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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ -UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL


CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA

2ª avaliação – 01/11/2021

Componente Curricular: Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa 1 (diurno) Código: CLV0059 Créditos: 4.0.0
Ministrante: Profa. Ma. Raíssa Martins Brito E-mail: raissamartins@ufpi.edu.br
Aluno(a): Adelaide Barros Caminha.

ORIENTAÇÕES GERAIS

1) Apresentar cabeçalho com nome completo e com as questões solicitadas pela professora neste arquivo.
2) A avaliação deve ser enviada até dia 05/11/2021 no prazo limite de 23h59 para o e-mail institucional raissamartins@ufpi.edu.br.
3) A identificação do assunto do e-mail e do nome do arquivo deve ser: “2ª avaliação de Fonética e Fonologia da LP (diurno) – nome
completo do aluno”.
4) A avaliação deve estar obrigatoriamente no formato PDF.
5) Use o teclado virtual para fazer as transcrições fonéticas: http://westonruter.github.io/ipa-chart/keyboard/.

A avaliação vale de 0 a 10 pontos.

Obs.: Qualquer dúvida ao longo da avaliação deve ser enviada ao e-mail institucional da professora ou ao grupo de apoio do WhatsApp da
turma.
Universidade Federal do Piauí.
Centro de Ciências Humana e Letras- CCHL
Nome: Adelaide Barros Caminha.
Disciplina: Fonética e Fonologia da língua portuguesa I.
Professora: Raíssa Martins

QUESTIONÁRIO

1) Transcreva foneticamente as palavras abaixo. (2,5)

cuspe [ˈkuʃpi] esforço [iʃˈfɔʁsu] tinta [ˈtĩtɐ] tio [ˈtʃiu]

troca [ˈtɾɔkɐ] ateu [aˈtew] festa [fɛʃtɐ] bolada [boˈladɐ]

tango [ˈtɐɡ̃ u] antigo [ɐˈ̃ tʃiɡu] tigela [tʃiˈʒɛlɐ] luta [ˈlutɐ]

casca [ˈkaʃkɐ] trote [ˈtɾɔtʃi] careta [kaˈɾɛtɐ] pista [ˈpiʃtɐ]

pata [ˈpatɐ] pátio [ˈpatʃiu]


2) Considerando os segmentos consonantais relacionados ao /r/, podemos observar as seguintes representações na transcrição
fonética dessa consoante no português brasileiro [ɹ ɾ Ɣ χ ]. Além disso, há a representação de [h ɦ] na pronúncia típica de um
dialeto do Brasil. Diante dessas variações, utilize as possíveis transcrições fonéticas da palavra marmelo para explicar o
fenômeno de variação linguística no que diz respeito à letra r no PB. (2,5)

 PALAVRA: Marmelo.
 TRANSCRIÇÃO FONOLÓGICA: [maR’melo]
 TRANSCRIÇÕES FONÉTICAS DE PRONÚNCIAS EM ALGUNS DIALETOS DO BRASIL:

[maɦ ˈmɛ.lu] – Dialeto do Rio de Janeiro

[ma ɹ ˈmɛ.lu] Dialeto de Minas Gerais

[ma ɾ ˈmɛ.lu] Dialeto de São Paulo

A transcrição fonética consegue abranger os diferentes sons da fala presentes nos dialetos reterentes à uma língua. A fonologia
por sua vez, ao se preocupar com a língua enquanto sistema, prefere focalizar nas pronúncias que abrangem o maior número de falantes,
de forma que as variações linguísticas devem ser expressas foneticamente como alofones, isto é, como possibilidades diferentes de
realização de um fonema. Isso acontece porque os alofones não alteram o significado das palavras, fato que leva a Fonologia à ter de
escolher a ocorrência mais frequente para ser tratada como fonema, isto é, como entidade capaz de distinguir significado, enquanto as
pronúncias pertinentes aos dialetos ficam reunidas sob o título de alofones

A variação linguística é evidenciada aqui através de possíveis transcrições fonéticas da palavra marmelo com o intuito de
percebermos com isso a transcrição fonética como capaz de expressar os sotaques presentes nas pronuncias dos falantes do português
brasileiro. Assim, por exemplo, teríamos a pronúncia do “r” como uma fricativa glotal vozeada [ɦ] no dialeto carioca de modo que há
um uma obstrução parcial da corrente de ar pelos músculos ligamentais da glote na pronúncia em [maɦmɛlu], já no dialeto mineiro
teríamos uma retroflexa alveolar [ɹ] de modo que o fonema /r/ é realizado com um levantamento e encurvamento da ponta da língua em
direção ao palato duro em [ma ɹ ˈmɛ.lu] , caracterizando o popularmente conhecido como “r caipira”

Percebemos, portanto, que estas variações de pronúncia não alteram o significado da palavra, mas são importantes para
compreendermos a língua em seu uso concreto, tarefa esta onde podemos contar com a fonética articulatória através da transcrição dos
sons para os símbolos do Alfabeto Fonético Internacional (IPA) que expressam características das diferentes maneiras de produzir sons
através do aparelho fonador humano.

3) Apresente o símbolo da vogal correspondente às classificações abaixo. Ao lado da notação, sinalize um exemplo de palavra
transcrita foneticamente com destaque em negrito da vogal sinalizada em cada alternativa. (2,5)

a) [ ĩ ] vogal alta anterior não-arredondada nasal ex: vim, transcrição fonética: [vˈĩ]

b) [ ũ ] vogal alta posterior arredondada nasal Ex: fundo, transcrição fonética: [f ˈũ.dʊ]

c) [ ɐ ] vogal baixa central não-arredondada Ex: [ˈkaʁtɐ]

d) [ ɛ ] vogal média-baixa anterior não-arredondada Ex: Fé, transcrição fonética[ fˈɛ]

e) [ e ] vogal média-alta anterior não-arredondada Ex: bebê, transcrição fonética: [be.bˈe]


f) [ ɔ ] vogal média-baixa posterior arredondada Ex: cipó, transcrição fonética: [si.pˈɔ]
g) [ o ] vogal média-alta posterior arredondada Ex:hoje, transcrição fonética: [ˈo.ʒɨ]
h) [ɐ̃ ] vogal baixa central não arredondada nasal Ex: [‘kɐ̃tu]
i) [u ] vogal alta posterior arredondada Ex: Urso, transcrição fonética: [uhsʊ]
4) Explique a diferença entre a transcrição fonética e a transcrição fonológica. Para isso, cite exemplos, leve em consideração a
variação de sotaques no Brasil e o fenômeno de neutralização. (2,5)

A fonologia, tem como seu objeto de estudo entidades de sistemas linguísticos chamadas fonemas que são a menor unidade
significativa do sistema fonológico de uma língua. Naa transcrição fonológica, tais unidades são representadas por meio de barras com
base nas tabelas fonológicas da língua em questão. Dessa maneira, devemos entender que o fonema /a/ é a representação para uma
unidade linguística que se opõe a outras unidades no sistema, tirando sua significação dessas oposições. A palavra “cômodo”, por
exemplo, seria expressa fonologicamente como /'kɔmɔdo/. Sobre esse tipo de transcrição fonológica é importante ressaltar que ela leva
em conta, sobretudo, as ocorrencias mais comuns em deteminada língua, ou seja, procura focar no sistema linguístico compartilhado
pela maioria das pessoas. Dessa maneira, ela não abrange as particularidades de proúncias presentes na fala dos individuos, de modo
que é possível dizer com SILVA ( 2003, p.185) que “No quadro de segmentos consonantais devem constar dezenove fonemas:
/p,b,t,d,k,g,f,v,s,z, ʃ, ɾ ʒ, R,f,m, n, ɲ, l, ʎ” e “Na tabela fonêmica das vogais devem constar os sete fonemas vocálicos: /i,e, ɛ,a ɔ,o,u/.”
Isto ficará mais claro quando falarmos sobre o conceito de alofonia.

A transcrição fonética, por sua vez, utiliza de símbolos presentes no Alfabeto Fonético Internacional ( IPA ) que abrange tanto
letras que utilizamos comumente na escrita como elementos gráficos bem peculiares, com intuito de caracterizar os sons da fala segundo
suas características, como por exemplo, modo de aritculação e lugar de articulação. Tais símbolos são representados entre colchetes
([ ]), de modo que [b] é a representação símbolica do IPA para uma consoante oclusiva biliabial vozeada. A palavra “bolo”, por
exemplo, pode ser trasncrita fonéticamente, segundo o IPA, como [bolʊ].
No que diz respeito à variação dialetal, ela é expressa através da transcrição fonética uma vez que esta procura também representar os
sons pertencentes às diferentes pronúncias, sem renuncia-los em prol das pronuncias mais frequentes em uma língua de modo a focar no sistema
linguístico tal como procede a fonologia. Aqui, se faz oportuno apresentar o conceito de alofonia para esclarecer o posicionamento de ambas as
ciencias em relação à variação de sotaques.A alofonia é o fenomeno onde um mesmo fonema possui ainda diferentes possibilidades de
realização fonética, sendo que estas diferentes possibilidades não alteram o significado das palavras e são chamadas de “alofones”,
simplificando: alofones. são os vários sons que realizam um mesmo fonema. A palavra “culto”, por exemplo, é transcrita fonologicamente como
/kulto/, porém, podemos encontrar variações de pronúncia tais como [kˈuw.tʊ ]do dialeto carioca e [kˈuɽ.tʊ] do dialeto paulista. Temos então que
ao fonema /l/ corresponde os alofones [w] e [ɽ], que representam a variação linguística.

Existe, ainda, o fenomeno onde dois ou mais fonemas perdem o contraste fonemico que antes possuiam por encontrarem-se em um
ambiente específico onde eles apresentam traços comuns. Tal fonômeno chama-se neutralização e tem como resultado um arquifonema. Este
indica graficamente a neutrelização, ou seja, é uma maneira de expressar o fato de que certos fonemas específicos perderam o contraste em um
ambiente específico. Assim o arquifonema S, representa a consoante pósvocalica que ocorre em posição final de sílaba, podendo esta
corresponder a qualquer um dos seguimentos [s,z ʃ, ʒ,] que perderam o contraste fonêmico.

Podemos entender o contraste fonêmico como o contraste entre sons que em ambientes identicos ou análogos, são capazes de alterar o
significado de uma palavra. Por isso, diz-se que os fonemas são entidades opositivas, porque possuem significação na medida em que se opoem a
outros fonemas de uma língua. Para dar um exemplo de contraste em ambiente identico e comprrendermos melhor a neutralização, utilizarei um
par mínimo com duas palavras de significados diferentes: em faca/vaca é possível identificar os fonemas /f,v/, pois notamos função distintiva de
modo que pronunciar /f/ ou /v/ junto à cadeia sonora de -aca resultaria em vocábulos com significados diferentes.

No entanto, em casos como o da palavra “vez” podemos pronunciar [vez], [veʃ], [ ves] ou [veʒ], sem que o significado da palavra seja
alterado pela alternância entre os seguimentos [s,z ʃ, ʒ,] localizados em final de sílaba, por isso diz-se que houve uma neutralização do contraste
fonemico, uma vez que ele não existe nesse caso. Dessa forma, utiliza-se o arquifema /S/ que refere-se à consoante pósvocálica em final de
silaba à qual pode corresponder qualquer um dos seguimentes [s,z ʃ, ʒ,] sem que haja mundaça de significado. Esta perda do contraste fonêmico
também é indicado pelos demais arquifonemas presentes no português (/L/ /N/ /R/)

REFERÊNCIA:
SILVA, Thais Cristofaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 2003

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