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Língua Portuguesa
Compreensão e interpretação: módulo de
exercícios II
Prof da Videoaula: Sidney Martins
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Olá meu aluno, minha aluna, como vai você? Sentindo-se disposto para mais uma
aula de compreensão e interpretação textual? Espero que sim, mas, se sua resposta
não for tão positiva, trate de respirar fundo e pensar em tudo aquilo que te motiva a
alcançar sua meta de aprovação. Feche os olhos, considere cada um desses pontos e
mentalize você, o resultado da prova, sua nomeação, a festança e a sensação de poder
dizer “consegui”! Feito?! Agora com foco, concentração e garra você verá que o
conteúdo se tornará bem mais leve. Vamos nessa?!
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Dicas para compreender e interpretar textos .......................................................................3
A morte e a morte do poeta ..................................................................................................4
Questão 01................................................................................................................................................ 8
Questão 02.............................................................................................................................................. 10
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7 O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue
8 chegou a Marselha com um morto a bordo.
21 A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: "É mentira! Não morri, nem morro,
22 nem hei de morrer nunca mais!". Entre exclamações, citou Horácio: "Não morrerei de
23 todo”. Todavia, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coincidência. Em 1864,
24 trancado na sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da costa do Maranhão. Seu corpo
25 não foi encontrado. Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não
26 morreu.
(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia das Letras, 2011,
p.107-108)
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GLOSSÁRIO:
COMENTÁRIO DO TEXTO:
Ao ler o título deduzimos, pelo emprego da conjunção e com sentido de soma, que o
autor tratará de duas mortes distintas em seu texto. Após a leitura, sabemos que
morte se refere a Marcos Resende e morte do poeta faz referência a Gonçalves Dias,
coincidentemente, ambos tiveram suas mortes anunciadas erroneamente.
Para aprimorar nossa interpretação do texto “A morte e a morte do poeta”, vamos ativar
nosso conhecimento de mundo:
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De volta ao conteúdo do texto, é clara a associação que o autor faz quando vê a nota
de Marcos Resende com o fato similar vivido por Gonçalves Dias. Dessa forma, ele
contrapõe as duas situações:
➔ Século XX: o pianista Marcos Resende leu o seu necrológio no Jornal do Brasil,
em 1992, o erro aconteceu porque o confundiram com seu xará.
Imediatamente já desmentiu a notícia gravando uma mensagem na sua
secretária eletrônica.
➔ Século XIX: chegou a notícia da morte de Gonçalves Dias, que comoveu muitas
pessoas, foram feitas várias homenagens ao poeta. E como a notícia chegou ao
Instituto Histórico e aos ouvidos do imperador, que espalhou a notícia, era
impossível ser mentira. Como a comunicação era demorada, a notícia foi
desmentida de forma tardia, apenas 2 meses depois, por carta escrita pelo
próprio poeta.
No texto, o autor detalha mais o caso de Gonçalves Dias, que estava doente e
embarcou na embarcação Grand Condé para procurar tratamento na Europa. Esse fato
é importante para ocorrer o equívoco de anunciar a morte do poeta. Já que quando
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Por falta de um local para alocar os doentes, conhecido por lazareto, a embarcação
não pode aportar, obrigado a fazer quarentena no alto mar (l.9). Por isso, as pessoas
fizeram uma dedução precipitada, trazida pelo adjunto adverbial de modo logo, de
que o morto a bordo seria o poeta, veja o trecho: “Gonçalves Dias tinha ido se tratar
na Europa e logo se concluiu que era ele o morto” (l.9-10).
Entre as pessoas que ofereceram homenagem ao poeta, estão seus amigos “Joaquim
Serra, Juvenal Galeno e Bernardo Guimarães debulharam lágrimas de esguicho,
quentes e sinceras” (l.15-16). Para entender a vínculo entre eles, vamos ativar
novamente nosso conhecimento de mundo:
Enquanto seus amigos lamentavam sua morte, o poeta estava “vivinho da silva” (l.19).
Porém, por causa da comunicação ainda não tem desenvolvida e eficiente, de acordo
com o texto: “as comunicações se arrastavam a passo de cágado” (l.18), ou seja, uma
comunicação lenta e demorada. Por causa disso, a carta escrita pelo poeta para
desmentir o fato de sua suposta morte, chegou apenas 2 meses depois.
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Nessa carta, que ele escreveu a próprio punho, estava a verdade: “[...] ’É mentira!
Não morri, nem morro, nem hei de morrer nunca mais!’ [...]” (l.21-22). De forma
enfática declarou que “[...] ‘não morrerei de todo’ [...]” (l.22-23), citando Horácio,
poeta e filósofo da Roma Antiga. Mesmo com essa afirmação, como qualquer ser
humano, Gonçalves Dias morreu, isso está marcado no texto pela conjunção
adversativa todavia, no trecho: “Todavia, morreu, claro” (l.23).
Sobre a morte do poeta brasileiro, o texto traz: “morreu num naufrágio, vejam a
coincidência” (l.23), isso ocorreu na costa do Maranhão, apenas 2 anos depois dele
contestar sua própria morte. Contudo, o corpo de Gonçalves Dia não foi
encontrado, o texto afirma que teria “sido devorado pelos tubarões” (l.25), logo,
podemos pressupor que na costa do Maranhão havia muitos tubarões.
Apesar disso, a carta de Gonçalves Dias trazia uma verdade, seu corpo morreu, porém,
“o poeta, este de fato não morreu” (l.25-26), dado que ele não “morreu mesmo de
todo”, já que sua obra e vida estão consagradas para sempre na literatura brasileira.
Questão 01
No texto, o autor contrapõe fundamentalmente:
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COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
➢ Olhe o comando da questão: “no texto”, isso é uma pista de que essa questão
cobrará a sua compreensão textual.
A questão quer saber qual a contraposição apresentada no texto. Sua resposta ficará
fácil se você tiver entendido o texto, ou seja, teve uma boa compreensão dele. Outro
ponto, se você é um leitor atento já sabe que, geralmente, o texto que trabalha com
uma contradição faz a apresentação dessa no primeiro parágrafo, para que o autor
desenrole essa oposição no decorrer do texto.
Observe então o primeiro parágrafo do texto, o autor faz alusão a duas mortes
anunciadas erroneamente: do pianista Marcos Rezende e a do poeta Gonçalves Dias.
E ainda acrescenta: “me lembrei de como tudo neste mundo caminha cada vez mais
depressa” (l.4-5), isso quer dizer que enquanto o músico desmentiu a notícia
rapidamente, o escritor, que negou a notícia de sua morte por carta, demorou 2 meses.
GABARITO: B
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Questão 02
De acordo com o texto, a falsa notícia da morte de Gonçalves Dias teria se
originário de uma conjunção de acontecimentos que incluem:
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
➢ Observe o comando da questão: “de acordo com o texto”, isso indica que essa
é uma questão de compreensão textual.
A indagação afirma que o texto apresenta uma combinação de fatos que deram
origem a notícia falsa da morte do poeta Gonçalves Dias. Vamos analisar os fatos:
primeiro, o poeta estava doente e foi buscar tratamento na Europa (l.10). Segundo, a
embarcação, em que ele estava a bordo, chegou em Marselha com um morto a bordo
(l.8). Terceiro, por falta de um local adequado para os doentes (um lazareto), o navio
foi impedido de aportar, obrigado a permanecer ao mar por 40 dias (l.9).
Esses fatos somados originam a falsa notícia da morte de Gonçalves Dias, o passageiro
mais famoso a bordo do Grand Condé, que estava doente e o motivo de sua viagem
era buscar tratamento na Europa. E quando morre alguém na embarcação, que não
conseguiu aportar, logo se concluiu que o morto era o poeta.
GABARITO: A
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Em defesa da dúvida
EM DEFESA DA DÚVIDA
Para continuar treinando nossa compreensão e interpretação textual, vamos ler e
analisar o próximo texto:
Em defesa da dúvida
1 Numa época em que tantos parecem ter tanta certeza sobre tudo, vale a pena pensar
2 no prestígio que a dúvida já teve. Nos diálogos de Platão, seu amigo Sócrates pulveriza
3 a certeza absoluta de seus contendores abalando-a por meio de sucessivas perguntas,
4 que os acabam convencendo da fragilidade de suas convicções. Séculos mais tarde, o
5 filósofo Descartes ponderou que o maior estímulo para se instituir um método de
6 conhecimento é considerar a presença desafiadora da dúvida, como um primeiro
7 passo.
8 Lendo os jornais e revistas de hoje, assistindo na TV a entrevistas de personalidades,
9 o que não falta são especialistas infalíveis em todos os assuntos, na política, na ciência,
10 na economia, nas artes. Todos têm receitas imediatas e seguras para a solução de
11 todos os problemas. A hesitação, a dúvida, o tempo para reflexão são interpretados
12 como incompetência, passividade, absenteísmo. É como se a velocidade tecnológica,
13 que dá o ritmo aos nossos novos hábitos, também ditasse a urgência de constituirmos
14 nossas certezas.
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Em defesa da dúvida
COMENTÁRIO DO TEXTO:
O texto argumenta a favor da dúvida, visto que, de acordo com o autor, ela perdeu
importância. Esse entendimento deixa claro que o título “Em defesa da dúvida” está
empregado no sentido literal, já que o texto apresenta o contraponto da
desvalorização da dúvida na atualidade e seu prestígio na antiguidade.
Como segundo argumento, o autor cita o filósofo francês Descartes, que considerava
a dúvida o primeiro passo para alcançar o conhecimento, como colocado no trecho:
“Descartes ponderou que o maior estímulo para se instituir um método de
conhecimento é considerar a presença desafiadora da dúvida, como um primeiro
passo” (l.5-6).
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Em defesa da dúvida
a tese inicial do autor de que a dúvida perdeu seu prestígio, em vista que “a hesitação,
a dúvida, o tempo para reflexão são interpretados como incompetência, passividade,
absenteísmo” (l.11-12), ou seja, de acordo com o texto, as dúvidas e incertezas inferem
na nossa competência, proatividade e produtividade, três pontos fundamentais para
o mercado de trabalho do séc. XXI.
Sobre essa questão, podemos ultrapassar o conteúdo do texto, para fazer uma relação
com a teoria do sociólogo Zygmunt Bauman, que defende a teoria de que a sociedade
atual pode ser definida como uma modernidade líquida, em que os desenvolvimentos
tecnológicos afetam diretamente ao ritmo da nossa vida, cada vez mais acelerado,
consequentemente, os nossos relacionamentos são líquidos e efêmeros. Essa
associação corrobora para nossa interpretação do texto, visto que a “urgência de
constituímos nossas certezas” (l.13-14) tem relação imediata com o conceito da
sociedade líquida, já que impulsiona o indivíduo a dar qualquer resposta com
convicção, sem ter analisado com calma para ver realmente se aquilo é válido ou não.
Todavia, o autor contrapõe essa visão atual da dúvida, afirmando que ela
“corresponde ao nosso direito de suspender a verdade ilusória das aparências” (l.15).
Sendo a dúvida o principal e mais forte meio para chegar a uma verdade, pois busca
comprovações. Desse modo, a dúvida é o caminho para o conhecimento mais
profundo, pois questiona e contesta as verdades absolutas, assim possibilita “buscar
a verdade funda daquilo que não aparece” (l.16).
Assim sendo, no último parágrafo, o autor vai expor que o indivíduo que possui uma
verdade absoluta, avalia a questão por um ângulo restrito e se submete aos valores já
estabelecidos, sem investigar ou questionar, logo ele possui uma verdade superficial,
um achismo ou senso comum.
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Em defesa da dúvida
O autor em defesa da dúvida expõe, que mesmo hoje, é o primeiro passo para o
caminho das afirmações, já que “acabam sendo as mais seguras, porque são mais
refletidas e devidamente questionadas” (l.22-23). Então quanto mais duvidamos,
questionamos e refletimos sobre nossa realidade e valores, chegamos mais próximos
da verdade.
Questão 01
A valorização da dúvida se deve ao fato de que ela
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
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Em defesa da dúvida
GABARITO: C
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Em defesa da dúvida
Questão 02
Diferentemente da maneira pela qual Sócrates e Descartes qualificaram a dúvida,
o texto nos lembra que há
a) quem pulverize a certeza inabalável com que alguns afirmam seus pontos de
vista, juízos e convicções.
b) aqueles que já de saída se apresentam como especialistas infalíveis em temas
da política, da ciência, das artes.
c) aquele que se dispõe a se pronunciar sobre algum assunto depois de ter aberto
várias hipóteses de abordagem.
d) quem sempre suspenda a verdade das aparências, não se furtando a questioná-
las antes de aceitá-las.
e) quem se afasta de julgamentos definitivos para se deter sobre o que há de
problemático numa matéria
COMENTÁRIO DA QUESTÃO:
➢ O comando coloca “o texto nos lembra que há”, se a resposta será tirada de
dentro do texto, essa é uma questão de compreensão.
Para responder essa questão, primeiro, temos que recordar como Descarte e Sócrates
enxergavam a dúvida: como método de contestação das verdades ilusórias. Em
contraponto, o texto nos lembra que, atualmente, “o que não falta são especialistas
infalíveis em todos os assuntos, na política, na ciência, na economia, nas artes” (l.9-
10).
GABARITO: B
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