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I ‘ ‘t ‘a

Híſtorla da antí
_F guidade' da Cidade
é’- de Euora. wª
-Lb' ‘
"Fªt. l
I "“3
* ,Feéïa per meeſtre All-*10x
dree de Reeſende. ' \á
\9' ,
Terceim Ediçam' fielmenl "Ñf
L te copiada da figzmda , , 'r-ª
E53 que ſe‘fèz em Ezzora em
@a 1576, aqualfly (11'71—- '\ o;
.da emendada Pela n
lª) meſma autor." › ’M
1‘
. LIſiSBOA
(¿Y Na-Of.'de Simio‘ Thaddeo Ferreira.
:ª Anno 1783. è‘. ,t _
1)( Cªm Ilccnça da Rent] M:zª Ccn/òria. FD()
"ª" ſiLª" ' !RAW-“è" "ſ \PA-turf*
Aprouaçam defle liuro;

Lij efle liuro da antiguidade


de Euora , & nam achei nelle cou
, fa nenhuma contra os bons‘ coſ—
tu‘mes a. 26. de Ouctubro. de.~
1575- - , -
~ \ Pero‘ lms.

Víſta a in Formaça’m podeffe im


primir eſte Muro. ‘Em CUOTBLQ. 4.
de Nouembro. MauoeLAntunez
ſecretario do Conſelho geral , o
fez de. 15'75'.
, Lífio Anriquez. ,
Manoel de Coadros; ‘
'A ho principe nofl`o ſén‘hor
Muito alto , & muito poderoſo
principe , 8C ſenhor nolſo.
‘ yEmbramc: que beiſando eu
ha mam a. V. A. en Alme
rin, oclhou ‘voffa A. para
o arccbiſpo de. Lísbóa , \& per
guntoulhe quem eu era , & tor
nandoſe a mi, me dixe que lhe
perdoafle‘que me non cngneſce
ra. A-eſta tam real humanidade
eu nom tiue entam mais que reſ
ponderïaluo que pizzería a decs‘
con longa vida de voffa alteza
darme a mi graça de lhç fazer al»
güo ſerui o per‘onde me melhor
cogneſce e. Efle deſejo ficou tam'
impreffo em minha'alma , que en
tre tanto ho non ponho en effe
Elo da vida que viuo‘me parece
que ſom indí-gn'o , & do émpregº,
a- U
HISTORIA
do tempo _em outra couſa ,.qnn ——

mo decouſa ſurtada me affronto.


'Más ſegundo deos fez» OS reís -<— —-
grandes non t‘éemos ca hos ba -

xos couſa máis propria com que.


vos ſeruir, que ‘com eſte amor 8:
lealdade que ªa_ Real majeſtade
ſe deue. Em eſta parte, bê’e ou
ſarei eu 'abbonarme & igualarme
com outro qualquer , ſe leal
amor mereſce abbonaçam. Mas
com todo la fica inda ha diuida
- do Üeruiço que prometti , por ho
’ qual, por minha meeſma bocca
flou empegnado. Hora medindo
minha-S forças , & cpnſiderando -
que hos homens dados aas lete
ms , com letcras ſeruem'a hos
Reis & príncipes , 8C que. ho \al
ſerviço femprc a hos meeſmos foi
acceptiffimo , en iſtn me detremi-'
nei. Mas entre tanto com outro
mais importanteme detenho , pa
DE EVORA
reſceo me ;bé’e'tornar ante voſſa."
A. com efla hiſtoria della ſua cijda
› de Euora. Que por. V. A. en ella
' naſcer , tëemos ſabido que. V.\A.
lhe’quer bëe quomo a patria, 8:
`ella a. V. A. ama quemo afilho,
& en elle ſe reuee quomo en ſpe
, elhm Tinha eu eſta hi'ſtoria ſecta‘
a petiçam da camara da ciidade,
ha.qual leendo poucos dias haa
ho doctor Gil de Villalobos , juiz
' que hora en ella e , conſeffou me
que flaua de propoſito de ha'man
dar trasladar ſen eu ho ſa‘ber, &.
lleualla a. V. A. Eurcceoſo de
me fazerem eſte form, & offereſ—
cendo ſe -hora noua impreffám ha
qui , quisme anticipar com dar
prímeiro_a. V. A. efle goſtO/que
ſei que ha de tê’er, da antiguida
de da ſua patria. .Receba volïa.
A. ha voontade com que lho of‘- A
fexefço, & fe hos caractgres da
‘ › ‘ a 11)
HISTORIA
impreffam lhe pareſcerem bons 8C
de bom talho , ſaiba que inda
tê'emos cinquo ou ſEX differ‘encias
delle.; , para que ſauoreſça ho im
preſior com el Rei ho‘ſi‘o ſenhor
voſio pae. Accrefcente deos has
vidas , & reacs-flados de voſſas
altezas, a ſeu ſancto ſeruíço. A.
DE EVORA
. , \
A hos ver-cadores , procurador , &
eſcrivà'o da camara da muito no
ble & ſempre leá’l Cijdade
_ Euora , 'meſtre And'ree
’ de Reeſende.
Am amigo coflume
… èeſtimar a memoria
,². antigua , que q‘uaſi
Ñ per hüo conſenti~
_
. Ñ' j mento en todas has
…3., . ..,._ ¡Ñ, _. _

o
~ ¡dades houue efia
opiníà’ , t-ê’erenſe muitas couſag
em preço npn ,por ha bondad:
de ellas mas por antiguidade, 8C
muitas vezes tanto ſen razam , que
' foi tempo en que ſe eſtimauan máis
hos rudos &deſconcertados ver-,
fos de Ennio , que ha delicada 8C
límàda muſa de Virgilio, &num
por mais, que por haquell-e ja ſc—r
antiguo, & eſte entam moderno.
Et cerco que la te‘em, ha anÉÍgU-idade
a UU
.
—-. — 'HISTORIA
_hü'a ſu-a graça & maieſtade, per que
de todos \e faz tê'er en rèuerencia.
Donde veem que hos pouoos tan
LO fe haá’- por de maior dignidade ,’
quanto ſe podem móſtrar ,por de
mais longa antiguidade. HO que
f0¡ cauſa que mu'itos quando co‘m
verdade non podi-í , per outra via
aI.UN..-——mªï-.;—-. procuraffem de ſe moſtrar mais an
-Iiguos. Quomo hns !Egyplios' ,
de que Diodoro ſcreue per tam
fingidas & ſabuloſas razóes ſe qui
ſeró fazer hos primeiros‘hofflées
que no mundo ſoorom gêerados ,
comprando tantos milhares !de an
nos, &tantas cijdades antiquiflï
mas entre ſi. Hora demos &per
mítamos iflo aa vulgªr opiniam ,
quer ſeja erro , quer ho non ſe
ja, nem reprendamos ho que to-
das as naçóes occulta IS: aberta
mente procuran, a que non fal
xam .auctoridades da ſagrada- (cri
'DE EVORA
ptura , per que móflren que ha
antiguidade das Cijdades deue ſer
prezada. Vos me pedifles que qui
ſeffç communicar ho que- do anti
guo de eſta Cijdade Evora noſſa
patria , tínha alcançado, & dar
vollo per ſcripto: para ho lan
, çardes en combo' &mc-moria. Ho
que depois de ſer per vos come
gado , ſábendo ho algumas peffoas
nobles & de auctoridadeLmonſ
traron en ipſo téer tanto deſejo:
que tambè'e de hüo partſcer 6C
propoſito fe determinaron fer com
voſco cn combatter 8: expugnar
qualquer reſiſtencia, ſe en mi fe
achaffe. Non \vos Poflo negar ho
cargo en que vos fico ,- por ha', '
eflima enlque 'moflraſtes que' me
têedeg, en iſto pedirdes a mi.
Mas tambêe vos conſzſſo , que
foi hüo pouco fora de tempo:
~ ' pqrque _vos qcabais voffo magiíï
aV\
HISTORIA
trado ou officio de haqui a hſío
mes, que èmui breue tempo pa
-ra ho que pedis, & eu ando todo
occupado em hſío livro dearchi
tectura permandado de el Rei
‘noſio ſenvhor de modo que en ou
tro efludo nonintendo-,
ho pregarſi, qu'e' ſen erra-rexcepto
a deos
non iexaria: & avoltas diſto 'ho
ingenho felicito & affadigado com
ha* doença & prigoo da vida do
7'——…"ª—,—1-
-a'uTª¡:Tw.'W',_"
fiÑ—-dvª—as._F—“-—
Cardeal infante noffo ſenhor 8C‘
prelado', ou para que melhor di
ga, padre. Co'm todo porque fa
zer en tal tempo ho que me pedijs ,
non è crime de majeſtade leſa,
antes reſulta en ſeruiço de elRei
-noſſo ſenhor, que quomo ſu. A.
è curiÓſO, 8: quer beem, & ſez
ſempre & deſeja fazer mercee aeí'-- , _—N_—_

-ta Cijdade, nÓn ‘tenho eu 'duuida


- . “que a-lgumlgoſtotambem recebera
N niflo , determine¡ dar aa patria
DE EVORA'
huma duzia de madrugadas deſte
dezembro & póer em flilo oque
me pediſtes. De que a vos, por
ſerdes os primeiros que iſto pro
curaſtes , ninguem tiraraa vbffo
louuor. ‘

Do vero nome defla cijdade.


Cap. j.

Auendo pois de ſcrever an


tiguídades de efla cíjdade,
ha primeira couſa que ſe
offerefce, he ho nome per que
antiguamente ſe chamou , & dos
eruditos
mumenſite deue ſer çhamada.
no; vſo Com‹
eccleſiaflíco 8C
breuiaríos ou miſi'aes que hacte ha
gora ſe fezeron', lhe chamauam
Elbora , & coſtume Elbocenſe.
Porem ho vero nome he Ebora.
Affim ho eſcreue Plinio, am Pom
ponio Mela , alli Antonino Pío
HISTORIA
en ſeu itinerario. AH¡ hos l'íur-os' .
mais emenda'dos ,dos concilios ,
&affi {la em hüo letreno antiguo
‘ en caſa do capitáo dos ginetes,
&- en tres que eu em minha caſa ’
tenho _& en outro na rua_da ſel
, laria, melo quebrado, &em hu
ma— columna per que-ſe-compta
uam hashamilhas
ſi ga per ſtrada allem
antiguada que
Toure-
hia .
para Alcaçar. Dos quaes letereí
ros depois falarei. Por ha .qual
'non duvido qúe en Ptolqmeo ſta
'erro , ou da i'mpreſſam, ou da
memoria, que a efla cijdade de
Luſirania Chama Ebura , & a hu
ma villa_ de Andaluzia perto de
Cadiz chama Ebora, ſendo’ per
contrario , que eſta nofl'a è Ebora
'8C ha outra Ebura‘, de ſobrenome
Cerealís , quomo ſcreue Plinio en
ho lib. 3. cap. 2. & Pomponio Me
]a que foi natural de Andaluzia,
DE EVORA
&nou muito longe da dicta Ebu—
ra , que agora è deſtruída , aa
qual Str-abo en ho. liv. z. chama
Aebura. Stephan() en holiuro de
vrbibus: por nÓn examinar beem
ho paſſo de Strabo‘ ,- ſcreue de
Ebora ho que pertê'eſce a Ebura
& de Ebura ho que pertêeſce a
Ebora. Mas quomo eſtes f'o‘om'm
Gregos & extrangciros facilmente
poderom errar, em ha ſemelhança
& propinquidade dos nomes, to
mando hüo por outro. Mas Plí- '
- nio , & Pomponio, 8: Antonino
latinos, &.quaſi naturses , non
, è de creer que ignoraffen e‘ſtes .
homes. .A hos quaes nos ſegui
mos.
HISTORIA
\Da muitaiantiguidáde de Euora.
Cap. ij. 1

S Eguia fe apos ho nome , di


zer quem foi'ho fundador por-r
que per ho fundador, fe Collige
& intende ha muita antiguidade,
& tambeem non èpequeno goſto
ſaber & tê'er noticia dos princi
piadores das çijdades , & maior
' mente ſe forom varóes iliúflres.
Quomo ha diuina ſcriptura da teſ
timunho en ho. 4. cap, do Geneſi ,
de Cain , que edificou huma Cij
dade , que foy ha primeira que
ſe lee en ſcriptura authentica, & \
posihe nome \Henoeh , dolnome
de ſeu filho, En -iſto non poffo
' eu _ſatisfazer a hos lectores : Por
, que nem ho acho authentico , nem
determina fazer ho que algüos
ª coflumam entre hos quaes Floria¡
'DE EVORAC
no del Campo, que ſe atreueo
com nomeorigeês
vpublicar de cronifla, fazer &z
& antiguidades
fabuloſas. Eu non ſcreverei ſaluo
ho que achar por auctores dignos
de ſec , ou per ſcripturas de pe
dras, ou oque de noſſos ochlos
índa podemos veer & ho funda
dor foffe quem quiſefl‘e. Mas aſſi
quomo iſto non poffo móflrar,
affi poffo móſtrar grande antigui
dede, pois em tempo do grande
Luſitano Viriato Evora ja era. H0
que pareſce por aquelle letra-¡ro
‘ antiguo que eſta em. S. Beento
de Pomares, que ‘diz alli. ‘
\
HISTÓRIA‘
~ L. SlLO. SABlNVS. BELLO' rich
CONTRA. VIRIATVM. IN
BBOR. PROV. LVSIT. AGRO
MVLTITVDINE. TELORVM
CONFOSS. AD. C. ‘PLAVT‘
PRI’ET. DELATVS. HVME.
RIS. MIL. H. SEP. E. PEC.
. MEA. M. F, I. IN QVO. NE
MIN. VELIM.
SERV. NEC. LlB.MEC. NEC
lNSERl. SI ſi
SECVS. FIET. VELIM. OS '
SVA. QVORVMCVMQ. SE
’PVLCR‘. MEO. ERVl. Sl. PA
TRIA. LlBERA. ERlT.
,Das quaes leteras èefla ha inter—
pretaçam :' Eu Lucio Silo Sabi
no , que em ho Campo de Enora
da provincia de Luſitania, en ha
gherra contra Viríaro, fui todo,
traſpaſi'ado de multidam deLan
gas & armas , ſendo em hos hom
’bros dos ſoldados trazido aſii fe
D E E V10 R A
tido a ho pretor Caio Plantio,~
mande¡ que a minha cuſta meſo
offe_ fecta eſta ſepultura. En ha
qual nÓn quero que algſío comi
go ſeja ſepultado , nem ſeruo meu
nemliberto'. E ſeho contrario ſe.
ſezer ,- quero que hos offos de
quaes quer qu: ſejam, de minha
‘ ſcpultura' ſejam tirados, ſc a pa—
tria ſteuer em ſua liberdade. Per
= efle ſe móflra' ſer Euora muito
antigua , pois em ha gherra de
Viriato ja era, quomo tenho di
&o 8: Viriato ſe começou leuan
tar com Luſitania, & depois. com
toda Hiſpania cerca do anno ſex
centeſimo octauo da edificaçam
de Roma , ſendo conſules Gneox
Cornelio Lentulo : & Lucio Mum
mio, quomo ſcreve Paulo Horo
‘ fio, que \foron cento & quarenta
annos ante que noſſo ſenhor le
_ fu Chriſto ;omaſi'e carne. Et quan
\
H l S-T O R I A \
i

to ante de iſto hauia que era n'òúf


me confia. Bafla que ja ante era.
DO que eu non menos me deuo
dar depor
ff. Contente
cenſià; , que leiano.
VL… Sciemlum , com
dizer que ha colonia de Tyra;
donde elle frazia ‘fua Órigem,"-eraª‘
antiquifſima ,‘ ſen dizer’ quem fó
Ora ho fundador¡ - ‘
"V ſ
Do tempo de S-eritorio. ¡Cap, iij;

COrrendo pois hostempos;


& levantand'oſe Luſitania
com ,Sertorio va‘lerofo capirªo:
cerda do anno ſexcentefimo ſexa
- geſimp ſegundo da edificaçfi'o de
Romá, por Evora ’fer de nòbl’e
& grande_ pouoó , fez grande àd-'
juda á ho meſm'o Sertorio, dan
dolhe huma cohortezf. [excento's
ſoidados Para ſeruiço da gherrá,
os quaes ho’ſerüiron tamlzeemª
l
D E -E V O R 'A'
que ellev por gratificar eſte ſeruíè
ço, "'&Ïambcſi'ém por eſta cijdade
ſer en meío de vLuſitania, que
faz muito para fenhprear ho mais ,
qua-,ſegundo julg'an 'hos peritos
ná arte' militar, quem he ſenhor
' dºi'campo ,W he" Ïſenhor de toda
epſa terra : tomou em. ella ſeu
affehto ,’ ſe'has continuas gher-~
ras lho leälara'n- tëer' , e fez ſúa
caſá ’ .queíindá ’hagora ſe chama
.de Sertoríoïªfºe'nhha 'qual tinha
huma molher ſua domeſtica : 8C
_ tres 'libert'os \ que v::on ella; flauan ,
ſegundo pareſce per elle-.elegan—
te lete'reiro , ;que ‘haveraa ſc—x anz
nos ſe-deſcobrio junctofda's FILES,
mas caſas ,' que diz afli : - ¬
` "Á'ÏPÏ Ñ-..l
HISTUFRIAZ r" ., í" . w),
L ARÏI B. PR‘O)

S A’LVT’ E.- ‘ET COL'V 1


MITATEſiDOM-'VS -' :J " *'
Q S' ER TOÍRI Lª?" j …fªr 'f’ ' 7*(
COM'PÉE TALLE, LVDÑOS- : \
ET. ÏEPVDVM.,VÍCI~NÉEIS~L “
IVNIſiA. DO-N.ÁCE. DO» 7.3 '
z ›M-ESTI*CA. ‘EJ'IVLS...EÍTÍ \
S ER'TQRÁ '-'H‘ÏERM E‘S‘L X;
QJSERITO'RLÍ GASPAR() Tu!.
Q~…SERTO R,:;¿A;NTEROST._-t.›
Ã: LZ'IÍB ENTER¡ 1.:?) UI.
’.62 'HULE 'X
17)-. ’ZT;;Ï"';7 ¡çrrjr--Í
DO \q-u‘aI: -l'etereiro Tªc-.fla- hedià _de-E;
4 .-i…
claraçàm‘ï" ‘3.²7 -.~ .
Por ſavde‘ -& eſtabilidade' du”
de Quinto Sertctorío-:f"Iuni:1~.-D_0v~ Sºfa' \

nace ſua ‘d‘omeſtícaj .&- ‘Quinto; \


Sertorío Hermes, & Q Serto
rio Cepalo ,-& Sertorio An
teros, ſeus libertos', aa hora dos
deoſes Lares 'en ho dia da feſta
chamadg Qómpitalia, fezeron ?jo
¡4
\a
D Eª" E‘VÏOÑR Ã
’gos públicos :r8: deeſiron conuitè
Modos hos .vizinhosí Item mau
dou Sertorío cercar ha cijdade
de cantaria laura'da , quomo fe
inda em muitas partes moflra
por onde he a' cerca velha , .8C
aaſſiho fezxtrazer,,hª
porſitico en hoagua
maisdaalto
?rana
da
cijdade , donde ' ſe repartia ‘per
has regióes della: quomo eu de#
ciarei en huma apología ou reſ
pOſta que contra ho biſpo de Vi
fíeu ſçreu'i ;~ queext‘oruaua a elª
Rei hoffo ,ſenhortornar atrazer
hadicta agua -c dizendolheïque
nem ha agua ca viera jama—is, nem,
podia vijc, nem Sertorioaqui fle—
vera : nem ha Obra. e‘raÑRoma-ç
na: contra ho que ,eu a ſu alte-,
za tinha perſuadidº. Tambeem Fa
le¡ dipſo en dous liuros dO'S<
aqueductos , que a ClRei noffo* -
ſcnhor per ſ-:u mandado fcreuin
b iij
\ H I'S‘T‘OzRIA'
8( por tanto agota .non he neceſ
ſario tornallo repetir. Antes me
pareſcia que hos meeſmos liuros',
por quanto tractam quomo fe de
uem fazer hos aqueductos & quo
’mo conferuar : fedeuifio adjun
tar-ra eſte tractado, & aas vezes
fe leerem, para, que delies ſe tO—ª
maſſe'algunla vrilidade, ſe ha nel
les ha.: ' - ‘

Do juro ou directo das colonias


‘ & municipios. Cap'. iiij; Ã
Um pouco me I he neceſia
' rio declarar do antiguo,…
que faz -muito para cogneſcer o
flado & quaªlidade deflaeijdade
en tempo dos Romanos. Et afſi
è, que‘ começando' hos Romanos
ſenhorear haS’outraS gentes co
marcá’as da terra Chamada Latio ,
onde ha meefmaRoma tambeem
¡ .
ſ\ D E [EVO R¿A
fla 5 á’èharon_ tamauçfiflwçü 8C
inquie/taçío , hora vencedorçs,
hora vencidºs ,Ñ que por imuítos
annos non poderon muito exten
der ſeu ſenhorio , hacte_ que ho
tempo & conſelho fez a huns 8C
a outros, que lexadas has diffe
rencias, ſe vniffen &fezeffcn hüo
pouoo -, aſh ‘quomo eran huma
gente. Receberon pois hos ro
maós a hos latinos por ſocios,
& confede’ra‘dos , dando lhes juro
que em ha gherrajandaſiem miſ
turados en has legióes romaà’s,
&em ellas podeffen tê’er hos ma
giflrados & offlcíos : cargos &
honras ,que hOS meeſmos roma—
á'os tinhà’. Tambeem acho en Aſ—
Conío Pediano .auctor graue: que.
podium' em Roma pedir magiſ—
trados , e ſer electos *. mm p0
ren votar nen eleger. HO qual
juro ou directo por ſerl dado a
' b iiij ’
H I’S T O RIA
hos de Latín’ & primeiro que a
odtra algüa gente, zfoi' por ipſo
chamado , juro de .Lnti'O-.ªſ Con
tentaro‘nºſe hOS Latinos defla hon
ra por entonce. Mas aho diaïite
-inſiſtiron que tambeem en roma'
elles vqtaffen & clegeffenªz &‘ſdé
oſl‘en hauidos por totalmente
dadñ’os: ho que OS ro’mano‘s Lpe'r
ſpecial graça dauan a algüo’s‘ poſi.
uos , &v ſendolhes concedido:
pollo que con difficuldade,Í cha
maron a' eſte _juro ou directo de
Cijdadz’íos: & aho outro que an
te tinham , juró do antiguo La—
tio: por differencia deſte nouo.
HO qual jurodepois ſoidádo 'ha
toda ha vera Italia , para extin
guir 'muitas gherras que ſobre
ip'ſo pall‘amn. Por ha qual razam
fe Chamou
ro tambeem
octu directo Italiaco.depois, ju
D0‘ qual
falaleiano. ff. de cenſib. L.
\ -D Eſi EVORA
Sciendum. Iſto'quanro a h'o dire
cto latino, ou de cijdadêos, bre
uemente. Quem mais largo ho'
quiſer veer ›, pode leer ho que
ſcreueo Andreè Alciato’. lib. 2.
Diſputatiomsm. & eu ho diſpu
tn 'mais largamente en hü'o tra
ctado en látin ,-'que con adjuda ‘
de deos preſtes ſairaa a qu’. Ha
uia O‘utro vſO, que ‘hos ro’mªnos
ou mandauan ſeus proprios Cij
dadáos pouoar algum logar -, &r
chamáuan ¡he Cºlonia , ou a-hos
moradores de algum \lugar dauan
ho p’riuilegin-& juro que ,acima
dixe, &chamauálhe MUniCipio.
Allargavan poren, ou reſtringiáo
has liberdades & immunidades
quanto 0]]sz querian. (luomo’ le
emos en-ho liuro Xj. de Corne
li'o TacitO‘-, qqeèn tempo de Ti
vberio hmme ndſcnado grande al
teïcaçaml, ſe a hos varóes prinª
‘b' V.)
Ñ
.A._Ñ—.g:-4—;K.-E4,»'

H I S TO R I A
cipzíes da prouincía Gallía Coma:
que muito ante‘ tinham juro de
cijdadá'ns, ſe daria tambeem ho
juro de alcangaren en Roma has
'honras & dignidades. Et affi pa
reſce por todohaquelle Atitullo
de cen/MHL_ Que hü’os municipids
& colonias eran immunes 8: de
juro Imlico , Outras erão colonias
, Latinas, que tinham haquelle ju
ro do jamiguo Lacio, Outros eran V
colonias per prëuilegio , ſaluos
bos—tributos: outras non tinhã'
mais que ho nome de Colonias.
Aſiï ¿tambecm ho imperador An
tonino fez leí que todos hos filh
ditos a ho imperio romano fo
,oſſcn hauidos por cijdadá'os, fe
"1-..;a¬
gundo .fe _moftra. ff. de _/iam ber
minum. Vl. In orbe romano, quo
mo leem & declaran Andre: Al
ciato 8: Ibann‘e-Coraſio juriſco’n
~-r..
44:_ ſultos-doctiſiïmos. Ho que claro
1 4
Ñ .
DE EVORA
fia que ſeria ſaluos hos tributos;
Aulo' Gellío em holívro, 16.
cap.13. móſiraque ho flado dos
Municipios era melhor que ho
das Colonias, poſio que menos
honrado. Qua has colonias , quo
mÓ eran pouoaçóes de cijdadzïos
romanos, ficauan ſubiectas ªas
leís romanas. & per ellas ;ſe go
‘uemauam : & non per ſeu arbi
trio. Mas hos municipios com
teeren has liberdades das Colo
nias , ou ‘pouco menos, ‘víuiam
aa ſua voontade
proprías , & ſeſigouer—
leis 8: arbitrio per ſuas

nauam. Mas por quanto has colo


nias crío humº imageem -da Cij
dade de Roma, por ſoo aquella
majeſtade eran mais honradas 8C
mais eflimadas que hos munici
pios. ~
H I STO RIA
. ,l
Que Euora era municipio latino:
Cap.v v.

Vora era municipio , &' de


‘juro do antiguo Latio , 8C
non pagana tributo. Auctor diſ
to het-‘Plinio em lio livro quarto.
cªp 21-. Auantageem lhe tinha.
Lisbóa , que era municipio deju—
r0 de cíjdadáos, & Bejª que era
\colonia de juro ltalico, 'quomo
ſc monſtra per ho juris conſulto
Paulo. ff. de cen/ió. l. In Lyſita
-nia Pacenſer ('9- Emeritenflsjuriy
italia¡ fimt. Dixe que E‘unra norl
pagana tributo mas era delle‘im
mune: porque Plinio depois de
dizer que em Lufitania havia hüo
municipio de juro de cijdadà'os, -
& tres de juro de Lazio , dixe
tambeem que hauia. xxxvj. outros
fiiRendariOS. ſ. que. pagauan fli
DE EVO-RA
pendio , ou tributo: &ªcomptou
Euora por primero 'Bos ,tres de
juro deLatio, & depois bosque
pagauan tributo nomëadamente.
›- Per onde ‘ſe fegue que Eunra
ho non pagaua: & poſto que Pli
nio en ho :liuro. 3. cap. z, diz
que ho imperador Veſpaſiano com
fadignS‘ da republica ¿pompªciſi-:Ñ -
car-hos Hiſpanós‘, den’jurq La
tino- ªa' _toda Hiſpanía ›., pªreſce
por“efn. que quomo- eſta liber'ah'da‹
de
de, foi
nonforçada & por ¿Scv
duroufmuíto, neceffida
foi ªre-v
ungada,, 8: ficou ſoomentç_-en
hos logares que por meritns ho
, tinhamja ante alcançado. Que ſc
ho tal privilegio durara , excuſa—
,do tinha Plinio .de compraſ'Ïfn .
particular algtïos logares 'qúe ho
tinham., Concludamos logo queha
noffa/cijdade en' tempo dos R0-,
manos , \era de eflado liure (82;
\4

ſ
HISTORIA
I’dnmune, &\ ſocia do poovo r0
mano , & hos naturaes della eran
quaſi‘ en tudo cijdadà'ós romanos :j
& ſe— chamauan, ,& conptauan en¡
tre has tribos romanas ,. & po
dian na gherra en. has legióes 8C,
cohortes Roman-.as militar , 8C
,têer todos hos cargos* 8: officios
en Roma pedir magiſtrzdos , '8C
fer‘ en ellcselectosp Poflo que
non podian 'votar’,Ï por tota-!medi
te non- teerem juro de cijda-dá'os.
Quem deue‘fle privilegio aºEuoª
ra primeiramen‘te’. Cap. rvj.

Vem f‘oLho- que lhe eſte


Qpriuilegio’deu ,_ 'od'porque'
cantªr, non mc'çonfla', Salvo' que
per coniectura'díria eu- quelªuli'o _
Ceſar; Et ha--conjecturà tomo
do ſobrenomê'deſta‘º cijdade.- Qua
ſegu’hdo ſcreve Pliniº?, . Evora
DE EVORA
team de ſobreno'me liberalidade
Iulia. Ho que tambeem pareſcc
por hüo formoſo & elegante le
tereiro èn hü‘o grande Cippo de
m‘armore que ‘eu en caſa tenhxo,
que ſohia flat ’en ſanct'Pedro,
do qual depoís ſalarei ,ª 8C aſii
per outroElegant’eſi-
de' majs d’a m'eſmaletragrandurá
, 'que e-ſta8C
.uas en Santiago‘, que diz affi.
-DIV-O. IVLTO.
-LIB. IVLI-A, EBC-RA
—~ 0B. [LLÏVS IN; MVN.
E.¿MVN. ²-‘L‘I‘BERALITA. —
TEM. EX. D. D. D…
QVOIVS. DEDICATIO?
NE. VENER!. GENETRI
CI. CESTVM. MATRONAE
DONVM; TVLERVNT.--=- \
ana ſentença h'e‘eſta. End-ia
ralidade julia -per'dècreto dó‘s‘de-'Í
HISTORIA
curióes , dedicou efla fiatua- á;
diuo Iulio porxcauſa da liberalida~
de
cipesque ellemunicipio
delle vlbu con no‘
hOS dia
muni
(la i
qual dedi'caçam liasjmatronas le
uaráo ¿en, dom_.aazmádre Venus
hſía veſtidura »pompol'ai , ¿chama
da Ceſto. Se efla-coniectura me
.vStrc.—-',m-
non enganna perlliberalidàdez del
’ lulio Ceí’ar hQuue-\Euora ho, juª,
ro ou directo de inunicipio Lá
tino, ſendó paffadas-Ïhas gherras
de Sertorioig' &- eſta Cijdade jaj‘en
graça’e‘om vhos romanos, &per
uen’tura ‘Cºm algüos meritos. _Por
que quomo ſcreue’ Snetonio Tran
quill'o, quando ho imperador‘Au
guſto deu hojuroªde Latin, ou
ho de Cijdadá’os a 'muitaS' Cijda
des, Fo¡ ,Com ellas’ glrlegarem me—
reſcimentos & ſcruiçns que ti
nhan,,ſectos .a ho povoo romano;
SnaluxoÑſe qual-ira‘ mais Allgçlicto
DE EVORA
fobrenome , que com quanto eſia
cijdade en tempo de Sertorio fo
ora rebell , & tinha muito defer
uido a ho pouoo romano: com
todo Iulio Ceſar para ha mais
obligar 8: attraher a amizade da
republica romana , per ſoo ſua
liberalidade lhe concedeífe ho di
cto priuilegio. Et poſto que cſta ‘
conicctura pareſce que' ſe encon
tra com ho letereiro de Serro
rio que eu na apologia contra
ho biſpo de Viſeu largamente
tractei: en ho qual letereiro Euo
ra he chamada municipes, digo
que beem pode ſer que impro
priamente foofl'e entam afli cha
mada, per ho modo que. ff. ad
municipalem diz leiano que en ‘
ſeu tempo hos cijdadã'os de cada
ciidade ſe chamauan munícipes da
ſua cijdaderomanos
mas non
, 8:que foofl'en
munícipes pode tam;V
c
‘_. .;-1.¡

HISTORIA'
bee‘m ſer : que antes d‘e _Iul'ío‘
Ceſar fooffe Muhicipioq, mas Pci-
p'endiakio, & non'd'e juro deL-,1;
tio à quo'm‘o‘ depois Pci‘. &ªp’o'd'er
ipſoª meeſmo' com‘Ge'I-torio
dn_ rebelliáo fer,, que por_pçrctdè—
caüſ᪠ª
èffè ho‘Ñ'Priuileg‘ioT'que 'dopouo
romano tinha : pois- ſe ſezar‘a’- yſuáſi
inimigá-,
ha r'azam "8Cque
que ante’dixem‘osctlho
'Iulio Cefgr; poh ,
'reſtitúiffc-, por ſu‘aÏ liberalidadeï
8C non por 'méritos ,²- entes "con
tra" méritos en epſe -temp‘o.¿ ‘Mas
nºn-infiſto en Minha"'COni'ect‘igra, ‘
'pQÍS" non' è mais que con'iectura;
Dec ha razzïo de efldfobrenbme,
qu‘em ha melhor ‘ſoub’er. ‘H0 'qual
ſEn ‘duvída non'ſoi poſto’í ſen ªaª!:
l¿gama cauſa. ~ .
Er'a ‘Evora em tempo dos roma#
!1‘08 ,‘ & ainda dos' godos affaz
noble Ñ & em ella ſe batia moc
da. Ho_ que ſoúbe por huma- que
D E EV O RA
'Ambroſio de_ moralles varà’o do
ctiſſimo chrohiſta delRei Philippe
de caſtella , & -Cathedratico em
ha inſigne vniuerfidade de Alca—
la , mezmandou , que tem de hu
ma parte‘ hà‘c‘abeça do impera
dor -germàni'eo ,-cOm e'ſtas letras:
G É _R M. 'JC A'ªEctS.ª AVG.
& demoſtra ?ha faceªrskerda. Da
outra parte tem huma coma, de
folhascom eſtas letras dentto em ,
tres reglas. ' '
LIBE RAſiLITATI S. Ií'LIIE.
‘ l

EBORffl.
' Tcnho tambeem outra moeda de
pratta barbara , & mal ſecta , del
Reí dos godos Siſebuto, ha qual j
dle humá parte tem ha imagem do
meſmo Rei, com ſeu litegeiro:
c lj
HISTORIA' ›
SISEBVTVS. REXa-.j~
& da outra parte huma cruz, 8C
per ha roda ellas letras.
DEVS ADIVTOR MEVS. º
& *no meio, eſtas letras: _
CIVITAS EBORA.”
Dos flamines & flaminicas.
Cap. vij.
Inha tambeem efla cijdacle
ſeu llamen. ſ. ſacerdote que
en tempo dos gentios era quomo
em tempo dos chriſtaos hos biſ
pos. Huma flaminíca ou faceí'doª
till'a teué nobiliſiima , ha qual'
_ non fomente era flamínica de Euo- fi.
;ra , mas tambeEm de'toda luſi
tania. Ho epitaphio della fla in
dahagoraem caſa do capitá'o
dos~ ginetes., por pectorilx de hu-K
m'a janella, 8: diz afli :

\
P
C 1 ./E. L v S IT
L. LABERlVS. ARTEMAS
L. LABERIVS GALLASCVS
L. LABERlVS.ABASCANTVS
L. LABERlVS. PARIS.
L. LABERIVS. LAVSVS. LIBERTL‘

A Lºbería Galla , filha de Lucio ,’ -~


flaminica do municipio de E110-,
ra, & flaminica da prouincia de
luſitania, poſeeron efla memoria
ſeus líbertos lucio‘blaberio arte
mas, lucio laberío, Gallegoplu—
ciolaberío abaſcantó,’lucio ¡abc-Ñ -
rio Pªrís , & lucio laberí‘o lauſo.
\ Et non,ſoomente lmqui, mas en
leida ſta huma pedra quejo¡ tra
c llj
HIS"T'ORIÁ
ª zida da cijdade Collippo que'
hagora he defirúida, Onde‘ parelï
ce que ha dictaflamjmica morreo ,
& diz affizz › .
(ADEMÁS. L. F.,GÁLL‘AE
FLAMINI‘CAE. EBORENSI.
FLAMlNIQAE; PROV. LVSI -
TANlA. [MPENSAM FYNE
RlS, *LOCUML '.SEPVLTVRAE
ET. 'STATVANL D; D. COLLI
PPONE‘NSIUM. DATAM..~ L.
_SYLPIÍQWÏS CLAVDIANVS.
Lºª-5 S’ulpïciò'ªmauaïªnº _ſiſé’z’ 'ha
- _deTpéſa da mortalha :81 enfèr‘ràmen
tſio Ñ, & iſimpe'fròu hp' 'logªr’gda' ſe
ppltpra áa L‘ab‘çriaſiſi'dèGalla'
\Uçió Hamihifflça‘ filha”
Eúoraſi de
&_ fla~
, prºtlincía de" luſita
¡iia :ſ &ªll-¡e pos fiatua qUe lhe.
~ f‘Qí dada por decreto dos \decu—
rïctóe‘s de; Collipo. 'De outrh fla
mica acheí efla‘ memºria emjhüo
cippo non lá’ magno quomo os
douspaſindòs , mas melhor laura
do, ho qual hfio labrador deſcqbñrio
con ho dental do arado, junctq
de. hú’o edificio deflmidç', po;
ho caminho de MontISaTaz, 8;
flaua alli templo. Porque gaxmbeem'
ſe acharom 'has Columnasjdelle
de marmor. vulgarmenteflehamam‘
lhe Meskita. ho letereiro diz alli:
' ſ? . 9"' '
.l.

D. ' M. _3. .
C. ANTONIO. C. F. FLA
VlNO. VI. VIRO. IVNR’?
HAST. LEG. Il. AV-GÑÑT-OR ‘.
AVR.ET.AN DVPL._OB.V.IR,
DONATO. IVN.. VERECVÑIYÏ
DA. FLAM. PERP. ,MVNSJ
EBOR. MATER. F. (3,_ .- ..
a
- .1) '.- I /
Sepultura ſagrada a hos deoſes
Manes. - ;_
'c' ¡¡¡j
HISTORIA
'A C. Antonio Flauíno , filho de
Calo hüo dos ſex varóes manceª
bos : caualleiro de lança da' le"
giam fegunda Auguflal, que por
ſua valentía ſoy premiado de hum
collar de ouro, &de ſoldo do
brado. lunia verecunda flaminica
perpetua' do municipio de Euo
ra, ſua mie '," lhe mandou fazer
ella ſePultura.

De_ i dous homens


Euora. Cap.naturaes
viij. de ~

‘Ouue’ em Euora cijdadà'os


notauees': a que ha Cidade
pos memoria aa cuſta publica
por alli o terem merecido. Non
duuido que teria outros muitos,
mas has defiruçòes dos edificios,
8: perdas das ſcripturas:.& bar
baria dos tempos: me fazem-que
l
delles non ſaiba. De dous ſcres_
l
l
DE EVORA
vere¡ , que ¡nda em pedras du
'ráo. Ho primeiro ſeraa hü'o de
que ſala haquelle Cippo grande
que eu cn caía tenho 8( diz alli;
L. VOCONlO; L. F.
QVIR. PAVLLO. AED. Q.
Il. VlR. V]. FLAM. ROMÍE.
DIVORVM. ET- AVGG. …
PRAEF. COH. I. LVSlT.-ET
COH. ‘I. VETTONVM. X.
LEG. I‘ll. ITAL. OB. CAV
SAS. VTlLlTATESQ. PU -
BLICAS. -.APUT. ORDIN. AM
PLISS. FIDELITER. ET.=CON
-STANTER. DEFENSAS. LE
GATlONE. QUA. GRATU(
TA. ROMJE. PRO. R. P. SUA
FUNCT. EST. LlB. IVLIA.
EBORA.- PUUCE. IN. FORO;

A lucio Voconio Paulo: filho de


.Lucio da tribu Quírina, ho qual
G‘ V
›HISTORIKſi
-fói edil & queſtor: & ſex. vezes
hü'o dºs dous varóeS’: &ſacerdo—
te de’Roma , 8( dos deoſes , 8C
;dós auguſtosz & pretèctao 'da' cp
horte primeira dos luſitanos, 8C
‘ da cohorteſi prïmeira dos‘ª-Vetto
nºs’, & tribhnò &da' t‘erc'eira le
giño Irál‘ic‘a ,º Evora liberalidade
Julia pos eſtav. flama' a c’uſta pu
blica' _gn "ho foro : por quanto
elle :Yen Roma¡ diante 'da ordê’e
"a'xñpljffimaªdef‘endeò fiel! &Í con
flaïítèmemè has" Cauſas' 82' vtilida—
, , deè 'p‘ublÏC-às'º, enxhúmï 'embaxà
-da en qçle fm embaxador por ,
eſta ſua republica‘, aa ſua prop‘ria
C'Jffa. Hoſeguñdo 'epithaphio he
-de Cecilio -volufiano ,- qu: nas
couſás:‘ quºm’oªïpareſce
ªtauctel' da ghèrra foi varonno
ª per eſta
!l \
mªmon:: que foi achada em hos
ªſundám‘emosde noffa ſenhora da
Ñ’gſª'çª que ºlRey- nºffo ſenhor
'DſiE ’EVO RſiÁ
mandou ~Fazer: &ª quando' eu acu
di , tinhín /ja -OS pedreiros hüo
pedaço- della quebrado'- 8a pollo
na obrà ſen ho ‘reſguardar : de
modo que ho 'non‘.'pu'cle haver¡
Ha ſcriptura diz allí,
. . ClLl(). Q F. VOLVS.
. . AEP. COH. ll. C. R., .
~. . X. PROVOC.~VICT(.)RL
S* DONATO.. AB. <IMP. _
. . Il. HAST. PVR. ILL-VEX.
. ‘. VLC. 1.-- MVR. …lª OBSI‘
.i.N-‘lB.H.'lN«.R.P SVA›.FVNC.
. ~. BOR’ENS. ClVI. OPT.
. . ERITA. ElVS.lN.MVN1C.
. . RMOR.- BAS]. rENE.

Hos Eborenſes ªper decreto dos


decurióes , poſeernn eſta flamª
'de marmore com hr¡ baſe de era
me a ſeu bóo cijeladzïo. Q Ceci
HISTORIA'
lio Voluſiano : filho de Quinto
por has bóas obras que a eſte
municipio ſez. Ho qual ſoy pre
fecto da cohorte ſegunda de cij-'
dadá'os Romanos ,'& vencedor
en deſafio aa que ſoy prouoca
do : & en premio de ſua vale‘nª
tia 8: mereſcimentos
doſiper ho imperador ,.. ſoy
. de dona-Ñ
dous
ll(
. & tres lanças puras, &
pendóes & huma coróa ciuica ,
& quatro muraes & . . .obfidio
naes : & en eſtaJ'ua Republica
tene ſubceſiiuamente todas ashon
’ras & officios. Creſceria muito
haſcriptura , ſe por extenſo houz
neſſe de declarar eſtes letreiros.
Verbalmeme o declararey a quem
o quiſer ſaber.
Í ſ
A‘,
vª(

DE EVORA .p'

Do‘tempo en queEuora recebeo


ha fee de noſio Senhor Ieſu
, Chriſto. Capix. ‘
, .
Ste foi ho ſtado deſta cijdaé
de en tempo' dos romanos.~
Hora ſe deſte \tado que' fen du
uida era'noble , eſta nofſa , cijda
de ſe pode glorziar certo que com
muita mais razam ſe deuc glo
riar' ,, que recebeo ha fee de no'ſſo
ſcnhor Ieſu‘ ‘Chriſto ou primeiro
'que todas has outras cijdades de
Híſpania , ou aho menos ,entre—
has primeiras. Porque h0› bªe
auenturado ſanct Mancio diſci
pulo de noſi'o Redemptor: ſendo
per hos ſanctos apoſtolos envia
do, veo a eſta cijdade, & haqui
preegou ha ſee & achando ha gen
te docile : approuectou tanto,
que ſe fez , grande numero de
HlST'ORIA
chríſtá'os. Hos quaes elle ſazïa
junctar ,8:- participar' na commu
nham, do corp0.z& ſangue de
noſio ſenhor Ieſu Chriflo. ‘Por
onde claro .pareſce que elle foi
ho noffoªpſ‘imeiro biſpo,›& noffo
apoſtolo. Et non-fomente na Cij
d-ade; :mas ¡nda ’per hoterrito
riopree‘gou & doctrinou, hacta
' que_ ho preſidenx‘e-Va’lidio ho ſez
márçyrizar. Cojo-Cºrpa fqi lan
çádozſora ¡dos muros- em humá
fletquéim ,« &Ñjſobre elle grande;
fommà 'de -ſterco ,-..Ñ& \foi guarda
dO'ÉQUG‘hOSÑChſÍſtá'Ofiz.hO non fur
taffffl.z;Affi fleue abſcondido 8:'
de‘ſprezado_ ;per "muito tempo :~
hactéf qUe: ſendo, '-ja. ha ~ cijdade,
mais enÑtrègha.- aos-.Chriſtá’os ,t elle
houu’e z-’pQr_- !35,61de ſc renelar -a
hflo noble homê’ç , ho qual ho
lcuou para hüa ſua ;herªnça , ‘0n
de hagora, ſe chema ſanctMan
-D‘E ,'EIÍVTÍBK .A .
ços‘, . & ho ſepulthu :honrádªxïl-ªctêïê
te. Ec creſcen-.do 'a faena—&rºbºs;
milagtes ,ü- hOKGÓnde-çilulá'ánq &
domna lulia matrona religioſa,
aa cujo dominio. 8C POffi'ffªm¿hª,’-ç
quella‘zherdade v.eo_,Ñlhe fezeruon, ‘
hüa ſolenne .8C ſúmptuoſa-baſilH
ca, que-ªhaqſiuellaz,
ficaró agOEaI èñeflruiïla , ~-&-…-edi-j
torre que; ind-a.
dura meia ja-deflruida.- No"\chj-x
tro da ‘qual metteron'z ho eorpq . -
dov ſa ncto biſpo .&.~: martYn:: O’JÏ*
de ſteueéhacte ho :tempo- que
Abderrahemen reimouno ‘veo 10-; .
bre eſtax cijda’de-,‘ 'COH’IOJ’dCPOÏS
direi, que alguns-~chriflá'os com
medo das barbariRS‘qu-e A.bdzer-_
rahemen vſaua com has reliquias,
dos ſanctos, ſugijn‘do "de: haqui
' para has Aſturías o leuaron , Be
hagora dizen que {la en huma
villa de terra de campos que /ſc
chama, Villa noua, huma lcgua
I

HISTORIA
de Medina d'eſrio ſ'ecco, en hu
m’a Abbadia de monjes Benedi
ctos. _ Eſta hiſtoría eſcreui aſii bre
‘uemente, para ſe veer quam an
tigua chriſtandade è ha de eſ’ca
c'ijdade. Quem maislargo ha qui~ q
leer ſaber: pode ha veer en ho
breuiario do coflume de Euora,
que en fiz por mandado do Car
dê'al Infante DÓÏO ſenhor’. Mereſſi
cedor era eſte ſancto ma‘rtyr que
de nos foolTe mais venerado : pois
foy ho nolſo primeyro meflre na
fee de Chriſto, &logo no prin
cipio della , ho que deuiamos de
têer em muyro. Pois ſendo Im- '
peradores hos cruces Dioclecía—
no, & Maximiano, & perſeguin
do bos chriſtà’os tam de propo- '
fito, 8C com tanta & tá'o obſti
nada furia, que tingeron todo ho
imperio de ſangue, quomo lee
mos per auctores grauiſiimos, em
DE ‘E VO R "K
epſe tempó tenemos. «ltſQS-UObíliíÏ
timos- cijdadá’os. ſ. hos glorioſos
martyzres Vincentio 8C ſuas hir
-mfias Sabina & Chriſthetá , nados
,8C moradoresven-efla. cijdade, en.
haquella pobre hermida que de
ſeu ndme ſe Chama. Dº :que eu
por ha, parte que me cabe d'a-pa
tria: muitas vezes hei vergonha
& bêe oclhado ,< ha cijdade de
nia hauer por affronta non, ha
têer tanto tempohaa melhorado.
Ha híſtoria dc-ſeu martyrio rey
metto a ho breuiario. ,v -
-Quonla‘o Euora è -muiçanztiªgulo
biſpgdo; Gap.,x.

, , Rqſèguíndoèpoïs ,há
- dade que temosªna fèçÑ-_cazthozg
lica': digo] que ’e'ſta cíjdadç‘hê \ ’
› mui antiguobiſp’ado. .Porqqeznoq - ‘
&laudo jun .ſanctEMaBCÃQD.
, HISTORIA‘ "
no tempo que ‘hos chriſtám' 'eranq
poucos, mas ho tempo do gran-Ñ
de/-Conſtantino , ‘eſ’ca ‘cijdadc «ti-Ñ
, nha ho biſpo Quim-¡ano , (egun-_
‘do acho em ho- concilio Ilibc—
ri-t—ano.,-ſ. de Eluira,
gora-“deſtruida' , ctquecijdadc ha
emzïo era
_ cabeça do biſpado que…ſe depois
paffou 'a Granªda. A ho- quaL‘
concilio eſte ſ biſpo Quintiano
foi , "&_en has” 'couſas que ſe alli
d‘Ete-rminaron ſobſcïeue'o. ~Iſto era
*ruda en tempo"què hOS“Roma-.
nos ſenhorcauan Hiſpania. ‘Sub
cedeo ho tempo dos Godos,, en
ho qual_ quomo elles eran brà—
uos & bárbaros &’pouco Cªtho
]icos non acho couſa que aa cſtal,
.cij‘d-ade peïrtè’eſça- ſaluo 'que no'
murozªntiguo romano fezeron eſ? ›
fifa fſik‘orres groffiffimas que ¡inda,
(PL-Irán. ’Ho què,- ſç; logo veeper
ha aréhitectum--táo ’diffexente de’
\

D Ej? EV OR AF
dos Romanos. Com todo-² en
te tempo nunqua Euora lexou.
de ſer fede epiſcopal. En minha
caſa ‘tenho dous letereíros de le
tras ja barbaras , 8C mal ſcctas::
mas que eu muito eſtímo por da
ren teſtimtmho" de noſſa . antigua
chriſtandade. Hüo dizªaſii:
DEPOSITIO. PAVLI. FAMV‘
LVS. DEI. VlXSlT. ANNOS.
L. ET. VNO. REQVIEVlT. IN
PACE.D. III. IDVS. MARTI
AS. ERA. D. LXXXII.
Pall‘amenço de Paulo, ho ſeruo
de deos viueo Cinquoenta & hüo
› mas' ,Ñ -rePouÍ‘ou’ en ha' paz do'
ſenhor'a tres dos ¡dos de Mar-7
go. Era de q'uínhentos & 'octeen-r
ta & dous. ’
Ho outro‘ que mais-faz aho pro-v
poſito do‘que ha'qui dcilgº‘, è de
’J
ct)
_ H I SſiT OLR IA"

litio biſpo qUe *foi de Euora, n‘a


era de-Ceſal’r de."DC1IIl. que
a era'ho anno de n’oíſo ſenhor le—
ſÏrChriſto: de. DLXVI. 8( diz.
a -1 :

Iuliano ſeruoxde chriſto .Ñ biſpo


vda iggreja 'de Euora, aqui fla ſ.e-.
pultado. Viueo pouco mais¡ Ou
menos ſept-eenta annos. Paſſouçen.
'paz día,das calendas de dezem‘
bro. Era de ſexcentos_~& quatro,
_º .D E‘,- EVQR AY
x En tempo , do- ,paparHongxiío prí—
ínoi, que come‘çou \hu pontífica—
do, no‘ anno de Chríflo de.
DCXXIjIl… teue efla Cijdade …ho
biſpo Slſiſclo , que-foi prºfe-nte '
8: ſubſchueo em ho quarm con
cilio de Toledo, QUe- fe ſez no
anno_ terceí-ro de elRei Sïſenang
-do, & tambeem foi preſ'en‘te 8C
ſubſcreüeo en ho ſexro concilio
,Toletmm , que ſe ſez ‘ſendo Rei‘
Chintillano. Et quando en To
]edo;.ſe celebran ho ,oüauo con; ,
.cilio, en tiempo de elReyÑRecé-z
Jíun.tho:zÑ-,F0í em elle' preſe‘nre &
-ſubſcreueo ho ¡bjl‘pp deçlïuom
.Abientío. Ñ 'Ñ . 4
Et regnand…o;cfiçmgſmo Re¡ Re~
ceſiuntho ’, en" hºz-»ªnne -decimo
octauo de ſeuhrqgnaqoz, \na era ›
deCC-Íar *de* DCÑÑCÑULI… que erav
ho 'anne‘ de n‘oſi-QÑSenhor Ieſu
Chriſto Ñ: de.;_.'QQÑLX\7Ñ ſc cep
' Y d-¡¡j
H I S T Ó RIA
brou hfio -c'oncil'iorª en Meridªv
metropoli de Luſitania ,,de doze‘
biſpos da meſma prouincía ,J pre;
fidindo ProficiO’ mctro’politano. j
ſoi preſe'nte /, & ſubſcreueo em
*elle Pedro biſpo deuora.²~Ho qual
concilio ~n'unqua ainda foi impreſ
~ſo. Eu ho tçnho ſcrípto de‘mz‘ío ,
-& bem antiguo. E en ho duo
decimo Tolerano concilio: en
tempo: ’de elRei Flauio Eri-ngio’,
foi preſente 8( ſubſcyeveo ho biſ
po de'Euora Tructi'mundo.ª Ho
que ſe pode veer per hos meeſ
mos
beem concilios.
iſto per hàConfirma-\e ’tam~
de‘partiçamvdoſis
biſpados que foi fecta per’elRei '
Bamba , en ho v'ndecimo c'ºnciliò
Tolerano", "que ſe celebrnu -no
mno de…- Ch'riflo de. 'DCLXXIX-.
& hOS termos .que hº’ dicte-"Rei
Igmlza'dcdamh v;Que eran’ò: ’f0
O en do biſpèado de Euora—,ª ſÓ/b
DE". E \FO R’A
ha arcebiſpado de rMerida, r que
en haq’uelle tempo-era hametro
poli de Luſitaniª, flan affignados
per eſtas pala’ura-S: H0., biſpado
de Euora tenha des- Cetobra'h-a
cte Pedra , & des Rutellahacte
Parada. - -. \ - '
Ho que Raſisf croniſta \hemodi
-,.-íxe-zaccerca ~~do Biſpado de
- Evora. Cap. xj, ‘
í w ‘2 x:: ' J::

R>Aſis mauro. cmnifla do-Mi—


i‘amolim de Marrocos, .-ſCrez
neo híío liu~ro das coulàs ¡de Hiſ.;
, pania. Honqual liuro foi de lin
’ gua arabica trasladado-SUPOIW.
.gheſa , ¡per meeſtreilYlÑafamede
.mouro dos que em: port’u‘galſo;
hia hauei’ª , & ſc're-.ueo ho com elª_
le., hü‘a Gi-l Pirez ,capelláor de Pci-Ñ
d'reanes de Portel , filhoÑde _,_dó
¡oi de Au'oim-Ñ ho qucadtu :hª
' ‘ . " dpiíif
x
N' HIS“TGIR I'A _.
Villa -d—óMarmellar ha_ ordem--dé
ſanct "105 como ſe- moflra no rliª
uro da‘s‘-l'inhagê’es› que' combos ‘
ho
Rei conde dom Pedro filhocde
dom l)ionisſi,íïtitulo. el
36. .pa
ragrapho."93 &no tituza... para
grapho. z. dos SOUSá'OS :~ onde
ſala delle Pedreanes largamente.
Eſteliuro de'Raſisycomo hourſ' ‘
ctor era pone() ſabedor. .das-hiſ
torias & cou‘ſas-Latinas-, confun
_ de multas vezes as verdadeiras
hi‘ſtorias 'a‘voltas de ‘ſabulas,~. Com
todo quando vê’eas couſas mais
prop‘inquas a hO-tempo dos 'Mon’,
Tos 7 mais ord'e’eÍ-SC verda-de le
ua‘. SéreuCndO pois eſte ho tem-‘
dó-gr'an’dïé'ÑCODÃ-:xnx‘ino : :Ñdiz
que ſi -Cohflanflino 'Südiuidi'o \Hiſpaª
:ni-a* ’por‘ ſfflªªbi’ſposï, &dª cad?:
M0‘ -affi'gnouf‘certó‘ numero? de
èi'dadcs. ‘ Querï'dizer que: ſe 'fez
. - trepoles. \-& quand'oz ſala sïdà
¡al .D
u
D E E V O R A..
quinta' metropole'., que ‘elle diz
ſer Mérida : ſcreueaffl :I A 'hd
quinto deu Merida, &\ Beja , 8C
Lisbóa , › ’& ‘Exóba , &' Abtania ,
&Coimbra ‘, &Lam'e'ca . 8( EUO‘
ra,ffl& Coria' , 8C Lapa. Hora poſ
to que .ha Mourò non ſeja de
muito credito 2 ‘jaencima móflrei
que «-en. ;tempo :de Co'nſtamino
Euofá \cue ho
& \egundo .hiſpoQuiIátimm4
'ha‘,ctdepartiçá’ dè el?
ReixBamba; 'flaïlat’en -hd. arcahiſª
pªcto: ,de-v Mteïñidu. \De modo, 'que’
è’aútÍiqniffimáJibde epiſco'pÍal. En
quanto .a ho - que eſte Rafi's'. ‘fªire-E
vendo \das cijdade's cie-;Híſpanizt
3.( ſéus' termos -., ¿quando-'filiá'de
\BE-ja: .dizque ho. termo;
parte com ' hd *de Merida
hodelSnnctſi‘arc-.n'ròz ;>5&;coí,ñ ‘
qtlmano.;teh1
mo die'Bejanaz hija T‘i-llªxªza/:qdu '
bos antíguósgèhamnuan::Ebnsx, &Y ‘Ñ
llora' …èxáchamadª' EDO-¿á, ;cºndenª
'd V -
HISTORÏA
térmos: non intendeo elleq‘ue
iſto era. Lexando a parte ho no
me, do qual« ho-mouro non ſa-_
beo que ſe diz: h'os Romanos or
denaró em Luſitania tres conuen
tos jurídicos. í’. tres comma'rcas
que concorreflen a hü’a cijdªde
colonia, quomo a cabeça para vha‘
ner directo , & .a ellasv ſofſen fe
necer has controuerſias.- Aſii co
mo hagora en'Françahos parla-'
mènms de Paris &Toloſa ,.286 en
Caſtella has chanceHariaS .dc ,Va
lhadolidª & Granada. 'Diuidída
pois [.Uſit-ania en ',tces partes, :aſ
fignaró 'en cada'parte. huma co
lonial onde mais commodamentc
as_ 'gentes- podeſſen concorrcr.
Ha prime-Fra' fo‘i 'Merida‘ .-; onde
cÓncoªrrias'ª I hª Pªrte.. .daª L'uſitania:
Chamªódazz :Varón-ias ª* Ha f ſeg’unda
Bªja-,ªª o‘rffleª ;concox'riavho Algarve
&.Can›pof,_z&, .cita, terra ,hacte ' o
-, ¡ _
‘z
9

~D EV O R A
Tejo.“Ha terceira Sanc‘hctrem': on- '
de concorria ha gente- deſdo Te
jo hacte ho Doiro, "per- o modo
quafi que agora ſOn as correcto
rias de entre 'Tejo zz Odiana, 8C
da Extremadura , 8C detras dos
montes. _Aſſi que -E‘uora jazia na
commarctca da juriſdiçá’o de 'Beja :‘
&non ſino t"ermo: & por ‘fer mu
nicipio , regia_ 'ſ'e por ſu'as. leis,
¿z nòn ¡inha que'ſazer .com-Be- .
ja: ſaluo ſiſe era em has contro;l
ueríasv & perſonszs que non per-:'
têel'ciíio a ¡feu— foro: maS'ÜÏ're’q-ue-v
rien juiz competente. Bê'e pode
ſverv que depois ‘que todos os ſub-l
ditos ’do-¡rhperio foorò fectoseij
dadíns , ho que foi em tempo
do imperadbrê'llªintonino?,’
tenho "como
dicto , qne’ª ‘éntá’ſio ~ ‘accudir‘ia
'a Bejá ,ª comoLiWóa'm-Sadctaª
ren. Mas ~iſt0²nbzªr era-"flan èñ fell’
&kmº-’,² e ::ª-r ?Lynx-‘33…‘. Lª; .
\
HI S T O R I A'
Antes ,ſoi 'tempo que hos ‘de Be
ja , & hos de Evora tiueram con-z
\roverſia ſobre, OS termos. de mo-‘
do'que ſovi neceffarin a' Dacian‘o.
‘preſidente de _Hiſpania ſendo im
, . -perzadoresªDiocleciano 8; Maxi
¡ni-ano .j :limirarlhes 'nos‘termos.
Seg'undo=..~moſtrei em Íhíío tracta
do ,- --émªzque,.…reſpondi a Ber'tho
IpmeuR chedp Coonigo .de, -To
ledh c..pr,ouand,o ‘ que Dacíano vie-.
ra¡ ::LEIDO-ra z ,onde mandou‘ pren
der--z hr): nolſO, glorio’ſo Martyr
Sanª: ïVi-Icemendas hirmá’as.
² '~ .r, 911,( J'. "
Do tempo',- en aque, Rama', foi, to
_ MÏÏJdOJSZÏÜOUfiOSÓL’CBPHXÜL‘ _
\I- S e
l ..HT '77.2‘ "Is ‘2 :I ª”. .ª 41'.. ..' -
’ ,- I .- Labºr¡ :fe ;emm-,ha pen-ligªr):
² - SBÏJHÍÏWUÃGJÍQ [ªndamio-ªdºs.
COM , a &ª \‘ſegaió ,fe—ªth‘ tempº,
dos MOUIDSOERJID-;quªl quemo!
todo era barba-tia ,,' nem cªemos ‘
D E '-E V O R A _
Ín'otíc'ia das couſas que en eſta
cijdade paſſaron , nem clles 'fo
oron dignos de nos por ípſo mui'
to procurarmos. Com todo ;ferº
'uereiK hº‘que açho en Raſis. An
dando ha era dosMouros. (1do
leuantamento da ſç-cta dexMaſa-Ñ
mede , en cento 8: xxxviij an
nos, que concorria con ho annÓ
do naſcimemo de noffo ſcnhor
Ieſu Chriſto de. DCCLX. ‘pou
co mais ou menos , A-bderraheſi
men filho de Moabia cnm ſauor
do Miram’olin de Marrocos,‘paſ
ſou en Hiſpania , onde, enmm
depois da .entrada ,dos Montos , -
regnaua lucep‘nz 8C‘ h‘ouuevghcr
ra con elle &z mactouRÍxn-'bªm"
!ha , ramon—todos‘ bos lògams
que hos mouros-:tinham ,,- nonçlhcs‘
- tomando poren has ſazendas ſná
mente ho ſenhorioªz' 8:. dofiqqç ;fª
appodcrou ſobreª' nos ~MÍOUIIISS,
HISTORIA‘
_moueo de Seuilha a fazer gherra
a hos Chriflcïos, & tomou Beja ,
& Euora, & Sanctarem, &.LisI
bóa , & todo Algarue. Teue Abe \
derrahemen hü’o filho per nome
Al--~.hami : ho qual andando na
gherra com ſeupae . lexou em
Bªja ſuas moïheres filhas dalgo,
&mui ſermoſas, 8: ouuíndo ſalar
da extremada ſermoſura de hu
ma filha de Iuceph ho Rei paſ
ſado : ha qual eſtaua en Euora ,
8( .tinhªa en ella mui nobles ap
pouſentos que lhe ſeu pue man
dara fazer-z enuioulhe Al~--hami
huma e‘mbaxada com mui riccos
preſentes & joyas. Mas ha moça
Iembrando lhc peruentura que eſte
era filho de Abderrahemen de'
_baxo ſªngue, & que mactara ſeu
pae, n() quis aceptar ſeus preſen
tes, nem conſemir en ſna emba .

xada. Antes tod’o fez ſaber ’a hſío


DE EVORA
ſeu hirmâ'o que era ſenhor de'
Eluira , & ſuas terras, per pazes
&
men.applazimento de_ Abderrahe—
Ho hirmáov auendo ſe diſto
por affrontado, junctou ha mais
gente que pode : & veo ſobre
Beja, entrou ha. Et dentro na
aleaçaua onde_ fiàuan has molhe
res de Al-mhamh tomoulhe tres
mininas has mais fermoſas que
achou, & por deshonra de Al--—- ›
hami dormio com ellas, &leuou
as a ſua hirmà’a a Euora : & di-~
xelhe: Hora'hirmã'a tome ho filho
de Abderrahemen iflo por ho que
a vos quería fazer : 58: tornou ſe
para ſuasterras. A'l--uhami ſoube
logo ho quen paffara : 8C \momen
apos elle;l` 8‹ foi ho encerrar en
Granada que era fuapMas per
derradeiro ho filho de Inceph fa-`
hio a elle 8; deu lhe bataihà Sc
vence-o '8C Prendeo. .Mas temen
;HIIS TORTA '\ '
- do ſe dc“Aſibderrahcm‘aſiÏ, hdſolª
mu ſObre arceſé'sr &promeíſa ‘que
\nunqua p’or ¡llo faria mal, nem.
a elle Hem-*a ‘ſua 'hirmà’a. Soube
eſte efecto Abderrahemen , & ven
fobre ho-lilho de I"uceph ,. & ven‘
Ceo ho, &prendeu lhes dous-.mo
gos , 8C elle ſugiò'para.-termo de
.Toledo Ñ privado das r'errasxem
que viuia-,~ onde vſoi m0rto².per
hos vaffallos de Abderrahemen:
& ha cabeça leuada. em preſente
ha Abderrahemen. ‘lſto ſcreue Ra
fis. Mas ſegundo ho ſcreue conv_
ſuſo he necefl'ario -per coniectu
ras addiuinhar. Et pois Abderra
hemen tomou 'Beja .8: Euora.; 8C
‘ as entras mais tenasºque. Rafis
diz, aos-,Chr-i-flá’os: podemos-col
Iegir, que. en tempode luceph
has dictas- terrasflauan en poder
‘ de ;Chriſt-íos. Seria porem ſob
obediencia 'dos Reis. Mºntºs , 8:

ª..
DE , EVOR A'
por ipſo Iuceph faría en Euora
gppouſenxos, & veendo que hi2_
perdendo o regno, fiaria ſua,fi~
lha mais, doschriſtfïos‘entrç os
quaes,ª por aa lealdade 8( limpe
za delles .. que 'hos’ prudentes
Mouros bêe intendian : & affi pºl:
ella ſcr molher 8: de poucaida~
dc de que non receberia moleíſi.
t¡á,.ſtaria mais ſegura, que en
tre Mouros de pouca verdadé,
& de pouca confluencia. Ho que.
de todo eſtc Capitulo reſulta pa~
ra noffo propoſito ¡è- ſabçFmOS'
ho tempo que¡ eſta qijdade foi
¡conquiſtada per. hºjs .Mourous hªu_
perto- de, ſcptecen \'¡Qïï ,l & -octeen-O
ta annos, - …u Í' Z tu… .a ’.
'Í z“ mr' ~ſ
I ».
Q
"ſ

...f, .—q—-q
.
..5

,’r *,
"DM

’..i .‘ .' I.
` H Ict-S'UT'O RIA
*Z "TÍ : - L ' '¡^ Ÿ
Do te'mpoÍque Lisböa , Euora ,.
= & Beja vfooron tomadas a ’
lhos Mouros. Cap-.xiij.
L " - ~ v

‘.- 'S’ſaz’ inſe'lice foi‘ h'o \lado


" 'defla 'Cidade enã poder dos
mouros ,‘&quomo ante dixe , in—
digno' de per-nos_ fer cogneſciü
do. Pareſc‘e porem que hos Mou
ros ſe comentan”) tanto da ter
ra‘&ªfolo dell-a, que ha pouoa;J
1'6 bé'e , & affi ſe entregaron del-v
la: que quafiz'noñ ha fitio a ho_
redor”, a que' non'poſeeffen ſcus
` nomes epſe‘s Mouros 'principacs
entre “que has poffiſsóes foron diªª
uididas , quando ha cijdade foi
tomada. Quomo Almançor Ben-—
hamorek. Ben----haſalek_. Ben-mea
fed. Ben-…ha Mexi. & outros ſe—
'm'elhantes nomes mouriſcos en fi—
-tios 8C ribeiras. 'En cflc miſcro
Dſi E ſi E V O R A
flado durou hacte que aprouue'áà
mageſtade diuina levantar ſe eſte
regno perinduſtria & marauilho
fos ſectos do bemauenturado don
Afonſo Henriquez primeiro Rey
delle : em"cujo tempo \ahío do'
miſero captiueiro em que jazía
paffaua de quatrocentos annos:
8C ſoy tomada aa liberdade dá
fee & religiam chriſtá’. Duarte Gal
uà'o que ſcreuco- ha Cronica de
çlRey dó Afonſq Henriquez, n'ó
diz em que ann'o más, aflï ſumz
maríameme , que -tomou em. Alé’
\ Tejo Alcaçar, \Euora 8C Serpa ,
hacte Chegar awBeja: ho conde
don, Pedro 'cn ho ſeu liuro das
l-ínhagê'es (itª. 7… paragraſo.‘5.‘ de—
Clarou ho anno, dizendo que hó
dicta-,Rey tÓmou Lixboa na era ‘
de Ccſar de. 1185'. no mes de."
Octub’ro, que concorre com ho
a‘nno de- -no-ffo ſcnhor- Jeff¡ Chri
e 'J
HISTORIA‘ ‘
flo- ¿le, 1147. Ho que Ñeu a'cho
acerto aſii per ho Croniſta , quo
ªmo principalmente per duas ,pe
dras‘ que …na See de Lisboa (lam.
Hum-a mais antigua & de melhor
letera que \la aa porta. do ſol da
' See, da parte de dentro que diz
a 1: - .
'Tuna 011m' dñi , cum c511¡ mil/e n0
, tà’lur . . - Ñ '
(11,1513 quan” ter deªr"; quatuar atqz
triéç. p .
_szm per Cbriſiicolas 'Utªh @fl '
Vlisbó'a capta. , Y ›
,Et per eorfidei reddita catlzolica;
-Dizenzeſtes verſos. Entam ſe com
ptauan hos an-nos do ſenhor. mil
com cento. & quatro vezes dez,'
& quatro & tres ,quando ha cij-Ñ
dade de Lisbóa,,ſoi tomada ,, per
hos Chriſtáos, & per elles tor-,
nada aa fee‘ catholíca.
Ha outra fla aa má’o directa da¡
7
\

\
DE EVOPÇAr
porta principal, no coberto, 8L*
diz ho quev
Centa meſmo,
foi ſaluo
en diaqUe
dosace-rel
fctns‘ `
martyres Criſpino & Criſpiniano.
Eu tenho hſío breue ſummarjo
dos _reís Godos hacte elRei dom
Aſonſo Henriquez , en Latin,
tal qual haquelles tempos vſauan’,
& concerta com iſto, non focª
mente no anno & dia do mes,
mas inda_ diz, que era huma ſex~
ta feira , aà ſexra hora do dia ,i
hauendo cinco meſes que elRe'r
ha tinha cerca-da". ſ. deſde lunhoº
'hacte Octub-ro. Iſ’co ;quanto a Lis?.
bóa,‘que or fer ha mais noble-
cíjdade de . iſpania , non deſa-.
gradaraa aos lectores metter eſte,
pedaço aqui. Et quanto a Eun
ra , diz ho . icto Conde 'que foi
tomada na era de Ceſar de. 1204.’
que era ho anno de Chxiflo de.“
¡16,ó. & Beja na \era de, Ceſar
- , . e II)…
HISTORIA
de. noo. quatro añnos ante que
Euera : com o qual concerta
_ nquelle.. breue ſummarío que *eu
tenho: mas acreſcenta per quem
foró tomadas , & diz affl : Era
M.CC. pridie calenda: Decembrix
in nocte _ſam‘ïi Andreu? *tipo/101i,
civítm' Paca‘, ide-ſí Begin, ab [20
.minibw regia* Parmgaliy domni
Alfºnſi, 'vic/clica! Fernando Gon—
ſalui (yª qzzibmdam alijx plc-bai:
militiám 7106211 inuaditm*: ¿9' *vi— -
’Filiter capilar, Ó* aCbri/liani:
poffldetur Ñ anna'regni aim xxx-U.
Em. M.CC1111. Ciuita: Elbara
capta ejZ , Ú’dePredata , (jº noctu
z'ngreffa , a Giraldo cognomento
fine pauare , Ó“ latronibm* facijs
eiIU' , (9º \tradidit cam regi da
wno Alflmſa. Et poſZ pau/ulum,
ipſe rex cepit Ma'urá’ Ó" Serpa“,
Ó* Alcò’cljel, Et Culucbi caflrum
mandam't redificari. Anno regm'
Lim." xxxix.
D EÍV‘ O R
Era de mil & duzentos ho 'día
antes das calendasz deDezembro
nocte do-Apoſtolo ſancto …Au
dree , «,ha Cijdade Paca. ſ. ‘eBeja‘,
per hos homês de elRey dó. Akon
-ſo. ſ. Fernand Gonçalviz 8C ou—
.tros canalleiros de baxa ſorteªz
foy de nocte entrada & virilmen
le tomadaòzp’offuyda‘ 'dos chri
fláos aos,… xxxv annos ;do regua’
do de elRey. z, : r‘
Era de. M.CCI\l-II. Ha cijdade
.Euora ,foyz tomada & ſaqueadaªí',
& entrada de, nºcte per Giraldo
de ſobrenome Sen pauor & per *
hos ladróesÑ ſeus companhejros-L
& ha entregou;azelkgiªzdóAſouz
fo , & de ¡j .a poucdtempo ,ho
meſmo Reyſitomou Mourª.; &Sen- ~
pa 8: Alconchel .<&mandou ree¡
dificar ho caſtell'o de Curucheí,,
foy en ho. ªnne' de"xxxix. de? [eu
reguªdo. C.;- . !‘Í
e iiij
HſiI 'S T O R I A
'Alli que 'E'uora foy tomada ‘per
Giraldo ſem— p‘auor en ho anno
‘de noffo ſenhor Ieſu Chriſto de.
M.CLXVI. hauendo trinta -& no
-ue annos que elRey dom Afon
ſo Henriquez ſenhoreaua Portu
gal. que haquelle ſummario_ cha’
ma regnar.’ Comprando ho ſeu re-‘
-gnado deſde ha era de Ceſar de.
1166: que elle venceo ſeu padraſ
to en dia de_Sanct loam-Baptiſ
"ta, &2 Econ-apoderado da terra.
¿Ho noſſo Cronifla compta ho
'regnado vdeſde ha era de. 1177.
‘que elle vence'o hds Cinquo ~reys
.mouros no campo de Ourique ,
ho-que foy onze' annos depois.
*Et ſ'egundo iſto\ſoy Euora to‘
«mada a vhos.xxvii]‘. annos do re
_ gnado do dito Rey. Et porque
ho que fazem hos vaffallos , é
Katribuido a ſeu ſenhor , por' ipſo
ha Cronica ,8C o Conde dizem
j ,

\ªe-*Á*
D E EV ſiO R A
que clRey ha tomou. Más a nos
fla bêe darmos conta como ſoi.
Et accerca ‘de Beja , non diſputo
agora con ho croniſta, que vai
contra O conde»,- & contra cſtc
\antiquiſimo fummario.
H6 modo quomo Euóra foi to
mada. Cap.xí›iij.

Iraldo ~ſen páuor foi noble


canalleíro en tempo de el
Rei dom Aſonſo Henriquez, &
como en ho dicto tempo com
has 'reuoltas vdas gherras & no- .
uidade do regno hos nobles eran
deſmandados , pode fer que ſaria
algúo dilicto , que me non confia ,
ou aueria outra~couſa per que
vieffe en deſgraça de elReí', de
maneira que lhe conueo abſen
tar ſe, 8; fair da terra dos Chriª
flá’os, par@ excapar da ira de elª
. - e v
~ H I'S 'I’ OLR l A'
Rei , 8( lançou ſe en efïe .Allè'
Tejo: que emá’ todo era de mou
ros : ſob o ſenhorio de elRei
Hiſmar. ho que foi,vencíd0 no
camPo deOurique. ÑEt per appla—
zimento do dicta Hiſmar elegeo
jua colhecta en ha ſerra de mó
.te Muro , & fez -en ella' hfio‘ call'
\ello que hora é deſ‘cruidm, mas
inda tê'e ho nome de Caflello
Giraldo , en ho qual elle vivia
com hos ſeus , guardandopazes
& treguas a hos mouros , 8: quo
mo elle era homê’e para muito, '
ªccolhian ſe a elle muitos trauer—
ſos. 8( homiziados , & incarta
dos, aſiï quomo a Dauid quan
do andaua fugido de elke¡ Saul.,
diz, ha diuína ſcriptura que ſe
acolheron todos hos .afflictos de
amaro animo &obligados a auer
ªlhê’o. Creſceron pois tantos,
que/fezeron hüo bóo numero de
DE 'EVORA
’ caualleiros. -Et non duuído què
farian algſíos deſmyandos em ron.
pa ~dc Chriſtá’os , qua com hos
Mouros tinhá pazes ,Í por ha qual
razam eſte ſummario lhes chama
ladró’es. Hora flando has couſas
aſii , q-uàndo elReí paffou \en Al
lêTejo , receando ſe ‘ Giraldo (en
pauor que' elRey vieſie ſobre el
le , determinou fazerlhealgſío ª
ſeruíço per que tornafle en ſua
graça. Et pareſceo lhe que nó po
dia fazer couſa .de mais-merito
para com Deos &‘com elRei 8C
-para fama com hos homé'es, que
tomar eſta cijdadè a hos Mouros ,
mais per aſtucia &bòo ardil’,
que per força 8: derramamemo .
de ſangue de Chriſtáos, que fe
nó \ poderia excuſar. , ſendo - per
armas commetida. Poſtò pois en
eſtev‘penſamento . trabalhou de
fe fazer mais familiar ,Ñ &jſaber
vHI ST() R I"Av
‘has entradas &ſaidas dos mouros
da cijdade , & quomo ſe guarda
uan.- E com quanto hos mouros
ſe non fiauá' muito delle princi4
palmente en epſe tem-po que ha
'noua hos
terra do que elR‘ey
cauſaua ſtar ſazia
mais per ha
‘ctreceo
fos & ſobre auiſo , ſuſpectando
de Giraldo, ho que hos Philiſ
reos de Dauid, que dizian: En.
que podera eſte ſazerſe‘ ac”cepto
a ſeu ſenhor , ſe non en noffas
cabeças? Com. todo la teue ſeus
meios neceffarios para o ſecto que
determinaua emprender. ~ -

Quomo Euora efla fituada 'en eſ


ta planura eminente & diſcoberta
que de nenhuma parte ſelhe po-Ñ
'de 'encobrir cila’da , ſe non de
tras do otêeir’o de ſam B/'Cªeto paÍ
Ta obuíar a‘ iflo fezeró os mou
ros alli haquella torre , onde ti
D E 'EV O R A
nhamſua perpetua attalaía , que
aa outra ’da cijdade continuamen
te ſazia ſuas almcnaras & ſignaes
entre ſi cogneſcidos. Eſta actalaia
déterminou Giraldo primeiramen
te tomar.hüo
la flaua Edſabendo quehü'a
moutſio com enm0-
eL:

ça ſua filha Ñ& nQn mais, partio‘


de nocte con ſeús caualleiros av
grande
tras do ſecreto ,8( ſoi felançar
dícto Oteeíro de~
&financian--v
dolhes que fleueffen prefles para
ſua tomada , o’u hü'o certo ſignal.
que lhes (aria. elle ſoo ſen SUBE: ’
temor dos caſos incertos , con->
forme a ſeu nome . ſe ſoi contrae
ha torre, "leuando
teſſeſiper flacas , quemar
hüos _buracos paralſu-z
bír-hnctc ha janellaÑ qu'a de OllÑ-j
tra maneira non ſc ſubia ſen ſca
lá lançada de- cima. Et ,:pàra .poé
der enganar ha viſta de quem ve
çlaſie ,- cerçou ſe todo de rama.¿
H I S’T’O R"I Á*
Chegou aa torre, \aforrado
taria da' janellª horas da
de ſron-
meiaſi ›
nocte . &‘ordenou Deos, que ſoſi'e
em tal alſeio, que o mouro que
hacte entam veelara , ſe foora ha
dormir, &encommendara have
ela aa filha. Ha qual quomo moſi
ça & pouco cuidadoſa de (al cui-—
dado , ſe ſoccornou na janella ,
&a addormeſceo. Alegre o canal
]eiro de rá' bóa conjunçam , de ;J-z-

ſattandoſe da rama , trepou 8:


' laúçando má'o aa moça , deu com L—É—. ª
ella abaxo : de modo qUe nun»
qua mais ſalou, nem fez rumor
Ñ algü'o.-&~en'trando na torre cor,
tou ha cabeça a ho Mouro que
achou ſeguramente dormijndo:
& cntreghe aho primeiro ſomno.
Et por ver que ha hora da no
cte era ¡nda tal , que tinha bê'e
ſpaço para ſen fazer ſignal elle
per ſi tornar .a hos caualleiros y
D E E VO R‘Aſi
cortnu tambeê ha cabeça da mod
ça 8: com ellas ambas nas míos
ſe tornou a ellos animando hos,
"ſí-'r & dando lhe's bóo agoír-o , com
ha commoda Opportunidade que
achara,, De' alli moucron pªra ha
torre , 8L' ſendo ¡ndª muito de
madrugada, ſcz na attalaia hü’o
fngo aa outra attalaia da çijdadc:
dando nintender que per ho cam
po onde hora é ha caſa de noffa
ſenhora do Spinheiro-, paſſauan
algüos Chriſtá’os , {8C de fecto-man- .
dou ‘Perïºka'paſiar hüos poucos
que fezeffe‘ú tropel, & hü‘a trilhaª
peqúenja-z mas' de man-:ira que f‘Oſ-Ï
ſen ſentídos. ?Ha— attálaia apelli-‘
d’ou" logo hos da cijdade. Et-ſa-y
bidO-per has eſcuitas: & també'e
viſto que ha trilha & ſomma dos
Chriſtêïosïaduultauá pouco ,' to—
marò Cubiça de hos ſeguir , &
fairon aa preſia~& v,,ſen Órdé'eç
HISTORIÍA‘
Com ho que has portas ficaron…
abertas. Non erá' muito apparta-, ;ri
dos da cijdade , quando Giraldo l2
com hos ſeus deu ſobre ella. del
Et por ainda ſer nocte 8C- couſa_ lll
de aluoroço , has veelas 8( por; ln
teyros nam recogneſceró ſer ini
migos, hacte que has obras ho‘
declararam aa_ força & a ferro,
começando per hos porteyros 8C,
:3"
:ITE-“JH
guardas. Et leixando has portas
ha bóo‘ recado , começaram a dit¡
correr per has ruas da cijdade,
mettendo aa eſpada \hos que ſe.
offereſciam , que eram poucos,
por índa dormirem hſíos & os :n»ocª,-«ºA"

outros ſerem ſaydos fora. Et on


de achauam ſerrolho em has por
tas , ho corríam , & paſi'auam
por adiante. Et onde ho nam
hauia , per has \armellas que -ſe
coſtumauan- têer para tirar per has
- portas ' lançauan …8: atrauerſauí
’Daz MORE‘,
'Pªez fªctisºszqqejªxpªrª ’¡Pſº ªn
grªde cçpjzax .rrazi'amçfllflo. ſc ſazia
› ª fin que. hos d'e‘dpntro . non po-x
deſſcn ſair; &accudir ¿grita tam
'preſtcs.
bito 8: Foi
per atanta
entrada tam‘ decon
orſidém‘ISc, ſu-L

’certo queſquandoja hÓS alaridos


&
ſe reprquozesv & ſignaes
ſcntijron.-zos noffosdasſe atalaias
vtinham
apoderado da cijdade. ,Hoz que
eran ſaidos, ouuijndo ho rePíque
lexaron de, ſegxuir os da trilha-_&
volueron; mas cheg’ando as, por:—
tas fooron mal rece'bidos :dos gue
a ellas hqs flauan ‘ſperan'do. Et
\ſentijndor
aperfiauan, ho enganñó--aſſazſi
entrar~¿_çom todavia
ſeu
- damno. Hos
ſobre ellºs da coctſimèçaronz
:. ª8: trilha volueron
ſe—rir
nas, ſpaldas'; jomando hos en meio.
De modoÑque de fora & .dé dèri
tro eram mui affadigados. .Et ;gó
,mp incLa faZÍa :fear-94",“ 110?);qu
\
\

. H IT’S-'r9 (Í RIIÁ
ñêrto da'ïnjahhàêfi‘flr "èn‘ ‘ha-s edu; ÍY(
fà‘s . arrabatàdu’áï ²'81** ;nO-n ; cuida-das
ho _ſobre 'Giroſ-faz Pªrkſcer tudo‘
, maior d'eſrn‘ai'aron' de"manerª, que
'Ïànça'rpn 'a',ſug-ir.” AOS
;FRUTOS nbl'T'èü-rár'onct quaes
ſeguir ho' -O‘S
al
‘cz‘mce’,ſi \irás i'ñtenderom en ‘pnet
'xe‘cado ñ'à‘cij-dade. Et negºciado
'todo’ quomo ‘compria' o ‘esforça-v -
ſid’Ó‘ Giraldo‘múi alegreſ, all‘argou
hºjſª‘PctCPſiªá “eijd‘ïade "a ſeus canal
ÏEÍÍ'OS',‘ 'com‘ tanto—que ſe tempe—
Íaffen ª d'é‘r'mris’ derramar' ſangue.- -
“Hd ªquelªffii-múí‘facil por: en hos
m'ouroªs'ªffiu'er poca fora
ſifeſndÏÓ‘.Ïlf1üòéªl_à_ſrrçádos 'reſiſtencía,
, & ou'
‘tros'fippjrfrjg‘5Ï ‘Outros' ¡nda en'
. cerrado-s --que Ñ“nor) oufauá bullir
'ªcòwſigzó'hhfiï'ábeñdo ho que lhes
-açoncefççrª‘iaÑ ‘_Permitío lhes Gí‘r'álz
" ;,Líeílªſeªſaíffem con ſeus cór
VERÍHÓFS’ 'lion mais. Ho que;
f‘aïèfi'òç fueron', &“Óutros fe le"í
JÏ"

I
‘\

DEEVORM
'Xaron "ficar en poder "dos" Chri
Ríos, ehtre‘ghes a ſ'ua demencia,
8( duraron hacte que élRei 'don
Emanuel’ que ſancta‘ gloria baja,
hoslançou
logo fazer do regno.a elrei
act'ſaber Item enuioh
quomo
tinha tomadactha cijdade ,-q’ue ' fo~
offc ſua merece' mandar poerº c6"—
bro cn ellà , '& querer perdoaí‘
a elle & a hos que &Om elle‘ ſo
oron en eſte facto¡ Apſouue ha
noua tanto a elRei , que muï’gra
cioſamcnte recebeo ho embaxa
dor , ’& per elle lho mandou mui
to a‘gradeſcçr. Et quanto a poer
cobro ſobrè ella‘, que' elle non
hauia por qu ,. nem ſeu ſerui
go , que outrem a guardaſi‘e \e
non ellezquç-ha gaanhara, 81 que
por ipſp hd tambem mereſcia,
.Affi que defle modo** foi Evora
reflituivda aos Chrifláos & cfle foi
'ho primeirO' capitam dclèaupor eu~
' u
7,/

HISTORIA‘
. ja memoria., ha cijdade, tras por
, diuíſa 8C y armas _hü’o caualleiro
ª armado a cauallo com a eſpada
_]e,uant’ada, & duas cabeças cor
tas , hfia de hom'eªe outra de mo
’_lher moça. Algüs por non ſabe—
,rem ha hiſtoria cuidam que èpSan
&lago que eſta matando mouros.
Outros fingen non ſei què' Euc
,ra & Euorinho. Et. outros_ outras
fabulas, Mas ha verdade paffa
'gnome tenho comptado. p: -
Quomo Enora tornou ſer Biſpaj
do & quem foi ho primeiro ,.
biſpo. Cap. xv.

'P‘Rocurou logo elR'ei dó Afon


ſo Henriquez que a cijdade
foſſe tomada aa ſu'a dignidade
Epiſcopal, &alli ho pos per
obra.' En ho liuro dos anniuer-ſa
rios defla See , ſe Fonté’c que ho¡
_ _‘
prïrríè'ÏroD biſp’o
E E VOR A ,
dſieſipoís de tomada‘
a Ac’ídade a p'od'er~ dos chriſtá'os ,
foi don Pai() , que jaz \za capel
la de ſanJ'Ioá' bapt'iſta que hora é
do ſarïctrfflmhº‘Sacramento, Ho
qual‘ faz aord‘enança dªz prcben
das , & diuidio has rendas do
biſpado en ‘tr-Es Partes, tomando
has' duas pªra ‘ſi , & dando a ter—
vceira a0 cabida. Item fundo() efla
. fee', ‘começando ha aos. xxj. dias
de Maio; era" deCeſar de. 1224.' ‘
que’ era 'o anno _de noſſo ſenhor ,Ñ
de. 1186.'vinçc annos depois de*
tomada a‘ çïí’jdade. Eªelle p'os ha
priineira pedra no fundamento'
no ‘fleodaz’dtar‘ d'e ſam Mangos‘,
q'uc e' ’aquellº-que fla 'à'ntq ha‘díg '
&a cap'ella’. Entre tanto ha ſee~
ſe edificaua , bos divinos officiosª
ſe celebrauan enhü edificio que'
para ipſo logo ij juncto ſe ſez,
que depois ſeruio. de camara da
' f iii
I
~ \
H_ !IST—OR z~ Ax‘
.cijdªdº º .lºg-EUR Elºy-Wª ‘ :E
non ſei ,çojzzg’uantaghpne idade"
a' cijdadez Pº‘dªªfiò rſecïepdq
para , vſos profano'sÑ-¡flpndç derª:
tro ‘ multas Ñſepulturgs ¿dejnuítqe .
que ,partirá-.de bſçus; "¿:5 çqn .-.h‘s'rº
egreja. .HO ſegnqdo qñſofi- dé¡
Sueirº, .ªlºe-ªntº. Bix-,a , º Primeièz ‘
rº. Dªyª'ºz--zdº M²1- :fº: fªz mªnª
Lam en hr) "fiqçalÑffldefla eidade.
Broſeguiron hosÏ ¿bííſposffl 4 enz
diante hªt-¿,110‘ªhnº deªrzoffo ſez_
nhºr de? quºffilRFY
noffº fcnhºr’, dºm ¡ºªxªſºfllº dªº.
:renomc ,ªjmpgtrqu,dowaPafflaqlç‘
tçrçeirqïqpe¡ a Friaſſç¡ pquq .meçroç.
Rºle :quºmº-.hºrª é., .ªz-jº pri-Pªk:
rò. Arzºbiſºº; &. \ªjª ypºtrnuixºs
;‘annos, :ho: ;Iªn fanfic; _dñ Henriquez.
N - ~ ' ‘ — l

Gar-deal. de:.Pºxtugª_l-, :JL/z… _.2


…'-Í,‘ ':Ïi'f" fl‘ Ñ‘.‘.- .'-~;' .. ²‘ ªf"- 'ª
."C’ª’ ..' '7 '13"'…Ï - ïſiª"
\f

. ª , Ã. ' ')

.Z
/
DEKBVORA’
‘Y’ ‘Ï 1.:,-5 ,1²- .-.v'ik .'JÏ’¡ “tu"
Quema-z hª mïªïítíª SW. .rſez hºrª
, Shamadç-,Au‘is ,.…foi .inflituidffl
-. ,ªrazfiuºraº .ªgº-m'- ,-:z'
vigía@?Tªzª- c‘àjáààef-Lá. 'pºd-ªx
. ~ ;3:10.53 flyiflfios' ,cqmp‘ dicte ,
ter-ªh@ Dorª-¡wªtioflellª ; fer. cºm.
quo; Pªra Mail¡ ghçrgrear ‘hoç
montos… par-eſceq hª?: a ¡eálrei :
.War ,en ella Jzà @berga &lmcefl-ra
.do da ºrdflm ÑdOS canalleixos ¡gnc
…en caſteita ¿fe ,cha-mp de: galátraf
DRM-«IZC-Ihêgºſª detMisxc-Ñcſtes
…tegnos ;.,ªpªra- *que ellçszpor '.ſua
Pªrtº. Bªjªda-ff@ ‘expellir. 'bºs ini
mígos-. 'de ,-;noſſaªa [anda lſflC." Foi
confirmada ¿’ha. dicta; militía en
Enora ¡per -hüo ‘bragaſ‘ _do ; -papa
¿Docencia ISI-nio -,-- que ,ſubcedech
za) Geleſtinp , "ª-hp( qualldbreue' foi
;pafiadouzeng hp*;5anno,›guartp dc \
(en. pºntificadouquç .fº.i Q xªnªx’
, , r ¡¡ij ..z
;:
' ÑÏSTÓRIX
do ſenhor de. 1204. ſendo ja eI—
rei dom AFO‘nl’o Henríquez fal‘ec‘i ,Aªpuem/ffï‘éïffleiª

do , &ϲ*reg‘nando elRey Dom


Sancho’ 'feu"filho. ‘Tinhá hos diª ‘
ctpS caualleiros chamados ſreires
¡per'voe'abulo Frances, due quer"
dizer hi"rmáos , -ſeulzall-"e'nto & mo
rada ohdeiinda hagora ſe cha'má
Ita ,Frei-*ia , & dentro en- ho caſ'—
Tello da cijdade , que era ſepara‘i
ªdo‘ com’ muro- & torres! quomo'
' inda‘pareſce en ho litio das ’cat
*fas de Dom ,Diogo de -Caſtró ca'
, "Pitªoda cijdade,' 8C ju'ncto-d’as
"calas do Conde-de Portalegre'ti’
,nháªa hermida de ſam Mighel enj
'de ſe_ celebrauam os'diuinos offi
.cios. Per elle modo foi ha dira
militíahacte
-fleue ínflituída 'en Euo'r‘a,
ho tempo" onde
del‘Reiv dó
Aſonſo ho terc‘eªiro.- 'Foorom en
'Evora tres meeflres. ſ.-' ſho primeiz
ªro ,D5 Frei ‘Fernando‘ Ròiz- Mºn
D E V O R A' ~
¡fr teiro peſloa‘ de muita auctorida
‘daga ªquem elRey‘Dom Aſonſo
ª—-— —-.\r'_‘
?Henriquez deu. a Villa de Mafa
-Ia‘," quan'dò-'ha tomou a hos mou
aqs. ’Ho ſeg‘unrlo foi , dò frey
IGonçall-O‘ Viegas. Ho terceiro dó
‘Fernandeannes , em cuio tempo
ha dicta_ milicia ſe paſi'ou para
-Au‘ís , Ou por ter la os mouros
vizinhos, 6C de mais perto os po‘
~dcr co‘nqui‘ſt'arª¡ ou por outras
-razó‘es ‘que :o dicto Rei bem pa
-reſc’erian. Q ‘ - _ l…:

Correluſam do tractadò. Cap. xvíj.


H Acte haquí ;me :pareſce .que,
baſta- ‘ſcrcver has .antiguida
des deſta.cijdade. Bê’e ſeí que ha
-outras coufas dignas de. \e ſabe~
--rem. Mas epſas ou' flan en as
cronicas dos Reis; oufflen- hos pri- .
*uilegios . &.-fo'ral defla_ ‘cijdadeº,
fv
H "I S T O RUTA‘
«por ipſo. m'e~-non quís. entreme—
\rer‘ abcontallas. *Porx hagora te
v-nho vcomprzi'do L(.jomb horque m’e RN
(‘1
Irªq--ªnª

pe-diſies 1, :,8: .querº-acabar Ñ efle tra


, ctadoï'comè huma— memoria ,que
ctà ':rr‘a's: lee; ef¡ ’o fleo: defronte _da
Cªpella *dm cruz que~tambem ſáz
a efle---brqpoſito Pªra ſe .ſaber
quanto ha cijdade ſqt'mbaxnnq
-bleſéido, Rem ' vpo-uoaçam ,z _pois
'quando elRe¡ cdÓ‘AfÓÍlſQ .ho quar
- -ro_-foi aazzbàtalhádo Saladº‘,-0 _
pode Euora ſeruír con.:,.ccn \ca
‘ uallos & mil homens de pe. Ho
.letreirº- "dzz' .affi 1'; Oh .Ѳ- ' "_J
Era. MCCCLXXVIII. annos Rei '
'Abenamaríp-ºſenhqrzzdafalen d'o
mar; confiando der'fi,2ª'& do ſeu
.grande hàuer & poder,- paffou ,a
eqiuem do* mar ,- com-'ha Form
ªfflha .de : Rei @de Tªnia-;para per
-feguir ,8x :deflruir 'has ?.Chriſtfios.
Cerçou Táriſa’ , f ~.&'4ho‘.-'ſeu -po’der
I o
\ Iv) E VO R A
"çrg- tanto ~, . mª, ſe nó pode fo
mar. ,8; .po‘ísgei dorffd Aſonſo dç
_Qaflella-,vi'q que .no‘nv pode' ſer
çgrtçÑ‘qúu'ez recepk, & per fi veo
aºPgrrçgalªÑ-Ñde mándàrª ajuda‘. a .
hg,qpartg¿,Afpnſo
gºl ſeux'qfog‘ctrq. rey
.eli deprouguç'
Porta;
muito—7dº.) lha ’fazer com gauchº;
'-v.4*-—
—-ii*- ~ po ,~ &comſeu poder… ngó_
ſEn Lardança ,compeçou ho cami;
.nhg pera ha ſkonreira
dou queſiho's ,º & man
ſéuá ſe ſoffen erñſi.
pos el. De Euora leuou cent ca-~
¡¡altos ’8C mi] peós.- Gongallo Ste
uê’ez paruoeiro. .fºi ªprèſ¡ Alferíz.
Lidaron ~ com 'hos Mouros ,[¡8C
Re¡ dePortugal entendeu .en Kei
‘ .ªde
rei Granda"Sz Rer Et
Abèna'marſiin. de ffiercee
Caſtella foi
en

de Deos ªque nunqug momo tor


nou roflroqz E Torrox() delles tm?
to’s a que -nó poderózdar conta.
Rej Abcqamarjn ¡Sc Reg devGraj
p ’ ’HISTORIA
‘ada'ſugíron._ No arraial de Re¡ ,ſé-*P
N'$1‘
ª—l

Abenamerirí_
en ouro & en acharon
ſiprata grande aver
, & houue
ho Rei de‘ caſtella. Mataron ij ha
'Porra , & _muitas ricas ‘mºuras ,
8C’ ODII'HS¡ mouras muitas' & m'e .- A -…uM—NS'BE

ninos enfijndos. Captiuaró hſío


filhoÃde Abenamarin; e hü’o \eu
ſobrinho, & hüa ſua nepta. Deus
ſeja pera todo ſempre' bento por
tanta mercee quanta efez' a ho: ‘1
.

Chriſtáos. ' '


a’ P

Fala 'que meeflre Andree de Ree


ſende fez' a Princepſa
na no'ſiſia'ſenhora domnalogo
quando Ioá
veo a eſtes regnos na entra
da da cijdade Euora.
'i

‘ PRincepſa muy e'xclareſcida.


Princepſa de nos tanto defe
jada. Se ho immenſo &excefſiuo
plazer que hoje en nos triumphª
D Ez… E V O R A'
perrpalauras ſe podeíſe explicar
muito pouco feria, ho que hos
poetas 'en‘ has couſas arduas~&
‘difficilcs coflumá' , deſejar een
bocasycen linguas & huma voz
aceira & incanſauel, Qua non è
tan' leue nem tá’ mediocre ho
alegre mouimento de tantos C0*
*raçóesſque per tam poucos in
flrumentos‘ aſii facilmente ſe le
xaſſe declarar. Mas ja que deſta
parte ha impoſiibilidade nos tem
*deſenganado , 8: de outra, non
padeſce ha qualidade do tempo
,que com longa oragá detenha ª‘
V. A. &impida eſta common ſiale
gria, & aceſo deſejo de vos ver
que nem pode teer filencio_ ,,nem
ſofre dilaçam : reduzindo me ao
que brcuiſiima & ſummariamente
non conſente ha razam que lexe-_
de dizer. Princeſa ſereniflima efla
voſſa Cidade en curro_ _tempo_ ça-Ñ
\ H :ST-‘TUNEL
ſa &' *állo'gíctaménto Ld‘d’Vá’ïèſóſó
& --'muito"'nomeado' 'Se'r'tòríoªª &ª
éfi eſiſte vnoflo ,ª frequenf‘érqbra'd'a. y
""—e¡

&I -hahiraçam‘ dos Reis ‘& pr'in‘ciſIes ,—…Mñ—m

ñ’oſi‘os 'ſenhnr‘es : cijdade en ſua


origem & ſundaçam amiquííſima ,
en’ ha ſee catholica 8C religiñ‘ chri—‘
flá’a‘ entre todas bas'de'Hiſpani'a'
ou mais 'antigua‘ , -ou tanto quan
to’ha que rh’a‘ísº‘ªzªen 'nobleza deſ
tes regnos ‘ha ſegunda, e en ’le
aldade arñor ‘& ſeruiço 'da real’
c'oro‘a delleS’ ,ſejn duuida ha pri.
meíra , beiÍ’a-'vofl‘as reaesl míos,
& per hü’o publico & geral vo-'
to ~con hos animos cheos 'de tane
to conteptàmento de quanto hº:
human-o mtellecto é capaz: pe-‘
de a'Deos omnipor‘eme que voïïa
vinda a eſtes r'eg‘no's ſeja 'feliciſi‘
fim'a.- Entrae ‘ſeñhora per OS mu
ro躪dos voſſos): 8:- apnuſemaet
vés entre'hosªvoffosz como lhes"
UE fE‘VORíAI
ja chtrafles
10g() per hos coraçóes,
"ficarò-enïreghesHSC. que
a' vº’ſiíſá
ſcru'i’ço lealmcnte dziſpofios &- en
elles firmemmre flais apouſenta
da. Viuais-Ï-mÏuitos annos & re
gneys muitosannos , & de vosª
naſçaannos.
tosx quem Affireg'ne‘ís-
\ob-re nos reg'ne' muii
vos ſobre
no/s & affi regne -ho Spiriru di
nino, 8': fuprema providencia fo
b‘re vosDeus
'mecha -, que de voſſo
ſeruiſiçn, -‘vos’regnado
gloria ,
v—offa republica
‘Raínhas vtilidade
&priñcepſas que, depois‘
8: has. ct
vial-'em‘ tenhan de vos domeſtícoſi .
exemploque imitar ., hos varóes‘
doctos copioſa &I digna materia’
pera fer-¿mer , 8C- todaªpoſt'erida—‘
dehfia perpetua &'ſaudoſa me—ª
Ñ moria de voffo nomeſ- ' -1²""-›‘
..... I ªl'i’."

P."I
/

à , 'HIÑSTORI'A'

Pala qUe-'mee‘flre Andrea .de e-J


eſende fez' a elRey "dom Se- "ª_
báſtiá a «prim-:ira .voz que ~=
entrou en? Euora. , 't

Vito'alto & muito pode


‘ roſo Rei noſl‘o ſenhor, mas,
que digo eu , pareſce -emcon-.
gruydade 'a ho menos deſoro pou-,
co guardado ſªllar a, V. IA. perº
palauras coſtumadas a ſe ;dizeren
aoutros Reis, pois" ij 'ha outras
proprias & particulares pera com.
V. A. Emendome' pois .& digo.
alli: \ Miraeuloſo Rei noſſo ſe-Ñ
nhor, Rei filho das lagrimas de
todo voſſo pouo , com non me:
,nos gemidos pedido a Deus, ,que
, com alegria grandiſſima delle_ img_
petrado : certa maneira de afron
ta recebe efla voſia ſempre leal
Cidade ſegunda de voſios regnos '
D E ;‘EÍV'O R A'
por ›1he~n'on- conceder a natureza
eſte dom que -puderam ſeus -ci-.
dadà'os moſtrar a V. A. OS, Cºra:
çóes" abe'rÑt-os ou. V. A. notar…&
donheſoetzz em“. todos* *.8 ſuprema,
alegria-,que . cnm voffa deſejada
!Trſta larICIC'zdent-rdjdas entranhas
lhes: rebenta -perz-fçjs olhos , para
moſtra da que] ,-ªboaparte poderáó
ſer _:hos›grandes, \iones :8:: ſeſias
exteriores , que mos -a -breuid'ade
do "tempo" per Y; Alª-"limitªdº &Y
texaªdQ-T, &Cho receoda cónſuſam,
dos ares ,-tambem coiheo':-›póiswpa~
lamasv pera -o expli›carï’equi_ualen-.
tes -ondez as achanei eu . .mªmen-I
te, que -nam ſoſre noffa lenldadè*
tanta 'demora , que poſſa—-eſperar
lon‘go: razoamento ', ja non ,p'o
demjéſtar calados hos que me
ouuem.- ja cºntra coflume me;ta~‘
cham-Ede "prolixo , ’Br-cada bum
deſejas de me tomar; ¿atrªe-Rªczper/
. g '
\H ISTO‘R Í'Aï
deſúſadas palàv‘tlás ſe"at-ravéſar a
dizer’, 'venhais en ſeleciífima ora:
n'o‘ſſo R’ey, noffo eſpelho en que
n‘os'reuemosz noſi'a preciofa joya
de' q'uefiªnqs mui-tºs gloriümosreſ
pèkªnça do'rçymº: enz‘que' pera
vo's ' 'ſeruir rráſcemvs ;dado a nos
por {Deus ,’ pedido {Deus per nos.
A com voſcd, entre ª -ſaude', 'entre'
a Proſpèridªade ;‘- & ’ Í-'U'dº" O‘qúe *re
pèòd'e'charbªr -bemt: com voſeO‘ te
‘ ¡1110“ Ó-p'rec'ioſò rh'arrir volïo'pro
NQÏ’é‘lÍÍI-"ïïïclljó nome entre os- reys'
Chri'ſtzïos vos' primeïro ‘romafles‘,
elle-guarde ſeú'depoſiro que ſois
vos’,'›"7&²'por vóffa Óªuſª pera vos .
fe'rvï-rmós , também a nos: 8C os
gwriófios ſanctOS'Manſio , Vincen
.tirr, :Sabina &'Chriſteta noffns
padroey‘ros, com o marauilhoſo
Blaſio- nofſo aduogado , vos to
m‘em' 'bola 'mam & digamª eſta
Proſa‘tïòc empreſa noffa : &jos
_ ,. ,,
J
V Ó-R A:
'cídadà'osÑ qu_e \pejaAquaſi forçoſaá
mente ouvis ,flp‘o‘is lu-osſ hay) po.
deis‘ mais ſoſre'r' còm’ig’oªa. gran
' de@ vozes tóHòs’ Bíàey': vIua el..
fnoflo‘ſenhot—*z Vivar¡ Fina ‘ell
Rey.’}› ’ b - \ ' a

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Tªbulª›..1ª,l9algamas Sºuffiszmªíxz '
² .…apxªyºls @ªwe- agêeahaÑax-ªaza -
~ ::Miu 'Sfe- “Pºnlªïªªrï '-'ªv‘arlz
COHEN!! "Sªshª—S .
tras do regiſtro dos quaderng’sjï
per baXo , 8: vai cada letra'
de hum ate octo.
/ .

A

. \ ,

;Abientio biſpo de Enora , en ho


quaderno do. d. en ha terceira
folh'a delle , en ha ſace prima.
Abderrahemen Rei mouro. c.viij.
, face. j. & d.ſempre
Antiguidade vj. f'acefoi efliſimada.
,

a. iiij. face. j.
B
Bamba Rey affignou hos termos
dos biſpados. d. iij. face.
‘- .Beja colonia. b. vj. face. ij.
ª». e

/
T. B" V’ E Ã'.
Bªja. que jur'i‘ſdi'gá'ò t-iññ‘àï'ª’ d.~vï
-zface. ij. -:~f‘:_: 51)?. ª -ª-ª ſ- ¡º
;‘-ï
Baja tomada por QS mwrosyíd.
ªvi). face-¡j, ›- N‘X -:~ “‘ Í
I

Beja tomada aos mduros. e‘, iij.¡ſa


‘ ce. iºn
' j‘
" '*1>íÏ'-Uii‘ . ' . "D .
-- - - ‘ ‘- ' *GIS-‘32,'“KA’
-‘, . ' ' '2 ;Í
Cain edificou.'.ha,ÍPrimeira ¿olaa
de. a. ~vij. Face.
Cecilio Voluſiano
” "ra“ c. v,… faceſ ijctª. natural
~ ²‘ l*deEt.”Euoï
-‘ el i ‘
Chancellarias‘ de Cáſtellafªªd. ’v.
.faceªij. -› c … ' 37.²%- ›
Collipo Cidade juncto def-Leiria. -
.tc.~:iíj¿_ſace.ª~íj.cª ' -› xs - ¡L í .
Colonia que couſa é. hª'ïwſa- º'
:“26ij o:: ¿1p ſi ‘. ("Fª ºª'- ¡I
Convento ‘Que couſa éí &JW-4 {ª}
ETCÉKÜL‘I'Ï à :'-ffl‘r'ª' mw; iÑ-JlíJ'
- , .,x "5()vn" .' .
D I,, 0.¡ Ñ . . .
. ª ’Pi

Dªªid ſ“g'ctº ‘ªªª‘&².1²1 z ª²- VÍGECFÜÏ


' ' ' g ¡¡J ª ' x
T A B‘V’ L‘ A:
Dio‘cletiano 8: Maxim'iano pet‘ſe‘;
guiron a hos Chriflà’os. c..viij.
Ñ face, ¡ja -, -- ’ ,z x T‘
Dom loá Auoím deu ho Mari
, 'd.ſi'iiij.
amellar, ſacej.
,aa orden de Sanctlo’an’¡
k..
Don Pedro filho delReí dó Dio-~
nis ſcreueo as linhagè‘s. d.iiij.
y‘ lfac. ij.'&- e. ij..fac.j. " ª
t

Ebora é ho verdadeïro nome-dc


. Romana. vj; face. . ‘ Ñ
Ebura lugar de Andaluzia. a.- vj.
. 'fa’c.,íj.f..- . ‘ ‘ ‘ - .:1
. ElRei dó Aſonſo Henriquèz. e¡
‘ ij; face. .'
ElReí dó Aſonſo do Salado.::_f.
¿ªyy-,feto j., ‘ ’ " ‘
.J,
ElRei dom Emanuel lançou hos
mouros deſtesxçegnos. f. íj. fa- -
ce; . ~
EIReiª'? dom … Ioam…«Ïhoï mean);
' [-ê ²’.
..a
, AE B.” V.: L_ Al
Lt. noſi'o ‘fenhos reflítuyo ha Agua,
da Prata ja perdida. b. .iij.__'ſa
_'Ce.j.-Ï' '~ ~ .’
Eluíra Cidade , cujohiſpado ſe
_ paffou a Granada. d. j._ſace. ij.
Euoçr-_a .patria do' Principe' nofl‘o
ſeñhor. a. iij. face. ij. E ¿J
Euora ante de v.iri_,atç_›'. a.“viij. face j;
Euora adiudou a SertoriÓÑ. bz., j.
fàce. ,Ñ '
Euora municipio de Latio. b.
víj.ſace.j.c. -~ 4 .ª' ', ,j
Evora', _quando recebeo a -ſee ,de
Chriſto. c. vj. ſace.j. j ,
Euora
tinſiha _en_ tempo
biſpo. de Conſia'mino’_
d.j.,ſace. ijàÑl 1 " Ñ
EuoraÑ tºmªdª-;.PQLIIÓS...Maimfiñ
'd. vj. Face. Ñ_ x ~
Euora teue emªguarda hfia filha
Ñ- de 'Iuceph Rey.M‘ourb.çd.f.v.ij;-'
face-:ij'.', _Í mw*: 2:* Ñ
Euora- ‘q’uandQ‘ª-Foy Tomªda-5.2i hӑᑪv
mouros.. e.;ïj,. hace: ja.. «:;ÉÍÑÉQ
' g iiij
_ T Aª BªU L Aª."
Euora'per que‘ modo foi tomada
e.~ v. face. j.
\Euora tornou ſer biſpado. ſ.
ſace.1j. ,
‘ Euora quantos homêes' deu para'
ha batalha do Salado. filqvj. ſa- '
’ ce. j. - _
Euora. ſecta arcebíſpado. fiiij. Fa‘
vce.1j. /
"JK“ ,'. -‘ ..fi i
J

Floríaªno del Campo ſcr’eueo. an;


tiguidades fabuloſa’s. aª. v'ij. fa
ce. ij. ' ' _
Flamines que couſa era.- c.‘ij. ‘fa-4
ce. tj. - -~ … …
*Flaminica de Euora'. c. iij. face. j.
...
‘x-E l
.Ñ, r G ‘
’ v
*i

Giraldoſen Pauor tomou Euora. ,


aos mouros. e. iij. face. ij...-ij
- - ‘ e -., . . ,
Giraldo ſen Pauor, 'prrmerrO'cag
pitáo de Euora. flij,,face, je - ,
4
'ct ‘ '
T:..zii’
*A B V *OLLAÏ
L A.Ñ": DFI'

Ho Cardeal Infante Dom Henri


FÏ que mandoſ¡ "fazer dé’n‘º‘uo‘ ho
Ñ breuiarió de Euoraec. viíj.” ſa
ª; ce. ij. "ª²" ²"" ‘—’ ~
H0 Garde-al 'Infante dom _ Henri
‘Ï'Í” que primeiro’ºarcebifpo‘ de Euó
\a.f.‘iij.* ac. ' ' ' '
..A K¡ l‘ I .-15

Inſignias, ou armas de Enoraª ſ.


i'.ſac.ij. y r Ñ ,
-I epthei momo. d. vij."ſace_.
Iulio Ceſar {ez ,Euora municipiy , ,
:1’ LaeiüoKER-S-üj-.fſaceÑ-iji - ,
ªlui-iano biſPòª de" Euotáªzª d?. ijzª fa
, ceflij,, A , ,_ ’IV
ªíülía'no-"Coſiíſi'lctèi¿Mijaſfaèej. 'ª
Iunia Donace domèſti‘eaï defScjïtm¡
-- ~ rio. bf'ij';Ïſácèe,. ijz’ v :2 í
Juro. de cidüdsüs. b. Mj. Eder-jj;
~ªluéói~1talico.b.ïíiij.jface. Ñij'a-ªª Mi ,
' g \v
,T .A B V L "A.
loro de Latio. b. iiij.face.-íj.
L T .

,Lisboa .municipio de cídadíoa. b."


vj. face.ij. , , Ñ_
Lisboa tomada aos mouros,._e. j.
, face. z 1- ‘ ~,'{_‘"-:
.Lucio ,Silo Sabino ,, ſepulrado z no
termo de Euora. a. viij. face.
Lucio Voconio Paulo natural ’ de
Euora. c. v. face. j.
M' 7-" - ‘ "Mil
. ‘ (
Mefires‘ da milicia' de* Euora. 'k'. v.

Mefire Andre de‘Beſende , ſez


¿deus liuros dejaqueduſtos'; b, -
íij. face. j. , ,z …J y
Merida 'arcebíſpado ,-deºLufitania
.xd. .iii, face. - <2 Ñ ;_-,-_}_
Militia de Auís , prime-jm foyz en
'Euora.,ſ. iiij.face,j4’ , .-, -
Municipio que; _couſa _é_.h.,v_1.
.TABVLL
:P
Paayo :primeirof biſpo de ' Euora
depoís de tomadaſiſdijyſiiçe.
-Parlam'entbsgdcſiªFrahça. d. v. fa
cer. ij¡ .e .L - :’Z
Pedreaues de porte]. d. jiij. fa—
ce. . 4 - ::.1
Pomchmio. Mela,1naturàl dia-'Anda
, luzia. a. vj. ſac‘e. .
Ptólorïneo &'Stéphmlo confunden)
Ebora 8: Ebúra. a. vj.'fa'ce;.ij.\
’Jr

Quíntiàno biſpo de 'Bugª'. d...~j.'


face.ij. ª. ²'
. R
Rafis. Moúroï; *chrdniflazzda'fMï
.c' ramolín- deMarrocos… .d.’¡rujl fª*
ce.j. «ª²
‘ - OLE-.í rfzïr-.ªïfªff'ïf
, v
EAYNLL

"Sanfla'ren colonia "8: comento d.


Ñ 'JC-.iſſáce. .""h ' U-ï ?l-.Ï‘ªi'ªffl
Sanct .Mancia-diſcipulo de xChri
flo ,biſpo de Euora. C. fac. j.
-Ser-rij'rio cap'itá; Td'e Luſitanian 'b.'j.
-ſace. ij. .7'
Sentbrio .fc-z -caſa TeulEuoraz j. a
f face. __ ;.jLIÑI i .5: .5?“ 1…2
‘ ¡Set-torio \room-¿hau aguaª da 'Prá
.êktaíkbL-iij'- face;:j;ª ‘ ~ 5.1-* J
R Sertorio cerco -a Euºra de mu
ros de cantar-la'. b. iij. face.
.SicíſclO-,biſPOxie Euorª… d.? iij. ſa‘ª ‘
cc, j. .

>— '

Térmbs r antiguos do vbilbado de


Naº¡ Enora. dilijt-.ſaèe. &..d.vj. ſa-.
¡Ce, ij. 4 ‘ -
Tructimundo biſpo Deuora. d. iij.
face. ' < /
TABVLA.
V
Vetonia , parte de Luſitania. d.
v_. face. ij. ~ A
Veſpaſiano deu Iuro de Lacio a
- toda Hiſpania. b.vij. face. j. ' L
Vincentio, Sabina , 8( Chriſteta
martyres
j. face.,j.› naturaes
' de Euora. ſi d.~

Viriato leuantou-ſe com Luſita


nin. face.j.
Vipiano natural de Tyro. b. j.
’ face. ij.
F I N I S.
Foy impreſſa ctcſtaſi hiſtoria da' an
'tiguidade da muito noble &
ſempre leal Cidade deEuora
en* ha meſma Cidade. Per An
dre de Burgos, imprefior, 8C
Caualleiro doCardeal infante.
a0 ’primeiro dia ‘de Feuereiro
de. MLDÑLXXVL.
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ð I
COLLEçAM
DAS ANTÏGVlDADES

DE EVÓRA
ESCRIP’I‘AS POR
AND-RE DE'REzÉNDE,
DIOGO MEN-DES DE wwe-ON,,
c~EnL0s.
,GASPARESTAç-q, _
@ÑRERNARDO DE BRITO,
..r—',—
A
CE M ANNE-.L MEYER!. M _DS F A.
R I A. - '
a
-í'c- MEJIA.
POR RENTO JOZE' DE SOUZA FARXNHA
Prºflffir Regia de Filq’nfia , e Sociª
da Academia das Sªlgªdº: ~
de Lisboa.

*ª ªlª ª* "lª
*ª k
ª* ª*
‘k

LISB. Na Officïna de Filippº da Silvª e Atev.


Ann'º M. DCC. LXXXV.
Cªm ¡¡unía da RMI Meu¡ Cczfforz'a.
e.-._... Ñ , ‘ \

O Sabia ¡ave/figura' a fabedvriazd:


~ ~ todos ,as amigos, . .L
Ecçlef. 39. v. I.
Lembmz'wy dp; feitor “‘dc. 'voffos aú
tepafladas , que fizeraö'em jim:
5 ‘ gemƒaem , e alcanƒarei: gloria
’ grande, e nome eterno. ,,
Machab.`1. Cap. 2. v. 5L

l J. 11

:fz

l 5 ‘ º. v L A

u . _. x N Ã .Ñ -._ z,' ¡¡MQ

f
AO MVITO ILLUSTRE‘
SENADOſi‘
A DA MVY'NOBRE E SEMPRE LEAL'

CIDADE DE ÉVORA
BENTO IOZE’ DE SOVZA FARINHA.

\r

Amor e creaçaó que de


voa’ Voffa Cidade, Muy'
nobre , e Illuſtriflimo
:Senado , me conſtrangeraó a gran'
gear e levar para ella, e-para to…
da eſia 'Provincia huã. Cadeira
, de Fxlozofia nove annos antes que
A ii o muy
-o muy “ſªbíº e clarO'R-ei o Senhor
D. Joze I. as creafl'e emLiªboa,
eno‘s’lct,,\è
qútéasſeís
CidadeS" &e ſéus
annos naó bem Rey
cu -
'Príçïos'ſi‘dſiçpoís que ſe fecharaóflàs ,_,J_ ^

, t.. ÑL, .’J .ºu-ª . Ñ 4.¡ I


antlgas. Treze annos auguentex
0 cargo della como minha fra—
qucza, epouquidade permittia;
ajudado muito da viveza dosin
genhos , e outras boas manhas
que geralmente tem OS Mance
bos Eborenſes; e da boa ſombra ,
einuimïmerce que \768, e toda
y. mais Nobrezà, e Pavo‘ da Ci; ,4
dada nos fizeſtes; tomando o tra
baffipde aſiiſtir e honrar noíſo's
~Actos publicos, depois de nos te:
cºnfiado ,ª c .entregado voffos fic¡
ibas,,pªra_ntes, e amigos. _Lx
'\ ; . J
l
z Ñ . Ora
. Ora aprouve ad Nofl'o Sènhm
"Deos de med'rar e luzir a-:óll-ioa ‘
Obra , aproveitando osmoços aſfi
¡ens, talentos, e negoceaddo com
clles, como em tañ paueºs :unos
ªcta-es ja ver-Ido delles Oppozito*
res naVniverſidade , e del‘les Pro
f'efl‘ores em muitas tartas: Ooh-os '
M'miflrros detRey, e-muiws ou*
tros na cura e ſerviço da Santa
Igreja , e nos Moſieiros , àfora ‘
outros. lugares de lentas; TE quazi
tudo íſto, qlterªkgmnz decºra fàz
aí vofl'a Cídaçie, cbegueí eu*_tam
bem a ver càm muíca'conſwlaçaï
Minha¡ mamando.- ainda 'rre-lla.: bem
enſinado‘, eïſºguro toda via no
que amoeflca S; Paulo's'. que? nºm
o que ¡egº, tierno qua-prºntª',
’i-'Á mas
mas ſo Deos daa o crecimento.
Eſte prazer foy interrompido;
e eu obrigado a deixar o gaza
lhado de minha caza, e o bom
acolhimento que tinha em voz , e
em toda voſſa Cidade . E porem
o coraçaõ onde amor mora com
vofl'os Eſtudankes he: e o reco
nhecimento das merces que vos
ſou devedor me aperta ſempre
a fazervos algum ſerviço que at
teſte de meu agradecimento .
E aſií ComoJme efmerei muito
'no governo e creaçaõ da Moci
dade em ir pelo ràſtoe pegadas, —\~A
muy Iapagadas ja. do .fabio Meſ-_
treRezende, quezſora meu an
tecefl—'or ahi aviaduzentos annos ,
‘ poſto que minha--fraquçza me fi.
é.” -. Zef
zeffe ficar ſempre muito a quem‘
' delle; afli delle meſmo ora 'me‘
valho para cumprír com volco’ ſ
Offerecendovosoutra vez a Hiſ
toría~da Antiguldade de Evora,
que elle fez-a rogo dos Verea—
dores que entaó eraó‘; e equal
elle tambem entaó the offer'eceo
como era r’ezaó . _ .~ -J
Eſta Hiſtoria honraa vofl‘a Cí
dade por multas, vias , ç he hum
r—ico thezouro-, ‘e fundamento de
ſua Nobreza , EhforçogReligiaó ,
eLealdade. Nella, ſe funda huá'
boa parte da Hiſtoria' del-Portu
gal e 'Caſtellaz aflí Secularcomo
Epcleziaſt-icaç Ella declara mui
tas antiguídades que ſetiañ deſ
cd‘rlh‘ecjdas~ femme ,‘ e ;Pego ¿dq
-, _ l’ con:
L
éontkoVªerc’lás¡ épaªrederes; muy-r
deſvairados .— Ajuda muito a
Hermdneut’ica dos ¡iv-‘ros latinos*
é a ºrtografia. ;E aª ella fªz-ac..
correraó ’tºdos os que eſcrever'ªó'
depoís , com‘oſe ve' de ſuas obras .
De n’áa‘ne‘ira- que feádo o farol- ,
¿es noíſos: hiſto‘riadores, e" dos:
de noſſos vizinhos jdzia eſCu‘reCi-ª
dé e qüazí' apagado* ‘de
‘ Uádoke homens deletraº
éo‘m ellás-\Üatar fuas divid'as‘ , ªl
neſt‘ás' aªiiidaque aªlheás‘, Cºmeç'aíª
-de 'vos’ pagªr, pois—'que com‘ ou-J
tt'ò (¿Niçuf'lñ'é náó conſenre mia' ~
Mía‘ Póüqeíi’dªadè ¡r MENOS. -P‘uz-'z
pit-Hi èffllkíngmg'em -a' vid‘a dé
Mªrcª, R'èzeuae fèità por Diegº‘ ._..___——_A_

ueW-de-Vªròmwenos-Cmgw
’ºª-L) e 1n
e anuiaidor, cªmay #mador de
voſi‘a Cidade; eyomrqſipoſeu‘livro
do Municipio Eborenſe que .fer-z_
Virá afli para todos; e ¿mis pa‘ravſe_
affeiçoarem- a eſre trabatªhozºé
voffos principiantes do Latim;
B a: ¡fm ajunramos de Gaſpar Eſ;
cago, e dº‘Fr. Bernal-dark'.-r Erik)
ò'quê 'pertencia a antíguid‘àd'e de
Evora ,, cerrando a obra eom o
Blog-_ie que lhe fez o Chuan-é
Severim que ‘ nelka- viven e jaz
fºrrado. , .
E pórem fazendo bem' a eonï
ta venho a pagarvòs com oque
vofl'o he muitos tempos ha. Mas
algüa couza he cobrar o perdi
'do queotempo hia lavando, e a'
' aptiguidade delindo.
-. .' ÍI‘A
T A B O"A, D A,
DAS OBRAS
QUE VAM NES'TA COLLEçAM.

1da do Lecenciado Andre


de Rez‘eñde. y
Hiſioria da antiguidade da Ci—
dade de Evºra De Rezende. ›
O Livra do Municipiº Elloren
fi.- de Diogo Mendes de VIII¡
Concelbor. - / - .
Vaí‘ias Antiguidade¡ de Gaſ—
~ 'par E/Zaço Cap.43.²ate 47.
Tomada de Evorª Org. de Fr:
Bernarda de Brito. _ ~ -3
Elogio de Evºra de 'Mmm-l Se
› 'UH-im de Furia.
. "T" ¡1

V I D *A
D() LECENClADO
ANDRE DE REZENDE
ESCRlPTA Pon
D I O G O M E N D E
DE VASCONCELLOS
Tirada do Latim em Língoagemſi
Da ediƒam de Martinho de Burga:
E'vam anna de 1593. *,
- *if uma DE REZENDEfoina
' rural de Evora. Cidade
_, que em Portugal, depois
de Lisboa , tem o primei
ro lugar . e Aantigamente foi chama
da Liberalítar Julia ſegundo Plinio
no livro lIII. Cap. XXII. O que
confirmam os antigos letreiros dos
.. Romanos achados na meſma Cidade
.dos quaes trataremos em ſeu lugar.
× Seu Pay foi Andre Vaz de Rezen
de, Cavalleiro da Ordem de Chriſto
. " e ſua
e rªª.; Antiguidade: Gpes , mu
ſua May_- LeonctQE-,Vazªde
]her nam 10 de honeſto procedimen
to entre as Eborenſes: mas affamada
‘ Ñ ¡a cºm -Eodosem bondadc , e [an
tída'd‘e‘de vida’fï a qual tambem fe
Chamava. Afegelaz, que eva burro ſo—
bre-nºme de \ha familia. Donde Q n0f~
lo meſmo Rezande algum tempo to-'
mou o prenome de Angelo como fe
pode ver dos titulos dos, üvxos. que
na mocidade compoz. '_
1 ¡Poxei .as Pªlavras* de Rwanda,
tiradas de húa carta que eſcreveo a
Iorge Coelho no armo de mil"e qui
nhentoa e "ima“ e quatro; nas quaes
moſtra a nobre-zz dos Rezendes por
eſta guiza: ªr, ‘ M .
~ V0: no meareiy tal-Im 0.1' 'voffas
Chus-tios , au ‘ante Coethos , Parª que
efle [Je º 'vaffo fláreuom ,raiz-¡da que
Íèndo Primeiramentç Cadboxſegmzda
a propriedade da lingua Portugues-z
depoij U0¡ cbamafley Choelio, gue
muda-ª apelidurvw ante: affl dª que.
Coelho.
L \ Eu- cmtmpaxei-afamiliadax :Eª
;..‘. ÑD zen
l

De E’wm. "ª "ÏÍZ'*


¿MJU amigameme muy illa-fire ,‘ (a)
e agora mejia-Io nm defionbnida .
mm ¿Shaw, mm aſmro &mmm ,,
defiende-¡ire de Vaſro Martim de REX
Semi@- deſïvéªrmvmea wlbo meu quar
Ío AM ¡per-¿Gili, w.-ſe,qwreir me—
lhor Egididffaz mw Bizaw , e Mar
Iim VM 'maza AW ,' ¿í Andre Vaz mm
\ .Pay z todos RBZEIIdÉ’J‘ , age propag
' ,KF-1'; :..a 1… ’ ª gª";

z: (à) Teahohum eXEeUenw-Extractñ


Genealogico-flªa família dos Rczendeè
ªqueſe
o fervibde
P. Jozect- Lopes me deªr ſeu‘do Anillo¡
de Mira qual-fe
confirma claramente a -ahtiguidªdcï‘
› ’e nobreza‘de‘ſta familia ,Ibem eſtaheè
lecída , e aparentada na França enà
~Heſpanha antes dalfunªdagam de nofl’a
Morïarquia; C‘ depois em Pormgzfl",
13 particularmenteina Cidade de Evo¡
ra. Da -qu‘aHe ve tambe-m- 'QUe ‘muifòs
@otrºs Avos pºdia Hornear 0' ReZenL '
?de antes dºs’ ,que aqü'i :Tomªs-ªa xauu)
defle apellido como dude \Bayós
-que precederam aos Mzendes. *ª k
L
z4 Antiguidade:
gada por efflonſaes ligitimas ; e ca
zamentº torrente. E na mcſma car—
ta em outra parte díz: Eu ſam filba
d’bum Cavalleiro Portuguez que nas
guerras de Heſpanba mais de buma
-Uez den-aman ſeuſcngue pela patria.
Ficou ſem Pay {endo ainda me*
'nino , e quazi eſtando ainda no ber
ço: e foy criado grandiozamente a]
guns annos por ſua May; de cuja
inſinuaçam , evirtude abalado aindª.
na mel'ma- mocidade ſe acolheo à
Ordem de S. Domingos. E lendo en—
lïnado por ºs Meſtres do Moſ’ceiro
de Evora muy Santa .eA Religiozà
mente em bºa dourrina Ñ' e prinveiras
letras , depoís com licenga , e confe—
_Jho dos mcí'mos Meſtres foy para
Alcala, onde teve por,Meflresa An—
tonio de Nebri‘ffa, que entam era
muy affamado , , e depoís em Sala
gn-'anca o ,Portugues Ayres Barboza
* .quç ah¡ enſinavª o Grego. E como
…pj-alle ſe enxerf'gaſſem grandes finaes
¿LE-.muybem adado ingenho amoe
flado .pop ſua melma May e pa
ren

~___.
ª "De -Eva'ra. ‘15' '
re‘ntespafi ſeguir -os eſtud'os-mayo
res-‘,1 eſtolheo Salamanga , na qual a
cabado o eſtudo da Filozofia , (e a
pljcou "a Theologia , em cuja Scien—
çia apnoveitou muito e'm pouco tem
po. Depois paſſando a França eſtevc
na Vniverſidade deÑPariz, e paffando
a hi. ªlguns mezes foíſſe para a V…)
_verſidade de. Lovania , 'aonde o con;
Jvídou para ſua caza Pero M-aſcarq
nhas Fidalgo muy illuflre , que’ em
-BruXellúS era 'entam Enviadox'del Rey
de Portugal ao Imperador Carlos V.
aozqua-l como Rezende achaſe muy
dezejozo de aprender 'a lingua latina ,
particularmente enſinou, e fez com ſeu
cuidado dtrabal-hoºz ,que hum homem
tam illuſtre-,Sc ¡mitºs-em \ tal pomo
vde auçhoridade , @ja-avançado em
ª'annosſe nam coneffe de tero nome
de Diſcípuio, atrahido. do verdadei
—ro .pra'zerzÑ da ‘Alma-z queda 'conver
‘- \a ~am e: \doucrinaL-dc- tam affamado
:the 'Recebiasx-,s - (-2, c. ' 1
;Aconteceo MIR: Ñtempo. que-Soli
-mam Rey. dºs: _Tur-;98.;vieffq com
. J gray-ª?
*:6 dndguiíüdu
grande hofle cercar a Vianna 'de
Auſtria , ao 'qual ſahindo .o Im peras
¡dor com Aſeuaos
dezapreſſou ‘forte .cuercito e, os
Auſtriacosct, namſº
deſix—
-Livou do med'ode iérem Temarios,
mas ainda fm'çou-e fez fugirſioſaç
\nhudo -tyrano, Fªm'- ter t'e'no nªdan,
e deſtroçada
partede 11m \ehofle
¡perdida
,com húa .grándc
,muybgſi'r-ª‘m
-prazer
*dada ,‘ e›louvor
. ,deA toda ‘Ghúflan*
. ª! ſi ~
* Afſiffla aO-Impcrador 0'..Maſoara
.nhas trazendo conſigo a 'Rc-Zende no
*cerco , ~e nos mcſmos acampaªmtosg
.a quem ,aflï Maſcamohas, comº' os
.mais fidalgos -tirrham .em :muito por
¡fue -muim ſabedoviác coflumes Ín
<noccmes, e-por *via-.demªs amigos ‘
:common y tamb-ama fer 'cmheçido «do
…Imperador .-entnems amigos v*de Iquªl
-depo-'LS- «foi - conudoºde ‘tal maneim, “…V—_.u

-quetodos ‘ as vezes-que feliu: {offe


crecia occaziªmüdexífallarmos -Porlu
guezes que lhe gramímais aceites. ,
*noxtozpm ‘-deLle's 'muitas've-zes nomea
nm a‘ Rec-.ªnde .,. dèZQjªndQ‘ª ter mou'
—.'.'. 3 cias
/
‘b

De E'vom. 17
cias de ſua ſaude eeſtudos: oque o'
meſmo Rezende muitas vezes conta
em ſuas obras , eſtimando em muito o
amor que o Imperador lhe tinha, e
boa vontade ganhada nam por fervi
gos, e .votos de ambiçam, mas por
fama de bom ſaber_ e virtude.
Mas affi foy deſprezador de ca—
bedaís-, e riqueza , e dotado de tam
limpos , e innocentes coſtumes, e
tambemde hüa notavel grandeza de
Alma , que tendo ſempre- tratado
com o' Imperador* e com el Rey
D. Joam III. de Portugal, e outros
Príncipes ,ªaos quaes foy muy aceito;
Com tudo~ nunca paſiÜH de bum li
mitado tratamento, nem cubiçou’mais
alto grao de dignidade, nem de rí—
quezas : (I) Contente e ſatís'feito‘
ſempre com feus \':ſtudos , e repouſo
literario; Oque elle _mefmo diz em
muitos lugares , e principalmente em
B hüa
(I) Vejafi- 0 Cap. 45 daqflníigrri-f
dalder de Gaſpar lil/2450 , e 'a mmf'd
"i e] e31. I'. '
'18 .dmig’uidadex
h‘üà Ode a Jul-‘ià-m Alvez ’varam FR)
tavel-z que depois foy BÍÁ‘PO de ¡Mi
tanda», e a-Pïero Saúdhes cowádando
à' ambos , como àmi‘goè muy che-ga—
dos , ~emuito ſeus para 'ª Gea nºs ſèus
Sarumaeszz Ó—náe ?junto-ab "fiffleáffi'
canta: ' ~' -ï ‘ 7-"

Viuamm ¡¡ºdie ,.nªm cms ndmmr ,an-ul: .’


Aula. tumuuibus grant“: . ‘ .10;, , z
thnçuam afitªptumzmilzi "bl-Iré¡ ªffçt 1, dt_ m
Tandem pígentfªüª: . ¡ ª ¡Uz- ct
?Infinita effict [mins ,mufis prenda-g hniſm'j, '
;- thuumqua di¡ ªm't‘amv dar-tp; , -. unª' x
.Exigen , Aam’a: deduce” monte-fºra":
› Aman ca nda exfehderí . * .
Ne' lºtus mary?" , fed ¡un 'Fªm pzffima ‘nªflrª'
y' , _01m_jªpan/Zn_ ,wfnflr‘ef .ſ U '
Pi“_ªf mjbil _baja ng ſaturnªlia. ªdcfll ›
\Ñ,.

EſCreveo multas Obras -alygüas das


qúaes"nàm quis imprimir, e cunas
a’ra]hou, e nam deíxou acabar a ſua
!mayte ;"cntre as**quaes foy ar-Hiſto
x3ajflas'àntiguidades de Portugal, a
Quªd" depois de fuª mºríª me :Yan
x . L . ,
Dª’ .’ÃSZ’W'ª-fi . 19
dou \Cªnºgar eINRCy Dª Antique pa
ra -ª' :revereiaeªbaç , comº» ſe ,pode
,ver na canta…"q‘Ucdhe _eſcrch-z e man
dei:ím-pñmit‘mm-pçincipío dauobra .
Í ‘Fòy hpuis-Óo-Ñ ROTO Rezende meu
part-ic'uªlzzu*x amiga! e--muy ‘—chègado í,
e" ‘à‘ iñflañèías 'minha‘s iª Té’zoèveo a
éó’ffie‘çà‘r' èfiaª’ obsa‘ -nàm *embargante
ter pron‘re’nidó kº"Cáfde'al ²D. ‘A‘ffod—
ſoªªºêtè‘ áª‘dgf‘ªêªªlü'z muito‘sª‘à'nnbs ‘an
tèè‘ ;ª‘com‘o cbhſtaªfd'è huns ,vé'rſlosi‘ ſeus,
"¿ïüè‘ ‘áhaïx‘o ' 'çſçrev‘è‘kei :²* \tías ;huqqà
ſErÏIÑR‘t‘I’I-;exïre ‘é'd‘ê -› pearadd_¿x‘rab¿1‘110ü
nenª.;ſén‘áixfhïpªxrófámíºïs;énfeá
ſuá“’mºÏKÉÁ‘ªºSéjªm'c- Ϻïéſi ,Pêrïmíxïçlo _de
por áq‘úí Ósª'r'íx'ú'y’ èlègàñt‘ès… Fér'ſòctsï,
nos quaeá famdodemi honrada‘ me
'moriaclaïamente confefſa , que eu
nobnigata, aÑcomeçazr ‘a obrardaè Au
-tirgu‘idàdes-de Bokmgalz. Poriflo força'
ídofs cºnflrangído ñumaſaxyr'adiz .affià
:QA-5;; "vſ-'rªíz M91?,[KEY-Lg#"natuïqªíjyéz Lª:
AMY@ . ?zi-¿ej , _Mª-¿quªm pªrªfinª-gym.? WI"
?{g‘zè‘eü‘qfïàzjz: ¿ji, uz¡ ?Mmmm _mz-¿orfan- ›
‘tmmzïáè’ 'nm vis‘ fMIEL?
EI' "I'M: "Itccttéª'ciá ,aflªüzjnlª
nn‘m‘n ‘meniám
Mia' :hª . ’Í " ,
uu' B il In
20 Aritig'idí‘dddès
-H mila' quªndºquídem _ſem'o 'cºmingit ªdulta ,"7
'Vt findiª , m qu nie gm‘ ¡tªle ªdflurat auflrum,
@aque ’mi cªniti‘mfuªtam facial…, aminm,
Scponªm calamum , paliar Quiz-¿Meu liſ-m ,
*Liberª per ¡¡Içorummidop' aªn-¿tur Amchn'e¡
Vqſconcalle ,dº-les ,,ac par- çmiciq mªrch-'ªyªg
1am dencªamcm , ¡am mania. ſqcrq MÏP‘W‘Ó
Exª/"um , nwcare ?ªvi-‘.4 @onumcnlaquejycfflzz
Lufitªnarum , medie defina çurjja, . .2
.Ntc _ſummam qd metªn¡ perchª-r4, turpc puta bj»,
Dèízüa ¡ªm reg¡ , patriª?. !ſb-’17'14‘,
Quem m/lzi ch iªri.; 'ruiz-¡tia flmima, "gl '
Elqui¡ geminumjgcus ,ſi º‘ [in: 1gb: furcntl'Sf‘
Ïnuidia ,ª "-1001: , parilislvel ;andar vtrímèà‘ ,A
N‘fh’t 'inàïrſiuptª pp' ‘hawaii-viuda mm z
Mulaſ‘ menu": caitffàm ;zz/i'm ‘law-es . '

Nemme parece rezarn deixarpem x


filencío huns verſos, com ,os quaes ›
me brindou, na ocaziam emzqim‘hol—
ed’ei :ha minha'
ontárelliz que caza a. Mr.
.depòis focty Matheus
Catdeal
do titulo de S..'E\k\evam , viudo a
¡Tºrtugªſ-nª.
vſerehdo cºmbªhhià
Cardial dd ,muy
A'lç'x'ahdrího fªi
ñePotſie
ou
muyf’o‘b‘riphoztdo S." ÏÃÑÏ Pío
ª.ª!Plª,iªÏr1\dièª\Pſi .º *tijxihªÑquèMªª.?
CQUÍI
'.
DeL-{Jordi , 2,¡
'do \aíèl- Rey D.lSebaſtíam . E 'eſtan
db nos a_a maza, e tendo. fido tam—
bem Bezende convidado para» cear
compoſcqz nos offereceo hüas Cidras
e, opcrasg, couz'mhas 'com eſte- Epi
gmmmêª .‘ - J
ª "“1’an magnific’as Each , ct amylax,
'~ ‘ª Ada-10,543 mágu‘ificº 'hºſpm ’pª-ªm ,
' , Si ¡¡dem ¿lbs qmqul n‘zuncr¡ pufillo
_ Vªſcmcellç‘ 10mm?, iufimum [ie-dit ,
'De naflroſi id rain' quah‘cum’qne rªre.
-Mittunt res/liza "ruflíci pon-¿v- .

,Antfç os .Pokçugyezes'Ï ncnhum,


houve‘ aſí¡ dá familia .real",_ dps gran
des .e fidªlgºs I. $01110.90?: 'mªis hº*
més de l'crtra's , que o- *damnfflnafitçz
e conyerſaffe \ªny afficadgmçïxªgè Más;
Pgniçulaçmçnçe {by aceiçq , Ñq cabidoj
cpm' o_ ‘CardcàljD. Affonſgz ijçbamdçl:
RFY›D' Jºªn‘. IU¡ Pfilz‘iªl {ºlgª'ü
va com a convérl'açam ,.e doctrina
de Rezemde ª que ÑthÑEªLPrincipÉ: ,u
e de -tal ho'neſtídade-,ze authºxidade ,
e de. ~tamÑalta :, SKI-qa! grandezª .,z ſ:
~ *nafm-cnvc’rgonhàya
' ‘ ſi'
de, 'mg fug‘ªſqouªt '
.I .d- *ERIKA "ÉL F7)
22. dn’z‘igàifflázly
e ouvir. ſu'as_ lígoê’s,- ¡Íam‘ ſen‘dè já'
meninoï Tínha ReZeªnde ent‘çtm ¿aiº
Aula ap's Pagos do ditto Card-Saiz e a'
See rain chegada , que podia-tomé;
damente ir a-ella o ‘Cardeal "pet ‘ o)
alpendre da ſua porta acompªªnhadóª
de Pºuººsfiáªlgºs - E -de—PQ-ís Swºr
te dqeſtirhªdo
nosſi Cardeal do
Affqnlb,
‘Cardealtianyfoy. me ,
Hgm-¡gue
o qual lhedçu glgttns be_neficios-, (l)
e o admittiç) no numero dos_ ſeus- crea—
dos , e poderia tex mores deſpachos ,
ſe 'chegaffe ao ſeu Reynado, mas
finouſe ‘reinan‘do _ài'ndª el Rey D."
Sèbaſtià‘mx , " ' É
Ouïf’ó ſi 'keveai‘n’izadè' comfflmuíº
ros eſtrangei'tªòs’ª'prliñtipalmente fidals'l .
gos ,. e 'lªètr‘ádos inſignes-ª. Em -Lov‘a-'ª
nia amo'uª ſób‘r’è "todºs a Conradòſ
Cócleniſig -,ª [ibmém- clarª-Mimº"; ’como‘
fijóflfia ;èñj L=1’1’í’m'muy èi'eg’ante Ode
.QÍ'. "…'Aſi— ._ .'Ïy'." "_ . ’

1* -LÍ'I"‘{¡zª”
(l) Quim!? --aamBeneficiw gm- -3
'Zºe' Fadeſè-'Wr ,a !70m que '011i adidn-J
reí-"a0 - ’Capi 45’; dzzſir Amigm'dadm- de :
(Fa/par Eſíaço n. I.
.De Evora. '²3
feita
ſe aquem alouvor deConrado,
aponsar , parecemcaqual
queſi
nam deſagrádarz't aos Leytorcs. Ella
he deſta maneira‘:

Te non plus Mºli: -ªmem ".


Cºclcnl , atªque anima, luczqu: anzíu’us
Dªim- fiel-rm Iluhm
Exartu "fent Plug/Maru.: ¡¡Mªa
w‘ “Ann \at fidsraum ¡alzar c x
Saluetur , ne: m't ?hen/jªbºn: ¡gruas,
@Mim le nºgyculis amm¡
.Pins, ipſvqm ªnima , [auque ami-:im .
r Qu¡ IMM qffe tm' immemcu
Arm Oblitas tri) fat -jïurmupiª ,
FIEcteIurque retro flama¡
Nata”, ¡tapa-ítem , ¡up-0914( flªtſ-Fª,.
- "WI“: Autº ªgrº: flªn ¿rc-mina. x
Ant: 'und‘ OIL-maurº deficimt ſtu1'
Ant- amm-5 raflm‘ parent- .Mi.
Fontes , ªti-¡¡J mprttibus ‘dm'. › Z
Ante ad- Kimi¡ fut-um *Nºªm:
Pigralmnt fiªam ſrflarç 'Intoiinſcíªi
Candjlzua 'varía'ficgacüus , "\
Silul. cmuem'imſcumigera grtgi'.
De me'finman‘mm ¿ſcitt‘ . x
"I‘ Qu mnumyu: manetſm, regio, aut plagª
de Sim
2'4 Antiguidacſè:
Slug Orbis' Tanaiticus .
Mg , ſiu: anipiet iam reductm Tºga::
Sine ¡bº aſiz'phcrºs Libas
Seu me fiar: hªbmt decaim- India.
Hare“: memori , nah*: -
Indekbilibu: , pªctar: condituſif
MIND riuulus ingem' \~
Quad naflri flm‘t :x Oceanº tuº , .
Tzflaturus I’d ªmplittr ,
Dam ctrnam rºſ-i flammam Hyperiºn# ~
Mim man-"ficentiarn , .I.
Et :ame ingmium . Quids quªd ªma: para'
Nadº , me, meaque ºmnia ,
Nec van“: reiki: ::n-mina ruflíci!
Quid: quºd' cºncilias mihi
Immortal: daras: nºm quªd ¡¡mafias
Nathan , quºd!“ ªliud, tua
Quem quadſ-:Apta da bthªh'm egº dªria:
u ~ Te fulªnº videiiut '
Inuita , cine-ru iam ſuperabimus:
.Et per [yam’as para: ,
tenian-lam ad jpolium milan*: ºur-ei.
.2-.- SOIM pºdras ::mºbile
Cochª¡ , o ‘Mim‘ dimidíum mu .
Quº te lay-mine pre/¿quan
Matan: qui meo-:ti: carmim'¡ t; ſúper .

~\ A - , .~ ’

'Te

H
De -Evam. 2;*
Teve mais amizade com Julio
Phlu , e Joam Dantiſco'Polacos , com
o Cardeal Antonio Pucci Italiano,
com Gracilaflb Eipanhol , e com mui-
tos outros aos quues ha hi verſos
que Rezende fez, e nos pertendemos
fazer imprimir akgum dia . ..ª
Na ("ua mocidade , como jaítoca
mos, andou por Heſpanha, França-z
Alemanhg , e Italia donde ſcu nome
ficou
de lá muito
achou acreditado,
ſer falecida efua`May,V
tomando

cuja falta ſentío tanto , que outra vez'


ſe quiz auzentar, e deixar [ua Pa
tria, ſegundo ſe moſtra do EP'Icafio
feito em memoria de ſua May,` o
qual ſendo achado entre os (eus pa;`
peis pareceome a propozito copjalo
aqui: eſtava eſcrito em lentas 'gl-'an—
des neſta forma.:

ME
26 Antiguidades _
MEMORIAE ET P1-, ,
ETAT¡ DICATVM. '
SAr-.v—E MEA MATER FORM!:
NA lNNOCENTlSS. cv¡ ME IN'- ,
TER CVNAS RELICTVM PIv’sº" '²
PATER 1²mm TVAE NON IGNA
Rvs EXTREMA VDCE COM
Mlsrr MORIENS. qvhvsq. -…
PERPET-vo CAS'I‘lSSlMGQ. vr. Ñ
vam EDVCATVS LIDERALI: ~'
TER- ninos XXXIXI.-Qumqvm
ID AETATlS va QVIDQVID
FvTvRvs POSTEA ADCEPTVM I

uno. Avmra NORTE TVA


ADSV-M AB VLTIMIS GERMA;
ms RARENTATvM CONLACR’I.
MARS MAESTITER. WSTA SQL.
vL'ET QVONIAM TE, V/NAW EA ‘
MATER ADEMPTA MWERABILEM ›
ET ORBVM TAEDET PATRÏAE OLlM
DVLCÏSSIMAE, ITERVM' PEREGRE
REVERTOR.

L. ANDR. RESENDXVS ANGELAE


LEONORIAE VASlAE MATRI. PlEN
T155, ET B. Pd. D. S. P.

I "í A o
l

DeEmra". ’ 27
O 'qUak po‘ſto‘. em língoagem‘ diez
aſſi : A [amb—Mſ@ e 'Piedade C's-Uſb.
grada. Lea: 'vay fizhze madre min/M
'mal/Jer muy ſazzcta a quem meu pa
dre ſeguro de vaffa fidelidade , eflmz
da em pfflffammto , e leixaudamaaín
da no berga, 7m¡ ſuax dermdeiram
palavray me encomendou. Em caja,
'viuuc‘ªs perpetua, e muy‘mfla XXXIII.
armar fuy ¡¡ºbre-mente doutrinado: :la
9M] ‘me 'veia tudo aque ſouate baje,
e tudo o que ſèrei ²’40 diante. Gavin.
da’ a' tua Marte ?Jim dos fim d’ Ale—
manba’ cbamnda muy tri/lamenta, a
fazerte M obzequim. Cumpñ minhav
oérigaçam . E por que ſem ty‘ 1144-;
dre minha a mz' ‘meſquinbo e orfam;
Narra-ce a Patria noutro 'tempo muy* Ñ
doce . 'Oütm 'vez para [auge ,tambn
Lecemeada Andre de' .Reza-nde 5a..
Angela Leonor Vaz fm; Madre muy
¡bea de Piedade , e de ‘Mererimentax‘.
.Da ſeu dinbeim 0 pos. E poflo* que;
pertendia ’dcix’ar a' Patria , movido
d'a authoridrdefdel Rey D. Joam HL" \
e pardcula‘rmentüdo-Cªrd-:al D. Aſ.—
_fan-j.:
28 Antiguidade:
fonſo, deferio a partida, e perdeo a‘
voatade de ſe .auzentar, e em Evora ,
onde entam Por alguns tempos eflC:
ve a Corte, ſev rezolveo affiſtir 5 a
hi teve cazas pequenas ſim , mas com
ſua arcada , eſeu jardimzinho curíoº
zamente guarnecidas, e apraziveis‘,
e a \eu dono tam agradaueis-, que
nunca envejou as eſpaçozas- entradas
de outras: elle ás attavíou e en-riQuexceo,
repartindo por dentro dcÑllaS, e em
torno do jardim .os marmores anti-v
gos , ‘que .pode deſcubr'xr , com os
letreiros dos Romanos . Adujoçſtuffl
do tam afficadamente ſe aplicou que
c—ad'a vez que ªvia de fazer jornada,
ainda que foíſe comprida ,-,~ fazia' lef
var 'autre a ſua mataiotage'm bum-,cui
xadam , e outras ferraznent~aS‘-: .por '
tal que donde apareceffem veſtigios
de antiguidade á ſua,cufla Ñ- e. dili
~ ge'ncia OS podeffe' dezen'terrar , e moſ
trar a \eus natura‘es ; O que, fez em
muitos lugares , com- tal cuidado c
vontadeyqueſi por ¿:u'mprit ‘ Carne(
ta'dbrá. nunca—:ja mais Forma. hem _deſ
PEZKD,, nem trabalho. / Mu
De. Evºra. ay -
MudQu-o habíroï da Ordem de S.
Domingos no de clerigo com licenga
do Summo Pontífice,, indo ja em
meiª idª‘dez tªndº@ lrazido perro de
!Tinta annos , cuja mudança de habi
to fezde maz-vente, e -forçadº por
ſer vconflrangído per 'os Prelados da
’quella
l‘argaffemhySàncta Ordem
Ó habito, ou a que
-tornaflſie ou
a ſeu
'antigo- ' moſteiro
ſi‘ .~ (1)- 'Pórtªnto ób‘riª
' gado',
\

~ (-1) Brovaffe 'i‘ſtb 'Evidentemente de


ſeu teſtam’ento no qual !div aſſi : Ir¡ pri—
mi: declaro que ?ª noſ-bahi—
Ío e 01'de de S.*‘Da_mingo.c ?zh-*Mafi- ,
Niro dªlla Cidade, :ajªja-!le fiz‘prqfifl
fam ,de :rouxe o habito. ¡tajante de
{rima mmm-z alba-_que Fr'. jenny
maP—adillm ma faz tirar pºr :m ſer
exempto , ’e eflar. em. ferviço del Rey.,
‘e de -flªmt J'rm‘aó’r, {EMO ella" Para
iffa 'bumª breve- ‘Santa :See .Apofi
TaliM‘ , ‘ como conflürópar bum inflriz
'mm‘tá- que ſobre ¡fio z'irez‘lfeitª pºr
Fchpzje… Dias‘ Notaria ¿pq/Zaida ,De
Pratç/iaſªm gue-fizz ,
:zo Amgaidddes ,
' , gado -mudoh Ó. habitó ,r \M51 üa'm .o
@merida Rchig-iam , \e @la &Maragªl
.munidadez antes {WWE ªlfªlfª“ .le
bufc-ou , ,eÑpa-Ea ¿DRKMY’DZÉÍIPUÏI'IÃ
_ - :1- Ñ 21'ſ! mhz . eos…: DE*:
' 'l
.Ju G.7 1- .
Ñ "Neal-Em eveï-Mtezrſiª… Mir rm
p_ ,bçêitoÑ (zu-,em , qbqqmgzm… _ ,Hull-_z
251M? ‘ EpC-lemºn? [51].¡ MAYA-ªºſ";
.fm-\122014² 'dt-’.Pºdff‘ …dªr ª, lª?: 4; 'Mt
jſgg‘çéêu por min/ba, ¡ndª/iria adqui
IMEIJAZÑPQEÁÍLCQÉÉÍU—¿ÉflíLJÏIMÉ’I'
¡Mammª , ,Peªs &Mutuª-@wm {qui
. MIDE’ E’Ídepohrímç: (reafirmauzz-ijêº Io
JH; ¿QmMJ-Wfflſ'fflr
&afilada g-zçszdz.- Wir, iffi) MW Mafi—
Za‘r.Scªmmpzm/Émlper dmzfr Bullas
' 110
qzze-zdiff‘a Fanboy-,a
a… Ñ C‘aïctbmw porfame-7,23373_
boa: ,~ :e do:
mandan
-gme-me _fiqffamgwamffldas , cºmo 'IM/.l
‘Mrªz &Peri Mªmma declaratoria ¡que
me pafflòu; ,e ¡¡¡dadª-*paésem‘tem:
padafflafla Pia/Fendi formadas a'mM‘-.
AIM-@wr- ,z e examinar cºm-N Ñ En::[ae
-a’m dm .Ordgêy -e,…,Mafleiram¡flJ\:ditº—t
'.WZÍMM Provigºêy Jªfomà' 'vi/Ia; , -c
ª .SÃ-IL". . ¿ ~ º?m ª*
~-De=‘ETIIm. 3.:
eſco’i‘hèo ‘ſe'pultut‘ſàf ¡¡Ó-'Meſme Cóven'*
to de Evo-rª , -na {ªrCada que‘ cha*
mam a‘Oraſta ,‘\àlptà‘fta-db Capitulo'.
Finouſe no anno da ſalvaçam 1575.
e de fuajdade hºmcmalto,
dhokª__'g_fande'sj,‘ :(Bàbe‘llò crèípp , ,o
fembïgnÏh algi’za ªçpuſhxrigúeitd , más
alegre; \Hªdª ne'nhu‘m -modò. tariªega~
aº , cªpªſà'ÓS'ſèuS ’Di'í‘çipu'los g trea
d‘os muy'ſeverd :< Se ªſua :mi: *Ta‘h‘íº
rai‘n ‘al' fishqmêsj‘idſigneè 'entreºo'k
quads* ‘ bum Ac‘hilles Eflaço'. Eſ
ra: 'fª-‘1m‘ 'as moti‘à’iasſda* 'v‘i‘da ‘de no‘ffo
Rèzeñdffef qUEj"r‘nè“ÏòáréceT-crm -Ïñar‘ecv
dò'ras- 'de còntajr‘*‘StºxªAtequi-'ªDiogò
Mendesj‘qe Vàſconçèſios .x’ ‘x .'
. …zſi-. .. fa

?Xaifiífiuctm ‘dr/Q
Por *Pedro*
Dça'òſi‘zïa @Mªde ,deCPM—Blªk
Miranda ‘

wffl--Fejrrèi't'alªmvizár z ‘e por-Fr.“ 27m


ï'ohïofFFEÏr‘a-Priar' de S. Dafhingw'
?ºdárªt'rej’ como üPQ/ﺒlirórº,
e julgadm por boa: como confíanípw
*fe-mw@ ſobre ¿fflàpªr elle.?- dada , que
’nutre 05~ªpziPèÍzſ-, º? èjcripmms v1M mea
cajºn fl alabanza, ~
3 1, Antiguiddde's
Ajuntaremos aquí huns lugarecï-do
ſeu teſtamento que falam. nQSÑſeus
livros. (I) E porque algunsrhomens
› - ' .'Lſa?

(í) Leixo a minha livrdria aaª


Moflçirozde S. Domingos , »convçm a~
ſaber" o que Mmm a Tbeolqgifflſqá
grada Eflripmm ,,ÑFilozofig',, Hi/T-r
_ toria Etclq/¡afiica ,. çxpafiçam‘de Ana
!bares , ¡e aun-OI ¡im-01“ ue dle; jul-_
garem que [be [am neceffizriªs‘z .ª lbs_ .
pega por caridqdç- que lalgüï livrox
eflriptoxde mam que autre oyoutros
fi- 40baqçmo¡ mm clic-nan, md; guar
dem , por que por’ .tªller/2- podem e—
mendar muito: lu ares corruptos que
U² andª?" .imPÏÉíQ-ÍÏ: , Í… _
, Partículas-mmm - [cªixa _0, liz
vro‘Grtga jamas-¡Clinªwcby b D; aſ?
tmfi; iq¡ Che/um ;Je-:him BibliaªHe
[Imiçadlderizz . da :impz'qfflèm ¿a _Aldº
ao’ Callegjq deſffllju, -¿Ï affl q-zBiblia
Gresga‘ta'da. - :-— … .
, -… Lei-xo a minha 'Ïflllifl m Illéffiriſªr
ſfflºflfïlllªï- Duque -d’ 'Aveirº I 'è 'e' Nº‘ A‘
v ‘ .ſiª 3“
”De "Evora, 3;
fabios tem dadcto a‘Rezende’ nſios ſcus
eſcriptqs o .nome de Lucio, advirto
neſte‘lugar que a‘ ediçam de que me
ſervi para fazer eſta craduçªm que
.› ' : he

meu cofre ba by tre¡ mazda!. dom-0


de Nero de que el Rey noffb Sanbar
me fez mercee; e ba by mulªta: de
¿Dz-ata muito curioza¡ , ſe fila illa/iriſ—
fima Senboria ſe contentar...dzlla.r ,
e affi doutrar matiza¡ ae à‘by èſtanz,
_ſirvafle della: ,ie lem relbe \que 'fuy
Meſtre do Duqu'e fea Pay , eda Du
gUEZa ſua May__.ª.‘.. "- .v ct.
Digo que poh-quanto a vtra-z tmbn
dira que deixa 01 'mms livras‘ ‘de TIMO
lagia , e Filamfia, e equ/lſam da
chripmra aa Moſh-ira de S. Domin—
gos della Cidade; e day mai¡ nam de
"clarei 0 que fe avia de fazer delle-I,
mandaque ſe vendam , e a preço del
le¡ ficara, e ſe arrecadara ‘ para 0
mea berclcira. . . . ~
Man—
34v . Antiguidade:
he a primeira, e foy feita 18 annos
depois de feu fallecimento tambem
lhe da por eſtenſo o nome de .Lucio
na primeira folha. `e eſta foy a meu
ver a cauza porque os ſabios aſſim
eſcreveram depois: mas no fim do
feuTeſtamento vemos claramentaque
elle nªm teve eſte nome , e que pro—
tedeo o 'erro de fe interpretar mal o L.
que p'os ªntes do nome , lendo por lel

Mando ao meu herdeiro que ten/m


muy bem guardada: as pedra: d' an
tigøalba: , e letra! Romana: que te
nho em minha caza para todo tem
po ſe fizber 0 que nella: fe contem .
~ Manda que o: meu: IiwaJ` de 6'. Fr.
Gil , e d’Arquitectura, :todos o; mai.:
livrar , e [Io/iilas que tenha campo/Zur,
e me temv efirripto de fora partes , e
letreiro: , todo figzze aa meu herdeira,
e elle 0 tem/312 todo muito bem guar
dado qu'qaefam muito pra'veitojoƒ pa
ra a ſua banm , e min/Ja memoria .
- De Evºra.“ 35
le Luci-o devenda ſenlecenceado . (I)
E o Dºmo; *Joze' .Lopes de Mira
grande Iaveriguardbra de antiguida
des, e de /muíto bom voto nellas
me affegurou ter v'iſto mui‘fas Ve‘zes
em affénros de Baptiſmos e Cazamen—
tos faltos da propria iman) deRezçnz
de , affignado por extení‘o Legenciada
Andrade Razºn-de. Ainda que outras '
vezes . (e affinava Mei/ire ,dm-{re dt? Re
zmde como eu meſmo vi nO/ ſeu 'reſ
ª' . . C. ii f :Ia

(1) Ifla a l determinado arde-710 que


guarida a e01‘ aprauver cbzzmarme
meu carpa [cªja enterrada 710 Maeflez’
ra de S. Domingo¡ mz feª/¡altura que
Para iffo partilbei com o: padre¡ ,
[mandame 01' padres 170 habita (¿a Or
dem cam que me c—riei , 0 qual cu mm
.m engeitei, mayfizemm—mo [Cªixa-7,‘ :0—
ma afflma ten/20 dito; e 1m dira je
pultum que fiªnza a entrada do Caz—
pitulq m melo fl'pomſi 1227.2 rampa m- y
36_ Antigm'dades
.taméntò, e na aprovàçam' dèflc: e
porem he certo queiíe fora' Lucio bem,
deveria afliuaríe Mcſtre_ Lucio (Tc.

za tom bum letreiro 'que diga Le—


tenceatús‘ _ Andrew Rqſendim ’bit fl
tusqfl.~:~=
Aqua] pedra na verdade ſe po‘z'e-ain—
,da hoje fe conſerva com eſte letreiro:
LARESENDE, mc, SITvs EST.
A
z ;'¿ L? I. V‘, ".
¿A 7.-?… ºV,_*’ ‘ _l

DQÏMVNICIRLQ-SEBORENSE _.
":1 Ñ 535,112“ ' . Í
w …115969 -QENQYS'QIE \YAS‘CÓNÓE'LIEOS ª
.- Irª-,Conªn e-Inquïiiªoé om mn, ;A
Tirado ,'jdoſi' ‘La-fiin: Lingoa‘g'èínª Ïld
‘Ediſam de Marcimae'Bargax .
‘Evora img.” "'
:-Er chamadax eflalCidadez 'amigª
mente Ebºra,,›ze-_-dçvzer\e Chamar
affi pelos labios, "…Co'nfla, nam: fºndº
Plinio, PomponioMelIa, e~.doÑ Ixe-9
Hºrariº :-5161 Antoninº z mas tambem
dºs ,antigps-Conciliqs çelebradOS ná.
Mªaum, ¿e dºs antigosditadºs ,Lºu
Lºgſ-?HHH day pedraja -, , ,-achadas dem ro
da-.aCida’de, ª ªznêº-ÏQQ' ,3er Ñ.; dºº:
quaçsüxxªtªI-.emos 15ng .- í.;\ -,~:'\.:..!
-- : ,‘ngu'í -\ç…v.-e eflaccrxªdo o lugar de
Pºqlºxnªº ‘Bºlêºhªmªxfl, cſta (Mªde-Eªu
mªz ª ºytrafiªüzªdªm Anda-\Wa E7 .
ra :Sifiªªdºzffi (¿Sªnz-!REM eſta- !Jº-flªt '
ªºKºsſEEEçªMïªdªJEm-ªzze ?LUMEN .
3
’J

3.-: ’ª '
38 \Intiguidach ‘
ra de ſób’re nª‘rhe Cérm’li: ,"ſegimdo o
mçſmo Plinio Liv. III. Cap. ll. e Pon
poníoïque pfèr »‘ſe’r-Iiatural deMafiaga
da meſma Prevénçjaldçzſindaluzia. , he
tCÑſtc unhaabºxxªçla , ,
‘ ' a"ſe'rñ‘eïliafi’ça"àò ñòmé”"iàm
bem_ eugúhau ªºSòiabaím aªa-:Stevam ,
‘no Liyªq Dax‘ Cidadçg‘ª, ÑO~qu l (ªq tens
i'ahdg poucoÑ ás *Pàlàvífajs "dle" _tzrp -a'm
deu‘ 'a h’üa o'qúe çra‘jcïe, 'q'ur'ra’ 'tó‘rñ'an
do Ebum pòr'EbaFa'ſ . _
-~"Í‘ E nam lie de Ïeſpangazrgqueïg::
Hºndo Gregw',Í›e-em 'amm .
térraºs n'aſcidos‘, foflïxm mgán’adofl_ pòlj
a‘í’emflhanga dos MENU"- 1 liïfflïi
1-... E porem 0S~Laünoé MMM-nes
de Geºgrafia., quejanª‘dosf ‘Mami P99
que- Weamps ,‘Yñàlifií'eªcrjwlï
ra‘rem -efles names èïªá¡ êfieçªſég’u‘üé
mo’s a cage. : BrowúàwraMdavTauPeffl
outra 0m "lªſ dé‘ ¡ªra! " áz’ï” ſi"
‘ ¡3 MSI-‘doi‘ ?IEEéÏé‘çeªÍun—
dagªm défla gdïadègï ‘edà-:Ñ’Yue‘llè'º’ffúé
?ISK-\Zameñm ª’bò' 'ou' de’ à
e _ ‘ ª1'- ;"*uªinªàhag iª? “¿Maª-a - .
Wªrs-Maª -éòüfàleffiíïáfladèªéñï
'I ¡ª—
/
De Evora. <
tamanha eſcuridam de couſas amigas,
(¿Ivo vo que folgar de eſpcrdíçarſiuas
boas horas , éÑ pevder o tempo com
Wtitozas , e comrafeitas fundaçoês,
e come-gos. ª , \J . ,

.ª Dnctchemos iſto aos amigos Eſ—


_crjptoves , e pan-«IÑ—qdízer ‘aflï , con—
cedaſc ,aosz Gentios, ue ouzam de—
_Iivar os começos,das gídades \de muy
yelhqç; cºmentirqzos contos de feas
,Dcozes ., 'e Deozas .
A nos porem , que temos ſua _fu—
.Pçrſtiçam min-menºs‘ merecedora de
;Lambada ,z quedçcompaíxam , cum
pu muito de Matar verdade Ñ e *nada
affirmar, ſe nam o que for .nmnifçſto,
cupºſ teſtcmunho \de alguçn author
grave , ou porlconjecturas make-pro¡
vaveis, ou polas proprias memoriªs
Ñde amigos letrciros. _ \ 1-'4 ,
Mas, pºr pªrecer :que: z deſ*
-prezamos tºtalmençe eR'e-z'çrgbàlhg
nªm- Cºrreremºh dº… Pºr ?chªi- -dc
:hüª ª .ªutre muy-em :41W Cuidª-mdp
mmtas vezes, e por ,mmm= tempp…
ª Demaſ_ z' '995? &Pªtºs-‘Q9’ nºs
… *' eo—
'4o Síntiguidades
Geog'rafos, 'e noutros Eſcríptores-J¡
Eſcreve pois Plinio no Liv. III.
Caps-'1. affirma'r -MSVaram quç'-‘viei
ram'em todaHeſPa‘nha- lberos',` Per
ſas, Fenicios, Celtas, e Peno’g-Ï
E leixando ora os outros, ifio meſ
mo‘ affirma Strabam dos Celtas‘óu
Gallos, dizendo, que per os Celtas
fora povoada a maior partedaquella
terra que jaz antfe Tejo e Guadia'
na: e mais abaixo tratando do monte
Nereo diz aſſi :
¬ Moram os Artabros extremes jun
'to aotmonte Nereoque he aponta
dolado do Poente e do Aguiam; Em
torno moram os Gallos , os' qúaes
habitando junto ao rio Guadianal'e
aparentam com elles. Eſtas couſas
Strabam. ‘-
Í
Diſto ſc ve abertamente 'que o ,
cham em que eſtá Evora fundada ,
'foi habitado per 'os Celtas, ue fe
nhoreara’m as terras -nas He panhas
-primeiro que -os Cartaginíech -, e
Romanos. _ ' ‘ ~
-- E' c‘rïvel-he que eita Cidade fºíſi_
ſc
-De Evora. 4; '
le fundada , e nºrheada pelos Ebu—
més Belgas
nectnſesda , ou polos Povos
GaliactſiCelticaL, bemEburo
como
a Cidade Helvia ,ct òu como vulgar
mente dízemos Elvax fica ditto ein
ſeu lugar , que trasffla , orígem dos
Gallos Helvios .Ñ, r
E tam teimoza , e larga foi a
affiſtencia dos Gallos na Heſpanha na
quellesantigos tempos, ue dezejan- ›
do ſer ſemilhames aos <i—leſpanhoes
na falla _e coſtumes, foram chamados
Celtiberos .
E creio que a lingua que delles td
maram, foy a que hoje ſe falla nal-Can‘~
\abria , e ſe chuma VaſconçaÑ ou' dos,
Vª ſcoês‘ , derradeiros povos d’ Heſpa~
nba ,ou Aqui‘tanio‘s ', ’que tambem ſc
chamam Vaſcoés . j
'E ſer eſta lingua Vaſconça com
mum 'aos Celtas , ou a Oelticá-_cºrí—
firma o poema‘dè AufoniÓ'Burztliga'ª’
lenſe'quando lcd-.1a ſua patria ,— e CO@ ›
muitos lquvorés exhalça húª‘fqntc
que ahi corre por eſta guita .U r
~ Parª¡ os‘verſos, porque (am ca
2 J.
Pª'
2,2_ . ' Anfiguicſilades - r
’p'azés, e porque delcamí‘tïhó‘ de’zejo
ï‘er a-gracecido aos Burdígalenſes , ª
quem devo a educagam dos primei
ms amºs. ' ’ ‘ ' '
u 'A - ' 7

Salve fºns ignore ¡Ir-tir, ſacie' , alma , ¡rn-mui:


Vitrn, glªuce, profunde,ſºmn, ¡MINI, ºpaca;
Szzlbe'vrbi: g'em‘u‘s, med-¡cº par-:bilis Aaªflu.
Duíºua Celtàrum lingua, fons ::Min divis.
-Nan Apamu patu , 'um-ea mm la:: Nªmªzg/ns
Panªmª, &quam mm plem'ªr ªmne Timaum.

DIII'CNM em F‘rancez parece ſigní—


ficar fonte divinav, e a forma…, ,e ſom
do dito nome ajuſta bem, a, lingua
Vaſcqnça dosCamabrios . Ca a—ſií ar—
rematam multas outros names de Ci—
dadesv, e cſta, palavra Om: ſignifica
para elles couſa boa ou divina .
..z-“E terem fido, no ſeu tempo os
Aquiçanios nam {.0 _na lingoagem mas
.rambem' nos. .6,011208 'mais ſemilhantES
'aos' , Hefpaznhoes z que aos,, Françezes,
anefla-o Strabam no¡ começo de liv.
lll]. o qual- ta-mbem di-z , que fora
a. merma- mana-¡5ra det-;Viven a' ÃQSÉCI'PRÏ
, .J-I , e~
legosz Aſturioês'; erCantabrios, ace
’ o: ’Vatcoês, e Pyrencos.
:Ea-*pºr \amortenho por provavel
que-»a noffa Evora foyfundada‘ ,C'no
meáda :polos Eburoé's , ou Eburanen. '
[CS-*WM üaçam Frªnceza . Bem ſei que
Plinio no lí-v.v lll, cap. XI. affenta os
pavos Eburínos em certa regiam da
italia :- = e Pom ponio Mella a alcagóvn
OúÁCaſtèHo Ebora" -j'unto à praya ;no
mªrida- Cadiz. 'Porque iflo vemosa
:Ma‘ïpxiíſo-acmte‘cer , que cm diver
ſªsf²9àjtes-do Mundo [e Cha-mam al*
guns"lugares_ qua’ïi-do‘ mesmo momº.
- E-por’em ſe os Celtas a funds-¡ram,
oúª‘fïbfàehandioaíja ªlavrada z _e funda:
dara“hxtbitaramz-Com razam fe pode
I ‘ 5 ~ ²-' ' -
ª &anth por lconjecturas \fe pode
pré’è‘alç’aç, eu.xe'ria¿—que elles for'am
Ds fundadores dçſta Cidade: por que
antes 'QçlintOS‘ertorio parece que
nam çinha cerqua-:ªpois ſé affirma el*
leía &PMR "cómº muros( ' '
- ªª‘Ümde-ſeïpddè foſpèitar , .trazar
{ea} ªómèço -dº'slGallÓs ', qu; ſohiªm
‘ VL
44 Antiguidades
morar em abex‘to-z os-qúaes‘ a‘lem deſ
te Municipio--, outros ,lugares Ama-is
piquenos dei-xarammarcadºsmòm o
nome de ſua naçqm: como E'vommon
' …te aſii dita do monte em que jáz ſi
mada , diſtanredcfla - \lºque cruzamºs
obra-de víntemi-l- paflos . :, (1:7 (,ÏLÉ.
¡ E Ebüraàrttia , -ou Evor.a'_de -Al—
cobaça fundada antre Santafem &Liſ
boa, ,da qualfalla Pliniº DGHP—(HU:
cap.. XXL _donde-z cuadamemc. :lex ¡lia,
Ebªm, Briíivmzxoqummasffiezrºdos
deſcubxio _noíſo Rwandª, namſtgndo
fido ..ja , mais advertido por,, ſi;auluczlleaz
qucfizeram notas—,a ªfleAÏthQ‘x . ª
uanr’o ás ;muralhas ,'am‘rgas.,
q-ucin a_ hoje ,ha hy, e vulgarm‘em
te ſé. chama a cerca velha , Quintº
Sertori'o os .lªyz'ouflepqis da, ggcrra
ÑGelcíberica,
to naqual
-yalerozqſb [e ;ajqdpu'zgmi—Ñ—
;dbnodxadpj txſiabªlho ‘
dos ſQJdadps Ebºrenfies, ſcgundo mªſ:
xa‘de. (en, &Hºy-FOM" x SIL-;z .-7- ›,-
Eram eſtes muros-.laÑvrªdqs-dp ,pºr
drag quadradass: gomlfqrtelsſd_amçias,
:WHEN Bºxïàêíçflx‘ſQªJJUS-IFÉÉNPQ
.c. - ' e:

/
De Evºra 45'
ſeguras , \e de ~. tamſi’» mbciça‘ fabnªica ,
ue depois de tamosfflſeculos , e 'tam
Ãeſvairada mudança de cªmpos, ain
da hoje ſe veem pegas inteiras delles .
Outro beneficio ham menos ne
ceffario .fc-:z o muy agradecido , e ma-__
nifico Duque ou Capitam , metendo
ha~CidªdC grande abundancia, de, aè».
goa a qual fez ajuntar _de muitas fons.
ies z e trazar de quazi dòze-mihpàflps
por niveis de hüa- mar-avilhoza.- obra
E porem ponhamos ja o prop-_vjo’ie
letreiro: Ñ '. : y:
r 1 l - m
-e
Q. SRETOR'. . .. . .z
HONOREM NOMINIS SvL-ET‘CPHQRTÏ‘
FOR-r. ’ERORENSVMMSINLC. "IE-r. EMER
vIRTv'rIs ERSO. DON. DON. 'BÉLLòÏ
CELTl'BERICO. DE º iz'vxz:- MANVBIIS. IN"
pvnmc. M'VNIC. Elvs VTlLITÁTEMLVRB_
MOEerIT. 'EOQVE AQVAM 'DlVERSEIS
IN DVCT. vaM COLLEC'FEIS' FONS
TIR. PERDVCENDAM CVRAV. . :ª: .-2- . ‘
u
¡IX— Ñ. ¡ſ
.- .u.'..
d 4 ~ A

:r‘ r~. _'z.

I(—
46 Antiguidader
Iſto he : Quinto Ser-toria em. ¡mor
de ſeu nome , lmia campanha-do: muy
eƒƒarƒadoƒ Eâørenƒex , per finaſ-dz'.
mento na guerra Celtiberz'a,v cercana
afartalezou a Cidade ¿Municipio de
faldado; 'velhos , e apofmtadm , e fez
:fazer por niveis muita ‘agaa col/\ida
de 'varias ƒøntmy para proveémzzu/fllim
da dita Municipio…, z
Por o qual reſtemunho de Ytamanho
homem., e Capitan¡ muy valerozo,
ainda que Qutros faltaffem -, muy no
notavel
_te ſe moſtra
o esforço ter ſido antigamen—
dos Eborenſes , e iſieu ar
dèmèrjto n'a. guey-ga." ’
J. Pcloque comſparticular "mel-cc
as honrou aífima dos mais povos da
Hefpaplu , e tanto , que aqui teve. ca
za ,, ,e alguns, eſcravps forros com Iu
nia Don-ace ſua creada, ſegundo ſe.
vcI de duas pedras de marmol-c , das
quaes foi achada. hüa na mefma. ca¬
.za de Qïínto Set-torio ſituada na Pra-_
ça do Peixe com eſte letreiro:

‘:1'. LA,
LARXE.De
PROEDW'IZJ
ct 47¡
I
SALVTE ET 1'NC0Lv
j"MITATE DOMvvs o ¡a,
~ Q. SERTORl '
*CÓMPETALXR LVDOS
ET EPVLVM VIClNEIS
IVN. DONACE Do v 1*¡ ~ -—
MESTmA EIIVS, ET
O
Q. SEÉTOR. HERMES
Q. SERTOR. CEPALO
Q. SERTOR. ANTEROS
LIDER-rm¡ ' I
L .
Qlcr dizer: Por ſaude e @fiabilida—
de de cazª de Quinto &Wario : Iunia
Donacefim dame/liza, e _Quinta Serra
rio Herman* , e Quinta Sertoria Capa—
10 , e _Quinto Sertario Antena", /èus
libertoy , aa bom-'a dos Deºſe: Lares
em bo dia dz; fq/Za Chantada Cainpi
talicz, fizeram jagorpublimx: eÏ dan
mm camita atadas 05 vizinbox. '
Outra junto da viila do Torram
diſtante de Evora. trinta mil paffbs.
na Igreïa dos Santos Iuſto e Factor-.ª
a- -qual‘ ja Rezende poz no Livro‘lll‘ïſi
dª qual (e ve que Iunia D‘onace 'ªllí
V18*
48 Antiguia’ade: ~
viera cumprir ſuas promeſſas a_ Iupi
ter a quem entam era o templo di
diCado, por aquella famoza victoria
que houve Scrtorio contra Pompeo e"
Metello. (I) ª He

(I) I. 0. M, ſ
'01; PVLSOS A Q. SFÑR
Tomo METELLVM
ADQ. POMP.
IVN. DONACE
CORON,_ET SCEPTRVM
_EX ARG. MVNVS
ADTVLlT. '
FLAMINICAE PHÏA
LAM CAELA'I‘AM
HIERODVLLS COE -
_ NAM DEDlT- '
Éſte hè oJetreyro da pedra do Tor—
Tªª] › 0 qual poſto em ligoagem VClÏI
a 1er : Á'a grande Iªpiter. Por fiº
77m 'vencidas Metello e Pompeo por
' Quinto Sertorio ,'tronxe Imzia D0
mce Coma e &cpu-0 de prata, e à
Flaminim au ſacerdotiZa büa’taça
de bªſiiaêr, ¿ª ao: mini/Zrax‘. ¿lº Tem
plo 1mm banquete .
Da Evºra. _ l 49 ‘

He crivel tambem ſer Qfinro Ser-ª


torio tam' amigo dos Eborenſes per..
a commudidade do lugar , e para
paffar o inverno-'mu‘y geitozo e far
to, e campo azado para delle no
principio da primavera , tirar as com
panhas, e tropas com que ſoia pur- -
tir para Heſpanha cíterior como ap
pafece de Appiam de Alexandria ,
de quem ſam as ſeguíntes palavras
Liv. L da¡ Guerra¡ Civis dos-Koma*
nos , quazi no fim . ,
Max comaſando a primavera ¡au
tra 'vez come-fama¡ de comorrer e a—
jumfarſe Mctclla e Pompeu dor
monte¡ Pyreneor, afllïf os (juas-J ti- .
vez-am 0 ¡we-mo, darlofiae-Pèrprfia
da Laſttania. E mais abaiXÓ . '
Oatra wz, Meta-lla e Pompea'vie
ram 110! monteſ Pyrèm’m' para-Ibe—
ria am* quam ſalzfram‘S—'erforio e Peſ'
peña do: Luſitam¡ ‘. lx'tambem'donde
trata da mbrtede Serrorio, e do o
dio e deſprezo’ dos ſoldadosxoncka
Perpenna.; .- ’ ¿12.40 ' ' j
Om ¡mz-’0 ¿meo wſarçº_,de SET-!Í
D lº*
50 Antiguidzzder -
toria era toda jim ſegumnça e fal
'üamema adur attenm'vam a PerpenL
mz , 7mm ſ'o or Propriox Romano¡ ,4
?hay quazi today 0.6 barbaros, e Lu
:zz'tanw , do poder* do: me: Serra—ª'
fio mah' ſe tin/ya jer'vi na gue-rm:~
Atequi Apiam. ' ' * '
E ños' deſta boa vontade de Ser?
torio, e muy grande bem que queª_
*ria ‘a e-fla Cidade , aflï cantamosna‘
quelle‘ Poema de noffa partida de E
vora , que á pouco com outras' cbr-í—
n‘has 'fiZemos imprimir:
HI": ¡llum “HM fama :fl hªha-'je penales
Et prppru'a: coluiffe lares , ¡¡ic dulríª fix#
Limina , que. !repído bell¡ ceffant: tumultuÑ
Incoótret , pofitis º’ flpt rmiſeret minis.
Sim lau' gtnió cªp)… ,fin guzzi: ,amore ,
Ve¡ quin ad cuentas alubias. ¡rellumqae pardrzdumÑ
.Apta fºnt regiº , detecta. robar: pubis , l

Et "virtuª vimm , varia ¡¡nºs Marte probar":

Se algum pois conſiderar naml


hüa vez fomente, e de paffagem OS
groíſos campos de Evora, OS altos..
mºntes que_ a0 redor a cercam aglº
o
De' Evora‘. 51
do de 'amfitheatro , eſte ſe algüa vez
vio Roma , e \eu termo, grande_ ſe
melhanga acharaa entre hum , e ou;
tro terreno ; tirando fomente \nam ter
Evora ribeira , e ſer inteiramente fer
tam . '
Por que( ſe he dado míflurar as
couzas pequenas com as grandes ) aſii
como Roma tem para o íeptentriam ,
e naſcente do ſol os montes Tibur
tinos em diſtancia quazí de XVI, M. P."
de ſuas muralhas ficando de permeia
hum eſpaçozo, e Ícrmozo alſ-:nte de
terras . _ '
Tambem Evora tem à meí'ma'
banda a muy freſca (erra d’ (Mía per
toda av parte regada por. muitas fon
tes , e ribeiras, e quazi na meíma
diſtancia; antre os quaes agudos piª
cos e os muros 'da Cidade eſtam eſ—
paçozos campos. . . ¿
ª Outro fiaos montesSabinosgPrae
‘ne’ſti’nos , Tuículanos , e Albunes que
cercam o campo -de Roma danhau
dado nacente para o meiozaia, ſ:
affemelham qua'zirgnametnn dáflancjn
' D ii de
52 Antiguidade: `
de Evora as_ ſerras de Port-el , de Vían.
na, e das Alcaçovas, affi ditas dos
lugares circumvlzinhos .
Alem diſto he cercada Evora da
farra chamada de Montemuro , e da
íerra que vulgarmente ſe chama de.
Arrayolos, ede hüa continuada co—
roa de montes . que chegam á ferra
d' O'ffa da ponta ScptemrionalÑ, e
deſta maneira `cerram o circulo que
deſte lugar começamos a deſcrever ,
ſemel’hante laquelle que certa o cam—
po de Roma.
Mas para que ſam eſtas couzas
dí’rá algum? Para que àqueHas cau
'zas per as quaes dixemos que eſta Cí
dade foy amada de Sçrrorio , tambem
ſe achegue eita , que podia achar cer—
ta ſemilhanga , e ares ,:ou figura de
Roma na . planura dos`b campos , e na
diſtancia , e viſta dos- montes. . ,
› Porque conſta dos Hifloríadores
‘que ſua vida cícreveram, e prinCi-z -
palmente de Plurharco‘ , andar_- elle
muy dezejozo de vtornar para Roma I
(e feitas as pazcsorpadcífe feguraméns
L- ' _ ‘ ~ te
'- De' Evora; ' ;3 d
te depoer as armas., ' l
Contam outroſi que ‘elle andare.
ſempre muy faudoZo de ver ſua May,
a' qual fomente amava, por que
ficando ſem Pay quando ainda nam'
’ fallava, por ella fora muy liberal
mente e carinhoza creado . .
Donde naquelle letreiro que aſ
fima puzemos vnam pos o nome do
Pay , ſegundo coſtume dos Roman-os,
mas o da May. ,
Com eſte argumenta o llluſtriſ
fimo D. Miguel da Sylva que ſendo
Biſpo de Vizeu foy' nomeado Car
deal peloS. Padre Paulo IIÍ.'queria
provar que eſte .letreyro‘nam era an
tigo, mas fingido por algum amigo
deſta Cidade , para com elle perſua
dir ao Rey , a que renovaffe, e reediq
ficaffe o Aqueducto antigamente le
vantado por Scrtorio, e delido polª
antíguidade c - .
Ao qual tam cumpridamente reſ
pondeo Rezende com hüa muy fer-r
moza Apologia, que nella pareffl?
emborcou e eſgo’tou em favor da P3:
mª.
54 Antiguida de:
trla os eſcondidos thezouros , e ar
tecadados cabedaís de ſuas amiguida
des e labedoria .
Da qual elle meſmo ſoe repeti
das vezes fazer lembrança , como que
della com razam ſe paga muito, fen
do alias homem muy meíurado .
Eí’ca Apologia temas nòs tençam
de mandar imprimir juntamente com
outras obrinhas delle, que ſeparada
mente forerm impreſſas , e ja eflam
cſquecidas e quazi conſumidas e aca
hadas. _
Affi que( para que tomemos ao que
hiamos dizendo ) podia Evora agra
dar muitoa Sertorio , tanto per aquel
las cauzas , como tambem porque as
obras por elle fundadas , eerigidas,
c os Pennates cazeiros , eLares com
munaes podlam dar grande peffa de
amor e obrigaçam, e devido para
com OS amigos, naturaes,e eſtrangeiros.
K Alem díſto os ares efemílhança
da muy amada patria em cuja ſauda—
de ardia, affirmando por iſto, que
;als queria paíſar hüa vida parlticu—
Ñ ar
. De Evora. 55'
lar e humilde antre os ſeus , do que vi
ve:: deſterrado em força de grande
poder. Ñ
E ſabémos que os Municipios,
e Colonias
cttratos foram huns
, e arremedos pequenos
de Roma re
, como
dizAPoliciano na carta II. do Liv. I.
donde‘ trata da fundaçam da Cidade
de Plorença, a qual affirma fer lavrada
aa ſemilhan a de Roma.
Cujo' co ume -he muy velho, e
foy inventado por ÓSv perig‘rinos e
deſterrados , e auzentes \de ſuas Cida
des , para. adoçar a amargura do deſ
'Terro-, o que notou Virgilio no Liv.
III. do ¿Eneasz o qual afli mete
fallando quando fundaráa Cidade na
&ſha de Cretar* .
Ergº ªuídu: muros optataflmalior Vrbis
Pergameªmque ww [Manz cognomíh‘c gente":
Hortor nmareflcos , ªrcªmçúè attdleres :Mi:
. \ ~
Sainda em terra :0m ªmar'ardcgtç . Ñ
A Cidade :difico :Ratjada
E Pergamea a :llamo , e ¡mito 51’ ¿apta ,"_ .,
Cªm :ji: nome alegre , e aſwroçada
Que ſacn’ficias façax e diligem: C x
. a
5-6 Antiguidadesv
Caſh: ¿fill-Itza bem muradª U’c.
Joam Franco Bªrreto;
E mais abaixo ſcndo hoſpedado
de Heleno, e Andromacha diz:~
?ronda ª’ paruam Troiªm, ¡ima/ataque mag-ni:
Pargainá , U' ªrentem Xantlu' cªgm’mint rmus
Agnoſco, [ca-.que ampleáar ¡¡mina part¡- .
"ami-1M, e a breve Troya juntamente
0: ſinmlados muros divI'zªndo
E ª _ſn'co rI'a Kant/Iº, que ªlli 've/'ª
[lla avivain dos antigas o dezejo .'
ſi Franco Liv. Ill. Outct. 80*'

E outra VEZ no Liv. V. quando


'o Poem na Sicilia levantando as mu
ral_has_de Segefla affi canta:
Inter-:a Anna: vrbzm deſigna! amtra
Sartíturçue damos, ¡mc Ilium, º' lu.: lam Train?,
Effz tube: .

Ema: entreantª ¿I'ligerzge


.Affl-mlln a Cidade com o ªrªdº
E dª pºr [arte ª: tazas. He cºntenta
Que fflt III'ª ſeja imag‘m do paffivda
.E que tmlm os lugar:: prom-¡amerita
Que tem a mèſma Trªin. O'c.
Franco Liv. V. Out. !89
A'. I ‘ Nªm ª'
De' Evora… ‘ '57
'Nam 'he pois de eſpanta'r ſe crer
mos que Quinto Sertorio, homem
nas couzas de Guerra , e no conhe
cimento de toda antiguidade inſigne ,
_e_ nam mingcrad-o de Eſtudos , como
aquele que curou de os mandar en
[mar na Heſpanha , quizeſſe -neſta par
: imitar‘aquelles heroes amigos, e
a eſta Cidade, por elle com mura
lhas, Portico, e Aqueducto magni
\ficamente enfeitada , e enobrecida tal—
vez com eutras obras e teſtemunh’o‘s
que o poder dos tempos apagaffe,
como ouxra Roma eícollxeíle,` em
conſolaçam , e refrigerio da perdida
patria, na qual fizeffemor-afiiſtencia
e affentaſie caza. -.
Mas 'enganou-o aquillo. que ſoe
muitas vezes fallír as eſpexiangas dos
mortaes: iſ’cOÑhe aantecipada crença
do venturozo acontecimento do que
eſta por vir , e da ſegurança de boa
fortuna; porque paffados poucos an
nos ſoy tra-hido dos ſeus , e'lon’gc dª
amada Evora affaffinado.
.Onde tal vez que ainda \give
ª—
«5-8 Antigú'idadeſ
lavraríaſeu jazigo , no qual crï'vel he
que foffem depoſitadas ſuae cinzas,
‘ como ſabemos que hé‘fama publica
antre os Eborenſes, e porem refle
munho certo diſto , nínguem ategora
pode deſcobrir; porque o letreiro que , -
reza diflo parece contraſeíto por ak
gum curiozo da antiguidade . (I)

(I) Biz 0 Padre Fonſeca 7m ſaa


Evora Gloriazzz [mg, 27. que abria
dofflè ar alicer/EI paz-aa Igreja deó'.
Jºam Evangeliſtzz mz em de 1495.
ſe acbara Luſitümſix
Sertºrim 0 !Etre—7raDax
figuim‘e:
in extrema
orbi: plaga Diis immºrtaliám voz/et
'anima‘m , ¿zz/10 carpa:: qm' tibi jala
Tbjetir ſrruata; ¿7210 Circa Ebomm [0
co Romanor‘Conju/er , copiaſque ip
ſommweciderat olim; bat erexitſe
palo-5mm . Circumzzmtdm [lola um
'bmm' Eli/¡mn 'dirige diva Diana.
‘IS'. T. T. L. A. P. "Ver dizer:
q &dario Capitan; da Luzitania
’mſta ultima _Parte da mundo ají-rece
' aos
_ › Dé .En/mi . ' 59
"tf E porque nas couzaš muito an
tigas , dado he uzar de conjecturas ,
nam nos correremos de apontar ou—
tra cauza do amor de Señorío para
comuns Eborenšes. _
Contam os Eſcriptores das anti
gúídadcs de Heſpanha , que aquellas
companhas dos Celtas que dixº-mos
que paſiaram das Gallias para as rayas
das Heſpanhas , por fim entraram na
Lúzitan‘ia no anno 7ç9 antes da vín—
da de noſſo Salvador em cujo tempo
provavel he ſer Evora por clics ("un
dada
Ou

aos Deozes immørtaeƒ anima , o car


pa às chamar. Aquella, aque-m tn
o' Danza TlMtiI li'vmſiè doy perigo:
da mar mſte lugar vezinbo a Evora
onde no tampa paffizdo venceu os Can
/ules , e. exercitas Romana¡ , levantou
cfle fepnlcm . Encaminha para o:
tampas' Eli/io: O’Dcafa Diniz/z agf/el
la alma , a quem Mía aleywzia pri:
'vou dapaz
Anlico 'vida
efle. eApizafia
term. ¿efg/"cz
` (me?
'-ct .
60 Antiguidade:
Outro ſi conſta que Roma q'uazi
no meſmo tempo fora fundada ¡fio
he, no anno 747 antes do Naſcimen
tºdo Senhor; por ral que os comas
gos de Roma , parecem concorre:
com a fundaçam de Evora.
Diſto ainda antre os Eborenſes
ha'via freſca lembrança talvez do tem
po de Sertorio , nam ſo em tradigam
vinda dos amigos por fama , e con
-tO-S , como muitas vezes coſiuma a
contecer , mas por teſtemunhos de
letras em pedras publicas eſcriptos ,
e entalhados. ~
Porque (ende naquelles tempos
tam clara a fama dos Romanos que
para grandeza de ſeu aver emando,
meteram cm eſpanto quazi todo o
univerſo mundo , quem duvidará quç
as outras nagoè‘s teriam em boa eſ
treia gozar de femilhante fortuna].
que elles em qualquer couza, ainda
oe pouco nome ou preço. -
Eílà femilhança pois Ida funda.
çam , alem da feiçam dofitio, e ªl'
remedo da patria terra ,' podiam ex,
PCI-_
' De Evora. dI
pertalo para amar eſta Cidade, co
mo fez com particular affeito , e a
mor cſpecial.
E nam ſe tenha que Iulio Cezar
tratalſea-Evora com menor amor alli
polo ſobrenome que tomou delle , e \e
ve‘ por muito tempo , chamandO-ſe ,
Liberalitas‘ Zulia , como tambem por
o mªgnifico ditaclo, que em obze
quio delle pubricamenre conſagrou
lavrado num ceppo de Marmºl-e com '
letras muy primas por eſta Suiza:
Divo. Ivmo
LlBERALlT. lVL. EBORA
DB. ILLIVS. IN. MVN. ET. MVN.
LIBERALÍTATEM
Ex. o. D. D.
QVOIVS. DEDICATIONE
CESTVM. MATRONAE
DONVM. TVLERVNT.

Qjer dizer .
Evora* Liberalidade Italia per de¡
:retº dos‘ Depªſ-1'05¡ , dedican eflafla
?ya a Divo Iulio por maz-'.4 da libe
ralidadegue elle llZºfl cºm 0: Muni
UPC-…r
62: Antiguidades
CÍPC’J‘ deſte Municipio , m dia de
qual dedicàçam bm mah-ona: leva—
ram cm dom aa Madre Venus [afin, *
vá/íidum pompaſ:: cbamada (dio .
h (e porem ſe duvidar qual foy;
a liberalidade de Cezar para com
eſta Cidade , eu keria que foy o di~
reito ltalico por elle concedido a
Evora , que deſſe tempo ſe começou
a Cham‘ar \Municipio (la amigo Lazio;
porque aſii o eſcreve Plinio- no Liv.
IIII. muiïas vezes Citado aos Cap.
XXIX. Lugares
ſi bora, ¡¡ue do amigo
[Je 0 mÉ/hza que Lacio E
liberali—
a’adc Zulia, e Merrola, e Alcacer do
' Sal ſi ’
Era o foro dos Municipios em
muitas couzas melhorado do das Co—
lonias, e principalmente—,por ella ra
zam , por que OS Mupicipios como
tem Gellío le. XVI. ROE Cap. VIII.
emm Cidadoê's‘ de Rumi; que tinbam
jam particxilaru. e propia: lei¡ , e
Direzto , ÍZHÏZOJ‘_ de todo ‘outro e72
mrgo, au ley; a’o PwoRomá‘a .
Mas Mim be a. Jhèy'ezïſzm_ dm’.
n
l
\ Co
De Evora. 6.3 ;ª
Colonia: , porque. 723m ſam Cidades
.li-0m, mm /E gomª-mm, yor jm:
propriar lªa-yr , comº ar 1 únicipim
mas filmv fillmr de Rama , e diam:
de ſab ar leys, e Ordamçoê’s (hPª-9
'vo Romano . i .z
Eſtas couzas Gellio . v. ª
E porem os Municipios , com o
direito , e regalías da Cidade de RON
ma , juntamente guardavam 11138 pm
prias leys , ſeus miniſtros , e íuas or— ~
denaçoês e fançoês tanto publièas
como particulares .
E as Colonias de outr'a maneira
governairam a Republica como larga ,
e, diſcretamcntç conta Onufrio Park.
vínio Veronenſe nos commentarios
da Republica- Romana, naquelic liª
vro que, .fe Chama [inyeria donde
tratª do Dixeito ,dqs ~Municipios
comvot0.~, -
, Porque ſegundo diª. oluriſcon-r‘
ſulto leianº no- Liv. L adMünieín
pal-:s if. propiamente fe .cha’mamMu-I…
n-icipes , 'os que gozam‘ do‘ meſmm
forº , ex fan; ‘recebidng Ra .Ci-dadº. ,1
; . para
64 Antigttidades
para teremc‘om noſco as meſmas bona'
ras , e digqidades , por iffo gozavam
de todos osvprivilegios dos Cidadoés \
Romanos, ſi:tirando fomente hum ,
que íegundou'diz Onufr'LO-, nam eram--x
matriculados nas CuriasRomanasy
e por tal nam ent-ravam nos conſe~.
lhos c-uriaes , 'nos quaes ſe tratavam
couſas de pouca eſtofa . . I i r
Porque as Curias fo eram para
aquelles que moravam na Cidade de' '
Roma: e os que moravam nos Mu~ ,
nicipios tinham íuas leys municipaes
em lUgar das curias . …
E o Díreito Italico., ou do an
tigº Lacio foy tam prezado e nobre,
que ainda algüas amigas, e notavéiS-
Cºlonias ,.-omªm poderam alcançar .I
' E aquelleg que ſe chamavam de'
\reíto Italico, tinhaó—no p'or .fin-S
Sªlar beneficio , e honra , como ſe co—.I
lhe do ’.meſm'o leiano' no le. I.›
.De Cenſibw em cujo lugar’ſe .aprás
muito d‘CÍ‘Fèn'ſcía Colonia 'dos Ty—
rios ªſua pátria ter, aicgnçado'o Dí-x
\cito Italico, Pelay grande 'fidelidadeï
- ¿j que
4 '- De Evºra¡ ' . - 6;'
ſiq'ue teve para com o ImperioRomaª’
no , e outras boas manhas que' ahi
ſiconta comoabaixo
E lºgo Cldadam
diz: agradecido.
Na Pak/fina
lu duas Cºlonias bña Cfflſarim/e, '02t—
`Ira .dc-lia quitolina , ma: nen/aíía ga
Ze de Direita Italico.
E 'ate na Luzítania, e nas mais‘
provincias da Heſpanha, os de Me-L
rida , de Beja , e de Valença , ferido
de Colonias , diz elle na Ley ultima no
meſmo tic. que nam eram de Direito
Italico: a's quaes ajunta as muy no—
taveis Colonias da Gallia Narbonenſez
,e da Alemanha. ,_ . ,
Veffe pois a claridade - e dígnideb
de do Municipio Eborenſe tanto da
antiguidade de ſua fundaçam , e da
Regªlia do Direito Italíco z como do
privilegio de -livre e izenta , por tal
que nam foy contada amre oslugarcs
tributarios da Luzítania por Plinio Liv.
1111. Cap. xxij. .
‘ ª E aſií como eſta Cidade foy anti
gamente amada pelos Imperadores , e
‘os mais Duques , ou Capitaës Roma-z
. nos,
66 ' ~ÑAritígflidader
nos , aſiï foy ſempre muyprezada dòs
muy poderozos Reys ª da Lpzitanla 5
e depoís deLiSboa zcabeça_ do-¿Reyz
no tem o primeiro lugar: ainda que
lhe nam cederá ,de bom, gradº eſta
honra a muy
que lloje nobre
ſe-'dlz PortaCidade de Gales,
, ſicuada na ſoſii
do Douro ,como em ſeu lugar dire:
mos, quando la ychegar ella Hifleria,
Equem tolhe pormos aquí rrollo.?
verſos da quelle.Poemav deſta Regalía
de Evora avida do.Cezar , dos quan-s
mais
_as claramente
couſas ſe podem conhccerſi
que clíſſemos.

Salue magna paren: frugzmr , fzmflda Viroruni


:9“qu airline, Mi: Vrbs o gratlffimaſaluz. …
Caſarüus dr'lect'a pri/'5, ariamantu mag-m“; ’.
-Regibus , anti-1m‘ rttiízen: mªmrírcnta decon': ,
Miïifflª¡ illa ducuzn , Romana: ¿dariª gmfis,
Iuliur a Pirrygiº deducms nomnl 11410:
Cum quattrst terra: arma, cum ſidzra fama
Campªign: ,fiin/que arbisr :radar-n [labinüJ :
Te titulu, ciuzſI/uz mas decºrªr…“ apt'mis
!Nunez-¡bus , largaque manu largim: hºnor::
'Eximias , 14m j tribuſ! tibi iura veta/II'.
.CA/hrſ: ¡¡¡nc ¡lb, c/,rcm't amor, cui mar-març qUe-::dk
' ' II¡
Y De Evora‘. 67
br mldr'º manſ": forº, teflantia !ªndes .
Egegr'nmq'lt’ vir¡ decus, a 57110 IulI‘a din'
Guides , vcclduas intrª' memºrabilis vrbu:
\I

(n
NN-

ªl Mas venhamos aos letreiros e


memorias dos Romanos , que at‘ora OS
que ja puzemos , ſetem achado neſta
Cidade , e no ſeu termo', dos quaes
F" aflaz ſe moſtr'a ſua antiguidade. LO*
go 'ſe ‘offerece aqueHe ja ſabído- le
.’¡wm treiro que com'eça L. SILOSABI—
NVS. o qual traz Rezende no Liv.
Ill. ao qual nos fomente ajunmmos
a declaraçam que elle nam poz (I).
. -Foy echado eſte letreiro na Aldea
de Pomares , diſtante deſta Cidaie
-XVI. M. P. e da Villa de Víanna VI.
M. P. donde eſtam os frelcos montes,
*que-Appiam de Alexandria conta cſta
u rem

- (I) E/Ze letreJ-'ro , e‘ ſuaſnnfmça


«em 'vulgar cſlaa m Hzſtorm da az
t‘iguidade de [mara de Razz-ende m
Cap. U.
l
68 Amiguidades
rem prantados de Vinhas, e que fora ah
Templo de Venus. -
~E con'ſta de todos os Eſcript‘orés
das amiguidades d’ Eſpanha fer o mais
amigo de todos ,- os- que ategora \e
tem achado nas Eſpanhas. _ ,
Porque aquella batalha foy dada
entre Caio Plautioe Viriato Capitan¡
dos Luzitanos no anno jocviiii. da
fundaçam de Roma , lendo Conſuv
?es Faªblo Maximo , . e Lucio
Hoſtil-Ío .
I‘ Se nam‘ admitirmos por mais an
tigo aquellº que Pedro Appiam de
Alexandria aplica 'a M. Catam Cen
zorlno, o qual começa: PALLADI. VI
CTRÏCI . Mas Cheirame poucaaa
antíguidade daquelle ſeculo.
_Ha em Portugal notermo de Cin
tra , no lugar chamado Templo hum
marmore muy amigo dedicado aa mc~
moria deCatam , mas éſtáá quebrado',
e esborcinaclo, e com as letras par—
tidas: c outro na Cidade de Lisboa
na alta Alcaçova , dos quaes trata Re
zendc no LN. Ill. E porem de qual
Cª*:
‘De Evora; 6.9
Catam ahí fe fala, nada ouzou affir
mar com certeza. (I)
Eu nam tere¡ per may affaſtado
da verdade aquelle que OS aplicar ao -
velho Caram Ccnſorino , o qual conſta
ter o mando em toda Heſpanha no
armo , IºLVIIII. da fundaçam de RO
ma: e que tambem governava na
Heſpanha' vlteríor affirma Plutarcho ,
como tambcm eſcreveo Vaſeo tom. I.
Cap. Xij. donde trata de ſeu conſulado.
Da-
(I) O de Lirbaa que "¿ª/lava mu* eſ;
rªdar do Paga do Caſlella dizia affi: '
M. PORTIVS. M. F. M.~ N. GATO. . ;›
- Quel‘ dizer:
Marca Parcio Catam fil/òo de Mar—
fºz 6’ Neta dc Marco (Tc.
O. outrº'de Cintra. que ,tem a címeí;
ra quebrada díz affl:
\/
M. PORTIO. M. F. CATONI
OB SINGVL. Er. . . .
› Qr—mr dr'zer :
A ¿Mai-'co Poma Catan¡ filbo' dé‘x’llar—
w ¿bala ſèM particular ó‘c’.
7o Antiguidadcª:
' Daqui lhe veio 0 amor para coáªp
os Luzitanos , por tal que accuzou a;
Galba a favor dellesí e outro fi ‘o a
mor dos Luzitanos para com elle pe
los beneficios recebidos; o que pare
cem declarar as palavras do letreyro;
de Cintra. Mas tomemos aos mais
letreyros . -
Teve antigamente eſta Cidade Mia.
nobre Flaminim, íſto he ſacerdatiza
que prezidia, ou curava-dos facrifi—
cios; chamada Laberlia , a qual era
Flammica nam ſo deſte Municipio ,
_ &nas de :odaa Provincia da Luzitania .
_ Dura a memoria della dedicada'
por ſcus libertos , como diff: Rezeu.‘
de no liv. I por eſtas Pªlavras:
LARERIAE. L. F. GALLAE
FLAMlNlCAE. MVNÏC. EBORENSlS
PLAMIMCAE- PROVINCIAE. ¡msn/mua
L. LABERlVS. ARTEMAS '
L. LAEERIVS. GALLAECVS.
L. LAEERIVS. ABAsciiNTvs
L. LABFRÏVS. PARis '
L. LABERIVS. LAVSVS. LIBERTI.
. (De: `dizer : Á
ll
»De Evora] _ . . 71)
A Lºbería do
Flactminim Grill/z , fillM 'de
M'zmicipz'o de Evora
Lucia vª

c Flamim'ca (la Provincia da Luz-I'M:


?lid , polea-ram eflzz memoria ſcm liz
¿Ez-tar Lucio Laberia Arremar , Luz
cia Laberiª Gallego, Lucia Laberia_
Abaſcanta , Lucio Labs-rio Puri¡ , e
Luna Labs-rio Lauſo.
A qual ſe finou no lugar de Col.
lipo, de cujas ruinas parece que foi
fundada a Cidade de Leiria; para on_—
de foram traslados alguns marmºl-es',
como em ſeu lugar diremos,- antre
es quaes .ie ve oEpitafiQ deſta La
beria , na eſquina da lgreja de S. Eſ,
tcvam aa parte eſquerda da Porta
principal: por efla maneira: ‘
LABERIAE. L. F. GALLAE
FLAMINICAE. EEORE'SI
FLAMlNICAE. PROV. LVSlTA‘NlAE
IMPENSAM. FVNERZS
LOCVM. SEPVLTVRAE
ET. STÏTVAM. D. D. COLrppONE
SIVM. DATAM.
L. svnprcrvs CLAVDIANVS.

.. Quer
72 l finliguidader
- (luer dizer :
Lucio &zz/pido Claudiana fez ba
ale/¿Deza da marmlba , e enterramen
to, e impetrou bo lugar da fePulta‹
ra a Labs-ria Galia _filha de Lucia ,
Flaminica de Evora , c Flaminím da
Luzíta-nifl.
E amcefiamos o leitor que neſta
pedra fcefcreveo Eborq/Í em lugar
de Eborenfi, e Collz' pong/Zum em lu
gar de C'al/zpponen/šzm ou por dei:
cuido do abridor, ou porque entauj,
:fe uzava eſÏa maneira de fallar, fe‹
gundo ſe colhe de outros muitos les
yIreyros . o ..
- Outro c'íppo , no qual ſe faz mençam.
de outra Flaminica de Evora , .fe
achoú na_ Herdade chamada hojevMes
quita , que vai. para 'a Villada' Mon*
{aras , onde ha raſtos de Templo muy'
amigo, e ſe tem deſcuberto. alguãs
columnas de marmore. ' 4
He eſta pedra mai-s pequena do
que as de qúe agora tratamos , porem
mais polida, e bem lavrada, que dizem
fer avançada com o dental dº arad o, am
dan‹
' De Evora. 73
dando lavrando: por tal que a ella ,'
e\a'muítas outras aſſi achad‘as podem
ajuſtar‘OS .muyeleganres verſinhos do
Maram no Liv. I. das Georgicas com
pouca differença:
Scih'nt aduzm'et tempur, cum fin-'bm illis
l .Agricola r'ncuraa terram molitus aratra ,

Exgfiv inutm‘et frabra ruh’gine _finca ,


E: Zzuüus m/zm tumulos put/'ªm manu; -
Ciria c ſem faltª tempo mn’. , quªndo
0_ lªvrªdar a terra r'wolvcndo
Nayuella: partes :am º curva arªdº,
A": armas achaſà ja :arg/umidas
E"ja gªflªdª's ;ia aspera f'errugem r
Ou dan! nos vazjos :apuntes
Co: ¡¡nadºs enzinhus, t dºs ojos
Grandes ſeq’pnnt‘arà, feudo ¡ªmadª!
IA: ſepultunu. Leonel da Coſtaq‘
O. lctreyro he aſfi:
’D. M s.‘
C. ANTONIO. C. F. PLA ª
VINO. vr.erI. 1VN. '
HAST, LEG. ll. AVG' 'PORQ
AVR. ET. AN. DVPL. CB. VIRT.
DONATO. IVN. VERECVNDA
FLAM. PER?. MVN. EBOR.
MATER, F. C. Que:
74 Áhtigüidadá’!
- Quer dlzer:
Sepultura fizgmda aos Deoze¡ Ma
nn. A Gaia Antonio Flavino filba de
_(Íaia bum do: ſcx Vaz-051 mame-boa*:
(favalleira de [maca ¿la legiam ſegun
da Auguſt’al , que porfim valentiafay
remiada de [mm callar de aura, e
de 'falda ¿Jr/¿rada [unía Verecwzda Fla—
mjnimperpetua do Municipio de Eva
m , [ya may , [be mandoufazer ¿j/Zar
ſèpfltum . ª
‘ Teve tambem Evora naquelles
tempos àntigos muitos Cidadaós muy
claros outras
muytas e‘ affamados na guerra quaesct
boas manhas,aos , em

por ſeus ſervíços faltos aa Cidade ,


ella lhe dedicou ſtatuas, e outras meª.
moriasÑ
Cuja lembranga ſe nam pode apagar
edelir de todo em tamanha enfiada
de annos, tantas deſtruiçoês de Haſ
panha , e tamanho esquecimento das
couſas Romanas , e fam deſafigúrado
acabamento de toda antiguldade.
Pois ha hy ainda alguns raſtos da.
amiguidade, dos quaes qualquer ªº*:
*I \a
e
De Evom. 7¡
de diſcorer, quam avondoza foy an
tigamente ella Cidade de fortes c,
claros Varoé's .
E primeiramente aparece hüm
grande ccppo de marmore mui bem
lavrado , que eſtaa nas cazas de Re
zende. mas nam conta elle dolugar
em que foy achado, nem nós o po
demos deſcubrlr.
Soſpeitamos porem que foy arran
cado dos alicerces da Igreja de N,'
Senhora da Graça , onde moram os
frades Agoſtinhos ,nos queres ſe achou
. tambem outra pedra,_q\_1e logo poe
‘Tdi’, ſegundo diz omelmo Rezende.
Epareceme que ah'í foi a Praça
da Cidade no tempo dos Romanos
porque iſto apontam os meſmos le:
treiros . O primeiro diz alïi:

L. V0
\
76 Antiguiſlmlex
L. vocomo. L. F. QVIR. , .
PAVLLO. AED. Q. ll. VlR. Ñ
vt. FLAM. ROM. DWORVM. '
ET. AVGG. PRAEF. COH. I.
LVSIT. ET con. I. VETro
NVM. . . LEG. m. lTAL. OB..
CAVSAS VTIMTATESQ. PV
BLlCAS. APVT. ORDXN. AM
PLISS. FIDELlTER ET CONS
TANTER DEFENSAS. LE '
CATXON‘E' QVA GRATVI
TA R‘OMAE PRO. R. P, SVA
FVNCT. EST. ' \’
LIB. IVL. EBORA - '
ª' PVBLLCE ¡N FORO. › ‘ ª

Ver dizer:
¿Lúcia Vocom'o Paulo: filbo, dez LU—
cio da tribu ªfirma , I’M qm! fºi
Edil e Luz/Zar : e fm‘ 'vez-EI bzmz .doy.
doi¡ Varaèªx: e final-dote de Roma ,
e doy Deoſer, e dar ¿fuga/ios: e Per
fl’ito da Coborte primeira day VEMO
¿ſ a e' Tri/uma dd terceira Legiam Ita—
lica: Evam Liberalidade Julia ¡las
(/th Cſtatua aa cuflz publica, M /Ja
fºro: por quanto elle em Roma diam—z
te
ª'. De Evora; 77
te da Ordem amplzffïnza defendeo fiel
e cafianzemente bar :au/a: , :vtilida
des Publicar em bña amb/mada em
que foi embaxador por ella [Im Re—
publica aa jim propria cufla .
Eſtá porem na pedra eſcrito 4pm
em lugar de apud por ignorancia do
abridor como creio.
, Outra pedra partida , e com algüas
letras de menos , 'foi arrancada das
maõs dos trabalhadores por Me.
Rezende como elle meſmo diz, quan
do os Pedreiros occupados na fun—
- ‘da-(¿am da Igreja , começavam de a
quebrar, e a meter na parede ſem
mais efcolha. Daqual a parte que
ficou mêia quebrada rezarafli:
78 Antiguidzzder
‘.. . . ClLlÓ.-Q. F. VOLVS. '
. . . AEP. COH. n. C. R.
z . . . X. PRCVOC. VlCTORI.
;.. . s. DONATO. AR. …p, ,
. . . ll. EAST. PVR. Ill. VEx.
›. e . vm. MV R. un. ossx.
Ñ'. . . NIB. H. IN. R. P. SVA FVN’CJ
...IORENS ClVl. Ol—T.
. . . ERITA. Exvs. IN. MVNlC.
. . . RMOR. BASL AENE.
D. D.
Cujo ſentido
'Ebormſu per inteíro’
decretoparece ſer : H0:
do¡ Decurioêctx,
Paſ-;emm cſta flama de mm’more wm
²/912 [mſe de erame a [eu ¿om deaa’áa
Ceci/io Valuſianoz fi/lyo ¿le ‘Quintº
por aa‘ boa; abra¡ que a eſle Almei
cipia faz. H0 qual foy Prefeiſo de
Coborte ſegunda de Czdadfia¡ Roma
no¡ , e 'vencedor em dezafio a que fay
Prºvocadº: e em Premia de '/ua "va/ez;- .
tia , e men-cimentar , joy donado Por
fm: Impemdores de daras laz-ªca: pu—
raI, tre-.r bandeira: , {IMJ ca ram- ci—
viras, büa mural, e quatro all/idio
ma: e cm' eſta fm Republica teva
j [Mi
_ - 'De Evora. 79
fimceffi'w‘ammte todas as bom-*ay e af
ficiox. , ~ ;
E a pedra mtelra parece-me que
eſtava eſcríptaªdefla maneira:
Q. CIClL'l'O. v0Lvs; - '
¡¡Mim-*z con. I. c. R.
SEX. PRovoc. VlCTORI.
DONIS. DONATO. AB. IMP.
svm u. HAST. PVR. m. VEX.
Il. ClVlC. I. MVR. Im. MSI-DION."
OMNIB. H. IN. R. p. SVA. FVNC.
EBORENS. cm. OPT.
OE. MERlTA. EIvs. lN. MVNlC.
” STATVAM. MARMOR. 'EAU
AENEAE. D. D. ‘
Acharamſe duas outras pºdras
çſcriptas de muy boas letras vna anti
ga muralha de Sertorio junto a Igre:
¿a de S. Vicente, as quaegfez levar'
para a Quinta , chamada de Valveç‘deÑ,
o Cardeal D. Affonſo fi‘àho‘ dçl .RW
D. Manwe¡ , ſendo GoyemadmÑdq
Biſpado de Evora, e, querendo pçt
todas as leas'enſeitar equ/{Hg max
ª vigozo rctiry; onde or‘a'jç WMP-9
Pª*
80 Amiga-¡dada ,
pateo dos Paços , affentªdas (obre ba-ï
Zeª de mezurada fabrica. A primei-Ñ
ra'he affizª -ª ª. " q
D. M.
CANlDIAE. ALBlNAE
c. M. F. MATRI.-CAT¡N1
CANIDIAN. C. M. v.
CONSOBRlNl. svx.
‘CA'ÏINIA. M. FlL.
ACILlANA. C. F.
s. P. E.

Quer dízer
;dos Dcozex Mana-I . A Canidia Albiá
na fillm de Cain Mundua, madre de
Catim'a Cam'diano, Varam de boa
'memoria , jm ſobrz'nbª, mandan fa~
zar cſta "jèpültura Catinia Aciliarm
filba ¿ie-Marco. de jèu din/Jairo.
DeCaio Catinj-º que no- campo
Aſtenze lidou cos Luzitanos , e neffa
batalha matou ſeis mi'l homenS5mas
depois atr‘ácando aCida‘de Aſta mor'
Íe_o tèrido, conſulte qUem quizerT.
leio. Decada IIII. Liv. VllII. De
Calinio Aciliano tambem 'fe lembra
~
\
De Evora. 8k
Onofre Panvinio Liv. Il. dos Fafl.
pa‘ .3ç9. no letreiro que comes;
LVCIO . FABIO. E outra vez no Liv.
dos~ name¡ amiga¡ (lay Romdas' pag.
16. donde diz que elle lei-á n’u’m mar
mor: Q-VlN—F() . FABIO . CILOª
NI . SÏSPTLMLNO . CATlNIO .
ACILlANO. FVLGlNInNO . E'.
deſta mancira ſeis ſobrcnomªs coma'—
dos por hum ſo home-m.
ſiA outra pedra eſtaa pelas costas
deſta erguida, «e levemente tocada
cheíra a enxofre , te‘ſtemunlm o meſ
Ii¡ mo .Rezende ,I coiza paſmoza , e
que maLſe pode crer. ſeu dicadº¡
he::
D. M; S.
ASINIVS
FLORENTIN;
vs. ANNO. XXXXV. '
H. S. E, S. ºT.- TAI.; -

(lp-¿r diZerz
&jm-[HIM /Ezgradzz a baſ DEDZC’J‘ ¡Wax
my, Aqui jaz /lſinio Pl’arentifloque
'Ui'Ur’O quarenm e \inca dimos. ó'ejatª
a terra leve. v
1 F 7 Q
82 Antiguidadu
O nome de Florentino , parece
ſe hade referir ao lugar onde naceo,
por \al que ent-andamos ,.que eſte
Aſinio foy natural de Florcnça .
Encontrámos nos apontamentos de
nòſio Rezende poſto em memoria,
que foram achados finco cepos de
marmore poſtos por iguªl antigamcn
te no muro velho junto a Porra no—
va , os quaes todos faziam hum ſo
letreiro, e queixaffe de qUe foram
arrancados e eſmigalhados pelos al
vineos : dos pedagos dos quaes ha ho
je n’ uma torre do convento de SI. .
Ioam eſte letreiro truncado:
IVNIO. L. F. GAL.
RVLLO
C. NORBANVS. L. F.
IVNlYS. DEXTER.
HEREDES. .,,_. , . L

Quer dizer:
A Cai() Ium'a Rullo fi/bo de Lucio;
Galleria , ou da tribu Galleria, Gaiª
Norbano fly/JU de Lucio , e [unía Dex
2ra berdeiro; . Eflaa no meſmo lugar
‘ou
De Evora .‘ 83
outra ainda mais imperfeita que diz;
C. IVNIO. LIGARÏO
'.. . PVLLT. . . F.
. . NORBANVS
. . . . lVNIVS. . .
- . z . .' HERES. . a'
\Lg—:Ou

der dízer:
.A Caia .Tania Liguria. . . Gaia Nar-v
bzma Iunio bcrdez‘ra. Nam podemos
"I—'B
ſuprir as letras apagadas. Parece po—
zrem do nome. de ”Iunío e Norbano
que faz-em ambas aquella meſmo letreiz
Y"?
ro que affima diXemos.
No meímo convento eſtaa hüa la
ge de marmore com a cimeira \que
brada ou roffada , a qual nunca deſ
cubrio Rezende tendo-a buſcado muito
e por muito tempo, como elle meſg
mo confeflſia : Ñ

IR. ,STLAITR IVDICAND.


LIA..Q. FAVÏTA.- MATER;
¿ia ~ ITEMQVE. D. D. {ª Y
Cai' . t . ,

D²²' '~' ” z WerèÑdizer ( ſe nos he per;


uª“
Ou' ' ii m1:
84 Antiguidade: -
mítido declarar fomente as palavras
inteiras , quando de outra maneira o
ram podemos fazer ) Para flrem
juègadòy os Stlimr . Quinta Fruit::
madre . . . e tambem canfilgroü 2- ou
¡jor decreto da: Decuriõex.. Ñ -
Soſpeito pois que eſte ceppo foi
erguido em louvor de algum dos dez
Varóes julgadores dos Stlitas" , de
cujo tribunal ſefaz mençam muitas
vezes nos letreyros amigos , e l tam-
bem em Cicero como traz Onofre
na Cidade de Rama , donde \rata dos
Tribunaes pequenos ordinarios . .
Iulgo que tambem le deve adver—
tir que o prenome de (Mixta ou Quinª
ct'a ( porque :JH eſcrevíam os auti—
gos )ſe ha de atribuir a Favita femea ,
o qual coſtume durou ate os tempos
de Auguſto , teſtemunha o meſmo
Oncxfreo .Dos antigos names dos R0
mä 0;, no Cap. do¡ nome; ¿las mulheres.
Donde fe ve que eſta pedra foi
dedicada florécendoainda a liberda
de da Republica . E chamavaíe (Lulu
Ia aquella que em quinto lugar fora
Ñ, . nada
De Evora; 85'
nada , iflo he , a que tando quatro
irmáas , ella peHa ordem de naſcer \O
mara o nome de Quinta .
Na rua que vcm da Praga para
a See, a que 0- povo Chama mada
Sellaría , porque nella moram corrieí—
ros que fazem ſellas, nas cazas de
:bum eſpingardeiro, eflaa hum cep
po quebrado de todas as partes , ne(
.t-a. forma:

. . . N. QVI. . .
. . CTISS. . .
. . COIVC. . ..
. . CAESSA. . ,
l ,ªª . . lANI. . .
. . . . IS. AVC.
..,.RENSL..

Ora quem ſeraa aflï falto de toda


humanídade e conhecímento de letras
que nam chore, e leve a mal tam
nobres 'teſtemunhos de antíguidade,
.afli ſerem mal tragidos e desfigurados
por homens ſandeos , e mal enſinados?
Paga-!23 muito M. Ciceram ,ho
mem daqucllejuxzo , duquclla . mada:
l. ‘3
86 . Antiguidade;
reza , e( por callar o mais ) daquel—Ñ
la authoridade na Republica de Ro
ma no Liv. V. das Qleſt. Tuſcula
nas de ter (ido achada por elle a ſe
pulcura de Archimedes, eſcondida aos
Syracuzanos, ſendo (Lueſtor naquella
Provincia ,e iſto por final dos vales ,
que_ ouvíra eſtavam entalhados no ſeu
momento .
Porei i'uas Pªlavras, porqúe ſam
muy bem diras , e nem por todos ſe
encontram facilmente:
Cujus ego ( Árcbimedem intelligit )
Lux/lor ignoratum ab Symmſanir ,
mm effe omnino negarerzt, ſcptum
undiqzze , et Ue/Zítum ’vepribw 'et da
meti: , indaga’ui ſepulcbmm .
Tem-bum Mim guaſdamfinariolm ,
guay in-ejus mºnumentº cffe inſcri—
ptos , accepemm, qui declarabam: ,
'1'71 fimzmo ſepulcbro ſpbwmm ¿:[Ïepa
ſitam cum cylindro .
“ Ego autem mm omnia calla/ira
rem Mªli¡ ( tſt Mim adparèax Agra—
gimms magna frequentz‘a /èpulc/yrq
2‘#²11) Mil-‘24d um' collmvzclam, 7²101;.
v4‘. mu ª.
De Evora . 87
multum E dumi: emiizmtem , in qua
mara: [jo/MM figura , Z7- Sylindrz'.
\IL/[ue ego ſtdtim Symmſa
pi¡ (want alztem principe¡ memm) dz'
xi me illud ipſum Effi arbitrari , quad
quan-emm .
Imzſffli mm falcibm* multi purga
rzmt , ¿ªt aperüeruízt 10mm . Quo Cum
patefactw ¿jffet aditus , ad adverſam
óaſim accqfflmw . -
Apparebat epigmmmzz exeſty pafle—
rioribuy partibw verſtculomm- dimi
diati¡ fare . '
Ita nobiliffi‘ma Gucci.: Civitaſ,
JI
Quandam 'vero Eliam daííz'ffima , _ſÏIÍ
'm ¿‘ÍUÍJ' um'm acuttiffl'mi monmnermzm
Í? igmmfflèt , m'ſi ab ¿Domine Arpiíizzte
dichaſ/*EI: ,(1)
, Ale-Í

(2) Quer dizer: Cujo maimmto


( entende de Arcbimedw ( [ando ja
tam deflonbecido (10; Syracuzsanox.,
que negawzm ſer aquel/E , ¿w Que-flor
o… deſmbri cercado _por todav _a ¡mz-IE‘ ,
e tubería de matas tajos. …..1‘.
88 Antiguidade:
Arequí aqucile de cuja boca con
ria aOraçam maxs doce que o 'mel ,
qïom
t

T . . , . . .
ſ T

Porque tin/9a bum jamáo¡ que /


me tin/Mm dito ella-vam enMi/bado:
110 fm jazigo, mquaes _diziam eflar
fiebre aſuzz ſePu/tutªa ¡¡Q/¡.2 büacsfera
[0m bum cjlindro.
Corrmdo eu tudo cam o: alba:
( parque eſtam a: 116?‘th Agmgianar
muito¡ nwimmtm) cnxergui biie: calu—
mnazmlya pomo mai¡ alta que as tau
jo¡ , ſobre a qual eflaw a figura da
ufcm , e da cyhndro .
E logo dim 4M Ólyramzams (Pais
ab¡ (lia-Dam comigo 0…¡ mais mhz-¿ªx )
parecemc que alem eſiaa , ómeſmo
ªc ‘bz-jm.
Mazda; muitº¡ ao malta com raſ:
ſadoarzu, eſmoutamm e daſcºbrzmm
o lugar. E jèndo ::Im-ta 0 caminbo
cbtgmnos a ¿IE/’E fram‘cim .
#parecia a Epigmn-'ma com a¡ *ver
ſox apagado; guzzi do mcz'jo Para a
I - , . .
De Evora . 89
eom a doçura da qual quiz adubar
alguma couza o CDJOO de noſſa ma
neira de dizer .
Nam he pois de eſpantar ſc ago
ra ha hi homens ignorantes e deſ
prezadores de couzas anngas , quan
do em tal tempo, na Sicilia, e na
Cidade de Syracuſa o jazigo de Archl
meclesjazia tam defprezado e eſcure
cido. -
_ E ham de me perdoar fe por ocea—
zíam delle lugar de Cicero , aqui ajun
tar meus verſinhos , nos quaes me
queixo em outra pane delle acaba
mento da antiguidade, e dos tcſte‘
mu nhos dos Romanos delídos ª ou car—
comídos do tempo.
` Sed

Defia forte a muy nobre Cidade


dd Grecia , tam/\em em outro ‘tempo
:Mz/_yſm’iia ,ignarariaa ſepulturadcſie
fi'u agudzffima Cidadão , je o mm
aprendeflè de bum natural. d: Arpi
’MJ‘. , n ‘
90 A'ztiguldader
Sed calidii/ra ¡accüt veterum monumenta rm'm':
fobrum perpetuis , zlumf'fijue , elfeutibm altiâ'V
Obſim , corgfraßffiue noris , et torrida flnmmi; _
Mulm tamen "Q/h." Rçſemt‘im abdita prqfert
In lucem , et vigili ¡¡q/ligan! ſingula cura ,
Antiquum decus , et priſco: tibi reddit honores ,
Lyſiadum gen; clara viro quem debita tanto
Premiª ‚ via: rcºr exime/lis perffaluere areni:
Poſiè Tagi ‚ au: vccti: E00 ab litore gemmis,

Mas tomemos aos mais letreiros :


e deixados aquellas que pertencendo
a eſta Cidade Rezende poz no. liv .
“III. donde trata das vias militares
(I) trabalhácmos de por aqui a ultima
das que foram dedicadas antes do tem
po de Conſtantino o Grande, pollo que
quebrada , e com algumas letras apa
gadas ._Eſtaa nf uma Herdade que fe
. cha-ª,

(l) Nam ajuntamay aqui ej/ZEJ' le;


treira: de Rezende , porque e/pârfzmoƒ
:âmbar a traa'ufam das antiguidade .
de Portugal. ~ -
De Evora … 9I
chalm Fonte do Abbade díſtante das
muralhas da Cidade XII. M. P.

M. AELIA..;. .
TERTVLLA, . . . 2
. L. CAECILIVS. .j
’ VXORI- FE. .
Qler Dizer:
'A lembrança de Elia Tertulla;
Lucio Cecilio a ſha mulber. Faz (Tc .
Nam faltaram alguns que julguem
quea letra M. ſignifical’epultura .
E faz me affaſtar delles efªcar eſta
pedra mui aceadamente eſcripta com
letras grandes.v '- ,
Alem diſto porque faltam na teſta
aquellas palavras proprias das ſepul—
-turas D. M. S. Sagrado 1105 Deozes'
do Inferno, -e debaixo S. T. I‘. L.ſ6jú~
te zz terra leve; . ª
E porem parte deſta pedra eſtaa
enterradª , e parece que ainda tem
ſi\'algumas
Vefl'e letras
junto_. a madre do acquedu?²‘
¿lo de-Sefiºrío , chaxmeͪ-dèu'gOI—dª
‘. .'. lº. › Pra- "
97. Antiguidade:
prata, da qual muítas vezes ja Eze
mos mençam .
E eſte foi pouco mais ou menos
o eſtado dos Ebore’nſes florecendo o
Imperio Romano.
Decaido porem , e vencido pelas
armas dos Gºtas ou Godos paflOUR go
vernança das Heſpanhas para os Rey“s
deſta naçam .
' DebaiXO'do dominio defles, e no
tempo delRey Siſebuto conſta qu‘e
ouvera neſta Cidade caza de moeda z
ſegundo, ſe prova de moedas de prata
ah¡ achadas , nas quaes de huma.
parte eſtaa o retrato do Rey com
eſte letreyro: D. N. SISEBVTVS.
REX@ dª outra huma Cruz com
_cſtas letras: CIVITAS EBORA . E
ao. redor eſcríptas eſtas palavras:
DEVS ADlVI‘OR MEVS.
Rezende ateſta que Ambrozio de
Moraes !he fizera prezence de huma.
moeda antígavna qual de huma parte
era o retrato dchrmanico Cezar
con: eſte letrey-ro : GERMANLCVS
CLSARAVGVSTVS. E da ‘lª‘íªºª
> ..UA ‘ lªª
ª
De Evora. 93
hüu Coroa com eſtas letras: LIBE
RALITATIS IVLIJE EBORAE .
Tambem hahi duas grandes tor
res que dizem foram edificadas por
Siſebuto huma das quaes ſe ve_junto
á praga na rua de Sellaría , outra per
to da Igreja de S. Tiago da parte da
porta principal.
E muitas outras moedas de outros
Reys Godos ſe tem achado neſta Ci,
dade tcſtemunha o meſmo Rezende
na carta ao dito Ambrozío de Mo
raes .
Começou de regnar Siſebuto no
:Ha
-rUT::
anno 612, e reinou 8 annos. FOY
Rey muy claro, e ardido defenſor
da Religiam Chriſia‘m ,o qual‘ao lou—
vor das armas , acreſcentou o orna
mento de bem falar, e faber, como
eſcreve Rodrigo Arcebiípo de Tolle
do, e olembra Vazeo no tom. I. fo!.
101. (I) '
- ’ Com
_\…

(I) Tenho hum M. S. muy antigo


que .achei em .Evora, e tenho boas
94 Alztigtzídnde: 4
Com razam pois (e pode Evora.
lizongear de ter ſido antigamente re
no

\razoen's para dizer que he a Chroníca


de Razyz trasladada em Portugcz per
Meſtre Ictafàmede, e Gil Pires; e
ainda, que eſte foi o meſmo que. tevc
Rezende: no qual deſte Rey Siſcbuto
ſe diz affl no cap. 131:
Depaz'a‘ da marte del¡ Rey Gun
demira allyamm OI gado¡ por ſeu
Rey bum .que avia nome Sigebum‘o
e ramon ozto 471770.1‘ o przmezro amm
de ſeulïeinada faz' mz em da Emar
vmçam de noſib &wbar Clari/lº
de ſeiIcculos 6‘ dezctſeix mmm: efle
.Rey Sigeáunta foi muy [70m Crlſtam .
.E no Cap. r3?. . (liz:
, dudado¡ ſèz's 11mm.** da Reinadº
dellRey &gc-bmw faz fazer confe
Iba em &vil/M [obre rezà'o de [uma
erezia que em levantada de bumaJ'
gentm que crío Mamada¡ deep/\alos . .
,Eſie Rey lidad daa¡ bata/bw com 01‘
Román e ſemPre o: 'mmm : e tamara
.De-‘Evora ‘95'
'novada por Sertorio CapiÏam muy,
valente, e apoz multos annos ente-2
quecida com “edificios, e toda ſorte
de favor por eſte muy poderozo Rey .
E de crer he que nam ajudaria
pouco os deſtacamentOS , e batalhas.
bem fadaclas deſte Rey Contra OS Ro
manos,affi como em outro tempo
ajudara as de Sertorio, e em recºm
pença dos ſerviços valerozamente fei
tos por ſeus Cidadáos ganhaffe a
amizade e boa ſombra de hum, e
oütro . e
… E porem muito maior gloria he
aquella de abraçar aFee de N . Sen
hor jeſu Chri‘sto des.o c‘omeço da
-S. Igreja pela pregaçam de S. Manª ,
gos
u

delle¡ muitw Villas e .lugares . . .


Eſíe Rey cm'muy bom [Eterado , pia
daza , jufliçoza , maízuemendida, e
ſáabedor de jm'za: eſte’ entran cm fra*
la jabre mm” , quebram‘ou muito.?
terme 45‘911085 III godcs cie-Pai: toma-'
ram ligeirameme ¿yºo,
96 Antiguidade:
gos Diſcïpulo do Senhor de naçarri
Romano ſegundo fe conta; a qual
afficadamente guardou poi* tamos fecu
los, e ainda hoje lentamente confer
va inteira e limpa; Crecendo cada
dia na piedade e culto divino , e no
acatamento da muy ſanta Sede Apot‘—
tolica .
Teve a queflnm S. Mangos ,- e'
padeceo martirio no tempo de Traía—
no , ou de Nero como parece a al-j
guns ſobo Prezídeme Validío.
Seu corpo primeiramente jouve
em Evora muy aviltado e doeſtado
pelos gentios, e depois de algum
tempo foi per os Criflãos honefia
mente íotterrado na herdade de hum
nobre homem XII. M. P. affaſtada
das muralhas, onde por muito tem
po com ſummo acatamento foi guar
dado , depois fobrevindo a crua tyravn—
nia dos Mouros na Hefpanha'foy por
homens devotos tresladado para as
Aſturias, ou para o termo dellas , e
Por fim toi pollo em hum lugar que
vulgarmente _chamam Villa nova de
S.
'De-Evora) 97
Se Madços parto de Medina de Río
\Etico , em huma Abbadi-a de Mon
ges de S. Bento da invocaçam do
meſmo martyr , aonde muy fanta—
mçme ſe guarda, e eom incrivelde—
'Vaça’rh dos pavos he venerado ª
He Pro'va'vel une alem deſte muy
S. Ma‘rtyr ouveíÏe alguns outros
neſta Cidade quando ſe encruava a
ſanha dos Gentios contra o nome
Chrifl'am: e de tres principalmente
ha memoria ſ. Vicente , Sabina , e
'Chriſteta‘ ſu'as irmaás que foram .na
'türa‘es de Evórà. 4
Eganharam a palma dovmarteíro
'ein Avila, no tempo' de Diocleciá
110 e Maximiano , ſoB Daciano Prezí
‘dente' , ante dÉZalmado c'amiceiro das
’Heſpa'nh‘as . Ñ , ,
Tev’e muitos Biſpos apos oBem—
¿a'vemumdo S . Manços dos quaes nO
4mearemos alguns .
Qlimiano Biſpo flor'eceo no ten‘l—
'1'30 ¡de Conſtantino o grande quando**
a_Mageſtade do Imperio Romano
ainda reinava nas Heípanhas , ſegun-A
do ſe ve no Concilio llllberítano ou
G de
98 'Antiguidader
de Elyira , n’o qual elle ſobeſcre-ueo:
Depoís no tempo dos Reys Godos
~ achamos nomeados nos Concilios de
Toledo ſínco Biſpos de Evora ou
Elborenſes, como naquelles tempo;
ſe Chamavam S. Siſiſclo, Abientio,
Zoſimo , Tructimundo, e Axcontio .
Achei também nos apontamentos
de Rezende hum codigo M. S. da
queíle Concilio de Merida, de que
elle falla muitas vezes., que \ſc diz
fora celebrado por doze Biſpos era
do Senhor de 665‘. reinando _Rece
ſiuntho ao qual affiſtio Pedro Biſpç
Eborenſe.
Duas pedras eſtam nas cazas dzc
Rezende de letras malſeítas, e que
jª Cheiram a língoagem dos Godos ,
huma das quaes tem a memoria do
Bffip‘o Iuliano neflas palauras :(1)

(l) Dcſta pedra ja no anno de


1778 nam reſtªva mais que hum peda—
gn com parte das tres ultimas regras,
o qual v_i nas diras cazas; onde tam—
bem eſtu‘va o letreiro do Pa amento de
Paul() elcrípto em humalagc azu! ._
De Ev'ara. 99
IVLIANVS FAMVLV'S Km
EPISCOPVS ECCLESIAE
EDORENSIS H. S. E.
VIX. ANN. PLVS MINVS. LXX;
REC. IN PACE KALÑ DEC.- ª
ERA. D; C. ¡III,
Quel' dizer 2'

juliana firm de Chi/io , Bi/P'a d’A


lgreja de' Evora aqui eflaa ſèpult ª,
do. Vive-a pomo mai¡ ou mena: ſe—
tenm mmm* . Paffozz em paz dia dar
Gale-nda¡ de Dezemára. Era de 604.
E amm da Sen/20V 566. A outra he
ella:
DEPOSITIO P‘AVLI FAMVLVS
DÉI VIXIT ANNOS L. ET VN'O_
REQVIEVIT IN PACE D.
III. ID; MARTIAS¿ ERA D.L.XXXII;
Qger dizer: , -
Pqfflàmento de ‘Paula , ba Ser-00
de Dear . Vivea timoenta e bum an—
flas , repouſou em ba Paz do Sen/jor'
a traz- dos Ido¡ de Marga . Era de
G ii 582.
;oo - Antigui'dade:
‘582. Elan o do Senbor de 544;"(1):
Perdido depois ’o Senhorio’ dos
Godos , e eflragada nªm ſoa Heſpa
nha ;mas/quam toda a aba de Euro~
pa da__banda_ d_o Poeme polo dezal-ª
mado , e cruel eqxamç de Mouroszï
faltou em Evora , o cuito publico da
Religiam Chriſtaá , o que juſtamenª
, z'le ſeReynando
deve contar por D.
póyem a mór deſgraça.
Affonlſio Hen
Jiques prjmeiro Rey de Portugal,- ao
Ñqual, narn houve homem que Vanta
,j‘çm fizeffe affi na Religiam , como
pas armas, ç na guerra , foy Evora.
defª

4:11.). No .anno de_ \78,3 vi ja nos


Paços do Exellentjffimo e Reveren—
djflïmfiquíſpo
Terſivindoſe cie-¿Baja
Cſte muy efla ’pedra
ſabioPrelado por
ſua muira humanidad:: de me moſ
-Irar múiros outros letrciros, mo¡
TUCHÏOS , ldolosz amuirectmas ,alvaª
harias, urnas, medalhas, e muitas
Dutras pegas Romanas de \eu Gabi-
¡¡etc g' Galeria.
_ De‘ EUÓM l. IO!:
deſapreffada , e reſgatada da tyramnia
' dos Mouros pol'a mduflria evazmtia
do mui esforçado , e ardido Varam
Giraido , ao qual os Portuguezes,
pola
talezacorage- de ſeu
de corpo coraçam
deram , e f'or~-'
oct {Ibrenomc
de affouto ou Sem Pavar- .
O retrato do qual veſtido de ar
mas em ſeu Cavallo ,llevando na eſpa
da nua eſpetada a cabeça do Mou
ro , e pendurada da mám eſquerda
a’ cabeça da filha, tomaram os Ebo-~
renfes por brazam' de ſua nòtavei no
breza , e ainda hoje ſam
Cidade. ' as
. armas
' l da
De cujos Iouvores , e guerreira: .
valencia , e do finguiar ardil z 'com-‘
que accomettendo' eſta Cidade 'al-L
i: cançou -tam afflnalada victoria‘, ſe al
guem mzer fazer o Elogio. mUy eſ
paçozaz e avo‘ndoza materia ihe of-º
tereceraa \am clara fa'çanha. '
O-utra vez entam recobrou Evo
ra a dignidade da cadeira Epiſcopal,
creado o BÏſPQ‘D. ¡Pavo _com apro—‘
yaçam dei Rey D. Affonſo, ~ _
- ~Eſtc D. Payo abrindo o's 'aiicer-‘
ſes
!oz Hntiguidades
ſes parª a fundaçam da See.'fez cdi@
ficar , e attaviar cſta magnifica Igreja
que exiſte h'Oje , e ſabiamence orde-e
nou multas couzas tocante a celebra
çam dos _officios divinos , e reparti—
gam das rendas: ſegundo \e ve de
ementas amigas que ſe guardam nos,
armarios , e cartorios publicos da See.
Succedeo a efle O Biſpo D. Suei
:ro , que antes ahi fora Deam. Emuí-.
tos outros depois athe o Cardeal.
Henrique,, que foy creado primeiroffl
Arcebiſpo de Evora reinando fet-1
irmam D . Ioam lll. do nome . era
de -. '. ›
Tema See groflas, rºndas, e del.
lgxfoxam levados e, exalçados a granª
diffimas dignidades muitos nota'veisz
Vaz-05$) dos quaes ſempre ſoy _abun-,
dªnte,,
::pio que ſe o4lejtorſi
enfaſríar OS nomear quizeraj,
com req
tam comq
prído' c'o'nço .
EÑ poçèmÑha de .ſe perdoar, co
mo eſpçro, ao meu' amor, ou ante¡
Kçlig‘i'a'm’, 'ſc aqui' de paſiagem ſizcr
mªngam de' meu Ti() G'ongalodPinhei-Ñ
“º-«ª ‘lªª &Pªlº; PPUEEL ²1,²29. lªbºr ª
. e
De 'Eva-ªa. - ‘ »loz
'e bondade _de coſtumes nomeado Co'-l '
nego pelo cardeal D. Affonſo filho
del Rey D . Manoel, e depois’Biſ—
po de çafim , e de Tangere , e
ultimamente de Vizeu , e Enviado
com largos poderes a el Rey Fran
cííco de França , como comprída~
mentecontamos na vida delle, re
nunciou em mi ſua Conezía com .con—
fentimento do S. Pontífice; e me fez
muitas outras merceszao qual pare-`
cería ingrato, ſe de bom grado namª'
tomaffe a occazíam de o- nomear,`
viſto que aqui ſe offereceo.
Tenho que fe nam de've- paſſar
polo cuidado , e liberalidade comqu'e‘
os_ Biſpos de Evora ſe’ eſmeraiªam
-r-Ívª ‘ em fundar e ſagrar'Conventos na'm‘eſ
ma Cidade . E primeiramente O“B'lſ-‘
po D. Vaſco fundou 0 Moefieiro de"
S. 'Clara dentro da nova cerca da Cij
dade , e-,outro de S. Hie’ròny’m’o-dà
invocaçam de noffa Senhora doEFá'
pinheiro , no aprazível lugar'dxſtan‘ª' ‘
te II. M. P.da‘s muralhas', e-¿húm e'
potro enriqueéeo de grlo’ſſas‘ rendas.
.Fuel Rey D. Henrique que fiàCCe
co
¡04 Anti uidadu
deo 'no Reyno a . Sebaſtiam, fea.;
do Preladoda Igreja de Evora fun1
dou aos Padres da Companhia hum
notavel Collegio , com ſua magnífi
. ca Igreja , donde pos Vníverſidade
_na qual fiorecem muito as Boas Le
\__
tras e Filoſofia e eſtudos da S. Theoº
logia , com religioſa cnſinança de coſ-ª
tumÉS o
Donde nam
zímento veio idoa
grande
cſtaproveito
Cidade, emas
lu—
aos mais lugares vizinhos , .e a Por-1
\ugal todo , .
Outro ſi fundou, nam longe dos
muros da Cidade o Moſteyro de'S-.An—
tonio , aos frades Franciſcanos , que
por ſua apertada regra de viver ſe
chamam da Piedade . Tendo-lhes fun
dado antes outro diſtame da Cidade
obra de VI. M. P. junto à quinta cha
mada Valverde , da qual ja fizemos
mençam .
Nem ſe hade paffar em ſilencío o
nobre Templo de S. Amam que fez;
fundar na praga publica da Cidade ,_
Jugar notavel , ,e dezabaſado , de fer-…e
grupſ@ , e rnagniíiça arquitectura,, dos ’
- _ - ‘ren
De .Evora. 105' ,
rendimentos communaes da Igreja
Cªthedral. No Fronteſpicio do qual
-T’J— eſtaa hum Letreyro ’que mandou fa- _
2er por Andre de Rezende , eſcrí
pto Cºrn letras grandes em hüa pe
dra , cujo ditado he affi :

DIVO ANTONIO AEGYPTIO


SANCTISSIMO MONACH-ORVM
ARCHIMANDRITAE SACRVM,
H E N R I C V S
‘\ DIVI EMMANVELIS
LVSITAN. REGlS P. F. INVICTI. F
S. R, E. PRESB. CARDINALIS .
I. EBORENSIS ARCHIEPISCOPVS
PRIORE DIRVTO
NOVVM HOC STRVCTVRA
FORMAQVE AVGVSTIORE
RELIGIONIS ERGO EREXIT.
DIVO ANTONIO ARCHIMANDRITAE ª
SANCTIS . SACRVM. '
iſto he:
, Templo [mz/agrada a S. Antam
do Egipto Abbade do¡ mangu- .
-‘ D. Henrique ,ji/190 de D. Ma‘
nael RU de ‘Pºrtugal Religioza , “
' bem
106 Antigüidadu
bem fadada e mmm 'UE-mido, Cards-é
al Prejb'z'tero da S. Igreja de R0
ma , prime-ira Arcelóiſpa de Evºra ,
tm teſtemunbo de _ſua Religiam alle
Tanta¡ tſte 710-00 Temp/ade mais re
aláwda arquitectura , e fabrica, ten-l
da ſido arruinado“ 0 primeiro.
, .A S. \Intim- Abbade mªy San- ;
¿70 Dedicada . (I) 7
Nam tem menor cuidado-em fun
dar, dotar,_e reediſicar Outras ſemi
lhantes cazas de piedade o muy il- ~
luſtre Arcebiſpo que hora he de Evo
ra D.Theotonio filho de D. Diego
Duque de Bragança, o qual e'ra'ſoª
brinho del Rey D. Manoel , filho de
ſua lrmaár.
Eſte, aflï como cumpre a Pre!_Ei'—'=
do
(1)" Nam deve eſquecer outro lé— '
treyro que*feªz‘o Meſtre Rezende , e
eflda emalhado nO‘Alquitrave da fa
chada da Igrcja' de”N. Sen'hora da
Graça (we dïz affi: .
‘ CONDITVM SVB ¡MPERIO DIV] IÓAN
' NxS III. PATRIS PATRÏAEÑ › A
j Pit-¡¡Jaulª no Govern() ¿la Senbor
D. jun lll. Pay ¿1.2 Patriª,
vDe Evora. !O7
do devoto , fundou pouco ha hum
Hoſpital para nelle ſerem agzzrzalhrA
dos, e alimentados os necefl'ttados.
No que attentou bem aa ſaude dos
pobres , affi dos corpos , como das
almas , e deu grandee exemplo de
virtude e liberalidade verdadeiramen
te Chríllaã.
Determinou alem diſto pòr em
effeito o que muito ha cuidara , íſto
he , ſer elle o primeiro que pramaíſe
no Reyno de Portugal a ordem dos
frades Cartuchos , que ate entam
nan) houvera .
E alcançada licença do Geral da
quella muy Sancta religiam e dando
\ua ajuda o muy virtuozo Rey D. Fe
]íppe, mandou buſcar ªa Provincia
de Tarragona alguns religiozos da
Ordem, e nos Paços Reaes ,que re
duzio a maneira de convento , huma
na e largamente os ſuſtenta ,aplican
dolhe rendimentos annuaes para ra
, Zoada ſuſtentagam do moſteiro , e
dandolhe ricos ornamentos para-ce
lebrarem os Officios divinos.
E agora .num-lugarfazaclo e ¿au-'
, a.
!08 ~ Antiguidüder
dave] fora dos muros da Cidade co;
meç-ou de lavrar a lgreja , e mais
obras e Officinas neceffàrias a0 uzo
dos t'rades; e affizcadamente trabalha.
de as acabar com grandes gaſtos.
Afora eſtas, e outras ſemelhantes
obras de Religiam e v—írtude que con—
tinuadamente obra, cumpre pontualª-R
mente a. obrigaçam-de muy bom ,e v1-,
gilante Prelado ...
TemÑ eſta Cidade mais. quatrov nºo-nv ª
taveis Moeſteiros de frades , e \ete de
freiras. de \1am menor grandeza , aſora
os queja diXemos, de cuja arquitectura.
efabrica‘ bem t-raçada , rica , e paſ
moza ſe homem quizer falar, cerro
nam faraa curro, razoamento,
E. porerñ deixando iſto , fomente'
ajuntarei, que em quazi todos Cºrª
re de fozntes de~ marmore muy alvo.,
e de obra prima ago-a da prata por
canaes ſobterraneos , donde vem aos
Refigioſos abundancia de agoa,, aos
Conventos fermozo ornato , e a toda
Cidªde agradavel e~íadia temperan
La do ar no tempo do Eſtio.
Tem a Cidade dez portªs, ne
I nhuns
' De Evora. !c9
hhuns arrabaldes ,'af'ora hum de Oiei
ros , e quazi‘ cem Hortas 'per'to das
muralhas , nas quaes tem OS Horte—
loés pouzadas alias convenientes.
Veemſe por toda a parte ate VL
M. P. de diſtancia infindas (Lineas,
e caſas de "campo edificadas e lavia— '
das com grande cuſto e affeío.
A cerqua dos muros tem III.M.'
CCCG.LlI. P. por eſta guiza:
Da Porta de S. Bras are aa do Ray
mundo . CCCCLXXXVIH. P. ~
Dahi ate aa de Lisboa que ſe chama
d’ Alcunchel . CCC. P. ,
Deſta aa d’ Aiagºa . CCCCCXXXH.
P
Deſta aa d’Aviz . CCCLXX. P.
Deſta aa do Moinho de vento;
CCCCXVI. P.
Deſta aa da Traiçam .CLlIll. P.
Deſta aa de Machede . CCLXIÏ. P.
Deſta aa de Mendeſtevês CLXXXX.
P.
Deſta aa da Meſquíta. CCCLXX. P.
'Dcſta aa de S. Braz. CCCLXX. P. q
Novas muraihas ihe iavruu eiRey '
D. Fernando l. do nome, e VIlll.
no
- 1 ¡o 'Antiguidades
no conto dos Reys de Portugal,~ 'o
qual começou de reinar no anno da.
Salvaçam \368. É/reynou dezaíeis
annos , per o ardiíhento, e cuidado do
qual muitas
l'cerca/Jus outras Cidades
, e afortalezadas . foram
_
' Uonſiam as muraÏhas de muro
dobrc mas de dezlgual altura por-r
que o de dentro he mais alto que
o de fora em dobro, e tem altas
torres‘muy bem apoſtas, e compa \'-ª
ſadasztodaacercacem em roda muy
altas am‘eias diſpoſtas a modo de fer—
ra, c por tam el'pantoza arte , que
de qualquer parte dos muros ſe 'podem
arredaf , e tolher facilmente os imigosV
'aſiï pela frente como pelos lados,
com armas de arremeço, conforme
ſe uzavam naquelles tempos .
E porem ja o tempo demanda.
que corremos o obra , e que ſahindo
dos muros de Evora, cortamos as
outras Cidades de Portugal , donde ha
raſtos de Antiguidzdc Romana . '
Reſta agorª em (arifaçam do ſingu~
lar amor que tenho aos Eborenſes cer
rar eſte pedaço de cſcriptura com de:
vo
De Evora .' I t!
votas, e aſtrozas Oragoês pedindo
ao nºfl'o ſenhor Deus Optimo Ma
ximo, e ªa Rªya'ha do Ceo, e a
todos Sanctos, em cuja guardª , e en
comenda eflaa eſta Cidade, que a guar
dem para ſcmPl'C sãa e íalva , e-n-o eſ—
forço, juſiiçaſ, e limpeza de coſtu
mes , e todas mais couzas muy viço-l
za e florida .

DE
ºnt -
DE GASPAR ESTAçO
VARIAS ANTIGVIDADES
DE PORTYGAL

Impreffas em Lisboa em 162.5‘.


CªP- 43
Da antiguidade de Evora. DO ¡nar
tyria de Sam Vicente , e :le/21a:
irmaís , e donde foram Minas-J* .
Do nome antigo de Talavera Vi1—
ía do ¿rubi/pudo de Tal/edo .

I. Or Santos, me lembram San-`


q los , e ‘pellos' prezentes os
abſcnt-es , e deſterrados , princii
palmente os noffos ,dos quaes pou—
co , e pouco , fc vai perdendo a n0-=
ticia., e com ella _a devoçam , final
mente tudo o que n’ elles temos.\
De maneira, que os eſtrangeiros os,
tem por feus , e diſto fala hum ,e
outro, e muitos, e nos calumos,
' como ſc: o premio do filenciu eficª
veſi'e ſempre cerco, como quer Sco
bco
_ '¡1"1)e'-~Eèaorª"a: ’ ‘ !13
beòï(t)0 ‘q'ue ſe vérá' nbslglrjrioª‘
í‘os ›martires,¿Sam Vincente, ,Sabina‘i
ª Chriſtecá- ſnasg; í*rmàZS',’-queª fen’do
¡Portuguezes-zi re-ſtam feitosªv (Da-Reinas'
-HÓS por nam haver quem miflo'ifaſè’
'de própoſiIOÍ ':'ªtrábalho ª, Í ue ªeú
-guiz tornar por Óbrigaçjám I‘d-’dub‘
' ’çam', queli-ªies- ten‘hp. Orſudeéſſumaiú
~ſei _qual ſerá :jmasºquandomam 'fue
\òque eu eſpero ,‘- \conſolar-me' heigw
porque namxxſerá- efla apflime'rra'vez
'fine em eau-fa Íuſta’
Tia¡ l .’
\’ei pude- -a ªv-ittq-z
‘ y* v4;) ›«' e ſi )*'¡‘)4

-2; A Cidádèt'dée Eiroéàªeſtá poflá


ígua‘Zi no mew-‘da Luzitania', en ſitíò
.pianoz e ‘ªCOſharCá'fèrffl-'de todas a's
_èo'uſas nè'celſariéïs 'PCra- a vida huma'
na ._- Sua ¡apigúi‘dad‘e nam'è pequena',
porqu‘e muitos -ahnºs antes de Chriſtº‘
hdffo’ ſenhor natcer, ia era. Foi en‘.
.po’brecida K ellos Roma‘nò's ,‘ depuis
_Pèllos Gotªs', e finalmente peil‘os
Reis de, Pºrtugal,v Com que fnere’è-v
.
_teol ſer neſte Reinoa ſegunda depois
~ e ‘ \ de

y.

&0L ſerm. 31.


ſ
o

"4 .donar-@MMM ‘
de Lí’sboa. E ſe- por ïcſte ,"1 e \pm-ºu¡
‘tros' reſppilos ella alcançqu nqmc de
, infignemjtrg.; as ~inſignes¡ de Heipanü
11a, ham‘êchrxo o fmeqor d’ ellas o
{erzPa'tría dos gloripſios: martyreª S
:Vicente , Ñe ſuas irmaês Sab'inax e
-Chriffetrç ¡¡¡que .ella de tempo ¡in
muffièªkrzhonra comº Cidadaós, e
' :vé'nam-como patronos. › .~ .
Ñ ., '3. Nam c'onſentem n"iſio‘alguns eſ*
crittUTÉSx-'fqrªſteiros , porque huns
qu -rem ,zquç . ſejamv de *Avila Cidade
de Caſtcllg, e' outros de Talavera de
Já- Rcíña- Villaxdo Ai-cebiſpádo de To
Jedo . Mas hem dós -conſentimos
,com elles imitandogo PoetáPruden-ª
{io , que por outro Santo dz'sſtv melº'
mo nome ſeu natural , que padecen)
martyrio longe da Patria., diffe con
fiadamente , o que nòs ta-mbcm dize
mos por ſuas palavras polo noſſo,
pois temes o meſmo direíto ,e ra
ªam z '
o‘ x

Neſ
De Evora: 11:5'.
Nªſh-¡,- eſi , quamui; procul ¡¡inc in 'Uſb‘
Paſià: ignºra , dederit ſcpulchro
Glaríam victor , prºpe ¡¡ctm alta'
Fort: Sagunt¡ .
Nq/Zer , º' nºflra puer ¡n pulg/Im
\Artes virtutis, fidciquc oliuº
'Vnctus , hºrrendum didicit dºfflarç
Viribm ho/Zcm .
‘ l 4,

E ſe quiſermos p‘a‘fſai" ádianfe¡


tambem as podemos
ſipe!o ſeq,_pois -dizz'éf
o que Elle 'en partº
Chama (eu,
vexo depms a ſer tan'ibem‘ noíſo . Eſte
.é o glªorioío ma‘ttyr Sam‘ Vicente,
noffo¡ por eſta‘r em Lisboa , c (eu ,
7 ,por fer natural de Qaragoça , da qual
foi tambem' ‘eſte inſigne Poeta'.
4. Mas torn‘andoaSam Vicente de
Evºra¡
goçá ,' eſi ſazm Braulio
alguns BiſpÓdededivecſas
breviarios Qara—
Igrejas contªm [eu manyïr‘io'.v Diz
aquelle‘ Santo, (2) Ñque Datiarxo' pye»
' ' "…Ñ ’. … :’le‘r'

(Í) Prudcnt. 'hym'no decimo, 5k


octo MHÜYÏICXÍRUg
(z) Reí'endíus Epiſt. ¿d Kebedium’¡
Breu. Eborenſe‘.
I I6 Hiztíguidades‘
zictdème diª Heſpanha pºr Dioélétíañò Z'
e Maximiáno, -foí de~Toledo pera
Elbora ;ªve-deli_ mandou a 'íeus Mi
.níſtros , que com diligencia buſcaffem ’
OS Chriſtábs,~-ïque~ havia na Cidade",
e OS \TOME-Hem antéſi, ::que echan
do ellos, húm mancebo . chamadoVí
cente lho 'lçVeram‘. AO qual faze‘ndo
Datiano algúmas perguntas,'é Ham
HTC podendoªperſuadir, 'que negaffe a
Chriſtonoffo Seuhor, ‘mandou , que
olevaffemïa vſacyrificar a Iupiter . Che-'
gando ao Altar do Idolo,‘e pondo
os pèS‘en huma pedra, que éſtava
- diante, ella i'e abrand‘ou, e receb‘eo
a impreffam d’elles como ſe fora de
barro¡ ²A qual ainda dUrava en tem
' ' ?o ‘de Sam BrauHo , que \era vivo no
a'n'njo ‘do' >ſCplIOr 636. e ſe achou no
Concilio Toledano 6. celebrado na
quelle anno, como d’elle conſta- Le
'vantouſe grande alVorOçO por razam
‘ d’eſte milagre, e‘ o manccbo foi le
vado a caía dahdolhe tras días .Pefa
ſe deliber’á’r, ha' qual era guardado‘,
mas de tal.‘xï)aneira , que'lhe pºdíam
Tªlar. 'NÍcſies tres dias converçeo
' mu¡
… lª* º' -ÑJ /Dc Evora) "117
muitos Gentios á fé¡ de Chriſto. Piª
nalmenre vencido das lagrimas de
juas irn1aà's,ſugio com ellas de noi,
Ieje caminhando apreſſadamente f0
:ram ~parar , en Abula , que ¡hagora
chamam Avila em Cªſtella. Tanto
que-en Elbora ſe ſoube de‘ ſua fu—
gida por aviſo de llum perverſnho
‘me-m; mandou Datiano apos-ell-es,
..e Fora-m t'omados em Abula,, onde
Aſendollies‘dados varios tokmenços,
…e as ¡cabeças machocadas dom paos
- ,ſojblre pedras , alcançaram coma de ~
ªvi , 'martyrio . _
‘DEI _ s. **D’eſta relaçam confia,, qúelani
Vicente ,~.- e \uas irmaás. ,‘eram de
hum lugar ellamado Elbora , no‘qu’a'l ’
\
durava ainda a pºdra por memoria .
do milagre. \Bartolome-u Kebedo ,
Alonſo Villegas, e Antonio de‘.
ªCianca duïſïdam le èiïé’lug’ar f‘oi
, - Evora Cidade ;del Portugal’, ſe‘Ta
‘ 'lavera ,vVilla de Caſtel'la’. (OO paz
‘ -_ "dre

-, l (1)' KCbELl._ªPlld RelÏend. in Vin—

centío i, ;8C- il'omríbus; Villegas -na


,
'Í !B "‘Avttiguidades ~
are Pedro de Ribadeneyra da compan
_hia de Talavera
vcl ſer Ieſus diz,, que è mais
e pera maisprova-z
ajuda ſi
çhamalhe Ebora, (l) dizendo M0-.
rales, homem verſadíffimo na hiſtoq
ria ant-iga dee Heſpanha,
OS autores, breviarios , que todos ~
que falaſim
d’eſtes Santos .,\dizem , que EHmra
foi ſua Patria‘u (z) Lucio Marineo'
diz', que eſtes Santos fora-m de Avi-v
la’, mas tam ſem fundamento, que
_os mel'mos Avileſes, que mèlhor fen—
Iem, como Antonio de Ciahca, o
, 7 , _nam
6. ſeguem niſto.
A duvida,, (3) d’ eſtesſi au
e engano
tores naſoeo de nam averigoarem com
\ diligencia [e cra- Talauera ¡ug-ar an
tigº'
\..
\

,—1

hifi. deſtes ſantos. Cíznca na híſt. de


- S. Segundo L. I. Cap. 21.
’ (r) Ribadcneyra in Vincent." 8C
ſoror. q
(z) Morales Iib. 7o. Cap. 12.
(z) Maríneo reſeridqporBarrei-z
A ros na Chrorog. finde-Madrid.
ſi De Emi-a.: ’ 119
tigo do tempo do Empemdor Dio¡
clctiano, e Maximiano~, que move—
ram eſta perſeguiçam á Igrcja ,,\PſÍí-Í
mezirament:: no Egypt() anno do S:—
nhor 301. -Iegundo Euſcbio , (I) e -
dalí a quatro annos en Heſpañha, CC? -
m0 adiame ſe verá. E dado , que
foffe- lugar antigo,'ſe foi chamado
por eſte nome-Elbora. .
7. Quanto á antiguidade de‘ Tala—
Nera nam vejo geographo., nem hiſ
!Orico amigo , quea nomee por eſt:
nome‘, nem por outro. E hella nam
ha edificios de Romanos, nem letrei
1‘05 de pedras amigas , qu; tcſtefil
quem l'ua antigúidadé , -como’ ſc-mof—
tra pola dil'crípçam 'Chorographick -
d’eſta villa ,. que Gaſpar Bnrreirus;
fez achandoſe bella , ’(2) -Nem' De t
autores-Caſtelhanos hanegura pode— a
,Mz—.1

ram moſtraro contrario . ~
’. 8’ _Sup- _

« (2) , Éuſçb. ¡z, Chr. ,


(3) Barreir. na Chat. .tic. de Ta_
lavera. Ï.. 4 j , .
W.-—,

'no .'Antigzzidzçde's
- 8. Suppoſto iſto julge o leitor 'Ã'
que nome podia ſer o da couſª, que
mm foi. Primeiramente Gaſpàr Bar:
reiros no lugar allegado nam lhé dá.
nome amigo , Vporque. lho nam achou.
'Nem Ambroſio, de Morales `achou
algum,_que com certeza lhe podeſſe
dar. (I) E o nome Ebura , que foi
de certo lugar da-provincía- Cárpetaf
Dia regiam en que eſtá Toledo , nam
Pareceria bema. eſtes autores darlhoz
porque alem de nam fé ſaber onde
foi‘o tal lugar,, nem apparecer raſ?
-to-délle por_ ,0 tem—po o ter gaſtado,,
n'am viram em Talayera reliquia alj
.ãüa
eſictc de antiguidade,
' pegar. en* que
Foi Ebura humellelugar
poz

:da .Carpetanía, 'dé que LiuíQ faz


’ vmengam. (2) _ 1-¡ ' `

'l '9.E;.

_ (1) Moráïès mªs antíguídadesª, eſ


na'ſua 'hill'. liB.'7ÓÍ Cap: 12. ` -,
(z)~ Lib. 49. ab Vrbe cçïndi-ta",h
'De Evan. 32;!
9, E certo, queos autores niſtò
…gram tam diverl'os, que pouca , ou
_nenhüa certeza ſe pode tirar delles .
;Porque o Arcebi’ſpo de Toledo dom
-Rodrigo, diz, que Talavera ſe cha
mou antígamente Aqui!. (t) Clau—
.dio Mario_ Aretlo diz, que le cha
mou Talabriga. O doutor Antonio
:Beurer ,diz , que ſe chamou Eba
`nz. (z) Outros enz-favor da compe
.tencia , que Talavera quer ter, di—
Azem , que ſe chamou Ebm'a , ou Ellº—
.ra , ou Delbora, Mas eſtes nam tem
{nome , pois Morales lho nam' clâ. (5-)
,E affi vem eſta villa a ter tantos no—
,mes com Q dexTalavera , como a
-hydra rev-e de Cabezªs-.Pos quaes
.eu namquizera tiraxlhe nenhum, por
temer , que lhe nai'gam outros , e
' ’ \m1—
1.'

(I) ArcebÏſpo, eClaudio Mario


,xefcridos por Bar,rcírQSHaÑ Chorogm.
,Fin de Talavera .' /
(2) \Morales nas antiguidades de
;HC-{panſizm Cap. 19. Ñ z '_' ‘
' (3) Morales na hifl.Cap.12.l..Io.
17.2. Antiguidade:
imitar a’MoraleS, (1) que nenhum
refuta,,mas nenhum acceíta , dizen
do, que do nome antigo deſta vil
la num ha ‘couſa ,bem averigoada.
~ lo. Mas quero falar claro ja que
Morales com'cffa , quea nenhum dei’—
tcsxachou averiguagam, nem funda—
mentci de verdaáe, deſejando muito‘
de Iho achar, corffo de l'uas Pªlavras
fe ent-.ªnde. () nome Aquis ê tor-al
"mcme ¡nçognito, e nam \e ſáb@ on
de o Arcebiſpo o achou , e porque
,K
lho deu. O de Talabrica foilhe da
do ſó pola ſemelhança , qUe tem com
y o de Talavera, fem advertencia do
ſiúo , porqua Tal-.Ibriga foi hum lu—Ñ' —
\gar de Luſitania junto da villa de‘,
x Aueiro, de que Plinio Faz mengam, (2)'
e Antºnio Pio ‘en hum caminho ‘,
que eſcreve‘ de Lisboa a Braga , do
qual ups trzªt'ta‘remns ,adiant-c. () de;
Ebura, como ja Cliff: nam ſe fabe 011-‘
² de

(I) Pumª hríſt, nat. lil). 4.’cap-‘


Il*
(z) Morales lla/hifi. l. IO. Cap. Izª
I
\
o De Evºra. 1X3
de eſteve‘, poſto que foffe da proviñ
cia Carpetania, Dem _clélla ha memo
na. Os dous Ebora, e Elbora ſaru
alheíos , comvem a [aber da Cidade‘
de Evora en Portugal , cºmo preſto
moſtrarémos. O Delbora é erro de
eſcrittura , como diz Morales , ç
deve de fe :fcrevcr Elbora.

Cap. 44.
Veſtigia: de algüa¡ coa/‘a5 antiga¡ ,
. que ainda ba en Evºra , e quem
for/zm Andre de Reſende , ‘
e ÂcVJil/es Efiaga.
\

V I. As ia ê tempo de moſtrar
f mos , que o lugar , que
ſam Braulio chama Elbora -ê Evora
f Cidade de Portugal,.e que eſta è a.
verdadeira patria dos Santos martyres
Vicente , e ſuas irmaãs .Primeiramen
te eſta Cidade é ántiga., ç «La era en
tempo dos Emperadores-Diodetiano ,
e Maximiano, e muito antes déllcs.
Déſta ſua antiguidade dam tefiimhunlw
' um.
’1 ?[4 -l ‘ Antiguidade¡
'hum fermoíſio porríco de columnas~
'Còrinthías_, que nélla ha (l) O Pal.
> ' .la-- "

. \(1) Era eſte Portico , huma ’das '


mais famozas ‘pegas dosRomanos
… que ſc_c‘onſervnva , nam digo eu ſo
mente nas Heſpanhas , mas no Mun
do: era compoſto de- tres arcos tri
unfaes ornados de diverſas ~ordens
Ñdeycolumnas, alquitraves, frizos ,ní
chos, e eſtatuas de precioſoſimar—,_
more, : occupava
Braga todade:va txezentas
,paffavamſi ,hrgüçzada
as
Colupnas’ que delle .le arrancaram e
vd'eïlas ſe-c’onſçrmm ainda muitas nos'
:Pagos da Inquizíçam, nos ,Conventos
.de S. Franciſco, e- Eſpiriro Santo,
amas cazag particulares dºs Cídadáos;
'dasº quaes- eu‘ conſervo '.huma , no
.’-Pateo das” *que tenho na Carreira do
:Menino Jciusz e‘ pareceme que 0
.Atrio da ,lgreja da Garrucha de EV@
.ra fe, compoz de m'u-iras peñas do
cditó-Pogt-I'CDE. .-Qqual jafflzcra alter()
'zo eteflgldo qu: afrontava ', e cobría.
\
De Evora.“ - res"
lâcio de Serrorio Capitam Ro manº-;ü
q'ue n’ ella teve \eu a'ffento, o qual
hoge eſtá feito moſteiro de freiras do
Salvador. Alguns veſtigios do Aque— ,
ducto amigo obra do meſmoSerto- ,
I ‘ b X

A"
l \
n. .~» _,

a alta e muy fermoza Bazilica de S;


-Antam que ao pe delle fundou o _
Cardeal Dom Henrique: e deſte pre—
texto ſe valeram Ós Jezuítas para fa
zerem que o Cardeal , ſob cor' de
dezabafara ſua Obra , negoceaffe com
ſeu-írmamo ſenhor Rey D. Joam Ill.
que mandafl'e a'rrazar O'xdito Portico , `
e aſiï ſe fez por hum Decreto do di
to Rey,que_eu vi, no muito curio
ío ,` e riço gabinete do Padre józ'e
Loppes de Mira , grande elquadrif-y
’nhador de antiguidades , e muy bem
fadado nas deſcubertas dellas’. Difl'c
¿que eu vi o decreto, e ainda me pa
rece que nam baſta i'flzo para ſe crer
que em caes tempos, por tal Rey,
"e \’le Principe ,› e nos olhos de Meſ
'tre Andre de Rezende, Gàfpar Bar
K

126 - Antigüidades
rio, e renovado por ei ‘Rei Dom
Ioam III. a inſtancia de Andre dc
RèſendeuAlguns pedaços do muro
velho tambem feito por Sertorio.'
-2.. Diz muro
que-\eſte Duare era
Nunes do Lea…la ,
ge cañtariaſi
vrada , e rodeado de muitas. torres,
deque. ainda ha hüa, aque era fºr..
tiffimo, e a maior antiguidade, e
,mais inteira, que havia en Hefpan
‘ha do tempo dos Romanos . (z) E
acreſcenta que e! Rei Dom Fernan
do de Portu al por hum ma‘ocon—
ſelho, quelhe deram y o mandou derª x
'ribar, e que gaſtaram’ tres annos
\‘6— ncſta obra de o deſfazer. Tambem
i ‘ ‘ ' hª

'reims , Diogo Mendes de Vafco’nceI-ª


'los , e infinitos outros homens ſabi'oè
e dados ás antiguidadcs , que entarñ
moravam em Evora , fe dc'ſmanchaffè
c~ deſtruiſie, e apagaffe vml memoria'.
(1)… 'Duarte Nunes na Hifi. del Rei*
dom Fernando fo]. 116. COL 4.
' i \
" De Evºra; !:7
ha 'en Evora muitas pºdras amigas
cºm letreirçs de Romanos.
4-3 Finalm'enre efla nobrc Cidade
deu materia ao douror Andre de Re
zcnde pera_ fazer a hiſtoria dc ſua
'antigmdade , que anda impreſſa , dom‘
de nos tomamos“o acima referido.
E d’ellá
muſtas tomou
coctuſas acerca'cambem Moraïes
de Sextorio , al*

,Iegando a Reſcnde autor .d’ella,~e


dizcndo d’eHe que foi homem de
grande engenho, e multas letras , e
fingular noticia de toda antiguidade,
a qual deſcobrio, e averiguou fem
pre ªcom incredivel diligencia , e jui
Zo mais acertado, que nènhum Hef
panhol. Hattequvi Morales. (3)
4. Trouxe eſtas Pªlavras d‘ eíkè
‘ efcrittor Caſtelhano pera dar a cpn—
Ïcer o in‘ſigne ſacerdot‘e Andre de
' ezende, Portuguez, ‘Eb'orenle, a.
muitos Ponuguezes, que nem do nº*
me o conhccem. Tam alhcos viveh ,
mos ,de más ct mcl'mos. E com tu'doò
Em—
k r
_q

(2)_ Montales l. Cap. io.


l
' 128 'Antiguida’der _
Emperador" Carolo V. o C'o'nheéed
muito bem , e 'o nºmeava entre os ſe’g '
n"s amigos Pormguezes; a que .tinhª.
affexçam. (I) E muito melhoro con'è
heceſ-am noffos’ Príncipes naturales,
'porque el Rei Dom Ioam lhe man-x
dou- traduzïr \de latina en linguagem
a Leo Baptiſta de Architecture. O Car-~
deal Dom êflonſo lhe fo¡ tam aflei
qoado, que oía ouviraa ſúª eſcóla:
O Cardeal Dom Henrique' lhe com'—
’metteo a reformaçam, e emenda das ‘
hilſtorias dos Santos _do Breviario de
Evora que Vazep muitas vezes allega ,
e í-ummamente louVa’. (2) Algumas
› › , vezes‘

d’çl) .Vaſconcellus in. vita Reſen—


1]. \ ,- 7
\(2) ‘Vaſazus-tom. I. in Catal. au#
lorum qUOS ſequitur, Verbo, Bre
~uiarium Cap. 5. & 6. Eſte Breviarioſ
Eborenſe_ reformado por Meſtre Re.
[ende t'oy impreſſo em Lisboa em \548.
›e eu vi hum muito bem conícrvado
e hmpo em Evora na livraria dd Padxªctc
Joze Lopes deªMira’. ' ſi
D
"19? Iïvara. 129
.vçzés liaá d‘ eſte Principe por ſeu
mandado as Epiſtolas de S. Paulo,
e ſatísfazia.ás, duvidas, que ſí: lhe
punham por homens letrados, que
ic achav‘am prezéntes , porque foi
excellent'e Tªologo, Orador, e Poeta;
Andªm impreſi‘as muitas obras (uas de
exquiſitax erudiçam , raro juizo ,. e
agudeza, ſpccialmeme de antiguida'
des , dequc foi curioſiſiïmo , e doutiſ
fimoz como notou o meímo Vazeo,
eIeronemo Ozório.(1) ‘ ,
5 Fo¡ Rezende na aver‘íguagam das
couſas amigas primeiro ſem ſegun—
do hattea‘gora: afli como foi~tam~
.bem o primeiro que en Portugal ab
.Ïio as. fontes da antiguidade . Lou
VOr de Por'cjo Cªto, que fez en Ira—
-lia o mel'moz eſcrevendo 'a obra de
.-ſuas Origens¡ de que faz mençam
Emylio Probo . (2) E ie OS diſcipu—
.los ſam hórá de (eu meſtre ,~ alguns
- l in

(Í) Oſorius' in Prologo hiſt. Reg'.


Emm. .- - ‘X
¿(2) PIObus- in vita.. ,
130 Anti-guidadej
inſignes 'lairam de ſua eſcola, bum
dos quaes foi AchiHes
di?, Vanſconſellos: Exct Eſtaço,como
caja¡ ſcbola
inſigne¡ aliquot 'viri pradierzmt, in
ter quo¡ fui: debil/es Stalin'. (l)
Do qual aſii por eſte re'ſp'eito, como
por razam do ſangue, dareialguª
ma noucxa:
6 Fo¡ Achilles Eſtaço, filho da
Paulo Nunes Eſtaço, homem, que
vnas armas teve nome¡ deque faz
mençam Joam‘de Barros na ſua 3
decada da Aſia. (2) O qual foi ca
valheíro da Ordem de Chriſto, eca
pltam da torre de Cetuval. Fez al
gumas couzas notaveís , que deram
materia ſeu filho pera fazer hum '
tratado , que intitulou : De rebmgej
lis patria* met'. Achilles Eſtaço de
pois de ter. dado moſtras de \eu
bom engenho no eſtudo das letras,,
foiſe d‘ eſte Reinoye depois eſtudou
em Lovanía, een Pariz , e finalmen
' te

(1) VaſconceHus in vita PRezendſi


(2) Barrosliv. 9. cap. ¡2..Decad. z.
De Eibar-á: ¡zi
te paflandoſe a Roma foi recebido
entre os principaes letrados daquelle
tempo . Foi Theologo, Orador , Poe-i
La, e muito douto naslingoas. O Pa
pa Pio lll]. o deputou pera ir aa
Cºncilio Trident'mo por hum dos
Secretarios , poſto que namfoiz‘mas
en
.V. Roma e'xercitou
o chamou eſte offic‘ióa
en Palacſiio‘ Pío
pera Secre
tario das couſas latinas'.v Gregorio'
XlII. lhe deu ſempré à' parte de
Palacio. En Portugal lhe fºi mui—
to affeiçoado-o InfanteDom Luiz,
ejuntamente a ſeu pai, como elle,
moſtra nos verſos' ſeguintes de hu
ma Sylva eſcritta ao lnfante', que ê
a primeira das filas impreffas , e ao
melmo Infante dedicadas:

'At !Mi me , Pªªlzlmqne ,patrcm dequfiztcmnrj


Ipſe quºd ingenio , Marte quad ¡lle pºtçſl.
Quippc pdler bello the:: olim aſiitetm , , C'ſ—mªmi;
‘ Sepa tión' victºr gram: al: hqfle rcdít.
o

- 7. El Rei Dom Sebaſtnam \ha mán


dou offerece'r htmroſos partidos , pe
:xza gus‘ vieſie p’era a torre’ do Tom—
1 ii , _ bo,
bo132 Amigüidzzjèx
, e \elcªré‘vefl‘e oê feítosſidoï Por"?T
tuguezes :ªïmas - Porffue-hUm minifii‘ró ²,1'
que iſto-'tr-attava e e meſmo o 'eſton
vava-z nam -veio. Teve’_ en Rom-a'
tant'o' nómje :en letras ‘,' que‘ o douton’
Nava’rr'o ªem'hüa Epi'ſtola‘ lhe chama ,ª
honra '-de‘Portugal-z '(1) eJuſto Lip
ſiO-dÍZ, ‘que *foi homem de grande;
engenhç ,'Í e~de multa -ligam . (2)'
Entre às alfaias de caſa'.-as que elle‘
mais- 'eſtimªvaye buſcava , ‘e‘ram li‘
vros. na verdade feru elles nam
fe poda' ſabèr , nem eícrever , o qual
ê tam-cerro, que folgára de vam ter
d’iffoÏ tanta experienciª". Conta Chi-~
nitoԻp (5)"que lo-uvando Angelo 'Po--v
L litianq ‘a [0am PicoMí'randula de _'ſeu
grande engenho , e ‘erudiçam: Mi
randula lhe reſpondeu, que n’ elle
namñavíàv‘que** louva'r ,' mas~ qué-pdf
~'- ..-¡ÑN‘ .ª. 2‘ ,- " .e

…(3). ,Navarrus ip-opere de reddſiíg


tibUS'Eccl. 'ª — '
~"’(-1)—:LipſiuS (om. '1. Va'riaªrum lectio
num (¿JL-Cap. I. Ï¡
*P (gª) - Crinitus De honeſtaºdiſciplina
L." 22. Cap. 2. ~ A
-Dè ’Evºra‘. 13 3
ſefl-'e ÓS olhos en ſeus trabalhos , e
vigilias, e juntamente na grandeV li-.
vrarzia , que tinha , chea de todo ge
nero de volumes: dandoa entender,
que daª qui lhe viera o, dcque elle o
louvava. ' ~
- 8. Tomando ao propoſito, A.
chllles Eſtaço fez outra cn quantida
e, evariedade de livros excellente ,
a qual dexou por ſua morte ªos pa
dres daCongregaçam do Oratorio de
Roma a que foi muito aflëiçoado,
e en cuja lgrejgſemandou lepultar,
a qual elles poleram en hüa grande , e
fer-moza ſala com -hum letreiro ſó,—
bre a porta , que diz , Bibiliøtbem
&tatiana . Foram efles livros 'os inſ
trumentos , comqu‘e o Cardeal Baro
m’o fez o bello edificio de feus An
-naes , e affi 'as Notaçoês .do. marty
.rologio Romano, onde fa-z muitas
_vezes mengam de Achilles Eſtaço,
elpecialmente nas Notaçoê’s do mar-\4 ›
.tyrologio falando de ſua livraria diz
as palavras ſeguintes : caju; prwfi'ztia -
mm, qua defidemmr in Dem-ix, lc
gimnr ¿ikeª-t. manu/cr . radica méſ-c
) . i ` k , l".
-.
x
I 34 Ãmigzzidade
bibliatbecz, quam paſiïdemw liberali
mte pia memoria optimi , dt' erudi
tzſilmi viri Acbillix Statij Luzita
ni. (I) Fo¡ Achilles Eſtaço mais di
tozo por o nome , e reiplendor , que
\empre lhe darám os eſçrittos d‘ eſ—
te doutiſiïmo Cardeal , que por o que
elle alcançou com as obras que com-.
poz , porqu: muito poucns d‘eflas ſaiº
ram a luz , poſto que ellas (e vè bem a
viv-:za de engenho , juizo , ç erudiçam
dc ſeu autor,
Cap’. 45.

.Dp prºveita dar Vniverſidadu: que


ellas' fazem os ejcn'pwres‘ , e que a
de Cºimbra pomo depuis de coª
¡negar, cameſou logº de _acabar ª

I, \ As tornan-do, ao' meſtre


- , w d’ efle diícipulo , foi deſ’,
graçª nam \e 1ervir cl Rei de ſeu
ta
E‘º‘(i> .Barºnius in Not. mart. Rom.
dia 1. lanuarij in depofitione Sancti
Ba-ſiïïj. Et 12. Novembrís in Martino
Papa, 6C marçyre.
Dia Evora 135'
talento en algüa couza de importan
cia , porque como a honra , e huma
nidade do Rei eſpcrte os bons en
genhos , como diz Plutarcho , tudo
o Rezende fezera nam ſó com a dí—
ligencia, engenho, e juizo , que'Mo
rales lhe attribue, mas en efiillo ,
qualo feu ê, graviffimo, de que ſe
ſeguira , ſe me nam engano, honra ,
c- utilidade publica: e tambem ſe ſ:
guira , que dexara de ſer pobre , de
que algüas vezes ſe quexa, (1) por
que

‘ (x) Reſendius in Epiſt. ad Card.


Alf. 8C Ignatium Moralem. Todos
ſabem o grande preſtímo de Meſtre
Rezende , e os bons ſervíços que elle
fez ao Senhor Rey D. Joam III. e
D. Manoel, eſeus filhos na enſinan
ga dos Cardeaes, na celebraçam dos
Synodos Eborenſes , nas Pregações ,
na cura de tres Igrejas ſ. de S.]oani
nho em Evora , a de Tonda , e a de'
AIN. Senhora deAgular, na reforma
:am do Breviario Eborenſe , ceremo-~
' Rial de Biſpos, e todo coſtume Ec
deſiaſtico õtc. E porem as tengas que'
¡35 › Antiguidade.: `
que os fel'vigos, em que val' o 'goſ-R'
to dolRCi., e honra da Republica¡
pam podem careçer de bom premio',
‘ 2. E
teve ou ordenados fokam ~del Rey.
doze mil reis, e dQ Cardeal lffante
dezanove mil reis, e dou‘s moyos de
trigo anafil , e dous de cevada , como
elle meſmo declara no ſeu teſtamen
to , cujo_ original vino gahlnite do
Jaze Lopes de Mira , feito hüa boa
parte da letra do proprio Rezende,
e de [uq maru affinado, do qual fe
íervlo de me da; hüa _copia que a
qui tenho, edella he Oque ſe ſegue:
.Declaro que 0, Cardeal Infante , ejèu
Tbezoureire me' devem dezenove mil
?fe-ix. em dinheiro , e deu; mayo.: de
trigo azmfil, e dou; de cevada defie
471710 prezmte de falte-nm e tre-z, da,
tença que de S. Alteza. ¿cubo . Da
Miſ/z que lenha del Rey noffa Senhor
me jam ¿IC-'vidas no almoxzzrlfaelø defz'a.
Cidade doze mil rei; deſte amm de l
fittentzz e tres; manda que todo ſè
eu'remde {TAE cerro que pobre—*maná
?ª YÍYºº Lïºzºnde Cºmº ſe pod-c Ye
- De 'Evora‘.~ f3'7
2.* E aſſi \emos , que o grande A».
lexandro deu a Ariſtoteles oírocenms
talentos por eſcrever a hiſtoria dos
am.—

bem da loma_ de jua t’azcnda feita por


elle meſmo , edada em l'cu teſtamen’
to pela maneira [equinte: Declara
gue: a fazEnda 0m tenba que be a min/aa
qumta , e cazar ¿’/Il que mora , e tres 011-.
tm¡ morada¡ de cazar, que ſe 41111.-,
gam, e o move! da taza euoacquerzi,
per meu trabalbo e ¡nda/iria , e cam
tengas del Rey , e de trez Infante-I
que fer-ai. /èm berdar (le peffoa algú'a ,
mm de Pay , mm May , parque 0 pa
trimonio que delle¡ me podem wir!, or¡
’padres de S. Domingos"
jm- falecimemo de minba 0muy.
bauvemm
, ¿flan—ct
do eu emyPariz. Ncm menª¡ arquiri
e/ia fazmda paªr a¡ renda¡ ¿la Igreja;
Porque quando
.Yªlev Ó'zzmo M ¿Hípfſlªé’i
_‘j‘oauniuba jazztinba,
fuy {ªſh/lucha.
e mmm nſtztuido , poſio que bauve
_Pªlmſ/ª? em cm {10er Anno¡ que SIL;
ve aquel/a [gin-fija a ornammlei haz,
brament'c; e affly a [grs-ja de TrzmlaÑ
que tii:: dom* amm* z‘ .a (leálóoflqóy'e
I 38 Hntiguiflade:
animaes; que ſam quatrocentos; é
oitenta mil cruzados pola conta de
Budeo, como eſte meſmo autor re¬
fere no (Tªgundo livro de Affi, eCri
niko na bone/24 difcíplina . (I)
'3. Mas porque as inclinações dos
Príncipes ſam diferentes , e nem to
dos os Reis ſam‘ Alexandros , quero
' aqui
111mm de Aguiar de que om [ou Pri
or mandei fazer bum nobre e mflazo
retabalo que affimtïado como eflaa me
¡mL/[bu de :mto e tri-'Ita mil rei: , e
11M dez' o: rico¡ ornamentos , e ¡«a/ix,
e'lbe bum Imunſterio de marmor
fer-maza; e tenho ordenada 1mm al—
pendre de column¡ de marmar; e am
fiz ¡ni-,2: caza: que me [mffam de cín—
menta mil rei! , que tudo chega a per
la de trezmta: mil reí: , 7mm fen
da arenda Mmm/Ja nem tam groff'a,
que pofla ƒkppriramaix , que a meio
¡mmm-,ºnto meu , Mſ?? 1mm tiveffe a:
trufas del Rei , e Cardzfªal, enjuda¡
de min/m fazenda , num me poderia
manter.
(I) Lib. 4. Gap. 4.
-Da Evora. 139
aqui lembrara grande commodidade,
que pera iſto trazem as uníverſidades
bem ordenadas, em que ha profeffo
res publicos, e ſalariados de todas
as artes , e Sciencias dedicados cada
qual á liçjm de l'ua faculdade, pera
o que a emulaçzm, e oppoſiçam os
faz mais idoneos, como Ja houve na
de Coimbra , que de pois lhe foram
tirados, deixando ſomente OS de Theo
logia , Canones , Leis , e Medecina .
4. Podefc quexar a Sagrada Theo
logía , pela puvarem da companhia ,
e ornato da marhemarica , philoſo
phia , logica , rhecoríça , e as mais
artes d‘ eſtc genero lidas por taes pro
feſiores, que Santo Thomas, e S.
Dionyſio Areopagita lhe dam por an
cillas. (l) E nós tambem nos pode
mos quexar pºllo que ſe nos tirou
com as taes artes, que niſto ſe vera '
claramente, pºrque ellas deram aos
Socrates ,V Arifioteies , Dcmoſthenes
Cy ,

(IS S. Thom. p. l. onaefl, Laru


_5. Dionyſ. apud Lipomanum in Epi-y
t. p. 1,.
140 Antigüidade:
Thucydides , Catões , Tulllds , Livio”:
Cyprianos , Hieronymus , Aguſtinhos
Oroſios, e infinidade de efcritores
outros, cujas obras nam ſe pode ex—
plicar de quanta utilidade fejam .
.5'. Dos qua'es homens ha nella
Reino grande falta , e eſpecialmente
vemos, que \vem eſtrangeiros a Por
tugal a efcrever noffas couſas, como
ſe foſſcmos nós alguns barbaros , ou
Portugal nam criaíſe engenhos, que
applicandofe o podeffem fazer mui
t_o melhor, como hum Andre de Re—
zende , hum Diogo de Teve, e ou‹
tros muitos, que poderamos ter, fe
a univerfidade perſeverara na ordem ,
en que começou com meſtres emi-.
nentiflimns de letras humanas ,v cujos
difcipulos aſii nas lingoas Latina, e
Grega , como na philoſophia deram
-a eſte Reino nam pequeno Iuílre, e
honra , como notou Franciſco de
Andrade. (I) , '
6 Porque os premios movem as
-. ` . von…
(I) Coron. cie-[Re] _dom [Ioam III.
p. 4. cap. 128. _¿ ‹ ,
ADe Evora. 1'41'
vontades; e ellas fazem os artificios
os -quaes depois oamor da profiffam
convida a frutzficar en beneficio com
mum. E quando pera iſto faltam os
talentos de Alexandro , o goſto de
empregar o proprío e natural en al
gúª obra de louuor, pode muitas
vezes tanto, 'que foffre, e vence to
do trabalho por fair com ella. Como
vemos nos dous homens, que nomeei
lentes na quella vniverſidade, os qnaes
pela affciçam , que tinham as letras ,'
eſcreveram algúas obras , Relende as
Antiguidades de Lufitania , e outras,
'Teve o Cerco de'Dio, que ſe muitº'
eſtímam , edos doutos ſam-mui lou-_
'Vadas .
7 De modo que os ſalarios pu—
blicos de todas as faculdades ſam de
grande importancia affi pera a ma
geſtade , e *perfeiçam de efcolas;
que tem nome de vniverſidade, como
pera todos os outros proueitos , que
{e tiram das vniverſidades inteiras z e
bem ordenadas, como ſam todas as
ma—is principaes da ChríſtandC-Ede, e o
foia de Coimbra, da qual boge nam
~ . te
141 Antiguidadèy‘
remos mais que hüa ametade", Pór
que a outra leuou o tempo, e nam
lhe valeo o anteparo da ordem gc
ral das outras, 'que a fama celebra.(1)
8 Mal ſoHrera iſto Filippº-Rei
de Macedonia‘ pal de Alexandre , do
qual fe elcreue, que aconſelhado de
a\guns, que contra os Athcnienſes ſe
‘ houueffe aſperameme , chaumulhes
IIçi'clos por aconſelharem a quem tudo
fazia e ſoffria pola gloria, que mal
trataffc ao theatro da gloria . Sigmfi~
cando aquella florcnuffikna Cidade,
que toda¡ era húa vnivcrſidade chea
de homens doutiſſimos en díuerias
[ciencias , dos quaes elle pretendía
alcançar approbaçam de t’uas viſ-y
tudes. (2,)
-9 Mal oEmperador Veſpafian‘o’ S.
que do fiſco mal deu l'alaríos aoslen—
;es da rlletorica Latina e Grega,
querendo ſer o primeiro na gloFia
de ~ -

(5) DoutorMonçon hb. I. del Eſ*


pejodel Principe cap. 36. e Fl'. Hect.
Pinto Dialogo das cauzas Cap. 18.
(,7.) Plut. in Apoph.- in Philippe.
De Evora¡ 143
deſte feíto , do que dà teſtímunho
Suetoníò . (I) Mal o Emparador An
tonino Pic; , o qual deu os meimas ſa
larios, nam ſo a rhetoricos , mas
tambem a philoſophos , e alem d‘ ¡fs
to homes, egouernos de prouincias,
como diz~Pontano. (z) E Alexandrª
de Alexandro acreſcema, que os man
dou dar en todas as provincias do
imperio. (3) Poſto que en Heſpanha
o tinha ¡a feitoo Capitam :Senorio
na vniverſidade, que inſtituio na gran
de Cidade de Oſcha de que a'íqda ſe
preſam os Ofchenſes, eo dam‘í por
fundador da que hoge ha ‘naqUella
Cidade. (4) Verdade ê que tudo ¡Ro
forªm começos de Vniverſidades, mas
depois de declinaro imperio, ecreſ
cer a religiªm Chriſtêa,, fe* foram
Perfeíçoando. Primeiramenbte. o Em—
perador Carole Magno ínſtituío a
de Pariz en França, ea de Pauia
r en

(IA) Sueton. in Veſpaſ. cap. 18.


(2) Poncan. de Liberalitaïer 's
, (z) Alex. lib. z. cap.,25'¿
(4) Plut..‘m Sertorío. 7 ,ª
!‘44 Atiguidade;
en Italia’trazendo homens doutíſſimos’
de vtodas as partes; ſegun'do ‘Egnatio
Baptiſia, procurando-.o Alcuino
meſtre do dito EmPerador~, _como_
di'z Palmerio. have‘ndo tanto ,
que eſtas, -'e ,outras -vníverſidades,
começaram ', ainda'duram, ea noffa
.pouco
logo dedepoiszde
acſiabar. E começar , começou
nosj tambem aca
hcmos de‘ lamentar oque curar nam
podemos.v

_ Cap. 46;
_Que E'Uor'a foi dedicada a' Virgo-m'
r noffiz~ó‘enlaam , e que amiga
mente ſè cbamau Ebora, e
ª. . depuis* Elbo’ra,
í
.. q 4
' 1 \ª 'u
I. .'lornando ao propoſito
p . Andre de Rezende eſcre—
,veo a anuguídade de Evora, e de:
Pois

(1) Egnar; Ro. Princip. l: 3. ih


Cal-010 1 . '
(z) Palmer. in Addit. ad Eufeb.
de Tempor. anns- Chriſt. 791. …l
"De Evºra“: '1-45‘
'ois d‘ elle fez o meſmo _en Lingoa
-atina' Diogo Mendes deIVafconceL
los , com o titulo de Municipio Ebo
renfe, aos quaes autores remetto o
leitor , que d‘ iflo quizer ſaber mais:
\ò direi z o que traz Ferrçoio Pauli:
nate , (I) e ê que El Rei Dom AfForx‹'A
. K [o,
5— , . ct ' . I / T
(I) Ferre'ol. _in Maria Auguſta. l.
3. Cap.'3. Ajudam a eſta dedicaçanï¡
da Cidade a Noſia Senhora algúaà
conjecturas: I. a ſera See que‘ dome
çou a fundar o Bíſpo D. Payo aos
24. de Abril de 11816. dedicada, e
conſagrada a N. Senhora da Annun—
eiada, ou do Anjo aos 21. de Mayo
de 1204. dia de S. Mangos . ll. eſta'z
rem ſobre as quatro portas da cidade
principaes quatro capellas dedicadas’
a N. Senhora ao Norte, ao Sul, ao
Nacente,, eao Poente; ſobre adšA-v
viz
ſobreaoa Norte Noſſa Senhora
da Meiſiquita do Se#
ao Sul N.
nhcra do Amparo: ſQbr'e a de Ma#
çhede ao Nacente Senhora do‘
Niachede: e fobre a de Alcunchel aa
Poente N: Senhora d‘_ Ajuda - E aindp
’!46 Ãntiguidade:
ſo Henriques dedicou a cidade dd
Evora com ſeu territorio a Virgem'
noſfa Senhora. Nam ê nouo iſto en
Príncipes deuotos , porque Nic'epho
-ro Calliſto eſcreue , que o grande
Conſt-antíno dedicou Conſtaminopla á
' ~ y meſ
¡ .

que eſt'as portaS'ja nam ſam as que


a Cidade tinha na entrada de Giraldo
porque eſias foram derrubadas jun
À vtamente com OS muros de cantaria
em que eſtavam , por mandado del'
Rey dom Fernando, quando ſe fez
à nova cerca: tambem entam ſe mu—
dariam as capellas das portas anti
gas para as novas, que ſam as que
'hoje exiſiem. E talves que ſcja c-ſta
a rezam de ferem ſo quatro as Ca—
pellas, ſendo dez as portas da nova
Cerca; por ſe nam acharem mais nas
portas amigas de Serrorio.- III. He
¡averem dentro na Cidade , e nos
couros, e termo della muitos Moſ
teiros, Hermidas , e Freguezias de
'dicadas a N. Senhora com differen
ga notavel de todas as Cidades, e
í\1_'illas_~deík_e Reino;
De Evan:: !47
m'eſrna Senhora , o que tambem affin
ma Luis Viues ſobre ſanto Aguiñ
nho no quinto da Cidade de Deos.
. 2 Trattemos do nome antigoI de
Evora. Os Romanos lhe chamaram
Ebora. Aſií lhe chamou Plinio, (I)
Mela , (2.) e Kàgtonino no Itenerario';
e prauaſe pola regiam , e fitio, ‘enª
que a poem: tambem fe proua por
muitos Letreiros de ?Romanos , que
_nella ha', en que feA léáeflze nome, os
quaes traz Rezende , e Vaſconcellos,
e eu vi alguns ſendo moço , e pode
ra ver todos, ſe cuidara ue en al
gum tempo me podia i o ſervir,
mas como diz 0 poeta Italiano.
Quid erª/21m1 wlan-et ::as
t.
Scirc nçfa: hominí.

III. THEB.
3 O nome Ebora por curſo de
tempo ſe corrompeo en Elbora ,
principalmente no vzo Eccleſiaſtico ,
. K ii e diz

.1) lfPlin.
Mela. hiſt. I.Al. 4. Ca P . 27.. (z)
3. Cap.
148 Antiguidades
e diz Rezende, (I) que aſií ſe'ehaª
mou nos Briuiarios , e míſiaes- da.
Igreja de Euora feitos te oſeu tem
po. Volaterrano falando n‘eſta Cida—
de traz ambos OS nomes por eſtas
palauras: Ebom item Plinio, (TAI:
tonino, Elbarenſi: num-vrbiſ. (z) A
qual corrupçam ê tam amiga , que
provavelmente ¡a era en tempo da
períeguiçam , en que os martyres
Vicente , e ſuàs írmaás padeceram .
.4 Pera iſto ſe deue ſaber, que
eſta Cidade foi Epiſcopal deſdo tem
po dos Apoſtolos. Pregou a fé aos E
…borenfes ſam Mancio diſcipulo de
N. Senhor Jeſu Chriſto, o qual ſe
achou en Jeruſalem na, procíflam de
Ramos¡ vena Cea do Senhór; e ſer—
uío no Lauatorio dos p'es‘, e vio a
Chriſto viuo, e morro, e Reſuſcira
do, e recebeo o SPirito Santo com
ds 'mais diſcipulos, (3) E nam (e eſ
. pan—.

(I) Reſendena Antiguid. deEuo


'rn Cap; I. (z.) Volater. Geograph. i. r.
(lap. de Heſp. (z) Breu. Ebor, 8C Bra
chzlr. . x
,.,.
,{(3

-De Evora; !49'


’pante o Leítor fe nam achaí* a ſam’
MancioÑ entre OS ſettenta, e dous
diſcipulos de Chriſto, que nomea o
Biſpo Pedro(1) e outros , porque
elles foram muitos mais, como pro
ua Euſebio Ceſarienſe. (2) Celebram
as Igrejas Eborenſe , e Bracarenſe
jua-feſta a 2.¡ de Maio , poſto que
omartyrologío Romano nouoa poem
aos 15. Valeo, c Morales eſcreuem
ſeu martyrio, e principalmente aC¡
dade de Euora o reconhece , e feſteja
como ſeu primeiro Biſpo , e' por tal
Q poçm Ieronymo Oforio no ſeu CaI
calogo dos Biſpos de qura. x
5 Depojs en tempo do. Empera-ï
dor anſtantino ſe celebrou o- COHCÍ'_
lio Elíberino, ou Líberitano, conue’m
a \aber de Eluira , Cidade hagora
deſtruidª, que entam era cabeça do
Biſpado , que ſe paffou a Granada ,
‘ao qual concilio foi Qyínciano Biſpo
de Euora , e affinouſe no penultjmo
lugar por eſtas palauras, ngintianu:
Epm‘
{..…-..-….., . ,… Ñ ...Ñ—.Ñ . 2*"_1
(I) Petrus in catalogo l. 6. Cap.
{99. <2) Eugbiqs: l: I._Cap,. x43
15'6²‘ Antiguidader
Epñs Elborm. Rezende, e VaſcoñJ¡
cellos nos Livros allegados dízem,
que eſtc Qyinciano foi Biſpo de Euo—
ra , e tambem o diz Vaſeo por eſtas
palauras traduzidas en Portugues.E—
“ao-enſ”, o: Romana¡ dize-m Elboren- -
jè. Ebam é’ Cidade de LBZÍÍdnÍfl mui—
tº celebre , :muito mbre, por n‘ella
reſtdirem muitas ªDeSe-.r o: Reis de
Portugal, caja Biſpada je 'véſèr M—
tiquiffi'ma , parque a¡ Ebºrenſe: leve
ram aa beatº Manda diſcipula de
?cſu Cbriflo por primeira pregador
da palaum diuizm , e como é' verifi
mil, parBtfiM. Quince-ano Bzflm tam—
bem d‘q/ia Cidade fat' prefintc nº
concilio Eliberitana. Hattequi ſam
palavras de Vaſeo, (I)
6 Eſte concilio celebrouſe no anª‘
ño do Senhor 324. ſegundo o traz
Morales (2) de -muitos originaes- an- ~
tigos dos coñcilios , eja entam o no
_me daquella Cidade andaua corruptº
è hauia ſos vinte annos , como ſente
o meſ—
’ (ſ) Vas.qtom.rI.-linít. Cap. zoín

Pr’zeamb. (2) Moral, 1:20. _Cap. 31,


_ 'Da-Evora: 3;:
'o mefmo .autor ,,(I) ªllegando a San;
to Aguſtinhº , ¿que começara a per.
ſçguiçam'cu Heſpanha por mandado
de Diocleciano ,_ e Maximiano, que
f9¡ no anno do Senhor 304. E. Vaſeq
e_ Antonio de -Cianca__(_2_.) .poem o ,_

martyrio de S. Vicente ª *e de ſuas


irmaãs no anno de 306. Demodo ue
deſoíto annos depois de Sam i¬l
ccnte , achamos ja corrupto o no
me Elbora no_ Biſpo Qginciano, e é
de crer, que aſfi eſtaua jª quando os
Santos foram maityrizados, porque
Sam Braulio hauia de tresladar fiel?
mente o que _díelles achou eſcrito cn
memorias antigas,_ , Ñ,
7 E ſe ſeguimos ao Cardeal Baronío
que poem o concilio Eliberíno no an
no dc Chriſto de 305. en tempo dos
Emperadores Confiando , ve Galerie ,
ſegueſe, pois n‘elle ſe affinou o Biſ—
po Qpinciano Elborenſe , que antes
do martyrio de Sam Vicente, e dc,
_ _ _ſuas

(I) L. fo; Cap. I. (2) Vas. to.I.


anno D. 306. 1¡t.L-Cianca ua hiſt. de
, S. Segunda!, 1, Cap. 20
{H Zntigüidade:
ibas irmàís ', o nome' de~ElBora ‘anda‘uaï’
corrupto, 'pois çonformé‘ a Baronio”
("1) aquellc concilio ~precede() o ſeu’
martyrio por tempo- de_ hum aux-10,?
porque ellès padeceram no anno de'
306 ‘como dizem ps autores allegadosfi
'8 Morales tambem diz, (2) que’
o prºpriQ-nqme d‘eſta Cidade foi E—
bora. -E -noutro' lugar_ diz , que os
Godos lºbo corromperam En Elbora,
cªomo; nos concilios de Heſpanha pa
rece, e'ſe confirma mais com moc—
dqs de'ouroldaquelles Reis, que tem
o nome de Elbora. Hattequi‘.Mora
les. (3)›Mas n-am foram os Godos os
que corquperam efle nome , porque
já en tempo 'de Conflantino, e antes
d‘elle con'formea Baronio eſtava COT**
rupto ,ççmo moſtrei : e os Godos Com_
ſeú Rey Athaulphq entraram en He(—
anha depois en tempo do Emperador
ªlonorio ,'comg dízem Sabellico ,Pau-Ñ
' lo

“ (I) Baron. in Epic. HenriciSpon-'


dani anno D. 305. n. 4. (2.) Mora].
1. 8. Cap. 20. (z) Morales. 1: Log‘
Cap.12. “ ª -
DE '- Evora F“- 1‘5’3’
19 Óroflo (I) ~e outros: ‘e pr'efiſamen-á
te S. Proſpero poem \ua entrada no
:mno do Senhor 417. (2) como qual
ooncorda Valeo. (3) r

CªP- 47
.De manías amiga¡ com o nome de
-Elbara . Que Sam Braulio tem* n0
ª ticia d-efla Cidade . Prouaſe que
* Sam Vicente, e juas iimais
fomm Mmmm della.
*I D Am taïnbem teflimunho da
c corrupçam daquelle nome
moedas que \e acham dos Reis G0
dOS, en que elle eſtá . Diz Morales ,
(4) que teue húa de ouro del Rei'
Reccaredo com ſeu roſtro de ambas
as partes, e ſeu nome eſcritto en
húa, e na outra dizia , Eláora juſl
tm. E logo declara, que eſta Cidade
era -'
(IÍ Sabellic. Enn. 8. l. col. 228.
Oroſius l. 7. Cap‘. 43. (2) Proſper. in'
chron. (3) Vas. to. I. anno D. 4,17.
(4) L- 1²-_ CªP- 4
' ‘154 Antigüidade::
era Evora de Portugal . Eeli .tenho
outra tambem de ouro do meſmo
Rei com ſeu ,refire en ambas as par
tes, e en húa diz, Reccaretm' Rex.
E na outra, III/im* Eluora, com a
Letra u. en lugar do' b. Reinou Re
caredo quinze annos, e faleceo; ſe
gundo Illeſcas( I j no anno _do Senhor.
6m. Donde fè collige,, que eſta Ci,
dade era muito conhecida en Heſpa
nha , pois ſeu nome.andaua en moe~,
das , que corriam en toda ella.
a. E ſam Braulio allí por eſta ra
zam, ’como porque ‘eſtudou en Saui
!ha
namasduuidoſi,
ſciencia‘s
quediuinas, ehumanas,
tene noticia da C¡
dade de Elbora_ que d‘ella diſta 35'.
Legoas pouco mais ou menos. (z)
Mas depois que foi Biſpo de Çara
goça tene occaziam pera a, ter mui.
to maior, porque ſe achou no quar
to, eſexto concilios Toledanos, nos
quaes fe achou tambem Siſiſclo Biſpo
Elborenſc, e ambos cfles Prclados eſ~.
› tam

_(1) Hifi. Pontif. l. 3. Cap. 17..


(²g) Ribadeneyra na ‘vida de &Braulio .
k De Evora . is';
tám affinados, n‘eſtes dous concilio:
o de Elbora primeiro, que o de Ca
ragoça . Foi iſio nos annos do Senhor
feis centos , trinta , e quatro , e ſeís
centos , trinta , e ſeis , ſegundo a
conta de Morales. (2) ` '
3 E pois elle eſcrcuendoomarry
rio de Sam Vicente falou en Elbora
ſe houuera outra de que falara, e
nam da noíTa, que tinha noticia, e
cujo Biſpo conhecia , falara com diſ—
tinçam , e declaraçam pera fe!enten.
der de qual falaua, mas pois iſto
nam fez, e efia Cidade era nobre,
e conhecida en toda Heſpªnha , claro_
é , que falou d‘ella . E podeſe conje
cturar , que eſcreuendo Sam Braulio
hiſtorias de Santos de Heſpanha, e
cõmunicando al¡ com os Biſpos dc'
toda ella trabalharia de entender d‘
elles o que deſta materia tinham en
ſuas Igreias, eentam haueria do Biſ*
po de Elbora a relaçam, que daquel
les Santos martyres dexou eſcritta.
A 4 Porque ê couſa antiquiffima a
Igre

(1) Morales l. 12.t Cap. 19.823.


156 .Antiguidadej
Igreja Eborenſe cantarlhes ſcu'Qffield
e aquella Cidade conllecellos por n21-.
turaes, e padroeiros, econuerterlhes
a caſ'a en que moraram, en templo
de ſua aduocaçam e por elle ſer muj
to amigo, e piqueno , leuantarlhes
outro narn hà muitos annos de me—
lhor architecture¡ , e conferuarſe a
pedra com as pegadas do Santo ªlli_
no templo amigo, como no moderª
no, poſto que os deuotos a tem en_
gram parte gaſtada, tirando pòs de
que ſe aproueitam pera maleicas, e
qutras infermidades.
5' Bem fei, que. os viſinhos de
Talauera moſtram outro templo dª¡
cſtes Santos , como diz Joam de Ma~
dana. (x) Sam ªrteficios , filhos da
competencia, que ellesÑpodem mol‘m
trar, mas antiguídade dolugar , edo'
nome, nªm podem. Multas conjectu
ras acumulou pera iſto omel'mo Ma—
riana , mas todas muito Fracas. Por
Talauera cſtar entre Toledo, e ;Auie
la nam ſe fegue ſer ella Elbora', on_
, de

10‘) Liv, 4. Cap, 13. e 1.4,


u J
_ De Evºra; 157
de Qaciano foi, nome, que ella nun
ca tcue‘. E por Elborá, ou Evora de
Portugal eſta'rdeſviada, nam ſe ſegue
que- Daciano nam foſſe lã, mas an
tes fe proua claramente, que foi P3“
cificar os-Eborenſes, e Pacenfes, iſ
to ê- os naturaes de Beja, que con
tendiam ſobre os termos . Doque d¡
teſtimunho hum fermoſo LetreiroRo—
mano¡ que eſta no lugar de Oriola
entre Euora, e Beja, en húa grande
pedra , o qual traz o doutor Andrè
'de Rezende , (6) e nos o porcmos
tambem aqui en confirmagam de noi
ſo P ro P oſito¡ DD.

"—5.—
(I) .ln epiſt. ad Kebedium,
158 'Amigª-¡dades
DD. NN. AE TERN. IMPP: '
C. AVR. VALERIO. I OVIOJ
DIOCLETIANO. ET. M. AVR.
.VALERIO. ERCVLEO. MAXIMIANO;
PIIS. FEL. SEMPER AVGG.

TERMINVS. INTER PACENS. ET.


EEORENS. CVRANTE. P. DATIANOJ
_V. P. PRAESlDE. HH. N. M. EOR-VMQ
DEVOTISSIMO.
Iſto he.
A noſibx Sen/:ore: , e nar Emi
paradores Gaia Aurelia Valeria Ioviº
Dioclctiam, e Marco Aurelia Vale—
riº Emu/ea Maximiano, piº!, fªct‘,
cexſempre .daga/Z0!.
Termo entre as Pumaſ?: e Ebarentf!
por ardem de Publica Da Ciano , 'Mmm
patricia , preſtdmte das Hcſpanbªf › dª
jua {liumdadc , e magzſtade, dªllª‘.
¡{fflïmo.
. Eſte motiuo ê de crer leuou Dª'
cxano a Euora , onde mandou pren‘
der a Sam Vicente, e ſuasirmà'as’
cºmo díz o Breuiarío Eborenſe -’
› e gm¡
De Evora. 159
e muitos autores. (I) Pellas quaects
razóes Morales nam pode negar ſe—
tem naturaes de Euora por muitos
_reſpeitos , diz elle que pera ííſo con
correm . E o padre frei Ieronymo Ro
mano diz, que Daciano ſaíndo da
Bethica ſe mecteo pelo que hoge
cbamam Portugal te chegar á Cidade
de Euora , habitaçam amiga de (Llin—
to Sertorio, eque al¡ lhe eſcaparam
os Santos Martyres Vicente , Sabina ,
e Chriſteta , e ſe pafl'aram a Anilla
onde elle meſmo os fez martyrizar.
Garibay (2) tambem diz , que foram
naturaes de Cidade de, Euora en Por
tugal, enam do lugar chamado Ta
lauera , como alguns ſonham . (31: Ga ſ
par Barreiros diz , (4) que Lucio
Marjneo le enganou en dizer, que
eſtes Santos foram naturaes de Aui
la, porque foram de Euora, caja ca
ſa
(I) Morales l. lo. Cap. 12. Ro
mano na Rep. Chriſt. 1. I. Cap. 12.
(2') No compend. l. 7. Cap. 43.
(3) Vas. to. 1. anno 306. íub LÍIÑK.
¡(4) Chorog.›tit¿ de‘ Madnd.
150 'Antiguidader
ía eſtà co‘nuertida en hüa Igreja; en;
,que ſam venerados. Diogo Mendes
de Vaíconcellos lhes dá por patria'
a meſma Cidade de Euora no liuro
.que intitulou, De Municipio Eborenfi
Do meſmo parecer ê o martyrologio
dos Santos de Portugal.(1) y
Tambem affirma o doutor Re—i
zende na hiſtoría da antiguidade de
Euora , e na Epiſtola _a Bartolomeo
Kebedo o proua com grande erudi
dígam. E de tempo antiquiffimo o
diz o Breuiario antigo da Igreja Ebo
tenſe, eo da ordem de Sam Bento
en Portugal , c outros, que refere
Ambroſio de Morales, (2) que eu
nam vi: ultimamenteo traz 0 Cardeal
Cefar Baronio nas Notaqoês do mar
tyrologio Romano, onde tratrando
de alguns Santos, que houve en Heſ—
anha hum
Eouuc d‘eſtc natural
nome , deV
affirma , que
Euora, que
,padeceo en VAuila com ſuas irmãas
ſª—

. (I) Martyrol. die Z7. Outob.


v(z) Morales l.- ¡0.- Cap. 12. Ba~_
ron. die. 19. Aprihs.
\
ª. ' DIE-vara. - - 151:
Sªbina; e Chriſteta¡ cujas palauras
..ſam as l'cguintes. Alina* qm' patria
--Ebºrmſis , Abula una mm Sabina ,
(9ª Cbri/letide ſaroribm Paffliu e/í.
, 8 Sobre o lugar onde ao preſente
eſtam ſeus Santos corpos cambem hà
outra contenda. Antonio de Cianca na
-tural de Auila nahiſtoría de ſamchun—
do primeíro Biſpo daquel a Cidade dizl
,(1) qUe eſtam en Auilalna Igreja de
-Sam Vicente, eque o Cura , e be
neficiados della todos osſabbados fa—
zem hüa procíflam na Igreja_aos ſeus
. ſepulchros .
Frei Athanaſio de Lobera eſcre—
ve, (2) que el Rei dom Fernando o
-Magno os trasladou de Auila pera
~ Learn , e OS poz en hüa arcà de ouro
no
tam,moſteíro de S. en
lſidro, Onde eſ—
co’mmſctèïlê hüa pedra do
;meſmo moſteirÓ-da Era 1103. Lem
< * brame
\ dizer
'.- " Sam
ct? -LI-eronymo
› ‘ (3) fur*
que

(I.) Cianca. L. I. Cap. 21.


(2) Liv. das grandezas da lgreja,
c Cidade de Leam. Cap. 3g.
(3) ln vila Hilar. m fine,
!5-2. Áufiguidadn
Vtando Heſychio diícipulo-de Santo
Hilªriam o Corpo defle Santo na
LIlha de Chypre, e Ieuando-o pera Pa—
leflina , contendiam os Paleſtinos
com os Chypriotas , dizendo aquellºs ,
que tinham ſeu corpo, e eſtes ò ſeu
ſpx‘ritu. Fa'ziamſe muitos milagres en
ambas as partes , mas mais en Chyü
pre no lugar de ſua ſepultura , que
parece amaua mais aquellº lugar',
como ſentc o meſmo Sam Ierony—
- mo . q
f Io. Tomando aos Auileſes , e Leo
neſes, eu nam quero fer juiz’de ſua
contenda, mas lembro, que os Auíª
¡efes tem por fi a tradiçam amiga,
e os milagres , que muitas vezes a—
conteceram aos que iam jurar ao ſe
pulchro de S’am Vicente de Auiia,
o qual juramento os Reis Catholicos
vedaram com graves «penas nas Leis
de Toro¡ ſegundo diz _Frei Ierony
mo Romano naíua Republica Chrif-`
taã' , (1.)Vonde diz ,_tambem , que os
..i , Aui

(i) Roman. L.- 5., Cap. ¡6.


/

De Evora . .153
Avileſ-:S poffuem ocorpo. de Sam Vi.
ceuta. ‘Mas nam baſtando iſto , ‘ficar
lheS-ha o ſeu ſpinítu, de que ſe 'po—
deram gloriaſ, como faziam os Chyª
priotas., Poſto que pode dize¡ , que
parte daquelle ſanm corpo ficou em
Auila , e parte leuou el Rei para
Leªmª _ ,, 1 “r"
II. Iſto ſe me Offereceo dizer- a
cerca da patria deſtes ſagrados mare:
tyres, qUe tenho moſtrado‘ ſé¡- a Ci
dade de Euora . Muito eſtimei ha
üer occaſiam, em qUe aeHa, e' ael-ª
les preítaſi'e com a pena ,‘ conforme
ao ditto de Plato ,. (I) quev náo ſó‘—
Ñmente naſcemos pera nós,¡‘-mas‘› pera
a patria, pactª-,leamigosL Açlèmd’iſ
to fico pagando as diuída‘s--dohezrçoº,
e da primeira ¡dadªe ,- e aſfiÑ algfias lc:-i
trªs, que nªellª aprendi y Pºn-?adºrno
e liberafidade do Car'deal Infante
Dom Henrique , que depoís , foiRci
defles Reinos ,annual me*‘ñnto*mu*i~
to obrigado aſiï' por eſie-zbenefioio,
H ’ CO*

(I) Plan. Lib. 36ª Epjſtïqg. ' ad Ar


chit. Tarent,
154 "Amiga-Made:
como—pello da críaçam, que em ſua
rcaſa tiue deſde minino de dez an
nos. ~
'12.‘ "Ajuntammſe n’eſtc ſereniſſimo
Principe' as-duas dignidades, Sacer
dotgfl _, {Real , 'como nos amigos Reis
Ïdo‘ Egypto, (I) e como en Melchi—
fedech., e en Job , (7.) e com ellas
muïtas "eſPLranças de bom goucrno,
'qua'l entám' as couías ,d’eſte Reino hay
uiam mirſtè'ry—Mas'cOmo depoís de
fer Rei “Vjuèſſe Poucò, e ſemprc en’
fermº‘ ,e nºm pode eXercitar- as virtu
'des ,'Ï‘ü'e‘queï_ era “dotado , que cerro
'RuraUÏ-d'i'gnas de-impetªio , e que ſc
víu'et‘a-,iïlhe 'déram _ïfa'cïil'menté o' titu
lo ¿Cªpa-L dà‘pa't'riá'.- Sendo Cardeal
Infahée—ſürïdoü a Vnïy’üſidade de Eno
ra,’ïòñflêï fiolrgàua‘iJ ’qUe todos ap'rerh
--deſi‘eàï‘g’e iaffi-_qui'zjz' 'que-cu o fizel
:ªl 1.2' ,~ t'- ſe
’:1‘..ÏLE'. '¡ -, ‘12"‘
- 'I 02H?" ‘Íſ'x . :2." 4
" (òſiª'ªPhÉü de Iſije 8C -Oſiride.
~ Q7.) Iſidorus de Ortu , Vita, 8C
OB'rMI-Sanctor. PatTum. Hieronymus
"Epiſtl 25d Euagrium, 17.6. airJOb fuiſ
is faccrdotem.
.\
De Evora. r5;
ſe tambem , mandandome dar nas eſ—
colasxa mòradia , que en ſua _caſa _ti
nha. No que ſe pode notar quanto
fauorecía as boas artes , ediſcíPlinas,
pois ſe tínha.
de Querri ,, por.
‘eſtúdaſiuá melhor
,' que ſeruído
ctde qúem o
ſerwa. Fiz d’elſeaqui mengam por
fer geralmente benemeriro de toda
noíſa familia., eparticularmente por
fer juſto, e deuído , que da aruore,
que elle críou,_e cultiuou , lhe offew
reça eu o frutto , que poſſo, e eu
nam poſſo outro, ſenam cſte de m6-,
moria. › Ñ. ‘
1‘56’ ' ,
*Saw-MNK--INMNNNMNR'
DE Fr. BERNARDO DE BRITO
CHRONICA DE ClSTER.
.L I V R 0 v,
cAi>. XII.
Goma a Cidade de Eva-ra foi ganbaé
da aos Moura: , e por ordem del
.Rei Dam flflbnfø [e pafflm a
ella a nova ordem de C4
'_vallaria.

Uatro annos depois dª inſtítuié


çaó feita pelo Abbade João Ce-Ñ
ríta da nova Ordem de Caval
]aria , ſuccedeo cntrarſe por força de
armas a Cidade dc'Evora em Alen
tejo, e reduzirſe a poder de Chriſ
taó's por hum modo aflás digno
de notar; e porque delle reſultou o
augmento da Ordem de Avís , eche
garäo ao eſtado que hoje tem , \'erá.
juſto darmos relaçaó de tudo cm PPT',
. ª
, De Evora 1—_ 157
ticular. He pois de ſaber que rei-l
nando em Portugal el Rei Dom Af
fonſo Henriques, houve hum homem
de gera aõ nobiliflima , natural da
Beira , cïlamado Gerardo Giraldes , ao
qual por fer animoſo , e arriſcado
nas batalhas , deraõ por alcunha ſem
pavor. Eſte.Cavalleiro tendo ſervido
'animofamente a ſeu Rei, e ganhado
para ſi grande fama, íuccedeo com
metter hum crime_ , por onde enten
deo que fondo prezo perderia avida:
e poſto que alguns callem a qualida
de do delícto, não faltaõ outros , a
quem pareça que foi morte de hum
grande privado del Rei , ao qual Ge
rardo matara em deſafio. Foffe o cri
me de qualquer qualidade , e condi
gaõ que quizefle, elle lenaõ teve por
ieguro nas terras del Rei Dom Aſ
fonlo, e com muitos homifiados , e
gente perdida ſe lançou em Alemte
jo , onde fazia grandes roubos, tan
to nas terras dos Mouros, eomo nas
dos Chriſtaò's; pelo que de huns , e
outros era ſeu nome temido em to
do eſtremo , e ltanta gente acodig
l ea
158‘ Amigyidadex
lhe fHZê-f‘companhiaª cònvidada' 'daª'
ſua fama, que chegou a-tei‘ quinhen
tos e vinte e ſeis de Cavallo, e gran
de numero -de Infantaria em forma,
que ja naó cbmmettía alſaltos eſcpn
didos -a modo de falteadorz mas pu
blicamente dava rebates , cómo ini—
migo favorecido da fortuna. Alguns
Jugares de Mouros o tínhaó por ami
_go , e lhe acodiaó com certas medidas .'
de paó, e cevada , -porque lhc nac’)
deſtruifl'e as novidades ;‘ e com eſtas
gages , e outras ſcmelhantes trazia
os \eus proſ'peros, e bem guarneCi—'
dos : mas como aquelle officíonaó
era conforme com a -nobreza de- ſeu
animo. neme com
á ſuao Patria,
amor que tinha
:1. ſeu Rei, vdetermi
nou fazer algüa Obra famofa com que '
ſe recompenſaſſem os desſerviços paſ
ſados, e ſe puzeffe em cſquecimenr
to a 'quebra recebída em ſua reputa
çaò': edepoís de varios diſcurſos fei—
TOS (obre eſta materia , deliberou com
fign huma fªçanha igual á grandeza
de ſell'animo , qual foi cobrar de
poder de Mouros a infigne Cidade
- de
De Evora 15-9’
de Evora,À amiga morada do Capi-"
tam Sertorio, ehíia das mais nobres',
e leaes deſte Reino. Era o caſo ar—
duo, e requería muita vigilancia na
execuçaó, porque -ſe havia de fazer
mais por manha, eardil de guerra ,
que por força de combates ; e ſe o
negocio lhe'fahille em' vaõ, temia'
perdenfe de todo ponto , porque ſe
haviaó de conjurar em ſua deílruigäo
todos os Mouros de Alentejo , que
entaõ o tinhaó por amigo ,— e o con--V
fentiaõ viver dentro em ſuas Comaſ-z
cas. Todos eſtes inconvenientes oc
corriaõ ao animo de Gerardo , e a'
todas as grandezas delle dava gentil
fahida, e bulcava vazaõ. Vivia elle
com todos os ſeus em hum Caſtello ,
que fundara na ſerra que chamaò'
Montemoui'o , na propria Provincia
de Alentejo, cujas ruinas e' vem no
tempo dagora , conſervando em ſí o
nome de ſeu fundador : e deixando
nelle ſeus companheíros , tomando \ó
cinco em ſua companhia , fe foi láCi
dade de Evora com pretexto de fal
lar com o Alcaide della, errararal
guns
!60 - Ántíguidade:
guns negocios deimportancia: epoſ-p
to que os Mouros fenaõ fiaíſem mul
todelle, temendo que áconta de ſeu
dano quizeffc adquirir a graça del
Rei Dom Affonſo, que ja trazia as
armas victoriaſ-as pelas terras de A
lentejo, todavia o deixaraõ entrar
na Cidade , vendo que vinha pouco
acompanhado , e queria negociar com
quem ſenaó enganaria facilmente.
Tratou Gerardo com oAlcaide mui
tas couſas , encaminhadas áconſerva
gaó , e profperidade dos Mouros,
tratando duramente as couſas delRey
D. Affonſo, e publicando mil males
delle, tudo a fim de [egurar ſeu par-…
. tido e depois de ver pbarbaroincli
nado a ſua parte, lhe diíle que de
terminava com hum ardid de guerra
desbaratar a el Rey de modo, que
em muitos annos naõ erguefle cabeça
pedindo que pera ella occaziaõ lhe
naõ faltaffe com algum foccorro de
gente bem encavalgáda , porque os
feus favorecidos emprendeffem o nc—
'gocío mais facilmente. Deu oMouro
credito a tudo, e prometteo de lhe
nao
Dr Evora ' 16! q
nio fªltar ſendo requerido: etratan-"
_do-0 como amigo , o teve comſigo
dous dias , nos quaes Gerardo fem
deſcobrir ſeu animo , onderou miu
demente a Fortaleza . a Cidade, e a
vigilancia que havia em ſua guarda,
com todas as mais couſas tocantes a
ſua defensaõ : e depois de ſe partir
_do Alcaide, .virando os olhos huma ,
e muitas vezespara ,ª Cidade aca
bou de aífentar comſigo o modo de
a conquiſtar por hum ardid ſubtiliſ
timo , e cheio de grandeza ,de ani
mo, o nal nunca fiou de outro ne
nhum , enão de ſi proprio." Tomando
Gerardo a ſeu Caſtcllo , e chamando
ſeus companheiros , lhes fallou aſ
Lim.
' A do
curſo experiencia
tempo, edasacompanhia
couſas, o Idos
diſ
trabalhos vos teraõ abonado minha
vontade, e animo de modo, que te
nho por deſneceffarias palauras para
me acreditar comvoſco , º fundado
ncfla
ca`tiycverdade vos confefl'o
tanto goſto de vſioſſaque nun
compa
nhia , que no meyo deife me ſnaó
o
161. Antiguidade;
ſobreſaltaffem mil temores do perigoV
de cada híi de vòs, pelo remedio
do qual eu dera quinhenras vidas.
Vejo que a ventura nos favorece dc
modo , que vivendo entre inimigos ,
ſomos amados, e temidos delles: e
ſahíndo de noſias terras ſó com `.lr-.
mas veſtidas, ealguns ſem ellas, eſ
tamos todos ricos e Senhores dos.
Campos em que vivemos: mas jun
to com' iſto me lembro, que a proſ
peridade da ventura naõ he, nem po
de íer muy duravel, porque os Mou
ros que hoje nos favorecem como lle
mais por odio del Rey D. Afonſo.,
que por amor que nos tenhaó, facil—
mente nos prochraráó todo o mal
que puderem , tamo que otempo fi
zer algüa mudança. Vejo tambem dou
tra parte a fortuna proſpcr-a do Rey ,.
a que remos offcndido, e a quem de
vemos ſugeygam , e vaffalagem , em
- cujas mãos ie cahírmos , he certa a
pena merecida pelos desfarviços que
fizemos ategora: eo que febre tudo
finm, he o affiomoſo nome ‘de 13-.
drões, e rebeldes, com que (erªmºs
- tra
l
De Evora ‘1‘63
"tratados em quanto durar o tempo,
o qual nos fará indignos, por nos
terem por parentes, e amigos aquel—
]es que na verdade o (am. Por onde
andey ſempre buſcando'algum meyo
que nos livraſſe deſtes inconvenien
tes , e foffe baſtante anos reſtituir
’a hon'ra perdida , o qual tenho entre
`mãos taõ accommodado , que duvido
'Ie ſe poderá achar outro lemelhante
'e tanto o tenho por mais cerro , quan~
to o fim delle eflà poſto na fortaleza
de'voífos braços, coſtumados a \air
‘vencedores de todos OS perigos; e
'porque na brevidade da obra eflà
grande parte do bom ſucceffo, vos nam
'detenho ac’ontar qual a empreza ſeja,
‘hem o modo que ſe ha de guardar
no eſtylo della, porque comovoshey
de acompanhar em tudo, em màm
vereis oque vos 'Conyem fazer. Ago
'ra vos encomendo,~que providos d:
‘armas , e mantimentos para dous dias
'eſtejaiS' promptospam nos partirmos
'a noyte feguinte , ecobrar nofl‘a hon
'ra , e fazer a Deos e a el Rey D.
Affonſo hum íervfgo \vencedor de
per
!64 Ãntiguídade:
perpetua fama pelo qual ficaremoš
admittidos a ſua graça.
Feyta eſta breve pratica a ſeus
companhcíros , fe começou Gerar-`
do a armar, e prover todas as mais
couzas neceflarias ao combate; e cer
tando—\e a noite,- fahio de (eu call'
tello por caminhos dífferemcs donde
levava o intento: e poflo que os Mou
ros, que viviaõ perto, ſoubefl'em co"`
mo fahia, cuidando que ſoffe fazer
algüa cavalgada em terra de Chriſ
-t'aós, como coſtumava , `4naõ fizeraö
nenhum movimento. Na feguinte noi¡
te deu Gerardo volta ſobre a Cida-l
de de Evora, e chegando' pouco me- _
Vnos de meia legoa Contra a parce’
Occidental da Cidade , para onde a--v
gora eſtá fundado o Moſtcyro de S.
- Bento , que he de Religio-ſas de Saó'
Bernardo, ſe deteve detrás de huml
_ferro emboſcado‘ entre' matas de ('0—
-zb’ro, e outras arvores,` que alli ha-l
zvia, onde deſcobrio aos de ſua com
-panhia opropolito, ue trazia de ga-'
únhar a Cidade de vora , mandan
dolhes que o aguardºffem alli com'
to
” De Evora 165'
-todo o ſilencio poffivel , -e ſe occu
.palfem entretanto em cortar paos da
quella mata , e affciçoallos a modo
de trancas para o effeuo que depois
fe vio, em quanto elle ſem nenhüa
outra companhia, nem ſoccorro hia
deſcobrir as vélas de huma Atalaia ,
que hoje ſc vê noouteiro de S.Benà
to, onde eſtava por ſiutinella hum
Mouro com hum‘à filha ſua, e dallí
quando ſemiaó algum rumor,- fazlnõ
-iuas almenaras á outrª Torre da Ci
'dade, e avizavaõ oque convínha. Cu
* brio-fe Gerardo de ramas ',Tpor fenão
differençar do outro arvoredo: eche
gou junto da Torre a tempo tam ven
turoſo, que o Mouro dormia, e a
filha encoſtada na janela da Torre.
que olha para o Naſc'ente , eſtava
preza de hum ſaboroſo ſono , bem
deſcuidada de quam perto tinha o
fim da vida. Alegrouſeo animolo Ca—
valleiro {obre modo , vendo quaõ
bem ſe lhe encaminhavaõ luas cou
.fas : e lançando de fi a .rama , de que
vinha cuberto , ſub'to com ligeireſa
notavel pela parede da Torre ,
. que
166 Antiguidade:
que naõ tem porra , nem outra 'ne
-nhuma entrada mais que a janela,
onde a Moura ellava ., e ſe ſubia a
:ella por hüa elcada de maõ, que ſe
recolhia dentro , tanto que fubtaõ as
velas; e chegando á Moura , a lan
,gon [obre os penedos , em que aTor
re eſtà fundada , com tal impeto,
que logo perdeo a vida , e achando
dentro em liüa pequena abobada que
tem, o pai entregue ao lono, lhe ti
rou a cabeça de hum golpe, levan
-doa juntamente com a da moça nas
maõs para profpero indício de lua
-boa ventura; e animando ſeus com
`panlieiros , apartou alguns cento e
vinte de cavallo, mandandolhes que
.foflem `fazer trilha contra aquella par
te , ondeagora eſtà fundada a caſa
de nofla Senhora do Efpinheyro, ate
-ouvirem o rumor , e gritos da Cida
de: e .elle com o reſtame da gente
ſe foi direito à Torre da Atalaya , e
-ſubido nella fez final com o fogo
'que acendeo , que havia Chrillãos
'contra aquella parte. Reſpondeolhe
`a torre da Cidade, e logo ſe appel
li
De Evora; I67
‘ Iidou agente toda, eo Alcayde, poſſi
tos ,em ſom de guerra , ſahio ao re
bate, mandando primeiro ſuas efen
tas ,' e deſcubridores , de quem foiavi
fado que havia gente de cavallo no
campo , ainda que a trilha naõ era
de muita copia , e certificªdo diſtoo
Alcayde, iahio fora dos muros com
a principal gente de armas, que ha
via na Cidade , cuidando de fazer hu`
ma gentil cavalgada, e com o alvo
roço de ſeguir os Chriſtaós naõ ad
vertiraó em fechar as porta-s , nem
houve quem ſe temeffe de ſer accom—
mettido. Mas Gerar‘do , quenaó’ per—
d-ia ponto acodi’ndo pouco depois do
Alcayde ſer partido, \e apoderou da.
porta da Cidade , e metteo por ella
íua gente \em alvoroço , e ſem a eſ
curidam da noyte deyxar ver o que
ªrª › nem reconhecer aos Mouros fet
gente contraria , ſenaó a tempo , que
as mortes, e deſtruiçoês lhe deíco
briraõ a verdade. A confuſaó era
grandiſiima em todas as partes, por—
que os Chriſtaós metiaò' a'eſpa-da
em quanta geme ſe lhes- offereciaz
M ſem
168 Antiguidaſide:
ſem perdoarem a grandes , nem pe."
quenos: eſeachavaó algüa portªcom
ferrolho , corríaö-no para que os mo
radares naõ pudeffem acodír aos que
'appellidavaó por ſoccorro, e as ou
tras que tinhaõ fomente armelas , me
tiaõlhe por ellas os pao's feitiços¡
que traziaõ ja' para eſtc fim: e com
tanta ordem , e diligencia ſe fez tu
do iſto , que quando os gritos, c vo
Zes das Atalayas avifaraõ ao Alcayde
do engano, ja os noſſos eflavaó Se
nhores de todas as forças: e quando
quiz dar v'olta para ¿Cidade, achou
a Gerardo, e a [eus companheiros,
que lherdefende'raõ aporta com ad—
A lançadas,eèf'orço
miravel até que, echegando
o entretiveraõ á's
os cento
e vinte que foraõ fazer a trilha , e
dandolhe pelas coſtas os romperaö,
e puzeraõ em desbarato; a’ccreſccn
tando 'nelles o temor , naõ ſó o dano ,
e perda da Cidade; mas a confufaõ
da noyte, 'e gritos 'das mülherès , e
meninos que fubiaõ ao Ceo: e deſ
confiando ja de cobrarem o perdi
do , ſc pu'zeram cm fu-gida -, \ªndº
Pª‘
-De Evora; ' 169
para fi que cſtava dentro na Cidade
D. Affonſo , que de menor poder naó
criaó que ſe pudefle ganhar couſa taó
importante , nem que baſta’lle outrem
ª emprender taó arduo negocio CO
mo aquellº. Naó curaraó os noſioªs
de ſeguir alcance , mas entrando den
tro na Cidade acabaraó de affegurar
alguns lugares fracos : e come-;ando
depois de ir abríndo cada porta por
fi, davaó licença aos Mouros parª ſe
ircm onde quizeſſem , ló com o veſ—
tído que tinhaó': e lançando-os fora
poucos a poucos , acabaraó de deſ
pejar a Cidade delles , ſalvo alguns ,
que com o amor de ſeu lnacimento,
e críaçaó ſe deixaraó ficar na terra
ſugeitos aos Chriſtaós, eviveraó nel
la elles , e ſeus delcendentes até o
tempo delRei D. Manoel dc glorioſa
memoria , que os mandou lançar fóra
- do Reino.Concluida, todas eſtas couzas
Com gentil ordem , largou Gerardoo
ſaco da Cidade a ſeus companheiros,
onde le alcançou hum requiffimo deſ
pojo, com que todos ficaraó ªpro
Veytados; equintando ellas riquezas ,
. M ii le
,` _,——~—_ \Ñ- .__ _

!70 fintigüidade
fe fez do quinto hum Pamoſo prefeng
te, que mandou a elRei D. A'ffon*
ſo- com as novas de ſua proſpera ven—
tura , pedindolhe encarecidamente que
foíTe ſua merce de mandar pôr coa
bro na Cidade, e provella de maior
numero de defenſores, e receber em
ſua graça a elle , e aos mais , que
com elle (e acharam em femelhante
feito. Taõ alegre ſoy para elRey a
nova deſta empreza , que alem de lhe
perdoar' , e os admittir todos` á ſua
'graça , naõ quiz que outrem tiveſſe
~a Alcaydaria da Cidade em (ua maõ ,
fe naõ Giraldo Giraldes fem Favor,
aa Pedralves
quem fez outras muitas,ſi merces
Cogominho que foi, oe
que levou aembayxada , fez doagam
de muitas herdades na propria Cida
de , e outras ventagens dignas de taõ
alegre nova : e porque os Mouros
naõ tornaflem a pôr a Cidade em
aperto.,
de armasman/dou elRey e muita
para Evora, geme
vcom ella os
-Cavalleiros da nova Ordem , a quem
{e aſſignou hüa part-e da Cidade , que
hoje chamaõ a Freyria, onde zinhaõ
- ' 'lua
*.Ñ De Evora; ’ !7:
ſua Igreja ,² èhum Hoſpital para cu¡
rar os que ſahia’c’i feridos das bata
lhas, que tinhaõ com os Mouros: e
porque D. Pedro Affonſo ſeu -primei-i
rºaMeíh-e fc metera Monge no Mok—
tey-,ro de Alcobaça ,- como logo vere
mos , elegeraõ por ſeu Meſtre a Gon
galo Viegas_, e foi o primeiro que
tiveraõ , depois de eſtarem na Cida
de de Evora , onde elRey D. .Affoní
fo, Henriques `lhezdotou .muitas ren
das ,ºe fez mercêzdos Caflellqs-, que
ganhavaõ. aos Mouros , e 'ellesm ſa
biaõ agradecer taõ'bem, que. por hüa
Fortaleza , que el'Rei lhes dava , o
faz'iaó Senhor dc-outras muitas : e
tad arríſcados…ſex moüravaõ 'nas an,
mas , que os Mouros temiaõfhum
deſtes Cavalleiros como _ª ;PſQPſiª
marte, ſabendo que a' tinhaõ certa
no forro deÑſUª lança :'.etaõvjllufires
eraõ na caridade para' com…os.proxi<
mos em tempo, de paz , como‘ kero
zes nos recontros em tempº &.6 gue!:
rªv b ' ' Í . À
J

Cª?:v
"171-“ . Maigüidadéy

Cap. XIH.

Coma a nova Cav’allaria de Evora


_[è [ªge-¡ton à ct Calatrava , e ca.
- ’mº ſe mudo# para Avis , com— quº
\› -h’lJ'ſºllſúJ' tocante: aaprocqffo defi
tu Religiacï, -e 'flu- coflames.
Ñ . \ ,
EndoclRei D. Affonſo Henri-i
, quès odagrande
Cavalleyrosv nova .ſervxço, que os
Ordem faz-'U6' a;
Deos ,ªe fila Coma na guerra contra
os Monros, e v:-1 boa conta que da
vaò'z deifi norepart-i-mento das re-n'daS':
determi-npu de osweduzík a híía Orª’
d'emAde vida femelhanre em tudo o
q-IIC-ªtÍIÍÏI-'àò' em Caºſ-’cena ÓS de Cala- -'
Nªvªs’ {e &alzªdº i-flªo com Gonçalo
Víiegaç Ïeü p‘rímeïiïro' Meflr-e em Evo
far; íe~'c:0\ſiz'n'fos mai-s Cavalleiros’, e
Sekai-¡Acidos de -ſeu Parecen' , aviſou ao
Meflre-óe’Calan-a'va', pedíndol-he que
houuffe ~por bem ~de mandar—alguns
de ſeus Freyres para ínſtruirem os de
Evora no modo de Viver , e nas ce
remonias, e Ritos que' elles guardag
' ’ ' Yªó’
› De Evan. '173
vaó; o que ſe fez na forma que el.
Rey queria , ficando os Freyres de
Evora ſugeytos á viſitaçaó do Meſtrc
(le Calatrava, que ordinariamente ſe
achava dahi em diante nas eleíçoè’s
dos Meſtres de Evora , e lhes man
dava as Ley-s , e Eflatutos que .con
vinhaó para ſeu bom governo : e
quando falecía Q Meſtre de Calatra
va, podia o de Evora acharſe rc
ſente’à cleiçaó 'e tez' _voto nella. eſ.
(e modo fe foy a. nçva Cavallaría acª
creſcentando en) rcgutaçaó nas ar
mas, e em ;bom governo ;la paz : e
muitos homês illuſtres tomavaó oha
blto nella , ›c d‘otªvaó (ens Patrimo
nios á Ordem de Calatrava em Por
Lugal. Monto .Gonçalo Viegas pri
meiro Meſtre de Evora , foi eleíto
gm ſeu lugar 4D. ¡Fernandianes, em
tempº do. qual elRey D. Sancho _0
prímelro de Portugal fez doaçaó á
Qrdcm de multas te_rras , e tªndas
¡jo Alentejo .: ._e .elles perlpguiraóvos
Mquxos de mªneíra , que muitas le—
goas ao ,rzedor -dc Evora naó havia
inimi‘gos,, que_ ouzalſçm a fazer cía
va ~
'174 Ldntiguídader _
valgada: e o nome deſte Meſh-c 5.:_
cou'muitos aans entrexos Mouros
do Algalve como em'P‘roverbio, por‹l
que quando -ſe rogava algüa_ praga,l
tinhaõ que naõ era pequena dizer:
,Golpe de Fernandianer que ze alzan-z
cc. A eſte Meſtre ſucçedeo D. Fers
naõ Roiz Monteyrquue alguns com_
pouca razaõ chamaõ primeiro Meſ:
tre , em_ tempo do qual deu elRei
D. Affonſo o II. neto dechy D. Af
fonſo Henriques , grandes rendas a
eſta Ordem: e vendo que na Cidade
de Evora‘, por ter ja a Comarca li
vre de inimigos, e fer -a gente muíz
ta; naõ eüavaõ com quietaçaõ , neni
, tinhaõ tantq_ em que exercitar as ar
mas, como' no principiol , determi
nou que mudaffcm fua habitaçaõ a ln
gar mais açcommodado , e metido
entre os inimlgos ; e' parecendo iſto
bem ào Meſtre de Calatrava , e ao
deſia‘ Ordem , buſcaraó por ordem
deIRei , ' e do Meſtre hum fitío ac-,
commodado em lugar fronteyro dos
Mouros , perto de hüa Villa chama-f
_da Vayamonte , ſituada emperto mon-.
te
\

Dè Evarac'ª‘- 1ſi'7‘5"
te alto do propri'o nome: ’e-a cauſàj
de ſc mçverem a fundalla antes alli,
que em outra parte- , alem do ſitiQ_
fer mui a propoſito, f0¡ porque in
do os deſcobridores buſcando algum'
para fazerem a Fortaleza' , achara’ój
alli voando duas Aguias , que cria-²
vaó em hña anzinheira , e como os
amigos tiveffem’ Cſtás aves "pºr favÓª-Ï
raveis em ſeus agouros , determina¡
136 lançaxàos fundamento's-'jqn’ros do"
lugar, onde as acharaó , ,e‘da ui ('e
¡òmou o hóme de AUÍÍ’Q‘qh‘e emlaJ
tim quer dizer
Cavalleiros- HeſtaATE,- c -à’èm‘
Ordeſinï -trazem os“
ſeus fell3
los , e pendoê’s por diviſa._Começou
D. Fernaó Roíz Mon'te’yro a Forta—
leza, e por naó poder fer"ſem impe
dimento dos Mouros , mandªvª \fª-I
balhar de noite , e de día ‘ cubriaó o
edificio com ramos , de arVoreS dd
ta] modo ,-que \e naó deſcobrio an
tes, de eſtªr poſta em altura baſtante
para ſe defender. Den-fe principio a_
eſta fundaçaó aos qu'inzed‘eAgoſtOr
dia afflnalado da Aſſumpçaó de noſſa
Senhçra no anno de Chriſto de mil
e
176 datigaitlade:
duzentas e ,vínte e tres , reínando mi
Portugal D.. Affonſo o II. por cuja
ordem , ,e beneplacito [e edificou a
Fortaleza. Tudo o qual fe prova da
pºdra amiga , que eflá em ſima da
Bona principal da Villa , cujo teor
e o ſegulmç:

FERDÏNANDVS MAGlSTER DEI SRA-¡I


'-I 2 ›

ORDINLS CALATRAVENSIS lN POR-Í¡


TUGAL
çVM SUQ CONVENTV -PLANTAÑVleç
~ IN FESTIVITATE ASSVMPTIQNIS
SANCTAE MARIAE. A-,ERA M.CC.LXX¿
Cuja figgifiçagaó .traduzída finalmente
em Pontugyez, he a fcguinte:
Fernanda pºr graga de Dto.; Me ~
tre da Ordcm de Calatrava _em Portu
gal, cam/¿ja, Can-venta funda# Avi:
na _fiz/ia da Affmpçao” de Santa Ma
ria, ¡¡a Erade Cazar de .mil e duº¡
gemas «e fiffenta e bum,, &cp

Ñ Elo- _
I77

ENMNMNRM¿maªªêeww '
ELOGIO DE EVORA
DE MANOEL SEVERIM
DE FARIA.
O meio da Provincia de Alem;
tejo eſtá ſituada a Cidade de
Evora, em hum póſto tam eminen
te , que fica ſenhoreando os Campos,
que acercaõ por toda a parte , até
pararem em quatro ſerras, com que
a natureza em larga diſtancia a cer
cou , quaſi como com muiço. Da par
te do Oriente a ſerra de Oſſa¡ do
Meio dia a de Portel, e Viana, do
Norte a ,de Arrayol-os , e do Occiden
te a de Montemuro. He eſte ſitío tam
agradavel á viſta , que aos de Italia
lhe pareceo, que era Roma; eaos de
Caſtella, 0 ſeu Madrid , e Toledo.
Eſta he aquella Cidade , que ſendo
fundada por Elyſa primeiro povoa
dor de Heſ anha, tem ſuſtentado por
tantos ſecu os o meſmo nome , e lu
gar , .quando das Metropolis das malo.
\CS

s
!78 Antiguidade:
res Monarquias, naõ ſe ſabem ja os @OffflHp—_ſi

veſtigios donde foraõ. A fama deſteª


fitio trouxe ’a. ſi da Galía os Celtas ,
a quem admittindo osv Eborenſes
por Cidadaós , as dividiraõ depuis"
por as Provincias vizinhas, reconhe
cendoſe ſempre por Colonias ſuas to
dos os Celtiberos yde Heſpanha; Eſta
he a Cidade , a cuja víſta Viriato le 94r

vantou os primeiros tropheos-dos def-_V


bar-atados exercitos Romanos; e Ser-
torio edificou os muros, aqucductos,
e fabricas Corynthias dos dCÍPOjOS'
daquelle povo , que foi vencedor do
mundo, acquiridos com os ſoldados
Eborenfes', e que ainda hoje perma-y
necem por tcſtimunhos de tamanha
gloria. Eſte he olugar, em cujo no-…
me quiz o primeiro Emperador de;
Roma , que ficaffe eternizada.. a me-.
moria de ſua llberalidade. Eſta foia
Cidade, que primeiro ouvio as ale-ª
gres novas do Evangelho , e della, mí:
como de ſede propriª , as cece‘beo Per
For S. Mancio toda Luſitania. Eſta Im
'oi o propugnaculo dos Reys (lodos, da(
contra o Imperio. E-naquell—a SFÃÜ'! qu:
e . ſ e"
' De Evora. 179
de ruina ultima de Heſpanha, poſto
que ſe ſometteos ao poder dos Ara
bes , ¡nda depuis de rendida ſe teme
raó tanto della , que levaraó a prín
cipal parte de ſcus moradores aMar—
rocos , cabeça dc ſua Monarquía,
onde os Eborenſes fundaraó outrolu
gar, com o nome da mefma patria,
em que conſervaraó a Fè, e alibcr—I
dade por muitos ſcculos, até queQno
tempo delRei Dom Ioaó o I. ſc tor
naraó a Heſpanha. Nenhña força po
de recuperar eſta inexpugnavel forta
leza; e affi foi ſó reſticuída pela in
duſiria intrcpida de Geraïdo illuſtre
Cavallciro , que com ella deu aos
Reys Portuguczcs a maior parte da
Luſilama. Eſta f0¡ a primeíra em de—
fender alíberdade de Heſpanha, na—
QUElla mil-.IgrOſa batalha dotr umpho
da Cruz, Ondcſeus moradores le ou
veraó com \amo vakor, que a meſ
mª Cruz [he ficou por premio cm
perpetua memoria de tam gloriaſ()
tríumpho. Na confervagaó da liber
d‘ade Pormgucza foi ella a prímeira,
que ſcrvio a clik-:R Dom loaó l. de
PONS
180 Antiguidade:
pois que intentou a defenſaò' do Ref-i
no. Aquifoi apraga de armas do
Condeſtable , com cujos moradores
alcançou tantas victorias. Aquí per—
manece a primeira` Igreja de Heſpa
nha, ílluſtrada com tantos Santos , c’
graviffimos Prelados. Eſta foi a pa
tria de tantos varoës infignes em le
tras onde fiorecem todas as ſcíenciaa
divinas, e humanas. .
Eſta he aquella ,\ que produzío a
Real planta da Senhora Infanta Do
:na Catharina; donde refloreceo com
maior felicidade anoflª Mònarquía.
Eſta foi a primeira , que teve valor
para deſprezar o poder da Monar
¿A quía Caſtelha'na, a cujovv exemplo de-`
ve Catalunha a coníervaçaõ de ſeus
foros, ePortugal ſua honrofa` , cama
da liberdade. Efinalmente Evora he
a que com a reſtauraçaó de ſeu Rey ,
e natural Senhor tem deſcuberto ou
t-ro novo mundo a todas as Prom;
cias de Europa. ~

FIM.

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