Estética

Aula 6: Prática artística – forma, estilo e linguagens

Apresentação
Você já percebeu que a arte faz parte de nossas vidas de várias formas? Certamente conhece um pouco de literatura,
pintura, escultura, arquitetura ou música, como apreciador, que se entrega a um bom livro, que se distrai ouvindo música,
passa muito tempo no trânsito e observa, mesmo que inconscientemente, a arquitetura da sua cidade. Que tal, agora,
aceitar a oportunidade de pensar sobre as artes com mais consciência? 

Mais uma vez queremos chamar sua atenção para o tesouro da humanidade que é o acervo cultural e artístico produzido
e acumulado ao longo da história. Para isso, apresentaremos as tendências estéticas, classificadas didaticamente como
movimentos ou escolas artísticas. 

Estudaremos a arte de forma cronológica, enfatizando as situações que exercem influência histórica no fazer artístico.
Além disso, chamaremos sua atenção para a arte concretista e seus desdobramentos.

Bons estudos!

Objetivos
Analisar o contexto histórico e cultural que determinou o surgimento da poesia concreta;

Identificar as semelhanças estéticas entre as artes plásticas e a poesia concreta.

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Quinhentismo
Século XVI — A descoberta do Brasil
Com a colonização, vieram com os portugueses, duas formas de fazer literário para ilustrar o momento histórico-cultural:

A literatura informativa, escrita A literatura de catequese

Objetivo de transmitir ao reino informações acerca das Com a presença dos jesuítas para propagar a fé cristã
 terras recém-descoberta — ex.: a Carta de Caminha. pelo novo mundo, bem como converter os índios ao
catolicismo.

No campo da pintura, destaca-se a obra de Victor Meirelles.

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A Primeira Missa no Brasil - Victor Meirelles | Fonte: Wikipedia

Na tela, os colonizadores portugueses e os índios nativos participam da mesma cena, do mesmo momento histórico.

Dica

Assista ao filme Caramuru – a invenção do Brasil, que trata do contato entre colonizador e colonizado de forma bem-humorada.

Barroco
Século XVI a XVIII - Surge o movimento barroco
Vejamos as características desse período:

1 Luta do homem contra o dualismo que incomoda sua alma — Polos do espírito e da carne, do mundano e do religioso.
 2 Surge um sentimento de culpa.

3 O artista se entrega à representação da religião.

4 Esculturas religiosas (Aleijadinho).

5 Monumentos arquitetônicos.

Igrejas barrocas (Ouro Preto/Minas Gerais): A Igreja de São Francisco de Assis 1 , obras-primas do barroco brasileiro
6 (1730-1814).

Dica

Conheça a obra de Aleijadinho.

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Arcadismo
Características desse período:

1 2

Derivado de arcádia, nome dado à região pastoril. Vida simples e amena do campo.

Exemplo

Vejamos como exemplo a letra da música de Vitor e Léo.

A música se aproxima da poesia por sua composição em versos, ritmo, sonoridade, rimas e repetições. 

Neste terceiro movimento artístico brasileiro, temos estreita ligação com o fato histórico chamado Inconfidência Mineira,
movimento ligado à exploração aurífera e luta contra desmandos políticos.

Como exemplo artístico apresentamos a obra de Rugendas, representando a lavagem do ouro.

Dica
Conheça a expedição Langsdorff.

Romantismo
Nacionalista
Revela a nossa pátria como algo valioso e de grandeza inestimável e traz o índio como herói nacional, símbolo da bondade e
inocência até ser corrompido pelo contato com o homem branco.

Observe trecho da obra O guarani, de José de Alencar:

Primeira Parte os Aventureiros I Cenário

De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os
mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.

É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e
embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito.

Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se
humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as de um lago,
e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o látego do senhor.

Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda, como o filho
indômito desta pátria da liberdade.

Dica

Leia os livros:

O Guarani, de José de Alencar;

Iracema, de José de Alencar, que conta a história de amor proibido entre o índio Peri e a portuguesa Ceci.

Subjetivista
Vejamos as características:
 1 2

As emoções aparecem de forma exacerbada O eu-poético não se adapta ao mundo burguês em que está
inserido

3 4

Fuga da realidade pela morte idealizada Refúgio na natureza, pelo sonho

Amor impossível, morte, solidão

Realismo
Características do realismo:

1 2

Contemporâneo ao Naturalismo e o Parnasianismo Retrata a realidade tal como uma fotografia

3 4

Revela a verdade documental Arte engajada - denúncia social, esperando alguma

modificação

Nas artes plásticas, o realismo aparece em situações

cotidianas

Exemplo

Gustave Flaubert (1857) escreveu o primeiro romance considerado realista, Madame Bovary.

Naturalismo
Características do naturalismo:
 1 2

Retrata a sociedade Apresenta os indivíduos com melhor análise, aspectos

físicos ou sociais: doenças, psiquismo, desvios de caráter

Exemplo

Na literatura, temos dois grandes exemplos de romances naturalistas.

Parnasianismo
Características do parnasianismo:

1 2

Movimento totalmente poético Culto da forma

3 4

Objetividade no tratamento do tema Universalismo dos temas

5 6

Impessoalidade na busca pela perfeição formal Retoma a antiguidade clássica

Na arte plástica, os temas parecem dançar:

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Spring, 1896 - Alfons Maria Mucha | Fonte: wikiart

A arquitetura mostra sua tendência clássica nos detalhes: cúpula, cores, formas arredondadas, arabescos.

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Fonte: aguiarbuenosaires
Na literatura, a poesia de Olavo Bilac sintetiza o artifício parnasiano.

Profissão de Fé — Olavo Bilac

Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara 

A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,

Sobre o papel
A pena, como em prata firme

Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Linguagens artísticas
Simbolismo
Características do simbolismo:
 1 2

Tendência metafísica e espiritual O artista se volta para seu interior, sua realidade subjetiva

3 4

Valorização dos estados da alma Manifestações do inconsciente e subconsciente

5 6

Reflexões sobre tudo o que é incontestavelmente real Linguagem artística – simbólica

Imagens por meio de sinestesia

Observe a imagem a pintura de Vincent van Gogh. O artista dá movimento à imagem, provoca sensações pelas formas e cores
e estimula a imaginação (onde é e o que se passa no local retratado).

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Lírios, 1889 | Fonte: wikipedia
 Na escultura, Auguste Rodin, apresenta figuras introspectivas, voltadas para seu mundo interior como vemos em O pensador.

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Fonte: arteref
Na literatura temos a obra Flores do Mal, de Charles Baudelaire, que trabalha o simbolismo de modo a sugerir uma reflexão
acerca do cotidiano, o olhar é subjetivo.

A uma passante
Charles Baudelaire, tradução Ivan Junqueira

A rua em torno era um frenético alarido.

Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão suntuosa
Erguendo e sacudindo a barra do vestido.

Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.

Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
A doçura que envolve e o prazer que assassina.

Que luz… e a noite após! – Efêmera beldade

Cujos olhos me fazem nascer outra vez,
Não mais hei de te ver senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! “nunca” talvez!

Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!

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Modernismo
Características do modernismo:

1 2

Rico no sentido de produzir uma arte de cunho ideológico Faz experimentação no emprego do estilo do artista

3 4

Inovação das técnicas artísticas Um novo conceito de arte vanguardista

Cubismo
Faz verdadeira revolução na pintura, com figuras geométricas. Vejamos um exemplo de Pablo Picasso que usa formas
geométricas para retratar a mulher com perspectiva, fundo, luz e sombra.
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Les demoiselles d’Avignon, de Pablo Picasso (1907) | Fonte: zonacurva/

Futurismo
Arte e mundo modernos representados por máquinas, indústrias, velocidade, guerra. Vejamos um exemplo na pintura:
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Dynamism of a Dog on a Leash (Dinamismo de um Cão na Coleira), de Giacomo Balla, 1912. | Fonte: albrightknox

Expressionismo
As imagens não são nítidas, mas distorcidas e expressam as emoções, os medos, as angústias do ser humano moderno.

Vejamos um exemplo:
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Edvard Munch - O grito | Fonte: wahooart

Dadaísmo
Um movimento de arte ilógica e aleatória.

Vejamos um exemplo:
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Porte-bouteilles - Marcel Duchamp | Fonte: slash-paris

Surrealismo
É a reconstrução da arte, destruída pelo dadaísmo. Retrata sonhos, medos, o inconsciente, fluxo da consciência, chegando a
parecer sobrenatural.

Vejamos um exemplo:
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A persistência da memória, Salvador Dalí | Fonte: Wikipedia

Atividade
1 - Como as artes se complementam? Por quê? O que revelam?

2 - Pesquise a arte de Piet Mondrian e estabeleça suas considerações sobre as obras a seguir:

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Imagem I 
Imagem II
Notas

Igreja de São Francisco de Assis 1

Peças do Museu Aleijadinho no mesmo local durante a reforma do Santuário de N. Sra. da Conceição.

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Fonte: museualeijadinho

Referências

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2013.

BAUDELAIRE, Charles Baudelaire. As Flores do mal. Tradução de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

HAUSER, Arnold. História social da literatura e da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Próxima aula

Percepções de arte e suas aplicações no mundo contemporâneo;

 Caracterizações e percepções referentes ao conceito de arte;

Aplicações do conceito de arte no mundo contemporâneo.

Explore mais

Leia o livro Teoria da poesia concreta: Textos críticos e manifestos de 1950-1960, de Décio Pignatari, Augusto de Campos e
Haroldo de Campos.