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AULA 10: BOURDIEU, GIDDENS E HABERMAS

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO........................................................................................................... 2

OBJETIVOS ..................................................................................................................... 2

OBJETO CIENTIFICO .................................................................................................... 2

REFLEXIVIDADE EPISTEMOLÓGICA SOBRE AS CIÊNCIAS ............................... 3

EFEITO DE VERDADE NO DISCURSO DA CIÊNCIA .............................................. 3

A INFLUÊNCIA DE NIETZSCHE ................................................................................. 4

OPOSIÇÃO AOS FILÓSOFOS ....................................................................................... 4

A SOCIOLOGIA DE GIDDENS ..................................................................................... 5

ESTRUTURALISMO DE BOURDIEU E GIDDENS .................................................... 6

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 6
APRESENTAÇÃO

Nesta aula, apresentaremos o pensamento Bourdieu e a superação do objetivismo


estruturalista e do subjetivismo interacionista (fenomenológico, semiótico) como forma
de entender a agenda teórica proposta à Teoria Sociológica contemporânea, alguns
elementos merecem destaque: a releitura dos clássicos, a construção de conceitos e a
postura crítica do intelectual diante de uma tomada de posicionamento político, elementos
estes amalgamados em sua discussão sociológica, assim como o pensamento de Giddens
em relação à teoria da estruturação e os principais conceitos de Habermas no que tange à
maneira como a crise do capitalismo extrapolou do campo econômico e atingiu o social
de que maneira é necessário construir um canal de negociação e argumentação entre as
classes.

OBJETIVOS

 Apresentar o pensamento Bourdieu;


 Identificar o pensamento de Giddens em relação à teoria da estruturação;
 Conhecer os principais conceitos de Habermas no que tange à maneira como a
crise do capitalismo extrapolou do campo econômico e atingiu o social.

OBJETO CIENTIFICO

Vamos iniciar esta aula com as palavras de Bourdieu:

“Construir um objeto cientifico é, antes mais e, sobretudo,


romper com o senso comum, quer dizer, com as representações
partilhadas por todos, quer se trate dos simples lugares-comuns
da existência vulgar, quer se trate das representações oficiais,
frequentemente inscritas nas instituições, logo, ao mesmo
tempo, na objetividade das organizações sociais e nos
cérebros”.- (Bourdieu)

Partindo de Bachelard e Canguilhem, que, na observação de Foucault, são essenciais para


a compreensão de toda uma série de discussões que ocorreram entre os marxistas
franceses, Bourdieu sublinha a hierarquia epistemológica dos atos de produção científica
evidenciando a existência histórica da autonomia científica ligada ao passado da ciência
e à institucionalização das principais universidades dos países centrais do sistema
capitalista mundial. O que não explicita, mas parte dele como realidade social.

"Mas suprimam Canguilhem e vocês não compreenderão mais


grande coisa de toda essa série de discussões que ocorreram
entre os marxistas franceses; vocês não mais apreenderão o que
há de especifico em sociólogos como Bourdieu, Castel,
Passeron, e que os marca tão intensamente no campo da
sociologia [...]". - (Foucault)

REFLEXIVIDADE EPISTEMOLÓGICA SOBRE AS CIÊNCIAS

Bourdieu, assim como Foucault, tem um grande interesse no legado de Husserl e, se


opondo à Sartre, entende que a filosofia é uma reflexividade epistemológica sobre as
ciências.

“As estratégias dos agentes e das instituições sociais envolvidas


em lutas literárias e artísticas não são definidas através de uma
simples confrontação de possibilidades. Pelo contrário,
dependem da posição que esses agentes ocupam na estrutura do
campo (na estrutura do capital específico).”
- (Bourdieu)

A explicação reside na analogia entre estrutura do espaço social e a estrutura do campo


específico, quando Bourdieu questiona: “Será que a sociologia e a historiografia, que
revelam a relatividade de todo conhecimento ao se reportarem às suas condições
históricas, não estão condenadas a reconhecer a sua própria relatividade, e assim forçadas
a condenar-se a si próprias a um relativismo nihilista?”

Segundo Bourdieu, seriam o autor, a teoria, a própria natureza e os leitores, todos efeitos
do texto. Isso quer dizer que os enunciados também sofrem com a existência de um campo
de produção de discurso especializado que é condição de aparecimento de uma luta entre
a ortodoxia e a heteroxia. Sabemos o quanto o discurso da academia é ritualizado e o que
proferido fora dela mantido apenas como uma opinião (doxa).

EFEITO DE VERDADE NO DISCURSO DA CIÊNCIA


Existe, então, um efeito de verdade no discurso da ciência, para tanto é necessário que o
pesquisador (o cientista) vire suas armas contra si mesmo, para ficar diante de sua
perspectiva de investigação, ficando próximo do que ele chama-se sócio-análise do
empreendimento científico, uma sociologia da sociologia, não um epistemologia da
sociologia.

A própria noção de campo social é deflagrada por ele como um exemplo de um


instrumental teórico pré-determinado, sendo que ela deve ser um campo relacional que
aponte para a própria construção do objeto científico.

A INFLUÊNCIA DE NIETZSCHE

A influência de Nietzsche se faz sentir no adágio Deus está morto e a existência humana
é marcada pela finitude e por uma historicidade radical, o que faz com que muitos o
chamem de pós-estruturalistas.

O próprio Bourdieu se inspirou, em primeiro momento, no estruturalismo, mas depois


tornou-se um crítico. Bourdieu crê que sua obra está dentro de uma visão do
construtivismo sociológico.

Na sociologia reflexiva de Bourdieu, os motivos, as intenções e o comportamento


observável concretizado passam, necessariamente, por Marx e seus conceitos como
alienação, mercadoria fetiche, ideologia e falsa consciência.

A ação social humana consiste tanto em uma dimensão de relações objetivas como numa
dimensão de envolvimento subjetivo, assim se assemelhando a uma orquestra que toca
sem maestro: as pessoas normais atuam de forma razoavelmente adequada às situações,
evidenciando que não prestam atenção ao discurso.

OPOSIÇÃO AOS FILÓSOFOS


A abordagem de Bourdieu abarca tanto o agente quanto a estrutura, o discurso como a
ação, respeitando as suas lógicas não só diferentes quanto antagônicas, até porque o
discurso não provoca a ação, nem a explica e nem tão pouco se explica.

Bourdieu ia de encontro à doxa (opinião) dominante dos filósofos. Veja alguns exemplos.

Dá exemplos de resistência a uma academia tradicional com Kuhn (EUA) e Deleuze,


Althusser e Foucault (Paris), embora estes conservavam uma posição filosófica
dominante, não partindo para o campo empírico.

Bourdieu alfineta Foucault quando diz que não adianta procurar a arqueologia e a
genealogia das ciências humanas enquanto tiverem como horizonte a filosofia da filosofia
e não questionarem a influência das condições sociais de uma dada atividade sobre o
estatuto dessa atividade, para que a filosofia não se escondesse na nota de rodapé.

Em relação à Habermas, Bourdieu faz uma crítica dizendo que, de certa forma, ele se
manteve também fora do campo empírico.

A SOCIOLOGIA DE GIDDENS

A sociologia de Giddens propõe novos conceitos, abandona categorias clássicas relativas


à sociedade e ao individuo, centra suas análises na continuidade da vida social ou na sua
recursividade, na qual se estabelece uma relação dialética entre sujeito e objeto, ação e
estrutura, reprodução e inovação. Bourdieu segue linha muito semelhante.

É preciso ter muito cuidado para não se cometer o equívoco, muito frequente, de entender
que a crítica de Giddens ao estruturalismo de Lévi-Strauss.

No estruturalismo de Lévi-Strauss, os modelos e as operações estruturais são elaborados


em elevado grau de abstração, conduzindo-nos a uma visão substantiva da estrutura
social.

Nos termos propostos pela teoria de Radcliffe-Brown, a estrutura segundo Giddens


também não pode ser observada, contudo, ela é real, se realiza e se transforma no curso
da vida social, na prática cotidiana, na interação de esquemas individuais de entendimento
da realidade social, na manipulação, enfim, das categorias pelos indivíduos.
ESTRUTURALISMO DE BOURDIEU E GIDDENS

Na obra de Lévi Strauss existem vários aspectos que favorecem à leitura do estruturalismo
de Bourdieu e Giddens, dado que, segundo Giddens:

“A modernidade alimenta um clima geral de incerteza que o


indivíduo acha perturbador por mais que trate de removê-lo da
linha de frente de suas preocupações; inevitavelmente expõe
todos a uma diversidade de situações de crise de maior ou menor
importância, situações essas que podem algumas vezes ameaçar
o próprio centro de auto-identidade”.
- (Giddens)

Habermas e a Ação Comunicativa

De que maneira Habermas analisa a crise do capitalismo que extrapolou do campo


econômico e atingiu o social?

Para Habermas a Linguagem serve como garantia da democracia, uma vez que a própria
democracia pressupõe a compreensão de interesses mútuos e o alcance de um consenso.
Contudo, para que a Linguagem assuma este papel democrático, no pensamento
habermasiano é necessário que a comunicação seja clara.

Para Habermas, a distorção de palavras e de sua compreensão impede uma comunicação


efetiva, o consenso e, portanto, a prática efetiva da democracia.

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, Marilena Convite à Filosofia. Rio de janeiro: Ática, 1995 MARCONDES,


Danilo. Iniciação à História da Filosofia - Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de
Janeiro: Zahar, 2002.

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