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Poesia Brasileira Aula 1

 Apresentação.
 Comentar a especificidade desse curso: nunca dei o curso, há anos não é
ofertado, mas sou poeta, escrevo há trinta anos regularmente, sou crítico de
poesia, tenho diálogo com algumas e alguns dos principais poetas do país.
 Apresentar o cronograma, mas especificamente as avaliações.

 Distribuir impresso os poemas.


 Leitura de “Pasárgada”, duas vezes.
 Marcação das sílabas fortes ( – ) e fracas (U). Essa marcação pode ser outra,
cada poeta marca de seu jeito isso, mas não conheço nenhum bom poeta ou bom
leitor de poesia que não tenha domínio absoluto disso.
o Na poética latina, as sílabas se diferenciavam entre longas e breves, o
que se modificou pra nós a diferença entre as sílabas fortes e fracas.
 Fazer a contagem de sílabas poéticas.
o Neste caso, é predominantemente uma redondilha maior, sete sílabas
poéticas.
o Principais pés métricos (binários e ternários):
 Jâmbico: breve e longa.
 Trocaico: longa e breve.
 Espondeu: duas longas.
 Uma longa e duas breves: dátilo.
 Duas breves e uma longa: anapesto.
o Os metros são formados por combinações de pés.
 Leitura de Antônio Abujamra – a pronúncia de “Pasárgada”, a troca de brabo por
bravo (“uma dental em vez de uma labial pode estragar um verso”), a leitura
teatral do poema, as ênfases, qual é o ponto do exagero.
 Breve leitura crítica:
o A existência de um refrão. Discutir um pouco as rimas do poema.
 “Rima é igualdade de som. Tanto se rima consoantemente como
toantemente e de outras maneiras.” (p.33)
 Consoante / toante.
 Interna / Externa.
 Cruzadas (ABAB), interpoladas (ABBA), emparelhadas
(AABB) ou misturadas.
 Agudas (oxítonas), graves (paroxítonas) e esdrúxulas
(proparoxítonas).
 Ricas / pobres: “como são ricas as rimas pobres de
Camões.
o A construção por meio de uma métrica de caráter popular, musical, que
aproxima o poema das formas orais luso-brasileiras.
o A oposição evidente entre um lá e um aqui, e o vou-me embora, a
elaboração de um reino de desejo.
o A natureza contraditória desse lugar de desejo, que conjuga passadismos
e modernismos.
o E o timbre outro da última estrofe, logo interrompido, cortado, pelo
verso entre travessões.
 Leitura de um aluno.
 Itinerário de Pasárgada (1954):
o Um conjunto de textos de Bandeira sobre poesia, sobre suas
experiências, sobre sua influência.
o Bandeira teve grande influências de Valéry (1871-1945), que defendia
“le plus conscience possible”, que era melhor compor uma frase
medíocre lúcida do que uma obra-prima em estado de transe.
 O Valéry vai voltar algumas vezes nesse curso, em especial para
pensarmos as dificuldades de se pensar literatura, e, em especial,
poesia, quanto a seu engajamento ou alienação. Valéry é um poeta
formal, rigoroso etc., mas nem por isso devemos pensá-lo como
um poeta alienado.
 Degas, danças, desenho (1936)
o Outra influência importante está em Mallarmé (1842-1898) de que a
poesia se faz com palavras, não com ideias ou sentimentos, “muito
embora, bem entendido, seja pela força do sentimento ou pela tensão do
espírito que acodem ao poeta as combinações de palavras onda há carga
de poesia”.
 Um lance de dados (1897), mostrar a partir da p.60.
o Também aqui está a autodefinição de Bandeira como um poeta menor, a
quem “estaria para sempre fechado o mundo das grandes abstrações
generosas”.
 Essa ideia de poeta menor também lhe faz um poeta menos
“discursivo” (termo usado por Cabral) do que Drummond, um
poeta atento aos detalhes, às palavras essenciais, ao som de cada
verso (para Bandeira, a melodia intrínseca às palavras é
fundamental).
 “Só não fui claro quando não pude – fosse por deficiência ou
impropriedade da linguagem, fosse por discrição.”
o Biograficamente, são muito importantes os anos em que Manuel
Bandeira morou no Morro do Curvelo, entre 1920 e 1933, após a morte
de seu pai. “A Rua do Curvelo ensinou-me muitas coisas. (...) o elemento
de humilde quotidiano que começou desde então a se fazer sentir em
minha poesia não resultava de nenhuma intenção modernista. Resultou,
muito simplesmente, do ambiente do Morro do Curvelo. “
 Leitura, p.82.
 Ainda considerando a biografia, é fundamental entender que
Bandeira é de 1886, que chegou a ir a um conferência de Olavo
Bilac em 1901 sobre Gonçalves Dias na ABL. Internou-se num
sanatório em Clavadel para tentar curar sua tuberculose.
 Ver O poeta do Castelo (1959), de Joaquim Pedro de Andrade.
 Clipe da leitura de “Vou-me embora pra Pasárgada”, pelo próprio Bandeira.
Sublinhar os espaços que ele dá em sua leitura, na pronúncia das palavras etc.
o A música pontuando os ambientes das estrofes.
 Leitura p.115.
 Leitura de “Teresa”
o Verso livre.
o “no verso livre autêntico, o metro deve estar de tal modo esquecido, que
o alexandrino [verso de doze sílabas poéticos, em geral com uma quebra
no sexto verso, chamada hemistíquio] mais ortodoxo funcione dentro
dele sem virtude de verso medido”
 Mais alguns aspectos do Itinerário:
o O encontro com a poesia de Mário de Andrade: ao ler Há uma gota de
sangue em cada poema, achou aquela poesia ruim, mas “de um ruim
esquisito”. Mário teria sido a última grande influência que recebeu.
 Mencionar o volume de correspondência entre ambos
o Quando vai discutir Libertinagem (1930) (cuja tiragem, aliás, foi de 500
exemplares), Bandeira sublinha a malícia com que sublinhava aqui e ali
aspectos, tanto para importunar os puristas, quanto para importunar
modernistas.
 Sua colaboração com os modernistas sempre se fez com
restrições, e sem ataque aos poetas parnasianos ou simbolistas, ou
ao soneto, ou ao verso metrificado, embora reconheça grande
dívida com o movimento, por ter conhecida a literatura de
vanguarda.
 “Poema tirado de uma notícia de jornal”
 “Porquinho-da-Índia”
 “Irene no Céu”
 “Evocação do Recife”
o Leitura da p.65
 “Não sei dançar”
o À manière de Mário de Andrade.

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