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Thetis Nunes
CD
OVIEDOD
editora-ufs TEDXEIRA
C
I
A INTEGRAÇÃO DO TERRITÓRIO
SERGIPANO À COLONIZAÇÃO PORTUGUESA
vam-se favoráveis".
ano. Tornou-se
orlugal, iniciados com a 1". Expedição exploradora daquele
lamoso pelas cartas em que divulgava as novas terras. Embora hoje se discuta
Sua autoria, elas, especialmente a mais conhecida, Mundus Novus - de 1504
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Idem, p. 194.
A Canafístula,
planta medicinal, era conhecida no Oriente, sendo um dos
produtos do comércio da época dos grandes descobrimentos.
Mendes de Almeida, Cândido. Obra
citada, p. 187
7Souza, Gabriel Soares. Notícias do
Departamento de Assuntos Culturais doBrasil
M.E.C.,- 1974,
EdiçãoP. patrocinada
23. pelo
"Segunda-feira, 11 do dito mês
(março) tomei o sol em onze meio:
fazia-me de terra mede terra dez l0 graus e
léguas.
-
18
1
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SERGIPE COLONIAL I
p.
20
Jas iesuítas, no Reino foi julgada guerra injusta, determinando-se
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Caspar Lourenço, grande lingua e entre eles muito afamado"20, e
a irmão João Salönio passaram o rio Real,
iniciando a catequese
com a fundação da Missão de São Tomé, seis léguas distantes do
rio Real (onde possivelmente se localiza a cidade de Santa Luzia).
Uma pequena lgreja de pindoba foi erguida e consagrada à Nossa
Senhora da Esperança. Seguiram-se as Missões de Santo Inácio,
10 a 12 léguas
para o norte, às margens do Vasa-Barris (provavel-
mente no local da cidade de Itaporanga), nas terras do cacique
Surubi, e a de São Paulo, "junto ao mar"', região do cacique Serigi.
Nessas aldeias agregou-se numerosa população indígena liderada
pelos caciques Serigi, Surubie Aperipê, este dominando as terras
entre o rio Real e o Vasa-Barris*1, Os padres começaram a ensinar a
doutrina crist22, e na Missão de São Tomé o Padre Gaspar Lou-
renço abriu uma escola para as crianças, denominada São Sebasti-
ão, tendo como professor o Irmão João Salônio, que foi, assim,o
primeiro professor de Sergipe.
Paralela à atuação dos inacianos, o Governador Luís de Brito
delegara poderes a Garcia D'Avila, o famoso potentado da Casa da
Torre ", para iniciar a colonização sergipana. Este permaneceu nas
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SERGIPE CoLONIAL I
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com outrastrinta aldeias do Serigi; e que se
fosse daquela
mancira haviam de Jugir com medo, como
aconteceu"",
Luís de Brito não aprovou a fundação do povoado que fizera
Garcia D'Avila, fracassando essa primeira tentativa leiga de coloni-
zacão que "nunca se acabou de povOar, senão de currais de gado",
nadizer de Frei Vicente de Salvador2". Realmente, a Casa da Torre,
através da concessäo de sesmarias, tornar-se-ia proprietária de gran-
de extensão do solo sergipano, por onde se estenderam os reba-
nhos dos seus prepostos.
O Governador Luís de Brito, acompanhado de soldados e di-
versos moradores da Bahia, "animados pelo desejo de trazer
gentio
para o cativeiro, uns por terra, outros por mar em barco"3, alcan-
çou o local das missões. Como previra o Padre Gaspar Lourenço,
os chefes indígenas, intimidados, foram, com seus liderados, aban-
donando as Missões, pretexto que encontrouo Governador para
iniciar violento ataque contra as aldeias, destruindo-as, e
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SERGIPE COLONIAL I
afirmam
que se refugiou no interior,
tome contra a escravidão; outros
baseando-se no dizer de Anchieta que "os índios do Serigi ficaram de
referindo-se aoano de 1584. Nao estaria, porén,
guera até agona"",
Anchieta falando da região de Sergipe ou Serigi, nome como, inicial
mente, era conhecido Sergipe? Em realidade, tamanha toi a resistén-
cia dos nativos, morrendo na luta ou refugiando-se nos sertões, que
Salvador, Frei Vicente. Obra citada, p. 214. Frei Vicente do Salvador escreveu que Luis
de Brito perSeguiu Aperipê 50 léguas pelo sertão até onde se encontravam duas lagoas,
una de água docee outra
salgada. Felisbelo afirma que tais lagoas não poderiam
encontrar-se em território sergipano, o é confirmado estudos
que por posteriores.
Anchieta, Joseph de. Obra citada, p. 46.
Leal, Antônio Henrique. Apontamentos para a História da Companhia de
Jesus. RIHGB, 1874, p. 150.
Sacchino, Frandesco. História Societatis Jesú. In Antônio Henrique Leal.
Apontamentos paraa História da Companhia de Jesus. Obra citada, p. 15.
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Luís de Brito retirou-se do território sergipano sem deixar, po-
rém. qualquer marco de colonização. Logo os franceses retornaram
a0 Comércio do pau-brasil com os índios Tupinambás, que voltaram
dos sertoes, e os kiriri, vindos das regióes interioranas para ocupar
oS espaços vazios resultantes da devastação que havia sido feita.
"Tem este rio duas léguas por ele acima é terra fraca, mas
" Calmon, Pedro. O Segredo das Minas de Prata. Tese apresentada à Congregação
do Colégio Pedro II. Rio de Janeiro, 1950, p. 20.
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e comam""
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daminar as tribos indigenas que
resistiam à
nauistadores assegurando0-Ihes má0-de-obra escravização dos
lhiotivo do Estado portugués. A barata, tornaram-se
dominação obtida asseguraria,
cabretudo, a posse das terras ocupadas
A pelos índios.
Ocupação do território sergipano se
vel à novaetapa mercantilismo luso. O apresentava indispensá-
do
Francisco Giraldes, ao ser nomeado Regimento que recebera
em março de 1588, determinava
Governador-Geral do Brasil
"fazer guerra ao gentio da costa
sergipana, castigá-lo lançá-lo fora da
e
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SERGIPE COLONIAL
da Igreja."
"Puderam, então, os jesuitas ajudar is índios que comeca
mma comerciar com nós confiantes, sabendo que não há de
correr perigo sua liberdade e nem ocorerão maus tratos"2
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Aeia sereipano", oque comprovam
resde ocuparem as terras de tentativas dos colonizado-
as
Sergipe para a
nhos, e a reação do indio lutando contra os expansão dos reba-
invasores.
Em 1590, no reinado de F'elipe I, coube
ras47, um dos
a
Cristóvão de Bar-
membros da Junta Provisória
que
morte de Manuel Teles Barreto em 1587,governava Brasil
o
anás a
proble- resolver o
ma colonização do território sergipano. Tornava-se inadiável
da
o
nroblema sob pressão de vários latores, como assegurar comuni- a
cação terrestre entre Bahia e Pernambuco, só possível subjugando
os nativos;desalojar os franceses
do litoral, eliminando o forte
concorrente dos produtos extrativos coloniais nos mercados euro
peus: proteger a colonização das margens dos rios Itapicuru e Real
dos freqüentes ataques dos índios
sergipanos; obter mão-de-obra
barata que, com a justificativa de guerra justa, ser obtida, poderia
atendendo, assim, à exigência de braços solicitada pelo crescimen-
to dos engenhos do Recôncavo baiano, numa época emn que o es-
cravo africano estava altamente valorizado ante a concorrência das
minas da América Espanhola;" e, finalmente, a possibilidade de
Ocupar excelentes pastagens para atender à expansão dos reba-
nhos.
Acompanharam Cristóvão de Barros na expedição pessoas re-
presentativas da vida da Bahia de então, como, além do Alcaide
mor Duarte Muniz Barreto, Diogo Lopes Ulhoa, Belchior Dias
Moréia, João de Ávilae Bernardo de Andrade.
175.
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ascreveu o sucedido, cerca de trés décadas depois, Frei Vicente
do SalvadorS1,
município de
Aracajus2, Lançou os fundamentos da vida administrativa de
Sergipe, designandoo Capitão-mor Tomé da Rocha preposto do
oOverno-geral do Brasil com poderes de prover os cargos dos ofíci
Os de justiça e fazenda, tendo, ainda, alçada no crime e
no cível.
Construiu um presídio, justificado como necessário à ordem, criou
uma força policial que contava com um armazém bélico, duas
pe-
ças de artilharia, entregue o comando ao Capitão Rodrigo Martins
para garantir a segurança da nova Capitania. Passou a cidade a ser
Freguesia de Nossa Senhora da Vitória pertencente ao Bispado da
Bahia, sendo designado o Pe. Antônio Murtinho para vigário, o
qual tornar-se-ia, grande proprietário rural. Sergipe Del Rei, as
sim se denominoua nova Capitania, porter a conquista resultado
de iniciativa real, e, também, para diferenciá-la de Sergipe do Con-
de, localidade do Recôncavo da Bahia desenvolvida em torno do
engenho fundado por Mem de Sá, que, por sua morte, passou a
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latifundiário baianos.
Seu desfecho significou o triunfo dos grandes
especialmente ligados à atividade pastoril, que ocuparam suas
pastagens com os rebanhos.
entre Bahia e
Estabeleceram-se, regulares, as comunicações
Pernambuco. As viagens se tornaram freqüentes pela costa. "Na
As vezes basta-
falta de pontes ou canoas aproveitaram-se os vaus,
Va esperar pelamaré" 54
Consolidada a conquista, após oito meses de árduas lutas, Cris-
tóvão de Barris retornou a Salvador, deixando àfrente do governo de
Cerezipe ou Cerezipe Novo, Tomé da Rocha, que no cargo permane
ceria até 1594 quando o substituiu Diogo Quadros. Este governou
até 1600, e, normalmente, foi evoluindo a vida político-administrati-
va sergipana, contando com o Ouvidor e o Provedor-mor, responsá
vel pela justiça e fazenda, alem de funcionários do segundo escalão
como almoxarifes e escrivães. Instalou-se a Câmara Municipal.
A estrutura político-administrativa da Capitania de Sergipe del
Rei se processou segundo as determinações das Ordenações Fili-
pinas em vigor.
Alegando motivo de segurança5, os moradores da cidade de
São Cristóvão a transferiram para uma elevação situada entre a
s
PRADO, J. FE. Almeida. Obra citada, p. 219.
ABREU, Capistrano de. Ensaios e Estudos. Edição da Sociedade Capistrano de
Abreu, 1932, p. 275.
"Diz o juiz, Vereador e procurador do Conselho nesta Capitania de Sergipe del
Rei, que o Desembargador Gaspar de Figueiredo Homem veio a esta
há sete ou oito anos, e a requerimento do Capitania
povo, assentou com os moradores.
e Capitão, de mudar a Cidade, que se tal tempo estava no Aracaju, e que Se
situasse neste outeiro, onde logo se passou a
Igreja e o Forte, baseado
petição feita em 1603 ao governo da Capitania", afirmou Frei Antônio en
Santa Maria do Jaboat. Novo Orbe de
Seráfico Brasilico
Menores da Província do Brasil. In RIGHS,
ou Crônicas dos Frades
ano l -
1914, p. 51.
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harra do rio Poxim eolitoral, fato que teria sucedido entre 1594 e
EQ5 Outra transferéncia ainda ocorreria em 1607
para o local
ande. hoje, se encontra cidade, quatro léguas a dentro da
a
ensea-
da do Vasa-Barris, na contluencia que faz com o
Paramopama. Essa
localização permitia aos habilantes licarem "mais perto de suas
fazendas", "sendo a pior cleIção, por quanto no Vasa-Barris que
tem pior barra"s6
Com a denominação de Sergipe del Rei, tambén São Cristóvão
seria conhecida no século XVII. Os cronistas e os documentos
históricos, que a mencionam, ora usam uma denominação, ora
outra.
Dando-lhe embasamento, desenvolvia-se a cultura de manti-
mentos, necessária para abastecer os habitantes de São Cristóvão,
a Capitalss
A pecuária tornou-se, inicialmente, a mais importante ativida-
de dos colonos, que, através da doação de sesmarias, foram ocu-
pando a terra no sentido sul-norte, a partir das margens dos rios
Real e Piauí. O grande número de pedidos de sesmaria comprova
o interesse pela região, antes as vantagens que as terras ofereciam
às atividades agrícolas. "Antes do sergipano ser lavrador. foi pas-
tor", afirmou Felisbelo Freire. Nos começos do século XVII já os
rebanhos alcançavam as margens do São Francisco, destacando-se
na expansão a Casa da Torre, que com seus rendeiros e sesmeiros
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A Colonização sergipana em seus primórdios foi,
ma empresa militar. E asSim
essencialmente,
continuou para sobreviver desde
aLando povoadores deveriam enfrentar lutas constantes contra
qu
os
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Salomão, Lilian da
Federal do Rio de Fonseca. As Sesmarias de Sergipe d'El Rei.
Janeiro, 1981. Dissertação de Universidaae
Mestrado. p. 77.
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assim para comer, como para serviço; criam-se nestes pas-
tos muitos bois, éguas, e bons cavalos, que do Brasil são os
melhores
descreveu:
256.
LVro que dá Razão do Estado
do Brasil, citado, p.
Idem, 5.
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