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No meio do caminho
Carlos Drummond de Andrade
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Aluno do 2º período, do curso de Letras - Bacharelado, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
A respeito da forma, é notório que as características estruturais se destoam dos padrões
tradicionais, o que é considerado um traço marcante do modernismo, pois o poema é composto
em versos livres, isentos de metrificações e rimas, composto por 10 versos distribuídos em duas
estrofes, especificamente uma quadra e uma sextilha, com cavalgamento no 5° verso.
O verbo “tinha” flexionado no passado, que aparece com recorrência nos versos, denota
um significado de lembrança, presente em todo o poema, no qual é destacado nos primeiros
versos da segunda estrofe, que propõe uma imagem relativa ao cansaço de toda uma trajetória
de vida já percorrida, em que os momentos vividos ficaram para sempre na memória, como
marcas das pedras que um dia obstruíram o caminho, mas que de certa forma, o moldaram e
auxiliaram na trajetória. Os versos ainda sugerem uma interpretação mais pessoal de um
acontecimento traumático na vida do próprio autor, em meios as adversidades já experenciadas
por suas retinas, agora já fatigadas, esse acontecimento destaca-se em sua memória como uma
pedra especifica que esteve em seu caminho e sempre será lembrado como um evento
traumático.
De modo geral, o poema do Carlos Drummond, evoca a imagem da pedra como uma
representação das tribulações que são inerentes a própria vida, e que sempre se farão presentes
em todo e qualquer caminho que decidimos trilhar. Através de uma linguagem simples e
cotidiana, o poema propõe uma reflexão sobre as pedras encontradas em meio aos caminhos já
percorridos, que atrapalharam e tornaram o caminho cansativo, mas que de toda forma,
naturalmente fizeram parte do caminho.