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“São as linguagens da arte que nos fazem vivenciar na vida e na sala de aula a
emoção, a sensibilidade, o pensamento, a criação, seja ela através de nossa própria
produção, seja através das obras dos mais diversos autores e artistas...”
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Frase retirada do livro “Teoria e Prática do Ensino da Arte” – A língua do Mundo de Mírian Celeste Martins, Gisa Picosque, M. Terezinha Telles Gerra, ED.
FTD
PARA REFLETIR:
(...) antes de ser preparado para explicar a importância da Arte na educação, o professor
deverá estar preparado para entender e explicar a função da arte para o indivíduo e a
sociedade.
A Arte não tem importância para o homem somente como instrumento para
desenvolver sua criatividade, sua percepção, etc., mas tem importância em si mesma, como
assunto e objeto de estudos (Barbosa, 1975, pp 90 e 113).
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Fragmento retirado do livro “Metodologia do Ensino da Arte” de Maria Heloísa C. de T. Ferraz e Maria F. de Rezende e Fusari ED. CORTEZ
Será uma pequena viagem no tempo que nos proporcionará um melhor entendimento sobre
quem éramos, o que somos e quem queremos ser como educadores.
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UM “PAPINHO” BREVE
A Arte passeia pelo TEMPO, MEMÓRIA e HISTÓRIA. Esse passeio nos permite
compreender porque a Arte é uma importante disciplina escolar nos dias de hoje, mesmo
sofrendo o estigma de que é apenas um momento de relaxamento entre as “disciplinas mais
importantes”, as que te colocarão na faculdade um dia. Um momento para pintar desenhos
xerocados e fazer bagunça.
O aluno precisava dominar o desenho, para depois seguir com a pintura, escultura,
gravura e afins.
PARA ESCLARECER:
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UMA ESPIADINHA PARA ENTENDER MELHOR:
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ARTE NEOCLÁSSICA – NOVO CLÁSSICO
Mas voltando ao Neoclassicismo; por ser uma estética trazida pelos franceses – e o Brasil
valorizava demais o que vinha da Europa – a Arte passou a ser considerada algo de elite, de
“luxo”, pois para adquirir técnica era preciso estudo. Para estudar em determinadas
academias precisava de dinheiro. Quem pintava, com o intuito de se tornar um artista, de
certo modo, tinha uma boa condição financeira. Alguns alunos até estagiaram com famosos
artistas europeus.
O Ensino de arte era bem tradicional. O professor detém todo o saber e o aluno só
reproduz.
“... O objetivo do professor era que o aluno tivesse boa coordenação motora, precisão,
que aprendessem técnicas e adquirissem hábitos de limpeza e ordem nos trabalhos e que
estes, de alguma forma, fossem úteis na preparação para a vida profissional, já que eram, na
sua maioria, desenhos técnicos ou geométricos. O desenho deveria servir à ciência e à
produção industrial, utilitária. ...”
Frase retirada do livro “Teoria e Prática do Ensino da Arte” – A língua do Mundo de Mírian Celeste Martins, Gisa Picosque, M. Terezinha Telles Gerra, ED.
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Nas aulas da Escola Tradicional, abrangiam noções de proporção, perspectiva,
construções geométricas, composição e esquemas de luz e sombra. Parece familiar, não é?
Pouco tempo depois foram inseridas as artes domésticas e os trabalhos manuais, ditas
“artes femininas”. As meninas permaneciam em casa, onde eram preparadas com aulas de
música e bordado. Era comum as famílias se reunirem para verem apresentações de piano,
violino e canto das mulheres da casa. A mulher era treinada para cuidar do lar e o homem
para trabalhar em fábricas.
Entre o final do século lXX e início do século XX, muitos artistas brasileiros estavam
vivendo na Europa para estudar e aprimorar seus conhecimentos. Eles acompanhavam as
novas mudanças que buscavam novos caminhos para a Arte, e alguns deles chegaram
mesmo a ter contato com alguns dos novos artistas que causariam grande sensação no
Ocidente, como Pablo Picasso por exemplo. Era o início da Arte Moderna. Quando esses
jovens artistas brasileiros - como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral - voltaram para o Brasil,
acabaram trazendo essas novas ideias para a Arte que acabaram influenciando diversos
intelectuais, não apenas artistas, mas também escritores, sociólogos, antropólogos e
claro...educadores.
Trazer essas novas ideias para o Brasil, não significava esquecer tudo aquilo que tinha
sido aprendido e vivenciado do modelo europeu, e sim aproveitar aquilo que era bom que
vinha de fora e mesclar com as novas bagagens modernas. Nasce aí o termo ANTROPOFAGIA.
A proposta dos modernistas era a de assimilar outras culturas, mas não copiar. A marca
símbolo do Movimento Antropofágico é o quadro Abaporu (1928) de Tarsila do Amaral, o qual
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foi dado de presente ao marido, Oswald de Andrade.
Abaporu
Na pintura vemos um homem com grandes pés e mãos, e ainda o sol e um cacto. Estes
elementos podem representar o trabalho físico que era o ofício da maior parte da população
brasileira naquele período.
Por outro lado, a cabeça pequena pode significar a falta de pensamento crítico, de quem se
limita a trabalhar com a força braçal, sem pensar muito, sendo então uma possível crítica
à sociedade daquela época.
Há um tempo atrás, nós do Paleta Pedagógica, criamos uma HQ (história em quadrinhos) para
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explicar melhor esse termo que ainda causa estranheza em muitas pessoas. Vamos relembrar?
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Estados Unidos.
A “Pedagogia Nova” chega ao Brasil a partir de 1930, mas só começa a ganhar força
realmente nas décadas de 1950/60 com as chamadas ESCOLAS EXPERIMENTAIS.
Além dos novos caminhos para a Arte propostos pelos modernistas – a busca por uma
maior liberdade de expressão e valorização de nossa própria cultura, algo mais voltado para
a realidade brasileira – houve também a preocupação em transmitir e compartilhar essas
ideias a partir de um novo modelo de ensino de Arte nas escolas com destaque para a
“expressão”, valorizando aspectos subjetivos e individuais em todas as atividades artísticas ,
enfatizando mais as características afetivas do que as intelectuais.
Com base nesses movimentos, surge a “Escolinha de Arte do Brasil”, criada e liderada
por Augusto Rodrigues, no Rio de Janeiro, em 1948, tendo como base os princípios da
“Educação pela Arte”.
Estava muito preocupado em liberar a criança através do desenho, da pintura. Comecei a ver que
o problema não era esse, era um problema muito maior, era ver a criança no seu aspecto global,
a criança e a relação professor-aluno, a observação do comportamento delas, o estímulo e os
meios para que elas pudessem, através das atividades, terem um comportamento mais criativo,
mais harmonioso.
As crianças vinham cada vez mais, e as idades eram as mais diferentes. Felizmente, tínhamos 2
coisas muito positivas para um começo de experiência no campo de educação, através de uma
escola. A experiência era feita em campo aberto, e a diferença de idades também foi outra coisa
fundamental para que eu pudesse entender, um pouco, o problema da criança e o da educação
através da Arte. Deveríamos ter um comportamento aberto, livre com a criança; uma relação em
que a comunicação existisse através do fazer e não pelo que pudéssemos dar como tarefa ou
como ensinamento, mas através do fazer e do reconhecimento da importância do que era feito
pela criança e da observação do que ela produzia. De estimulá-la a trabalhar sobre ela mesma,
sobre o resultado último, desviando-a, portanto, da competição e desmontando a ideia de que ali
estavam para ser artistas...
“Metodologia do Ensino da Arte” de Maria Heloísa C. de T. Ferraz e Maria F. de Rezende e Fusari, p. 31 e 32 - ED. CORTEZ
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Escola Nova, que buscava ver o aluno como um ser criativo, que precisava ter todas as
condições possíveis para a expressão artística, acreditando-se, que com isso, ao “aprender
fazendo”, também saberiam fazê-lo cooperativamente na sociedade.
Presente ainda hoje, com origem a partir da segunda metade do século XX, no mundo
e em 1960/1970 no Brasil, a “Pedagogia Tecnicista” parte do princípio que o aluno e o
professor ocupam uma posição secundária. O elemento principal é a organização técnica da
aula e do curso. Tudo deveria se mover como uma engrenagem de forma metódica. Os
professores deveriam entender o planejamento e seus planos de aulas (centrados apenas nos
objetivos) e deviam apresentá-las de forma minuciosa. Como recurso didático a tecnologia
era essencial, simbolizando uma “modernização” do ensino. Nas aulas de Arte, os alunos
deviam aprender a construir com materiais simples como sucata e outros materiais
diversificados e se expressar de forma totalmente espontânea, o que na maioria dos casos
parecia haver pouco compromisso com o conhecimento das linguagens artísticas. Por conta
da falta de bases teóricas mais fundamentadas muitos professores valorizavam as atividades
dos livros didáticos, apesar da qualidade dos mesmos serem duvidosas enquanto recurso de
conceitos de Arte. O “BUM” do mercado de livros didáticos foi nos anos 70 e 80.
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Acreditando que a escola tem um papel específico com relação as mudanças nas
ações culturais, nos anos 80 educadores e pesquisadores brasileiros se esforçaram
em criar e discutir práticas e teorias de educação baseadas na realidade do aluno. Um
convite a discutir ações e as ideias que queremos modificar na educação em Arte como um
desafio e compromisso com as transformações da sociedade desde os tempos mais remotos.
É como se a Antropofagia se fizesse presente também na arte-educação, incorporando as
qualidades de todas as tendências pedagógicas (tradicional, nova, tecnicista, libertadora),
acrescentando a elas a realidade e a crítica.
(...) AGIR NO INTERIOR DA ESCOLA É CONTRIBUIR PARA TRANSFORMAR A PRÓPRIA SOCIEDADE. CABE A ESCOLA
DIFUNDIR OS CONTEÚDOS VIVOS, CONCRETOS, INDISSOLUVELMENTE LIGADOS ÀS REALIDADES SOCIAIS. OS MÉTODOS
DE ENSINO NÃO PARTEM DE UM SABER ESPONTÂNEO, MAS COM UMA LIGAÇÃO DIRETA COM A EXPERIÊNCIA DO
ALUNO CONFRONTADA COM O SABER TRAZIDO DE FORA. O PROFESSOR É MEDIADOR DA RELAÇÃO PEDAGÓGICA –
UM ELEMENTO INSUBSTITUÍVEL. É PELA PRESENÇA DO PROFESSOR QUE SE TORNA POSSÍVEL UMA “RUPTURA” ENTRE A
EXPERIÊNCIA POUCO ELABORADA E DISPERSA DOS ALUNOS, RUMO AOS CONTEÚDOS CULTURAIS UNIVERSAIS,
PERMANENTEMENTE REAVALIADOS FACE ÀS REALIDADES SOCIAIS (Cenaform 1983, p. 30)
Tal pedagogia tem como objetivo possibilitar que todo o estudante tenha o “acesso e
contato com os conhecimentos culturais básicos” e necessários para uma prática social viva e
transformadora.
Sendo assim, Ana Mae Barbosa, nos mostra a importância de se conhecer a História da
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Arte e nela saber intervir sempre de forma consciente.
Ana Mae Barbosa, sempre deixou bem claro sua preocupação com a democratização
do conhecimento da Arte, de sua grande responsabilidade em buscar uma educação de
qualidade e aproximarmos ainda mais a população do universo artístico e estético (acesso
aos museus, centros culturais e meios de comunicação).
Através de suas obras, fica ainda mais claro o papel do professore de Arte e a
importância de seu trabalho durante o processo ensino-aprendizagem. O ensino da Arte
precisa ser recuperado e valorizado através de seu processo histórico para que sejam
percebidas “as realidades pessoais e sociais”, aqui e agora e possamos aprender a lidar de
forma crítica com essas realidades.
Sem dúvida uma das propostas pedagógicas mais importantes na área de Arte-
Educação é a conhecida “METODOLOGIA TRIANGULAR” do ensino da Arte, que tem como
base três importantes elementos do conhecimento em Arte: A PRODUÇÃO, O “FAZER
ARTÍSTICO”; A REFLEXÃO, “A ANÁLISE DAS OBRAS DE ARTE”; E A CONTEXTUALIZAÇÃO, “A
HISTÓRIA DA ARTE”. Essa Metodologia foi desenvolvida e pesquisada no Museu de Arte
Contemporânea da USP (MAC/USP). No início da década de 1990, é difundida em todo Brasil.
É muito importante que possamos criar um ensino através da Arte que possa atender as
necessidades individuais e sociais dos alunos, suas áreas de interesse e, ao mesmo tempo, dar
a eles o domínio e os conhecimentos básicos da Arte. O professor precisa sempre se atualizar
com práticas e ações educativas principalmente com as crianças: É PRECISO SABER ARTE E
SABER SER PROFESSOR DE ARTE.
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ARTE É CONHECIMENTO
Assim, a Arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela. Por
ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a Arte é um patrimônio
cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber.
ATENÇÃO!
Desde a época em que habitava as cavernas, o ser humano vem manipulando cores,
formas, gestos, espaços, sons, silêncios, superfícies, movimentos, luzes, etc., com a intenção de
dar sentido a algo, de comunicar-se com o outro.
Não é raro que alguém, frente a uma tela ou numa sala de concerto, teatro ou cinema,
diga: “Isto é pintura?”; “Essa confusão de borrões até eu faço!”; “Isto é música? Uma
barulheira infernal!”; “Ópera? Me dá sono!”; “Não entendi nada!”
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Na verdade, na maioria das vezes não entendemos nada mesmo! Algo semelhante
ocorre quando cai em nossas mãos um livro com textos em árabe, chinês, grego ou qualquer
outro idioma que não compreendemos. Nossa reação é idêntica: “Não entendi nada, não sei
ler essa língua!”
É por meio delas que poderemos compreender o mundo das culturas e o nosso eu
particular. Assim, mais fronteiras poderão ser ultrapassadas pela compreensão e interpretação
das formas sensíveis e subjetivas que compõe a humanidade e sua multiculturalidade.
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“Teoria e Prática do Ensino da Arte” – A língua do Mundo de Mírian Celeste Martins, Gisa Picosque, M. Terezinha Telles Gerra, ED. FTD
“A disciplina escolar Arte é uma área de conhecimento humano, como também o são as
disciplinas de Matemática, Geografia, Inglês, etc. Isso ocorre porque a arte é uma forma
específica de conhecer o mundo, vivenciá-lo e reinventá-lo; de conhecer as diferentes formas
com as quais as pessoas se relacionam. Os artistas, assim como os outros profissionais,
contribuem para o desenvolvimento da cultura, da identidade de um povo e de um país.”
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Frase retirada do livro ARTE DE PERTo, Volume único – Ed. Leya (PNLD2018) p.11
O QUE É A BNCC?
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a promoção de uma educação integral voltada ao acolhimento, reconhecimento e
desenvolvimento pleno de todos os estudantes, com respeito às diferenças e enfrentamento à
discriminação e ao preconceito. Assim, para cada uma das redes de ensino e das instituições
escolares, este será um documento valioso tanto para adequar ou construir seus currículos
como para reafirmar o compromisso de todos com a redução das desigualdades
educacionais no Brasil e a promoção da equidade e da qualidade das aprendizagens dos
estudantes brasileiros.”
Mendonça Filho
Ministro da Educação
Introdução:
Desde a Constituição de 1988, já havia uma discussão sobre a necessidade de adequar
os currículos educacionais a realidade brasileira. Respeitando a diversidade sócio cultural de
nosso país, afim de assegurar uma base comum.
Em 1996, com a nova LDB (PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais, DCN -Diretrizes do
Currículo Nacional) surge a ideia de desenvolver projetos nas escolas. A partir de 2015 é que,
de fato, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) começou a ser construída. E finalmente
em 2017, o documento oficialmente se tornou público, pronto para ser colocado em prática.
Atenção: A BNCC não é currículo! Ela indica, o ponto onde se quer chegar, o objetivo
final. É uma base de orientação. Assim como competência não é o mesmo que habilidade.
Competência = objetivo a ser chegado. Habilidade= o caminho que você vai levar para
chegar aos objetivos.
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