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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Prática como Componente Curricular (PCC)


ENTREVISTA COM UMA PROFESSORA SOBRE
QUESTÕES DA DOCÊNCIA E O TRABALHO NA
PANDEMIA

Professor: Viviane da Costa Lopes


Discente: Rogério Costa da Paixão
Curso: Licenciatura em Filosofia

Duque de Caxias - RJ
2020
INTRODUÇÃO

O ano de 2020 será lembrado nos livros de História contemporânea com o ano da pandemia
provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), que percorre o mundo ceifando a vida de
milhões de pessoas. Uma doença identificada como resultado da ação de um vírus que
provoca uma doença respiratória aguda que pode levar à morte de seu portador. Desenhando
um cenário de incertezas, inseguranças e adaptações em vários campos sociais, como na
saúde, na política, na economia e na educação.
A partir da suspensão das aulas presenciais em todos os níveis de ensino, muitos
debates foram iniciados, objetivando compreender como as redes de ensino se ajustariam a
essa nova realidade educacional que se apresentava. Vários munícipios e estados tomaram a
decisão de antecipar as férias de julho, enquanto discutiam sobre como dar continuidade às
aulas; outros entes já iniciaram com estratégias visando atividades pedagógicas não
presenciais. Mediante esse contexto, a utilização de tecnologias digitais e de metodologias
especificas da Educação a Distância foi anunciada e posta em prática por muitas redes de
ensino. O ensino remoto passou a vigorar em muitos municípios, através da oferta de aulas
via plataformas digitais, por grupos em aplicativos para comunicação instantânea ou pela
impressão de material escolar, oferecido às famílias que não possuem acesso à internet
(BIANCO, 2020).
Esse cenário educacional completamente novo levou educadores e gestores escolares
a debater sobre a realidade educacional e a fazer uso de estratégias que pudessem substituir o
ensino presencial. Os professores foram chamados a participar do processo de definição das
estratégias didático-metodológicas para a reposição e a continuidade das aulas, levando em
consideração o contexto socioeconômico dos alunos; acesso às redes digitais e o processo de
mediação pedagógica online seria concebido e acompanhado nas propostas implementadas
pelas instituições de ensino em substituição às aulas presenciais; ainda sobre a formação
docente frente aos novos desafios que se apresentam à Educação mediada por tecnologias
digitais no cenário da pandemia; também sobre os novos desafios apresentado e o pensar em
estratégias que não ampliassem ainda mais as desigualdades sociais em nosso país
(GOEDERT; ARNDT, 2020).

OBJETIVOS
Embora muitos debates importantes estejam ocorrendo em torno do atual cenário, o
objetivo deste trabalho é contribuir nas discussões sobre a mediação pedagógica da educação
com o uso de tecnologias digitais, destacando as especificidades desse processo quando o
contexto de ensino e aprendizagem envolve o uso de tecnologias digitais para a proposição de
atividades a distância, como o uso de ambientes virtuais ou outras alternativas didático-
metodológicas. Nesse sentido, abordando, mediante uma entrevista, o papel do professor
como mediador pedagógico online.

METODOLOGIA

A definição do critério segundo o qual foi selecionada a professora para responder as


perguntas estruturadas sobre o tema, pois é a fala direta de quem atua na sala de aula. A
professora entrevistada Selma Moura Sobrinho da Paixão, possuí superior completo e leciona
Matemática, leciona para as turmas de Fundamental II, na Escola pública Meninos de Deus,
situada na cidade de Nova Iguaçu. As preguntas e as respostas foram essas:

Qual o papel do docente na formação do sujeito?


Na contemporaneidade, pautado por inúmeros recursos de informação (como livros, revistas,
documentários e principalmente a internet), o papel do docente não é mais de um
“transmissor de conteúdo”, mas de facilitador da aprendizagem, mediador e categorizador da
informação.

Quais são as principais reflexões acerca do aluno que um professor não pode nunca
esquecer?
A singularidade, cada aluno é único em seu jeito de ser, aprender, suas dores, dificuldades e
motivações.

Quais os pensadores lhe ajudam a compreender a condição dos sujeitos da Educação?


Acredito que o grande pensador que ainda norteia a educação seja J.J. Rousseau, sem
descartar as inúmeras outras contribuições de pré-socráticos a aos pensadores
contemporâneos, todos se somam. Não descartamos a influência do mundo do trabalho na
educação, pois afinal, educa-se para o trabalho e nesse contexto ressaltamos a contribuição de
Karl Marx e seus conceitos de estruturas e meios de produção.

Como acontecem as relações interpessoais em sua sala da aula?


As relações interpessoais são moldadas pela cultura, pessoalmente considero os alunos
fraternos e afetuosos, contudo expressam brincadeiras violentas com espontaneidade e
naturalidade, quase sem perceberem. É comum quando discordam de opinião ou se ofende
num jogo ou brincadeira, reagirem dando um tapa no outro e quando são chamados a atenção
sobre esse comportamento, dizem que é “brincadeira”. Percebo que frequentemente a
“brincadeira” escada do controle. Fico especialmente preocupada quando é dirigida de um
menino para uma menina, indício de uma futura banalização da violência contra a mulher.
Sempre procuro intervir e aconselhar, mas essa fala é uma gota no oceano da cultura de
violência na qual estão imersos. As relações interpessoais na sala de aula são tanto fraternas
quanto violentas.

Como é ensinar na pandemia?


Desafiador! Consiste em criar estratégias de transmissão de conteúdos e apoio por meios
digitais. As dificuldades são acesso e manejo dos recursos digitais tanto pelo professor quanto
pelo aluno, além de manter os alunos comprometidos, engajados e motivados no processo de
aprender. O momento (pandemia) não pode sair do contexto (cenário), e precisa ser
contextualizado.

Como você escolhe seus procedimentos de ensino?


De acordo com a disponibilidade, as orientações da rede onde atuo e equipe pedagógica da
escola. Procuro inserir no contexto algumas atividades lúdicas como filmes, desenho animado
e games, intercalando com listas de exercícios. Os meios são a plataforma da rede,
pouquíssimo acessada pelos alunos, que preferem as mídias sociais as quais já estavam
familiarizados como o Facebook. Todo recurso é válido, desde que envolva os alunos.

Que objetivos pretende alcançar?


Como as dificuldades são muitas, os objetivos são modestos: manter os alunos ligados na
turma e na escola, desenvolvendo atividades relacionadas à revisão de conteúdos já
ministrados (é orientação da rede não introduzir novos conteúdos).

CONCLUSÃO

Para conseguir desempenhar suas funções de maneira satisfatória e ainda enfrentar


toda a problemática envolvida com o distanciamento, o professor desenvolve estratégias e, no
caso da pandemia, estratégias, que até poucos dias antes da divulgação oficial da medidas
sobre como seria normatizado o comportamento da sociedade durante o período da pandemia,
seriam impensáveis e, assim mesmo, atendendo prontamente a mais esse chamado da mesma
sociedade.

REFERÊNCIAS

BIANCO, N. R. Del. Elementos para pensar as tecnologias da informação na era da


globalização. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/12173/1/ARTIGO_ElementosPensarTecnol
ogias.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.

GOEDERT, Lidiane; ARNDT, Klalter Bez Fontana. MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA E


EDUCAÇÃO MEDIADA POR TECNOLOGIAS DIGITAIS EM TEMPOS DE
PANDEMIA. Criar Educação, v. 9, n. 2, p. 104-121, 2020.

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