Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os professores pouco exploram as áreas de Ortografia, Fonética e Fonologia, como também os programas
de ensino pouco as consideram, por se ignorar a sua utilidade no ensino do Português em Moçambique.
No entanto, os materiais em Fonética, Fonologia e Ortografia estão devidamente divulgados e úteis,
mesmo que não façam referência sobre o falar e o escrever que caracterizam o Português em
Moçambique.
Por isso, bastará caminhar com MATEUS et al. (1989), (1990) e (2003), bem como CUNHA e CINTRA
(1999) e outros, como Bergstrom e Reis (1998), para resolvermos alguns problemas nestas áreas de
conhecimentos.
3.1. ORTOGRAFIA
Para representar na escrita as palavras de uma língua, usam-se sinais gráficos designados LETRAS, cujo
conjunto constitui um alfabeto (Bergstrom e Reis, 1998:9). São letras universais do alfabeto, as
minúsculas: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o p, q, r, s, t, u, w, v, y, x, y, z. As letras maiúsculas são A,
B, C, D, E, F, G, H, I, J, k, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, W, V, X, Y, Z.
Em português, usam-se ainda outros sinais adicionais, na escrita: os sinais de acentuação gráfica e os de
pontuação, para além das regras de translineação. O conjunto de normas que estabelece a utilização das
letras do alfabeto denomina-se por ORTOGRAFIA.
3.1.2. Caligrafia
O bom uso das letras do alfabeto na escrita à mão é a CALIGRFIA, definida como “a arte de escrever
bem à mão…arte de fazer boa letra” (Dicionário Universal de Língua Portuguesa, 1999).
Sabe-se que, há bem pouco tempo, o Português Colonial não admitia, no seu Alfabeto Ortográfico, as
letras k, w e y. O uso tinha sido restrito, considerando-as letras de línguas estrangeiras, ou em
abreviaturas e símbolos usados internacionalmente em matemática.
O Português de Moçambique adopta-as sem nenhum questionamento, sendo que os seus falantes estão
circunstanciados no meio das Línguas Bantu e de outras línguas como o japonês e o mandarim, conforme
Liphola, (1988), Lopes, A. J. (1997) e Katupha, A. (1985).
De acordo com as normas da caligrafia, a letra maiúscula utiliza-se no início de nomes próprios. Em letra
cursiva, a letra maiúscula é separada das restantes letras de uma palavra.
Nestas normas, as letras minúsculas mantêm-se ligadas umas com as outras, levantando-se a mão, só ao
escrever a letra q, ou após concluída a escrita da palavra, para cortar a letra t e pontuar o j e i, se a palavra
contiver estas letras: abcdefghijlmnopq rstuvxz.
Um texto manuscrito não deve conter borrões. No caso de engano, devemos utilizar os “correctores
linguísticos”, ou seja, as expressões como “ou seja…, ou melhor…, perdão…salvo…, ressalvo…,
desculpa…,” que melhoram a escrita.
3.2. FONÉTICA
A FONÉTICA é uma disciplina científica que se ocupa dos sons da fala; do modo como estes são
produzidos, propagados e percebidos (Mateus et al.1990:21) e base da FONOLOGIA (Mateus et
al.1990:297). Estuda a parte física dos sons da fala, independentemente da sua função, “excluído de
qualquer relação entre o complexo fónico e a sua significação linguística” (cf. N Trubetzkoy, in Mateus
et.al. 1989).
Estes sons da fala, que são estudados independentemente da sua função, de que se refere Trubetzkoy são
designados fones. Portanto, o objecto de estudo da Fonética os fones.
São os objectivos da fonética, como disciplina linguística e de acordo com Mateus et al.(1990:24):
a) estabelecer as propriedades articulatórias, acústicas e perceptivas associadas aos contrastes dos sons da
fala das línguas particulares e às diferenças sistemáticas existentes entre as línguas distintas;
(i) A Fonética Articulatória – o estudo dos mecanismos da articulação dos sons da fala e o
aparelho fonador humano;
(ii) A Fonética Acústica – o estudo das ondas sonoras e o comportamento dos sons da fala na
sua propagação;
(iii) A Fonética Perceptiva – o estudo dos mecanismos da percepção e o aparelho auditivo, de
acordo com a transmissão de uma mensagem de um locutor para um alocutário, num acto de
comunicação oral.
O desenvolvimento da Fonética regista-se entre os sécs. XVIII e XIX, de acordo com Mateus (1990: 28) e
está associado à preocupação de ordem prática – o ensino de línguas e da maneira correcta de falar.
Desenvolveu-se, em primeiro lugar, a Fonética Articulatória, contribuição do foneticista Meville Bell (pai
do inventor do telefone, Alexander Bell), interessando-se em determinar instruções explícitas para a
execução correcta de manobras articulatórias para os surdos.
< > - Ângulos = Transcrição grafémica/ ortográfica, ou presença de segmentos grafémicos. Em estudos
mais avançado, os ângulos indicam elementos que se implicam reciprocamente;
/ - Uma Barra Oblíqua = indica que se segue o contexto em se integra o elemento transformado e lê-se
“no contexto”, “quando”;
- - Traço nos colchetes = indica o lugar, dentro do contexto, do elemento transformado pela aplicação
de uma regra;
+ - indica uma fronteira de morfema. Mas, quando antecede um dado traço fonético, indica “mais
avanço” (Ex: +ac = mais acentuada, ou simplesmente acentuada, ou tónica);
- - Traço, antecedendo um dado traço fonético, indica “menos avanço” (Ex: -ac = menos acentuada ou
átona);
0 - índice o “zero”, = o número mínimo de elementos presentes e lê-se: “zero, uma ou mais…” Ex.: Co =
zero, uma ou mais consoantes;
Blb = bilabiais, Lbd = Labiodentais, Lgd =Linguodentais, Alv = Alveolares, Plt = Palatais, Vel = Velares,
Fric = Fricativas, Lat = Laterais, Vibr = Vibrantes; cont = Contínuas, nas = Nasais; voz = Vozeadas, cor =
coronais;
α – “Chua” ou alfa - precede um dado traço fonético e indica a existência de traço que deve ser tomado
simultaneamente positivo e negativo (Ex.: [α rec] = mais ou menos recuado);
β – entre colchetes, é um fonema, da variante do PE; quando precede um dado traço fonético, indica,
traço tomado simultaneamente positivo e negativo (Ex.: [β rec] = mais ou menos recuado).
Neste estudo, devemos, desde cedo, introduzir e distinguir os conceitos de Enunciação, Formalização e
Formulação. Enuncia-se, quando se nomeia ou se dá o nome a uma certa convenção, formaliza-se, quando
se representa, ou se desenha e formula-se, quando se interpreta ou se lê.
Exemplo
Formalização da convenção <irmana> → /irmana/ → [ir’mǣ] – Assim mesmo como está <irmana> →
/irmana/ → [ir’mǣ]
TRABALHO UM
TRANSCRIÇÃO é um instrumento criado e utilizado pelos linguistas para captar ou registar os factos,
em particular, os sons da fala, observados em enunciados, de forma consistente e sistemática. É uma
representação simbólica que pretende captar os aspectos fónicos possíveis da realização de um enunciado.
A análise linguística encontra formas para representar fonética e fonológica e graficamente as unidades
linguísticas. Trata-se das transcrições fonéticas, fonémicas e grafémica e as convenções que se
consubstanciam nos alfabetos fonético, fonémico e grafémico.
(i) TRANSCRIÇÃO FONÉTICA ([ ]), a representação das unidades da fala, sem ter em conta a sua
função na comunicação, sendo uma abstracção da realidade, tendo em conta o nível de superfície e o
conhecimento da língua, fones ou segmentos fonéticos.
(iii) TRANSCRIÇÃO GRAFÉMICA OU ORTOGRÁFICA (< >), a da escrita corrente de textos, das
letras, grafemas ou sinais gráficos. Usa as letras do alfabeto ortográfico.
A representação dos sons da fala faz-se com a utilização de um alfabeto (Mateus et al., 1990:37). O
Alfabeto Fonético Internacional (AFI) é constituído por Vogais, Semivogais (orais e nasais) e
Consoantes.
• As vogais (sons vocálicos) do português do PE são fonemas produzidos sem qualquer obstrução
da corrente de ar, sendo +cont, e com o vozeamento. Basicamente, 9 orais: [i] de vi; [e] de vê; de [ε] de
pé; [ə] de de; [æ] para; [a] de pá; [u] de tu; [o] de avô; [ↄ] de pó, avó e 5 nasais, derivadas de [i], [e],
[æ], [o] e [u], respectivamente: [ĩ] de sim; [ẽ] de pente; [ǣ] de banco; [ǔ] de fundo; e [õ] de ponto.
• As semivogais (sons semivocálicos) do PE são duas [j] e [w], que se associam às vogais [a, æ, ε,
e, ↄ, o], formando um ditongo. Estas duas podem ser nasalizadas, respectivamente: [j] de foi; [ĵ] de põe;
[w] de dou; e [ѿ] de mão.
• 5 vogais orais: [i], [ε], [a], [ↄ] e [u]; e suas correspondentes nasais: [ĩ], [ẽ], [ǣ], [õ] e [ǔ].
• 2 semivogais orais: [j] [w]; e suas nasais correspondentes: [ĵ] e [ѿ], sempre associadas às vogais
para formarem uma sílaba, ou se pronunciarem de uma única voz, formando um ditongo: [æj], [æw]/;
[ǣĵ], [ǣѿ].
• 18 Consoantes orais [p], [b], [t], [d], [k], [g], [f], [v], [s], [z], [∫], [З], [l], [ł], [ʎ], [r], [ɍ] e [R] e 3
consoantes nasais: [m], [n], [ɲ], menos 3, em relação ao PE. No entanto, certas consoantes podem
encontrar realizações diferenciadas em diferentes falantes, sendo influenciados pelas línguas regionais. As
O Subsistema Glotal, ou a laringe tem a função de fonação ou produção dos sons da fala. No sistema
encontram-se umas pregas de membranas musculosas, denominadas cordas vocais. Estas, quando, na
passagem do ar, mais vibram produzem sons mais vozeados, e, quando menos vibram, produzem sons
menos vozeados.
O Subsistema Supraglotal é composto por véu palatino ou úvula, palato duro, alvéolos, dentes, lábios e a
língua, tendo como função a de articulação ou a diferenciação dos sons da fala, ou dos diversos fones.
De notar que, na articulação de um dado fone, intervêm em simultâneo todos os subsistemas do Aparelho
Fonador.
TRABALHO DOIS
4. Dizer “sons da fala”, ou “alfabeto fonético” é diferente que dizer “letras da escrita” ou “alfabeto
ortográfico”?
8. Faça transcrições fonéticas largas e estreitas de <As aulas fecharam por coronavírus-19>.
Segundo Mateus (1990:227) a teoria acústica da articulação dos sons da fala conduz a importantes
progressos na compreensão da natureza do fenómeno da fala humana e está na base da primeira proposta
do conceito fonema, como um conjunto de traços fonéticos inerente a um fone, definido na base de vários
parâmetros classificatórios.
Na sua definição, traços fonéticos são segmentos mínimos, capazes de descrever as principais oposições
fonológicas que ocorrem nos fones, determinadas pelas capacidades humanas de articulação e de
percepção da fala.
Os segmentos sonoros que ocorrem nas diferentes línguas do mundo organizam-se em classes
caracterizadas pela partilha de uma ou mais propriedades (ou traços distintivos) associadas às capacidades
de geração do fluxo do ar, de modulação desses fluxos pela criação de fontes sonoras e de filtragem
dessas fontes pelo tracto vocal.
A teoria dos traços distintivos nasceu na escola de Praga e assenta-se na existência de propriedades
pertinentes de sons. É a Trubetzkoy (1939) que se deve a primeira definição de fonema como um
conjunto de traços distintivos como parte integrante da teoria das oposições fonológicas. Traço fonético é
uma unidade mínima distintiva de um fone, este como um conjunto de traços de traços distintivos (cf
Mateus et al., 1990).
Em suma, um traço fonético é uma unidade mínima distintiva, marcado pela oposição mais ou menos,
fornecido por um dado parâmetro.
Um parâmetro classificatório é sempre um ponto de partida, uma baliza, um critério, um limite usado para
se fazer uma descrição, de objectos, acções, fenómenos, neste caso, fones.
A linguística conhece o sistema de traços distintivos de Jakobson, Fant e Halle (1963) e o de Chomsky e
Halle (1968) que agrupam os traços dos sons da fala, tendo em conta os parâmetros de classes, ou de
fonte, modo de articulação, ponto de articulação, papel cavidade bucal e nasal, região de articulação,
elevação da língua ou grau de abertura da boca, posição da língua, posição dos lábios (cf. Mateus et al.
1990) e demais, nesta caracterização.
• Posição da língua, se a língua esta elevada ou baixa, na linha véu palatino ao queixo, resultando,
também fones mais altos, médios e mais baixos.
• Posição dos lábios, verificar a formação circular ou não dos lábios, na articulação de um
determinado fone, resultando os traços mais ou menos arredondados.
• Intensidade da voz, em palavras ou frases, verifica-se um fone ou grupo a articular-se com mais
ou menos intensidade de voz, resultando fones ou grupo de fones mais ou menos acentuados, ou tónicos
ou átonos. As vogais isoladas são sempre tónicas.
Para as vogais e semivogais, são seis parâmetros classificatórios que devem ser seguidos, com rigor, na
descrição de fones inseridos numa palavra:
c) A região da elevação de articulação é definida como a parte que compreende a frente da boca a
do fundo da cavidade bucal; permite denominar os traços [-rec], para [i] e [e] e [ε], ou [+rec], para [ə],
[æ], [a], [ↄ], [o] e [u];
d) Posição dos lábios: os lábios se abrem, sem formarem a saída redonda do ar, sendo [-arr], na
pronúncia de [i], [e], [ε], [ə], [æ], [a], ou os lábios se arredondam, sendo [+arr], na pronúncia de [ↄ], [o] e
[u];
e) Papel das cavidades bucal e nasal, em que o ar tende a sair só pela boca, com os traços [-nas], na
pronúncia de [i], [e], [ε], [ə], [æ], [a], [ↄ], [o] e [u]; ou o ar tende sair tanto pela boca como pelas narinas,
sendo [+nas], na pronúncia das nasais [ĩ], [ẽ], [ǣ], [õ] e [ũ];
f) Intensidade da voz, sendo [+ac], na pronúncia das vogais em posição tónica [i], [e], [ε] [a], [æ],
[ↄ], [o], [u], e as nasais, ou [-ac], na pronúncia das vogais em posição átonas (pretónicas ou postónicas)
[i], [e], [ə] [æ], [o] e [u].
O quadro a seguir representa somente o triângulo das vogais, podendo convenciona-se a realização das
consoantes na linha mais alta do triângulo.
[a]
As [vs, -alt; -bx] são 3: apenas [e], [æ] e [o] e as nasais correspondentes.
As vogais [+bx] não se nasalizam. Encontraremos mais adiante as justificações, nos processos
fonológicos. No entanto, e conforme mostra o quadro, as vogais nasais classificam-se, quanto a região de
articulação como +/-res, +alt, quanto a elevação da língua ou grau de abertura da boca, e +/-arr, quanto a
posição dos lábios.
Em resumo, as semivogais classificam-se, quanto a região de articulação como +/-res, +alt, quanto a
elevação da língua ou grau de abertura da boca, e +/-arr, quanto a posição dos lábios.
Para as consoantes, distinguem-se tradicionalmente, de acordo com Mateus (1990:47 e 235), cinco
parâmetros classificatórios que devem ser seguidos, com rigor, na descrição de fones inseridos numa
palavra:
c) Ponto de articulação: os dois lábios se juntam na pronúncia de [p], [b], [m] , traço [Blb]; o lábios
inferiores em direcção dentes superiores, traço [lbd], na pronúncia de [f]e [v]; a ponta da língua em
direcção aos dentes superiores, traço [lgd], na pronúncia de [t], [d] e [n]; a ponta da língua em direcção ao
alvéolos, traço [alv], na pronúncia de [s], [z], [l], [ł] [ɍ] e [r]; a coroa em direcção ao palato duro, traço
[plt], na pronúncia de [∫], [З], [ʎ] e [ɲ]; e o dorso da língua em direcção ao véu palatino, traço [vel], na
pronúncia de [k], [g], e [R];
d) Papel das cavidades bucal e nasal, em que o ar tende a sair só pela boca, com os traços [-nas], na
pronúncia de [p], [b], [f], [v], [t], [d], [s], [z], [l], [ł], [r], [ɍ], [∫], [З], [ʎ], [k], [g], e [R]; ou o ar tende sair,
tanto pela boca, como pelas narinas, sendo [+nas], na pronúncia das nasais [m], [n]e [ɲ];
e) Papel das cordas vocais: [+voz]: [b], [d], [g], [v], [z], [З], [m], [n], [ɲ], [l], [ł] [ʎ], [r], [ɍ] e [R] /[-
voz]: [p], [t], [k], [f], [s] e [∫];
f) Zona / região de articulação: traços [+ant] ou [-rec]: as [Blb]: [p], [b], [m];as [Lbd]: [f]e [v]; as
[Lgd]: [t], [d] e [n]; e as [alv]: [s], [z], [l], [ł] [ɍ] e [r]; / [-ant] ou [+rec]: as [plt]: [∫], [З], [ʎ] e [ɲ]; e as
[vel]: [k], [g], e [R];
g) Papel da língua: [-cor]: as [Blb]: [p], [b], [m];as [Lbd]: [f]e [v]; / [+cor]: as [Lbd]: [f]e [v]; as
[Lgd]: [t], [d] e [n]; e as [alv]: [s], [z], [l], [ł] [ɍ] e [r]; e [-ant] ou [+rec]: as [plt]: [∫], [З], [ʎ] e [ɲ]; e as
[vel]: [k], [g], e [R];
De acordo com Mateus (1982:25), os segmentos [-cont] são suficientemente identificados com os traços
[ rec, cor, voz e nas] e os segmentos [+cont], com os traços cumulativos [soan, rec, cor, voz e lat].
Os exercícios foram estabelecidos no quadro das consoantes servem para o treino da distinção dos fones:
• nasais e não nasais, quanto ao papel das cavidades bucal e nasal (e) e (f);
As vogais, semivogais e consoantes do português ou de qualquer língua natural podem ser submetidos a
um tratamento técnico, que reúne, num único dispositivo, todos os traços de um fone, de acordo com os
parâmetros estabelecidos. Tal dispositivo denomina-se descrição paramétrica ou parentética, isto é, nuns
colchetes, incluir todos os traços do fone.
A ordem dos traços, em descrição parentética, não é sempre a mesma. Ela obedece à ordem dos
parâmetros classificatórios, definida por um dado avaliador. Por isso, uma descrição paramétrica é um
dispositivo convencional, na forma vertical ou horizontal, reunindo os traços fonéticos de um fone, de
acordo com uma dada ordem de parâmetros estabelecida.
Se prestarmos a devida atenção, os traços fonéticos da descrição das vogais abaixo estão dispostos pela
ordem dos parâmetros fonte, elevação da língua ou grau de abertura da boca, região de articulação,
posição dos lábios e papel das cavidades bucal e nasal.
[i] = [V, +alt, -rec, -arr, -nas]; [ə] = [V, +alt, +rec, -arr, -nas]; [u] = [V, +alt, +rec, +arr, -nas];
[e]=[V,-alt,-bx, -rec, -arr,-nas]; [æ]=[V,-alt, -bx, +rec, -arr -nas]; [o=[V,-alt, -bx,+rec,+arr-nas]
[ε]= [V, +bx, -rec, -arr, -nas]; [ↄ]= [V, +bx, +rec, +arr, -nas] [a]= [V, +bx, +rec, -arr, -nas]
A descrição das consoantes abaixo, estão pela ordem dos parâmetros fonte, modo de articulação, ponto de
articulação, papel das cordas vocais e papel das cavidades bucal e nasal.
[p]= [C, -cont, blb, -voz, -nas]; [b]= [C, -cont, blb, +voz, -nas]; [m]= [C, -cont, blb, +voz, +nas]
[f] = [C, +cont, lbd, -voz, -nas, fr]; [v]= [C, +cont, lbd, +voz, -nas, fr]
[t]= [C, -cont, lgd, -voz, -nas]; [d]= [C, -cont, lgd, +voz, -nas]; [n]= [C, -cont, lgd, +voz, +nas]
[s]= [C, +cont, alv, -voz, -nas, fr]; [z]= [C, +cont, alv, +voz, -nas, fr]
[l]= [C, +cont, alv, +voz, -nas, lt]; [ł] = [C, +cont, vel, -voz, -nas, lt]
[r]= [C,+cont, alv,+voz, -nas, vbr]; [ɍ]= [C,+cont, vel, -voz, -nas, -vbr]
[ʎ]= [C, +cont, plt, +voz, -nas, lt]; [ɲ]= [C, -cont, plt, +voz, +nas]
[k]= [C, -cont, vel, -voz, -nas]; [g]= [C, -cont, vel, +voz, -nas]
A partir das descrições paramétricas, acima feitas, confirma-se a definição de fone/fonema, de Jakobson
(1939), em MARCALO (1992:207), segundo a qual um só fone é “um feixe de propriedades distintivas”.
Estas propriedades são definidas, tendo em conta os vários parâmetros classificatórios, dentro dos
sistemas universalmente concebidos, primeiramente, por Jakobson, Fant e Halle (1963), discutidos
posteriormente por Chomsky e Halle (1968) e apresentados, em sumário, por MATEUS et al. (1990:227-
240).
As vogais do português podem ocupar na palavra as posições tónicas ou acentuadas e posições átonas, ou
não acentuada, como se pode ler no seguinte quadro de vogais:
As vogais, quanto à posição na sílaba, podem ser: Tónica ou Não tónica ou átona
a) Em posição tónica (+ac), podem manifestar-se 8 vogais orais [i], [e], [ε] [a], [æ], [ↄ], [o], [u], e as
5 vogais nasais: [ĩ], [ẽ], [ǣ], [õ] e [ǔ];
. Na posição final de sílaba ou palavra, podem apenas [ł] [ɍ], [∫]e [З].
1. Faça a transcrição paramétrica de duas vogais altas; 2 vogais arr; das consoantes nasais, das
consoantes linguodentais…
2. As semivogais [j], [w] e suas nasais correspondentes podem combinar-se com as vogais tónicas
[a], [æ], [ε], [ↄ], [o], [u] e as vogais nasais? Faça estas combinações.
4. Escreva alguns exemplos de palavras que contenham tais combinações, em transcrição fonética
lata.
5. O que é um hiato?
Uma matriz fonológica é um dispositivo convencionado para acomodar os traços fonéticos para todos ou
alguns fones. Normalmente, é um quadro contem os traços, por parâmetro, pela vertical e, na horizontal,
os fones requeridos pela analise fonética. Os eixos são preenchidos pelos sinais mais (+) ou menos (-),
que caracterizam as oposições ou funções distintivas.
De acordo com Mateus (1982:71), os princípios teóricos a que obedece o estabelecimento dos traços na
matriz fonológica são as seguintes:
(1) Os traços da matriz fonológica são estabelecidos, tendo em conta a observação do método das
oposições distintivas que o sistema fonético e fonológico impõe, ou seja os parâmetros classificatórios;
(2) a matriz fonológica contém os traços necessários e suficientes para que, aplicando sobre eles as
regras fonológicas, se obtenham todos os traços existentes na representação fonética;
(3) os traços fonológicos que se utilizam para a classificação dos segmentos de base (os fonemas)
são correspondentes aos traços fonéticos;
TRABALHO 5
• Modo de articulação
• Ponto de articulação
• Região de articulação