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1) Aponte e discuta, segundo Freire (1996), os saberes necessários à prática

educativa numa perspectiva progressista. Em seguida, compare com a


prática educativa conservadora.
Paulo Freire (1996) discute que numa prática educativa voltada para a
perspectiva conservadora e progressista, alguns saberes são necessários, tais
como: A percepção de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção, para o autor é preciso
compreender que o processo de formação não se configura a partir da concepção
de um indivíduo como um objeto formado por determinado sujeito. Ensinar não
é apenas uma questão de transferências de conhecimentos, uma vez que quem
ensina aprende ao ensinar, e que quem aprende ensina ao aprender. Quanto mais
criticamente se exerça a capacidade de aprender, se descontrói e se desenvolve o
que o autor chama de “curiosidade epistemológica” É necessário que o educando
mantenha vivo em si o gosto pelos questionamentos, estimulando sua
capacidade diante do modelo de educação bancária. A o autor destaca que é essa
é umas das principais características dos seres humanos: a de ir além de seus
limite e condicionantes.

2) Ainda de acordo com Freire (1996), elabore um texto dissertativo sobre o


que ensinar exige do professor.
A partir das concepções expostas por Freire (1996), observa-se uma
frequente preocupação do autor em relação à prática de ensino e aos inúmeros
resultados que esta prática pode apresentar. Dessa forma, o pesquisador
apresenta diversas exigências que a ação educativa requer por parte do professor
para que, nesta perspectiva progressista, os resultados apresentados sejam
satisfatórios.
Ensinar exige rigorosidade metódica, uma vez que esta prática não
resume apenas no objeto ou conteúdo, mas cria condições para que esse saber
seja transmitido de uma forma crítica, o saber não é formado penas por saberes
isolados, mas é preciso ensinar a pensar certo, e nesse sentido o educador
necessita de uma postura ética a fim afirmar de influenciar aqueles que pretende
alcançar nas suas de sala de aula.
O ensino, exige ainda, pesquisa, isto porque o educador ocupa um lugar de quem
debate, faz indagações, e pesquisa de forma mais profunda um conteúdo que
possa estabelecer relações a entre a vida e o ensino. Não há ensino sem pesquisa
e pesquisa sem ensino, são duas características que estão intrinsecamente
ligadas. Nessa perspectiva, ensinar exige respeito aos saberes dos educandos,
isto é, é imprescindível que o professor respeite e perceba a relevância dos
saberes sociais que seus educandos, individualmente, possuem e ainda associe as
realidades concretas vivenciadas pelos alunos aos ensinamentos praticados em
sua atividade docente.
Ainda segundo Freire (1996), ensinar exige criticidade, nesse contexto, é
importante que o professor não baseie sua prática em despertar o que o autor
define como “curiosidade ingênua” (baseada no senso comum), é preciso que
esta curiosidade seja criticizada, tornando-se uma “curiosidade epistemológica”.
Assim, ensinar também exige estética e ética por parte do docente, é
indispensável ao professor essa postura de não executar a prática educativa
apenas em seu caráter técnico, sem considerar os aspectos humanos de tal ação.
A prática de ensino também exige que o professor assuma o risco de aceitação
do novo e rejeição a qualquer tipo de discriminação, isto implica dizer que o
professor não deve tomar uma ideia, um conceito de ensino como fixo, imutável,
não deve considerar a sua prática como a mais correta e incontestável, precisa ter
consciência de que as ideias estão sempre em mutação e que a prática docente
está passível a mudanças e ajustamentos para uma melhor execução.
Nesse sentido, entende-se que ensinar exige reflexão crítica sobre a
prática o que, basicamente, significa ter consciência e contestar o que faz, como
faz e por que faz. E exige, por fim, reconhecimento a assunção da identidade
cultural, isto é, a prática educativa tem como uma das funções mais importantes
a de desenvolver condições para que os educandos em suas relações
interpessoais, gozem da experiência de assumir-se como ser social e histórico,
pensante, comunicante, transformador, etc.
Assim, pode-se perceber que a prática educativa, o ato de ensinar, exige
do professor, nessa perspectiva progressista uma série de ações e posturas que
levam em conta não somente a transmissão de conhecimentos, onde o professor
é o detentor do saber, mas sim, ações e posturas que corroborem numa prática
interativa e que desperte aspectos críticos e fundamentados em seus alunos a
partir de tal interação.

3) Questione um professor de língua portuguesa sobre o que ele considera


ensinar e aprender. Em seguida, compare o dizer desse professor com o que
Freire defende sobre esse aspecto no texto “Não há docência sem discência”.
“Nós professores devemos ter a consciência de que ensinar é um processo contínuo
e em construção que não se limita apenas em passar o conteúdo científico adquirido ao
longo do período acadêmico. É importante entender que não somos donos exclusivos do
saber e que o aluno não representa simplesmente um ‘depósito’ onde se vai jogando
‘teorias’. No processo de ensino-aprendizagem, é necessário que haja interação entre
professor e aluno para que entendam que ambos tanto ensinam quanto aprendem.
Compete ao professor encontrar formas de conciliar as teorias à práticas motivadoras
que levem o aluno a receber e absorver o que lhe for repassado, possibilitando-os a
terem uma visão mais crítica sobre cada situação. Na minha concepção, só há
aprendizagem quando há uma troca de conhecimentos em que professor e aluno
ensinam e aprendem simultaneamente.” (Vera Lúcia, 52. Professora de Língua
Portuguesa).
Pode-se observar na fala da professora questionada a semelhança com as ideias
discutidas por Freire (1996) no texto “Não há docência sem discência”. O discurso da
professora dialoga com o texto, tendo em vista que ela destaca o papel do aluno, que
constrói uma espécie de “via de mão dupla” entre os alunos e o professor. Ao longo da
resposta da professora, nota-se uma semelhança com o que o autor expõe em seu texto,
no qual afirma não haver ensino sem aprendizagem, uma vez que existe uma espécie de
diálogo entre professor e aluno, onde “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende
ensina ao aprender.” Nota-se uma possível postura progressista por parte da professora,
o seu discurso relaciona-se às concepções apresentadas por Freire (1996) como
característicos à prática educativa.

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