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Exemplos de questões para o 3º elemento escrito de avaliação.

[Um novo Tempo da História, Parte 1, 11º Ano, pp 73 e 121]

3. Triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

1. Explicar os princípios mercantilistas.


2. Enquadrar na teoria mercantilista:
a) a política económica de Colbert;
b) o conjunto de medidas encetado por Cromwel.
3. Distinguir entre o Mercantilismo francês, centrado nas manufaturas e o Mercantilismo inglês,
centrado no comércio.
4. Reconhecer, nas práticas mercantilistas, modos de afirmação das economias nacionais.*
5. Identificar as áreas coloniais disputadas pelos Estados atlânticos.
6. Explicar a relação entre o domínio dos espaços coloniais e o equilíbrio político dos Estados
europeus.*
7. Evidenciar a importância das inovações agrícolas para o sucesso económico inglês.
8. Mostrar o impacto do alargamento dos mercados na economia inglesa.
9. Sublinhar os progressos no sistema financeiro da Inglaterra.
10. Relacionar a criação do mercado nacional e o arranque industrial ocorridos em Inglaterra com a
formação de novas estruturas económicas.*
11. Sintetizar as condições da hegemonia britânica.
12. Relacionar a adoção de medidas mercantilistas em Portugal com a crise comercial de 1670-92.*
13. Integrar estas medidas no modelo francês.
14. Explicar o retrocesso da política industrializadora portuguesa.*
15. Contextualizar a política económica pombalina.*

4. Construção da modernidade europeia

1. Comparar a atitude dos “aristotélicos” e dos “experimentalistas” perante o conhecimento.


2. Avaliar o impacto do método experimental no progresso da ciência.
3. Salientar os contributos dos principais cientistas dos séculos XVII e XVIII.
4. Fundamentar a expressão ”revolução científica”.
5. Explicar a designação de “lluminismo” dada ao pensamento da segunda metade do século XVIII.
6. Esclarecer as ideias-chave do pensamento político iluminista.
7. Avaliar o seu carácter revolucionário.
8. Distinguir os meios de difusão do pensamento das Luzes.
9. Relacionar o Iluminismo com a desagregação do Antigo Regime.
10. Valorizar o contributo dos progressos do conhecimento e da afirmação da filosofia das Luzes
para a construção da modernidade europeia.*
11. Reconhecer, no despotismo iluminado, a fusão do pensamento iluminista com os princípios do
absolutismo régio.
12. Integrar as medidas do Marquês de Pombal nos padrões do pensamento setecentista.

* Aprendizagens estruturantes

1
[Caderno do Aluno, Um novo Tempo da História, 11º ano, pp 21 – 34]

Grupo I – Poder e políticas económicas nos séculos XVII e XVIII

Documento 1.
Comércio e rivalidades internacionais

Devido a esse conjunto de ideias vulgarizadas as diferentes nações da Europa, algumas sem muito êxito
esforçaram-se por encontrar as maneiras possíveis de acumular ouro e a prata nos respetivos países[…]
Foi com máximas deste teor que se ensinaram os povos a acreditar que o seu interesse consistia em
arruinarem todos os vizinhos, acabando cada nação por lançar um olhar de inveja à prosperidade de
todas as nações com que comerciava e por considerar como perda sua tudo”. aquilo que elas ganhavam.
O comércio, que, por natureza, deveria ser para as nações, como para os indivíduos, um elo de
concórdia e de amizade, tornou-se a mais fecunda fonte das querelas e das guerras.
Adam Smith, economista escocês, A Riqueza das Nações, 1776

1. No Documento 1, ao referir-se a um conjunto de “ideias vulgarizadas”, Adam Smith refere-se…


a) aos princípios do Absolutismo.
b) à teoria mercantilista.
c) ao sistema parlamentar.
d) à teoria do exclusivo colonial.

2. Explique o que leva, no mesmo documento, o autor a considerar o comércio “fonte das querelas e
das guerras”.

Documento 2.
Uma medida protecionista

Pierre Guichard, comerciante da nossa cidade de Saint Quentin, tendo estabelecido na dita cidade uma
manufatura de bombazinas e outros tecidos de algodão [...] nós permitimos-lhe o fabrico, na cidade e
nos arredores [...] de todo o tipo de bombazinas e outros, tecidos de algodão ou de linho, proibindo
qualquer outra pessoa de () incomodar, inquietar, imitar ou contrafazer as ditas bombazinas durante
dez anos inteiros e consecutivos [...] e para lhe mostrar [a P. Guichard] como o estabelecimento da dita
manufatura nos agrada e dar-lhe meios de a manter e aumentar, concedemos-lhe a soma de 12 000
libras [...]. Isentamos e isentaremos a casa onde viver da obrigação de alojar tropas e, para atrair à dita
manufatura muitos operários, determinamos que os operários estrangeiros que trabalhem durante seis
anos inteiros e consecutivos na dita manufatura sejam considerados naturais do reino e franceses.
Versalhes, fevereiro de 1671
Privilégio concedido ao Senhor Guichard para a manufatura de bombazinas de Saint-Quentin, em François
Cadilhon, “ob. cit.”
1 Talha: imposto direto que incide sobre os bens

3. Indique, com base no documento 2, 3 (três) privilégios concedidos a P. Guichard.

2
Documento 3.
Duas apreciações sobre Colbert

A – A opinião de Voltaire
Sentimos hoje tudo quanto o ministro Colbert fez a bem do reino. Tinha a mesma exatidão que o duque
de Sully[1] e vistas bem mais largas [...] e queria enriquecer a França e o povo [...]. Tinha chegado à
gestão das finanças mercê da ciência e do génio. O maior erro que se lhe pode imputar é o de não ter
ousado encorajar a exportação do trigo; é a única mancha no seu ministério, mas é grande.
Voltaire, O Século de Luís XIV, 1751

[1]
Duque de Sully: Superintendente das Finanças em França no reinado de Henrique IV

B – A opinião de Adam Smith


Infelizmente, este ministro tinha adotado os preconceitos todos do sistema mercantil; sistema
essencialmente formalista e regulamentarista e que, por isso mesmo, não podia deixar de convir
inteiramente a um homem laboriosa e totalmente devotado aos negócios, por muito tempo habituado a
reger os diferentes departamentos da administração pública [...]. Procurou gerir a indústria e o comércio
como se fossem os departamentos de um escritório.
Adam Smith, A Riqueza das Nações, 1776

4. Compara as duas opiniões sobre a obra de Colbert expressas no Documento 3.

5. Desenvolve o tema:
Política económica e rivalidades imperialistas nos séculos XVII e XVIII.
Na tua resposta, aborda 3 aspetos de cada um dos seguintes tópicos:
 Principais medidas adotadas pelo mercantilismo;
 Importância dos espaços coloniais;
 Conflitos político-económicos.

3
Grupo II – A superioridade económica britânica

Documento 4.
A nova agricultura

A enclosure mais habilmente preparada e a margagem[1] mais vigorosa não bastariam por si próprias
para assegurar a melhoria das terras; o inteiro êxito da empresa depende do sistema de rotação das
culturas […]. O leitor compreenderá imediatamente [...] que pequenos rendeiros não poderão jamais
efetuar melhorias à escala das de Norfolk A vedação, a margagem e a manutenção dum rebanho de
carneiros suficientemente importante para permitir a pastagem (permitir o aproveitamento da folha de
forragens) pertencem exclusivamente aos grandes proprietários.
Arthur Young, escritor e agrónomo inglês (1741-1820) A Volta à herdade
[1]
Margagem – método de aplicação da marga (tipo de calcário) para regulação do pH dos solos

6. Esclarece o sentido de “enclousures” e de “rotação de culturas” no documento 4.

7. Explica porque é que, segundo o autor, a difusão dos enclosures tem de estar associada aos grandes
proprietários.

Documento 5.
A nota de 5£

A história da nota de 5 libras remonta a mais de 200 anos atrás, a 1793.Uma crise comercial, que tinha
começado no outono do ano anterior, juntamente com o efeito produzido no comércio pela declaração
de guerra da França revolucionária a Inglaterra, em fevereiro de 1793, acentuou a necessidade de notas
de pequenos montantes, nas quais o público tivesse confiança. Numa tentativa de reforçar o cerne do
sistema bancário injetando-lhe bom papel-moeda, o Conselho dos Diretores do Banco de Inglaterra
determinou, em 2 de abril de 1793 “…que na presente situação de crédito […] é conveniente o
lançamento de notas de banco de 5 libras”
John Keyworth, The Bank of England £5 note, a brief history, Museu do Banco de Inglaterra

8. Explica a importância da emissão de notas pelo Banco de Inglaterra.

Documento 6.
O transporte fluvial em 1790

4
9. Indica 2 (duas) vantagens da rede de transportes fluviais inglesa no final do século XVIII.

Documento 7.
As possessões britânicas após a Guerra dos 7 anos (1763)

10. Identifica, com base no Documento 7., 2 (duas) áreas comerciais relevantes para o comércio
colonial britânico.

11. Apresenta, sinteticamente, as condições da superioridade económica britânica expressas nos


Documentos 4 a 7.

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Grupo III – O arranque industrial

Documento 8.
Petição dos artesãos de lanifícios de Yorkshire (1786)

Aos Mercadores, Fabricantes de Panos e a todos aqueles que se empenham na produção manufatureira
da Nação.
É para todos evidente que as máquinas de cardar lã lançaram no desemprego milhares dos agora
peticionários, lançando-os na miséria e tirando-lhes a capacidade de sustentarem as suas famílias, bem
assim como a de colocarem os seus filhos como aprendizes no mesmo ofício. Vimos, por isso, pedir que
as ideias feitas e o interesse individual sejam postos de lado e seja dada atenção aos factos que se
seguem, já que a natureza deste assunto a merece.
O número de máquinas de cardar que existe num raio de dezassete milhas para sudoeste de Leeds não
é, seguramente, inferior a cento e setenta. Ora, cada máquina faz em doze horas o mesmo trabalho que
doze homens fariam manualmente no mesmo tempo [...] pelo que, num cálculo simples, podemos
estimar que cada máquina lança cerca de doze homens no desemprego. E como é possível estimar que
o número de máquinas nos outros distritos da cidade é semelhante ao que existe no Sudoeste, cerca de
quatro mil homens veem-se impedidos de ganhar a vida com o seu ofício. [...] Por esta razão, esperamos
que os sentimentos humanitários levem aqueles que têm o poder de evitar o uso de tais máquinas a
porem de lado o que tão gravemente prejudica o seu semelhante.
Alguns dirão: aprendam outro ofício e dediquem-se a outro trabalho. Imaginemos que o fazíamos.
Quem sustentaria as nossas famílias durante essa difícil aprendizagem? E como saberíamos se, quando a
terminássemos, a situação melhoraria? Porque provavelmente aparecerá outra máquina que nos
roubará o novo trabalho. [...]
Temos esperança que estas coisas, olhadas com imparcialidade, pesem a nosso favor [...]

Assinado, em nome de milhares, por Joseph Hepworth, Thomas Lobley, Robert Wood, Thos. Blackburn
Petição publicada num jornal de Leeds, o maior centro de lanifícios do Yorkshire, 1786

12. A petição do Documento 8. tem por objetivo…


a) impedir a aplicação da máquina a vapor à indústria.
b) contestar a necessidade dos tecelões no desemprego aprenderem outro ofício.
c) travar a mecanização da indústria de lanifícios.
d) despertar sentimentos humanitários na população de Yorkshire.

13. Explica porque é que os peticionários tinham razão quando diziam “provavelmente aparecerá outra
máquina que nos roubará o novo trabalho”.

14. A Revolução Industrial…


a) iniciou-se no século XVIII com a proteção de Colbert às manufaturas.
b) foi desencadeada pelo sector metalúrgico e arrancou, no século XVIII, nos países europeus mais
desenvolvidos.
c) arrancou no início do século XIX, em Inglaterra, com a invenção da máquina a vapor por James
Watt.
d) arrancou na segunda metade de século XVIII, em Inglaterra, impulsionada pelo sector têxtil.

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Grupo IV – O grande comércio europeu

Documento 9.
A importância dos mercadores

Os agentes do mundo do comércio equiparam-se aos embaixadores do mundo da política: regulam os


negócios concluem datados e estabelecem a necessária ligação entre os homens de regiões ricas do
mundo, que se encontram separadas por mares e oceanos, ou que vivem nas extremidades de um
mesmo continente. [.. .] Sinto-me deliciado quando me misturo com esses ministros do comércio, tão
diferentes na forma de estar e na língua que falam. Por vezes infiltro-me num grupo de arménios;
outras, perco-me numa multidão de judeus e outras ainda junto-me a um punhado de holandeses.
Transformo-me num dinamarquês, num sueco, num francês, conforme as ocasiões e imagino-me como
o velho filósofo que, tendo sido inquirido sobre a sua nacionalidade, respondeu que era um cidadão do
mundo.
[…] Fico fascinado ao ver que este grupo de homens, trabalhando em prol da sua fortuna pessoal,
promove ao mesmo tempo a riqueza pública [...] trazendo para os seus países o que eles necessitam e
lavando tudo a que lhes sobeja. A Natureza parece ter tido especial cuidado em espalhar as suas
bênçãos pelas diferentes regiões do mundo, de medo a favorecer as relações e o comércio entre os
Homens. [...] Praticamente em todas as latitudes se produz algo peculiar. Frequentemente, a comida
cresce num país e o molho noutro. Os frutos de Portugal são complementados pelos produtos de
Barbados. A infusão da planta chinesa [chá] é adoçada pela seiva de cana indiana. As ilhas Filipinas dão o
aroma aos cachimbos europeus. O simples vestuário de uma dama é, muitas vezes, produto de uma
centena de climas. O regalo e o leque vêm de diferentes confins da Terra. A écharpe da zona tórrida, a
estola de pele do longínquo polo, [...] o colar das entranhas do lndostão.
Por estas razões, não há elementos mais úteis à sociedade do que os mercadores. São eles que ligam a
Humanidade numa mútua troca de bons ofícios, distribuem os dons da Natureza, proporcionam
trabalho aos pobres, aumentam a fortuna dos ricos e a magnificência dos grandes.
Opinião e impressões de Joseph Addison sobre os frequentadores do Bolsa de Londres e o comércio em geral. Em
The Spectator (revista periódica inglesa], 1711

15. Enquadra a ideia geral do Documento 9. no alargamento do comércio europeu nos séculos XVII e
XVIII.

16. Esclarece o lugar ocupado pela Inglaterra nesse mesmo comércio europeu.

17. O relato de J. Addison ilustra…


a) o tempo do mercantilismo porque se centra na atividade dos mercadores.
b) a época do capitalismo comercial pois mostra o grande comércio como o motor da riqueza
particular e pública.
c) a época do capitalismo comercial porque mostra o grande comércio mundial centrado em
Londres.
d) O capitalismo industrial porque põe a tónica no lucro dos produtos industriais que chegam de
todas as partes do mundo.

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Grupo V – Portugal: a política industrializadora do último quartel do século XVII

Documento 10.
Os males do Reino

Diz-me Vª M.ce [1] que está lastimoso o comércio do Reino, porque as nossas mercadorias, por falta de
valor não têm saca [2] e os estrangeiros, para se pagarem das que metem no Reino, levam o dinheiro.
Mal é este que pede remédio pronto, porque, se continua, se perderão as Conquistas e o Reino: as
Conquistas, porque a sua conservação é dependente do valor dos frutos que nelas se cultivam [...]; O
Reino, porque o dinheiro é o sangue das Repúblicas, e sucede no corpo político com a falta de dinheiro o
mesmo que sucede no corpo físico com a falta de sangue.
Duarte Ribeiro de Macedo, Discurso sabre a Introdução das Artes no Reino, 1675
[1]
Vossa Mercê.
[2]
Venda.

Documento 11.
Contrato da fábrica das sedas celebrado com Rolando Duclos (1677)

Ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e setenta e sete anos, aos cinco dias
do mês de dezembro, na cidade de Lisboa; nos Paços do Príncipe Nosso Senhor, apareceu Rolando
Duclos, e disse ao Senhor Conde da Ericeira […] que ele, por servir a S A. [1], queria contratar a fábrica e
manufatura das sedas desta cidade para toda a sua vida e herdeiros, para cujo efeito, pelas grandes
conveniências que da dita fábrica resultarão a este Reino, fora S. A. servido mandar-lhe emprestar vinte
mil cruzados, sem interesses alguns, e juntamente dar-lhe dois mil cruzados de ajuda de custo, com
obrigação de que, em termo de um ano havia de ter assentado, e correntes, cinquenta teares de fitas e
outras várias sedas.
Cit. por Jorge Borges de Macedo, Problemas de História da Indústria Portuguesa no século XVIII
[1]
Sua Alteza

Documento 12.
A lei Pragmática de 1698

LEI E PRAGMÁTICA por que V. Majestade há por bem declarar [1] as mais Pragmáticas que
antecipadamente (se têm?) passado sobre a proibição de telas e outras sedas tecidas com ouro ou prata
e fitas da mesma sorte [2], guarnições de vestidos e forma em que eles se devem fazer; e os lutos e
funerais; e que se não possa andar em bestas e muares de sela, nem de sege [3], nem seges descobertas,
nem em coches de seis bestas, tudo pela maneira que nesta lei se declara.
[1]
Confirmar.
[2]
Do mesmo tipo.
[3]
Tipo de carro para 2 pessoas.

18. Apresenta, partindo do Documento 10. as razões para o “lastimoso” estado do nosso comércio.

19. Refere, com base no Documento 11. a solução encontrada para resolver a situação a que alude
Duarte Ribeiro de Macedo.

20. No contexto económico em que foi promulgada, a Pragmática de 1698…


a) tem por objetivo proteger a indústria nacional diminuindo as importações.
b) destina-se a proibir o fabrico de sedas tecidas com ouro e outros produtos de luxo.
c) tem por objetivo que o ouro do brasil se gaste na importação de tecidos caros.
d) procura moralizar os costumes, proibindo o luxo excessivo da grande burguesia.

21. Demonstra o caráter mercantilista dos Documentos 10. a 12.

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Grupo VI – Do fim da crise comercial à política pombalina

Documento 13.
Exportação de vinhos para Inglaterra

Exportação de vinhos para Inglaterra


(valores médios por quinquénio
Anos Pipas (milhares)
1690-1694 11,1
1695-1699 11,3
1700-1704 15,9
1705-1709 17,0
1710-1714 14,3
1715-1719 22,8
1720-1724 25,4
1725-1729 27,1
1730-1734 22,1
1735-1739 25,4
1740-1744 25,6
1745-1749 26,2
Em José Mattoso (dir.), História de Portugal, Vol VI, Círculo de Leitores

Documento 14.
Confidências de um inglês

Todo o ouro deles, assim como açúcar e tabacos, são os lucros dos nossos industriais pelos produtos que
lhes vendemos a crédito para serem pagos com o lucro do comércio com o Brasil. Três partes, em
quatro, do trigo consumido neste país e todos os panos tingidos são importados de Inglaterra, de modo
que isto explica por que é que esta gente vive para nós e não pode viver sem nós.
Um inglês em Lisboa, escrevendo em 1710, citado por Carl A. Hanson, Economia e Sociedade no Portugal Barroco

Documento 15.
A obra económica do Marquês de Pombal

A visão pombalina do Estado criou assim uma nova política económica para alterar a mentalidade e as
capacidades de ação do país. Impunha-se diminuir a importação de bens de consumo, que oferecia bons
lucros ao tráfego estrangeiro; criar novos centros de produção manufatureira; oferecer ao comércio
indispensáveis bases de segurança e de rentabilidade; dirigir a mão de obra ociosa para atividades úteis;
e fomentar a riqueza para benefício da comunidade. Ao Estado cabia encontrar meios eficazes para
integrar a nossa economia no sistema mercantilista que então vigorava na Europa. Não era a liberdade
de comércio o que convinha a um Portugal à procura de novos rumos, mas uma política de
concentração económica em que a coroa apoiava a formação de companhias monopolistas. Sebastião
de Carvalho pudera observar em Londres as vantagens de tal modelo que fizera da Inglaterra uma
grande nação comercial e ultramarina.
Joaquim Veríssimo Serrão, “Marquês de Pombal, o homem e o estadista”, em João Medina (Dir.), História de Portugal, vol. VII,
C.l.L.

22. Explica a evolução registada nas exportações dos vinhos portugueses para Inglaterra.

23. Identifica 3 (três) produtos que, em 1710, faziam a opulência do Brasil.

24. Partindo do Documento 14., apresenta 2 (duas) evidências da dependência económica portuguesa
em relação à Inglaterra.

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25. O Marquês de Pombal…
a) protegeu as manufaturas, criou companhias monopolistas de comércio e dignificou o estatuto
da burguesia.
b) concedeu privilégios às manufaturas, criou a Companhia das Vinhas do Alto Douro e assinou
com a Inglaterra um tratado mais favorável a Portugal.
c) reorganizou as manufaturas, publicou leis pragmáticas e aliviou as tarifas que pesavam sobre as
importações.
d) Protegeu o comércio e as manufaturas, investiu na marinha de guerra e assinou um novo
tratado comercial com a Inglaterra.

26. Ordena cronologicamente, do mais antigo para o mais recente, os seguintes aspetos da economia
portuguesa:
A Apropriação do ouro português pelo mercado britânico.
B Política manufatureira do Conde da Ericeira.
C Política mercantilista do Marquês de Pombal.
D Tratado de Methuen.
E Crise económica do final do século XVII.
F Abandono da política manufatureira do Conde da Ericeira.

27. Desenvolve o seguinte tema:


A economia portuguesa: do fracasso da política manufatureira do Conde da Ericeira à ação do
Marquês de Pombal.
Deves abordar na tua resposta os seguintes tópicos, recorrendo aos Documentos 13. a 15:
 Fatores que condicionam o abandono do esforço manufatureiro do Conde da Ericeira;
 Apropriação do ouro brasileiro pelo mercado britânico;
 Linhas de força da política económica do Marquês de Pombal.

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Grupo VII – Novos conhecimentos

Documento 16.
“Que importa…”

Que importa que Aristóteles, ou todos os Filósofos da Grécia dissessem que o ar era leve, se estou
vendo experiências que provam que é pesado? Que importa que digam que a luz é uma qualidade
distinta de todo o corpo, se me mostram efeitos que me obrigam a dizer que é um corpo? Que importa
que os Escolásticos afirmem que a organização de um vivente são acidentes que resultam da forma
substancial [...] se eu vejo que a circulação do sangue e outros humores mostra distintamente que o
corpo do animal é uma máquina hidráulica maravilhosa, a qual pode viver muito bem sem alma
inteligente, e cuja vida em nada depende do conhecimento? Certamente que de não considerar assim o
corpo nascem todos os enganos; e depois que, postas de parte as preocupações, começaram a
considerar o corpo humano como é em si, e examiná-lo mediante as leis do movimento, têm-se
descoberto coisas que se ignoravam.
Luís António Verney, Verdadeiro Método de Estudar, 1746

28. Identifica o tipo de conhecimentos que o documento põe em causa.

29. No Documento 16. a expressão “preocupações” refere-se à preocupação de…


a) não conduzir devidamente as experiências e chegar a conclusões erradas.
b) ao contrariar o saber estabelecido, incorrer no descrédito do mundo académico e até em
sanções das autoridades.
c) que as observações conduzissem a hipóteses que contrariassem as afirmações de todos os
filósofos da Grécia.
d) caso as observações não fossem bem conduzidas, se perderem o patrocínio dos príncipes e os
cargos nas universidades.

30. Com base no texto, demonstra que o autor defende o método experimental.

Grupo VIII – A ciência nos séculos XVII e XVIII: avanços e bloqueios

Documento 17.
Carta de Galileu

Há já muitos anos que me converti à doutrina de Copérnico, graças à qual descobri as causas de um
grande número de fenómenos naturais, os quais, sem dúvida, a teoria mais comum não pode explicar.
Escrevi já muitas considerações sobre esta matéria, argumentações e refutações que, até hoje, não
ousei publicar, atemorizado pelo exemplo do próprio Copérnico, nosso mestre, que, se granjeou uma
glória imortal junto de alguns, se expôs (tão grande é o número de idiotas!) à zombaria e ao ridículo de
muitos outros.
Carta de Galileu ao astrónomo Kepler, escrita em 4 de agosto de 1597

Documento 18.
Compreender o Universo

Afilosofia [o conhecimento da Natureza] está escrita neste livro imponente, o Universo, que se mantém
continuamente aberto ao nosso olhar. Mas o livro não pode ser entendido a menos que primeiro se
aprenda a compreender a linguagem e a ler o alfabeto com que é composto. Está escrito na linguagem
da matemática. e os seus caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem os quais é
humanamente impossível compreender uma única palavra; sem eles, vagueia-se num labirinto, às
escuras.
Galileu Galilei (1564-1642)

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Documento 19.
Luís XIV visita a Academia das Ciências

Gravura da época

31. A “teoria mais comum” a que Galileu se refere no Documento 17. é…


a) o antropocentrismo.
b) o heliocentrismo.
c) o teocentrismo.
d) o geocentrismo.

32. Apresenta, com base nos Documentos 17. e 18. dois contributos de Galileu para o conhecimento
científico.

33. A partir do Documento 19., refere o papel das Academias nos meios científicos dos séculos XVII e
XVIII.

12
Grupo IX – Ideais do Iluminismo

Documento 20.
Um templo à Razão

A Montanha da Razão, projeto do final do século XVIII para a construção de um templo subterrâneo dedicado à
Razão, em Bordéus.

Documento 21.
A autoridade política

Nenhum homem recebeu da Natureza o direito de comandar os outros. A liberdade é um presente do


céu, e cada indivíduo da mesma espécie tem o direito de gozar dela logo que goze da Razão.[…] Toda
outra autoridade [que não a paterna] vem duma outra origem, que não é a da Natureza. Examinando-a
bem, sempre se a fará remontar a uma destas duas fontes: ou a força e a violência daquele que dela se
apoderou; ou o consentimento daqueles que lhe são submetidos, por um contrato celebrado ou
suposto entre eles e aquele a quem conferem a autoridade.
Denis Diderot, artigo Autoridade Política, em Enciclopédia, 1751–1780

Documento 22.
A pluralidade de religiões

É errado dizer-se que não é do interesse do príncipe suportar várias religiões no seu estado. Mesmo que
todas as seitas do Mundo ali viessem reunir-se, isso não lhe traria qualquer prejuízo porque não há uma
que não prescreva a obediência e não pregue a submissão.
Confesso que a História está cheia de guerras de religião. Mas, que se tenha bem em atenção, não foi a
multiplicidade de religiões que originou essas guerras, foi o espírito de intolerância [...].
[...] Aquele que quer fazer-me mudar de religião só o faz, sem dúvida, porque não trocaria a sua, quando
a isso quisessem forçá-lo: acho portanto estranho que me obrigue a uma coisa que ele próprio não faria,
nem pelo império do mundo.
Montesquieu, Cartas Persas, 1721

34. Esclarece, a partir do Documento 20. o significado do termo “Razão”.

35. Indica 2 (dois) ideais do pensamento iluminista presentes no texto de Diderot.

13
36. Faz corresponder os conceitos apresentados na coluna A às definições que constam na coluna B.

A B
1. Teoria política que defende que o poder pertence ao Povo que o
delega nos governantes.
2. Teoria política do século XVIII que defende que só a Luz da Razão
permitirá ao Povo escolher um governo justo.
3. Convicção que só através da Razão se chega ao conhecimento e
a) Racionalismo
à verdade.
4. Expressão utilizada para designar o conjunto de regras que
b) Iluminismo
asseguram o respeito pelos direitos conferidos ao Homen pela
Natureza.
c) Direito Natural
5. Corrente filosófica do século XVIII que se caracterizou pela
confiança nas capacidades rfacionais do Homem e pela crítica à
d) Soberania popular
ordem estabelecida.
6. Direito que os soberanos naturalmente têm de exercer um poder
que respeite as leis e os costumes.
7. Teoria que obriga o soberano escolhido por Deus a governar
para o bem do Povo.

37. Desenvolve o seguinte tema:


O ideário das Luzes.
A tua resposta deve abordar, pela ordem que quiseres, os seguintes tópicos de desenvolvimento:
 crença no valor da Razão;
 ideais e propostas políticas (apresente três);
 atitudes religiosas.
A tua resposta deve integrar, para além dos teus conhecimentos, os dados disponíveis nos
Documentos 20. a 22.

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Grupo X – Meios de difusão das ideias

Documento 23.
Os meios intelectuais em Paris

A vida das gentes de letras é um dos aspetos sobre o qual posso facilmente dar indicações. Ao chegar
aqui, estava ansioso de as encontrar não só porque tinha curiosidade em conhecer as pessoas cujos
escritos me tinham dado tanto prazer, mas também para me inteirar o suficiente, de forma a poder
responder às questões que viessem a fazer-me. Imaginava encontrá-las fechadas no seu gabinete,
ocupadas a coligir materiais, a meditar, a escrever, a rever. Muito longe disso! [...] Interroguei sobre o
assunto um homem muito conhecido da República das Letras [1]: Quem é que desejais ver?”; perguntou-
me. Nomeei duas ou três pessoas. [...] “Precisais de frequentar a casa de Madame..., às quartas-feiras,
onde encontrareis...” “Mas não quero vê-los socialmente, não poderei conversar com eles no seu
gabinete?” “No seu gabinete?, admirou-se, não passam aí mais do que três ou quatro horas por dia e
fecham-se tão bem que será impossível abordá-los. É nas casas que podemos encontrá-los; é aí que se
disserta, que o espírito desabrocha; numas reinam os gracejos, noutras a seriedade, aqui endeusa-se
Fontenelle, ali Montesquieu, acolá Voltaire [...]”
Carta de um dinamarquês em visita por Paris, publicada no jornal “Mercúrio Dinamarquês” em outubro de 1757
[1]
Comunidade de intelectuais unidos pela defesa dos mesmos valores e pela partilha dos seus escritos.

Documento 24.
Um café em Londres

Um café londrino no século XVIII, pormenor de uma imagem da época (British Museum)

Documento 25.
Homenagem aos enciclopedistas

A gravura homenageia os autores da Enciclopédia organizados em torno de Diderot e D’Alembert


38. Identifica os espaços de sociabilidade a que se refere o Documento 23.

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39. Mostra, usando dois aspetos do mesmo texto, o impacto dos filósofos iluministas nos meios
intelectuais da época.

40. Com base no Documento 24., realça a importância dos cafés como meio de difusão do
pensamento.

41. Partindo do Documento 25., explica:


 a razão de uma homenagem aos Enciclopedistas;
 o realce dado às figuras de Diderot e D’Alembert.

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Grupo XI – A influência das Luzes

Documento 26.
Determinações de um Déspota Esclarecido

Decidi, desde o início do meu reinado, adornar a minha coroa com o amor do meu povo, atuar na
administração do meu reino de acordo com princípios justos, imparciais e liberais; consequentemente,
concedi tolerância e eliminei o garote garrote que oprimiu os protestantes durante séculos [1].
De futuro, o fanatismo será conhecido nos meus estados apenas pela malquerença [2] que lhe dedico;
ninguém mais voltará a ser perseguido por causa do seu credo; nenhum homem será, no futuro,
obrigado a professar a religião do Estado, se esta for contrária às suas convicções. [...]
A tolerância é um efeito dos benefícios trazidos pelo progresso do conhecimento, que ilumina hoje a
Europa e que se deve à filosofia e aos esforços de grandes homens; é uma prova convincente do
melhoramento do espírito humano, que ousadamente rompeu os domínios da superstição [...] e que,
para felicidade do género humano, se tornou o leme dos monarcas.
José II, imperador da Áustria (1741-1790), em Cartas de José II.
[1]
Refere-se ao Édito de Tolerância, promulgado em 1781.
[2]
Ódio.

42. A designação “déspota esclarecido atribuía-se aos soberanos…


a) do século XVIII que, governando de forma absolutista, imitavam o Rei-Sol Luís XIV.
b) do século XVIII que, mantendo todo o poder dos reis absolutos, procuravam governar para bem
do povo, segundo ideais do Iluminismo.
c) dos séculos XVII e XVIII que seguiam os princípios dos filósofos iluministas, trabalhando para o
progresso e bem-estar do seu povo.
d) dos séculos XVII e XVIII que governavam despoticamente através de um ministro todo-
poderoso que seguia as ideias iluministas.

43. Identifica, citando o documento, três ideias da filosofia iluminista patentes no texto de José II.

44. No último parágrafo do texto, a expressão “grandes homens”, entre outros vultos do pensamento e
da ciência, designa:
a) os iluministas, especialmente Voltaire.
b) os iluministas, em especial Rousseau.
c) os enciclopedistas, em especial Bossuet.
d) os déspotas iluminados.

Grupo XII – O Despotismo Esclarecido em Portugal

Documento 27.
Determinações de um Déspota Esclarecido

O período de governo que mediou até ao terramoto de 1755 traduziu-se num arrumar de casa perante a
inoperância a que chegara, no fim do reinado, a administração joanina. A mão do Secretário de Estado
fez-se sentir em vários domínios do reino e do ultramar, em matérias de política, de fazenda e de justiça
acompanhada de um labor legislativo em muitos pontos inovador.
João Medina (dir.), História de Portugal, Vol. VII, C. 1. Livro

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Documento 28.
A questão dos Jesuítas
Frontispício da obra Doutrinas da Igreja Sacrilegamente Ofendidas pelas
Atrocidades da Moral Jesuíta. Em letras mais pequenas, expressa-se o
objetivo da obra: “Para servirem de correção aos abomináveis erros, e
execrandas impiedades daquela pretendida Moral, inventada pela Sociedade
Jesuítica para a conquista e destruição de todos os Reinos e Estados
soberanos.”

Documento 29.
A questão dos Jesuítas
Ainda que no gabinete de História Natural [1] se incluam as produções do reino vegetal; como porém não
podem ver-se nele as plantas senão os seus cadáveres secos macerados e embalsamados, será
necessário, para complemento da mesma História, o estabelecimento d'um jardim botânico, no qual se
mostrem as plantas vivas; Pelo que: no lugar, que se achar mais próprio e competente nas vizinhanças
da Universidade, se estabelecerá logo o dito Jardim; para que nele se cultive todo o género de plantas; e
particularmente aquelas das quais se conhecer ou se esperar algum, préstimo na Medicina, e nas outras
artes.
Determinação para que se crie o jardim Botânico de Coimbra, 1772
[1]
Ciências Naturais.

Documento 30.
O Marquês junto a um quadro de Lisboa

Quadro representando o Marquês de Pombal, pintado por Van Loo, executado em 1776.

45. Dê um exemplo concreto do “arrumar de casa” a que se refere o historiador João Medina
(Documento 27.)

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46. A decisão de criar um jardim botânico em Coimbra (Documento 29.) prende-se:
a) com a reforma da Universidade, orientada por critérios experimentalistas.
b) com a decadência do gabinete de História Natural, onde os espécimes botânicos se
encontravam secos e macerados.
c) com o projeto de criar um laboratório onde se procedesse à pesquisa de medicamentos
utilizáveis na Medicina.
d) com o encerramento da universidade de Évora, em virtude da expulsão dos Jesuítas, onde
existia o único Jardim botânico do pais.

47. Identifica, no quadro de Van Loo, os elementos que se reportam à reconstrução de Lisboa.

48. Desenvolve o tema:


O projeto pombalina de inspiração iluminista.
A tua resposta deve abordar, pela ordem que entender, dois aspetos de cada um dos seguintes
tópicos de desenvolvimento:
 reforço do poder do Estado;
 projeto urbanístico de Lisboa;
 reforma do ensino.
A resposta deve integrar, para além dos teus conhecimentos, os dados disponíveis nos
Documentos. 27. a 30.

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