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intelectualizada da realidade
“a sua força reside na análise intelectual Em Portugal destacou-se pela
do sentimento e da emoção, por ele publicação de revistas efémeras
levada a uma perfeição que quase nos como a Águia, a Athena ou a
deixa com a respiração suspensa” Orpheu
Contextualização histórico-literária Geração Orpheu:
o 4 autores que tentaram
1.Biografia de Fernando Pessoa recriar a poesia estrangeira
e levaram a cabo a maior
Nasceu a 13 de junho de 1888
renovação poética nacional
Vai para Durban (África do Sul) e
do século XX
vive lá até 1905
Pessoa
Anda na escola inglesa mas não Sá-Carneiro
consegue entrar numa universidade Almada Negreiros
no reino unido e volta para Portugal Santa-Rita Pintor
Ficou sempre dividido entre o o Pessoa e Sá-Carneiro eram
português e o inglês (em termos de os mais próximos
raciocínio, influências e escrita)
Viveu em Lisboa até morrer e aí foi 3. Obra publicada
empregado de escritório e tradutor
Poemas em diversas revistas como
Este ia publicando mas não tinha
a Orpheu (da qual foi diretor), entre
carreira literária (achava que não
outras
era trabalho mas uma vocação)
o Publicava enquanto:
Este só teve uma relação (com
o Pessoa Ortónimo
Ofélia) e viveu sozinho a maioria
o Heterónimos (3 dos quais
do tempo (isola-se para escrever)
vamos estudar):
Pessoa era um nacionalista liberal
Alberto Caeiro
Morreu em 1935 no hospital
Ricardo Reis
2. Época do poeta Álvaro de Campos
1934: Mensagem
Contexto político complicado
(regicídio, implantação da 4. Algumas temáticas abordadas
república, 1ª República, 1ª Guerra
Crise existencial
Mundial, ditadura militar, Salazar)
Fingimento artístico
Época de industrialização e de
desenvolvimento das comunicações O Moderno e a tecnologia
Assim, Pessoa desejava dignificar a Exploração da mente humana
pátria: Heteronímia
o Através da sua ideia Fernando Pessoa Ortónimo
patriota de civilização (para
ele a ideia nacionalista era Poemas assinados como
uma emergência que Fernando pessoa
atravessava ideologias e Algumas características:
culturas) o Fingimento artístico como
o Através da cultura e língua processo criativo
o Emoções
3. Modernismo transfiguradas/intelectualiz
Movimento artístico que incluía adas
muitos outros e cuja vocação era de o Inquietações presentes
o Ânsia de alcançar mais
o Sente-se triste e transfere “Dizem que fingo ou minto/
isso para a poesia Tudo o que escrevo. Não”
Responde a críticas negativas
relativamente ao seu processo de
criação
Vai esclarecer/justificar a sua
posição dando uma perspetiva
mais pessoal
1. Fingimento artístico 1. Afirma que sente com a
Processo de criação artística imaginação e não com o coração
Intelectualização das emoções 2. Através das suas experiências e da
e das sensações criação consegue ver o mundo
“oculto, intelectual e ideal (“Essa
A imaginação sobrepõe-se ao
cousa é que é linda”)
coração 3. Distancia-se da emoção na criação
Fingimento artístico ≠ para ter um produto
sinceridade humana intelectualizado e deixa a cargo
Existe uma recusa à dos leitores as interpretações,
espontaneidade e emotividade sensações e fruições
(a poesia deve ser um produto 2. A dor de pensar
intelectual) Intelectualização excessiva
“não é no ato de sofrer que o causa sofrimento, angústia e
artista melhor se exprime, frustração (“Pessoa oscila
mas depois, mais tarde, perplexo entre o horror de
quando a dor se transformou pensar e o horror da morte
já em experiência” absoluta”)
Desejo de ser “outro”,
I. Autopsicografia inconsciente e feliz
“O poeta é um fingidor” “formula a ambição
Poema no qual se explica o impossível…de ser
processo de criação artística de conscientemente
uma forma universal – de todos inconsciente”- existe uma
os poetas dicotomia e é um paradoxo
O sujeito poético explica o 1. Ela canta, pobre ceifeira
processo: 1ª parte:
Existe uma dor sentida O sujeito descreve,
(experiência emocional) que é subjetivamente o que vê
intelectualizada quando é passada Ele observa uma viúva e admite
para o papel que ela se sente só
Assim, passa a ser uma “dor
Aponta que apesar do
fingida” (filtrada pela inteligência)
sofrimento que ele presume que
Para completar e dar sentido ao
que é escrito são precisos “os que ela sente, esta canta de forma
leem” e estes irão sentir a “dor alegre, instintiva e suave
lida” (interpretação subjetiva enquanto trabalha num trabalho
dependente das experiências de também duro
cada um) 2ª parte:
As emoções sentidas pelo O sujeito poético distingue a
coração do poeta são o material natureza e as sensações que são
que ele vai intelectualizar e simples e fáceis de entender do
com o qual vai produzir pensar (pensar e a ciência é
imagens poéticas algo pesado e que custa, causa
II. Isto dor no sujeito poético)
O sujeito poético deseja algo 3ª estrofe:
impossível: ter a inconsciência “Mas” – há um desalento
da ceifeira enquanto canta e provocado por perceber que
trabalha de forma monótona não consegue alcançar a
mas ter também “a consciência felicidade no sonho
disso” Mesmo nessa ilha perfeita e
sonhada existe mal e o
2. Gato que brincas na rua sujeito poético aponta a
O sujeito poético descreve a ideia do bem efémero
felicidade que pensa que o gato 4ª estrofe:
vive por se reger apenas pelos O sujeito poético conclui
instintos animais (“bom servo que não é com ilhas nem
das leis fatais”) com nada exterior a nós
Pensa que também seria feliz se que se alcança a felicidade
fosse como o gato, se pudesse A feliciadde que procurava
fazer da rua a sua cama, viver
está dentro de cada um de
sem preocupações e sentir nós, no nosso íntimo (“É
apenas as emoções (sem pensar
em nós que é tudo. É ali,
sobre elas nem as ali/ Que a vida é jovem e o
intelectualizar)
amor sorri”)
“És feliz porque és assim”, o II. Toda beleza é um sonho, inda
gato apenas é feliz porque é que escuta
inconsciente e a introspeção e o O sonho neste poema é a
desejo do sujeito poético beleza e a perfeição,
levam-no a pensar e isso dói
notando que esta é
(“Conheço-me e não sou eu”) subjetiva
3. Sonho e realidade
O sujeito poético observa a
Transmutação entre a
beleza e procura aí a
realidade e o mundo onírico felicidade
(o mundo do sonho)
A felicidade é a
Evasão e refúgio, através do
imaginação, o sonho que
sonho resultou do contacto com a
Indistinção entre estado beleza e não a beleza em si
ilusórios e reais (“Mas não é bem a vida/ É
“A arte moderna é a arte do a vida que sonhou”)
sonho” 4. A nostalgia da infância
O sonho é “uma vida tornada Saudade de ter sido
experimental” inconscientemente feliz
O mundo do sonho torna-se o Deseja (frustradamente)
real absoluto reviver a infância no presente
“SE OS SONHOS SÃO A Vê a infância como um
MATÉRIA DE QUE A “paraíso perdido” e símbolo
ARTE SE FAZ, ELES de inocência
MESMOS SÃO FEITOS DE Os conceitos de infância,
FRAGMENTOS DA VIDA” inconsciência e felicidade
I. Não sei se é sonho, se estão interligados na poética
realidade de Pessoa
2 primeiras estrofes: A infância: “Foi aí que
O sujeito poético Fernando Pessoa conheceu
ambiciona a ilha perfeita e sem conhecer a felicidade do
espera encontrar aí a sua paraíso terrestre, a ventura
felicidade absoluta
de viver como se não soubesse além do nome, e essa personifica-se
que vivia” na escrita
I. Pobre velha música é uma personalidade literária
O sujeito poético aborda,
Na carta a Adolfo Casais Monteiro:
neste poema, a forma como
a música (um estímulo Pessoa afirma que a origem dos
auditivo) o leva para o heterónimos tem uma parte psiquiátrica
passado Diz que resulta de um traço de histeria
Esta música causa saudade ao nível mental e de apatia (acaba tudo
e o sp relembra memórias em silêncio e em poesia)
infantis (“Enche-se de Afirma lembrar-se de criar personagens
lágrimas/ Meu olhar na sua infância
parado”) “E assim arranjei, e propaguei, vários
O sujeito poético não tem a amigos e conhecidos que nunca
certeza de que foi feliz na existiram[…]Repito: oiço, sinto, vejo…
sua infância E tenho saudades deles”
Mas o sp afirma que Criou um grupo de pessoas inexistentes
quando se recorda da “Graduei as influências, conheci as
infância (momento de amizades, ouvi, dentro de mim, as
nostalgia causado pela discussões e divergências de critérios”
audição da música) ele tem
a certeza de que vive a Alberto Ricado Álvaro de
Heterónimos Caeiro Reis Campos
verdadeira felicidade
Linguagem, estilo e estrutura:
“Alia assim a leveza da forma à
Características
subtil densidade do pensamento”
Nascimento Lisboa Porto Tavira (15
Quadras e quintilhas com 5 ou (local e (1889) (1887) de outubro
7 sílabas métricas (redondilhas data) de 1890)
menor e maior)
Tendência para a regularidade Formação e Instrução Formação Formação
nas rimas e estrofes profissão primária universitári superior
Sem a Engenharia
Musicalidade: presença de
profissão Médico Naval
rima, aliterações e transporte
Vocabulário simples mas muito Estatura Baixo e Alto e
simbólico Característ média, forte magro
icas cabelo Com uma Corcunda
Uso da pontuação expressiva
físicas louro e cara seca
Recursos expressivos olhos azuis Moreno
abundantes (ex: metáfora, Contexto Pura e Deliberaçã Súbito
antítese, comparação, repetição,de escrita inspirada o abstrata impulso
interrogação retórica) heteroními (sem que se para
Construções sintáticas simples calcular) concretiza escrever
na poesia
Poesia dos heterónimos Característ Escrevia Inspirado Razoável
Contextualização literária icas mal o nos mas com
estilísticas português clássicos alguns
A questão da heteronímia Purismo lapsos
exagerado
Heterónimo ≠ Pseudónimo Alberto Caeiro
um heterónimo tem outra
I. O fingimento artístico (o poeta bucólico)
personalidade diferente do autor,
Contemplação da Natureza Defende a visão “originária”; a
(idealizava-a e pensava ser “o visão em que se vê tudo sempre
único poeta da Natureza) da primeira vez, em que não há
Identificação e comunhão com reencontros, mas encontros
os elementos naturais sempre novos e puros
Afastamento social (sentia que a Quer encontrar-se a si próprio
paz exigia que estivesse sozinho) na Natureza
O mundo é compreensível Rejeição do pensamento
através dos sentidos abstrato e da intelectualização
Utiliza o bucolismo como “Filosofia” da antifilosofia
máscara poética
O Guardador de Rebanhos ( II )
O Guardador de Rebanhos ( I )
O sp aprecia e conhece o que está ao
O poeta apresenta-se como um seu redor através do olhar (grande
pastor que vive em harmonia e importância das perceções visuais)
conhece a natureza Compara o seu olhar a um girassol (tal
Ao deambular sente paz e sossego, como um girassol acompanha o sol, o
mas o pôr do sol entristece-o olhar do Poeta e deambula acompanha
O sujeito poético afirma ter o que está ao seu redor)
pensamentos contentes, mas ter Olha como se fosse pela primeira vez
consciência destes pensamentos (“Sinto-me nascido a cada momento/
torna-os ruidosos e confusos Para a eterna novidade do mundo”)
(“pensar incomoda”) Apresenta-nos a dicotomia: sentir ≠
O sp deseja ser todo o rebanho pensar
para aproveitar toda a felicidade Sendo sensacionista, defende que só os
vinda da simplicidade e ultrapassar sentimentos dão o conhecimento
a sua tristeza causada pela verdadeiro do mundo
consciência “PORQUE PENSAR NÃO É
Analogia entre a sua escrita e ser COMPREENDER”
e “EU NÃO TENHO FILOSOFIA:
“Amar é a eterna inocência, TENHO SENTIDOS”
E a única inocência é não pensar” O sujeito acaba o poema com uma
reflexão sobre o amor, algo muito
um pastor (sente-se a escrever com importante à vida humana
um cajado na mão, a reter as
sensações e a guardar as metáforas
e ideias como se fossem as Linguagem, estilo e estrutura:
ovelhas)
Introduz os leitores no poema e
“Não tenho ambições nem desejos.
deseja-lhes tudo de bom e que Ser poeta não é ambição minha.
façam uma leitura simples e É a minha maneira de estar sozinho.”
agradável da sua escrita