na tomada de
território de atuação do agente comunitário de saúde corresponde decisões.
a: (C) a avaliação normativa tem como finalidade propor políticas
(A) Micro área. de saúde.
(B) Território moradia. (D) a avaliação normativa é uma atividade incomum em uma
(C) Território área. organização ou em um programa.
(D) Território distrito. (E) a avaliação em saúde é uma atividade recente iniciada no
Brasil após a implantação do SUS.
3. (Pref. Santana do Deserto/MG - Agente Comunitário de Saú-
de - IDECAN) “Espaço vivo, geograficamente delimitado e ocupado 9. (Prefeitura de Natal/RN - Enfermeiro - COMPERVE/2018) O
por uma população específica, contextualizada em razão de iden- Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde (PNASS) tem
tidades comuns, sejam elas culturais, sociais ou outras.” Em saúde como objetivo geral avaliar a totalidade dos estabelecimentos de
coletiva, trata-se de atenção especializada em saúde, ambulatoriais e hospitalares, con-
(A) território. templados com recursos financeiros provenientes de programas,
(B) conferência. políticas e incentivos do Ministério da Saúde. Especificamente, o
(C) comunidade. PNASS tem entre seus objetivos:
(D) área de atuação. (A) promover a qualidade e inovação na gestão da Atenção
(E) área de influência. Básica, fortalecendo os processos de autoavaliação, monitora-
mento e avaliação.
4. (Pref. Heliodora/MG - Agente Comunitário de Saúde - IDE- (B) melhorar a qualidade da alimentação e uso dos sistemas
CAN) “O território é a base do trabalho do Agente Comunitário de informação como ferramenta de gestão da Atenção Básica.
de Saúde. Território, segundo a lógica da saúde, não é apenas um (C) incorporar indicadores que meçam o resultado da atenção/
espaço delimitado geograficamente, mas, sim, um espaço onde as assistência prestada pelos estabelecimentos avaliados.
pessoas vivem, estabelecem relações sociais, trabalham, cultivam (D) conhecer o perfil dos usuários e/ou familiares que frequen-
suas crenças e cultura. É importante a elaboração de um mapa que tam os estabelecimentos de Atenção Especializada avaliados.
retrate esse território com a identificação de seus limites, popula-
ção, número de famílias e outras características.” São dados impor- 10. (EBSERH - Técnico em Enfermagem - IBFC/2017) Uma das
tantes para a elaboração deste mapa, EXCETO: principais causas do choque cardiogênico é:
(A) Sanitários. (A) Hemorragia
(B) Demográficos. (B) Bactéria Gram-negativa
(C) Epidemiológicos. (C) Desidratação
(D) Socioeconômicos. (D) Diabetes Mellitus
(E) Desenvolvimento humano. (E) Infarto Agudo do Miocárdio

5. Entende-se por “Gestão Ambiental” um conjunto de medi- 11. (UFVJM/MG - Técnico em Enfermagem - FUNDEP/2017) A
das que têm importância fundamental na conservação do meio am- reposição enteral de líquidos e eletrólitos é adequada aos indiví-
biente e na qualidade de vida dos habitantes das cidades. duos em processo de desidratação, desde que eles mantenham
( ) CERTO estabilidade hemodinâmica. Em relação ao processo de reposição
( ) ERRADO enteral de líquidos, é incorreto afirmar:
(A) A reposição enteral de líquidos e eletrólitos é contraindica-
6. Sabendo-se que “saneamento” é o controle de todos os fa- da em situações de obstrução do trato gastrintestinal.
tores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem- (B) As opções para administrar líquidos incluem injeções via
-estar, físico, mental e social dos indivíduos”, podemos afirmar que: gastrostomia ou jejunostomia, ou através de infusões por cate-
“Saneamento ambiental é o conjunto de investimentos públi- ter nasoenteral / gástrico.
cos em políticas de controle ambiental que busca resolver os graves (C) Os familiares, devidamente instruídos, podem auxiliar no
problemas gerados na infraestrutura das cidades”. processo de reposição enteral de líquidos, em domicílio.
( ) CERTO (D) Deve-se levar em consideração o risco de aspiração no mo-
( ) ERRADO mento de administrar a reposição enteral de líquidos, salvo em
situações de urgência.
7. Na vida cotidiana, construímos socialmente nosso bem-es-
tar e nossa saúde. A exposição a situações que prejudicam a saúde
não é, em geral, escolha dos indivíduos nem das famílias. Os lugares
com condições de vida desfavoráveis são em geral marcados pelos
fatores a seguir:
(A) Falta de recursos econômicos

417
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
12. (UFVJM/MG - Enfermeiro - FUNDEP/2017) A desidratação (C) aperfeiçoar os sistemas de informação, de maneira a possi-
caracteriza grave distúrbio agudo em adultos idosos, principalmen- bilitar um melhor monitoramento que permita tomadas racio-
te, estando essa alteração associada à morbidade e à mortalidade nais de decisão.
da população acometida. O recurso da hipordermóclise pode forne- (D) promover a articulação interinstitucional, em especial com
cer uma via alternativa à intravenosa para hidratação desses indiví- o setor Educação, como promotor de novas formas de pensar
duos. Sobre a hipordermóclise, é incorreto afirmar: e agir.
(A) Constitui modalidade de administração de fluidos para indi-
víduos que apresentam rede venosa de difícil punção. 15. Qual das alternativas apresenta os três conceitos importan-
(B) Trata-se de uma técnica de alto custo, com maior risco ao tes para a definição das incapacidades?
paciente, sendo necessária a utilização de uma vasta gama de (A) Empatia, independência e dependência.
dispositivos para punção. (B) autonomia, independência e dependência.
(C) A infusão subcutânea de soluções está contraindicada em (C) compaixão, independência e dependência.
indivíduos com desidratação severa, com sinais eminentes ou (D) autonomia, empatia e dependência.
manifestos de choque hipovolêmico ou hipotensão.
(D) Eventos adversos decorrentes da hipordermóclise são 16. (Prefeitura de Quixabá–PE - Agente Comunitário de Saúde
relatados como sendo de baixa incidência, portanto, raros, e, – CONPASS) Qual dos seguintes fatores não se refere à Saúde Am-
normalmente, evitáveis. biental?
(A) Mata queimada
13. (AL/GO - Técnico em Enfermagem do Trabalho - IADES/2019) (B) Poluição do ar
Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, (C) Tratamento de piscinas
com regularidade, as medidas preventivas da saúde. Nesse sentido, (D) Lixo
a resistência masculina aumenta não somente a sobrecarga finan- (E) Saneamento
ceira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico
e emocional do paciente e da respectiva família, na luta pela con- 17. (Prefeitura de Paracuru/CE - Agente Comunitário de Saú-
servação da saúde e da qualidade de vida. Com relação à Política de - CETREDE) Analise as afirmativas a seguir sobre o diagnóstico
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, assinale a alter- comunitário. I. Coleta de dados. II. Análise e interpretação de dados
nativa correta. coletados. III. Planejamento e programação das ações prioritárias.
(A) O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, IV. Identificação de problemas. Marque a opção que corresponde às
seja como vítima. Os homens adolescentes e idosos são os etapas do diagnóstico comunitário.
que mais sofrem lesões e traumas em razão de agressões, e as (A) I - II - III
agressões sofridas são mais graves e demandam maior tempo (B) II - III
de internação, em relação às sofridas pelas mulheres. (C) III - IV
(B) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (D) I - II - IV
evidencia apenas as situações de risco e violência da população (E) I - IV.
masculina.
(C) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 18. (FERSB - Agente Comunitário de Saúde - INSTITUTO
não está articulada à Política Nacional de Atenção Integral à AOCP/2018) A doença diarreica aguda pode ser causada por bacté-
Saúde do Homem. rias, vírus e parasitos, é caracterizada principalmente pelo aumento
(D) Grande parte da não adesão às medidas de atenção inte- do número de evacuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pou-
gral, por parte do homem, decorre das variáveis culturais. Os ca consistência. É importante a rápida atuação do agente comunitá-
homens têm dificuldade em reconhecer as respectivas necessi- rio de saúde, ao identificar esses casos em crianças da comunidade,
dades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibi- principalmente para evitar
lidade de se adoecer. (A) náusea.
(E) Os homens na fase adulta são o principal grupo de risco (B) hiperglicemia.
para mortalidade por homicídio na população brasileira, com (C) constipação.
ênfase em afrodescendentes, que residem em bairros pobres (D) desidratação.
ou nas periferias das metrópoles, com baixa escolaridade e (E) desnutrição.
pouca qualificação profissional.
19. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde -
14. (Prefeitura de Sítio Novo/RN - Técnico de Enfermagem - CONPASS) Ainda em relação à hanseníase, assinale a alternativa
FUNCERN/2018) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do que se refere a um medicamento que faz parte tanto do tratamento
Homem (PNAISH), foi instituída pelo Ministério da Saúde com o ob- multibacilar, quanto do paucibacilar, adulto e infantil:
jetivo de orientar as ações e os serviços de saúde para a população A) Clofazimina
masculina, com integralidade e equidade. Essa Política tem como B) Oxacilina
princípio C) Cefalexina
(A) reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do D) Rifampicina
controle social, de acordo com as competências de cada um, E) Amoxicilina
garantindo condições para a execução dessa política.
(B) fundamentar a humanização e a qualidade, que implicam 20. (Prefeitura de São José do Cedro/SC - Agente Comunitário
na promoção, reconhecimento e respeito à ética e aos direitos de Saúde - AMEOSC/2017) A Estratégia Saúde da Família (ESF), tem
do homem, obedecendo às suas peculiaridades socioculturais. por objetivo reorganizar a atenção básica no país, de acordo com
as determinações do Sistema Único de Saúde (SUS), e deve ser for-
mada essencialmente por equipes multiprofissionais. Compete aos
profissionais que compõem a ESF:

418
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(A) Realizar ações de educação em saúde à população. (C) Cidadania informal.
(B) Delimitar a quantidade de atendimentos por pessoas e ani- (D) Cidadania substantiva.
mais.
(C) Estabelecer metas para pesquisa e erradicação das doenças 25. (Pref. Juatuba/MG - Agente Comunitário de Saúde – CON-
crônicas. SULPLAN) Relacione adequadamente as colunas a seguir.
(D) Promover a desmobilização da comunidade por meio de 1. Direitos políticos.
atividades acadêmicas. 2. Direitos civis.
3. Direitos sociais.
21. (Prefeitura de Campinápolis/MT - Agente Comunitário de ( ) Garantem a participação na riqueza coletiva.
Saúde - Prefeitura de Campinápolis/MT/2017) Nos cuidado com as ( ) São direitos inerentes à liberdade individual, liberdade
crianças, são situações em que o ACS deve orientar a família a pro- de expressão e de pensamento, direito à propriedade, de conclusão
curar o serviço de saúde o mais rápido possível, exceto: de contratos e acesso à justiça.
(A) Quando a criança está com tosse ou com dificuldade para ( ) Referem‐se à participação do cidadão no governo da so-
respirar (ruído ao respirar, aparecimento das costelas ao respi- ciedade.
rar - tiragem intercostal, batimento de asa de nariz).
(B) Em caso de criança com diarreia (três ou mais evacuações A sequência está correta em
líquidas ou semilíquidas em 24 horas) com sinais de desidra- (A) 1, 3, 2.
tação: está inquieta, irritada, com sede, olhos fundos, sinal da (B) 1, 2, 3.
prega (a pele volta lentamente ao estado anterior quando com (C) 3, 2, 1.
os dedos polegar e indicador são usados para levantar a pele). (D) 3, 1, 2.
(C) Quando a criança tem uma boa alimentação e está saudável
e ativa.
(D) Em caso de emagrecimento acentuado, pés inchados, pal- GABARITO
ma da mão muito pálida; Peso baixo para a idade (abaixo do
percentil 3 da Caderneta de Saúde da Criança).
1 D
22. (Prefeitura de Breves/PA – Agente Comunitário de Saúde – 2 A
FADESP) Um Agente Comunitário de Saúde, em visita domiciliar a 3 A
uma família constituída da mãe e de um filho de 12 anos de idade,
solicitou a carteira de vacinação do adolescente para a comprova- 4 E
ção das vacinas. A mãe o informou que a mesma foi extraviada du- 5 ERRADO
rante uma mudança de residência, mas garantiu que o filho estava
6 CERTO
com o esquema vacinal completo. O ACS, seguindo as recomenda-
ções do Ministério da Saúde com relação à vacinação do adolescen- 7 B
te e quanto à vacina Hepatite B, orientou que o adolescente deveria 8 B
(A) apresentar testemunhas para comprovar a vacinação.
(B) ser considerado com o esquema completo. 9 C
(C) receber somente a dose de reforço. 10 E
(D) vacinar com o esquema de três doses.
11 D
23. (Prefeitura de Breves/PA – Agente Comunitário de Saúde – 12 B
FADESP) A amamentação proporciona um aprendizado tanto para
13 D
a mãe quanto para o bebê e, portanto, a interação deve acontecer
de forma agradável tornando cada vez mais intensa a sensação de 14 B
segurança e conforto para o bebê durante o aleitamento materno. 15 B
Com base na técnica de amamentação é correto afirmar que:
(A) um dos sinais de boa posição é manter a aréola visível abai- 16 C
xo da boca do bebê. 17 D
(B) a língua do bebê deve estar curvada para baixo nas bordas
laterais. 18 D
(C) um dos sinais de boa pega é manter a boca do bebê bem 19 D
aberta.
20 A
(D) a cabeça do bebê deve ficar acima do nível da mama, com
o nariz abaixo da altura do mamilo. 21 C
22 D
24. (Pref. Juatuba/MG - Agente Comunitário de Saúde – CON-
SULPLAN) Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, po- 23 C
líticos e sociais. Os direitos e deveres de um cidadão devem andar 24 D
sempre juntos, uma vez que, ao cumprir nossas obrigações, permi-
25 C
timos que o outro exerça também seus direitos. Qual cidadania está
relacionada com direitos civis, sociais e políticos?
(A) Cidadania civil.
(B) Cidadania formal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ANOTAÇÕES

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