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sobre a natureza do texto literário, escolha dois textos a partir dos quais você possa
estabelecer, de maneira dissertativa, as diferenças e semelhanças existentes entre ambos.
TEXTO 1:
O Cão Sem Plumas
(João Cabral de Melo Neto)
I. Paisagem do Capibaribe
Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água do cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.
Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes
[...]
TEXTO 2:
Poluição dos Rios na Cidade do Recife
(Blog Educação Ambiental)
Grande parte do lixo do Recife é jogado nos Rios. Mais de 20 canais despejam
aproximadamente 80% dos efluentes de esgoto “in natura”, os níveis de Coliforme Fecal
evidenciam o lançamento de esgoto de origem doméstica e industrial sem tratamento prévio.
O cartão postal da cidade de Recife é um rio doente e fedido que quase não tem vida ao cruzar
a região metropolitana, mas mesmo com toda poluição, o Rio Capibaribe está vivo e ainda é
um dos principais Diplomatas Pernambucanos, proporciona diversas denominações ao Recife
como: Veneza Brasileira, Veneza dos Trópicos, Cidade dos Rios e Pontes. Há muito a ser
feito em prol da recuperação do Rio Capibaribe e Beribe, outro importante rio que corta as
avenidas da nossa cidade, através de um trabalho árduo de conscientização da população,
retirada constante do lixo é um programa sério de revitalização de suas margens.
A Obra de João Cabral de Melo Neto retrata, em sua grande maioria, a zona da mata e o
sertão nordestino. As cidades de Recife e Olinda são dois cenários bastante presentes nos
poemas do autor. Em “O Cão Sem Plumas” está retratado o Rio Capibaribe, que corta a
cidade de Recife. O Autor descreve no poema o estado de poluição, sujeira, do rio. O poema
apresenta-se dividido em quatro partes, nesse momento será abordada e analisada apenas um
trecho da primeira parte do poema: “Paisagem do Capibaribe”; João Cabral de Melo Neto
apresenta de maneira metafórica o estado de poluição do rio. Primeiramente, o autor chama
atenção para o fato do rio atravessar o Recife, “cortar” a cidade comparando ao ato de uma
espada cortar/atravessar uma fruta, ou um cachorro atravessar uma rua. O poeta compara o rio
à “língua mansa de um cão”, “o ventre triste de um cão”, um rio sem vida, sem força de
correnteza... Compara-o, ainda, a um “aquoso pano sujo” evidenciando a sujeira presente no
rio. Através da comparação do rio a um “cão sem plumas” (sem pelos) nos faz pensar na
condição de um rio sem beleza, “deteriorado”, desvitalizado; um rio que “nada sabia da chuva
azul [...] da água do copo d’agua”, isto é, um rio de água suja, escura... Um rio que “sabia dos
caramujos / do lodo e ferrugem / Sabia da lama / lama do mangue, pelo lodo do esgoto que é
despejado nele, pela ferrugem ouriunda do que descartado nele, do que ali é depositado. O rio,
segundo João Cabral de Melo Neto “jamais se abre aos peixes / ao brilho / à inquietação da
faca / que há nos peixes”: no rio, de tão poluído, não há possibilidade de existirem peixes,
desses peixes sobreviverem, não há nenhuma existência de vida dentro do rio.
Já no texto “poluição dos Rios na Cidade do Recife” retirado do blog “Educação
Ambiental” (criado por alunos da turma de Ecologia e Educação Ambiental da UNICAP),
está retratada a mesma situação de imundice descrita por João Cabral de Melo Neto em seu
poema. Porém é possível perceber as diferenças entre os textos descritas por Domício Proença
Filho (enquanto textos literário e não-literário). O texto disposto no blog (texto não-literário)
apresenta de forma informativa, objetiva e clara os aspectos do Rio Capibaribe, enquanto,
dentre outros traços, “O Cão Sem Plumas” (texto literário) aborda de maneira metafórica as
condições do rio, as intenções o autor são apresentadas de forma subjetiva nos versos do
poema, o rio é descrito a partir da visão de mundo do autor, a partir de elementos da emoção
usados ao compará-lo aos diversos elementos a que o autor o associa ao longo do poema, por
exemplo.
2) Elabore um relato no qual você apresente a sua experiência com a presente disciplina
“Teoria do Texto Poético”. Nele procure evidenciar o conhecimento possível de ser
vivenciado a partir do contato com o texto poético.
Antes de ter contato com a disciplina não tinha muito contato/interesse pela literatura de
meneira geral, tampouco com o texto poético, especificamente. Confesso que ainda não tenho
despertado esse interesse, porém após um contato mais direto com o texto poético está sendo
possível ter uma nova visão acerca dessa “forma” da literatura; passei a enxergar detalhes no
texto poético que antes passavam despercebidos. O contato com a disciplina proporciona uma
maior sensibilidade e percepção ao ler um texto poético: focar no autor e suas particularidades
para compreender melhor suas intenções inseridas no texto; observar detalhes ritmicos,
versos... Ou seja, este contato com a disciplina ajuda a encarar o texto poético de maneira
mais detalhada, minunciosa e não tão mais superficial como fazia anteriormente. Tal atenção
dedicada ao texto proporciona uma maior descoberta, tornando-o mais interessante e, assim,
despertando um maior envolvimento com o gênero.
Consoada
(Manuel Bandeira)