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Profª Juliana Lopes dos Santos

FONÉTICA E FONOLOGIA
FONEMAS X GRAFEMAS
 Chamam-se fonemas os sons elementares e
distintivos da significação de palavras que o homem
produz quando, pela voz, exprime seus sentimentos e
emoções.
 Fonema de forma alguma deve ser confundido com
letra (grafema): fonema é uma realidade acústica,
opositiva, realidade que nosso ouvido registra, enquanto
as letras, chamadas grafemas, são sinais empregados
para representar na escrita o sistema sonoro da língua.
Não há correspondência exata entre os fonemas e os
grafemas: um fonema pode ser representado por mais
de um grafema, assim como um grafema, dependendo
da forma como é empregado, pode corresponder a um
fonema diferente:
Como a fala é produzida
foneticamente?
APARELHO FONADOR
FONEMAS SURDOS E SONOROS

/z/, /v /, /j /, /d /, /g /, /b/ /s /, /f /, /x /, /t /, /k /, /p/


Vogais e consoantes
 A voz humana se compõe de tons ( sons
musicais) e ruídos, que nosso ouvido distingue com
perfeição. Essa divisão corresponde às vogais e
consoantes: as vogais são fonemas durante cuja
articulação a cavidade bucal se acha completamente
livre para a passagem do ar, enquanto as
consoantes são fonemas durante cuja produção a
cavidade bucal está total ou parcialmente fechada,
constituindo, assim, num ponto qualquer, um
obstáculo à saída da corrente expiratória.
 Na língua portuguesa, a base da sílaba ou o
elemento silábico é a vogal, os elementos assilábicos
são a consoante e a semivogal.
CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS

Quanto Abertas: /a/, /é/, /ó/


ao timbre Fechadas: /ê/, /ô/, /i/, /u/
Reduzidas: /a/, /i/, /u/
Quanto à zona de anteriores: /é/, /ê/, /i/
Articulação Médias/centrais: /a/
posteriores: /ó/, /ô/, /u/
Quanto à elevação da Baixa/aberta: /a/
língua Médias/semifechada/semiaberta: /é/, /ó/, /ê/, /ô/
Altas/fechadas: /i/, /u/
Quanto ao papel das cavidades oral Orais: /a/, /é/, /ê/, /i/, /ó/, /ô/, /u/
e nasal Nasais: /ã/, /e/, /i/, /o/, /u/
Quanto à intensidade Tônicas
Átonas
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES
quanto ao modo de articulação

I - Oclusivas: os órgãos da boca estão dispostos de tal


modo que impedem completamente a saída do ar.
II - Constritivas: os órgãos da boca permitem
parcialmente a corrente de ar expiratória chegue à
atmosfera.
a) Fricativas: /f/, /v/, /s/, /z/, /x/, /j/
b) Laterais: /l/, /lh/
c) Vibrantes: /r/ (simples) e /rr/ (múltipla)
III - Nasais: Ficam a meio caminho entre as constritivas e
as oclusivas. Existem três consoantes nasais: a bilabial
/m/, a linguodental /n/ e a palatal /nh/.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES
quanto à zona de articulação
I - Bilabiais (lábio contra lábio): /p/, /b/, /m/.
II - Labiodentais ( lábio inferior e arcada dentária superior):
/f/, /v/.
III - Linguodentais ( língua contra arcada dentária superior):
/t/, /d/, /n/.
IV - Alveolares (língua em direção ou contra os alvéolos):
/s/, /z/, /l/, /r/, /rr/.
V - Palatais (dorso da língua contra o céu da boca):
/x/, /j/, /lh/, /nh/.
VI - Velares ( raiz da língua contra o véu do paladar):
/k/, /g/.

Observação: As linguodentais /t/ e /d/ seguidas de /i/ podem


palatizar-se: tinta e digno podem soar /txinta/ e /djigno/.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES
quanto ao papel das cordas vocais

I - Surdas: /p/, /f/, /t/, /s/, /x/, /k/

II - Sonoras: /b/, /v/, /d/, /z/, /j/, /g/, /m/, /n/,


/nh/, /l/, /lh/, /r/, /rr/
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES quanto
ao papel das cavidades bucal e nasal

 Nasais: /m/, /n/, /nh/

 Orais: Todas as outras.


RESUMINDO A CLASSIFICAÇÃO DAS
CONSOANTES

OCLUSIVAS
Bilabiais Surda: /p/
Sonora: /b/
Linguodentais Surda: /t/
Sonora: /d/
Velares Surda: /k/
Sonora: /g/
CONSTRITIVAS
Fricativas labiodentais: surda: /f/
sonora: /v/
.
alveolares: surda: /s/
sonora: /z/
palatais: surda: /x/
sonora: /j/
NASAIS

Bilabial: /m/
Linguodental: /n/
Palatal: /nh/
Semivogal e encontros vocálicos
 Chamam-se semivogais as vogais i e u (orais e
nasais) quando assilábicas, as quais acompanham a
vogal numa mesma sílaba. Os encontros vocálicos
dão origem aos ditongos, tritongos e hiatos.
Representamos as semivogais i (e) por /y/ e u (o) por
/w/.
 Ditongo é o encontro de uma vogal e de uma
semivogal, ou vice-versa, na mesma sílaba: pai, mãe,
água, cárie, mágoa, rei.
 Sendo a vogal a base da sílaba ou o elemento
silábico, é ela o som vocálico que, no ditongo, se ouve
mais distintamente. Nos exemplos dados são vogais:
pAi, mÃe, águA, cáriE, mágoA, rEi.
DITONGOS

Os ditongos podem ser:


 Crescentes e decrescentes
Crescente é o ditongo em que a semivogal vem antes da vogal: água,
cárie, mágoa.
Decrescente é o ditongo em que a semivogal vem depois da vogal:
pai, mãe, rei.

 Orais e nasais
Como as vogais, os ditongos são orais ( pai, água, mágoa, rei) ou
nasais (mãe).
Os ditongos nasais são sempre fechados, enquanto os orais podem
ser abertos ( pai, céu, rói, ideia).

OBS.: Nos ditongos nasais, são nasais a vogal e a semivogal, mas


só se coloca o til sobre a vogal: mãe.
TRITONGOS

 Tritongo é o encontro de uma vogal entre duas


semivogais numa mesma sílaba. Os tritongos podem ser
orais e nasais.

 Orais
 /way/: quais, paraguaio
 /wey/: enxaguei, averigueis
 /wiw/: delinquiu
 /wow/: apaziguou (pôr em paz, aquietar)
 Nasais
 /wãw/: minguam, saguão, quão
 /wey/: enxáguem
 /wõy/: saguões
HIATO
 Hiato é o encontro de duas vogais em sílabas
diferentes por guardarem sua individualidade
fonética: saída, caatinga, moinho, rainha, baú.

OBS.: Em português, como em muitas outras


línguas, nota-se uma tendência para evitar o hiato,
através da ditongação ou da crase.
Nos encontros vocálicos costumam ocorrer (NA FALA) dois
fenômenos: a diérese e a sinérese.

I - Chama-se diérese à passagem de semivogal a vogal,


transformando, assim, o ditongo num hiato:
trai-ção = tra-i-ção;
vai-da-de = va-i-da-de;
cai = ca-i.

II - Chama-se sinérese à passagem de duas vogais de um


hiato a um ditongo crescente:
su-a-ve = sua-ve;
pi-e-do-so;
lu-ar = luar.
ENCONTROS CONSONANTAIS
 O encontro consonantal /cs/ é representado graficamente
pela letra x: anexo, fixo.
 São mais raros em nossa língua os seguintes encontros
consonânticos, que são separáveis, salvo os que aparecem
no início de vocábulos:
 Bs: ab-so-lo-to
 Cç: sec-ção
 Dm: ad-mi-tir
 Gn: dig-no
 Ft: af-ta
 Pn: pneu, pneu-má-ti-co (relativo a ar)
 Ps: psiu
 Pt: ap-to
 tn: ét-ni-co
Observações
 Tais encontros merecem especial cuidado
porque, na pronúncia, despreocupada, tendem-
se a construir duas sílabas pela intercalação de
uma vogal: Advogado e não adivogado ou
adevogado; Admirar e não adimirar; Ritmo e não
rítimo; Pneu e não pineu ou peneu

 O desejo de corrigir o engano leva muitas vezes


à omissão de vogal de certos vocábulos que a
possuem:
 Adivinhar e não advinhar
 Subentender e não subtender
DÍGRAFO OU DIGRAMA
 Não se há de confundir dígrafo ou digrama com encontro consonantal.
Dígrafo é o emprego de duas letras para a representação gráfica de
um só fonema: passo ( paço), chá (xá), manhã, palha, enviar, mandar.
 Há dígrafos para representar consoantes e vogais nasais.
 Os dígrafos para consoantes são os seguintes, todos inseparáveis,
com exceção de rr e ss, sc, sç, xc, xs:
 Ch: chá
 Lh: malha
 Nh: banha
 Sc: nascer
 Sç: nasça
 Xc: exceto
 Xs: exsudar ‘transpirar’
 Rr: carro
 Ss: passo
 Qu: quero
 Gu: guerra
DÍGRAFO OU DIGRAMA
 Para as vogais nasais:

 Am ou an: campo, canto


 Em ou en: tempo, vento
 Im ou in: limbo, lindo
 Om ou on: ombro, onda
 Um ou un: tumba, tunda
OBSERVAÇÕES importantes

 * Não há ditongo em quero;

 * M e N não são fonemas consonânticos


nasais em campo e onda. Há autores que os
classificam como consoantes, por não
aceitarem a existência de vogais nasais.

 * Que e gu se classificam como /k/ e /g/,


respectivamente, um único fonema.
Alfabeto fonético internacional
Alfabeto fonético internacional
 Referência Bibliográfica: BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
EXERCÍCIOS
I) Indique a quantidade de grafemas e
fonemas presentes nas palavras abaixo
e, em seguida, transcreva os dígrafos e
as nasalizações presentes:
a) Desça:
b) Barraco
c) Correr:
d) Assado:
e) Exceção:
f) Adolescente:
g) Crescimento:
h) Impróprio:
i) Aquilo:
j) Diferente:
k) Então:
l) Carroça:
m) Cachorro:
II) Separe as sílabas das palavras,
classifique-as de acordo com a sílaba
tônica, sublinhe e classifique os
ditongos em orais ou nasais/
crescentes ou decrescentes:

a) Quase:
b) Não:
c) Morreu:
d) Coisa:
e) Admiração:
f) Tão:
III) Leia o poema abaixo:
Impressionista

1 Uma ocasião
2 meu pai pintou a casa toda
3 de alaranjado brilhante.
4 Por muito tempo moramos numa casa,
5 como ele mesmo dizia,
6 constantemente amanhecendo.

(Adélia Prado)
 a) Identifique e transcreva a sílaba tônica
das palavras destacadas. Classifique as
palavras quanto à sua tonicidade.

 1 Uma
 2 pintou
 3 brilhante
 4 tempo
 5 ele
 6 constantemente
 b) Localize nessas palavras e
transcreva:

 Uma consoante bilabial surda:


 Uma consoante alveolar sonora:
 Uma palavra em que o “m” não é
fonema, mas indicação de nasalidade de
uma vogal:

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