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Fonética

e
Fonologia
Profª. Viviane Medeiros Pasqualeto
Curso de Fonoaudiologia – ULBRA
Disciplina Linguagem Oral e
Escrita
O aparelho fonador...

SISTEMA ARTICULATÓRIO
(faringe, língua, cavidade nasal e oral,
palato, dentes, lábios)

SISTEMA FONATÓRIO
(laringe)

SISTEMA
RESPIRATÓRIO
(pulmões, brônquios,
mm pulmonares e traquéia)
Segmentos consonantais e
vocálicos
◎ Consoantes: som produzido com
algum tipo de obstrução
(total/parcial) nas cavidades
supraglotais.

◎ Vogais: passagem de ar não é


interrompida –sem obstrução
ou fricção.

◎ Glides (semivogais): não tem


características fonéticas precisas
de vogal ou consoante.
Sons sonoros e surdos
São distinções provenientes do comportamento das pregas vocais,
responsáveis pelo vozeamento.

O fluxo de ar vindo dos pulmões atravessa a traquéia e passa pela


abertura entre as pregas vocais chamada glote.

Se as pregas vocais encontram-se afastadas, o fluxo de ar não sofre


obstrução na glote e passa livremente para as cavidades supra-glóticas.
Os sons assim produzidos são chamados surdos.

Se as pregas vocais encontram-se juntas, o fluxo de ar força a


passagem fazendo com que vibrem.
Os sons assim produzidos são chamados sonoros.
Sonoros e Surdos

[ſ, r, l, , R,
d ʒ]
Nasais e Orais

Classificação quanto ao ponto articulatório

[t, d, s, z, n, ſ, r, l]
Classificação quanto ao ponto articulatório
Classificação quanto ao modo articulatório
◎ Oclusivos – São consoantes que sofrem fechamento de algum dos
órgãos (como lábios, arcada dentária, língua, palato, etc.) durante a
passagem de ar: [p, b, t, d, k, g].
◎ Fricativos – São consoantes produzidas pela passagem do ar
um canal estreito feito pela colocação de dois articuladores próximos um
através
ao de
outro: [f, v, s, z, ʃ, ʒ, R]
◎ Africados - Quando à oclusão segue-se uma fricção, ocorre em algumas
variantes do português brasileiro como dia e tia, que tem pronúncia de
[dƷia] e [tʃia].
◎ Nasais – São consoantes que, em sua pronúncia, o ar expirado ressoa

na
cavidade nasal por encontrar abaixados a úvula e o véu palatino. [m, n, ŋ].
◎ Laterais – São consoantes pronunciadas ao fazer passar a corrente de ar
nos dois cantos da boca ao lado da língua. [l, ]
◎ Vibrantes – São consoantes pronunciadas através da vibração de algum
elemento do aparelho fonador, em geral a língua ou o véu palatino:
◎ Tepe - Quando a ponta da língua mantém com os alvéolos um contato de
SEGMENTOS CONSONANTAIS
Bilabial Labiodental Alveolar Pal. Alv. Palatal Velar

Oclusiva SU P t k
SO b d g
Fricativa SU f s ∫

SO v z ʒ R (x)
Africada SU t∫
SO dʒ
Nasal SO m n ñ
Tepe SO ſ

Vibrante SO r

Lateral SO l 
Vogais
◎ as vogais são sempre vozeadas.
◎ Foneticamente, podemos classificar as vogais considerando
três parâmetros:
◎ a) a posição vertical da língua;
b) a posição horizontal da língua;
c) a posição dos lábios.
Quanto à posição vertical da língua, as vogais podem ser
classificadas em: alta, média e baixa.
As vogais altas são aquelas que, em sua realização, a língua,
seja em direção à parte anterior da boca ou à parte posterior
atinge maior altura. Na Língua Portuguesa temos as vogais [i] e
[u].
As vogais médias mantêm, em sua realização, como o
próprio nome diz, a língua nem na posição mais alta nem em
repouso. É o que ocorre quando realizamos as vogais [e], [], [o],
[ó].
A vogal baixa, na Língua Portuguesa o [a], mantém, em
sua
◎ No que se refere à posição horizontal
da língua:
temos a possibilidade de a língua, na
realização das vogais, ir na direção anterior
da boca ou na direção frontal, o que nos dá
as
◉ vogais anteriores [i], [e], [].
Se a língua fica em repouso, temos a vogal
[a],
◉ classificada como central.
Se a língua recua na direção posterior da
boca, temos as vogais [ó], [o], e [u],
também denominadas de posteriores.
◎ Quanto à posição dos lábios, temos as
vogais arredondadas e as não-
arredondadas. Fácil verificar quais são
elas. Basta observar a configuração
dos lábios em sua realização. São
arredondadas, as vogais [ó], [o], e [u]; e,
SEGMENTOS VOCÁLICOS
A passagem de ar não é interrompida.
Considera-se:
- Posição da língua em termos de
altura
- Posição da língua em relação à
anterioridade e posterioridade.
- Posição dos lábios em relação ao
arredondamento ou não
arredondamento. Anterior Central Posterior

Não arredondada Arredondada

Alta i u

Média alta e o

Média baixa  ó

Baixa A
ACENTO TÔNICO
Marcar o acento tônico com um [‘] antes da sílaba
tônica. Exemplo:
MAR[‘mar]
AZUL[a‘zuw]

CARRETA[ka‘Reta]

ASSIMILAÇÃO
Ocorre quando um segmento adquire uma propriedade de um
segmento que lhe é adjacente. Exemplo: propriedade de
vozeamento ou nasalidade.

Casca – [‘kaska]  [k] é surdo e o [s] permanece surdo.


Rasga - [‘Rasga]  [g] é sonoro e o [s]  [z] sonoro 
[‘Razga]
FONOLOGIA
◎ A Fonologia é a ciência que
estuda a organização dos
sistemas sonoros das
línguas naturais.
◎ Estuda os sons do ponto de
vista funcional.
◉ Transcrições fonológicas são
apresentadas entre barras
transversais: /.../.
◎ Unidade distintiva –
fonema=fone constrativo
Variantes e Alofones

◎ Várias realizações de
um
◎ mesmo
A mesma fonema
unidade fonológica
não se manifesta sempre com
a mesma unidade fonética
◉ /t/ - tia: [t]ia ou [t∫]ia
◉ /l/ - sal: [sal] ou [saw]
sílaba
P A
R
Onset Coda
Núcleo
Vogais: Núcleo
Consoantes: Onset Absoluto
Onset Medial
Coda Medial
Coda Final
Onset Complexo  EC
Coda Complexos (perspicaz)
“A aquisição fonológica considerada normal é definida
como aquela em que o domínio do sistema
fonológico da língua-alvo é atingido espontaneamente,
em uma seqüência comum à maior parte das crianças e
dentro de uma determinada faixa etária também comum
à maior parte das crianças. Em termos aproximados, essa
faixa etária estende-se dos 4:0 até, aproximadamente, os
6:0.

A aquisição fonológica com desvios fonológicos, por


outro lado, é aqui definida como aquela na qual esse
domínio, ou seja, a adequação ao sistema fonológico
da língua-alvo, não é atingido espontaneamente e/ou na
mesma seqüência constatada no maior número de
crianças, nem dentro daquela faixa etária mencionada.”
(Lamprecht, 1999)
DESVIO FONOLÓGICO
Os desvios fonológicos referem-se às desordens na
organização e classificação dos sons da fala,
excluindo a presença identificável de qualquer
patologia orgânica que afete o sistema de produção
de fala.
(Stoel-
Gammon & Dunn, 1985)

Noções fundamentais:
- desvio 
afastamento
de uma linha;
-esse desvio é fonológico e
não articulatório;
- o desvio ocorre no desenvolvimento da
“... o foco de interesse – tanto na elaboração dos
instrumentos como nas análises linguísticas –
restringe-se aos sons da língua categorizados como
consoantes, uma vez que é unânime a posição de
que os desvios consonantais (seja de consoantes simples
ou encontros consonantais) são os responsáveis pela
quase totalidade dos desvios da fala e pela
ininteligibilidade dos sistemas das crianças com
problemas de comunicação”
(Yavas, Hernandorena e Lamprecht, 1992)
PROCESSOS FONOLÓGICOS
Resultado da simplificação da fala da
criança.
É uma operação mental que se aplica à
fala para substituir uma classe de sons
que apresentam uma dificuldade
específica por uma classe de sons
desprovida da propriedade difícil.
(Stampe, 1973)

Atuam na fala da criança com o objetivo


de facilitar aspectos que sejam
complexos em termos articulatórios,
motores e de planejamento.
Exs:
Uma consoante fricativa é um pouco mais difícil de
produzir do que uma plosiva. Faca 
[ ‘paka]

A produção dos encontros consonantais exigem


maior
Qual a contribuição da
Lingüística
(Fonética e Fonologia)
para a
Fonoaudiologia?
D., 7 anos, chegou para
tratamento fonoaudiológico
por não falar o fonema /r/.

P., 5 anos, mordida


aberta anterior.
Encaminhada pelo
dentista por não
produzir
corretamente alguns
fonemas, por
N., 4 anos, exemplo o /s/.
encaminhada pelo
pediatra por não
falar corretamente.
ALTERAÇÕES DE FALA

DESVIO FONÉTICO
1. Distúrbios Neurogênicos: resultam problemas
neurológicos (SNC ou SNP) e acarreta uma
dificuldade ou impossibilidade.

2. Alterações de origem músculo-esqueletais ou


orofaciais.

DESVIO FONOLÓGICO
Organização dos sons
Referências bibliográficas
◎ LAMPRECHT, Regina Ritter Lamprecht et al. Aquisição fonológica do
português - perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
◎ MATZENAUER, Carmen Lúcia Barreto. Bases para o entendimento da
aquisição fonológica. In.: Scarpa, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In.:
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs.) Introdução à
lingüística - domínios e fronteiras. Vol. 2. São Paulo: Cortez, 2004.
◎ YAVAS, HERNANDORENA, LAMPRECHT. Avaliação Fonológica
da Criança – reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas,
◎ 1992.
STOEL-GAMMON, C.; DUNN, C. Normal and Disordered Phonology in
Children. MichigaN: University Park Press, 1985.
◎ STAMPE, David. A dissertation on natural phonology. Tese
de Doutorado, Universidade de Chicago, EUA,
◎ 1973
LAMPRECHT, R. R. Aquisição fonológica do Português: Perfil
de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed,
◎ 2004.
LAMPRECHT R. R. Perfil da Aquisição da Fonologia do Português.
RS, Porto Alegre. 1990. Tese de Doutorado. PUCRS,
◎ 1990.
LAMPRECHT,R.R. .Desvios fonológicos: evolução nas pesquisas,
conhecimento atual e implicações dos estudos em Fonologia Clínica.
In: LAMPRECHT, R.R. Aquisição da Linguagem: questões e análises.
Porto
Alegre: EDIPUCRS, p.65-80, 1999.

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