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Etapa Ensino Médio Língua

Portuguesa

Manifesto
Antropófago
3ª SÉRIE
Aula 12 – 3º Bimestre
Conteúdo Objetivos

● Conceito de manifesto e ● Reconhecer a intencionalidade


antropofagia; de um manifesto;
● Manifesto Antropófago. ● Identificar características do
Manifesto Antropófago.
Para começar
● Nesta aula, vamos ler o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald
de Andrade e que apresenta uma vertente das produções modernistas.
Os manifestos são textos da esfera argumentativa e divulgam uma
tese sobre determinado assunto, com o intuito de conquistar a adesão
das pessoas às ideias defendidas, que podem ser de caráter cultural,
político, humanitário, ambiental, entre outros. Esse gênero não
costuma ter uma estrutura fixa, principalmente quando falamos de um
manifesto cultural/artístico, que pode ser construído com fragmentos
de outros gêneros e apresentar uma linguagem mais subjetiva.

Provavelmente, você já conhece o gênero manifesto. E antropofagia,


você sabe o que é? E o Manifesto Antropófago, você conhece? E, sabendo
que é um manifesto cultural, que ideias você imagina que ele defenda?
Para começar
A antropofagia era um ritual religioso realizado após
batalhas importantes, no qual os indígenas vitoriosos
de uma comunidade assavam e consumiam os
melhores guerreiros capturados da comunidade rival.
Esse ato tinha o propósito de fazê-los adquirir e
assimilar poderes e habilidades daqueles que eram
ingeridos, seguindo protocolos e convenções próprios,
ou seja, essa prática não deve ser confundida com o
canibalismo, que é o simples ato de comer um ser da
mesma espécie para saciar a fome.
Em outras palavras, um indígena antropófago poderia comer a carne
de um prisioneiro especialmente forte para, assim, absorver sua força,
inteligência, habilidades estratégicas, beleza e qualidades diversas.
Foco no conteúdo
Manifesto Antropófago
Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente.
Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos
os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões.
De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi, that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
[...]
Foco no conteúdo

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.


Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. O índio vestido de
senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de
Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
[...] Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.
Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju*
Foco no conteúdo
[...]
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud –
a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem
penitenciárias do matriarcado de Pindorama.
Oswald de Andrade
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha*
(Revista de Antropofagia, Ano I, n. I, maio de 1928.)

*Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da História do


Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido
da morte do mesmo bispo, devorado por indígenas antropófagos.
Na prática
Em duplas, respondam:
a) Observem o trecho inicial:
“Só a ANTROPOFAGIA nos une. [...]”.
Após a leitura do manifesto e da definição de antropofagia (slide 4),
levantem hipóteses sobre a intenção de Oswald de Andrade ao
escrevê-lo.
b) “To be, or not to be, that is the question” é uma famosa frase do
escritor inglês William Shakespeare. Qual é a sua tradução? O que
Oswald de Andrade sugeriu ao parafrasear essa passagem da obra
Hamlet?
Na prática

c) Levando em consideração que “vegetar”, em sentido figurado,


consta no dicionário como: “Viver apenas o corpo, sem atividade
mental”/“Viver sem atividade, sem motivação”, levantem
hipóteses sobre a intencionalidade do autor ao descrever a
passagem: “Contra as elites vegetais”.
d) Sabendo que “Alencar” é o autor romântico José de Alencar,
escritor das obras Iracema e O guarani, reflitam qual é a crítica
de Oswald de Andrade ao escrever: “O índio vestido de senador
do Império” [...] “Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de
bons sentimentos portugueses”.
Na prática

e) A poesia surrealista caracteriza-se pelo primitivismo e pela


espontaneidade, pela ausência de razão e pela imaginação
ingênua e/ou fantástica. Reflitam sobre o porquê de o autor dizer
que já tínhamos essa “língua surrealista” ao transcrever os versos:

“Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju”
Na prática Correção
a) Observem o trecho inicial:
“Só a ANTROPOFAGIA nos une. [...]”.
Após a leitura do manifesto e da definição de antropofagia (slide 4),
levantem hipóteses sobre a intenção de Oswald de Andrade ao
escrevê-lo.
Para Oswald de Andrade, apenas a assimilação/“ingestão”
de outras culturas possibilita à nós nos apropriarmos de
suas qualidades para produzir, posteriormente, algo
autenticamente nacional. Sabemos que não existe nada
totalmente original; toda cultura recebe influência de
outra(s), somos influenciados e influenciamos o tempo todo,
daí a ideia de união.
Na prática Correção
b) “To be, or not to be, that is the question” é uma famosa frase do
escritor inglês William Shakespeare. Qual é a sua tradução? O que
Oswald de Andrade sugeriu ao parafrasear essa passagem da obra
Hamlet?
Tradução: “Ser ou não ser, eis a questão”. Entre inúmeras
discussões e teses sobre esse aforismo presente no
Manifesto, supõe-se que o autor, ao sugerir a passagem
shakespeariana “Tupi” no lugar de To be, insere uma
reflexão sobre se somos Tupis (povo originário) ou não.
Na prática Correção
c) Levando em consideração que “vegetar”, em sentido figurado,
consta no dicionário como: “Viver apenas o corpo, sem atividade
mental”/“Viver sem atividade, sem motivação”, levantem
hipóteses sobre a intencionalidade do autor ao descrever a
passagem: “Contra as elites vegetais”.
Oswald de Andrade parece acreditar que as elites sociais
não pensavam; elas apenas absorveriam passivamente, sem
reflexão, as influências culturais advindas de fora do país,
sobretudo as da Europa.
Na prática Correção
d) Sabendo que “Alencar” é o autor romântico José de Alencar,
escritor das obras Iracema e O guarani, reflitam qual é a crítica de
Oswald de Andrade ao escrever: “O índio vestido de senador do
Império” [...] “Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons
sentimentos portugueses”.
O autor critica os perfis criados por José de Alencar para os
indígenas apresentados em suas obras, pois têm
características e valores típicos dos padrões europeus,
influenciados pela estética da primeira geração romântica
no Brasil, que elege o indígena como herói nacional.
Na prática Correção
e) A poesia surrealista caracteriza-se pelo primitivismo e pela
espontaneidade, pela ausência de razão e pela imaginação ingênua
e/ou fantástica. Reflitam sobre o porquê de o autor dizer que já
tínhamos essa “língua surrealista” ao transcrever os versos:
“Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju”
O poeta parece indicar, ironicamente, que justamente por
não conhecermos as línguas indígenas, a poesia nos remete
a características surrealistas, como a livre expressão do
pensamento, a valorização do inconsciente e a utilização de
elementos abstratos.
Foco no conteúdo
O Manifesto Antropófago (ou Antropofágico)
foi lançado em 1928, no primeiro número da
Revista Antropofágica, principal veículo de
disseminação do movimento homônimo.
Esse movimento de vanguarda do Modernismo
brasileiro propunha a deglutição das
influências da cultura estrangeira,
principalmente europeia, para assimilação de
suas técnicas e influências, desenvolvendo
uma nova estética com temas autenticamente Abaporu, de Tarsila do
Amaral, publicado como
nacionais. As características do Movimento
ilustração do Manifesto
Antropofágico influenciaram a literatura, as Antropofágico.
artes plásticas e a música.
Aplicando
Enem 2012 Texto II
Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um
presente de aniversário especial ao seu marido,
Oswald de Andrade. Pintou o Abaporu. Eles
acharam que parecia uma figura indígena,
antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário
tupi-guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de
Abaporu, que significa homem que come carne
humana, o antropófago. E Oswald escreveu o
Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento
Antropofágico.
Disponível em: www.tarsiladoamaral.com.br. Acesso em:
4 ago. 2012 (adaptado).
Aplicando

O movimento originado da obra Abaporu pretendia se apropriar:


a) da cultura europeia, para originar algo brasileiro.
b) da arte clássica, para copiar o seu ideal de beleza.
c) do ideário republicano, para celebrar a modernidade.
d) das técnicas artísticas nativas, para consagrar sua tradição.
e) da herança colonial brasileira, para preservar sua identidade.
Aplicando Correção

O movimento originado da obra Abaporu pretendia se apropriar:


a)da cultura europeia, para originar algo brasileiro.
b) da arte clássica, para copiar o seu ideal de beleza.
c) do ideário republicano, para celebrar a modernidade.
d) das técnicas artísticas nativas, para consagrar sua tradição.
e) da herança colonial brasileira, para preservar sua identidade.
O que aprendemos hoje?

● Reconhecemos a intencionalidade de um manifesto;


● Identificamos características do Manifesto
Antropófago.
Tarefa SP
Localizador: 99322
1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com
seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Enem 2012. CH – 1º dia | Caderno


3 – BRANCO – Página 7. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/20
14_PPL_PV_D1_CD3.pdf. Acesso em: 7 jul. 2023.
BUENO, Francisco da Silveira. Gramática de Silveira Bueno. 20. ed.
atualizada. São Paulo: Global, 2014.
Revista de Antropofagia. Disponível em: https://cutt.ly/KUsbM2R.
Acesso em: 7 jul. 2023.
Referências
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo em Ação –
língua portuguesa. 3ª Série do Ensino Médio. Caderno do estudante.
São Paulo: SEE, 2022.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo Paulista
do Ensino Médio. São Paulo: SEE, 2020.
UFRGS. Manifesto Antropófago. Porto Alegre, 2021. Disponível em:
https://cutt.ly/ATZgPbb. Acesso em: 7 jul. 2023.
VEGETAR. In: AULETE Digital. Disponível em:
https://cutt.ly/DTZhG9G. Acesso em: 7 jul. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 4 – SAHAGUN, Bernardino. O sacrifício humano e o
canibalismo dos astecas. Disponível em:
https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-
sofisticadas/Bernardino-de-Sahagun/1005071/O-sacrif%C3%ADcio-
humano-e-o-canibalismo-dos-astecas.-Manuscrito-de-Bernardino-
Sahagun.html. Acesso em: 7 jul. 2023.
Slide 16 – ANTROPOFAGIA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte
e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo74/antropofagia. Acesso
em: 7 jul. de 2023.
Material
Digital

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