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FARMACOBOTÂNICA E

FARMACOGNOSIA
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Farmacobotânica e Farmacognosia

• Introdução:
• Termo farmacognosia: origem em 1815, por Seyder (médico alemão)

PHARMACONGNOSIS
• Pharmacon = droga, medicamento ou veneno

• Gnosis = estudo

• Aplica-se atualmente ao estudo de drogas de origem vegetal

(farmacobotânica) e animal (farmacozoologia)

“...ciência que trata da história, conservação, identificação, avaliação e


emprego das drogas...”
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Farmacobotânica e Farmacognosia

• Importância para a farmácia

• Reconhecer e utilizar os conceitos nos estudos que envolvam plantas


medicinais
• Relacionar as plantas com efeitos farmacológicos, tóxicos e obtenção
de substâncias bioativas
• Identificar fatores relacionar à preservação da flora medicinal e dos
aspectos históricos e culturas envolvidos
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 Definições:

• Etnobotânica: estudo da relação da sociedade com o uso de plantas.

• Planta medicinal: planta utilizada de forma tradicional, com finalidade


terapêutica.

• Droga vegetal: planta medicinal ou suas partes, após processo de coleta,

estabilização e secagem, podendo ser integra, triturada ou pulverizada.

• Derivado de droga vegetal: produto de extração da matéria prima

vegetal, ou seja: extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco e outros.


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 Definições:

• Matéria prima vegetal: planta medicinal fresca, droga vegetal ou

derivados de droga vegetal. Compreende os estágios pelos quais passa a


planta medicinal até a elaboração do fitoterápico.

• Fitoterápico: é todo medicamento obtido exclusivamente com matéria-

prima vegetal. É caracterizado pelo conhecimento de sua eficácia e


segurança, de sua reprodutibilidade e constância de sua qualidade.

• Princípio ativo do fitoterápico: substância, ou classe de compostos,

quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é conhecida e


responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do
fitoterápico.
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• Para caracterização do fitoterápico utiliza-se a farmacopéia brasileira


ou monografia produzida pelo fabricante.
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Uso de Plantas Medicinais

• Tratado médico (3.700 a C.) - Shen Wung

• Os egípcios, 1.500 a. C.

• Os sumérios da Mesopotâmia possuíam receitas valiosas, que só

eram conhecidas por sábios e feiticeiros.


• Na Índia 1.000 a. C. o uso de ervas era bastante difundido.
Histórico do uso de plantas medicinais (poderes mágicos,
teoria das assinaturas, propriedades químicas).
Inicialmente a Botânica era considerada um ramo da medicina

China – 3000 a.C cultivo de plantas medicinais


Egípcios - fabricação de remédios a partir de plantas
Índia – canela, sândalo e cardomomo (era utilizado para designar
diversas espécies em três gêneros da família do gengibre)
Nesses tempos, as plantas eram muitas vezes escolhidas por seu
cheiro, acreditavam que certos aromas afugentavam os espíritos das
enfermidades.
Histórico do uso de plantas medicinais (poderes mágicos,
teoria das assinaturas, propriedades químicas).

Grécia (Hipócrates) – “Pai da Medicina”, reuniu em sua obra


"Corpus Hipocratium" a síntese dos conhecimentos médicos de
seu tempo, indicando para cada enfermidade o remédio vegetal e
o tratamento.

Árabes (Avicena) – distinguiram a medicina da farmácia.


Histórico do uso de plantas medicinais (poderes mágicos,
teoria das assinaturas, propriedades químicas).

Até o século XVI, os tratados de Botânica, então


denominados “herbários”, consideram as plantas por suas
virtudes medicinais.

Alquimistas – “teoria da assinatura dos corpos”

Paracelso – esmímulo da resistência do corpo através de remédios


naturais, usando remédios naturais e procurando atingir o máximo de
capacidade de cura do próprio doente.

Samuel Hahneman – bases da homeopatia


BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

Comprovação da atividade biológica

de plantas;
Século XIX
Desenvolvimento da Isolamento de princípios ativos de
ciência
plantas (morfina, salicina,...);

Síntese química;

Modificações moleculares;
BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

SÉCULO XX
Apesar do desenvolvimento
científico, o arsenal FITOTERAPIA
INÍCIO terapêutico era constituído, FORTALECIDA
principalmente, pelas plantas
medicinais (ex. FB I, 1926).

Indústria farmacêutica DECLÍNIO DA


FITOTERAPIA
1940...

(O uso das ervas ficou mais restrito e


cresceu o uso dos medicamentos obtidos
através de processos químicos industriais.)
BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

SÉCULO XX

1950-70 Disseminou-se o conceito que as plantas eram


ineficazes. Falar em fitoterapia nos anos 50 – 70 era
penetrar em áreas desacreditadas, sujeitas ao
ridículo. Chegava-se ao “fundo do poço” quanto a
credibilidade e aceitação das plantas, e um ponto
extremo de consumo e “culto” ao medicamento
sintético.
BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

Toxicidade da Talidomida (1961)

1970-80 Medicamentos sintéticos “caros”

Contra-cultura: “Onda verde”


RETORNO DA
FITOTERAPIA
Incentivo dos órgãos governamentais

DESVIOS
DO
RETORNO
BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

Uso indiscriminado:
DESVIOS PRODUTO NATURAL NÃO FAZ MAL !!!!
DO
RETORNO

Mistura dos Tratamentos Alternativos

Oportunismo do mercado – PRODUTOS DE MÁ QUALIDADE

Irregularidades frente ao MS
Fraudes
Adulterações
BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

ACIDENTES TÓXICOS COM PLANTAS MEDICINAIS


CONFREI - Symphytum officinale – Alantoínas
Contusões, machucados, esfolamentos, ferimentos
(sem lesão, ferida não aberta, artrose.)

TOXICOLOGIA - irritação no fígado e estômago e


problemas hepáticos.

FOLHA DE FIGO – Ficus carica - psoraleno- furocumarinas.

TOXICOLOGIA – queimaduras por exposição ao sol.


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Uso de Plantas Medicinais

• No Brasil, o conhecimento das propriedades de plantas medicinais


é uma das maiores riquezas da cultura indígena,

• Mais de 25% dos medicamentos são de origem vegetal. 

• As plantas medicinais Princípios ativos

Ação farmacológica ou terapêutica.


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Quimiotaxonomia e Quimiossistemática

 Quimiotaxonomia - utilização de características químicas das


espécies para classificação e caracterização.
• Exemplo: estudo de alcalóides em espécies das famílias:
Apocynaceae, Rubiaceae ou Loganiaceae.

 Quimiossistemática - como ferramenta de busca de substâncias


ativas.
• Estudo de espécies em famílias potencialmente ricas em plantas
medicinais. Ex.: gênero Papaver sominferun e Papaver rhoeas

Alexandre F Neves
ópio
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Quimiotaxonomia e Quimiossistemática

Papaver rhoeas Papaver sominferum


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 Formas farmacêuticas utilizadas para fitoterápicos:

• cataplasmas (preparação de uma espécie de pomada para uso


externo, de uso tópico);
• decocção (fervura para dissolução das substâncias através de
ação prolongada da água ou calor);
• inalação (combinação de vapor d’água com substâncias voláteis
das plantas aromáticas);
• infusão (modo tradicional de preparação dos chás);
• maceração (a substância vegetal fica em contato com álcool,
óleo, água ou outro líquido para dissolver o princípio ativo) ;
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• sumos ou sucos (espremidos em pano, triturados em


liquidificador ou pilão, podendo ser adicionada água ou não);
• vinhos medicinais (preparações para dissolver as substâncias
vegetais em vinho puro);
• poções (soluções onde são agregados xaropes, tinturas, extratos
ou outros ingredientes);
• torrefação (utilizando-se o fogo para retirar a água e modificar
algumas propriedades da planta);
• ungüento e pomadas  (preparado através da mistura do suco,
tintura ou chá da planta medicinal com vaselina ou lanolina).
• xarope (preparações dissolvendo-se a substância da planta em
açúcar e água aquecidos, obtendo-se o ponto de fio).
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A fitoquímica: Estuda os princípios ativos de drogas vegetais

Metabólitos Secundários
 Proteção:
• contra ataques de insetos e herbívoros,
• contra a radiação ultravioleta,
• contra doenças, etc.

 Possuem atividade biológica


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Objetivo
• Extração,
• Isolamento,
• Purificação e
• Determinação da estrutura química dos constituintes

Princípios ativos vegetais:


Alcaloides, cumarinas, esteróides, flavonóides, glicosídeos cardioativos,
lignanas, óleos essenciais, saponinas, triterpenos, entre outros
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Extração, isolamento e purificação


• Cromatografia de adsorção em coluna
• Cromatografia de partição
• Cromatografia de exclusão molecular
• Cromatografia em camada delgada
• cromatografia gasosa (CG),
• cromatografia líquida (CL) e
• cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
• cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM/GC-MS),
• cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (CL-EM / LC-MS)
• cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a detector de arranjo de diodo
(CLAE-DAD / HPLC-DAD).
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O que é BIOPROSPECÇÃO?
É um método ou uma forma de localizar, avaliar e explorar a diversidade
de vida existente em determinado local legalmente. 

Objetivo
• Buscar de recursos genéticos e bioquímicos para fins comerciais.
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 Biopirataria
• Apropriação injusta

Fiscalização
• Governo Federal
• Ministério do Meio Ambiente
Termo de Cooperação
 Ministério do Meio Ambiente,
 Departamento de Polícia Federal,
 Agência Brasileira de Inteligência
 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
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 Manejo e Conservação da flora no uso com plantas

medicinais.

O objetivo da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos


que visa:
“garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas
medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade,
o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”.
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Legislação:

RENISUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao


SUS.
• Espécies vegetais de interesse ao SUS e ao Ministério da Saúde

A finalidade da RENISUS
• Subsidiar o desenvolvimento de toda cadeia produtiva relacionadas à
regulamentação, cultivo, manejo, produção, comercialização e
dispensação de plantas medicinais e fitoterápicos.
• Orientar estudos e pesquisas que possam subsidiar a elaboração
da RENAFITO (Relação Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos), o desenvolvimento e a inovação na área de plantas
medicinais e fitoterápicos.
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Legislação:

RENAME -  Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

É uma lista dos medicamentos para combater as doenças mais comuns


que atingem a população brasileira. Os estados e os municípios utilizam a
Rename para elaborar suas listas de assistência farmacêutica básica.  
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O Ministério da Saúde possui atualmente uma lista com 71 nomes de


plantas medicinais de interesse do Sistema Único de Saúde (SUS):

• Achillea millefolium – mil-folhas, novalgina.


• Allium sativum – Alho
• Aloe spp  – Babosa.
• Cordia spp – Erva-Baleeira,
• Eucalyptus globulus – Eucalipto, Eucaliptos.
• Malva sylvestris – Malva
• Ocimum gratissimum – Alfavaca.
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Legislação:

• PORTARIA Nº 2.982/2009
• Aprova as normas de execução e de financiamento da Assistência
Farmacêutica na Atenção Básica.
• RDC 71/2009
• Tornar os rótulos de medicamentos mais claros e úteis para a
sociedade.
• RDC 10/2010
• Resolução para notificação de drogas vegetais
• RESOLUÇÃO - RDC Nº 17/2010
• Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
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RDC 71/2009
Tornar os rótulos de medicamentos mais claros e úteis
para a
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RDC 10/2010
Resolução para notificação de drogas vegetais
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Exercício
 Buscar na RDC 10/2010 as definições dos seguintes termos:

• Droga vegetal,
• Matéria prima vegetal,
• Chá,
• Marcador químico,
• Fitoterápico

Obs.: Relacione os termos e explique a aplicação de cada um.

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