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1.

Em 1921, Mário de Andrade, escrevendo a série de artigos “Mestres do passado”,


publicados no Jornal do Comércio (edição de São Paulo), observou:

"Tarde [de Olavo Bilac] foi uma promessa de anos seguidos. Tais são, tão salientes os artifícios
e tão repetidos que muito bem provam o esforço do poeta decaído da poesia e a sua parca
inspiração (...).”

(ANDRADE, M. Mestres do passado – Olavo Bilac. In: BRITO, M.S. História do modernismo
brasileiro. Antecedentes da Semana de Arte Moderna. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, p. 288-289, 1978.)

Relacione, ao poema a seguir, o trecho da crítica anterior, assinalando a alternativa que


coincide com a ideia geral de Mário sobre a obra de Bilac.

As estrelas
Olavo Bilac

Desenrola-se a sombra no regaço


Da morna tarde, no esmaiado anil;
Dorme, no ofego do calor febril,
A natureza, mole de cansaço.

Vagarosas estrelas! passo a passo,


O aprisco desertando, às mil e às mil,
Vindes do ignoto seio do redil
Num compacto rebanho, e encheis o espaço...

E, enquanto, lentas, sobre a paz terrena,


Vos tresmalhais tremulamente a flux,
– Uma divina música serena

Desce rolando pela vossa luz:


Cuida-se ouvir, ovelhas de ouro: a avena
Do invisível pastor que vos conduz...

(BILAC, Olavo. Tarde. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, p. 42-43, 1919.)

Esmaiado: esmaecido, pálido


Aprisco: curral
Redil: curral para o gado ovino ou caprino; rebanho de ovelhas
Tresmalhar: Afastar-se, perder-se do rebanho
Flux: fluxo
Avena: flauta pastoril
a) O crítico lamenta o espaçamento da criação poética de Bilac, o que se expressa no poema
pela imagem das estrelas que se afastam umas das outras.
b) O crítico elogia os salientes artifícios da linguagem poética de Tarde, o que se pode
perceber, por exemplo, pela variedade de sinônimos para a palavra “curral”.
c) O crítico evoca, como resultado da pouca inspiração artística do poeta, a sobrecarga de
investimento formal (os hipérbatos ou inversões, por exemplo).
d) O crítico associa a poesia de Bilac ao estilo decadentista, o que é reforçado pelas imagens
de esgotamento, como se vê nas palavras “morna”, “esmaiado”, “ofego”, “mole”, “lentas”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


“Miss Dollar”, de Machado de Assis.

Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar.
Mas por outro lado, sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas
digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou
apresentar-lhes Miss Dollar.
Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida
e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e
sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal
como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se
alimenta a liberdade do Reino Unido [...] A sua fala deve ser um murmúrio de harpa-eólia1; o
seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.
A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.
Suponhamos que o leitor não é dado a estes devaneios e melancolias; nesse caso imagina
uma Miss Dollar totalmente diferente da outra. Desta vez será uma robusta americana,
vertendo sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita
e perfeita. [...]
Já não será do mesmo sentir o leitor que tiver passado a segunda mocidade e vir diante de si
uma velhice sem recurso. Para esse, a Miss Dollar verdadeiramente digna de ser contada em
algumas páginas, seria uma boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras
esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance,
realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido. [...]
Mais esperto, que os outros, acode um leitor dizendo que a heroína do romance não é nem foi
inglesa, mas brasileira dos quatro costados, e que o nome de Miss Dollar quer dizer
simplesmente que a rapariga é rica.
A descoberta seria excelente, se fosse exata; infelizmente nem esta nem as outras são exatas.
A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha
literata, nem a brasileira rica. Falha desta vez a proverbial perspicácia dos leitores; Miss Dollar
é uma cadelinha galga2
.
(Todos os contos, 2019. Adaptado.)
1
harpa-eólia: instrumento musical antigo em que o som é produzido pela fricção do vento em
cordas tensionadas.
2
galgo: raça canina cujos indivíduos têm patas e pescoço alongados.

2. Um procedimento típico em Machado de Assis utilizado no conto é:


a) o narrador se dirige diretamente a seus leitores para fazer comentários sobre a narrativa.
b) os personagens são pertencentes às altas classes sociais.
c) o narrador apresenta os fatos como parte de um experimento científico.
d) o fluxo dos fatos é construído de maneira direta, sem divagações nem desvios.
e) os personagens são os próprios narradores de suas histórias.

3. Leia o poema a seguir.

Tenho quebrado copos

Tenho quebrado copos


é o que tenho feito
raramente me machuco embora uma vez sim
uma vez quebrei um copo com as mãos
era frágil demais foi o que pensei
era feito para quebrar-se foi o que pensei
e não: eu fui feita para quebrar
em geral eles apenas se espatifam
na pia entre a louça branca e os talheres
(esses não quebram nunca) ou no chão
espalhando-se então com um baque luminoso
tenho recolhido cacos
tenho observado brevemente seu formato
pensando que acontecer é irreversível
pensando em como é fácil destroçar
tenho embrulhado os cacos com jornal
para que ninguém se machuque
como minha mãe me ensinou
como se fosse mesmo possível
evitar os cortes
(mas que não seja eu a ferir)
tenho andado a tentar
não me ferir e não ferir os outros
enquanto esgoto o estoque de copos
mas não tenho quebrado minhas próprias mãos
golpeando os azulejos
não tenho passado a noite
deitada no chão de mármore
estudando as trocas de calor
não tenho mastigado o vidro
procurando separar na boca
o sabor do sangue o sabor do sabão
nem tenho feito uma oração
pelo destino variado
do que antes era um
e por minha força morre múltiplo
tenho quebrado copos
para isso parece deram-me mãos
tenho depois encontrado
cacos que não recolhi
e que identifico por um brilho súbito
no chão da cozinha de manhã
tenho andado com cuidado
com os olhos no chão
à procura de algo que brilhe
e tenho quebrado copos
é o que tenho feito

(MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo. Companhia das Letras, 2015.
p. 101-102.)

Considerando esse poema e a integralidade da obra de que foi retirado, assinale a alternativa
correta.
a) O poema apresenta eventos sobrenaturais, envolvendo objetos raros e incomuns.
b) O verbo “quebrar”, quando se refere ao eu do poema, é empregado em sentido figurado.
c) O poema usa parênteses em dois versos, sendo que no primeiro a expressão retomada é a
pia da cozinha.
d) O texto afirma que os copos são mastigados à noite e deixam na boca um gosto de sabão
misturado ao de sangue.
e) Os cacos de copo são deixados no chão de mármore, onde é costume se deitar à noite.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o soneto “O caminho do morro”, do poeta parnasiano Alberto de Oliveira.

Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,


Até lhe ir esbarrar com as orlas do terreiro;
Dava-lhe o doce ingá1, rachado ao sol, o cheiro,
E um rumor de maré o cafezal vizinho.

Quanta vez o subi, buscando a um guaxe2 o ninho,


Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,
Para voar num balanço, embaixo, o dia inteiro,
E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!

De setembro até março uma colcha de flores


Tapetava-o. Reluz-lhe em poças de água o céu;
Das folhas sobre o saibro os orvalhos escorrem...

Mas morreram na casa, em cima, os moradores,


Morreu, caindo, a casa, o moinho morreu,
O caminho morreu... Até os caminhos morrem!

(Sânzio de Azevedo (org.). Parnasianismo, 2006.)

1
ingá: uma fruta.
2
guaxe: uma espécie de ave.

4. A poesia parnasiana afasta-se da poesia romântica por ser mais contida do que efusiva e
emotiva. Pode ser considerado menos efusivo e emotivo o seguinte verso:
a) “Quanta vez o subi, buscando a um guaxe o ninho,” (2ª estrofe)
b) “Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,” (1ª estrofe)
c) “Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,” (2ª estrofe)
d) “E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!” (2ª estrofe)
e) “O caminho morreu... Até os caminhos morrem!” (4ª estrofe)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o trecho do artigo de João de Jesus Paes Loureiro

A cultura amazônica é uma rara reminiscência de cultura mítica marcada pela dominante
poética do imaginário. Original cultura mítica sobrevivente neste terceiro milênio, onde ainda se
constata uma incessante produção de narrativas fabulosas na oralidade que caracteriza a
sociedade regional amazônica. São os deuses de uma teogonia1 cotidiana e operativa. Para
abrigá-los, os caboclos ribeirinhos inventaram uma singular paisagem ideal, um lugar ameno
situado no fundo dos rios ou nas brenhas das florestas. Trata-se das encantarias, lugar onde
moram os seres encantados, os deuses e personagens do imaginário amazônico, decorrente
do fertilíssimo devaneio do homem do lugar, diante do correr das águas doces de seus rios. A
convivência cotidiana com seres fabulosos de seu imaginário passa a condicionar um sentido
contemplativo de beleza na convivência dessa relação dos homens entre si e deles com a
natureza.

(João de Jesus Paes Loureiro. www.amazonialatitude.com. Adaptado.)

1
teogonia: conjunto de deuses que constituem a mitologia de um povo.

5. “Para abrigá-los, os caboclos ribeirinhos inventaram uma singular paisagem ideal, um lugar
ameno situado no fundo dos rios ou nas brenhas das florestas.”

A referência a um lugar ameno (em latim, locus amoenus) aproxima as narrativas produzidas
pelo imaginário amazônico da estética
a) árcade.
b) parnasiana.
c) barroca.
d) simbolista.
e) naturalista.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o trecho do poema “Rondó dos cavalinhos”, de Manuel Bandeira.

Os cavalinhos correndo.
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora,
E em minh’alma — anoitecendo!

[...]

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...

[...]

(Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira, 1993.)

6. A caracterização que o eu lírico faz dos comensais durante a corrida de cavalos remete a
um procedimento típico da estética
a) barroca.
b) romântica.
c) simbolista.
d) naturalista.
e) árcade.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Enquanto isso, novas ideias ventilavam os espíritos. A ciência revelara as leis naturais, cuja
objetividade tinha uma força de realidade que suplantava a perder de vista a fragilidade das
concepções subjetivas, e a que cumpria dar supremacia. Começam as preocupações das
letras a voltar-se para o mundo objetivo: não era o recolhimento interno o que importava, mas a
visão da realidade, e não menos a natureza do que a sociedade, aquela em seus aspectos
aparentes, esta em seus entrechoques e lutas.

(João Pacheco. A literatura brasileira, vol. III, 1963.)

7. Exemplificam uma poesia afastada da “subjetividade” e do “recolhimento interno” os


seguintes versos:
a) Longe da pátria, sob um céu diverso
Onde o sol como aqui tanto não arde,
Chorei saudades do meu lar querido
— Ave sem ninho que suspira à tarde. —
b) Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
c) Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia,
Só levo uma saudade — é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
d) Eu vi-a e minha alma antes de vê-la
Sonhara-a linda como agora a vi;
Nos puros olhos e na face bela,
Dos meus sonhos a virgem conheci.
e) Parado o engenho, extintas as senzalas,
Sem mais senhor, existe inda a fazenda,
A envidraçada casa de vivenda
Entregue ao tempo com as desertas salas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o fragmento a seguir, retirado da obra Cartas Chilenas.

Não são somente isentos da Justiça


Os cabos valerosos: onde habitam,
Se acolhem, Doroteu, os malfeitores.
E quais antigas casas de Fidalgos,
Ou famosos Conventos, que na porta
Têm as grossas cadeias, onde pegam
Os míseros culpados; aqui todos
Se livram dos Meirinhos, bem que sejam
Indignos, torpes réus de Majestade.
Se os ousados Meirinhos entrar querem
Nas casas destes Cabos, a que chamam
Militares quartéis, os fortes donos
Encaixam nas cabeças os casquetes,
Apertam as correias, põem as bandas,
E cingindo as torcidas largas folhas,
Ultrajam com palavras a Justiça,
Resistem, gritam, ferem, matam, prendem.

(GONZAGA, Tomás A. Cartas Chilenas. Carta 9ª p. 193-194.)

8. Sobre o uso de termos como “malfeitores” e “torpes” no fragmento de Cartas Chilenas,


assinale a alternativa correta.
a) São termos que confirmam a vinculação do poema e de seu autor ao estilo que vigorava
naquela época: o trovadorismo e suas cantigas de escárnio.
b) São termos que já indicam o enfrentamento do herói com o mundo, tal como no
Romantismo, estilo que vigorava na época da elaboração do poema, o século XIX.
c) São termos em sintonia com tendências políticas do Arcadismo brasileiro do século XVIII,
embora mantenham distância do espírito bucólico e lírico de outros poemas da época.
d) São termos que se distanciam da veia satírica de Gregório de Matos, embora os dois poetas
tenham sido contemporâneos no Barroco do século XVII.
e) São termos que ostentam divergências com o estilo neoclássico do século XVIII tanto
cronologicamente quanto no ataque às concepções religiosas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Soneto XVVIII

Claudio Manuel da Costa

Destes penhascos fez a natureza


O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza.

Amor, que vence os tigres, por empresa


Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,


A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,


Temei, penhas, temei, que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.

Fonte: COSTA, Claudio Manuel da. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1996. p. 95.

9. Nos versos “Que entre penhas tão duras se criara/Uma alma terna, um peito sem dureza!”,
é possível notar uma relação de contraste entre:
a) o eu-lírico e o classicismo.
b) o eu-lírico e a natureza.
c) o eu-lírico e a cultura.
d) o eu-lírico e a política.
e) o eu-lírico e o Barroco.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o trecho do romance Livro de uma sogra, de Aluísio de Azevedo

Mas trabalho quer dizer técnica e quer dizer produção; e o negociante não produz e só
tem uma ciência — a de enganar o incauto consumidor, para apanhar-lhe, como as cocotes, o
dinheiro que puder. [...]
É por isso que todo homem de vida material [Olímpia está novamente se referindo ao
negociante/comerciante/mercador] detesta, em questões de arte, o naturalismo e a verdade,
encontre-os na estatuária, na pintura, no romance ou no teatro, e adora o maravilhoso e o
fantástico. São como as crianças.
O mercador do Brasil, quando não sonhe outras quimeras, com uma nunca deixar de
sonhar — é a da comenda. E, mal a suponha realizada, começa a sonhar com o título de
barão, e depois com o de visconde ou conde.

(Aluísio de Azevedo. Livro de uma sogra. http://objdigital.bn.br)

10. Para além da crítica à figura do negociante, o trecho comporta ainda


a) um elogio tanto ao Naturalismo quanto ao Romantismo.
b) uma crítica tanto ao Naturalismo quanto ao Romantismo.
c) um elogio ao Naturalismo e uma crítica ao Romantismo.
d) uma crítica tanto ao Naturalismo quanto ao Simbolismo.
e) um elogio ao Naturalismo e uma crítica ao Realismo.

11. Leia o poema a seguir, de Gregório de Matos, que descreve o que era, naquele tempo, a
cidade da Bahia:

A cada canto um grande conselheiro,


Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
[...]

Estupendas usuras nos mercados,


Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) O poema pertence à fase satírica de Gregório de Matos; no terceto evidencia-se que todos
os que se negam a ser desonestas continuam pobres.
b) O poema pertence à fase satírica de Gregório de Matos. A linha de verso “Estupendas
usuras nos mercados” significa que os pobres podem ficar ricos.
c) O poema pertence à fase lírico-religiosa de Gregório de Matos. No quarteto, o grande conselheiro quer
se intrometer em nossas casas e em nosso trabalho, porém não sabe gerenciar a sua própria casa.
d) O poema pertence à fase satírica de Gregório de Matos; no quarteto, observa-se a
degradação moral da população pobre baiana.
e) O tom dos dois excertos é de exultação diante de como está a cidade da Bahia.

12. Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que
admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro
não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez?
Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a
forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de
pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da
melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave
achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará
nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos,
que são as duas colunas máximas da opinião.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.


Acesso em: 8 ago. 2015.

No fragmento transcrito da dedicatória “Ao leitor”, em Memórias póstumas de Brás Cubas, o


autor serve-se da figura do narrador-defunto para
a) desqualificar o gênero romance, forma literária à qual Machado de Assis pouco se dedicou.
b) ressaltar a inverossimilhança dos fatos narrados, confrontados com a realidade da burguesia
carioca do século XIX.
c) criticar a sociedade burguesa brasileira da época, valendo-se do uso da terceira pessoa e do
ponto de vista distanciado.
d) sobrepor a “tinta da melancolia” ao aspecto humorístico, de modo a valorizar o tom sóbrio e
a temática realista típicos do romance burguês brasileiro.
e) fazer intromissões na narrativa, introduzindo pausas no relato durante as quais estabelece
com o leitor um diálogo de tom sarcástico e provocativo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o soneto de Luís de Camões.

Enquanto quis Fortuna1 que tivesse


Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento2
Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor3 que aviso desse


Minha escritura a algum juízo isento4,
Escureceu-me o engenho5 com tormento,
Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos


A diversas vontades, quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são, e não defeitos6,


E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.

(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.)

1
Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens.
2
suave pensamento: sentimento amoroso.
3
Amor: entidade mítica que personifica o amor.
4
juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram.
5
engenho: talento poético, inspiração.
6
defeitos: inverdades, fantasia.

13. No soneto, Amor teme que


a) o eu lírico perca sua inspiração.
b) a poesia do eu lírico não seja sincera.
c) a poesia do eu lírico não seja compreendida.
d) o eu lírico esqueça sua amante.
e) o eu lírico divulgue seus enganos.

14. Luís Vaz de Camões (1524-1580) foi um poeta do Classicismo português, autor da
epopeia Os Lusíadas (1572). O poema a seguir faz parte de sua produção lírica.

Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar


No Mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o Mundo concertado.

Adaptado de: BERARDINELLI, Cleonice. Estudos Camonianos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
Cátedra Padre António Vieira, Instituto Camões, 2000. pp. 164-165.

Sobre o poema em questão, assinale a alternativa correta.


a) Ao empregar a forma do soneto, o autor busca vincular-se a poetas fundamentais da
tradição italiana, como Dante e Petrarca.
b) Ao apresentar o mundo dividido entre os “bons” e os “maus”, o eu-lírico reflete a visão
maniqueísta do período medieval e aponta a importância de se agir de acordo com as
normas morais e religiosas.
c) Ao tratar do tema do “desconcerto do mundo”, o eu-lírico registra a impotência do indivíduo
diante de uma realidade vista como injusta e incoerente.
d) Ao aproximar-se da reflexão filosófica, o poema abre mão de recursos usuais do discurso
poético, como a metrificação regular e o uso de esquemas de rimas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Os defuntos continuam a caminhar pelo meio da rua [...]. João Paz manqueja, o braço
quebrado balouçando de um lado para outro, como um pêndulo. Barcelona parece atento a
tudo quanto se passa pelo entorno [...]. Cerca das nove horas desta noite em que sete mortos
estão em silenciosa vigília na praça principal de Antares, dentro dum coreto sitiado por urubus
e ratos, o dr. Quintiliano do Vale encontra-se sentado em sua poltrona de veludo, na biblioteca
de sua casa, alumiada pela luz branca de um lampião.

VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. 8. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.
265 e p. 425.
15. O excerto literário apresentado faz parte do romance Incidente em Antares, publicado por
Erico Verissimo em 1971, e veicula uma crítica indireta ao militarismo, regime sob o qual estava
a sociedade brasileira da época. Já a pintura de Rembrandt é tributária de uma preocupação
com elementos de ordem
a) encomiástica
b) teocêntrica
c) surrealista
d) científica
e) telúrica

16. Esaú e Jacó

Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou ao patamar de pedra, à porta da
esquerda. Era uma criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé. Não se lhe podia
negar um corpo airoso. Os cabelos, apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita
enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla era suprida por um raminho de arruda.
Já vai nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério estava nos olhos. Estes eram opacos, não
sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos, e neste último estado eram
igualmente compridos; tão compridos e tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam
o coração e tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro revolvimento. Não te minto
dizendo que as duas sentiram tal ou qual fascinação. Bárbara interrogou-as; Natividade disse
ao que vinha e entregou-lhe os retratos dos filhos e os cabelos cortados, por lhe haverem dito
que bastava.
– Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos?
– São.

ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente no Morro do Castelo, a ironia — um
dos traços mais representativos da narrativa machadiana — consiste no
a) modo de vestir dos moradores do morro carioca.
b) senso prático em relação às oportunidades de renda.
c) mistério que cerca as clientes de práticas de vidência.
d) misto de singeleza e astúcia dos gestos da personagem.
e) interesse do narrador pelas figuras femininas ambíguas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, proferido em 1655.

E para que um discurso tão importante e tão grave vá assentado sobre fundamentos sólidos e
irrefragáveis¹, suponho primeiramente que sem restituição do alheio não pode haver salvação.
[...] Quer dizer: se o alheio que se tomou ou retém, se pode restituir e não se restitui, a
penitência deste e dos outros pecados não é verdadeira penitência, senão simulada e fingida,
porque se não perdoa o pecado sem se restituir o roubado, quando quem o roubou tem
possibilidade de o restituir. Esta única exceção da regra foi a felicidade do bom ladrão, e esta a
razão por que ele se salvou, e também o mau se pudera salvar sem restituírem. Como ambos
saíram do naufrágio desta vida despidos, e pegados a um pau, só esta sua extrema pobreza os
podia absolver dos latrocínios que tinham cometido, porque impossibilitados à restituição
ficavam desobrigados dela. Porém se o bom ladrão tivera bens com que restituir, ou em todo,
ou em parte o que roubou, toda a sua fé e toda a sua penitência tão celebrada dos santos, não
bastara a o salvar, se não restituísse. Duas coisas lhe faltavam a este venturoso homem para
se salvar: uma como ladrão que tinha sido, outra como cristão que começava a ser. Como
ladrão que tinha sido, faltava-lhe com que restituir: como cristão que começava a ser, faltava-
lhe o batismo, mas assim como o sangue que derramou na cruz, lhe supriu o batismo, assim a
sua desnudez, e a sua impossibilidade lhe supriu a restituição, e por isso se salvou. Vejam
agora, de caminho, os que roubaram na vida; e nem na vida, nem na morte restituíram, antes
na morte testaram de muitos bens, e deixaram grossas heranças a seus sucessores; vejam
aonde irão ou terão ido suas almas, e se se podiam salvar.

(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)


1
irrefragável: irrefutável.

17. Depreende-se do sermão que o bom ladrão se salvou porque, além de arrepender-se,
a) ele devolveu os bens que havia roubado.
b) ele jurou que iria devolver os bens que havia roubado.
c) ele, como era pobre, não tinha como devolver os bens que havia roubado.
d) ele, como era pobre, jurou que começaria a trabalhar para devolver os bens que havia
roubado.
e) ele jurou que passaria a trabalhar para aqueles cujos bens havia roubado.

18. A uma ausência

Sinto-me, sem sentir, todo abrasado


No rigoroso fogo que me alenta;
O mal que me consome me sustenta,
O bem que entretém me dá cuidado.

Ando sem me mover, falo calado,


O que mais perto vejo se me ausenta,
E o que estou sem ver mais me atormenta;
Alegro-me de ver-me atormentado,

Choro no mesmo ponto em que me rio,


No mor risco me anima a confiança,
Do que menos se espera estou certo.

Mas, se de confiado desconfio,


É porque, entre os receios da mudança,
Ando perdido em mim como em deserto

BACELAR, A. B. In. MOISÉS, M. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix,
1969.
A principal característica barroca desse soneto, representativo da poesia portuguesa do século
XVII, é a
a) percepção da fugacidade do sentimento amoroso.
b) dualidade entre o sagrado e o profano inerente ao amor.
c) utilização de antíteses para exprimir o estado do eu lírico.
d) temática da sensualidade por meio de linguagem rebuscada.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder
à(s) questão(ões).

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras


instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era
o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A
máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três
buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com
o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor
que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a
honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se
alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na
porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com
a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com
chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde
quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos
gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam
de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia
de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava
a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que
raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem
conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao
senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha
anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o
tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha
promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o
anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao
ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser
instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza
implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a
pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma
vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se
sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.

(Contos: uma antologia, 1998.)

19. Embora não participe da ação, o narrador intromete-se de forma explícita na narrativa em:
a) “Há meio século, os escravos fugiam com frequência.” (3º parágrafo)
b) “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões.” (2º parágrafo)
c) “A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca.” (1º
parágrafo)
d) “Mas não cuidemos de máscaras.” (1º parágrafo)
e) “Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.” (3º parágrafo)

20. Leia o trecho final de O cortiço.


A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no
chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.

Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse
alcança-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.

E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.

João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.

Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas
que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.

Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho.

I. O narrador em terceira pessoa aproxima-se de Bertoleza, assumindo seu ponto de vista para
desmascarar o falso abolicionismo de João Romão; ao mesmo tempo, mantém-se distante
dela ao descrevê-la com traços animalescos.
II. A morte terrível de Bertoleza destoa do andamento geral do romance, marcado pelo lirismo
da narração, característica naturalista presente no texto de Aluísio Azevedo.
III. A última frase do trecho sugere que João Romão receberá a comissão a despeito do fim de
Bertoleza, em uma alegoria do Brasil: abolicionista na sala de visitas, escravocrata na
cozinha.

Quais estão corretas?


a) Apenas II.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

21. Esse movimento foi marcado por algumas preocupações recorrentes: um certo
anticlassicismo, uma visão individualista, um desejo de romper com a normatividade e com os
excessos do racionalismo. Liberdade, paixão e emoção constituem um tripé sobre o qual se
assenta boa parte desse movimento.
(Adilson Citelli. “Uma palavra em seu tempo”, 1986. Adaptado.)

Tal comentário refere-se ao movimento


a) árcade.
b) romântico.
c) parnasiano.
d) realista.
e) naturalista.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


CAPÍTULO LIII

Virgília é que já se não lembrava da meia dobra; toda ela estava concentrada em mim,
nos meus olhos, na minha vida, no meu pensamento; – era o que dizia, e era verdade.
Há umas plantas que nascem e crescem depressa; outras são tardias e pecas. O
nosso amor era daquelas; brotou com tal ímpeto e tanta seiva, que, dentro em pouco, era a
mais vasta, folhuda e exuberante criatura dos bosques. Não lhes poderei dizer, ao certo, os
dias que durou esse crescimento. Lembra-me, sim, que, em certa noite, abotoou-se a flor, ou o
beijo, se assim lhe quiserem chamar, um beijo que ela me deu, trêmula, – coitadinha, – trêmula
de medo, porque era ao portão da chácara. Uniu-nos esse beijo único, – breve como a ocasião,
ardente como o amor, 1prólogo de uma vida de delícias, de terrores, de remorsos, de 2prazeres
que rematavam em dor, de aflições que desabrochavam em alegria, – uma 3hipocrisia paciente
e sistemática, único freio de uma 4paixão sem freio, – vida de agitações, de cóleras, de
desesperos e de ciúmes, que uma hora pagava à farta e de sobra; mas outra hora vinha e
engolia aquela, como tudo mais, para deixar à tona as agitações e o resto, e o resto do resto,
que é o fastio e a saciedade: tal foi o 5livro daquele prólogo.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

22. Dentre os recursos expressivos empregados no texto, tem papel preponderante a


a) metonímia (uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, com base na
relação de contiguidade existente entre ela e o referente).
b) hipérbole (ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística).
c) alegoria (sequência de metáforas logicamente ordenadas).
d) sinestesia (associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações
diferentes numa só impressão).
e) prosopopeia (atribuição de sentimentos humanos ou de palavras a seres inanimados ou a
animais).

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