Você está na página 1de 4

Ficha de trabalho 6

Leitura e Gramática

Nome ____________________________________________ Ano ___________ Turma __________ N.o _________

Exposição sobre um tema

Lê o artigo seguinte.

Morrer nas chamas da fogueira

Foi este o destino de muitos portugueses, ao longo de séculos,


por determinação do Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição.

Na sequência do período obscurantista de D. João V, a capital portuguesa era então ainda vista na
Europa das Luzes como a sede penumbrosa de um mundo de terror e crendice.
5 A Inquisição, instalada no país desde o tempo de D. João III, em meados do século XVI, era a
faceta mais assustadora do quadro. Havia tribunais em Lisboa, Coimbra, Évora e Goa, no Oriente. À
semelhança do que ocorria em Espanha, funcionava como um poderoso Estado dentro do Estado. Os
suspeitos de hermetismo, normalmente presos por denúncia, eram julgados e, em muitos casos,
condenados à morte, normalmente na fogueira. Vestiam-lhes então um trajo especial, chamado
10 sambenito, e conduziam-nos à pira sacrificial, em Lisboa instalada por regra no Rossio (embora
também tenha havido execuções no Terreiro do Paço). Claro que muitas vezes não havia qualquer
fundamento na delação, tratando-se de vinganças pessoais com as mais sinistras consequências. Ao
contrário de outros países católicos, onde a perseguição incidia fortemente nas mulheres acusadas de
feitiçaria (as bruxas), em Portugal o Santo Ofício perseguiu especialmente os judeus, considerados
15 gente «de sangue impuro».
Mas não se julgue que foi fácil aos reis portugueses instalarem a Inquisição. Tratando-se de um
tribunal religioso, dependia de Roma enquanto instituição, e havia, portanto, que obter autorização
papal. D. Manuel I tentara arranjá-la ainda antes de 1520, mas em vão. Só passadas duas décadas o seu
filho D. João III a conquistou, e mesmo assim inicialmente com restrições. Porque queriam os reis, à
20 viva força, a Inquisição em Portugal? Porque esta era um poderoso instrumento de poder central,
sabendo-se da promiscuidade proverbialmente existente entre o Governo e a Igreja Católica. Não
admira assim que os alvos prediletos do Santo Ofício fossem os judeus, normalmente comerciantes
abastados demasiado poderosos e independentes para o gosto centralizador das monarquias
meridionais. A diáspora dos judeus portugueses pelo mundo, fugindo à Inquisição, viria a enfraquecer
25 o país e a fortalecer os locais onde se instalaram – a Holanda, por exemplo.
Quantas pessoas queimou a Inquisição em Portugal, não se sabe ao certo. Segundo Oliveira
Marques, no primeiro século e meio uma média de 130 por ano, mas investigadores ligados à Igreja
Católica vieram recentemente defender que se trata de um mito. O estudo sério está por fazer,
contemplando o número de detenções e de julgamentos e tipos de pena em que incorreram os réus. Só
30 no tempo do Marquês de Pombal deixou de haver condenações à morte e apenas o Liberalismo,
quando já ia avançado o século XIX, baniu de vez a instituição.
Mas de uma coisa não há dúvida: o Tribunal do Santo Ofício, normalmente conhecido por
Inquisição, é uma das páginas mais negras da História da Igreja Católica, e da História Universal de
forma genérica.
Luís Almeida Martins, «Duelo de artilharia no Tejo», in 365 dias com histórias
da História de Portugal, Esfera dos Livros, 2011, pp.163-164 (texto com supressões).

230 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

1. Segundo o autor do texto, a Inquisição em Portugal, no tempo de D. João V, era uma instituição
(A) de reputado prestígio a nível europeu.
(B) mal vista pela maioria dos países europeus.
(C) apoiada pela maioria dos países europeus.
(D) igual à existente nos países europeus.

2. Com a afirmação de que a Inquisição «funcionava como um poderoso Estado dentro do Estado»
(l. 7), o autor quer evidenciar que esta instituição
(A) dependia diretamente da intervenção do Estado.
(B) prestava regularmente contas ao Estado.
(C) gozava de total independência face ao Estado.
(D) tinha um território físico próprio de intervenção.

3. A área de atuação da Inquisição Portuguesa era


(A) no território português e Oriente.
(B) no território português e colónias de África.
(C) no território português e colónia da América do Sul.
(D) apenas no território português.

4. O uso de parênteses nas linhas 10-11 justifica-se pela introdução de uma


(A) enumeração.
(B) conclusão.
(C) transcrição.
(D) explicação.

5. Os elementos sublinhados em «Os suspeitos de hermetismo, normalmente presos por denúncia,


eram julgados e, em muitos casos, condenados à morte, normalmente na fogueira. Vestiam-lhes
então um trajo especial, chamado sambenito, e conduziam-nos à pira sacrificial» (ll. 7-10) contribuem
para a coesão
(A) lexical.
(B) referencial.
(C) frásica.
(D) interfrásica.

6. O valor modal presente no último parágrafo do texto é o de


(A) certeza.
(B) probabilidade.
(C) obrigação.
(D) permissão.

7. O valor aspetual presente em «Só no tempo do Marquês de Pombal deixou de haver


condenações à morte e apenas o Liberalismo, quando já ia avançado o século XIX, baniu de vez
a instituição» (ll. 29-31) é de
(A) situação habitual.
(B) situação iterativa.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 231


(C) valor perfetivo.
(D) valor imperfetivo.

8. Identifica a função sintática da palavra sublinhada em «a diáspora dos judeus portugueses pelo
mundo» (l. 24).

9. Identifica o antecedente do pronome pessoal em «conduziam-nos à pira sacrificial» (l. 10).

10. Classifica a oração subordinada presente na frase «Mas não se julgue que foi fácil aos reis
portugueses instalarem a Inquisição» (l. 16).

232 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano


Soluções
Leitura e Gramática Ficha de trabalho 5 (p. 227)
1. (D).
Ficha de trabalho 1 (p. 215) 2. (B).
1. (C). 3. (D).
2. (D). 4. (A).
3. (B). 5. (B).
4. (A). 6. (D).
5. (C). 7. (B).
6. (B). 8. Predicativo do sujeito.
7. (C). 9. «esta versão».
8. (Deítico pessoal: forma verbal flexionada na 1.a 10. Oração subordinada substantiva completiva.
pessoa do plural («estivemos»); deítico temporal: forma
verbal flexionada no pretérito perfeito («estivemos»); Ficha de trabalho 6 (p. 230)
deítico espacial: advérbio de lugar («lá»). 1. (B).
9. («uma ideia». 2. (C).
10. ( Subordinada adverbial final. 3. (A).
4. (D).
Ficha de trabalho 2 (p. 218) 5. (B).
1. (B). 6. (A).
2. (A). 7. (C).
3. (C). 8. Modificador restritivo do nome.
4. (A). 9. «Os suspeitos de hermetismo».
5. (C). 10. Oração subordinada substantiva completiva.
6. (D).
7. (C). Ficha de trabalho 7 (p. 233)
8. Deíticos pessoais: formas verbais flexionadas na 1.a 1. (B).
pessoa do singular («descobri»); pronomes pessoais da 1.a 2. (D).
pessoa do singular («eu» e «-me»); determinante
3. (A).
possessivo da 2.a pessoa do plural («vossas»); deítico
4. (B).
temporal: flexão verbal do pretérito perfeito («descobri»).
5. (B).
9. Situação genérica.
6. (A).
10. «quatro estações».
7. (C).
8. Predicativo do sujeito.
Ficha de trabalho 3 (p. 221)
9. Subordinada adverbial concessiva.
1. (C).
10. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
2. (A).
3. (D).
4. (C).
Ficha de trabalho 8 (p. 235)
5. (A). 1. (C).
6. (B). 2. (D).
7. (B). 3. (A).
8. Modificador apositivo do nome. 4. (C).
9. Oração subordinada substantiva completiva. 5. (D).
10. Valor imperfetivo. 6. (A).
7. (B).
Ficha de trabalho 4 (p. 224) 8. Modalidade epistémica (valor de probabilidade).
1. (D). 9. Complemento do nome.
2. (B). 10. Descrição das características do livro, acompanhado
3. (B). de um comentário crítico. Utilização de uma linguagem
4. (C). valorativa.
5. (C).
6. (A). Ficha de trabalho 9 (p. 238)
7. (D). 1. (B).
8. Oração subordinada substantiva completiva. 2. (A).
9. «tarde de trabalho». 3. (C).
10. Valor modal de certeza. 4. (A).

258 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano

Você também pode gostar