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2.

TESTES DE AVALIAÇÃO

2. TESTE DE AVALIAÇÃO
Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

Contemplo o lago mudo


Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

5 O lago nada me diz,


Não sinto a brisa mexê-lo.
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trémulos vincos risonhos


10 Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
4-8-1930

Fernando Pessoa, Poesia do Eu (edição de Richard Zenith),


Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 204-205

1. Comprove que o “lago” é o ponto de partida para uma análise introspetiva, levada a cabo pelo
sujeito poético.

2. Explicite de que modo se podem articular as temáticas “sonho e realidade” e “a dor de pensar”.

3. Evidencie o recurso à personificação e explique a sua expressividade.

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2. TESTES DE AVALIAÇÃO

Leia o excerto.

Carlos pensara em arranjar um vasto laboratório ali perto no bairro, com fornos para trabalhos
químicos, uma sala disposta para estudos anatómicos e fisiológicos, a sua biblioteca, os seus apa-
relhos, uma concentração metódica de todos os instrumentos de estudo...
Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso.
5 – E que não te prendam questões de dinheiro, Carlos! Nós fizemos nestes últimos anos de Santa
Olávia algumas economias...
– Boas e grandes palavras, avô! Repita-as ao Vilaça.
As semanas foram passando nestes planos de instalação. Carlos trazia realmente resoluções
sinceras de trabalho: a ciência como mera ornamentação interior do espírito, mais inútil para os
10 outros que as próprias tapeçarias do seu quarto, parecia-lhe apenas um luxo de solitário: desejava
ser útil. Mas as suas ambições flutuavam, intensas e vagas; ora pensava numa larga clínica; ora na
composição maciça de um livro iniciador; algumas vezes em experiências fisiológicas, pacientes e
reveladoras... Sentia em si, ou supunha sentir, o tumulto de uma força, sem lhe discernir a linha de
aplicação. “Alguma coisa de brilhante”, como ele dizia: e isto para ele, homem de luxo e homem de
15 estudo, significava um conjunto de representação social e de atividade científica; o remexer profun-
do de ideias entre as influências delicadas da riqueza; os elevados vagares da filosofia entremeados
com requintes de sport e de gosto; um Claude Bernard que fosse também um Morny... No fundo
era um diletante.
Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica (fixação de texto Helena Cidade Moura) Lisboa,
Livros do Brasil, 28.a ed., capítulo IV.

4. Mostre que, tal como Fernando Pessoa, Carlos também sonhou e os seus sonhos não se con-
cretizaram.

5. Justifique a afirmação “Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso.” (l. 4).

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

Ainda o apanhamos!

O suplemento Atual do último Expresso traz um artigo extremamente interessante de Carlos


Reis, intitulado “Os Maias depois de Eça”. Carlos Reis é, sem dúvida, um dos maiores especialistas
contemporâneos da obra de Eça de Queirós e coordena a edição crítica das suas obras, em curso na
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, sendo autor de vários textos definitivos sobre o romancista. O
5 propósito evidente do artigo é o de “legitimar” (o que talvez não fosse tão necessário quanto isso...)
a iniciativa que o Expresso tomou ao convidar seis notáveis autores a escreverem uma “continua-
ção” do romance queirosiano até 1973, ano da fundação do semanário.

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2. TESTES DE AVALIAÇÃO

A questão fulcral parece ser a de saber se Os Maias são um romance “definitivamente ‘fechado’”
e o que é que explica a sua fulgurante permanência no cânone, para além de leituras mais ou me-
10 nos superficiais a que a obra foi dando lugar durante mais de cem anos. E Carlos Reis afirma que
“Os Maias parecem ter sido escritos para serem continuados”, apontando passagens que poderiam
indiciá-lo e vendo em Carlos Fradique Mendes, na esteira de António José Saraiva, a consubstan-
ciação de um prolongamento de Carlos da Maia.
Sem estar inteiramente de acordo com Carlos Reis, acho que a ideia de propor a continuação da
15 obra de Eça constitui um desafio interessantíssimo quer para os autores quer para os leitores. Não
estou inteiramente de acordo com o professor de Coimbra porque, na última página do romance,
a célebre exclamação de Carlos da Maia e de João da Ega, “– Ainda o apanhamos!”, enquanto se
esfalfam a correr para o americano, de modo a não faltarem ao jantar combinado no Bragança,
não envolve apenas o desmentido da conversa que eles acabam de ter sobre a falta de sentido de
20 qualquer esforço: reduz também a tragédia amorosa e familiar por que Carlos passou a uma mera
trivialidade e está nisso uma poderosa manifestação, tanto da ironia de Eça, como do cinismo com-
portamental que ele confere a essas duas personagens.
Ora, partindo desta leitura, parece-me que seria difícil conceber uma continuação, não obstante
a obra parecer suficientemente “aberta”... Todavia, nada há que a impeça: a ideia em si é aliciante
25 e há precedentes ficcionais com Os Maias e outras obras de Eça, sem falar em adaptações ao teatro
e ao cinema: por exemplo, em Madame, Maria Velho da Costa põe em cena Maria Eduarda, perso-
nagem de Eça, e Capitu, personagem de Machado de Assis, ocorrendo-me também, embora neste
caso sem relação direta com Os Maias, o romance Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa, que em
1997 “prolonga” a correspondência de Fradique Mendes, fazendo-o reviver e escrever em exóticas
30 paragens.
Vasco Graça Moura, in DN, edição online de 31 de julho de 2013
(consultado em janeiro de 2017, com supressões).

1. O texto tem marcas de


(A) exposição sobre um tema.
(B) discurso político.
(C) memórias.
(D) artigo de opinião.

2. A ideia de dar continuação a Os Maias


(A) merece algumas reservas a Vasco Graça Moura.
(B) foi do professor Carlos Reis e de mais seis autores.
(C) entusiasmou o autor do texto e os envolvidos na iniciativa.
(D) nasceu da natureza do romance, já que a obra é aberta.

3. Para o autor do texto parece difícil dar continuidade a Os Maias


(A) recordando adaptações falhadas do romance.
(B) embora acabe por aceitar essa possibilidade.
(C) porque a forma como termina é conclusiva.
(D) dada a inexistência de outros finais ficcionais.

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2. TESTES DE AVALIAÇÃO

4. Os processos fonológicos que se verificam na evolução de OPERA para “obra” (l. 3) são
(A) prótese e epêntese.
(B) síncope e sonorização.
(C) crase e apócope.
(D) dissimilação e sinérese.

5. O termo sublinhado em “saber se Os Maias” classifica-se como


(A) conjunção subordinativa condicional.
(B) conjunção subordinativa completiva.
(C) pronome possessivo.
(D) pronome pessoal.

6. Ao utilizar o nome “Carlos Reis” (l. 14) e “o professor de Coimbra” (l. 16), o autor assegura a coesão
(A) interfrásica.
(B) temporal.
(C) lexical.
(D) frásica.

7. A utilização das aspas em “Ainda o apanhamos” (l. 17), justifica-se por se tratar de uma
(A) citação.
(B) opinião de uma autor do texto.
(C) frase em discurso indireto livre.
(D) frase em discurso direto.

8. Classifique, delimitando, as orações presentes em “que a ideia de propor a continuação da obra


de Eça constitui um desafio interessantíssimo” (ll. 14-15).

9. Indique o referente do pronome pessoal presente em “Todavia, nada há que a impeça” (l. 24).

10. Identifique a função sintática do constituinte sublinhado em “põe em cena Maria Eduarda” (l. 26).

GRUPO III

Tal como Vasco Graça Moura reconhece, são muitas as adaptações cinematográficas ou teatrais de
obras literárias.
Num texto de opinião, de 170 a 250 palavras, refira-se à importância ou à transgressão decorrentes
dessas adaptações, utilizando, no mínimo, dois argumentos e, pelo menos, um exemplo significativo,
para cada um deles, de modo a defender convenientemente o seu ponto de vista.

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3. CENÁRIOS DE RESPOSTA

CENÁRIOS DE RESPOSTA TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (p. 16)


GRUPO I
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (p. 12)
1. É ao observar o lago, a realidade concreta, que o sujeito
GRUPO I se evade através do pensamento e inicia uma reflexão de
A índole existencial. Questiona o modo de ser feliz e a irrea-
lização dos sonhos nos quais fundou a sua vida e, portanto,
1. O sujeito poético, em jeito de evocação, convoca um do-
mingo solarengo e a sua rua, aquela onde morou e onde as não viveu porque a construiu com base nos sonhos. Esta ideia
crianças brincavam alegremente, tal como se pode ver ao depreende-se dos dois últimos versos (“Por que fiz eu dos
longo da primeira estrofe. sonhos / A minha única vida?”) que constituem uma espécie
de lamento e de autorreprovação. Por isso, mesmo inserido
2. No presente, o “eu” sente-se magoado, triste, inseguro, mas numa realidade física concreta, o “eu” não encontra aquilo
certo de que a vida pouco lhe deu e nem esse pouco soube apro- que o motive e o faça sair da angústia existencial em que vive.
veitar. Por isso, as transformações por que passou fazem-no Por isso lamenta o ter vivido uma vida fundada em sonhos.
valorizar o tempo da infância que, por corresponder à incons-
ciência, se pode associar à alegria de viver à despreocupação, 2. Logo na primeira quadra surgem duas realidades distin-
que contrastam com a racionalização excessiva no presente. tas: a do lago (física e concreta) e a do “eu” que pensa,
sendo esta a sobrepor-se à primeira, uma vez que afirma
3. O poema tem como tema “a nostalgia da infância”, uma vez
“Não sei se penso em tudo / Ou se tudo me esquece”, onde
que todo ele se baseia na reflexão que o “eu” adulto, no pre-
claramente se percebe que o pensamento perturba a razão
sente, faz sobre o passado, o tempo que viveu, mas de que não
e os sentimentos, facto que remete para a dor de pensar.
disfrutou e que teria sido marcado pela alegria só alcançada
por quem vive sem consciência ou sem noção da realidade. Já na última estrofe, o relevo é dado ao sonho, expres-
sando-se aí a ideia de que a vida do sujeito poético foi feita
B de sonhos que o impediram de viver: a realidade acabou por
4. O soneto pode dividir-se em duas partes, sendo que a pri- conflituar com o sonho, fazendo com que os sentimentos
meira corresponde às três primeiras estrofes e a segunda à úl- disfóricos se apossassem deste “eu” que revela descon-
tima. Ao longo das duas quadras e do primeiro terceto, o sujeito forto, tristeza e angústia por não saber viver.
poético chama “ditoso”, ou seja, feliz, àquele que sofre por amor, 3. A personificação é visível em vários versos já que são atri-
saudade, engano ou indiferença, dado que para estes males buídas características humanas ao lago, à brisa e à água.
poderá ainda haver remédio. Porém, na segunda parte, o “eu” Assim, expressões como “o lago mudo” (v. 1), “uma brisa que
afirma que isso não acontecerá com ele, sendo a sua dor maior, estremece” (v. 2) ou “água adormecida” (v. 10) são ilustrati-
por resultar de erros seus e para os quais não haverá solução. vos deste recurso expressivo, sugerindo o modo como o sujeito
5. A anáfora está ao serviço da enumeração das situações poético perceciona a realidade física que o rodeia. Ao mesmo
avaliadas como mais positivas pelo sujeito poético. Assim, tempo, permite perceber o alheamento dos elementos natu-
reforça a ideia de que todos os outros sofredores sentirão rais face ao estado de espírito do “eu”, parecendo até contribuir
uma dor bem mais leve do que a sua, porque, ao contrário do para acentuar ainda mais o negativismo que o domina.
“eu”, todos podem ter a esperança de alterar a dor.
B
GRUPO II
4. Carlos da Maia, depois da formatura em medicina, tem,
1. (A); 2. (B); 3. (C); 4. (C); 5. (B); 6. (A); 7. (C) efetivamente, vários sonhos, como se percebe no primeiro
8. Oração subordinada substantiva completiva. parágrafo do excerto. Porém, também se infere que “As
9. “as ações”. semanas foram passando” e as “resoluções sinceras de
trabalho” que trazia foram-se dissipando e sendo substi-
10. Conversão.
tuídas pelas preocupações de decoração luxuosa porque,
GRUPO III no fundo, Carlos era um diletante, ou seja, alguém que se
Introdução – Definição do ponto de vista a defender: o ser dispersa por várias iniciativas sem concretizar nenhuma.
humano usa a tecnologia para o bem comum. Sendo assim, podem estabelecer-se aproximações entre
Carlos e Pessoa, porque também este sonhou em demasia
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1º argumento – os avanços científicos ao e não concretizou os seus sonhos.


serviço do bem-estar das populações. 5. A afirmação traduz a adoração de Afonso da Maia pelo neto e
Ex: novas técnicas e aparelhos usados no é reveladora do orgulho e da satisfação que os projetos de Car-
diagnóstico ou tratamento de doenças até los lhe proporcionavam, vendo nestas iniciativas uma força e
agora incuráveis;
uma vontade de agir, de triunfar que não vira no seu filho Pedro.
Desenvol- 2º argumento – os avanços científicos ao É como se o velho realizasse os seus sonhos através do neto
vimento serviço da comunicação entre as pessoas que criara e educara segundo os seus princípios.
e do desenvolvimento económico e social.
II
Ex: desenvolvimento de tecnologias que
permitem um contacto mais fácil entre as 1. (D); 2. (A); 3. (B); 4. (B); 5. (B); 6. (C); 7. (A)
pessoas a nível social (redes sociais) ou a 8. “que a ideia / de propor a continuação da obra de Eça /
nível laboral (plataformas que permitem o constitui um desafio interessantíssimo” e são ambas su-
trabalho ou a aprendizagem à distância). bordinadas substantivas completivas.
Conclusão – Necessidade de usar as tecnologias para o 9. O pronome pessoal “a” refere-se a “uma continuação”.
bem comum. 10. Complemento oblíquo.

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3. CENÁRIOS DE RESPOSTA

III Desenvolvimento – as sociedades capitalistas e o incen-


Introdução – Tendência para adaptações de obras literá- tivo ao consumo; as dificuldades económicas de muitos ci-
rias e razões subjacentes. dadãos e o aumento da pobreza em países desenvolvidos,…
Conclusão – a opção por determinado estilo de vida é uma
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1º argumento: vantagens das adaptações – decisão pessoal ainda que esta seja condicionada pela so-
contacto mais aliciante e motivador ciedade em que nos inserimos.
Exemplo: versão cinematográfica e teatral de
Os Maias para o público escolar TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (p. 24)
Desenvol- 2º argumento: desvantagens decorrentes GRUPO I
vimento das adaptações – alteração do conteúdo e
A
consequente interpretação errada
Exemplo: a novela brasileira baseada no ro- 1. Configura-se um registo descritivo nos momentos em
mance queirosiano ou a versão cinematográ- que se referem os elementos da Natureza (montes, sol,
fica de A tempestade rochedos), como acontece no 1º parágrafo, ou mesmo no
final, com o recurso à múltipla adjetivação na caracteriza-
Conclusão – Os aspetos ficcionais ou a fidelidade à obra ção do lago); daí decorre um registo reflexivo de caráter
não reduzem o valor à obra, mesmo que adaptada. existencial, marcado pelo recurso ao verbo ser, de que é
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (p. 20) exemplo o segmento “Um dos malefícios de pensar é ver
quando se está pensando.” e todo o 2º parágrafo. No en-
GRUPO I tanto, é através do presente do indicativo, inicialmente,
A e depois, do pretérito perfeito, que o leitor tem acesso à
1. O sujeito poético sente-se bem, feliz, por não estar a pen- evolução do estado de espírito do enunciador, pois estes
sar em nada, afirmando que isso é “ter a alma própria e tempos verbais permitem a apresentação de pequenos
inteira” e “viver intimamente”. Refere ainda que tem uma eventos alinhados temporalmente (Paira-me – parei – re-
dor nas costas e “um amargo de boca” na alma, o que não fleti – cerro – escrevi – cessei).
o impede de se sentir liberto, apenas porque, naquele mo- 2. O lago representa a componente emocional do sujeito −
mento, não está a pensar em nada. inicialmente recebe os raios de sol, mas, de seguida, passa
2. Os versos referidos são reveladores da satisfação do “eu” a ser um “lago morto”; a evolução desta reflexão repre-
por não pensar, o que lhe permite sentir a alma liberta, ou senta a passagem para um estado de alma de inquietação
seja, sentir-se despreocupado. Estes versos deixam antever e angústia, ilustrado no último parágrafo.
que o pensamento atormenta a alma e esta só é em sentida 3. Para além da repetição paralelística da construção “os
como inteira, liberta, se o pensamento não atormentar o su- que…”, está presente uma gradação (“… estão distraídos…
jeito poético, tal como acontece no momento da enunciação. estão dormindo… estão mortos”), que põe em destaque a
3. Com esta anáfora, consegue acentuar-se o estado de ata- oposição entre o “eu” e os outros.
raxia em que o “eu” se encontra e reforçar o prazer que advém B
de não usar o pensamento, sugerindo que o pensar atormenta 4. No poema defende-se a primazia do olhar, do ver:
o sujeito poético e, por isso, o não estar pensando naquele mo- “Creio no mundo como num malmequer, / Porque o vejo.”
mento é motivo de grande satisfação e algo incomum, que o (vv. 13-14), o que se coaduna com a valorização da Na-
levam a reforçar positivamente esse atual estado de espírito. tureza por parte deste heterónimo. Por isso, o poema
B apresenta um caráter deambulatório: “Tenho o costume
4. Os peixes são alvo da inveja do orador uma vez que se de andar pelas estradas / Olhando para a direita e para a
revelam superiores a ele em quase tudo, destacando-se o esquerda” (vv. 2-3). É através dos sentidos, sobretudo da
facto de não ofenderem a Deus, nomeadamente porque não visão, que o poeta acede à felicidade que a Natureza lhe
têm razão, não têm memória e não têm vontade. Por outro proporciona: ”Se falo na Natureza não é porque saiba o que
lado, cumprem o fim para que foram criados por Deus (servir ela é, / Mas porque a amo, e amo-a por isso” (vv. 20-21).
os homens), enquanto o orador não cumpre o fim para que 5. O poeta defende a preponderância dos sentidos sobre
foi criado (moralizar os homens, impedindo-os de pecar). o pensamento: “Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...”
5. Em termos de estratégias argumentativas, destacam-se (v. 19), o que o leva a concluir: “Amar é a eterna inocência,
as construções frásicas paralelísticas e anafóricas (“eu / E toda a inocência é não pensar...”. Esta atitude é confir-
lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; mada pelo facto de se referir sempre ao pensar através de
eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendi- vocabulário de conotação negativa: “Porque pensar é não
mento”), as interrogações, através das quais se capta a compreender...” (v. 15), “(Pensar é estar doente dos olhos)”
atenção do auditório, a que se associa também o uso do (v. 17), aliando, neste caso, o pensamento à ideia de doença.
vocativo, que permite identificar o interlocutor do orador. GRUPO II
GRUPO II 1. (B); 2. (C); 3. (D); 4. (B); 5. (A); 6. (B); 7. (A)
1. (B); 2. (A); 3. (C); 4. (D); 5. (B); 6. (A); 7. (B). 8. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
8. Valor disjuntivo ou alternativo. 9. Sujeito.
9. Subordinada adjetiva relativa explicativa. 10. “(n)o seu conto ‘Os pássaros’”.
10. Composição morfossintática. GRUPO III
GRUPO III Introdução: o diálogo entre diferentes formas de expres-
Introdução – obrigação de cada um aproveitar a sua pas- são artística é potencialmente benéfico e enriquecedor do
sagem pelo planeta, respeitando as opções dos outros. ponto de vista cultural.

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