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NOVEMBRO 2020
GRUPO I
Educação literária
Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Freitas, Madalena Dina,
Lisboa: Assírio e Alvim, 2006, p. 162.
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1. Explicita a imagem que o sujeito poético tem de si mesmo.
O sujeito poético tem uma imagem de si que não corresponde à realidade. De facto, admite que chega a convencer-se de que é sentimental, mas
acaba por afirmar que esse sentimento não é nada mais do que imaginação, emoção que não sentiu na realidade (“Mas reconheço, ao medir-me,/Que
tudo isso é pensamento,”). Conclui-se que se trata de uma emoção racionalizada.
2. De acordo com a análise do “eu” lírico, indica o que há de comum entre ele e os outros seres humanos.
O eu lírico estabelece uma comparação entre si e os outros seres humanos. Efetivamente, considera que ele e os outros apresentam traços idênticos,
reconhecendo que experienciam uma dualidade entre uma vida vivida e uma vida pensada, entre o sentimento e a razão, mas que “a única vida que
temos/É essa que é dividida/Entre a verdadeira e a errada”. Assim, o ser humano só consegue viver de forma dupla.
3. Refere a dúvida que persiste no sujeito poético, indicando os versos que correspondem à sua opção.
O sujeito poético é interpelado por uma dúvida constante. De facto, não sabe explicar qual das duas vidas é a verdadeira ou a errada, mas opta, nos
dois últimos versos, por admitir que a nossa verdadeira vida “É a que tem que pensar”, isto é, a vida é sempre uma racionalização do que somos. Em
suma, o “eu” acaba por apresentar uma resposta para tentar eliminar a sua incerteza, transfigurando a emoção através da razão
B.
4. Tendo em conta o teu conhecimento sobre a poesia de Cesário Verde, numa exposição de 80 a 120 palavras, demonstra que o poeta, à sua
maneira, transfigurou a realidade durante a sua deambulação pela cidade.
Cesário Verde representa a cidade através do registo de perceções sensoriais como se pode constatar em «O sentimento dum ocidental». Em várias
situações essas sensações cruzam-se em sinestesias: a caracterização da cidade é feita enquanto o sujeito poético deambula pelas ruas, anotando em
movimento o que vê, ouve, cheira e sente. O facto de se deslocar no espaço, permite-lhe uma perceção dinâmica e um conhecimento mais completo da
realidade urbana. Porém, não se contenta em apresentar essa realidade «como ela é», de forma objetiva. O sujeito poético coloca a sua subjetividade e
imaginação nessa descrição e fá-la acompanhar de insinuações apreciativas e de comentários avaliativos, transfigurando, por exemplo, as casas em
gaiolas e os trabalhadores em animais de carga.
(119 palavras)
GRUPO II
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Leitura | Gramática
De Manhufe1 a Paris
[Amadeo de Souza-Cardoso] partiu para Lisboa para estudar arquitetura, mas acabou por
descobrir o desenho e, sobretudo, a caricatura. (…) “O que explica fundamentalmente essa
vontade é uma energia e uma curiosidade que são difíceis de entender naquele contexto. Ele
sente desde sempre que tem um destino a cumprir e o destino dele não pode ser cumprido em
5 Lisboa. É por isso que vai para Paris, um centro das vanguardas internacionais do seu tempo”,
defende Helena de Freitas.
Com 19 anos, Amadeo foi para Paris com o objetivo de estudar arquitetura, mas um jantar
no restaurante Daumesnil, no Quartier Latin, trocou-lhe as voltas. Desenhou a ementa do
restaurante com todos os que estavam presentes na mesa e o resultado acabou publicado no
10 jornal portuense Primeiro de Janeiro. (…) Desistiu do curso para se dedicar à pintura e alugou
um ateliê no n.º 21 da Cité Falguière, onde acabou por reunir um grupo de artistas portugueses
a viver em Paris, como Manuel Bentes, Emmérico Nunes, Eduardo Viana, Domingos Rebelo e
Francisco Smith. Quando mudou de estúdio, para o n.º 27 da Rue des Fleurs, também mudou
de companhias. Passou a frequentar a Academia Viti, do pintor espanhol Anglada Camarasa,
15 onde conhece outro Amadeo, Modigliani. (…)
“Ele tem uma grande cultura visual e literária, junta as suas próprias referências, a sua
identidade e o seu local (que nunca rejeita e de que até tem muito orgulho). A capacidade de
ter feito um trabalho fulgurante e em grande solidão, quando estava em Manhufe, é admirável”,
diz Helena de Freitas. (…)
20 A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918 respeita a evolução do trabalho do
artista, que não é linear, nem corre a direito. “Era importante criar um percurso flexível e aberto
em que se pudessem ver os diferentes tipos de experimentação que o artista estava a
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desenvolver”, diz a comissária.
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Aldeia do concelho de Amarante.
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A. resolveu o que o preocupava.
B. fê-lo mudar de opinião.
C. levou-o a mudar os seus projetos.
D. tentou resolver um problema.
6. O antecedente do pronome relativo presente em “que não é linear, nem corre a direito” (l. 21) é
A. a evolução do trabalho do artista.
B. a exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918.
C. o artista.
D. o trabalho do artista.
7. Entre “ter feito” (l. 17) e “estava em Manhufe” (l. 18) estabelece-se uma relação de ordem cronológica de
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A. anterioridade.
B. posterioridade.
C. simultaneidade.
D. indefinida.
8. O tipo de coesão estabelecido por “Amadeo de Souza-Cardoso” (l. 1), “Amadeo” (l. 7) e “artista” (l. 20) é
A. lexical.
B. aspeto-temporal.
C. frásica.
D. referencial.
9. Indica a função sintática da expressão sublinhada em “são difíceis de entender naquele contexto.” (l. 3).
Complemento do adjetivo
10. Divide e classifica as orações presentes em “A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918 respeita a evolução do trabalho do artista, que
não é linear, nem corre a direito.” (ll. 20-21).
Oração subordinante – “A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918 respeita a evolução do trabalho do artista”
Oração subordinada adjetiva relativa explicativa – “que não é linear”
Oração coordenada copulativa – “nem corre a direito.”
GRUPO III
Escrita
A “Arte Urbana” dispensa museus e galerias, é marginal, mas criativa e surpreendente. Vista por muitos como um ato de rebeldia, é também
considerada uma expressão de arte alternativa.
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Redige um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras, em que defendas o teu ponto de vista
sobre a ideia exposta.
Para fundamentares o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando cada um deles com um exemplo significativo.
Bom trabalho.
Professora Graciela Valente