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Capa
Sandra Galvão Fontenelle

Ilustrações
Sandra Galvão Fontenelle

Editoração Eletrônica
Carlos Eugênio Alves da Silva

Produção Editorial
Maria Cláudia Chagas

Produção Gráfica
Mário Salvador Faillace

ISBN – 85 – 7181 – 029 - X

Li e Lé era duas irmãs gêmeas muito amigas, que

acompanhavam Bia desde que ela estava na barriga
da sua mamãe. Assim que Bia nasceu elas
começaram a trabalhar, recebendo muitos elogios
dos médicos.
- Que bela voz tem essa menina!
- Como é potente o seu choro!
Sempre que Bia precisava emitir algum som,
chorando, rindo ou já querendo falar... Ali estavam
Li e Lé, suas pregas vocais, felizes e dispostas para
trabalhar.
As irmãs aproveitavam os momentos de trabalho
para se encontrar trocando delicados beijinhos e
abraços.
Este papo rolava todos os dias entre Li e Lé, toda vez
que Bia gritava.
Agora, as duas irmãs gêmeas brigavam e davam
cabeçadas e umbigadas várias vezes ao dia.
Bia foi crescendo... Era uma menina muito esperta e
tagarela. Mas... de algum tempo para cá, Li e Lé
começaram a reclamar e discutir uma com a outra.
Lé: - Pôxa, Li, vê se não bate em mim! Olha
como está ficando minha testa!
Li: - Ora, você é que está me dando cabeçada!
Que cabeça dura você tem!
Só mesmo as borboletas coloridas do jardim
conseguiam aliviar o sofrimento de Li e Lé.
- Olha só, Li, agora ela parou de falar e gritar.
- Ufa!! Até que enfim! Estou até com dor de
cabeça!
 - Eu também, Lé, sabe... estou cansada desta
vida de tanto bate-bate. Será esta a vida de todas as
pregas vocais?
- Acho que não, Li, a Bia é que está nos
tratando muito mal. Vamos fazer uma greve e parar
de produzir som.
Bia passou a sentir falta de suas amigas Li e Lé. O
sopro passava por elas para que vibrassem, porém...
nada de som! Apenas o sopro saía num leve
cochicho.
Bia, sem voz, ficou apavorada e procurou um
médico, o Otorrinolaringologista.
E foi isto que aconteceu. Li e Lé estavam tão
chateadas com Bia pelos maus tratos, só gritando e
falando sem parar, que resolveram tirar férias por
uns dias.
Primeiro elas começaram a fazer um ruído quando
Bia falava. Geralmente era depois do colégio, pois
estavam exaustas de tanto trabalhar fazendo força.
Bia começou a perceber que ficava rouca todos os
dias. Pouco tempo depois Li e Lé fizeram greve
geral!
Pararam de trabalhar!
O doutor imediatamente orientou Bia para que ela
ficasse sem falar por uns dias. Caso precisasse falar
com alguém, deveria fazê-lo com muita delicadeza,
como se ao seu lado um neném estivesse dormindo;
ou daquele jeitinho que se fala quando a gente brinca
sozinha e não quer ser ouvida.
Bia aceitou os conselhos do doutor que também
recomendou um tratamento com uma Fonoaudióloga
especializada em voz.
A Fonoaudióloga confirmou os conselhos do doutor,
recomendando, também, que ela bebesse bastante
água ao natural, não gritasse, nem falasse muito ao
telefone.
Com ajuda da tia e os exercícios, Bia compreendeu
que, ao falar, o sopro deve sair delicadamente de
mãos dadas com o som.
Bia estava empolgadíssima!
Toda semana a tia fono ensinava um montão de
coisas novas. Bia praticava tudo que aprendia.
Li e Lé já não faziam mais greve.
Bia aprendeu, também, a relaxar permitindo a
entrada do ar, notando que sua cintura engordava e, a
seguir, tranqüilamente murchava quando soprava ou
falava.
O tempo passou...
Bia aprendeu a usar bem a voz.
Li e Lé voltaram aos beijinhos e abraços podendo,
novamente, produzir som como cordas bem afinadas
de um violão.
Bia voltou, então, a conversar e a cantar, pois elas,
Li e Lé, agora eram grandes amigas...
... e foram amigas para sempre!