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Teorias clássicas do comércio:

mercantilismo e vantagens absolutas de Adam Smith

GONÇÁLVES, R.; BAUMANN. A nova economia Internacional: uma perspectiva


brasileira. Rio de Janeiro, Campus, 1998, p. 3-14.

Complementares:

SMITH, Adam. Investigação sobre a natureza e as causas da Riqueza das Nações. Ed.
Abril: São Paulo, 1974. Cap 1- 3, p. 13-26.

AMAYO ZEVALLOS, E. “Por uma América indígena”. In: _____ Caminhos do saber
plural, USP, n. 7, 1999, p. 2-16.

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Introdução
A partir do século XVI a economia europeia se expande (navegações)
e se torna mais complexa

Maioria dos territórios europeus, governados por Reis

Tratado de Westphalia (1648)

Discussão sobre fortalecimentos das economias e gasto com a guerra

Guerra é boa ou ruim para a economia de uma país?

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... não é exagero dizer que o rápido crescimento industrial da Alemanha é o maior
monumento político gerado pelo impacto, na Europa, dos produtos alimentícios
americanos... igualmente, o extraordinário crescimento do poder e da população da
Rússia nos séculos XIX e XX tem a ver com a superioridade da batata... como alimento
básico de uma sociedade em processo de industrialização... O aumento da população e
a expansão da industrialização na Europa do norte, com seu resultante impacto na
distribuição do poder a partir de 1750, simplesmente não poderia ter acontecido sem a
alimentação gerada pela expansão da batata nos campos de cultivo. Nenhum outro
produto americano desenvolveu papel tão decisivo no cenário mundial... McNeill: 50-51

Viola, H.J. e Margolis, C. (organizadores) Seeds of Change - Five Hundred Years


Since Columbus. Smithsonian Institution, Washington and London, 1991.

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... outras consequências diretas da conquista e da colonização das Américas
ainda estão conosco ... transformaram o tecido da vida européia para sempre.
E também a de outros continentes. Quando a história econômica, social e
cultural do mundo moderno for escrita em termos realistas, a conquista
do Sul da Europa feita pelo milho, do Norte e Leste da Europa pela
batata, e das duas regiões pelo tabaco, e mais recentemente pela Coca-
Cola, parecerá mais proeminente do que o ouro e a prata em nome dos
quais as Américas foram subjugadas

Hobsbawn, E.J. Pessoas Extraordinárias. Resistência, Rebelião e Jazz.


Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1998

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1- Mercantilistas (séculos XVI e XVII) –
A Economia seria definida como um ramo do conhecimento essencialmente voltado para
a melhor administração do Estado-Nação, sob o objetivo de promover seu
fortalecimento

Defendem que o principal caminho para o enriquecimento de um país seria a


acumulação de metais preciosos (destaque para ouro e prata que eram usados
como moedas)

Vantagens de se usar esses materiais como moedas:

1- difícil falsificação;

2 - durabilidade e

3 – possibilidade de se subdividir em frações menores

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John Locke (1696, p. 19): raciocínio sobre o câmbio

Nascimento: 29 de agosto de
1632, Wrington, Reino Unido
Falecimento: 28 de outubro de
1704, High Laver, Reino Unido
Nacionalidade: Inglês

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Caminhos para se acumular riqueza:
1- Encontrar recursos naturais internamente ao país

2- Saquear, com destaque para as descobertas das riquezas na América Latina, principalmente ouro e prata no Peru
e México

Inflação europeia

Dívida externa

3- Comércio – vendendo ao exterior, os países recebiam em ouro e prata.

Objetivo dos países deveria ser promover as exportações e dificultar as importações.

Atualmente se chama a isso de políticas protecionistas

A tentativa de conseguir superávit e evitar déficit na balança comercial

Esse último caminho para se acumular metais preciosos parecia o mais promissor, pois envolvia menos a
necessidade de “sorte” , além de desgaste em conflitos.

Instrumentos: tarifas, subsídios e proibições

Problema: se todos países recorressem a esse receituário, o comércio diminuiria no mundo, o que os fatos
desmentiram

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2- Transição para o capitalismo

Foi um longo processo: características capitalistas presentes em muitos


lugares e sociedades.

“O capitalismo existe onde quer que se realize a satisfação de necessidades


de um grupo humano, com caráter lucrativo e por meio de empresas, qualquer
que seja a necessidade de que se trate” (WEBER, 1923, p. 249).

Condição prévia: contabilidade racional do capital como norma para todas as


grandes empresas. Século XVIII que se implantou o Balanço Contábil nas
empresas.

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Condições prévias da exploração capitalista:

1- apropriação dos meios de produção por parte do empresário

2- liberdade de mercado

3- técnica racional

4- direito racional

5- trabalho livre

6- especulação: riqueza pode ser expressa por meio de valores


transferíveis

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No transcurso do século XVIII, o comerciante atacadista separa-se,
definitivamente, dos varejistas e passa a constituir uma camada específica do
Estado mercantil.

Como condição prévia indispensável para o desenvolvimento perfeito do


comércio atacadista e de suas manifestações especulativas, aparece a
organização de um sistema de informações e de comunicações.

A ferrovia constituiu o meio mais revolucionário que a história registra, não


apenas para o tráfego, mas também para a economia.

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A política colonial do século XVI a XVIII:

Importância que tiveram a ocupação e exploração de grandes regiões fora da


Europa, na origem do capitalismo moderno.

Desdobramento da técnica de Exploração Industrial:

Apropriação do ateliê, dos instrumentos, fontes de energia e matérias primas


numa única mão: empresário

Burguesia – Estado Racional

O Estado Racional que assegura ao capitalismo as possibilidades de


subsistência.

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3- Teorias Clássicas do Comércio Internacional

A) David Hume (1711-1776)

A hipótese do preço-fluxo de metais preciosos

B) O Pensamento de Adam Smith (1723-1790)

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A) David Hume (1711-1776)
A hipótese do preço-fluxo de metais preciosos

“Hume, tal como os mercantilistas, acreditava que um superávit


comercial levaria necessariamente à transferência de
metais preciosos ou moedas metálicas do país deficitário
para o país superavitário. Mas, diferentemente deles,
acreditava que tal transferência levaria não ao
crescimento da riqueza de um país, e sim ao
crescimento dos preços dos produtos produzidos Nascimento: 7 de maio de
domesticamente. Esse aumento do nível doméstico de 1711, Edimburgo, Reino Unido

preço teria como consequência fazer com que as Falecimento: 25 de agosto de


1776, Edimburgo, Reino Unido
exportações desse país ficassem relativamente mais
Nacionalidade: Escocês
caras no resto do mundo, reduzindo a procura delas no
exterior”.

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B) O Pensamento de Adam Smith (1723-1790)

Adam Smith nasceu na Escócia. Escreveu Uma


indagação sobre a natureza e as causas da Riqueza
das Nações (1776) – mostra como a Inglaterra sendo o
país menos protecionista é o que mais estava
crescendo e se fortalecendo

Inícios da industrialização e de um esforço impetuoso


para a abertura de novos mercados. As inúmeras
regulamentações existentes na época, relativas à
liberdade comercial e industrial, eram como que
barreiras ao dinamismo empresarial que estava
Nascimento 5 de junho de 1723
iniciando-se na Inglaterra e que, em breve, contaminaria
Kirkcaldy, Fife, Escócia
toda a Europa.
Morte 17 de julho de 1790
Edimburgo, Escócia
Nacionalidade britânico

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Os interesses entre ofertantes e demandantes sinalizariam o que seria importante
produzir em uma economia e a que preço.

Aumento da divisão Técnica e Social do Trabalho

Aumento de produtividade (ganhos de escala e especialização)

Aumento do mercado, crescimento da divisão do trabalho e das escalas de produção

Livre comércio levaria ao aumento do mercado e consequentemente da produtividade

Defende a intervenção Estatal apenas nas áreas onde não houver interesse dos setores
privados

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Embora fosse péssima a situação do operário na
época, ele via, com a tranqüila certeza dos que
acreditavam no determinismo das leis naturais,
que a riqueza só podia crescer e, crescendo,
beneficiaria a todos.

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Liberalização do comércio: medidas compensatórias

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AMAYO ZEVALLOS, E. “Por uma América indígena”. In: _____
Caminhos do saber plural, USP, n. 7, 1999, p. 2-16.

Introdução: o eurocentrismo

“A conquista do Novo Mundo (finalmente conhecido como América) foi consequência da


superioridade do Velho Mundo, cujo eixo, desde o século XVI, é a Europa. Ou seja, a
conquista e destruição da América pré-colombiana (Indígena) foram o resultado natural
do choque entre dois mundos diferentes. Nesse choque o superior tinha que se impor ao
inferior. Em outras palavras: foi o resultado natural do processo de desenvolvimento
histórico. Foi uma fatalidade histórica que demostra uma vez mais o domínio das
formações sociais técnica e institucionalmente superiores (neste caso Europa) sobre as
inferiores (América Indígena). De tão óbvia, esta é uma verdade quase axiomática,
evidente por si mesma, sem precisar de explicação.”

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A primeira missa
Pintura de Victor Meirelles (1861)

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SANTIAGO MATA INDIOS. PINTURA CUSQUEÑA. S.XVIII. Museo del Cusco

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II.I. SAÚDE

figuras de Motezuma, o último rei Azteca, e


de Carlos V, Imperador da Espanha no
tempo da conquista da América

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II.I.1. O AZTECA
Um azteca podia ser escolhido para fazer o serviço militar depois dos 15 anos.
Na sociedade azteca o sucesso no campo de batalha era o meio principal de
ascensão social e por isto muitos moços desejavam ser guerreiros. Mas o
campo de batalha era um lugar perigoso, onde normalmente se usavam
flechas, dardos, fundas e clavas com afiadas bordas de obsidiana que podiam
produzir ferimentos terríveis. Para o tratamento dos feridos o exército azteca
tinha um corpo de especialistas que recompunham os ossos quebrados,
recolocavam em seu lugar as articulações e limpavam e suturavam as feridas.

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Os aztecas eram muito cuidadosos com sua higiene pessoal. Tomavam banho
regularmente em rios e lagos, além de muitos banhos de vapor. A maioria das
casas da capital Tenochtitlan tinha banheiro, uma pequena estrutura circular
esquentada por um forno na parede externa. Ali se entrava e se jogava água
nas paredes para gerar vapor. Os banhos de vapor eram usados por higiene e
também para tratar de resfriados, febres e problemas nas articulações. Os
aztecas também eram cientes da importância da higiene bucal e por isso
limpavam regularmente seus dentes com um pó de carvão vegetal e sal.

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Em relação à impressão que causava a saúde dos aztecas, um
conquistador espanhol do século XVI escreveu: “a população desta
terra é forte e mais bem alta que pequena. São morenos como os
leopardos... bem treinados, robustos e incansáveis e, ao mesmo
tempo, os homens mais moderados que se possam conhecer. São
também belicosos e confrontam a morte com determinação” (Bray, W.
Everyday life of the Aztecs. New York, Dorset Press, 1968).

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II.I.2. O ESPANHOL.
Os conquistadores espanhóis que chegaram ao Novo Mundo foram os
sobreviventes de um prolongado e violento processo de seleção. A mortalidade
infantil era muito alta na Europa dos séculos XV e XVI. Uma em cada três
crianças morria no primeiro ano e menos da metade chegava aos 15 anos. A
nutrição deficiente e as doenças infecciosas eram as causas principais dessa
alta mortalidade. A deficiência de vitaminas era comum e o escorbuto era o
companheiro normal dos navegadores. Epidemias reincidentes de peste
bubônica, varíola, sarampo, tifo e outras doenças periodicamente vitimavam a
população europeia, como também o faziam a seca e a fome.

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Em termos de higiene pessoal, o conquistador espanhol teve muito que aprender de seu adversário
azteca. O banho era um ritual raramente praticado na Europa do século XVI e as cidades não eram
reconhecidas por terem boas condições sanitárias.

Os europeus quase não tinham noção da natureza contagiosa de algumas doenças, atribuindo-as
geralmente a fenômenos astrológicos, bruxarias, moral pessoal dissoluta e principalmente castigo
divino contra os pecaminosos. O tratamento médico, que poderia incluir a sangria do paciente e
remédios de ervas, tinham por objetivo recuperar o equilíbrio dos humores corporais como sangue,
muco ou bílis. Os ricos podiam consultar médicos treinados na universidade mas a pessoa comum
tinha que procurar os barbeiros-cirurgiãos, boticários e praticantes autodidatas. Os barbeiros-
cirurgiãos eram os médicos que acompanharam conquistadores e primeiros colonizadores ao Novo
Mundo. A desconfiança em suas qualidades médicas é sugerida pelo fato de os conquistadores, para
cuidar de seus problemas de saúde, frequentemente preferirem os praticantes aztecas e não seus
compatriotas equivalentes.

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Os espanhóis que chegaram ao Novo Mundo no século XVI eram
violentos, curtidos aventureiros com cicatrizes de batalhas. Muitos
mostravam as marcas deixadas pela varíola, quando crianças, e
também as das feridas de campanhas anteriores. Mesmo entendendo
pouco sobre como proteger sua saúde ou tratar suas doenças, eles
eram sobreviventes. E como os aztecas, seus oponentes no campo de
batalha, tampouco temiam a morte.

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II.I.3. A MEDICINA NO TEMPO DOS
INCAS
Gradualmente numerosas plantas medicinais nativas do Novo Mundo como o Árvore da Quina (matéria prima
do quinino) e a Coca transformaram-se em adições importantes à farmacopéia dos médicos ocidentais.
Algumas das práticas médicas dos nativos do Novo Mundo claramente excediam em brilho às equivalentes da
Europa. Um exemplo é a trepanação, a prática cirúrgica de remover uma parte do osso do crânio do paciente,
normalmente um tratamento médico reservado a fraturas com afundamento do crânio. Curiosamente, a
trepanação evoluiu de forma independente no Velho e Novo Mundo e, em 1492, era praticada em ambos os
lados do Oceano Atlântico. Na América a trepanação foi prática comum dos Incas e de outras culturas
importantes dos Andes. Praticada primeiramente na Costa Sul do Peru 400 anos AC, continuou sendo feita até
o século XVI em regiões do Peru e da Bolívia. O mais impressionante da trepanação no Novo Mundo é a
porcentagem de sobrevivência. Enquanto que a trepanação praticada na Europa tinha uma porcentagem de
mortes próxima de 90% até o fim do século XIX, quando técnicas cirúrgicas de esterilização foram adotadas,
os trepanadores nativos da América do Sul tinham uma porcentagem de sobrevivência entre 50% e 60%,
mesmo tratando-se de pacientes com fraturas cranianas muito graves.

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II.2. MINERAÇÂO
No Peru a exploração da prata transformou-se na atividade
econômica principal antes que no México ... pois os povos
andinos tinham conseguido desenvolver sofisticadas
técnicas de mineração e refino ... em 1545 foram índios
(trabalhando para os espanhóis) os que descobriram
Potosí. Nessa mina, localizada a grande altitude, os foles
europeus não tinham capacidade para aquecer o mineral à
temperatura adequada. Então o Huayra indígena, um forno
para fundir metais construído nas montanhas de modo a
aproveitar os fortíssimos ventos de Potosí (a denominação
do forno homenageia o vento), foi usado e assim se
obteve o primeiro “boom” produtivo. Os índios construíam
os fornos e também eles fundiam o metal. Mas isso não
impediu que um espanhol, dizendo-se seu inventor,
estampasse o Huayra sobre seu brasão ...

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É sabido que o capítulo da história mundial chamado de “período da acumulação
primitiva do capital” (aproximadamente da metade do século XVI até a Revolução
Industrial da década de 1780) foi essencialmente decorrência do envio em massa de
metais preciosos da América à Europa. E o primeiro ciclo de entrada no Velho Mundo de
autênticas montanhas de ouro e prata (mais ou menos até 1590) é, como vemos pela
informação acima, decorrência da tecnologia indígena de mineração. Ou seja,
consequência dos sofisticados conhecimentos metalúrgicos desenvolvidos pela
civilização andina antes da invasão ibérica. Lembremos ainda que esses metais
preciosos, introduzidos na Europa principalmente via Espanha, geraram também a
primeira inflação, em consequência desse primeiro “boom” da produção. Sendo a
inflação uma das caraterísticas da economia moderna, fica claro então que a tecnologia
de mineração indígena andina é um dos alicerces materiais que possibilitaram a
passagem para a modernidade.

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II.3. CULTURA
A contribuição mais importante das Américas ao Velho Mundo foi distribuir pelo
globo uma cornucópia de produtos selvagens e cultivados, especialmente plantas,
sem as quais o mundo moderno tal como o conhecemos não seria concebível.
Pode-se argumentar que isso não tem nada a ver com cultura. Mas o que
cultivamos e comemos, sobretudo quando há um novo tipo de víveres
desconhecido em nosso cotidiano, ou mesmo uma forma completamente nova de
consumo, deve influenciar, pode até transformar, não só o nosso consumo, mas o
modo como vivenciamos outros assuntos. Considerem-se apenas os víveres
básicos. Quatro dos sete produtos agrícolas mais importantes no mundo de hoje
são de origem americana: a batata, o milho, a mandioca e a batata doce. (Os outros
três são o trigo, a cevada e o arroz)

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Mas, e os produtos do Novo Mundo que não foram meros substitutos de coisas já
consumidas no Velho Mundo, mas abriram novas dimensões, novos estilos
sociais? Chocolate, tabaco, cocaína? Ou que se tornaram ingredientes básicos de
novidades como o chiclete, a Coca-Cola (mesmo que tenha tirado a cocaína de sua
composição original) e a tônica do gim-tônica? E as significativas contribuições à
farmacopéia médica do mundo, como o quinino, durante muito tempo a única
droga capaz de controlar a malária? E os girassóis que Rembrandt e Van Gogh
pintaram, os amendoins sem os quais a sociabilidade ocidental moderna seria
incompleta,- para não mencionar seu uso mais prático como fonte importante de
óleos vegetais?.

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III. PORQUE FOI POSSÍVEL A CONQUISTA?

Em outras palavras a conquista foi consequência do


triunfo da tecnologia destrutiva. Constata-se isto a partir
dos resultados que mostram, por exemplo, que mais ou
menos um século depois da chegada dos europeus, a
população da América Indígena encolheu de mais de cem
milhões de habitantes para menos de oito milhões.

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Essa superioridade baseava-se no domínio da tecnologia
do aço, fato indiscutível. Acontece que a Europa da
conquista, como se viu no perfil de saúde do espanhol, era
pobre em recursos e território fértil para doenças
endêmicas. Isso talvez ajude a explicar o estado de quase
guerra permanente nesse continente, já que ele
possibilitava a pilhagem dos recursos do vencido.

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No entanto, reconhecer que Europa, em relação à América Indígena, tinha vantagens na
tecnologia do aço não significa admitir sua superioridade em todos os terrenos
tecnológicos. Os casos já narrados mostram que a América pré-colombiana tinha
vantagens em relação à Europa, por exemplo em tecnologia agrícola, empregada não
para matar e destruir, mas ao contrário, para dar vida, uma tecnologia para a
construção. Por isso seus produtos agrícolas, incorporados plenamente na dieta
européia, foram essenciais para eliminar definitivamente a fome na Europa e incrementar
a população em lugares fundamentais desse continente (Alemanha, Rússia,
Escandinávia, Irlanda etc). Sem esses produtos não seria possível explicar a explosão
demográfica européia dos séculos XVII e XVIII que finalmente tornou realidade a
observação seguinte: “nunca houve na história [como o século XIX] um século mais
europeu, nem tornará a haver”

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Diferenças Portugal e Espanha

BUARQUE, Sérgio. Raízes do Brasil. (1936)

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Erro de português
Oswald de Andrade
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português

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