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O CONCEITO DE CRIAÇÃO

ARTÍSTICA
Vertumnus
Giuseppe Arcimboldo
1590

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE
“MORALIZAÇÃO” PELA ARTE
Vanitas (Uma alegoria da vaidade da vida
humana)
Harmen Steenwyck
1640

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Obra: Vanitas (Uma alegoria da vaidade da vida humana), 1640


(National Gallery, Londres)
Autor: Harmen Steenwyck (1612-1656)

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Justificação da proposta

A propensão da arte para abordar temas que têm a


ver com o ser humano enquanto ser moral, capaz de
uma conduta balizada por ideais morais, tem sido
uma constante ao longo do processo histórico,
tornando-se mais insistente numas épocas, menos
noutras, mas sempre presente.
Neste quadro, Harmen Steenwyck, pintor holandês de
naturezas-mortas, traduz através de uma alegoria sob
forma pictórica uma espécie de sermão bíblico-
religioso, alertando o ser humano para a vacuidade
dos bens terrenos, porque “vaidade de vaidades, tudo
é vaidade”.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Contextualização

No século XVII, a sociedade holandesa possuía fortes


convicções religiosas, de influência calvinista, e,
embora se encontrasse na vanguarda do desen-
volvimento científico da época, constituía uma
sociedade com padrões morais muito exigentes, como
este quadro de Harmen Steenwyck sugere.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Contextualização

Vanitas… é uma alegoria à vaidade da vida humana,


um autêntico sermão visual que nos exorta a não
darmos excessiva importância aos dons da fortuna ou
talentos do espírito, aos prazeres da vida ou, mesmo,
ao conhecimento, porque, no fim, tudo acabará
sempre da mesma maneira e essas “diversões”
poderão constituir um obstáculo à salvação da única
coisa que é realmente importante: a alma.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Narrativa da imagem

A pintura descreve uma seleção de objetos colocados


sobre uma mesa, cada um dos quais contém um
significado simbólico.

• A caveira – ponto focal do trabalho, sobre o qual


incide a nossa atenção – simboliza a morte;
• O cronómetro remete para o conceito de tempo;
• A lamparina, prestes a extinguir-se, representa a
brevidade da vida;

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Narrativa da imagem

• A concha é símbolo de riqueza;


• O livro de conhecimento, a espada e o tecido
púrpura, de poder terreno;
• O alaúde e o cornetim, de música – prazeres
sensoriais;
• O vaso, contendo óleo ou água, representa a
sustentação da vida.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Narrativa da imagem

A composição do quadro é organizada de modo a


acentuar a inferioridade do que é terreno, corpóreo e
material em contraste com a superioridade do que é
espiritual, que não tem preenchimento concreto: se
tirarmos as duas diagonais do quadro – verificamos
que o espaço preenchido é o inferir, sendo o superior
um espaço vazio apenas iluminado pela luz do
espírito.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Narrativa da imagem

O objeto central, a caveira – símbolo da morte –,


contrasta com os outros objetos de um quotidiano
requintado para a época, ligados aos prazeres e à
existência física. A luz, que costumamos associar à
vida do espírito, incide sobre a caveira e adensa ainda
mais o contraste entre o espiritual e o físico, a morte e
a vida.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Narrativa da imagem

Considerar este quadro um autêntico sermão visual


faz todo o sentido, lembremos as palavras do
Evangelho:

«Não armazeneis para vós próprios tesouros na terra, onde a lama e a


ferrugem os destruirão e onde os ladrões os roubarão. Porque onde
estiver o teu tesouro aí também estará o teu coração.»
Evangelho de S. Mateus, 6:18-21

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O CONCEITO DE “MORALIZAÇÃO” PELA ARTE

Propomos o seguinte
percurso de leitura

ü Identifique e descreva os diferentes objetos


presentes no quadro.
ü Identifique o objeto que centraliza a atenção do
espectador.
ü Identifique a simbologia dos diferentes objetos
relacionando-os, respetivamente, com os conceitos
de: conhecimento, diversão, poder, riqueza e
finitude.
ü Tire as duas diagonais ao quadro e conclua sobre a
organização da composição.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Obra: Vertumnus, 1590 (Skoklosters slott, Estocolmo)


Autor: Giuseppe Arcimboldo (1527-1593)

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Justificação da proposta

A criação artística é um fenómeno de difícil explicação


mas de mais fácil reconhecimento.
Pelo menos, não parece oferecer controvérsia
reconhecê-la na obra de Arcimboldo, que escolhemos
para a ilustrar.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Contextualização

Arcimboldo nasceu em Milão mas viveu boa parte da


sua vida em Praga, sob a proteção de grandes
mecenas da época, como Maximiliano II e Rudolfo II,
num ambiente de considerável tolerância religiosa.
Um pintor renascentista de retratos – de pessoas de
alta estirpe – devia supostamente representar as
pessoas retratadas não só fielmente mas também
favoravelmente, a fim de as dar a conhecer a
eventuais noivos ou noivas, através dos respetivos
dignitários e embaixadores.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Contextualização

Mas Arcimboldo fugiu completamente a este padrão e


enveredou por um caminho completamente diferente.
Neste contexto, pintou o imperador Rudolfo II com
uma aparência completamente inusitada.
Mas, todavia, através de um conglomerado exótico de
frutas e vegetais, não deixa de transmitir uma imagem
de força, esplendor e vitalidade, atributos positivos
que um soberano não pode dispensar.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Contextualização

Ter feito um retrato tão expressivo, aliado a uma


mentalidade tolerante do mecenas, explicam porque
não foi Arcimboldo dispensado ou obrigado a exilar-se,
ou porque não sofreu um destino ainda pior.
De qualquer modo, dada a sua riquíssima imaginação
criativa, é difícil perceber por que razão caiu no
esquecimento, só tendo sido resgatado na nossa
época; talvez a irreverência da arte de Arcimboldo e o
desapego aos temas religiosos e históricos, que então
ocupavam os pintores ditos “sérios”, o tenham com-
denado ao ostracismo e votado ao esquecimento.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Contextualização

As características originais da sua pintura,


• retratos de figuras humanas compostas por
elementos vegetais,
• paisagens antropomorfas,
• utilização recorrente da fauna e da flora,
estão presentes em muitas das obras que nos legou,
que respiram uma conceção otimista do mundo e da
vida.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Narrativa da imagem

Vertumnus é o retrato de Rudolfo II, um retrato


irreverente, é certo, mas poderoso de força e
vitalidade o que, provavelmente, não teria desagra-
dado ao monarca e protetor do pintor, revelador de
fina ironia e de um enorme talento criativo.
Numa combinação improvável de elementos vegetais
diversos, reconhecemos um homem próspero e
poderoso, representado, como o deus da vegetação
luxuriante com que o verão nos presenteia, por
espigas de trigo, uvas, ameixas, peras, abóboras e
flores deslumbrantes.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Propomos o seguinte
percurso de leitura

ü Descreva os aspetos que conferem um carácter


peculiar a este retrato.
ü Imagine a possível intenção do autor.
ü Identifique os sentimentos dominantes que a obra
provoca no espectador.

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O CONCEITO DE ARTE
COMO EXPRESSÃO

O absinto
Edgar Degas
1876

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Obra: O absinto, 1876 (Museu de Orsay, em Paris)


Autor: Edgar Degas (1834-1917)

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Justificação da proposta

Uma das teorias acerca da natureza da arte é a teoria


da arte como expressão e pareceu-nos que este
quadro de Degas, pintor impressionista do final do
século XIX, a ilustra perfeitamente, como teremos
oportunidade de mostrar a seguir.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Contextualização

O quadro foi pintado numa época em que o consumo


do absinto se tinha intensificado em França, em
virtude de uma crise na produção vinícola. Dado o seu
elevado teor alcoólico (cerca de 70%), era
considerado responsável por provocar distúrbios
psíquicos que incluíam alucinações, insónias e
convulsões; segundo alguns, Van Gogh, que se
suicidou em 1890, teria sido uma das suas vítimas.
Mas, temos igualmente notícia de que muitos artistas
recorriam a esta bebida na suposição de que ela
estimularia a criatividade e daria ocasião a novas
experiências psíquicas.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Narrativa da imagem

O absinto representa artistas conhecidos da década


de 70 do século XIX: o artista gravador em cobre
Marcellin Desboutin e a atriz Ellen Andrée. É referido
com frequência como retratando o boémio e a pros-
tituta, destroçados por uma vida desregrada.
A postura relaxada do artista, sentado do lado direito
do quadro, ombros descaídos, casaco aberto, olhos
no vazio, não dando qualquer atenção à compa-
nheira – que por sua vez parece estupidificada.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Narrativa da imagem

A postura do artista é reforçada pela predominância


das cores castanhas e tons pastel dos vestuários e
rostos, que conferem a todo o quadro uma ambiência
soturna e melancólica, apropriada ao tema: o absinto
com as consequências muito negativas a nível social
do excesso de consumo.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Narrativa da imagem

Degas, através de meios pictóricos – símbolos


imagéticos – mostra, sugere, os danos provocados
pelo consumo excessivo desta bebida. Através desta
representação concreta e particular, exprime os
sentimentos que experimenta perante aquilo que lhe
aparece como “miséria humana” – destruição de vidas
humanas pelo álcool – e através do uso de figuras,
formas e cores, transmite essa emoção ao expectador
que também a experimenta.
Temos assim todos os ingredientes da teoria da arte
como expressão.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE ARTE COMO EXPRESSÃO

Propomos o seguinte
percurso de leitura

ü Que figuras estão representadas?


ü Qual é o fundo e qual é o enquadramento?
ü Quais são as cores utilizadas?
ü Que sentimentos desperta no espectador?
ü Que teoria ou teorias sobre a natureza da arte pode
o quadro ilustrar?

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O CONCEITO DE BELO

Um par de sapatos
Vincent van Gogh
1885

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE BELO

Obra: Um par de sapatos, 1885 (Museu de Van Gogh, em Amesterdão)


Autor: Vincent van Gogh (1853-1890)

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O CONCEITO DE BELO

Justificação da proposta

O conceito de belo, central em estética, é dificilmente


definível através de símbolos conceptuais.
Por isso, escolhemos para o ilustrar o quadro de Van
Gogh, a que o pintor deu o título Um par de sapatos,
precisamente porque a realidade concreta, aqui
representada sensorialmente, está longe de ser bonita
– muito menos bela.
Mas, em contrapartida, a representação é bela,
porque, com essa representação, o pintor consegue
dizer o indizível…

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE BELO

Justificação da proposta

Van Gogh, como ele próprio afirma numa carta ao


irmão, “não quer pintar quadros, quer pintar a vida”, e
é a vida que ele pinta neste “par de sapatos”.
De facto, o quadro representa um par de botas
desgastadas pelo tempo e pela labuta diária do
trabalhador que as usou.
As botas estão longe de ser sequer bonitas, mas não
podemos deixar de considerar que estamos perante
um quadro belo que, enquanto tal, nos agrada e que,
como Kant diz, recebe aprazimento universal:
“Belo é o que agrada universalmente sem conceito.”

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE BELO

Justificação da proposta
Este quadro “agrada-nos” porque o pintor conseguiu,
através de um meio concreto e sensível, exprimir a
“verdade” de uma vida.
Foi precisamente esta a conclusão a que chegou o
filósofo alemão Martin Heidegger, que também o
analisou e defendeu que a arte consegue desvelar a
verdade dos seres, sendo o artista, isto é, o criador de
arte, aquele que é capaz de trazer para a luz – revelar
– o que se encontra oculto nos entes.
Mais do que representar o mundo, o quadro manifesta
a verdade do mundo e fá-lo de uma maneira que não
seria conseguida pela simples perceção do mesmo
par de botas.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE BELO

Contextualização
Diz-se que Van Gogh, impossibilitado de pagar a
modelos vivos, optou por naturezas mortas e que os
sapatos que serviram de modelo a este quadro teriam
sido comprados numa feira em Paris, molhados para
ficarem com aparência envelhecida e usados durante
algum tempo pelo próprio pintor.
O facto é que há, na obra de Van Gogh, vários
quadros que repetem este tema, pintado em 1885,
quando o pintor tinha apenas trinta e dois anos.
Cinco anos mais tarde suicidou-se e é grande a
tentação de supor que Um par de sapatos revela a
passagem do pintor por uma vida breve, mas repleta
de cansaço e de angústia.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE BELO

Narrativa da imagem
Para fazer esta narrativa nada melhor que usar as
palavras de Martin Heidegger:
«Na obscura intimidade do côncavo dos sapatos está inscrita a fadiga
dos passos do trabalhador. Na rude e sólida espessura dos sapatos
está firmada a lenta e obstinada caminhada através dos campos, o
comprimento dos passos sempre semelhantes, estendendo-se ao longe
sob a brisa. O couro tem ainda as marcas da terra espessa e húmida.
Sob as solas, estende-se a solidão do caminho campestre que se perde
na tarde. Por estes sapatos perpassa o apelo silencioso da terra, o seu
dom tácito do trigo maduro, a sua recusa secreta nas ervas áridas do
campo hibernal. Através deste objeto, perpassa a muda inquietação
pela segurança do pão, a alegria silenciosa de sobreviver à necessidade,
a angústia do nascimento eminente, o tremor da ameaça da morte.»
M. Heidegger, Chemins qui ne mènent nulle part

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O CONCEITO DE BELO

Propomos o seguinte
percurso de leitura

ü O que é que se representa?


ü O que é que está para além da representação?
ü Porque é que este “objeto” é belo?
ü Distinga a sua reação perante este objeto estético
da que teria perante a perceção de um autêntico
par de botas.
ü Faça a narrativa da imagem.

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O CONCEITO
DE “ARTE DE MASSAS”
Díptico de Marilyn
Andy Warhol
1962

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O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Obra: Díptico de Marilyn, 1962 (Tate collection)


Autor: Andy Warhol (1928-1987)

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O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Justificação da proposta

O Díptico de Marilyn, de Andy Warhol, representa


bem a s i t u a ç ã o d a a r t e n a e r a d a r e p r o d u çã o
mecânica, que Walter Benjamin tinha intuído e
caracterizado. O artista apropriou-se das imagens da
cultura de massas:
• garrafas de Coca-Cola,
• notas de dólar,
• latas de sopa,
• caixas de detergente,
• ícones da cultura pop, como Marilyn, Elvis, Eliza-
beth Taylor, Mao Zedong ou Jacqueline Kennedy.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Justificação da proposta

Andy Warhol não se deu ao trabalho de pintar esses


objetos ou figuras, limitou-se a reproduzir e a replicar
imagens já existentes, enfatizando-as através da
utilização de cores exageradamente vivas e garridas,
tão ao gosto dos apreciadores da cultura pop.
Podemos dizer que estes trabalhos são sobre
objetos/produtos consumíveis e também sobre figuras
mediáticas igualmente consumíveis.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Justificação da proposta

As obras deste polémico artista só fazem sentido se


percebermos que viveu numa época em que as
mudanças tecnológicas permitem a reprodução
mecânica das imagens em larga escala e, desse
modo, abrem caminho à “arte de massas”. Em certo
sentido, assim como Duchamp alertou energicamente
para os perigos da “estetização” da arte – a exaltação
das qualidades estéticas –, também Warhol parece
querer pôr em causa a identidade da arte e mostrar
através do concreto e do sensorial a ideia filosófica de
Walter Benjamin: a ideia do declínio da arte da pintura
e da alteração da sua função social.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Contextualização

Andy Warhol, figura de proa do movimento conhecido


por Pop Art, começou como ilustrador comercial em
r e v i s t a s d e m o d a s , m a s , e m b r e v e , se t o r n o u
conhecido pelas suas obras, nas quais “inscreveu”
ícones da cultura de massas, bem como objetos da
cultura de consumo norte-americana.
Foi umas figura controversa não só pela natureza da
sua pintura que desafiava todos os cânones estéticos
como também pela sua vida sexual e pelas boutades
que frequentemente publicitava.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Narrativa da imagem

Andy Warhol nem sequer pinta o retrato de Marilyn


Monroe, diva do cinema da década de 50 do século
XX; utiliza reproduções de uma fotografia da artista e
limita-se a replicá-la, fazendo uma série, em que
apenas altera os campos de cor.
Não recria ou interpreta a imagem da atriz, apenas
repete e replica uma imagem que, de tanto ser vista,
se tornara convencional.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


O CONCEITO DE “ARTE DE MASSAS”

Propomos o seguinte
percurso de leitura

ü O que surpreende nesta obra?


ü Em relação a cada uma das imagens, em si, que
diferença encontra entre elas?
ü Poderá haver alguma intenção específica nas cores
utilizadas?
ü Que relação será possível estabelecer entre esta
obra e a arte de massas?

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10

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