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FONOLOGIA
DO INGLÊS
ISBN 978-85-9502-162-4
Introdução
Você sabia que a Fonética e a Fonologia, apesar de se caracterizarem como
ciências distintas, estão fortemente relacionadas? De fato, o foco de ambas
está nas distinções entre os sons, nos seus aspectos físicos (Fonética) e
nas suas propriedades funcionais em uma dada língua (Fonologia). Então,
para que estudamos Fonética e Fonologia do inglês? Você poderá se
surpreender que, ao contrário do que muitos podem pensar, não é para
“soar como um falante nativo”.
Neste capítulo, você vai estudar a diferença entre Fonética e Fonologia.
Ao estudar essa diferença, vai descobrir a importância desta disciplina para
a sua formação profissional. Você também vai identificar os mecanismos
físicos de produção da fala, estudando o processo de produção dos sons,
ao acompanhar a trajetória da corrente de ar desde os pulmões até o trato
vocal. Ao percorrer esse caminho, estudará o papel importante da laringe
e da propriedade de “vozeamento” para diferenciar sons surdos (sem
vibração de pregas vocais) de sonoros (com vibração de pregas vocais).
português tais sons não têm caráter distintivo, o mesmo não ocorre no inglês.
À Fonologia também cabe dizer que, no inglês, esses dois sons são distintivos
tanto em posição inicial (tip – chip) quanto final (cat – catch) de palavras.
Dada essa diferença, você já deve ter notado que ambas as ciências estão
fortemente relacionadas. Ainda que a Fonética tenha um caráter mais físico
e a Fonologia apresente um caráter mais abstrato, é praticamente impossível
entender Fonologia sem compreender minimamente um pouco de Fonética,
e vice-versa. É por isso que, neste curso, você estudará Fonética e Fonologia
de maneira integrada.
Produções fonéticas são representadas com colchetes: [ ]. Fonemas, por sua vez, são
representados por barras / /.
pode acontecer na produção, em inglês, da letra “D” [] como “G” [], que
também pode ocasionar problemas de inteligibilidade.
Podemos definir inteligibilidade como “[...] o grau de relação entre a men-
sagem pretendida pelo falante e o conteúdo compreendido pelo ouvinte [...]”
(DERWING; MUNRO, 2015, p. 5). Isso é diferente de se ter acento estrangeiro.
Pode-se ter acento estrangeiro e, ao mesmo tempo, ser inteligível, contanto
que o ouvinte consiga “decodificar” o que estamos falando. Ou seja, nem todo
acento estrangeiro pode causar problemas de inteligibilidade, mas problemas
de inteligibilidade da fala surgem, em grande parte, em função do grau de
acento estrangeiro.
Fica clara, assim, a importância do estudo da disciplina de Fonética e Fo-
nologia da língua inglesa. O objetivo desta disciplina não é fazer o aluno falar
como um “falante nativo” do inglês (até porque, assim como no português, há
diferentes variedades da língua, cada uma com suas peculiaridades fonéticas).
Ao estudar da Fonética e Fonologia do inglês, a intenção é que você apresente
uma fala mais inteligível não somente para ouvintes nativos do idioma, mas,
também, para qualquer usuário de língua inglesa, independentemente de sua
língua materna. Pelo estudo desta disciplina, você conhecerá as diferenças
de sons entre os sistemas de L1 (português) e de L2 (inglês) e aprenderá mais
sobre as articulações dos sons da língua estrangeira. Além disso, você será
capaz de prever as dificuldades enfrentadas pelo aprendiz brasileiro de inglês
na aquisição de sons, sobretudo aquelas que podem implicar problemas de
inteligibilidade da fala. Trata-se, pois, de uma disciplina fundamental para
todo profissional que trabalhará com a língua inglesa.
Para saber mais sobre inteligibilidade e a sua relação com grau de acento estrangeiro,
leia Pronunciation Fundamentals (DERWING; MUNRO, 2015).
Existem, em outras línguas do mundo, sons que não são produzidos com a expulsão
do ar dos pulmões. Para saber mais sobre esses sons, leia o Capítulo 6 do livro A course
in phonetics (LADEFOGED; JOHNSON, 2011).
https://goo.gl/BfnN2c
Letras e fonemas não são a mesma coisa! No sistema alfabético, temos 5 grafemas
vocálicos. Entretanto, em português, por exemplo, temos 7 fonemas vocálicos: //,
//, //, //, //, //, //.
Tente fazer um som de [] bastante longo. Agora, faça um som de [] com
a mesma articulação. Você perceberá que ambos foram produzidos com a mesma
articulação, mas [] tem a vibração das pregas vocais, e [] não tem. Logo,
[z] é um som sonoro, enquanto [] é um som surdo.
https://goo.gl/XW27J1
A aspiração não ocorre somente na posição inicial (ainda que, nessa posi-
ção, a sua ausência possa causar problemas de inteligibilidade). Os segmentos
plosivos surdos devem ser aspirados, também, em posição medial de palavra,
desde que tal segmento plosivo esteja iniciando uma sílaba tônica (forte).
Preste atenção à pronúncia de /p/ nas palavras rapid e rapidity. O que você nota?
Em rapidity, /p/ é produzido com aspiração ([]), pois tal consoante se encontra em
início de sílaba tônica. Em rapid, não há aspiração. Caso tenha dúvidas, ouça os áudios
dessas palavras em um dicionário on-line.
Leituras recomendadas
CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à fonética e à fonologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2011.
CRISTÓFARO-SILVA, T. Pronúncia do Inglês: para falantes do português brasileiro. São
Paulo: Contexto, 2012.
LAMPRECHT, R. R. et al. Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e práticos
para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. 2. ed. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2012.