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Fonologia e Morfologia do Português

Conceitos Teóricos
1. Sons do Português Europeu
O português europeu é a designação dada à língua falada em Portugal e pelos
emigrantes portugueses, englobando os dialetos regionais, o vocabulário, a gramática e
a ortografia. A “variedade padrão” é baseada na variedade falada em Lisboa e em
Coimbra, importa realçar que o português é uma língua que provém do latim.
Atualmente consideram-se duas divisões dialetais: setentrionais e centro-meridionais.
A relação entre o som e a letra (que é o símbolo que representa o som) não é
biunívoca, ou seja, a letra não corresponde sempre ao mesmo som e um som não é
representado sempre pela mesma letra. Esta variação ocorre porque existem sons no
interior das palavras e deste modo levou à criação do alfabeto fonético que permite
descrever de forma não ambígua o som a quem não conheça determinada língua e com
esta criação toda a gente pode saber como se pronunciam os sons de uma palavra,
quando a mesma é transcrita foneticamente. O sistema de transcrição de fonética mais
utilizado é o Alfabeto Fonético Internacional (AFI).
O conjunto de sons da norma padrão do português europeu engloba três grupos:
vogais orais e nasais; semivogais orais e nasais e consoantes.
As vogais orais [a, ɐ, ɛ, e, ɨ, i, ͻ, o, u]) e as semivogais [j, w], são produzidas devido
à passagem do ar, sendo denominados de sons vozeados. Nas vogais nasais [ᾶ, ẽ, ĩ, õ,
ũ], o fluxo do ar passa pela cavidade oral e pela cavidade nasal, provocando ressonância
nasal. As semivogais distinguem-se acusticamente das vogais por serem produzidas
com menos intensidades e duração, são acompanhadas por uma vogal, originando os
ditongos.
Do ponto de vista articulatório, as vogais caracterizam-se pelo grau de abertura da
cavidade oral (fechado, médio ou aberto) ou pela altura do dorso da língua em relação à
posição neutra (alta, média ou baixa); através do movimento de recuo ou de avanço da
língua ou do ponto de articulação do dorso da língua (anterior ou palatal; central,
posterior ou velar) e por fim pela posição ou projeção dos lábios, que se caracteriza pelo
estreitamento da passagem do ar provocado pelo arredondamento dos lábios
(arredondados ou não arredondados).
Pelo contrário, as consoantes são produzidas com constrições da passagem do ar,
podendo ser produzidas através do impedimento completo da passagem do fluxo do ar
por momentos ou por encurtamento da área da passagem do fluxo do ar, provocando a
produção do ruído. São classificadas como: zona de articulação (bilabiais; labiodentais;
dentais; alveolares; palatais; velares e uvulares); modo de articulação (oclusivas;
fricativas e líquidas) que podem ser subdivididas em: laterais e vibrantes; a posição do
palato mole ou nasalidade e o vozeamento ou não vozeamento (vozeadas ou não-
vozeadas).
As produções incorretas da fala são designadas por erros de articulação ou erros
fonéticos, sendo comuns durante o desenvolvimento da linguagem. A maioria dos
instrumentos para recolha de dados fonéticos, não diferencia os tipos de erros existentes.
Do ponto de vista fonético, estes erros são transcritos nas folhas de registo, e as
substituições, omissões, distorções e adições (denominada de SODA, por Bowen, 2009)
são sumarizadas nos resultados, não sendo objeto de análise.

2. Aquisição da Sílaba
O desenvolvimento da aquisição da estrutura silábica aborda a influência da sílaba
em constituintes silábicos como o núcleo, a coda e o ataque ramificado. A ordem de
aquisição é que os ataques ramificados, seguem os ataques não ramificados na ordem de
aquisição das estruturas de uma língua natural e estabilizam tarde na aquisição do
português europeu e a coda precede o ataque ramificado, no entanto, existem
divergências quanto à ordem de classes de fonemas e aquisição da coda. Todas as
consoantes do português podem ocorrer em ataque não ramificado simples, no entanto,
a língua portuguesa não admite nesta posição as consoantes /λ/, /ƞ/ e /ɾ/. Na rima, o
núcleo é obrigatoriamente preenchido por uma vogal e encontra-se representado na
estrutura silábica CV. O núcleo não ramificado estabiliza cedo e o núcleo ramificado,
por não ser representativo de todas as línguas pressupõe uma estabilização mais tardia.
A coda é o último constituinte silábico a ser adquirido numa língua e impõe fortes
restrições. As restrições são /ʃ/, /l/ e /ɾ/, passíveis de ocupar mais que um constituinte
silábico, ou seja, o constituinte coda (CVC) e o ataque ramificado (CCV), que
configuram níveis de dificuldade específicos.
Estádio I - Ataque simples e rima não ramificada ou ataque vazio e rima não
ramificada - Núcleo não ramificado - Oclusivas orais, oclusivas nasais e fricativas.
Estádio II - Ataque vazio e rima ramificada (Coda) - Núcleo não ramificado /ʃ/ em
coda/l/ em coda em final e medial.
Estádio III - Ataque vazio e rima não ramificada ou ataque vazio e rima ramificada
(Coda) núcleo ramificado (VG, VGC), ataque simples e rima não ramificada e ataque
simples e rima ramificada - Núcleo ramificado ditongos orais, ditongos nasais, ditongos
com e sem consoantes à direita e fricativas.
Estágio IV - Ataque ramificado e rima não ramificada - Núcleo não ramificado
oclusivas< /r/ em ataque ramificado (CCV, CCVG), ataque ramificado e rima
ramificada (Coda) - Núcleo não ramificado e ramificado (CCVC, CCVGC).

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