Você está na página 1de 72

Curso

2º Encontro
HISTÓRIA DA ARTE ARTE RUPESTRE
MÓDULO 1 – IDADE ANTIGA

Mediação: Wladimir Wagner


Projeto Arte&Cultura no TRF3
Pró-Social/EMAG
Dois significados distintos para a palavra arte

O exercício de atividades tais como edificação de templos e casas,


a realização de pinturas e esculturas, ou a tessitura de padrões
presente em todo o mundo.

Alguma espécie de belo artigo de luxo para, algo para nos deleitar
em museus e exposições, ou uma coisa muito especial para usar
como preciosa decoração na sala de honra, significado de uso
recente.
Funcionalidade
do objeto de arte

É improvável que compreendamos a arte do


passado se desconhecermos os propósitos a que
tinha que servir
Em que sentido chamamos nossos
ancestrais de “primitivos”?
É impossível entender esses estranhos começos se
não procurarmos penetrar na mente dos povos
primitivos e descobrir qual é o gênero de
experiência que os faz pensar em imagens como
algo poderoso para ser usado e não como algo
bonito para contemplar.
Pintura na caverna de Lascaux, c. 15.000-10.000 a. C.
Magia da imagem

“A explicação mais provável para essas pinturas rupestres


ainda é a de que se trata das mais antigas relíquias da
crença universal no poder produzido pelas imagens”

Caçadores imaginavam exercer poder sobre sua presa


através da imagem
Os artistas trabalham para gente de sua
própria tribo, que sabe exatamente o que
cada forma ou cada cor pretende significar.
Exemplos paralelos

- Bandeira nacional
- Anel de noivado ou casamento
- Árvore de Natal
Lintel da Casa de um chefe maori, começo do século XIX, madeira talhada, 32 x 82
cm, Museu do Homem, Londres.
Diretrizes estabelecidas, prevalência da importância do
significado.

O domínio técnico de alguns artífices tribais é deveras


surpreendente.

Uma coisa ser difícil de fazer não prova que se trata de


uma obra de arte.

Não é o padrão de capacidade artística desses artífices


que difere dos nossos, mas suas ideias.

A história da arte é uma história de ideias, concepções


e necessidades em permanente evolução.
“É cada vez maior o número de provas que
sob certas condições, os artistas tribais
podem produzir obras tão corretas na
representação e na interpretação da
natureza quanto o mais hábil trabalho de um
mestre ocidental.”
À esquerda: Cabeça de um negro,
provavelmente representando um rei (Oni), de
Ife, Nigéria, séculos XII-XIV, Bronze, altura 36
cm; Museu do Homem, Londres
“O nativo aceita a impressão que ele lhe causa
como um símbolo do seu poder mágico.”
Oro, deus da Guerra, do Taiti, século XVIII, madeira
coberta de fibra vegetal entrançada; comprimento
66 cm; Museu do Homem, Londres
Máscara ritual da região do Golfo de Papua, Nova Guiné,
c. 1880, madeira, casca de árvore e fibra vegetal, altura
152,4 cm; Museu do Homem, Londres
Modelo da casa de um chefe haida do século XIX,
índios da costa noroeste, American Museum of
Natural History, Nova York
Cabeça do Deus da Morte, de um altar maia de pedra encontrado em Copan, Honduras, c. 500-
600 d. C., 37 x 104 cm; Museu do Homem, Londres
Tudo o que nos resta das grandes
civilizações da América antiga é a sua
“arte”.
Máscara de dança inuit, do Alasca,
c. 1880, madeira pintada, 37 x 25,5
cm; Museum für Völkerkunde,
Staatliche Museen, Berlim
Os americanos
pré-colombianos sabiam perfeitamente
representar a face humana de maneira
naturalista.
Vaso na forma de um homem de um
olho só, encontrado no Vale
Chicanna, Peru, c. 250-550, d. C.,
barro, altura 29 cm; Instituto de Arte,
Chicago
Tatloc, o deus da chuva asteca, séculos
XIV-XV, pedra, altura 40 cm; Museum für
Völkerkunde, Staatliche Mussen, Berlim
“Sabemos muito pouco a respeito dessas
origens misteriosas, mas, se quisermos
compreender a história da arte, será
conveniente recordar, vez por outra, que
imagens e letras são na verdade parentes
consanguíneos”
Evolução da
escrita
Reflexões para próximo encontro

Qual a função da arte?

Proposta de atividade
Que tipo de construção poderia ter sido a Torre de
Babel?
Pintura Rupestre

Cavernas de Lascaux - 15000 a.C.


Bisão, c. 12-11.000 a.C., Altamira, Espanha
Cavalos e impressão de mãos, c. 22.000
a.C., Pech-Merle, França
Hall dos Touros, c. 15-13.000 a. C., Lascaux, França
Rinoceronte, homem e bisão, Lascaux, França
Leão, c. 30-25.000 a. C., Chauvet, França
Menires

Menires - Os alinhamentos de Carnac - 4500 a.C. -


Neolítico
Dolmens

Dolmen Mont Grantz – 4000 a 3250 a.C.


Tumba Megalítica, c. 2.000 a. C., Esse, França
Le Couperin

Le Couperin – c. 3000 a.C. (Neolítico)


Cromeleque

Stonehenge –
Inglaterra
Construído em 3
fases entre 3050
aC e 1600 aC
Stonehenge
Reconstituição
Nurague

Nuragues – Saraigne, Itália - ? a.C.


O conceito espacial na pré-história
Períodos da História
(segundo os europeus)

Pré-História Se estende da origem da humanidade


até o desenvolvimento da escrita, por
volta de 3500 a.C.

Idade Antiga Do desenvolvimento da escrita até a


desagregação do Império Romano do
Ocidente, em 476.

Idade Média Da desagregação do Império Romano


do Ocidente até a tomada de
Constantinopla pelos turcos, em 1453.

Idade Moderna Da tomada de Constantinopla pelos


turcos até a Revolução Francesa, em
1879

Idade Contemporânea Da Revolução Francesa até os dias de


hoje.
Arte Pré-Histórica

Consideramos como arte pré-histórica todas as


manifestações que se desenvolveram antes do
surgimento das primeiras civilizações e portanto antes
da escrita. No entanto isso pressupõe uma grande
variedade de produção, por povos diferentes, em locais
diferentes, mas com algumas características comuns.
Concepção espacial na Arte Pré-Histórica

A Pré-História é o estado pré-arquitetônico do desenvolvimento humano.

Pré-História Estado Pré-


Arquitetônico
Espaço vertical Egito e Suméria Desenvolvimento da
e horizontal até Pantheon e arquitetura com
Roma predomínio sobre a
pintura e escultura
Espaço circular Pantheon até Segunda Concepção
século XIX de espaço
Construções Séc. XX Terceira concepção de
com outras espaço
formas
Intangibilidade do Espaço

É possível dar limites ao espaço, mas por sua natureza o


espaço é ilimitado e intangível

SÃO NECESSÁRIOS MEIOS PARA QUE O ESPAÇO SE


TORNE VISÍVEL

Deve adquirir formas fixadas pela natureza ou pelo homem

No domínio da arquitetura o espaço é conhecido por meio


da observação, em que os sentidos da visão e do tato
estão interligados.
Natureza da Concepção Espacial

Vacuidade: O homem toma conhecimento do vazio que o cerca e lhe


dá forma e impressão psíquicas.

O efeito dessa transfiguração, que ergue espaço até o domínio das


emoções é denominado CONCEPÇÃO ESPACIAL.

- retrata as relações do homem com o seu meio

CONCEPÇÃO ESPACIAL é o registro psíquico das realidades com


que o homem se defronta.

Concretiza sua necessidade de se por de acordo com o mundo, de


dar uma expressão gráfica à sua posição perante aquele.
Concepção Espacial da Arte Primeva

Renascimento  Projeção de perspectiva


Egípcia  Planos horizontais e verticais
Na Arte Neolítica  abstrações geométricas
pairam no espaço

SENTIMENTO DE ORDEM está enraizado na natureza humana há


mais de 5.000 anos (Egito e Suméria)

A composição pictórica dos artistas pré-históricos não é racional para o


nosso modo de pensar.

A simetria se estabeleceu como condição absoluta de ordem


O homem paleolítico observava as coisas e o espaço de um modo
diferente daquele que nos habituamos.

O material bidimensional não é um meio de expressão adequado


para os esquimós.

Os homens pré-históricos assim como os esquimós tem uma forma


ordenada de ver diferente que nós não podemos captar em razão de
nossa sofisticação no modo de ver.

O homem pré-histórico não morava nas cavernas, apenas abrigava-


se em saliências e grutas (perto de fissuras rochosas) onde era
possível a fumaça escapar.

As cavernas eram santuários.


Caverna não é arquitetura.
- ausência de luz
- labirinto
Eles escolhiam as cavernas porque acreditavam que eram dotadas
de poderes extracepcionais.
Eles escondiam seus signos secretos e figurações.
Características da arte rupestre

Arte utilitária ou mágico-religiosa

Completa
independência e
liberdade de visão é o
traço característico da
concepção de espaço
da arte primeva.

Caverna de Lascaux,
França. 25.000 a.C.
Abstração

Pessoas ficam profundamente incomodadas


quando veem obras abstratas
Toca Pedra Furada
Kandinsky
-A concepção de espaço muda quando o
homem se torna sedentário

- Arquitetura é uma intervenção do


homem ao meio

- A figura do homem apareceu na


pintura e a feminina na escultura

- Paleolítico – pedra lascada – primeiros


objetos – pinturas e esculturas
naturalistas (ossos de animais e chifres
de renas)

- Neolítico – pedra polida – plantio e


criação de animais- pinturas de
atividades coletivas – desenho rápido e
esquemático
Venus Willendorf,
c. 20.000 a.C.
10,5 cm altura - Pintar era possuir e dominar a
Viena Kunsthistorisches Museum natureza
Venus Willendorf,
c. 20.000 a.C.
10,5 cm altura
Viena Kunsthistorisches Museum
Mulher cavada na Rocha
cerca de 25-20.000 a.C.,
Laussel, França
Bisão em Barro, 15-10.000 a.C., Ariege, França
- Homo Sapiens – mais ágil e mais inteligente,
mais preparado para enfrentar a luta pela
sobrevivência.
- No meio dos caçadores foram surgindo artistas.
- Detalhes eram abolidos para não particularizar
o animal e dificultar o efeito da magia.
- O homem pré-histórico interpreta a natureza e
expressa através da forma que dá aos diferentes
animais aquilo que cada um deles significa.
- Figuras femininas em pedra ou marfim –
tendência à simetria e a geometrização formal.
(pequenas)
- Nuragues, menires, dolmens, cromlechs
Arte Pré-Histórica no Brasil
Toca do Boqueirão da Pedra Furada

Demonstrou-se
que, ao
contrário do que
afirma a teoria
clássica , o
homem
penetrou no
continente
americano
muito antes de
30.000 anos.
Toca do Boqueirão da Pedra Furada
Este sítio abriu uma brecha no que se pensava explicado. Na
década de 70/80 textos acadêmicos afirmavam que
esta região, durante a pré-história, tinha sido
"provavelmente nunca habitada". A resistência à
mudança atingiu também os meios acadêmicos e durante
mais de uma década os novos fatos não foram aceitos.

Mas os achados do Boqueirão da Pedra Furada foram tantos e


tão bem datados que originaram uma revolução na
arqueologia americana.

Este Museu-Sítio é um monumento da pré-história. Grupos


humanos, durante milênios pintaram em suas paredes
constituindo um verdadeiro registro de comunicação. A
síntese visual de uma história, escrita durante 29.000 anos,
sobreviveu a violentas alterações climáticas, e hoje tenta
resistir à depredação humana.
Formação do sítio:

Este sítio formou-se em uma costa arenítica e apresenta três


setores, uma parte central e duas laterais que convergem em
um ângulo de 130 graus. Uma grande fenda na parte central
da parede, resultado da erosão, dá a impressão ótica de uma
conjunção de duas formações areníticas mas trata-se apenas
de uma.

A parede do sítio está em avançado estado de desagregação.


A parte central é a melhor conservada, apresentando uma
série de cavidades formadas há muito tempo. Nos setores
laterais aparecem afloramentos de sais responsáveis pelos
desprendimentos de estratos da rocha. Alterações climáticas
e o avanço do processo de desertificação originaram este
processo de degradação rochosa.

O sítio tem 70 metros de comprimento e as pinturas estão


distribuídas sobre toda a parede em alturas variáveis em
relação ao solo atual, chegando até a 8 metros de altura.
Pintura no Boqueirão da Pedra Furada
Gravuras Rupestres no
Parque Nacional Serra da Capivara
Pintura da Tradição Nordeste na Toca da Bastiana livre do depósito de calcita
Pintura rupestre da Toca do Baixão da Vaca
Pintura rupestre da Toca do Barro
Pintura rupestre da Toca do Salitre
Pintura rupestre na Toca da Entrada do Pajaú
Pintura rupestre na Toca do Fundo do
Baixão da Pedra Furada
Pintura rupestre no Boqueirão da Pedra Furada
Wladimir Wagner Rodrigues
wrodrigu@trf3.jus.br

Você também pode gostar