Os Pretos Velhos e Pretas Velhas, espíritos trabalhadores em
prol do equilíbrio planetário do Cosmo, trazem a representação da ancestralidade, sabedoria, paciência, harmonia e o engrandecimento. Sendo assim criamos um arquétipo de vovô e vovó, que vem curvado ao terreiro, manifestando através da oralidade uma voz calma, sem pressas e com todo tempo do mundo. São atenciosos e praticam como ninguém a caridade. Quando falamos dos Pretos Velhos, automaticamente ligamos a ancestralidade e ligeiramente ao continente Africano. Mas por que essa assimilação natural por nós? Você no individual tem seus antepassados ligados a África? É próximo a um grupo cujo seus antepassados foram africanos? Ou será que os próprios velhos tem seus antepassados ou são originalmente africanos? Talvez você não tenha nenhuma ligação na sua árvore genealógica com esse povo e nem conhece um grupo que tenha origens lá, mas o Brasil tem!
No Brasil em movimentos históricos de desconstrução e
reconstrução, muito dos povos que não eram originários dessa região chegaram e em maior quantidade foram os africanos. Africanos estes que por mais miserável que foi a sua vinda, não estamos aqui para nos limitar somente a isso. Vamos olhar ao povo Africano rico em conhecimento, rico em consciência, rico em saúde, rico em perseverança para contornar toda a situação. Povo rico em cultura, tradições, diversidade religiosa, diversidade de línguas faladas, tecnologias medicinais, agrícolas que ajudaram a desenvolver o mundo… e não somente ao povo africano escravizado, pois o povo africano tem sua importância para nós Seres Humanos na construção de uma nova identidade brasileira, mas e os Pretos Velhos? São ligados somente ao povo africano? Muito além! São ligados ao Povo Preto. Povo Preto que nem historicamente se tem relatos, povo que antecede as origens africanas, povo que esteve presente desenvolvendo sua própria espécie desde o início e a linhagem dos Pretos Velhos já corriam gira antes mesmo da Umbanda ser assim conhecida, pois desde o princípio de vida na Terra, era necessário o auxílio desses tão sábios mentores.
A maioria dos africanos que vieram embarcados foram os
Bantus e Iorubás. Os Bantus e Iorubás são dois grupos etnolinguístico diferentes, mas em sua cultura e tradição eram muito similares. Foram esses grupos que trouxeram para o Brasil o conhecimento sobre suas religiosidades. Eram cultuados entorno de 400 Orixás e toda sua magia ritualística permeou os mares chegando ao território brasileiro. Durante essa vinda já foi sendo impresso pelos Europeus, dirigentes das embarcações Navio Negreiro outro culto, culto esse cristão encontrado na cultura européia. Os africanos ricos de malandragem e consciência, já começaram a criar um sincretismo religioso, possibilitando vincular um Orixá a um Santo Católico, pois já compreendia que energeticamente trazem a mesma vibração mesmo sua nomenclatura sendo diferente. Os mesmo africanos que desenvolveram o sincretismo no Brasil, expandiram o culto ao catolicismo, enraizados os mais conhecidos são:
Orixá Exu - Santo Antônio
Orixá Oxalá - Jesus Cristo
Orixá Ogum - São Jorge
Orixá Oxossi - São Sebastião
Orixá Oxum - Nossa Senhora Aparecida/ de Fátima
Orixá Iemanjá - Nossa Senhora da Conceição/ dos Navegantes
Orixá Iansã - Santa Bárbara
Orixá Nanã - Nossa senhora Sant’ana
Orixá Omolú - São Lázaro
Orixá Xangô - São Pedro / São Jerônimo
Estes são os mais conhecidos ainda hoje dentro do
sincretismo. A Africana tem como uns de seus cultos de origens aos diversos Orixás, mas não cultuava somente eles, trabalha no culto também, a qualidade energética. Brevemente eles compreendem a qualidade de cada Orixá cultuado e a partir de uma junção energética primária pôde-se obter uma secundária, tendo como objetivo potencializar e unificar as duas energias distintas primárias. Uma das qualidades cultuadas que mais se afinou ao território brasileiro e permaneceu foi o Orixá Logun Edé, cuja sua formação energética provém de Oxum e Oxossi. Sendo assim, também não fugiu do sincretismo religioso e ficou conhecido como Santo Expedito.
Os africanos ao desembarcarem pelo número populacional
exacerbado, eles se reconheciam trazendo o nome do seu território de origem como os países Guiné, Angola, Luanda, Moçambique, Benguela, Congo, Cabinda, Zulu e etc. Novamente houve os Europeus imprimindo negativamente mudanças a esses povos, então muitos foram obrigados a mudar seu nome de origem recebendo novos nomes com origens da cultura Portuguesa e ficaram conhecidos como Maria, Tomé, Rita, Pedro, João, Francisco, Catarina e etc. Caso o Francisco da Guiné tivesse filhos ficaria reconhecido como Pai Francisco da Guiné, se pertencesse a uma família seria tio e se caso constatasse seus netos seria vô. E assim foi reconstruindo grupos familiares entre eles onde se havia sempre uma hierarquia e respeito. Como forma de compreensão do nosso povo brasileiro, essa linhagem espiritual se agregou a esses valores e saberes, pois encontrou meios de transmitir a luz, caridade e proporcionar a evolução dentro desse arquétipo. Mas isto não são eles em sua totalidade, acreditar que o Preto Velho que se manifesta em um terreiro é somente isso, é acorrentar esse espírito de tanta luz para se encaixar no seu padrão limitado de visão e compreensão. A falange que trás a nomenclatura Pai João de Angola, por exemplo, não de fato são espíritos que em suas vidas foram escravizados ou que vieram da Angola. Significa que o espírito que se apresenta dessa forma se afinou com o trabalho e então por vontade própria ou por necessidade de evolução se encontra atuando nesta linha, isto independe de suas vidas enquanto encarnado. Quando trás o nome Angola, não se limitem consolidando que esse é um espírito angolano e trás aspectos somente dessa região da África. Isso diz respeito a uma linhagem de trabalho espiritual com suas fundamentações, ritualística e afinação energética a vibrações primárias sinalizadas para nós através do mundo espiritual. Afinal existe falanges de Pretos Velhos do Oriente que abrangem muito mais que somente os cultos contidos na África, fazendo conexão a outras regiões… Se ainda sentir necessidade de conectar os Pretos Velhos a região da África e aos escravizados, tente os conectar com o Povo Preto, ao de origem dessa terra. Lembrem-se essas limitações são suas, não deles.
LINHAGENS DE TRABALHO PRETOS(AS) VELHOS(AS)
papai
—existe uma regência energética sobre essa linha? Qual?