UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM LINGUÍSTICA
TRABALHO FINAL DE SOCIOLINGUÍSTICA
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Entrevistado: X Idade: Naturalidade: Curitiba-PR Profissão: professor
O trabalho teve início com a gravação de um vídeo, com a duração de dois
minutos e 24 segundos, em que pedimos para o nosso informante, o professor Oscar Antônio de Oliveira, natural da cidade de Curitiba, estado do Paraná, nos relatar sobre a sua mudança de domicílio para a cidade de Cáceres-MT. Após a entrevista realizou-se a transcrição fonética e a observação dos dados para análise.
Observamos em seu dialeto algumas particularidades como a alternância entre o
uso dos segmentos [t] (oclusiva alveolar), e [tʃ] (africada), coletamos algumas palavras e dividimos em dois grupos, conforme abaixo:
Grupo A [t] Grupo B [tʃ]
[´aᴦ.ti] - arte [kuſi.´tʃIba] - Curitiba
[di.ze.´sƐti] - dezessete [´tʃi.vi] - tive
[a.´ʒẽ.ti] – a gente [Pſi.meᴊſa.´mẽ.tʃi] - primeiramente [do.´sẽ.ti] - docente [is.pek.ta.´tʃi.va] - expectativa
Verificamos nos dois grupos que os seguimentos da oclusiva alveolar [t] e da
africada [tʃ] no dialeto do entrevistado ocorrem quando a vogal imediatamente seguinte é a vogal anterior alta [i]. Nos casos em que ocorre, ortograficamente, a vogal anterior média alta [e] em posição final de palavra o informante pronuncia [i], como nos exemplos: [arte/´aᴦ.ti], [primeiramente/ Pſi.meᴊſa.´mẽ.tʃi].
Conforme Cristófaro Silva (2017, p. 57) o processo de palatalização de oclusivas
alveolares ocorre em certos dialetos da região Sudeste do Brasil, nesse caso as oclusivas ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM LINGUÍSTICA
[t/d] também se manifestam como africadas alveopalatais [tʃ/dᴣ] quando seguidas da
vogal [i] (oral ou nasal). Para o dialeto de Curitiba, a autora diz que a consoante africada ocorre apenas quando a vogal [i] não corresponde ao sufixo de gênero.
Para finalizar, destacamos que para o dialeto de Curitiba a alternância só ocorre
entre oclusivas e africadas, diferentemente do dialeto de Cuiabá em que podemos ter a fricativa ʃ transformada em africada tʃ, como por exemplo, chá [´ʃa] / [´tʃa], ocorrendo ainda com outras vogais, como chuva [´tʃu.va], acha [´a.tʃa] etc.
BIBLIOGRAFIA
SILVA, Thaís Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudos e guia
de exercícios. 11.ed. São Paulo: Contexto, 2017.
ROTEIRO PARA UMA ANÁLISE FONÊMICA (Baseado no capítulo IV do livro