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Introdução

O local começou a ser povoado na primeira metade do século XIX. Como distrito,
Arapiraca esteve subordinada, sucessivamente, a Penedo, Porto Real do Colégio, São Brás e
Limoeiro. Foi elevado à categoria de município em 30 de outubro de 1924, constituindo-se de
territórios desmembrados de Palmeira dos Índios, Porto Real, São Brás, Traipu e Limoeiro.
A partir da década de 1970, por conta da grande área plantada de fumo, que gerou um
excesso do produto nas pequenas indústrias de beneficiamento do tabaco que haviam na região, e a
consequente diminuição no preço, seguiu-se um ciclo de decadência da fumicultura. Desde os anos
de 1980 experimenta um crescimento econômico com seu comércio (com destaque para a
tradicional feira livre) e serviços. Além disso, o setor industrial do município tem apresentado
relativo crescimento nos últimos anos.
A Origem
Segundo conta uma tradição do povo, remanescente do próprio fundador, a palavra
Arapiraca tem origens indígenas e, por analogia, significa: "ramo que arara visita". Entretanto, a luz
da ciência, trata-se de uma árvore da família das Leguminosas Mimosáceas - Piptadênia
(Piteodolobim), uma espécie de angico branco muito comum no Agreste e no Sertão e que o povo, a
sua maneira, denomina de Arapiraca.
Então, foi nessa Arapiraca, a árvore frondosa e acolhedora, situada a margem direita do
Riacho Seco, onde o fundador Manoel André Correia dos Santos acampou no primeiro dia, quando
procurava uma fonte de água doce onde pudesse se instalar para tomar posse da propriedade Alto do
Espigão do Simão de Cangandú adquirida em 1848, por seu sogro Capitão Amaro da Silva Valente
Macedo, que residia no então Povoado Cacimbinhas, município de Palmeira dos Índios. Quando
realizava o primeiro desmatamento na área, auxiliado por trabalhadores, num dia de muito sol,
Manoel André escolheu a árvore sombria, onde pudesse descansar ao meio dia. Encostou aí os
instrumentos de trabalho e cuidou de preparar a "bóia", quando então usou estas palavras: " Essa
Arapiraca, por enquanto é a minha casa". Este seria o primeiro ponto de referência, o marco que,
através do tempo, passaria a história. Contam ainda os ramos ascendentes, que em seguida, Manoel
André construiu a sombra da árvore, uma cabana de madeira coberta com cascas de angico, onde
passou os primeiros dias, enquanto fazia surgir a primeira casa, numa distância de cerca de cem
metros, onde se instalaria com a família que viera de Cacimbinhas, no mesmo ano de 1848. Em
pouco tempo, formou-se um próspero sítio e, em 1865, quando Manoel André construiu uma
capela, já havia um arruado de casas de taipa de duas águas, formando um quadro. O povoamento
de Arapiraca foi ocorrendo de forma sistemática, ou seja, tal qual as colonizações portuguesas
tradicionais, o que resultou numa imensa árvore genealógica. Assim em 1848, o Capitão Amaro da
Silva Valente de Macedo, mandou o genro Manoel André Correia dos Santos, comprar e ocupar a
terra Alto do Espigão do Simão do Cangandú, para localizar com a família, tendo em vista um sério
incidente ocorrido entre Manoel André e o cunhado José Ferreira de Macedo. Dez anos depois em
1858, o Capitão Amaro envia outro genro de nome José Veríssimo dos Santos, que ocupou a parte
Sul da propriedade denominada Cacimbas. Em 1859, também seu cunhado Manoel Cupertino de
Albuquerque (casado com sua irmã) que se instalou ao lado, no local denominado Baixão.
No final de 1860, Terezinha Nunes Magalhães (mãe de José Veríssimo) fica viúva de José
Nunes Pereira de Magalhães, em Campos de Anadia e chega em Arapiraca em companhia dos filhos
Domingos Nunes Barbosa, que fundou Canafístula, Estevão Nunes Barbosa, Manoel Nunes
Barbosa (que fugiram da convocação da Guerra do Paraguai em Campos de Anadia e se refugiaram
na margem de uma lagoa cercada de craíbas, na herança de José Pereira seu irmão e de Manoel
Ferreira de Macedo, genro e filho do Cel. Amaro da Silva Valente, onde surgiu a povoação Craíbas
dos Nunes.
A partir de 1861, chegaram José Ferreira de Macedo, Manoel Ferreira de Macedo
(cunhados de Manoel André) e o sobrinho Pedro Cavalcante de Albuquerque, filho de Joana da
Silva Valente e Manoel Cavalcante de Albuquerque; os primeiros se instalaram na Serra dos
Ferreira e Pedro Cavalcante nos Caititús. Em seguida, chegaram os irmãos de Manoel André:
Manoel Eugênio, André Correia e José Sotero, que se estabeleceram no Sítio Mangabeira.
Estes foram os primeiros povoadores, cujas famílias cresceram e multiplicaram,
entrelaçando-se (não havia gente de fora) e formando esta imensa árvore genealógica através do
tempo. Todavia, o que dificulta atualmente a identificação das famílias é a não conservação do
sobrenome dos ramos ascendentes.
Assim, alguns remanescentes de Manoel André como os filhos de Maria Rosa Correia dos
Santos e Lúcio Roberto da Silva, passaram a usar o sobrenome Lúcio; os filhos de José Veríssimo
dos Santos foram assim registrados: Manoel Antonio Pereira de Magalhães, Antonio Leite da Silva,
Esperidião Rodrigues da Silva, José Nunes de Magalhães, Joana Umbelina de Magalhães, entre
outros.
Do tronco de Manoel Cupertino de Albuquerque, forma registrados os filhos com estes
sobrenomes: Manoel Nunes de Albuquerque, Inocêncio Nunes de Albuquerque, Antônia Maria de
Jesus e outros. Os filhos de Bernardino José dos Santos foram assim registrados: Pedro Leão da
Silva, Antonio Raimundo dos Santos, João Francisco Aureliano, Maria Antonia dos Santos, Josefa
Maria da Conceição, Euzébio José dos Santos e outros.
O tronco de Manoel André tem pois, os seguintes ramos: Correia, Lúcio, Inácio, Vicente,
Fausto, Umbelina, Belarmino, Amorim, Oliveira e outros. Segundo conta a tradição, o sobrenome
Lima surgiu com a presença de Felipe José Santiago, que teria vindo de Água de Menino,
Junqueiro-Al.
Já o tronco de José Veríssimo dos Santos possui: Magalhães, Rodrigues, Leite, Barbosa,
Nunes, Pereira, Ventura, Honório, Oliveira e outros. Os descendentes de João de Deus (casado com
uma tia de Manoel André) se mesclaram com as famílias já referidas e tormaram os mais variados
sobrenomes. Quanto aos irmãos José Ferreira de Macedo, Manoel Ferreira de Macedo, Maurício
Pereira de Albuquerque e Joana Leopoldina da Silva Valente (casada com Manoel Cavalcante de
Albuquerque) seus descendentes têm os sobrenomes: Macedo, Albuquerque, Nunes, Ferreira,
Alexandre, Cavalcante, Oliveira, Gama, Pereira e outros.
Conclusão, eram irmãos: José Ferreira de Macedo, Mauricio Pereira de Albuquerque,
Manoel Ferreira de Albuquerque e as esposas de Manoel André, José Veríssimo Pereira, Joaquim
Pereira e Manoel Cavalcante de Albuquerque que eram filhas do Capitão Amaro da Silva Valente.
OS SÍTIOS
Mesmo com a presença dos grandes latifúndios ma década de 40, Arapiraca possuía um
verdadeiro cinturão verde circundando a cidade; sentia-se o cheiro da vegetação logo na saída das
ruas, pois, ainda existia uma infinidade de ervas e frutas silvestres muito próximos do centro.
Contudo, quando Arapiraca conheceu a fase de desenvolvimento a partir de 1950, o
aspecto geral mudou muito, tendo em vista a mutilação desencadeada, tanto na área urbana, como
na zona rural do município, onde foi destruída muita vegetação nativa para dar lugar à cultura de
fumo.
Assim, havia o sítio de Caititús, um recanto aprazível repleto de fruteiras: cajueiros,
mangueiras, laranjeiras, goiabeiras, mamoeiros, cujos frutos eram consumidos pela família,
vizinhos e amigos, pois naquela época não havia mercado. Hoje a cidade cresceu e absorveu os
Caititús que, de sítio, passou a bairro.
A Serra dos Ferreira, um dos sítios mais antigos, foi onde se instalaram os Ferreiras de
Cacimbinhas. Era um lugar agradável, com muitas árvores frutíferas, onde o capitão João Ferreira
criava pavões em quantidade. Hoje está muito diferente, com a devastação que lhe foi imposta.
O Sítio Mocó, o reduto do velho Lúcio Gomes, foi o mais castigado pela evolução. Era no
sítio Mocó que se realizavam animadas festas de fim de ano, freqüentadas pelos jovens da
sociedade arapiraquense. Quando asfaltaram o trecho da AL – 102, ligando Arapiraca à Taquarana,
o asfalto destruiu totalmente o sítio Mocó com a igreja, riscando-o do mapa do município.
A Lagoa de Dentro foi outro sítio que foi vítima da transformação ocorrida na zona rural, e
praticamente foi eliminado, dando lugar a vastas plantações de capim para criação de gado. Era no
passado o mais animado dos sítios e dava-se ao luxo de promover bailes carnavalescos, fazendo
concorrência com o carnaval de Arapiraca. Naquele tempo se dizia que o povo de Lagoa de Dentro
vivia de festa o ano inteiro.
A Baixa Grande era um sítio onde estavam radicadas as tradicionais famílias – raízes de
Arapiraca: José Emídio, Alexandre, Honório, Estevão, Messias, Bernardino e outras, que
realizavam o chamado “Derradeiro dia do fumo” e também animados pagodes do Gervásio.
Existiam muitas fruteiras, onde o povo de Arapiraca costumava fazer passeios e piqueniques aos
domingos e feriados. Suas festas de santos eram muito animadas.
O Sítio Fernandes era, talvez, o mais antigo e foi onde Manoel André foi buscar telhas para
cobrir a primeira casa que construiu em Arapiraca. Era um celeiro de almocreves e de bons
tocadores de pé-de-bonde, onde havia muitas festas. Coberto de frutas nativas e densa vegetação, do
sítio, hoje, resta apenas um próspero distrito de Arapiraca.
O Sítio Guaribas era outro recanto muito animado e também um celeiro de frutas tropicais
eu a juventude da época costumava freqüentar. Era lá que morava o velho Simão Lopes, figura
boêmia e folclórica muito conhecida nas ruas de Arapiraca. Era um local onde o povo gostava de
dança coco e cantar na colheita do fumo.
Entretanto, o sítio mais festejado e procurado pela meninada de então era o saudoso Poço
frio, onde morava Né Magalhães, o velho Pedro Cavalcante e outros. Além das frutas comuns,
existia uma infinidade de frutas silvestres como: umbu, jabuticaba quixaba, massaranduba, pinha
brava, azeitona, gogóia, juá e principalmente araçá. Segundo informa Edson Raimundo, as sábias,
eram tão gordas de tanto comer araçás, que quase não podiam voar. Foi outra vítima do progresso
que devia ter sido poupada, pois foi a inútil barragem riacho Perucaba eliminou o Poço Frio.
O Sítio Capiatã era um dos recantos bucólicos cheio de fruteiras: foi onde o fogueteio
Pedro Nunes edificou toda família onde terminou seus dias. Atualmente, com a corrida imobiliária,
o sítio ficou ligado ao centro urbano através da rua Pedro Nunes de Albuquerque.
Mais adiante, vinha o sítio Macacos, com a Igrejinha da Menina, um local romântico onde
o velho Beijo realizava a festa de São Pedro, com um animado pagode até o amanhecer do dia.
Logo após, está o sítio Massaranduba, outrora coberto fruteiras, muita vegetação nativa e
frutas silvestres. As festas na casa de Zé Vermelho, Luís Vicente, Tertuliano e as destalagens de
folhas de fumo na casa do velho Euzébio, onde as moças cantavam o dia todo.
No Sítio Cavaco residiam Antonio Ventura, João Ventura, Luiz Alexandre, José Macário,
João Lúcio da Silva, e mais adiante Né Ângelo, Pero Alexandre, José Rufino, João Rufino, João
Alexandre dos Santos e outros. (Extraído do livro "Arapiraca através do tempo" do historiador
Zezito Guedes).
ALTO DO CRUZEIRO
No século XIX, o bairro Alto do Cruzeiro era chamado de Alto da Boa Vista sendo
povoadas pelas famílias do capitão Marcelino Diógenes de Magalhães, José Cavalcante de
Albuquerque e seus filhos, João Nunes de Magalhães, Pedro Salustriano, Rosendo Gomes da Silva,
João Gomes da Silva e Antonio Nunes de Magalhães.
O primeiro morador do Alto do Cruzeiro, ainda com o nome de Alto da Boa Vista
segundo o historiador Valdemar Macedo, outro ilustre morador da comunidade, foi José Nunes de
Magalhães, sendo neto de Manoel André Correia dos Santos e de José Veríssimo dos Santos, ambos
fundadores do município de Arapiraca.
O Bairro Alto do Cruzeiro é um dos mais populosos de Arapiraca. No seu território
está edificada a Paróquia São José, padroeiro do bairro, a antiga fundação Universidade Estadual de
Alagoas – FUNESA hoje UNEAL, e o parque deputada Ceci Cunha.
Conta-se que no passado, um popular morador conhecido como “chocolate”, pai da
ex-vereadora Rosa Gonzaga, distribuía, em toda a cidade de Arapiraca, água de nascentes
localizadas próximas à rua Santa Maria.
Foi também no Alto do Cruzeiro que se localizou a primeira fabrica de beneficiamento de
milho do município de Arapiraca.
Ainda hoje, o Alto do Cruzeiro guarda suas características dos tempos passados e se
constitui num dos grandes acervos arquitetônico do município de Arapiraca.
Bairro Cacimbas
Cacimbas foi o local onde se instalou, em 1858, o segundo colono de Arapiraca, primo do
fundador Manoel André, José Foi também o iro povoado de Arapiraca, quando a cidade ainda
pertencia a Limoeiro de Anadia. O pioneiro José Veríssimo, deu origem a três ramos numerosos,
seus filhos: Manoel Antonio Pereira de Magalhães, Antonio Leite da Silva e Esperidião Rodrigues d
Silva, quem em 1924 emancipou Arapiraca de limoeiro de Anadia.
Estas famílias cresceram e se multiplicaram atraves do tempo. Quando José
Veríssimo chegou a esta localidade não havia água,ao cava a primeira cacimba viu que aquela água
daquela localidade era muito boa e passou a chamar aquela área de cacimbas. Então, vieram outros
moradores, com o senhor Luiz Magalhães, bisneto do fundador do bairro, segundo o historiador
Zezito Guedes.
Francisco de Magalhães, que morou nesta localidade, foi um dos primeiros a induzir
na região a cultura fumageira, e o primeiro local a ser semeado com fumo foi um antigo curral de
gado que deu origem ao termo “ curral de fumo”, largamente usado pelo plantadores da região.
Na região também se instalaram Pedro Romaldo, Tíburcio Magalhães, Agapito
Magalhães, Manoel Rosendo de Magalhães, Né de Paula Magalhães ,Amabilio Leite da Silva e
família Lucio.
O senhor Manoel Lucio da Silva, em 1925, chegou a construir a primeira indústria de
fumo. Com o desenvolvimento da cultura, por volta de 1940, o senhor Manoel Lucio, que já vivia
no ramo do fumo para capa de charuto, se associou com seu irmão José Lucio de Melo e
construíram uma fabrica de charuto, onde é localizada a casa do vereador Dalmacio Lucio, que foi
denominada a fabrica de charuto leda. Na época a fabrica chegava e empregar cerca de 300
funcionários e sua produção era vendida para o estado de Sergipe, Bahia, Pernambuco e demais
estados brasileiros.
Junto com a evolução do bairro surgiu a banda de Música Fumicultores, que também
se originou no clube dos fumicultores, estabelecendo na rua Vereador Benicio Alves até 1949. Por
conta do grande número de associados, o local tornou-se pequeno quando, então, foi construída a
nova sede na Avenida Rio Branco onde até hoje esta funcionando. Com o falecimento do Sr.
Manoel Lucio da Silva, em 1961, a banda foi transferida para o novo clube, sendo extinta por algum
tempo.
A comunidade era muito religiosa e os fieis se reuniram em uma multidão para
construir uma capela do Padroeiro Santo Antonio. A primeira missa do bairro foi celebrada pelo
monsenhor Epitasio Rodrigues.
A nova igreja de Santo Antonio foi construída em função do crescimento da
população, e o primeiro pároco foi o padre lima Neto.
Padre Antonio Lima, um mito em Cacimbas, implantou uma nova cultura, diferente,
austera e avançada que contribuiu para torna Cacimbas um dos bairros mais politizados de
Arapiraca.
O POVOADO
Edificado à margem direita do Riacho Seco, a princípio Arapiraca se estendeu por uma
faixa de planalto coberta por densa vegetação típica do agreste, onde se destacavam Pau D’arco,
Cedro, Angico, Massaranduba, Aroeira, Pau Viola, Quixabeira, Umburana, Jurema, Brauna, Pau-
Ferro, Canafístula, Cajarana e, principalmente, a árvore símbolo – Arapiraca.
Contando com uma privilegiada localização e impulsionada pela extraordinária capacidade
de trabalho de seu povo, Arapiraca estaria fadada a cumprir uma florescente trajetória através dos
anos.
No início deste século, Arapiraca ainda era edificada com casas de “taipa”, modelo duas
águas com biqueira, existindo duas construções em alvenaria: uma, no Quadro – atual comércio,
construída pelo Capitão Chico Pedro e, outra, na Rua Nova – Atual Praça Deputado Marques da
Silva, um sobrado construído por Antonio Apolinário e que depois, serviu de Paço Municipal.
Até então, havia ainda, em Arapiraca, vestígios dos primeiros tempos da fundação.
Existiam, em pleno centro urbano, muitas árvores nativas, em cujas sombras os feirantes colocavam
carros de boi, amarravam animais e a meninada da época brincava diariamente. Na Rua Nova,
existia um viçoso Pau D’arco próximo à igreja de São Sebastião e um frutífero Genipapeiro, em
frente à casa de Tibúrcio Valeriano. Conta-se que certa vez o Pe. João Maria, de passagem por
Arapiraca, observando o verde destas árvores, afirmara que em seu subsolo, não muito distante com
certeza passaria algum lençol d’água, daí o vigor daquelas plantas tão verdes. E sugeriu, na ocasião,
que se alguém cavasse um poço, a poucos metros de profundidade, encontraria água abundante.
Aproveitando a sugestão, José Magalhães cavou uma cacimba que, durante décadas forneceu água
gratuita à população daquela época.
No comércio, existiam diversos Umbuzeiros ao longo do quadro e uma velha Tamarineira,
em frente à loja de José Lúcio da Silva, em cuja sombra nasceu a feira e onde os trabalhadores
Vicente Flor, João Higino, Belo, Joca da Serra, Pedro Alexandre, André Marchante e outros,
penduravam a carne para vender.
Havia ainda, um lendário coqueiro situado em frente à igreja de Nossa Senhora do Bom
Conselho que, segundo informações do Sr. Toinho Cavalcante, vinha dos tempos da fundação de
Arapiraca e era considerado como relíquia pelos descendentes de Manoel André.
Onde foi aberta a Rua do Cedro – atual Av. Rio Branco, havia uma série dessas árvores, as
quais,, tempos depois, foram destruídas. Finalmente, abaixo do comércio, antes da atual ponte sobre
o riacho, estava situada a frondosa e verdejante ARAPIRACA, que serviu de sombra acolhedora ao
primeiro habitante e assistiu, como testemunha muda, ao nascimento de uma cidade com o seu
próprio nome; Infelizmente, o marco foi destruído para dar passagem ao progresso, talvez...
A Emancipação Política
Um dos capítulos mais importantes da história de Arapiraca e que merece registro é sem
dúvida, a luta empreendida pelo líder da emancipação Major Esperidião Rodrigues da Silva, a partir
de 1918, quando assumiu o comando da campanha em prol da emancipação política do distrito de
Arapiraca.
Foram anos de preocupações e sacrifícios, enfrentados pacientemente pelo líder da
campanha, realizando reuniões, preparando relatórios, sobre a área do povoado, número de imóveis,
de habitantes, de propriedades rurais, atividades comerciais, produção agrícola, enfim, toda
economia local, para de posse desses subsídios provar que o distrito de Arapiraca, poderia
sobreviver emancipado de Limoeiro de Anadia.
Convém frisar, que naquela época ainda não existia automóvel no interior e as exaustivas
viagens à capital do estado, eram realizadas a cavalo e o Major Esperidião Rodrigues tinha que
inevitavelmente passar por Limoeiro de Anadia, cujas lideranças políticas envidavam esforços
tentando a todo custo obstruir o trabalho e a tramitação do processo de emancipação do distrito de
Arapiraca.
Então, as hostilidades eram constantes e quando o nosso libertador passava humildemente
por Limoeiro de Anadia, em demanda da capital Maceió, ouvia impropérios e achincalhes dirigidos
a sua pessoa,por causa de sua luta em prol da emancipação de Arapiraca, numa fase em que
imperava a oligarquia da família Barbosa, que tinha livre acesso aos bastidores do Palácio dos
Martírios, como políticos de situação e bem prestigiados.
Homem abnegado, era uma verdadeira peregrinação que o Major Esperidião Rodrigues
fazia há anos, frequentando secretarias, Assembléia Legislativa, Tribunal de Justiça, Palácio do
Governo e outros órgãos, onde o líder da campanha ficou muito conhecido e os funcionários e
assessores, quando o avistavam ao longe comentavam entre si: - Lá vem o homem dos olhos azúis
outra vez.
O tempo foi passando até que enfim, apareceu uma luz no fim do túnel e o panorama
começa a clarear com a presença oportuna do Deputado Odilon Auto (natural de Pilar) que
acompanhando o sacrifíciodo Major Esperidião Rodrigues, resolveu apoiar e defender a causa da
Emancipação Política do então distrito, reinvidicada pelo laborioso povo de Arapiraca.
Agora de posse da documentação necessária, o Deputado Odilon Auto se engaja ma luta e
passa a preparar o projeto, para enfrentar a fase mais difícil: convencer a maioria dos deputados, e
votar pela aprovação do Projeto de Lei para posterior sanção pelo Governador Dr. José Fernandes
Lima.
Foi uma tarefa árdua enfrentada pelo Deputado Odilon Auto, que durante meses se
empenhou com toda capacidade de trabalho, pela justa causa da emancipação do Distrito de
Arapiraca, contrariando os interesses dos políticos de Limoeiro de Anadia, que não desejavam
perder a renda mensal do seu mais importante distrito que era Arapiraca.
O líder Esperidião Rodrigues, impaciente com a burocracia da tramitação do processo,
tomou uma atitude: viajaria a Maceió e só voltaria para Arapiraca após o resultado final - ou tudo ou
nada. Foi com essa decisão que chegou a capital na primeira quinzena de Abril e durante 40 dias
permaneceu ao lado do Deputado Odilon Auto, acompanhando a tramitação do Projeto de Lei nº
1009, que após vários debates e discussões acaloradas, foi finalmente aprovado pela Assembléia
Legislativa e sancionada pelo Governador Dr. José Fernades Lima, no dia 30 de Maio de 1924. Foi
um relevante serviço prestado pelo Deputado Odilon Auto a causa da emancipação e uma grande
vitória para o líder da campanha Major Esperidião Rodrigues da Silva, o grande idealista.
A CIDADE
Quando Arapiraca foi elevada à categoria de cidade, em 1924, contava, apenas, com cinco
logradouros públicos incompletos e alguns acessos. Assim, existia o Quadro – atual Praça Manoel
André, a Rua Nova – hoje Praça Deputado Marques da Silva, a Rua Pinga Fogo – atual Rua Aníbal
Lima, inicio da Rua Boca da Caixa e que, depois, passou a ser denominada de Rua 15 de Novembro
e inicio da Rua do Cedro – atual Av. Rio Branco.
Após a Emancipação, aproveitando um longo corredor que saía da extremidade da Rua
Nova em direção à localidade de Cacimbas, o prefeito eleito Maj. Esperidião Rodrigues da Silva,
construiu (cedendo uma faixa de terra de sua propriedade), a Rua do Cedro, que depois passou a ser
chamada Av. Rio Branco. Além desses logradouros, existia ainda o Beco dos Urubus, que saía do
centro do Quadro em direção à lagoa, onde o comerciante Firmino Leite estendia couros para secar
ao sol, atual saída para a ponte do Alto do Cruzeiro. Afora isso, existia um largo que partia da Rua
Nova, em direção ao cemitério (onde está situada a Concatedral de Nossa Senhora do Bom
Conselho) onde por muito tempo, existiu um matadouro – atual Largo D. Fernando Gomes.
Um panorama bucólico dominava a cidade naqueles tempos idos. A presença de animais
pastando em plena rua era uma constante e dezenas de carros de boi trafegavam diariamente,
escutando-se o contínuo ranger das rodas nas tardes ociosas do verão. A noite, os jovens contavam
estórias sentados nas calçadas e os mais conservadores rezavam ofícios e novenas na igreja; a vida
era aquela rotina e até o tempo demorava a passar, pois, o movimento era pequeno e as horas eram
ociosas, enfim, a cidade parece até que vivia parada no tempo. O progresso ainda estava longe e o
casario de formas singelas dava ainda a impressão de um povoado.
A Cultura do Fumo
A região onde está situado o município de Arapiraca sempre cultivou cereais e a mandioca
sempre foi o seu principal produto desde 1848. A cultura do fumo foi iniciada nos últimos anos do
século XIX e teve como pioneiro Francisco Magalhães que, acolhendo sugestões de um almocreve
de Lagarto-SE, chamado Pedro Vieira de Meio que comerciava nas feiras da então vila de
Arapiraca, plantou fumo pela primeira vez em um curral onde cuidava de gado no atual bairro de
Cacimbas. Daí a expressão curral de fumo, ainda hoje empregada pelos plantadores de fumo da
região, no seu primeiro estágio.
A plantação de fumo nos currais foi feita durante alguns anos, passando em seguida para os
chamados bai~ios, no início deste século. Semeavam o fumo nos currais e, quando a planta nascia,
era mudada para canteiros nos referidos baixios; a muda de planta vem dessa época onde foi
cultivada até o ano de 1922. Essa fase constitui o segundo estágio e, nessa época, além de Francisco
Magalhães, já cultivavam o fumo seus irmãos Rosendo Magalhães, Manoel Magalhães, João
Magalhães, Marcelino Magalhães e seus parentes Domingos Barbosa, Pedro Leão, Messias
Bernardino, Tibúrcio Valeriano, Pedro Honorato, Ambrosino Lima, Vicente Correia, Manoel Leite,
João Barbosa, Firmino Leite, João Ferreira e outros.
Em 1915, os fumicultores mais prósperos já plantavam até duas tarefas de fumo,
aparecendo nesse ano o primeiro homem a armazenar o produto: José Bernardino compra a safra de
alguns plantadores.
Muitos anos passaram cultivando fumo nos baixios e com métodos ainda primitivos, pois
só no começo da década de 20 é que a cultura do fumo passaria a se desenvolver com mais
intensidade, quando o filho do pioneiro Lino de Paula Magalhães, sentindo necessidade de
aumentar o plantio, quebrou o tabu: fez a semeia no curral e daí mudou para a chã — terrenos mais
altos
Em 1924, Arapiraca, já emancipada politicamente, apresenta notável desenvolvimento; a
produção do fumo do município já abastece (em tropas de burros) as cidades circunvizinhas de
Penedo, Igreja Nova, Limoeiro de Anadia, Quebrangulo, Viçosa, Palmeira dos Índios. É nesse
época que os irmãos Né de Paula Magalhães e Deca Magalhães (por informação de Laudelino
Barbosa que vira em uma de suas viagens) fazem inovações na fumicultura, adaptando nova técnica
na preparação do fumo em rolo, antes enrolado no pé de um banco. Introduzem utensílios de
madeira, como: macaca, moleque, banco, até então desconhecidos na região; também a secagem das
folhas que até essa época era feita à sombra dos cajueiros, passou a ser em sequeiros; tudo isso
contribuiu para a evolução da cultura fumageira, eliminando um sistema por demais ri~dimentar e
anti-produtivo, implantando métodos que ainda hoje são empregados pelos fumicultores de
Arapiraca.
Em 1928, o fumo em rolo era vendido pela primeira vez, para fora do Estado, ao Sr. José
Tomáz de Caruaru-Pe. Em 1930, José Pedro Proteciano (apesar de assustado com a Revolução e
com os cangaceiros) já carrega em tropas de burros para Águas BelasPc. Nesse ano Lino de Paula
Magalhães aumenta a área de cultivo para dez tarefas, tornando-se o maior produtcr do município
de Arapiraca. Em 1934, falece o pioneiro Francisco Magalhães, mas os herdeiros assumem o
comando e a esta altura, além dos plantadores já citados, plantam também Agapito Magalhães,
Gregório Magalhães, Domingos Magalhães, Luiz Magalhães, Tibúrcio Magalhães, Domingos Lúcio
da Silva, Rosendo Lima, Né Rosendo, Pedro Alexandre, José Lúcio da Silva, Manoel Leão,
Rosendo Gama, João Nunes, Lino Barbosa, Manoel Lúcio Correia, Francisco Lúcio, Domingos
Terto, Aprígio Jacinto, José Emídio, Gervásio Oliveira, José Honório, Pedro Romualdo, José
Tertuliano, Domingos Honório, Antonio Leão, Domingos Romualdo, Lúcio José da Silva, Manoel
Lúcio da Silva, Manoel Pereira Santos, João Lúcio da Silva, Antonio Ventura, Né Angelo, Izidro
Leão, João Ventura, José Macário, Manoel Clarindo, José Ventura, André Leão, foram os principais
plantadores de fumo desta fase, havendo quem plantasse até 20 tarefas.
Em abril de 1938, os cangaceiros passaram próximo a Arapiraca e Lampeão aprisionou
Lino de Paula no sítio Fernandes, mas o fazendeiro empreendeu fuga espetacular livrando-se do
bandoleiro. No ano seguinte tem início a 2a Guerra Mundial todavia esses fatos não arrefeceram o
entusiasmo dos fumicultores que continuaram evoluindo a passos largos.
Em 1934 Manoel (Né) de Paula Magalhães se desloca para o Estado da Paraíba com sua
família e seus primos José Leão,
Né Cavalcante, Laudelino Leite e Anatólio Leite ( que em 1945 inventou o carro usado na
viração do fumo) onde seriam os pioneiros no cultivo de fumo na região de Araçá e Sapé.
Apesar do progresso registrado nessa época, a produção do município era ainda limitada e
os compradores de toda produção do fumo em rolo eram José Tomáz, Manoel Targino, Miguel
Dudu, José Medeiros, Dedi, Macário, Pedro Lau, os irmãos Vaqueiro, José Carvalho, Dóia, Arnô,
Francisco Carvalho, Cecílio, Antônio Paulino, Pedro Pirraia, Augusto Paulino, Antonio Carvalho
etc.
Em 1945, surge e pela primeira vez o comércio de folhas: José Lúcio da Silva e Lino de
Paula Magalhães se estabelecem com armazéns para compra de folhas. Surge e também a primeira
fábrica de charutos por intermédio de José Lúcio de Meio a “Fábrica de Charutos Leda”; no ano
seguinte aumenta o comércio de folhas com a presença de Joel Esteves, o primeiro corretor baiano
que se instalou em Arapiraca no após-guerra, comprando folhas para várias firmas da Bahia, como
Mário Cravo, Suerdyk, João Martins Mamona. Daí por diante surgiram outros corretores como
Francisco Machado, Pedro Figueredo, Valdomiro Barbosa.
Em 1949, seria fundado por José Lúcio de Meio o Clube dos Fumicultores de Arapiraca.
Em 1950, se instala em Arapiraca a primeira firma internacional, a Exportadora Garrido
dirigida por Galeno. A partir daí, o desenvolvimento da cultura do fumo torna-se impressionante;
mais da metade da população já planta fumo e mais uma vez modificou-se o sistema: Lino de Paula
Magalhães por sugestão do Dr. Francisco Oiticica, faz algumas experiências e substitui o adubo
orgânico (estrume) por adubo químico (tortas, salitre, etc.), sendo esse o quarto e último estágio.
Arapiraca, a essa altura, já conta com créditos de várias agências bancárias e com uma cooperativa
criada por Lourenço de Almeida, que a conduziu com sacrifício por muitos anos tentando dar
alguma assistência aos fumicultores. Infelizmente essa cooperativa nunca atingiu o seu objetivo
(vender a terra, financiar, comprar o produto, etc), obrigando dezenas de famílias a procurar a
Cooperativa 13 em Lagarto-Sergipe, que tem prcurado ajudar o pequeno produtor.
Esse período caracteriza-se por uma verdadeira corrida de firmas internacionais em busca
de folhas; instalam-se novas firmas apareçendo os primeiros Gringos que se hospedavam no Hotel
Lopes: Exportadora Bukovitz Ltda, Fraga & Sobel, Tabacalera do Brasil, C. Pimentel, Carleoni,
Souza Cruz, cujo técnico Mr. James Reed, na época insistiu para que os fumicultores da região
plantassem o fumo tipo amarelinho, qu.e produzia uma folha de qualidade especial; infelizmente
todo esforço seria em vão,pois, essa espécie não servia para o fumo em rolo e assim seria mais
vantagem para os fumicultores plantar de um tipo que desse para as duas coisas simultaneamente:
para folha e rolo. E assim continuaram plantando as espécies mais comuns: rodoleiro, lingua de
vaca, rapé, orelha de burro, folhiço, verdão e outros. Logo após chegariam Amerino Portugal e
Mangerroux, foram estas as primeiras firmas internacionais. Terminada a década de 50 aparece
outra inovação importante: Edvaldo Nobre Magalhães enrola o fumo fino, que se adaptaria melhor
aos consumidores do Sul — São Paulo, Paraná, porém, com uma mão de obra mais dispendiosa,
pois, o rolo é formado com quatro pernas ou pavios; esse tipo de fumo é produzido apenas por uma
minoria, dada as dificuldades técnicas. O fumo fino foi introduzido no comércio de São Paulo por
intermédio do comerciante Antonio Pinto que comprou a safra do Sr. João Lopes em 1962 e foi
lançado em Minas por José de Souza Guedes que vendeu a Lafaiete Pinto Mendes em Itanhandú.
À década de 60, surge como um período dos mais florescentes e muita gente dos mais
variados ramos, fascinada pelos bons lucros se infiltrou no comércio de fumo sendo bem sucedida.
Conseguiram essas pessoas, verdadeiras fortunas, ora armazenando o produto, ora comerciando
fertilizantes e outros industrializando o fumo em rolo, como Valdomiro Barbosa, Francisco Pereira,
Deca Moço, Norberto Severino, Eduardo Alves da Silva, Aurelino Ferreira Barbosa, José
Alexandre, Severino Araujo Silva, Mário Lima e outros. Essa fase foi realmente das mais
promissoras; a cultura do fumo passou a ocupar toda a área do município de Arapiraca e começou a
penetrar nos municípios circunvizinhos: Limoeiro de Anadia, Feira Grande, Junqueiro, Coité do
Nóia, Taquarana, São Sebastião, Campo Grande, Girau do Ponciano, Igací, que foram atraídos pelos
bons rendimentos do chamado ouro preto. Atualmente, a região de Arapiraca já se encontra carente
de vegetação. O clima já começa a mudar e o desequilíbrio ecológico é patente; a precipitação de
chuvas que outrora ocorria regular-mente, hoje já não ocorre e como conseqüência disto, as safras,
às vezes, são prejudicadas; mesmo assim, o município de Arapiraca ainda continua sendo um dos
maiores parques fumageiros da América Latina e milhares de toneladas de folhas são exportadas
para o exterior, tendo como principal produtor-exportador Eloísio Barbosa Lopes, com a média de
mil e trezentas tarefas anuais, isto sem contar com o fumo em rolo que abastece quase todo
Nordeste e parte do Sul do Brasil.

Grande quantidade de fumo ainda é industrializada. Em firmas de Arapiraca, tais como:


Fumo Rei do Nordeste, Fumo Extra Forte, Fumo Du-Melhor, Fumo Super-Bom, Fumo Jangadeiro,
Fumo Jóia, Fumo Sempre Forte, Fumo Império, Fumo Extra Bom, etc. (indústrias de fumo picado e
condicionado em embalagens plásticas)
Possuindo uma área de 614 Km2, é Arapiraca a cidade líder no Estado de Alagoas e a que
mais cresce no Nordeste, construindo 08 (oito) casas por dia.
Apesar do progresso observado em Arapiraca e da evolução tecnológica nesses últimos
anos, a produção do fumo em rolo ainda não tem um mercado certo não havendo portanto um
escoamento para toda a produção; também ainda continua com os mesmos métodos introduzidos
pelos pioneiros na década de 20:
Semeia, muda, plantação, varais, sequeiros, mão de obra para fazer o rolo; não
conseguindo sequer debelar uma praga conhecida por “Meia” (espécie de lôdo ou môfo), que
destrói todos os anos as sementeiras, ocasionando sérios prejuízos aos plantadores; as inovações
foram restritas: a permuta do estrume pelo adubo químico em 1953, o aparecimento do fumo em
quatro pernas em 1962, a introdução da máquina no preparo da terra no início da década de 70,
através de Eloísio Barbosa Lopes e alguma modificação na secagem de folhas. Excetuando isto,
70% da colheita ainda continua sendo manual, o que onera excessivamente o produto, obrigando
alguns a partir de 1970 a investir em outras áreas como: pecuária, loteamento de imóveis, cultivo de
mandioca, plantação de abacaxi, cerâmica (João Lúcio da Silva, José Maia, José Leão, Eloísio
Barbosa Lopes e outros) que evitaram a monocultura.
Ocorre também na década de 70, outra profunda modificação: além da meia ção, acaba-se
pouco a pouco o sistema de moradores implantado ainda na década de 30; ao invés de dar a morada
no terreno, o proprietário prefere pagar ao trabalhador por produção, mesmo transportando-o
diariamente para o local da colheita, livrando-se dessa maneira das obrigações sindicais:
Terminada a colheita, logicamente, termina o vínculo com o trabalhador que geralmente se
desloca para a região dos canaviais. As relações entre patrão e trabalhador, como acontece na
agricultura, nunca chegaram a bom termo, apesar da presença do órgão trabalhista. Se por um lado
o patrão nega-se a assinar a carteira do trabalhador ou se esquiva em mantê-lo durante o verão, o
trabalhador por seu turno, uma vez com a carteira assinada, julga-se com direito a abusar, não
trabalhar, prejudicar a colheita, etc. E quando procura o Sindicato Rural este o defende, porém
prejudica-o pois ele não consegue mais trabalho em outras fazendas, ninguém o quer. E um
problema insolúvel até agora e acreditamos ser muito difícil se encontrar um denominador comum,
seria no caso, mudar uma mentalidade secular.

CANTIGAS DAS DESTALADEIRAS


Com a expansão da cultura do fumo em Arapiraca, a partir da década de 20, cresceu,
também a necessidade de mão de obra e assim convergiram para Arapiraca trabalhadores de várias
regiões do Nordeste, que foram trazendo em suas bagagens, costumes, folguedos, crendices. seitas,
cantos, os quais foram se adaptando à primitiva cultura já existente e assim se concentrou um sem
número de cantigas que há mais de meio século são cantadas na épocas da colheita de fumo pelas
mulheres que retiram os talos das folhas de fumo as conhecidas destaladeiras de fumo.
Estando o município de Arapiraca, situado no Agreste Alagoano, entre a Zona da Mata e a
do Sertão, essas regiões muito contribuíram e exerceram grande influência na formação dessas
cantigas utilizadas na colheita. Na Mata, temos o coco, a cantiga de roda, o reisado; no Sertão, o
aboio, a toada, a cantoria de viola, a cantiga de eito. Todas essas manifestações folclóricas influíram
decisivamente na formação das cantigas de salão de fumo que as mulheres entoam, sentadas no
chão, afastando o sono enquanto destalam as folhas e que. E, com o passar de tempo, foram
adquirindo características próprias, constituindo uma manifestação do povo da região fumageira.
]
Conclusão
O mais importante município do interior alagoano, Arapiraca destaca-se como importante
centro comercial da região agreste localizando-se no centro geográfico do estado de Alagoas. A área
de influência direta do município atinge uma população de aproximadamente meio milhão de
habitantes.
Limita ao norte com o município de Igaci, ao sul com o município de São Sebastião, a leste
com os municípios de Coité do Nóia e Limoeiro de Anadia, a oeste com os municípios de Lagoa da
Canoa e Feira Grande, a noroeste com o município de Craíbas e a sudeste com o município de
Junqueiro.
A cultura do fumo teve importância fundamental para a elevação de Arapiraca a categoria
de município, uma vez que o conhecido "ouro verde" brotava nos latifúndios das tradicionais
famílias que resolveram se estabelecer no local, que alcançou maior desenvolvimento econômico
que Anadia.
De sociedade eminentemente rural, Arapiraca cresce e destaca-se conhecida como a
Capital Brasileira do Fumo, por ser o município com a maior produção de tabaco do país.
Paralelo ao desenvolvimento da cultura fumageira, Arapiraca desenvolveu uma feira livre,
às segundas-feiras, onde comerciantes locais e de municípios vizinhos mantém bancas onde se
oferecem uma infinidade de mercadorias. A região central do Estado de Alagoas deu destaque e
influência ao seu comércio.
De acordo com dados do IBGE o município apresenta um PIB de 1.046.873,00 reais
(2006). A renda per capita ainda é baixa e a distribuição da riqueza é seletiva, permitindo bolsões de
pobreza.
Atualmente (2008) há uma profusão de projetos no campo da urbanização pública
(moradia e vias públicas) e do mercado imobiliário (conjuntos residenciais de casas e de
apartamentos). O campo da educação está em franco crescimento, com duas universidades públicas,
UNEAL e UFAL, além de uma dúzia de faculdades privadas.
Neste ano (2009), Arapiraca foi considerada a cidade mais dinâmica do estado, a 3ª da
região Nordeste e a 10ª do Brasil.

Bibliografia
http://www.cma.al.gov.br, 05/12/2009
http://pt.wikipedia.org,05/12/2009

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