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Barbosa, Plínio A; Madureira, Sandra; Passetti, Renata R; Brescancini, Claudia R. Fonética, que bixo é esse?

Cadernos de Linguística, v. 2, n. 1, 19 p., 17 mar de 2021. Disponível


em:https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos. Acesso 04 dez. 2021.

Ana Beatriz Guedes de Oliveira1


Diogenes Lucas da Silva2

A fonética é conceitualizada como a disciplina que estuda os sons da fala, considerando


os diversos aspectos que permeiam a produção e emissão destes sons. Diante das distintas
características que rodeiam o seu estudo, a fonética se ramifica em quatro sub áreas: fonética
auditiva, articulatória, acústica e fonética instrumental, porém, o conhecimento em relação as
subdisciplinas da fonética, tal como métodos de pesquisas que são utilizados e os temas que são
especificamente abordados em cada uma das ramificações, apresentam um caráter parcial,
principalmente entre os estudantes de cursos da área de linguagens, ao qual acabam restringindo
o estudo da disciplina a uma mera atividade de transcrições fonéticas e percepções sonoras
referentes a articulação.

Partindo desta premissa, na intenção de apresentar uma visão geral sobre a fonética e
suas ramificações, os autores Plínio Almeida Barbosa, Sandra Madureira, Renata Regina
Passetti e Cláudia Regina Brescancini, acadêmicos da área de linguagens, elaboram o ensaio
teórico que tem como título: “fonética, que bicho é esse?”, justamente no objetivo central de
desmistificar tal convenção popular atribuída a disciplina como um bicho de sete cabeças.

Introdutoriamente o ensaio descreve para os leitores a importância dos conhecimentos


interligados entre as ramificações da fonética, evidenciando como as atividades dos foneticistas
são bem mais diversificadas, e não se restringem apenas ao processo de transcrições fonéticas,
em que tal atividade tem como objetivo três principais funções: permitir que outros foneticistas
possam reconhecer, identificar e catalogar determinados sons que foram falados em algum
trecho de gravação, considerando a variedade linguística e dialetal, possibilitar a montagem de
bases de dados com as transcrições para consultas e análises de frequências sonoras, pesquisas,
entre outras utilizações, e por último servir de guia para o aprendizado da pronúncia de uma
língua estrangeira. Desta forma, é evidenciado que o processo de transcrições fonéticas está de
certa forma atrelado ao estudo da fonética articulatória, pois a compreensão dos aspectos de

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Letras – Bacharelado (1° período) - Universidade federal de Pernambuco
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Letras – Bacharelado (1° período) - Universidade federal de Pernambuco
produção e percepção de um som, ao qual é possível através do estudo das transcrições, não é
suficiente para aprendizagem de uma língua estrangeira por exemplo, ao qual envolve diversos
outros fatores, dentre eles, os movimentos articulatórios que são necessários para reproduzir
determinado som, ao qual é objeto de estudo da fonética articulatória.

Prosseguindo com a premissa de contextualizar o leitor sobre as particularidades de cada


subdisciplina da fonética, a primeira seção do ensaio aborda a fonética articulatória, enfatizando
o método de pesquisa atualmente utilizado na área, em que se faz uso de instrumentos técnicos
para analisar os diferentes aspectos da dinâmica dos articuladores da fala, permitindo o avanço
do conhecimento de como são feitos determinados sons, como por exemplo o “r” retroflexo, ao
qual aparece com frequência em determinadas variantes dialetais. Dando continuidade as
apresentações gerais das ramificações da área, ainda na primeira parte, o ensaio contextualiza
as particularidades referentes a fonética acústica, o qual tem como objetivo a investigação das
características matérias do próprio som, através de instrumentos como o espectrógrafo que
examina a composição sonora. Na última parte da primeira seção do artigo, é contextualizado
o estudo da percepção, identificação e processamento do som através do sentido da audição, ao
qual é o objeto da fonética auditiva.

Na segunda seção do ensaio intitulada “sobre a expressividade da fala”, é apresentado o


estudo em relação a análise das propriedades da materialidade fônica na veiculação de efeitos
e sentidos na expressão da fala, compreendendo as propriedades físicas dos sons e as
associações semânticas a estas propriedades, em outras palavras, a expressividade da fala
constitui se na interação entre elementos segmentais, prosódicos que se estabelecem na relação
entre som e sentido.

Dando continuidade, a terceira seção do ensaio introduz através de um referencial


histórico, o surgimento e o objeto de estudo da fonética forense, ao qual propõe-se ao estudo da
identificação de locutores interceptados para produção de provas em investigações criminais ou
em instruções de processos criminais, judiciais, etc. Evidenciando como tal ramificação da área
fonética foi importante para o avanço e preenchimento de certas lacunas relacionados aos
métodos aplicados em processos forenses de reconhecimento de locutores. De forma
semelhante, a quarta e última seção do ensaio, apresenta a socio fonética como o estudo fruto
da interseção entre os dois ramos da linguística: a fonética e a sociolinguística, ao qual tem
como objeto de estudo, responder questão como: “o que as vogais produzidas pela rainha
Elizabeth II pode revelar sobre as mudanças sociais na Inglaterra?”, para responder tais
perguntas, a socio fonética estuda detalhes fonéticos finos dentre outros aspectos
sociolinguísticos, como potenciais fatores que podem promover mudanças na estrutura social
de uma comunidade ou promover perdas de traços culturais de um grupo.

De maneira geral, os autores do presente ensaio desenvolvem de maneira eficaz a


premissa de introduzir uma visão generalista das diversas áreas de aplicação da fonética, o que
torna a leitura recomendável aos leitores que almejam adentrar em alguns dos campos de
atuação da área da fonética, fornecendo-lhes um guia informativo sobre particularidades e
especificações sobre cada ramificação da área.

Referencias

Fonética: que bixo é esse?. Abralin. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (2hrs e 24 mins). Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=O80ZamzKQ3U. Acesso em: 04 dez. 2021.

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