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Ilustração:

Fortaleza de Diu. Atribuída a Manuel Godinho de Erédia,


Livro da Plataforma das Fortalezas da India, c.1622-1640.
Biblioteca do Forte de S. Julião da Barra, Oeiras.
o Tombo de Diu
1592
Centro de Estudos

Damião de Cóis

o Tombo de lU

1592
Direcção e Prefácio

Artur Teodoro de Matos

Transcrição

Artur Teodoro de Matos

Lívia Ferrão

Luís da Cunha Pinheiro

Anotação

Artur Teodoro de Matos

João Manuel Teles e Cunha

Comissão Nacional para


as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses
Títu lo; O TOlllbo de Dili - 1592
D i recção e prefácio; Artllr Teodoro de Matos
Í nd ice ana lítico; André Alexandre Ma rtins Murteira

Coordenação ed itori a l; Fernanda Abreu


Capa; Patrícia Proença
Revisão; Fernanda Abreu, Luís da Cunha Pinheiro e João Manuel Teles e Cunha

Edição: CNCDP/Centro de Estudos Damião de Góis

Paginação: Maria da Graça Manta


Impressão e acabamento; Tipografia Lousanense, L.d"
1." e d ição: Julho d e 1 9 9 9
ISBN: 972-8325- 92-4
Depósito legal 11." 140 254/99
PREFÁCIO
E m 1914 Jerónimo Quadros iniciava em O Oriente Portuguez a
edição do Tombo da fortaleza de Dia, e l a borado em 1592 pelo prove­
dor-mor dos Contos de Goa Francisco P a i s , com a cola boração do con­
tador da mesma repartição D i ogo Vieira I. Interrompida a p u b licação
e m 1914, retomá- I a-ia em 19322 para a terminar cinco anos depois3.
Mas, apesar desta divulgação, não surgiu , até ao presente, qua l quer es­
tudo respeitante à h i stóri a económico-fin anceira de Diu que se va lesse
da riqueza i n formativa de tal fonte. Verdade se diga também que, em­
bora se deva relevar o esforço de Jerónimo Quadros4 - que à história
de Di u consagrou a maior parte do seu l abor h istoriográfico -, a trans­
crição editada é, i n felizmente, inaproveitá vel, não só pelas gral ha s q u e
contém mas, muito especialmente, p e l a s omissões e muitos l a psos d e
transcriçã05. D a í a obrigatoriedade de ter de recorrer-se ao original até
que uma nova edição - assente n uma transcrição correcta e m i nima­
mente anotada - p udesse ser d i v ulgada, o que agora acontece.

:;.

I o Oriel/te Portllgllez, Nova Goa , XI ( 1 9 1 4 ), n." 3-4, p. 54. O origi nal encontra-se no Ar-

quivo Histórico d e Goa, Dili, n." 624, f1s. 3 9-90.


2 O Oriellte Portllgllez, 4 ( 1 9 32 ), pp. 34-42 .

.1 Ibid., 1 8 ( 1 9 37).

, Desconhecemos a data de nascimento de Jerón imo Quadros. Era natural d e D i u e faleceu


em 20 de Dezem bro de 1947. Foi professor p rimário em Diu, exercendo depois funções a d m i n is­
trativas no Conselho Legislativo e no Conselho de Governo d o Estado da Índia. Deixou m a i s de
d uas dezenas de estudos, a maior parte deles respei tantes à sua terra natal. Sobre o autor, veja-se
Aleixo M a nuel da Costa, Diciollário de Literatllm Goesa, III, Maca u, Instituto Cultural de M a ­
c a u , Fundação Oriente, s/d, p p . 9 9-10 1 .
.< A. B. de Bragança Pereira, em Os Portllglleses el1l Dili, separata de O Oriellte Portllgllez,

Bastará , 1 9 3 5 , e depois inserido no A rqllivo Portllgllês Orielltal (Nova Edição), t. IV, vol. II, par­
te II, Bastorá, 1 9 3 8 , pp. 395 e ss, citaria a lguns trechos da transcrição introd uzindo-lhe correcções.
Panduronga S. S . Pissurlencal; e m Regimelltos das Fortalezas da ÍI/dia, Bastará, 1 95 1 , pp. 268 e ss,
a o anotar o « Regimento pera a fortaleza de D i a » de 1 565, util izaria o origi n a l do TOll1bo de D ili.

9
D a ndo cumprimento a u ma determi nação régia de 19 de M a rço de
1591, q ue mandava fazer «hu m l i ur o de todas as rendas, foros e proprie­
dades que pertencerem a sua fazenda [ . . ] nas forta lezas de Cha u l , B a ­
.

ç a i m , D a m ã o e D i a » , o vice-rei Matias de A lb u q uerque encarregar i a


dessa missão Franci sco Pais, a q u e m con feriu a lçada d e vedar da F a ­
zenda6. É que h a v i a chegado ao conhecimento da Coroa a lgumas situa­
ções i rregul a res, tan to na cobrança dos foros como na posse i n dev i d a
de terras. O exagerado n ú mero d e «aldeas forras e o utra s proprieda­
des» pertencentes à Fazenda Rea l , o d i m in u to quantitativo de foros co­
brados, acrescido d o facto de h aver terras cujos rendeiros «a s trazem
por tanto suas, q u e nem os foros dellas q uerem pagar de que se pode
segui r sonegaremsse e perpetuaremsse n a posse del l a s de maneira que
ha ja depoi s d i fficuldade em se req uerer contra e lles j ustiça» , induziram
a Coroa a ordenar q ue se fizesse «sem d i l l açam alguma» um tom.bo7.
Nele, segundo o monarca, seriam l ançadas todas as «al deias, terras e
propriedades q u e pertencerem a minha fazenda e forem foreiras a ella» ,
com a i ndicação «das pessoas que as trazem e foros q ue del las pagão e
quando e como l h e forão dadas e por q uem» H . As confrontações tam­
bém deveri a m ser registadas «para se não p oderem desencami n har em
tempo algu m » , i ndagando-se «se a n dã o a lgumas sonnegadas»9.

As i n d icações seriam de facto exemplarmente cumpridas pelo vedar


Francisco Pais e pelo seu auxiliar D iogo Vieira, q ue conseguira m elabo­
rar o cadastro da propriedade em D i u erguendo, para o futuro, u m au­
têntico monumento para a h istória económico-financeira desta fortaleza
e para a sua h istória rural e tributária. Aliás, o «ze l l o e entendimento»
desta m issão no Norte - Chaul (1591-1592)10, Damão (1592)" e D i u
(1592) - recomendá-los-ão para idêntica tarefa e m Goa, onde e m 1595
o rganizavam o Tombo das rendas de Goa, Bardez e Sal sete e demais re­
ceitas cobradas pela Fazenda Rea l nestes territórios do Estado da Índia 12.

� AHG, 624, Tombo de Dio, fi. 40.


7 Tombo de Dio, fls. 40-40v.
i Ibid., fl. 40v.

" Ibid., fl . 40v.


l n AHG, C!Jalll, 624, «Tombo de Cha uJ" , fls . 1-29. Este tombo, já transcrito, será brevemen­
te editado.
1 1 AHG, Dall/lio, 7599, «Tombo de Damào » . Este tombo, ainda inédito, será oportunamente
publicado. Sobre esta fonte, veja-se, de Lívia Baptista de Souza Ferrào, «Tenants, Rents and Revenu­
es from Daman in the late 1 6 th century», i n Mare Libel'lllll, Lisboa, 9 (1995), pp. 139-148.
12 A lv a rá de 26 de Junho de 1595, iII « Tombo das Rendas que Sua Magestade tem nas terras

de Salcete e Bardes e nesta ylha de Goa » , pu b l icado com notas históricas fi nais de Pand uronga

10 TOMI\O DE DIU -1592


Chegados a D i u, provedor e contador la nçaram m ãos à tarefa , per­
correndo os «li mos dos tom bos e fora is antigos que esta uão na fei to­
ria», i n i c i a ndo o n ovo tombo com os tresl ados dos con tra tos «e rezõi s
delles» fei tos c o m o s r e i s de Camba i a , e que h a v i a m a l i sido j á tomba­
dos pelo vedor da Fazenda S i mão Bote l h o l J •

Antes de procedermos a u m a a va l i ação das d i versas i m p osições


cobradas pela Fazenda Real em D i u e dos bens a ela pertencentes, s itue­
mo-nos no espaço, já que, como se referi u , este i n ventá rio remonta ao
ano de 1 592 .

o terr i tório de D i u abrangia: a i l ha com o mesmo nome, com 15 km


de comprimento (do castelo à praia da a l de i a de Brancavará no extre­
mo oeste) e 5 k m na sua maior largura, tota l iza ndo 52 km2 de superfí­
cie; a a ldeia de Gogo l á , fronte i r iça à i l h a e dela separada pelo rio C has­
s i e com u m a á rea de 2 km2• A NE e a 25 km de Diu ficava u m
pequeno ter r i tório deno m i nado S i mbor, constituído por uma pequenina
ilha e duas faixas de terreno separadas por um este i r o . Na i l ha l oca l iza­
va-se o v e l h o forte de Pan i-Kote o u de S i m bor ( forte do m a r ) , situado,
como a a l de i a de Gogo l á , no reino de ]unaghar I 4. A superfície tota l de
S i m bor não u l trapassa r i a 1 km2 1 5. Na i lha de D i u , a lém da cidade e
fortaleza, existiam sete a ldei as: Fodão, Mal a I a , Dangrava r i , Nago á , ]a­
soatraque, Brancavará e Bunchervará l 6 •

S . S . Pissur lencar, i n Bo/etil1l do II/stitl/to Vasco da Gal1la, Bastará, n . " 6 2 (1945), 66 (1950) e 68
(1952). Sobre a i mportância desta fonte, veja-se o nosso estudo « S istema Tribur á r i o e Rend imento
Fun d i á rio d e Goa no Século XVI», i n Las Relaciol/es el/tre Portl/ga/ y Cas/il/a el/ /a Época de los
DesC/lbril1liel//os )' /a ExpnIIsiol/ C% l/ia/, ed. de Ana Maria Cara bias To rres, Sa lamanca, Edicio­
nes U n i versidad d e Salamanca, 1994.
I.l TOlllbo de Dia, f1s. 41v-53; tam bém «Tombo do Estado d a lnd ia», de S imão Botelho

(1554), pub l icado por Rodrigo José de Lima Felner, in SlIbsídios para a História da íl/dia Por/II­
gllcza, Lisboa, Academia Rea l das Sciencias, 1868, pp. 217-232, II pa rte.
,., Reino h i ndu n a península de Kathiawa r, compreendido de 22° 44' a 21 ° 53' de latitude
norte e de 70° 00' a 72° 00' de longitude este. O reino foi incorporado, em 1467, no sultanado d o
Guzerate por M a hmC,d Bêgar â .
' .I C f . A . B . de Bragança Pereira, « A Fortaleza de D i u", i n A rquivo Por/llgllês Oriel/ta/ ( nova

e d ição), t. IV, vaI. II, parte II, Basrorá, 1938, p. 395; A l1Ilririo do Il1Ipério C% l/ia/ Portllgllês,
2.' cd., Lisboa, Empresa d o Anuário Comerc i a l , s/d, pp. 464-467. Veja-se também a sugestiva des­
crição de Diu feita por Raquel Soeiro de Brito, em Goa e as Praças do Norte, Lisboa, Junta d e In­
vestigações do U l tramar, 1966, pp. 155-172.
,r. TOl1lbo de Dio, fI. 63.

11
Segun d o i nformação de 1597, em D i u vJve r i a m p o uco m a i s d e
200 famíli a s portuguesas, e u m a população muç u l ma n a q u e a t i ngia o s
2000 habitantes I?, O s h in dus seriam também em número con s iderável j á
que, e m 1613, chegavam aos quatro ou c inco m i l I g, N o Inverno j untar­
-se-i a m em D i u mai s de 1000 estrangei ros: persas, mogores e outros,

A n tó n i o Bocarro, em 1634, dá conta já da decadênc i a de m uitas


casas «mui n obres» , localizadas na fortaleza e pertencentes a «cazados
portuguezes» , A «ma v i s i n h a nça» dos capitães obrigara-os a mudarem­
-se para o exterior l 9,

Além do valor estratégico e de apoio à n avegação - l e mb remo-n os


de que D i u fica situado à entrada do golfo de Cambaia20 -, a Fazenda
Real do Estado da Í n d i a a uferi a rend i mento considerável desta fOl'tale­
za do Norte que, no ano de 1588, atingira os 103 000 pardaus de l a r i n s
(30 900$000 rs, ) 2 1 , sendo 97% proveniente da a lfândega , q ue deveria j á
i n cl u i r várias outras rendas22, Até 1622, e d e p o i s de G o a , Orm uz e B a ­
ç a i m (esta só no s é c u l o XVI), D iu e r a a forta leza que ma ior contr i b u i ­
ção financeira dava ao Estado da Í n d i a , c o m percentagens situadas e n ­
tre os 1 5 e os 18,8% do orçamento gera l23, M a s , q uatro anos depois,
a situação era j á a lgo d i ferente como se verá, Repare-se que as rendas

1 7 Carta régia d e 5.11.1597, p u b licada p o r J. H. d a Cunha Riva ra, A rciJivo Portllgllez Oriel/­
ta!, fase. 3.", 2." pane, Nova Goa, 1861, pp. 680 e ss, cit. por A . B. de Bragança Pereira, a rt. e lug.
c i ts., p . 403.
1.< Arq u ivo Histórico de Goa , MOl/ções do Reillo, n." 12, cit. por A. B. de Bragança Perei ra ,

art. e lug. c i t s . , p . 403.


" «Livro d a s plantas de todas as fonalezas, cidades e povoações do Esta do da Ind i'l . . . pu­ »

b licado por A. B . de Bragança Pereira, A rqllivo Portllgllez Oriel/ta!, t. I V, vaI. II, p . I, Bastará,
1937, p. 105.
211 O golfo de Cambaia é u m a reen trância do oceano índico na costa ocidental ind iana, cujo

limite setentrional é constituído por D i u , a 20° 43' N e 70° 48' E, e o meridional por Damão, a
20025' N e 720 57' E .
2 1 ° p a r d a u de l a r i m t i n h a o mesmo v a l o r que o xerafim d e G o a , $300 r5., a o qual s e j u nta­
va uma taxa de câmbio de 20%, $060 rs., para efeitos conta b i l ísticos das a u to rida des goesas. Por
essa razão, o pardau de larim equ iva l i a a $360 rs. no cômputo final. Sobre essa ta xa d e conversào,
veja-se o « O rçamento de 1609», ela borado por Francisco Pais, iI/ B i b l io teca Nacional, Lisboa,
Fundo Gera l, Cód ice 11 410, fI. 109, 111. ° valor aqui i n d icado não tem a soma d a taxa de
20%, a qua l a umenta o valor final para 37 080$000 rs. Pedro Barreto de Resende ao escrever, em
1634, o seu Livro do Estado da ÍI/dia Oriel/ta! deu outra equ ivalência entre o pardau de larim e o
rea l . Nessa a l tura o pardau valia $450 rs., pelo que o va l o r subiria para 46 350$000 rs. Veja-se a
ta bela de equivalências no fim do prefácio.
22 Arquivo Histórico Ultramarino, códice SOO, «Orçamento do Estado da Í ndia ( 1588)>>, fI. 98.

23 Cf. o nosso estudo « A s ituação financeira do Estado da Índ ia no período fi l i p i n o (1581-

- 1635)>>, in Na Rota da ÍI/dia. Estl/dos de História da Expal/são Portllgllesa, Macau, Instituto


Cultural de Maca u , 1994, pp. 75-81.

12 TOMIIO DEDIU-15Y2
cobradas pela Fazenda Real de D i u serão, no essenc i a l , as mesmas que
o rei de C a m b a i a a u ferira, apoderan do-se ta mbém dos préd i os mbanos
e rurais, c u j a propriedade esse monarca det i n h a . A l iás, Fra ncisco Pais
assevera que tomara i nformações «de pessoas m uito a ntigas» e, pela
leitura dos «contratos» e «experienc i a que ha depois do Estado da Jndia
ser conqui stado» , conel u ía que Sua Majestade tinha a «j u ri sd içam e
senho r i o» d o ter r i tóri o de D i u, pelo q ue, do p o n to de v i s ta j ur í d i co, l he
pertenciam todos os seus rend imentos24 .

Valerá, talvez, determo-nos, embora de relance, no tipo de impostos


arrecadados pela Fazenda Real da Í ndia em D i u , neste fi n a l q u i n hentista,
até porque, ao que j ulgamos, tal levantamento não foi a inda efectuado e
poderá constituir a lgum contributo para a história tri butária do Estado
da Índia2s. Recorde-se que, em 1 5 65, D. Antão de Noronha, no Regimen­
to para a fortaleza e cidade de Dio, estipulara os d i ferentes tipos de impo­
s ições, a sua proven iência e o modo como deveriam ser cobradas26.

a) Alfândega de Diu ou Alfândega Grande. «Mu i to a n tiga», esta


fora sempre de «grande escal la», já que por ela passava o «trato e comer­
c i o » do rei n o de C a m b a i a que F r a n c i sco P a i s a s s i n a la ser « m ui to
grosso»27. Todavia, com a isenção dada pelo Melique aos mercadores
p ortugueses em Cha ul28, as reduzidas taxas a í cobradas a «mouros e
gentios» fizeram desviar o comércio para este porto que ti n h a a vanta­
gem de estar «ma i s perto e acomodado» para o comércio de Cam­
b a ia29, Meca30, Ormuz3 1 e M e l i nde32. Daí o p rej u ízo que o trato de
C h a u l terá trazi d o ao ren dimento das a lfân degas de D i u e Goa . É por
i s s o que Francisco Pais recomendava o estabelecimento de uma a l fân­
dega n o porto de Cha u l , a té porque, segundo escreve, «sostenta em paz
e j ustiça aos moradores e mercadores defendendo os, e emparando os
dos i m igos e segurando os p o l l o mar de corsai ros»33.

24 AJ-IG, n." 62 1 , Tombo de Dia, fls. 551'-56.


25 lbid., fls. 541'-551'.
2(, P u b l icado por Pandu rong'1 S. S. Pissurlcncar, Regilllelltos das Fortalezas da II/dia, Bastor,),

L95 1 , p p . 266-284.
27 TOlllbo de Dia, fI . 5 6 .
2N Chaul, ci dade e fortaleza portuguesa a 1 8° 33' N e 72° 55' E, ao s u l de Bom ba i m .
2" C a m b a i a , Cam bay, Khamhb.iit, Khumbâyat, cidade a 2 2 ° 22' N e 7 2 ° 3 8 ' E .
.lil
Meca, M a k k a , a cidade santa d o islão a 2 1 ° 3 0 ' N e 4 0° ] 7' E .
.II Ormuz, Hormuz, Armuz, ilha a 27" 09' N e 5 7" OS' E, à entracla cio gol fo Pé rsico, no es­

treito homónil11o.
32 Melinde, Ma l i ndi, cicl ade portuária a 3° 1 2 ' S e 40° 08' E .

.U Ibid., fI. 5 8 .

13
Na Alfândega Grande despachavam-se as fazendas que entravam e
saíam do porto, bem como o ouro, p rata, moedas e a lj ôfar que chegavam
de Gidá34, Meca, Ormuz, Mel inde, cobrando-se 4% sobre o seu valor35 .

b) Alfândega de Gogo/á. Esta belecida nesta loc a l i dade, fro n te i r i ç a


de D iu , n o tempo do vice-rei D . A n t ã o de Noro n h a , seri a i n tegrada n a
den o m i n a d a Alfândega Grande. Nel a se cobravam os d ireitos dos a lgo­
dões e teadas que entravam por mar ou por terra no porto de D iu , bem
como as taxas dos m a n t i mentos, m a deiras e outros produtos que ai i
chega v a m p o r terra36•

c) Mandovi111 dos mantimentos. Aqu i se pagavam os 6% que recaíam


sobre os mantimentos que entravam e saíam de D iu por via marítima .
Cada em barcação teri a a i nda de d a r um pará37 do manti mento que
trouxesse ao convento de S . D o m i n gos, para sustento dos catec ú menos
e cristã os38•

d) Manteigas. Esta renda tra d u z i a -se no gan ho de « h u m pezo»


exi ste n te na cidade onde se «pezavam» as manteigas, os azeites, fia d o ,
a d u bos, gerge l i m e o u tras m i u deza s q ue s e ven d i a m em can d i s39 e o u­
tras m e d idas40•

e) Anfião41• A venda avulsa deste produto só era permitida ao seu


contratante. Ao anfião j u ntava-se a venda do bangue42, manjum43, bé-

.14 Judá, J u d d a , porto a 21° 38' N e 39° 1 7 ' E, serve a cidade santa de Meca .
.15 3% p a ra a Fazenda Rca l , 0,5% para os oficiais da a lfândega, e o o u tro 0,5% p a ra as
obras e fortificação da cidade e forta leza. Cf. TOlllbo de Dia, fI. 541'.
36 lbid., fls. 58-581'.

37 Medida de capacidade para cereais, cio malaiala /}(Ira; cf. H. H. Wilson, A G/assar)' ofIlldi­

cia / al/d Reval/I/e Tel'llls (Lond res, 'j 855, reimpressão de 1968), S.I'.; Dalgado, Glossário, S.I'. A me­
dida varia consoante a região da Í ndia, o de Diu tinha 28,21'j litros; cf. António Nunes, Livro dos
pesos da ÍI/dia, fI. 19, iI/ Lima Felner, SI/bsídios para a História da Ílldia POlIlIglleza, já cit., p. 58.
3' TOlllbo de Dia, fls. 581'-59.

.1" Medida de peso e de capacidade gue variava consoante a região da Índia. O de D i u t i n h a

244,18 kg, e n q u a n to medida de peso, ou 225,69 l i tros, enquanto m e d i d a de capacidade; c f . A n tó­


n i o N unes, Livro dos {lesos da Ílldia, fI. 181'.-19, iII L im a Felner, SlIbsídios para a História da
Ílldia P ortllglleza, pp. 48, 58.
40 Tombo de Dia, fI. 59.

41 O ópio, o produto de Pa/Jtlver sOlllllife/'lll1l ( L i n n . ) . Cf. D a lgado, Glossário, s.v.


42 As folhas secas e hastes temas d o cânhamo, Callabis satiua (Linn.), gue se fumam ali m a s­
c a m e q u e embriaga como o ópio. Cf. D a lgado, Glossário, s.v.
4.1 Electu,irio do ballglle e de ou tros i ngredientes, como a reca verde, noz-moscada, macis,

cânfora, â m bal, a l m ísca r. Cf. Dalgado, Glossário, S.I'.

14 TO.\oIl\O DF. DIU - 1592


tele44, m a n i l has de tartaruga e vidro, cebolas e a l h o s e a permissão de
ti ngir m a n i l h a s de ma rfim4 5 .

f) Urraca46 • Tratava-se, ao contrá rio das anteriores, de uma i mposi­


ção criada pelos portugueses. A venda de v i n h o em tabe rn a s era excl u ­
sivo do rendeiro da urraca, q uer s e tratasse deste, do de passa47, de
«da u ry» 4�, de «baga ny»49 o u a té da sura extraída das tamareiras. O s
direi tos cobrados pel a Coroa esta vam j á fixados de acordo com a q u a ­
l idade e a proven iência do vin hoSO•

g) Tinta de anil. Só o rendeiro a podia fa bricar «e de s u a mão dá a


d i ta tinta aos que a hão m ister pera se tingir o fiado pera as roupas»
que se fazi am em D i u . A quan tidade do fiado, da roupa, bem como a
quali dade da tin ta deter m inavam a taxa a pagar pelo arren d a tá rios l .

h) Pescado. Todo o peixe fresco ou seco entrado n a b arra de D i u


o u n a d e Brancavará pagaria 6%52.

i) Palel'h1153 • Sobre a l e n h a , p a l h a , búfa los e açúcar, trazi dos através


do passo de Palerim pelos leiteiros54 e boiásS5 para se venderem n a cida­
de, recaía u ma i mposição56.

H Folha de Pipa betle ( L i n n . ) . É um masticário m u i to usado na índia, misturado com a a re­

ca, cal d e ostras e substâncias aromá ticas. Cf. Da lgado, Glossário, s.v. O bétele deve ria ser vend i ­
d o em boticas no espaço compreendido entre o bazar de S . Domingos e a forta leza.
4.' TOII/bo de Dio, fI. 591'.
4(, Extraída de vários ti pos de palmeiras, obti nham -se três tipos: a sura ( s u btraída d i recta­
mente); a urraca (obti ela pela destilação d a sura); e a urraca (orte ou xarau ( feita ela destilação ela
sllra o u U/Taca três ou mais vezes). Cio «Tombo elo Estado da Í ndia . . . , j,í cit., p. 50.
..

47 Vinho obtido da i n fusão de passas de uvas pretas na urraca .

4" O b t id o da m istura de uma erva com o mesmo nome, à q u a l se a d ic ionava jagra ou tâma­
ras. Cf. TOII/bo de Dio, fI. 60.
4 � Supomos ser bageri, um legume indian o, l'alliClfl1l sjJicaltlllll ( Roxb. ) , até porque este vi-

nho, segundo ind icação de F. Pais, era obtido de legumes. Cf. Da lgado, Glossário, s.v.
.<11 TOII/bo de Dio, fI. 6 0 .
II lbid., fi. 60.

51 Ibid., fi. 6 1 .

.U Loca l do rio Chassi onde existia um passo por anele se vinha p a ra a terra firme da penín­

sula de K a t hiawar.
H Casta i n ferior de D i u, são os //aII do is. CL A. B. de Bragança Pereira, Etllogra(ia da Ílldia

Portuguesa, 1'01. I I, Bastará, 1940, p. 53.


55 Uma d a s castas m a i s baixas de D i u , os Bhoi, que são ca rreg a d o re s e a g u a d e i r o s .
C i o N . K . Sinha, «BhoirajlBhoi , iII K. S . S i ng [Ed.], Peop/e 01' Jlldia, 1'01. X I X , Dali/ali alld Dili,
..

Bomba i m , '1994, pp. 37-43.


5(, TOII/bo de Dio, fI. 6 1 1'.

15
j) Serração do marfim. O corte de marfim em D i u , para consumo
l oca l ou para exportação, só era permitid o ao respecti vo rende i r o .
Quem necessita sse fazê-l o teria de lhe pagar um imposto de acordo
com a espessura elo marfim cortad 057.

I) Boticas. O utrora propriedade dos reis de Camba ia, a Coroa por­


tuguesa delas se apossou, ela ndo-as de mercê a portugueses e n aturais, e
passa ndo a cobrar os respectivos foros5 8 .

111 ) Ilha de Diu. Os foros das hortas e chãos existen tes nos arrebal­

des e i l h a ele D i u (da cerca da ci dade para fora ) e o bétele constituíam a


deno m in a d a renda da ilha. Nela esta v a m também incorporadas as pro­
priedades rústicas das suas sete a ldeias, a n teriormente farei ras do rei de
Cam b a i a : Fodão, Mala ia, Da nga rva rim, Nagoá , ]asotraque, Brancava­
rá e B u nchervará59• Os c u l t i vadores do bétele teriam de entregar ao
rendeiro da Coroa toda a colheita, recebendo 55% do produto da ven­
d a . Igua l percentagem (45 % ) era cobrada ao bétele importado, embora
este só p udesse ser vendido depois de esgotado o bétele dos foreiros60.

Tam bém sobre os cocos, ma ngas e tâmaras col h i dos em D i u recaía


u ma taxa, pertencendo ao dono apenas 1 das 2,5 pa rtes em q ue era d i ­
vidida a colh eita . Melhor sorte t i n h a m os p rodutores d e figos, romãs e
l imões da terra que poderi am ficar com metade dos seus frutos6 1 . A l ­
g u n s emo l u mentos, denominados caidas, i ncidiam sobre o gado miúdo
e a erva babosa62•

Mas, pa rte i mporta n te das rendas d a i l h a de D i u e arredores provi­


n ham dos foros, a rrecadados n a feitori a pelo feitor da Fazenda Real
- «por serem foros certos e l i mitados» - duas vezes ao ano «por a s
ditas propriedades darem d u a s novi dades» 6J. A renda proveniente d o s

.17 Por cada baar d e marfim grosso cortado pagaria 3 larins, d o méd io 2 1tz la rins e d o estrei­

to 2 b rins. O valor d o baar de Diu oscilava entre os 2 3 5,008 kg, segundo os dados de Lima Fel­
ner, SlIbsídios !Jam a História da f"dia l'ortllglleza, p. 4 8 , c os 244 , 1 8 kg, pelas informações d o
a uror das « Lembranças das coisas da índ ia", fI. 26, i " Lima Felner, SlIbsídios !iflmll História da
[I/dill l'ortllgl/ezn, p. 2 9 . Cf. TOlllbo de Dio, ris. 6 1 1'-62 .
.IX TOlllbo de Dio, fls. 621'-63.

\; I bid., fls. 621'-63.

{,o Ibid., fI. 6 3 .


{, I Ibid., fI. 6 3 1'.
{,1 De q u e se extr a i o aloés, Aloe vera ( Linn . ) . Cf. D a lgaclo, Glossário, 5.1'.
{,.l TOlllbo de Dio, fI. 631'.

l6 TO�,II\O DE DIU - 1591


chãos e hortas e paga em d i n heiro t i n ha, como se verá, a lguma expres­
são. O seu c á lculo era estimado a partir da viga - u nidade de med ida
agrár i a - que, para os terrenos de regadio ( onde tam bém se c u ltivava
o bétele), era de 3,5 larins e para os de sequeiro, cujas sementei ras se
fazi am só com a chuva, era apenas de 0,5 larim por viga64.

n) Drupo. Era o fiel e j u i z do peso da cidade. Os mercadores te­


riam de pagar 4 peladas (12 réis) por cada bar de mercadoria pesada 6 5 .

o) Bosta. Segu ndo Fra ncisco Pa i s, era costume a ntigo todo o gado
sair diaria m ente de Diu pelas portas da cidade ( po rta dos búfa los) a
pastar n o campo. Pela ta rde, ao recol her-se e a n tes de vol tar a entrar,
v i n h a «desca nssa r» defronte das portas e beber a água de u n s tanques
a l i existentes . Pelo tra ba l h o de encher ta i s reservatórios (<ficau a l he em
premio a bosta que o d i to gado l a nça n o d i to postO» que, depois de
seca, servi a de l e n h a66.

p) Sabão, Por volta do ano de 15 77, q u a tro estrangeiros mour os,


residentes em D i u, resolvera m fa bricar sabão «sem l icença e m u i t o
r o i m, e fa lçi ficcado», Esta ndo o «pouo enga n ado» e p a r a evitar ta l
da no, o seu fa brico seria a forado, para sempre a B a l tazar Rodrigues de
Azevedo mediante o paga mento de 6 pardaus de larins (2700 réis )67,

q) Passos6S de Gogo l á, Palerim, Bra ncavará, B unchervará ( passo d o


baluarte vel h o ), Teti, Os di reitos de passagem n o s r i o s era m arrendados
a particu l a res que, além do pagamento do foro estipulado, assumiam
certas obri gações, tai s como: d isporem de a l madias em n úmero sufi­
ciente (Palerim), exercerem vigilância sobre negros fugidos e fazend a
«desenca m i n hada» da a l fândega ( Brancavará ) 69, Para maior segman ç a
d o passo de Gogolá, o s esteiros de O l vane e Va nçoso, q u e lhe ficavam
j un tos, esta vam a forados j un ta mente com este pass070,

(,4 A viga do Guzerate tem 2 3 7,609 m', segundo os valores fornecidos por H. H. Wilson,
fi Glossar)' of.llldicial alld Revelllle Terllls, s.v.
(,5 TOlllbo de Dia, fls. 64-64v.

(,(, Ibid., fI. 8 8 .


(, 7
Ibid., fls. 73-73v.
(," Passagem de rio, onde se pagavam d i re i tos.
(," TOlllbo de Dia, fls. 64v, 66v, 67, 70, 72v.
7i1
lbid., fls. 64v-65v e 66-67v.

J7
r) Ioga do gaugau. A renda proveniente deste j ogo h a v i a j á desapa­
recido e m 1592 por ser «in l içita e p rej l1diçiab) 7 1 . Segundo Simão Bote­
l h o) o mesmo acontecera em Chaul por i n iciativa de D . João de Castro
e em Baçaim por ordem de Martim A fonso de Sousa em 154472.

s) Quarentena. Traduzia-se no pagamento de 5% sobre o valor da


venda da propriedade foreira. Não sendo cobrada pela Fazenda Real de
D i u em 1592, parece, todavia, que os contratadores a arrecadavam . Fran­
cisco Pais determ i nará que a sua cobrança se efectuasse directa men te73•

::.

D ep o i s deste e lementar excurso pelos d iversos tributos a p licados


n o terr i tório de D i u quinhentista proporcionado pelo cuidado contabi­
lístico de Francisco Pais e D iogo Vieira, vej amos o cômp u to de cada
um para assim a v a l i armos do seu significado económ ic074 .

Embora o a utor do Tombo de Dia assevere q u e o contrato triena l


de arrendamento de todos estes di reitos ( i nclui ndo os da a l fândega de
D a m ã o ) a sce n d e r i a , em 1592, a 103 500 p a r d a u s d e l a 1'ins o u
3 1 050$000 a n u a i s , descontados o s cerca de 250 p a rdaus d e D a m ã o,
pelas diversas a d ições que efectuá mos alcançámos os 38 316$965 1's75•

De u m a leitura das receitas a arrecadar pela feitori a de D i u em 1592,


verifica-se que é, na verdade, da alfândega que provém o m a ior quantita­
tivo (80,6%), logo seguido pelo conj unto das diversas rendas (11,1%).
D entro do grupo das rendas destaca-se a do mandoui111 dos mantimentos
(53,1% ), seguida a uma distância considerável da das manteigas (16,1%),
seguindo-se-lhe a da i l h a de D i u (9,9%), a das urracas (8,5%) e a do an­
fião (6,4%). Todas as restantes situa m-se em percentagens próximas ou
i n feriores a 1 %. A renda do sabão fica no patamar do 0,1% , enqua nto a

71 Desconhecemos o tipo de jogo de que se tratava. rbid., fI . 55v. Todavia, Francisco Pais no
T011lbo de C/Jafl/ i n forma que « hera huma casa onde todos iam j uguan" ignorando-se que jogo.
Cf. AHG, cód. 624, fI. 8.
71 «Tombo do Estado da India " , ob. e/fig. ci/s., pp. 1 24 e 1 40.
7.\ TOlJlbo de Dia, fI. 8 8 v.
74 Veja-se o Q u a d ro I e respectivo gráfico.
7.i O cômputo foi rea l izado a $300 rs. Caso fosse feito a $360 rs, os valores ficariam a l tera­
d os para 4 5 980$258 rs . .Já de acordo com os valores fornecidos por Pedro Barreto de Resende
( 1 63 4 ) , os valores seriam 5 7 474$ 572 1'5.
da bosta atinge os 0,009 % . O rendimento da a l fândega de Gogolá atinge
os 2 343$000 rs anuais (6,1 % ) . Os foros de D i u representam 2,1 % das
receitas e as restantes, passos, piloto-mar e moca dão das tampanas, e o
mirabá, guarda de Gogolá e moca dão das manás de medidagem não al­
cançam, seq uer, 1 % do tota l .

E m 1 59 2 o contrato d e arrendamento da maior parte destas i mpo­


sições era fei to a n u a l mente em conj unto com o da A l fândega Grande.
Francisco Pais recomendaria uma locação sepa rada e p o r três anos
como acontec i a com a a l fândega . A l iás, tal regime era por ele sugerido
p a ra todos os arrendamentos a n ua i s feitos habitua lmente pelo sistema
de contrato. J ustificava Francisco Pais que o con trato a n u a l era lesivo
d o s e u «acreçentamento» porque os rendeiros se precav i a m contra
eventua is perdas, já q ue fica vam sem h ipótese de recuperaçã076•

O utras q uestões merecem a nossa consideração: a dos foros e a da


p ro priedade urbana e r ur a l em D i u . Quanto a esta, i mportará i ndagar
da s u a d istri buição, valor, extensão, a q ui sição, transm issão e posse.
A q u a n do da organ i zação do Tombo de Dia, Fra ncisco Pais verificara
q ue não obstante estarem registados no tombo velho as propriedades
da i l h a e arredores q u e a cada pessoa pertenciam e foros que pagavam,
o trespasse de m u itas delas não havia sido devi damente registado, pelo
q ue, no dizer do provedor-mor, «tudo esta u a confuso» . Por i sso man­
d a ria l ançar «pregão» para que «toda a pessoa que possuisse a lguma
orta ou propriedade apresentasse o tito l l o della» a fim de ser dev i d a ­
mente registada no novo tombo77. E m resultado desta diligência o s pro­
prietários apresentara m as «suas cartas e titol/os» e por eles foi efectuado
um n ovo regi sto, que suporta as nossas observações e comentários.

Casas e boticas da c idade constituíam a p ropriedade urbana foreira


da Fazenda Rea l . E, se não é possível estimar o n úmero das prime i ras
porque a i n d icação frequente de «casas» não o permite, já em relação
às boticas o cálculo, apesar de aproximado, pode esta belecer-se. Numa
a va li ação aq uém, porventura, da rea I idade, identificá mos 13 O boticas,

7r. TOlllbo de Dia, fI. 5 8 v.


77 IbM., fI. 64.

19
algumas de mantimentos, outras de panos, de arroz ou de tâma ras situa­
das no bazar graJ1de da cidade ou nos menores e apenas com determi­
n a do p ro d u to . Os nomes dos seus proprietários, como, a l i :á s , das casas,
são q uase sempre p ortugueses, embora se registem alguns donos mou­
ros, e sobretudo baneanes. O número de boticas de cada dono é var i á ­
v e l j á que alguns possuem apenas uma, enqua nto o utros poderão ter
uma d ú z i a ou mais. Domi ngos Henriques detin h a 1 5 boticas no bazar­
z i n h o dos ma ntimentosn, enquanto João Gonça lves atingira as 52, d i s­
tri b u íd a s por este bazar e pelo da c i dade79 e j á vendera 3 6 , ao q ue pare­
ce i n devidamente, aca bando Pedro Nunes por recebê-Ias em mer cêgo.

Mas a q uase total idade dos foros provinha da propriedade rural, dos
denom inados chãos e hortas, e até dos poços e tanques. Com um solo
muito poroso e com uma concentr ação, i rregular idade e escassez de chu­
vas, como a n ota Raquel Soeiro de Brito, torna-se necessá ria a regag l •
Ali á s , os chãos eram d e dois tipos: os de regadio e os d e sequeiro o u de
chuva. Recorde-se que o foro de cada viga un idade de medida agrá­
-

ria - ass i n alava bem a desigualdade: o da de regad i o custava a o for e i ro


3 ,5 larins por viga, enquanto a do de sequei ro ficava por 0,5 larim82 .

Como também lembra esta geógrafa da expansão portuguesa, a


« vegetação de D i u reflecte bem a mingua de água» , tor n a n d o o a rvore­
do escass0 8 J. Por isso, a fa lta de lenha levou ao a proveitamento da bos­
ta para a s for n a l h a s q ue, como se viu, era também a foradag4• Lembre­
-se, porém, que o poço poder i a não ser per tença em exclusivo de um
terreno ou dono, tendo o for e i ro de partilha r o seu uso com o utrem,
exigi n d o o estabelecimento de horá rio de apr oveitamento. Nas h or tas,
o recurso a o tan que para as culturas de beringel as, p imen ta, couves e
cebo l a destinadas a o bazar dos mantimentos ou das fulas tornava-se
n ecessá r i o , como era impresc i nd ível ao gado que pastava�5 .

7H Ibid., fI. 80.


N lbid., fls. 69, 72v, 83v. João Gonçalves era dono de uma mesquita que confinava com bo-
ticas de tâmaras ao Bazar Grande d a cidade. Cf. Tombo de Dio, fi. 6 9 .
�tl lbid., fls. S l - 8 I v.

H I R. S. de B rito, Goa e as Praças do Norte, pp. 1 5 8 e 1 6 2 .


<2 T0111bo de Dia, fI. 69v.

.< l R. S. de Brito, ob. cit., p. 1 5 8 .


•<4 Id., ibid., p. 1 5 8 e Tombo de Dia, fls. 88-8 8v. Ve ja-se, atnís, a descrição desta renda.

H5 R. S . de Brito, ob. cit., p. 1 62 e TO/llbo de Dio, fI . 77. Filia: nome fÍsico-português q ue


significa flor.

20 T O .\ I I\O [ l I'. IJIU - l .in


Nos c h ã o s d e sequeiro pred o m i n a v a m as p a l m e i r a s e, seg u n d o
F. Pai s, u m esforço d e plantação estava a decorrer e m 1 592, esperando-se,
por isso, e a breve prazo, um considerável aumento da renda da urracag6•

o registo da extensão da quase total idade das terras foreiras de


D i u perm i te-nos ter lima ideia a proximada do seu tipo, á rea e l oc a l i za­
ç ã o . Todavia, convém referir que ta is elementos respeitam sobretudo
a os den o m i nados chãos, já que p a ra as hortas nem sempre é i n d icada a
s u a á rea, talvez, até, pela sua pequenez. Como uma vez m a i s ass i n a l a
Raquel Soeiro d e Brito, u m a d a s características d a s a ldeias d e D i u, se
comparadas com as de Goa, é não terem praticamente terra, j á q u e as
hortas são m i núscu lass7. Daí a di ficuldade em esti mar a superfície, em­
bora se con heça o seu número,

A propriedade rústica de D i u ocupava em 1 592 u m a á rea que em


p o uco u ltrapassaria os 322 3 55,249 m 2 88 , Os terrenos de regad i o ocupa­
vam 44, 7 %, enquanto os de seque i ro o restante (55,3 % ) . Da sua d is­
tri b u ição pel a ilha verifica-se que metade (50, 6 % ) situa-se e m Bu ncher­
va rá, seg u i ndo-se-l he os a rredores da cidade (com 20,8 % ) e Brancavará
( co m 1 7% ) . Na cidade (2,0 % ), D angarvarim ( 5, 7 % ) e Nagoá (3,9 % ),
o número e extensão da terra é a i n d a menor. Repare-se a i n d a q u e a a l ­
d e i a q u e proporcionava m e l hores condições para a agricultura e r a B u n ­
x i v a r á c o m 3 0 3 vigas de regad i o ( 7 1 995,527 m2), e n qu anto em B r a n ­
cavará - a l deia de pescadores - a terra d e regadio escasseava ( a pe n a s
1 5 5 0 3 , 9 8 7 m2) . Havia a l i á s n a a l deia a lguns « c h ã o s m a n i n hos» i m­
próprios para cul turas, como i n aproveitáveis eram os terrenos salga­
dos, à saída da povoação, que o mar cobria em maré cheia 8 9,

As terras dos a r rebaldes da cidade eram ta l vez a s que d i s p un h a m


d e m a i o r número d e poços. A í tam bém s e l oca l i zavam umas m a r i n h a s
de sal o u trora d a d a s de mercê a Henri que Fernandes p e l a sua relevan te
acção n os cercos de Di u9o.

J u n to a mu itas das casas da cidade havia pequenos terrenos ou «re­


tal h os de horta» , certa mente u ti l i zados como quintal, mas cuja exten-

,r, TOJllbo de Dia, fI. 601'.

" R. S. de Brito, ob. cit., p. J 6 1 .


xx Veja-se o Q ua d ro II - A propriedade rllstica em D i u : tipo e extensão.
'" TOJllbo de Dia, fls. 78 e 8 01'.
"" lbid., fI. 8 01'.

21
são n ã o é possível conhecer. O mesmo acontece a mu i tas hortas desta e
das demais l ocalidades. Em Gogolá os terrenos onde se erguera u m a
a n tiga forta leza s ã o dados a Agosti nho Mendes9 1 • Cada uma das a l ­
d e i a s de Fodão, ]asoatraque e M a l a i a - a primeira de 1 1 hortas e cada
uma das restan tes com 6 - era m , ao q ue supomos, propriedade de um
único d o n o92.

Q u a n to aos rendimentos provenientes dos foros, não obsta n te a


p reocu pação de r igor que tivemos, conta b i l i zá m os a penas 8 1 4$673 rs
( 2 , 1 % d o q u a n titativo i ndicado por F. P a i s ) , embora não p ossamos ter
considerado o bétele ar incluído como alguns frutos e até as caidas9J •
BU l 1chervará contribui com a ma ior percentagem (43,7% ) , logo seguido
pelos a rr e dores da cidade ( 2 1 ,2 % ) e por Brancava rá ( 1 2, 9 % ) . Seguem­
-se os foros de Da ngravari ( 9 ,2 % ) e os da cidade ( 7 , 1 %). Num p a ta­
m a r i n ferior situam-se os foros de Nagoá (2,4 % ) , ]asoatra que ( 1 ,5 % ) ,
Fodão ( 1 ,3 % ) . Com receitas i n feriores a 1 % estão Gogo lá ( 0 ,6 % ) e
M a l a i a ( 0 ,2 % ) .

Mas, quem detin h a a propriedade e m D iu ? Em que ci rcunstâncias


era a d quirida ?

A leitura do Tombo de Dia permite-nos identificar q uase cente n a e


meia de proprietários, a lguns deles h i n dus, outros mouros, que deti­
nham sós ou com outros a posse da terr a . A i n d icação do antropónimo
leva-nos a supor que m uitos deles são portugueses « casados» , mas fica
q uase sempre por sa ber q ua l a percentagem dos cri stãos n a turai s . De
q u a l que r modo p u demos conc l u i r q ue o número de proprietários cris­
tãos e genti os é sensivelmente o mesmo ( 67 para 6 6 ) , embora a exten­
são de terra na posse dos cristãos fosse superior à dos dema i s .

Entre os m a iores proprietá rios d e D i u estã o Antó n i o Cardoso com


1 97 vigas de terra , todas em Bunchervará (46 8 0 8 ,973 1112) e a penas em
duas partes, uma das quais com 1 82 v igas ( 43 244 , 8 3 8 m2) 94 A l i á s ,
.

" ' Jbid., fls. 75-75\1.


n Jbid. , fls. 74-74\1.
".I Cf. Q u a d ro II.

9' TOlllbo de Dia, fi. 8 7\1.

22 TOMIIO DI' IlIU - 1 5Y2


trata-se d e u ma das poucas excepções, j á que o mais frequente era os
senhorios terem as terras d ispersas pelas diversas loca l i dades de D i u .
É o caso de D o m i n gos Henri ques que, a lém de boticas, tem as suas
1 82 vigas e s p a lhadas por Brancava r á , B unchervará, cidade, a rredo­
res e Nago á ; ou de Sebasti ã o de Ata íde que reparte a s 1 1 5, 5 v igas
( 2 7 443 , 8 3 9 5 111 2 ) pelos arredores da c i da de e por Buncherva rá . Anote­
-se a i n da que 7 dos 67 proprietá r i os cristãos são senhores de 5 4 % da
tota l i dade da propriedade fun d i á r i a de D i u a q u i avaliada.

Em B U l 1chervará - que detém como se referiu 48% de toda a pro­


priedade r u r a l de Diu - metade dos seus donos são hi ndus e mo uros,
com um m a i or grupo de coles e outro, menor, de baneanes, em bora
possuam, e m regra , U 111 pequeno n ú mero de vigas. Na a ldeia de B ra n ­
cavará há ta m bém uma razoável q u a n t i dade d e coles proprietá r i os da
terra ( 6 em 1 3 ) . Na cidade e nos arredores, a terra, como as casas e bo­
ticas, pertencem na sua gran de pa rte aos cristãos. As hortas das peque­
nas a ldeias de Gogolá, Fodão, ]asoatraque e MalaIa têm um proprietário
que é o da a l deia e, em todas elas, supomos tratar-se de europeus.

Por fi m , vej amos como se adqu ire e transmite a propriedade em D i u .


A concessão e m enfiteuse (em fatiota, como então era di to) por uma,
d u as ou três vidas ou, m a i s raramente, para sempre, foi um dos proces­
sos u s u a i s de aquisiçã095• Mas também a herança e sobretudo a compra
per m i t i u u m a m utação frequente da propriedade, sobretudo da rur a l .
O s m a iores propri etá r i os, como D o m i ngos Henri ques o u A m brós i o
Cardoso, são o s q u e m a ior n úmero d e terras terão adquirido. O faleci­
mento de foreiros, deixando h erdeiros menores que não podi a m traba­
l har a terra, dava azo à rea l i zação frequen te de leilões dos ben s e à sua
compra « po r a utoridade do j ui z dos orffãos» , como sempre é cita do96.

A a propriação i n devida da terra pelos coles l oca i s dava l ugar à sua


concessã o aos cristãos, embora exigisse a confi l'mação da S é de Goa,
através dos seus procuradores, j á que l he pertenciam os bens sonegados

" 5 Vej a , sobre o assunto, de M . A . Coel h o da Rocha, Ellsaio sobre a Historia d o Gouemo e
Leg islação de Portllgal para Servir de Jlltrodllção ao Estlldo do Direito Pátrio, 7.-' c d . , Coim bra,
Imp. d a Universidade, 1 8 96, p. 82 e, sobretudo, Henr i q ue d a Gama Barros, História da Adlliillis­
tração Pública elll Portllgal, 2.-' cd., d i rigida por Torquato d e Sousa Soares, t.
VIII, Lisboa, Sá da

Costa, 'l 950, p p . 1 6 1 - 1 8 8 .


% TOlllbo d e Dia, fI . 8 1 , passi/ll.

23
da ilha97• Estes mesmos p rocuradores venderão aos agis9H u m chão na
« p orta d a s b u fa ras»99 para aí desc a n sa r e m n a s u a peregri na ç ã o a
Meca .

Não se fique, todavia, com a ideia de que se verifica u ma tendência


da transferência d a propriedade de h i n d u s o u m our os para os cristãos.
Naturalmente que m u itos destes, pelo seu, em geral , maior poder de
compra têm oportunidade de adquirir mais bens. Mas a venda de terre­
nos e boticas de cristãos a h i ndus foi frequen te como o comprovam vá­
r i os exemplos l oo.

A a q u i s ição por herança fazia-se segundo o costume português.


Uma viúva rica t i n h a poss i b i l i dade de j untar os seus destinos a um ou­
tro homem . É , por exem p l o , o caso de Inês Cardoso, m u lher de Antó­
n i o Cardoso, proprietá rio em B unchervará, e j á bem herdada do p a i ,
q u e viria a casar-se com Manuel Rebelo l o l . E outros exemplos s e pode­
riam citar.

o a foramento de propriedades e até de u m o u o u tro cargo l 02 era


concedido « por m ercê» do capitão ou ouvidor da fortaleza ou mesmo
pel o vedor da Fazenda do Norte, mas sempre con firmado pelo vice-rei
ou governador, q u a n do j á n ã o atribuído i n ic i a lmente p or este. Os moti­
vos r a ras vezes são apontados, embora a p a rticipação nos cercos de
D i u de Henr i q u e Fer n a n des já a l udida 1 03 ou « os m uitos seruiços i mpor­
tantes» e gastos de « fazenda» de Luís Mendonça mereça m especial
menção. É que este fidal go desde 1 5 75 tomara à sua conta o transporte
da correspondência do m o narca português, do vice-rei e do provincial
dos j esuítas em Goa com o rei e cristandade da Etiópi a , fazendo-o atra­
vés das n a u s de Judá e Meca 104. O bom desempenho v aler-lhe-ia o di-

"7 Ibid., fi. 68v.

"' Romeiros em peregrinação a Meca. Do ,í rabe brrjj, passou ao persa l)(ljjl. Cf. Da lgado,
Glossário, s.v.
"" TOlllbo de Dia, fI. 78v.
"'1 Ibid., fls. 73v-74 e 78v.

"" TO/1lbo de Dia, fls. 69v-70. Maria Gonça lves, casada com Belch ior D ias, é outra das pro­
prietárias ele D i u em Brancava rá. Ci. ibid., fI. 76v.
1 02 Por exem plo, o de piloto-mor e mocadão das tapamís do porto do D i u concedido a Dio­

go Fernandes. Cf. TOll1bo de Dia, fI. 73.


1 0, 1 TOlllbo de Dia, fI . 80v.

"" lbid., f1s. 8 1 v-8 3v.

24 TOMI\O DE IllU - I .ln


reito de poder semear 1 2 vigas de betre (2 85 1 ,3 0 8 1112 ) , em bora fica sse
obrigado a vender a colheita ao respectivo ren deiro.

�:.

Neste primeiro esboço de leitura dos e lemen tos la nçados proficua­


mente por Fra ncisco Pais e D iogo Vieira n o Tombo de D ia, ver i ficamos
a profun d a d i ferença do regime da propriedade de D i u se comparado
com a de Goa, onde o a ncestra l regime das ganem'ias ou comunidades
das aldeias l he i m p r i m i u características especiais e ao mesmo tempo tão
duradoira s q u e nem os sucessivos confl itos e m u da nças políticas pude­
ram a l terar.

Como era sabido, a economia de D i u em fi nais de Q u i n h entos gra­


vitava, ta l como a de Goa, em torno do comércio. É por i sso natura l
que as i mpos ições tivessem recaído sobre a a l fândega da fortaleza, a
quem Francisco Pais deixará um novo regimento l 05 . Mas os tributos
irão o n era r a agricul tura l oc a l e até a pequena i n dústria m a n u factur e i ra
existente. D i remos até que tudo o que pudesse ser tributável se cobra­
va. Até a perma nência elos deres em Di u ou as fulas elos fttleiros l o6. Re­
p a re-se q u e a m a i o r pa rte destes i mpostos só serão exti ntos, e um a u m ,
ao l o n go ela seg u n da metade do séc u l o XIX I 07.

Os réditos dos foros, ao contrário elo que aconteceu em Goa, não


têm p a r a a Fazenda Real granele significado financeiro. Não obstan te, a
Coroa n ã o deixa de exercer os seus d i reitos e fiscalização sobre a pro­
p r iedade urbana e rura l , até pelo significado político e j urídico que tal
p osse l h e c o n fere.

Para os moradores, n atura lmente, que a propriedade adqui re uma re­


levância especial: os europeus alcança m no além-mar um dos seus bens
mais a petecidos que é a posse ela terra e o que ela representa ; para os mais
h u m i l des ela poderá sign i ficar uma forma de sobrevivência económica :
a li menta ndo-l he o comércio dos l egumes, as suas próprias pessoas ou

1 05 Ap r ova elo p o r provisão elo vice-rei ele 1 5 ele Novembro e l e 1 5 9 5 . C f . A . B. e l e Bragança

Pereira, "A Fortaleza ele D i li » , in Arquivo Português Orie/ltal, t. I V , vaI. II, p. II, pp. 580-582.
" , r. Os deres são uma elas castas mais ba ixas elo Guza rate, que existe em Diu. Cf. A . n . ele

Bragança Perei ra , Etl/ografia da ÍI/dia Portllgllesa, va I . II, p. 5 3 .


1 07 C f. A . B. d e Bragança Pere ira, « A Fortaleza ele D i u " , p p . 5 9 0 e ss.

25
possi b i l i ta n do-lhe tra balho. A m i n úscula propriedade traduzida nos mui­
tos pedaços de chão ou nas pequenas hortas traduz bem ta l i m portâ ncia.

Repa re-se que em m a téria de fisca l idade em Diu, como també m em


Goa, os portugueses pouco i novara m . Os ú n icos tri b utos i ntroduzi dos
fora m a urraca e a quarentena. O pri meiro fica ria para d u ra r, já q ue só
é exti nto em 1 8 60, q u a n d o su bsti tuído pelo i m posto das pa l me i ra s,
sma e das tabernas l 08; a quarentena ou siza desapareceria j á em 1 60 8 a
pedido dos moradores l 09.

A propriedade rura l, a pesar de pertencer, na sua m a i o r parte, a eu­


ropeus casados e cristãos da terra, nem por isso alguns coles, f u l e iros,
leiteiros deixam de ter um n aco de terra. Constituindo D i u u m a socie­
dade marcadamente comerc i a l, d i r-se-ia que os portugueses adopta m as
n ormas que regul a mentam essa actividade económ ica, enquanto elegem
a tra d ição portuguesa para a propriedade u rba n a e rústica .

�:.

No V I I Semi n á r i o I nternac i o n a l de História In do-Portuguesa, rea l i ­


zado e m Goa, e m Janeiro d e 1 994, tivemos a oportutl i dade d e a presen­
tar u m a comunicação s u bordinada ao tema «Tenants a n d rents o f D i u
i n the 1 6111 century: a n appraisal on the accounts o f the Fazenda Real » 1 10,
em gra nde parte suportada pela fonte que agora é edi ta d a . Um tra ba­
lho con t i n u a do per m i ti u -n os desenvolver vários dos aspectos então es­
boçados e corrigir a té a lg u n s cálculos apresentados.
A tarefa de tran scrição não se apresentou fáci l, dado o mau esta do
de alguns fól ios do documento l l l . Pudemos contar com a cola boração

I"" Cf. Portaria Provincial de 1 8.xll.l869, in A. B. de Bragança Pereira, ob. c 11 Ig. cils., pp. 596-597.
I"" Carta régia de 15 de J a neiro de 1 608, in DOCIIlllcl/los Relllelidos da IlIdia 011 L ivros das
MOl/ções, I, p. 1 83 , c i to por A. B. de Bragança Pereira, "A Fortaleza de D i u » , p p . 603-604.
I I Il
P u b l icada i n Mare Libertl/1I, Lisboa, 9 ( 1 995), pp. 1 97-207.
I I I Na transcrição respeitou-se a grafia do original, introduzindo a penas as seguintes alterações:

a) Regu lariZ<imos o uso ci<1s m a i úsculas e das m i núscu las.


b ) Desenvolvemos todas a s a breviaturas sem contudo o i n d icarmos em nota.
c) O m i timos a s letras duplas no começo e no fin a l das pala vras, ma ntendo-as no meio.
d) A s voga i s d u p las foram reduzidas a uma SÓ, com o respectivo acento.
e) Much í mos o til p a ra a primeira letra cio ditongo.
() A nasal ação é m u itas vezes representada pelo t i l . Apenas a conservamos assim nas pala­
vras e m que ainda hoje vigora; n a pa lavra como tiito, etc., transcrevemos por lal/(o o u Iml/lo con­
soante a grafia q u e predom inava .
g) Sepa r,í mos as pal a vras j u n tas e unimos as várias síla bas da mesma palavra.

26 TO,\\HO D E I l I U - I .ln
dedicada e competente dos Drs. Lívia Ferrão e Luís da C u n h a P i n h e i ro ,
q ue c o nnosco tra b a l h a m d e perto: a p r i meira, no Institu t o de I n vestiga­
ção Científica Tropical e , o segundo, no Centro de Estudos D a m i ã o de
Góis. O nosso reconhecimento.
O desej o q ue o Tom bo de Diu possa ser frequentemente utilizado
por quem desej e estudar a presença portuguesa e m D i u , em finais de
Q u i n hentos, levou-nos a a notá-lo proficuamente. Mas, com o é sabido,
a ide n ti ficação de terras, nomes de pessoas, por vezes a té i ncorrecta­
men te escritas, bem como a procura do sign i ficado de termos arcaicos
e , sobretudo, usados no Oriente , são um trabalho d i fíc i l , 1110roso e , m u i ­
t a s vezes, até mal apreciado. Va leu-nos a experiência, o saber e tam bém
a paciência d o Mestre João Manuel Teles e C u n h a , que nos deu p resti­
mosa a j u d a e a q u e m agradecemos.
Ao nosso colega e a migo Luís Fil ipe Thomaz, ficamos tam bém gra­
tos p e l o esc l a recimento de várias dúvidas e pelo emprést i m o de b i b lio­
grafia q u e m ui to nos aj udou.
P or fim , à Comissão Naciona l para as Comemorações dos Desco­
b r i me n tos Portugueses, na pessoa do seu Comissário-Geral , Prof. Dou­
tor António M a n ue l Hesp a n h a , ficamos recon h ecidos n ã o só por ter
assumido a responsa b i l i da de desta edição como por nos ter dado a pos­
s i b i l i d a de de revermos no Arquivo Histórico de Goa a transcrição pelo
origin a l , preenchendo lacunas e esclarecendo as várias d úvidas que se
nos h a v i a m colocado n a l e itura feita a partir do m icrofi l me .

Lisboa, 24 de O utubro de 1 9 9 8 .

ARTUR TEODORO D E MATOS

27
QUADROS E GRÁFICOS
QUADRO I
Receitas de D i u - 1 592

Receita Pardaus de l a r i m Câmbio a $300 Câmbio a 51 3 6 0

A l fândega 1 0 3 .000-0-00 3 0 . 900$000 3 7. 0 80$000

A l fândega d e Gogolá 7 . 8 1 0-0-00 2 . 34 3 $ 000 2 . 8 1 1 $ 600

M a n d ovim

dos m a n ti mentos 7.5 00-0-00 2.250$000 2. 700$000

Manteiga 2 .270-0-00 6 8 1 $000 8 1 7$200

A n fião 900-0-00 270$00 324$000

Urracas 1 .205-0-00 3 6 1 $ 5 00 433$800

Anil 265 -0-00 79$500 95$400

Pescado 2 1 5 -0-00 64$500 77$400


Rend a s
Pa lerim 1 35 -0-00 40$500 4 8 $600

Serra r m a rfim 1 45-0-0 4 3 $5 0 0 52$200

Boticas 85-0-00 25$500 30$600

da Ilha 1 . 400-0-00 420$000 504$000

Drupo" 3 00-0-00 90$000 1 0 8 $ 000

Sabão 1 5 -0-00 4$500 5 $400

Bosta 2-0-00 $600 $720

Gogolá 50-0-00 1 5 $000 1 8 $000

Pa lerim 4-0-00 1 $200 1 $440

Passo d e B r a n c a v a rá 1 -0-00 $300 $360

Bunchervará - $500 $500

Teti 2-2-00 $750 $900

Pi loto-mOI' e mocadão das tampanas 2-0-00 $600 $720

M i ra b�l , guarda de Gogolá c mo-


cadiio das manás de medi dagcm 1 -0-00 $300 $360

Diu 1 9 1 -2-00 5 7$ 6 45 6 9 $ 1 74
D i u - a rredores 572-2-08 171$810 205 $ '1 72

Brancavará 35 0-0-00 1 05 $ 2 7 8 1 26 $ 3 3 3

Huncherva r<l 1 . 1 8 8 -0-00 356$400 427$ 6 8 0

Foros d e D a ngrava r i 2 5 1 -0-00 75$300 90$360

Gogolá 1 5 -0-00 4$500 5$400

Fodiio 35-1 -00 1 0 $575 12$690

.l a s o a t r a q u e 4 1 -2-03 12$465 1 4$958

ivl a l a l a 5-0-00 1 $5 0 0 1 $ 800

Nagoá 64-0- 0 1 1 9 $200 23 $040

Total 127,721-2-02 3 8 . 3 1 6$965 4 5 . 9 8 0$25 8

,. Receira n 3 0 cobrada pe'" Fazenda Real.

31
GRÁFICOS I

Receitas de D i u - 1 5 9 2 (geral )

• A l fândega 80,6%
III Alfândega de Gogolá 6 , 1 %
ISJ Rendas 1 1 , 1 %
D Rendas dos passos 0,0%
1:1 Pi loto-mor 0,0%
Iilll Foros 2 , 1 %
III M i ra b á 0,0%

Recei tas de D i u - Rendas ( 1 592)

la Mandovim dos mantimentos 5 3 , 1 %

121 Manteiga 1 6, 1 %
LI Anfião 6,4 %
D Urracas 8,5 %
GJ A n i l 1 ,9 %
[l Pesca do "1 , 5 %
GJ Palerim 1 %
o Serrar marfim "1 ,0%
!til Boticas 0,6%
IS da I l ha 9,9%
[] Drupo 0%
O S a bão 0, 1 %
� Bosta 0,0%

32 TO.\ I I\O ])1' D I U - I .ln


Recei tas de D i u - Passos ( 1 5 9 2 )

Gogolá 85,2%

11 Palerim 6 , 8 %

ffil] 13rancavará "J ,7 %

GIl l3unchervará 2 , 8 %

Tet i 3,4 %

Receitas de D i u - Foros ( 1 5 9 2 )

D i u 7, 1 %

[I D i u - a rredores 2 1 , 1 %
Iilil I3rancavará 1 2, 9 %
O 13unchervará 4 3 ,7%
Dangravari 9 ,2 %

Iilll Gogolã 0,6%


G!l Fodão 1 ,3 %
D jasoatra g ue 1 , 5 %
IIID M a l a i a 0 , 2 %
� Nagoa 2,4%

33
QUADRO II
A propriedade rústica em D i u
Ti po e extensão ( 1 59 2 )

N."de vigas N." de vigas 2


Loca l i d a d e Total Em 111 %
de regad io de sequeiro
- - -
C ida d e ':' 6 7 1 3 ,0 2,0
A rredores da Cidade 1 63 ,50 1 25,5 2 8 9,00 6 8 669,001 20,8
B r a ncavad 45,00 1 8 7,50 232,50 55 956,9 1 9 17
B u ncherva rá 303 399,15 702, 1 5 1 6 6 8 3 7, 1 5 9 50,6
Dangarvarim 64,00 1 5 ,00 79,00 1 8 771 , 1 11 5,7
Nagoá 1 6 ,00 3 8 ,00 54 ,00 1 2 830,886 3,9
Total 591,50 765 , 1 5 1 35 6,65 322.355,249 1 00,0

.:. Niío foi possível estimar a sua d i mensão.

GRÁFICOS II

Propriedade rústica em D i u - Extensão ( 1 5 92)

• Diu 2,0%

1121 Arredores 20,8%

o 13rancavará 1 7%

D 13unchervará 50,6%

l !.:l Oangarvarim 5 ,7 %

I§l Nagoá 3,9%

34 TO:l I IlO D E D I U - I .ln


Propriedade rústica em D i u - Tipos ( 1 5 9 2 )

• Sequeiro 5 5 , 3 %

[II Regad i o 44,7%

Propriedade rústica em D i u - Tipo: seq ueiro ( 1 5 9 2 )

Nagoá 5,2%

li] Dangravari 1 ,1:: %

D 13rancavará 27,6%

D Diu - a rredores 1 3 %

!] 13unchcrvará 52,5%

35
Pl'Opriedade rústica em D i u - Tipo: r ega d i o ( 1 5 9 2 )

• N agoá 2 , 7 %

II] Dal1gravari 1 2 , 8 %

li! Bral1cavará 1 1 %

LI D i li - a rredores 2 2 , 6 %

111 BUl1chervará 5 0 , 9 %

QUADRO III
A propriedade r ústica e u r b a n a e m D i u

Foros d e Nagoá - 1 59 2

Foro Valor do foro


Foreiro Sequeiro Regadio Horta Outro (pardaus
(bigas) (bigas) de larins)
Baltasar - -
J - 1 7-1 - 0 1

Fernandes
Pedro 22 7 - - 7-0-00

Monteiro
Domingos 16 9 - - 39-0-00

Henri q u es
Baltasar - - - - 0-3-00

Fernandes (tangas)
Total 38 16 - - 64-0-0 J

Conversão 9029 , 1 4 2 111 2 3 8 0 1 ,744 111 2 1 9$200

23$040
Foros ele Dangravarj - 1 5 92

Foro Valor do foro


Foreiro Sequeiro Regadio Hona OutrO (pardaus
(bigas) (bigas) ele brills)
- -
Diogo 3 13 47-0-00
Fernalldes
Jo,; o - -
1 -
20-0-00 I
G o nça lves
- - -
Jorge Ga rcês 7 24-2-00
- - -
Ivlaria ele 202 70-0-00
Avelar
- - -
Luís ele 16 56-0-00
ivlellelollça
- - -
Luís de 83 23-0-00
l"lellelollça
- - -
Luís ele 12 1 2-0-00
Iv l e lldo llç<1 4
- - -
A relol To!;i, 10 6-0-00
Lac..lcHn.í,
A rgel11za l,
R a ll<Ícaia,
Von<1sal11al
Talai 13 76 1 -
25 1 -0-00
Conversão 3.088,9 1 7 m2 1 8.058,284 1 112
- -
75$300
90$360

I Deveria p<1g<1r 26-3-05 pardaus de brins.

, Com 3 poços.
I Com I p oço.

·1 Terr�ls rep;Htiebs na aldei::t de BUl1chervad.

Foros ele Gogol á - 1 5 92

Foro Valor elo foro


Foreiro Sequeiro Regadio Horta Outro (parelaus
( bigas) ( bigas) de larills)
- - -
Bartolomeu da Esteiros 5-0-00
Rua
- - -
Agosrinho Chãos 1 0-0-00
Ivl eneles
Total - - - -
1 5-0-00
Conversão - - - -
4$500
5$400

37
Foros de Mal a la - 1 5 92

Foro Valor cio foro


Foreiro Sequeiro Regndio Horta Outro (pardaus
(bigas) (bigas) de larins)
l3a lrasar de - - 6 - 5-0-00
Torres
Torai - - 6 - 5-0-00
Conversão - - - - 1 $500
1 $ 800

Foros de Fodão - 1592

Foro V<llor d o foro


Foreiro Sequeiro Regadio Horra Ourro (pardaus
(bigns) ( b ig<ls) de brins)
Amónio - - 11 - 35-'( -00
de Távora
Total - - 11 - 35-1-00
Conversão - - - - 1 0$575
1 2$690

Foros de ]asoatraque - 1 5 9 2

Foro Valor do foro


Foreiro Sequeiro Regadio Horra Ourro (pardaus
( bigas) (bigas) de larins)
) - - 6 - 4 1 -2-03
Total - - 6 - 4 1 -2-03
Conversão - - - - 12$465
1 4$958

38 TOMIIO D E D I U - 1 .'92
Foros de Brancavará - 1 592

Foro Valor do foro


Foreiro Sequeiro Regadio Horta Outro ( pardaus
( bigas) ( bigas) de brins)
João 16 - 1 - 7-0-00
Fernandes I
Ivlari'1 - - 1 I Chão 3-0-00
Go nça l ves
João Barbosa 4 6 - - -

João Barbosa 5 4 - 1 Chão -

João Barbosa 8 4 - - -

João Barbosa 8 4 - - 75-2-002


João Barbosa - - - 1 Chão 5-0-00
Ferniio da 60 - - - 30-0-00
S ilve i r a
Amónio 301/2 42 - - l 62- 1 -00
ivl eira 3
Domingos 16 - - - 8-0-00
Henriques
Domingos 30 - - - 1 5-0-00
Henriques
João Rodrigues - - - 2 Chãos 5-0-00
Vezá 3 - - - 1 -2-00
Iviang;ígoha 5 1 /2 - - - 2-3-00
A ncasud;í 5 3/4 - - - 2-3-04
Trir;í Adirá 3 1/2 - - - 2-0-00
V a llecazess�í 5 3/4 - - - 2-3-05
Fernão de 1 3/4 5 1/'1 - - 1 9-0-00
Noronha
Total 2023/4 65 1/'1 2 5 Chiios 350-0-00
Conversão 4 3 . l 75,224 m2 1 5.503,937 1112 - - 1 05$273
1 26$333
I Pertence ao seu filho Pedro.
1 Torai das parcelas anteriores.
I Rcpnrtidns, t:llllbém, por BUllchcrvctrn.

39
Foros de D i u - Arrabaldes - 1592

Foro Va lor do foro

Foreiro Sequeiro Regadio Horta Outro (pardaus


( bigas) ( bigas) de larins)
- - -
Vito"í J'4 $ 1 65
- -
M a n uel 15 18 70-0-00
Rebel a i

Nana Parsea 15 3 - -
1 8 -0-00
Jaoha e Quesó -
IS - -
52-2-00
Bengaçal)'

Savia 50n)' 3 1 '2 3 J'4 - -


1 4 -3-00
Limbasete 72 5 - -
2 1 -0-00
- - -
Valsan, Lalg)' 11 3 8-2-00
e 5arg)'

- -
Francisco 12 11 45-2-00
Cardoso
- - -
Diogo 4 1 5 -3-05
de Moura
- -
Baná 5 1 '2 5 1 '2 22-0-00
Laric,; 3 4 1 '2 - -
J 7 - 1 -05
-
B a bane 3 - -
1 0-2-00
e Cocane
- - -
Babane 3 1 0-2-00
e Cocane

G i vante l OJ - - -
5-0-00
e Bavane
- - -
Dramadar 1 3-2-00
B i magand)' 1 1 '2 7 - - 25- 1 -00
e Pacha

Babana, Madó I I' 4 5 1 '4 - -


1 9-0-00
J
e sobrinhos

Domingos -
] 45 - -
49-0-00
Henriques
- - -
Domingos 4 2-0-00
Henriques
- -
Domingos 5 12 44-0-00
H e n ri q ues
- - -
Domingos 3 1 -2-00
Henriq ues
- - -
Domingos Salinas 23-2-00
H e n ri q ues
-
- -
Ta var Gopal 3 1'2 1 2-3-00
Deva Ca b)' - -
1 1 '2 4 1 4-3-00
Cass)' - - -
1 20-0-00

40 T()�·I Il() D E D I U - 1 592


Asca 2 - - - 1 -0-00

Nagaraqu)' 2 1 - - 4 -2-00

Champa
S e ba s tiii o 33/4 6 - - - 6-0-00

de Ataíde
N ico l a u - - - 5 b i gas de ch>io 1 - 0-00

Fernandes mallinho
Total 95 1/2 1 34 1/2 1 - 572-2-08

Co n ve rs ã o 2 2 69 1 ,659 m 2 3 1 9 5 8 ,4 1 0 m 2 - - 1 71 $ 8 1 0

2 0 5 $ 1 72

, Haji e Ismâ'íl tin ham '/., desta terra.


, Com 2 poços.
J Com 2 poços secos.

, Em 2 horras.
j Com 2 poços.

' Com 1 poço.

Foros de B u nc h ervará - 1 59 2

Foro Valor do foro


Foreiro Sequeiro Regadio H o r ta O u t ro ( pa rd a us
( b i ga s ) ( bigas) d e brins)
B a l ta sa r 45 - - - 22-2-00

Fe rna n des
Inês Cardosa I 10 17 - - 64-2-00

Bartolomeu - 10 - - 35-0-00

lI'loreira
Bartolomeu 17 - - - 8-2-00

J\'I ore i ra
Bartolomeu 4 - - - 2-0-00

Moreira
Jaoh,í 4 1 1 /4 - - 6 - 1 -05

Bangaça l )'

Cantâ Quesó 1 1 1/2 2 1/2 - - 1 4-2-00

De ug)' 4 8 - 1 1'0 ço 2 8 -3-05

Deug)' 15 7 1 /4 - - 32-3-05

e Vassam
Vasan, Lalg)' 3 10 - - 3 6-2-00

e Surgy
Seb as t i ã o 2 12 - - 43-0-00

de Ataíde
Aleixo Gomes 72 1 3 1 /2 - - 50-3-05

Jorge Garcês - 30 - - 2 1 -0-00

Francisco - 4 - - 1 4-0-00

de Noronha
Luís de 13 - - - 6-2-00

lVlendonça

41
- -
Domi ngos 10 8 33-0-00
Henriq ues
- - 65-0-00
Sebastião 4 18
de Ataíde
- -
Sebastião 4 13 47-2-00
de Ataíde
- - -
Luís de 6 7
IVlendonça
- - - -
Luís de 10
lvlendo nça
- -
Luís de 18 7 96-0-003
ivl endonça
Herdeiros - -
1 - 34-0-00
de Fernão
de Afonso
- -
Gopid"s Cl11ar 1 03'4 1 1'4 8-2-06 1"
- - - 3-3-06
Nará Lacara 63/4
- - -
Sa ncarmall)' 9 1 '2 6 - 1 -04 1 /2
- - - 0-2- 10 1/2
Raza Cara 1 1/4
- - - 1 -2-03
Cllmb,í lvl11nd,í 23/4
- - -
Lllmbaxas Doi 3 1 /2 1 -3-07
- - - 2-3-071/2
Osal Raja 5 1 /4
- - -
Area Raj,í 1 1'2 0-3-04

- - - 1 -3 -06
Nan,í Camí Fulas que colhe
- - -
Band,í Jal1" 3 1 -2-00
- - - 0-2-00
Limbo 1
- - - 1 - 1 -00
Naga Somá 2 1 /4
- -
Nata Daná 3 Fulas q ue colhe 1 -3 -07 1/2
- - 4-0-00
Q lleta m)' 1 1
- - -
Vaga Buda 4 1/4 2-2-00
- - -
Argem Vast,í J 3-2-00
- - -
Deres Por 1 -3 -05
aca mparem
- - 8-3-07 1'2
Lanca Lambá 3 1/2 2
- -
Raspai Drú 5 1'2 Com poço 6-0-0 1 1/2
e Ivlaras Dru
Caná RanGÍ 2 1 /4 1 3/4 - - 7-2-0 3
- - - 0-3-05
Camass)' 1 '4
Pita V i ca 1 1/2 3/4 - - 3-3-00
- - - 1 -2-00
Francisco 3
de Távora
- - -
Coles de Jorge 20 10-0-00
G a rcês

42 TO,�1JI0 J l E Jl I U - I .ln
Aleixo Gomes 2 1 /2 - - -
1 - 1 -00
- - -
Ambrósio 20 52-2-00
Cardoso
- -
Ambrósio 1 15 67 285-0-00
Cardoso
- - -
Berna relo 14 49-0-00
d e Melo
Bernardo 2 1 5 1 /2 - -
55- 1 -00
de r'delo
Total 3 8 5 1 /2 303 1 -
1 1 8 8 -0-00
Conversão 91 598,269 m2 71 995,527 m2 - -
3564400
427$680

I Casada em segundas n e,pcias COI11 Manuel Rebelo.


! Com 1 poço .
.1 Total das p arcelas anteriores.

Foros de D i u - 1 59 2
Foro Valor do foro
Foreiro Boticas Casa Ch" o O u t ro (pardaus
de brins)
Baltasar - -
48x48 I, -
3-0-00
Fernandes
Tava, Napia, - -
] -
1 -0-00
Tricamo
e Sangagy
l'v[ a nuel - -
30,, 1 5 2 -
1-0-00
Tisnado
- - -
Miguel Pereira 1 2-0-00
Francisco - -
50,,20 2 -
5-0-00
Lo p es
João Ri beiro - -
2 1 6-0-00
;-:. - -
Gaspar Velho 5-0-00
Rodrigo - -
1 1 0x l l 0 I -
1 -0-00
Correia
- - -
Rodrigo 1 1 -0-00
Correia
- ,. - -
João 0-2-00
Gonç a lves
Jerónimo - -
1 0x 8 2 -
1 -2-00
Rodrigues
Camelo
::. - - -
Bartolomeu 2-0-00
Moreira

43
S u m uç'l , - - I -
5-0-00

Vi rgem)'
c QUCSÓ
Ba ngaça l )'
- -
N icol a u 90,,20 2 3 -
5-0-00

Fernandes
Pedro Nunes 34 3 1 -
3 -0-00
- - -
JO"O da COSt'l 9 1 8-0-00

- ;:- - -
Xasdo 2-2-00
- - -
1\'l isericórd i a 13 30-0-00

de Diu
- - -
Peregrinos 1 5-0-00

d e Meca
Vespa I 2 - - -
2-0-00

Luís de - -
+ -
4-0-00

Mendo nça
- ,. - -
Gonçalo 4-0-00

de Carva l h o
António Jorge - -
+ -
4-0-00
- - -
Jassiva m 1 1 -2-00
- - -
Baltasar Duarte 1 0-2-00
- - -
Domingos 15 1 -0-00

I-!enriq ues
36 - - -
Pedro Nunes 4-0-00

João 13 - - -
1 3 -0-00

Gonça lves
- * - -
Side B a l lala 6-0-00
- ,. - -
lvlacá Ball,í 3 -0-00
- ,. - -
Coge Teza d i m 1 -0-00

lVladabá 1 - - -
1 -0-00
- - -
Na rg)'11l 1 1 -0-00
,. - - -
IVlamede Said 3-0-00
- - - -
lVl a teus 1 -0-00

Fernandes
lv lea 11l)'m - - - -
1-0-00
- ;:- - -
M a nu e l 2-0-00

Fernan des
- - -
Fra ncisco 2 6-0-00

Cerq u e i ra
- ;:- - -
João 2-0-00

Gonça lves
lvl a n u e l - - 1 -
2-0-00

Fernandes
- ,. - -
João Rodrigues 1 -0-00

44 TO,I I IIO DE D I U - 1592


S i lllil o - - -
? 2-0-00
Fernandes
- - -
Surg)' 8x3 1 /2 1 1 -0-00
e Si nguig)' 7x7 1 /2 1
- - ,. -
Baltasar Nunes 5-0-00
3 - - -
Baltasar Nunes 6-0-00
- - -
Vir�l e Rillél 1 Chale 2-0-00
Viní - -
+ -
2-0-00
Sa vog)' - -
+ -
4-0-00
- - -
Rodrigo 6 1 /2 x 6 2 4-0-00
Correia

Aleixo Gomes - -
1 3 ,, 1 0 I -
2-0-00
- - -
Aleixo Gomes 1 2-0-00
- - - -
Total 1 9 1 -2-00
Conversão - - - -
57$645

69$ 1 74

I Côvados.
! Braças .
.1 Com casas.

" As boricls C'llcontravam-se !las casas.


>,:. Sem ind icação de C(uantit:uivo.

+ Os chãos possllí�Hn C;1S;1S.

MEDIDAS AGRÁRIAS ':'

-1 viga 237,609 1111

1 côvaclo 0,66 111

Wilson, fi Crossar)' o(}lIdicial mlll


,. III H. H. R ellcl/Il" Te,.,lIs
(Londres, J 855, reediçiio de 1 96 8 ) , 5.1'. ( 8 ig('Ii ).

45
MOEDAS DE DIU

Ta bela de equivalência de pardaus de larins em réis ':'

1 pardau $300 1 xera f i m

$360 com taxa ele 20% de câmbio em Goa

,. Para a elo boração desta tabela, servimo-nos dos dados fornecidos por Francisco Pa i s no seu .. Orçamento de
1 609.. , na versão que se encontra na Biblioteca Naciona l, Lisboa, Fundo Geral, Códice 1 14 1 0, fls. 1 09, 1 1 1 .

Equiva lência de pardaus de l a r i ns em fédeas, dl1caras e réis


nos dois sistemas de ava l i ação':'

Pardau de l ar i m Fédea Réis D ucaras Reis

- -
Avaliação da alfâ ndega 1 40 $007 1/2

Ava l i ação do foral 1 4 $075 40 $007 1/1


,. Para a elaboraç;io desta tabelo, servimo-nos dos dados fornecidos por Francisco Pais no TOlllbo de Oio, 11 84v.

Ta bela de e q u i va l ência em réis - 1 63 4 ':

1 parda u 5 larins 450 réis 1 ,5 xera fi I l S

l la r i m 4 fédeas 9 0 réis

1 fédea 1 0 d ucarás 22,5 réis

1 d ucar,í 2,5 réis

,. Para a elaboraç;io desta tabela, servimo-nos dos elemen10s fornecidos por Pedro Barreto de Resende, L iII 1'0 de
todn n receitn e des/Jezn de todns ns (ortnlezns 'l"C 511t1 Mi/gde telll lIeste estndo dtl JI/{Iin . . . , fls. 2-3 ( 1 63 5 ) , ms.
existente na Sociedade de Geografia de Lisboa, Res. 2, maço 3 , 4; de S. R. Oalgado, Glossário . . . A lgumas
equivalências ind icadas no TOlllbo de Dia, sobretudo a fI. 84v, foram-nos também da maior utilidade e sobretudo
permitiram-nos confirmar a tabela elaborada.

46 TO�1110 D E I l I U - Isn
TOMBO DE DIU
( 1 592r:'

,,- Arquivo H istórico de Goa, Dili, cócl . 624, fls, 39-90.


[fI. 39) Taboada:
Comtratos fei tos com os reis de Camba i a . fs. [42]
A l fa n degua gra nde. fs. [54v l
Decl a raçõis sobre esta a l fandegua de Dia
e pretemcão del l a . fs . [ 5 5 v ]
A l fa ndegua d e Goga l l á . fs . [ 5 8 ]
Mandouim dos mantimentos. fs . [ 5 8v]
Renda das m a n teigas. fs . [ 5 9 ]
Renda do a m fi a m . fs . [59v]
Renda d a s orraquas. fs. [ 5 9 v ]
Renda da t i n ta do a n i l . fs. [ 6 0 v ]
Renda do pescado. fs . [ 6 1 ]
Renda de P a l a r i . fs . [ 6 1 v ]
Renda do serrar do marfim . fs. [ 6 1v ]
Renda d a s botiq u a s . fs . [ 62]
Renda da i l h a . fs. [ 62v]
Renda do drupo. fs. [ 64]
Paco de Goga l á . fs . [64v]
A foramento d e dous este i ros. fs. [ 64v]
Propriedades foreiras. fs. [ 65 v]
Paço de P a llari . fs . [ 66v]
Paço de Branquava rá . fs . [ 67]
Declaração sobre as vigas de terr a . fs . [ 6 9 v ]
Paco de B u mchervará . fs . [ 70]
A l dea Ma l a i a . fs . [74]
A l dea ] a u s a . fs . [84]
A l dea D a mgra uara . fs. [84]
Renda da bos[ta ] . fs . [88] II

49
[fI. 40] Tombo da fortaleza de Dio

Fra ncisco Paaéz p r o uedor mar dos contos que ora v i n a es­
tas fortal ezas do Norte com poderes de uedor da fazenda por
m a n dado do I l l ustr is s im o Sen hor Mathias d [e] A l b o querq u e '
v isorrey da J n d i a . Faço saber q u e n o regimento q u e m e f o i
d a do por S u a Senhoria está h u m capi ta l o d e q u e o tresl ado h e
o seguinte.

Leu a i s h uma prolll s ao de Sua Magestade per que m a n d a


fazer h u m l i mo de todas as rendas, foros e propri e da des q ue
pertencerem a s u a fazen d a , o q u a l fa r e i s n a s forta lezas de
Ç h a u l2, Baçaim3, Da mã04 e D ias, e no p r i ncip i o do d i to l i u ro
se tresl ladará a d i ta prouisão e a fareis registar nas feitorias das
d i tas forta lezas pera d a q u i en d iante se carregar em recei ta per
ca bessa aos feitores todas as ditas rendas e não se poderem e n
a l g u m tempo perder n e m emlhear.

Tresllado da prouisão de Sua Magestade


E u el rey faço saber a vos meu viso rey e gouern ador d a s
partes da J n d i a q ue o r a s o i s e a o d iante fordes, q ue sendo e u
i n formado que n a s d i tas partes há m u i tas al ldeas, terras e o u ­
tras propriedades q ue pertencem a m i n h a fazenda, princi pa 1 -
mente nas forta l lezas do Norte, e que h umas são dadas de ar-

I Vice-rei do Estado ela índia de 1 5 9 1 a 1 5 97.

2 Chaul, localidade e fortaleza portuguesa a 1 8 ° 3 3 ' N e 72° 5 5 ' E, hoje a bandonada e em


ruínas, ao sul de Bom b'1 ill1 .
. : Baçaill1 , loca l i d ade e fo rtaleza porruguesa a 1 9° 2 1 ' N e 72° 50' E, Basscin ou Va sai, hoje
a ba ndonada e em ruínas, a o norte de Bom ba i m .
; D amão, cid ade e fortaleza portuguesa a 20° 2 5 ' N e 72° 57' E .
.< D i u , loca l idade e fortaleza portuguesa a 20° 4 3 ' N e 70° 4 8 ' E .

5l
[fI. 40"1 rendamento II e outras en fa tios i m , com foros m ui to peq uenos,
contra forma de meus regi mentos e em perda e danno de mi­
n h a fazenda de que tam bem resulta averem nas as peçoas q u e
as trazem por tan to suas, que nem os foros del l as querem pa­
ga r, de que se pode seg u i r san negaremsse e perpetuaremsse na
posse dellas, de maneira que a j a depois d i ficul ldade em se re­
querer contra elles j ustiça. E q uerendo n isso prouer como cum­
pre a meu seruiço, ey por bem e vos mando que tanto que este
virdes façais l ogo fazer com effeito e sem d il taçam a lguma b u m
tom bo p e r h um desembargador das d itas partes a que o come­
tereis, em que se l a n sem todas as d i tas a l ldeas, terras e proprie­
dades que pertencerem a m i n h a fazenda e forem forei ras a e l l a ,
c o m declaração das peçoas q u e as trazem e foros q u e dellas pa­
gão e quando e como l he farão dadas e p o r quem e com todas
as m a is confrontaçõis neçessarias pera se n ã o poderem desem­
ca mi n h a r em tempo a lgu m . E fareis viri ffica r se andão a lgumas
sonnegadas e as fareis por em arreca dação no d i to tombo, com
as d i tas comfrontaçõis. E outrossi m a n do que todas as a lldeas
terras e propriedades que estiuerem vagas p or a forar e as que
a o d i a n te vagarem ou se adquirirem por guerra ou por q u a l ­
q u e r outro tito l o , e m caso que se a forem, não val h ã o os t a i s
a fora m e n tos nem sej ão metidas de posse d e l t a s as peçoas a
quem se fizerem sem primeiro terem confirmação m i n h a ; e o
tresll ado do d i to tombo a u tentico me enviareis por vias depo is
de feito. Noteficouo l o assi e mando que na maneira que se
[fI. 4 1 ] nesta II minha prou isão contem a cumprais e guardeis e façai s
comprir e guardar i n teiramente sem d u ui d a alguma, p o r que
assi o ey por meu seruiço. A q ua l se registará no l i uro dos re­
g istos dos contos das d i tas partes, pera se sa ber que o ten h o
assi m a n da do e va lerá c o m o carta comessada em m e u nome e
passada por m i n h a chançeIlaria, posto que por e l l a não passe,
sem embargo da ordenação do 2° l iuro, tito l o 20, que o con­
trari o dispoem. João d [e] Ara ujo a fez en Lixboa, a xix de
Março de m i l e q u i n hentos nouenta e h u m . E n o secretario D i o­
go Vel h o a fiz escrever. O cardeal .

Pro uisão per que Vossa Magestade h á por bem que se faça
na Jndia h u m tombo de todas as a l deas terras e propriedades
que pertençem a fazenda de Vossa Magestade, e são foreiras a

52 TO,\'II\() D I ' D I U - I .l n
e l l a e pell a maneira asima declarada. E que v a l h a como ca rta ,
pera Vossa Magestade ver. Registada . Pel'o de Paiu a . Regi sta da
no l i uro x b i i j dos registos da Casa da ] ndia fl . 276. En xxbj de
Março de n oventa e h u m . Lopo d [e] Abre u .

E p o r vertude da d ita proui são de S u a Magestade e capito­


lo do regi mento do senhor v isorrey, ta nto q ue cheguei a esta
fortal eza de D i o , querendo fazer o tombo das rendas e proprie­
dades foreiras que S u a Magestade tem na d i ta fortaleza e per­
tençem a sua fazenda, prouy com o contador D i ogo Vie i ra os
l iuros dos tombos e forais a ntigos que estau ã o na fei tori a , e
p o r e lles e per outras deligenci as que fiz constou pertencer a fa­
zend a de Sua Magestade as rendas e propriedades ao diante
declaradas. II

[fI. 42] Tombo da fortaleza de Dio feito p or Francisco Paaéz


p rouedor mor dos contos com o contador
Diogo Vieira por bem de huma prouisão
de Sua Magestade atras escrita

Tresllado dos contratos e rezõis delles fei tos com os reis


de Cambaia
E n h u m l iuro m u i to a ntigo de tom bo feito peL lo vedor da fa­
zenda S i mão Botelho, está por elle l ansado os contratos adiante
escritos p e l l a m a neira seguinte.

Depois de aver a lguns anos que se fazia guerra aos regnos


de C a m b a i a , per mandado dei rey nosso senhor na emtrada do
a n o de I bc xxx j , partio o governador Nuno da Cunha G da cida­
de de Goa com h u ma grossa armada pera a c idade de D io,
c o m perto de trezentas vellas, e chegan do prim e i ro a ilha de
Mete? que he sete l egoas da d i ta ç idade, achou nella m a n e ira

(, Foi governador do Estado da Índia de 1 5 2 9 a 1 5 3 8 .


7 Trata-se d e uma variante a o topónimo mais usual, Bete, a qual também se encontra n o docu­

mento original; d. Simão Botelho, «Tombo do Estado da Índ i a » , fI. 1 80, iII Lima Felner, SlIbsídios
para a História da Ílldia Portllgllcza, Lisboa, 1 868, p. 2 1 7. Trata-se na realidade da ilha de Bete, a ho­
dierna Salbet a 20° 54' N e 7 1 ° 3 1 ' E, junto à costa sueste da península de Kathiawar. A ilha mudou
de nome, na cartografia e na historiografia portuguesa, para i l ha dos Mortos, após o combate que, em
1 53 1 , opôs a armada portuguesa, comandada pelo governador Nuno da Cunha, à guarnição local.

53
m u itos rumes 8 , a bexin s9 e fartaquyns l O, e m a n d a n d o o dito go­
vernador m uitos receados aos ditos m ouros q ue se entregas­
sem, o não q uizerão fazer, pel l o q ue combateo a d i ta i l h a es­
ta ndo per m ui tas partes ja çerqada de m mos e ba l l u a rtes q ue
nouamente se fizerão, a q u a l entrarão e escal larão e far ã o to­
dos mortos sen se dar vida a n [en] h u m . E por esta causa se
ç h a m [ o u ] d a l ly por d i a n te a ilha dos Martos onde n e l l a foi fe-
[fi. 42,,] rido Eytor II da S i l l ueira de q u e morreo sobre a barra de D i o .
E assy morrerão na entrada d a dita i l ha a lguns fid a l gos e ou­
tros homens. E d a h y se foi o dito governador a D i o onde l he
pos cerqo da ban el a elo mar e l h e comessou a d a r ba teri a n a
q u a l foi morto D o m Vasco d e Lima e a lguns fida lgos e o utros
homens. E por a dita çidael e estar m uito fortaleçida ele m u ros e
arte lh a r i a e de mu ita gente a não pode tomar e se tornou o
d i to governador a dita i l ha dos Mortos. E dahy m a n d o u a An­
ton i o ele S a l d a n h a , com gal lés e galeotas e fustal h a meuda pera
toda a emçeada de Cambaia, o nele l he féz m uito n o j o , q uei­
mando m u i tas n a os e distruindo m uitos l ugares. E elle se veio a
Goa . E depois sempre o dito governador féz m uitas armadas
pera a d i ta costa de Cambaia onele l he foi feito m uito d a n n o .
Pel l o que n o a n o de l be xxxiij mandou o soltão B a d u r l l , q ue
ao tal tem p o era rey do dito Cambaia, recado a o dito N u n o
da C u n h a q ue folgaria d e s e ver c o n e lle. Pell o q u e o dito go­
ver nador se féz prestes com h uma armada e foi ter so bre a bar­
ra de Dia, e dahy mandou recado ao dito rey da m a neira que
avia de ter pera se verem a m bos, a q u a l v ista n ã o o u ue efeito,
por se não conçertarem n a maneira que avião de ter pera se ve­
rem, pel l o q ue se torn o u o dito governador a Goa dei xando l a

� Rume, d o árabe 1'1111/1, designava entre o s muçulmanos o « romano » , o súbd i to d o Império

Romano do Oriente. O seu uso foi substituído pelo de (irnllg ou (irallglli, i.e., «franco » , com o de­
clínio do Império Romano d o Oriente e o início da presença europeia n a Terra S a n ta , com as Cru­
zadas. A partir d o século X I I , o termo mil/i passou a designar os turcos, primeiro os SeljCtcidas e
depois os Otoma nos, q ue ocuparam os territórios de Bizâncio na Ásia Menor. Vide Luís F i l ipe F.
R. Thomaz, « Frangues " , iII Luís de A l b u q uerque e Francisco Contente Dom ingues, D iciollário
dos Descobrill/elltos Portllglleses, Lisboa, 1 9 94 , vaI. I, p. 4 3 5 .
� N o m e p o r q ue e r a m conhecidos o s ha bitantes da A b issínia aLi Etióp i a . Sobre o s « a bexins " ,

vej a -se Luís Filipe F. R . Thomaz, « Abexi n s » , iII Luís d e A l buquerque e Francisco Contente Do­
m i ngues, Diciollário dos Descobrill/clltos Portllglleses, vaI. I, pp. 7 - 8 .
II I Do árabe (artaqi, denomina os naturais da zona compreendida entre o cabo de Fartaque, Ra's

al-Fartaq, a 1 5 ° 40' N e 52° 1 0 ' E, e o cabo Madraca, Ra's al-Madraka, a 19° 00' N e 5r 50' E .
II
Bahâdur Shâh, s u l tã o do Guzerate (r. 1 52 6 - 1 5 37).

54 TO �,I I\O DE DIU - 1 5 n


h u m João de San tiago pe l "a pedir a e l rej , D i ogo de Misqu ita e
ou tros p o r t u g u eses q u e l a e sta u ã o c a p ti u o s . E n o a n o d e
I bc xxxb, tendo j a a este tempo o d i to governador feito pazes
com o d ito rey de Cambaia pOI" lhe dar Baça i m e suas terras
l he veio n o u a , esta n do en G02 como el rey dos m ogores l 2 v i ­
n h a sobre o d i to r e y d e Cambaia p o r causa q ue q u a n d o o d ito
rey de Ca m ba ia foi sobre o regno de Ch i to r l J se q u e i xou 8 r a i ­
n h 8 1 4 do d i to rey, 8 0 S d i tos mogores que 8 q u i zessem socorrer
e e mpar8r, pel l o q ue e lles man darão d izer ao d i to rey q u e n ã o
fosse tom a r o d i to regno, porqu a n to a q u e l la m o l he r er8 veuua
e t i n ha seu fil h o l S q u e erdau8 o regno men i n o, e q u e se não
[fI. 4 3 J q u i zesse II sen ão fazel l o q u e sou besse em çerto q u e el l es serião
com elle; e com toda esta resposta o d i to rey de Cambaia não
deixou de hir so bre o d i to regno o qual tomou o; e a entrada
d a prinçipal c i d a d e del le onde estau a tod8 a sua força, os que
pri m ei ro e mtra rão a d i ta çid8de forão D iogo de M isqu ita e
D U 8 rte d a G a m a e outros portugueses q ue a o ta l tempo 8 j nda
la est8u ã o capti uos, pel lo qU81 respei to os d i tos m ogores, não
tão somente vierão 8 tornar a tomar o d i to regn o de Ç h i tor e o
d e m a n d o u e a mor parte de todo Cam b 8 i a q u e fo i neçessa r i o
ao d i to soltão B 8 d m recol hersse a ç i daele ele D i o , q u e p O I" estar
em h u m a i l h a foi o l ugar onele se poele s a l u 8 r a sua peçoa e
re<c o > lh e r sua gente. E vendosse nesta neçess i d a d e m a n d o u
ç h a m a r M8rtin Afonso l 6 q ue ao ta l tempo e r a cap i tão m o r d o
m a r e enve rn a ra a q uel le i nverno e m Çha u l . O q u a l na emtrada
d o mes de Sete m bro d o d i to 8no se fo i a D i o o n el e o d i to rey
esta ua en q u a tro ca tmes, deixando recado a toda o u tra 8 1'11121-
da q u e a h y tinha que se fosse atras e l le, e neste tempo ten do j a
o d i to governador Nuno da C u n h a n o u a s d e c o m o o s mogores
v i n h ã o sobre C8 m b a i 8 per h U lll a cart a q u e o d i to s a l tã o B a d m
escreueo en q u e l h e pedia que s e fosse a D i o , pel l o q u e despe­
dio J ogo, o el ito Nuno ela Cunha, o secreta rio S i m ã o Ferrei ra

" O rei elos 1110gores é ]-] UI11�)'l1l1 (r. 1 530- 1 5 5 6 ) , o segundo Gr:lo-J\i10go l .
1 1 Chi ror, Chirrorgil rh, cidade iml iana " 24° 55' N e 74° 4 8 ' E, que foi a capiral do reino h i n­

d u d e M eIVâr. A c idade deu o seu nome a o referido re ino.


I . A [ainl1<1 de Chiror era a 1\ani Karnavati ( ? - 1 5 3 4 ) , m u lher d o rana de N1clVii r, SangrR m a ­
simha Singram S i ngh J ( r. 1 5 09- 1 5 2 7 ) . A ra inha praricou o « j a u ha r» , i . e . , a imolação pelo fogo s e ­
gundo o rirual r a je p u re, c m 1 53 4 , pa r,l nil o cair nas mãos de Bahadur.
15 Futuro !"<lna de MelVâr, Udai Singh ( r. 1 537- 1 572).

1 (, J\i[ a rr i m A fonso de ivlelo.

55
por e m baxador e assy h U lll Xacoes 1 7 em baxador do d i to rey
que aquelle ano emvernava na ç i dade de Goa e o d i to governa­
dor se ficou fazen do prestes pera hir a D i o como de feito foy.
E ao tempo que S i m ã o Ferreira chegou a D i o , ja la esta ua Mar­
tin Afonso de Sousa que tinha posto bandeiras das armas reaes
deI rey n osso sen hor n o l ugar onde ora está a forta leza de D i o
per consenti mento d o d ito rey d e Cambai a . E logo escreueo
o u tra carta ao d ito governador Nuno da Cunha e lha m a n d o u
p e l l o d i t o Xacoes, a q u a l l h e foi d a da em Bacaym o n d e j a e r a
chegado, da q u a l carta o tresl a d o he o seguinte . II

[fI. 43\'J Nomea d o d o g r a n d e rey l i ã o do m a r d a s a g o a s a zu i s


Nuno da Cunha c a p i tã o mor com a merçe deI rey por a misade
eu vos acreçen to . Sa bereis que o secretario S i m ã o Ferre i ra fie l
pri uado em a m b a s as partes, e Xacoes fi lho dourado vierão a
mym a vossa ca rta que m e mandastes v i o o meu esta d o . E o
que nel l a v i n ha escrito tudo vy, e quanto a vontade e desej o
que tendes, eu o soube c l a ro, e a n tes disso a vossa a m isade e
vontade Xacoes m a t i n h a fei to a saber, e tambem agora por
boca de Simão Ferreira, eu o soube por v i a d [ a ] a m isade a qu i l o
que vos era neçessario que e n tantos anos, nunca s e pode com­
p r i r nem vos ouuera de vir a mão tão asinha 1 8, hum l ugar pera
estarem os portugueses em D io, da banda que quizesseis, vos o
mandastes pedir, eu vos faco merçe del le, com todas estas C011 -
diçõ i s que S i mã o Ferre i ra por vertude da vossa procmaç ã o
otorgou, a s q u a i s comdiçõis p o r carta d e S imão Ferrei r a q u e
v o s escreue e por p a l l a u ra de Xacoes que la v a y o sabemos,
agora he neçessario ta n to q ue este formão l 9 vos la foi dado que
n ã o esteis em n [en] h u m l ugar, e com Xacoes venhaes a q u y. Eu
tin h a escrito ao capitão mor d o mar, o qual tanto que l h e de­
r ã o meu mandado vei o l ogo a m i n h a casa. Folguei com i sso, e
por i sso o m a n de i estar a q u i pera me escrever. Fei ta em D i o a
x x b ii j de Setem bro de j bc xxxb anos.

17 Kh"aja Shaykh Iwas.


IS Asinha, depressa, sem demora, em breve tempo.
' " Formão, ordem, carta patente Oll passaporte, do persa {tlnl/nl/, derivado de {ti rJI IIldtl 1/,
«ordena[">,; d. Oalgado, Glossário, s . v.

56 TO"""O D E D I U - 1.\92
o q u a l tan to q ue l he a d ita carta fo i dada se fez p restes e
partio pera D i o con tri nta vel l as de remo, onde me eu20 acerte)'
q ue fuy con elle. E tanto que la chegou , depois que fuy ver e l rey
dentro a çidade onde esta ua a posentado, dahy a h U I11 d i a ou
dous l he deu a forta l eza e se fez o contrato seg u i n te.

E n nome de Deos a m e n o S a i bão q u a n tos este estr o m e nto


de contrato comcerto e ase n to de pazes v i rem que no a n o d o
[fi. 4 4 1 n acimento II do n osso senhor J e s u Christo de m i l e q u i n hentos
e trin ta e çinco a nos aos vinte s inco dias do mes d [e] O u tu br o
n a ç idade de D io , no b a l ua rte da terra, onde está a posentad o
N u n o d e C u n h a capitão geral e governador d a J n d i a , sendo
elle presente, e assy Xacoes em baxador que foy dei rey do Gu­
sarate en seu nome l ogo pello dito Xacoes foi d i to q u e e l l e o
ano passado asentara e m nome do dito rey do Guza rate seu
senhor pazes com elle d i to governa dor e lhe conçedera Baçaym
e suas terras com as c l a u s u ll a s e condiçõ i s dec l a radas e m con­
trato que elle como procurador do dito rey do Gusarate seu
sen hor, e con todo seu poder a bastan te pera isso fizera com
elle governador, segundo mais l argamente se contem n o dito
contrato, cujo theor de uerbU111 ad uerbu111 he o segu i n te2 1 .

En n o me de Deos a me n o Sai bão q u antos este estromento


de contrato e conserto e asento de pazes viren que no a n o d o
naci mento de n osso senhor JesLl Christo d e m i l e q u i n hentos e
trinta e q uatro a nos aos v i n te tres dias do mes de Dezembro elo
d ito a n o , em Cambaia n o porto ele Baçaym no ga l ia m São M a ­
teus o nde o r a está o m u ito magni fico sen h or, o s e n h o r N u n o
e l a C u n h a d o consel ho ele l r e y n osso senhor, vedor ele s u a fa­
zen d a , capitão gera l e governador da Jndia e ben assy esta n d o
presente X acoes, e m baxador ele l r e y Badur, rey do G u sarate ,

lOSu bentenda-se Simão Botelho.


21Simão Botelho niío tresladou o tratado assinado a 23 de Dezembro de 1 5 34 entre o em­
baixador guzerate, Xacoes, e o governador Nuno da Cunha; d. Simão Botelho, "Tombo d o Esta­
do da índ i a » , fI. 1 8 0v, iII Lima Felner, SlIbsídios pam a História da flldia Porlllglleza, p . 220. To­
davia, J ú l io Firmino Júd ice B i ker transcreveu-o na sua Collecção de tmlados e cOllcerlos de pazes
qlle o Estado da flldia POl'llIglleza fez COIII os reis e sellhores COIII qlle leve relações lias IHlrtes da
fÍ sia e A frica Orie/ltal desde o prillcípio da collquista até ao l/III do séCIIlo X VI I I , vol. I , Lisboa,
1 8 82, reimpressão d a Asian Educa tional Services, Nova De/hi, j 995, pp. 63-65, a partir d o origi­
n a i que D i ogo d o Couto copiou com a l terações a o fo rmulário original; d. Década 4."-lX-ll.

57
em p resença de m)'m Gaspar Pi rez que ora s i r uo de secreta r i o ,
e ela s testem u n h a s a o d i a n te escri tas, logo p e l l o d i to governa­
dor foi d i to que era verdade q ue e l le por mandado dei rey de
Portuga l seu sen hor e em seu nome depois q ue nestas pa rtes
foy por j ustos respei tos que o a isso m ouerão fizera e manda ra
fazer a guerra a o d ito re)' do Gusara te en todos seus regnos e
senh orios, a q u a l guerra era j a comessada a n tes que e l l e gover­
nador da J n d i a v iesse e q u e ora e l l e d i to re)' Badur por o d i to
Xacoes seu embaxador l he mandara ped i r que l h e consedesse
[ fi. 44v] pazes perpetuas com as condiçõis contheudas em sertos II apon­
tam ento s que adian te vão n omeados, e que vendo elle q u a n tos
m a l l es e danos se seguem da g[u]erra, e por desej a r ver ao d i to
rej do Gusa rate amigo , e con toda a paz e amor con el rey seu
sen h o r e COIl todos seu s vassa l los lhe a prazia e m n ome do d i to
sen hor de l he dar as d itas pazes e as fazer con e l l e boas e ver­
dadei ra s , pera q ue da fei tura desta en d i a n te en tre os d i tos reis
e seus vassal los sej a paz e concor d i a , firme pera sempre, sen
d i fferença nem debate a l g u m que n isto aja, com estas condiçõis
e declaraçõis segui ntes .

Primeiramente que el rey do Gusa rate dâ a el rey de Portu­


gal d [e] oje por diante Baçai m con todas suas terras assi fi rmes,
como i l has e maar, con toda sua j ur i sdição mero m istro22 i mperio
e con todas suas rendas e d i reitos reaes e q u a i squer outras rendas
q ue nas ditas terras ouuer, assy e da maneira que a e l le dito rey
do Gusarate ate [a]gora pes u i u , e pessu irão seus capitãis e ta na­
dares. E que d [e] oje por diante disiste de todo o d i reito q ue nas
ditas terras i l has e maar tinha, e que todo o ha por passado e
apl icado a el rey de Portugal e que l ogo ha por bem que por seus
offiçiais ma nde tomar posse de todo o sobred ito, e con condição,
que todas as naos que parti rem dos regnos e senhorios do dito
re)' do Gusarate que vão das portas do estrei t023 pera dentro
partão de Baçai m , e a l l y venhão tomar seus ca rtases24 do capi tão
da fortaleza. E assy que da torna viagem tornem ao mesmo porto
de Baçaim a pagar seus d i reitos e assy mesmo q ue todas as q ue

2 l S u bentenda-se Ill isto.

2J O em'c ito de Meca, ° Bab a l -Mandab, a [ 2° 40' N e 43° 1 4 ' E.


24 Ca rtaz, « sa lvo-conduto, passaporte » , do á ra be qirftTS, « pa pel, documento » ; d. Dalgado,
GlosstÍrio, s. v.

58 T O.\·I I\O I l E I l I U - 1 5Y2


vieren do estreito venhão outrossy ao dito Baça im a pagar tam ­
bem seus direitos. E que partindo as d itas n a o s pera Meqa25 sen
os taes seguro s ou também não vindo da torna viagem ao d i to
Baça i m , sejão perd idas pera o dito sen hor, as possão tomar como
de boa guerra , sen o dito rey do Gusa rate o aver por mal nem o
[fI. 45] contrariar e con condição q ue todas as outras II do d i to regno e
sen horios delle que navegarem pera quaisq uer partes que quise­
rem não sendo pera o d ito estreito de Meqa navegem com carta­
ses do cap i tão da fortaleza dos quais se l he não leuara mais que
somente h uma tanga de feitio de cada hum. E ellas poderaão h i r
e tornar a quaisquer portos q u e quiserem sen terem mais obriga­
ção q ue tomaren os ditos cartases. E isto se não entenderá en
cotias26 e cousas pequenas27 que andarem ao l ongo da terra da
costa , porque estas navegaraão sen seguros e con condição que
no dito regno do Guzarate nem en todas as terras do dito rey se
não possão fazer fazer (sic) n [en]huns navios de guerra. E os que
the [a]gora estão feitos não naveguem . E estem varados. E porem
poderaão fazer todas as na os que quiserem pera seus tratos a
usança de mercadores.
E com condição que el rey Badur não recol herá, nem man­
dará reco l her en todos seus regnos e sen h orios e portos delles
ru mes, nem lhe dará mantimento, fauor nem a j u d a , nem cousa
a l g u m a que en suas terras aja, nem menos gen te e con con­
d ição que todo o di reito que as d itas terras na tanadaria de
Baç a i n ten rend i d o e está por arrecadar do que Mel l iq u i as 2 H
avia d [e] aver des que entrou o ano dos mouros ate [a]gora o
possa o governador mandar a rrecadar pera el rey de Portuga l
seu senhor e con condição que o d ito rey do G usarate mandara
l ogo entregar ao d ito governador os quatro portugueses que
estã o presos em C h a m p u n e l29, a sabe?', D iogo de Misq u i ta ,

1 '< Meca , a cidade santa d o islam ismo, Makka, a 2 1 ° 30' N e 40° 1 7' E . O s navios partiam

para o porto que servia Meca, Judá.


2(, Cotia , pequeno barco ligeiro ii vela. A origem do vocá bulo proviria d o guzcratc coti)'lIll1, de
onde passou para o malaiala /�ôlliya, e desta língua para o português; cf. O a lgado, Glossário, s.v. e
Humberto Leitão e J. Vicente Lopes, Oiciollário de lil/gllagelll da lltarillha al/tiga e acllla/, s.v.
27 Variante ao origina l : «se não entendera en cotias, galvetas [pequena embarcação indiana

de remo e vela] e vazilhas [pequenos barcos ] " ; d. Biker, Collecçiio de Iralados, 1'0 1 . I , pp. 63-65.
2 X Malik Ayâz, um a n tigo escravo que foi capitão de D i u e serviu dois sul tões guzerates até ii

sua morte em 1 52 2 .
2 " Champunel, Champa ner, Çampânêr, cidade indiana a 2 2 ° 29' N e 7 3 ° 3 2 ' E, que foi a ca­
pira i a d m i n istrativa do Guzerate de 1 4 8 1 a 1 5 3 7 .

59
Lopo Fernandez Pi nto, M anoel Men dez e João da L a m a , as
q u a i s sete condiçõ i s atras escritas e l le Xacoes em nome do d i to
rey B a d ur d isse que se obriga ua pel l o poder que do d i to rey
traz a bastante, que ao diante vai ja acostado o p ro p r i o de as
ter e manter, comprir e guardar en todo e por todo assi e tão
i ntei ra mente como se nel l a s e en cada h u ma del l a s contem sen
enga no nem cautella con toda a verdade e segurança deI rey, e
[fI. 451'1 o d i to governador em nome dei rey II de Portuga l seu senhor
pel l o p o der a bastante que de Sua A l teza tem d i sse q u e açei­
ta u a e rece b i a a s d itas terras com as condiçõi s a s i m a e atraz es­
Cl·itas. E l ogo pel l o d i to governador foi d ito que e l l e e e m nome
dei rey de Portugal seu senhor, e por vertude dos poderes seus
que tem avia por bem de fazer as d itas pazes, com o d ito rey
do G usarate com as sobredi tas condiçõis, e assi de lhe conseder
m a i s as segui n tes, que o d i to rey m a nd a ra pedi r pera m a i s
comfirmação e a m i sade.

Jtcm Que todos os cauallos que v iessem do Estreito e d [a ] A r a -


bi a3o, os p r i meiros trez a nos depois da forta leza3 1 s e r acabada
ven hão a d ita fortaleza de Baça i m pera o d i to rey e seus vas­
s a l l o s os mandare m ahy comprar se q u i serem, pagando a el
rey de Portugal os d i reitos assi e da maneira que se pagarão na
ç i d a de de Goa e que n ã o v ã o a o M a l l a ua r32, nem a o d [e]
Açhem33 , nem a B isnagáJ4 • E não se comprando o s d i tos c a u a l­
los e m Baça i m então os leuarão pera onde l hes a prouer. E com
condição que v indo a lguma nao do d i to regno do G usarate da
terra d [ a ] Ara bia ou de qualquer outra parte com ca u a ll o s pera
e l rey que n ã o pagará d ireitos nenh u n s ; e isto se entenderá ate
sesemta c a u a ll o s somente . E con condição que vindo a lguma
nao de maar en fora de outra qualquer p a rte que seja (não sen-

.loVariação a o original: « pa rtes d a Arabi a » ; d . Bi ker, Collecção de lralados, 1'01 . I , p p . 63-65


.

.1 1
Va riação ao original: « fortaleza de Baça im » ; d. Biker, Collecção de tratados, 1'0 1 . I, pp. 63-65 .

.12 M a l abar, a região meridional da costa ocidental indiana compreendida entre os Gates Oci-

dent a i s e o mar Arábico, q ue v a i d o monte de Eli, a 1 2" 02' N e 75" 12' E, ao cabo Camar i m , a
8° 04' N e 77° 1 2 ' E .
.13 Achém, Atjeh, Aceh, s u l tanado na ilha de Samatra, cuja capital ficava na cidade homón i ­

m a , a 5 ° 5 6 ' N e 9 5 ° 2 6' E .
" B isnaga, Vijayanagal; a «cidade da Vitória » , capital do império ind i a no homónimo a
1 5° 20' N e 76° 2 8 ' E. A cidade fo i saqueada, em 1 5 65, pelos exércitos dos s u l tanados m uç u l m a ­
n o s d o Decão a pós a v i tória na batalha de Ta l ikota .

60 T O M 110 I l E nlU - l .in


do do Estre i to ) pera o regn o do Gusarate tan to q ue chegar d o
porto de Baçai m pera dentro, não a tomaraã oJ5. E con con d i ­
ç ã o q ue as si nco m i l tangas l a r i ns q u e d[e] a n tiga mente s e de­
rão e são depus itadas pera as misqui tas, das despezas de Ba­
çaim, se l he paguem das d i tas rendas c o m o sempre se l h es
pagarão; e com a s ditas m is q u i tas e pregação que se n e l l a s faz
que se não fação enno uação a lgum a . E com condição que os
dozen tos p a rdaos que se pagão de moxara36 aos l ascari ns37 das
d itas fortal ezas que estão antre as terras de Baça i m , e dos reis­
butos3 8 se paguem a custa das rendas de Baça i m com o te gora
se pagarão, as quais se çhamão Aseira39 e Coej a40• E c o m II
1 11 46] condição que tan to que os qua tro portugueses c hegarem a q u i
e m Baçaym o governador m a n dará a el rey do Gusarate h u m
capitã o c o m homens portugueses, as q u a i s cond içõis o dito go­
verna dor em nome deI rey de Portugal seu senhor e pel lo po­
der que delle tem d i sse que se obrigaua de as com p r i r en todo e
por todo assi e como n e l l a se contem sem arte, nem cautel l a .
E por elle Xacoes foi dito que as açeitaua outrossy em nome d o
d ito rey seu sen h o r por vertude dos poderes q u e tem d e que
atraz faz menssão as quais pazes elle se obrigou que o d i to rey
j urará tanto q ue la chegasse o d i to capitão portugues. E que
sendo caso que por a lg u m i m pedi mento as dei xasse de j urar
que todavia e l l e p o r vertude dos ditos poderes a v i a este contra­
to de paz, por firme e val lioso com tod a l l as c 1 a us ul l as e con d i ­
ç õ i s e decl a raçõis atráz escr i tas. E l ogo o d i to governador j u­
rou sobre os S anctos Evangel hos en que pos a m ã o que e l l e
gua rdaria e compriria as d itas pazes el11quanto e l l e rey do G u -

l 5 Variaç�o a o origina l : « Q ue, vindo a lguma nao d e l11 a r c m fora desga rra d a d e q u a l q uer

parte que fosse tirando do estreito de Meca, e com tel11po fortuito fosse tomar l3açaim, vindo pera
o rei no d o Guzerate, depois que fosse dentro n'aquelle porto, ninguem entenderia com clb, que se
poderia tornar ca d a vez que q u issesse,,; d. l3iker, Collecçtio de Imlados, vaI. I , pp. 63-65 .
.1(, Muxara, «salário, orden a d o " , do á ra be 1I111.dl}'{/; d. Da lgado, G lossário, s . v.

.17 lascarilll, « soldado ou marinheiro" indígena util izado nas guarn ições e armacbs do Esta­

d o d a Í n d i a . D o persa lam/wr, «exército, acampal11en to", passou ao árabe 'as /�ar e dcu Ltlm/wr;,
«solcbdo, o q uc pertence a um exército,, ; d. Da lgado, Glossário, s.v. e Henry Y"le A. C. l3urne l l ,
Hobsol/ ]obsol/, S . V.

3.� Ou resbutos, do sânscrito rãjãpl/lm, « fi l ho de rei " , denom ina a casta m i l i ta r chatria d o
oeste d a Í n d i a , concentrada no act u a l estado ind iano do Rajasrnn; d. D a lg,ldo, GlosstÍrio, s.v.
3. Asseri m , fortaleza situada num maciço monranhoso por a lturas de 20° 03' N e 72° 50' E.

'o Coeja, fortaleza situada entre l3açaim e o território dos reisbutos q ue não se conseg u i "
iden t i ficar.

6J
sarate guardasse e compri sse o q u e a e l l e toca e he obrigado
comprir. E l ogo por el l e Xacoes, e tam bem por e l le governa d o r
foi d i to que e l les a v i ã o a d i ta p a z p o r feita e val i osa e firme e m
nome dos d i tos rei s seus senhores d [e] o j e para sempre e se
obrigarão os d i tos reis compri rem e guardarem i nteiramente
como se neste contrato e condiçõis nelle decla radas per ambas
as p a rtes contem. E e n teste m u n h o de verdade mandarão fazer
esta escreptura da qual se fizerão duas deste theor que a m bos
a s i narão, a saber, huma que a mym secretario fica na mão, e
outra q u e elle Xacoes leuou testemun h a s que forão p resentes .
Marti m Afonso de Sousa c a p i tão mor do mar, e Fernão d [e] 1a­
nes de Soutomayor, e Tri stão Homem, e Fernão Rodriguez de
Castel l o Bra nco o u ujdor geral da J n d i a e S i mão Ferreira e a ss)'
Coj e Perco l ly4 1 , mouro p a rçio e Marcos Ferna n dez que ser u i ão
de l i ngoas e declararão todo o contheudo nelle e e l l e Xacoes , e
Coje M amede42 e outros. E eu sobredito Gaspar P i res que a fez
[iI. 46vJ e a todo II fui presente e a s iney de meu s i n a l acustumado com
os sobredi tos n o d i to d i a , mes e a n o atráz escrito. O qual con­
trato foi treslladado do propr i o original que está e m mão de
m y m secretario para se dar a Xacões, embaxador dei rey de
Cam b a i a por dizer que o outro que lhe foi dado se perdera no
arr a i a l .
E l ogo pell o dito Xacoes foi d ito que o d i to rey do G u sara­
te s e u senhor pera mais acresentar na [a] m i sade dei rey de Por­
tuga l era contente d [e] oje pera todo sempre dar e conseder a o
d i to governador pera o d i to rey de Portugal s e u sen h or h u m a
fortall eza n a çi dade de D i o com as c l a u s u l l a s e condiçõis con­
teu das en h u n s a pon ta mentos que S i mão Ferr e i ra, per ma nda­
do do d i to governador e con seu poder, veio ao d i to rel' do Gu­
sarate, e féz con o d i to rel' as q u a i s são as seg u i n tes .

.Item O soltão Badur he contente de dar a el rey de Portugal


huma forta leza en D i o e n q u a l q uer l ugar que o govern a d or
N u n o da C u n h a q u iser da banda dos bal l uartes do l11aar, e da

." Kh"aja Perco li, i ntérprete persa gue o embaixador guzerate usou nas suas negociações
com Nuno da Cunha.
·12 É possível gue este Coje Mamede, Kh"aja lVluhamlllad, seja NCrr Muhammad Khalil, a
guem B a h 5 d u r confiou uma embaixada a H u mii)' un uns tempos antes; cf. lvlirat-i Si/wllr/ari, N ova
Dclhi, 1 990, p p . 1 8 1 - 1 8 3 .

62 TO.\,I I'O I l E D I U - I sn
terra , da gra ndur a q ue l h e bem pa reçer, e assi o ball uarte d o
m a r. E a s s i ha p o r bem d e l he dar e con firmar Baça i m C O ITl to­
das suas terras e tanadarias rendas, e d i re i tos, assi como l he
ten dado per contrato, o q u a l féz con e l le sobre as pazes e con
con d ição que todas as naos de Meca que por vertude do d i to
contrato das p azes erão obrigadas a h i r a Baça i m que o n ã o se­
j ã o, e venhão a D i o assi como d a n tes vinhão, n e m lhe sej a fei t o
força a l lguma. E querendo alguma p o r s u a vontade l a h i r o p o ­
derá fazer se q u iser. E a s s i o faraão todas as n aos de todas a s
par tes q ue h i rão e v i ra ã o p e r onde q u i serem; e porelll todas n a ­
vegaraão com ca rtases, h u m a s e outras, e con condição q u e e l
rey de Portuga l n ã o terá e n D i o n [en]huns d i re i tos n e m rendas
[fI. 4 7 1 nem mais II q u e só a d i ta fortal eza e b a l luartes, e todos os d i ­
reitos e rendas e j urisdição da gen te da terra será d o d i to soltão
Badur. E com condição q u e todos os cauallos d [eJ O r muz4J e
d [a ] Ara bia que pel l o d i to contrato das pazes erão obrigados a
virem a Baçai m , venhão a D i o , e a hy pagarão os d i re i tos a e l
r e y de Portuga l segundo Cl1stl1me de Goa. E n ã o o s comprando
a e l rey os mercadores que os trouxerem os poderão l e L1 a r pera
onde quizere m . E com condição que todos os cal1al l os que vie­
ren do Estreito pera dentro n ã o paguem n [e n J h u n s d i reitos e
sej ã o forros e con condição que el rey de Portugal n e m o go­
v e r n a d o r d a J n d i a p o r seu m a n d a d o não m a n da r á f a z e r
guerra44 ao Estrei to nem n os l ugares d [a ] Ara b ia n e m se toma­
ra nao de p resa n [e n ] h uma, e todas n a uegaraão segura m ente.
E porem avendo n o Estreito ou en o utra parte armada de rumes,
e turqos poderaã o hir peleijar com ella e d istru i l l a . E com con­
d ição que e l rey de Portuga l e o çoltão Badur serem amigos
d [eJ a migos e i n im igos de i m igos, e o governador em nome dei
rey de Portugal aj udará ao soltão Badur com todo o que poder
p o r maar e por terra e assi el rey a e l le quando comprir com
sua gente e armadas, e com cond ição que querendosse faze I: a l ­
guns mouros d a terra d e soltão Badur cristãos q u e o gove rn a ­
d o r n ã o c o n s e n t i r á , e a s s i e l le n ã o c o n s e n t i r a f a ze nd o s s e
n [e n J h ulll cristão mouro . E q u e passandosse a s u a terra a l gu m a

·13 Orm uz, Hormuz, Armuz, i l ha situada entre o golfo Pérsico c o d e OIl1'l , a 2r 0 5 ' N e

5 6° 2 8 ' E.
;; Va riaçiio ao origina l : « ffazer guerra, nem dano no estreito,,; d. Simão notelho, « Tombo d o
Estado da índia » , fI. 1 8 1 , iII Lima Felncr, SlIbsídios p ara a História da Ílldia Portllg llezlI, p. 22 1 .

63
pessoa ou pessoas que deu a m d i nheiro, ou tenham fazen das
dei rey de Portugal que e l l e os mandará e ntregar e outro ta n to
fara45 o gouerna dor se pera os portugueses se passar algum h o­
mem q u e ten h a fazenda o u deua d i n h e i ro ao saltão Bad ur.
Com os quais capitollos e condiçõis o d ito Xacoes d isse q ue
o dito rey por sua l i ur e vontade e como d i to he daua a d ita forta­
leza a el rey de Portugal46 e des [de] oje pera todo sempre disistia
de toda a posse dommenio que do l ugar onde se a dita fortaleza
[II. 4 7 1'1 fizesse tin h a . II E o auia por emtregue ao d ito gouernador pera

elle fazer como de cousa p ropria do d ito rey de Portugal seu se­
n hor. O q ual l ugar logo polIa d ito gouernador com Rao Medi­
na4 7 cap i tão da çidade de Dia foi demercado, e asi nado por man­
dado do dito rey do Gusarate. E assi mesmo elle em nome do
dito rey do Gusarate seu senhor desisti a de toda a posse domin i o
que n o balluarte d o m a r tinha. E como dito he avia por emtregue
ao d i to gouernador pera delle fazer como de cousa propria do
dito rey de Portuga l . E assi mais d isse o d ito Xacoes q ue o d ito
rey do Gusarate daua mais ao dito gouernador pera el rey de
Portugal as duas fortal ezas conte udas en o contrato primeiro
a q u i escrito atráz q ue se çhamão Aseira, e Coeija q ue estão antre
as terras de Baçaym e as dos reisbutos, as qua is l h e ora daua
con todos seus dire itos e terras e pertenças pera sempre. E que
e l le gouernador e n nome do dito rey de Portugal seu senhor pos­
sa m andar tomar posse dell a s e a emtregar aos capitãis que orde­
nar e fazer dellas o que quiser como cousa do dito rey de Portu­
gal porquanto elle rey do Gusarate d isistia de toda a posse e
dominio que nas d itas forta llezas tinha, e a u i a tudo por emtregue
ao d i to gouernador como dito he com os quais apomtamentos e
c1ausul las açima declaradas o d ito Xacoes em nome do d ito rey
do Gusarate seu senhor disse que avia por confirmado e retiffica­
do o contrato pri meiro.

4.\ Va riação no origina l : « ffaraa o d i to gOllcrnador » ; d. Simão Eotelho, «Tombo do Estado

d a Í ndi a » , fI. 1 8 1 , iI/ L i m a Felner, Sflbsídios /}(lra a História da fI/dia Portl/g/lcza, p . 222.
4(, Va riação ao o r igi n a l : «daua a dita fforta leza a o d ito gOllc mador em nome d e i Rey de por­
tllgll a l l , seu scnhor" ; d. Simão Eotelho, «Tombo d o Estado da Índia " , fi. 1 8 1 , iI/ Lima Felner,
Sflbsídios flara a História da fI/dia Portflgl/cza, p. 223.
47 Rao .Mccl inn pode trnta r-se ele Med âni Râ i , um capitão ao serviço de Eahâdur que, em
1 5 3 3 , p a rticipou no a taque guzerate a Chitor; d. lvIirat-i Sikal/dar, p . 1 79 . Todavia, a mesma cró­
n ica i n elo-persa colocou K iwân a l- M u l k Sârang como o capitã o de Diu, após o s u l tã o Eahâel u r ter
retirado o governo dessa cidade aos dcscendentes ele M a l i k Ayâz; d. 0/1. cit.) pp. 1 5 7- 1 5 8 .

64 TO .\o I l\O I l I' Il I U - 1 591


E daua as ditas terras de B aça i m e forta lezas e a dita forta­
leza de Dio e b a l luarte do mar con tal condiçã04s que as condi­
çõis do contrato primeiro, q u e se mudarão ora por estes apon­
tamentos que o d i to rey féz com Simão Ferreira se cumprão
i ntei r a mente da maneira q u e se contem n os ditos apontamen­
tos e não como esta ua no prime i ro contrato e en todo o mais
se contem e outro se guarde sen d uu i d a a lguma como se n e l le
contem. E o d i to go uernador e n nome dei rey de Portuga l II
[ 11 4 8 1 seu senhor aseitou tudo o q u e asima he decla rado. E prometeo
de a ssy i n te i ramente se comp r i r e guardar por o d i to rey de
Portugal seu senh o r, e por e l l e governador e per todos capitãis
e governadores q u e ao dian te nestas partes forem, e o d i to Xa­
coes e m nome do dito rey do Gusarate d i sse que elle ace i ta u a
e conçedia todo o sobredi to e que o dito r e y do Gusarate asi­
nará este contrato pera m a i s firmesa e fe de como o h a p or
bem e se obriga de comprir i n te iramente do que a sua p arte
toca e por fi rmeza e segura nça de todo q uiserão que se fizesse
este contrato asinado p e l l o d i to rey do G usarate.
E p e l l o dito gouernador dos q ua i s se fizeram dous per cada
h u m ter seu testemunhas que forão presentes Garçia de Sá, e
Pero de Faria, e Simão Ferreira, e S i m ã049 Rodriguez de Castel ­
lo Branco ouuj dor gera l da J n d i a , e Coj e Percolj mercador p a r­
çio e Marcos Fernandez q ue ser u i am de l i ngoas, e declararão
todo o sobredito. Diogo Soares o féz n o dia mes e ano atraz
d ito, e e u João da Costa secretario da Jndia que a todo sobre­
d i to fuy p resente e este fiz escreuer e sobescreuy no d i to dia e
a s i n ey com as testemunhas asima d i tas .

.Item O q u a l con trato d ur o u the o a n o de m i l e q u i n hentos tri n -


t a e sete p o r ser i m formado o d i to gouernador N u n o d a Cunha
q u e o dito soltão Badur trabalhaua en todas as m a neiras que
podia pera l h e tomar a fortaleza de Dio por treiçam, sendo dis­
to çertificado Ma noel de Sousa capitão da d i ta fortal eza q u e o
tinha bem sabido, o d ito gouernador Nuno da Cunha se féz
p restes com h u ma armada pera h i r la e chegando a barra de

4 " Va riante a o origi n a l : « com ta l l decreraçã o » ; c L Simão Botelho, « Tom bo d o Estado d a


Índ ia » , fI . 1 8 1 , iII L i m a Felner, Sl Ibsídios pam a História d a Ílldia Portllgllcza, p . 2 2 3 .
4 " Va ria nte a o origi n a l : « Fernã o » ; cf. S i m ã o Botelho, «Tombo d o Estado da Índia » , fI . 1 8 1 ,
iII Lima Felner, SlIbsídios lia m a História da Ílldia Portllglleza, p. 22 1 .

65
Dio por esta r m a l desposto depois de ter o utra véz a m es m a i n­
formação do d i to Manoel de Sousa o foi ver o d i to soltã o Ba­
dur a o gal l eão onde estaua, e despedindosse del i e mandou o
[II. 48,,] d i to M a noel de Sousa q ue tomasse II a lguns home ns consigo e
antes que o d ito rey desembarcasse o prendesse n a fusta e n q ue
h i a , e o trouxesse prezo ao gal leão, o que o dito Manoel de Sou­
sa cometeo. E embarcandosse na fusta chega ndo a fusta onde
h ia , o d i to rey q uerendo o prender se poz en defenção elle e os
seus pel l o que foy morto caindo da fusta ao maar sen se n unca
mais poder açhar. Onde tambem morreo o dito Manoel de Sou­
sa, e Anto n i o Cardoso fi l h o do doctor Francisco Cardoso e
Pedr [o] A l u a rez d [e ] A l meida ouuj dor geral que então era, e ou­
tros m u i tos fidalgos; e l ogo a çidade foi despej ada dos m o mos.
E ficou em posse dell a e das alfandegas e rendas del l a o dito
gouernador Nuno da Cunha pera e l rey nosso sen hol'.

Item Por morte do dito soltão Badur ficou n a q u i n ta do M e l l i -


q ue5 0 , q u e h e h u m a l egoa d e D i o , O m i r Mamede Zamã05 1 ,
mogol' q u e desend i a dos rei s dos m ogores52 , o q u a l se desa u i o
c o m o rey d o s mogores q u e era s e u cunhadoSJ, pel i o q u e se dei­
tou com o soltão B a dur, e ti n h a a lguma gente de q u e era cap i -

511 Subentend a-se M a l i k A)'âz. A «quinta do mclliquc» dcvcria corresponder a Una, nas pro­
xim idades de Diu, pois era a í que se encontrava M uhamlllad Zalllâm Mlrzâ; d. Mi/'{/t-i Si/w"r/a/',
p. 203.
5 1 Trata-se d e M uhammad Zamân Mirzâ, filho de Badi' a l -Zamân lvl irzâ c genro d o Grão­

-!'vIogol B â bur, pelo seu casamcnto com a filha dcstc, Ma'sâma S u l tân Bega m. Era um príncipe Ti­
múrida q ue veio com os Illogóis q ua ndo estes invadi ram a Í ndia. À morte de Bâbll 1', em 'j 530, re­
cebeu parte d a herança do sogro (d. A b C, I-Fazl, Ahba/' Nâl/lâ, Nova Delhi, 1 9 8 9 , vol. I , p . 24 8 ) .
N ã o ficou satisfeito com a repartição q ue o cunhado, Humâ)'lin, fez d o s territórios conqu istados
por Bâ b u r e consp i ro u contr'l ele. A descoberta da conspiração levou f-Iumâ)'lll1 a encarcení-Io em
Ba)'a n a , m as ele escapou-se, Cm 1 5 34, para o Guzcrate. Hum â)'lin pediu a sUa ent rega , v,í rias vc­
zes, a Bahâdm sem q u a l q uer resu ltado. À morte de Bahâd u r, em l 5 3 7 , a p rovei t o u o caos pol ítico
e m que o G u zerate mergu l h a ra, com um in terregno sucessório, p a ra se proclamar s u l tii o. Para esse
fim procurou faze r-se adoptar pela m,j e de Bahiidur e negociou com Nuno da Cunh'l a o b tenç'l o
do a po i o português. A s u a derrota em U n a , c m 1 5 3 7 , forçou-o a fugir p a ra o Sin de, de o n d e con­
segu iria o b te r o perdão do cunhado, com a ajuda da l11 u lher, e regressou ii corre mogo l . Tomou
parte na cam panha de H u mã)'un no Benga la, contra Sher Shâh SClr, no decl\l'so d a qual morrcu
a fogado, em 1 5 3 9 , quando atravessava o Ganges, em çausa.
5 2 M u hammad Zamân Mí'rzâ e os Grào-Mogóis cram descendentes d e Tim u l', o Coxo, o Ta­

medão das crón icas portuguesas.


5 .\ Va ria nte a o o r igi n a l : «que era seu cunhado, per nome Vmayun [J-Iumâ)' lIn] " ; d. Simào

Botelho, «Tombo do Estado da Índ i a » , fI. 1 8 1 v, iII Lima Felner, S"bsír/ios /)(/m a História rIa tl/r/ia
PO l'fllgl/e:m, p. 2 2 4 .

GG '1'0.\ 1 1\0 D E DIU - 1 .ln


tão, e ta nto que o saltão Badur foi morto se q u i s a l e u a n ta r por
rey do Gusarate, e logo féz hum contrato com o gOllernadm
N u n o da Cunha de que o treslado he o segu i n te.

I tel11 En nome de h u m so Deos todo poderoso criador de todas


as cousas ameno Saibão quantos este estr o me nto de contrato e
asento de pazes virem que no ano do nacimento de n osso se­
nhor Jesll Christo de mil q u i n hentos trinta e sete a n os , aos v i n ­
te sete dias do m e s de M a rço d o dito a n o en esta fortal eza e ç i ­
dade d e D i a n a s pousadas d o m u i to magni fico gouernador o
senhor N u n o da C u n h a , do con selho deI rey nosso senhor,
veedor de sua fazenda, capitão geral e gouernador da J nd i a , es­
tando Sua Senhoria ahy e bem assy estando presente e ben assy
Coje Afzam054 , em baxador de Omir Zamamede Zamã05 5, em
[iI. 49] presenca de mym II João da Costa secreta rio, e das testemu­
n h a s ao d i ante nomeadas, logo pello dito embaxador foi d i to
que Mira Zamamede Zamã056 seu senhor se açhara neste reg­
no de Cam b a i a ao tempo que se acontesera a morte do saltão
Badur, e porque n o Guzarate não auia rey del le com esse fun ­
damento se viera a q u in ta d o Mellique o n d e ora esta ua pera
a l ly p e d i r a Sua Senhoria que de nouo fizesse contrato de pazes
pera sempre, pois sempre ouuera antre os coraçones57 e portu­
gueses pera que com sua paz e fauor dall i se fazer rey do di to
regno do Gusarate pois elle era fil ho de saltão Bademuza Za­
mão5H rey dos coraçones e de tão antigo sangue de reis, e que
por i sso assi ser Sua Senhoria avia d [e] a uer por bem q ue as çi­
cas59 das moedas corressem en seu nome per todo o regno do

54 Kh"'a j a Afizamo,
55 Su bentenda-se M uhammnd Zamân Mirzâ,
5(, Vide nota supra,

5 7 Coraçone, de "/Jllr{/S{/Ill, i,e" habitante cio K h u rasân, uma região n o Nordeste cio Irão, "
3 5 ° N e 5 9 ° E, cuja ,í rea foi mais ala rgacla em épocas recuadas e que incluía zonas que hoje se en­
contram n o Afegan istão,
.I S Trata-se de Badi' a l-Za mân Mirzâ, fil h o m,lis velho do s u l tã o Husayn Mirzâ e pai de Nlu­

h a m ll1acl Zam:)n Mirzâ, Em 1 4 93 rebelou-se contra o pai porque este lhe deu o governo de Ba lkh
c m troca do de Asrara bâd, que entregou ao i 1'111;1 o Muza ffa r-i Husayn lvlí'rzâ, A pós a m o rre do
p a i , em 1 50 6 , o s dois i rm ãos partilharam o governo, mas por pouco tempo, uma vez q u e os Uz­
beques invadiram o K h urasân e expulsaram-nos de I,í, Segundo o A h /J{//' Nlilllrl, vaI. I , pp, 3 5 6-
-357, Badí' a l -Zamân acabou os seus dias como prisioneiro do s u l tão o tomano, Selim I, tendo
morrido de peste em 1 5 1 9 ,
5 " Va riant e d e siea, u m a palavra d e origem ,í '-'l be si"'w, «cunho de moeda, selo » , q u e pas­

sou a o conca n i xi""ô. lnicialmente sign i ficava « re l h a » , depois designou a ma triz com que se

67
Gusarate, e assi em D i o como nos outros l ugares que forem dei
rey d e Portuga l n o dito regno, e que nos a lcorõis6o o çhamasse
rey dos gusarates assi como se çhama va soltão Badur e n seu
tem p o .
E mais que S u a S e n h o r i a avia de auer por b e m q u e a s s i
c o m o fazia n o tempo do s o l t ã o B a d u r qua ndo a q u i trazião os
mercadores cau a l os a vender q ue assi os tragão agora e que
l hos n ã o defendão e q u e a s armas q ue trouxessem pera vende­
rem que vendendo l h as que lhe não vão a mão e l has deixe m
comprar, e que todos os l a scal'ins q u e forem d o soltã o B a d ur
que estão n o regno do Gusarate e bande i s6 1 delle q uerendosse
hir pera elle que o possão fazer de sua li ure vontade. As q u a i s
condiçõis a s i m a pedidas p e l l o d i to embaxador o d i to governa­
dor disse q ue l h e a prazia e l h a s outorga ua pellos poderes q u e
tinha dei r e y nosso senhor c o m ta l condiçam que o d i to I n i z a ­
mamede Zamã0 62 d a n d o l h e D e o s Ca mba i a paçiffica a v i a p o r
b e m que el r e y de Portugal tiuesse pera s y e pera todos o s q u e
d e l l e desendesse d [e] o j e p e r a todo sempre, o porto da çidade
de Mangallor63 com todos os d i reitos, rendas e j ur i sdição e assi
todos os homens delle, com dous cosei s 64 e meio ao render 65
[fI. 49v l delle dah i the a i l h a do Bate II Ç h a ll angã066 con todos os por­
tos d o maar e l ugares q ue na d i ta costa h a e assi dous coseis e
meio da borda do mar pera dentro da terra firme desde o d i to
M a n ga llor the a d i ta i l h a de Ç h a l a ngão com suas rendas j ur is-

cunhavam a s m o e d a s e, só depois, passou a definir o c u n h o da moed a ; sobre a evolução ci o ter m o ,


vide R . E. Oarley-Oom n , «Sikka » , in Ellcic!o/Jédie d e I'[slalll, 1'0 1 . I X , p p . 6 1 4 -622. A s i k k a e r a
i m portante para q u e m queria a fi rmar o s e u poder c o m o sultão, como era o caso de Jvl uhammad
Zamân Mirzâ .
r.tI A lcorão, i .e., m inerete; d. D a lgado, Glossário, s.v. O texto refere-se também ii tradição de

nOme'Hell1 o soberano reinante, Oll quem tinha aspirações a tal, na oração da sexta-feira, h /J/ltúa,
n a parte da oração dos fiéis, « d uea' l i-I-mu'm i n i n » ; d. A . J. \Vensick, «Khu tba » , in Ellciclopédie
de l'Islalll, vol. v, pp. 76-77.
(, 1 Bandel, i.e., portos, do persa bmrdar; d. O a lgado, Glossário, s.v.

(,2 Su ben tenda-se Muhammad Zamân Mirzâ.


(,1 Porto na península de Kathiawa r, M angrol o u Mungrole, a 21 0 0 8 ' N e 70° 1 4 ' E. Não

confu n d i r com a loca l idade homó n i m a ao sul de Goa.


(,4 Medida d e comprimento variável, m a s q u e equivaleria a quase 2 milhas, do neo-árico /,ôs
e sânscrito /",osa. L i m a Felner na sua edição dos Tom bos da Índia de Simão Botelho deu a e q u i va ­
lência dos cosséi s ii légua e estabeleceu que 2 'h cosséis equivaliam a 2 '/4 léguas; d . Simiio B o te l h o ,
«Tombo d o Esta d o d a Í n d i a » , iII Lima Felner, SlIúsídios para a História da Ílldia Portllglleza,
p. 226, nota 2 .
(,.i Su bentenda-se « redor » .
(,(, Ilha d e B a te Chalangão situa-se, presumivelmente, n a penínsul a d e KathialVar.

68 TO,\I I\O D E D I U - 1 .\ 9 2
diçaIT1, e gente assi e pel l a ma neira q u e as telle e pessll i o o sol­
tão B a d u r e m a i s l h e avia de outorgar todas as terras de D a ­
mão, a saber, o m e s m o l ugar de Damão t h e as terra s de Ba­
çai m , con todas a s terras e praganas G 7 assi como estão com
toda a j urisdição e gen te e rendas, assi e da m aneira que tem o s
as terras de Baçai m , e a ssi conta as pess u h i a o saltão Badur, e
seus tanadares G 8 e que toda a moeda ser çhapada de s u a s itaG 9
poes, j a l h e conçedia q u e todo o proue i to seria dei rey de P o r­
tugal como saia a ser d e i rey do G llsarate, e i sto n a s terras q u e
nos t iuermos em Cambaia e a n o s q uisermos bater70, e m a i s
q u e e l les serião obrigados q u e todos o s nauios a s s i de guerra
como naos de mercadorias o n de quer que forem açhadas q u e
erão de soltão Badur os m andaria e ntregar aqui a D i a c o m as
fazendas que nel l a s v ierem do soltão B a d u r, assi que não faça
em n [e] h u m porto dos seus nem consintirá fazer n [en] h u m n a ­
v i o de g uerra e naos pera mercadorias poderão fazer q u a n ta s
q u iserem de cairo ; e q u e o s caual los q u e a q u i vierem ter por
mar pagarão os d ireitos a e l rey de Portugal assi como pagão
em Goa, e que os escrau os dos portugueses q u e la estão e fo­
rem daqui e n d i a n te os tornarão o u pagaram sua v a l l i a delles.
E q u e q u a lquer p o rtugues que l a for sem l içenca de Sua Senho­
ria ou do capitão da fortal l eza e çidade71 o não recolherão e o
mandarão prezo a q u i , e q u e os mercadores não serão i mpedi ­
d o s a b i rem e virem assi como sempre f o i em tem p o do saltão
Badur e isto ajnda que aj a guerra a n tre elle e os guzarates a m -

(, 7 Praga nas, parganá o u praga n,í, «comarca, pa rte d e u m d istrito » , d o marata-hindustânico


IHlrgallâ; cE. D a lgado, Glossário, s.v.
(,s Tanadares, termo que a barca várias acepções: «ca pitão de u m posto m i l i ta r, j ui z cle u m a

povoação, cobraclor de i m postos e tesoureiro da a lfânclega » . N o s estaclos indo-muçulmanos o s t a ­


nada res a c u m u l a v a m a s funções m i l i tares com as fiscais; c E . Da lgado, Glossário, s.v.
(,9 I . e . , sica.

7n Varia nte a o texto cio tratado q ue se encontra na Torre do Tom bo, Corpo Cronológico,
1-58 -73 : "E q u a m to a moeda ser chapada de sua syca pois já lhe concedia que todo o proueito se­
ria delRey de portuga l como soya ser cios Reis do guzarate e isto nas terras q ue nos tiuermos em
cambaia e nos q u isermos bater » ; d. Júd ice B i ker, Col/ecçiio de tratados, vaI. I , p . 73. Diogo d o
Couto a presenta o u t r a variante n a Década 5 ."-I-XII, « Q u e as moedas todas, corressem nas c i d a ­
des, que foram d o Reyno de c a m b a y a , q ue fosse d a j urdição d'EIRey d e Portugal, e n a Ilha d e D i a ,
fossem c u n h a d a s c o m cunhas, e m a rca d e l l e M i r l'vlahamede Zaman » .
7 1 O " ca p i tã o d a cidade» foi introduzido posteriormente, pois não consta n o texto d o trata­
do n a Torre cio Tombo (d. Júd ice B i ker, Col/ecçiio de tratados, vaI. I , p . 73 ), nem no Tombo de Si­
m ã o Botelho (d. Simão Botelho, " Tom bo do Estado d a Índia » , fI . 1 8 2, iII lima Fclner, SlIbsídios
jJara a História da Ílldia Portllglleza, p. 226).

69
tes l h e dará todo o fauor e ajuda neçessari a . E n a terra lhe não
leua raão mais d ireitos dos que l he sohião leuar, e as fazenda
que l a tiuerem os mercadores de Dio lhes faça emtregar pera que
[fi. 5 0 1 venhão pera esta çidade II donde quer que ellas estiuerem e que
a q u i n ta do Mel li q Ll e onde elle ora está ficará a el rey de Portu­
gal pois emtra nos dous coseis e meio da costa . As quais condi­
çõis declaradas pello dito senhor governador o d i to embaxador
conçedeo e aprouou em n ome do dito 0 l11i r Zamal11ede Za­
mão72 seu senhor, segun d o l ogo mostrou p e l l o rol dos dito s
apol11tal11entos escritos p e r Antonio da S i lueira capitão desta çi ­
dade e com çhapa do d ito seu senhor que ficou em poder de
mym secretario. As quais condiçõis atraz escritas per ambas as
partes hum as e o utras foram o utorgadas, a saber, o dito senhor
governador disse que lhe otorgaua e aprazia conçeder a dita paz
com as ditas condiçõis a traz declaradas como d ito he pellos po­
deres que tem deI rey seu senhor, e daqui en d iante lhe conçedi a
a d i ta p a z c o m as clausul las e condiçõis e l he aprazia l has conçe­
der e pello dito embaxador foi dito que e l le aceitaua a d i ta paz
en nome do dito Omir Zamamede Zamão seu senhor por vertu­
de dos ditos apontamentos atráz declarados e se obrigou que o
d i to senhor j urará a dita paz ta mto que lhe l a fosse a presemtado
este comtrato, e l ogo o d ito governador j urou aos San tos Evan­
gel h os e n que pos a mão que elle guardaria e compri ri a as ditas
pazes emquanto o dito Omir Zal11amede Zamão comprisse e
guardasse o que elle era obr igado a guardar e comprir. E logo o
dito embaxador e o dito governador d isserão a m bos j unta mente
e cada hum por sy que avião a dita paz por firme feita e valiosa
d [e] oje pera sempre, e se obrigarão a comprir e guardar i n teira­
mente assi e da maneira que neste contrato he condiçõ i s he de­
clarado e aqui se corntem. E em testemunho de verdade manda­
rão a mym secretario fazer esta escreptura das quais se fizera m
d uas de h u m theor en que ambos asinarão, a saber, huma que
fica em meu poder, e outra q ue leua o d i to embaxador. Testemu-
[fI. 50vl n has que a tudo forão presentes. Antonio da S i lueira II capitão
desta çidade e Vasco P irez de Sampaio, R u i Diaz Pereira, e Gas­
par de Sousa, e Manoel Machado e Coje Perco l i mour073 e Mar-

72 S u bentenda-se M u hal1lmacl Zamân Mirzâ.


73 Kh"'a j a Percoli foi o intérprete que a pareceu nas negociações d e 1 5 3 3 . « Mouro » , trata-se
de uma variante q ue não se encontra no texto da To rre do Tombo (Júdice Bi ker, Col/ecçiío de tr{/-

-
70 Tll.\·I IIO DE DIU 15n
cos Ferna n des, l ingoas. E eu dito secretario por ma ndado do se­
nhor governador fui a q u inta do MelJique onde o d i to O m i r Za­
mamede Zamão esta ua e logo peran te mym j mau en sua ley so­
bre s e u mossaf074 de e n todo ter e m a n te r e c o m p r i r este
con trato i n teiramente como nel le se contem. E asinou e o çha­
pau de sua çhapa. E porque a tudo fui presente o escreuy e asi­
nej de meu sinal acustumado, com as sobreditas no dito dia e
mez e era João da Costa, secretario o escreuy. O q u a l j mamento
foi dado ao dito Omir Zamamede Zamão por Cadi Çhat75 da
d ita cidade de Dia.

J tCI11 Este contrato não ouue e fe i to, porque neste mesmo tem po
foi aleua ntado por rey do dito Guzarate p e ll o s gra ndes do reg­
no saltão M a mede Xá76 q ue ora he por ser sobri n ho do saltão
Badur fil h o de h u m seu j rmão77 sendo de i dade de catorze ou
q ui nze anos o q u a l veio de Amada ualH principal çidade do reg­
no so bre o dito Omir Zamall1ede Zamão e o desbaratou, e dei­
tou fora do regno e se foi cam i n h o do S i nde79 fogindo.

fados, v a I . I , p. 7 4 ) , nem em Simão Botelho (d. Simão Botelho, «Tombo elo Estado da Índia » ,
fi. 1 8 2v, iII Lima Felner, SlIbsídios !Jal'l7 a História da Ílldia Portllglleza, p . 228), os quais grafaram
o nome cio « l íngua » como " Perco lin1 » .
74 l'vlossafo, ou moçafo, a forma m a is corrente, do ,í rabe III/Is/;a(, " vo I Llllle, l i vro » , termo que
os portugueses usaram para designar o Corão ou o m inerete, m a is raro; cf. Oa lgado, Glossário,
s.v. Entre os muçulma nos, IilflS /}(/( é o nome dado ao Corão enquanto objecto físico, i . e . , l i vro.
75 Cad i , d o á rabe qâdi, é o juiz com j u risdição sobre assuntos do d i reito c i v i l , religioso e cri­
m i n a l ; d. O a lgado, Glossário, s.v.
7(, l'vlahmlld Shâh III ( r. 1 5 37- 1 55 4 ) . Subiu ao trono COI11 a morte, inesperach, do outro can­
d i dato, Mlrân Muhammad Shâh FârLl qi, outro sobrinho de l3ahâdur que foi ca rcereiro de Mah­
müd. Como o texto a fi r m a , foram os nobres do Guzerate que col oca ram Ma hllllld no trono, COI11
destaque pa ra Ikhtiyâr Khân S iddiq i .
77 De facto o p a i de M a h lllüd S h â h 11l, Latif K h â n , e r a i r m ã o de Bahâdur e fi l ho de Muzaf­
fa r Shâh I I ( r. 1 5 1 1 - 1 5 2 6 ) c de Râjbâi, uma princesa rajepute. La tlf Khân casou-se com uma prin­
cesa d o Sind e M a hllllld nasceu em 1 525, pelo que tinha 1 1 anos aquando da sua subida ao trono
e não 14 o u 15 a nos como a firma o texto. Latif Khân tentou a podera r-se do trono em 1 5 26, a pós
a morte d o su ltão Sikandar ( r. 1 526), mas acabou por o perder a favor de Bahâdur numa batall1<l
nos a rredores de Sultâmpur. Latif Khân ficou ferido n a bata l ha e pereceu a caminho d o sítio onde
se encontrava B a hâelur, possivelmente às ordens deste último; d. lvIirat-i Si/wlldar, pp. 1 35 - 1 3 6 ,
155-1 57, 208.
7.' Amadaba d , A hmada bâd, capital do sultanado do Guzerate a 23° 02' N e 7 2 ° 3 8 ' E .
7 " Sinde, Sin d , região indiana n o eleita elo rio Indo, compreen dida de 2 3 ° 3 0 ' a 2 8 ° 4 0 ' de la­
titude nane e de 66° 40' a 71° 20' de longitude este. Foi a prim eira região isl a m izada na Ínelia
e era um s u l ta n a d o independente governado pela dinastia A rg,hí'ln , sob o reino de Shâh Husayn
Arg,hün ( r. 1 52 3 - 1 5 5 4 ) .

71
J te m E contudo ficou e l rey nosso sen hor e os capitã i s da forta -
l eza de D i a de posse da çidade e renda del la ate o m êz de Ju­
n h o de j bc xxxbiij q ue o d i to Mamede X á , rey do Gllzarate
m a n d o u Coj e Sa ffa rHO e o u tros capitã i s tom a r a çidade, a qual
se l h e a l a rgou por mando de Antonio da S i l ueira, q u e a o ta l
tempo era capitão della por ser m u ito grande e ter pouca gente
c o m que a n ã o podia soster, e pareçeo m i l hor con selho reco­
I hersse a fortaleza por não perderem h u m a cousa e o utra . E os
capitãis dei rey d o G usarate estiuerão fazendo guerra a d ita çi-
[fI. 51] dade sem II h un s a pess ui rem n e m outros ate q uatro de Setem­
bro d o d ito ano que Solemão BaxáH I capitão mor de h u m a ar­
m a d a d o t ur co v e i o d e S uesH2 com m u i ta s ga l l e s H 3 a d i ta
forta l eza e l h e pos çer[co] com a j u da dos ditos capitã i s d e i rey
d o G u za rate e combaterão a d i ta forta l eza e lhe baterã o h u m
b a l u a rte e l h e todo derruba rão o q u a l foi defendido per A n to­
nio d a S i l ueira, que ao tal tempo era capitão da d i ta forta leza,
onde morrerão m uitos fidalgos e outra gente. E d ur ando o d i to
çerco os r um esH4 comessarão a usar de suas m a n h as con q u ere­
rem tomar as mol heres per força dos guza rates que esta u ã o n a
d i ta çidade pella q u a l rezão os ditos capitã i s s e tirarão fora da
çi dade, e se recol herão a terra firme e os não quisera m aj u da r.
E vendo os ru mes como não podião entrar a d i ta forta leza d e
D io , e de cada véz l h e h i a m a i s socorro da J n d i a e o v i s o rey

so Kh"a ja S a fa r Alilia ou a l -Salm anl, um capitão ao serviço do sultanado d o Guzerate que

chegou ii Índia em 1 52 8 com os sobreviventes d a a rmada otomana de Salman Reis. Ficou a o servi­
ço d e llahâd ur, assim como o seu filho Kh"aja Mahan Safa r. Serviu o sucessor de llahâd ur, Mah­
me, d , e acabou por perecer, assim como o filho, no decurso do segundo cerco de Diu, e m 1 54 6 .
SI Had i m Sü le)'mân Pasha, um eunuco ao serviço d o Império Otomano ( ? - 1 54 7 ) . Serviu s o b

Selim I e Soleimão, o Magllífico. F o i enviado para a fronteira turco-hClI1gara ( 1 520- 1 52 4 ) , a segu i r


f o i governad o r da Síria ( 1 524- ] 525) e d e 1 5 25 a 1 535 foi governador d o Egipto. Voltou a ocu par
esse cargo de 1 53 6 a 1 5 38, ano em que fo i nomeado para comandar a frota otomana que zarpou
rumo à Índia, em resposta a u m pedido de a uxílio de Bahâdur. A sua campanha no Índ ico reforçou
o poder otomano n o Iémen, mas fracassou no seu objectivo indiano. De regresso a Ista m b u l foi n o­
meado segundo vizir e, em 1 5 4 1 , ascendeu ao grande vizirato, cargo que ocupou até '1 54 4 . Foi afas­
tado d o poder nesse ano pela influência da su ltana Roxelana. Morreu retirado em ] 547. Vide
C. O r honlu, «!Châdim Süle)'mân Pasha » , in Ellciclopédie de /'[s/all/, vaI. I V , pp. 394-395; Sta n ford
Shaw, History of lhe OttOIlWIl ElI/fJire (/I/d Modem Tllrkey, va I . I , EII/pire ar lhe Gazis: T/Je Rise
alld Declille of lhe OttOl11all El11pire, 1 2 80-1918, Cambridge, 1 9 78, pp. 9 9- 1 0 1 , 1 0 4 .
S2 Porra egípcio a 2 9 ° 5 9 ' N e 32° 30' E, na extremidade norte c i o go l fo homónimo, n o m a r

Vermelho.
X.l A
armada era composta por 72 em barcações armadas com canhões de cerco e c. 6500 ho­
mens, dos q u a is 1 5 00 janízaros; cf. C. Orhunlu, art. cit., i n Ellciclopédie de /'ls/all/, vaI. IV, p . 934 .
"' l.e., os turcos.

T1. TOMII() D E DIU - I.ln


Dom Garçia85 q u e ao tal tempo chegara a estas partes se fazia
prestes com todo o poder da ] ndia pera h i r peleij ar con e lles, se
torna rão cami n h o de S ues, esta ndo o viso rey Don Garç i a de
cam i n h o con toda armada da ]ndia n a barra de Goa pera h i r
peleijar com o s d itos rumes l h e chegou recado como erão idos
pel l o q u e desfes m u i ta a rmada e dahi com a o u tra se foi a D i o
onde torn o u a fazer e forta leçer a dita forta leza e esta ndo n e l l a
s e tornarão a contratar pazes a ntre o d i to rey86 d e q u e s e féz o
contrato segu i n te .

J lcm E n n ome de h u m so Deos todo poderoso criador d e todas


as cousas aos que este contrato e asento de pazes virem q ue no
ano do nacimento de n osso sen hor ]esll Chri sto de mil e q u i ­
n he n tos e trinta e n o n e anos, aos onze d i a s d o m e s de M a rço
do d i to ano n a çidade de NavanaguerS 7 forão j umtos Acaj acão
e R u mecã oss, com os p oderes do gra n de Camageres Mocarão
[ II. 5 1 v l Ul ucã089 que ti n h a po[de]res II do gra nde rey do Guzarate e os
sobred itos Acajacão e R umecão ambos de dous fal a r ã o e asem­
ta rão as pazes a mym e o gra nde senhor e gran de rey do G uza­
rate, e o grande senh o r justiçoso a l to Dom João rey de Portu­
ga l , e os d i tos procuradores q ue assi asentarão as pazes da
parte dei rey do Guzara te era m com poderes dei rey seu se­
n hor, e Françisco Mendez de Vasconçe J los e M a n oel de Vas­
conçe l l os fida lgos da casa dei rey de Portugal com os poderes

" .IO . Garcia d e Noronha f o i vice-rei d o Estado da Í n d i a de ' ] 538 a 1 540.


xc, Variação ao origin a l : « a contratar p azes antt'e elle [ O . Garcia d e Noron h a ] e o d i to Ree)',) ;
d. Simão Botelho, « Tombo do Estado da Índia » , fi. 1 821', iII Lima Felner, Subsídios pam a Histó­
ria da Ílldia l'ortugucza, p . 228.
X7 O visconde de Lagoa identificou esta cidade COI11 NalVa bandar e colocou-a '1 leste de Diu.

Ora a este de D i u não existe nenhuma cidade com esse nome, nem com a s coordenadas q u e ele
forneceu. Deve tratar-se d a cidade de Navibandar, que a parece nas cartas inglesas como Nawiban­
d a r, a 2 1 ° 25' N e 6 8 ° 58' E .
" " Rume C ã o , i .e., R u m l Khân, «cão Turco » , designa um oficial de origem turca. Nessa a l tu­
ra, e m 1 5 3 9, havia pelo menos dois Ruml Khân no Guzerate, uma vez que t i nham morr i d o ou tros
elois. Os sobreviventes eram pai e filho, Kh"'a ja Safar e Kh"'a ja Mahan Safar. Neste caso eleve tra ­
tar-se elo p a i , que foi mencionado a n teriormente como um dos negociadores cio tratado de ] 5 3 9 .
"1 Torna-se d i fíci l ver q u a l é a pessoa p o r detrás eleste nome. C o m a s u b i d a a o trono d e
Ma h m ud Shâh III, em 1 5 37, o s e u vizir foi Ikhtiyâr Khân, o q u a l se m a n teve n o c a rgo até 1 5 3 9 ,
ano cm que f o i executado em resu l tado d a conspi ração urdida p o r Daryâ K hân e 'Idmãd a l -M u l k ;
cf. Mimt-i Sikalldar, p p . 208-2 1 0 e Feri!ilita Târikb-i Feri>llta (eelição d e J o h n Briggs), 1'0 1 . I V ,
p. 87. Em 1 5 3 9 o vizirato e r a ocupado por D a r y â K h â n , o q u a l t i n h a secundarizado M a l i k JllVân
b. Tawak k u l , o ',[elmãd a l-Mulk, com o título ele Amlr a l -Amrâ, « p ríncipe dos príncipes » . O trata­
elo foi, provavelmente, negociaelo em nome ele Oaryâ Khân.

73
de Dom Garçia de Noronha viso rey e cap i ta m mar e governa­
dor da J n d i a e os d i tos e m baxado res aqui nomeados asentarão
com os d itos Asajação e R umecão as condiçõis aqui dec l a ra­
das, as q u a i s serão guardadas, e se compriraão d [ e ] oje e n di­
ante pera todo sempre com toda a paz e a m i sade e verdade
como cumpre pera q u e e n n [e n ] h u m tempo se que brem a m i s a ­
de e a verda de, a ntre dous r e i s tão grandes, e todos q uatro
acentarão as pazes por esta m a n e i r a . O cady90 se porá da parte
dei rey do Gusarate por mando e j ustiça dos mercadores e do
p011 0 , e assi poraão hum tanadar e catl1 a l 9 1 por parte d o d ito
rey, e estes a mbos l e l1araão, a presentar ao senhor viso rey pera
que os emcomende ao c a p i tã o e o d i to ca p i tão quando quer
que mandar req uerer ao d ito taoadar, e ao catual todas a s cou­
sas n eçessarias que el les lhes darão por seu di nheiro. E assi as
daraão aos portugueses q u a n do l h a s pedi rem e o mando da çi­
dade ficará em mão dei rey do Gusarate.

j tem Que do que92 antre o m o u ro e p o rtuguez ouuer a lguma


di fferença assi no siuel como crime, o ta nadar o m a n da ra ao
capitão pera que faça j ustica deUe, e se o portuguez for c u l l pa­
do o capitão o castigará, e fará pagar o que deuer ao mouro, e
se o mouro for cul pado o capi tã o o m andará ao ta nadar pera
que o castigue e l h e paga r ao cristão o que deuer. II

.I tem Mai s faram huma pa rede de l argura de quatro couodos que


[fI. 52J comessará da porta da pra ia e hirá pello bazar do a rroz e dahi di­
reito ao m uro que vem da parte do m a r, e as portas que nesta pa­
rede fizerem estarão a bertas todo o dia ate o primeiro, quarto ele
noite, e os portugueses e sua gente hirão e vi rão que n imguem
l ho poderá tolher, e depois de acabar de render o q uarto da pri­
ma feçharaão as portas, e os portugueses depois do coarto rendi­
do não ficaraão na çidade, e nas d i tas portas estarão homens d [a ]
a l fandega assi p o r parte d e i rej do Gusarate como p o r parte d e i

9 n Va ria nte a o o r igi n a l : « I tem - o caide » ; d. Simão Botelho, "Tombo d o Estndo d a Índ in ,' ,
fI. 1 8 3 , iII L i m a Felner, SI/bsídios para a História da Ílldia P01'tl/gl/cza, p. 230.
9 1 Catual, pessoa que, na Índia muçulmana, desempenhava todas o u a lgumas das segui n tes
funções: «chefe d e polícia, inspector elos mercados, juiz ele d i reito criminal, governador ela cida­
de». A p a l avra é d e origem persa, IlOtl/al, «comandante ela fortaleza » ; d. Dalgado, GlosstÍrio, s . v.
n Va ria nte ao origina l : «Item - quoando quer que a ntre » ; d. Simiio Bote lho, «Tombo d o

Estado d a Índia » , fI. 1 8 3 , iII Lima Fel ner, SlIbsídios para a História da ÍI/dia Portl/gl/eza, p . 2 3 0 .

74 TOMIIO DI' D I U - I .ln


rey de Portuga l pera a guarda dos d i reitos. Porem estas guardas
dos d i reitos não ficaraão de noite na çidade, e os homens del rey
do Gusarate ficaraã093 sempre de dia e de noute, e as çhaues das
portas estaraão em poder dos porte i ros do dito rey e os offi ç i a is
do mandouym94 por parte deI rey de Portugal poderaão pousar
na çidade e assi as guardas das a l fa ndegas .

.Irclll Todo o rendimento d [ a ] a l fa n dega de Goga l lá95 e das a l -


fandegas de D i o , e assy todo o ren d i mento de D i o c o m sua i l ha
se receita rá toda na a l fa ndega grande, e fa raão tres pa rtes, a
saber, duas partes ave rá el rey do G uza rate, e h u ma parte ave­
rá el rey de Por tuga l .

I rclll O s offiçi a i s q ue fica rem n a s ditas a l fandegas96 esc reuerão


tud o igu a l mente com p a reçer d [e] a m bos se j u lgará e farão
tudo e a m bos a r recada rão o d i n he i ro , e o meterão todo e m
h u ma arca q u e fecha rão a m bos, e ficarão as çha ues em mãos
d [e] am bos, e a mbos j umtos a br i rão a d i ta a rca a o ca bo do
mes ou de tres mezes pel l a s p a r tes asima declaradas e recebe
cada h U lTl o seu . E o gasto é gasto da d i ta casa, e guarda d [a ]
a rca e a s s i co m pra d a d i ta casa s e pagará do d i n h e i r o d o
1J1. 521'1 rendimento d [a] al//fandega solda l i ma o que vem a cada h u m97.
E os offiç i a i s d[a] a l fa ndega da porta dei rey do Guzarate se
asentarão a parte da banda da p [ a ] rede da casa onde se guarda
a fazenda e os offi ç i a i s dei rey de Portuga l , se asentarão de­
fronte delles da mesma meza, e o m i ra bá9H porá h u m por parte

"3 Va riante ao original: " porem estes guoardas dos portugueses nom » ; d. Simão Botelho,

«Tombo d o Est'ldo da Índia » , fI. J 83 , iII lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Porfll­
glleza, p . 230.
"' Va riante a o original: «e os oficiaes dos mandouis » ; d. Simão Botelho, «Tombo d o Esta d o
(ln Índ i a » , f I . 1 8 3 , iII lima Felner, SlIbsídios /mra a História da Ílldia Portllglleza, p . 2 3 0 . Mando­
vim, a l fândega no Concão e no Guzerate. A pal avra é corrente em guzerate, lIIalldul, e conca n i ,
lIIâlltau, c o m origem no sânscrito lIIallda/la, « ba rracão , ramada » ; cf. Da lgado, Glossário, s . v.
".I Gogolá, localidade em terra firme da península de Karhiawar, face a D i u , conhecida, tam­

bém, nas fontes portuguesas como «cidade dos rumes » .


% Va riante a o original: " Item - o s oficiaes que ficarem n a d i ta a l fan dega » ; d . Simão Bote­

lho, « Tombo do Estado da Índ i a » , fI. J 83 , iII lima Felner, SlIbsídios IJam a História da Ílldia Por­
tllglleza, p . 230.
"7 Variante ao original: {{e o m i raba porá h u m » ; cf. Simão Botelho, ({Tombo do Estado d a
Índia » , fI. 1 8 3 , iII lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Portllglle:w, p. 2 3 1 .
" " 1vI ira bá, « a lca ide d o mar, chefe d o porto " , palavra d e origem persa, IIIlr-âb, « c he fe d a s
águas » . A outra va riante, m i ra b a l; é uma palavra composta p e l o persa 1 1 1ir, {(chefe» d o ára be
ali/Ir, com o ,i rabe ba!Jr, {{ m a r " ; cf. D a lgado, Glossário, S . I'.

75
d e i rey do G u sa rate e outro por parte dei rey ele Portuga l .
E q u a n d o fore m ver a s naos h i ra m a m bos j un ta mente.

jtcm Q u a i s q uer caualos que vierem do c a bo do Roçalgate 99 pera


demtro pera Ormúz, pagaraão os d i re i tos a el rey de Po rtugal
segun d o seu custum e . E os caual los q u e vierem da costa d [ a ]
Ara b i a de Caxen 1 00 pera o estreito de Meqa não pagaraão d i ­
reitos a e l r e y de Portuga l e ficarão em poder dei rey elo Guza­
rate. Q u a l q uer nao que partir de D i o lO l pera fora tomará des­
p aç h o d [a] a J l fa n dega de como tem pago os di rei tos e mostrará
o despaçho a o capitão pera lhe dar seu seguro .

jtcm Q u a i squer naos q u e partirem dos porto s d o G uza rate l 02


n avegar a ã o p e l l o custume e regi m e n to d o tem p o de M e l l i ­
queazl 03, e tomarão seguro d o cap i tão de D i a .

.Item Todos os bacares l 0 4 e casas e boticas q u e sem p re farão dei


rey d o Guzarate ficarão pera o d i to rey, e assy o rendi me n to da
catu a l a r i a 1 0 5 ficará pera o d i to rey, e as casas de pouo cada
hum ten h a as suas, e os portuguezes não ente n derão n isso cou­
sa a lguma .

.Item Q u al quer mouro ou gentio q u e por d i uida dei rey do Gu-


zarate o u das partes fugir pera os portuguezes, os quais deue­
dores os portuguezes os emtregaraão, e pel la mesma m a neira,
q u a lquer peçoa que cleuer cl i ui d a a el rey de Portugal ou as

. , Ca bo d e Roçalga re, Ra's al-[-Iadd, promontório n a costa oman ita, a 2 2 ° 3 0 ' N e 5 9 ° 4 6 ' E ,
q ue m a rca a extremidade meridional d o go l fo de Omã.
1l1O Caxem, cidade n o l i toral sul d a península A r á b ica, Q ishn, a 1 5 ° 30' N e 5 ] ° 40' E, na

costa do Hadramawt, que foi capital de u m rei no.


111 1 Va riante ao origi n a l : « I tem - qualquer naao que partir d e d i a » ; cf. Simão Bote l ho,

«Tombo d o Estado d a Índia » , fI. 1 83v, ill Lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia 1'01'111-
gueza, p. 23 1 .
1 1 12 Va r i a nte a o origina l : « que pa rtirem dos portos dos guzerates » ; cf. Simão Botelho, «Tom­
bo do Estado da Índ i a » , f I . 1 83v, ill Lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia 1'0rtllglleza,
p. 231.
lO.! I . e . , M a l i k A)'âz.

1U4 Baca res, pala vra de origem marata e guzerate, vakhâr, « a rmazém, celeiro » , que original­
m e n te s ignificaria « a rmazé m d e víveres » , a n tes de passar a sign i fica r « a r m a zém de panos » ;
cf. D a lgado, Glossário, s.v.
111,< Catualaria, renda q u e se cobrava à barreira para a m a n u tenção do ca rgo de catual, d o

h i n d ustânico katllâl/; cf. D a lgado, Glossário, s.v.

-
76 TO.\o l l lll DE DIU I .l n
parte s se fugi rem para os mouros, e l l es os e mtrega raão aos
po rtuguezes.

jtem Todos os escrauos ou escra uas que fogi rem dos portugue-
zes pera os mou ros, ou dos m ouros pera os portugueses, os ta i s
escra uos se venderaão e o d i nheiro delles se dará a s e u s donos.

jtem Na II i l ha e l ugar en que os p ortugueses t i n h ã o fei tos dous


[11 531 bal l uartes, não torna rão a fazer o utros. E isso mesmo na d ita
i l h a não fa raão outro n [e n ] h u m b a l u a rte nouo assi os portu­
gueses como por parte dei rey do Guzarate.

j tem Estes capi tolos da páz aqui escriptos l e uarão [a] apresentar
a e l rey do Guzara te soltão Mamede ' O G , e porá a comfirmação
com sua çhapa. E o e mtregaraão ao em baxador dei rey de Por­
tugal , e assy aos homens dei rey do Guzarate, os qua i s i tens e
açento l 0 7 de p azes o d ito v iso rey D o m Garçia o u ue por bem e
os asinou. E deste theor se l euarão h un s a el rey de Cam b a i a ,
fei tos por J o ã o d a Costa secretario da J n d i a , e a s i nados p e l l o
d i to v iso rey, e se derão outros e m p a rç i o , a s i nados pel l o d ito
s o l tão M amede fei tos no d i to d i a , mez e era.

Item Per faleç imento do viso rey Don Garçia soçedeo na gouer-
n a nça Dom Esteuão da Gama l OS , o q u a l ma ndou h u m e mbaxa­
dor ao d ito rey Mamede Xá por que l h e pedia que ouuesse por
bem que a metade do rendimento da d i ta a l fa n dega fosse deI
rey n osso senhor, o qual lhe conçedeo. II

jtem Todo o conte u do n o escri to atráz está l a nçado no d i to


[fI. 53v] tombo antigo en que se declara o modo per que e l rey nosso
senhor ficou em posse da a metade do rendimento desta a l fa n ­
dega d e D io . E e m todos os l i mos desta feitoria não ha outra
rezão a lguma sobre a d i ta a l fandega, pel l o que q uerendo l an s­
sal' neste tombo a rezão q ue ouue pera Sua Magestade ser se-

1 1 '(' Variante a o origin a l : «saltão mamudc » ; d. Simão Botelho, «Tombo do Estado da índ ia ) ,
'
fI . 1 8 3 1', iII L i m a Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Portllglleza, p . 232.
1 1 >7
Va riante ao origi n a l : « e concerto de pazes » ; d. Simão Botelho, «Tombo do Estado da
Índia » , fI . 1 8 3 1', iII Lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Portllglleza, p . 232.
",.< Governador do Estado d a Índia de 1 5 4 0 <1 1 5 4 2 .

77
nhor desta fortal leza de Dio e seus termos, e de toda a d i ta a l fan­
dega e rend imento della, e das mais rendas que ha n a d i ta forta l­
leza me i n formey na verdade de peçoas m uito a ntigas e del las e
o utras i n formaçõis çertas que tomey me constou o segu i nte.
Depois do d i to rey de Cambaia Mamede Xá conçeder ao
governador Don Esteuão da Gama a metade do ren dimento
desta a l fa ndega (como a escreptura atráz declara) soçedeo o se­
gundo çerqo desta fortaleza de Dio que soltão Mamede rey de
Cambaia pos con todo seu poder no ano de [ ] 1 09 sendo c a p i tão
da fortal l eza D o m João de Mascarenhas e governador Dom
João de Cras to l l O q ue con todo poder da Jndia a veio socorrer,
e deu bata l h a aos cap i tã i s do d i to rey q ue estauão sobre a d i ta
fortal leza e os vençeo, e a deçercou e defendeo com a a j u d a de
Deos n osso senhor cobran do huma insigne victoria de que a
memori a della ficará pera sempre. Pello q u e a l e m d o direito
q u e e l rey nosso senhor tinha nesta forta leza e na a meta de do
rendimento desta a l fa ndega polIa data q u e os reis de Cambaia
senh o res dell a fizerão a e l rey nosso senhor p e l l o s contratos
atráz, ficou o d i to senhor adqui rindo nouo direito, e j usto p o l ­
Ia gan h a r a o s reis que a q uizerão tomar nos d i tos dous çercos
e n que l hes foi defendida e ga n hada tanto a custa de sua fazen­
da e do sa ngue de m ui tos fidalgos e ca ua lei ros portuguezes q u e
n e l l a forão mortos. II
[ fI. 54) E passado este çerco se fizerão pazes antre o d i to rey e el
rey n osso sen hor fica ndo a dita a l fandega no est[a ] do en q ue
esta u a a n tes do dito çerqo correndo o rendimento d e ll a a meta­
de p e ra o d i to rey de Cambaia, e a outra a metade pera el rey
n osso senhor con forme o contrato feito com o dito gou e rn a dor
Dom Esteuão da Gama, e assy correo the o áno de [ ] I I I q ue ser­
u i a de capitão D o n D iogo de Noro n h a .
No q u a l tempo socedeo que sendo rey do dito Ca m b a i a
Mamede Xá o m a tarão a treição seus vassal l o s pera l h e tomar
o regno l 1 2, e se leua ntarão m uitos capitãis q u e se q u i zerão fa-

II)jEspaço em branco. Trata-se do ano de 1 546.


) 1 1)
Governador d o Estado d a índia de ] 545 a 1 54 8 , ano em que foi feito v i ce-rei .
I ) ) Espaço e m branco. Trata-se d o a n o d e ] 5 54.

1 1 2 M a h m Cr d Shâh III morreu a 1 5 de Fevereiro de ] 554, à s mãos de 13urhân a l -din, o q u a l

procurou subir a o t ro n o e l i m i n a ndo o gra nde vizir, Asâ f K h â n , e 'A fza l Khân. O fi l h o deste últi­
mo, Shiawân K h â n Bhâtti, matou Burhân nesse mesmo dia; d. JVlimt-i Si/all/d(/r, pp. 249-25 1 .

78 TO,\ I IIO Ill' D I U - I .\ n


zer senh o res d e l l e matando os que podião ser erdei ro s l l J . E de­
pois de m u i tas guerras en tre e l les, cada hum ficou com a pa rte
das terras que poderão defender e senhorear, de que se segu i o
gran de d a n o ao regno de Cambaia e distruiçam das fazendas e
vi l l a s dos moradores delle q ue fogi ndo desta c a l l a m idade Ill u i ­
tos se recol herão a esta i l h a fortal eza d e D i o a o emparo dei rey
nosso senhor o n de forão em parados.
E vendo o d i to Dom D i ogo de Noron h a capitã o desta d i ta
fortal leza q u e por rezão de não aver rey natural e m Cambaia e
se l e u a n ta rem nel l a m u i tos tiranos q ue se fazião sen h o res d o
d ito regno ficauão espi ra n do os con tratos fei tos com os r e i s
natura i s e a d i ta fortal leza e i l h a de D i o c o m s e u s termos c o m
toda a d i ta a l fa ndega e s u a s rendas ficauão devo l u tas n a parte
q ue cabia aos d i tos reis naturais e assi fica uão pretençendo a e l
rey nosso senhor pel l o di reito q u e tinha adquerido n a s d i tas
guerras passadas e pe l l o s contratos fei tos COIll os reis passados,
e assi por defender e emparar aos moradores das tira n i a s dos
[fI. 54vl d itos cap i tã i s a leuantados II e os conserLlar em paz e j ustiça,
m a n do u o d i to capi tão arecadar pera e l rey nosso senhor todo
o rend i m e n to da d ita a l fa n dega e das rendas del l a e todas as
m a i s rendas e propriedades q ue os reis de Cambaia pess u h i ã o
n esta for ta l l eza e i l ha de D i o e seus termos, de q u e s e meteo em
posse em nome del rey nosso senhor e se sostenta nel J a the o
p resente sem contrad icão a l guma e se sostentará com o fa u o r
devin o p e r a sem pre.

Titolo d [a] alfandega desta fortaleza de Dio


.Irem Nesta forta l leza de D i o tem Sua Magestade a renda d [a ]
a l l fa ndega gra nde onde s e despaçhão todas as fazendas q u e e n ­
trão e s a e m no d i to porto e n e l l a pagão os d i reitos segun d o as
cal l i dades del l a s comforme a o regimento que h a n a d ita a l fa n ­
d ega . E a s s y s e paga os d i reitos de todo o u r o e prata e m oedas
e a l j o fa r que vem das partes de Judá 1 14 e Meqa, Ormúz e Mel­
l i nde " S , e se a rr ecada a quatro por çento, tres pera S u a Mages-

1 1 .1 A o morrer sem deixar herdei ros d i rectos, lVlahlllltd Shâh III dei xou a porta a berta a o
c a o s n o Guzerate, a t é que o s e u p r i m o , A hlllad S h â h III ( r. 1 554· J 56 J ), s u b i u ,,0 trono p e l a 1ll�0
d e I" t i lllãd Khân, o homelll forte d o sulta nado nas décadas seguintes.
1 14
J u d á , J udda, cidade a 21 ° 38' N e 39° 1 7' E, o porto que serve Meca no Illar Verlllel h o .
I I .I
M e l i n d e , M a l i ndl, cidade portuária a 3 ° 1 2' 5 e 40° 0 8 ' E, na costa oriental a frica n a .

79
tade e meio pera os offiçiais d [a ] a l fa ndega, e o outro meio pera
as o bras e fortificação da ç i dade e fortal l eza ( q ue os mercado­
res conçederão) assi de todas as fazendas como de d i n h e i ro
OLHO e prata. II

jtem Tem m a i s Sua Magestade nesta fortaleza de D i o as rendas


[fI . 551 seg u i n tes l 1 6 •

jtom A renda de P a l larym 1 1 7 da d i ta a l fandega gra n de q ue são


d i r e i tos de meudezas q u e se trazem pel lo paço de P a l l a r y m
o n d e esta m e t i d o o q u e se paga ua a a l fandega d e Goga l l á .

jtom A renda da a l fa ndega de Goga l lá q ue estaua d a outra ban-


da d e Dio na villa dos rumes aonde se a rrecada a renda do
d r u po l 1 8 que he o pezo do a lgodão .

jtom A renda do mandouym dos m antimentos q u e h e outra a l -


fandega onde s e despachão o s mantimentos somente.

jtem A renda das m anteigas.

jlom A renda do pescado.

jtcm A renda do serrar do marfi m .

jtem A renda do a mfião l 1 9 •

jtom A renda das o rraqas l 20.

1 1 (,
Sobre a s d iversas rendas, veja-se o q u e sobre o assunto s e escreveu no Prefácio.
1 1 7 Palerim, loca l idade no rio Chassi por onde se passava ela i lha de D i u para a terra firme cla
península cle Kathiawar.
I I ' O j u iz cio peso, tanto na ciclacle como na a l fânclega, d. «Tombo cle D i a » , fi. 64.

I I " A n fião, ópio, procl u to cla Papa v er sO/llllifel'llllJ (Linn . ) . A p a lavra é cle origem grega,

opôs, que cleu a palavra latina opioll e a ,ír a be afillll at i afYIIII; d. Da lgado, Glossário, s.v. e Hem)'
Yu le e A . C. Burnell, Hobsoll JObSOIl, S.V. (OfJill/ll ) .
1211 Orracas, urracas, araca, cio ,ír a be cnrnq, c u j o signi ficado, « transpiraçã o » , aca bou p o r de­

signar a seiva cla tamareira e mais ta rcle a bebida destilacla a partir clessa seiva . Os portugueses
acabaram por util izar este vocá bulo para clesignar o vinho menos alcoólico cle palmeira. N a Índ ia
é m a is usua l a palavra urraca, cio concani IIrâh, uma corruptcla cio étimo á ra be . Cf. D a lgaclo,
Glossário, s.v.

80 TO,IIIO 111': IlIU - I .' Y2


.Item A renda do betre l 2 1 •

jrem A renda da i l h a q u e anda j unta a do betre com os foros


das propriedades.

jtem A ren da das boticas da ç i dade que são foros que se a rreca-
dão das propriedades que ha n a çidade e paços en Goga l l á .

jtem A renda das tintas do a n i l 1 22 •

.Item Todas estas rendas estão u ni d a s a renda d [a ] a l fa ndega


gra n de que estão anexas a e l l a , e se a rrendão por sy en cada II
[fI. 55vJ h u m a n o . E do ren d i m e n to de tod a s e l las se fáz abatimento a o
c o n tratador da con t i a p o r q u e se arenda a d i ta a l fa n dega,
q u ando anda arendada .

jrem A q u a l a l fa n dega grande com todas as d itas rendas estão


ora arrendadas por tem p o de tres anos acabados na fin de D e ­
zembro de n ouemta e d o u s , p o r cemto e tres m i l e q u i nh e n tos
parda os de lari s 1 23 por a n o entrando o rendi mento d [ a] alfan­
dega de Damão q ue tambem he r a mo des ta a l fa n dega q u e po­
derá render dous mil the dous m i l e q u i n h entos pardaos 1 24 por
ano.

jtem A u ia m a i s h u ma renda q ue se chama do drupo que h e o


pezo da çidade a q u a l h e dada de a fo ra mento.

1 2 1 Betre, bétele, bétel, berle, bétere, a folha da Pipe/' betle ( L i n n . ) , que é usada como invólu­

cro de u m popular masticatório na Índia e na Ásia d o Sueste, a q u a l envolve a areca, o cato, a cal
de ostra e outras s u bstâncias a romáticas . D o malaiala vettila, composto de vera, « s imples » , e ila, a
« fol h a » , ou sej a , a folha por a n tonom,ísia. Cf. D a lgado, G lossário, s.v.
1 22 A n i l , nome da s u bstância que tinge d e azul as tecidos, extraída da flldigofem tillctoria

( L i n n . ) , do étimo árabe ai-II/I, pronunciado ali-II/I. Por sua vez, II/I é o termo comum na índia para
designar o i n d igo, do sânscrito IIl1a, « a zu l » . Cf. D a lgado, G lossário, s.v. e Henry Yule e A. C. B u r­
nell, Hobsoll ]ObSOIl, s.v. ( i ndigo).
1 23 Larim, moeda d e prata que pesava cerca de 5 g e cujo valor oscilava entre os $060 e os

$ J OO. A moeda era originária d a cidade persa d e Lâr, de onde o seu nome lâr/, e correu no g o l fo
Pérsico, Ín d i a Ocidental e i l has Mald ivas. Cf. j. A l l a n , « La r i n " , in Ellcic/opédie de l'lslalll, 1'0 1 . II,
pp. 6 8 8 -68 9 ; D a lgado, Glossário, s.v.; Henry Yu le e A. C. Burnell, f-fobsoll ]ObSOIl, s.v.
1 2 4 Pa r d a u , moeda originária de Vijayanagara, cujo nome derivou da inscrição numa das fa­
ces, /Imlâ/Ja, « m a jestade, esplendor» em sânscrito, que se corrompeu na forma fiartâ/I ou pardâ/ l,
a q u a l passou ao português. Houve pardaus de ou ro, que valiam $360, e de pl'<1ta , que v a l i a m
$ 3 0 0 . Cf. D a lgado, Glossário, s.v.

81
.lrcm Auia o utra rend8 d o j ogo d o ga uga o l 25 q ue fo i ti rada por
ser i n l içita e p rej udiçial .

.Item As q ua i s rend8s são todas de Sua M agestad e pertençentes


a esta forta lleza de D i a e o titol l o de cada h u ma com a declar a­
ção da s ustançi a del las va i adia nte e ficã o aqui l a n çadas so­
mente como membros a nexos a a l fa n dega gra n d e .

Declaração sobre a alfandega e pretençõis della


Jtem Querendo saber do p r i ncipio que teue esta a l fa n dega de
Dio e da j urisdiçam a n tiga del l a , e das p retençõis que Sua Ma­
gestade pode ter sobre o trato e comerçio deste p orto me i n for-
[fI. 561 mey de p eçoas m uito antigas II deli as e do q u e consta dos con­
trato s atraz e pell a experiençia q u e h a depois d o Estado da
J n d i a ser conquistado, achey que Sua Magestade tem a j u r isdi­
çam e senhor io desta forta lleza conform e ao q u e a d ia nte vai
decla rado .

Jrem Esta a l fa n dega de D i a he m u i to a nt i ga e foi sempre de


gran de esca I la por se fazer neI la o trato e comerçio de todo o
regn o de Camba i a ( q u e he m uito grosso ) , p or q ue sempre se
mete no d ito Cambaia todos os a nos a mor p arte das fazendas
q u e vem das pa rtes do Sul e da costa da J n d i a e das pa rtes de
J udá e M eq a , e MelIinde e Ormúz e de toda a costa do S i n de,
onde se vendem. E todo o cabedal do d i to trato se emprega nas
fazendas do d i to regno donde se leuão pera as d i tas partes, de
modo que he o mayor trato e mais grosso que h a e n tod8 a
.In d i a . E como ta l , os reis a n tigos de C a m b a i a m o u i d o s do
gra n de proueito que do d i to tra to recreçi a nos direitos que as
di tas fazendas l he paga uão d [e] entrada e s a h i d a , ordenarão fa­
zer h u ma forta leza m u ito forte n a emçeada de Cambaia 1 2 6, e m
porto seguro e nella huma a l fan dega aonde todas as ditas fa­
zendas fossem pagar os d itos di reitos. E a fizerão na ponta de
D i o l 27 por ser porto <e sitio> mais acomodado pera o dito ef-

1 15 D a lgado clescrel'cu-o C0l110 UI11 jogo de ta bulagem, i .e., um jogo feito sobre um tabuleiro,
C0l110 o gamão, o xadrez, etc., mas não forneceu a sua eti mologi a , nem o descreveu. Cf. D a lga do,
Glossário, S . I'.
1 2(, A enseada de Call1 b a i a é o golfo homónimo a 22° 00' N e 72° 00' E .
1 27 A ponta de D i u fi c a situada a 2 0 ° 42' N e 7 0 ° 4 9 ' E .

S2 Tll.\ l lIll 1l1' 1, IlJ - I sn


fei to l 2 S • E per seus cLlstumes e regi mentos ordenarão que os
trata n tes e navegan tes pera o d i to Ca mba i a 1 2 9 fizessem suas fei ­
r a s n a d ita fortal leza e fosse nel l a geral comerçio e trato d o
d i to r e g n o , s e n d o o b rigados l e u arem s u a s fazendas a o d i to
porto paga ndo os d i re i tos na dita a l l fa ndega e dahy fossem fa­
zer suas viagen s pera onde q u i zessem pera effeito do qual e se­
gurança dos mercadores tinhão semp re os ditos reis huma gros­
sa a rmada como temos sabido por experiençia que a tiuerão
Mel l i q ueas l 30 e seus soçessores l J I com a qual peleijaram muitas
vezes as armadas del rey nosso sen h o r cujo i n tento foi sempre
[11. 561') ter sen horio da d i ta fortal leza por nella se rei/col herem tmcos e
ser m u i to perj udiçial ao Estado da Jndia polla commodi dade
q ue a u j a de ser deI /a senhor o gram turco i n im igo capital do
[ no] me c h r i stão g ue pretendeo sempre lançar os portugueses
deste Estado, pell o qual respeito el rey n osso senhor mandou
fazer sempre guerra aos rei s de Ca mbaia ( q ue o aj udauão) fa­
zendosse grandes despezas de sua fazenda nas grossas armadas
que se fizerão pellos viso reis e governadores que n o d i to porto
de D i o peleijaram com as dos tmcos e com as dos d i tos reis, ar­
r i scandosse nellas o poder todo da Jndia, onde forão vençidos e
desbaratados muitas veses com o fauor dev i nn o .
E p e l l a conti n uação d a s guerras q u e p e l l o d i to respe i to
m a ndaua fazer el rey n osso senhor a todo Cam b a i a , os reis do

l 2 N A história de D i u é m a i s a n tiga . Quando os pa rsis chegar a m à í n d i a no século VII d . e.


foram ter a este por porto, que então se chamava Der" bandara . Foi tomada pela prime i ra vez pe­
los muçulmanos em ] 2 9 8 - 1 299, pelos genera is de 'Âlâ' a l -din K h a l ji. Passou novamente p a ra
mãos hindus a té q ue, em 1 34 9, J'vluhammad Tulililuq a conquistou. No início elo século XV, em
1 4 02, passou a fazer pa rte elo sultanado elo Guzerate. Em 1 4 3 1 era um porto florescente, servin­
do, m a is tarele, de transbordo para os navios que dema ndavam Ca m b a i a . Ci. Nando Ll i De)', TiJe
Geogmphical D ictiol/nry of AI/ciwl nl/{I Medievnl ll/din, Nova Delhi, 1 9 27, reimpressão de 1 9 84,
p . 5 4 ; J . B. H a rrison, « D i LI » , i n EI/ciclopéaie de I'lslnlll, 1'0 1 . I I , p p . 3 3 1 -3 3 2 ; Jean Deloche, Ln cir­
clllntiol/ CI/ ll/dc nunl/l ln l'éuollltiol/ des Im1/51)or15, tomo I I , Ln uoie a'enll, Pa ris, ] 980, p p . 56-6 1 .
I l� Cambaia, Camba)', K h a lÍlbhât, K h am bâ)'at, cidade portu,í ri a e têxtil a 22° 22' N e 72°

38' E. Foi o grande e m pório comerci a l n a cost'1 oc identa l indiana nos séculos x v e XVI, mas o
progressivo recuo do golfo homónimo obrigou as emba rcações de maior tonelagem a fazerem
transbord o nos portos s a té l i tes de D i u e Gogha. Cedeu o seu l ugar, de porto por excelência do G u ­
zerate, a Su rrate n o séc u l o X V I I .
1 .'" M a l i k Ayâ z .
1 .1 1 O sucessor imed i a to de M a l i k A).âz. em 1 522. foi o s e u fi lho M a l i k Ishaq, o J'vlcl ique
Saca das crónicas portuguesas, que manteve D i u até 1526. Nesse ano, Bahâdur forço Ll-o a fugir,
q u a n d o se i nreil'Ou de que ele pretenel ia ceder D i u aos portugueses, e entregou a cidade, por pouco
tempo, a o u tro filho de Ayâz, M a l i k Tugllâ n . A seguir o s u l t<1 o deu a cidade a Kiwân a l -M u l k Sã­
rang; cf. Mirnt-i Si /wllanr, pp. 1 5 7- 1 5 8 .

83
d i to regno pedi rão pazes, que lhes foi conçedida, dando Baçaim
e suas terras a e l rey n osso senhor. E despois a dita forta l l eza de
Dio com p arte da dita a l l fandega como consta dos con tratos
atráz da q u a l ha mui tos anos q ue o dito senhor está de posse
tendo accq u i r ido j usto d i reito e senhorio da d ita forta l leza e a l l ­
fan dega como a tinhão e pessuhião o s ditos reis de Camba i a .
Pell o q u a l d i re i to a s s i accquirido ficarão o s trata n tes d o
dito comercio de C a m b a i a obrigados a dita fortal leza de D io, e
de leuarem a e l l a todas as fazendas q ue no d ito Ca m b a i a e n ­
trão e s a e m , não podendo na uegar pera os p o rtos do d i t o reg­
no, nem sahirem pera o u tras partes, sem h i rem a d i ta forta l leza
e n a a l fa ndega del l a pagarem os direitos a fazenda dei rey n os­
so senhor como se pagauão aos rei s do dito Ca m b a i a .
Deste d i to trato obrigado a fortalleza d e D i o s e d iuystio e m
parte depois q u e foi tomada a cidade d e Goa aonde o s m ercado­
res acodi rão com suas fazendas leuando outras pera o d i to Cam­
bai a . E j u n tamente com os mercadores portugueses comessarão
a fazer n a dita çidade hum nouo comerçio de que pagauão os d i -
[fI. 5 7 1 rei tos a o d ito senhor n [a ] a l l fa ndega del la II e n a u egan dosse d e
Goa pera o s portos d e Cambaia e de Cambaia pera Goa, c o m o
fauor de nossas éumadas deixarão os mercadores de h irem ao
porto de D i o comprirem com a d ita obrigaçam a n tiga . E assi fi­
cou o trato da dita fortal leza d iuystido pell o que se ennouou n a
çidade de Goa e o u u e m u i ta q uebra n [a ] a l l fandega desta forta l­
leza de Dio que os reis senhores della sentirão m u i to sem o po­
derem remedear, de que se seguio, depois que a d i ta fortal leza e
a l l fa n dega foi dei rey 110SS0 senhor ficarem os ditos mercadores
com a d i ta l i berdade de n avegarem de Goa pera Cambaia e de
Cambaia pera Goa, sem tocarem o porto de D io, mas fica uão a
fazenda deI rey n osso senhor cobra ndo os d irei tos de todo o d i to
trato de Cambaia nas a l l fa n degas de Dio e de Goa .
E ficando assi o d i to trato de Cambaia na fortal leza de D i o
e n a çidade d e Goa, e as fazendas obrigadas a o s direitos d a s d i ­
tas a l l fan degas socedeo depois entred uzi rsse h u m n ono trato e
comerçio en Çha n l que se foi criando pola l i berdade que o Mel­
J j qu e l 32 conçedeo aos portuguezes de não pagarem n [e n ] huns d i -

13 2 Ivleli C]ue, d o ára be l1Ialih, « rei » , título C]ue n a Índia muçulmana aca bou p o r designar go­

vernador ele uma província ou de lima cidade; cf. Da lgado, Glossário, s.v. Os portugueses usa ram
este títu l o p a ra designarem ° soberano da d inastia C]ue reinou em Ahmadn âgâr, tam bém conheci-

84 nJ.\'I I'oO IlI-: IlIU - 1592


reitos, e os mouros e gentios pagarem muito pouco 133 . E p o r re­
zão deste i n teresse e de o dito porto de Çhaul estar mais p erto
e acomodado pera o trato de Cambaia que de de (sic) Goa,
acod irão a elle os mercadores com suas fazendas ( I euados da
d ita l i berdade) desemca m i nhando as das a l fa n degas d e D i a e
de Goa, tanto e m perj u i zo dellas que ficão m u i to q uebradas e
abatidas e a fazenda de S u a Magestade perdendo m ui ta p a r te
de seus d i reitos.
Por q ue os mais dos mercadores q ue tratã o pera as partes
de Meqa e Orm úz, e de Mellinde, fazem as d i tas v i a gens do
d i to p orto de Chaul, e tornão a e l le ( posto q u e sej ã o morado­
res en D i o e Camba i a ) e todo o dinhe i ro ouro e p rata, e a l j o far,
e o utras fazendas grossas que ha n a s ditas partes q ue a u i ã o de
trazer pera esta fortal leza de Dia <ou a Goa> como são o briga­
dos, leuão tudo a Çhaul e dahi se passão a Cambaia desemca­
m i n h a dos dos d ireitos desta a lfandega, e empregan d o o cabe-
[fI. 57v] d a I II nas fazendas em Cambaia, as leuão ao d i to Çha u l e d a l ly
pera as d itas par tes, sem pagarem os d i tos direitos. E a s fazen ­
d a s q ue h i ã o pera Goa tambem s e comsumem no d i to Ç h a u l
p o r a l l i a s e m barcarem p e r a M a ll a ca 1 34 , Mossam b i q u e l 35 , e
costa de Mel li n d e e Ormuz, l euadas pellos p ortugueses e o u ­
tros mercadores de q u e tambem não pagão os ditos direitos d e
modo q u e o dito trato de Çhaul ficou sendo t a m prej u d i ç i a l as
a l fa ndegas de D i a e de Goa q ue l hes t i ra muita p arte d o rendi­
mento que l hes p ertençe que he ta n grande q u e. se estim a mon­
tar çento cincoenta m i l pardaos por ano.
Aj untasse mais a esta perda que nos portos de Bombaim l 36 ,
Baça i m , Agaçaim, e Damão, se carregão naos pera Ormúz com

d o por N izamal uco, de Nizâ/ll al-MIII/" o « regu lador d o Estad o » , que depois passou a s e r conhe­
cido como N izamuxá, d e Nizâ/ll Shâh.
I .U Torna-se d i fíci l saber q u a l é o tratado a que Francisco Pais a l ude. J údice 13 iker na sua

Col/ecção de tratados (vaI. I) transcreveu dois tratados estabelecidos entre o sultanado d e Ah­
madnâgâr e o Esta do da Índia. U m sob o governo de D . Garcia de Noronh a , celebrado a 2 2 de
Abril de 1 5 3 9 (pp. 8 3 - 8 5 ) , e outro assinado na admin istração d e D . Estêvão da Gama, a 3 0 de
M a rço d e 1542 (pp. 9 8 - 1 0 1 ) . Am bos os tratados foram firmados no reinado de Burhâm N izâm
Shâh I (r. 1 50 8 - 1 5 5 3 ) . Francisco Pais referiu-se, provavelmente, ao úl timo acordo.
13 4 Ivla laca, Ivlelaka, cidade portuária a 2° 15' N e 1 02 ° 15' E, no estreito homónimo no l i ­
tora l d a península M a l a i a .
13 .\ A i l h a de Moçam bique, a 1 5 ° 1 0' S e 4 1 ° 0 0 ' E.

1.\(, Bom baim ou Ivlombaim, i l h a e cidade portuária na costa ociden ta l indiana a '] 9° 00' N e

72° 5 5 ' E .

85
as fazendas de Ca m b a i a , e d [ e J O r m ú z trazem o utras que se
metem em Cambaia sem pagarem os d i tos d i reitos. E dos ditos
portos e outros q ue h a n a costa vam tambem mu itos navios de
remo pera a outra de D i a , aos portos de Por 1 37, Mangal lor,
P atta ne m, e Caçhe 1 39, S i n de I 40, e Nagan á 1 4 1 que ta m bem n ã o
v ã o a fortal l eza de D i a a p a g a r os d itos d ireitos como s ã o o b r i ­
gados, p a ssando a v ista dell a .
E como S u a Magestade tem d ireito de as fazendas q u e ( po r
rezão do trato de Cam b a i a ) vão a Ç h a u l l he serem obrigad a s
a o s d i re itos d a s a l l fa ndegas de D i a e Goa, como h e declarado,
pareçe q ue pode obrigar aos mercadores que fazem o tra to n o
d i to Ç h a u l que o fação e n D i a e e n Goa, como dantes fazião,
pera cobrar nas ditas a l lfa ndegas os di rei tos que das fazen d a s
do d i to trato l h e s a m deuidos ou mandar q u e n o d i to Çha ul o s
paguem como d i re i tos pertencentes às ditas a l l fa ndegas, fazen­
dosse al l fandega no dito porto o nde se arrecadem, pera a ssi fi­
car cobr a n do todos os d i reitos q ue l h e pertençem e sam deui ­
dos do trato e comerçio de Cambaia, e ou ordenar o n de se
arrecadem como m i l h a r p areçer.
Pel l o que declaro q u e o d i to p orto de Cbaul e tra to del l e
III. 58] he m uito e m II p erj uizo das a l fa ndegas desta fortal leza de D i a ,
e d a çidade de Goa por ser cousa de se desemca m i n h a re nl del­
l a s o s d ireitos das fazendas q ue vão ao dito porto no que a fa­
zenda de Sua Magestade h e m uito enganada perdendo pello
d i to respeito todos os a nos huma tão gran de conti a .
Q ua nto mais q ue o dito porto de Ç h a u l pertençe a S u a
M agestade depoi s q ue o defe ndeo e gan hou ao Mel l i que l 42 n o
çerqo p a ssado l 43, onde p o r ser sen h o r del le e ele toelo o m a a r

13 7 Por, Porbandar, i . e . , o " porra d e Po r » , cidade a 20° 4 1 ' N c 69° 40' E , n a pen ínsula de
Karhiawar.
'." Patan, SOlllnarh, cidade a 20° 5 5 ' N e 70° 3 5 ' E, no l i tora l da península de Kathiawar.
1 3; Cache, Kachchh, regiiio i nd i a na q ue vai dos 2 2 ° 3 5 ' aos 24° 00' de lati tude norte e dos
6 8 ° 58' aos 71° 2 0 ' d e longitude este. O porto que o doculllento Illenciona eleve ficar no golfo
elo Illesmo nOllle; cf. N . N. I3hattacharyya. The Geogr(/fJhical Dictiol/(/r)' of AI/ciel/I (/I/d E(/rl)'
lvledieual fI/dia. Nova Delhi, 1 99 1 , p. 1 62 .
' 4 1 ' Francisco Pais quis, talvez, referi r-se a Lâhari I3andar, UIll porto n o curso d o indo q ue ser­

via Thattâ, a 24° 4 .5 ' N e 68° 00' E.


' " Naga ná, podení ser U lll porra situado n o gol fo de Cache que servisse, talvez, Navanagar,
a hocl iel'lla ja lllnagar, a 22° 2.5' N e 70° 09' E.
' .Jl O s u l tão de Ahmadnâgâr, Murtaza Nizâ lll .s.hâh (r. 1 56 5 - 1 5 8 7 ) .
1 4 3 Referência ao cerco de 1 5 69-1 570.

86 TO,I II[) D� DIU - 1 .\92


da J ndi a p a reçe q u e pode fazer a d i ta a l fandega pois sostenta
em paz e j ustiça aos moradores e mercadores deFendendo os, e
emparando os dos i m igos, e asegurando os pollo mar de cos­
sa i ras, de modo q ue por todas as d itas rezõi s tem Sua M ages­
tade d i re i to pera fazer a dita a l fa ndega en Ç h a u l sa l u o m i l h or
j u izo e o senhor v iso rey deu e mandar p ro uer neste n egoçeo
como l he p a reçer j ustiça e seru iço de Sua Magestade.

A renda d [a] allfandega de Gogallá


.Itcm Esta renda he propriamente a l fa ndega q ue estaua posta da
outra banda de Dio onde se chama Goga l l á , e se m udou pera a
a l fa ndega grande e m tempo do vizo rey Dom Antão de Noro­
nha 144 e n e l l a se féz l ugar apartado onde se fazem os despaçhos
pellos offi ç i a i s d[a] a l l fa ndega , e se ficou escLlza ndo os offiçi a i s
q ue n e l l a avi a . Pertence a esta renda o s di reitos de todos os a l l­
god õ i s q u e entrão neste porto de D i o por l1'laar e por terra e
assi das teadas 145 q ue vem por m a r e por terra, de Por a te
[fI. 5 8 1'] Goga 146 e todas as m a i s fazendas II e manti mentos e madeira , e
m a i s cousas que vem por terr a . Está ora arrendada em sete m i l
e o i tocentos e déz pa rdaos d e lari n s p o r este a n o d e nouenta e
dous. He ramo a n exo a a l fa ndega gra nde e como tal se deue
arrendar por tempo de tres anos como se arrenda a d i ta a l l fa n ­
dega , porquanto está em custume arrendarsse em cada h u m
a n o somente o q ue h e e n gra nde perju izo d o acreçentamento
da d i ta renda por rezão de os ren d imentos não ousarem lançar
nella senão m u i to a tento a respeito de podendo aver perda n o
d ito ano, l hes n ã o ficar l ugar de a recuperar nos o u tros dous,
p el l o que daqui en d i a nte se fa rá o arrendamento desta ren d a
por tempo de tres anos a uendosse de arrendar e declaran dosse
no arrendamento espeç i fficadamente as condiçõis delle.

A renda do mandouym d o s mantimentos


.Itcm Esta renda he propri a mente a l l fa ndega n a q u a l se arreca-
dão os d i reitos de todos os m a n ti mentos que vem de fora p o r
m a a r e a s s i d o s que s a e m que igua l mente pagão a rezão de s e i s

1 44 Vice-rei d o Estado da Índia d e 1 5 64 a 1 5 6 8 .


1 45 Teadas s à o o s panos d e a lgodão c r u ; d . D a lgado, Glossário, s.v.
1 4(, Gaga, Ghogha, Gogha, cidade ,1 2 1 ° 40' N e 72° 20' E, na península ele Kathiawar, que
fo i , j untamente com D i u , um elos portos de transbordo pa ra Cambaia.

87
p o r çento d [e] entrada ( se seus donos q ue pagarão d [e] entrada
o tornão a tirar) pagão a hum e meio por çento, e a s mais pe­
çoas que o tirão pagão a q u a tro e tres q ua rtos por çento.
Arrecadasse esta renda em hum a caza a partada que está ao
l ongo de rio a q ue chamão a casa d o ma ndouym dos manti­
mentos, onde o despaçho delles faz hum escr i u ã o con h u m
contador e l i ngoa , e o rendeiro p resente e a l e m dos ditos direi­
tos s e arrecada mais meio por çento pera os ditos o ffiçi a i s . II
[fI. 59] E todas a s embarcaçõis q u e trazem m a n ti m e n to s pagão
cada huma h uma para 1 47 delle ao convento de São Dom i ngos
q u e foi ordenado pera mantimento dos catecumenos e cristãos
que o s p adres fazem, a q u a l pará a r recadauão os o ffiçi a i s pera
sy e pell o não poderem leuar foi a p p l icado pera esta obra p i a
pel l o regi mento d o v i so rey D o n Antão.
Está esta rendada ( sic) a rr endada neste ano de nouenta e
dous em sete m i l e q u inhentos pardaos de l a r i n s e he a nexa a
a l l fa n dega gra n de e como ta l se deue arrendar por tempo de
tres a nnos pellas resõ i s declaradas n o tito l l o de Goga l l á . E assy
se a rrendará daqui en d i a n te, e dec l a ra n dosse n o a rren damento
espec i fficamente as condiçõis delle.

A renda das manteigas


Jtem Esta renda das manteigas he propri a mente o rendi mento
de h um pezo que ha na çidade e n que se pezão a s manteigas
q ue se vendem e assi os azeites, e fiado l4H, e todos os a dubos, e
o utras m e udezas e assi o gerge l i m 1 4 9 que se vendem per ca n ­
d i s 1 50 e medidas q ue tudo paga ao d i to pezo seg u n do custume e

147 Pará, medida de capacidade para cercais, do malaiala para; d. H. H. Wilson, A Glossar)'
ofIlldicial alld Revelllle Terllls, Londres, 1 855, reimpressão de 1 96 8 , s.v. ; D a lgado, Glossário, s. v.
A med ida é variável, m a s o pará de D i u tinha 76 medidas, ou seja, 28,21 1 l i tros; cf. A n tónio N u ­
nes, « L ivro dos pesos d a Í n d i a " , fI . 1 9, iII L i m a Felner, 511bsídios para a História da Ílldia Portll­
glleza, p p . 29, 5 8 .
1 4' Fiada, a lgodão e m fi o . P o r estranho q ue pa reça ter U 111 produto não-oleaginoso nesta ren­
da ta l n ã o era desconhecido, C01110 se pode comprovar na renda d a especiaria de GO'1, onde apare­
ceu «ffyo de coser" misturado com a pimenta e demais drogas; d. Simão Botelho, «Tombo do Es­
tado d a Índia " , fI . 48v, iII Lima Felner, 511bsídios IJam a História da Ílldia Portllglleza, p . 4 9 .
149 Planta e semente do 5esa/1I1I1I illdiclIlII ( D . C ) o u 5esalll/lI/ orielltalis (Roxb. ), d a qua l s e ex­

tra i um óleo para consumo e ilum inação. A palavra é de origem ára be, al-jllljlllâll, de onde passou às
línguas europeias; d. Henry Yule e A. C Bumell, Hobsoll JObSOIl, S . V. c Dalgado, Glossário, s.v.
1 511 Candil, medida de peso e de capacidade que varia consoante a região da Índia . Candi
vem d o marata h !Jalldi e d o tam u l e malaiala kal/di; d. H . H. Wilson, A Glossar)' ofJlldicial aI/c/
Revelllle Tem/s, s . v. ; D a lgado, Glossário, s.v. Em D i u o candil, enqua nto medida de peso, tinha

88 TOMI\O DE DIU - 1591


he renda a ntiga e q u e se a rrenda todos os a n nos e n este a n o de
n o uenta e dous está arrendada em dous m i l dozen tos setenta
pardaos de laris.
Anda u n i da a renda d[a] a l fandega n ã o sendo p ertença del­
l a . He ser u iço de S u a M agestacle e bem desta ren d a a rrenda rsse
per sy pera a fazen da do dito senhor, sem emtrar no arrenda­
mento d[a] a l fandega grande, como se féz the [ a ] gora o q ue se
fará daqu i e n d i an te e por tempo de tres anos arrecadandosse
I fl . 591'1 per sy sem entrar no II arren da mento d[a] a l fa ndega e declaran­
dosse n o arrenda mento espeçifficadamente as condiçõis del l e .

A renda do anfião
.I rc lI' Esta renda he a nt iga e propriamente h e de se vender o am-
fião pello meudo n esta fortal leza e ç idade e seus termos, o q u a l
n i mguem pode vender senão o rende i ro d e l l a o u q uem t i u e r
sua l icença . Pertençe m a i s a esta renda a v e n d a d o bangue l 5 1 e
maj u n 1 52 a q u e chamão gol l y l 53 . E assi m a i s pagão certo d i re i to
os q u e vendem m a n i l has de tarta ruga e d i u i dros. E os q u e ven­
dem a l hos e sebo l l a s e os q u e vendem betre d o bazar de Sam
Dom i ngos a te a fortal l eza em boticas e algumas outras me ude­
zas que está e n costume e ass)' de t i n g i rem m a n i l h a s de marfi n .
Está a rren dada n este a n o d e n o ue n ta e dous por noueçentos
pardaos de l a r i n s .
Anda u nida à renda d [a ] alfandega . Não sendo pertença del­
la he seruiço de Sua Magestade e ben desta renda a rrendarsse
per s)' sem entrar no arrenda mento d[a] a l fa ndega grande como

24 4 , 1 8 kg c como medida dc capacidade t i n h a 225,69 l i tros; d. António N l I nes, " L ivro dos pesos
d a Índia » , ris. 1 81'- 1 9, il/ Lima Felncr, SlIbsídios pam a História da iI/dia POrll/gllcza, pp. 28-29,
48, 58.
1 5 1 As folhas secas e hastes tenras do cânhamo, Cal//labis saliva ( Li n n . ) , ta m bém conhecidas

por haxixe e marij u a na . As folhas têm um poder a lucinógeneo e podem-se fllmar, mascar o u bebcr
a decocção. A palavra vem d o sânscrito bl}(/lIg!i; d. Dalgado, Glossário, s.v.
152 ivI a j u m , do árabe lI/a'/tI/l, designa um elcctu,í r io ( i . e . , a mistura de pós e extractos vege­

tais com mel e açúcar) composto de bangue, a reca verde, noz-moscada, macis, cânfora, â m b a r, a l ­
míscar; d . Dalgado, Glossário, s . v . e Henr)' Y u l e e A . C. BUrIlell, Hobsol/ }obsol/, S . V.
153 D a lgado identificou-o com a FiCIIs tvfysore/lsis (He)'ne), cuja decocção da casca tem pro­

pried'1des medicinais para doenças da boca, a ftas e dentes. Os frutos desta árvore são comestíveis;
d. D. G . Dalgado, Flo m de Goa e Saval/lvadi, Lisboa, 1 89 8 , p. 1 76 . Pelo sentido d o texto desig­
naria a n tes o m a j u m no Guzera te, tanto m a is que em hind i goli significa " bola, pequena esfera » ,
como a l i á s e m conca n i , glllli significa « ba l a , pílula, pelota, bola, coisa esférica d e peqllena d i men­
são» e a ex pressão glllli-Iagll/lh tra d u z a embriaguês.

89
se fez the [a]gora o que se arrendará daqui en diante e por tem­
po de tres a nos não en tra ndo no a rrendamento da d i ta a J l fan de­
ga e decl a randosse espeçifficadamente as condiçõis del le.

A renda das orraqas


]tem Esta renda he noua e se p r inci p i o u nesta fortal leza e ç i d a de
de D i o depois q ue e l rey nosso senhor foi sen hor d e ll a . N ã o
[fI. 6 0 ] pode n i nguem II vender v i n ho atavernado s e m l icença do ren­
deiro e pagará esta renda o que del l a deue de d ireitos, assi do
v i n h o que se fáz n a terra de toda a sorte como das orr a q a s , e
v i n hos de passa que vem de fora, os q u a i s pagão p o ll a m a n e i ra
seg uin te, a saber:

jtem De cada p i p a de v i n h o de passa que vem de fora, q ue se


vende atavern ado, se paga a esta renda sei s l a r i ns e não se
pode a brir pera se vender sem l icença do rendeiro e pagar a
d i ta con t i a .

JtOI11 D e cada p i pa d e orraqa que vem d e fora se p a g a doze l a -


r i n s p o ll a d i ta maneira .

jtem Fasçe n a terra h u m v i n h o q ue se chama daury l 5 4 q u e se fáz


de h u m a erua do e1ito nome com j agra 1 55 o u ta m a ras l 56• Não
pode n i nguem fazer este v i n h o sem comprar el a mão do rendei­
ro a e1 i ta erua . E não pode n inguem veneler senão em botica
c o m l i cença elo rendeiro pagando l he o conçerto conforme o
posto da botica e vendagem del l a por mez.

]tcm Esta erua de q ue se faz este v i n h o n inguem a pode com p ra r


nesta çidade senão o rendeiro cujo h e o trato e1 e l l a por ser a
m o r pertença desta renel a .

1 .1< Nome d e u m vinho feito e m D i u a partir d � destilação d e uma planta, desconhecida, com
O mesmo nome, à q u a l se a d icionava jagra o u tâmaras.
1 55 Açúcar mascavado obtido tanto da cana-de-açúcar, SrlCChrl1'll1l1 officirl/'llll l (Linn . ) , ou d e v;Í ­
rias p a l meiras, como a Cocos Ilociuel'rl (Linn.), a l'hocllix s)'lueslris ( Roxb.) ou a Bol'rIsCl/s f/aberifel'
(Linn.). A pa lavra passou à língua portuguesa por via do malaiala châh/wl'rl, com a r a i z no sânscrito
çrlr /wrâ, que em português também deu açúcar por via árabe. Cf. Dalgado, G/osstÍrio, s.v.
I SG F r u to d a l'hoellix drlcty/ifel'rl ( W i l l d . ) .

90 TOMBO DF. IlIU - I SY2


jlelll Pertençe m a i s a esta renda h u ma çerta Sl1l'a l 57 q u e se fáz na
terra que se c h a m a bagany l 5 8 a q u a l se fáz de l egu mes, e n i n ­
guem a pode fazer nesta ç idade e seus termos s e m l icença d o
rende i ro e l h e p a g a r d oze j a J l a l l a s l 5 9 de cada forn a l h a q u e de­
uem a esta renda por custume.

jtelll Pertençe mais a esta renda toda a sura das p a l m e i r a s bra-


uas e manças e tamareiras que há nesta çidade e seus termos e
que vem d a s ortas e p a l ma res dos l e m i tes dos mouros. E pagão
de cada ca l lã o l 60 q u e trazem a ca bessa çinco j a l la las a esta ren­
da por custu me. E a este respe i to pagarão todas a s peçoas a ss y
portugueses c o m o mouros e gentios q u e tem p a l m a res e tira-
[fi. 601'1 rem II sura e assy dos p a l m a res que d a q u i en d i a nte se samea­
rem e grangearem . E q uerendo seus donos fazerem v i n hos o
não poderão vender sem l i cença do ren deiro e paga rem a esta
ren d a o conçerto que fizerem por suas avenças que será de m a ­
nei ra q ue não sej a pa rte p e r a se a bater as orraqas q u e se fazem
do d a ury que he a pri nçi p a l pertenca desta rend a .

]tcm Esta ren d a está a rrendada n este ano de noventa e d O Ll s p o r


m i l d ozemtos e cinco pardaos de l arins, e s e espera h i r e m m a i s
creçi mento p o l l as n o u idades q u e s e ande colher dos p a l l m a res
q u e estam semeados. Anda unida a a l l fa ndega gra nde, n ã o sen­
do pertenca del l a , he seruiço de Sua Magestade e bem desta
ren d a arrendarsse per sy sem emtrar no arrendamento d a d i t a
a l fa n dega , o q u e se fará d a q u i e n d i a n te a rrend a n d osse por
tempo de tres anos dec l a randosse especi fficadamente a s c o n d i ­
çõis d e l l e .

1 .< 7 Sura, d o sânscrito sllrâ, concani 5111' , designa o suco d a espata d e várias palme i ras i n d i a ­
n a s , espec i a l mente d o coqueiro, Cocos 1I0civera (Linn . ) . Pode s e r consumida fresca e crua, ou le­
vedad a , transformada cm aguardente, vinagre o u jagra ; cf. Da lgado, Glossário, s.v.
1.<.< Bege r i , do guzerate bagrô, bagrâ, bagre, bagery, corresponde ao PalliclI/II sfJicatl/l/1

( Ro x b . ) , que é uti lizado na a l imentaç�o quot idiana de Diu; d. Oalgado, Glossário, s . v.


L'" J a l a l 3 , jelala, moeda de cobre q u e corria no Guzerate, do guzcrate i(/Iâl(/, «gra ndeza,

magnitud e » , do á ra be i(/I(/I; d. D a lga do, Glossário, s.v. Oa lgado deu-lhe a equivalência d e $003,
de acordo com a cotação estabelecida pela « Lembrança das coisas da Índia » , d a tada d e 1 5 25,
fI . 251', iii Lima Felner, SI/bsídios f}(/r(/ (/ Históri(/ d(/ ílldia l'ortl/glleza, p. 3 8 .
I r.o C a l ã o , a b i l ha d e ba l'l'o ou cobre c o m capacidade para, mais ou menos, u m a l m ude. E n ­

t r o u p a r a o português a pa rtir do ta m u l-malaiala fwlall/, c o m origem no sânscrito flfllaça; d . 0 ,, 1 -


ga do, G lossário, s . v.

91
A renda da tinta do anil
Jrel11 Esta renda da tinta do a n i l he a n tiga e propria men te h e
q u e n imguem poele fazer timta d o a n i l n esta çielaele el e D i o nem
traz ella ele fora senão o rendeiro. E ele sua mão dá a d ita t i m ta
aos q u e a h ã o m ister pera se tingir o feado pera as l'Oupas q u e
se f a z n a terra e assy aos q ue q uerem t i m g i r as roupas fei tas d e
q u e pagão a esta renda segundo a cantidade do feado e da r o u ­
pa e fineza da timta pel lo que está em custum e . II
[fI. 6 J I Está arrendada neste ano de n o uenta e dous por dozemtos
sesenta e sinco pa rdaos de l a r i n s . Anda u n ida ao arrendamento
d [ a ] a l fa ndega gra n de . Não sendo pertença delta he seruiço de
S u a M agestade e bem desta renda a rrendarsse per sy sem e n ­
trar n o arrendamento da d i ta a l fa ndega o q u e s e fa rá d a q u i e n
d i a n te e p o r tem po de tres a n os declarandosse espeçificada­
m e n te as condiçõis d e l l e .

A renda do pescado
Jrcl11 Esta renda he a ntiga e propriame nte he ele todo o pexe fres-
co e salgado, e seqo que vem de fora ou se pesca no maar q u a l
a j a d [e] entrar polia barra dentro ou polia barra de Brancavar á .
E de tudo o q u e emtra do dito pescado p o l i a dita maneira s e a r ­
recada a seis p o r semto pera esta renda p e r custu l11e antigo.
Está arrendada neste a n o de n o uenta e dous, por dozentos
e q u inze p a rdaos de l ar i n s .
F o i r a m o d [a] a l l fa n dega gra n de e a n d a fora del l a p o r s e
a rrecadar p e l l o rendei ro nas embarcaçõ is q ue trazem o d i to
pescado.
Anda a n exa a o a rrendamento da dita a l fa ndega por entrar
nas condiçõis d e l l a . I-I e seruiço de Sua Magestade arremdarsse
per sy sem emtrar no d i to arrend a me n to d [a] a l fandega o q u e
se fará d a q u i em d i ante a rrendandosse p o r tempo de tres a n n o s
declarandosse espeç i fficadamente as condiçõis delle. II

[fI. 6 1 v] A renda de pallarym


Jrcm Esta renda he antiga e propriamente he de h u n s custumes
q ue se a rrecada da lenha e palha e b uffa ras ' 6 1 que trazem o s

161
I.e., os búfalos domésticos, Bllbnllls bllbnllls; d. D a lgado, Glossário, s . v. e Henry Yule e
A. C. l3urnell, Hobsoll JObSOIl, S . v.

92 TO,·\lI() DE DIU - I .\Yl


l e i tei l'Os, e os bois q u e trazem pera se venderem , e o asucar q u e
trazem p o r terra e outras meudezas, q u e se arrecadauão da ntes
per c ustume n [a] a l fa ndega gra nde e n a de Goga l l á e se féz ren ­
da de per sy, e está a rrendada neste a n o de nOLlenta e dOLls, p o r
cento e tri m ta e ci nco pardaos de l a r i n s . A n d a u n i da ao a rren­
damento d[a] a l fa ndega grande como as o utras rendas. He ser­
u iço de Sua M agestade arrenda rsse por sy e a rrecadarsse sem
entrar no arrendamento da d i ta a l l fa n dega, o que se fará d a q u i
e n d i a nte arrendandosse p o r tempo de tres an nos declara ndos­
se n o arrendamento espeçifficad a m e n te as condiçõis del l e .

A renda d o çerrar do marfim


Jrem Esta renda he a n tiga e pl'Op r i a m ente he do marfi n que se
corta n a terra pera se vender per pedaços, e pello meudo o u se
gasta na terra ou se Iene pera for a , de modo que tanto q ue se
corta deue os d ireitos a esta renda e o não podem corta r sem
l icença do rendeiro. E de cada bar l 62 de marfin grosso que se
corta se p aga tres l a r i ns e do bar do meão dous l a r i n s e meio, e
do b a r do meudo dous l a r i n s . II
I fI . 62J Está a rr e n d a d a neste a n o de n o ue n ta e dous por çento
q uare nta e sinco pardaos de l a r i n s . Foi ramo d [a] a l fa n dega
gra n de onde se arrecadauão estes d ireitos, e anda fora d e l l a
p o r se arrecadar p e ll o rendeiro e fica s e n d o renda d e p e r sy.
Anda u n i da ao arrendamento d[a] a l fa ndega gra nde como as
o u tras rendas. H e seru iço de S ua M agestade q u e se a rr e n de e
a rrecade per sy sem entrar no arrend a mento da d ita a l fa ndega
p o i s esta fora dell a que se fará d a q u i en d ia n te arrendan dosse
por tempo de tres anos, dec l a ra n dosse no a rrendamento a s
condiçõis d e l l e .

A renda d as boticas
.Item Esta renda das boticas he prop r i a m en te das propriedades e
boticas q u e pertençião a e l rey n osso senhor nesta çidade de

1 (,2 fiar, Bahar, Baar, medida de peso indiana q u e varia consoante a s regiões. Do sânscrito
bhârn, «ca rregamen to, carga » , passou ao á ra be bahâr e ao m a l a i a la bhâralll; d. D a lgado, Glossá­
rio, s.v. e Henry Yule e A. C. fiurnell, I-/obsoll ]ObSOIl, s.v. O baar foi introduzido em D i u a pós a
construçào da fortaleza e equivaleria a 235,008 kg; d. Lima Felner, SlIbsídios pllrn a História da
Ílldia Portllglleza. p . 4 8 . Todavia, as «Lembranças d a s coisas da Índ i a » afirmou que o banr tinha
20 mãos, a qual eq u iva le a 12,209 kg, pelo que o baar teria em D i u 244 , 1 8 kg; « Lembrança das
coisas d a índia » , fI. 26, iII Lima Felner, SlIbsídios parn a História da Ílldill Portllglleza, p . 2 9 .

93
D i o , e d a banda de Goga l l á que forão dos reis de Cambai<l de
que se arrecadauão os a lugueres, e se arrend a u ã o .
Todas estas propriedades e boticas são dadas d e merçe e
a fora mento aos portugueses, e outras peço a s pel los viso reys
passados, os q ua i s arrecadão del l as pera sy os d i tos a lu gueres,
e p a gão a fazenda de Sua M agestade o q u e l h e s h e l e m i tado
per suas ca rta s .
E c o m o esta ua e n custume a n d a r esta renda arrendada se
ficou ta mbem arrendando the [a]gora, não a vendo del l a m a i s
que os d itos foros p o r lemi tação e a s s i o foro d [e] a lguns p a ­
ç o s . E n este ano de nouenta e d o u s está arrendada e n o i tenta e
cinco pardaos de larins. II
[11 62.v] Não h e seruiço de Sua Magestade arrendarsse por se mon-
tar m u i to m a i s nos d i tos foros, e ficar a fazenda d e Sua Mages­
tade m u i to enganada e ser parte de se não saber o q ue cada
h u m paga e se vsmpar o senhorio que a fazen d a de Sua NIages­
tade tem nestas propriedades por andar a rrecadação del las p e r
rendeiros sen os offiçiais d e sua fazenda terem n [e n ] h u m a j u­
risdiçã o n e m se sa ber o que monta nos d i tos foros.
Pel lo q u e daqui en dia nte se não arrendará esta renda e a
não averá p er n [en] h u111 caso, e o fei tor de Sua M agestade a r­
recadará dos forei ros o que cada h u m deue pagar conforme a
seus aforam e ntos que l he será ca rregado em receit a . E os d i tos
foreiros serão obr igados a p agarem n a fei toria os foros que
deuerem e n cada hum ano. E não o pagando emcorrerão em
cOJ11 m i sso conforme a ordenação. E per n [e n ]h u m caso entra­
raão estes foros no arrendamento d[a] a l fandega grande como
ate [a ] gora se féz, por serem foros que en toda a p a r te se arre­
cadão per sy pera a fazenda de Sua Magesta de , o que se COlll­
prirá sem d u uida alguma.

A renda da ilha
]tCIll Esta renda he antiga e propri amente h e do betre e dos fo-
ros q u e se p agão das ortas e c hãos que há nos alTa bal des e i l h a
de D i a , a saber, o s ara baldes da çerqa da çidade pera fora
onde ha ortas e chãos que pagão foro.
E sete a ldeas que há na i l ha onde h a m u itas ortas e chãos
foreiros que ant iga mente se pagaua delles o foro a el rey de II
[fI. 63] de (sic) Cambaia e o ficarão pagando a e l rey nosso sen hor as

94 TO,\ I I\O IlI' I l I U - 1 5n


q u a is são as segui ntes - a ldea Fodão e a l dea M a ll a l a , a l l dea
de D a ngralla ry, a l dea de N agoa , a l dea de jasoatraque, a l dea
Brancavará, a l dea de Bllchervará.
A pertença do betre he q ue das nouidades q ue se colherem
nas d i tas ortas paga o dono a esta renda de cada çento, quaren­
ta e ç inco e lhe fica cincoenta e çi nco; tudo se emtrega ao rendei­
ro que o uende n a çidade e depois de vendido paga a dinheiro
aos donos do d i to betre, o que se monta na vendagem das ci nco­
enta e çinco fol has q ue lhe pertençem . E n i nguem pode vender
betre na forta l leza e çidade e seus termos, senão o rendeiro.
E por esta resão, fica vendendo o que pertence a esta renda e o
das partes assy o não podem coi her sem o dito rendeiro pera o
cobrar todo, e o vender, reco l her a parte que cabe a esta renda, e
tornar ao dono o que l h e pertençe a dinheiro depois de vendido.
Todo o betre que vier de fora se não poderá vender senão
peito rendeiro paga ndo a esta renda de cada çento qu arenta e
cinco como h e decl arado.
E porem não se poderá vender sem primei ro ser vendido o
betre dos foreiros da i l ha por rezão de paga rem a fazen d a de Sua
Magestade os foros dos chãos en q ue o semeão, e mais quarenta
e ci nco por çen to da nouidade, e não he j usto que o que vier de
fora seja parte pera impedir sua vendagem. Pel l o que o rendei ro
não poderá vender do betre que vier de fora senão o que for ne­
çessari o p era não ficar abatendo a vendagem do da terra . E não
cobrará dos q u e trouxerem os quarenta e cinco por çento senão
do que venderem, e não do q ue ficar por vender.
Pertençe m a i s a esta ren da os coqos l 63, mangas l 64 , tamaras
[ f I . 6 3vJ das II nou i dades 1 65 das aruores da terra de que se fará duas

pa rtes e meia, h u ma pa rte e meia pertençe a esta rend a , e h u m a


pa rte a seus donos.
Pe rtençe m a i s a esta renda o s fi gos 1 66 , r o m a ã s l 67, e l i ni õ i s
das n o u i d a des l 6 � d a terra de q u e se paga a metade a esta ren-

' (, 1 0 fruto d a Cocos I/ociven/ll/ (Linn.).


,(,. O fruto d a Mal/gifem iI/dica ( L i n n . ) . O nome passou para o português por via d o m a l a i a ­
l a , lIIal/ga, termo q u e nessa língua s e a p l iGl ao fruto verde, sendo m a d u r o designado p o r 1//(/I/I /JllI-
10111; d. D a lgado, Glossário, s.v.
1(, 5 l.e., a s primeiras rânl a ras.

, (,(, O fruto da FiC/ls carico (Roxb.).


' (, 7 O fruto da I'l/l/ica gml/all/lIl (Linn . ) .
, (" I . e . , o s primeiros l i mões.

95
d a e assi çertas cay da s l 69 do gado mendo, e da e r u a b a b o­
s a 1 70 .
Pertençe m a i s a esta renda todos os foLOs q u e se pagão dos
çhãos e ortas q ue h a nos arraballdes, e nas d i tas sete a l deas e
tudo se arr e n d a j un ta me n te e n cada h u m ano. E neste de n o ­
u e n t a e d o u s está arre n dado e m m i l e quatroçen tos pardaos de
lari n s . Anda esta renda u ni da ao arrendamento d [a ] a l fa ndega
gran d e sem ser pertença d e l l a . E outrossy anda u ni d o a e l l a os
d i tos foros que l h e não pertençem, p e l l o que d a q u i en d i a nte se
arrendará a d i ta renda d o betre con suas pertenças por s y sem
os d i tos foros e sem e n trar n o arrendamento d[a] a l fa ndega .
E se arrendará por tem p o de tres a n os declarandosse espec i ffi ­
cada mente a s con d içõi s do arrendamento.
E q u a n to aos foros da i l h a e arraba l des se a rrecadará pel lo
feitor de S u a Magestade a q u e m pertençe a rrecadação d e l l es
por serem foros çertos e l i mi tados, e se arrecadarão e n dous
q u arte i s n o a n o por a s d i tas propriedades darem d u a s n ov i d a ­
des, a q u a l arrecadaça m se fará n a feitoria onde os foreiros s ã o
obrigados a fazerem pagamen to do d ito foro. E n ã o p a ga n d o
c o m o s ã o obrigados, ficarão c a indo em com m i sso e encorre n ­
d o nas penas da orde n ação.
E porq ue as propriedades dos arrabal ldes e da i l ha q ue es­
tão l ançados no tombo velho com declaração do q ue p a ga uã o
e de quem os pess u h i a , estão trespassados en d i u erssas peçoas
assi portugueses como gentios que h uns as o u uerão de ITlerçeS
com menos foros e o utros as o uuerão per vendas e trespassa-
[fI. 6 41 çõis de que se não féz n [e n ] h u m a declaração II no d i to tombo e
sem se saber o q ue cada h u m pessue e deue de foro, arrecadauão
os rendeiros de fora per cadernos, e m uitos deixauão de pagar o
q u e deuião e outros reçebião quitas. E tudo estaua confuso sem
se saber n a verdade o que se monta nos ditos fOLOS.
Mandei l ançar pregão que toda a peçoa que pess u i sse a l g u ­
m a orta o u propriedade a presentasse o tito l l o d e l l a p e r a se l a n -

1(,' Ca idas, d o árabe qaaa', que tem vários significados, m a s que n o legal representa tanto o

ofício como a sentença do cad i , como e n trou, a i nda, na terminologia oficial COI11 o significado
« pagamento de uma dívid a » , d. J. van Lent e P. J. Bcarman, Ellcyclopeaia of lslalll. Glossary or
TeclJllical Terllls, Lei d a , 1 997, s.v. D a í que Da lgado o tenha defi nido como Ulll «emolume n to , d i ­
reito » , d. Glossário, 5 . 1'.
1 7<1 A p l a n ta da qua l se extrai o a loés, A loe vem (Linn.); d. Da lgado, Glossário, s . v.

96 T() � I IIO D" D I U - 1 .\92


çar neste tombo corno S ua Magestade manda , sob pena de ser
perdi d o pera a fazenda d o d i to senhor o que não ficar a q u i
l a nçado como cousa sonegada. E p o r ben do d i to p rega m , o s
d itos possu idores a p resentarão s u a s cartas e titol l os e por elles
foi l a nçado a o d i an te o q ue cada h um pessue e paga de foro, e
con forme ao tito l o de cada peçoa fará o fei tor de Sua M a gesta­
de a rrecadaçam do que deuerem e se l he carregará em recei tas
p o r ca bessa os d i tos foros con declaraçam do q ue cada hum
p aga e por n [e n ] h u m caso entrará em n [e n ] h u m arremdamen to
por ser em perj u izo da fazenda de S u a Magestade o q ue se
comprirá sem d u u i d a alguma.

A renda d o drupo
Itcm Esta renda de drupo he propriamente fiel e j u i z do pezo da
ç idade onde os mercadores vam pezar suas fazen d a s q ua ndo
com pram e vendem, e pagam de cada bar de fazenda que se
p eza q u a tro j a l la l a s . Está l ancado n o regi mento de D o n A ntão
e no tombo a n tigo por renda de Sua M agestade. E por cota d o
d i to regimento n o ti to l o da d i ta r e n d a está h uma decl a ração
que diz tel la t i rado o d i to viso rey e dada a hum D o m i ngos
Tavares, mas não está asinado nimguem na d i ta dec l a ração,
[ f I . 641'] não se arrenda II nem corre polia fazenda de Sua Magestade.
Fazem del l a merçe os viso reys a peçoas de seruiços q ue seruem
de fie l do d i to pezo, sem terem outro p remmio mais que o d ito
p reca l l ço que poderá monta r por a n o trezemtos pardaos de la­
rin s e ora tem i sto.

A passagen de Gogallá
J tem Esta p a ssagem de Goga l lá he hum paço ! 7 ! por onde passa
m uita gente da cidade ele Dio para outra banda ela terra firme
de Goga l l á em embarcaçõ i s .
H e a forada e fei to merçe elelle a Bartholameu d a R u a M a ­
griço e m tres vidas pello gove rnador Fernão Tel lez de Mene­
ses ! 72 por respei to de seus seru iços com obrigaça m de pagar a
fazenda ele Sua Magestaele e n cada h u m a n o çi ncoenta p a rdaos
de l a r i n s de for o . E elle será a primeira vida e a ora ele sua

1 7 1 Passo, passagem do r i o onde se pagavam d i reitos aduaneiros; d . Da lgado, Glossário, 5 .1'.


l 7l Governador do Estado da Índia, de Março a Setem bro de 1 5 8 1 .

97
morte nomeará a segunda e a segunda a terçei ra sen outra obri­
gaça m por carta fei ta en vinte e hum de Junho de oitenta e h u m .

Aforamento de d o u s esteiros
jtel11 O v i so rey Don D u a rte de Meneses l 73 féz Ille rçé ao d i to
Barthola llleu da R u a de l h e aforar em tres vidas dous este i ros
h u m per nome O l ua n e l 7\ e o u tro Va nçote pe ra segma nça d o
d i to paço de Goga l l á com obrigação de paga r d e foro en cada
I fl . 6 5 1 h u m II ano si nco l a r i n s sem o utra o b rigação, por ca r ta feita a
dezasete de J a n e i ro de o i te n ta e sete .
Por bem elas d i tas cartas foi metido de posse do el i to paço
de G ogal l á e este i ro s o d ito Bartholameu ela Rua Magriço, e o
possue oje en elia pagando n a fei toria o d i to foro . E por os ca­
p i tã i s da for ta l eza de Dio prouerem o d i to paço en outras pe­
çoa s qua ndo socede ser a uzen te desta fortaleza o di to Bartho­
l a m e u da Rua, dizendo ser cargo vagante que pode p r o u e r
conforme as prouisõis q u e t e m pera prouerem seme l h a n tes car­
gos e o obrigam a este respei to a resi el i r sempre n a forta l eza de
D i o sem ter essa obrigaça m p e l l o seu afo ramento com o q u a l
sati s faz pagando o foro a S u a Magestade n a fei toria p o r s y o u
seu procur ador a o s tem pos ordenados. E s e n d o n isso agrauado
o s e nhor viso rey Matias d [e] A l b u q uerque passou h uma pro­
uisam da q u a l o tresl J a elo he o seg u i n te .

Matias eI [e] Al boq uerque do conselho d e Sua Magestade


viso rey ela Jnelia etc . Faço saber aos que este meu a l uara v i rem
q ue a uenelo eu respeito aos seruiços ele Berto l a llleu el a Rua
Magriço e eli zer que p o r el l es l he foi a forado o paço ele Goga l ­
l á da forta leza d e D i a em tres vielas com obrigaça m el e pagar a
fazenda de Sua Magestade c i n coenta pardaos de l a ri n s de foro
cad [a] ano, e vi sto como na pate n te que l h e foi dada do d i to
paço n ã o tem outra a l g u m a e pagando por sy, ou por seus pro­
c ur adores fica i m tei ra mente comprin do con ella, ey por bem e
me práz por todos os d itos respei tos e outros q ue me a isso
m anem de fazer m erce ao d ito Barth o l a llleu da R u a que em­
q u a n to e l l e pess u i r o d i to paço pague o d i to foro a fazenda de

1 7.1 Viee-rei do Estado da Índia d e 1 5 84 a 1 5 8 8 .


174 A a c t u a l ribeira de O lvan a 2 0 ° '1 2 ' N e 70° 5 9 ' E .

9 t: TO.\ I I\O DIó D I U - I .ln


S u a Magestade por s i o u por seus p rocuradores e n q u a n to n 8 0
e s t i u e r n a terra e sendo l h e neçessa r i o possa h i r fora del la v�sto
[II. 65\'1 como pel l a d ita pattente não consta ser II obrigado a resi d i r
n e l l a s e m a ver peçoa q u e a isso p o n h a contradiçam a lgumé1
mais q ue deixar é1 seus procur adores correr com o d i to foro, e
paga l l o ao feitor do d i to s e nhor o q u e se com pr i rá i ntei ramen­
te e o fei tor q u e ora b e e ao d i a nte for a reçeberão e acei tar80
delles como se fora da m80 do proprio forei r o emquanto e l l e
a s s i n ã o resid i r n a d ita forta leza e n 8 0 prouer a d i ta passajem a
peçoa a lguma como cousa vaga p o i s o n ã o he, visto como en
s u a a usençia está contre b u in d o com obrigaça m q u e tem e con
q u e l h e foi fei to a d ita merçe. Noti fico o assi ao c a p i tão ela d i ta
fortal eza de D io, vedor da fazenda de S u a Magestade, feitor,
m a i s oHiçi a i s e peçoas a q u e pertencer q u e ora são e ao d i a n te
forem e l hes mando q u e assi o c u m prão e guardem e façam
c o m p r i r e g u a rdar i n te i r a m e n te c o m o se n este conte m sem
d uu id a nem embargo a l g u m q ue a e l l o sej a posto . E este se re­
gistará no l i mo da fei toria pera se sa ber como assy o ey por
bem e v a l lerá como carta sem e m b a rgo da ordenação e m con­
tra r i o elo 2° l i u 1.'O tito l o v in te . A n to n i o da Cunha o féz em P a n ­
g i m a v i n ta n o u e de Nouem bro de q u i n he n tos e n o u e n ta e
b um . L u i s da Gama o féz escreuer. O viso rey. A q u a l prou isão
h e registada e passada pel l a chançe l l a r i a q u e se comprirá como
se n e ll a contem e conforme a carta de seu a foramento .

Propriedades foreiras
]tCIl1 Possue Baltezar Fernandez n [aJ aldea de Nagoá h uma horta
que foi de Vana Pagá, da qual paga de foro sesemta e noue fedeas l75

' 7.< Segu ndo D n lgndo em uma moeda de cobre que corria l1a índin, cujo \'nlor ia elos $0 l 2 aos
$0 1 5 , cujo modelo era uma moeda egípcia, a lndda; cf. Glossário, s.v. Todavia, tanto António Nunes,
«Livro dos pesos d n Tndi'l » , fI. 1Sv, iII Limn Felner, SI/bsídios para 11 His/óri(/ d(/ Ílldia Por/l/gl/uZ'r/,
p. 28, como o autor das «Lem brançns das coisas da índ ia » , f1s. 23\', 25-25v, iII Lima Felne.; SI/bsídios
p(/ra a Históri(/ da Ílldia POrll/gl/eza, pp. 36, 3 8 , afirmaram que a fédea cra uma moeda de conta,
pelo menos em Diu, e o seu valor oscilava entre $00 1 e $ 0 1 2. Em Cambaia havia cinco tipos de fé­
den; cf. « Lembranças d'ls coisas da Índia » , fI. 30v, Lima Felner, SI/bsídios !}(m/ a Históri(/ da ÍI/dia
Porll/gl/eza, p. 47. No tempo em que Francisco Pais fez o Tombo de Diu, em 1 5 92, havia duas cot'l­
ções d i ferentes para a fédea, uma ava liada pela a l fândega, cujo valor era $007 'il (cnso o pardnll de
larim fosse cotado a $300) ou $009 (caso aplicassem os 20% da taxa de câmbio goesa ao pardau de
larim); e a outra avaliada pelos foros, a qual cotava a fédea a $075 ( o pardau de brim a $300) ou a
$090 (aplicando a taxa ca mbial goesa de 20%, que fazia cotar o pardau ele brim a $360). Cf. Fr<1n­
cisco Pais, "Tombo ele Diu», fI. 83v, e Francisco Pais, « O rçamento de 1 60 9 » , iII Biblioteca Nacional,
Lisboa, Fundo Gernl, códice J 1 4 1 0, f1s. 1 09 , l 1 J .

99
e h u m 3 duca ra l 76 q u e h e o foro que está l a nçado no foral q ue
fazem dozasete l a ri n s e h u m a fedea e h u ma d uca r a .
O q u a l çhão fo i d e mouros, e estau a devolu to e o o u ue de
[fI. 66[ merçe II pello capitã o Aires Te l les de Meneses confirmado pel l o
governador Anto n i o Moniz Barreto 1 77 . E os ouue o d i to Balte­
sal' Fer n a n des por fal leçi mento do d i to seu pay per compra que
d e l l e s féz n o l e i lão, por se venderem por a utoridade de j ustiça
por d i u i das de que a presemtou carta da d ita c o mpra , en q ue
rel lata o sobredito. E o d i to foro se arrecadará d e l l e , e de seu s
erdeiros pel l os pessui r em fati ota .

Jtelll Pessue m a i s B a l teza r Fern a n des h u m çhão e n fati ota n a çi-


dacle, dos m u ros pera dentro, detraz da m i s q u i ta grande nas
costas cle l l a , q ue tem q uarenta e o i to couodos de compri mento
e outros ta n tos de l a rgura e paga tres larins e m cada hU Ill ano
de foro l e m itado.
O q u a l çhão se vendeo en leilão por faleçimento de h u m
Anton i o Fern a n dez p e r cli uidas q u e d e u i a e o comprou o d i to
B a l tesar Fern a ndes de quem se ha de a rrecadar o d i to for o .

JtCIll Possue o d ito Ba l tesar Fernandez na a l de a B U l1chervará a s


vigas ln da terra de s i queiro segui n tes a saber - n o Ligirão
j unto de h u m ta mque, tres vigas e entre o Ligirão e o r i o q u i n ­
z e v igas, e treze vigas d [e ] outros pedaços de chãos, que tudo
pess u h i a Van á Pate l ; e assi quatro vigas que pess u h i a h U Ill col ­
l e per n o m e Naua, e assi dez vigas q u e pess u h i a B i m ututa e a s
ti n h a sonegadas D aneá, q u e p o r todas são q uarenta e ci nco v i ­
gas q ue s e semeão com a ç h u u a d e q ue s e paga de foro v i n te
dous lar i ns e meio e meio l a r i m por viga.

1 7{' Ducara , e m documentos mais antigos « d ucra, docra, droque » . Para Dalgado era u m a pe­

q uena moeda de Damão que equivalia ii centésima pa rte da rupia . Em guzerate dllldilli valia $002;
d. Glossário, s.v. Na « Lem brança das coisas da !nd ia » , fI. 25, iII Lima Felner, SlIbsídios /iam a
História da Ílldia Portllglleza, p. 3 8 , a ducara apareceu como um submCdti plo eb fédea e o seu va­
Iar era de $00 1 '1l. Já n o tempo em que Francisco Pais elaborou o Tombo de D i u , e m '1 5 9 2 , a d u ­
cara valia $007 '12 (caso o p a r d a u de b r i m fosse troca do a $ 3 0 0 ) , ou $ 0 0 9 (caso o p a rdau de \ a r i m
fosse cambiado com a taxa de 20% d e Goa) na cotação que os forais estabeleceram p a ra este s u b ­
m ú l ti p lo d a fédea ; d . Francisco P a i s , «Tombo de D i a » , f 1 s . 74, 831'.
1 77 Foi governador do Estado da índia de '1 5 73 a 1 576.
1 7N Viga ou biga, uma medida agrária na Índia, cuja extensão varia consoante a regiào; d.
D a lgado, Glossário, 5.1'. A d o GlIzerate tem 237,609 m2; d. H . H. Wilson, A Glossary of]lIdicial
alld R eveJ/llc Terl11s, s . v. (Blghâ ) .

1 00 TO.\ l llll lll'. I l I U - l .ln


Foi l he feito merçe destas vigas em fat iota pera seus erdei­
ros e dessendentes pello capi tão Ma noe l de M i r a nda por se
pess u h i rem sem tito l o , per carta feita em v i n te de Novembro
[ tI. GGv] de 83 11 1 79 •

o paço d e Pallarim de q u e h e foreiro B altesar Fernandes


j10m O vi sorrey Dom Antão de Noronha féz merçe a Ba ltesar
Fern andez d o paço de P a l l a r i m pera o pess u i r em sua vida ,
com obrigaçam de pagar a fazenda de S u a Magestade d O Lls
pardaos d[e] o uro de foro en cada hum ano, e de trazer no d i to
paço as a l m a d i a s l Mo q u e forem necessa rias, per carta fei ta em
seis de Dezem bro de setenta e dous. O conde visorrey Dom
Fra ncisco Masca ren has l M 1 fez merçe a o d i to Ba ltesar Ferna n­
dez, por resp e i to de seus serviços, de mais tres vidas neste paço
pera com a primeira vida que pess u h i a serem q uatro e que e l l e
e s u a m o l h e r fossem a m bos h u m a vida n a pri meira e o q ue del­
les derradeiro faleçer n o mearia a segu nda e m fil h o o u fil h a ; e
pella mesma maneira se nomeará a terçeira e a q ua rta com
obrigaçam de pagar q uatro pa rda os d [e] ouro de foro e l l e e
seus soçessores, tendo as a l m a dias e e mbarcaçõis q u e forem
neçessarias pera a d i ta passage m , per ca rta fei ta em v i m ta çin­
co de Nouem bro de 83, na qual está h u ma posti l la do governa­
dor Manoel de Sousa Couti n h o l g2 que diz assy.

Ey por bem e me práz em nome deI rey meu sen hor que
B a l tesar Fern a n des conteudo na carta a sima tinha e pess u h i a o
paço de Palarym nas quatro vidas que tem; e sej a e l l e e sua
mol her Sezi l l i a da Veiga, a m bos a primeira como n a d i ta carta
se contem con decla ração que o q ue delles derr a de i ro fal lecer
possa n o m ear em fi l h o ou fil ha avido dantre a m bos, porquan-
[ fI . G 7 J to por lhe fazer merçe por seus serviços, II e e l l e e a d i ta s u a
m o l h e r serem conte n tes, o ey a s s i p o r bem . E fa l ta n do fil h o s
ou fi l has deste p r i meiro m a tr i mo n i o poderá q u a l q u e r d e ll es
nomear os q u e o uuerem do segundo; e por esta m a n e i ra corre-

1 7" Repetido: «sem titolo [ . . . ] de 8 3 » .


l HO Emba rcação monóx i l a , pequena, estreita e comprida, d o árabe a fricano {/1-'III{/d/{/;

d. O a lgado, Glossário, s.v.


1X 1
Foi vice-rei do Estado da Índia de 1 5 8 1 a 1 5 8 4 .
1 Xl F o i governador d o Estado da Índia d e 1 5 8 8 a 1 5 9 1 .

101
rão a s ta i s nomeaçõi s te se aca barem a s q uatro vidas. E esta
posti l l a valerá como ca rta , sem embargo da ordenaçam do se­
gundo l i mo en contra r i o . Anto n i o Barbosa a féz en D i o, a v i n ­
t e e h u m d e Feuerei ro de q u i n hentos e nouemta ou en q u a l q uer
o utra peçoa . D u arte D e l gado o féz escreuer.
A q u a l posti l l a h e so bescrita pello secretario, donde d i z o u
e n q u a l q uer o u tra peçoa e n di ante, e asinada p e l l o d i to gover­
nador e registada em seu t i to l o e passada p o l i a chançel l a r i a .
E p o r b e m d a s d i t a s cartas pessue o j e e n d i a B a l tesar Fer­
n an d ez o d i to paço na p r i m e i ra vida e he fa l leçida sua m o l he I"
Sezi l li a da Veiga .

.Item Tau a pa rçea e N a p i a e Tricamo e Sangagy pessuem h u m


pedaço d e çhão n es ta ç i dade, c o m h U I11 poço q u e está n o c h a l ­
le l 83 d e Tau a r parçea q ue ouveram d e compra d e Baltesar Ro­
driguez d [e] Azauedo, e pagam de foro çi nco tanga s .

o p aço de Brancavará de J o ã o Fernandez


Jtem Este paço foi dado de merçe a João Fern a n d es casado e
mora dor en D i o per D o m Marti nho da S i l ue i ra, capitã o da
d i ta forta leza en d i as de sua v i d a , comfi rmado pel lo viso rey
D o m Antão com h u m pardao de larins de foro en cada h u m
a n o pera n i mguem passar pe l l o d i to paço senão em h u m a bar-
[fI. 67,,] ca s u a , a respei to de p a ssarem II por elle negros fogidos, e fa­
zenda desemc a m i nhada d r a ] a l fa ndega , como decl ara a ca rta
fei ta en dezoi to de Sete mbro de sesemta e o i to .
O c o n d e v iso rey D o m Fran c i sco M a sq a re n h a s p a s s o u
ca rta a o d i to J o ã o Fern a n dez per q u e l he féz merçe q u e e l l e e
sua mol heI' fossem a m bos h u m a vida com declaração q u e o
q u e derradeiro fa l eçer, nomeará a segunda que será e m maçho
o u femea, da qual carta e da petiçam da parte e da porta ria o
tresllado he o segu i nte.

Diz J oão Fern a ndez casado e morador en D ia, que ha vin­


ta q u atro a nos q u e veio do regno a estas partes e en todo o
d i to tempo seru i o a e l rey nosso senhor, e m b a rcan dosse e n

IS;
Ed i fíc io estreito c comprido ocupado por lojas ali oficinas, qua rte i rão ocupado p o r certos
artífices, d o m a ra ra-concani lçâl; cf. Oa lgado, Glossário, s.v.

102 TO:-1 II0 1 > 1'. DIU - I sn


suas armadas, emvernando em suas forta lezas from te i ra s e n o
Estre i to com D o m Fern a n d o ele Mon roy e m satisfaçam ele seus
seruiços lhe foi fei to m e rçe pello viso rey Dom An tão ele No­
ron h a de l he a forar a barca da passagem elo paço d o cabo d a
ilha d o d i to D i a que está em Brancavará em d i a s de s u a v i d a ,
c o m h u m p a rdao de foro c a d [ a ] a n o p o r ser cousa pouca, por­
q ue pel l o d i to paço passa uão m u itas fazendas desemca m i n h a ­
d a s dos d ireitos e fogi ã o escra uos e entrauão n a di ta i l ha m u i­
tos ladrõ i s a roubar a çidade, por estar longe del l a , do q u a l
está d e posse e paga o dito foro como consta d o treslado d a
carta elo aforamento e papeis q ue a presenta. Pede a Vossa Se­
n h or i a q ue a uendo respeito ser hum homem vel ho e doemte e
ter m o l h e r e fi I hos e a seru i r ele gua rda d o d i to paço s e m
n [e n ] hum ordenado n o q u e l e ua m u i to tra balho e a rrisca sua
peçoa por ser l ugar m u i to remoto da ç i elade e não ter mais in­
teresse q ue a q u i l l o q u e l h e dão os que passa m na d i ta barca,
a j a por bem de lhe fazer merçe da d i ta passaj e m que a sua v i da
[ fI . 6 8 1 e de sua molher sej ã o h u m a v i da e as duas mais II q u e e l l e n o­
mear per sua morte. R eçebera merçe .

Treslaelo ela portaria


Ha o sen hor conde por bem de fazer merçe ao s u p p l ica n te
q u e a sua vida e de sua mol her sej a h uma neste a foramento da
barca da passagem de que faz menção em Goa a 25 d [ e J O u tu ­
b ro de 5 8 1 . F i a l h o .

Tresllado da patente
Dom Fel i pe per graça de Deos rey de Portuga l , dos A l gar­
ues daquem e dalem m a a r em A frica, senhor ela G u i n é e ela
c o n q uista n avegaçam , comerçio d [a] Eth iopia, Ara b i a , Perçi a ,
da J ndia etc. A q u a n tos esta m i n h a carta virem faço saber q u e
avendo e u respei to a o q u e d i z João Ferna ndez, casado e m ora­
dor en D i a, n a petição atraz escrita e ao q ue nella a l ega, ey p o r
bem e m e praz q u e e l l e e sua m o lher sej a m a m bos h u ma v i da
no a foramento da barca da passagem do paço do cabo da i l ha
do d i to D i o q u e está em B ra nca vará, de que n a d i ta petiçam
fa z menção, e o terá e pess u i rá assi e da manei ra que lhe foi
a forado; e o q ue derr adeiro fal l eçer nomea rá a segu nda, q u e
seja macho ou femea . Notefico o assy ao uedor da fazenda e

1 03
a o d i to feitor e a todos os mais offiçiais e peçoas a q u e peLten ­
çer e l hes mando que assi o cumpram e gua rdem sem eluu ida
nem embargo algum. E esta se registare1 n o l i u ro da d ita feito­
ria, p era se sa ber como lhe féz a d ita merçe. Dada na minha ci­
dade de Goa sob o cel l o das a rmas reais da coroa de Portuga l ,
a vi n ta c inco d [e] O utubro. El rey o m a n dou p o r Dom Fran­
cisco Masqarenhas, conde de Vi l l a d [e ] Orta, capitão mor dos
[fI. 68,,] genetes, da guarda, do seu conse l h o e viso rey II d a J n d i a .
M a n oe l Coel ho a féz . Ano d o nacimento de nosso senhor Jesu
Ch risto de m i l e q u i nhentos o i te n ta e h u m . E u JOdo de Fa ria o
fiz escreuer. O conde D om Fra ncisco Masqarenhas. Carta per
q u e há por bem que João Fern a n dez, casado e morador en D i o
e s u a molher sej ão ambos h u ma vida no a foramento d a barca
de p assa j em do paço do cabo da i l h a do d i to Dio q ue está em
Bra ncavará, de que na petiçam atráz faz menção, que o terá e
pessu h i rá assi e da maneira q u e l he foi a forado; e o que derra­
deiro fal eçer nomeará a segunda em m acho o u femea, como
tudo asima declara, a qual ca rta he passada pella cha nçel l aria e
registada em seu titolo. E porque h e passada sobre portaria de
ser este João Fern a ndez e sua molher a mbos h u ma vida e não
ter mais n omeação, faz d u u i da dizer que nomeará em femea ou
em maçho os quais são fal leçidos.

Jrem Vitolá gentio pessue nos a r ra b a l des de seus a ntepassados


tres q uartos de v igas de regad i o . Paga de fom d u as tangas e
meia e meio q uarto.

Jrcm O d i to João Fer n an d e z pessue n a a ldea de Bra ncava ré1


h u m a orta q ue foi de h u m mouro, per nome Abedu e anclaua
sonegada , que lhe féz merce Dom Marti n ho da S i l L1eÍfa ca pitão
da fortaleza de Dio, confirmada pel lo governador Dom D i ogo
de M eneses I H4 e com fi rmada pellos p rocuradores da Sé de Goa,
por ter de merçe os sonegados desta i l h a .
E assi pessue mais dozaseis vigas d e c h ão d e ç h u L1a q u e es­
tão na dita a ldea que o u ue de compra de h u l1S gentios.
E paga de foro de tudo sete p a rdaos de larins como se
[iI. 69] achou II a rrecad a r os rendei ros p a ssados, os q u a i s chãos se

I S4 Foi governador do Estado da Índia de 1 5 76 a ] 578.

1 04 TOMIIO D F. D I U - I .ln
d iz perte nçer a Jl u m fi l h o do d i to João Ferna ndez per nome
Pedro .

jtclll Manoel Tisnado pessue h u m chão, dos m u ros da çidade


pera dentro, detráz da irmida de Nossa Senh o ra da Esperança,
de tri m ta braças ' M5 de comprido e q u i nze de largo, de que l h e
féz merce o capitam A i res Fa l lcão e o comfi rmou o vedor da
fazemda Francisco Paaéz pera o pessll i r em fatiota pagando
hum !arim de foro en cada hum a n o .

jtem J o ã o Gonça l uez pessue h u ma m i sq ll i ta ao bazar gra nde d a


çidade, que pa rte c o m a a l fan dega grande, detraz das boticas,
donde vendem tamara , da q u a l l h e féz merçe o gove rn ador
João de Mendonça I S6 pera el l e e seus erdei ros acsendentes e
dessendentes, sem declaração do foro, per carta fei ta em pri­
m e i ro d [e] Agosto de setemta e q ua tro . E per custume paga de
for o dous larins, que sempre pagou e se d i z ser o d i to foro de
h u ma botica que tem n a serventia da d i ta misquita, a q u a l pl'O­
priedade pessue ora Miguel Pere i r a , por erança .

jtem Pedro Monteiro pessue n [a ] a l l dea de Nagoá h u m chão de


que l he féz merçe em fat iota o governador Manoel de Sousa
Couti n h o, per carta fei ta e m pri meiro de Dezembro de o i tenta
e o i to, que declara ter oito vigas de regad i o e v i n te de s i q ueiro
e que pessuhia dantes h u m Anto n i o Pi res com sem fedeas de
foro , com declaração que pagaria m a i s h u m pardao de l a r i s do
q u e d a n tes se p aga ua; e p aga ora sete pardaos de l a r i ns pel l o
tombo d o s rendeiros, p o r pessu i r sete vigas d e regadio e v i n te
duas v i gas de çhuva. E assi se a rrecadará. II

I iI. 691'] Declaração sobre as vigas


As vigas he h u m a çerta medida corrente e an tiga vzada na
terra q u e tem .
E semeasse esta terra o u de regadio ou com a ç h u u a . E o
de regad i o paga p o r viga a tres !arins e meio e o da ç h u ua a
meio !ar i m , por ser de siquero. E a este respeito se arrecadão os
foros das propriedades que se pessuem por vigas.

I X '; Med ida de extensão cujo v a l o r v a r i a d o s 'j ,85 m a os 2 , 2 111.


! S" Foi governador do Estado da índia de Fevereiro a Setembro de 1 5 64.

105
.llcm Geron i m o Gonçal uez possu h i a n a çidade h u m çhão a l e m
ele S a m D o m i ngos que tem ci ncoenta couodos l H7 ele comprido e
vinte de l a rgo, de que l he féz merçe o c a p i tão Manoel de M i ­
randa c o m h u m a tanga de foro p o r ano e l he c o n firmou e a fo ­
r o u o c o n d e D o m Francisco Masqarenhas e m fati ota pera sem­
pre, com s inco l a r i s ele foro por ano, per carta fei ta em oito de
Setembro ele o i temta e q uatro. E este Jero n i m o Gonça luez he
fa leçido e pessue esta propriedade sua mol h e I' Francisc a Lopez
e seus erdeiros delle .

.I tem O conde viso rey Dom Fra ncisco Masqarenhas féz merçe a
Antonio Cardoso, morador em Dio, em fati ota de dozasete vigas
de çhão de regadio e dezoito de chuua que estauão nesta aldea de
Bucheruará, con hum poço per nome Varyva ue que pess u h i a sem
titolo Samea Ramy e Baga Ramy e Mega Ramy e P u nó Ra my e
Nacão R a my e Geraze Ra m)' e Jaca Ram)' e Bana Ra my, e J a nge­
te bramene ' 88; a q u a l merçe he feita com obrigaçam de pagar o
foro q ue se deue pel lo foral, fazendo a demanda a sua custa . Per
carta feita en dezoito d [e] Agosto de oite nta e tres. II
[fI. 701 A q u a l merçe ou ue efeito, somente en dozasete vigas de re-
gadio e d éz de ç h u u a de q u e paga de foro sesemta e q uatro l a ­
r i ns e m e i o a respeito de tres l a r i ns e m e i o por v iga de regad i o ,
e d e meo l a r i m por v i ga ele ç h u u a .
E p o r fa l eçi mento de Anton io Cardoso pessue oj e e n d i a
esta p ropriedade sua mol her Ines Cardosa, que he casada com
M a n oel Rebe l l o .

JtCIll O d i to M a n oe l Rabe l lo pessue h u m a o rta p e r n o m e B a llla-


nea n os arraba l l des, de dezo i to vigas de rega d i o e q u i nze de
ç h u u a , q ue estão nos arraba l des da cidade j u n to com o ta n q ue
dos m a i natos l 89; a q u a l foi ele Geronimo Gonçal uez e a com­
prou em l e i l ã o per seu fa leçimento per a utoridade de j u iz dos
o r ffãos. E pessue a quarta parte Ag)' e Esmae l ' 90, i rmãos de
q ue a prezentarão titol l o . Pagão por ano setenta l a r i n s .

I S7 Côvado, a ntiga medida l i nea r q u e correspondia a 6 6 cm .


I SS
Brâmane, indi víduo da casta sacerdotal hindu, sacerdote; d. Da l gado, G losstÍrio, s . v.
I X" 1t
I a i nato, do m a la i a Iam 1I1a1l1laltnll, designa uma cast" das mais ba ixas q u e há na índia, a
q u a l se especi a l izou na lavagem da roupa. Na África Oriental a ca b ou por designar o criado do­
méstico; cf. D a lgado, Glossário, s.v.
1 "" Ismael, lsmâ'il.

l O6 Ttnll1tl llF. I l I U - I.lYl


o paço de B unçhervará que pessue Bertolameu Moreira
jtem O c o n d e viso rey Dom L u i s ele [ A ] ta i de I 9 1 féz m erçe a
Afonso Ferrei ra da S i l ua elo paço do b a l l u ar te velho q u e está
na i l ha ele D i a , na a l dea de B uncheru a rá , en d i a s ele s u a vida,
com q u i nh e n tos reis de foro por ano, e o conde viso rey Dom
Fra ncisco Masqarenhas lhe féz m erçe de m a i s d uas vidas pera
serem tres, e l h e passou a l u a ra de l icença pera poder trespassa r
o d i to paço, por bem elo qual o trespassou em Berto l a m e u Mo­
r e i ra por m i l parda os de l a r i n s . E o d i to conde v i so rey confi r-
I II . 70\'1 m o u II a d i ta trespaçassão e aforou o d i to paço ao d i to Bertola­
meu Morei ra n a s d i tas tres vidas, de que e l le será a p r i me i ra e
a o ra de s u a morte nomeara a segu nda e a segun d a a terçei ra
com os d itos q u i n hentos reis de for o . De q u e pagou a q uaren­
ten a , como se contem na car ta que l he foi passada pel l o d ito
conele em çi nco d [e] A b r i l de o i tenta e tres, por bem ela q u a l o
d ito Berto l a m e u Morei ra o pessue o j e en d i a na p r i m e i ra v i d a .

jtem O governador D i ogo ele Meneses l 92 a forou a J o ã o Gonça l -


uez em tres v idas h u m c h ã o c o n h u m a çerca e com h u m p oço
que se ç h a m a Çha ncery, que está 11 [a 1 a ldea ele B u nçherv a rai e
tem déz v i gas de regadioi e per seu fa lecimento nomeou n a se­
gunda v i d a em Berto l a meu Moreira seu gen rro. E o governa­
dor Manoel ele Sousa Couti n h o passou carta q ue comfi r moLl a
d ita nomeassão e l h e a forou o d i to chão e v igas nas d itas duas
v i das, pagando o foro que pagauão os p r i m e i ros poss u i d o res, o
q u a l foro h e a tres l a r i ns e meio por viga , que fazem t r i m ta e
çinco l a r insi a q u a l ca rta h e fei ta e n vi nte dous d e Feuerei ro ele
n ouemta, por bem da qual o d ito Berto l a m e u Moreira pessue
esta propriedade oj e e n dia na segu nda vida .

.Itcm O d i to Berto l a m e u Morei ra pessue na d i ta a l dea dozasete


vigas de c h u ua , por nome D i nquoa, que foi de seu sogro Gero­
n i m o Gonçal uezi e se vendeo no l e i l ã o por a u toridade do j u i z
d o s orHã os, de q u e pagou a q uarentenai e paga de foro o i to l a ­
r i n s e m e i o , a m e i o l a r i m por caela viga .

I � I N a segunda vez q u e foi vice-rei d o Estado da Í ndia ( 1 5 78 a 1 5 8 1 ) .

l n Fo i governador d o Estado d a Í n d i a de 1 5 76 a 1 578.

1 07
Pessue mais o d i to Bertol ameu More i ra quatro a Li ci nco v i ­
ga s de chão de ç h u u a q ue estão j u n to elas de sima, q ue l h e a fo­
I fl . 7 1 J rou o feitor II Gaspar Mourão com dous l a r i ns de foro pOl
ano, em v i m te e h u m de J u l ho, digo em onze de J u l h o d e 9 1 .

jrcm N a n a Parcea , banea ne l 9J , pessue nos arraball des d a çidade


h u m çhão j unto da orta dos j ogues l 94, que tem dezoito v igas ,
tres de rega d i o e q u i nze de ç h u u a , en q ue se monta dezo i to l a ­
r i n s de foro; o q ual çhão ouue d e compra d e h u m m o u r o p e r
nome Mea l e .

jrcm Jaoha e Quesó Ba ngaça ly possue n o s a rL'a ba l des h u m ç h ã o


que está quando vam pera a misquita do m a r j u nto d a o r t a d o s
j ogues q ue t e m q u inze v i gas de regadio, q u e f o i d e h uma mou­
ra per nome Fatema 1 95 e p aga de foro a tres l a r i ns e meio p or
viga. E montasse ci ncoen ta e dous larins e meio .

.lrcm O d i to Jaohá pessue n a a l dea de B u nçheruará çinco v igas e


h u n quarto, a saber, huma v i ga e h u m q uarto de regadio, e a s
q u a tro de ç h u u a q u e pessue por b e m de huma semtença de q u e
p aga d e foro seis l a r i n s e h u m q uarto e m e i o .

.lrcm Camtá Quesó, ba n iane, possue na a l dea de Bunçhervará


catorze v igas de çhão q ue d i z ter duas vigas e meia de rega d i o e
onze vigas e mei a de ç h u u a , q u e ouue de compra ele Gol l i ó col­
l e l 9G e p aga catorze laris e meio.

jtem Saui a Sony, ba n i a n e de casta OU l'l vez, possue nos arra b a l -


d e s tres vigas e tres q u artos de regad i o e tres vigas e meia de

'"3 Baneane, baniane, termo util izado pelos portugueses para designar o s J a inas do Guzerate

que se dedicavam ao comércio, do guzerate vt1l/iyo (sing.) e vt1l/iyt11/ ( p l . ) , «negociante, negociantes » ,


d o sânscrito vaI/ii, «mercador», val/ig-ial/a, «homem d e negócio » ; cf. D a lgado, Glossário, s.v.
' "4 Jogue, do sânscrito )'Ogl, « o homem que pratica o )'oga » , designa o hindu peniten te, men­
d icante c peripatético; cf. Da lgado, G lossário, s.v.
l Y 5 F::ltima.
1%
Cole, d o guzerate Iwl/I, designa u m a casta de sudras que, no Guzera te, se dedica à pescn­
ria e horticultura; cf. D a lgado, G lossário, s.v. Ta m bém foram usados como carregadores, estiva­
d ores e m a r i n he i ros. Em Diu os coles d i v idem-se em três grupos endogâmicos: os Ra j p u t K a l i ,
pescadores, o s K h e d u t Kali, agricul tores, e o s K a d i a K a l i , pedreiros; c f . N . K. S inh a , « K a l i » , il/
K. S. Si ngh, Peo/Jle of [I/dia, 1'01 . X I X , Da/l1al/ al/d Dili, Bom baim, 1 9 94, pp. 9 9 - 1 0 8 .

., 0 8 TO.\ I IIO DE D I U - I sn
ç hu ua e h u m çhão que está nos arraballdes; paga de fo ro q u i n ­
z e l a r i ns menos h u m q uarto. II

Item D eugy, fi l h o de Cresenda as, ban i a ne, possue n a a l dea de


[ fI. 7 1 ,, 1 B u nc hervará doze vigas e meia de çhão, oito de regadio com
hum poço e q uatro de çhuua, e assi pessue mais hum poço com
tres larins de foro; paga de tudo vint[eJ oito l a r i n s e tres q uartos.

Item Pessue mais o d ito Deugy nesta a l dea j untamente com Vas-
sa n , sete vigas e h u m q u a rto de çhão de regadio, e q u i nze vigas
de çhuua, que o uueram de compra de Si mão Ferna ndez, e fo­
rão de Gouinde D r u . Paga de foro tri nta e tres laris menos tres
d ucaras.

jtcm L i mbasete, botiq u e i ro dos mantimentos, possue nos a rr a -


bal des da çidade si nco vigas d e çhão d e regadio e sete d e ç h u u a
c o m d o u s poços d [e ] agoa, de que p aga v inte e h u m l a r i m d e
foro p o r a n o .

Item Vasan e seus sobri n hos, Lalgy e Sorgy pessuem j u n ta mente


onze vigas de chão de regadio nos arr a b a l des; pagão de foro
tri m ta e oito l a r i n s e meio a tres l a r i s e meio por viga .

I tem Os sobreditos Vasan e seus sobr i n h os Lalgy e Surgy pessu-


em j un tamente na a ldea de Bu nçhervará trese vigas de ç h ã o ,
d é z de regadio e tres de ç h u u a ; pagam d e foro tri n ta e s e i s l a -
. .

ri ns e melO.

jtem Bastiam de [A]ta i de pessue na a l dea B unchervará doze v i -


g a s de çhão d e regadio e duas v igas de chuua que estão n a orta
c h amada Camy, que o u ue de compra da mão de Fernão da S i l ­
ueira e d e sua mol her Pa u l a d a S i l ueira, p e r escreptura d e q u e
paga d e foro q u a renta e tres b r i n s . II

Item J oão R i beiro paga seis l a r i n s de foro de h u m chão e d u a s


[ fI . 721 boticas, que d i sse q ue forão dantes de Bertolame u A lu a rez e se
açhou pagar este foro p e l l o tombo dos rendeiros e as pessue
per erança de sua mol her Ana P i rez.

1 09
Item Gasp a r Vel h o pessue na cidade h u n s chãos com h u mas ca-
sas e boticas q u e forão dei rey de Cambaia e do d i uão l 97, e de
hum catual que l he fo i a forado pello vedor da fazen da Vicente
D i az de V i l h a lobos, com c inco l a r i s de foro por a no , sobre que
tem semtença .

Item Rodrigo Correa pessue n a cidade h un s chãos que estão n o


bairro de Camcaria q ue tem de comprido e de l a rgo cento e
déz couodos e l h e foi a forado em fatiota pello uedor d a fazen­
da Francisco de Frias, com hum l a r i m de foro por ano, por
carta fei ta em primeiro d [e] Outu bro de oitenta e dous.

jrem O d i to Rodrigo Correa possue n a çidade h u m pedaço de


çhão q ue está n a rua de Va ssane, corretor, q ue l he foi a forada
pello cap i ta m Ai res Fa lcão e pollo fei tor B a l tezar Range l , com
hum larin de foro por a no .

jtem A leixo Goméz pessue n a a ldea B u nçhervará treze v i g a s e


meia de regadio e sete de ç h u u a de chão, com h u m poço e orta
per n ome Varallay, q ue O U lle de compra no lei l ã o o nde se ven­
deo por a u toridade do j ui z dos orffãos per fal leçimento de He­
ron i mo Gonçal uez que pess u h i a , de que pagou a q u a rentena e
tem ca rta de a rrematação de que paga de foro ci ncoenta l a r i n s
e tres quartos, a d i ta rezão d e tres lar i ns e meio por c a d a v1ga
de regadio e meio la r)' por viga de c h u u a . II

jtem João Gonça l uez pessue n a çidade h u m as casas i n d o pera o


[fI. 72v] Casapova rá defron te do mestre das obras, que forão a fo radas
per meio l ar)'m cad[a] a n o pello feitor Simão d [e] Abreu a N i ­
col l a o Velho, que a s vendeo a A n to n i o N unéz, a n teçessor do
d i to João Gonça l uez.

jrem H er o n i m o R o d r i g u e z C a m e l l o p e s s u e h u m p e d a s s o de
chão n a c i dade q ue está a n tre Gonça l lo G i l e L u is P i rez q u e
t e m d é z braças de comprido e oito de l a rgo, que l he foi dado
pello capitão Manoel de Miranda e confi rmado pello V 1 S 0 re)'
D on D ua rte com foro de h u m l a r i m e meio por a n o .

' "7 D i vão, neste sentido sign i fica « m i n istro d e Estado " , c u j a etimo logia é d iscutida entre °
persa dev, « l ouco, d i a b o " , epíteto a p l icado aos secret<irios, e ° ,í rabe d(//VlVnlln, «recolher, regis­
t a r " , de onde surgiria «co lecção de fo l has,, ; d. Da lgado, Glossário, s.v.

1 10 Tmll\ll ))F DIU - I .ln


.ltelll Berto1ameu Mmei ra pessue h umas boticas no bazar ela cida-
ele q ue forão de seu sogro Geronimo Gonçaluez que as compro u
a h u m Simão da S i l ua q u e a s vende o sem licença, sendo foreiras.
E o governador Manoel de Sousa Couti nho o rel leuou da pena,
por patten te fei ta em vinta quatro d [e] O utu bro de noven ta .
E d isse que pagaua de foro dous pardaos de 1arins por ano.
Do chão destas boticas foi feito merçe a João Gonça lu ez
com outras trimta e seis mais q u e pessuem seus erdeiros pel l o
conde d o Redondo 1 n viso rey e m fatiota pera sem p re pera e l l e
e seus erdeiros asendentes e dessendentes p e r carta fei ta a none
de Nouem b ro de q u i n hentos e sesem ta e tres .

o p aço de Tety que pessue Jorge Callado


.Item O Paço ele Teti foi aforado a J mge C a l lado e n dias de sua
vida p o l l o capitão R u i P iréz de Ta uora p o l l o desco brir noua­
mente com doLlS pardaos de larins de for o por a nno, per carta
fei ta e n 29 ele Nouembro de 77, con fi rmado pel l o governador
Fer n ã o Teles, per posti l l a feita en 2 6 de M arço de 8 1 . II
I fl . 73J O viso rey D o n D uarte de Meneses l h e féz merce de mais
huma v i da que nomearia per sua morte com a obrigação de
pagar q uem socedesse a q uarta p arte mais ele foro, por carta
feita em tres de Nouembro de o i tenta e sete .
O governador Manoel de Sousa Couti n ho l he féz merçe de
mais hum a vida pera serem tres pagando quem socedesse a quar­
ta parte mais de foro per carta feita em primeiro de Feuerei ro de
8 9 . E o dito Jorge Call a do pessue oje en d i a na primeira v i el a .

jtem Diogo Fernandez pessue na a l dea de D a ngrauary h u ns chãos


de regadio de treze vigas e tres v igas mais de çh u u a que o uue de
compra no leilão per autoridade do j ui z dos orffãos por serem de
João Lima, defunto, de que paga de foro q uarenta e sete larins.

O cargo de pilloto mor e mocadão 199 das tapanaas200


jtem O di to D i ogo Ferna ndez he prou ido dos ca rgos de p i l l oto
mor e mocadão das tapanaas deste p orto de D i o en dias de sua

1 % Fo i vice-rei do Est'l d o da Índia de ] 5 6 1 a 1 564 .

I ;; lvl ocadiio, o arrais, patrão, chefe de uma tri pulação, do á ra be II/llqaddall/, « a n teri or, pre­
cede n te » , cm conca n i ""tI,dall/; d. D a lgado, Glossário, s . v.
21111 Ti po de e m b a l"caçiio não ide nti fica d a .

I I I
vida per merçe q ue l h e féz o conde v i so re)' Dom Francisco
Masqare nh a s e o viso re)' Don D u arte de Meneses l h e passou
carta de con firmaçam e l h e a forou os d itos ca rgos e n sua v i d a
c o m dous pardaos de l a r i ns de foro, p e r carta fei ta en dous d e
J a n e i ro de o i te n ta e seis.

Aforamento do sabão que pessue B altesar Rodriguez


Jtem Esta renda do sabão se enouou averá q u a tro II a n os neste
[ 11 731'1 modo . Avia q ua tro homens mouros estra nge i ro s q ue v ierão fa­
zer asento n esta çi dade e de q u i nze anos a esta parte ordenarão
fazerem sabão pera venderem a o pouo e o fazião sem l i cença e
m ui t o r o i m , e fa lçe ficcado l a nsando m u i ta s i nza e ç h u na m ­
b0 20 1 de modo q u e era o pouo enganado, e assi a s m a i s peçoas
que o compra u ã o pera fora. E sendo sabedor disto B a l tezar
Rodriguez d [e] Aza uedo e fazendo certo o sobred i to por estro­
mento de testemun has, o prouedor da fazenda D iogo d [e] A l ­
boqu erqe l h e a forou a d i ta renda em fatiota pera sempre, pera
n i mguem poder fazer sabão n a çi dade de Dio e seus termos se­
não e l le o u q uem ti uesse comissão sua, com foro de seis par­
daos de ! a r i n s por ano. E foi confirmado o d i to a foramento
pello governador Manoel de Sousa Couti n ho com pa reçer dos
desembargadores em l11eza da Rell açam com pagar q u inze p a r­
da os de I aris por anno, con declaraçam que n [ e n ] h u l11a v i a em­
pedi r á a s peçoas q u e q u i zerem fazer sabão o poderem fazer,
com se concertarem con elle, de modo q u e o aja na terra bom,
e n ã o perca o pouo por fal ta d i sso, como declara a carta feita
en 24 de Janeiro de 89, na q u a l declara no cabo q ue p osto q u e
a carta d iga q u e l he a fo ra a renda a s i m a e n fa tiota, q u e a n ã o
a fora senão en tres v i das, de que o d ito Ba l tezar Rodriguez
será a primeira, e a ora de sua morte nomeará a 2a e a segunda
a treçe i r a . E por bem da d i ta carta o d i to Baltezar Rodriguez
possue esta renda de sabão oje en dia na p r i meira v i da, com o
foro de q u inze pardaos de laris por anno .

.l tcm S U l11uça e Virgeson)' e Quesó Bangaça ly possuem h u m pe-


daço de chão na çidade q ue foi misqui ta q u e esta no ç h a l l e de

21 1 1 C h u n a lll bo, a c a l obtida pela calcinaç,i o da concha de mol uscos, cio m a l a i a b Chlllllltllll­
b/l, com origem no sânscrito clJ/lrt/tI; cf. Dalgado, Glossário, 5.1'.

1 12 TO.\ I IIO DE DIU - 1592


Va rapollea q u e o u ueram de compra de B a l tesa r Rodrig uez II
[fI. 74J d [e ] Aza uedo de q u e paga de foro ç inco l a r i n s por a n n o .

.Irem Nico l l a o Fernan dez pessue h U l1s pedaços de çhãos que es-
tão n a çidade que forão de h um mouro per nome Medi ni r ã o .
E n e l a esta u ã o h u t11as casas e assi h u m çhão de h u m Osta l l y
O l v a i q u e t u d o t e m n o uemta braças de c o m p r i d o , e v i n t e
h u m a de l a rgo, e pa rte c o m a rua p u b lica q ue v a i da çidade
pera o campo da choca202, dos quais chãos l h e féz m erçe o go­
vernador Manoel de Sousa Couti n h o em fati ota com s i nco l a ­
r i ns de foro por a n o , per carta fei ta en 2 2 de Feuereiro d e 9 0 .

Aldea Mallala
Esta a ldea M a l l a l a está l a nçada n o for a l fI . 5 , com seis or­
tas q ue todas pagão de foro seisçemtas e noventa e sete fedeas,
entrando noue fedeas e meia de foro das casas das peçoas que
v i u e m nella que não pessuem ortas nem p a l m e i ras, as q ua i s fe­
deas v a l l e m quatro per h u m larim de dez d ucaras a fedea e de
q u arenta d ucaras o l a r i m que fazem tri nta e q uatro pardaos de
l a r i n s e quatro l a r i ns e h u m q uarto, pessu i n do as ortas desta
a ldea çertos col les, e pagando o d ito foro con forme o for a l
h u m J o ã o Gonçal uez casado e morador e m D i o . Fez petiçam
a o vedor da Fazenda Antonio Rodriguez de Gamboa, porque
lhe fazia çerto que os d i tos col les pess u h i ã o a d ita a l dea sem ti­
tol lo, e a trazião sonegada pertençendo toda a a l dea a faze n da
de S u a M agestade por ser de h u m mouro q u e se ç h a m a u a Me­
a rragem que foi J ascarym deI rey de Cam baia que m orreo sem
[ II. 74 1'1 erdeiros, e ficaua II erdeiro de d ireito e l rey n osso senhor; e
p o l l o assi descobri r l he foi dada a terça parte da d ita a l de a .
E as d uas p artes a ndarão em l e i lão pera se a forar a quem m a i s
desse e f o i arrematada e a forada ao d i to J o ã o Gonça l uez as d i ­
t a s d u as partes p o r c imco pardaos de l a r i n s , de q ue l h e foi pas­
sado carta pel l o d i to uedor da fazemda em fa tiota , en catorze
de Março de setenta e comfirmada pel lo vi so rey D o m Luis de
[A]taide per carta fei ta en 3 de Setembro de sete m t a . E o dito

202 l . e . , o c a m po onde s e jogava pólo. Choca, d o persa c/;{/lIgâll, designa o sticl� pec u l i a r que
o joga d o r de pólo u ri l iza. A raiz persa deu a i n d a origem it p a lavra chica n a , também re lacionada
com o pólo; d. Da lgado, Glossário, s . v. e Henry Yule e A . C. BU J'Ile l l , Hobsoll ./ObSOIl, s . v.

1 13
Joã o Gonça l uez ouue sen tença contra os d i tos col les q u e peSSll­
h i ã o a d i ta a l ldea sem ti to l l o , con declaraçam que paga ria o
foro comteudo no fo ral como tudo u)' dos d i tos papeis que me
forão aprezemtados, de modo q u e ficaua obrigado o d i to João
Gonçaluez a paga r a fazenda de S u a Magestade en cada h u m
a n o de foro desta a l l dea tri m ta e n o ue pardaos d e l a r i n s e q u a ­
t r o l a ri n s e h u m q u a rto, a saber, tril1lta e quatro pardaos de l a ­
r i n s quatro l a r i n s e h u m q u a rto q ue s e montão nas sei ssel1ltas
nouenta e sete fedeas que esta a l dea pagaua de foro pel l o foral ,
e o p aga uão os d i tos c o l l e s . E os c imco pardaos d e foro das
duas partes della pel l o a fo ra mento fei to ao di to João Gonça l ­
uez pol i a pertença q ue a fazenda d e Sua Magestade ti n h a nesta
propriedade por lhe pertençer toda com o di to he.
E sendo assi e deuendo pagar o d ito João Gonça l uez e seu s
socessores o s d i tos t r i m ta e n o u e p a rdaos de laris e q u a tro l a r i s
e h u m q u arto não pagaraão n u nca m a i s que o s cinco pardaos
d o a foramento das d i tas duas partes, ficando sonegado todo o
foro comteudo no foral q u e h á de pagar daqui en d i a n te .
Esta a ldea pessue o r a B a l tezar de Torres, casado COI11 Ma­
r i a Gonçal uez, fi l h a e erde i r a do d i to João Gonçaluez. II
[fI. 751 Esta p a rte féz çerto per estromen to de teste m u n h a s q u e
esta a ldea n ã o tin ha l a s)2°3 orta s declaradas n o fora l . E que es­
taua m u i ta pa rte del l a a reada q uando se féz merçe a João Gon­
çaluez. E per sentença do uedor da fazel1lda Fra ncisco Paaéz
foi man dado que se fizesse mediçam das vigas que n e l l a a u i a ,
a s s i de regadio c o m o d e çh u ua que s e podesse a prou e i ta r; e p a ­
gasse d e foro a tres l a r i s e m e i o p o l i a viga de rega d i o , e a m e i o
l a r i m p o r viga de ç b u u a c o m o h e custume; e assi m a is o s c i n c o
parda os de l a r i n s do a fo ra me n to q u e se féz do sen h orio d e ll a e
se arrecadarà o que se n isso montar.

Jrelll João Gonça l uez pessu e na a l dea ele D a ngraua r)' h u ma orta
per nome Ca my, que ou ue ele compra se u an teçessor Mate u s
C a l l deira, d o s erelei ros de h u m P a u l l o Coel ho, a qual o rta está
l a nsaela no foral fI . 6, con dec l a raçã o que paga ele foro q u a tro­
çem tas e c i ncoenta e noue fedeas e meia, que fazem v i nte elOllS
pardaos de lari ns, qu atro 1 a ri n s e tres feeleas e meia. E os ren-

10 1 F ó l i o d a n i fica d o .

1 14 Tll.\l II(l IlE I l I U - 1 5 Y 2


deiros arrecadauão somente v i n te larins, pello que se a rreca da­
rá o d i to foro do fora l .

.Irem Agostin h o Mendéz pessue em Goga l l á o s çhãos q ue per-


tençem a Sua Magestade onde estaua a forta leza, cios q u a i s l he
I II . 751'] foi fei to II me rçe en tres vidas pel lo governador Fern ã o Tel les
não entrando os que ja erão dados per carta fei ta en dozasete
d [e] Agosto de oi ten ta e h u m , con decla ração que pagari a de
foro, o que lhe fosse açentaclo pello uedor ela fazenda elo Nor­
te, o q u a l for o foi açentaelo por Francisco ele Frias e m contia
de eléz parelaos ele larins por a no . E foi comfi rmaclo pel l o con­
el e viso rey Dom Fra n c i sco Masqarenhas per post i l l a e m p r i ­
m e i r o ele Março d e 8 3 .

j lem H u m çhão e tres casas velhas com tres boticas q ue forão


deI rey de Cambaia q u e estão no bazar cio a r roz cl a çidade fo i
feito merçe a J urdão ele Moura em fa tiota pera e l l e e seus des­
sen elentes com tres la rins de foro por a n o , pel l o capitã o D o n
A n to n i o de Noro n h a , con f i r m ado pe l l o conde do R e d o n d o
viso rey, p e r a e l l e e s e u s erdeiros asendentes e dessendentes per
caLta fei ta a 22 d [e] O u t u b ro ele sesemta e dous.
O d i to Jurelão ele Moura vendeo estas p ropriedades a Ge­
ron i m o Gonçal uez por m i l çento e oitenta pardaos, ten d o fei to
a lgu mas bemfeitori as sem l icença, pello que pertençi ão a fazen­
da de Sua Magestade e o govern ador Manoel de Sousa Couti­
nho féz merce a Pedro N u nez soçessor do el ito Gero n i mo Gon­
çal uez das di tas propriedades nouamente com todo d i re i to e
a ução que nella pod i a te r o d i to sen hor, com o dito for o e c o m
o b rigaça m ele pagar s e m pardaos d [e ] esm o l l a pera N o s s a
S e n hora d a Lap a , que os entregaria a Diogo Soeiro, p e r ca rta
feita a 24 d [e] Outubro de o i te n ta e noue. Por bem da q u a l
pessue o d i to Peelro Nu nez a el i ta propriedade o j e e n d i a .
E a presemtoLl conto d e D i ogo Soeiro el e C0l110 reçe beo o s d itos
çem parda os.

Jrrll! B a l tesar Froi s he p ro u i do dos ca rgos de m i ra bá e g u a rda II


[ fI. 761 de Gogo l l á , e ele mocadão das manás204 da medielagem de ç i d a -

211·1 Tipo d e embarcação n ã o identi fica d o .

I J5
de d e D ia, e n dias de sua vida por seus seruiços e por casar
com Catarina Rodriguez a quem o v i so rey Don D uarte t i n h a
fei to merçe dos d i tos cargos p e r a s e u casamento, c o m obr iga­
çam de pagar hum p a rdao de ! a r i n s do foro por ano, per carta
a s i n a da p e l l o viso rey Matias d [e] A l b u q uerqe a o i to de Janei LO
de n o uenta e clous .

.Item Francisco Carclozo pessue nos arraba l lcles da çidade h u n s


ç h ã o s que tem onze vigas de regadio e doze vigas de çb uua q ue
ouue de compra dos que as pessuh i ão por tres escreturas que
a presentou. E paga de foro q uarenta e q uatro larins e 1T1eo, a tres
l a r i n s e meio por viga de regadio, e meo larym por viga de çhuua .

.Irem D i ogo de Moura, cristão da terra, pessue n os arraba l l des


desta çidade quatro v igas de çhão de regad i o que ou ue de com­
pra de huma moura per nome Ta n a l i ba , de que a p resentou es­
cret u ra . Paga de foro .qu i nze !arins e tres q u artos a tres l a r i ns e
meio por cada v iga .

.Irem B a n á , b a n i a ne, f i l ho de Ety, pessue nos arraballdes desta


çidade onze v igas de çhão, çi nco vigas e m e i a de regadio e cin­
co v i gas e meia de ç h u u a , das q u a i s tem per escreptl1l'a o i to vi­
gas que o d i to seu p a i comprou a huma moura per nome Fate­
m a ; e estas v igas dec l a r o u q u e p e s s u h i a m a i s , e se a c h o u
estarem l ançadas no tombo dos rendeiros, d e q u e paga d e foro
v i n te e dous l a rins, a tres l a r i s e meio por viga de rega d i o e
meio larim por viga de çhuva. II

.Irem Laricá, baniane, corretor, pessue nos arrabaldes desta çidade


[fI. 76vJ sete v igas e meia de çhão que ouue de compra por tres escreptu­
ras, a saber, quatLO v igas e meia de regadio e tres de çhuua. Paga
de foro dozasete !arins e h u m q uarto ao dito respeito.

Item Pedr[o] A l u a rez pessue h u ma orta e c h ã o s na a l dea ele


Brancavará que pess u h i a m huns c o l l es per nome Qui ser e Ca­
mala sem titoll o e lhe féz elelles merçe o cap i tão Dom Marti­
nho ela S i lueira com tres p a relaos el e lar is ele foro por ano. E
ouue sen tença con tra os el itos colles. E o viso rey Dom D uarte
l he passou carta ele confirmação com o d i to foro em fatiota

116 Tll,\ I I\t1 DI' DIU - 1 5n


pera sempre pera el le e seus e rdei ros asendentes e desse ndentes,
per carta feita en dezoi to de Novembro de q u i n hentos o i te m ta
e seis. Os q u a i s chãos pessue ora M a r i a Gonçal uez, fi l h a do
d i to Ped r [oJ Al uarez, casada com Belch ior Diaz.

Irem J eorge Garçes ouue de merçe de trinta vigas de çhão de re-


gad i o q u e pessuh i ã o certos col les sem titollo na a ldea de B u ­
çheruará p e l l o governador A n to n i o M o n i z Barret0 205, c o m de­
claração que paga r i a o foro q ue os d i tos col les paga uão; per
ca rta feita em 26 de Feuerei ro de 77. E p aga de foro vi nte e
h u m pardaos de !arins .

.Irem O dito Jorge Garçes ou ue mais de merçe na al dea de Dan-


grauary de sete v igas de çhão de regad io q u e pessuhião huns col-
[ fI . 7 7 J l es II sem titollo, a qual merçe l h e féz o capi tão Dom Marti n h o
da Sil ueira e a confi rmou o governador D o m D iogo d e Meneses,
pagando o foro acustumado, per carta feita a cinco de Feuereiro
de setemta e oito. E monta no foro v inta quatro laris e meio .

.lrel11 O d ito J orge Ga rçés ouue mais de merçe de vinte vigas de


çh ã os de regadio com tres possos d [eJ agoa na d i ta a ldea de
D an gravary que pessuh i ã o h u ns col les sen titollo, a q u a l merce
l h e féz o governador Anton i o Moniz Barreto, pagando de foro
dos d i tos çhãos e das n o ui dades e betre conforme o fora l , assi
como pagão os l a madores per carta feita e n v i n te de M a io de
setenta e sete. E monta no foro seten ta l a r i n s . E estas proprie­
dades pess ue ora M a r i a de Vel l a r sua mol her oje e n d i a .

Jrem B a b a n e e Coqane, j rmãos, pessuem n o s arrabaldes da cida-


de tres v i gas de çhão de rega d i o com hum q u arto de h u m
poço, q u e o uueram d e compra de h um Fernão d e Noronh a .
Pagão d e foro déz l a r i ns e meio por a n o .

Jrcm Os d i tos Babane e Coqane pessuem n os a rr a b a l des outras


tres v igas de çhão de regadio que ouueram de compra de h uma
gen t i a per nome Ca l l y, que estã o j u nto da orta dos j oguez.
Paga de foro déz laris e mei o .

10.\ Foi governador cio Estado d a Índia d e 1 5 73 a 1 5 7 6 .

117
.ftem G i u a n te [e] Bauane pessuem nos arra bal dez déz v igas de
çhão de ç h u u a com dous poços que d i sse que erão çeqos que
os o u ue por compra) e paga ci nco lari ns de foro por ano, a
meio l a ri m por v i g a .

jrem Dramadar, b a n i a ne, pessue n o s arra baldes h u m a v i ga d e


regad i o q ue s e u s a ntep a ssados pess u i ã o j u n to d e D i ogo de
Moura. Paga de foro tres larins e meio por a n o . II

jrem B i maga n dy e Pacha seu sobrinho pessuem nos arrabaldes sete


[fI. 77 1'1 v igas de çhão de regadio e huma viga e meia de çhu ua de seus a n ­
tepassados, de que paga d e foro vinta sinco l a r i s e h u m quarto, e
mais quatro laris de hum poço q ue se chama Na ndavaue.

Jrem B a b a n á e Madó e seus sobr inhos o u r i ues de casta do s l n -


de20 G , possuem n a s arrabaldes da çidade c i nco vigas e b u m
q uarto de chão de rega d i o , e mais h uma v iga e tres q uartos d e
ç h u u a e m duas ortas que o u ue d e compra de q ue a p resen to u
d u as escrepturas, de q u e pagão d e foro deza n o u e l a r i s .

jrem F r a n c i sco de Noronha possue n a a ldea de B unçheruará


q uatro v igas de chão de regadio q ue o u ue de m erce p e l l o v i so
rey D o n Antão de Noron h a e O Llue de b u n s colles q u e pessu­
h iã o . Paga de foro catorze l a r i n s .

Jrem J o ã o Barbosa pessue na a l dea de Brancavara d é z v i g a s d e


chão, seis de regad i o e quatro d e c h u u a , q u e o u ue de compra
de Pedro de Noronha, com sete vigas, per escreptura e decla ­
r o u ter grangeado m a i s tres vigas com as q u a i s fazem as déz
deste tito l l o .

.I tem Pessu e m a is n a d i ta a ldea quatro v igas de regad i o e si nco


de çhuua o d i to João Barbosa. E h u m çhão que tem algumas l i ­
meiras207 e p a l m eiras q ue ouue d e compra dos j r m ã os de Sam­
sam i ã o p or ser erdeiro de h u m Gonça l l o Gil q u e o pess u h i a .

211(, D algaclo fez deriva r o nome desta casta, o r i u n d a d e a n tigos escravos, d o m a ra ta sil/da ou
xiI/da. Contudo, a referida casta n ã o se dedicava a tirar a sura, pelo que teriam sido os portugue­
ses que, a p a r t i r d o m a nHa sil/di, sil/dhi ou xiI/di, " pa lmeira brava» e a sua SUl'a, caracterizara t11 a
casta q u e v i v i a da elaboração da s u m . CL Da lgado, G lossário, s.v.
2117 A Citms rllIm/ltii(olia ( C!Jristlll. ).

1IR Tll,I I',O IJI, IJIU - I s n


Jtel11 Pessue mais o dito João Barbosa na dita aldea de Brancallvará
[ fI. 7 8 ] h u m chão con eloze vigas, oito de ç h uua e qua tro ele regad i o que
tem h u m poço que o uue de compra de hum Cagagy, mouro,
como se vio na escreptL1ra. Possue mais na dita al dea doze vigas
de chão, quatro de regadio e oito de chuua, como declarou o
dito João Barbosa , que ouue de compra ele h u m Anton i o Gonça l­
uez. Paga de tudo setemta e çinco l arins e meio, a tres l a r i n s por
viga de regadio e a meio larim por viga de çhuua.
Pessue mai s o d ito João B a rbosa n a d i ta a ldea hum çhão
q u e d isse ser m a n i n h 02og, q u e comprou a Gaspar G a rç i a , a
quem féz merçe o capitão A ires Fa J lcão, com s i nco l a r i n s de
foro lemi tado.

jtem Fernão da Si l ueira pessue sesemta vigas de çhão de chuua


e m Brancauará, de que l h e féz merçe o capi tão Ma n o e l de Nl i ­
randa, de q ue paga tri nta laris de foro por ano, a meio 1 3 r i m
por v iga , d e q u e apresentou provi s a m c o m a posse .

.Item João da Costa , morador em Baçaym, pessue n ove boticas


n a çidade, n o bazar dos manti mentos que estam l a nçadas no
tom b o fJ . 24, com declaração que lhe féz dellas m e rçe o viso
rey Dom Antão com trinta pardaos d[e] o u ro de foro por a n n o
e a ba xo tem h u m a declaraçam q ue d i z que o dito v i s o r e y l he
q u i to u déz pardaos de foro por ano e q ue pagasse v imte . E por
cota tem o utra decla ração que diz que o viso rey Don D ua rte
l has a forou em dezoito larins de foro por ano. He necessarlo
versse este a foramento por ser contra o prime i ro .

.Item Hum b a n i a ne , per nome Xascão, pessue h um a s casas q ue


comprou a h u m a mol h e r per nome Catico d i per escreptu r a , e
paga de foro dous l ar i ns e meio segu ndo se açhou a rrecadar
pelo rende i r o . As q u a i s pessue n a çidade. II

.Item O vedor da fazenda E n ri q ue Jaques a forou a h u m D i ogo


[fI. 781'1 Gonçal uez treze buticas que estam no bazar cios panos, com

20.< Tem duas acepções, o u designa u m terreno i m produtivo ou U I11 que só t e m m a to e plan­
tas s i l vestres, e que pertence ii comun idade. No caso presente, parece gue se trat" de u m terreno
pouco férti I .

119
tri nta pardaos de l a r i ns de foro p or ano, com declaração q ue
a u e r i a co m fi rmação d o v i sorrey, por ca rta fei ta e n sete de
M a i o de setem ta e seis o qual a foramento foi confirmado pel lo
viso rey Dom A n tão pera o d i to D i ogo Gonçal uez, em fa tiota,
pera sem p re, pera elle e seus erdeiros asendentes e dessendentes
com o d i to foro, per carta feita em 22 de Nouembro de sesem­
ta e seis. Este D i ogo Gonçaluez fal l eçeo e por verba de testa­
mento deixou por erdeira a Santa M i sericordia desta forta l eza ,
e a d ita Sancta Casa dotou estas propriedades p era as despezas
do ospita l dos pobres.

]tem Os agys2 09 que pousão em hum çhão a porta das bufaras q ue


ouveram de compra dos p rocuradores da Sé de Goa. Pagão ç i nco
!ari ns de foro por ano, como se açhou arrecadar pellos rendeiros .

.Item Vespal, moca dão dos m a n t i mentos, pessue no bazar da c i -


d a d e d u a s boticas q ue comprou a A i res Tavares, p e r escreptu­
ra. E paga de for o duas tangas l a r i n s por a no, como se açhou
arrecadarem os remdei ro s .

jtem L uís de Mendoça pessue n a a l dea D a ngra u a ry dozaseis v i -


g a s de çhão de regadio, d e q ue l h e féz mercê o capitão Dom
M a rt i n h o ela S i l lueira, p o l i a s poss u i rem h u ns, colles sem titol­
l o . A qual merce foy confirmada pello governador Dom D i ogo
[iI. 79J de Meneses en fatiota, pagan d o o foro que II deuesse pell o fo­
ra l . Por carta fei ta a 21 de Janeiro de seten ta oito. Paga c i n ­
coenta e s e i s laris d e foro por a n o .
Pessu e mais n a d ita a ldea o i to vigas ele regadio, ele q u e l h e
féz m erçé o c o n d e viso r e y D o m Françisco Masqarenhas com
h u m poço por nome Oparua uy, que pessuh ião h u ns colles sem
tito l l o , paga ndo o foro q ue se p aga pel lo fora l , por cart a fei ta
em o i to de Nouem bro de oitenta e quatro. Paga v i nt [e] oito l a ­
r i s ele foro por a n o .
P essu e m a i s na aldea de Buncheruará treze vigas de chão
de c h u u a de q ue o d i to conde lhe féz mais merce pela d ita car­
ta. Paga seis l a r i s e meio por ano.

"," O s h a j i s s ã o o s muçulmanos que v ã o e m peregrinação a Meca, d o á r a be háii, q ue passou


ao persa háijí; cf. Oalgado, Glossário, s . v.

1 20 Tll.vl IlO D!'. DIU - 1 5n


Pessue m a i s na ç i dade h U I11 ç h ã o j u n to d l a ] a l fa n dega ,
onde ora tem fei to h u m a s casas de que l h e féz merçe o c a p itão
Ai res Tel les de Meneses, com quatro tangas de foro por ano,
confirmado pel l o governador A n to n i o Moniz Barreto, por pos­
ti l l a e m quatro de J u l h o de setenta e çi nco .

.Item Gonça l l o Caru a l h o pessue dentro n a fortalez8 h u mas casas


ca h i clé1s com h U lll pedaço de çhão que está ao longo das casas
de N ossa Senhora da Esperança, de que lhe féz merce Anto n i o
d a s Pouoas, capitão d a forta leza, e con fi rmado pel l o uedor da
fazen da Fra ncisco Paaéz, com o foro de quatro larins por a n o ,
e m tres de Março de 9 2 .

Item Anto n i o Jorge, mestre das obras, pessue h u m çhão c o m


h ll mas cazi n has p a l h otas q u e estão n a çidade e m Casapovará,
de q u e paga de foro q u atro l a r i ns por ano, de que apresentou
sem tença por onde pessll h i a . II

. I tem Berto l a meu Moreira declarou possu h i r nesta a ll dea de Bun-


[fI. 79v] cheruará, pegado COlll outros çhãos seus, nove vigas de ç h u ua de
que pagaua o foro, sem ter titollo e l he foi a forado p e l l o uedor
da fazenda Francisco Paaéz, pollo pessuir com bom titollo. E pa­
gará meio larim de foro por viga como he custUl1le .

.Item Jassiuam, ban iane, fi l h o de C8xi, pessue n8 çid8de h U l118


botica 80nde vendem t81118ra, q u e o u ue de compr8 per h u m 8
escretur8 q u e 8presento u , e p8ga 18r i m e meio d e foro, com o se
8chou 8rrecadarsse p e l l os rendei ros .

.Item A n tonio Meira que 01'8 h e a uzente, pessue e m B r8 ncavará


e B ucheruará quarent8 e dU8s v igas de regadio e tri m ta v igas e
m e i a de çh uua, q ue se açhou p e l l o tombo dos remdei ros. Pag8
de foro cemto sesem t8 e doLlS 1 8r i n s e h u m g Ll 8rto de foro, 8
tres l a ris 8 viga de rega d i o e 8 m e i o larym p O l' v iga de ç h u u a .

.Item B 8 l teS8 l' D u a rte foi l h e 8 Eo l'8do h um çhão pel l o c a p i tã o


M a n o e l Furtado e p e l l o feitor Ba lteza r Rangel, COl11 m e i o 1 8 r i m
de foro p o r ano .

.I tem D o m ingos Emriques possue nos arr8balldes h u m 8 ort8 em


que pousa, com catorze v igas de çhão de regadio, com d O Ll s

12J
poços, q u e ouue de compra de h u m B i bigy q u e él pess u h i a pe l "
semtença, de que a presentou os pélpc i s . Paga quarenta e nouc
larins por ano.
E assi pessue mais o di to D o m i ngos Emri qes qu atro vigas
[fI. 8 0 J II de çhão de ç h u ua nos arraba l l des, q ue OLlue ele compra por
morte de D i ogo Vaáz. Paga dous laris.

JtCIll Pessue mais o el i to D o m i ngos Emriqes eloze v igas ele rega-


dio e cinco de cll Ll Ll a, que ouue de com pra de h u m B i mo que a s
pess u h i a , ele que apresel11tou carta . Paga quarenta e quatro l a ­
fins por ano.

J rrm Pessl1e mais n os arra bal ldes a porta d a s bufaras tres vigas
de c hão de çhuua de q ue l he foi feito m erçe pello governador
Manoel de Sousa Couti n h o en tres vielas, paga ndo o foro ele
foral por ca rta fei ta en clozasete de Feuerei ro ele 9 0 . Paga h u m
l él ri m e meio p o r a n o .

.Item Pessue m él i s e n Nagoá vinta c i nco vigas de chão, no ue d e


rega dio e dozaseis ele ç h u u a , el e q u e l he o el ito governador féz
l11erçe em tres v i déls, polia di ta carta, pagan d o o foro do for a l .
Paga tri l11ta e noue larins.

Jrrm Pessue o d i to Domi ngos Emri ques e m Bunçheruél r á dezoi to


vigas, a saber, o i to de regadio e déz de c h u u a , que declarou
pessu i r, que o u ue de compra no l e i lão por fa l leçimento de Luis
Fern a n dez que as pess u h i a e se ven derão per autoridade do j u i z
dos orffãos. Paga tri mta e tres lari n s p o r a n o .

Jtem Pessue mais o d i to Domi ngos Emriq ues dozaseis vigas de


c h u ua n a a l dea de Brancavará q u e comprou n o l e i l ã o per fa l le­
çi men to de João Ferna ndez, q ue as pess u h ia por a u toridade do
j u i z dos orffãoz. P aga a oito laris por a n o .

jtem Pessue m a i s o d i to D o m i ngos E m r i q ues tri n ta vigas de


chão de ç h u ua n a a l dea de Bra ncavará q u e comprou a Da boya
[11 801'] II e a M u h i a , que as pess u h ião, e paga q u i nze l a r i n s por a n o .

1 22 Tml llO IlE I l IU - I SYI


J rcm Pessue m a i s o d i to Domi n gos Emriques n a cidade q u i nze
boticas n o baza r i n Jl O dos manti mentos, q u e o u ue de erança de
seu p a i Amrique Fern a n dez, que as comprou a Anto n i o Borges,
a q u e m o vi so rey Dom An tão féz d e l l a s merçe em fatiota, pera
elle e seus erdeiros, asendentes e dessendentes, com hum par­
dao de l a r i n s de foro; a qual compra féz por l i cença do d i to
viso r ey, q u e apresen to u com a carta do d i to aforamento fe i ta
em treze d [e ] Abril de sese n ta e sete.

Jrc 1 11 João Rodriguez pessue dons çhaos salgados q u e cobria o


m a a r d [e] agoas v i u a s q u e estão a n tre Bancavará e o Lozirão
Gra n de, de q u e lhe féz merçe o capitão M anoel de Miranda, e n
fatiota , c o m si nco pardaos d e l a r i n s d e for o p o r ano, q u e fo i
comfirmada pei to conde v iso rey D o m Fra nçisco Masqa renhas,
em t r imta d [e ] O utubro de oitenta e q uatro.

Jrem O d i to Domi ngos Emriq u es pessue nos a rrabaldes h um a s


m a ri n has de s a l de q u e Dom J o ã o M a scare n has, capitão d e
D io , féz merçe a seu p a i E m r i q u e Fern a n dez p o r m u i tos se rui­
ços que féz na d i ta fortal eza e perda de sua fazemda nos cercos
passados. A q u a l merce lhe féz com declaraça m que pagaria
som e n te desimos a Deos; por h u m a pro u i são fei ta em q u i nze
de J u n ho de q uarenta e sete . E se achou estar oje e n dia de pos­
se, como ta m bem con fessarão os s a l l e i ros das d itas mari n h as .
E pagão de custume a o s rendeiros v i n te e tres J a r i s e meio, q ue
se arrecadarão e n cada h u m a n o de foro d e ll a s .

J rem Bastiam d e [A]taide possue h uma orta n a a ldea de Bu ncher-


Ifl. S I ] uará II per nome Patelua uy, com oito vigas de betre e déz de rega­
dio, que fazem dezoito de regadio e quatro vigas de çhuua, q ue
com prou em leilão per faleçimento de Jeronimo Gonça l uez q u e
as pessu h i a por a utoridade cio j uiz cios orffãos d e que a presem­
tau carta cle que paga sesemta e ci nco larins cio foro acustu maclo.

J rem O d ito Basti am cle [A]taide pessue h um a orta em B U l1cher-


uara per n ome Çel lá Quevai, q ue tem treze vigas de rega clio e
q u a tro de ç h u u a , que tam bem o u ue de com p ra en leilão per
fa l leçi l11en to cio d i to clefu n to, per a u toridade do j ui z cios o r f­
fão s . E paga de foro q u a renta e sete l a ri ns e meio por a n o .

1 13
Jtcm LUls de Men doça possue nesta a ldea sete vigas de çhão de
rega d io e seis vigas de ç h u u a , com dous pocos, h u m per nome
Seze e outro Salcauana, que ouue de compra de Aidás, colle, fi­
lho de Magá .

jtcm Pessue m a i s o d i to L u i s de Mendoça dez vigas de çhão de


rega d i o na d ita a l dea, q u e forão de Irá Pate l , co l l e 2 10, fi l ho de
D a i m á sete vigas, e de Çiná h um a viga e h u m q ua rto R a i rá
duas vigas menos h u m q ua rto. Que tudo o u u e d e compra .

]tem Pessue m a i s sete vigas de regad i o na d ita aldea e dezo i to de


ç h u u a que forão de Sol leimã02 1 1 , m ouro, f i l h o d e Coj à2 1 2, q u e
ouue d e com pra . Paga de tudo nouenta e s e i s ! a r i n s .

JtCIll Pedro N u n e z pessue na çidade tri mta e s e i s boticas de q u e


paga d e foro tres parda os e h u m l a r i m ; das q u a i s foi feito m e r ­
ç e a João Gonçaluez, p e l l o conde do Redondo v i so rey com
outras v i n te mais que pessue Bertolameu Moreira, e m fatiota
[fI. 8 1 vJ pera sempre, II pera e l l e e seus erdei ros asendentes e dessenden­
tes, per carta feita a noue de Nouem bro de sesem ta e tre s .
E por o d i to J o ã o Gonça l uez as vender sem l içença a Jeron i m o
Gonçal uez, a ntecessor d o d i to Pero N unez e correr e m pena d e
as perder o governador Manoel d e Sousa Couti nho féz del las
m erçe das d i tas boticas ao d i to Pel'o Nunez e aos erdeiros d o
d i to Jeron i mo Gonçaluez pera as pessu i r c o m o dantes, s e m e m ­
correr n a d i ta pena, p o r carta feita e n déz de Feuereiro de 5 9 1 .

Luís de Mendoça
jtem O conde viso rey Dom Françisco Masqarenhas féz merçe a
Luis de Mendoça por m u i tos seru iços i mporta n tes q ue féz a
este Estado e pel los gastos que féz de sua fazenda de l he a forar
e m fatiota pera sempre as oito v igas de betre, das catorze q ue
tem n a i l h a de D i o de sua lauora , com paga r de foro cad[a ]

1 10
Em D i u h ,í a casra K a l i Pare i , que sc d i ferencia da ourra casra K a l i p o r colocar ao nomc
o sufixo « Pare i » , «chefe d e a ldeia » em guzerarc, que se rama assim no seu ala/� , i . c . , sobrenome.
Cf. N. K. S i n h a , « Ka l i Pare i » , iI/ K . S . S i ng [Ed . ] , People 0/ fI/dia, vaI. XIX, DallwlI al/d Dili,
pp. 1 08 - 1 1 5 .
m Sulaymân.
2 12 KhWaja.

1 24 Tm·II\O I1E I lI U - 1592


a n o e l l e e seus soçessores hum pardao de l ar i n s p o r viga , que
fazem o i to pardaos por ano n a s d itas oito vigas, com decl a ra­
ção q u e n ã o venderá o d i to betre nem o mandará vemder se­
não a o rel11deiro da i lh a . Per ca rta fei ta em o i to de N o ve m b ro
de o itemta e q ua tro.

.Item o governador Manoel de Sousa Cout i n h o l he féz l11erçe pel­


l os d i tos respeitos q ue podesse samear doze vigas de betre o u as
que q uizesse, por serem as da copia da merçe asima, pagando
mais de foro de cada viga dous larins, a lem do que paga ua pel l o
for a l e m cada b U lll ano, con declaração q u e n ã o colherá o betre
senão por ordem do rendei ro. E pel l a mesma o venderá ou pel la
sua mão auerá o rendi mento delle, assi e da manei ra que se ven­
de o d [a] a ldea de M a l l a l a . Per carta fei ta em sete de J ulho de
8 8 , das quais cartas os tres l lados he o seguinte. II

.Item D om Feli pe per graça de Deos rey de Portugal e dos Alga r­


[ II. 82J ues daquem e dalem maar em Afr ica, senhor d a G u i n é e da
conq u i sta n auegaça m comercio d [a ] Ethi o p i a , A r a b i a , Perçia ,
da J n d i a e r e i dos regnos d e M a l luco, etc. A q u a n tos esta m i ­
n h a carta virem faço saber que auendo e u respeito a o seruiço
q u e Luis de Mendoça, caualleiro fidalgo de m i n h a casa e estan­
te na m i n h a fortal eza de Dio, tem fei tos e fáz a Deos e a l11yl11
de n o ue anos a esta parte e emviar por sua v i a e meio as m i ­
n h as cartas e d o s m e u s v i sorreis e governadores da J n d i a a o
r e y da Eth i o p i a 2 1 3 ; e dell e torn a r aver a resposta d e l l a s e m a i s
a u i sos neçessarios e i mportantes a este Estado. E a ssi da cri s­
ta ndade das d itas p artes como dos padres da Com p a n h i a de
Jesus que la residem, dando me n isso muito proueito pol I a mu­
i ta despeza que se escuzou que cad [a ] ano se faz i a de m i n h a fa­
zenda em ma ndar navios e embarcaçõis con as d i tas cartas ao
estrei to de Meqa, pera del las serem em u i adas a o d ito rey como
polla v i a das d itas p a rtes, sem n unca virem a effe ito n e m auer
resposta dellas, p o r onde os d i tos padres e cris tadade rece b i ã o
m u i to esc a n d o l l o e desconsollação. E o d i to L u i s de Mendoça
de sua fazenda fazer ord i na ria mente mui to gasto p o r ca usa de
m a n d a r as d i ta s cartas por meio dos capitã i s das l1aos de Judá

21.1 Trata-se d e Sartsa-Denguel (r. 1 563 - 1 5 97 ) .

1 25
e Meqa q u e o fazem por m u i tos i n teresses que l hes d à ; e pol i a
grande credito q ue c o n elles te m como m e faz çerto per h u m a
certidam de R u i Viçente, pro u i ncial q u e foi d o col leg i o d e S ã o
P a u l o da m i n h a ç idade de Goa, en que certi ficaua o a s i m a d i to
que me a presenta . Ey por bem e me praáz pellos d i tos respeitos
[ II . 821'[ de lhe fazer II mercé para a aj uda dos ditos gastos e despezas
que tem fei tos e faz de l h e a forar em fatiota pera sempre as
o i to vigas de betre, das catorze que tem a ilha de Dio de s u a
la uora, as q uais das q ue ha q u a tro anos q u e d a m fru to , con­
ta nto que m e de e pague de foro cad[a] ano, assy e l le como
seus soçessores por cada v i ga h u m pa rdao de laris; q u e a essa
comta são o i to parda os de l a r i n s que se arrecadará pera m i n h a
fazen da e s e carregará e m recei ta so bre o meu feito r d a d ita
forta leza de D i o . E isto con ta l dec laraçam que elle n ã o vende­
ra o dito betre nem mandará vender senão a rendei ro ela i l h a .
A s q ua i s l h e assi a fo ro como d i to he pera elle e seus s ocessores
n e l l a s fazerem toelas as bem feitori a s que q ui zerem e por bem
ti uerem como em cousa sua propria que he. E na mesma posse
en q ue está del las as pess u h i rá e gra ngearcí com me pagar o
d i to foro a s i m a . E as não poderá vender, troca r nem e m l he a r,
sem m i n h a l i cença o u d o m e u v i so rey ou gove rn a d O !" d a
J n d i a . Nem menos as poderá par t i r ; m a s a nt e s a n el a rá sempre
en h uma so peçoa . E notifico o assy ao capitã o da d i ta forta l e ­
za, vedor de m i n h a fazenda, fei tor e mais offi ç i a is e peçoas a
que pertencer, e 1 l1es mando que a ssi o cumprão e guardem e
i n tei ramente fação com p r i r e gua rda r da maneira q u e se neste
contem, sem d u u i da nem embargo algum. O q u a l se regista rá
no l i uro do tom bo e fora l das d itas terras pera se sa ber c o m o
l h e féz este a foramento. E ha de paga r o d i to foro. D a d a n a
m i n ha c i d a d e de G o a , sob meu çello, a oito de Noue m b ro . E I
rey o mandou p o r Dom Francisco M ascaren has conde ele V i l l a
eI [a ] Orta , ca p i tã o m o r elos genettes e d a gua rda ele S u a Mages­
taele elo seu conse l h o e v isorrey da J n el i a . Bertol ameu Ve l h o a
[II. 83[ féz. Ano elo nacimento de nosso senhor II Jesu Cristo ele m i l e
q u i n hentos e oitenta e q uatro. João ele Faria o féz escreuer.
O conele viso rey.

.Item Dom Fel i pe per graça ele Deos rey ele Portugal e elos Algar-
ues, ela q uem e elalem maar em Africa, senh o r ela G u i n é e da

l 26 Tll.\ l llll I1E D I U - 1 5Y1


conqu ista, n a uegaçam, cOl11erçi o d r a ] Eth i o p i a , Ara bia, Perç i a ,
ela J n d ia e dos regnos ele Mall uco, etc . A q u a n tos esta m i n h a
carta v i re m faço sa ber que L u i s ele M e n eloça me emviou d i zer
q ue o viso rey D o m Francisco Masqaren has l he fizera l11erçe
por orelem elo veelor ela fazenda do Norte, A n to n i o d [a ! Orta ,
q u e p odesse samear doze vigas de betre ou a s que q u i zesse n a s
suas a l ldeas q u e t e m en D io, C0l110 constaua e l o tresl lado j u n to
q ue me a prezentou, tirado do registo da fei toria de D i o , au tori­
zado por Baltesar Range l , fei tor della e que de calda i viga que
assi semeasse, pagasse m a i s de foro de cada huma dollS l a ri n s ,
alem do q u e p aga ua pel lo fora l ; isto en c a d a h u m a n o. E desde
então ate gora fora comtrebuindo a m i n h a fazenda com o d i to
foro, não tendo n [ e n ] h u ll1 p l"Oueito das d i tas vigas. E porque
ora esperau a colher me pedi a l h e fizesse m e rçe aver por boa a
d i ta merçe visto acreçentar se l he m a i s dous l a r i n s do q u e pel lo
for a l era custume, e que elle podesse col h e r o fruto d a s d itas
doze vigas, assi e da maneira que as col heo João Gonça l uez na
a ldea de M a l l a l a , e receberia merçe. E v isto por m i m seu di zer
e ped i r, a ue n do respe i to a seus seruiços, ey por bem e me práz
de l h e fazer merçe de con fi rmar e aver por boa a m e rce q ue l h e
féz o d i to D o m Fra ncisco Masqare n h a s , por o r el e m do uedor
ela fazenda do N orte A n to n i o d [a ] Orta das doze v i gas de betre
1 11. 831'] q ue tem II nas a ldeas de B uc h i ruará e D a ngra ua ry, q ue estã o na
i l ha de D i o , para q ue as possa samear de betre . E ele l las pagarà
m a i s dous l a r i n s de foro em cada h u m ano, como lhe foi a sen­
tado de cada huma dell a . E isto con tal eleclaraçam q ue não co­
lh erá o d i to Luis de Mendoça o betre das d i tas vigas sen ã o per
ordem do rendeiro e pella mesma venderá ou pel l a sua mão,
auerá o rendi mento delle, assi e da ma neira que se vende o eI [a 1
a ldea de M a l la l a , porque da mesma ma neira confi rmo e faço
merçe das d i tas doze vigas ao d i to L u i s de Mendoça. Noti fico
assy ao c a p i ta m de D i o , vedor de m i n ha fazen d a , m a i s o ffiçi a i s
e peçoas a q u e pertencer, e lhes m a n d o que a ssi o c u m p rão e
guardem e façam comp rir e guardar como se nesta contem,
sem d u uida nem embargo a lgu m. Dada n a m i n h a çidaele de
Goa, sob meu çel l o da m i n has a rmas reaes d a coroa ele Portu­
gal , a sete de J u l h o . EI rey nosso senhor o mandou por Ma­
noel de Sousa Coutinho, do seu con sel ho, seu c a p i tão geral e
governador da J n d i a etc. A n to n i o da C u n h a a féz. Ano de m i l e

1 27
q u i n h entos o i te n ta e o i to . Duarte Delgado de Va rej ã o o féz es­
creuer. M a n oel de Sousa Coutinho .

.Item João G o nça l uez pessue no bazar dos mantime n tos treze
buticas de q u e l h e féz merce o conde do Redondo viso rey, e
está l ançado e m titolo no tom bo vel h o , con treze ! a r i n s de for o
p o r ano. E he n ecessa rio versse a carta deste J oã o Gonçaluez
que está e m Damão e se arrecadará o dito foro .

.Irem Tavar Gop a l , ouriues, casta do sinde, pessue h u m çhão nos


arraballdes, de ç e m couodos de comprimento e v i n te ç i nco de
l a rgura, com h u m poço d [e] agoa, que com prou a Nata, que II
[ rI. 84J fazem tres vigas e meia de regadio. E paga de foro doze l arins e
tres q uartos.

jtem Side Ballala peSSl1e h l1mas casas na çidade no Mal Cozi nhado,
que ficarão de seus antepassados, de que paga de foro seis larins .

.Irem Deua Caby, l e i tei ro, pessue nos a rrabaldes q uatro vigas de
çhão de regadio, e h u ma viga e meia de ç h u ua, de q u e p aga de
foro catorze l a r i n s e tres quartos .

.Item Os col l es q u e conçertão fio, q ue se chamão pasnigara, p a -


g a m m e i o l a r i m e seis ducaras pello t o m b o dos rendeiros .

.Item Cassy, baneane, botiqueiro dos mantimentos, paga de huma


orta q u e está nos arra bal des de Coje Vary vi n te l a r i ns, pello
tombo dos remdeiros .

.Irem Asca, colle do Cauouco, pessue duas vigas de çhão de çhuua,


paga h u m l a r i m pello tombo dos rendeiros. E isto nos arrabaldes.

jtem Nagaràquy C h a m pa, leiteiro, possue 11 0S arrabal des h u m a


viga de regadio e d u a s d e çhl1ua, pel lo tom bo d o s rem deiros.
Paga q uatro laris e meio .

.Item Bastiam de [ A ] taide pessue nos arr a baldes q u atro vigas,


menos hum quarto de çhuua, com h u m poço. Paga seis l a r i s
pel l o tombo do rendei ro. II

1 28 T[);\'II\tl IlE I l I U - \ 5 n
[11 84v[ Aldea Fodão 2 1 4
j tem Esta aldea Fodão h e h llma das sete a ldeas desta i l ha de
Dio. E está l a nçada no tombo com onze ortas e com setesemtas
e h llma fedeas de foro por ano, q ue fazem trin ta ç inco pardaos
de l a r i ns e hum quarto de ! a r i m .

jtem Pessue h u m Anto n i o de Ta uora q u e o r a está em Ormuz


por escrÍuão d[a] a l fa n dega . Não se apresentou tito l l o . S abers­
se a como possue esta a l dea e que foro há de pagar c o n forme o
fora l .

B unchiruará
jtCill Huma orta de Mussapratá que está nesta a ldea fo i dada a
Fernã o d [e ] Afonço com duas m i l fedeas de foro p e l l o uedor da
fazenda Fern ão Goméz, confirmada pel lo governador Antoni o
M o n i z Ba rreto e está no foral l a nçado e m seiscemtos e q u a re n ­
ta e o i to fedeas de foro, que fazem tri nta e doL1S p a r d a os de l a ­
r i n s e dOLls l aryns. E cudando o d i to uedor d a fazenda que
acresentaua o foro com aforar e n duas m i l fedeas fez o d i to
a foramento. E a este respeito foi confi rmado e per conta erra­
da paga esta parte sem larins de foro pollas d itas duas m i l fe­
deas, fazendosse conta a quarenta fedeas o l a r i m como corri a
a s a v a l l i açõis n [a ] a l l fa n dega , va l l endo a s fedeas d o foral qua­
tro por h u m larim; pello que conforme ao d i to a foramento deu
esta p arte sem parda os de larins de foro por ano nas d i tas duas
[fi. 84 bis[ mil fedea s . E porque este a foramento II foi feito sem se sa ber a
rea l l i dade da vall i a destas moedas; e esta parte paga te gora
sem ! a r i n s somente a respei to de quarenta fedeas o l ar i m . E a
dita orta n ão tem rendi mento pera pagar çem pardaos de foro
ficará obrigado a pagar a seisçemtas e quarenta e o i to fedeas
do foral que fazem trimta e dous pardaos de l a rins e d o us l a ­
r i n s . E assy s e arrecadará .
E porq ue o d ito governador per h uma postil l a consedeo a o
d ito Fernão d [e] Afonço que podesse vender o betre desta orta
pera onde quizesse e seus erdeiros pretendem esta l i berdade,

214 Na m argem superior do fólio e com n mesma letra está escrito: " Possue vinte noue viguas
d e regadio e setenta de çhuua em fatiota pera se t[er ]. Carta do conde viso rey D o n Francisco
Nbscarenhas, com vinte par daos de l a ris de foro per ano. A carta he feita em 2 6 d e Setembro de
5 8 4 . Dyogo Vie i ra . »

1 29
decla ro q u e a d ita posti l l a n ã o he val lida pera o poderem fazer
por ser conçedida a di ta l i berdade ao d ito Fernão d [e] Afollço
somente q u e espirou por seu faleçimento. E he muito em per­
j u izo da renda do betre n ã o podera gozar da d i ta l i berdade
como não goza rão ate [ a ]gora. E como he dado despaçho pell o
uedor da fazenda Fra n c i sco Paaéz a req ueri mento da parte
pera ficar pagando o d i to foro e não gozar da d i ta l i berdad e .

Aldea d e J asoha
.Irem Esta a ldea esta l a nçada no foral com seis ortas e com o i to-
çemtas vinte e duas fedeas e hum quarto, q u e fazem q u arenta e
h u m pardaos de l a ri ns e duas fedeas e h u m quarto. F I . 6 .

Dangrauary
.Ircm Nesta a l dea pessue Ardol Tal á e assy Lacácaná e Argemza l ,
[iI. 841' bis[ e Ran ácaiá, e Vinasamal todos dez v igas II d e ç h ã o ele çh u u a n a
aldea ele Dangra uary. Pagão sei s larins .

.Itcm Gopi dás Cluar, baneane, pessue huma viga e h u m q uarto de


çhão de regadio, e dez vigas e tres quartos de çhuua na a l l dea de
Bucheruará. Paga o i to l a ri ns e meio e seis d ucaràs e meio .

.Item Nará Lacara, col Ie, pessue n a a l elea ele Bunçherua1'<1 sei s v i -
g a s e tres quartos ele ç h u u a . Paga tres laris e tres q u a rtos e c i n ­
co el ucaràs .

.Irem Sancarmal l )', fulei r0 2 1 5 , possue nesta a l elea ele B U llchervará


noue vigas e meia ele ç h u u a . Paga seis l a r i n s e h u m q uarto e
quarto ducaras e meio de foro .

.Irem Razá G a r á , colle, pessu e n a a lelea ele Buçherua ré1 h uma


viga e hum qua rto de c h u u a . Paga meio larin e eléz d ucaras e
meio ele foro .

.Itcm Cumbá M u n el á , col le, pessue tres vigas menos h u m q uarto


de ç h u u a na a l elea de Buçheruará paga de foro hum l a r i m e
meio e tres clucaras .

1 1 5 Ful ei ro Oll fu l a , «cultivador dc flo res " , de (1I1t1, « fl o r " , do sâ nscrito plJ//II, «desabro c h a r ,, ;
d . D a lgado, Glossário, s . v.

1 30 TO.\ IIIO DE DIU - I .l n


.irem Lumbazas Doi colle, pessue na aldea de B unçheruará tres ui-
gas e meia de çhuua. Paga dous larins menos tres ducaras de foro.

Irem Osal Rája, colle, pessue cinco vigas e h u m quarto de chuua em


Buçheruará. Paga tres larins menos elous elucaras e meio ele foro. II

.Item Area Razá, col le, pessue e m B u nchervará h u ma viga e m e i a


I rl . 8 5 1 ele ç h u u a . Paga h u m l a r y m m e n o s s e i s elucaras .

jrem N a n á Caná, f u l e i ro , paga elas fullas q u e colhe el o u s l a r i n s


menos q u a tro elucaras .

.Irem Banelá J a n á , fuleiro , possue tres vigas ele c h u u a e m B ucher-


vará ele q u e paga hum l a ri m e meio. E paga mais meio larim
elas el itas fu l las.

Irem L i m b á , fu l e i r o , possue e m B u nçhervará h u ma vIga d e


c b u u a . Paga m e i o lari m .

jtem Nagá Somá, fu leiro, pessue e m Bunchervará duas vIgas e


h u m qua rto de ç h u u a . Paga h u m l a r i m e h u m q uarto.

jrcm Natá D a n á , fuleiro, possue tres v igas de çhuua em B uch i r-


vará . Das q u a i s e das fu l l as q ue col he paga tres l a r i n s menos
dous c1 ucaras e meio.

jrcm Q ueta my, colle, possue h u ma viga de rega d i o , h u ma de


çhuua em Bunch iruará. Paga q uatro larins.

jtem Vaj a B ucão, colle, pessue q uatro vigas e h u m q u a rto de


çhuua e m Buchervará . Paga dous la r i n s e mei o .

jrem Argem Vastá, col le , pessue em B unçheruará h u ma v I ga d e


regad io . Paga tres lari n s e m e i o .

j rem Os deris2 1 6 q u e p o u s ã o n esta al dea pagão dous l a r i n s m e -


nos c i mco eluca ras . II

2 1(, Pessoa da casra baixa, empregue C0l110 guarda ou mensageiro nos estabelecimen tos, d o
guze r:lte rlhcr, rlhch ali dherla; cf. Da lgado, G lossário, s . v. e H . H . Wi lson, A Glossar)' ofJlldicial
alld nevel/lle Terllls, s.v.

I3J
.lrcm Lança Lampá, colle, pessue em Buçheruara d uas v igas de
I rl. 85\'] rega d i o e tres v igas e meio de ç h u u a . Paga n o u e lar i ns menos
dous ducaras e mei o .

jtem Raspai D r ú e M arás Dru, ba n i a nes, pessuem ci nco vigas e


meia de ç h u u a em Buchervará, e a metade de h u m posso. E de
tudo pagam de foro seis [ a r i n s e h u m ducara e meio .

.Item C a n á R a n cá, colle, pessue h u m a viga e tres qua rtos de re-


gadi o e duas vigas e hum quarto de c h u u a . Paga sete laris e
meio e tres d ucaras na d i ta a l dea .

jtem Camassy, ban iane, pessue e m B unch i ruará h um quarta de


viga de r ega d i o. Paga tres quartos de l a r i n s e ç i nco ducaras.

jtem P i ta Vica , col le, pessue em B u n ç h i mará tres qua rtos de vi-
gas d e regad i o e h u ma viga e meia de ç h u u a . Paga tres larins e
tres q u a rtos .

.I tem Francisco de Ta uora, cristão o pery2 1 7 d [ a ] a l fa ndega, pes-


sue tres vigas ele ç h u u a . Paga h um l a r i m e meio de foro.

jtem Os colles de Jorge Garçes possue e m B unçheruarà v i n te vi-


gas ele çbuua. Pagam elez larins ele foro .

jrem Vez á , colle, pessue em Bran c a u a r á tres vigas de ç h u u é1 .


Paga h u m l a r i m e meio.

jtem Mangágoha, colle, pessu e e n Brancavará ci n co v igas e meia


ele c llL1l1 a . Paga dous lari ns e tres quartos .

.Item Ancasudá, colle, pessue e m Brancauará seis vigas menos


hum qua rto de c h u u a . Paga tres larins menos seis el ucaras. II

jtem Tri rá Adirá, colle, pessue em Brancavará tres v igas e meia


[11 861 de ç h u u a . Paga dous lari n s.

217 Sign i ficado não identifica do.

1 32 TO,\ I I\O Di'. D I U - I .l n


I tem Van ecazessá, col l e , pessue em Branca vará si l1CO vigas e tres
q u artos. Paga tres la r i n s menos cinco d ucaras.

jtem Maca B a l l á , mouro, paga de foro de h U l11as casas n a çida-


de tres larins.

jtem Coj e Tezad i n , mour o , paga n a ç idade de h Ul11 a s casas h u m


pardao.

I tem Madabá, baniane, paga de h u m a botica n a çidade que está


no M a l Coz i n hado, h u m l a r i m .

j tem Norgym, mour o loutea2 1 g . Paga na ç idade h u m l a r i m d e


for o de h u m a botica .

Item M amede S a i d2 19, mouro loutea. Paga n a çidade de h u m as


boticas tres l a r i n s .

jtem M ateus Fernandez da c a s a da g a llé, p a g a n a ci dade h u m


pardao de foro.

jtem Meamym, mouro do M a l Coz i n h a do , paga n a cida de h um


parda o de foro.

jtem M anoel Fernan dez, escriuão dos mei r i nhos, p aga dons l a -
r i n s de foro de h u mas casas.

]tem Francisco Çirqueira p aga seis l a r i n s de foro de duas casas.

jtem João Gonçal uez paga dous l a r in s de foro de h U l11as casas


e n q ue pousa craste l h a no .

.item M a noel Fern a ndez, m u l a to, p aga dous ! a r i ns de h u m çhão.

jtem João Rodriguez, bombardeiro, paga n a ç idade h um pardao


de h umas casas. II

m Sign i ficado não identificado.


21 "
!vluhammad Sa·,·d .

133
.Item Simão Fernandez, o pequeni no, paga na çidade dous l ar i ns.
[ II. 861']

.Item Fernã o de Noron ha pessue em� Brancavará c inco vigas e


h u m q u a rto de çhão de rega d i o e huma viga e tres q u a rtos
mais de ç h u u a . Paga deza noue l a r i n s .

jtem S urgy e S i ng uigy, j rmãos, fil hos d e Manga i , parcea, pes-


suem dous pedaços de chãos dentro na çidade: h u m de oito
couodos de comprido e tres e meio de l a rgo, e o u tro de sete
couodos de comprido e sete e meio de l a rgo, que l h e a forou o
vedor da fazenda Vicente Diaz de Vi l ha l o bos, com h u m brim
de foro por hum ano .

.Item B a l tesar N unez possue n a çi dade hum chão e h u m a s casas


que lhe ficarão de seu sogro Geron i mo Gonçal uez que com­
prou n o l e i l ã o por fa lleçimento de A ntoni o Ferna ndez por a u ­
tor i d a de d o j ui s dos o r ffãos, o q u a l A n to n i o Fern a n dez as
comprou a Anto n i o D i az, condestabre, a q uem foi feito merçe
p e l l o capi tã o Ma rti n h o de Miranda con si nco l a r i n s de foro
por ano, per prouisam de l icença do v iso rey Dom L u i s , per
que confi rmou a d i ta compra com o d i to foro que o d i to B a l te­
sal' N u néz p aga .

.Item O d i to B a l tesar N unéz pessue n a cidade tres caz i n h a s ele


que foi fei to merçe ao d i to seu sogro pello capitã o A i res Fa l l ­
c ã o , e o feitor E n r i q u e da Costa lhe p o s s e i s l a r i ns de foro p o r
ano q ue paga .

. I tem Virá, p a rcea e R i u a , p a rcea, jrmãos, pessuem n a çidade


h u m ch a l l e q u e o u ueram de compra de Luis de M e ndoça per
escreptura q u e a presentarão de que pagão de foro d o u s l a r i ns
por a no. II

Item O d i to Virá parcea pessue h u ns chãos na ç i da de ele q u e


[fI. 87J comprou a Cristouão da Cunha per escretura p u b l ica de q u e
paga d e foro d o u s l a r i n s p o r a n o .

jtem Savogy, b a n i ane, fi l h o de Zavargan d i , possue h u m chão n a


çidade e n q ue se batia moeda n o tempo d e i rey de C a m b a i a ,

J 34 T()�IBll l)l, IJIU - 1 .\92


q u e s ua m a i Arga i Oll ue de compra de J no fre F i a l h o , a q uem
foi fei to m erçe e n fa tiota pera sempre, pera e l l e e seus erdei ros
asendentes e dessendentes pel lo v iso rey Dom Antão, per carta
fei ta en x x bj de J a ne i ro de sesemta e ç i nco, c o m q u a tro l a r i n s
de foro, de q u e a presemtoll escretura d e comp ra co m o treslla­
do da d i ta ca rta .

jrem A l e ixos Goméz, l i ngoa do ouuj d o r, pessue d ua s v igas e


meia de chão de chuua em Bucheruarà q u e comprou a Ratan ú
e a seus fi l hos Pançha e Vaçhia e Detia sua m o l h e r, d e q u e paga
de foro h u m l a r i m e h u m q u a rto .

j rem A mbrosio Cardoso pessue em B ucheruara q u i n ze vigas de


rega d i o q u e comprou a Pa u l o Gonça l uez, a quem o governa­
dor Dom D i ogo de Meneses fez merçe pera e l l e e seus erdei ros
polia possu irem huns col les pagando o foro que pagauão. E q ue
podesse vender. Per carta fei ta en noue de Feuerei r o de setenta
e o i to . E pol i a comprar p o l I a d i ta m a n e i ra pessue oje e n d i a .
Paga c incoe n ta e dous larins e m e i o p o r a n o . II

jrem O d i to Ambrosio Cardoso possue nesta a l dea çemto oiten-


[fI. 87,,] ta e d uas vigas d e çhão, das q u a i s são çento e q u i nz e de ç h u u a .
E os m a i s de rega d i o que seu pai Gero n i m o Gonça l u ez com­
prou a h u m Antonio Ferre i ra que as pess u h i a , de que apresen­
tou carta de compra que se fez com l icença do governador
Dom D i ogo de Meneses. Paga de foro por a n o dozemtos o i ten­
ta e ç inco larins .

.I rem Nico l l a o Fernandez pessue nos a rr a b a l l des sinco v igas de


çhão m a n i n h o que estão a porta das b u fa ras da banda de fora,
que o uue de compra a seu c u n hado Gonça l lo de M o ra i s , j a de­
funto, o q ua l ouue de merçe per prou isão de D o m Martin h o
da S i l ue i ra e con fi rmada pel l o governador D o m D i ogo de Me­
neses per prouisam feita a xxbj de Feuere i ro de 78. E paga de
foro h u m l a r i m por ano.

Jrem Bern a rdo de Mello pessue na a l dea de Buch i r u a r á catorze


vigas de rega d i o que comprou a Fra ncisco Toscano a quem o
governador D o m D iogo de Meneses féz merçe pera e l l e e seus

1 35
erdeiros acendentes e desende n tes, com o foro que paga u ã o
h un s col l es q u e os pessu h i ã o p e l l o fora l ou c u st u me, com l icen­
ça pera as vender. Per carta fei ta a i x de Março de 78. Paga por
ano quarenta e noue l a r i n s .
Pessue mais n a dita a l dea q u inze vigas e mei a de regad i o
de regadio (sic) e duas de ç h u u a , p e r escrepturas de compras.
Paga cincoenta e sinco l a r i n s e h um q ua rto . II

jrem Rodrigo Correa pessue h u m çhão na çidade que tem seis


[fI. 88] braças e meia de fronte i r a , e seis de l a rgo, de q u e l h e féz merçe
o capitão Dom Marti n h o d a S i l ueira, confirmada pello uedor
d a fazenda Enrique da S i l l u a com quatro pardaos de l a r i n s de
for o por ano. E esta lançado fls . 29 do fora l velho.

A renda da bosta
jtcm Este a foramento da bosta se a foro u pol i a mane i ra segui n -
t e . H e custume a ntigo s a h i r o gado todo d a ç i dade d e D i o pol­
I a s portas dos muros del la a p açer ao campo. E quando se re­
c o l h e a ta r d e ven desca n s s a r a n tes q u e entrem n a ç i d a de
defronte das portas del l a , e a h y bebem em h u n s tanques que se
emç h em d [e] agoa de h u ns poços que ahi estão pera i sso, a
q u a l tinh a cudado de a tirar h u ma peçoa em a bastança, e fica­
va l he em premio deste tra b a l h o a bosta que o dito gado l a nça
no d i to posto q u e tem v a l l i a depoi s de ceqa, por seruir de le­
nha. E per este custume correo the que o governador Manoel
de Sous a Cout i n h o féz merce a Afonço Vaz de Sande q u e fosse
elle a dita peçoa que tiuesse o d i to premio, ficando obrigado a
d a r a d i ta agoa em a bastança, e l h a a forou em fatiota pera
sempre, por constar per del igencia s não perj u d icar a ninguem.
E esto das portas d a s b u faras e dos a bexins, sendo contentes os
donos do d i to gado, contre b u i ndo com as obrigaçõis com q u e
corrião o s q u e pessu h i ã o esta renda. E com obrigaçam de p a ­
gar de foro a fazenda de S u a M agestade dous pardaos de l a r i n s
p o r a n o , p e r carta feita em 2 1 d e Feuereiro d e 5 9 0 . II

jrcm E pess u indo o d i to A fonço Vaz a dita renda, foi executado


[ f I . 8 8,,] n e ll a por d i uida que deuia aos orffãos e vendida em l e i l l ã o per
a utoridade do j uiz A ntonio Maçhado, e arremattado a B a l tesar
Rodr íguez d [e] Aza uedo, e n cento e dozaseis pardaos de l a r i n s ,

136 TOMI\O !ll' D I U - I sn


pol i a não q uerer o feitor de S u a Magestade. E com l içenca s u a
de q u e l he foi passada carta de a r rematação e n x x b i i j de Se­
tem bro de 9 1 , pella q u a l pessue esta renda oje en d i a .

jrelll Está em custume n a fortaleza de D i a não se ca rrega r e m


reçeita sobre o fei tor de Sua Magestade as corentenas das pro­
pri edades forei ras que se vendem, e as a l'1'ecadão os contrata­
dores d [ a ] a J l fa n dega , l a nca dosse nos l i ur os d os despaçhos
para bem do descon to de seus arr endamentos a respeito de es­
tes foros a nd a rem arre n dados, e entr a rem no a rrend a m e n to d a
d ita a l fa n dega , o que foi enga no que ouue n a fazenda de S u a
Magestade por descudo de seus offiçiais, p o r estas corentenas
p ertencerem a fazenda d o d i to senhor e não aos contratadores,
p osto que os d i tos foros se a rrendem e sej ã o da obrigação da
renda d[a] a J lfan dega . E porque os d itos foros se a nde a rreca­
dar d a q u i em d i a n te, n a fei tori a tambem se a rr ecadarão as
q u a rentenas pera Sua M agestade, sem entre u i r n i sso os contra­
tadores, posto que per a l g u m a via entre no seu arrendamento
os d i tos foros en q u a lquer tempo que sej a .
E estas corentenas s e a rrecadarão alem d o s d ireitos q ue
está em costume pagarem n [a ] a l fa n dega as propriedades q ue
se vendem q u e h e a s i n qo per çento da va l l ya em que forem
vendidas. II

[fI. 891 Aldea J asoha


l a nc a da atras fI . 44 (sic)
jrem Ouue e n formação q u e esta a ldea não tem as ortas declara-
das no titolo atráz, por estar areada m u i ta pa rte della sem se
poder aproueita r. E a requerimento de Andre do Porto, q u e a
pessue, se deu despaçho pera a i rem ver o fei tor e offi ç i a i s de
Sua Magestade, e constando ser assy se fará mediçã o das vigas
q u e tem de çhão de regad i o e de çhuua que está aproueitado e
d o chão que está pera se poder aporveitar. E paga rá de cada
v i ga segundo custume.

jrem O capitão Ma noel de M i randa féz merçe a Ba ltezar Fer-


n an d ez d e todo o çhão q u e n a a l dea Nagoa se açhar de mais de
catorze v igas de rega d i o , e v i n t [e] o i to de çh u ua , q u e e l l e d i t o
B a l tesar Ferna ndez possue por morte de J o ã o Fer n a ndez s e u

1 37
pay, do qual chão que assi l h e féz merçé o d i to capitão se p ro ­
ueita rá do que prestar pera regadio, como pera ç h u ua e o s pes­
suh i rá en fatiota pera sempre para e l l e e seus erdeiros dessen­
d e n tes, fazendo s u a l a v o u r a e a br i n d o possas pera s e r e m
aproueitados, paga ndo d e foro tres tangas por ano p e r pro u i ­
são feita em primeiro de Janeiro de o i tenta e tres. E p o r bem
del l a foi metido de posse e os pessue oje en d i a .

jtem O capitão Pedro d [e ] Enhaya fez merçe a A n d re Gonçal uez


do chão e m que esta u a o m a n d o ui m dos manti mentos de Sua
Magestade q ue ora se desmanchou e o ca i s del l e que tem treze
couados de compri do, e dez couados de l a rgo, com obrigação
[/1 891'J de p aguar de foro em cada h u u l1l ano II dous l a r i ns, per provi­
são assinada pello d i to cap i tão em tri mta de Janeiro de nouen­
ta e tres, com CUl1lprasse do vedar da fazenda Fra ncisco Paaéz
de que foi metido de posse no d i to d i a .
Este A mdre Gonça l uez renunçiou este c h ã o nas mãos d o
d i to vedar da fazenda, e f o i a forado a A l eyxos Gomez com
m a i s o chão que pessue j un to delle, por q uatro l a r i ns por a n o ,
por entrar na demarcação do d i to chão q u e pessue, de que tem
carta d[e] a foramento, asynado p e l l o vedar da fazenda Fra ncis­
co Paaéz, e m dez de Feuerei r o de 5 9 3 . E o dito Aleixos Gomez
se a rrecadará de foro daquy e m d i ante e o pessue em fatiota
per nouo a foramento, por ass)' o requerer, dec l a ra ndo que n ã o
a c h a u a tito l l o d o s p r i m e i ros possujdores, posto que o e l le t i ­
nesse per carta d e compra que fez em l e i l ã o per a utor idade d o
j ui z d o s orfãos, e esta ua de posse e foi metido de posse n o u a ­
m e n te por b e m do d i to aforamento.

Este tombo da fortaleza de Dia fo)' tresladado do pro p r i o


q u e fez Fra ncisco Paaez, prouedor m o r dos contos, com o con­
tador D i ogo Vieira, pera fica r n a fazenda dos contos. E por es­
tar n a verdade o çertifficamos ass i . Em Goa a x de Novem bro
de 5 92.
Francisco Paaez Dyogo Vie i ra II

[fI. 90J Per fa l l eçimento de Jorge Callado que possoh i a o paço de


Tet)' l a nçado atras fI . 3 1 , sosçedeo n e l l e per nomeação Domin­
gos Tau ares seu entheado, em duas vidas que l h e fica rão. E o

1 38 TmII\O nE I l I U - I .\92
viso rey Math ias d[e ] Albuquerq ue confirmou a d i ta nomea­
ção, e lhe fez merçe de mais h u m a v i d a , pera serem tres. E q ue
pague de foro dOlls pardaos e meio de l a r i n s por ano, a saber,
dous pardaos que paga ua o pri mei ro forei ro, e meio pardao da
sosçessão da 2a v i d a . E que a peçoa q u e socçeder na v ida der­
radei ra de que l he o d i to viso rey fez merçe pague mais a quar­
ta p a r te d o foro. Per carta fei ta e m treze de Mayo de m i l
q u i n h e ntos nOllenta e sete, onde pa ssey çertidão desta declara­
ção, em i i ij de Novembro de 597.
D yogo Vieira

139
ÍND I CE ANALÍTICO :;.

'o· Ela borado por André Alexandre Martins Murreira.


A AIDÁS: cole, proprietário de terra, 124.
"ÂLA AL-DiN KHALjl, 83.
ABEDU: muçulmano, proprietário de ter- ALBUQUERQUE, Diogo d e : vedar ela fa­
ra , 1 0 4 . zenda, 1 12.
ABREU, Lopo de, 5 3 . ALBUQUERQUE, Luís de, 5 4 .
ABREU, S i m ã o de: feitor de D i u , 1 1 0 . A L BUQUERQUE, Ma t i a s ele : v i ce-rei elo
ACAjACAo , 73 -74 . Esrado d a Í n el i a , 1 0 , 5 1 , 9 8 - 9 9 ,
A chél1l, 6 0 . 1 1 6 , 1 39 .
Açúcar, 1 5 , 9 3 . ALfânelega:
A d u bos, 1 4 , 8 8 . - ele D a m ã o 1 8 , 8 1 ;
,

AfONSO, Fernão de: proprietá r i o de rer­ - ele D i u , 1 2-:1 4 , 1 9 , 2 5 , 6 6 , 74- 8 9 ,


ra, 1 29 - 1 3 0 . 9 1 - 9 4 , 9 6 , 9 9 , 1 0 5 , 1 2 1 , 1 29 ,
A foramentos: 1 32 , 1 3 7; ofi c i a i s ela , 1 4 , 75, 8 0 ,
- da a l de i a de IvIal a l a , 1 1 3 - 1 1 4 ; 8 7- 8 8 ; renela ela, 1 3 , 1 8 , 79, 8 1 ,
- da passagem d e Gogo l á , 9 7- 9 8 ; 8 7- 8 9 , 1 3 7;
- da renda da bosra , 2 0 , 1 3 6 ; - de Goa, 1 3 , 8 5 - 8 6 ;
- da r e n d a do sabão, 1 1 2; - de Gogol á , 1 4 , 7 5 , 8 0 , 9 3 ; renda
- de boricas, 94, 1 1 1 , 1 1 5 , 1 1 9 - da, 1 4 , 1 9 , 80, 8 7 ;
- 1 2 0 , 1 23 - 1 24 ; - de Ormuz: escrivão da, 1 29 .
- de c a s a s , 1 1 0 , 1 1 5 ; A lgodão, 1 4 , 8 0 , 8 7 ; fiadas d e , 1 4 , 8 8 ;
- d e chãos, 9 9 - 1 0 0 , 1 05 - 1 0 8 , 1 1 0, teadas de, 1 4 , 8 7 .
1 1 2 , 1 1 5 - 1 1 6 , 1 20 - 1 2 1 , 1 3 4 - A ljôfa r : vindo de Judá, 1 4 , 79; vindo d e
-1 35, 1 3 8; M e c a , 1 4 , 7 9 , 8 5 ; v i n d o de lvIe l i n­
- d o betre, 1 2 4 - 1 27; de, 1 4 , 79, 8 5 ; vindo de Ormuz,
- d o cargo de piloto-mal' e lll oca- 1 4 , 79, 8 5 .
d ã o d a s tapa nas, 24, 1 1 1 - 1 1 2 ; A L L AN , C.J" 8 1 .
- d o passo d e Pal e r i m , 1 0 1 ; A L M EIDA, Pedro Á lvares de: ouvidor-ge­
- d o p a sso d e Bra n c a v a l'<Í , 1 0 2 - ral , 6 6 .
-1 04; Aloés, 1 6, 96.
- d o passo de B uncherva r<l , 1 07, Á LVARES, B a r t o l o m e u : propri e t a r l O d e
1 29 ; terra e d e boticas, 1 0 9 .
- d o passo de Tety, 1 11 ; Á LVARES, Pedro: propri et,l r i o de terra ,
- dos este i ros O lvane e Vançoso, 1 1 6.
98; ANCASUDÁ: cole, proprierário ele ter r a ,
'AfZAL KHÂN, 7 8 . 1 32 .
ACY: i rmão de Ismae l , proprietário de Anfião, 1 4 , 8 0 ; renela do, 1 4 , 1 8 , 8 0 , 8 9 .
terra , 1 06 . A n i l , tinta do, 1 5 , 8 1 , 9 2 ; renda d a , 1 5 ,
Ar-lMAD SHÂI-I IlI: sultão do Guzerate, 79 . 8 1 , 9 2 ; rendeiro d a , 1 5 , 9 2 .
Ah l11adllâgill; 8 4 ; sultanado de, 8 5 ; s u l ­ A rábia, 6 0 , 6 3 ; cavalos vindos d a , 6 0 ,
tões d e , 1 3 , 8 4 - 8 6 . 63, 76.

1 43
ARAÚJO, João de, 5 2 . Baneanes, casta d o s , J 0 8 ; corre tores,
AROOL TO L A : proprietário de terra, 1 3 0 . 1 1 6; o urives, 1 08 ; proprietários de
AREA RAZA: cole, proprietário de terra, boticas, 2 0 , 1 2 1 , 1 3 3 ; propriet,írios
131. de casas foreiras, 20, 1 1 9 ; proprie­
A R G E M VASTA: cole, proprietário d e ter­ tários de terra , 23, 1 0 8 - 1 0 9 , J 1 6 ,
ra, 1 3 1 . 1 1 8 , 1 2 8 , 1 3 0 , 1 3 2, 1 34 - 1 3 5 .
ARGAI: banea n e , mãe de Savog)', pro- Bangue, 1 4 , 8 9 .
prietária d e terra, 1 3 5 . BARBOSA, António, 1 02 .
ARGEMZAL: proprietário de terra, 1 3 0 . BARBOSA, João: proprietário de terra,
A r m a s : venda de, 6 8 . 1 1 8- 1 1 9.
AsAF K H A N : v i z i r do Guzerate, 7 8 . Bardez, 1 0 .
A SCA: cole, proprietário de terra , 1 2 8 . B A R R ETO,António J\lon i z : governador
Asserim, fortaleza d e , 6 1 , 64-65. do Estado da Índia, 1 00 , 1 1 7, 1 2 1 ,
ATAíOE, D . Luís de: vice-rei do Estado 129.
da Í ndia, 1 0 7, 1 1 3 , 1 3 4 . Henrique d a Gama, 2 3 .
BARROS,
ATAÍOE, S e b a s t i ã o de: p roprietário d e BAUANE:propriet,í r i o de terra , 1 1 8 .
terra, 2 3 , 1 09 , 1 23 , 1 2 8 . BEARMAN, P. ] . , 9 6 .
AVELAR, lvlaria d e : m u l her de Jorge Gar­ B ete, 5 3 - 5 4 .
cês, propri etária de terra, 1 1 7. B é te l e , 1 4 - 1 7, 2 2 , 2 5 , 8 1 , 8 9 , 9 4 - 9 5 ,
Azeites, 1 4 , 8 8 . 1 1 7, 1 24 - 1 2 7 , 1 29 .
AZEVEOO, Baltasar Rodrigues de: proprie­ Betre: uer bétele.
tário de terra, rendeiro do sabão e B H An-ACHARY YA , N . N . , 8 6 .
da bosta, 1 7 , 1 02 , 1 1 2 - 1 1 3 , 1 3 6. Bhoi, casta dos, 1 5 , 9 3 .
BmIGY: proprietário de terra, 1 22 .
B BIKER, J ú l i o Firmino J úd ice, 57, 5 9 -6 1 ,
69-70, 8 5 .
BABANA: membro da casta do sinde, ou­ BIMAGANOY: tio de Pacha, propriet<Írio
rives, proprietário de terra , 1 1 8 . de terra, 1 1 8 .
BABANE: irmão d e Coqa ne, propriet,írio B I M O : proprietário de terra , 1 22 .
de terra, 1 1 7. B I M UTUTA: propriet,írio de terra , 1 0 0 .
BABUR, Grão-IVlogo l , 6 6 . B isnaga: u e r Vija)'a l1aga r.
Baçaim, 1 0 , 1 8 , 1 2 , 5 1 , 5 5 - 6 1 , 6 3 - 6 5 , BOCARRO, A ntónio, 1 2 .
69, 84-85; capitão de, 5 8 - 5 9 ; fei­ Boiás: uer bhoi .
tor de, 5 1 ; feitoria de, 5 1 ; fortaleza BORGES, António: proprietário de boti­
de, 60; m o radores em, 1 1 9 ; tana­ cas, 1 2 3 .
dares de, 5 8 ; ta nadarias de, 5 9 , 6 3 . Bosta, 1 7 , 1 3 6; renda d a , 1 7, 1 9 , 1 3 6-
BAOEMURA ZAi'vIÀO: uer BADI' AL-ZMvlí\N - 1 3 7 ; rendeiro da, 1 3 6 .
Ivl mzA. BOTELHO, S i mão: vedar da fazenda , 1 1 ,
BAOl' AL-ZAMAN Mmzí\, 66-67. 1 8 , 5 3 , 5 7 , 6 3 - 6 6 , 6 8 -6 9 , 7 1 , 73-
B A O U R : uer BAHAoUR SHÂH. -77, 8 8 .
BAGA n.MvlY: proprietário de terra, 1 06 . Boticas, 1 5 -1 6 , 1 9 , 24 , 7 6 , 8 9 , 9 3 - 9 4 ,
B A I-l A O UR S Hí\ H : s u l tã o d o G uzera te, 1 05 , 1 1 0 , 1 20- 1 2 1 , 1 2 8 , 1 3 3 ; a fo­
5 4 - 5 5 , 5 7 - 5 9 , 6 2 - 6 9 , 7 1 , 83. radas em fatiota, 1 1 1 , 1 1 5 , 1 1 9 ,
BALTASAR DUARTE: proprietário de ter- 1 23 - 1 24; renda das, 8 1 , 9 3 -94;
ra , 1 2 1 . rendeiros da renda das, 9 4 .
BANA: baneane, propriet,írio de terra, 1 1 6. Brâ manes, casta dos, 1 0 6 ; propriet,í ri os
BANA RAMY: proprietário de terra, 1 0 6 . de terra, 1 0 6.
B A N O A J AN A : f u l e i r o , propriet,í r i o de B rallcauará: a ldeia ele, 1 1 , 1 6 , 2 1 -2 3 ,
terra, 1 3 1 . 9 5 , 1 0 3 - 1 04 , 1 1 6 , 1 1 8 - 1 1 9 , 1 2 1 -

1 44 T()�I I\() 111' DIU - 1 .\92


- 1 2 3 , 1 32- 1 3 4 ; barra de, 1 5 , 92; CARDOSO, A ntón io: fi l ho e l e Francisco
foreiro do passo de, 1 02- 104; pas­ C a r doso, 6 6 ; m o r a d o r em D i u ,
so de, 1 7, 1 02 - 1 04. proprietário d e terr a , 22, 24, 1 06 .
E R I G GS, John, 73. C A R D O S O , Fra n c i sco, 6 6 ; m ar i do d e
B R ITO, R aquel Soeiro de, 1 ] , 20-2J . Inês Cardoso, propriet,írio de ter­
E ú fa l os , 1 5, 9 2 . ra, 1 1 6.
Bllllchervará: a ldeia d e , I I , 1 6 , 2 1 -24, CARDOSO, I nês: v i úva de António Car­
95, 1 00, 1 06 - 1 1 0 , 1 1 7- 1 1 8 , 1 20- doso, m ul h er d e IVl a n u e l Rebel o ,
- 1 24, 1 27, 1 2 9 - 1 32, 1 35 - 1 36 ; fo­ propriet,íria de terra, 2 4 , 1 06 .
reiro do passo de, 1 07; passo ele, Cartazes, 5 8 -59, 6 3 .
1 7, 1 07. CARVA L H O , G o n ç a l o : prop r i e t á r i o d e
EURHí\.M NIZí\.M SI-Ií\.H I: sul tão de A h­ terra e de casas foreiras, 1 21 .
madnâgâr, 8 5 . Casas foreiras, 1 9 , 23, 76, 1 1 0 , 1 1 3 ,
BURHAN AL-D!N, 7 8 . 1 1 9 , 1 2 1 , 1 2 8 , 1 33 - 1 3 4 ; a foradas
BURN ELL, A . c . , 6 1 , 80-8 1 , 8 8 -8 9 , 92- e m e nIiteuse, 1 1 3 , 1 1 5.
-93, 1 1 3. CASSY: baneane, propriet,írio de terra,
128.
c C ASTE L O B R A N C O , Fernão Rodrigues
de: ouvidor-geral da Í ndia, 62, 6 5 .
CAGAGY: muçu l ma n o , proprietá rio ele CASTRO, D . João d e , governador e v i ce­
terra, 1 1 9 . -rei do Estado da índia, 1 8 , 78.
Caidas, 1 6 , 2 2 , 9 6 . C ATICOD I : proprietá ria d e casas forei­
C A L A D O , J orge: foreiro do passo d e ras, 1 1 9 .
Tety, 1 1 1 , "1 3 8 . Cavalos, 60, 68-69; vindos da Arábia, 60,
CALDEIRA, Ivla teus: proprietário de ter­ 63, 76; v indos de Ormuz, 63, 76.
ra, 1 1 4 . CERQUEIRA, Fra ncisco: propriet,írio de
CAlvI A G E R E S Iv1 o C A R A O U LUCAO, ver casas foreiras, 1 33.
I KHTlyí\.R KHí\.N e D A RYí\. K H A N . Chãos, 1 6, 20-2 1 , 26, 94-9 6 , 1 02, 1 07-
CAMALA: cole, proprietário de terra, - 1 1 2, 1 1 5 - 1 21 , 1 28 , 1 3 3-1 34, 1 36 ,
1 1 6. 1 3 8 ; a forados e m enfi teuse, 1 00,
Ct\1vIASSY: baneane, proprietário de ter­ 1 05 - 1 0 6 , 1 1 0- 11 1 , 1 1 3, 1 1 5- 1 1 6 ,
ra, 1 3 2 . 120, 1 2 3 , 1 34, 1 3 8 .
Cambaia: ver Gllzerate. Chassi, rio, 1 1 , 1 5, 8 0 , 8 8 , 1 00 .
CMvIELO, Jerónimo Rodrigues: proprIe­ Ç l-IAT, c a d i ele D i u 7 1 .
,

tário de terra, 1 1 0. Challl, l O, 1 3 , 1 8 , 51 , 55, 84-87; feitor


CAivlTA Q UES Ó : ba n e a n e , proprietário de, 5 1 ; feitoria de, 5 J .
de terra , 1 08 . Chitar, 64; r a i n h a de, 5 5 ; reino de, 5 5 .
CANA RANCA: cole, proprietário d e ter­ Ç INA: propriet,írio ele terra, 1 24 .
ra, 1 3 2 . Cocos, 1 6, 9 5 .
Cânhamo, 1 4 , 8 9 . Caeja, fortaleza de, 6 1 , 64-65.
Capitão: de Baça i m , 5 8 - 5 9 ; d e D i u , 1 2, COELHO, Manuel, 1 04.
65, 69-70, 72, 74, 76, 78-79 , 9 8 - COELHO, P a u l o: propri etário d e terra ,
-J 0 2 , 1 04-1 06, 1 1 0-1 1 1 , 1 1 5- 1 1 7, 1 1 4.
1 1 9- 1 2 1 , 1 23 , 1 26 - 1 27, 1 34-1 3 5, C OJE A FZAi vl O ver K I-I"AJA AFIZAMO.
,

1 3 7-1 3 8 ; muçulmano de D i u , 5 9 , COlE MAMEDE, ver K H"AJA MUI-IMvllvIAD.


64, 7 0 , 8 3 . COJE PERCO LI , ver KH"AJA PERCOLI.
Capitão-mar d o mar, 55-56, 62. COlE SAFA R , ver K H"AJA SAFAR AGHA.
C A R D O S O , A m brós i o : proprietário de COlE TEZADIN: muçulmano, proprietá-
terra, 23, 1 35 . rio de casas forei ras, 1 3 3 .

145
Coles, casta dos, 1 0 8 ; pasnigaras, 1 28 ; D ARYt\ K H Â N : vizir do Guzeratc, 7 3 .
proprietários de terra, 2 3 , 26, 1 DO, DELGADO, D u arte, 1 02 .
1 0 8 , 1 13 -1 1 4 , 1 1 6 - 1 1 8 , 1 2 0, 1 24 , DELOCI-IE, Jean, 83.
1 28 , 1 30-1 3 3 , 1 35-136. Deres, casta dos, 2 5 , 1 3 1 .
Compan h ia d e Jesus: padres eh1 , 1 25 . D ETIA: m u l her d e Ratam'l, proprietária
C O Q AN E : i r m ã o d e B a bane, proprietário de terra, 1 3 5 .
d e terra, 1 1 7 . D EUA CABY : !<andoi, propriet,írio de ter­
CORREIA, Rodrigo: proprietário de ter- ra, 1 28 .
ra, 1 1 0. D EU G Y : baneane, fi l h o d e Cresendaas,
Corretores, 1 1 0; baneanes, 1 1 6 . proprietário de terra, 1 09 .
COSTA, A leixo M an u e l da, 9 . D EY, Nando Lal , 8 3 .
COSTA, Henrique da: feitor d e D i u , 1 34 . DIAS, António: condestáve l , proprietário
COSTA , João d a : morador e m Baça im, de terra e de casas f orei ras, 1 3 4 .
proprietário d e bo ticas e m D i u , D IAS, Belchior: marido de Nlaria Gon­
1 1 9 ; secret,í rio da Í ndia, 6 5 , 6 7 , çalves, 2 4 , 1 1 7.
70-7 1 , 77. D il i : a l fâ n dega de, 1 2- 1 4 , 1 9 , 2 5 , 6 6 ,
COUTINHO, D . Francisco: vice-rei do Es­ 74 - 8 9 , 9 1 - 9 4 , 9 6 , 9 9 , 1 05 , 1 2 1 ,
tado da Í n d i a , 1 1 1 , 1 1 5 , 1 24 , 1 2 8 . 1 2 9 , 1 3 2 , 1 3 7; arra baldes da cida­
COUT1NI-IO, J'vla nuel de Sousa: governa­ de de, 1 6 , 2 1 - 2 3 , 9 4 , 9 6 , 1 0 6 , 1 0 8 -
d o r do Estado da Í ndia, 1 01 - 1 02 , - 1 0 9 , 1 1 6- 1 1 8 , 1 21 - 1 2 3 , 1 2 8 , 1 3 5 ;
1 05 , 1 07 , 1 1 1 -1 1 3 , 1 1 5 , 1 2� 1 24 - barra d e , 1 5 , 5 4 , 6 5 , 9 2 ; bazar da
- 1 25 , 1 27-1 2 8 , 1 3 6 . c i dade de, 20, 105, 1 1 1 , 1 20 ; ba­
COUTO, Diogo do, 5 7 , 6 9 . zar do arroz da cidade ele, 1 1 5 ; ba­
CRESENDAAS: baneane, proprietário de zar dos mantimentos da cidade de,
terra, 1 0 9 . 2 0 , 1 1 9 , 1 2 3 ; bazar dos [X1 nOS de,
CUlvlllA MUN D A : col e , proprietário d e 1 1 9 ; cadi de, 7 1 , 74; capitão de,
terra, 1 3 0 . 1 2 , 6 5 , 6 9 - 7 0 , 72, 74, 76, 7 8 - 7 9 ,
CUNHA, António da, 9 9 , 1 27 . 9 8 - 1 0 2 , 1 04 - 1 0 6 , 1 1 0 - 1 1 1 , 1 1 5 -
CUNHA , Cristóvão da: proprietário de -1 1 7, 1 1 9- 1 2 1 , 1 23 , 1 26-127,
terra, 1 34 . capitão muçul­
1 3 4 - 1 3 5 , 1 3 7- 1 3 8 ;
CUN H A , Nuno d a : governador d o Esta­ mano de, 5 9 , 6 4 , 70, 8 3 ; catual de,
do d a Índia, 5 3 - 6 8 , 70-71 . 74 , 76, 1 1 0 ; catua laria ele, 7 6 ; ci­
elade de, 1 1 , 1 4 , 1 6 , 1 9 , 2 1 -2 3 , 54-
D - 5 5 , 5 7 , 6 2 , 6 6 , 70, 72 , 74 -75, 8 0-
- 8 1 , 94, 97, 1 00, 1 02-1 0 3 , 1 05 -
DABOYA : propri e tário de terra, 1 22. -1 06, 1 1 0, 1 1 3, 1 1 9 , 1 2 1 , 1 23-
D A L G A D O , Sebas tião R o d o l fo , 1 4 - 1 6 , - 1 24 , 1 2 8 , 1 3 3 - 1 3 4 , 1 3 6 ; fei tor de,
2 4 , 56, 5 8 -5 9 , 6 1 , 6 8 -6 9 , 71 , 74- 1 6 , 5 1 , 9 6- 9 7 , 9 9 , 1 04 , 1 0 8 , n o,
- 7 6 , 80-82, 84, 8 7 - 9 3 , 95-97, 99- 1 2 1 , 1 2 6 - 1 2 7 , 1 3 4 , 1 3 7; feitoria
- 1 0 2, 1 06 , 1 0 8 , 1 1 0- 1 1 3 , 1 1 8 , ele, 1 6 , 1 8 , 5 1 , 5 3 , 77, 94, 9 6 , 9 8 -
1 20 , 130-1 3 1 . - 9 9 , 1 04 , 1 2 7, 1 3 7 ; fortaleza ele ,
Da/'l liío, 1 0 , 1 2 , 5 1 , 6 9 , 8 5 , 1 00, 1 2 8 ; 1 1 - 1 2 , 1 4- 1 5 , 5 6 - 5 7 , 6 2- 6 5 , 7 2 ,
a l fâ ndega d e , 1 8 , 8 1 ; feitor de, 5 1 ; 7 8 , 8 0 , 8 2 - 8 4 , 8 9 , 9 3 , 1 2 1 ; hospi­
fe i toria de, 5 1 ; p raga nas de, 6 9 ; ta­ tal elos pobres ele, 1 20 ; i l ha ele, 1 1 ,
n a d ares de, 6 9 . 1 6 , 1 9 , 2 4 , 5 5 , 6 9 , 77, 79-80, 9 4 ,
DANEA : proprietário de terra, 1 00. 9 6 , 1 0 3 - 1 04 , 1 0 7, 1 24 , 1 2 6-1 2 7 ,
Dal/gl'avari, a ld e ia ele, 1 1 , 1 6 , 2 1 - 2 2 , 1 29 ; m irabar de, 75; V j l isericórel ia
9 5 , 1 1 1 , 1 1 4 , 1 1 7, 1 20, 1 2 7, 1 3 0 . el e , 1 2 0 ; m ocaelão das manás d e
DARLEY-DORAN, R . E., 6 8 . meel ielagem d e , 1 9 , 1 1 5 ; oficiais d a

146 TO.V l lltl ll!' DIU - 1 5n


a l fândega de, 1 4 , 8 0 , 8 7 - 8 8 ; pilo­ FERNANDES, B a l tasar: f i l ho d e João Fe r ­
to-moI' e mocadão das tapa nas do nandes, marielo ele Cecíl i a d a Vei ­
porto d e , 1 9 , 24 , 1 1 '1 ; porto de, ga , foreiro do passo e l e Pale r i m e
1 4 , 7 9 , 8 3 - 8 4 ; renda da a l fândega propriet,írio de terra, 9 9 - 1 0 2 .
de, 13, 1 8 , 79, 8 1 , 8 7- 8 9 , 1 3 7; FERNANDES, D i ogo: pi loto-mar c mOC'l ­
renda d a ilha de, 1 6 , 1 8 , 8 1 , 94- e l ã o ela s tapanas d o porto de D i u ,
- 9 6 , 1 3 0 ; rendei ros da i lh a de, 1 6 , proprietá rio de terr a , 2 4 , 1 1 1 .
2 5 , 9 5 , 1 04 , 1 1 4 , 1 1 9- 1 2 1 , 1 23 , FERNANDES, Henr ique: pai ele D o m i n ­
1 2 5 - 1 27; tanadar d e , 74. gos Henriq ues, proprietário ele bo­
D O ivIlNGUES, Francisco Contente, 5 4 . ticas, 2 1 , 24 , 1 2 3 .
D RA M A D A R : b a n e a n e , propr i e t á r i o de FERNANDES, João: casado e moraelor e m
terra, 1 1 8 . D i u, p a i de Baltasar Fernandes, fo­
D rupo, 1 7, 8 0 ; renda do, 1 7, 8 0 - 8 1 , 97. reiro do passo ele Brancaval'<Í e pro­
priet,írio de terra, 1 02-1 0 5 , 1 2 2 .
E FERNANDES, Luís: proprietário e l e terra,
1 22 .
EN H A I A ,Pedro de: capitão de D i u, 1 3 8 . FERNANDES, Ivlanuel: escrivão d o s m e i ­
Erva babosa, 1 6 , 9 6 . rinhos, propriet,í rio de casas forei­
Escravos, 1 7, 6 9 , 77, 1 02-1 0 3 . ras, 1 3 3 ; proprietá r i o el e t e r r a ,
Estaelo e l a í nel i a , 1 0 , 1 2 - 1 3 , 6 : 1 , 8 2 - 8 3 , 133.
8 5 , 1 24 - 1 25 .
FERNANDES, Ivla rcos: l íngu'l , 6 2 , 6 5 , 70.
EtióPi(/, 5 4 ; reis ela , 2 4 , 1 25 .
FERNANDES, iVlateus, 1 3 3 .
FERNANDES, Nicolau: cunhaelo ele Gon­
F
çalo ele J\/l o ra i s , p r o p r i e t á r i o d e
terra e de casas forei ras, 1 13 , 1 3 5 .
FALCAO, A i re s : c a p i tã o ele D i u , 1 05 ,
FERNANDES, S i mão, 1 3 4 ; propri e d ri o
1 1 0 , 1 '1 9 , 1 34 .
de terra, 1 0 9 .
FARIA, João de, 1 04 , 1 2 6 .
FERRAO, Lívi a Baptista d e Souza , 1 0 .
FARIA, Pêro d e , 6 5 .
FERREIRA, A ntón io: proprietário de ter­
FATI M A : m uç u l m a n a , propr i e t á r i a ele
ra, 1 3 5 .
terr a , 1 0 8 , 1 1 6 .
FERREIRA, S imão: secretário e emba ixa­
Fazendas, 1 4 , 1 7, 7 0 , 79-80, 83-87, 1 02-
- 1 03 ; vindas do Sul da í nelia, 82; do
dor a Cambaia, 5 5 - 5 6 , 6 2 , 6 5 .
Guzera te, 82, 86; v i ndas ele Juchí, FIALHO, Ono f re: proprietário e l e terra,

82; vindas de IvIeca, 82, 85; vindas 135.

ele Mel inde, 8 2 , 8 5 ; vindas ele Or­ Figos, 1 6, 9 5 .

muz, 8 2 , 8 5- 8 6 ; vi nelas elo Sinde, 82. FILIPE II, D., 1 03, 1 25-126.
Feitor i a : Podã o , a l ele i a d e , 1 1 , 1 6 , 2 2 - 2 3 , 9 5 ,
- ele Baça i m , 5 1 ; fei tor da, 5 1 ; 1 29 .
- de C h a u l , 5 1 ; fei to r da, 5 1 ; Forta leza :
- d e D a m ão, 5 1 ; fei tor ela , 5 1 ; - ele Aserim, 6 1 , 64-65;
- ele D i u , 1 6 , 1 8 , 5 1 , 5 3 , 77, 9 4 , - de Baça i m , 6 0 ;
9 6 , 9 8 - 9 9 , 1 04 , 1 27, 1 3 7; fei tor - de Coej a, 6 1 , 64-65 ;
da, 1 6 , 5 1 , 96-97, 9 9 , 1 04 , 1 0 8 , - el e D i u , 1 1 , 1 2 , 1 4 - 1 5 , 56-57,
1 1 0, 1 2 1 , 1 2 6 - 1 27, 1 3 4 , 1 3 7 . 6 2- 6 5 , 7 2 , 78 , 8 0 , 8 2 - 8 4 , 8 9 , 9 3 ,
FELNER, Roelrigo José de Lima, 1 1 , 1 4, 1 21 .
1 6 , 5 3 , 5 7 , 6 3 - 6 6 , 6 8 - 6 9 , 7 1 , 73- FRIAS ,Francisco: vedar da fazenda, 1 1 0;
-77, 8 8 - 8 9 , 9 1 , 9 3 , 9 9 - 1 00. vedar d a fazenda do Norte, 1 ' 1 5 .
FERNANDES, A n tón i o : propriet,í r i o d e FRÓIS, B a l tasar: m a r i el o de Cata rina Ro­
terra e de casas foreiras, 1 0 0 , 1 3 4 . elrigues, gua rela e mi ra bá de Gogo-

147
l á , mocaelão elas m a l1<)S de medida­ GONÇALVES, A n tó n i o : propri e d r i o de
gem de D i l i , 1 1 5 . terra, n 9.
FlIleiros, 25 , 1 30-1 3 1 . GONÇALVES, D i ogo: proprietário de bo­
FURTA D O , J\tlanuel: ca pitã o de D i u , 1 2 1 . ticas, 1 1 9-1 20,
GONÇALVES, Jerón imo: ma rielo de Fran­
G cisca Lopes, pai ele Paulo Gonçal­
ves, sogro ele Bartolomeu Morei r,l
Gado: 1 7, 20, 1 3 6 ; m i úelo, 1 6, 96. e de B a l tasar N u nes, proprietário
GAMA, Duarte d a : cativo no G uzerate, ele terra, boticas e casas foreiras,
55. 1 06-1 07, 1 1 0- 1 1 1 , 1 1 5 , 1 2 3- 1 24 ,
GAMA, D. Estevão d a : governa elor do 1 34 .
Estado da Í ndia, 77-78, 85. GONÇALVES, João: casa elo, moraelor em
GAMA, Luís da, 9 9 . D i u , propriet,h-io de terra , botiC<ls
GMvIllOA, A mónio R odrigues de: veelor e casas foreiras, 20, 1 05 , 1 1 0-1 11 ,
da fazenda , 1 1 3 . 1 1 3 - 1 1 4 , 1 24 , 1 27-1 2 8 , 1 3 3 ,
GARCi�S, Jorge: marido ele Maria d e Ave­ GONÇALVES, M a r i a : fi l h a e l e Pedro A l va­
l a r, proprietário ele terra, 1 1 7, 1 3 2 . res, m u l her de Belchior Dias, pro­
GARCIA, Gaspar: proprietário de terra, prietária ele terra, 24, 1 "1 7; filha ele
1 1 9. João Gonça l ves, m u l her de 13alt,l­
G a ugau, jogo do, 1 8 , 8 2 ; renda d o , 1 8 , sar de Torres, 1 1 4 .
82. G ONÇALVES, P a u l o : f i l ho d e J er ó n i m o
Gentios: ver h i n d us. Gonçalves, propriedrio e l e terr a ,
GERAZE RAMY: proprie t,hio de terra , 135,
1 06 . GOPIDAs CLUAR: bancane, proprietá rio
Gergc l i m , 1 4 , 8 8 . ele terra , 1 30 .
GIL, Gonçalo, 11 0 ; propriet,)rio d e ter­ G OUINDE DRU: proprie t,hio d e terra ,
ra, 1 1 8 . 109,
G IUANTE: propri etário ele terra, 1 1 8 . Grão-Mogol , 5 5 , 6 2 , 6 6 ,
Goa, 1 0, 1 2 , 21 , 25-26, 53-56, 60, 63, Grão-Turco, ver sultões turcos.
68-69, 84-86, 1 00, 1 04 , 1 26 - 1 27, Gllzerate: cati vos portugueses no, 5 5 ,
1 3 8 , a l fândega de, 1 3 , 8 5 - 8 6 ; bar­ 59-6 1 ; embaixadores portugueses
ra de, 73; contador dos contos de, aos sultões elo, 55-56, 62, 65, 73-
9 - 1 1 , 1 8 , 25, 5 3 , 1 29 , 1 3 8 - 1 3 9 ; -74 , 77; embaixadores elos sultões
procuradores ela Sé de, 23-24, "1 04, elo, 56-5 8 , 60-62, 64-65; enseaela
1 20; provedor-mor dos contos de, elo, 1 2, 54, 82; fazendas do, 8 2 ,
9 , 1 1 , 5 1 , 5 3 , 1 3 8 ; provincial do 8 6 ; l ascarins d o s u l tanado elo, 6 1 ,
colégio de São Pa u l o de, 24, :1 26. 6 8 , 1 1 3 ; s u l tanado do, 11 , 5 3 , 5 8 -
G ogolá: a ldeia de, 1 1 , 22-23 , 80, 8 8 , -6 1 , 67, 71 -72, 7 9 , 8 2 - 8 4 ; su ltões
9 4 , 97, 1 1 5 ; a l f�ndega d e , 1 4 , 75, do, 1 1 , 13, 1 6, 53-69, 7 1 -79, 82-
8 0 , 9 3 ; foreiro do passo de, 97-99; -84, 94, 1 1 0, 1 1 5 , 1 34 ; vizi res cio
gllarda e m i ra b,) ele, 1 9 , 1 1 5 ; pas­ Guzerate, 73, 7 8 .
sos de, 1 7, 8 1 , 9 7- 9 9 ; renela ela al­
f� ndega ele, 1 4 , 1 9, 8 0 , 8 7. H
GOLu6: cole, proprietário de terra, 1 08 .
G OMES, A leixo: língua, propriet,írio ele I-IADJ1v[ SÜLEYiv lAN P A S I-IA , 72.
terra, 1 1 0, 1 35 , 1 3 8 . HARRISON, J. n" 83.
GOMES , Fernão: vedor ela fazenda, 1 29 . HENRIQUES, Dom ingos: fi l h o de Henri­
G ONÇALVES, André: propricdrio d e ter­ que Fernandes, propriet,) rio de ter­
ra, 1 3 8 . ra e boticas, 20, 2 3 , 1 2 1 - 1 23 .

148 TQ,\ 1 I10 DI": D I U - 1 5Y2


Hind us, 1 2 , 76, 9 1 , 9 6 ; banca nes, uer K
baneanes; mercadores, 1 3, 8 5 ; pro­
prietá rios de terra, 22-24, 1 04. K,1 ndois, casta dos, 1 5 , 93; proprietá­
H OMEM, Tristão, 62. rios de terra , 26, 1 2 8 .
l-l orras, 1 6- 1 7, 2 0 - 2 3 , 26, 9 1 , 94-96, Kath iawa/; península el e , 1 1 , 1 5 , 5 3 , 6 8 ,
99, 1 04 , 1 06 , 1 08 - 1 1 0, 1 1 3 - 1 1 4 , 75, 80, 8 6 - 8 7.
1 1 8 , 1 21 , 1 23 , 1 28 - 1 30, 1 3 7; a fo­ KH"'AjA A nzMvlo, e m ba ixador ele IVI u-
radas cm fatiota, 1 1 6 . h a ll1mael Za m,l n lvIirza, 67, 70.
HUivlí\YON, Grão-Mogo l , 5 5 , 62, 6 6 . KH"AjA IvIAHAN SAFAR, 72-73.
HUSAYN MIRZí\, s u l tão, 67. KI-I"'AjA MUI-IAivlivIAO, 6 2 .
KI-I"'A./A PERCOLl: persa, l íngua, 62, 65,
70.
KI-I"'AjA SAFAR A G I-I A, 72-74.
I OMí\O AL-MuLK, 73. K IWÂN AL-IVIuLK SÍ\RANG , capitão Ill U ­
["TIMí\O KHÂN, 79. çul mano ele D i u , 6 4 , 8 3 .
TKHTIYÂR K H A N : vizir do G uzerate, 73.
[ KHTIYÂR KHÂN SlDoIQI, 7 1 . L
Ilha dos Mortos : uer 13ete.
INIZAMAMEOE ZMvIAo: uer MU H AM tvJ AO LACAcANA: propriet.lrio de terra , 1 3 0 .
ZAMÂN M t R Zf\. LAGOA, visconele d e , 73.
IRA PATEL: cole, propri e tário de terra, LALGY: sobrinho de Vassan, propriet,l ­
1 24 . rio ele terra, 1 09 .
ISMAEL: irmão de Ag)', proprietário de LMvIA, J o ã o d a : cativo no Guzerate, 60.
terra, 1 06 . LANÇA LAMPA: cole, propriet,í rio de ter­
ra, 1 32.
J LARICA: baneane, corretor, proprietário
de terra, 1 1 6 .
.lACA R AMY: proprietário de terra, 1 06 . Lascari ns, 6 1 ; do sultanado elo G uzera-
j A H O A : proprietário de terra, 1 08 . te, 6 1 , 6 8 , 1 1 3 .
JANGETE: brâ m a ne, proprietário d e ter- LATIF KHí\N, 7 1 .
ra , 1 0 6 . L EITAO, H umberto, 5 9 .
J a n ízaros, 72. Leiteiros, uer kanelois.
J A Q UES, H e n ri q u e : vedar el a fazenda, Lenha, 1 5 , 9 2 .
1 1 9. LENT, J. Van, 9 6 .
]asoatraql/e, a l deia de, 1 1 , 1 6 , 22-23, LIMA, João: proprietário de terra , 1 1 1 .
9 5 , 1 3 0, 1 3 7. LIMA, D . Vasco ele , 54.
Jasoha: uer 1asoatraql/e. L I M I.IA : f u l eiro, proprietário d e terra,
JAssruAM: baneane, proprietário de uma 131.
botica, 1 21 . LlMI.IASETE: botiqueiro cios m a n timen-
J ORGE, A ntónio: mestre elas obras, pro­ tos, propriet,írio de terra, 1 09 .
prietário de terra e ele casas forei­ Limões, 1 6, 9 5 .
ras, 1 21. Línguas, 62, 6 5 , 7 1 , 8 8 , 1 35 .
JI/dá, 1 4 , 24, 79, 1 25 ; a l j ô far vi ndo de, LOPES, Fra n c i s c a : v i ú v a d e J e r ó n i m o
1 4 , 79; fa z e n d a s v i n d a s ele , 8 2 ; Gonçalves e proprietária ele terra ,
ouro vindo de, 1 4 , 7 9 ; prata vinda 1 06 .
de, 1 4, 79. LOP E S, J. Vicenre, 5 9 .
J u i z elos ór fãos, 23, 1 06 , 1 1 0-1 1 1 , 1 22- LUMI.IAZAS D O L : c o l e , p roprier,ír i o d e
- 1 23, 1 3 4 , 1 36 , 1 3 8 . terra , 1 3 1 .

149
M MARt\S DRU: baneane, proprietário d e
terra, 1 3 2 .
IvlACA BALLA: Illuçulmano, proprietário Ivl a r fi m , 1 6 , 9 3 ; renda da serração do,
de casas forei ras, 1 3 3 . 1 6 , 8 0 , 9 3 ; rendeiro d a serração
M A CI-l A D O , A n tó n i o : j ui z d o s ór fã o s , do, 16, 93.
1 36. M A SCARENHAS, D. Francisco: v i ce - r e i
MACI-IADO, Ivlanuel, 70. do Estado da Í ndia, 1 0 1 - 1 04 , 1 0 6-
MA'SÂMA SULTAN B EGMvl , 6 6 . - 1 0 7 , 1 1 2 , 1 1 5 , 1 2 0 , 1 2 3 - 1 24 ,
IvlADABA: baneane, proprietário de u m a 1 2 6 - 1 2 7, 1 2 9 .
botica, 1 3 3 . MASCARENHAS, D . João: capi tão de D i u ,
Madeiras, 1 4 , 8 7 . 78, 1 2 3 .
:MAD6: membro da casta do s inde, pro­ Ivl EALE: m uç u l ma n o , p r o p r i e t,í r i o d e
priet,írio de terra, 1 1 8 . terra, 1 0 8 .
Ivli\GRIÇO, Bartolomeu da Rua: rendeiro !V[EAMYM: muçulmano, 1 3 3 .
do passo de Gogolá e dos esteiros MEARRAGEM: m uçulmano, l ascarim d o
de O lvane e de Vançoso, 9 7- 9 9 . sultanado do Guzerate, proprietá­
IvlAHMOD B Ê GA RÂ : s ul tão do G uzerate, rio de terra, 1 1 3 .
11. Meca, cidade de, 1 3 - 1 4 , 24, 5 9 , 6 3 , 8 5 ,
IvlA H I"IOD SHÂH UI: s u l tão do G uzerate, 1 20 , 1 26 ; aljô fa r vindo de, 1 4 , 7 9 ,
7 1 -79 . 8 5 ; estreito de, 5 8 - 6 0 , 6 3 , 7 6 , 1 0 3 ,
M a i n a tos, casta dos, 1 06 . 1 2 5 ; fazendas v i ndas d e , 8 2, 8 5 ;
M a j u m , 1 4, 8 9 . ouro vindo de, 1 4 , 79, 8 5 ; prata
Malabar, costa de, 6 0 . v inda de, 14, 79, 8 5 .
Malaca, c i d a d e d e, 8 5 . M EDÂNI R Â I , capi tão muçulmano, 6 4 .
Malaia, a ldeia de, 1 1 , 1 6 , 22-23, 95, MEDINlRÃO : m uç u l m a n o , propri etário
1 1 3 - 1 1 4 , 1 25, 1 27. de terra e de casas forei ras, 1 1 3 .
MAUK A YÂZ: capitão m uç u l m a n o de IvlEGA RAMY: proprietário de terra, 1 0 6 .
D i u , 59, 6 4 , 6 6 , 76, 8 3 . MElRA, António: proprietário ele terra,
IV[ A U K I S H A Q : capitão m uç u l ma no d e 121 .
Diu, 83. lvle/il/de, cidade de, 1 3 , 7 9 , 8 5 ; a l j ô f ar
IvlA U K JY\VÂN TAWA K K U L : ver < I D lvIÂD vindo ele, 1 4 , 79, 8 5 ; fazendas vin­
AL-tvluLK. das de, 8 2 , 8 5 ; ouro vindo de, 1 4 ,
!VI A U K TUGHíiN: capi tão m uçulmano de 79, 8 5 ; prata vinda ele, 1 4 , 7 9 , 8 5 .
Diu, 83. MELLlQUE, ver M A L l K A Y Â z , quinta d o ,
tvlMvl E D E S A IO : v e r M Ul-IAMMAD S A I D . ver UI/a.
MMvlEDE X A : ver MAHMOD SHí\J-I III. MELLlQUE SACA: ver ivIALlK ISI-IAQ .
M ANGAGOH/\ : cole, proprietário de terra, M E LLl Q U EA S : ver JVlALlK A Y ÂZ.
1 32 . MELO, Bernardo ele: proprietário de ter­
lvIm1ga lor, porto ele, 6 8 . ra, 1 3 5 .
M a ngas, 1 6 , 9 5 . lvlELO, :Martim Afonso: capi tão-mor d o
Ivlanteigas, 1 4 , 8 8 ; renda das, 14, 1 8 , 80, mar, 55-56, 6 2 .
8 8- 8 9 . M EN D E S , Agosti n h o : p ropr i e tá r i o d e
Ivla nt i m e ntos, bazar dos,
1 4 , 8 0 , 8 7; terra, 22, 1 1 5 .
1 1 9 , 1 23 , 1 2 8; casa do mandovim I\1ENDES, I\1anuel: cativo no G uzera te,
d os , 8 8 ; m an d o v i m dos, 1 4 , 8 0 , 60.
1 3 8 ; mocadão dos, 1 20; renda d o M ENDONÇA, João d e : governa dor el o
mandovim elos, 1 4 , 1 8 , 8 0 , 8 7- 8 8 ; Estaelo da Ínel i ,l , 1 0 5 .
rendeiro do mandov i m dos, 8 8 ; o fi ­ M EN DONÇA, L u ís d e : f i d a lgo da c a s a
c i a i s da casa d o mandovim dos, 8 8 . rea l , proprietário de terra e de c a -

150 TO ;"I I\() DI' I )I U - I .l n


s a s f ore i r a s , 2 4 , 1 20 - 1 2 1 , 1 24 - 1 1 2 , 1 20 , 1 3 3 ; mercadores, 1 3 ,
-1 25, 1 27. 85; proprietários ele boticas, 1 33 ;
JVI EN E S E S , A i re s Tel es de: c a p i tã o de propr i e t á r i o s d e c a s a s f ore i ra s ,
D i u, 1 00, 1 2 1 . 1 1 3 , 1 3 3 ; proprietá rios d e terra ,
MENESES, D . D iogo de: governador elo 22-24, 1 00, 1 04 , 1 08 , 1 1 3 , 1 1 6 ,
Estado ela Í n el i a , 1 04 , 1 07, 1 1 7, 1 1 9 , 1 24 ; turcos, ver turcos.
1 20 , 1 35 . IvIuHAMMAD SAfD: muçulmano, proprie-
MENESES, D . D uarte d e : vice-rei elo Es­ tário de boticas, 1 3 3 .
tado da Í ndia, 9 8 , 1 1 0-1 1 2, 1 1 6 , NIUI-IAtvIMAD TUCHLUQ, 8 3 .
1 1 9. MUI-IMvI MAD ZAMÂN MIRZí\, 6 6 - 7 1 .
MENESES, Fernão Tel es ele: governador MUHIA: propriet,írio ele terra, :I 2 2 .
do Estado ela Í ndia, 97, 1 1 1 , 1 1 5. NluRTAZA N lzil1v/ SI-lili-I: su l tã o de A h -
l'vIercaelores, 1 3, 1 7, 6 3 , 6 8 - 6 9 , 7 1 , 74 , madnâgâr, 8 6 .
8 0 , 83-87, 97; de D i u , 70, 8.5 ; elo MUSSi\PRATA: proprietário d e terr<1, 1 29 .
Guzerate, 8 5 ; h i ndus, 1 3 , 8 5 ; mu­ M UZAFAR SI-IÂH 1 1 : sultão elo Guzerate, 7'1 .
ç u l m a no s , 1 3 , 8 5 ; m u ç u l m a n o s M uzAFrAR-1 HUSAYN M 1 RZiI, 6 7 .
persas, 65; portugueses, 1 3 , 84-85.
M E SQUITA , D iogo de: cativo no Guzera­ N
te, 55, 5 9 .
M1RilN JVIU H A tvHvlAD S H il H FilRÜQl, 7 1 . NACAO R A tvl Y: propr i e t á r i o d e terr a ,
M Il1.AND A , M a nucl de: capitão d e D i u , 1 06 .
1 0 1 , 1 06 , :I 1 0 , 1 1 9 , 1 2 3 , 1 37 . N ACIÍ. S O M A : f u l e i ro, p r o p r i e t,í r i o d e
M Il1.ANDA, J'vIarti nho ele: capitão ele D i u , terra , 1 3 " .
1 34 . NACARÀQUY CI IMvIPA: ka neloi, propric­
lvl ocaelão, 1 1 1 ; das mamís d e meeliela­ t,írio de terra , 1 2 8 .
gelll de D i u , 1 1 5; dos m a ntimen­ NagotÍ, a l eleia ele, 1 1 , 1 6, 2 1 -2 3 , 9.5, 9 9 ,
tos, 1 20; das tapa nas do porto ele 1 05 , 1 22 , 1 3 7.
D i u , 1 1 1. N ANA CANA: fu l ei ro, p r o p r i e t á r i o ele
I'v!o çambiqlle, i l h a de, 8 5 . terra , 1 3 1 .
NIogores, 1 2 , 5.5; rei dos, ver G rão-�/1o­ NANA PARCEA: baneanc, proprietário dc
gol . terr a , 1 0 8 .
M ONROY, D. Fernando dc, 1 03 . N A P I A : proprietário ele terra , 1 02 .
MONTEIRO, Pedro: pro prietário d e ter­ N A R A LACARA: cole, proprietário de ter­
ra, 1 05 . ra, 1 30.
j\lIORAIS, Gonça l o de: cunhado d e N i co­ NATA: proprietário ele terra , 1 2 8 .
lau Fernandes, propriet,í r i o de ter­ NATA D A N A : fu l c i ro, propr i e t,í r i o ele
ra , 1 3.5 . terra, 1 3 1 .
M O R EI R A , Bartolomeu: genro ele Jeróni ­ N AVA: cole, proprietário d e terra, 1 0 0 .
mo Gonçal ves, foreiro d o passo de N izamaluco, N iza lll uxá: ver sultões de
Bu ncherva r,í e proprictário de ter­ A h madnâgâ r.
ra e de boticas, 1 07 - 1 0 8 , 1 1 1 , 1 2 1 , NORCYivl: muçulmano, propri edrio de
1 24 . u rn a botic,1, 1 33 .
M O URA, D i ogo de: proprietá r i o ele ter­ NORONHA, D . A ntão d c : v ice-rei do Es­
ra , 1 1 6, 1 1 8 . taelo da Í n d i a , 1 3-1 4 , 8 7- 8 8 , 9 7 ,
l\tJOURA, J ordão de: proprietá rio d e ter- 1 01 - 1 03 , 1 1 8 - 1 20, 1 23, 1 3.5 .
ra, boticas e casas foreiras, 1 1 5 . NORONHA, D . Antón i o ele: capitã o d e
M OURAO, Gaspar: f eitor dc D i u , 1 08 . Diu, 1 1 5 .
J'vIouros, ver m uçulma nos. N O R O N H A , D . D iogo d e : c a p i tã o d c
IVIuçulmanos, 1 2, 1 7, 6 6 , 74 , 76-77, 9 1 , D i u , 78-79, 8 5 .

151
N ORONHA, Fernão de: p roprietário de PAIS, Fra ncisco: provedor-mar dos con­
terra, 1 1 7, 1 34 . tos de Goa c vedar da fazenda, 9-
NORONH A , Fran c isco d e : proprietário -1 3 , 1 5 , 1 7-1 9 , 2 1 -22, 25, 5 1 , 5 3 ,
d e terra, 1 1 8 . 8 5 - 8 6 , 9 9- 1 0 0 , 1 05 , 1 1 4 , 1 2 1 ,
NORONHA, D. Garc i a de: vice-rei do Es­ 130, 1 38.
tado da Í ndia, 72-74, 77. PAIVA, Pêro de, 5 3 .
NORONHA, Pedro de: propr i e t á r i o de Palerim, 8 0 ; foreiro do passo de, 1 0 1 -
terra, 1 1 8 . - 1 02 ; passo de, I S , 1 7 , 8 0 , 1 0 1 -
N UNES, António, 1 4 , 8 8 - 8 9 , 9 9 ; proprie­ - 1 0 2 ; renda de, 1 5 , 80, 9 2 - 9 3 .
tário de casas foreiras, 1 1 O. P a l h a , 1 5 , 92.
NUNES, B a l ta s a r : genro d e J e r ón i m o P al meiras, 1 5 , 2 1 , 9 1 , 1 1 3 .
Gonça lves, proprietário d e terra e PANÇHA: fil ho d e Ratan ll , propri et,í r i o
de casas foreiras, 1 34 . de terra, 1 3 5 .
NUNES, Pedro: proprietário d e terra, bo­ PEDRO: fi l h o d e João Fernandes, 1 0 5 .
ticas e casas foreiras, 1 1 5 , 1 24 . PEREIRA, A . B . d e Bragança, 9 , 1 1 - 1 2 ,
N O R M UI-li\ivI MAD KI-IALil, 6 2 . 1 5 , 25-26.
PEREIRA, Ivligu e l : propriet,í r i o de u m a
o botica, 1 05 .
PEREIRA, R u i Dias, 70.
Olv{l/7e, esteiro de, 1 7, 9 8 ; forei ro do, Persas, 1 2 , 62, 70, 1 02 , 1 3 4 ; mercado­
98. res, 65; proprietá rios de terra, 1 02 ,
O M I R M A MEDE ZAMAo: ver Ivl uHAlvl­ 1 34 .
MAO ZAMAN M I RZÂ. Pescado, 1 5 , 9 2 ; renda do, 1 5 , 8 0 , 9 2 .
ORHONlU, c . , 7 2 . PINTO, Lopo Fernandes: cativo n o G u­
OrmllZ, cidade de, 1 2- 1 3 , 6 3 , 8 5 ; a ljô­ zerate, 60.
fa r v i ndo de, 1 4 , 79, 85; cava l os PIRES, A n a : m u l h e r d e João R i be i ro ,
v i nd o s d e , 6 3 , 7 6 ; escrivão d a proprietária de terra e de boticas,
a l fâ ndega d e , 1 2 9 ; fazendas v i n ­ 109.
das de, 8 2 , 8 5 - 8 6 ; ouro vindo de, P I RES, A n tónio: proprietário de terra,
1 4 , 7 9 , 8 5 ; prata v i nda de, 1 4 , 79, 105.
85. PIRES, Gaspar: secretá rio, 5 8 , 6 2 .
O RTA, A ntóni o da: vedar d a fazenda d o PIRES, Luís, 1 1 0 .
Norte, 1 2 7 . PISSURlENCAR, Pand uronga S. S . , 9, 1 1 ,
OSAl RAjA: cole, proprietário de terra, 13.
1 31 . P ITA VICA: cole, proprietário d e terra ,
OSTAllY OlVAI: proprietário de terra, 1 1 3 . 1 32.
Otomanos, ver turcos. Poços, 20, 1 02 , 1 0 6-1 0 7 , 1 0 9 - 1 1 0 , 1 1 7-
Ourives: baneanes, 1 0 8 ; da casta do sin­ - 1 2 0 , 1 22 , 1 24 , 1 2 8 , 1 3 2 , 1 3 6 .
de, 1 1 8 , 1 2 8 . PORTO, André do: proprietário de terra,
O uro, 8 0 ; vindo d e Judá, 1 4 , 7 9 ; vindo 1 3 7.
de t,/leca, 1 4 , 79, 8 5 ; vindo de Me­ PÓVOAS, A ntónio das: capitão de D i u,
l i nde, 1 4 , 79, 8 5 ; vindo de Ormuz, 121.
1 4 , 79, 8 5 . Prata, 8 0 ; vinda d e Judá, 1 4 , 79; vinda
O uvi dor-geral , 66; da Í ndia, 62, 65. de M eca, 14 , 79, 8 5 ; vinda de 1vle­
l inde, 1 4 , 79, 8 5 ; vinda de Ormuz,
p 1 4 , 79, 8 5 .
Proprietários:
PACHA: sobri nho de B i m a ngandy, pro­ - de terra, 2 2 , 9 9 - 1 0 0 , 1 02 , 1 0 6 ,
prietário de terl'<l , 1 1 8 . 1 0 8- 1 09 , 1 1 2-1 1 3 , 1 1 7-1 1 8 , 1 22,

1 52 TOMI\O DE IllU - I .ln


1 24 , 1 2 8- 1 3 1 , 1 35 ; cristãos, 22- REBELO, J\tla n LLel : m<ll' i elo ele Inês Cardo­
-24, 2 6 , 99-1 00, -1 02, 1 05 - 1 1 1 , so, proprietário de terra, 24, 1 06 .
1 1 3-1 24 , 1 28 - 1 30, 1 3 2-136; hin­ R E D O N D O , conde d o : ver C O UTI N H O ,
dus, 22-24, 1 04 ; h i ndus baneanes, D . Francisco.
23, 1 08 - 1 09, 1 1 6 , 1 1 8 , 1 2 8 , 1 3 0, R e n el as :
1 32 , 1 34-135 ; hi nelus brâmanes, - da a l fâ ndega de D i u , 1 3 , "1 8 , 79,
1 06 ; h i n d us coles, 23, 26, 1 00, 8 1 , 8 7- 8 9 , 1 3 7;
1 08, 1 1 3- 1 1 4 , 1 1 6- 1 1 8 , 1 20, 1 24, - da al fâ ndega de Gogol ,í , 1 4 , 1 9,
1 28 , 1 30 - 1 3 3 , 1 3 5-1 3 6; hi ndus 80, 8 7;
ela casta elo sinde, 1 1 8 , 1 28 ; hin­ - da bosta, 1 7 , -1 9 , 1 36-1 37;
dus !<andois, 26, 1 28 ; muçul ma­ - da i l ha de D i u , -1 6 , 1 8 , 8 1 , 94-
nos, 22-24, 1 00, 1 04 , 1 08 , 1 �1 3, -96, 1 30;
1 1 6, 1 1 9, 1 24 ; muçulmanos per­ - da serração do marfim, 1 6, 80, 93;
sas, 1 02, 1 34 ; - da ti nta do anil, 1 5, 8 1 , 92;
- el e boticas, 2 0 , 1 20; cri stãos, 20, - elas boticas, 8 1 , 93-94;
1 05, 1 1 0- 1 1 1 , 1 1 5, 1 1 9-1 20, - das manteigas, 1 4 , 1 8, 80, 8 8-89;
1 23-1 24, 1 2 8 ; h i ndus baneanes, - das urracas, 1 5, 1 8, 21, 80, 90-9 ] ;
20, 1 21 , 1 33; muçul manos, 1 33 ; - de Palerim, 1 5 , 80, 92-93;
- de casas foreiras, 2 0 , 1 1 3 , 1 28 ; - do a n fi ão, 1 4 , 1 8 , 8 0 , 8 9 ;
cristãos, 20, 1 1 0, 1 1 3, 1 1 5 , 1 21 , - do d rupo, 1 7, 80-8 1 , 97;
1 3 3 - 1 3 4 ; h i n d u s baneanes, 2 0 , - do jogo d o gauga u , 1 8 , 8 2 ;
1 1 9 ; muçulmanos, 1 1 3 , 1 33 _ - do mandovim elos manti mentos,
PUNÓ R A M Y : propriet,írio de terra, 1 06 _ 1 4 , 1 8 , 80, 87-88;
- do pescado, 15, 80, 92;
Q - do sabão, 1 7- 1 8 , ' 1 1 2 .
RESEN DE, Pedro Barreto de, 1 2, -1 8 .
Q UADROS, Jeró n i mo, 9 . R I BEIRO, João: marido d e Ana P i res, pro-
Q UESÓ BANGAÇALY: proprietário d e ter­ prietário ele terra e ele boticas, 1 0 9 .
ra, 1 0 8 , 1 1 2 . R I U A : persa , i r mão de Virá, 1 3 4 .
Q UETAlvI Y : cole, proprietário de terra , R IVARA, J . H . da Cunha, 1 2.
131. ROCl-IA, lv1 . A. Coe l ho e"l, 23 .
Q UISER: cole, proprietário ele terra, 1 1 6. R O D R I G U E S , B a l tasar: rendeiro do s a -
b ã o , 1 12 .
R ROD RIGUES, Ca ta r i n a : m u l her de B a l ta ­
sar Próis, 1 1 6 .
RAIRA: proprietário ele terra, 1 24 . R O D R IGUES, João: proprietário de terra
RA.l BÃI ,princesa rajepute, 7 I . e de marinhas de s a l , 1 23 ; bom­
R ANAcAlA: proprietário de ternl , 1 3 0 . bardei ro, proprietário de casas f o­
RANGEL, B a l tasar: f eitor ele D i u , 1 1 0 , reiras, 1 33 .
1 2 1 , 1 27. Romãs, 1 6 , 9 5 .
Ri\NI K A RN AVATI , rainha ele Chi tor, 5 5 . ROXELANA, sultana otomana, 7 2 .
R A O MEDINA, ver IvIEDANI R A I e K IWAN RUi'vIECAO, ver K H""AJA SAFAR A GI-IA .
AL-IvIuLK SARANG . R umes, ver turcos.
RASPAL D RU : baneane, proprietário el e
terra, 1 32 . S
R ATANÚ: pai de Pançha e Vaçhia, pro­
prie-tár i o de tena, 1 35 . SA, G a rcia de, 6 5 .
R A Z A GARA: c o l e , propri et,írio de terra , Sabão, 1 7, ] 1 2 ; renda d o , 1 7- 1 8 , 1 12 ;
1 3 0. rendei ro do, 1 7, 1 1 2.

153
Sa l : m a r i n h a s ele, 2 1 , 1 23 . S I LVEIRA, Hei tor el a , 5 4 .
SALDAN HA, António ele, 5 4 . S I LVEIRA, lVIarti n ho ela : c a p i tã o e l e D i u ,
SAUvlAN REIS, 7 2 . 1 02 , 1 04 , 1 1 6 - 1 1 7, 1 20 , 1 3 5 - 1 3 6 .
S AM E A R MvI Y : p r o p r i e t â r i o el e ter r a , STLVEIRA, Pau l a ela : m u l her ele Fernão el a
1 06. S i l ve i r a , proprietá r i a ele t e r r a , 1 0 9 .
SMvlPAIO, Vasco Pires ele , 70. Si nele, 7 ] ; casta elo, 1 1 8 ; fa zendas v i n ­
SAMSAMIÃO: irmãos ele, proprietá rios d e el a s elo, 8 2 ; ourives, 1 1 8 , 1 2 8 ; pro­
terra, 1 1 8 . prietários de terr a , 1 1 8 , 1 2 8 .
SANDE, Afonso Vaz de: r e n el e i ro ela bos­ SING, K . S . , 1 5 , 1 0 8 , 1 24 .
ta, ] 36. SINGUIGY: persa, i r m ã o ele S ur g )', pro-
SANCA R M ALLY: fu l ei ro, proprietá rio el e prie t,írio ele terra, 1 3 4 .
terra , 1 3 0 . SINHA, N. K., 1 5 , 1 0 8 , 1 24 .
SANGAGY: proprietário d e terra, 1 02 . SOARES, D iogo, 6 5 .
SANGRÂMASIMHA SINGRAM SIN GI-I I , rei SOARES, Torq ll a to ele Sousa, 2 3 .
ele Ch i tor, 5 5 . SOEIRO, D i ogo, 1 1 5 .
SANTIAGO, J o ã o el e : e m ba ixaelor portu­ SOLET M Ã O : s u l tão turco, 72; muçulm,l ­
guês ao s u l tã o elo Guzerate, 5 5 . n o , proprietári o ele terra, 1 24 .
São D o m il1gos: bazar el e , 1 5 , 8 9 ; con­ S O LEMÃO Btlxt\, ver H A D I M SÜLEYI'vlÂN
v e n to ele, 1 4 , 8 8 . PASHA.
S A RTSA- D ENGUEL: rei el a Etiópi,\ , 1 2 5 . SORGY: sobri n h o ele Vassa n , proprietá-
SAUIA SONY: b a neane, o urives, proprie­ rio ele ter ra, 1 0 9 .
tário ele terra, 1 0 8 . SOTOi'vI A I O R , Fernão ele Ea nes, 6 2 .
SAVOGY: b a n ea ne, fi l h o ele Arga i , pro­ SOUSA, Gaspar ele, 70.
prietário ele terra , 1 34 . SOUSA, Nlanllel ele: capitão de D i u , 65-66.
Secretá r i o : ela c h a n ce l a r i a , 5 2 ; el a Ín el i a , SOUSA, NIarti m Afonso d e : governaelor
6 5 , 6 7 , 7 0 -7 1 , 7 7 ; G a s pa r P i r e s , d o Estaelo da Í nel i a , 1 8 .
5 8 , 6 2 ; João ela C o s t a , 6 5 ; Simão SUi'vIUÇA: proprietário ele terr a , 1 1 2.
Ferre i r a , 5 5-5 6 . SURGY: persa, irmão ele S i n g u i g)', pro­
S E L I M I , s u l tão turco, 6 7 , 72. prietário ele terra , 1 3 4 .
Sr-IÂI-I HUSAYN, 7 1 .
SHAW, S t a n forel , 72. T
S H AYKH IWAS, e m ba i xaelor elo s u l ta n a el o
elo Guzerate, 5 6-5 8 , 6 0 - 6 2 , 6 4 - 6 5 . Tâ m a ras, 1 5 - 1 6 , 2 0 , 9 0 , 9 5 , 1 05 , 1 2 1 .
SI-lER SI-TÂH SÚR, 6 6 . Tam areiras, 1 5 , 8 0 , 9 1 .
S HIAWÂN K H Â N BI-IATTI, 78 . TA1vl ERLÃO: ver TI.\W R .
S IDE BALLALA : proprietário ele casas fo­ TANALlBA: m uçu l m a n a , proprietária ele
reiras, 1 2 8 . terra , 1 1 6 .
S I KANDAR, s u l t ã o el o G uzera tc, 71 . TAVA : persa, propri et,íria ele terra, 1 02 .
S I LVA, A fo n s o Fe r r e i r a ela: foreiro elo TAVA : persa, 1 02 .
p a sso el e B unchervará, 1 07 . TAVAR GOPAL: ela casta el o s i n de, ouri­
S I LVA, Henr i q ue el a : v e el o r el a fazenel a , v e s , propriet,í r i o ele terra , 1 2 8 .
1 36. TAVARES, Aires: propr ietário ele boticas,
S I LVA , S i m ã o el a : propriet,í r i o el e boti­ 1 20 .
cas, 1 1 1 . TAVARES, António: esc r i vã o el a a l fânde­
S I LVEIRA, A ntónio ela : c a p i tã o ele D i u , g a el e O r m uz, pro p r i e t á ri o ele terra
70, 72. em Diu, 1 29 .
S ILVEIRA, F e rn ã o ela : m a r i el o ele Pa u l a ela TAVA R E S , D o m i n go s , 9 7 ; e n t e a d o el e
S i l ve i r a , propriet á r i o d e terra , 1 09 , Jorge Ca l a el o , foreiro do passo ele
1 19. Tet)', 1 3 8 .

1 54 Tll.\·I II() D F. D I U - 1592


TAVORA, Fra ncisco ele: propriet,írio d e VASSAN: tio de Lalgy e Sorg)', propriet,í-
terra, 1 32. rio d e terra, '1 0 9 .
TAvORA, Rui Pi res d e : capitão ele D i u , VASSANE: corretor, : I l O .
11L VAZ, D iogo: propriet,írio de terra, 1 22 .
Tety, passo d e , 1 7, J 1 1 ; forei ro do pas- Ved or ela fazenda, 1 1 , 5 1 , 5 3 , 9 9 , '1 03 ,
so ele, 1 1 1 , B 8 . 1 05 , 1 1 0, 1 1 2-1 1 4 , 1 1 9 , 1 2 1 , 1 26-
TI-IOMAZ, Luís F i l i pe F. R . , 54. - 1 27, 1 29-1 30, 1 34 , B6, B 8 ; d o
Tl1vIUR, o Coxo, 6 6 . Norte, 24, 1 1 5, 1 27.
TISNADO, Manuel: proprietário ele terra, V E I G A , Cecíl i a d a : muI her d e 13a I tasa r
1 05. Fernan d es, 1 0 1 - 1 02 .
TORRES, A n a 1vla ria Carabias, 1 1 . VELHO, Bartolomeu, 1 2 6 .
TORRES, B a l tasar de: m a rielo d e Maria VaI-lO, D iogo: secret,í r i o da chancel a ­
G o nç a l ves, propr ietário d e terra, r i a , 52.
1 1 4. VELHO, Gaspar: proprietá r i o d e terra e
T O S C A N O , Fr,l n c i sc o : propri etá r i o d e d e boticas, 1 1 0 .
terra , 1 3 5. VELHO, N i c o l a u : propr i etário d e casas
TIUCAMO: propriet,í ri o ele terra, 1 02 . for e i ras, 1 1 0.
TIUI1.A A D I R A : c o l e , proprietário d e ter­ V ES PA L : mocadão d os m a n t i me n to s ,
ra, 1 3 2 . propriet<írio ele boticas, 1 2 0 .
Tu rcos , 5 4 , 5 9 , 6 3 , 72 , 8 3 , i m pé r i o VEZt\: cole, proprietário d e terra, 1 3 2 .
turco, 7 2 , s u l tões turcos, 6 7 , 72, VICENTE, R u i : prov i nc i a l d o colégio ele
83. São Pa ulo d e Goa, 1 26 .
V I EIRA. D iogo: conta d or d os contos d e
u Goa, 9-1 1 , 1 8 , 2 5 , 5 3 , 1 29 , B 8 -
-139.
príncipe herd eiro d e Chi­
U D A I S I NGl-I , Vigas: d e chuva, ver d e seq ueiro; de re­
tor, 55. ga d io, 1 7, 20, 1 04 - 1 1 1 , 1 1 4 , 1 1 6-
UI/a, 66, 70-7 1 . -1 24, 1 2 8 - 1 3 2 , 1 34- 1 3 7; de se­
Urracas, 1 5, 8 0 , 90-9 1 , ren d a das, 1 5 , queiro, 1 7, 20, 1 00 , :1 0 4 - 1 1 1 , 1 1 4 ,
1 8 , 2 1 , 8 0 , 90-9 1 ; ren d e i ro d a s , 1 1 6 , 1 1 9-1 24 , 1 28 - 1 3 2 , 1 34 - 1 37;
1 5, 90-9 1 . a fora d a s e m en fi teuse, 1 0 :1 , 1 06 ,
1 24 , 1 2 6 , 1 29 .
v Vija)'anagar, 60, 8 l.
V I LALOI3OS, Vicente D i a s ele: vedor da
VAÇH I A : fi l ho d e RatanLl , propriet,írio fazenda, 1 1 0 , 1 34 .
d e terra, 1 35 . V I N A S A M A L : p r o p r i et,ü i o el e t e r r a ,
VAJA 13ucAo: cole, proprietário de terra , 1 30.
13l. Vi nhos, 1 5 , 80, 9 0-9 1 .
V A N A P AGA: proprietário ele terra, 9 9 . VIRA: persa, i rmão d e R i u a , proprietá­
V A N A PATEL: proprietário d e terra, 1 00 . rio ele terra, J 3 4 .
\ral/çoso, este i ro ele, 1 7, 9 8 ; foreiro d o, V I R G E S O N Y : p r o p r i e t ,í r i o ele t e rr a ,
98. 1 1 2.
V A N ECAZEssA: cole, proprietário ele ter­ V ITOLA: h i nel u , proprier,í r i o d e t e r r a ,
ra, 1 3 3 . 1 04 .
VA REJÃO, D ua rt e Delgado de, 1 28 .
V A S C O N C E L O S , Franci sco [vlendes d e : w
e m ba i x a d o r ao Guzerate, 73-74.
V/\SCONCELOS, !vl a nuel de: emba ixa d or \XIENSICK, A. J., 6 8 .
ao G uzerate, 73-74. W I LSON, H . H . , 1 4 , 1 7, 8 8 , I DO , 1 3 1 .

155
x

XACOES, ver StlAYKI-I IWAS.


XASCt\O: baneane, proprietário de casas
foreiras, 1 1 9 .

YULE, H e nry, 6 1 , 8 0 - 8 1 , 8 8 - 8 9 , 9 2 - 9 3 ,
1 13.

Zavarga n d i , 1 34 .

1 56 TO.�\IICl DE D I U - 1 5Yl
ÍNDICE

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Q u a dros e gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Tom b o de D i u . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Tabuada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Tom bo da fortaleza d e D i u . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Treslado d a provisão d e S u a Majestade . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Tom b o d a fortaleza d e D i u , feito por Fra ncisco Pais, prove-
d or-mar dos Contos, com o Contador Diogo Vieira, por bem
de uma provisão de Sua Maj estade atrás escrita . . . . . . . . . 53
Treslado d o s contratos, e razões deles fei tos com o s r e i s de
Cam baia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Títu l o da a l fândega desta fortal eza d e D i u . . . . . . . . . . . . . . . 79
D ec l a ração sobre a a l fâ ndega e pretensões dela . . . . . . . . . . . 82
A r e n d a da a l fâ ndega de Gogol á . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
A renda d o mandovim dos m a n timentos . . . . . . . . . . . . . . . . 87
A renda das m anteiga s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
A renda d o a n fi ão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
A renda das urracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
A renda d a tinta d o a n i l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A renda d o pescado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A renda de palerim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A renda d o serrar marfim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

1 57
A renda das boticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
A ren d a d a ilha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
A renda do drnpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
A passagem de Gogo l á . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Aforamento d e dois estre i tos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Propriedades foreiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
O p a sso d e Paleri m d e q ue é foreilO B a l tasar Fern a ndes . . . . 101
O passo de Brancavará de João Fer n a n des . . . . . . . . . . . . . . . 1 02
Treslado da portaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 03
Tresl a d o da p a te n te . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 03
Declaração sobre as v igas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 05
O pa sso de B u nchervará que possui Bartolomeu Moreira . , . 107
O passo d e Teti que possui Jorge Calado . . . . . . . . . . . . . . . . 111
O ca rgo de piloto-mo r e mocadão das ta mpa n a s . . . . . . . . . . 111
Aforamento do sabão que poss u i B a l tasar Rodrigues . . . . . . 112
Aldeia MalaIa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
L u ís de Mendonça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 24
A l d e i a Fodão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
B u nchervará . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 29
Aldeia de Jasoatraque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
D ra n gavari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
A renda d a bosta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
A ldeia Jasoatraque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137

Í ndice a n a l ítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

l 58 TO.\ I I\O 111' I l IU - 1592

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