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GRUPO I

Educação literária
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
A. Lê o texto.
Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental.
Mas reconheço, ao medir-me,
5 Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra que é pensada,
10
E a única vida que temos 
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
15
Não saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Freitas, Madalena Dina,
Lisboa: Assírio e Alvim, 2006, p. 162.

1. Explicita a imagem que o sujeito poético tem de si próprio.

O sujeito poético, às vezes, acredita que é sentimental “Tenho tanto sentimento”, mas sabe que não
passa apenas de uma mera ilusão, pois “tudo isso é pensamento” e que no final, após uma
autorreflexão introduzida pela forma verbal “reconheço-me”, conclui que nunca sentiu nada de
verdade pois todo o sentimento foi posteriormente intelectualizado.
2. De acordo com a análise do “eu” lírico, indica o que há de comum entre ele e os outros seres humanos. 

O eu lírico estabelece uma comparação entre si e os outros seres humanos, referindo que todos os que vivem
apresentam uma vida pensada e outra vivida “Temos, todos os que vivemos,/Uma vida que é vivida/ E outra que
é pensada”, mas a “única vida que temos” verdadeiramente é a que está divida “Entre a verdadeira e a errada”,
ou seja, entre o sentimento e razão. Por isso, o ser humano só consegue viver de forma dupla.
3. Refere a dúvida que persiste no sujeito poético, indicando os versos que correspondem à sua opção.

Na última estrofe, o sujeito poético questiona-se sobre “ Qual porém é verdadeira/E qual errada”, ou seja, entre a vida
“vivida” e “pensada”, qual será a verdadeira e a errada. De acordo com o eu lírico, ninguém sabe explicar, porém
insiste que a maneira correta de viver é a vida pensada, na qual se usa o raciocínio/pensamento para tudo, ou
seja, uma vida onde todos os sentimentos e ações são racionalizados. Os verso “E vivemos de maneira/Que a
vida que a gente tem/É a que tem que pensar” comprovam a sua teoria de vida na qual transmuta a emoção
através da razão.

B.
4. Tendo em conta o teu conhecimento global da poesia trovadoresca, numa exposição de 130 a 170 palavras,
demonstra que também ela segue um código poético. Ilustra a tua exposição com dois exemplos significativos.
GRUPO II
Leitura | Gramática
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
Lê o texto.

De Manhufe1 a Paris
[Amadeo de Souza-Cardoso] partiu para Lisboa para estudar arquitetura, mas acabou por descobrir o
desenho e, sobretudo, a caricatura. (…) “O que explica fundamentalmente essa vontade é uma energia e
uma curiosidade que são difíceis de entender naquele contexto. Ele sente desde sempre que tem um
destino a cumprir e o destino dele não pode ser cumprido em Lisboa. É por isso que vai para Paris, um
5 centro das vanguardas internacionais do seu tempo”, defende Helena de Freitas.
Com 19 anos, Amadeo foi para Paris com o objetivo de estudar arquitetura, mas um jantar no
restaurante Daumesnil, no Quartier Latin, trocou-lhe as voltas. Desenhou a ementa do restaurante com
todos os que estavam presentes na mesa e o resultado acabou publicado no jornal portuense Primeiro
de Janeiro. (…) Desistiu do curso para se dedicar à pintura e alugou um ateliê no n.º 21 da Cité
10 Falguière, onde acabou por reunir um grupo de artistas portugueses a viver em Paris, como Manuel
Bentes, Emmérico Nunes, Eduardo Viana, Domingos Rebelo e Francisco Smith. Quando mudou de
estúdio, para o n.º 27 da Rue des Fleurs, também mudou de companhias. Passou a frequentar a
Academia Viti, do pintor espanhol Anglada Camarasa, onde conhece outro Amadeo, Modigliani. (…)
“Ele tem uma grande cultura visual e literária, junta as suas próprias referências, a sua identidade e o
15 seu local (que nunca rejeita e de que até tem muito orgulho). A capacidade de ter feito um trabalho
fulgurante e em grande solidão, quando estava em Manhufe, é admirável”, diz Helena de Freitas. (…)
A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918 respeita a evolução do trabalho do artista, que
não é linear, nem corre a direito. “Era importante criar um percurso flexível e aberto em que se pudessem
ver os diferentes tipos de experimentação que o artista estava a desenvolver”, diz a comissária.

Ágata Xavier, Sábado, abril de 2016, pp. 93-85.

1. O texto tem como tema


A. o pintor Amadeo de Souza-Cardoso.
B. a exposição intitulada Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918.
C. a pintura de Amadeo de Souza-Cardoso.
D. o percurso artístico de Amadeo de Souza-Cardoso.

2. Amadeo de Souza-Cardoso foi, no seu tempo,


A. um artista à frente do seu tempo.
B. um artista incompreendido.
C. um artista rejeitado.
D. um artista exilado.

3. A expressão “trocou-lhe as voltas” (l. 8) significa


A. resolveu o que o preocupava.
B. fê-lo mudar de opinião.
C. levou-o a mudar os seus projetos.
D. tentou resolver um problema.

1
Aldeia do concelho de Amarante.
4. Amadeo de Souza-Cardoso revela-se
A. um português famoso.
B. um artista incoerente.
C. um artista eclético.
D. um artista instável.

5. A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918


A. vai ao encontro do gosto do público.
B. reflete o percurso artístico de Amadeo de Souza-Cardoso.
C. exprime a vida inconstante do artista.
D. segue as opções da comissária Helena de Freitas.

6. O antecedente do pronome relativo presente em “que não é linear, nem corre a direito” (l. 21) é
A. a evolução do trabalho do artista.
B. a exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918.
C. o artista.
D. o trabalho do artista.

7. Entre “ter feito” (l. 17) e “estava em Manhufe” (l. 18) estabelece-se uma relação de ordem cronológica de 
A. anterioridade.
B. posterioridade.
C. simultaneidade.
D. indefinida.

8. Indica a função sintática da expressão sublinhada em “são difíceis de entender naquele contexto.” (l. 3).
Complemento do adjetivo

9. Refere o tipo de coesão estabelecido por “Amadeo de Souza-Cardoso” (l. 1), “Amadeo” (l. 7) e “artista” (l. 20).
Coesão lexical

10. Divide e classifica as orações presentes em “A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918 respeita a
evolução do trabalho do artista, que não é linear, nem corre a direito.” (ll. 20-21).

“A exposição Amadeo de Souza-Cardoso 1887-1918 respeita a evolução do trabalho do artista- oração subordinante
que não é linear- oração subordinada adjetiva relativa explicativa
nem corre a direito- oração coordenada copulativa

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