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Agrupamento de Escolas Dr.

Mário Fonseca
ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE LOUSADA NORTE, Lustosa
Ficha de Avaliação de Português – 2018/19
12ºA

29/10/2018

Grupo I

PARTE A

Leia o texto a seguir transcrito. Em caso de necessidade, consulte o vocabulário apresentado.

Tenho tanto sentimento


Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental.
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
5 Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,


Uma vida que é vivida
E outra que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
10 Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é verdadeira


E qual errada, ninguém
Não saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
15 É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Freitas, Madalena Dina,
Lisboa: Assírio e Alvim, 2006, p. 162.

1. Explicite a imagem que o sujeito poético tem de si próprio.

2. De acordo com a análise do “eu” lírico, indique o que há de comum entre ele e os outros seres humanos.

3. Refira a dúvida que persiste no sujeito poético, indicando os versos que correspondem à sua opção.

4. Explique uso de pessoas gramaticais diferentes ao longo do poema.


PARTE B

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.


Nesta viagem, de que fiz menção, e em todas as que passei a Linha Equinocial 1 , vi debaixo dela, o que muitas
vezes tinha visto, e notado nos homens, e me admirou, que se houvesse estendido esta ronha e pegado também aos
peixes. Pegadores2 se chamam estes de que agora falo, e com grande propriedade; porque sendo pequenos, não só
se chegam a outros maiores; mas de tal sorte se lhes pegam aos costados, que jamais os desaferram 3. De alguns
animais de menos força e indústria 4 se conta, que vão seguindo de longe aos Leões na caça, para se sustentarem do
que a eles sobeja. O mesmo fazem estes Pegadores, tão seguros ao perto, como aqueles ao longe; porque o peixe
grande não pode dobrar a cabeça, nem voltar a boca sobre os que traz às costas, e assim lhes sustenta o peso e mais
a fome.

Este modo de vida, mais astuto que generoso, se acaso se passou, e pegou, de um elemento a outro, sem
dúvida que o aprenderam os peixes do alto, depois que os nossos Portugueses o navegaram; porque não parte Vizo-
Rei ou Governador para as Conquistas, que não vá rodeado de Pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá
lhe matem a fome, de que lá não tinham remédio. Os, menos ignorantes desenganados da experiência, despegam-
se, e buscam a vida por outra vida; mas os que se deixam estar pegados à mercê, e fortuna dos maiores, vem-lhes a
suceder no fim o que aos Pegadores do mar.
Sermões do Padre António Vieira, edição de Margarida Vieira Mendes,
Lisboa, Editorial Comunicação, 1992.

1. linha equatorial; 2. peixe que possui na cabeça um disco com o qual adere a superfícies lisas, usando esse processo para percorrer grandes distâncias,
pendurado em barcos ou em grandes peixes; 3. Largam; 4. Habilidade.

5. Nesta passagem do sermão, o orador elege como tema uma espécie de peixes por ele observados: os
Pegadores. Exponha as características físicas e comportamentais que, no primeiro parágrafo, lhe são
atribuídas.

6. Caracterize o tipo humano que o peixe pegador simboliza, tendo por base o excerto transcrito.

PARTE C

Num dos seus poemas, Alberto Caeiro escreveu o verso «O meu olhar é nítido como um girassol.».

Explique, fazendo apelo à sua experiência de leitura, a importância do olhar na poesia deste heterónimo de
Fernando Pessoa, fundamentando a sua exposição em dois aspetos relevantes. Escreva um texto de oitenta a cento
e trinta palavras.

A sua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Leia o texto seguinte.

«Alberto Caeiro é o meu mestre», afirmava Fernando Nogueira Pessoa. E apesar de os leitores do século XXI
preferirem claramente o trágico engenheiro Álvaro de Campos ou o solitário urbano Bernardo Soares, a verdade é
que é de Caeiro que irradia toda a heteronímia pessoana, pois ele é tudo o que Fernando Pessoa não pode ser: uno
porque infinitamente múltiplo, o argonauta das sensações, o sol do universo pessoano. Faz hoje cem anos que
Pessoa criou Alberto Caeiro. Tinha 26 anos. 5
«Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um
poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de
realidade».
Foi nesta carta a Adolfo Casais Monteiro que Pessoa descreveu o «nascimento» de Caeiro. Apesar de os
estudos pessoanos terem demonstrado que a carta não diz toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos 10
poemas, a verdade é que aquilo que nela haverá de ficção serve para que Pessoa continue o seu jogo infinito com as
racionalmente definidas fronteiras do real e do irreal.
«Alberto Caeiro é o homem reconciliado com a natureza, no qual o estar e o pensar coincidem. Ele resolveu
todos os dramas entre a vida e a consciência», diz o filósofo José Gil, que rejeita a ideia defendida por muitos
estudiosos da «alma una» de Caeiro. 15
Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a «figura da musa» para o poeta, que aliás o descreve em termos
helénicos, louro como um deus grego. Segundo a cronologia feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril
de 1889, em Lisboa. Órfão de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até à 4.ª classe. Viveu
grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa, e aí escreveu O Guardador de
Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas 20
Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, em 1915.
Caeiro não é um filósofo, é um sábio para quem viver e pensar não são atos separados. Por isso, não faz
sentido considerá-lo menos real do que Pessoa. E cem anos depois, apesar de não ser o poeta mais lido, Alberto
Caeiro tem uma materialidade de que só quem não lê poesia se atreve a duvidar. O poeta não precisa de biografia e
não precisa de um corpo com órgãos para se alojar em nós, para nos pôr a ver o mundo a partir dos seus olhos, «do 25
seu presente intemporal igual ao das crianças e dos animais», como escreveu Octávio Paz.
Joana Emídio Marques, Diário de Notícias, 8 de março de 2014, p. 47 (adaptado)

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. A centralidade de Caeiro é representada no texto, entre outras, através da expressão


(A) «sol do universo pessoano» (linha 4).
(B) «poeta bucólico» (linha 7).
(C) «homem reconciliado com a natureza» (linha 13).
(D) «deus grego» (linha 17).

1.2. No contexto da poesia pessoana, a expressão «jogo infinito com as racionalmente definidas fronteiras do real e
do irreal» (linhas 11-12) remete para
(A) a interpenetração da realidade e da imaginação.
(B) a separação entre a realidade e a imaginação.
(C) a infinitude das fronteiras do real.
(D) a infinitude das fronteiras do irreal.
1.3. Segundo a autora deste artigo, a materialidade de Caeiro é
(A) comprometida pela inexistência de um corpo físico.
(B) inerente à sua condição de heterónimo de Pessoa.
(C) alheia à existência de um corpo físico.
(D) resultante da criação da sua biografia.

1.4. O recurso à expressão «tudo o que Fernando Pessoa não pode ser» (linha 3) configura uma
(A) elipse.
(B) anáfora.
(C) reiteração.
(D) catáfora.

1.5. No excerto «Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a “figura da musa” para o poeta, que aliás o descreve em
termos helénicos, louro como um deus grego.» (linhas 16-17), as palavras sublinhadas são
(A) um pronome e uma conjunção, respetivamente.
(B) uma conjunção e um pronome, respetivamente.
(C) pronomes em ambos os casos.
(D) conjunções em ambos os casos.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Classifique a oração «que a carta não diz toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos poemas»
(linhas 10-11).

2.2. Indique o valor da oração subordinada adjetiva relativa seguinte: «que rejeita a ideia defendida por muitos
estudiosos da “alma una” de Caeiro.» (linhas 14-15).

Grupo III
(texto expositivo-argumentativo)
Grupo II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Leia o texto seguinte.

«Alberto Caeiro é o meu mestre», afirmava Fernando Nogueira Pessoa. E apesar de os leitores do século XXI
preferirem claramente o trágico engenheiro Álvaro de Campos ou o solitário urbano Bernardo Soares, a verdade é
que é de Caeiro que irradia toda a heteronímia pessoana, pois ele é tudo o que Fernando Pessoa não pode ser: uno
porque infinitamente múltiplo, o argonauta das sensações, o sol do universo pessoano. Faz hoje cem anos que
Pessoa criou Alberto Caeiro. Tinha 26 anos. 5
«Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um
poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de
realidade».
Foi nesta carta a Adolfo Casais Monteiro que Pessoa descreveu o «nascimento» de Caeiro. Apesar de os
estudos pessoanos terem demonstrado que a carta não diz toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos 10
poemas, a verdade é que aquilo que nela haverá de ficção serve para que Pessoa continue o seu jogo infinito com as
racionalmente definidas fronteiras do real e do irreal.
«Alberto Caeiro é o homem reconciliado com a natureza, no qual o estar e o pensar coincidem. Ele resolveu
todos os dramas entre a vida e a consciência», diz o filósofo José Gil, que rejeita a ideia defendida por muitos
estudiosos da «alma una» de Caeiro. 15
Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a «figura da musa» para o poeta, que aliás o descreve em termos
helénicos, louro como um deus grego. Segundo a cronologia feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril
de 1889, em Lisboa. Órfão de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até à 4.ª classe. Viveu
grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa, e aí escreveu O Guardador de
Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas 20
Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, em 1915.
Caeiro não é um filósofo, é um sábio para quem viver e pensar não são atos separados. Por isso, não faz
sentido considerá-lo menos real do que Pessoa. E cem anos depois, apesar de não ser o poeta mais lido, Alberto
Caeiro tem uma materialidade de que só quem não lê poesia se atreve a duvidar. O poeta não precisa de biografia e
não precisa de um corpo com órgãos para se alojar em nós, para nos pôr a ver o mundo a partir dos seus olhos, «do 25
seu presente intemporal igual ao das crianças e dos animais», como escreveu Octávio Paz.
Joana Emídio Marques, Diário de Notícias, 8 de março de 2014, p. 47 (adaptado)

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. No contexto da poesia pessoana, a expressão «jogo infinito com as racionalmente definidas fronteiras do real e
do irreal» (linhas 11-12) remete para
(A) a infinitude das fronteiras do irreal.
(B) a infinitude das fronteiras do real.
(C) a separação entre a realidade e a imaginação.
(D) a interpenetração da realidade e da imaginação.

1.2. A centralidade de Caeiro é representada no texto, entre outras, através da expressão


(A) «deus grego» (linha 17).
(B) «homem reconciliado com a natureza» (linha 13).
(C) «poeta bucólico» (linha 7).
(D) «sol do universo pessoano» (linha 4).

1.3. Segundo a autora deste artigo, a materialidade de Caeiro é


(A) alheia à existência de um corpo físico.
(B) resultante da criação da sua biografia.
(C) comprometida pela inexistência de um corpo físico.
(D) inerente à sua condição de heterónimo de Pessoa.

1.4. No excerto «Inês Pedrosa refere que Caeiro seria a “figura da musa” para o poeta, que aliás o descreve em
termos helénicos, louro como um deus grego.» (linhas 16-17), as palavras sublinhadas são
(A) uma conjunção e um pronome, respetivamente.
(B) conjunções em ambos os casos.
(C) pronomes em ambos os casos.
(D) um pronome e uma conjunção, respetivamente.

1.5. O recurso à expressão «tudo o que Fernando Pessoa não pode ser» (linha 3) configura uma
(A) anáfora.
(B) catáfora.
(C) elipse.
(D) reiteração.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Indique o valor da oração subordinada adjetiva relativa seguinte: «que rejeita a ideia defendida por muitos
estudiosos da “alma una” de Caeiro.» (linhas 14-15).

2.2. Classifique a oração «que a carta não diz toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos poemas»
(linhas 10-11).

Grupo III
(texto expositivo-argumentativo)
Grupo III

Se para uns a cidade surge como espaço de realização do indivíduo, para outros tal realização está associada à vida
em comunhão com a natureza.

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda
um ponto de vista pessoal sobre a temática apresentada.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo
menos, um exemplo significativo.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre
elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o
constituam (ex.: /2014/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender
ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

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